Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO
FERNANDO LUIZ ANDRETTI
MATEMÁTICA E MÚSICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO PARA
OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
FOZ DO IGUAÇU/PR
2020
2
FERNANDO LUIZ ANDRETTI
MATEMÁTICA E MÚSICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO PARA
OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino – PPGEn –, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino. Linha de Pesquisa: Ensino em Ciências e Matemática. Orientador: Dr. Marcos Lübeck.
FOZ DO IGUAÇU/PR
2020
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele não somos nada, por ter me
dado a oportunidade de chegar até aqui com vida, saúde, perseverança etc. Sei
que sempre estará comigo para me conduzir por melhores caminhos e me dar
sustentação no caminho certo da vida.
Agradeço imensamente aos meus pais Almarildo Andretti e Ilair Maria
Zanella Andretti por serem meus grandes incentivadores, estando sempre do meu
lado nos momentos mais difíceis, me fazendo não desistir de meus sonhos, com
palavras de carinho e afeto, e nunca me deixaram abalar por maiores dificuldades
que tive nesta caminhada.
Agradeço aos meus irmãos Evandro Carlos Andretti e Alessandro José
Andretti pelo incentivo, colaboração e até mesmo pelas brigas de irmãos, onde um
cobra do outro o melhor que possamos dar... Estaremos sempre juntos!
#IrmãosMTT.
Agradeço a todos os meus familiares por todo o apoio depositado sobre mim,
fico lisonjeado em saber que neste tempo todo tive a confiança de vocês. Em
especial a minha tia/madrinha Ilenice e a minha prima Thainara.
Agradeço especialmente ao Professor Doutor Marcos Lübeck, meu
orientador, por ter tido toda a paciência do mundo, sempre dando conselhos tanto
como professor bem como amigo, que levarei para o resto da vida. Sou grato pelo
auxílio aos estudos que contribuíram para que eu chegasse até aqui, por todos os
puxões de orelha, pois acreditava que eu sempre poderia dar mais. Gratidão
também por ser um “segundo pai gremista” que tive nestes últimos anos, pois nunca
se negou a colaborar em meu favor. Meu muito obrigado, pois para mim és uma
fonte de inspiração.
Agradeço a Larissa Nicolau Lopes, meu amor, que durante este período
me incentivou e com palavras de carinho sempre me mostrou que era possível e
que eu conseguiria alcançar com êxito meu tão sonhado objetivo.. Além do mais,
estou imensamente agradecido pelo amor que me brindou dia a dia neste período.
6
Um agradecimento mais que especial, para meus colegas/amigos que fiz
neste período, saibam que levarei em meu coração cada um de vocês e os
admirarei por todas as qualidades. Em especial à Jocineia, Graciela, Rhuan,
Wanderson os quais pudemos dividir experiências fantásticas, não menos
importantes Antônio e Andrielli que iniciaram a caminhada rumo ao mestrado em
nosso grupo de pesquisas.
Agradeço aos professores da Escola Municipal Adele Zanotto Scalco, pela
força que me deram nesta caminhada, incentivando e torcendo para que eu
conseguisse obter sucesso nessa empreitada dos meus estudos.
Agradeço também aos professores da Escola Municipal Irio Manganelli por
todo o apoio oferecido pelos mesmos.
Agradeço à Secretaria Municipal de Educação por ter dado a oportunidade
da realização do curso de formação de professores, em especial a Valdirene,
Eliziane e Lija.
Agradeço à Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em especial ao
Programa de Pós-Graduação em Ensino – PPGEn e a todos os professores que o
compõem.
Por fim, agradeço a todos os professores que fizeram parte desta pesquisa,
por se disporem, depois de um dia de trabalho e também deixando de ficar com
seus familiares, para participar por cinco noites do curso ministrado por mim. Sem
vocês esta pesquisa não teria o brilho que obteve.
7
Um guerreiro sem espada
Sem faca, foice ou facão
Armado só de amor
Segurando um giz na mão
O livro é seu escudo
Que lhe protege de tudo
Que possa lhe causar dor
Por isso eu tenho dito
Tenho fé e acredito
Na força do professor.
(Bráulio Bessa)
8
RESUMO
Considerando a realidade enfrentada pelos professores para ensinar Matemática na Educação Básica, renovações e inovações educacionais tornam-se cada vez mais necessárias. Por isso, apresentamos aos professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental uma proposta com uma metodologia diferenciada, que pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem em Matemática dos seus alunos. Assim, nosso enfoque foi uma formação continuada, trabalhando a Música e a Matemática de maneira integrada, com a criação de paródias em um curso promovido para os professores da Rede Pública Municipal de Ensino de Foz do Iguaçu/PR, tendo estas relações com os conteúdos básicos trabalhados em sala de aula e com a realidade dos alunos. Embasados na pergunta geradora “O que manifestam professores dos anos iniciais participantes de um curso de formação continuada, sobre o uso e a criação de paródias como apoio pedagógico nas aulas de Matemática no Ensino Fundamental?”, pesquisamos métodos de ensino de Matemática empregando a Música, com o objetivo de levar a musicalidade às salas de aula, bem como oferecer suporte ao ensino por meio de paródias compostas a partir de temas geradores e de conteúdos matemáticos. Procuramos mostrar, igualmente, que é possível motivar e inovar nas aulas de Matemática, estabelecendo um roteiro para a criação de paródias e estimulando sua produção pelos professores, e organizamos um Produto Educacional que professores deste ciclo poderão aproveitar em aulas com dinâmicas diferenciadas. Em termos metodológicos, a pesquisa foi dividida em duas etapas, sendo a primeira uma revisão bibliográfica e, a segunda com caráter de pesquisa-ação, efetivada durante o curso proposto aos professores. A análise dos dados oriundos dos participantes, tanto pelo ambiente do Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM, como pelos seus Diários de Bordo cedidos a cada participante da formação, foi inspirada pela Análise Textual Discursiva – ATD, e, para a análise das paródias, utilizamos um agrupamento de conteúdos de forma primária e secundária, separando ano a ano pelos conteúdos propostos. Por fim, um importante saldo foram as 36 (trinta e seis) paródias produzidas pelos professores que participaram da formação continuada, com carga horária de 40 (quarenta) horas, e que compõem um Produto Educacional voltado para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, conseguimos que vários professores tivessem contato com o mundo das paródias, abrindo assim um leque de novas possibilidades de ensinar, introduzir ou consolidar algum conteúdo matemático proposto.
Palavras-Chave: Música. Paródias. Anos Iniciais. Ensino Fundamental. Ensino de Matemática.
9
ABSTRACT
Developing the reality faced by teachers to teach mathematics in basic education, educational reforms, and innovations are becoming increasingly necessary. For this reason, we present to the teachers of the Initial Years of Elementary Education a proposal with a different methodology, which can assist in the teaching and learning process in Mathematics of their students. Therefor, our focus was on continuing education, working with Music and Mathematics in an integrated manner, with the creation of parodies in a course promoted for teachers of the Municipal Public Education of Foz do Iguaçu / PR, having these relations with the contents basic works in the classroom and with the reality of the students. Based on the generative question “What do teachers from the early years participating in a continuing education course manifest about the use and creation of parodies as pedagogical support in Mathematics classes in Elementary School?”, We researched Mathematics teaching methods using Music, to take music to classrooms, as well as offering support for teaching through parodies composed of generative themes and mathematical content. We also try to show that it is possible to motivate and innovate in Mathematics classes, establishing a script for the creation of parodies and stimulating their production by teachers, and we organize an Educational Product that teachers of this cycle will be able to take advantage of in classes with different dynamics. In methodological terms, the research was divided into two stages, the first being a bibliographic review and the second with an action research character carried out during the course proposed to teachers. The analysis of the data from the participants, both by the environment of the Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM [Municipal Technology Center], and by their Logbooks given to each training participant, was inspired by the Discursive Textual Analysis - DTA, and, for the analysis of parodies, we used a grouping of content on a primary and secondary basis, separating year by year by the proposed content. Finally, an important balance was the 36 (thirty-six) parodies produced by the teachers who participated in the continuing education, with a workload of 40 (forty) hours, and which make up an Educational Product aimed at the Early Years of Elementary School. Besides, we managed to get several teachers to have contact with the world of parodies, thus opening a range of new possibilities to teach, introduce, or consolidate some mathematical content proposed.
Keywords: Music. Parodies. Initial Years. Elementary School. Mathematics
teaching.
10
RESUMEN
Considerando la realidad que enfrentan los maestros para enseñar Matemáticas en Educación Básica, las renovaciones e innovaciones educativas son cada vez más necesarias. Por esta razón, presentamos a los maestros de los primeros años de educación primaria una propuesta con una metodología diferente, que pueda ayudar en el proceso de enseñanza y aprendizaje de sus alumnos. Nos enfocamos en la educación de parodias en un curso promovido para maestros de la Rede Municipal de Educación Pública de Foz do Iguaçu/PR, trabajando en estas relaciones con los contenidos básicos en el aula y la realidad de los alumnos. Basados en la pregunta generadora, “¿Cómo Enseñar Matemáticas a través de la Música usando parodias como una metodología diferente y apoyo pedagógico para los Primeros Años de Educación Primaria?”. Investigamos algunos métodos para enseñar Matemáticas usando Música, con el objetivo de llevar la musicalidad a las aulas, así como ofreciendo apoyo para la enseñanza a través de parodias compuestas por la generación de temas y contenido matemático. También tratamos de mostrar que es posible innovar en las clases de Matemáticas, estableciendo un guion para la creación de parodias y estimulando su producción por parte de los maestros, y organizamos un Producto Educativo que los maestro en este ciclo pueden aprovechar. En términos metodológicos, la investigación se dividió en dos etapas, la primera de las cuales fue una revisión bibliográfica y, la segunda, con un carácter de investigación más activa, que se llevó a cabo durante el curso propuesto a los docentes. El análisis de los datos provenientes de los participantes, tanto por el entorno del Centro Tecnológico Municipal – NTM, como por sus Cuadernos de bitácora, cedidos a cada participante del entrenamiento, se inspiró en el Análisis Textual Discursivo – ATD y, para el análisis de las parodias, utilizamos una agrupación de contenidos de manera primaria y secundaria separando año a año los contenidos propuestos. Finalmente, un balance importante son las 36 (treinta y seis) parodias producidas por los maestros que participaron del curso de educación continua, con una carga de trabajo de 40 (cuarenta) horas, y que constituyen un Producto Educativo dirigido a los Primeros Años de la Escuela Primaria. Además de esto, logramos que varios maestros tuviesen contacto con el mundo de las parodias, un abanico de nuevas posibilidades de enseñar, introducir o consolidar algún contenido matemático propuesto. Palabras-clave: Música. Parodias. Primeros años. Enseñanza fundamental. Enseñanza de las matemáticas.
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Participantes do Primeiro Dia de Curso. ............................................... 92
Figura 2: Características do “Professor Perfeito”. ................................................ 96
Figura 3: Professores na Roda de Conversa. ...................................................... 99
Figura 4: Registro dos Professores Realizando Paródias em Grupos. .............. 113
Figura 5: Paródias Criadas por Alunos. .............................................................. 119
Figura 6: Professoras Apresentando suas Paródias. ......................................... 120
Figura 7: Último Dia de Formação. ..................................................................... 123
Figura 8: Claves Musicais. ................................................................................. 138
Figura 9: Pentagrama, Claves e Notas. ............................................................. 138
Figura 10: Figuras de Som e de Pausa. ............................................................. 139
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Formação dos Professores. ................................................................. 83
Gráfico 2: Número de vezes que ouvem Música. ................................................. 84
Gráfico 3: Plataformas e Meios que utilizam para ouvir Música. .......................... 85
Gráfico 4: Gêneros Musicais preferidos pelos Professores. ................................. 86
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Planejamento do Curso. ...................................................................... 32
Quadro 2: Região onde os Professores atuam. ................................................... 82
Quadro 3: Quantidade de Professores por Turma. .............................................. 83
Quadro 4: Lugares onde os Professores ouvem Música. ..................................... 85
Quadro 5: Sentimentos que a Música provoca nos Professores. ......................... 86
Quadro 6: Gêneros Musicais nas Comunidades de cada Professor .................... 87
Quadro 7: Temas Geradores e Número de Votos. ............................................. 102
Quadro 8: Análise dos Conteúdos das Paródias. ............................................... 121
14
LISTA DE SIGLAS
AMOP - Associação dos Municípios do Oeste do Paraná
ASSOESTE - Associação Educacional do Oeste do Paraná
BNCC - Base Nacional Comum Curricular
EAD - Educação a Distância
EJA - Educação de Jovens e Adultos
EM - Escola Municipal
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
IDED - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
JOPEFOZ - Jornada Pedagógica de Foz do Iguaçu
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC - Ministério da Educação
PTI - Parque Tecnológico de Itaipu
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
PPP - Projeto Político Pedagógico
RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
SMED - Secretaria Municipal de Educação
UAB - Universidade Aberta do Brasil
UDC - União Dinâmica de Faculdades
UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 16
2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 21
3 SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ................................................... 37
3.1 A AFETIVIDADE E A MÚSICA NO ENSINO .................................................. 50
4 MATEMÁTICA E MÚSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ................................ 55
5 SOBRE A COMPOSIÇÃO DE UMA MÚSICA ................................................... 67
5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PARÓDIAS ................................................. 71
6 CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES. ............................................... 75
6.1 1º ENCONTRO – DIA 27 DE AGOSTO DE 2019........................................... 75
6.2 2º ENCONTRO – DIA 10 DE SETEMBRO DE 2019. ..................................... 92
6.3 3º ENCONTRO – DIA 01 DE OUTUBRO DE 2019. ..................................... 102
6.4 4º ENCONTRO – DIA 16 DE OUTUBRO DE 2019. ..................................... 108
6.5 5º ENCONTRO – DIA 05 DE NOVEMBRO DE 2019 ................................... 115
7 CONCLUSÕES ............................................................................................... 124
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 130
APÊNDICE ......................................................................................................... 137
ANEXO ............................................................................................................... 145
16
1 INTRODUÇÃO
A Música é considerada uma linguagem universal e está presente no dia a
dia da maioria das pessoas do mundo todo. E com a utilização da mesma, nós
podemos desenvolver habilidades corporais e mentais, ensinar e aprender, bem
como conhecer e socializar com diferentes culturas, de diversas nacionalidades e
crenças. Além disso, ela possibilita expressar muitos dos nossos sentimentos e das
nossas emoções.
Por meio dela, também, Lima e Mara (2013) defendem que podemos
conhecer um pouco mais sobre nossos alunos, como gostos, costumes, tristezas e
alegrias, uma vez que ela participa do seu desenvolvimento mental, social, corporal,
bem como auxilia na aprendizagem e domínio da língua materna, dentre outros.
Igualmente, Godoi (2011) ressalta que pode favorecer a aprendizagem e o
desenvolvimento cognitivo trabalhar com a Música, dentro e fora da sala de aula,
tornando-se relevante, podendo esta atuar ainda no combate ao estresse que
assola a vida contemporânea das pessoas de todas as idades.
Aliás, a Música está hoje em quase todos os lugares, e nada melhor do que
pensarmos em levá-la para um ambiente que é sinônimo de diversidade: a escola.
No entanto, a Música na escola desponta como uma metodologia diversificada,
diferentemente da Matemática, que é uma disciplina do currículo escolar, e é por
isso que precisamos estudar métodos novos, distintos e cativantes, para integrar
ambas no ensino dos alunos, em um espaço tão peculiar como é a sala de aula.
Na leitura do currículo da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná -
AMOP, de 2015, por exemplo, vemos que a Música não aparece destacada como
uma disciplina dos Anos Inicias do Ensino Fundamental, aparece apenas integrada
em outras disciplinas, das quais a Matemática não é uma das delas. Da mesma
forma, estudando os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997), a
Música figura somente associada às disciplinas de Arte e de Educação Física.
Sabendo disso, nada mais interessante do que fazer com que esta apareça
mais destacada, especialmente aliada com a disciplina de Matemática, como uma
metodologia diversificada e como apoio pedagógico, mudando inclusive o ideário
comum da última, que é vista quase sempre como uma matéria tediosa e difícil.
17
Portanto, tomando por base que a Música tem um papel fundamental na
sociedade, que é parte da cultura e da tradição dos povos, e que está presente na
vida diária das pessoas, pensamos que ela possui um grande potencial educativo,
a partir do qual podemos melhor ensinar e aprender Matemática.
Quando falamos em utilizar a Música como uma metodologia e como apoio
pedagógico estamos querendo usar não necessariamente a Música e as frações
das notas musicais envolvidas nela, mas sim explorar outro potencial, um de muitos
que a permeiam, que são as paródias, para assim estreitar os laços entre a
disciplina de Matemática e o seu ensino. Paródias significam cantos paralelos que,
segundo Josef (1980), dão a ideia de uma canção que é cantada lado a lado com
outra original, no qual o texto é redigido a partir de sua própria estrutura mudando
as frases e rimas que a mesma contém.
Esse anseio desponta de experiências vivenciadas e vividas. Quando ainda
era aluno do Ensino Fundamental tinha algumas dificuldades em me manter
concentrado e disciplinado na sala de aula. Uma professora sugestionou que
fizesse alguma atividade que me mantivesse concentrado, logo comecei com aulas
de artes marciais, porém não surtiu muitos efeitos. Quando já havia passado alguns
meses das aulas de artes marciais, iniciou-se um novo projeto do município, onde
professores de Música começaram a realizar aulas para alunos no contra turno
escolar, a partir de então comecei a fazer aulas de teclado. Nessa época tinha cerca
de 9 para 10 anos, e com isso minha concentração e minha disciplina melhoraram.
Com os aprendizados de teclado, onde realizei aulas por cerca de 4 a 5 anos,
comecei a fazer aulas de violão, no qual foi facilitado o aprendizado devido já saber
um instrumento musical. Utilizar o violão me fez conseguir memorizar não somente
partituras, letras, acordes, etc. como, também, me fez começar aprender melhor e
lembrar de conteúdos que eram passados em sala de aula pelos professores.
Enquanto cursava Licenciatura em Matemática, fui professor do curso pré-
vestibular da UNIOESTE, onde levava algumas composições em forma de paródias
para tornar a aula mais dinâmica e alegre. Neste período também fazia parte do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, onde nas aulas
de reforço ministradas no contra turno escolar, lecionava de forma diferenciada, por
vezes, utilizando a Música, das quais saíram resultados satisfatórios no que
18
concerne à aprendizagem dos alunos (LÜBECK; ANDRETTI; KLEHN, 2015; 2016;
ANDRETTI; LÜBECK; 2019).
Com a formação em Licenciatura em Matemática, ingressei no curso de
Licenciatura em Pedagogia, o qual me habilitou a trabalhar com crianças do
primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
A partir de então comecei a trabalhar com a Música em sala de aula,
acreditando que a mesma teria feito diferença em minha vida e poderia assim fazer
também na vida de outros alunos.
Atualmente faço parte do quadro docente da prefeitura municipal de Foz do
Iguaçu/PR, mesmo ciclo no qual comecei a fazer as primeiras aulas de Música. E,
neste período comecei a conciliar Matemática, Música e as paródias, as quais antes
utilizava com alunos do Ensino Médio e hoje as emprego com alunos do Ensino
Fundamental I.
O objetivo principal desse estudo foi pesquisar como levar a Música para as
salas de aula dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental entrelaçando-a com o
ensino de Matemática, utilizando nisto as paródias como um apoio pedagógico1,
realizando um curso de formação continuada para professores desse ciclo, para
daí organizar um Produto Educacional2.
Os objetivos específicos foram:
• analisar métodos de ensino de Matemática empregando Música;
• estabelecer um roteiro para criação de paródias;
• estimular a produção de paródias pelos professores participantes de
um curso de formação continuada;
• organizar um Produto Educacional para os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, para que estes e outros professores possam utilizá-lo
em sala de aula, auxiliando-os no processo de ensino e
aprendizagem.
Já a questão que deu rumo à pesquisa foi: O que manifestam professores
dos anos iniciais participantes de um curso de formação continuada, sobre o uso e
1 Apoio pedagógico é um auxílio ao professor que o mesmo pode utilizar para introduzir, descontrair e até mesmo consolidar um conteúdo matemático que está proposto no currículo vigente. 2 O Produto Educacional está contido no anexo, são 36 paródias criadas pelos professores. Chamamos deste nome pois é o resultado de uma pesquisa e de uma formação de professores.
19
a criação de paródias como apoio pedagógico nas aulas de Matemática no Ensino
Fundamental?
Ressaltamos que trabalhar com a Música pode auxiliar no processo de
desenvolvimento da criança, visto que expande o seu intelecto, formando assim
estudantes mais críticos e melhor desenvolvidos (ZAGOMEL, 2012). Além do mais,
a novidade faz com que se prenda a atenção dos alunos, pois quando temos algo
diferente e que os anima, as aulas ficam mais espontâneas e acaba que o processo
de aprendizado seja concretizado quando menos esperamos.
Outrossim, quando falamos em Matemática e Música, estamos querendo
unir estas duas ciências que há muito caminham lado a lado (ABDOUNUR, 2002),
buscando diversos aspectos que sejam favoráveis para o ensino. E, a utilização de
paródias como apoio pedagógico para o ensino aparece nisto como um importante
caminho (MACHADO, 2015).
Aliás, a descontração e a diversidade para a criança faz com que esta união
se torne uma alternativa para o professor, não somente na disciplina de
Matemática, mas em todas as disciplinas do componente curricular (MENDONÇA,
2010). E, com as atuais políticas regimentais, como a Base Nacional Comum
Curricular (BRASIL, 2018) e o novo currículo da Associação dos Municípios do
Oeste do Paraná – AMOP (2020), a Música irá alcançar outros patamares, pois
esta começará a aparecer em todas as disciplinas. Nesta perspectiva, a pesquisa
foi realizada porque cremos que a utilização da Música em sala de aula pode
contribuir com o ensino e a aprendizagem, bem como com o desenvolvimento dos
alunos.
Assim, em termos organizacionais, este texto se constitui como uma
proposta que apresenta a Música, em particular as paródias, como uma
metodologia para o ensino de Matemática, conforme tentamos sintetizar nesta
introdução. No primeiro capítulo discorremos sobre a metodologia utilizada durante
a dissertação e no curso de formação continuada de professores. O segundo
capítulo tem como desígnio apresentar alguns dos aspectos metodológicos da
pesquisa, em especial os da pesquisa-ação, que foi o procedimento no qual nos
espelhamos para a construção do curso de formação para os professores.
20
O terceiro capítulo pondera sobre a formação do professor em geral e do
professor de Matemática em particular, onde apresentamos como acontecem as
formações de professores em nossa região, como é composto o currículo seguido
pelas escolas municipais do Oeste do Paraná e como são dadas as formações de
professores destas escolas em Foz do Iguaçu.
O quarto capítulo foi constituído a partir dos referenciais que relacionam a
Música com os Anos Iniciais de Ensino Fundamental. Já o quinto capítulo se refere
à composição da Músicas e os elementos que a formam, tendo uma breve história
e alguns conceitos. Falamos das paródias e apresentamos um roteiro de como as
criar, instrumento avaliado pelos participantes do curso.
No sexto capítulo descrevemos a formação continuada ministrada aos
professores da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu/PR, ocorrido em 5 (cinco)
encontros, com carga horária total de 40 (quarenta) horas, e com a certificação
emitida pelo Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM. Por fim, tecemos as
considerações finais sobre o trabalho, as quais vem seguidas pelas referências e
pelo anexo, que apresenta as 36 (trinta e seis) paródias produzidas pelos
professores participantes do curso de formação.
21
2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
Concernente à pesquisa, conforme descreve Gil (2008, p. 26), “pode-se
definir pesquisa como um processo formal e sistemático de desenvolvimento do
método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para
problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.” Em outros termos,
o autor afirma que:
Pode-se definir pesquisa como um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. [...] a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. (GIL, 2002, p. 17).
Como esta investigação trata-se de uma pesquisa qualitativa, temos que:
A pesquisa qualitativa não se preocupa com a representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências [...]. (GOLDENBERG, 1997, p. 34).
Segundo Guerra (2014), numa abordagem qualitativa, o cientista objetiva
aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda, que são as ações dos
indivíduos, grupos ou organizações, em seu ambiente ou contexto, interpretando
segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da situação, sem se
preocupar com a quantidade de pessoas. Para tanto, alguns elementos são
essenciais no processo de investigação, como a interação entre o objeto de estudo
e o pesquisador, o registro de dados ou informações coletadas e a
interpretação/explicação do pesquisador.
Em termos metodológicos, esta investigação foi dividida em duas partes. A
primeira parte foi bibliográfica. Esclarecendo, vale a pena citar que:
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
22
estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2002, apud GERHART; SILVEIRA, 2009, p. 37).
E mais:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. (GIL, 2002, p. 44).
Este tipo de pesquisa rende algumas vantagens.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. (GIL, 2002, p. 45).
Com uma concisa revisão bibliográfica sobre a história da Música, com os
referenciais teóricos da linha de formação de professores e sobre a utilização de
metodologias diferenciadas, findou-se a primeira etapa do trabalho. A partir daí,
deu-se a segunda parte , que foi a pesquisa-ação.
O principal teórico da pesquisa-ação afirma que ela
[...] consiste em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores implicados participam, junto com os pesquisadores, para chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas, buscando e experimentando soluções em situação real. (THIOLLENT, 2009, p. 2).
Ou, ainda:
A pesquisa-ação é a condição para um mergulho crítico na práxis de um grupo a ser estudado, do qual percebemos as expectativas, o oculto, que norteiam as práticas, as quais enfatizam o coletivo, que podem assumir o caráter crítico. (EMMEL; RODRIGUES; DENES, 2018, p. 3).
Elucidando, temos que
[...] a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual
23
os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2011, p. 20).
Assim, a pesquisa-ação vem para mitigar o espaço deixado entre a teoria e
a prática, ou seja:
A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática. Uma das características deste tipo de pesquisa é que através dela se procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na etapa final do projeto. (ENGEL, 2000, p. 182).
Este tipo de pesquisa é composto por algumas fases. A primeira delas é a
exploratória, onde conhecemos o público e o local da pesquisa. Para Gil (2002, p.
144), “isso implica o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos
diversos e, sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais
envolvidas na pesquisa”.
A fase exploratória é a principal, pois é onde se vai a campo. Sendo assim:
A fase exploratória consiste em descobrir o campo de pesquisa, os interessados e suas expectativas e estabelecer um primeiro levantamento [...] da situação, dos problemas prioritários e de eventuais ações. (THIOLLENT, 1985, p. 48).
Nesta pesquisa, o tema foi ao encontro de anseios dos docentes da Rede
Pública Municipal de Ensino que, em sua maioria, não possui formação específica
em Matemática. Contudo, por sermos professores polivalentes, e considerando a
realidade cotidiana enfrentada para ensinar Matemática, renovações e inovações
educacionais tornam-se cada dia mais necessárias. Na profissão de professor a
atualização é imprescindível e, uma boa forma de fazê-la, é através dos cursos de
formação continuada para professores.
Delimitado o tema, o mesmo “[...] é utilizado como “chave” de identificação e
de seleção de áreas de conhecimento disponível em ciências sociais e outras
disciplinas relevantes” (THIOLLENT, 2011, p. 59). Nessas áreas, buscamos
subsídios para compor nosso referencial, pois “uma vez selecionados o tema e os
problemas iniciais, os pesquisadores poderão enquadrá-los num marco referencial
mais amplo, de natureza teórica” (THIOLLENT, 1985, p. 52).
A pesquisa-ação crítica deve gerar um processo de reflexão-ação coletiva, em que há uma imprevisibilidade nas estratégias a serem
24
utilizadas. [...]. A pesquisa-ação crítica considera a voz do sujeito, sua perspectiva, seu sentido, mas não apenas para registro e posterior interpretação do pesquisador: a voz do sujeito fará parte da tessitura da metodologia da investigação. (FRANCO, 2005, p. 486).
Ouvindo os professores, conhecemos seus anseios. E tendo escolhido o
tema, a obrigação do pesquisador foi alinhavar os elementos de pesquisa com o
problema investigado. De fato, a pesquisa-ação busca solucionar um problema, e
o papel do pesquisador consiste em organizar a investigação e as etapas para
solucioná-lo. Nestes termos,
[...] a metodologia não se faz por meio das etapas de um método, mas se organiza pelas situações relevantes que emergem do processo. Daí a ênfase no caráter formativo dessa modalidade de pesquisa, pois o sujeito deve tomar consciência das transformações que vão ocorrendo em si próprio e no processo. É também por isso que tal metodologia assume o caráter emancipatório, pois mediante a participação consciente, os sujeitos da pesquisa passam a ter oportunidade de se libertar de mitos e preconceitos que organizam suas defesas à mudança e reorganizam a sua auto concepção de sujeitos históricos. (FRANCO, 2005, p. 486).
Aqui, o pesquisador não deve limitar ou precipitar-se na mesmice com suas
intervenções. Nessa perspectiva, deve-se definir com exatidão onde ficará a ação,
que nada mais é do que os objetivos e obstáculos a serem vividos e superados, e
de onde sairá o conhecimento produzido, delimitado pelo problema, que no âmbito
dessa pesquisa, enfoca uma forma diferenciada de ensinar a Matemática por meio
de paródias.
Sabendo disso, balizamos os desígnios e o contexto da pesquisa, e isso
definiu o nosso papel de pesquisador, a saber, orientar e investigar com os meios
disponíveis. Aqui, temos dois objetivos: o prático e o de conhecimento.
Objetivo prático: contribuir para o melhor equacionamento possível do problema considerado como central da pesquisa, com levantamento de soluções e propostas de ação correspondentes às “soluções” para auxiliar o agente na sua atividade de transformadora da situação. É claro que este tipo de objetivo deve ser visto com “realismo”, isto é, sem exageros na definição das soluções alcançáveis. Nem todos os problemas têm soluções a curto prazo. [...]. Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos, aumentar nosso conhecimento de determinadas situações (reivindicações,
25
representações, capacidades de ação ou de mobilização etc.). (THIOLLENT, 2011, p. 24).
Isto é, conhecer as dificuldades e as opções que temos para trabalhar, no
caso da utilização das paródias em ambiente escolar, para ensinar Matemática, e
participar da superação de estigmas em relação a Matemática e na melhoria do seu
ensino nos Anos Iniciais, e capacitar os professores para trabalharem com este tipo
de metodologia e mobilizar seus alunos, mostrando que os mesmos tem uma
grande capacidade para se desenvolver nos meios em que estão inseridos.
Além do mais “[...] os professores, como homens e mulheres da prática
educacional, ao invés de serem apenas os consumidores da pesquisa realizada por
outros, deveriam transformar suas próprias salas de aula em objetos de pesquisa”
(ENGEL, 2000, p. 183), e a pesquisa-ação é o instrumento ideal para uma pesquisa
que seja relacionada à prática.
Contudo,
[...] a pesquisa-ação não é constituída apenas pela ação ou pela participação. Com ela é necessário produzir conhecimentos, adquirir experiência, contribuir para a discussão ou fazer avançar o debate acerca das questões abordadas. Parte da informação gerada é divulgada, sob formas e por meios apropriados, no seio da população. Outra parte da informação, cotejada com resultados de pesquisas anteriores, é estruturada em conhecimentos. Estes são divulgados pelos canais próprios às ciências sociais (revisas, congressos etc.) e também por meio de canais próprios a esta linha de pesquisa. (THIOLLENT, 2011, p. 28).
A pesquisa-ação é formada por uma estrutura coletiva, onde cada indivíduo
da pesquisa colabora com o que sabe. Aliás, “[...] a pesquisa-ação pode ser vista
como modo de conceber e de organizar uma pesquisa [...] prática e que esteja de
acordo com as exigências próprias da ação e da participação dos atores da
situação observada” (THIOLLENT, 2011, p. 32).
A abordagem da pesquisa-ação apresenta diversas características que são
próprias dela. Essas características se encontram, muitas vezes, nas explicações
e interpretações que, se observarmos bem, desempenham um papel alternativo
nas pesquisas de demanda social. São elas:
a) A grande preocupação dos pesquisadores em educação em ajudar os professores a resolver seus problemas;
b) O grande desenvolvimento das abordagens qualitativas-interpretativas nas pesquisas em educação;
26
c) O aprofundamento de estudo sobre formas e modelos colaborativos no desenvolvimento de programas escolares e avaliação da educação;
d) O compromisso ideológico e político nas formas de abordagem dos problemas sociais e políticos da educação. (FRANCO, 2005, p. 488).
Na pesquisa-ação também temos alguns objetivos que tem o potencial de
serem alcançados, dentre eles destacam-se:
a) A coleta de informação original acerca de situações ou de atores em movimento.
b) A concretização de conhecimentos teóricos, obtida de modo dialogado na relação entre pesquisadores e membros representativos das situações ou problemas investigados.
c) A comparação das representações próprias aos vários interlocutores, com aspecto de cotejo entre saber formal e saber informal acerca da resolução de diversas categorias de problemas.
d) A produção de guias ou de regras práticas para resolver os problemas de planejar as correspondentes ações.
e) Os ensinamentos positivos ou negativos quanto à conduta da ação e suas condições de êxito.
f) Possíveis generalizações estabelecidas a partir de várias pesquisas semelhantes e com aprimoramento da experiência dos pesquisadores. (THIOLLENT, 2011, p. 49).
Sob este viés, a pesquisa-ação passa a ser transformadora, logicamente não
mudando o todo global, mas sim algo pontual, como a prática de professores que
querem soluções para seus problemas. Mas, para transformar algo, a pesquisa tem
que ser realista e não ludibriar, exigindo esforço e colaboração de todos os
participantes.
Olhando por outra perspectiva, que é a do exercício pedagógico, configura
dentro dessa perspectiva uma ação sobre uma prática educativa, que parte de
“princípios éticos que visualizam a contínua formação e emancipação de todos os
sujeitos da prática” (FRANCO, 2005, p. 489).
Para isso, segundo Thiollent (2011), pesquisadores e participantes tem que
ter uma nítida ideia dos objetivos e das ações necessárias; cada ação é definida
em função dos meios, do saber de todos e do contexto e, todos devem estar em
condição de fazer uma avaliação realista dos objetivos e seus efeitos, e não ficar
satisfeitos com qualquer resultado.
27
Quanto ao curso de formação continuada para os professores, este se deu
pelos seguintes passos:
1. Definindo um tema de pesquisa. 2. Elaborando uma problemática de pesquisa. 3. Coordenando ações e centralizando informações. 4. Buscando soluções e redefinindo diretrizes de ação. 5. Acompanhando e avaliando as ações. 6. Divulgando os resultados pelos meios adequados. (Adaptado de Thiollent, 1985, p. 59).
Neste processo, o pesquisador teve o papel de estreitar e intermediar a
colaboração entre os professores, participando de todas reflexões e discussões que
surgiram no decorrer do curso.
Sobre a coleta de dados, nesta pesquisa, esta ocorreu por meio de diários
de bordo. Cada participante teve seu diário para registro no curso de formação.
O diário [de bordo] pode ser considerado como um registro de experiências pessoais e observações passadas, em que o sujeito que escreve inclui interpretações, opiniões, sentimentos e pensamentos, sob uma forma espontânea de escrita, com a intenção usual de falar de si mesmo. (ALVES, 2011, p. 224).
Neste diário, cada professor, que escreveu, pôde refletir e reorganizar o seu
pensamento, aprender, analisar e reconstruir seus saberes. Aliás,
[...] escrever sobre o que estamos fazendo como profissional (em aula ou em outros contextos) é um procedimento excelente para nos conscientizarmos de nossos padrões de trabalho. É uma forma de “distanciamento” reflexivo que nos permite ver em perspectiva nosso modo particular de atuar. É, além disso, uma forma de aprender. (ZABALZA, 2004, p. 10).
Bertoni (2005), igualmente, mostra a importância dos registros no diário de
bordo feitos pelos professores, pois, ao revisitá-los,
[...] podemos identificar as dificuldades encontradas, os procedimentos utilizados, os sentimentos envolvidos, as situações coincidentes, as situações inéditas e, do ponto de vista pessoal, como se enfrentou o processo, quais foram os bons e maus momentos por que se passou e que tipos de impressões e de sentimentos apareceram ao longo da atividade, ao longo da ação desenvolvida. É uma via de análise de situações, de tomada de decisões e de correção de rumos. (BERTONI, 2005, p. 70).
Segundo Alves (2011), muitos professores podem se opor a esta atividade,
porém, se enfrentarmos as dificuldades e registrarmos nossas práticas docentes,
teremos um resultado muito bom, tanto no contexto profissional, como no pessoal.
28
A análise dos dados se deu por duas vias: a primeira consistiu na análise
das respostas e anotações nos diários de bordo e pelos comentários que obtivemos
no ambiente virtual do NTM; a segunda compreendeu a análise das paródias
produzidas nesta formação.
Para analisar as respostas coletadas nos questionários nos espelhamos na
Análise Textual Discursiva – ATD.
A análise textual discursiva tem no exercício da escrita seu fundamento enquanto ferramenta mediadora na produção de significados, e por isso, em processos recursivos, a análise se desloca do empírico para a abstração teórica, que só pode ser alcançada se o pesquisador fizer um movimento intenso de interpretação e produção de argumentos. (MORAES; GALIAZZI, 2006, p. 118).
Complementando, Medeiros e Amorim (2007, p. 250) evidenciam que:
No que toca a análise textual discursiva, descrição e interpretação são vistas também como elementos da análise; contudo, diferente da Análise de Conteúdo, tais elementos se desenvolvem em momentos concomitantes. A interpretação segue uma visão hermenêutica de reconstrução de significados com acento na perspectiva dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Ela não adota exclusivamente uma teoria específica do início ao fim, pois, vislumbra, na maior parte das vezes, produzir teorias no processo da investigação.
Para a análise das paródias, fizemos um agrupamento em um quadro no
qual separamos em colunas o nome da paródia, nome da música, conteúdo
principal, conteúdo secundário e para qual ano melhor se encaixa, lembrando
sempre que para essa separação utilizamos o currículo da AMOP.
Sobre a formação continuada de professores3, uma parceria entre a
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE e a Secretaria Municipal
de Educação – SMED se consolidou. Primeiramente apresentei-me à SMED, pois
mesmo sendo professor efetivo do município, muitos coordenadores educacionais
não me conheciam.
Inicialmente, enfrentamos a burocracia, o que não nos desanimou, pois me
foi proposto que participasse de algumas formações com a coordenadora da área
de Matemática, realizando cursos numa parceria com ela, o que foi de grande valia,
haja vista que adquiri experiência e conhecimento, bem como me tornei conhecido.
3 O curso está sintetizado no quadro 1 e expandido no capítulo 6 desta dissertação.
29
Foram seis cursos de formação4, a partir dos quais pude conhecer alguns anseios
dos outros professores de outras escolas da rede municipal de ensino.
Com quatro formações concluídas, fui convidado a participar da Jornada
Pedagógica de Foz do Iguaçu – JOPEFOZ, que é o maior evento com cursos
compactados em datas de Foz do Iguaçu, como ministrante de curso. Nesta
oportunidade foram realizados dois cursos, o primeiro sobre Unidades de Medida
voltado para professores do 5º ano, e o segundo para professores do 4º ano com
o tema sobre a Resolução de Problemas.
Depois disso, novamente fui até a SMED e pude mostrar o projeto que seria
desenvolvido para os professores utilizando a Música como metodologia
diferenciada e as paródias como auxílio pedagógico para o ensino da Matemática.
Neste momento ocorreu a aprovação do projeto, ficando até mesmo o indicativo de
novas formações para os próximos anos, visto que pelo novo currículo da
Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP, agora readequado à
Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), todas as disciplinas
terão que ter a Música integrada a elas.
O projeto seguiu os modelos impostos pela SMED, e foi seguido a risca em
todos os momentos, ou seja, tudo que foi proposto foi cumprido. O curso foi definido
com 40 horas para os participantes. Dessas 40 horas, 20 horas foram presenciais,
com encontros nos dias 27/08/2019, 10/09/2019, 01/10/2019, 16/10/2019 e
05/11/2019, com duração de 4 horas cada. O início foi sempre às 18:00 horas e o
término às 22:00 horas. As outras 20 horas se deram na forma de Educação à
Distância – EAD. Entre um encontro e outro, os professores tinham tarefas que
deveriam ser postadas no ambiente do Núcleo de Tecnologia do Município.
Com a aprovação do projeto, fui até o NTM para dar início às inscrições, visto
que todos os cursos oferecidos pela SMED passam pelo NTM, e as inscrições são
todas online, com um controle feito pelo próprio site. Com o projeto em mãos, a
SMED lançou um ofício para dar início às inscrições. O curso abriu oportunidade
4 Adição e Subtração: formas lúdicas de se aprender (8 horas); Multiplicação e Divisão: jogos lúdicos (8 horas); Análise e Interpretação de Gráficos/Unidades de Medida (8 horas); Figuras Geométricas (8 horas); Resolução de situação problema (4 horas) e Grandezas x Medidas (4 horas).
30
para inicialmente 25 professores, porém foi solicitado que se abrisse para 30
professores, para ter um número maior de inscritos.
As inscrições abriram dia 10/08/2019 e deveriam fechar dia 26/08/2019,
porém dia 11/08/2019 recebi uma mensagem dizendo que as inscrições já estavam
encerradas, ou seja, em menos de 48 horas as inscrições estavam completas. Logo
recebi uma informação que, além dos 30 participantes, haviam se inscrito mais 6
pessoas para o cadastro reserva e a solicitação era de que todos pudessem
participar, o que foi significativo, pois era um convite de participação e muitos se
candidataram, logo aceitei todos, inteirando aqui 36 participantes.
Para o início do curso, delimitamos estratégias para que tudo ocorresse de
forma simples, dinâmica, divertida. Então, colocamos os seguintes passos: no
primeiro encontro faríamos a apresentação do projeto de trabalho e do curso
propriamente dito, mostrando para os participantes o que estávamos propondo
fazer, a importância das paródias e os possíveis resultados que obteríamos.
Durante a semana, os professores realizaram uma atividade no ambiente do NTM,
que consistiu em uma leitura proposta e um breve comentário sobre a importância
das paródias em sala de aula.
Na segunda semana foi proposto que os professores expressassem suas
angústias e aflições perante a Matemática, destacando seus maiores desejos em
relação aos conteúdos matemáticos. Esses desejos foram chamados de temas
geradores ou de palavras geradoras. Durante a semana, a proposta foi que cada
professor fosse pesquisar alguma paródia matemática e a transcrevesse no
ambiente virtual, para poderem perceber a carência de material que existe de
paródias matemáticas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
No terceiro encontro, tratamos dos temas escolhidos no encontro dois, que
foram os nossos temas geradores, tirando dúvidas de cada professor, e propondo
para cada um deles, uma alternativa e uma opção de aula, com um planejamento
de como podemos abordar cada assunto. Isso foi feito para a consolidação dos
conteúdos matemáticos. Na tarefa realizada no ambiente do NTM, os professores
procuraram Músicas que gostam e que pudessem servir de fortes candidatas à uma
paródia, e se algum deles quisesse criar uma paródia, poderia fazê-la e levar para
o próximo encontro.
31
No quarto encontro a exposição foi de como fazer uma paródia. Ao longo
dos estudos e das experiências, formulamos um roteiro composto por seis passos
que, ao nosso ver, facilita a criação de paródias, porém vale lembrar que esses
passos podem ser dinâmicos, podendo ser mudados a qualquer tempo, quando há
a necessidade. Após a explicação os professores formaram duplas e criaram uma
paródia, para terem assim pelo menos um contato com as mesmas e, se
precisassem de auxílio, estávamos ali para ajudar.
De fato, muitos professores nunca tinham feito algo assim, e tudo o que é
novo também causa estranheza, por isso estávamos próximos e à disposição de
todos, para dar suporte, caso fosse necessário. A tarefa da semana foi que cada
professor deveria criar uma paródia individualmente, para que no último encontro
pudessem expor o seu trabalho para todos os participantes do curso.
No último encontro os professores mostraram as paródias que haviam
criado, mas antes foram realizadas algumas dinâmicas para que os participantes
perdessem a timidez e cantassem na frente dos colegas. Neste dia, os professores
poderiam opinar sobre a paródia de seus colegas. Na última tarefa do curso os
professores tiveram que avaliar os passos do roteiro de construção das paródias,
dando um feedback sobre os mesmos, para que pudéssemos melhorá-los, caso
necessário.
Com isso, organizamos o resultado final, ou seja, um Produto Educacional
com todas as paródias, para que os próprios participantes possam utilizar em sala
de aula, mas não só eles, bem como todos os que necessitam de algum exemplo
de trabalho criado com uma metodologia diferenciada para ensinar a Matemática.
O Quadro 1 sintetiza o planejamento para os cinco dias do curso. Mais
informações encontram-se no Capítulo 6, onde damos mais detalhes das perguntas
respondidas, das atividades realizadas e das impressões e relatos dos professores.
32
Quadro 1: Planejamento do Curso.
Dia do 1º Encontro 27/08/2019.
Título Conhecendo o Mundo das Paródias.
Objetivo Perceber a importância da Música para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, além de mostrar fatores e benefícios que a Música promove ao ser humano em geral.
Desenvolvimento O curso aconteceu com a duração de 4 horas, iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Inicialmente foram entregues cadernos para os professores para fazerem suas anotações, este caderno foi denominado de diário de bordo. Depois, foram mencionados referenciais teóricos sobre a Música na Educação Infantil e também sobre as paródias no Ensino Fundamental. Neste dia também fizemos a exposição do que queríamos ao final do curso, e que o objetivo era a criação de um Produto Educacional com as criações dos participantes do curso. Os professores responderam um questionário com 15 perguntas para que o pesquisador pudesse conhecer o público com que estava interagindo. Por fim, participaram de uma atividade sobre os sentimentos que temos durante o dia.
Material Utilizado Caderno, Multimídia, Computador, Caixa de Som, Teclado, Violão.
Quantidade de Participantes
No primeiro dia de curso compareceram 48 professores no curso, 12 além dos que haviam se inscrito.
Tarefa de Casa O professores deveriam destacar as perguntas recorrentes feitas pelos alunos nas aulas de Matemática. Caso não fosse regente da disciplina, descrever qual as maiores dificuldades que os alunos poderiam encontrar ao estudar Matemática. Responderam ainda 3 questões no ambiente virtual do NTM. Duração de 5 horas.
Impressões do 1º Dia de Curso
Neste primeiro dia de curso ocorreu grande aceitação dos participantes pelo tema Matemática e Música, e ainda viram que os materiais que mantém alguma ligação com paródias são escassos, bem como demonstraram acreditar ser esta de grande valia para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Dia do 2º Encontro 10/09/2019.
Título Temas Geradores.
Objetivo Elencar as maiores dificuldades que os alunos encontravam quando estudam Matemática.
Desenvolvimento O curso aconteceu com duração de 4 horas, iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Diferente do primeiro dia, os professores sentaram em um grande círculo formado pelas cadeiras do local para que todos pudessem notar as expressões de todos. Inicialmente foram entregues os cadernos para os professores para que fizessem as suas anotações. Posteriormente, ocorreu um debate sobre as perguntas que os professores haviam respondido no ambiente do NTM. Consequentemente, foi dado início a sessão das dificuldades dos professores em ensinar a Matemática e as dificuldades dos alunos, entrelaçando os conteúdos. Esse momento foi denominado “Roda de Conversa”, e a partir dele, e com ajuda dos diários de bordo, selecionamos os cinco conteúdos que os discentes sentem mais dificuldades na Matemática. Além disso, foi realizada uma atividade de desenvoltura corporal, para que os mesmos saíssem do clima de tensão instaurado.
33
Material Utilizado Caderno, Multimídia, Computador, Caixa de Som.
Quantidade de Participantes
No segundo dia de curso tivemos 39 professores no curso.
Tarefa de Casa Pesquisar na internet paródias para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e postá-las no ambiente virtual do NTM. Duração de 5 horas.
Impressões do 2º Dia de Curso
Neste segundo dia de curso os professores interagiram mais, expondo suas dificuldades, compartilhando angústias, e debatendo possíveis melhorias para as suas práticas.
Dia do 3º Encontro 01/10/2019.
Título Auxílio nos Temas Geradores.
Objetivo O objetivo desse encontro foi auxiliar os participantes nos conteúdos que haviam dito serem os que mais possuíam dificuldades, tanto os alunos, como eles próprios. Além disso, foram apresentadas Músicas Matemáticas da internet.
Desenvolvimento O curso aconteceu com duração de 4 horas, iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Foram entregues os diários de bordo para cada participante e começamos o encontro comentando sobre as dificuldades de se encontrar paródias Matemáticas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, pois estas são muito escassas. A partir daí, demos sugestões de aulas diferenciadas de Matemática, com os cinco temas geradores mais pedidos pelos participantes, esclarecendo dúvidas e dando dicas de como trabalhar estes conteúdos em sala de aula. Ao término, apresentamos algumas Músicas e paródias voltadas para o ensino de Matemática deste ciclo.
Material Utilizado Caderno, Multimídia, Computador, Caixa de Som.
Quantidade de Participantes
No terceiro dia de curso tivemos 36 professores no curso.
Tarefa de Casa Pesquisar na internet Músicas sobre as quais gostariam de criar paródias. Não era preciso postar no ambiente NTM esta tarefa, porém deveriam levar impressas consigo as letras das Músicas. Pedimos também para já irem exercitando em casa a criação de paródias. Duração de 5 horas.
Impressões do 3º Dia de Curso
Neste terceiro dia de curso os professores interagiram bastante, e em cada tema gerador apresentado todos davam sugestões, comentavam se já havia feito em suas aulas e davam relatos de aulas que deram certo e aulas que poderiam não dar, tudo isso visando sempre a melhoria das suas práticas docentes.
Dia do 4º Encontro 16/10/2019.
Título Roteiro para a Criação de Paródias.
Objetivo O objetivo desse encontro foi apresentar um roteiro com seis passos para a criação de paródias. Além disso, uma meta era criar paródias em grupos, para que os professores pudessem se familiarizar com este tipo de produção.
Desenvolvimento O curso aconteceu com duração de 4 horas, iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Foram entregues os diários de bordo para cada participante. Comentamos inicialmente sobre a procura das Músicas a serem potencialmente uma paródia e logo em seguida foram expostos seis passos para construção de paródias. Após
34
este momento, os participantes se dividiram em grupos com 6 integrantes cada, para que pudessem construir uma paródia, e como foi a primeira vez de alguns participantes, sugerimos que fizessem as paródias podendo estas ser sem conteúdo matemático. No final, todos os grupos apresentaram as suas composições.
Material Utilizado Caderno, Multimídia, Computador, Caixa de Som, Folha Sulfite.
Quantidade de Participantes
No quarto dia de curso tivemos 38 professores no curso.
Tarefa de Casa A tarefa dos participantes foi a construção de uma paródia individual envolvendo algum conteúdo matemático, pensando nas dificuldades reais dos alunos. Os que não lecionavam Matemática teriam que construir uma paródia pensando nas potenciais dificuldades que os alunos teriam, olhando para os temas geradores elencados nos encontros anteriores. Duração de 5 horas.
Impressões do 4º Dia de Curso
Neste quarto dia de curso os professores nos surpreenderam positivamente, pois todos participaram da dinâmica, apesar de muitos apresentarem receio ou timidez ao cantar na frente de outras pessoas, mas todos se deram força, com palavras de incentivo e apoio, para que pudessem apresentar as suas criações.
Dia do 5º Encontro 05/11/2019.
Título Apresentação das Paródias.
Objetivo O objetivo desse encontro foi apresentar as paródias criadas pelos participantes do curso e saber suas impressões.
Desenvolvimento O curso aconteceu com duração de 4 horas, iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Foram entregues os diários de bordo para os participantes. Comentamos, inicialmente, os seis passos do roteiro para a criação de paródias para termos noção de qual era o mais difícil na visão dos participantes. Depois realizamos duas atividades integrativas para todos “perderem” sua timidez. Após, cada participante apresentou sua paródia e os outros participantes puderam opinar sobre o que acharam.
Material Utilizado Caderno, Multimídia, Computador, Caixa de Som, Violão.
Quantidade de Participantes
No quinto dia de curso tivemos 36 professores no curso.
Tarefa de Casa A tarefa de casa foi a reformulação, caso necessário, da sua paródia com as ideias dadas pelos outros participantes. Além disso, comentar qual dos passos poderia ser melhorado, no qual tiveram maior dificuldade e se precisaria mudar algum deles, postando tudo isso no ambiente virtual do NTM. Duração de 5 horas.
Impressões do 5º Dia de Curso
A impressão do curso foi positiva, visto a adesão e o comprometimento de todos, desde o deslocamento para os dias de curso até nas tarefas feitas em casa, e na qualidade das criações. Acreditamos ter sido de grande valia para os participantes, visto que, ao final do curso, muitos professores perguntaram quando seria o próximo curso com este tema.
35
Para melhor explicar o processo metodológico, o esquema abaixo mostra os
passos que seguimos para o término da dissertação, ou seja, o esquema nos auxilia
visualizar os desdobramentos desde o início até a conclusão do trabalho. No
esquema entrevemos também os capítulos que compõe a dissertação.
Com isso, no próximo capítulo discorremos sobre a formação de
professores, onde resgatamos parte do processo histórico que tivemos na formação
de professores no Brasil. Exploramos a evolução na formação de professores de
Foz do Iguaçu/PR e a criação do currículo base da AMOP. Além disso, como foram
Motivo da pesquisa e intenções.
Pesquisa bibliográfica segundo Gil
(2002).
Aspectos de uma Pesquisa-Ação
como método de pesquisa segundo Thiollent (2011).
Formação de professores e
os avanços até chegar na formação
iguaçuense.
Matemática e a Música nos
Anos Iniciais do Ensino
Fundamental.
O que é uma paródia e seu papel em sala
de aula.
Formação continuada de professores da rede municipal
de Foz do Iguaçu.
5 Encontros presenciais (20
horas) e tarefas de casa (20 horas) totalizando 40
horas.
Análise das respostas e
agrupamento dos conteúdos das paródias.
36
os passos para a criação de um curso de formação de professores em parceria com
a SMED, NTM e UNIOESTE.
37
3 SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Olhando para a história, Saviani (2009, p. 143-144) organiza a formação de
professores no Brasil em seis grandes marcos ou períodos:
1. Ensaios intermitentes de formação de professores (1827-1890). Esse período se inicia com o dispositivo da Lei das Escolas de Primeiras Letras, que obrigava os professores a se instruir no método do ensino mútuo, às próprias expensas; estende-se até 1890, quando prevalece o modelo das Escolas Normais. 2. Estabelecimento e expansão do padrão das Escolas Normais (1890-1932), cujo marco inicial é a reforma paulista da Escola Normal tendo como anexo a escola-modelo. 3. Organização dos Institutos de Educação (1932- 1939), cujos marcos são as reformas de Anísio Teixeira no Distrito Federal, em 1932, e de Fernando de Azevedo em São Paulo, em 1933. 4. Organização e implantação dos Cursos de Pedagogia e de Licenciatura e consolidação do modelo das Escolas Normais (1939-1971). 5. Substituição da Escola Normal pela Habilitação Específica de Magistério (1971-1996). 6. Advento dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais Superiores e o novo perfil do Curso de Pedagogia (1996-2006).
No primeiro momento que ocorreu entre os anos de 1827-1890 que foram os
ensaios intermitentes de formação de professores, Saviani (2009) escreve que foi
após a promulgação do Ato Adicional de 1834 que houve maiores mudanças no
caráter liberal das províncias.
Após a promulgação do Ato Adicional de 1834, que colocou a instrução primária sob responsabilidade das províncias, estas tendem a adotar, para formação dos professores, a via que vinha sendo seguida nos países europeus: a criação de Escolas Normais. [...] Visando à preparação de professores para as escolas primárias, as Escolas Normais preconizavam uma formação específica. Logo, deveriam guiar-se pelas coordenadas pedagógico-didáticas. No entanto, contrariamente a essa expectativa, predominou nelas a preocupação com o domínio dos conhecimentos a serem transmitidos nas escolas de primeiras letras. O currículo dessas escolas era constituído pelas mesmas matérias ensinadas nas escolas de primeiras letras. Portanto, o que se pressupunha era que os professores deveriam ter o domínio daqueles conteúdos que lhes caberia transmitir às crianças, desconsiderando-se o preparo didático-pedagógico. (SAVIANI, 2009, p. 144).
No segundo momento ocorreu o estabelecimento e a expansão do padrão
das escolas normais (1890-1932), nesta época foi enriquecido os currículos que já
existiam até o momento, dando ênfase nos exercícios que requeriam a prática, isso
38
firmou-se em todo o país, onde professores de outros estados eram enviados para
São Paulo para que pudessem adquirir conhecimentos com os professores que lá
trabalhavam.
A reforma foi marcada por dois vetores: enriquecimento dos conteúdos curriculares anteriores e ênfase nos exercícios práticos de ensino, cuja marca característica foi a criação da escola-modelo anexa à Escola Normal – na verdade a principal inovação da reforma. Assumindo os custos de sua instalação e centralizando o preparo dos novos professores nos exercícios práticos, os reformadores estavam assumindo o entendimento de que, sem assegurar de forma deliberada e sistemática por meio da organização curricular a preparação pedagógico-didática, não se estaria, em sentido próprio, formando professores. Essa reforma da Escola Normal da capital se estendeu para as principais cidades do interior do estado de São Paulo e se tornou referência para outros estados do país, que enviavam seus educadores para observar e estagiar em São Paulo ou recebiam “missões” de professores paulistas. Dessa forma, o padrão da Escola Normal tendeu a se firmar e se expandir por todo o país. (SAVIANI, 2009, p. 145).
Após, começou a surgir a organização de institutos de educação (1932-
1939), locais vistos como ambientes de cultivo à educação, vistos também como
um objeto de ensino e de pesquisa. Pretendia-se nesse tempo, além de tudo,
corrigir os erros que havia na escola normal, consolidando assim um modelo
didático pedagógico de formação de professores.
Com a reforma instituída pelo decreto n. 3.810, de 19 de março de 1932, Anísio Teixeira se propôs a erradicar aquilo que ele considerava o “vício de constituição” das Escolas Normais, que, pretendendo ser, ao mesmo tempo, escolas de cultura geral e de cultura profissional, falhavam lamentavelmente nos dois objetivos. (SAVIANI, 2009, p. 145).
Ainda, o mesmo autor fala que:
Para esse fim, transformou a Escola Normal em Escola de Professores, cujo currículo incluía, já no primeiro ano, as seguintes disciplinas: 1) biologia educacional; 2) sociologia educacional; 3) psicologia educacional; 4) história da educação; 5) introdução ao ensino, contemplando três aspectos: a) princípios e técnicas; b) matérias de ensino abrangendo cálculo, leitura e linguagem, literatura infantil, estudos sociais e ciências naturais; c) prática de ensino, realizada mediante observação, experimentação e participação. Como suporte ao caráter prático do processo formativo, a escola de professores contava com uma estrutura de apoio que envolvia: a) jardim de infância, escola primária e escola secundária, que funcionavam como campo de experimentação, demonstração e prática de ensino; b) instituto de pesquisas educacionais; c) biblioteca central de educação; d) bibliotecas
39
escolares; e) filmoteca; f) museus escolares; g) radiodifusão. (SAVIANI, 2009, p.145 - 146).
Entre 1939-1971 ocorreu a organização e implantação de cursos de
Pedagogia e de Licenciaturas e a consolidação do padrão das escolas normais,
que com a promulgação do decreto de Lei nº 1.190, que se estendeu por todo o
país, um modelo de educação que ficou conhecido como o “3+1”, onde existiam
dois modelos de escola, o primeiro formava professores para atuarem nas
diferentes disciplinas da escola secundaria, já o segundo modelo, formava
profissionais para atuarem na escola normal (SAVIANI, 2009). O mesmo autor
explica o esquema “3+1”, onde os três primeiros anos eram compostos por
disciplinas específicas, os conteúdos cognitivos e um ano para a formação didática
do profissional.
No quinto momento, que se deu entre os anos de 1971 e 1996, ocorreu a
substituição da Escola Normal pela habilitação específica de Magistério, em
decorrência da Lei nº 5.692/71, que modificou os ensinos primário e o ensino médio
em primeiro e segundo grau. Uma das mudanças que foram aprovadas em 6 de
abril de 1972, a habilitação específica, foi designada da seguinte forma:
[...] a habilitação específica do magistério foi organizada em duas modalidades básicas: uma com a duração de três anos (2.200 horas), que habilitaria a lecionar até a 4ª série; e outra com a duração de quatro anos (2.900 horas), habilitando ao magistério até a 6ª série do 1º grau. O currículo mínimo compreendia o núcleo comum, obrigatório em todo o território nacional para todo o ensino de 1º e 2º graus, destinado a garantir a formação geral; e uma parte diversificada, visando à formação especial. O antigo curso normal cedeu lugar a uma habilitação de 2º Grau. (SAVIANI, 2009, p. 147).
No sexto momento, que é a época dos anos de 1996-2006, ocorreu o
advento dos Institutos Superiores de Educação e Escolas Normais Superiores.
Agora, após a queda do regime militar e o surgimento da nova Lei de Diretrizes e
Bases – LDB, em 1996. Saviani (2009, p. 148) ainda conclui que,
Ao fim e ao cabo, o que se revela permanente no decorrer dos seis períodos analisados é a precariedade das políticas formativas, cujas sucessivas mudanças não lograram estabelecer um padrão minimamente consistente de preparação docente para fazer face aos problemas enfrentados pela educação escolar em nosso país.
Sobre o período atual, Saviani (2009) fala sobre ter dois tipos de formação
que são utilizadas no Brasil, um que é o modelo dos conteúdos culturais-cognitivos,
40
onde diz que “[...] para este modelo, a formação do professor se esgota na cultura
geral e no domínio específico dos conteúdos da área de conhecimento
correspondente à disciplina que irá lecionar (SAVIANI, 2009, p. 148-149). E, no
segundo estilo de formação, está o modelo pedagógico-didático que, “[...]
contrapondo-se ao anterior, este modelo considera que a formação do professor
propriamente dita só se completa com o efetivo preparo pedagógico didático”
(SAVIANI, 2009, p. 149). Num, o professor estuda exaustivamente conteúdos
históricos e culturais da disciplina que irá atuar. Assim, deixa um pouco de lado o
didático pedagógico, que no segundo estilo é o mais importante.
Portanto, o ideal seria uma mescla entre a cultura, o conhecimento, com o
didático pedagógico, pois não existe a prática sem a teoria e não existe a teoria
sem a prática. Por fim, Saviani (2009) conclui que, por mais que existam meios de
se ter a formação de professores, o governo não os viabiliza significativamente,
precarizando o fazer docente em todos os aspectos, incluído remunerações
insatisfatórias, dificuldades de adequar o tempo de trabalho, chegando a
neutralizar as ações dos profissionais da educação que acabam por esmorecer por
não visarem expectativas de progresso relevantes no que tange a educação.
[...] a questão da formação de professores não pode ser dissociada do problema das condições de trabalho que envolvem a carreira docente, em cujo âmbito devem ser equacionadas as questões do salário e da jornada de trabalho. Com efeito, as condições precárias de trabalho não apenas neutralizam a ação dos professores, mesmo que fossem bem formados. Tais condições dificultam também uma boa formação, pois operam como fator de desestímulo à procura pelos cursos de formação docente e à dedicação aos estudos. (SAVIANI, 2009, p. 153).
Todos esses fatores fazem piorar a procura de novas pessoas querendo a
profissão de docente, mas não podemos nos abalar, pois temos que lutar pelos
direitos do professor, para que esta profissão seja mais valorizada, em particular
pelo poder público, bem como pela sociedade em geral.
Para atrair novos olhares para os cursos de formação de professores, o
município de Foz do Iguaçu vem em constante mudança para sempre atender as
formações. Para tanto, esse esforço tem sido recente em vista a outros países, mas
a mudança nos dias atuais e a sua melhoria é eminente.
41
A formação de professores no município de Foz do Iguaçu é tratada aqui a
partir do ano de 1997, período em que o município ainda era membro da
Associação Educacional do Oeste do Paraná – ASSOESTE, que tinha parceria com
52 municípios. Hoje esta associação não existe mais, e Foz do Iguaçu faz parte
apenas da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP.
Até esse momento, Foz do Iguaçu era um município associado, porém, com
a mudança dos seus governantes, a municipalidade foi se descredenciando da
ASSOESTE entre os anos de 1997 e 2001, e com isso,
[...] formações continuadas e seminários oferecidos via universidades públicas, por assessorias de empresas privadas, decisões estas que viabilizaram apenas os interesses políticos e ideológicos destas gestões municipais, pois a luta da classe por melhores condições salariais, de trabalho e prioridade a pesquisa, o estreitamento dos laços entre a universidade e a escola ficaram no projeto que não foi concretizado, tornando a luta da classe dos professores fragilizada e fragmentada, passando o município a desenvolver atividades autonomamente. (PASINI, 2012, p.113).
No período de 1993 a 1997 houve uma das primeiras ações no sentido de
agir na área de formação de professores, onde foi feita uma parceria com uma
empresa que assessorava os municípios, e que possuía também como parceiro a
Faculdade Faxinal do Céu, que tinha por objetivo melhorar a formação dos
professores daquela época, seguindo as políticas vigentes.
Grizon (2012) afirma que naquele momento ainda não havia um Projeto
Político Pedagógico – PPP por parte da Secretaria Municipal de Educação – SMED
de Foz do Iguaçu para o município, todavia a Secretária de Educação visitou várias
vezes o município de Pinheirais, para que pudesse reproduzir seu PPP aqui.
Também foi implantada uma apostila na Rede Pública, além de livros para o apoio
pedagógico.
Depois desse momento começaram a ser ministradas oficinas e cursos para
os professores com o intuito de priorizar as disciplinas, ou seja, os cursos e oficinas
eram por disciplinas e, também, a SMED promovia palestras semestrais com
palestrantes renomados, estas voltadas para as dificuldades do semestre. Aqui,
note que:
[...] o curso de formação continuada contribui para estabelecer diálogos entre formadores de professores e professores. Essa articulação de práticas inovadoras possibilita ao professor reflexão
42
sobre a prática pedagógica, e a urgência de mudanças nas práticas curriculares participativas, propiciando a constituição de redes de formação continuada na utilização de inúmeros recursos tecnológicos que podem facilitar o processo de ensino e aprendizagem tanto de alunos como professores. (SANTOS, 2017, p. 49).
Muitas vezes, a formação era em outros municípios, mas a prefeitura de Foz
do Iguaçu cedia um ônibus e custeava a alimentação dos professores que
participavam desses cursos. Além disso,
Os professores que estivessem cursando pedagogia ou outros cursos de formação superior que fossem contribuir com a atividade pedagógica em instituições nas regiões vizinhas, eram liberados de suas atividades no dia do curso e recebiam ajuda de custo da prefeitura, como incentivo por estar buscando se capacitar, esses cursos em nível superior eram ofertados na modalidade a distância e semipresencial, com aulas quinzenais e em outros períodos mensais. (PASINI, 2012, p. 115).
Outrossim, “é necessário ressaltar que os primeiros cursos de pedagogia em
Foz do Iguaçu, datam do ano 2000, que foram ofertados pela Universidade
Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE e pela União Dinâmica de Faculdades
- UDC [...]” (PASINI, 2012, p. 115). E para que os professores frequentassem esses
cursos, o governo municipal começou a oferecer incentivos financeiros, até mesmo
premiações, conforme os professores fossem se graduando, ou seja,
[...] foi elaborado e implementado o Estatuto do Professor; Incentivo financeiro aos professores que frequentassem cursos superiores e formação continuada; premiação de computadores, televisores e outros produtos, viagens e até prêmios em dinheiro aos professores que realizassem projetos e participassem dos concursos promovidos pela Faculdade Faxinal do Céu, que auxiliava no processo de formação continuada dos professores [...]. (PASINI, 2012, p. 116).
Depois desse período (1993-1997), Leonilda Grizon assumiu a pasta da
Secretaria da Educação, entre os anos de 2001 a 2005(em sua segunda passagem
como secretária da educação), e com isso vieram novamente algumas mudanças
na parte de formação, onde continuou sendo formações semestrais e, segundo a
SMED, Foz do Iguaçu passou a ser modelo para a educação, pois
[...] os municípios vizinhos vinham até o município para ver a experiência de sucesso, que posteriormente foi implementada em vários municípios, [...], além de consultores do MEC que firmaram parcerias com a Editora Base. Neste período as secretarias de
43
educação das cidades vizinhas comunicavam-se com frequência trocando experiência que tinham resultados positivos na sua rede de ensino. (PASINI, 2012, p. 118).
A partir de então, a SMED passa a ter parcerias com as universidades e com
as faculdades da região, sendo que o controle passou a ser da SMED e a formação
de professores começou a ser bimestral. Todos os cursos ministrados para os
professores tinham, de certa forma, participação do grupo de professores que
atuam na secretaria da educação. Atualmente, temos que:
Na região de Foz do Iguaçu, as modalidades nos cursos de formação continuada de professores seguem orientações da SEED e da SMED, que debatem, praticam e tentam encontrar soluções oriundas da carreira dos professores, em que se preveem eventos nas modalidades presenciais, semipresenciais e educação à distância, sendo estes em Congresso, Curso, Encontro, Grupo de Estudo, Jornada, Oficina, Semana, Seminário e Simpósio, Palestra, Mesa-redonda, Painel, Fórum e Conferência, Teleconferência e Videoconferência, Campanha, Concurso, Feira, Festival, Gincana, Mostra, Olimpíada e Torneio, Reunião Técnica. (SANTOS, 2017, p. 50).
Os professores de áreas específicas citados são uma alternativa para que
as professoras e professores regentes possam ter o tempo da hora atividade, ou
seja, se alguém tem um vínculo de 20 (vinte) horas, 7 (sete) horas são destinadas
para o planejamento, e desenvolvimento das atividades que serão desenvolvidas
com a turma. Sendo assim, no seu dia de hora atividade os alunos têm aulas com
professores que ministram as disciplinas de História, Geografia, Arte, Informática
Educacional e Educação Física.
Cada dia da semana é um ano diferente que o professor tem hora atividade,
para que as professoras e os professores do mesmo ano possam se encontrar e
trocar experiências. Além disso, é neste dia que a SMED procura oferecer as
oficinas de formação continuada para toda a Rede Municipal de Ensino. Por
exemplo, se na segunda-feira é hora atividade dos professores do 1º ano, este é o
dia que todas as professoras e professores do 1º ano se encontram. Assim, a
SMED passou a ser a centralizadora de todos as atividades desenvolvidas, tanto
para professores como para coordenadores e diretores, ou seja, existem cursos
para os gestores da escola também, tendo ela um total controle sobre o contexto
44
escolar e as ações pedagógicas do município, o que possibilita a troca de
experiências e ações possíveis na escola.
O que rege as ações da SMED é a prova aplicada no Brasil todo para medir
o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDED, que são orientações a
nível federal e para todas as escolas. No ano de 2019, a prova do IDEB foi realizada
com os alunos que estão no 5º ano.
Quanto às políticas de incentivo à formação de professores, as quais
aconteceram a partir de 2010, foi onde ocorreram as maiores parcerias, em que
professores eram encaminhados para as escolas como auxiliares do professor
regente, e assumiam a regência desta sala quando o professor regente estivesse
em curso. Portanto,
[...] os programas de formação continuada neste município são de suma importância para que analisemos as ações de formação continuada executadas com base nas ações pedagógicas desenvolvidas para o professor no desenvolvimento das atividades em sala de aula, tendo como objetivo a qualificação docente. Assim, o Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTM), criado em 2009, com a parceria entre a Prefeitura de Foz do Iguaçu, o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e o MEC, tem como missão a promoção da inclusão digital de toda a comunidade escolar, com o uso das novas TICs no trabalho pedagógico. (SANTOS, 2017, p. 50).
Isto é até hoje regido da mesma forma, com parcerias constantes com as
Universidades, como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,
a Universidade Aberta do Brasil – UAB e o Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM,
dando todo o suporte para as inscrições e os cursos, a fim de que a educação fique
melhor, com professores bem capacitados, pois o objetivo final disso é que não
haja nenhum professor sem uma formação superior, e se já for graduado, que tenha
uma formação continuada constante e de qualidade. Essa consideração nos faz
pensar que,
[...] reflexões por parte dos formadores de professores e seja usado nos âmbitos de gestão do sistema educativo e das instituições formadoras, como subsídio para a tomada de decisões políticas. Com essa perspectiva, o presente referencial assume a importância das discussões em torno da formação de educadores, sem perder de vista a necessária articulação com as demais políticas educacionais (BRASIL, 1999, p.15).
45
Como podemos notar, a reflexão sobre a formação de professores é
essencial na atual conjuntura, não deixando de lado a grande importância das
políticas públicas educacionais, levando em consideração nisto, que os grandes
beneficiários com tudo isso são os alunos. Essas formações são de suma
importância, visto que os professores municipais possuem habilitação para
ministrarem todas as disciplinas dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, embora,
muitas vezes, não possuindo habilidades que os deixem seguros em sua prática
diária.
Para uma melhor compreensão, vale notar que os professores dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental são considerados polivalentes, o que quer dizer que
podem lecionar qualquer disciplina do currículo, inclusive Matemática. De fato,
[...] professor polivalente, definido como aquele sujeito capaz de apropriar-se do conhecimento básico das diferentes áreas do conhecimento que compõem atualmente a base comum do currículo nacional dos anos iniciais do Ensino Fundamental e de articulá-los, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar. Em outras palavras, professores polivalentes são os professores com formação generalista, normalmente em Cursos de Pedagogia ou Normal Superior, responsáveis por ministrar todas as matérias de ensino nos anos iniciais. (RANGEL, 2017, p. 2).
O que acontece é que estes professores são os primeiros a lecionarem
Matemática para os alunos desse ciclo, e para tanto, a formação é essencial, para
que todos tenham segurança ao trabalhar todos os conteúdos.
Dessa forma, entendemos que os cursos de formação inicial precisam se organizar para diminuir a insegurança destes professores em relação à Matemática, para que eles comecem a se sentir à vontade e iniciem um processo de aprendizagem com compreensão. Naturalmente que o objetivo de aproximar os professores dos anos iniciais do conhecimento matemático não pode ser almejado apenas no curso de formação inicial. É fundamental políticas de formação contínua para aqueles professores que já exercem a docência estejam voltadas para as necessidades descritas. (ORTEGA; SANTOS, p. 29, 2012).
Além disso, Schulman (1986) já dizia que os professores têm que ter as
seguintes categorias de conhecimento: conhecimento de conteúdo, conhecimento
pedagógico geral, conhecimento de currículo, conhecimento pedagógico de
conteúdo, conhecimento dos alunos, conhecimento de contextos educacionais e
conhecimento de finalidades educacionais, propósitos e valores.
46
Destes, Ortega e Santos (2012, p. 30) destacam
[...] o conhecimento de conteúdo, o conhecimento pedagógico de conteúdo e o conhecimento pedagógico geral. O primeiro refere-se ao domínio pelo professor não apenas dos conteúdos específicos da Matemática, mas ao conhecimento da sua estrutura. O segundo, diz respeito às formas de representação dos conteúdos, de forma que sejam compreensíveis para os aprendizes. E o conhecimento pedagógico geral está relacionado a princípios didáticos gerais necessários ao exercício da docência.
Já Mizukami (2004) afirma que o conteúdo do conhecimento é dividido em
duas categorias, o momento em que o docente está ensinando e o momento em
que o docente está aprendendo. Para tanto, ainda afirma que o professor deve ter
a compreensão de como o conhecimento é construído na vida de um aluno, tendo
em vista suas bases, tanto psicológicas como emocionais, para aprender tal
conteúdo em determinado momento, ou seja, além de compreender o que é o
conteúdo, estes tem que entender as origens socioculturais dos alunos.
De fato, os alunos possuem saberes e fazeres específicos, dependendo dos
locais onde vivem e das comunidades em que estão situados. Então:
Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público e para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes [...]? (FREIRE, 2009, p. 30).
Além do mais,
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? (FREIRE, 2009, p. 30).
Com isso, vemos a importância que devemos dar aos saberes e fazeres dos
nossos alunos. Logo, antes de qualquer coisa, nós professores, precisamos ter
muito respeito pelos educandos. Além do mais, precisamos ter uma criticidade ao
ensinar, não findando a criatividade dos alunos, mas sempre aguçando sua
curiosidade, pois a curiosidade também é uma forma de aprender, e é com a
curiosidade que fazemos perguntas para serem respondidas. Freire (2009, p. 32)
diz ainda que “não haveria a criatividade sem a curiosidade que nos move e que
47
nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos,
acrescentando a ele algo que fazemos.”
Ainda, como profissionais formadores que somos, temos que ter ética, pois
muitas vezes, como professores, somos um modelo para os alunos, e existem
comunidades escolares onde seus alunos possuem uma estrutura familiar ruída,
não tendo o apoio necessário em suas casas. Desta forma, buscam em alguém o
exemplo para seguirem, e o seu modelo normalmente é o professor, ou seja, muitas
vezes transcendemos o papel de educadores e passamos a ser um pouco mais,
psicólogos, pais, amigos, e assim nos tornamos a base para alguns alunos.
Nesta linha, como educadores, temos que ter um olhar mais aguçado sobre
o pensar de cada aluno, pois nenhum pensar está totalmente errado, temos que
analisar as condições de cada aluno, a condição na qual eles se encontram, e
observar também qual é o contexto que ele está inserido, Freire (2009) trata o
pensar da seguinte forma,
O clima de quem pensa certo é o de quem busca seriamente a segurança na argumentação, é o de quem, discordando do seu oponente, não tem por que contra ele ou contra ela nutrir uma raiva desmedida, bem maior, as vezes, do que a razão mesma da discordância. (FREIRE, 2009, p. 35).
Aceitar quem está certo ou errado nem sempre é fácil, pois todos temos uma
opinião, e muitas vezes essa opinião nos ilude. Portanto, a única opção é correr
riscos, acolher o novo e rejeitar qualquer tipo de preconceito, pois cada um tem um
jeito de se adaptar à sala de aula, e cada um possui uma forma de cativá-los, e
quando nos deparamos com situações diferentes, o novo tende nos retrair.
A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, a quem comunica a produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo, por isso, é dialógico e não polêmico. (FREIRE, 2009, p. 38).
Com isso, podemos notar que o pensar certo exige que tenhamos diálogo,
conversas e exposição de ideias; o pensar certo não quer dizer que temos que ser
polêmicos ou causar algum tipo de discórdia, pois é um debate de ideias, uma
conversa franca para sempre buscar o melhor. E é para este tipo de debate que há
os cursos de formação de professores, que servem justamente para isso, isto é,
48
para expor ideias e tentar de uma forma diferente da usual fazer algo novo, ou
pensar um novo, renunciando a conceitos pré-existentes e obsoletos.
Isso quer dizer que, por sermos professores, não somos intocáveis, mas
temos que acolher a crítica e, além de tudo, temos que nos auto avaliar, sempre,
sobre conceitos, métodos e metodologias, e refletir sobre nossa prática.
Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tende ser de tal modo concreto que quase se confunde com a prática. O seu “distanciamento epistemológico” da prática enquanto objeto de sua análise deve dela “aproximá-lo” ao máximo. (FREIRE, 2009, p. 39).
O melhor caminho para evoluir são os debates e formações continuadas. Os
professores possuem muitas certezas sobre seu trabalho, uns mais, outros menos,
mas quando se reúnem trocam experiências e constroem novos suportes ou bases
de como agir e como se comportar em certas situações, o que quer dizer que não
podemos desprezar os conhecimentos de outros professores.
Esses conhecimentos podem não ser necessariamente científicos, técnicos
ou habilidades que se aprendem na faculdade, mas aqueles que se aprendem na
prática, com professores mais velhos, com experiências já vivenciadas, na troca
entre todos os professores (TARDIF, 2002). Aliás, não é possível falar sobre os
saberes e fazeres da sua profissão sem ao menos relacioná-los ao contexto e ao
ambiente de trabalho.
O saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola, etc. Por isso, é necessário estudá-lo relacionando-o com esses elementos constitutivos do trabalho docente. (TARDIF, 2002, p. 11, grifo do autor).
Tardif (2002) trata dos saberes do professor em algumas categorias ou
áreas, para se ter um melhor andamento durante as aulas e a experiência do
professor: Saberes Profissionais; Saberes Curriculares e Saberes Experimentais.
Neste sentido, o autor sugere a separação entre formação profissional e formação docente, justificando que a formação profissional é aquela que se processa por meio da formação inicial do aluno, no âmbito da universidade, e a formação docente é
49
concretizada no exercício da profissão propriamente dita, isto é, durante o exercício/prática docente. (ARAUJO, SANTOS, MALANCHEN, 2012, p. 6).
O professor, primeiramente, tem que possuir Saberes Curriculares, que
segundo Tardif (2002), são os conhecimentos que o professor tem que aplicar, que
são voltados às políticas, que incluem conteúdos, os métodos e objetivos a serem
propostos. Os Saberes Curriculares são definidos pela formação no campo
universitário de cada indivíduo, ou seja, é a sua formação inicial ou formação
continuada para que os professores possam aplicá-las em suas salas de aula.
Depois, Tardif (2002) comenta sobre os Saberes Experimentais, dizendo que
são aqueles tipos de saberes que o professor adquire durante toda a vida, baseado
nos conceitos que carregamos durante a nossa vida, incorporando-os na aula de
acordo com cada habilidade, por meio de hábitos, de saber fazer e de saber ser. E,
segundo o mesmo autor, também temos Saberes Profissionais, que é o conjunto
de saberes transmitidos pelas formações e pela experiência de outros profissionais
do ramo educacional.
Devemos, então, ir atrás de todas essas dimensões, para que possamos
promover um equilíbrio dentro de nossa própria sala de aula, sempre tendo uma
visão que seja mais ampla, usando problemas atuais como bases a serem melhor
aproveitados, contribuindo na formação de cidadãos conscientes de seus direitos
e deveres, que tenham ética e, acima de tudo, que possuam dignidade.
Essa prática de conhecermos os nossos alunos e buscando uma relação
entre o meio que se está inserido, tendo como suporte primordial a prática junto
com um pensamento crítico que aponte questões ligadas a diversos temas, como
a política e a ética. Sendo assim, busca-se a todo momento estudos que ajudem
na autonomia dos alunos, desenvolvendo o cognitivo e a conscientização social
dos mesmos.
Neste sentido é que ensinar a pensar certo não é uma experiência em que ele – o pensar certo – é tomado em si mesmo e dele se fala ou uma prática que puramente se descreve, mas algo que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força do testemunho. Pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos. Pensar certo não é que – fazer de quem se isola, de quem se “aconchega” a si mesmo na solidão, mas um ato comunicante. Não há por isso mesmo pensar sem entendimento e o entendimento, do
50
ponto de vista do pensar certo, não é transferido, mas co-participado. (FREIRE, 2009, p. 37).
O grande propósito dos novos saberes profissionais é ensinar ao aluno a
pensar diferente, tendo um pensar eficiente, mostrando como deve posicionar-se,
sendo crítico, e ensinar a buscar soluções próprias, usando a criatividade, o
raciocínio lógico, lembrando sempre em interagir e integrar o ambiente em que vive,
ou seja, interagir como seu meio social.
Este processo educacional tem, também, que estar aliado aos saberes do
educador, usando de sua prática e de teoria, para que tudo possa se transformar
em um saber diferente, que busque o interesse de todos os alunos, partindo das
dificuldades e das necessidades, tanto coletivas quanto individuais.
3.1 A afetividade e a música no ensino
Conforme Nacarato, Mengali e Passos (2011), muitos dos estudantes que
cursam Pedagogia tem certos bloqueios quando se fala em aprender Matemática
e ensinar a Matemática. Muitos deles tem a ver com a aversão à esta disciplina,
por diversos motivos ou sentimentos negativos que, por sua vez, foram adquiridos
com o passar do tempo, desde o início de sua escolarização.
As mesmas autoras ainda falam que a maioria dos professores trazem
consigo crenças das quais não se desprendem, crenças que estão enraizadas
sobre o que é a Matemática e seus respectivos aspectos do processo de ensino e
aprendizagem. E estes professores, por vezes, em quase sua totalidade, as levam
consigo na sua ação docente para construírem a sua própria prática futura.
Além disso,
[...] é possível perceber as crenças, concepções que um professor possui de Matemática, analisando o modo como ele a ensina. [...] muitos professores que ensinam Matemática nos anos iniciais ainda consideram a Matemática escolar como simples aplicação de regras e procedimentos de cálculo. No entanto, é preciso mudar essa visão utilitarista da Matemática e mostrar a esses docentes outros modos de ver e conceber o ensino da Matemática. (MATOS, 2017, p. 27).
E existem várias maneiras de fazer isso, e uma delas é por meio da Música,
mais precisamente pelas criações elaboradas a partir dela, no caso, as paródias.
51
Diante das diversas formas e metodologias que podem ser justapostas com a
Música, a utilização de paródias vem a calhar, haja vista que elas podem ensinar,
divertir, fazer aprender, gravar conceitos e estreitar laços de afetividade entre o
professor e seus alunos.
A educação não se limita somente no ensino, em mostrar os conteúdos
propriamente ditos, porém a educação também é mostrar o que está mais correto,
e o melhor caminho a seguir, é ajudar os alunos a perceberem que eles são
capazes. É também oferecer várias ferramentas para que o discente possa
escolher qual é a melhor forma. Educar é mostrar os diversos caminhos a seguir.
Olhando para tudo isso, pensamos em um meio que temos em comum em
todas as culturas, povos, raças e locais onde estão inseridos, e assim chegamos
na Música. A Música é universal. Esta alternativa, um tanto audaciosa, é uma das
ligações que há entre alunos diferentes.
Além dessas ligações que a Música faz com alunos diferentes, temos as
ligações afetivas que o professor cria com o aluno, ou seja, quando o professor se
aproxima do discente acontece uma quebra, essa quebra rompe com os laços do
professor ser o detentor de todo o conhecimento.
Azevedo (2003) diz que se não levarmos em consideração o emocional na
aprendizagem do aluno é a mesma coisa que estar negando a sua consciência
individual. Além do mais
A emoção é diferente do sentimento, pois acredita que o conceito de emoção traz uma conotação transitória e orgânica; implica estados afetivos, assim como processos naturais, relativamente independentes na vontade e, em certo sentido, independente dos valores permanentes que caracterizam uma pessoa. [...] Os estados afetivos, caracterizados como sentimentos, são processos mais estáveis que as emoções, mais pessoais e menos biológicos. Os sentimentos não são sempre controláveis, porém eles são parte
de nós. (AZEVEDO, 2003, p. 76)
Sloboda (2008, p. 5) afirma que “a capacidade de envolvimento humano com
a música é uma habilidade cognitiva, que por sua vez consegue suscitar emoções”.
Entendemos que compreender o aprendiz em sua singularidade subjetiva na construção do conhecimento implicará que o professor terá, em cada aluno com quem se relacione no processo ensino/aprendizagem, um sujeito que aprende qual é o único cujo processo de aprendizagem é marcado por zonas de tensão emocional as quais engendram sentidos subjetivos cujas origens
52
não estão delimitadas no espaço relacional direto do aluno com sua
aprendizagem musical. (CAIRES DE SOUZA, 2011, p. 38).
Lima (2013) diz que a criança é rodeada de estímulos sonoros, descobre nos
sons a sua capacidade de comunicar-se com o mundo que o rodeia, e o simples
fato de manusear objetos que produzem som, o corpo se movimenta e manifesta-
se a criatividade, desenvolvendo assim as suas habilidades que são chamadas de
habilidades cognitivas.
E essa fase é a fase que mais precisamos de afeto.
É o afeto que liga a capacidade de nos mantermos equilibrados internamente, assim a afetividade, influencia na nossa percepção, a emoção, o pensamento, a memória, portanto, é ela que nos faz estarmos adaptados ao nosso meio, e com capacidade de responder adequadamente aos estímulos internos e externos. (LIMA, 2013, p. 9).
Além do mais:
A presença do adulto dá à criança condições de segurança física e emocional que a levam a explorar mais o ambiente e, portanto, a aprender. Por outro lado, a interação humana envolve também a afetividade, a emoção, como elemento básico. Assim, é através da interação com indivíduos mais experientes do seu meio social que a criança constrói suas funções mentais superiores. (DAVIS; OLIVEIRA, 2010, p. 103).
Segundo Pina (2013), afetividade também evolui e, por vezes, o professor
desconhece isso. Conforme as crianças desenvolvem cognitivamente, suas
necessidades afetivas se tornam mais exigentes: “afeto não é somente carinhos,
beijos, abraços, mas é ouvir, admirar, conversar e mesmo repreender” (p. 115). Os
termos emoção e afetividade para a psicologia são distintos, mas, para muitos
professores, não há a compreensão de sua especificidade.
Quando a criança começa sua fase de adaptação escolar, irá começar a se
relacionar com o mundo externo, com seus novos colegas e com os professores
que os acompanharão daquele momento em diante. Neste momento o aluno se
desligará momentaneamente dos laços familiares e o principal eixo nessa nova fase
é o professor, o que irá tornar o processo de ensino e aprendizagem em processo
pedagógico.
53
Segundo Tassoni (2000) toda a aprendizagem está ligada a afetividade, já
que é nessa fase que ocorrem as interações sociais. Pensando especificamente na
aprendizagem escolar as experiências vividas em sala de aula ocorrem,
inicialmente, entre os indivíduos envolvidos. Essas experiências também são
afetivas. Os alunos completam as experiências afetivas com relação a um objeto
específico.
Falar da relação professor-aluno implica também falar do processo de aprendizagem, uma vez que este ocorre em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas, partindo de uma relação vincular, e é através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e, dessa forma constrói novos conhecimentos. (LIMA, 2013, p. 18).
Ademais,
A relação professor-aluno na sala de aula é complexa e abarca vários aspectos; não se pode reduzi-la a uma fria relação didática nem a uma relação humana calorosa. Mas é preciso ver a globalidade da relação professor-aluno mediante um modelo simples relacionado diretamente com a motivação, mas que necessariamente abarca tudo o que acontece na sala de aula e há necessidade de desenvolver atividades motivadoras. (MORALES, 1998, p. 49).
Quando vemos e falamos de afetividade podemos notar a ferramenta que
temos em nossas mãos para melhorar o ensino, apesar que muitos ainda insistem
em metodologias passadas, deixando de lado a afetividade que devemos oferecer
para nossos alunos.
A Música vem como um apoio para a aproximação dos professores com seus
alunos e a paródia pode ser este facilitador, envolvendo os alunos com os
conteúdos, bem como aumenta o gostar pela disciplina e pelo professor. O mesmo,
deve reconhecer na complementaridade entre emoção e conhecimento a chave para
a melhoria da sua prática docente. Ele deverá conscientizar-se que será um eterno
aprendiz. Buscar novas ferramentas para seu ensino, abraçar a sua escolha e entregar-
se com prazer no que faz.
Quando analisamos a afetividade que a Música proporciona aos alunos,
olhamos para um geral em todas as disciplinas, não somente na disciplina de
Matemática. Acreditamos que a afetividade quebra barreiras entre o professor e o
54
aluno, deixando-os mais próximos, com isso o discente pode falar mais
abertamente as suas maiores dúvidas e dificuldades.
Assim, no quarto capítulo analisamos um pouco mais a fundo a Música e a
Matemática no Ensino Fundamental, para sabermos as relações que essa
disciplina pode ter quando utilizamos a Música como uma fonte a mais de ensino,
ou seja, como um apoio pedagógico.
55
4 MATEMÁTICA E MÚSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Com a popularização dos meios de comunicação, notamos mudanças nos
comportamentos da sociedade. Essas mudanças também refletem no dia a dia
escolar. O interesse por aulas cuja metodologia baseia-se em exposição oral, na
qual se tem como únicos recursos a lousa e o giz, torna-se agora praticamente
impossível. Com isso, faz-se necessário novos recursos metodológicos, bem como
sua aplicação em sala de aula. Por isso, como alternativa para o ensino e a
aprendizagem da Matemática, sugerimos um método diferenciado e pouco usado
por professores, que é usar o potencial da Música, que tem um destaque próprio
enquanto processo diferenciado no ensino e aprendizagem da Matemática.
Contudo, podemos ser questionados sobre o que tem a ver a Matemática e
a Música? Como estão ligadas? Sobre isso, podemos afirmar que Pitágoras, que é
considerado um dos pais da Matemática e também da Música, após várias
experiências e tentativas, descobriu algumas razões para a composição de um
campo harmônico. Isso quer dizer que toda Música é composta por Matemática,
desde escalas, campo harmônico, até mesmo a afinação de alguns instrumentos.
A Música também é preciosa para o relaxamento, concentração, para se
entender os compassos, usada muitas vezes para se obter uma paz, a música abre
leques de formas diferenciadas de usá-la. Além disso é utilizada para facilitar a
memorização dos alunos, estratégia didática muito aplicada hoje em cursinhos
preparatórios de vestibulares, Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM,
concursos, etc. De fato, após uma fórmula ser cantada para e com os alunos, estes
a gravam de uma forma muito mais fácil e prazerosa, algo útil no momento da
pressão.
Conforme anota Pereira (2013, p. 16), “a Música (do grego musiké téchne, a
arte das musas) constitui-se basicamente de uma sucessão de sons e silêncio
organizada ao longo do tempo. Os três elementos principais de uma composição
musical são: melodia, harmonia e ritmo.” Seus primeiros registros nos remetem a
Pitágoras, matemático que muitos pesquisadores consideram ser o pai da Música.
Acredita-se que Pitágoras − fundador da Escola Pitagórica − tenha vivido, aproximadamente, entre os anos de 570−500 a.C. Nasceu em Samos, ilha grega situada no Mar Egeu, e faleceu em
56
Metaponto, colônia grega no sul da Itália, região denominada Magna Grécia. (PEREIRA, 2013, p.13).
A história conta que Pitágoras tocava um instrumento chamado lira, e que
para ele, a Música existia para várias finalidades, inclusive pedagógicas, atuando
para “a purificação da mente, a cura de doenças, o domínio da raiva e da
agressividade do homem, dentre outras coisas. Com o auxílio da Música, Pitágoras
criava um ambiente de harmonia e tranquilidade para passar seus ensinamentos
aos discípulos” (PEREIRA, 2013, p.16). Pitágoras estava buscando o que
chamamos de harmonia, que consistia em criar ou descobrir combinações de sons
agradáveis aos ouvidos. Nessa época foram descobertas as oitavas ou a escala,
que é conhecida atualmente como Escala Pitagórica.
Realmente, a Matemática e a Música têm relações desde a Antiguidade. O
primeiro registro científico associado à Matemática e à Música ocorreu por volta do
século VI antes da Era Comum – a.E.C., na Grécia Antiga, na escola Pitagórica.
Segundo Abdounur (2003), os pensadores daquela época relacionavam intervalos
musicais com conceitos de frações, há mais de 2600 anos, fazendo uso de um
instrumento de corda denominado monocórdio.
Os Pitagóricos, até o tempo de Aristóteles (384-322 a.C.), foram os únicos a
fundamentar cientificamente a Música. Pitágoras teria feito um experimento
investigando a relação entre o comprimento de uma corda vibrante e o tom musical
produzido por ela. Com a descoberta da relação entre razão de números inteiros e
tons musicais, Pitágoras estabeleceu relações entre a Matemática e a Música,
associando, respectivamente, aos intervalos musicais referentes às consonâncias
perfeitas – oitava, quinta e quarta – as relações simples.
Pitágoras, com suas experiências no monocórdio, um instrumento de uma
única corda, estendida entre dois cavaletes fixos sobre uma mesa ou prancha e
que possui ainda um cavalete móvel colocado sob a corda para dividi-la em duas
seções, descobriu que sons musicais harmônicos emitidos a partir de uma corda
vibrante cujo comprimento L é dividido pela metade, isto é, L/2, soam uma oitava
acima. Esta oitava é dada pela razão entre a nota emitida inicialmente e a nota
emitida quando dividimos a corda ao meio, seguindo a proporção 2 para 1.
57
No início, o experimento de Pitágoras evidencia a relação entre o
comprimento da corda e a altura do som emitido pela mesma quando beliscada.
Neste experimento, ele observou que quando esta corda era dividida numa
proporção de 3/4 do tamanho – equivalente a diminuir para 3/4 do comprimento
original da corda, o som que era emitido resultava no intervalo de quarta acima do
som emitido pela corda inteira.
Analogamente, exercida a pressão a 2/3 do tamanho original na corda, ouvia-se uma quinta acima e a 1/2 obtinha-se a oitava do som original. A partir de tal experiência, os intervalos mencionados passam a denominar-se consonâncias pitagóricas. (ABDOUNUR, 2002, p. 5).
Portanto, a partir do monocórdio, Pitágoras estabeleceu as primeiras
relações entre a Música e a Matemática, na ordem, entre os intervalos musicais
perfeitos – quarta, quinta e oitava – as frações simples – 3/4, 2/3, e 1/2. Os
pitagóricos descobriram também que, quando temos duas cordas esticadas de
maneira igual e seus comprimentos possuem uma razão de dois números inteiros,
o som produzido por estas cordas será harmônico5.
Segundo Abdounur (2015, p. 37), “o experimento de Pitágoras contribuiu
para a construção do conceito de fração.” E, trazer para a sala de aula isso, ao
introduzir fração, a explicação de Pitágoras, aliando a Música ao ensino da
Matemática, possibilita trazer para realidade atual uma forma mais viva, dinâmica
e prazerosa a ciência, incentivando os alunos a enxergarem uma nova maneira de
aprender Matemática.
Faria (2001) define a Música como um importante fator na aprendizagem,
pois a criança, desde bem pequena, já ouve Música, a qual, muitas vezes, é
cantada pela mãe ao dormir, conhecida como cantiga de ninar. Assim, a Música é
muito importante na aprendizagem, pois o aluno convive com ela desde muito
pequeno, faz parte do seu cotidiano e, empregando-a na Matemática, faz com que
surja uma possibilidade a mais dos estudantes se envolverem com a mesma e que
esta deixe de ser encarada como imposição, para ser algo mais natural, em que o
5 Se tratando de música, harmônico se refere ao tipo de som que está em equilíbrio, compatível com uma certa coerência e regra musical.
58
aluno sinta prazer em manter contato, pois a matemática por si só já é instigante e
quando unimos essas duas ciências fica ainda mais atraente.
Igualmente, Snyders (1992) comenta que, além de contribuir para deixar o
ambiente escolar mais alegre, podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera
mais receptiva à chegada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após
períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a
Música também pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas
disciplinas.
Assim, a Música relacionada com a atividade Matemática acrescenta muito
à educação, pois é algo do cotidiano que estamos acostumados, o que facilita o
processo de aprendizagem da Matemática. Utilizar uma abordagem da Música e
assumir essa proposta como metodologia de ensino, levando os estudantes a
adquirirem conhecimentos de Matemática e das demais áreas envolvidas com o
tema, pode capacitar alunos e professores a ler, interpretar, representar e resolver
mais situações-problema.
Cruz e Kopke (2010), autores do artigo Matemática in Concert Metodologia
Lúdica de Ensino, que tem como objetivo desmistificar a Matemática como uma
disciplina causadora de medos e sofrimentos para os que não a compreendem,
através das Músicas compostas e cantadas durante as aulas, fazem com que o
aprendizado vá se dando de forma simples, lúdica e prazerosa. Eles colocam que:
Não olhar as aulas de Matemática de uma forma diferente, pode não favorecer que o aluno desenvolva relações entre o mundo e a história dessa disciplina. Também, pode não ajudar o aluno a desenvolver um olhar crítico frente à Matemática. É preciso que o trabalho com a Matemática na escola não se paute apenas por uma proposta mais acadêmica. É necessário compreender a Matemática que é usada para a vida, para a cidadania, para desenvolver uma atitude crítica ao analisar cálculos, estatísticas e ao ler um artigo, ou aplicar um conceito matemático no dia a dia, desenvolvendo hipóteses. (CRUZ; KOPKE, 2010 p. 7).
Neste artigo, um dos autores relata ainda que teve muitas dificuldades na
disciplina de Matemática quando criança, chegando a reprovar na 7ª série (atual 8º
ano), mas agora busca um meio para que a Matemática deixe essa imagem
negativa através do lúdico, incentivando o seu estudo, a pesquisa e uma maior
interação nas aulas, usando a Música como um instrumento de apoio pedagógico,
59
despertando interesse assim pela Matemática e aproximando-a ao conhecimento
matemático do dia a dia, sem perder de vista as especificidades da Matemática.
Segundo os autores,
Aliar a Música ao ensino da Matemática possibilita trazer para a realidade atual, uma forma mais dinâmica e prazerosa, explorando o desenvolvimento cognitivo-musical e incentivando ao aluno a pesquisa e desenvolvimento dessa matéria. (CRUZ; KOPKE, 2010, p. 2).
As atividades lúdicas musicais associadas ao ensino da Matemática
trouxeram resultados bem satisfatórios na escola onde os pesquisadores as
aplicaram, proporcionando o prazer em aprender, que a própria atividade pode
oferecer.
Cavalcanti e Lins (2010) levaram a Música para a sala de aula através de
paródias que envolveram a Matemática, com toda uma preparação abrangendo a
atividade, como lista de exercícios, para ver se os grupos de alunos que fizeram a
letra das paródias realmente compreenderam o conteúdo.
A pergunta que norteia essa pesquisa é a de que se o uso de Músicas, em forma de paródias, criadas pelos alunos, nas aulas de Matemática poderia estar relacionado ao interesse dos alunos com relação à Matemática, e como as mesmas poderiam contribuir para aprendizagem dos conteúdos. (CAVALCANTI; LINS, 2010, p. 2).
Ao final da pesquisa, foi realizado um questionário onde ficou claro pelas
respostas que os alunos apresentaram mais interesse nas aulas de Matemática a
partir desse meio de ensino, e que, ao analisar a letra das Músicas, ficou explícito
que os alunos entenderam os conceitos de cada tema envolvido nas Músicas.
No artigo Matemática e Música: cantando também se aprende, de Mendonça
e Sousa (2010), os autores relatam experiências bem sucedidas que abordam a
importância de paródias nas aulas de Matemática, ressaltando tanto o papel do
professor, quanto das atividades e suas especificidades, afirmando que:
Os alunos estudam a Matemática em receitas de comidas, operações financeiras em feiras ou em compras em geral, comparando o preço de cestas básicas com o dos alimentos no varejo, realizando mágicas, paródias e jogos diversos. Percebemos o quanto os alunos se envolvem nessas atividades, aprendendo de verdade. (MENDONÇA; SOUSA, 2010, p. 6).
60
Os alunos criaram as Músicas e fizeram um concurso, onde todos tentaram
dar o seu melhor. Cada turma contou com a orientação de um professor, o qual
tinha o papel de avaliar os conceitos, características e propriedades de cada
conteúdo matemático abordado, para não correr o risco de fuga à aprendizagem
Matemática.
Outros autores, como Godoi (2011), Lima e Mello (2013), Feliciano (2012),
Bieger (2010), Mendonça (2010) e Lira (2016), fizeram tentativas metodológicas
inserindo a Música em suas aulas, e todos, de uma forma ou de outra, relatam que
tiveram experiências positivas, pois o professor que levou esta realidade para a
aula facilitou a aprendizagem dos seus alunos, sem deixar de mencionar que
ocorreu uma aproximação maior como conteúdo ministrado.
A Música, é considerada como algo enriquecedor para o desenvolvimento
cognitivo. Traz benefícios que não podemos comparar, proporcionando um “bem-
estar favorecendo a ampliação de diversas áreas do cérebro e da linguagem,
aperfeiçoando a sensibilidade da criança e a capacidade de concentração da
mesma, proporcionando benefícios na alfabetização e no raciocínio lógico”
(FREITAS; TREVISO, 2016, p. 269).
Além disso, é um facilitador no processo do desenvolvimento infantil, pois:
A Música está presente em todos os momentos da nossa vida, na natureza e na cultura. Ela faz parte das experiências inaugurais de construção de significados [...]. Assim, como o canto dos pássaros e o cri-cri dos grilos são sons que acompanharão a chegada do dia e o cair da noite, dando sentido a esses fenômenos; o som do vento e da chuva acompanhará a urgência das pessoas em se agasalhar e se proteger antes de sair [...]; o som dos tambores e a distância marcará a aproximação das figuras dos folguedos; e tantas outras manifestações musicais farão parte da vida das crianças a partir de seu nascimento, contribuindo para a formação de sua identidade e para a sua possibilidade de conhecerem e de se expressarem, elas mesmas, nessa linguagem tão humana e fascinante. (OLIVEIRA, 2012 p. 145).
Ademais, a Música faz com que as crianças desenvolvam sua criatividade e
suas habilidades, auxiliando na tomada de decisões, quando forem necessárias.
Tendo em vista que a Música está no nosso meio desde o começo das nossas
vidas, segundo Godoi (2001), a Música desenvolve a criança, visto que desde o
ventre das nossas mães, até mesmo antes da nossa alfabetização, a Música se faz
presente. Nas brincadeiras infantis, por exemplo, as crianças usam Músicas como
61
formas de expressão corporal, regras, relações sociais, diversão, alegria e
aprendizagem.
Loureiro (2008) comenta que, para aprender com a Música devemos pensar
e agir como uma forma de prazer, que busque sempre a experiência da criança,
que escute os anseios que a criança quer aprender, sem buscar a todo custo que
domine qualquer tipo de instrumento, pois isso poderá fazer com que não queira
utilizar novamente a sua criatividade para futuras experiência, ou seja, a Música
tem que ser algo prazeroso para todos.
Diante disso, os professores devem ouvir os alunos para observarem o que
realmente almejam. Nesse sentido, D’Ambrósio (2005, p. 34) diz que:
Embora o conhecimento seja gerado individualmente a partir das informações recebidas da realidade, no encontro com o outro se dá o fenômeno da comunicação, talvez a característica que distingue a espécie humana das diversas espécies.
Essa comunicação, que é gerada em uma sala de aula, nos mostra que um
professor deve ser sensível aos problemas e não acarretar mais problemas,
trazendo consigo sempre soluções e participando ativamente no processo de
ensino e aprendizagem.
Cada aluno possui um comportamento, e este comportamento se modifica
conforme vai se vivenciando o mundo, ou seja,
O conhecimento de cada indivíduo, associado ao seu comportamento, é modificado pela presença do outro, em grande parte pelo conhecimento das consequências para o outro, isso é recíproco e assim desenvolve-se o comportamento compatibilizado do grupo. (D'AMBRÓSIO, 2005, p. 37).
Este comportamento compatibilizado deve se dar de forma harmônica, tendo
todos os alunos como a base dos estudos, das tomadas de decisões e por fim, da
realidade de cada um. Soares (2008, p. 209) comenta que em seu trabalho “a
utilização da Música como recurso didático foi uma constante [...], considerávamos
inovadora a análise de letras de Música, e satisfatória a utilização do método de
“ouvir e interpretar”.” Já Bréscia (2003) afirma que a Música está presente em
quase todas as manifestações sociais e pessoais do indivíduo, desde os tempos
mais antigos até os dias atuais.
62
Por isso, talvez, os currículos estão se reformulando, buscando colocar e
recolocar a Música na Educação Básica. Um desses exemplos é o currículo da
Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP, que por sua vez, tenta
inserir em algumas disciplinas a Música.
O currículo da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP, é o
currículo adotado, hoje, em Foz do Iguaçu para a Educação Fundamental e a
palavra Música aparece no tema de Linguagem Cênica, que se encontra dentro do
eixo Corpo e Movimento. Sua descrição diz que:
O Currículo Básico para Escola Pública Municipal envolve as brincadeiras de roda, de correr, os folguedos infantis, a competição entre duas equipes ou duas crianças, entre outros. E, finalmente, os jogos de recreação envolvem Música e dança. (AMOP, 2015, p. 66.).
Dentro deste eixo, no tópico Linguagem Musical, este nos apresenta que:
Educar musicalmente é promover atividades em que haja a percepção, a produção e a fruição dos sons, sejam eles musicais ou não para com eles interagir a fim de expressar-se e comunicar-se. Esses encaminhamentos servem como ponto de partida e são ideias a serem questionadas e enriquecidas pelas vivências em sala de aula, por meio do: ouvir/perceber, analisar, reproduzir, utilizar, reelaborar. Na educação auditiva, a receptividade sensorial é expressa por meio de diversas formas, como: movimentos, gestos, linguagem, entre outras e evolui de forma muito significativa nos primeiros anos da criança. Pela percepção auditiva se propõe a descobrir os interesses musicais, a conhecer outros ritmos e a desenvolver sua capacidade expressiva, favorecendo, dessa forma, sua capacidade imaginativa e criativa. (AMOP, 2015, p. 67).
Além disso, o Currículo da AMOP (2015, p. 67) traz também que:
Não é possível falar de corpo e de movimento e não situar a dança como uma forma de linguagem que promove a comunicação da pessoa consigo mesma, com os outros e com o meio. Desde pequena, a criança descobre as infinitas possibilidades de adequar o seu corpo a seus folguedos diários. A Educação Infantil poderá construir inúmeras possibilidades de expressão corporal, pautando-se na condução prazerosa, respeitando a condição física, por meio do movimento da dança, da consciência rítmica e da expressão de forma livre e/ou dirigida.
Após este momento a Música só será tratada novamente no eixo que se
chama Ritmo e Expressividade, onde está relacionado com o indivíduo que está
em constante movimento e, por sua vez, este movimento é algo da natureza
humana. Já a expressividade é manifestada pelo corpo, onde mostramos a alegria,
63
o prazer, a raiva, o medo, etc. Tudo isso está voltado para a disciplina de Artes, ou
Educação Artística, tendo a expressão corporal, o movimento do corpo e a cultura.
Conforme o educando se expressa, percebe o corpo em sua totalidade. Os ritmos e movimentos divulgados na mídia são reproduzidos e, consequentemente, invadem o contexto escolar, necessitando da mediação do educador para reflexão e aproveitamento desse conhecimento. Devido a tecnologia, a presença dos meios de comunicação e do mercado da Música estarem mais voltados para o lado comercial, é necessário instrumentalizar os educandos para que façam uma leitura crítica da realidade. (AMOP, 2015, p. 228).
Outro momento que aparece a Música como forma de aprendizagem é em
Educação Física, no eixo Alongamento e Descontração. A atividade de
alongamento faz o papel de aprimorar o desenvolvimento da coordenação motora
e aumentar a flexibilidade. Já para a descontração, o currículo AMOP (2015, p. 230)
diz que é a “qualidade física compreendida como um fenômeno neuromuscular,
resultante de uma redução de tensão na musculatura esquelética”, que serve para
a recuperação corporal do estudante. Fala também que, na hora em que o aluno
estiver ouvindo a Música para a descontração, é o momento de avaliar a aula,
conversando sobre as atividades realizadas na aula, para que o professor reflita
sobre sua prática e sobre as atividades realizadas.
Atinente a Matemática, a Música é tratada na fase inicial da alfabetização.
Para o processo de alfabetização Matemática inicial e mais aprofundada, faz-se necessário que o educador organize atividades que possibilitem o uso de diferentes gêneros discursivos que contenham conhecimentos matemáticos, como, por exemplo, bulas, tabelas, quadrinhos, leis, receitas, reportagens de revistas, notícias de jornais, poemas, símbolos, Músicas, relatos orais, faturas de luz e de água, mapas, gráficos, entre outros. Ao usar esses diferentes gêneros discursivos, o educador deve enfatizar, além dos aspectos quantitativos, também os qualitativos, na perspectiva de contribuir para análise da realidade. Nesse sentido, é importante que se faça uma escolha intencional desses gêneros discursivos para que contenham questões significativas da realidade social. (AMOP, 2015, p. 258).
E mais:
Os conhecimentos matemáticos podem ser explorados no trabalho com jogos, brincadeiras, em diferentes gêneros discursivos (faturas, rótulos, panfletos, receitas, cantigas/Músicas, dentre outros), materiais manipuláveis como o material dourado, geoplano, dados, barras de frações, dinheiro sem valor,
64
embalagens, dentre outros. É importante destacar que é necessário transformar esse material manipulável em um concreto pensado pelo educando, de modo que o educando possa, por meio da reflexão acerca do material manipulável, se apropriar de diferentes relações, fazendo generalizações, conjecturas e abstraindo os conceitos. (AMOP, 2015, p. 260).
Em nenhum momento o currículo AMOP traz a Música como uma forma
diferente para ser usada como aliada da Matemática. Como podemos perceber,
somente é utilizada para introdução de outro conteúdo, entretanto, nunca como
uma alternativa para um ensino.
Quando aplicamos um trabalho diferenciado com a musicalização, Lima e
Mara (2013) diz que o aluno desenvolve a percepção sensitiva, auditiva, visual e
até mesmo o tátil, podendo ter grande ajuda na atenção, raciocínio, ativando a
memória dos alunos e fazendo com que aprendam mais facilmente qualquer
disciplina, inclusive Matemática.
Os documentos que falam da Música na Educação Fundamental são a
Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96
(LDBEN), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI,
1998a), além das normativas municipais.
Estes últimos documentos foram elaborados como forma de redimensionar as práticas pedagógicas das instituições de Educação Infantil e suas concepções. Dentro dos novos parâmetros a Música passa a ter o seu papel fundamentado e redimensionado, pois, estando presente em todas as culturas e sendo uma forma de representação humana, por si só se faz necessária e justificável dentro do contexto escolar. (GOHN; STAVRACAS, 2010, p. 87).
Afora isso, o Referencial Curricular para a Educação Infantil afirma que:
Um expoente a ser analisado dentro da linguagem musical é a falta de ações pedagógicas que atendam as reais necessidades do educando. Apesar de fazer parte do planejamento e ser considerada como fundamental na cultura da infância, a Música tem atendido a propósitos alheios às suas reais especificações. Ela é tratada como um algo que já vem pronto, servindo como objeto de reprodução e formação de hábitos na rotina escolar, o que acaba por deixá-la em defasagem junto às demais áreas de conhecimento, quando poderia atender a um propósito interdisciplinar. (BRASIL, 1998a, p. 47).
Além do mais, a Música é “[…] a linguagem que se traduz em formas sonoras
capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por
65
meio da organização e relacionamento expressivo entre som e o silêncio” (BRASIL,
1998a, p. 45).
Vale lembrar ainda que são poucas as mudanças nos currículos da formação
de professores, entretanto, acreditamos que no futuro ocorrerão mudanças, tanto
em documentos regimentais como nos cursos de licenciatura. Outrossim, os cursos
terão que investir na formação, lembrando que os professores não terão que
aprender como se ensina algum instrumento, porém seria bom que tivessem uma
noção de cada notação e de todas as partes presentes em uma Música. Mas este
ainda é um caminho longo, um investimento a longo prazo que poderá render bons
frutos, que poderão se somar com outras atitudes e atividades.
Nesta perspectiva vários pesquisadores, alguns professores polivalentes, já
realizaram atividades em sala que deram certo e afirmam que essa metodologia é
um grande amparo às aulas. Por exemplo, Felix, Santana e Junior (2014)
realizaram pesquisas e comprovaram que a Música auxilia na memória, estimula a
inteligência e torna-se motivadora para aprender novos conteúdos, assimilando por
meio da sensibilidade.
Gonçalves (1996) utilizou a Música como ferramenta de apoio pedagógico
para a disciplina de história. Ele fez uso de uma metodologia sensorial para um
processo de mediação da aprendizagem, socialização e desenvolvimento psíquico.
Já Machado (2015) utilizou paródias Matemáticas no terceiro ano do Ensino
Fundamental, colocando-as em um contexto educacional teórico e reflexivo,
abordando-as também com objetos de aprendizagem, e neste caso, o autor ainda
comenta que as paródias utilizadas foram de sua própria autoria.
Mendonça (2010) empregou paródias de forma lúdica, de forma aproximar o
estudante das especificidades da Matemática, fazendo também com que o
professor elaborasse e reelaborasse o seu plano de ação e de seu planejamento,
tendo uma constante reflexão sobre o processo de desenvolvimento de seu aluno.
Segundo Moreira, Santos e Coelho (2014), a Música auxiliou no processo
linguístico, pois utilizaram a mesma para inicialização de conteúdos, afirmando que
a Música influenciou fisicamente e mentalmente as aulas de Português. E Silva et
al (2008) utilizou-se da Música como metodologia diferenciada para a apresentação
66
de conteúdos de literatura, expondo cada período conforme as Músicas da época,
exemplificando o tempo e o espaço de cada uma.
Ainda, por termos levado a Música em diversas situações para a sala de
aula, integrando-a com o ensino de Matemática, e termos conseguido resultados
satisfatórios, pensamos em um curso para os professores com essa metodologia.
Após pesquisarmos sobre a influência que a Música pode ter no ensino da
Matemática, bem como outras disciplinas do currículo pedagógico, começamos
uma nova pesquisa sobre a composição da Música. Para as partes que formam
uma Música fizemos uma breve explicação no Apêndice do trabalho.
No capítulo seguinte, vamos falar um pouco sobre a Música propriamente
dita e analisaremos as paródias, pois é através delas que queremos dar um apoio
pedagógico a mais para os professores que buscam inovar nas aulas de
Matemática, além do mais, iremos oferecer seis passos para a criação de uma
paródia, os quais puderam ser consolidados durante o curso de formação que foi
ministrado. Esses seis passos se deram através de experiências e pesquisas que
expomos nos capítulos anteriores.
67
5 SOBRE A COMPOSIÇÃO DE UMA MÚSICA
A composição da Música, segundo Moreira, Santos e Coelho (2014, p. 45),
é feita pelo som, sendo:
Vibrações sonoras regulares de corpos elásticos que se repetem com a mesma velocidade como as do pêndulo de um relógio. Sendo que as vibrações irregulares, são denominadas ruídos. O que se chama de melodia é a sucessão rítmica e bem ordenada de sons, já a harmonia é a combinação simultânea e harmoniosa de sons, enquanto o ritmo é a combinação dos valores no discurso musical, regulados pela maior ou menor duração.
Ou, ainda,
Os sons são objetos materiais especiais, produtos da ressonância e vibração de corpos concretos na atmosfera e que assumem diversas características. Trata-se de objetos reais, porém invisíveis e impalpáveis, carregados de características subjetivas, e é assim que proporcionam as mais variadas relações simbólicas entre eles e as sociedades. Provavelmente por isso, torna-se difícil analisar suas relações com o conjunto social, pois, na maioria das vezes, elas estão expostas mediante a linguagem própria dos sons e dos ritmos. (MORAES, 2000, p. 6).
A Música, quando bem trabalhada, desenvolve aptidões como o raciocino
lógico e a criatividade. Faria (2001) afirma que, para a aprendizagem com Música,
é muito importante que o aluno conviva com ela desde pequeno. Portanto, esta
pode ser aproveitada na educação, dentro das salas de aula.
Antigamente, a Música era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e Filosofia. A Música no contexto da educação vem ao longo de sua história, atendendo a vários propósitos, como formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, a memorização de conteúdos, números, letras etc., traduzidos em canções. (MOREIRA; SANTOS; COELHO, 2014, p. 46).
Nesse sentido, “a Música é um saber específico, não como caráter fechado
em si, mas que auxilia, interage, enriquece e é aprendida em conjunto com as
demais áreas do conhecimento, seja na Matemática, literatura, ou a história”
(PONSO, 2008, p. 14). Segundo Moreira, Santos e Coelho (2014, p. 46), citando
Gainza (1988), temos que
[...] as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo atividades
68
capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
Nessa perspectiva, as crianças aprendem ritmo, som, melodia, praticam a
leitura e a escrita. Por isso Brito (2003, p. 45) afirma que:
O termo musicalização infantil adquire uma conotação específica, caracterizando o processo de educação musical por meio de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos, pequenas danças [...].
Além desses benefícios, as crianças ainda podem relaxar e se envolver
melhor com a aula.
Embora ainda não se saiba se os conteúdos serão trabalhados em uma disciplina específica ou nas aulas de Artes, com professores polivalentes, o mais importante seria trabalhar a coordenação motora, o senso rítmico e melódico, o pulso interno, a voz, o movimento corporal, a percepção, além de um repertório que atinja os universos erudito, folclórico e popular. Sendo que cada escola terá autonomia para decidir como incluir esse conteúdo que possivelmente deverá ser de acordo com seu projeto político-pedagógico. (LIMA; SANT’ANNA, 2002, p. 105).
Todos os professores, por terem essa característica, são capazes de fazer
aulas diferenciadas, e a Música surge como um auxílio para os mesmos, porque
[...] a Música contribui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperação, e auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha a sincronia de movimentos. (COSTA; BERNARDINO; QUEEN, 2013, p. 1).
Algumas pessoas confundem Música na escola com a formação de músicos,
contudo, a Música na escola não é para encontrar necessariamente talentos para
instrumentos, mas para ensinar cultura, ampliando horizontes.
As atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, mas, contato, vivência e compreensão da linguagem musical. Por isso, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para formação integral do ser. (MOREIRA; SANTOS; COELHO, 2014, p. 46).
69
Para Figueiredo (2004, p. 60), isso pode “[...] ampliar a visão de mundo,
oportunizando e discutindo experiências que envolvam diferentes sistemas
simbólicos construídos pela civilização, [pois] cada arte precisa ser tratada de
maneira consistente na escola”.
Igualmente, o uso da Música pode ocorrer de formas diferenciadas, não
necessariamente por professores formados em Música, ou que tenham um vasto
conhecimento musical, ou até mesmo quem utiliza um instrumento como um
passatempo. Mas, antes, ela pode ser usada por professores com aparelhos
eletrônicos. Ferreira (2008) cita que podemos e devemos utilizar os meios
eletrônicos na sala de aula como um auxílio, portanto seria importantíssimo usar
rádios ou quaisquer outro aparelho que possa reproduzir o som e as letras para
interpretação dos alunos.
É importante que as crianças tenham uma boa compreensão que é possível
se expressar através da linguagem musical, que esta é, de certa forma, uma
ferramenta de crescimento pessoal, e na escola não queremos encontrar músicos,
mas dar formação aos alunos, juntando a Matemática com a Música.
Para a criança, a Música é, primeiramente, lúdica. Elas não possuem um
conceito fechado como os adultos, com um nível elevado de conhecimento, Porém,
são capazes de fazer brincadeiras com as letras das Músicas, e com os sons que
elas emitem. Mas é de suma importância que o professor goste também de Música,
que conheça brincadeiras com Música e que tenha um bom repertório de Músicas
populares brasileiras ou de outras culturas, o que não é problema para os
professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Como sabemos, a Música está presente na história da humanidade, em
conceitos artísticos, desde os tempos primitivos, como é de conhecimento geral,
em batuques rústicos.
Foi utilizada pelas antigas civilizações e considerada fundamental na formação dos cidadãos, tanto quanto outras áreas do conhecimento como a filosofia e a Matemática. Ao longo da história as pessoas de todas as partes do mundo têm cantado e se encantado com os elementos musicais, criando e tocando antigos e novos instrumentos, usando a Música como uma forma de expressão que retrata ideias, costumes, sentimentos e condutas sociais. (GOHN; STAVRACAS, 2010, p. 100).
70
Para a criança, a Música representa muito mais do que uma simples forma
de expressão, serve também como uma inserção no meio em que vive, além do
mais, é de suma importância para o desenvolvimento de habilidades, de alguns
conceitos, e contribui diretamente para uma formação mais completa e integral.
Esses motivos mostram o porquê de ter a Música no ambiente escolar municipal,
que são garantidos pelas diretrizes e leis que temos em documentos oficiais.
As práticas pedagógicas que conduzem a Música e o conhecimento,
apresentam com maior significado para a criança a oportunidade de ampliação dos
processos de aprendizagem, sendo eles os processos cognitivos e os processos
perceptivos, além do mais, se relacionam e interagem melhor, não somente com
seus colegas, mas com todos da sua comunidade.
Quando a Música é percebida pelos educadores como fonte de ensino-aprendizagem, as ações mais comuns realizadas no dia a dia transformam-se em vivências capazes de estimular o desenvolvimento da criança. Isso ocorre pela intensa relação da Música com o brincar, que, em todas as culturas, persiste como forma de preservação social e histórica. (GOHN; STAVRACAS, 2010, p. 106).
Quando garantimos que a Música se faça presente nos currículos de
formação de professor, asseguramos que o docente ao sair do curso de origem
tenha uma noção e uma percepção musical, ressaltando que não é o suficiente
para que saia formador de músicos, porém é um grande passo para que a prática
da musicalização na escola seja utilizada com mais frequência.
Outro passo a ser dado é a partir do momento que toda a comunidade
educativa tenha consciência da sua real importância no campo educacional. Se
tomarmos a escola como sendo um ponto de encontro de todo tipo de cultura, as
crianças revelariam mais seu potencial artístico e prevaleceria ali a criatividade.
Neste contexto, o papel da Música tem como facilitador o processo de formação
integral dos estudantes, trazendo consigo reflexões, experiências e informações
que poderão ser úteis no passar dos dias em suas vidas.
Na perspectiva de elucidar aspectos que norteiam a Música no contexto
educativo, compartilhando informações, experiências e reflexões, tem-se aqui esta
dissertação, que vê a Música como um elemento de formação do educando, por
71
ser parte da natureza humana e um veículo básico de comunicação, interação e
diálogo.
5.1 Considerações sobre as Paródias
A paródia é definida como um “canto paralelo”, embora se faça presente nos
cantos literários da modernidade. Aragão (1980) comenta que, de maneira
semelhante, a paródia também tem a função de problematizar, inverter e questionar
até mesmo o modelo literário sobre o qual se estabelece – uma vez que, já se
tornou um “modelo literário”, não deixa de ser uma estrutura ideológica.
Outra definição para paródia é de Simadon e Lunardelli (2013, p. 7), a qual
diz que “a partir da noção de intertextualidade implícita, podemos fazer referência
à paródia. Paródia significa canto paralelo (para = ao lado de; ode = canto) dando
a ideia de uma canção cantada ao lado de outra.” Além disso, temos que:
O discurso da paródia é ambivalente: uma coisa está sempre na fronteira com o seu contrário, contradizendo-a, relativizando-a. Essa ambivalência do discurso da paródia revela-se pela comunicação entre o espaço da representação pela linguagem e o da experiência na linguagem (como correlação de textos). O texto se erige e se compreende a partir de sua própria estrutura. Torna-se possível a coexistência entre o interdito (representação monológica) e sua transgressão (o sonho, o corpo, o diálogo). (JOSEF, 1980, p. 69-70, apud FÁVERO, 1994, p. 53).
Para uma melhor compreensão do que é uma paródia, podemos citar que: A paródia é uma imitação de um texto ou de um estilo que procura desqualificar o que está sendo imitado, ridicularizá-lo, negá-lo. No próprio processo imitativo, dá-se uma direção diversa ao sentido do que está sendo parodiado. Nesse caso, imita-se para acentuar diferenças. Para perceber o texto ou o estilo parodiado, o leitor precisa valer-se de sua memória textual, isto é, de seus conhecimentos a respeito dos textos produzidos ou de maneiras de escrever. (SIMADON; LUNARDELLI, 2013, p. 13).
Nesta mesma linha, Alavarce (2009, p. 59) afirma que:
Seguindo esse raciocínio, o parodiador é aquele que percebe a necessidade de novas “verdades” em seu meio cultural; sente, pois, que os moldes seguidos em sua época precisam ser questionados e substituídos. Esse momento de percepção da carência de algo novo e de certeza de que os modelos literários e ideológicos atingiram seu limite de saturação é, justamente, o momento da paródia.
72
Sobre a paródia ser um gênero literário, isto nos convida a refletir sobre
algumas situações inusitadas, seja do dia a dia ou de uma insatisfação decorrente
a algum empecilho, e traz também um crescimento na medida em que o leitor, ou
o cantor, ou o escritor, provoca a população, instigando transformações.
Parodiar é recusar e esvaziar, é dessacralizar sem descrer, pois só se discute e se leva em consideração aquilo em que se acredita. A paródia possui um caráter positivo, pois mata para fazer brotar novamente a criação. Recusa e esvazia o modelo original para recriar e preencher um modelo que lhe é próprio. (ARAGÃO, 1980, p. 20).
Na perspectiva das paródias serem uma recriação, elas também são vistas
por Alavarce (2009, p. 62) como fuga.
Desse modo, a paródia, tencionando a fuga do lugar comum, põe em confronto uma multiplicidade de visões, uma vez que, como escrita da ruptura, objetiva um corte com os modelos anteriores, retomando‑os de maneira invertida, destruindo para construir. Assim, a paródia reproduz um choque e deve, pois, ser fruto de uma diferença de postura entre dois planos. Tal choque [...] deve ser percebido pelo leitor, elemento central desse tipo de texto literário.
Além disso, podemos destacar seis tópicos importantes sobre as paródias,
a saber:
1. A paródia dilata o alcance do signo literário, produzindo um novo corte semântico do signo para além da superfície manifesta do texto que a produz e que ela, simultaneamente, reproduz. 2. É uma escrita transgressora, que revela na obra um segundo plano discordante. 3. Esclarece o funcionamento intertextual, ao atuar como reflexão crítica sobre o processo de composição. 4. Estabelece os princípios dinâmicos fundamentais do texto, aprofundando seu mecanismo. 5. Representa a subversão de toda temática e sua essência revela‑se na escrita e pela escrita. 6. A paródia apresenta o processo de produção do texto. (JOSEF, 1980, p. 69, apud ALAVARCE, 2009, p. 63).
Além disso,
Na Antiguidade, a paródia estava indissoluvelmente ligada à cosmovisão carnavalesca. O parodiar é a criação do “duplo destronante”, o mesmo “mundo às avessas”. Por isso a paródia é ambivalente. [...] Os duplos parodiadores tornaram-se um elemento bastante frequente da literatura carnavalizada. (BAKHTIN, 1981, p. 109-10).
73
Bakhtin mostra que o registro da paródia é essencialmente cômico, o que
traz as risadas e as diversões para o público que está ouvindo ou está lendo.
Paródia é a modificação da letra original de uma Música, ela é utilizada por exemplo em campanhas eleitorais, para que os eleitores memorizem as informações como o número e siglas de um candidato, em propagandas de produtos, serviço com o objetivo de divulga-lo, também em programas de humor como em desenhos. (MACHADO, 2015, p. 14).
O mesmo autor destaca ainda que:
Na criação da paródia utiliza-se um novo contexto modificando a estrutura que já existia passando por um processo de modificação textual, adequando sua letra ao objetivo que se deseja alcançar, ou seja, a intenção da paródia é ironizar uma situação utilizando neste caso da Música que já é conhecida para isso o importante também é optar por paródias musicais que sejam conhecidas pelo público a ser atingido, o que facilita alcançar o objetivo. (MACHADO, 2015, p. 14).
Por um lado, Duarte (2015, p. 2) diz que “a paródia, de forma tendenciosa,
também pauta-se pela recriação de um texto, entretanto utiliza-se de um caráter
contestador voltado para a crítica, muitas vezes sob um tom jocoso.” Por outro lado,
para Bettio (2010, p. 3), “a paródia tem como elemento principal, na maioria das
vezes a comédia, ou seja, a partir da estrutura de um poema, Música, filme obras
de arte ou qualquer gênero que tenha enredo que possa ser modificado”. Sendo
assim, a paródia também é um meio de diversão para as pessoas.
Uma das leis que falam sobre a autoria das paródias é a Lei nº 9.610/98,
cujo Artigo 47 diz: “São livres as paráfrases6 e paródias7 que não forem verdadeiras
reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito” (BRASIL, 1998b),
ou seja, criar paródias não ocasiona plágio, pois se utiliza somente a melodia da
Música. Já os versos e as estrofes serão recriadas da Música original.
Quando falamos em criar paródias, um dos atos principais é deixarmos a
criatividade tomar conta, é brincar com um jogo de palavras e rimas que fazem
sentido. E quando falamos em criatividade, não podemos deixar os estudantes de
6 Interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua letra. 7 Paródia consiste na recriação de uma obra já existente, pode ser feita a partir de um poema, uma música, um filme, uma peça teatral e etc. Neste trabalho será utilizada como recriação de músicas.
74
lado, pois vem deles as várias ideias que tiramos de como dar as melhores aulas,
de como nos adaptarmos. E é na escola que os alunos mostram a sua criatividade,
que muitas vezes lhes são cobradas e, ou aguçadas por seus familiares,
desenvolvendo assim o seu intelectual e contribuindo para que as aulas se tornem
mais dinâmicas.
Para tanto, na escola, as atividades com Música devem aproveitar o que as
crianças sabem ou tem de conhecimento do conteúdo, e sempre devem ser
desenvolvidas de acordo com as possibilidades das aulas. Com as paródias, as
crianças podem se aproximar mais da Matemática, pois além de ser animado,
começam a fixar melhor os conteúdos, haja vista que:
A ludicidade da paródia proporciona uma aproximação entre conteúdos abordados e discentes, contribuindo para a melhoria na assimilação de conceitos. Assim, pode-se afirmar que esta atua de forma satisfatória como metodologia para o ensino- aprendizagem, uma vez que através da mesma existe uma facilitação na construção de estruturas mentais nos discentes e uma maior abertura para a exposição do aprendizado desses. (MELO; ASSIS, 2013, p. 9).
Ainda, os mesmos autores citam que:
Paralelamente, a paródia permite um feedback dos estudantes com os professores, através do qual há a possibilidade de identificar a percepção e o nível de aprendizagem dos primeiros. Destarte, a paródia pode atuar também na composição de uma avaliação continuada [...]. (MELO; ASSIS, 2013, p. 9).
Diante do exposto, podemos afirmar que a paródia é uma forma de
pensamento crítico e de diversão, e que se encaixa perfeitamente na Matemática,
lembrando sempre da importância dela para os dias atuais, do passado e do futuro.
Após estas considerações feitas, sentimo-nos aptos à oferecer uma
formação continuada para professores da rede municipal de Foz do Iguaçu/PR com
40 (quarenta) horas, dividimos em 5 (cinco) encontros totalizando 20 (vinte) horas
presenciais e entre um encontro e outro era disponibilizado tarefas a serem
realizadas no ambiente NTM, totalizando assim as outras 20 (vinte) horas. Por fim,
no capítulo 6, dividimos dia a dia os acontecimentos e os encaminhamentos que
utilizamos.
75
6 CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
Neste capítulo fizemos a descrição do curso de formação de professores
proposto. Este incluiu 5 (cinco) encontros presenciais, que tiveram a duração de 4
(quatro) horas, bem como algumas ações que foram realizadas em ambiente
virtual, assim totalizando 40 (quarenta) horas de curso.
As análises dos acontecimentos do curso, das respostas dos professores
aos questionários, das postagens e diários de bordo, foram inspiradas na Análise
Textual Discursiva, lembrando que:
A análise textual discursiva é uma abordagem de análise de dados que transita entre duas formas consagradas de análise na pesquisa qualitativa que são a análise de conteúdo e a análise de discurso. Existem inúmeras abordagens entre estes dois polos, que se apoiam de um lado na interpretação do significado atribuído pelo autor e de outro nas condições de produção de um determinado texto. (MORAES; GALIAZZI, 2006, p. 117).
Para as paródias, fizemos um método de agrupamento, utilizando-o para
separar os conteúdos das paródias como conteúdo principal e conteúdo
secundário, além do mais, separamos os seus respectivos anos de atuação, para
que sejam aproveitadas da melhor maneira possível por professores que queiram
trabalhar com este tipo de metodologia.
6.1 1º Encontro – Dia 27 de agosto de 2019.
Na entrada da sala, no primeiro dia de curso, cada professor recebeu um
caderno, que foi chamado de diário de bordo, e neste escreveram sensações,
questões que teriam que responder e também foi onde que, ao final de cada
encontro, eles colocaram o que acharam e o que poderia ser melhorado. Quando
um encontro acabava, todos os diários eram recolhidos e entregues novamente no
próximo dia de curso.
O primeiro encontro começou com uma breve apresentação sobre o curso
e, logo em seguida, ouvimos algumas Músicas com a intenção de fazer emergir
algumas sensações, ou seja, Músicas que acalmam, que agitam, que nos deixam
apreensivos, tristes, entre outros, lembrando que a escolha ficou a cargo de quem
ministrou o curso. A seleção das Músicas foi a seguinte:
76
1a Música: Do lado de cá
Grupo/Artista: Chimarruts
Composição: Fabrício de Gambogi e Gisele de Santi.
Duração: 3’ 02’’.
Sensação: Tranquilidade.
Antes de começar as Músicas, foi explicado que cada uma delas teria dois
momentos, no primeiro os próprios participantes iriam ter suas sensações e, no
segundo momento, iria ser feita uma intervenção com algumas perguntas. Foram
desligadas as luzes do ambiente, deixando o local totalmente escuro, um ambiente
em que nada tiraria a concentração da Música.
Quando começou a tocar a Música, o silêncio tomou conta, e alguns
professores começaram a mexer a cabeça levemente e, sem perceberem, alguns
que conheciam a Música, começaram a cantá-la, outros deixaram-se levar pelo
balanço da melodia, encostando a cabeça em suas cadeiras ou em conhecidos que
estavam sentados aos seus lados.
A Música terminou e os professores tiveram cerca de 3 minutos para
escreverem em seus diários os sentimentos que a Música lhes causou. Alguns
professores escreveram pouco, entretanto, outros professores escreveram vários
sentimentos que a Música lhes tinha suscitado.
As palavras que mais apareceram no primeiro momento foram férias,
calmaria, preguiça, relaxamento, conforto, tendo até mesmo alguns participantes
que relataram que a canseira do seu dia havia passado, e que estavam renovados
para seguir adiante. Também tivemos professores que não conseguiram pensar em
nada ou não foram tocados pela Música proposta.
No segundo momento, falamos para usarem a imaginação, pensarem que
estavam de férias, em uma praia, deitados em uma rede, tomando água de coco,
estando junto de pessoas especiais em suas vidas.
Ao término da Música os participantes tiveram 3 minutos para escrever as
sensações que a mesma causou neles em seus diários. Está dinâmica se deu ao
final de cada Música, ou seja, quando acabava uma Música, os participantes
registraram em seu caderno as sensações sentidas.
77
As palavras que mais apareceram no segundo momento foram de calmaria,
praia, água fresca, tranquilidade, pessoas que amamos. Os professores que não
tinham conseguido pensar nos sentimentos no primeiro momento, conseguiram
neste segundo momento ser levados pela imaginação. A grande maioria repetiu o
que havia escrito no começo.
2ª Música: Halloween.
Grupo/Artista: The Blue Notes.
Composição: John Carpenter.
Duração: 1’ 02’’.
Sensação: Medo.
Na segunda Música a dinâmica ocorreu da mesma forma, com as luzes
apagadas. Tendo um momento onde ficaram sozinhos e um momento com o
professor. Quando começou a tocar a Música, os professores pararam de se mexer
e cantarolar como haviam feito na primeira Música e o clima de tensão tomou conta.
Alguns professores comentaram que estavam com medo.
As palavras que mais apareceram neste momento foram angústia, aflição,
medo, correria, adrenalina e incômodo. Alguns professores relataram que não
conseguiram se concentrar, pois tiveram receio, e assim como na primeira Música,
somente uma pessoa não relatou nenhum sentimento.
No segundo momento, usando sua imaginação, pedimos para pensar em
sentimentos de angústia, em uma perseguição, em algo que traz medo enquanto a
música estava tocando. Os professores que antes não haviam escrito por receio,
desta vez escreveram que sentiram medo, e a grande maioria colocou uma
angústia, ou uma sensação de desespero. O participante que não havia escrito
nada mudou de opinião e escreveu que lembrava de momentos ruins.
3a Música: You Are The Reason.
Grupo/Artista: Calum Scott .
Composição: Calum Scott, Corey Sanders, Jon Maguire.
Duração: 3’ 24’’.
Sensação: Tristeza.
Com esta Música ocorreu um pouco de controvérsia devido a alguns
professores colocarem no primeiro momento que sentiram saudade, tristeza e até
78
mesmo um clima de amor, mas, na verdade o intuito dessa Música era ter um
sentimento de tristeza.
Quando chegou o segundo momento, foi pedido para que imaginassem
pessoas que estão longe e que amam, que vivem em outros lugares, que tem
saudade, o que fariam se pudessem ver essa pessoa agora? Iriam abraçar? Iriam
correr? O que fariam?
Os participantes colocaram o sentimento de saudade de alguém que ama.
Um fato curioso foi que durante a dinâmica dessa Música dois participantes
choraram, mostrando assim que a Música, de certa forma, pôde externalizar um
sentimento que estava dentro deles, externalizando-o da forma mais sincera, por
lágrimas.
4º Música: We are the Champions.
Grupo/Artista: Queen.
Composição: Freddie Mercury.
Duração: 3’ 10’’.
Sensação: Conquista/Motivação.
Essa foi a Música de maior sucesso, porque a maioria colocou que o
sentimento foi de conquista, e que se sentiu motivado para buscar sonhos que
estavam deixados de lado. E, no segundo momento, quando a Música começou,
foi falado para pensarem que estavam em uma corrida, cansados, mas lá na frente
estava a linha de chegada, e pensar que haviam conquistado algo que queriam
muito, pensar em uma vitória que está por vir, que está chegando, pensar em um
sonho realizado.
Quando acabou a Música, as poucas pessoas que não haviam escrito
palavras como determinação, conquista e motivação, relataram que sentiram isso,
e as outras pessoas que já as haviam colocado, mantiveram seus sentimentos.
5a Música: Sorte Grande
Grupo/Artista: Ivete Sangalo.
Composição: Lourenço.
Duração: 3’ 57’’.
Sensação: Alegria.
79
Nesta Música, os participantes diversificaram seus sentimentos, colocando
palavras como férias, dança e festa. Também é importante relatar que, ao colocar
essa Música, a maioria dos professores sorriu e comemorou, outros cantaram
juntos, balançando o corpo. O balançar dos corpos ocorreu somente na primeira e
na última Música.
Quando começou o segundo momento, foi proposto que lembrassem de
uma festa que queriam ir, imaginar que estavam em uma danceteria com seus
melhores amigos, sem preocupações, somente se divertindo. Despois que acabou
a Música os participantes relataram que sentiram alegria e que pareciam estar em
uma festa com as pessoas que mais gostavam e com suas famílias.
Ao findar este momento, fizemos a reflexão de que, em poucos minutos, com
a mesma Música, alguns cursistas instigados, puderam mudar de ideia, e descrever
sentimentos. Outra reflexão foi que, em um público variado, onde havia pessoas de
várias localidades, com apenas um instrumento, que foi a Música, podemos tocar
cada um deles de uma forma diferente, que é o que realmente acontece em nossas
salas de aulas com nossos alunos.
Também ficaram expostos os sentimentos que queríamos aflorar com as
Músicas, pois os cinco sentimentos, tranquilidade, medo, tristeza, conquista e
felicidade, são emoções que temos diariamente e nem mesmo percebemos. A
Música de fato fez aflorar estes sentimentos.
Após este momento os participantes responderam em seu diário as
seguintes perguntas propostas:
1) É possível termos reações diferentes em tão pouco tempo, utilizando
somente a Música?
Com as respostas que os próprios participantes colocaram em seu caderno
fizemos uma rápida reflexão, pois todos os professores haviam colocado que era
possível ter uma mudança repentina, usando a mesma Música, apenas tendo um
narrador que o levasse a imaginar coisas diferentes.
Além do mais, alguns participantes relataram que, como já temos certas
formações, entramos em nossa zonas de conforto, que é algo inexistente nas
crianças, pois são abertos a toda e qualquer experiência, sem se omitir a aprender,
então, se foi possível mudar o pensamento de participantes que, de certa forma, já
80
possuem sua própria experiência e resistência, é mais fácil mudar o pensamento
de um aluno que está com seu pensamento em construção.
2) De que forma podemos utilizar a Música na sala de aula com efeito de utilizar
a imaginação e os sentimentos de uma criança?
Nesta obtivemos várias respostas, o que nos deixou mais instigados, pois
alguns professores colocaram que nunca haviam pensado em usar as Músicas para
nada. Comentaram que nunca haviam pensado em levar as Músicas para sentirem
ou verem a reação dos alunos. Alguns participantes até falaram durante o encontro
que iriam testar a Música como fonte de controle de indisciplina, tentando assim
acalmar seus alunos, tentando instigar a concentração deles.
Em certo momento, um dos participantes do curso sugeriu que se fizessem
atividades para a concentração durante a aula, o que ajudaria não somente nos
conteúdos, mas também em relação a atenção de todos da sala. Em outro
momento, um dos participantes colocou sua própria experiência que, quando mais
jovem, era um estudante que “vivia no mundo da lua”, porém com a Música o seu
cognitivo pode se desenvolver melhor. Dentre todos, apenas esse fez este relato.
O mesmo possui habilidades com instrumentos musicais, tocando violão.
Quando este participante relatou este fato, vários outros disseram que este
professor teve sorte, e que nunca haviam tido nada relacionado com Música em
sua trajetória como estudante, falando até mesmo do ensino engessado, o qual
devemos deixar de lado e assumir que temos que aprender e inovar dia após dia.
3) Para você, o papel da Música pode influenciar na aprendizagem de um
aluno?
Aqui, a resposta foi unânime de todos os professores, pois disseram que a
Música pode mudar o jeito de pensar de cada aluno, pode influenciar no gostar, e
por mais dificuldade que nossos alunos tenham, nós professores devemos sempre
nos mostrar abertos a ensinar e passar um ar de tranquilidade, não deixando o
aluno com mais receio sobre o ensino.
Uma das participantes comentou que, durante a prova do vestibular para
entrar na universidade, em uma das perguntas de Matemática, ela recordou de uma
fórmula, pois lembrou de uma paródia feita por um professor de cursinho, ou seja,
nas palavras do participante: Fui salva pela paródia.
81
Reforçando mais o sentido de se usar a Música nas aulas de Matemática,
revelando com relatos a importância que a paródia teve em suas vidas, deixando
claro que a musicalidade pode mudar conceitos que antes fossem complicados de
lembrar, apenas com algumas rimas, ficaria “gravado na memória”.
Nenhum dos participantes relatou que a Música não fosse dar certo, ou que
tinha alguma restrição quanto a ela. Tiveram apenas alguns comentários dizendo
que tentaram aprender algum tipo de instrumento musical, porém desistiram no
meio do caminho por vários motivos, mas todos concordaram que a Música é
essencial como ferramenta metodológica no ensino.
Após este debate, com as três perguntas respondidas no diário de bordo, foi
apresentado um vídeo sobre a história da Música, como surgiu e como funciona
cada parte da Música (notação musical, melodia, ritmo, duração intensidade,
timbre, harmonia e intervalo). Para isso, foi mostrado o vídeo “Pitágoras e a Música
– Donald no País da Matemágica”, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=66l6MBQgcRg8. Ao término do vídeo, foram
apresentadas algumas noções em um teclado, mostrando as notas para uma
melhor compreensão de todos os participantes do curso.
Para finalizar o primeiro encontro, os cursistas receberam um pequeno
questionário com perguntas simples para serem respondidas, que foram:
1) Em qual escola você trabalha?
2) Para quais anos você leciona?
3) Qual é a sua formação?
4) Você possui alguma pós-graduação? Se sim, qual(is)?
5) Você gosta de ouvir Música no seu dia a dia?
6) Quantas vezes por semana você ouve Música?
7) Em que lugares você costuma ouvir Música?
8) Que tipo de sentimentos a Música lhe provoca?
9) Quais são seus gêneros musicais preferidos?
10) Quais os meios que você utiliza para ouvir Música? (Radio, CD, YouTube,
Spotify, SoundCloud, etc.)
11) Qual o(a) cantor(a)/dupla/banda preferidos? Pode citar mais de um(a).
8 Acesso em 20/08/2019
82
12) Quais os gêneros musicais mais comuns em sua comunidade? E em seu
local de trabalho?
13) Você já usou Música para ensinar seus alunos? Explique.
14) Você é flexível ou é resistente ao uso de metodologias diferenciadas no
ensino? Explique.
15) Você acredita que metodologias diferenciadas podem auxiliar o processo de
ensino e aprendizagem dos alunos? Por quê?
Com esse questionário pretendíamos conhecer os professores que estavam
participando do curso de formação continuada.
A primeira pergunta a ser respondida era em qual escola trabalhavam, e
notamos que não havia somente professores que estavam em exercício dentro de
sala de aula, mas ainda coordenadores(as) pedagógicos(as) e coordenadores que
atuavam na SMED.
Para sabermos as regiões que os professores lecionavam, procuramos
escola por escola para saber em qual se encaixavam. A cidade de Foz do Iguaçu
possuí hoje 37 bairros, divididos em 12 regiões, as quais são as seguintes: Três
Lagoas (Região 1), Vila C (Região 2), São Francisco/Morumbi (Região 3), Porto
Meira (Região 4), Jardim São Paulo (Região 5), Jardim América (Região 6), Parque
Imperatriz (Região 7), Vila A (Região 8), Centro/Vila Yolanda (Região 9), Campos
do Iguaçu (Região 10), Vila Carimã (Região 11), Região Rural (Região 12). O
Quadro 2 exemplifica melhor o número de professores nas escolas e em qual região
a escola está situada.
Quadro 2: Região onde os Professores atuam.
Nome da Escola Nº de Professores Região Bairro da Escola
EM João da Costa Viana 6 1 Três Lagoas
EM Monteiro Lobato 5 2 Porto Belo
EM Duque de Caxias 5 3 Morumbi
EM Gabriela Mistral 4 7 Bairro Lancaster
EM Ademar Marques Curvo 4 2 Bairro Itaipu C
EM Cora Coralina 4 3 Morumbi
EM Dirceu Lopes 3 3 Bairro Portal
EM Candido Portinari 3 8 Bairro KLP
EM Irio Manganelli 3 3 Morumbi
EM Belvedere 2 8 Bairro KLP
EM Padre Luigi Salvucci 2 2 Bairro Itaipu C
EM Adele Zanotto Scalco 2 4 Porto Meira
Sec. de Educação – SMED 2 - Bairro Portes
83
EM Benedicto J. Cordeiro 1 3 Bairro Maracanã
EM Jardim Naipi 1 9 Bairro Maracanã
Núcleo de Tecnologia – NTM 1 - Itaipu Binacional
A questão sobre em quais anos os professores lecionavam e, utilizando
como auxílio o quadro 3 podemos analisar que o número de professores regentes
de salas de aula convencionais estava bastante nivelado, pendendo para os
primeiros anos de alfabetização, porém tivemos no curso 5 coordenadoras
pedagógicas e 6 professores de áreas específicas, os quais não lecionam a
disciplina de Matemática, todavia estavam no curso a fim de adquirir mais
conhecimento.
Quadro 3: Quantidade de Professores por Turma.
Turma que leciona Número de Professores
1º ano 8
2º ano 7
3º ano 7
4º ano 5
5º ano 4
Específicas 6
Classe Especial 2
Sala de Apoio à Aprendizagem 4
Sala de Recursos 1
Coordenação Pedagógica 5
Total 48
Perguntamos também sobre a formação acadêmica dos participantes. As
opções eram Magistério, Pedagogia, Outra (outra Licenciatura, Normal Superior ou
cursos de complementação), Mestrado. As respostas estão no Gráfico 1.
Gráfico 1: Formação dos Professores.
19%
62%
2%
17%
Formação dos Professores
Magistério
Pedagogia
Mestrado
Outra
84
Podemos notar um grande domínio na graduação de Licenciatura em
Pedagogia, e apenas 17% dos professores possuem outra Licenciatura, Normal
Superior ou cursos de complementação.
Questionamos também sobre os professores que possuíam algum tipo de
Pós-Graduação, e as respostas obtidas nos mostraram que 33 (trinta e três)
participantes obtinham uma ou mais e 18 (dezoito) não possuíam nenhuma. Em
forma de porcentagem cerca de 68% (sessenta e oito) possuem pelo menos uma
pós-graduação.
Com base nisso podemos notar que os professores que possuem alguma
Pós-Graduação representa mais que o dobro de quem não possui. Nesta mesma
pergunta queríamos saber quais as Pós-Graduações que os participantes haviam
concluído e os cursos que mais apareceram foram os de Alfabetização, Inclusão e
Letramento Infantil.
Na quinta pergunta, onde queríamos saber se os participantes gostavam de
ouvir Música, e aqui todos responderam que sim, ou seja, a totalidade dos
professores participantes gostam de ouvir Música. Almejávamos, também, saber
quantas vezes na semana este fato ocorre. Os dados estão no Gráfico 2.
Gráfico 2: Número de vezes que ouvem Música.
Podemos notar que grande parte dos participantes do curso de formação
ouvem Música diariamente, e com isso perguntamos em quais locais eles ouvem a
12 2
3
67
27
0
5
10
15
20
25
30
1 DIA 2 DIAS 3 DIAS 4 DIAS 5 DIAS 6 DIAS 7 DIAS
Número de vezes que ouvem Música
85
Música. Vale ressaltar aqui que as respostas somadas ultrapassam 48, já que
alguns professores colocaram mais de uma opção, como vemos na Quadro 4.
Quadro 4: Lugares onde os Professores ouvem Música.
Local onde ouve Música Quantidade de votos
Carro 24
Casa 26
Todo Lugar 2
Escola 9
Igreja 2
Academia 3
Grande parte dos professores costumam ouvir Músicas em casa e no carro,
e relataram que, ao entrarem nele já colocam alguma Música para ouvir, do
caminho de casa para a escola, ou para o mercado, ou qualquer lugar que queiram
ir. Comentaram que não conseguem dirigir se não tem Música.
Perguntamos, também, qual o meio que mais ouvem Músicas, lembrando
que, se somarmos os dados, o total passa de 48, visto que muitos deles ouvem
Música em mais de uma plataforma, como mostra o Gráfico 3.
Gráfico 3: Plataformas e Meios que utilizam para ouvir Música.
Vemos neste gráfico que o YouTube e o rádio ainda são os meios mais
usadas pelos participantes.
Indagamos em outra pergunta qual o gênero musical que os participantes
mais ouvem e as suas respostas estão no Gráfico 4. Podemos perceber que a
30
108
3
23
1 1
0
5
10
15
20
25
30
35
YOUTUBE SPOTIFY CD DEEZER RÁDIO TV iTunes
MEIOS QUE UTILIZAM PARA OUVIR MÚSICA
86
grande maioria dos participantes gostam de vários tipos musicais, ou seja, que são
pessoas ecléticas.
Gráfico 4: Gêneros Musicais preferidos pelos Professores.
Ao perguntarmos sobre os tipos de sentimentos que a Música causava em
cada participante, obtivemos as seguintes respostas:
Quadro 5: Sentimentos que a Música provoca nos Professores.
Sentimento Quantidade de votos
Alegria 15
Tranquilidade 7
Paz 5
Calma 4
Felicidade 2
Euforia 2
Reflexão 2
Tristeza 2
Outros 9
Na maioria das pessoas, como podemos notar, o sentimento que a Música
mais provoca é a de alegria, porém, o que é importante notar foi que todos os
participantes colocaram algum sentimento, e que a Música não lhes é indiferente.
Ao perguntarmos qual seria o canto ou banda preferida, obtivemos várias
respostas, ao todo 83, com diferentes gostos musicais. Indagamos ainda qual seria
o gênero musical mais presente na comunidade em que estavam inseridos, tanto
na comunidade de sua casa, bem como do seu local de trabalho. O quadro 6
6 5 5
24
26
0
5
10
15
20
25
30
Gêneros musicais preferidos pelos participantes
87
expressa esses números e podemos notar uma predominância em sertanejo e funk
nas comunidades em que os professores mais frequentam.
Quadro 6: Gêneros Musicais nas Comunidades de cada Professor
Gênero Quantidade de votos
Sertanejo 22
Funk 17
Pagode 2
Infantil 7
Gospel 1
Eclético 5
Essas perguntas serviram para romper eventuais barreiras. As perguntas
mais importantes aqui são as de número 13, 14 e 15, lembrando que as outras
também foram importantes para o pesquisador conhecer o perfil dos participantes.
Assim, na questão de número 13, houve algumas divergências em respostas
dadas pelos professores, porque alguns nunca tinham trabalhado com a Música em
suas salas de aula, uns por não terem uma experiência boa, outros pelo tempo de
trabalho, pois iniciaram a pouco na docência. Entretanto, boa parte dos
participantes do curso já havia trabalhado com Música em suas aulas.
Os motivos pelos quais usaram a Música para trabalhar foram diversos, dado
que, no curso havia muitos professores que lecionam no 1º, 2º e 3º anos, e esses
professores utilizam muito a Música para trabalhar letras, números e formação de
palavras. Alguns desses professores usaram paródias em seu cotidiano, todavia
poucos usaram paródias voltadas para o ensino de Matemática.
O uso das paródias Matemáticas foi voltado aos conteúdos iniciais, como o
conhecimento dos números, o posicionamento dos mesmos e para a atividade com
soma e subtração de números. A maioria utilizava nas disciplinas de História e
Geografia, bem como em Língua Portuguesa. Outros professores utilizaram na
disciplina de Artes para explicação de conteúdos, e também ocorreu a utilização na
aula de Educação Física, para o ensino da dança e para o uso de atividades físicas.
Um relato de um participante chamou a atenção para o que aconteceu com
ele na Educação de Jovens e Adultos – EJA:
Tive uma experiência fantástica com uma turma do EJA, em processo de alfabetização. Foi um projeto desenvolvido em grupo na faculdade, chamado “Música, Cordel e Poesia na EJA”, envolvendo Músicas que abordavam histórias de vida visando a
88
motivação dos alunos, combatendo a evasão escolar. (Professor 1).
Na pergunta de número 14 as repostas foram interessantes, pois alguns
professores se mostraram resistentes a metodologias diferenciadas, colocando que
estavam iniciando a carreira docente e que não se sentiam confortáveis em mudar
o ensino tradicional.
Esses mesmos professores comentaram durante o curso que era difícil se
desprender do confortável, principalmente quem estava iniciando, possuindo assim
um certo receio de se frustrar, pois sempre tiveram modelos de educação
engessados, e como esses foram seus modelos, fariam o mesmo até se sentirem
mais seguros. O ponto positivo destes relatos, sobre os professores serem flexíveis,
foi que estavam ali no curso para aprender, e assim tentariam utilizar em suas aulas
a Música para auxiliar seus alunos, se comprometendo a tentar mudar.
Nos outros relatos, vários professores colocaram que eram bem flexíveis e
que buscam sempre a inovação, pois do mesmo jeito que a sociedade muda com
o passar dos dias, os métodos tem que mudar no mesmo ritmo, caso contrário, se
não houver mudança, ficaria um distanciamento gigantesco entre o público que se
trabalha e o modo como se trabalha.
Alguns professores colocaram seus pontos de vista sobre a questão de ser
flexível, tais como:
Sempre gosto de atender as necessidades dos meus alunos e quando percebo que a forma de apresentação do conteúdo prendeu a atenção, procuro investir nela. (Professor 2). Gosto de provar novas metodologias, pois acredito que as crianças não aprendem de um jeito só. Assim, é necessário dispor de diferentes metodologias para alcançar a todos. (Professor 3). Tento o mais possível fugir do tradicional. Dá mais trabalho, mas no final é super prazeroso ver os alunos envolvidos no processo todo da aprendizagem. (Professor 8). Acredito que as metodologias diferenciadas usando sequências didáticas contribui para o melhor aprendizado. (Professor 10). Acho que tudo o que é para melhorar o processo de ensino-aprendizagem é válido. (Professor 11).
89
Quando falamos sobre atender as diversas necessidades dos alunos, em
que metodologias diferenciadas podem ser utilizadas (BERTONI, 2005), podemos
fugir do tradicional e alcançar níveis distintos, o que prende a atenção do aluno e
faz com que não se perca o foco durante a explicação.
O currículo vigente na época desta pesquisa prevê que as aulas sejam
dinâmicas, expositivas e que envolvam a criticidade e a criatividade dos alunos
(AMOP, 2018), onde os professores produzem suas próprias sequências didáticas
e seus métodos e meios de abordar os conteúdos, mas sem perder de vista a
especificidade de cada matéria a ser lecionada, tendo como base os saberes
docentes (FREIRE, 2009).
Evidencia-se, também, com essa proposta, que métodos diferenciados no processo de ensino, através da utilização de materiais didáticos concretos, facilitam a assimilação de conceitos e a fixação do conteúdo trabalhado dentro da sala de aula, tornando o aprendizado muito mais dinâmico e eficiente, pois envolve os alunos, instigando-os a participar de forma interativa na resolução dos problemas propostos. (STAMBERG; STOCHERO, 2016)
Se faz necessário também, por parte dos docentes que busquem atrair a
atenção dos seus discentes, fazendo com que participem do processo de ensino e
aprendizagem, sendo este, um dos desafios do atual contexto educacional, porém
o que se faz imprescindível buscar aportes em diferentes metodologias de ensino.
Ferreira (2002) ainda destaca que é possível tornar o aprendizado do aluno muito
mais interessante, desta forma permite-lhe desenvolver a ludicidade e a
criatividade, consequentemente, o professor irá instigá-lo na busca do
conhecimento e desenvolverá os problemas propostos.
Já na pergunta de número 15, as respostas foram unânimes, contrariando
um pouco as respostas anteriores, pois os professores que não eram flexíveis
acreditam que metodologias diferenciadas podem auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem. Nesta pergunta, nenhum participante respondeu dizendo que
poderia ser prejudicial, ou que não ajudaria no processo, mostrando assim que a
busca do diferente, da inovação, está cada vez mais frequente nos dias atuais.
Para tanto, podemos observar mais algumas respostas dos participantes:
Alguns alunos tem dificuldade de aprender por métodos de leitura e escrita, assim necessitam de outra forma de apresentação dos
90
conteúdos, contextualizando com o conhecimento já obtido. (Professor 2). Acredito que tudo aquilo que se torna interessante para o aluno acaba tendo maior alcance no quesito assimilação do conteúdo. (Professor 4). Tudo que sai da rotina e do padrão chama a atenção deles e torna a aula lúdica. (Professor 5). Tive professores que usaram metodologias diferentes, criativos e engraçados, que por isso é mais fácil aprender e raramente esquecemos pelo resto de nossas vidas. (Professor 6). Precisamos apresentar os conteúdos de maneiras diferentes para que o aluno compreenda, pois, cada criança tem uma forma diferente de entender determinado conteúdo. Abrindo um leque de possibilidades sendo mais fácil da criança aprender. (Professor 7). Cada ser humano é único, sendo assim, aprender de modo diferente, com metodologias diferenciadas, isso se faz necessário no cotidiano escolar. (Professor 9). Cada aluno aprende de uma forma, quando trazemos métodos diferentes, práticas contextualizadas, damos a oportunidade de cada um aprender ao seu modo, respeitando as diferenças e o tempo de cada um. (Professor 10). O uso de metodologias são caminhos diferenciados para um mesmo objetivo, o qual facilita muito a assimilação do conteúdo. (Professor 12). Precisamos sempre modificar para melhorar, não deu certo? Retorna ao processo anterior. Em time que está ganhando se mexe sim, tudo para ganhar com mais pontos. (Professor 11).
As respostas que os professores nos forneceram mostram que estes a todo
momento estão buscando práticas que levem à aulas diferenciadas e essa busca
aumenta a formação do professor polivalente das escolas públicas.
Essas metodologias diferenciadas, muitas vezes, se dão por momentos
vivenciados ou trocas de experiências entre professores da própria escola, porém
a maioria delas são adquiridas através dos processos de formações continuadas
(MATOS, 2017), os quais nos fazem refletir sobre todo o processo docente.
A reavaliação e redefinição dos lugares onde a aprendizagem acontece, assim como a criação de ambientes de aprendizagem flexíveis, que sejam positivos, estimulantes e motivadores, e que superem as limitações de currículos padronizados, da divisão por
91
matérias, dos tempos curtos e das rígidas pedagogias. (MARCELO, p. 111, 2009)
Shulman (1992) manifesta que os professores construíssem pontes entre o
significado do conteúdo curricular e a construção desse significado feita pelos
alunos. Esse pesquisador afirma que
[...] os professores executam essa façanha de honestidade intelectual mediante uma compreensão profunda, flexível e aberta do conteúdo; compreendendo as dificuldades mais prováveis que os alunos terão com essas ideias [...]; compreendendo as variações dos métodos e modelos de ensino para ajudar os alunos na sua construção do conhecimento; e estando abertos a revisar seus objetivos, planos e procedimentos na medida em que se desenvolve a interação com os estudantes. Esse tipo de compreensão não é exclusivamente técnica, nem somente reflexiva. Não é apenas o conhecimento do conteúdo, nem o domínio genérico de métodos de ensino. É uma mescla de tudo o que foi dito anteriormente, e é principalmente pedagógico” (SHULMAN, 1992, p. 12).
Na disciplina de Matemática, acreditamos ser imprescindível a utilização de
metodologias diferenciadas no ensino da Matemática, o que nos leva a mudança
no estilo das aulas (GODOI, 2011), e uma dessas metodologias é a utilização das
paródias em sala de aula (BETTIO, 2019).
Dessa forma, e com esses debates acontecendo, acabou o primeiro dia de
curso. Ao final, vários professores se interessam ainda mais por alguns temas, os
quais foram anotados e trabalhados no segundo encontro do curso de formação.
Vale salientar um dado do curso, pois como era um convite para os
professores do município, e não uma convocação, nos surpreendeu o número de
professores participantes. Logo após abrirmos as inscrições, cerca de 48 (quarenta
e oito) horas depois, já não havia mais vagas, e mesmo assim, sem terem vagas
disponíveis, comparecendo no primeiro dia 48 (quarenta e oito) cursistas.
Na figura 1 contemplamos os professores que participaram do primeiro dia
de curso o qual foi realizado no dia 27 de agosto de 2019.
92
Figura 1: Participantes do Primeiro Dia de Curso.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Por fim, os professores receberam uma tarefa para levar para casa, que foi
perceber/notar quais são as perguntas mais corriqueiras feitas por seus alunos na
disciplina de Matemática.
6.2 2º Encontro – Dia 10 de setembro de 2019.
Entre o primeiro e o segundo encontro, os professores tiveram uma tarefa
para realizarem no ambiente virtual do NTM, no qual teriam que responder as
seguintes perguntas:
1) Você acredita que o uso das paródias pode interferir no processo de ensino
e aprendizagem?
2) Caso você utilize, como você usa as paródias em suas aulas?
3) Quais os conteúdos matemáticos que você acredita serem mais importantes
terem paródias como auxílio para o seu ensino?
As respostas foram variadas, e analisaremos agora apenas algumas delas.
Começando pela primeira pergunta, onde queríamos saber se os professores
93
acreditavam que o uso das paródias poderia interferir no processo de ensino e
aprendizagem, alguns professores responderam o seguinte:
Uma forma de tornar a aula mais divertida e ao mesmo tempo estar trabalhando o conteúdo é através de Paródias, pois a Música em si é inerente ao ser humano, e faz com que as pessoas sintam diversas emoções, sendo assim, a aula passa a ser mais leve e relaxante, e ao serem utilizados conteúdos integrados às Músicas que já são conhecidas pelos alunos, tem-se esse efeito, do conteúdo ser aproximado da realidade do aluno, principalmente se for uma Música “chiclete”, que ajuda a ser memorizada facilmente. (Professor 15). As paródias podem sim contribuir com a aprendizagem dos alunos. Hoje em dia, devemos cativar mais os alunos, envolvê-los para que os mesmos adquiram os conhecimentos científicos apresentados na escola. O desafio está com os professores para não se acomodarem e realizarem atividades distintas, diferentes do dia a dia. Sair do tradicional requer pensamentos mais elaborados e trabalhar com paródias dentro do ensino da Matemática seria algo diferente ao o que os alunos já estão acostumados. (Professor 16). Trabalhar com Músicas em sala de aula é uma estratégia muito válida e que auxilia bastante no desenvolvimento do aluno, pois, através da Música, a criança desenvolve seu lado psicomotor (através das coreografias e gestos), linguística (ampliando o vocabulário, apropriando-se de rimas, da estrutura textual), afetiva (desenvolvendo a sensibilidade, o prazer, a empatia), a criatividade, a imaginação, a memória (aprendendo conteúdo de uma forma prazerosa e que ficará guardada na mente dos aprendizes. (Professor 17). O processo educativo conduzido pelo uso de paródias pode proporcionar aulas mais alegres, atraentes, motivadoras, capazes de transmitir conhecimentos e que cumpram um de seus objetivos, que é o de aliar a sensibilização dos problemas sociais. (Professor 18).
Na seguinte pergunta, onde queríamos saber se eles utilizavam e de que
forma utilizavam as paródias em suas aulas, poucos professores responderam que
usam ou que usaram em alguma aula, porém nenhum dos professores respondeu
ter usado em Matemática.
Não tenho muita experiência com paródias nas minhas aulas, trabalho com turmas de primeiro ano e uso muito a Música em minhas aulas mas não em forma de paródias, a partir da leitura sobre o tema e ao ouvir e aprender mais sobre o assunto até já arrisquei criar alguma coisa e foi muito divertido, acho que essa pode ser uma ferramenta importantíssima para estar usando em minhas aulas, pois podemos estar criando paródias a partir de conteúdo específico, aproveitando o prazer que a Música desperta
94
nas crianças, podendo usar esse recurso como um grande aliado nas nossas práticas de ensino. (Professor 19). Ainda procuro imaginar trabalhar a paródia em sala de aula, penso em usar as Músicas mais conhecidas ou significativas para os alunos, usando temas como frações, porém como leciono para um terceiro ano, poderia usar situações problema e usar a paródia para solucionar as mesmas. (Professor 20).
Quando falamos em utilizar a Música nas salas de aula, alguns professores
ainda sentiam dificuldades, por diversos motivos, seja por insegurança, falta de
domínio ou desconhecimento do tema (FIGUEREDO, 2004), porém, a formação de
professores auxilia neste processo de reconstrução. Além disso, a Música não
necessariamente precisa ser usada para ensinar frações (ABDOUNUR, 2002),
como muitas vezes acontece, mas para o desenvolvimento cognitivo, motor e
pessoal das crianças que estão em sala de aula (GAIZA, 1988).
Por mais que os professores não estejam preparados para aulas com a
música os benefícios que isso pode trazer são notórios, ou seja,
O uso da música na aprendizagem, também valoriza o trabalho em equipe, pois, para que uma orquestra tenha sucesso, todos os seus elementos têm que trabalhar em conjunto harmoniosamente com um único objetivo, o desempenho, e têm que se comprometer a aprender a música, participar em ensaios, e praticar música em conjunto. Por isso, sua importância também em sala de aula. (MOREIRA; SANTOS; COELHO, 2014, p. 42)
Além do mais os mesmos autores ainda afirmam que
Existe uma indesmentível e forte correlação entre a educação da música e o desenvolvimento das habilidades que as crianças necessitam para se tornarem bem sucedidas na vida. Autodisciplina, paciência, sensibilidade, coordenação, e a capacidade de memorização e de concentração são valorizadas com o estudo da música. Estas qualidades acompanharão os educandos em qualquer caminho que escolham para a sua vida. A aprendizagem, juntamente com a música, pode ter uma influência na formação das crianças que é apenas secundada pelo amor dos pais. (MOREIRA; SANTOS; COELHO, 2014, p. 43)
Desta maneira, temos que sempre estar inovando e as aulas com música,
utilizando as paródias podem auxiliar neste processo de ensino e aprendizagem,
dando assim um maior apoio e suporte para o professor regente.
Por fim, a última pergunta foi para os professores colocarem quais temas
seriam mais relevantes para se ter uma paródia, e neste momento surgiram
95
praticamente todos os temas matemáticos, mostrando assim a carência que há na
área. Contudo, os temas mais pedidos foram resolução de problemas, frações,
quantificadores de tempo, as quatro operações, entre outros. Desta maneira,
constatamos mais uma vez que, conforme um dos objetivos do trabalho, a criação
de um Produto Educacional, com paródias e temas variados, é de grande proveito
aos professores, visto que pode auxiliar os docentes quando estes precisarem de
um auxílio diferenciado no ensino da Matemática.
O segundo encontro começou com a devolução dos diários de bordo para
os respectivos professores. E, dando início aos trabalhos, foi proposto que
escrevessem 10 características que acreditam que um “professor perfeito” deva ter,
que eles admirem ou que acreditam ser essenciais para ser um “professor perfeito”.
Sabemos, contudo, que não existem “professores perfeitos”, porém, o que
queríamos saber com essa atividade é o que cada professor admira em seu colega
e em si mesmo.
Quando terminaram de escrever as 10 características foi debatido em uma
roda de conversa o que cada professor havia escolhido. Muitas vezes, as
características de um participante repetiam a de outro, no entanto, isso não
prejudicou a dinâmica da atividade.
Alguns professores se dispuseram a falar sobre suas escolhas e os porquês,
e as palavras que mais apareceram com as justificativas foram organizado,
conhecimento, didática, empatia, dedicação, ser maleável, paciente, reflexivo,
criativo, exigente, buscar sempre aprender mais.
Fazendo uma nuvem de palavras com as escolhas dos professores, ficou
disposto da forma em que as palavras que mais apareceram ficam maiores e a que
menos aparecem são menores, estas ficaram organizadas da seguinte forma como
mostra a figura 2:
96
Figura 2: Características do “Professor Perfeito”.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Para cada palavra buscou-se uma explicação que fosse plausível para o
grupo que estava participando desse momento. As explicações foram diversas. Por
exemplo:
- Organização: neste ponto todos concordaram que, quanto maior a organização
menor é a chance de se perder. Tanto para os alunos quanto para os professores,
a organização é o principal passo.
- Conhecimento: neste ponto houve unanimidade e todos os professores
concordaram que talvez seja a principal característica do bom professor, que tenha
conhecimento, porque antes mesmo de apresentarmos algum conteúdo para os
alunos, temos que ter o domínio do mesmo.
- Didática: entrelaçado com o quesito acima, a didática tem que se fazer presente,
pois não adianta ter o conhecimento se não consegue transmiti-lo da melhor forma
possível, e neste momento vários professores falaram que não é possível ser
engessado, trabalhar somente com a lousa, mas sim trabalhar com materiais
didáticos diferenciados e metodologias diferenciadas, pois cada aluno é único e
devem ser dadas diversas formas se de adquirir um conhecimento.
- Empatia: é entender o que o aluno vive, se colocar no lugar dele, pensar nas
dificuldades que se encontra através de um processo, e nunca desmerecer o aluno,
pois os saberes de uma criança para a outra são diferentes, e isso cabe ao
professor saber lidar com todas as diferenças na sala de aula.
97
- Dedicado: a dedicação é a alma do professor, pois não existe ensino de qualidade
sem uma dedicação, e se não houver dedicação por parte do professor, certamente
ele não continuará trabalhando naquele ambiente.
- Ser maleável: sobre as diversidades que ocupam uma sala de aula, se não for
flexível, acaba prejudicando não somente a si mesmo, bem como os alunos em
uma forma geral.
- Buscar aprender mais: é estar constantemente em formações, fazer cursos que
agreguem o conhecimento, estar disposto a aprender métodos e metodologias
novas, buscando assim o melhoramento do ensino.
- Paciência: ser paciente é não mostrar insegurança, é saber ensinar de várias
formas, entender que não somente uma forma de ensino bastará para o aluno, que
por mais que existam dificuldades, a paciência em explicar e mostrar diversas
formas fazem parte de um processo de formação do aluno.
- Reflexivo: é saber pensar após uma atividade o que deu certo e o que deu errado,
tentando melhorar e aprimorar cada passo dado, para que não ocorram erros,
minimizando assim as corriqueiras fugas de controle, até mesmo com perguntas
inesperadas.
- Criativo: o professor tem que ser criativo, parecendo até que existe um rótulo onde
diz que o professor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental que se preze tem que
ser criativo.
- Exigente: ser exigente não somente com os alunos, com cobranças para sempre
melhorar, mas também, e não menos importante, ser exigente consigo mesmo,
buscar sempre fazer o melhor, se dedicar ao máximo no que está fazendo para que
tudo ocorra bem e que não saia nada do controle.
Findada esta etapa, os professores colocaram quais características
daquelas que haviam mencionado anteriormente que eles próprios tem, fazendo
uma reflexão sobre o “professor perfeito” e o “eu professor”.
Esta atividade teve como meta fundamental levar à reflexão do que
precisamos melhorar enquanto professores, com nossas práticas do dia a dia, e
nossas atitudes enquanto educadores. Certamente, a totalidade dos professores
tirou algum item do que admira, por não fazer, não querer, ou até, muitas vezes,
por ter medo de tentar, receio de errar e ser julgado por seus colegas. Queríamos
98
saber isso, pois queríamos quebrar paradigmas, medos e vergonhas que
eventualmente eles pudessem ter e que os impedisse de alcançar o novo.
Quando terminaram de escrever as características que eles possuem como
professores, foi feito novamente o debate, respeitando sempre a vontade de cada
professor, pois se o mesmo não quisesse falar, respeitamos a sua vontade, visto
que estávamos em uma roda de debates respeitosa. Nesta atividade vários
professores relataram como era difícil escrever sobre suas características, e que
das qualidades colocadas anteriormente, talvez possuíssem metade delas.
Ainda no mesmo círculo, foi realizada a atividade de Roda de Conversa,
onde cada professor pôde falar sobre sua semana, relembrando a atividade que foi
como tarefa, que era, perceber/notar quais são as perguntas mais corriqueiras
feitas por seus alunos na disciplina de Matemática.
A Roda de Conversa, segundo Boyes-Watson (2011 p. 37), solicita que os
participantes fiquem em círculo, sem uma mesa propriamente dita no meio da roda.
Ele ainda recomenda que tenha uma espécie de toalha ou tapete com alguns
objetos que representem as nossas necessidades básicas, como a água, a comida,
o ar e a terra, também pede que tenham outros objetos, que sejam canetas, livros,
papéis e um objeto específico chamado de “objeto da palavra”.
Quando iniciamos a dinâmica, os participantes tiveram uma breve explicação
do motivo de estarem em círculo, que é o de igualdade de direitos, e a outra
explicação sobre o “objeto da palavra”, que somente poderá falar e se expressar
quem possuir o objeto em suas mãos.
A figura 3 nos mostra como foi realizada a roda de conversa com os
participantes do curso.
99
Figura 3: Professores na Roda de Conversa.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Na Roda de Conversa, emergiram alguns temas geradores (FREIRE, 2007;
2008; 2009), e utilizando estes como base para os próximos encontros. Soubemos
um pouco das dificuldades dos professores e das dificuldades dos alunos. Esta
perspectiva, de temas geradores ou palavras geradoras, nos fez pensar sobre
diversos campos da sociedade, sobre a realidade de cada escola e a realidade de
cada local onde esta está inserida, lembrando que Foz do Iguaçu tem 50 escolas
municipais com realidades totalmente diferentes uma da outra.
É importante enfatizar que o tema gerador não se encontra nos homens isolados da realidade, nem tampouco na realidade separada dos homens. Só pode ser compreendido nas relações homem-mundo. (FREIRE, 2018, p.136).
Logo, os temas geradores são ligados com a realidade das pessoas, são
questionamentos e buscas constantes sobre e em sua realidade. Por isso,
“investigar o tema gerador é investigar, repetimos, o pensar dos homens referido à
realidade, é investigar o seu atuar sobre a realidade, que é a sua práxis” (FREIRE,
2018, p.136). Freire ainda trata, em outra obra, que é preciso pesquisar, é preciso
que tomemos consciência da real importância que a pesquisa tem, pois somente a
pesquisa irá fazer com que possamos evoluir, tanto na prática, bem como em nosso
intelecto, e para isso afirma que:
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro, enquanto ensino
100
continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 2009, p. 29).
As pessoas sempre procuram, em suas reflexões, caminhos que as levem à
solução de seus problemas. E um dos caminhos são temas que emergem de
dificuldades, que sejam originais e tenham uma pureza objetiva e muito prática,
tendo relações com o mundo através de fatos concretos. Esses fatos concretos tem
objetivos, e as percepções desses objetivos é considerado um tema gerador.
A investigação do pensar do povo não pode ser feita sem o povo, mas com ele, como sujeito de seu pensar, e se seu pensar é mágico ou ingênuo, será pensado o seu pensar na ação, que ele mesmo se superará. E a superação não se fez no ato de consumir ideias, mas no de produzi-las e de transformá-las na ação e na comunicação. (FREIRE, 2018, p. 141).
Na atividade da roda de conversa surgiram vários temas que poderiam ser
geradores, visto que os relatos dos problemas que tiveram com a Matemática e
também os problemas que os seus alunos tem com a Matemática. Os temas mais
pertinentes e que mais geraram dúvidas entre os professores nem sempre foram
conteúdos do Ensino Fundamental, porém, se fizermos uma ligação entre os temas
veremos que precisamos saber conteúdos mais avançados para poder ensinar o
mais básico. Aqui, parte dos professores comentou que possui dificuldades em
conteúdos envolvendo funções, pois em algum momento não conseguiram
aprender, dando inúmeras explicações sobre os possíveis fatos ocorridos em sua
trajetória escolar.
O ponto mais falado foi que os professores de antigamente eram muito
engessados e teóricos, e não mostravam coisas diferentes e nem mostravam para
que iriam servir os conteúdos que eram estudados, ficando assim algo monótono,
onde simplesmente se aplicava uma fórmula, achava-se a resposta e estava certo
ou errado, e dificilmente falavam exemplos que saiam da mesmice e que mostrasse
na prática para que serviria tal conteúdo.
Outra professora presente no curso comentou que possuía dificuldade com
a abstração da Matemática, dizendo que em certos momentos não conseguia
visualizar possíveis soluções. Com uma reflexão chegamos num consenso de que,
101
provavelmente, a lógica Matemática não estava totalmente consolidada, pois ao
analisarmos o que nos faz resolver um problema de qualquer espécie é termos a
lógica do que faremos nos passos.
Alguns participantes também relataram problemas com frações, em razão
de nunca terem compreendido o seu real significado, prejudicando até mesmo o
ensino para seus alunos, expondo que, quando se tem aula de frações, a grande
maioria não tem inovação, mostram uma “pizza” para representar as partes, porém
não passa disso.
A partir desses comentários alguns professores colocaram em pauta os
números decimais, pois um número decimal está relacionado muitas vezes com
uma fração. Neste debate, a conclusão foi de que a maioria dos professores não
associavam as frações com os números decimais, achando que não possuíam
muitas ligações, mas ao contrário do que pensavam, as frações e os números
decimais caminham sempre de mãos dadas.
Após este debate com os temas/palavras geradores(as), foi feita uma
atividade para a descontração do grupo, com o intuito de que o clima tenso do
debate desse lugar a alegria. A atividade foi a seguinte: Cada participante do grupo
escolheu a sua dupla, e com o auxílio de um chocalho (garrafa pet com pedrinhas
dentro, já confeccionado pelo pesquisador), quando a Música iniciou, um integrante
da dupla tinha em mãos o chocalho. Utilizava-o para “mandar” no seu parceiro, ou
seja, um chacoalhava fazendo o barulho e o outro tinha que dançar, entretanto, o
outro participante só dançaria a parte do corpo onde o seu parceiro estava com o
chocalho perto, isso quer dizer que, o participante estava com o chocalho perto dos
pés, o participante da dupla só poderia dançar somente com os pés, não podendo
mover outra parte do corpo, se o chocalho estivesse próximo a cabeça, o
participante só poderia dançar com a cabeça, não movimentando mais nenhuma
parte do corpo e assim a dinâmica se sucedeu. Com o término da Música, trocou-
se o chocalho de participante e a dinâmica ocorreu da mesma forma.
Ao fim da atividade, fizemos uma pergunta sobre qual seriam os maiores
anseios dos professores em ensinar a Matemática, e o registro se deu em uma
folha, que foi recolhido para a análise. Neste dia de curso compareceram 39
102
professores, dos quais, a maioria, requisitou que víssemos maneiras de ensinar
Matemática com os temas que foram por eles propostos, conforme o quadro 7.
Quadro 7: Temas Geradores e Número de Votos.
Tema Nº de aparições
Solução de situações problemas. 9
Divisão por dois números na chave. 6
Multiplicação por dois números. 5
Adição ou subtração? Quando usar? 4
Porcentagem. 4
Frações. 3
Abstração Matemática. 2
Divisão com resto diferente de zero. 2
Soma com aumento de uma dezena. 2
Subtração com empréstimo. 1
Material dourado. 1
Como podemos perceber, os temas que os professores mais pediram
métodos diferentes, e que daria certo utilizando a Música, foram multiplicação por
dois números, divisão por dois números na chave, situação problema, adição e
subtração e porcentagem.
Acabado este momento, os professores tiveram alguns minutos para
escreverem sobre o segundo dia de curso, suas considerações sobre o curso,
colocando o que acreditavam que poderia ser mudado ou acrescentado.
6.3 3º Encontro – Dia 01 de outubro de 2019.
Durante os 15 dias de intervalo entre um dia de curso e outro, a tarefa que
os professores tiveram que realizar era a seguinte: pesquisar na internet paródias
para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental relacionadas ou não com a
Matemática. Após pesquisarem as paródias, os professores teriam que responder
quatro perguntas relacionadas à pesquisa que fizeram:
1) Qual foi a dificuldade em encontrar paródias na internet?
2) Você procurou por paródias Matemáticas na Educação Infantil?
3) Você ficou satisfeito(a) com os resultados obtidos ou poderia ter mais
materiais na forma de paródia?
4) Você acredita que os alunos possam obter melhores resultados quando
trabalhamos com Música na sala de aula?
103
Na primeira pergunta, onde queríamos saber a dificuldade de encontrar as
paródias na internet, alguns professores deram os seguintes relatos:
Foi difícil achar paródias relacionadas a Matemática das séries iniciais, de outras disciplinas as vezes é mais fácil. (Professor 3). Muito. Devido a poucas opções de paródia na disciplina de Matemática contextualizado para o Ensino Fundamental I. (Professor 5). A dificuldade maior é em relação ao conteúdo adequado a que estamos procurando. Há várias paródias na internet, porém não coincidem com o conteúdo que procuramos. A maioria foi criada para os conteúdos do[s] [Ensinos] Fundamental II e Médio/Pré-Vestibular. (Professor 6). Existem diversas paródias, porém quando está relacionado ao conteúdo de Matemática do 1º ao 5º ano existe pouca paródia com recursos pedagógicos que condizem com o assunto abordado. Pouco assunto relacionado ao tema. (Professor 9). A dificuldade é encontrar paródias que contextualize conteúdos. (Professor 13). A maioria das paródias são direcionadas para os cursinhos de vestibular, com conteúdos que não são para o [Ensino] Fundamental. (Professor 14). É mais difícil de encontrar do primeiro ano ao quinto ano em relação aos conteúdos de Matemática. (Professor 15). Para Matemática é difícil, pois se encontra em vídeos, mas escrita é pouca e quando aparece é para faixa etária avançada, geralmente Ensino Fundamental II ou Ensino Médio, nada direcionado aos menores (Ensino Fundamental I). (Professor 17). As paródias encontradas são mais para cursinhos, professores criativos chamam a atenção dos alunos para aprender de maneira divertida, para o [Ensino] Fundamental só de tabuada. (Professor 19). Encontrei dificuldade para encontrar paródias relacionada aos conteúdos do [Ensino] Fundamental I as que encontrei são relacionadas aos conteúdos do [Ensino] Fundamental II ao Ensino Médio, ou então paródias reclamando ou tendo de estudar Matemática. (Professor 20). Foi muito difícil, pois quase todas as paródias não são voltadas para a Matemática e principalmente para de 1º ano ao 5º ano não tem. (Professor 23).
104
Foi um pouco difícil de encontrar paródias feitas para o Ensino Fundamental I. (Professor 24). É muito difícil encontrar as paródias de Matemática, voltada para o Ensino Fundamental, encontrei mais em Ciências e Temas Transversais. (Professor 25).
Na segunda pergunta, alguns professores responderam que pesquisaram
paródias Matemáticas, todavia encontraram somente para o Ensino Fundamental
II e para o Ensino Médio e Cursinhos. Outros professores escreveram que
pesquisaram por paródias para o Ensino Fundamental I, porém sem nenhum
conteúdo ou disciplina específica. Já dois pesquisaram paródias Matemáticas para
fazerem em suas salas de aula com seus alunos, nos dizendo que queriam levar
essa experiência para contar aos outros professores como havia ocorrido.
Na terceira pergunta queríamos saber se os professores ficaram satisfeitos
com suas pesquisas sobre as paródias, e os relatos foram os seguintes:
Como sendo um recurso no processo de ensino aprendizagem, acho que poderia ter mais material disponível para diversificar na sala de aula. Não fiquei satisfeita. (Professor 3). Não satisfeita. Não encontrei nada relacionado ao primeiro ano ou que pudesse ser usado com os menores. (Professor 6). Acho que seria interessante se tivesse mais material disponível. Não fiquei satisfeita. (Professor 7). Ainda são poucas paródias disponíveis, poderia ter bem mais, pois é uma ferramenta muito legal para transformar os conteúdos em conhecimento. (Professor 9). Acredito que poderia ser mais frequente esse tipo de conteúdo no dia a dia das salas de aula, assim o compartilhamento desse material na internet aconteceria com mais frequência. (Professor 13). Não fiquei satisfeita, pois procurei paródias relacionadas as dificuldades dos meus alunos e não encontrei nada usável, somente uma paródia adaptável que tive que digitar a partir de vídeo, poderia ter mais materiais com uso de paródias. (Professor 15). Não, acho que poderia ter mais materiais voltados para a Matemática usando paródias, pois ela ajuda as crianças a fixarem os conteúdos com muita facilidade. (Professor 17). Não, pois não encontrei nenhuma paródia voltada para o 2º ano, encontrei apenas para o 5º ano sobre geometria, e vários outras de
105
língua portuguesa, ciências, meio ambiente, folclore, etc. (Professor 19). Não fiquei satisfeita. Acho que poderia ter mais paródias para os anos iniciais, sobre Matemática. (Professor 23).
Na questão quatro, que perguntava sobre a importância das paródias em
sala de aula, os professores responderam que:
Sim, com certeza, a ludicidade tem papel de extrema importância para o processo de ensino aprendizagem nas séries iniciais. (Professor 3). Com certeza, pois a Música atrai a atenção e é uma forma prazerosa de, muitas vezes, aplicar e memorizar um conteúdo com um grau e dificuldade avançado. (Professor 5). Acredito sim. A Música faz com que aprendamos de maneira fácil e prazerosa, se o aluno gosta, ele fica o tempo todo cantando a Música, faz involuntário. É excelente principalmente no primeiro ano que eles amam cantar, ouvir Música. (Professor 9). Sim, a Música faz com que muitos alunos que tem dificuldade de concentração e até os mais agitados participam. A Música encaixada num conteúdo facilita muito nosso trabalho e também obtemos um resultado melhor, vendo que nossos alunos conseguem assimilar melhor. (Professor 11). Sim. Acredito que tudo que venha para agregar, tudo aquilo que seja diferente, que saia do habitual, se torna uma “engrenagem” a mais. (Professor 17). Sim, com certeza, a Música por si só, estimula os dois lados do cérebro, e se tem um conteúdo na letra a memorização e compreensão desse conteúdo será melhor aprendida pelo aluno. (Professor 23).
Quando utilizamos a ludicidade nas aulas de Matemática, a atenção e a
concentração dos alunos tende a melhorar (LOUREIRO, 2003), e com isso, o
processo de ensino e aprendizagem se torna facilitado, tendo assim beneficiado os
alunos.
As atividades lúdicas são inerentes ao ser humano. Cada grupo étnico apresenta sua forma particular de ludicidade, sendo que o jogo se apresenta como um objeto cultural. Por isso, encontramos uma variedade infinita de jogos, nas diferentes culturas e em qualquer momento histórico. A necessidade do Homem em desenvolver as atividades lúdicas, ou seja, atividades cujo fim seja o prazer que a própria atividade pode oferecer, determina a criação de diferentes jogos e brincadeiras. Esta necessidade não é minimizada ou modificada em função da idade do indivíduo.
106
Exercer as atividades lúdicas representa uma necessidade para as pessoas em qualquer momento de suas vidas. Se observarmos nossas atividades diárias, identificamos várias atividades lúdicas sendo realizadas. (GRANDO, 2000, p. 16)
Ademais,
As atividades lúdicas guardam em si a capacidade de desenvolver estratégias, o senso de observação, da reflexão, do raciocínio lógico, tão importantes para a matemática. É no trabalho em grupo mediado pelo professor, e com a motivação característica que as atividades lúdicas provocam, que o aluno consegue trabalhar e desenvolver sua capacidade de argumentação, concordando ou discordando com a posição defendida pelos seus colegas. Tal condição certamente tem impacto na sua autoestima e autoconfiança. (LAPA, 2017, p. 21-22)
Quando prendemos a atenção dos alunos nas aulas seu envolvimento
aumenta e podem gravar conceitos e métodos (MENDONÇA, 2010). A aula quando
se tem métodos diferentes fica, de certa forma, mais prazerosa para todos os
envolvidos (SANTOS, 2013). Segundo Lima (2013), quando compreendemos o
conteúdo de maneira lúdica, dificilmente iremos esquecer na hora de utilizar
novamente. Além do mais, Faria (2011) ressalta a importância dessas metodologias
alternativas e um dos fatores importantes dos quais defende é a utilização da
Música como um fator importante da aprendizagem de qualquer aluno.
A partir de então demos início ao terceiro encontro, entregamos os diários
de bordo para os professores, e conversamos sobre as paródias que buscaram na
internet sobre os temas variados. Para dar início, foram esclarecidas dúvidas que
ficaram do dia de curso anterior sobre multiplicação por dois números, divisão com
dois números na chave, situações problemas, subtração ou adição e, por fim, a
porcentagem. Começamos a explorar a multiplicação por dois números.
Vergnaud (1991) enfatiza a importância da aprendizagem das operações
aritméticas, ressaltando que alguns cuidados devem ser tomados ao introduzir a
multiplicação na escola. Para Vergnaud (1991) a multiplicação se resume em soma
de parcelas iguais. A partir de então, com os conceitos da multiplicação bem
fixados, aumentamos o grau de dificuldade para multiplicações com dois dígitos no
fator multiplicador. Aqui, foi proposto que fizessem alguns exemplos em seus
cadernos para uma melhor fixação e aprendizado.
107
Com esse tema vencido, partimos então para a divisão. Para tanto, não
existem fórmulas prontas para que se ensine a divisão com dois dígitos no divisor.
Grande parte dos artigos, dissertações e teses dão algumas dicas de como
introduzir a divisão com um dígito, que são consideradas as divisões simples, ou
seja, essa operação elementar tem que começar da forma mais simples, a partir de
desenhos e separações. Todas as operações irão avançando gradativamente,
primeiramente as divisões são feitas com resto zero, após isso, as divisões terão
restos em suas contas.
Consolidada esta etapa da divisão que possui resto, podemos fazer a
abstração com divisores maiores. Uma das sugestões que obtivemos foi de
construir com os alunos a tabela de produtos (linha x coluna). A construção da
tabela pode ser feita de forma coletiva, com a ajuda de todos os alunos, tendo
canetões de diversas cores para distinguir suas linhas e a representação de cada
multiplicação usual.
Diante de situações problemas, foi dado uma sugestão de aula com uma
problematização a partir de uma frase, ou seja, que escolhessem algo que fosse
de interesse de toda a sala e fizessem com que isso virasse possibilidade de
problemas e situações que envolvessem a temática.
Nos debates que ocorreram sobre o último tema, percebemos que o modo
mais simples de se fazer a porcentagem é intuitivamente utilizar a famosa regra de
três9, que aprenderíamos melhor no 7º ano, porém usamos a ideia da mesma para
ter um método de calcular a porcentagem, que é pegar o valor total que se quer a
porcentagem, multiplicar pela porcentagem e contar duas casas da direita para a
esquerda e colocar a vírgula. Para concluir o dia de curso foram apresentadas
algumas paródias e Músicas encontradas na internet.
O primeiro tema foi a tabuada do oito e usamos o vídeo que está disponível
no YouTube pelo link <https://www.youtube.com/watch?v=ufKv7zgfxMc&t=79s>10,
9 A regra de três é uma técnica utilizada para encontrar uma medida quando conhecemos outras três, desde que essas medidas formem um proporção, esse método requer conhecimentos como proporção, grandezas e medidas, pode-se dizer que a união desses conhecimentos formam a regra de três. 10 Acesso em: 27/09/2019.
108
e passamos também uma Música da cantora Xuxa sobre a tabuada do nove,
disponível no pelo link <https://www.youtube.com/watch?v=OxAMnpgg4WM>11.
Passamos também uma paródia sobre a divisão, disponível no link
<https://www.youtube.com/watch?v=LxWLeJrjPdk>12, e outra paródia apresentada
teve o tema de adição com o vídeo sobre soma de parcelas, disponível pelo link
<https://www.youtube.com/watch?v=N6aXU4a-6L4>13, e, por fim, mostramos uma
paródia da Música Trem Bala sobre a Matemática, para a descontração do grupo.
Esta está disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=dNZ5oxd5vN4>14.
Acabamos o dia de curso com a tarefa para os professores de procurarem
Músicas que fossem de domínio público para que pudessem ir praticando e
tentando fazer suas próprias paródias, tentando descobrir qual seria a principal
dificuldade, visto que no dia de curso seguinte eles fariam as suas primeiras
composições, após lhes ser exposto um roteiro contendo um passo a passo.
Vale lembrar que não existem fórmulas prontas para se fazer uma paródia,
e os passos que sugerimos no curso se deram através de composições próprias e
de experiências do dia a dia trabalhando com esse tipo de metodologia.
6.4 4º Encontro – Dia 16 de outubro de 2019.
Antes de entregarmos os diários, nesse dia ocorreu uma conversa com os
participantes sobre a tarefa deixada para eles. Todos haviam separado algumas
Músicas que gostavam para fazerem suas paródias, alguns professores tiveram um
pouco de dificuldade para escolher uma Música, em compensação, outros já
haviam tentado fazer paródias, só que sem um conteúdo matemático específico.
A partir de então, foram entregues aos professores os diários como fizemos
todos os dias, e logo iniciamos a construção de paródias. Para isso, começamos
mostrando um roteiro básico de como criar uma paródia, lembrando que não há
uma receita pronta de como criar paródias e as etapas sugeridas se elencaram a
partir de leituras e experiências próprias. Portanto, os passos podem ser mudados
por outros professores que queiram utilizá-los ou mesmo criar um modelo próprio.
11 Acesso em: 27/09/2019. 12 Acesso em: 29/09/2019. 13 Acesso em: 29/09/2019. 14 Acesso em: 30/09/2019.
109
- 1º Passo: Procurar um tema gerador para ter como base o conteúdo que será
trabalhado em sua paródia, ou seja, se as dificuldades estão em operações
básicas, como a soma ou a subtração, teremos que escolher um deles, ou ambos,
para trabalhar.
- 2º Passo: Entender as propriedades do tema gerador para, a partir daí, saber os
elementos que terão que ter na Música, isto é, sabendo das especificidades de
cada conteúdo, o leque de opções para encaixar em uma Música é maior e fica
facilitado o processo.
- 3º Passo: Escolher a Música é um momento crucial neste processo, pois será a
partir dela que a paródia será feita. Temas geradores com muitas propriedades
requerem Músicas com uma letra maior, ou propriedades extensas tem que haver
frases extensas na Música. Não podemos escolher Músicas que não se encaixam
nesses quesitos. Outro fator importante e que vale ressaltar é que as escolhas das
Músicas, normalmente, terão que ser conhecidas do público, isto quer dizer que
não podemos levar em uma comunidade um estilo de Música que os alunos não
estão habituados. Para uma melhor aceitação, escolher Músicas que sejam mais
alegres, com ritmos mais fortes. Músicas assim chamam e prendem mais a atenção
dos alunos.
- 4º Passo: Deixar livre a criatividade, pois será a criatividade que deixará a sua
paródia mais engraçada, crítica, triste, reflexiva, entre outras. Quanto mais criativa
for a paródia, mais esta chamará a atenção dos alunos.
- 5º Passo: Buscar sempre utilizar propriedades que sejam do “tamanho” dos versos
da Música, e se possível explorar as palavras que terminem rimando com as últimas
palavras da Música original escolhida.
- 6º Passo: Trabalhar com animação. Não precisamos ser os melhores cantores ou
melhores instrumentistas, mas lembre-se: a animação e a alegria contagiam quem
está perto de você. Mostre toda a sua força e coragem educativa ao utilizar sua
paródia diante dos seus alunos. Vale sempre ressaltar que os professores
polivalentes são um pouco de tudo em sala de aula, e se são capazes disso, por
que não tentarmos ser bons parodistas para e com os alunos?.
Depois de ser dado o roteiro com o passo a passo para criar paródias, os
participantes foram organizados em grupos com seis integrantes, para que
110
construíssem uma paródia que seria apresentada para o restante da turma. Nesse
momento, todos os colegas podiam participar dando dicas aos grupos para que
melhorassem as suas paródias, acrescentando ou tirando alguma parte que não
estivesse muito bem formulada ou fundamentada.
As paródias foram de temas variados, pois como era a primeira vez que
muitos professores estavam criando uma paródia, não foi cobrado que tivessem
temas matemáticos. E também por não termos sinal de internet disponível para o
uso dos participantes para pesquisarem as especificidades do tema escolhido.
Contudo, o que surpreendeu neste momento foi que a maioria dos grupos optou
por temas matemáticos e assim criaram suas primeiras paródias.
As paródias criadas pelos grupos foram as seguintes:
Música: A Casa
Autor: Vinícius de Moraes
Tema: Situação problema
Era uma situação
Muito engraçada
Não tinha conta
Não tinha nada
E todo mundo
Só perguntava
Se era mais
ou era menos
Ninguém ali
O encontrava
Era difícil
De compreender
Mas o segredo eu vou dizer
É muito fácil de entender
Muita leitura vai precisar
Para a pergunta
Você achar
E com cuidado
Vai descobrir
A operação
Que vai surgir.
Música: Ciranda Cirandinha
Autor: Cantigas Populares
Tema: Soma
Amigos, amiguinhos
Vamos todos adicionar!
Juntamos as parcelas
E depois é só contar
A adição que tu me deste
Um resultado aqui gerou
A soma ou total
Abaixo registrou
Por isso meus amigos
Prestem muito a atenção
Somar também exige
Ter muita concentração.
Música: Show das Poderosas
Autor: Anitta
Tema: IDEB
Prepara, que agora é hora
Da prova poderosa
IDEB a prova
Aumenta nossa nota
Deixando de marra as outras escolas
Porque a nossa nota apavora
Prepara
Se não estou preparado, é porque não
estudei
Quando começa eu leio, entendo, eu sei
A minha prof. é top e tem o poder
Ensina coisas do tipo: você
Vai ver
Sai daqui que estou estudando
Essa prova eu vou arrasando
Para a SMED me ver avançando
Chama atenção a toa
E a prof. ficando quase louca
Para tudo que eu estou ocupado
Nem o meu pai, nem o papagaio
Não me aguentam mais
Vou provar que eu sou capaz
Prepara!
Música: Era uma Vez
Autor: Sandy & Junior
Tema: Formas Geométricas
Era uma vez
Uma forminha no meio do nada
Ela tinha quatro cantinhos
Lados iguais, ela era quadrada
Era uma vez
Outra forma com maior diversidade
Veio e chegou o triângulo
Seus três lados era sua identidade
Querendo ser feliz
Veio o retângulo na simplicidade
Dois pares diferentes de lado
Lembrando a barra de chocolate
Querendo ser feliz
Temos que lembrar a forma que não tem
lados
Uma linha sem início nem fim
O círculo fez novas amizades
Uma história de amor
De aventura e magia
De aprender formas do seu dia a dia
Uma história de amor
De amizade entre linhas
Vem conhecer as formas da geometria.
Música: Super Fantástico
Autor: A Turma do Balão Mágico
Tema: Frações
Super fantástico aluno
Que bom estar contigo
Nesse aulão
É Matemática pura
Vamos aprender
Mais uma lição
112
Muitas crianças já sabem
Que o denominador
Divide em partes iguais
Até quem tem dificuldade
E quem tem facilidade
Aprendem bem mais
O denominador
O que está fazendo aqui
Ele divide o inteiro em fração
E o numerador
Que fim levou
É pra saber quantas partes você usou
Sou feliz
Agora eu entendi
Denominador divide o inteiro em fração
Super fantasticamente
Agora usaremos essa situação
É como a mãe na cozinha
Dividindo os ingredientes e preparando o
pão
Vamos fazer a escola
Aprender mais um pouquinho desta lição
O tema não é difícil
É só ouvir a prof. e prestar atenção.
Música: Jardineira
Autor: Marchinha de Carnaval
Tema: Variado
Oh professor, por que estás tão triste?
Mas o que foi que aconteceu?
São seus alunos que não te ouviram
Não entenderam o que você explicou
São seus alunos que não te ouviram
Não entenderam o que você explicou
Hey Fernandinho, hey sonhador,
Não fique triste, pois você é o melhor
Você ensina todo dia a equação do amor
Não fique triste, o mestrado já é seu
Tu batalhas noite e dia e por isso já
venceu!
Na figura 4 registramos os professores realizando as paródias, onde
dividiram-se em grupos com 6 participantes cada para a construção de uma paródia
coletiva, ressaltando que não era preciso ter um tema matemático e, esta dinâmica
tinha o intuito de aproximar os professores com suas primeiras criações.
113
Figura 4: Registro dos Professores Realizando Paródias em Grupos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
O clima deste encontro foi muito descontraído, muitas pessoas superaram o
medo de cantar em público, e todos os participantes se apoiaram e deram força um
ao outro, com palavras de incentivo, de coragem e de afeto. Todos se dispuseram
a cantar suas paródias em grupo, visto que, quando foram em grupo, a vergonha
foi superada, pois estavam entre vários professores e colegas.
E, chegando ao término do 4º dia de curso, os professores responderam as
seguintes perguntas em seus diários:
1) Você já havia criado alguma paródia?
Grande parte dos professores já havia feito, em algum momento, uma
paródia, porém, apenas três professores já haviam criado uma paródia voltada para
a Matemática, o que foi surpreendente, pois neste dia havia 38 participantes.
2) Qual foi o passo mais trabalhoso?
Neste quesito, a maioria dos professores relatou ter mais trabalho em ter que
rimar o final das frases com a Música original do que qualquer outro passo. Para
tanto, ocorreu um breve debate sobre este tema, já que alguns professores
114
comentaram individualmente isso, não refletindo, necessariamente, a opinião do
grupo.
Um dos cursistas falou que a grande dificuldade de rimar devia-se à falta de
domínio com o tema, que seria novo a eles e que, as vezes, esse primeiro contato
seria um pouco mais difícil, porém com a prática iria se tornar mais fácil e que as
paródias sairiam melhores. Outro professor pôde contribuir explanando que, muitas
vezes, também seria por falta de leitura dos temas, visto que, em grande parte do
dia a dia, os professores não buscam entender a fundo os conceitos que a
Matemática traz, deixando assim um pouco mais complicado para fazer uma
paródia.
3) Qual a sua maior dificuldade, tanto na criação como na execução?
Na criação o passo mais complicado teria sido realmente as rimas com a
Música original. Para a execução, a maioria dos professores citou que o mais difícil
era se expor e cantar na frente de outros professores, porém não seria um problema
cantar na frente dos alunos.
Todos acreditam que, como foi a primeira vez e quase a totalidade dos
professores não se conhecia, isso poderia ter afetado um pouco o desempenho dos
mesmos, o que seria diferente em suas salas de aula, já que conhecem os alunos
e sabem as dificuldades de cada um, bem como se soltariam melhor para
realizarem esta tarefa em suas aulas.
Quando foi comentado que no próximo encontro eles teriam que cantar para
todos, houve comentários do tipo “vou morrer de vergonha”, mas, logo em seguida,
um deu apoio para o outro, mostrando que o grupo estava unido em prol da
melhoria das aulas de Matemática.
Quando terminaram de responder às perguntas, os participantes receberam
a tarefa de casa, que era realizar e trazer uma paródia criada por eles sobre
qualquer tema que estivesse relacionado com os conteúdos matemáticos a serem
apresentados para os alunos no decorrer do ano. Essa atividade não teve nenhum
ano em específico, já que há grande diversidade de turmas que os professores
lecionam. Apenas teria que envolver algum conteúdo matemático.
115
6.5 5º Encontro – Dia 05 de novembro de 2019
Quando começou o encontro, ocorreu um debate sobre os passos que
tinham sido mostrados no encontro anterior, e como tarefa eles teriam que analisar
se precisava haver mudanças, desde mudanças na escrita até mesmo na inclusão
e exclusão de passos.
A respostas foram postadas no ambiente do NTM, algumas dessas
respostas e considerações seguem nas citações abaixo.
Os passos propostos foram muito importantes para a produção da paródia, mas o único passo que não foi seguido na ordem proposta foi o 3º. Na prática, preferi escolher a Música primeiro, e, com base nela, foi mais fácil delimitar o tema gerador e as propriedades do mesmo. (Professor 6). É um recurso muito produtivo e auxilia na elaboração da paródia disponibilizarmos de um passo a passo em como elaborar uma paródia. Acredito que, ao longo dos tempos, podem ocorrer mudanças, pois toda a forma de conhecimento, dependendo do tempo, sociedade, cultura e normas, as mudanças e transformações ocorrem. A princípio pode ser na forma como seguir os passos e qual a importância que será dada para a paródia dentro da sala de aula. (Professor 9). Os passos apresentados foram de grande valia para a elaboração da paródia, pois através destes é sim possível desenvolver paródias para diversos contextos. Vale salientar que, além de criatividade, deve-se, também, aprimorar o conhecimento para as mais inusitadas palavras, para que possamos ter maior facilidade na hora das rimas, para isso é importante munir-se de pesquisas e até mesmo do conhecimento de diversos contextos interligados à sala de aula, trazendo para esta construção musical a valorização da bagagem do aluno, bem como da seriação a que se destina, facilitando, por fim, que até mesmo os alunos possam montar suas rimas musicais. Não há necessidade de mudanças sobre os passos apresentados, porém, como mencionado, é importante acrescentar a quem de fato a paródia está dirigida, deixando que os alunos participem também da construção de paródias em sala de aula, priorizando também as suas vivências. (Professor 18). Acho que, com esses seis passos, o criador de uma paródia terá condições de se organizar melhor, de conseguir produzir de maneira correta e com criatividade, e de apresentar conteúdos sistematizados em sala de aula de uma forma diferente e divertida. Seguindo esses passos acredito que as mudanças acontecem, porque o uso de paródias é uma atividade popular entre os alunos e os professores como estratégia de aprendizagem, com habilidades de memorização e aprendizado da matéria que foi ou está sendo estudada. Uma mudança notável é o interesse dos alunos em cantar, interpretar e se divertir com o conteúdo
116
trabalhado, facilitando o entendimento. Quando se coloca Música, a frase, a fórmula com rima, então fica fácil e divertido aprender Matemática. (Professor 21). Os seis passos para criação de uma paródia apresentados nesta tarefa, considero de grande importância e muita instrutiva para que o professor produza com criatividade e êxito um trabalho de excelência para o ensino não só da Matemática, como também de qualquer outro conteúdo das diversas disciplinas existentes na escola. Na minha opinião, mudanças nesses passos não são necessárias, os ajustes e o toque final, com certeza, serão dados pelo professor criador da paródia, a partir desses seis passos. (Professor 26).
Após o debate com os professores sobre os seis passos propostos para a
criação de paródias, entregamos novamente o diário de bordo de cada um deles
para fazerem suas anotações.
Como os participantes teriam que cantar na frente de seus colegas, foram
feitas algumas atividades que iriam romper a barreira da timidez e a descontração
tomou conta, pois todos que participaram do curso acreditam que é muito mais fácil
cantar e se expor quando nos conhecemos. Para isso, foram feitas duas atividades
que perfizeram esse papel, ou seja, antes dos participantes apresentarem as suas
paródias uns para os outros, todos os participantes tiveram que participar de um
“quebra-gelo”.
A primeira atividade apresentada foi uma atividade denominada “Só num
Elevador”. Essa atividade transcorreu da seguinte forma: todos os participantes
ficaram sentados no chão, em círculos, e um foi escolhido aleatoriamente para
começar a dinâmica. Esse participante pensa que está dentro de um elevador e a
pergunta guia é a seguinte: “O que fazemos quando estamos sozinhos em um
elevador?” Algumas pessoas podem ter atitudes um pouco estranhos, e é aí, no
momento de mostrá-las, que a descontração toma conta. Após terminar a sua
apresentação o participante escolhe outro membro do grupo para ir em seu lugar,
e a dinâmica somente acaba quando todos os participantes forem até o centro e
representarem o que fazem sozinhos quando estão no elevador.
Neste momento, as reações foram diversas, pois muitos participantes
mostraram que possuíam muito medo de usar um elevador, falando que a tensão
toma conta quando a porta do elevador se fecha. Alguns disseram que é mais fácil
117
dar aula em uma turma com dificuldades do que entrarem sozinhas e ficarem
tranquilas num elevador.
Vale lembrar que neste dia estavam presentes 36 professores. O número de
professores foi o menor de todos os dias. Porém, nesta semana do curso muitos
professores estavam envolvidos em atividades nas suas respectivas escolas, pois
estava ocorrendo a prova que mede o IDEB.
A segunda atividade denominada “Troca-troca”, consistiu em encenar uma
história que foi decidida na hora, ou seja, foram escolhidos três participantes do
curso para darem início à história, e todas as vezes que o comandante da dinâmica
utilizava a palavra “troca”, os três ficam na mesma posição em forma de estátua,
dois integrantes do curso, por vontade própria, se levantam e trocam com dois
integrantes que estavam na história, e esses dois integrantes voltavam e sentavam-
se nos lugares de quem se levantou. Toda vez que a palavra “troca” e era dita, os
elementos também deviam mudar o enredo e o ambiente da história, e assim
sucessivamente, até que todos os participantes tivessem participado.
Nesta atividade, os professores se descontraíram muito e mostraram o lado
engraçado e criativo de cada um. Alguns ainda estavam um pouco tímidos em atuar
na frente de seus colegas, porém, a maioria deles participou de forma admirável.
Sobre a tarefa de casa, esta era, além de analisar e avaliar os seis passos
citados, criar uma paródia com algum tema matemático, e que desse atenção
especial para os temas geradores que havíamos listados nos primeiros encontros.
Sendo assim, quando acabaram as atividades, os professores começaram a se
preparar para cantar as suas paródias na frente de todos os seus colegas de curso.
Antes de começar cada paródia, puderam ensaiar acompanhados por um violão,
o que deixou o clima mais animado e descontraído.
Nesta passagem, de participante por participante, ocorreram vários relatos
sobre o curso, e alguns deles chamaram a atenção, pois uma professora que se
auto declarava ser “velha”, e que dizia que não tinha o pique de um jovem para
inovar, contribuiu com um relato maravilhoso.
Neste relato (que não tinha sido solicitado em momento algum e em
nenhuma atividade), a professora comentou que nunca havia feito uma paródia, e
que para ela era maravilhoso se sentir determinada com os alunos dela, e que
118
naquela semana já havia levado duas vezes Músicas para a sala de aula, e que os
alunos haviam adorado as aulas. Porém, no mesmo relato, comentou que já tinha
tentado fazer uma paródia antes, mas não obteve sucesso na mesma.
Os seis passos facilitaram bastante a realização das paródias. Sentia bastante dificuldade para desenvolver uma paródia anteriormente, por não ter um assessoramento antes, e não ter nenhuma ajuda como tive neste curso. Foi maravilho ter os passos e também no encontro passado ter a colaboração das minhas colegas, e isso foi magnífico para uma pessoa que antes não conseguia fazer paródias.... Agora tenho base, por onde começar. (Professor 27).
Este, com certeza, foi um dos comentários mais surpreendentes de todo o
curso. Antes do curso, para nós era uma incógnita como todos os professores iriam
reagir com esta metodologia, mas relatos como o desta professora nos mostraram
que estamos no caminho certo.
A outra história contada por um professor veio juntamente com imagens. O
participante havia dito que não era professor regente, isso significava que não
lecionava as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, contudo,
havia aplicado a paródia na disciplina de História, Geografia e Artes.
Eu gostei tanto de todos os passos que desenvolvi uma paródia com meus alunos do 3º ano, relacionada com as disciplinas de História, Geografia e Artes. O tema gerador foi “O Brasil que Queremos”, então realizamos um debate sobre os direitos e deveres das pessoas, e as condições em que vivem. Escolhi a Música “Dias Melhores – do Jota Quest”, pelo fato de a letra original já possuir uma certa ligação com o tema gerador. Diante disso, eles escutaram a Música original e em seguida solicitei que criassem algumas frases sobre o tema, e assim tentamos encaixá-las, produzindo rimas, respeitando os versos e a melodia. Os alunos sugeriam os versos e a escolha era coletiva. Por fim, coloquei apenas o toque da Música e juntos cantamos nossa paródia. (Professor 15).
O participante relatou que havia utilizado a paródia e enviou fotos dos
cadernos de seus alunos com a construção da paródia. O professor comentou
ainda que, no ano de 2020, irá ser professor regente de turma, e assim poderá
garantir que suas aulas de Matemática terão paródias.
119
Figura 5: Paródias Criadas por Alunos.
Fonte: Professor 15, 2019.
Vale lembrar que o curso não havia chegado ao fim ainda e os professores
já estavam aplicando as paródias em suas salas de aula. No caso exposto acima,
a paródia se deu nas disciplinas de História e Geografia, porém nos alegra em saber
que, de certa forma, o curso surtiu algum efeito, fazendo com que professores
trabalhem com esse tipo de metodologia, não somente em Matemática, mas em
qualquer disciplina do currículo proposto.
Quando todos os professores já tinham ensaiado com o violão para
apresentar suas paródias começamos as apresentações, pedindo que os menos
tímidos dessem início. Neste instante os presentes puderam dar palpites de como
mudar, melhorar ou trocar versos para que todas as paródias ficassem da melhor
forma possível e que os alunos compreendessem melhor todos os conteúdos.
Ao término das apresentações, as paródias foram recolhidas, pois com elas
pretendemos organizar uma publicação, um Produto Educacional em formato de
documento PDF, E-Book ou algo similar, e se possível também impresso, para cada
escola do município e para cada professor que participou do curso de formação
continuada e compôs uma paródia. Pretendemos também disponibilizar na internet
gratuitamente para uso público esse material. As paródias que obtivemos estão no
Anexo da dissertação.
120
Embora não tenha passado por nenhum comitê de ética, todos os
participantes da pesquisa assinaram em duas vias um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, que encontra-se no Apêndice do trabalho, uma retida com o
pesquisador e uma entregue para o participante que havia escrito sua paródia e
deixado usar as suas respostas, tanto no ambiente NTM, bem como no diários de
bordo.
Na figura 6 mostramos os professores cantando suas paródias frete aos
outros participantes, por mais que as paródias fossem individuais, alguns dos
participantes se organizaram com os integrantes de suas escolas e apresentaram
em duplas.
Figura 6: Professoras Apresentando suas Paródias.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Depois deste dia de curso, a finalização do mesmo foi feita no NTM, com
uma tarefa EAD, a qual foi determinada da seguinte forma: após cada professor
apresentar sua paródia, os outros participantes poderiam colaborar com novas
ideias, ou o que poderia mudar, desde frases, rimas e até fazer novos encaixes,
para que as paródias ficassem finalizadas, e essas deveriam ser postadas.
Além do mais, debatemos novamente os passos e foi quase unânime a
afirmativa de que os passos são bons, flexíveis, e que realmente apresentaram o
efeito desejado. A maioria dos professores disse que não mudaria nada nos
passos, e que, se fosse o caso, só os colocaria em uma outra ordem.
Como vimos, neste encontro compareceram 36 professores, em razão de
que nesta semana estava ocorrendo a prova do IDEB em suas escolas. Contudo,
alguns professores mandaram e-mail justificando sua falta. Com disso, o curso
121
terminou com mais de 36 participantes, um número bastante significativo diante de
todas as dificuldades, como ser no período noturno, e por ser um convite para os
professores, entrevendo que estavam interessados em aprender algo novo para
levarem para suas salas de aula.
Os professores presentes assinaram um termo que poderíamos utilizar as
paródias para publicações. Assim, foi feito um agrupamento em relação ao
conteúdo principal e secundário (em sua maioria de matemática), bem como em
relação ao ano escolar que julgamos pertinente o uso da paródia. Separamos cada
paródia por número e nela foram observados o nome da mesma, o nome da Música
original, o conteúdo principal, o conteúdo secundário e o ano mais adequado para
usar cada paródia, constituindo assim o quadro 8.
Quadro 8: Análise dos Conteúdos das Paródias.
Número da
Paródia
Nome da Paródia
Nome da Música Original
Conteúdo Principal
Conteúdo Secundário
Ano Adequado
1 Aprendo os numerais
Terezinha de Jesus
Números de 0 a 9
Soma 1º ano
2 Vamos somar?
Ciranda cirandinha
Soma Propriedades da soma
1º e 2º ano
3 Vamos subtrair?
Ciranda cirandinha
Subtração Propriedades da subtração
1º e 2º ano
4 Somando Brilha, brilha
estrelinha
Adição Propriedades da soma
1º e 2º ano
5 A bela Matemática
Marcha soldado
Números Números pares
2º ano
6 Pares e ímpares
Cinco patinhos
Pares e ímpares
Números 2º ano
7 Cantando os pares e ímpares
Galinha pintadinha e o galo
carijó
Pares e ímpares
Ordem dos números
2º e 3º ano
8 Adicionar Meteoro Adição Propriedades da soma
2º e 3º ano
9 Subtração com troca de
unidades
Ursinho Pimpão
Subtração Quadro valor lugar
2º e 3º ano
10 Soma com reserva
Infarto Soma Soma com reserva
2º e 3º ano
11 Numerais Ai se eu te pego
Números Posição dos números
2º e 3º ano
12 Contar Sua cara Números Soma 2º e 3º ano
122
13 Partiu pra adição
Você partiu meu
coração
Adição Resolução de problemas
2º e 3º ano
14 Quatro operações
Dedinhos Operações Matemáticas
Quatro operações
2º, 3º e 4º ano
15 Estudar naturalmente
Deixa acontecer
Quadro valor lugar
Posição dos algarismos
A partir do 2º ano
16 Show da Matemática
Show das poderosas
Sistema de numeração
Soma A partir do 2º ano
17 Medidas de tempo
Trem das onze
Medidas de tempo
Hora A partir do 2º ano
18 Turma do fundão
Bonde do tigrão
Sistema de numeração
Unidades de medida
A partir do 2º ano
19 Horas minutos e segundos
Pelados em santos
Horas, minutos e segundos
Unidades de tempo
A partir do 2º ano
20 Sistema de numeração
Você partiu meu
coração
Sistema de numeração
Números 3º ano
21 Ciranda dos números
Ciranda cirandinha
Multiplicadores Multiplicação 3º ano
22 A divisão começou
Pombinha branca
Divisão Multiplicação 3º ano
23 Escola Balada boa Divisão Propriedades da divisão
3º ano
24 Divisões Juramento do dedinho
Divisão Propriedades da divisão
3º e 4º ano
25 Divisão não é fácil não
Pelados em santos
Divisão resto zero
Divisão exata e inexata
3º e 4º ano
26 Problemas Terezinha de Jesus
Situação problema
Adição e subtração
4º ano
27 Matemática é bom
Xibom bom bom
Adição Dezena e unidades de
medida
4º ano
28 Conteúdos matemáticos
Já sei namorar
Operações Matemáticas
Adição, subtração,
multiplicação, divisão e
fração
4º e 5º ano
29 Figuras geométricas
Grades do meu
coração
Figuras geométricas
Característica das figuras
4º e 5º ano
30 Unidades de medida
Pra ver se cola
Unidades de medida
Centímetro, milímetro,
quilograma, grama
4º e 5º ano
31 Situação problema
O grave bater
Solução de situação problema
Interpretação da situação problema
4º e 5º ano
32 Fração Pesadão Fração Propriedades da fração
5º ano
123
33 Divisão de fração
Some que ele vem
atrás
Divisão de fração
Multiplicação de fração
5º ano
34 Estudar Matemática
Ai se eu te pego
Estudar Matemática
Incentivo Livre
35 Meses do ano
Sorte grande
Meses do ano Medidas de tempo
Livre
36 Dias da semana
Ciumeira Dias da semana
Medidas de tempo
Livre
Quanto às paródias, o número delas foi expressivo, assim como o nível de
qualidade e de empenho foi surpreende. Os professores apontaram poucos erros
e poucas considerações nas paródias. As paródias finalizadas (ver Anexo), com
certeza os professores poderão utilizar em suas aulas, sendo que, ao final do dia
de curso, muitos participantes perguntaram quando iria sair a publicação das
paródias para poderem ter todas.
Já o curso foi de grande aprendizado, não somente para os participantes,
mas também para nós, que pudemos participar desse processo de criação, que não
foi fácil durante todo esse período, pois trabalhar com tantos professores, que
possuem idades, experiências e opiniões diversas, levando em conta que poucos
se conheciam, e fazer com que participassem, interagissem, trabalhassem juntos e
individualmente, e se expressassem, isso foi intenso e incrível. Agora é grande a
satisfação, pois estudamos e fizemos paródias que podem ajudar no processo de
ensino e aprendizagem não só de Matemática, mas de outras disciplinas.
Figura 7: Último Dia de Formação.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
124
7 CONCLUSÕES
O início do Ensino Fundamental é uma fase em que a criança se encontra
em processo de descobertas essenciais para seu desenvolvimento, tanto na área
cognitiva como na corporal. E a Matemática faz parte do currículo escolar desde as
séries iniciais. Então, utilizar a música como ferramenta para conhecer e provocar
estímulos como atenção, ritmo, tempo, espaço, dentre outros, é uma forma de
ensinar e aprender Matemática já nos primeiros anos escolares.
Percebemos, no decurso da realização deste estudo, que a Matemática e a
Música possuem laços estreitos, e com isso buscamos aspectos favoráveis para o
ensino da primeira. Por isso, pensamos em como poderíamos juntar estas duas
ciências – Matemática e Música – de forma que fossem adaptadas para o dia a dia
escolar, considerando as diversidades que encontramos dentro de uma sala de
aula. Assim, pensamos em uma metodologia diferenciada, como a criação de
paródias pelo professor, para que a aula se torne mais dinâmica e que os alunos
possam interagir durante as aulas de Matemática, abordando, desmistificando e
desconstruindo a ideia de ser esta uma disciplina chata, tediosa e difícil.
Para tanto, almejamos responder à questão que orientou esta pesquisa, ou
seja, “O que manifestam professores dos anos iniciais, participantes de um curso
de formação continuada, sobre o uso e a criação de paródias como apoio
pedagógico nas aulas de Matemática no Ensino Fundamental?”. Para tal,
percorremos um caminho de discussões, pesquisas e trabalhos com os professores
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de Foz do Iguaçu/PR.
Nesta perspectiva, primeiramente fizemos um aporte sobre formação de
professores, de como se deu a criação dos cursos de formação inicial no Brasil,
mostrando as transformações ocorridas. Procuramos entender também como foi o
processo de formação de professores na cidade de Foz do Iguaçu/PR, que passou
por diversas gestões, até chegarmos no modelo que temos atualmente, auferindo
assim os maiores anseios e os maiores problemas enfrentados.
Surgiu então a curiosidade e o interesse de saber que papel a Música pode
exercer na disciplina de Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Analisando alguns documentos que regem a educação, percebemos que a Música
125
não é citada no conteúdo de Matemática. Ainda, pelas leituras de documentos que
relacionam a Música à aprendizagem, notamos que ela pode ter uma influência
muito positiva na vida da criança, contribuindo no desenvolvimento cognitivo,
psicológico, desenvolvimento motor e, até mesmo, no desenvolvimento de novas
amizades e de expressão.
Quando falamos de Música, e queremos que isso seja corriqueiro em nossas
salas de aula, é interessante aprender um pouco sobre cada componente dela, ou
seja, não queremos que professores saiam de suas graduações sendo professores
de Música, mas que tenham uma noção básica. Por isso, fizemos um apanhado
sobre a composição da Música, onde foi explicitado alguns conceitos como timbre,
duração, melodia, entre outros. Daí definimos o que é uma paródia e como alguns
professores utilizaram a mesma em suas salas de aula.
Importante destacar que raramente encontramos paródias voltadas aos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental envolvendo conteúdos de Matemática.
Existem diversas paródias disponíveis na internet, porém enfocando outras
disciplinas que compõem o currículo ou voltadas para os Anos Finais do Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.
A metodologia utilizada na pesquisa teve inspiração na Pesquisa-Ação, onde
o processo de construção do conhecimento não gira em torno somente do
pesquisador, mas de todos os envolvidos. Assim, embasados nessa metodologia,
oferecemos um curso de formação de professores. Nosso objetivo principal foi levar
a musicalidade para as salas de aula estreitando os laços entre a Matemática e a
Música. Apresentamos a metodologia com paródias e antes mesmo de concluirmos
a formação já tínhamos participantes aplicando-a em suas salas de aula.
O curso de formação de professores se deu entre os meses de agosto e
novembro, com carga horária de 40 (quarenta), horas sendo elas 20 (vinte) horas
presenciais e 20 (vinte) horas onde os professores teriam tarefas para serem
realizadas em casa, onde analisamos maneiras de utilizar a Música, e as paródias
propriamente ditas, durante as aulas de Matemática. Estabelecemos, assim, seis
passos que os professores poderiam seguir para a criação das paródias. Vale
lembrar que esses passos foram criados a partir de experiências vivenciadas em
sala de aula e por experiências musicais.
126
Durante todo o curso incentivamos os participantes a criarem suas próprias
paródias, colocando a sua criatividade em ação, visto que muitos dos participantes
ali presentes nunca haviam tido contato com esse tipo de metodologia, ou que
nunca haviam criado uma paródia. Alguns participantes nos relataram que este
processo foi um pouco difícil, pois não estavam habituados com tal metodologia,
porém, com o tempo, isso iria ser mais natural.
O curso foi configurado em 5 (cinco) encontros presenciais com duração de
4 (quatro) horas cada, totalizando 20 (vinte) horas, as outras 20 (vinte) horas foram
divididas entre um encontro e outro dispostas como tarefas de casa para os
participantes. No primeiro dia fizemos uma pesquisa para conhecermos o público
com o qual estávamos trabalhando, e também foi feita uma atividade integrativa,
onde os professores ouviram uma Música e descreveram sentimentos,
primeiramente sozinhos, e depois com intervenções do pesquisador. Com a
dinâmica debatemos a mudança de sentimentos provocada pela Música.
No segundo encontro fizemos uma roda de conversa para sabermos quais
eram as maiores dificuldades dos professores, bem como as maiores dificuldades
dos alunos. O clima foi muito respeitoso e de ajuda mútua, pois ao surgir algum
tema, todos debatiam formas de melhorar a qualidade da própria aula. Neste dia
surgiram alguns temas geradores, os quais foram debatidos no terceiro encontro.
Na terceira reunião, tiramos dúvidas sobre os temas e demos sugestões de
atividades e de como conduzir a aula para que os alunos pudessem assimilar os
conteúdos matemáticos da melhor forma possível. Por fim, mostramos algumas
paródias matemáticas feitas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
No quarto dia apresentamos seis passos para a criação de uma paródia, em
que queríamos constatar a sua utilidade na criação das mesmas. A partir da
explicação, os professores se reuniram em grupos, haja vista que muitos nunca
haviam criado uma paródia, trabalho que em grupo pode ser facilitado. Ao fim desta
atividade os grupos foram à frente dos outros participantes e apresentaram as
paródias criadas.
No último dia de curso os professores levaram e apresentaram as suas
paródias para todos os participantes. Foram debatidos os passos para a criação de
paródias para sabermos se algum precisaria mudar, porém, chegamos ao
127
consenso de que os seis passos são adequados e que podem ser adaptados
conforme a demanda e a necessidade de cada professor.
Ao término do curso tivemos um total de 36 (trinta e seis) paródias criadas
pelos professores. Todas foram criações próprias e passaram por correções para
que não carregassem erros matemáticos. Com isso, podemos perceber que os
participantes se entregaram integralmente, pois em todos os momentos que foram
solicitados, os mesmos participaram. Nesta altura dos trabalhos tivemos a certeza
de que estes professores estão sempre buscando aprender, principalmente para
melhor ensinar a disciplina de Matemática, pois grande parte deles nos pediu que
déssemos outro curso do mesmo estilo, já que eles gostaram do que foi realizado.
Com essas considerações e com tudo que ensinamos e aprendemos
durante o curso de formação, umas das principais foi a de analisar alguns métodos
de ensino quando empregamos a Música, tendo como conclusão que as paródias
podem ser estabelecidas no começo do conteúdo, para uma maior interação,
utilizadas com o decorrer do conteúdo para a descontração dos alunos e podendo
servir, por fim, na conclusão dos conteúdos, para a fixação das fórmulas e dos
métodos.
Também conseguimos estabelecer um roteiro para a criação de paródias, o
qual contém seis passos, criados e elaborados pelos pesquisadores e certificado e
aprovado pelos professores participantes da formação. Essa aprovação foi feita
através de debates e de relatos escritos dos mesmos.
Com os seis passos aprovados, estimulamos os professores a fazerem suas
próprias composições, inicialmente confeccionaram uma paródia em grupo e sem
ter a obrigatoriedade de ser com algum conteúdo matemático, devido o ambiente
que estávamos não propiciar condições, já que necessitávamos de internet para
pesquisas e não tínhamos esse acesso. Entretanto, dividimos em grupos com seis
pessoas, tentando manter sempre alguém que já havia feito uma paródia com
professores que nunca haviam feito.
Essa atividade fez com que muitos participantes que não haviam tido contato
ainda com a construção de paródias pudessem ao menos se familiarizar, pois a
tarefa de casa deles foi a criação de uma paródia individual com conteúdo
128
matemático. O conteúdo da mesma seria a que eles mais sentissem necessidade
que tivesse para uma aula diferenciada.
O resultado das criações dos professores chegou a um total de 36 (trinta e
seis) paródias, as quais foram divididas por nível de escolaridade seguindo sempre
o currículo da AMOP. Essas paródias criadas pelos professores, podem auxiliar
outros que queiram realizar uma aula diferenciada com o auxílio da Música, mais
propriamente dito com o uso das paródias.
Como saldo, ao final do curso, organizamos um Produto Educacional (em
anexo) com as paródias construídas pelos professores participantes, a partir das
peculiaridades e temas próprios das suas realidades, o qual pode ser utilizado nas
aulas. Muitos professores pediram para que organizássemos as paródias, porque
as utilizariam em suas aulas e que, quando o trabalho ficasse pronto, eles
gostariam de ter uma versão. Asseguramos, portanto, que é possível trabalhar com
a Matemática e Música, interagindo com os alunos e ajudando-os no processo de
ensino e aprendizagem.
As análises dos dados dos professores foram feitas a partir da inspiração da
Análise Textual Discursiva. Já para as paródias, fizemos um agrupamento, onde
construímos um quadro separando cada conteúdo proposto nas paródias. Esse
quadro nos dá uma visão geral sobre qual o tema, o conteúdo principal e o conteúdo
secundário e liga-se à análise juntamente com o currículo da AMOP, onde os
conteúdos estão divididos por anos de atuação.
Em todo o processo, do início até o fim, pensamos integralmente em um
curso que fosse atrativo e que os participantes interagissem, sem perder de vista a
Matemática, as leis que regem o Ensino Fundamental e a real importância da
Música e das paródias em sala de aula, e estes desígnios conseguimos alcançar.
Temos como possibilidades futuras o acompanhamento destes professores
que participaram do curso de formação para verificarmos se estão utilizando essa
metodologia diferenciada como um apoio pedagógico em suas salas de aula,
podendo até mesmo constatar se ocorreram ou não avanços com os alunos durante
as aulas de Matemática. Podemos pensar igualmente em pesquisas voltadas para
seus estudantes, para saber se, na visão dos mesmos, a utilização de paródias
auxilia em seu processo de aprendizagem.
129
Neste ponto dos estudos, uma ideia nos intriga e que poderá ser mais uma
fonte de pesquisa, é se a Música, por meio das paródias, pode auxiliar, de alguma
forma, o ensino de Matemática de alunos com deficiências.
Outra oportunidade de pesquisa seria a melhoria dos passos para a criação
das paródias, onde o pesquisador poderá validar outros, diminuir ou acrescentar
passos, além dos seis expostos nesta dissertação. Além disso, criar um canal no
YouTube, ou qualquer outro meio para a divulgação deste material. Em outro
instante, temos a oportunidade fazer uma análise nas letras das paródias, utilizando
a teoria de Laurence Bardin.
Além disso, podemos trabalhar a criatividade com a criação de paródias
feitas pelos alunos na escola, incentivando a criação feita por eles, para que mais
pessoas possam ser introduzidas no mundo das paródias.
Assim, findamos este trabalho com a certeza de que Matemática e Música
se completam, e que é possível desenvolver metodologias diferenciadas com as
duas ferramentas e contribuir para o ensino e a aprendizagem de ambas, para que
os alunos possam internalizar conhecimentos e fazer uso dos mesmos para facilitar
a sua vida. Da mesma forma, acreditamos também ter colaborado com
pesquisadores e professores em seus trabalhos.
130
REFERÊNCIAS ABDOUNUR, O. J. Matemática e Música: o pensamento analógico na construção de significados. 2. ed. São Paulo: Escrituras, 2002. ALAVARCE, C. S. A Ironia e suas Refrações: um estudo sobre a dissonância na paródia e no riso. 1 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. ALVES, F. C. Diário: contributo para o desenvolvimento profissional dos professores e estudo dos seus dilemas. Millenium, n. 29, p. 222-239, dez. 2004. AMOP. Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação. Currículo Básico para a Escola Pública Municipal: Educação Infantil e Ensino Fundamental (Anos Iniciais). 3. ed. Cascavel: AMOP, 2015. ANDRETTI, F. L.; LÜBECK, M. Matemática E Música: Uma Proposta De Ensino Para Os Anos Iniciais, 2019. Anais do II Congresso Internacional De Ensino Conien. Tema: Formação de Professores. Cornélio Procópio/PR. Disponível em <http://eventos.uenp.edu.br/conien/wp-content/uploads/2017/04/8.-FormacaoProfessores.pdf>. Acesso em: 15/02/2020. AZEVEDO, Cleomar. As Emoções no Processo de Alfabetização e a Atuação Docente. 1ª Ed. São Paulo: Vetor, 2003. BAKHTIN, M. Problemas da Poética de Dostoïevski. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense, 1981. BARBIER, R. A Pesquisa-Ação. 1 ed. Brasília: Plano, 2002. BARBOSA, M. H. S. A Paródia no Pensamento de Mikhail Bakhtin. VYDIA, v. 35, p. 55-62, 2001. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2010. BERTINI, L. F.; MORAIS, R. dos S.; VALENTE, W. R. A Matemática a Ensinar e a Matemática para Ensinar: novos estudos sobre a formação de professores. 1. ed. São Paulo: Livraria da Física, 2017. BERTONI, M. dos S. Saberes de uma Prática Inovadora: investigação com egressos de um curso de Licenciatura Plena em Matemática. 2005. 307 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005. BETTIO, M. A. de. Paródia. Disponível em: <http://www.infoescola.com/generos-literários/parodia>. Acesso em: 24/04/2019.
131
BRASIL. Lei Federal Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 2000. Art. 47, Lei de direitos autorais. Disponível em: < https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10625049/artigo-47-da-lei-n-9610-de-19-de-fevereiro-de-1998?ref=serp-featured> . Acesso 10/04/2019 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEF, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf> acesso 20/07/2019 BRASIL. Ministério da Educação. Leis de diretrizes e bases da educação nacional. MEC, 2017. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf> acesso 25/07/2019. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> acesso 25/07/2019 BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998a. BRÉSCIA, V. L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo. Átomo, 2003. CAPES. Universidade Aberta do Brasil (UAB). 2005. Disponível em: <http://uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=61:decreto-no-5622-19122006-decreto&catid=14:decretos&Itemid=44>. Acesso em: 08/08/2019. CAVALCANTE, V. S.; LINS, A. F. Musicalizando o Currículo: uma proposta de ensino e aprendizagem da Matemática. Espaço do Currículo, v. 3, n. 1, p. 363-379, mar./set. 2010. COSTA, C.; BERNARDINO, J.; QUEEN, M. Música: entenda porque a disciplina se tornou obrigatória na escola. 2013. Disponível em: <https://culturaeexpressao.blogspot.com/2013/10/musica-entenda-porque-disciplina-se.html>. Acesso em: 21/12/2018. CRUZ, W. J.; KOPKE, R. K. M. Matemática In Concert Metodologia Lúdica de Ensino. Disponível em: <http://www.lematec.net/CDS/ENEM10/artigos/RE/T22_ RE359.pdf>. Acesso em: 10/09/2017. DUARTE, V. M. do N. Paródia e Paráfrase: exemplos de intertextualidade. Disponível em: <http://www.portugues.com.br/redacao/parodiaparafraseexemplo intertextualidade.html>. Acesso em: 24/04/2019. ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Educar, Curitiba, n. 16, p. 181-191. 2000.
132
FARIA, M. N. A Música, Fator Importante na Aprendizagem. Assis chateaubriand/PR, 2001. 40 f. Monografia (Especialização em Psicopedagogia) – Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense – CTESOP/CAEDRHS. FÁVERO, L. L. Paródia e Dialogismo. In: BARROS, D. L. P. de; FIORIN, J. L. (Org.).Dialogismo, Polifonia e Intertextualidade: em torno de Bakhtin . São Paulo: USP, 1994, p. 49-61. FIGUEIREDO, S. L. F. A preparação musical de professores generalistas no Brasil. Revista da ABEM, v. 11, p. 55-62. Porto Alegre, 2004. FELICIANO, S. Z. A Música na Educação Infantil. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia). Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins, 2012.
FÉLIX, G. F. R.; SANTANA, R. G. S.; JUNIOR, W. O. Cairu, v. 15, n. 4, p. 17-28, jul./ago. 2014. FERREIRA, M. Como Usar a Música na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2002. FOZ DO IGUAÇU. Leis Municipais. Decreto n° 17.840, 22 de agosto de 2007. Disponível em: < http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/form_vig.pl >. Acesso em: 20/01/2019. FRANCO, M. A. S. Pedagogia da Pesquisa-Ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez. 2005. FREITAS, A. M., TREVISO, C. T. A Música na Educação Infantil. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro/SP, 3 (1), p. 268-286, 2016. FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. 57. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2009. FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 1. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 66. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018. GAINZA, V. H. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 2. ed. São Paulo: ATLAS, 1996.
133
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: ATLAS, 2002. GODOI, L. R. A Importância da Música na Educação Infantil. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011. GOHN, M. da G.; STAVRACAS, I. O Papel da Música na Educação Infantil. EccoS, v. 12, n. 2, jul./dez., 2010, pp. 85-103. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1997. GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. 2000. 224 f. Tese de Doutorado em Educação – Faculdade de Educação. Universidade de Campinas, Campinas, São Paulo. GRIZON. L. Entrevista concedida no dia 05/11/2012. Assunto: Políticas de formação de professores implementadas no período de 1993-1997 e 2001-2005, períodos em que foi Secretária da Educação do Município de Foz do Iguaçu/PR. GONÇALVES, M. I. D. A Música, uma Alternativa da Educação na Reconquista do Homem. Brasília: Ed. Especial, 1996. IMPERADOR, C. Matemática e Literatura Infantil: uma nova e possível abordagem. Disponível em: <http://www.sinprosp.org.br/congresso_matematica/ revendo/dados/files/textos/Relatos/MATEM%C3%81TICA%20E%20LITERATURA%20INFANTIL_%20UMA%20NOVA%20E%20POSS%C3%8DVEL%20ABORDA.pdf>. Acesso em: 10/09/2019. KIEFER, B. Elementos de Linguagem Musical. 2. ed. Porto Alegre: Movimento, 1979. LAPA, L. D. P. A ludicidade como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem da Matemática. Passeando por Brasília e aprendendo geometria. Experiências numa escola da periferia do Distrito Federal. 2017. 98 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal. LIMA, C. da S., MARA, L. M. A Importância da Música no Processo de Aprendizagem. Ciência Atual, v. 1, n. 1, p. 97-10, Rio de Janeiro, 2013. LIMA, V. M. M. Formação do Professor Polivalente e os Saberes Docentes: um estudo a partir de escolas públicas. 2007. Tese (Doutorado em Educação) – USP, São Paulo, 2007. LOUREIRO, A. M. A. O Ensino de Música na Escola Fundamental. Campinas, SP: Papirus, 2003.
134
LOUREIRO, A. M. A. O Ensino da Música na Escola Fundamental: Dilemas e Perspectivas. Educação, v. 28, n. 1, p. 101-112, 2003. LÜBECK, M.; ANDRETTI, F. L.; KLEHN, W. L. Enfrentando a indisciplina em sala de aula Anais do V SHIAM - Seminário Nacional De Histórias E Investigações De/Em Aulas De Matemática. Campinas, 2015. Disponível em < https://www.cempem.fe.unicamp.br/sites/www.cempem.fe.unicamp.br/files/anais_shiam-v1.expfor.pdf>. Acesso em: 15/02/2020. LÜBECK, M.; ANDRETTI, F. L.; KLEHN, W. L. Enfrentando a disciplina nas salas de apoio à aprendizagem. In: SOUZA, J. R. et al. O PIBID e a formação de professores e matemática, pedagogia e letras: ações e concepções 1. ed. rev. Porto Alegre: Evangraf/UNIOESTE, 2016, p. 23-34. MACHADO, L. A. R. A Paródia como Objeto de Aprendizagem. 2015. Trabalho de conclusão de curso (Especialista em Mídias na Educação). Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. MARCELO, C. A identidade docente: constantes e desafios. Revista Brasileira de pesquisa sobre formação docente, v. 1, n.1, p. 109-131, ago/dez. 2009 MARQUEZ, R. G.; VAIANO, A. Z.; OLIVEIRA, R. A Matemática no Universo da Música. EIXO, v. 3, n. 1, p. 61-65, jan./jun. 2014. MATOS, D. de V. A Formação do Professor que Ensina Matemática nos Anos Iniciais: uma análise dos conhecimentos legitimados pelo MEC e sua operacionalização na prática. Dissertação de Mestrado (Educação em Ciências e Matemática). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. MAZZI, M. G. C. Intertextualidade e Paródia. Revista Araticum, v. 3 n. 1, p. 23-41, 2011. MENDONÇA, S. R. P. Matemática e Música: cantando também se aprende. Disponível em: <http://www.gente.eti.br/lematec/CDS/ENEM10/artigos/RE/T13_ RE469.pdf >. Acesso em: 10/10/2019. MENDONÇA, S. R. P. A Matemática nas Turmas de Proeja: o lúdico como facilitador da aprendizagem. HOLOS, v. 3, p. 136-149, 2010. MIZUKAMI, M. da G. N. Aprendizagem da Docência: algumas contribuições de L. S. Shulman. Revista Educação, Santa Maria, v. 29, n. 2, p. 1-11, 2004. MONTEIRO, T.; ILARI, B. Pedagogias em Educação Musical. 1. ed. Curitiba: IBPEX, 2011.
135
MORAES, J. G. V. de. História e Música: canção popular e conhecimento histórico. Revista Brasileira de História, v. 20, n. 39, p. 203-221, ano 2000. MORAES, R; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação, Bauru, v. 12, n. 1, p. 117-128, 2006. MOREIRA, A. C., SANTOS, H., COELHO, I. S. A Música na sala de aula – a Música como recurso didático. UNISANTA Humanitas, v. 3, n. 1, p. 41-61, 2014. NACARATO, A. M.; MENGALI, B. L. da S.; PASSOS, C. L. B. A Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. PASINI, J. F. S. Políticas de Formação de Professores no Município de Foz do Iguaçu – PR. Dissertação de Mestrado (Sociedade, Estado e Educação). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Cascavel, 2012. PEREIRA, M. do C. Matemática e Música de Pitágoras aos dias de hoje. Trabalho de Conclusão de Curso (PROFMAT da UNIRIO). Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013. RODRIGUES, M. F. E assim a Música Caminhou pelo Brasil. Revista Mosaico, v. 9, n. 2, p. 32-34, jul./dez. 2018. MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999. SADIE, S. (Ed.). Dicionário Grove de Música: edição concisa. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. SANTOS, F. M. dos. Análise de Conteúdo: a visão de Laurence Bardin. Revista Eletrônica de Educação, v.6, n. 1, p.383-387, mai. 2012. SANTOS, J. A. dos. Estratégias de Leitura, Paródia e Sequência Didática. RECIAL, v. 9, n. 13, jun. 2018. SANTOS, M. R. Formação Continuada de Professores na Tríplice Fronteira. Dissertação do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Estado do Paraná. Foz do Iguaçu, 2017. SAVIANI, D. Formação de Professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 40, p. 143-155, jan./dez. 2009. SHULMAN, I. Renewing the Pedagogy of Teacher Education: the impact of subject specific conceptions of teaching. Santiago de Compostela. 1992.
136
Disponível em < https://www.revistaacademicaonline.com/products/o-papel-pedagogico-do-gestor-no-combate-a-evasao-e-repetencia-escolar1/> acesso em: 25/02/2020. SILVA, A. C. Literatura Infantil e a Formação de Conceitos Matemáticos em Crianças Pequenas. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/ revista/index.php/cec/article/viewFile/732/520>. Acesso em: 15/10/2019. STAMBERG, C. S.; STOCHERO, A. D. Concepções de uma metodologia de ensino em matemática fundamentada na utilização de jogos e de materiais concretos no Ensino Médio. Revista Eletrônica da Matemática, v. 2, n. 1, p. 155-166, 2016. TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 2. ed. São Paulo: Cortez. 1986. THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011. VASCONCELOS, M. L.; BRITO, R. H. P. Conceitos de Educação em Paulo Freire. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes/São Paulo: Mack Pesquisa, 2014. ZABALZA, M. A. Diários de Aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed. 2004. ZAGONEL, B. Brincando com Música na Sala de Aula. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
137
APÊNDICE
A - Conceitos sobre a Música
Fazendo um apanhado geral sobre os componentes básicos da Música,
podemos dizer que alguns deles são facilmente encontrados no dia a dia, como,
por exemplo, a melodia do canto de um pássaro e na movimentação das árvores
com o vento, o assovio quando nos lembramos de uma canção, ou mesmo quando
sentimos o ritmo de uma caminhada e a sensação agradável de ouvir algo que te
faça ficar calmo e tranquilo.
A Música faz parte de nossa vida, mesmo para as pessoas que não tocam
nenhum instrumento musical. A maioria das pessoas são apreciadoras de Música,
de vários estilos, uns gostam das mais calmas, outros das agitadas; tem tipo de
Música para todos os gostos. Para aqueles que tocam um instrumento,
profissionalmente ou não, a Música é inexplicavelmente algo tão natural, algo que
acalma, que faz ficar melhor, sem contar que é uma atividade muito apassivadora.
A Música é composta por sons, o que está ligado à sensação e ao sentido
da audição. O som é transmitido através de algo material e com ondas e atinge a
nossa audição. Quando isso acontece o som produz vibrações na membrana do
ouvido e, consequentemente, há uma resposta nervosa, constituindo o processo
chamado de audição.
A parte da Física que se preocupa com os métodos de geração, recepção
e propagação do som se chama acústica. Uma noção básica sobre os métodos de
geração de som é que os corpos em vibração produzem sons e este se propaga
em meios materiais, incluindo fluídos, e isso faz com que possamos ouvir até
mesmo quando estamos submersos.
Na escrita de uma Música, um compositor combina diversos elementos
musicais, tais como: melodia, ritmo, duração, intensidade, timbre, harmonia e
intervalo. Além disso, numa Música, as notas exprimem os sons e as pausas
servem para determinar os silêncios correspondentes, isto é, onde não há emissão
de som. O intervalo de tempo durante o qual o som é emitido pode ser entendido
como sendo o valor da nota. Analogamente, o valor da pausa corresponde ao
intervalo de tempo durante o qual haverá silêncio.
138
O pentagrama (ou pauta) é o conjunto de cinco linhas paralelas e
horizontais que é usado para escrever as notas musicais e, também, descrever a
altura do som. O símbolo que acompanha um pentagrama no início é chamado de
clave. Uma clave serve para dar nome e altura à nota. Mudando a clave no início
do pentagrama, muda-se o nome da nota. Existem três claves principais: a clave
de SOL, a clave de DÓ e a clave do FÁ. Na figura 8 vemos os desenhos delas.
Figura 8: Claves Musicais.
Fonte: <https://musicalleizer.com.br/clave-musical-assim-voce-aprende/>. Acesso em: 03/08/2019.
Instrumentos de sons agudos, como violino, flauta, violão e clarinete, por
exemplo, utilizam a clave de SOL para a leitura das notas. A viola é um dos poucos
instrumentos que utiliza a clave de DÓ. A clave FÁ aparece apenas para
instrumentos de sons graves, como violoncelo, trombone, tuba e contrabaixo.
Podemos ver na figura 9 o pentagrama, as claves e notas musicais.
Figura 9: Pentagrama, Claves e Notas.
Fonte: <https://consultamusical.wordpress.com/category/informacoes/pauta-notas-claves-e-linhas-suplementares/>. Acesso em: 03/08/2019.
Quando temos vários pentagramas, como se fossem linhas em uma folha
de caderno, temos uma partitura. Notação que permanece a mesma praticamente
desde o século XVI e é capaz de indicar que várias notas sejam postas para vários
139
instrumentos, simultaneamente. A figura 10 mostra, em notação atual, o nome das
notas e as pausas correspondentes. Mostra ainda que cada nota ou pausa vale
metade da anterior ou o dobro da seguinte.
Figura 10: Figuras de Som e de Pausa.
Fonte: <https://blog.opus3ensinomusical.com.br/ler-partitura/>. Acesso em: 03/08/2019.
A partir daí, começamos a entender os tempos das notas e suas pausas,
respectivamente. Deduziremos, evidentemente, que a nota mínima é metade de
uma semibreve e o dobro de uma semínima; uma fusa é o dobro de uma semifusa
e a metade de uma semicolcheia.
Já a melodia possui um significado difícil de ser expressado. Talvez seja o
elemento principal de uma peça musical. Sadie (1994, p. 592) define melodia como:
Uma série de notas musicais dispostas em sucessão, num determinado padrão rítmico, para formar uma unidade identificável. A melodia é um fenômeno humano universal que remonta a pré-história; em suas origens, serviram-lhe de modelo a linguagem, o canto dos pássaros e outros sons dos animais, bem como o choro e as brincadeiras infantis.
É claro que, naturalmente, usamos a palavra melodia num sentido muito
amplo. Até mesmo uma simples nota pode ser ouvida como uma frase (melodia).
Uma das principais características da melodia é a variação de altura das
notas. No contexto musical, altura refere-se a caracterização entre a diferença de
140
um som pelo outro. Neste ponto, não devemos confundir altura com intensidade do
som, ou seja, som com intensidade alta ou baixa.
Toda melodia é caracterizada por ondulações, ou seja, por um movimento de ascensão e descenso. Este movimento possui ritmo. [...]. Numa linha melódica os sons podem ter durações diferentes; podem ter intensidades diferentes. Mas, além disto, há um ritmo decorrente das ondulações. (KIEFER, 1979, p. 25).
Pode-se dizer, então, que o aspecto da melodia é a “cantabilidade”, ou seja,
algo que pode ser cantado, esta influenciada, entre outras coisas, pelo ritmo. De
acordo com Kiefer (1979, p. 23), “a palavra ritmo, em grego rhythmos designa
‘aquilo que flui, aquilo que se move’”. O ritmo está associado a duas ideias
importantes: a de medida e a de movimento compassado. Do ponto de vista
musical, haverá uma batida regular ou uma pulsação. Esta batida servirá de
referência ao ouvido para medir o ritmo da Música. Na percepção do ritmo em uma
Música, constatamos o aparecimento de fragmentos mais longos, outros mais
curtos, ou iguais, por exemplo.
Entretanto, há outra ideia que vem junto ao ritmo: a de ordem. As
descontinuidades entre um som longo ou um som curto podem provocar desordem
e uma sensação de confusão. De fato, quando falamos em ritmo, estamos supondo
sempre que há uma determinada ordenação dos sons ou batidas, o que implica na
ideia inicial de ordem. Portanto, ritmo é a distribuição dos sons e silêncios nos
tempos.
Quando nos referimos ao ritmo musical, os fatores que o geram são
duração e intensidade dos sons. Estes, por sua vez, aparecem conjugados. Para
que o conceito de duração seja assimilado, vamos supor o seguinte: de início,
temos um determinado instrumento emitindo um som contínuo, no qual não há
variações de nenhuma espécie. Em seguida, praticamos nesse som cortes com
durações desiguais e ordenadas. Logo, temos um ritmo. Quando medimos os
valores mais longos e os mais curtos, percebemos que estamos contando os sons.
Em Música, chamamos esta ideia de contar notas. Por exemplo, a sílaba Dó-ó-ó-ó,
indica a pronuncia de uma nota Dó em 4 tempos. Assim, estamos contando a nota
Dó.
141
Na escrita musical, aparecem alguns símbolos para orientar a intensidade
com que os sons devem ser tocados, tais como: Cresc., que serve para indicar o
aumento do som. Sforzando, que serve para indicar o reforço do som. PP que
significa pianíssimo e indica que o músico deve tocar a nota com muita suavidade.
Inúmeros outros símbolos e abreviaturas podem ser exemplificadas, mas estes
foram usados apenas para ajudar na compreensão do conceito de intensidade.
Assim, a intensidade é a força relativa de um som em relação aos outros sons que
existem no ritmo.
A característica do som que cada instrumento nos fornece para podermos
distingui-lo dos demais é chamada de timbre. Por exemplo, a sonoridade de um
trompete é diferente da sonoridade de um violino e o som que um violoncelo emite
é diferente do som emitido por um cavaquinho.
Dois sons musicais de mesma intensidade e altura ainda podem diferir por outra qualidade, que chamamos de timbre do som. Assim, nossos ouvidos distinguem claramente a diferença entre a mesma nota Lá emitida por um piano, violino, flauta ou pela voz humana, por exemplo. O timbre representa uma espécie de coloração do som. (KIEFER, 1979, p. 23).
Portanto, o timbre é a qualidade dos sons, é o que diferencia a mesma
altura tocada em dois instrumentos diferentes.
Quando duas ou mais notas são tocadas sucessivamente, temos uma
melodia. Um acorde ocorre quando três ou mais notas, distintas, soam juntas. Se
tivermos apenas duas notas distintas e simultâneas soando juntas, temos um
intervalo harmônico. Numa obra musical, é comum o uso de acordes, assim é
importante saber quais notas e quantas delas podem soar, simultaneamente, a fim
de gerar consonâncias, ou dissonâncias. É importante também saber de que
maneira estes acordes devem ser postos em sequência, para assim acompanhar
melodias, temas, controlar a relação entre vozes principais e secundárias.
Bennett (1986, p. 11) classifica os acordes de dois tipos: “consonantes, nos
quais as notas concordam umas com as outras, e dissonantes, nos quais as notas
dissonam em maior ou menor grau, trazendo o elemento de tensão à frase musical.”
A harmonia, que teve concepções diversas ao longa da história, nada mais
é que a concordância ou combinação de vários sons simultâneos, ou seja, sons
executados ao mesmo tempo, ou de acordes que são agradáveis ao ouvido. Vale
142
destacar que, em diferentes períodos da Música Ocidental, o conceito de harmonia
era tratada segundo as regras estabelecidas durante o período em que o
compositor estava inserido.
A harmonia durante o período Clássico e durante a Música do Século XX
era tratada de maneira diferente uma da outra. Por exemplo, nota-se a diferença
entre a harmonia construída na Sinfonia de Mozart e de Igor Stravinsky. Essas
diferenças são notadas na melodia, onde existe uma grande diferença de altura e
uma dissonância radical.
Já um intervalo musical pode ser entendido como sendo a distância entre
dois sons (ou notas) diferentes. Quando essas duas notas diferentes são tocadas
simultaneamente, elas se fundem em uma, porém não perdem suas identidades
próprias. O som resultante dessa combinação é chamado intervalo. Os intervalos
podem ser divididos em intervalo harmônico e intervalo melódico.
Vimos que a harmonia é a combinação simultânea de sons, e que quando
soam ao mesmo tempo podem ser percebidos como consonantes ou dissonantes.
Um intervalo harmônico é aquele em que as notas são tocadas simultaneamente.
Assim, será entendido como altura entre as notas, ou seja, a altura que uma nota
dista da outra, definindo assim um intervalo harmônico.
Segundo Sadie (1994, p. 460):
Os intervalos são descritos de acordo com o número de graus que abrangem numa escala diatônica, contados de uma forma inclusiva, de dó até ré, ou descendo até si, é um intervalo de 2º, de dó até mi, ou descendo até lá, um intervalo de terça etc.
Quando estudamos melodia, vemos que ela é a execução sucessiva de
sons, ou seja, uma sequência em que estes são tocados, um após o outro. Um
intervalo melódico é formado quando os sons são executados sucessivamente.
Com isso, observamos que a Música se concretiza através de elementos
relativamente simples, do dia a dia, e que é possível diferenciar os elementos que
fazem partes desta. Com o ouvido um pouco apurado, conseguimos diferenciar um
instrumento de outro somente pelo som.
Também, que é possível explicar matematicamente e fisicamente alguns
fenômenos musicais. Quando nos perguntamos quais as relações que a Música
tem com a Matemática, podemos afirmar que a Música é uma manifestação da
143
Matemática. Que isto sirva de incentivo para todas as pessoas quererem aprender
um pouco mais sobre a Arte da Música.
Lembramos, também, que todos são capazes de aprender algo sobre e
com a Música, basta ter força de vontade e dedicação, e isso se dá em todos os
momentos da vida, não somente com a Música. Assim é a educação e o ensino,
temos que ser dedicados em todos os momentos para desenvolver-nos cada vez
mais.
144
B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
Título do Projeto: Matemática e Música: uma proposta de ensino para os anos
iniciais do ensino fundamental.
Pesquisador responsável: Fernando Luiz Andretti - (45) 99805 4043 / (45) 99918
0297
Orientador: Marcos Lübeck
Eu_____________________________________RG _________________
concordo em participar da pesquisa intitulada “Matemática e Música: uma proposta
de ensino para os anos iniciais do ensino fundamental”, o presente estudo está
sendo desenvolvido por meio do Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em
Ensino, nível Mestrado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus
Foz do Iguaçu, e tem como objetivo geral “levar a Música para as salas de aula
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental entrelaçando-a com o ensino de
Matemática, utilizando nisto as paródias como um apoio pedagógico”.
E como objetivos específicos:
• analisar métodos de ensino de Matemática empregando Música;
• estabelecer um roteiro para criação de paródias;
• estimular a produção de paródias pelos professores participantes de
um curso de formação continuada;
• organizar um Produto Educacional para os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, para que estes e outros professores possam utilizá-lo
em sala de aula, auxiliando-os no processo de ensino e
aprendizagem.
A sua participação é voluntária e será muito importante para realização desta
pesquisa. O senhor(a) não terá despesas pessoais em qualquer fase do estudo e
também não haverá compensação financeira relacionada à sua participação. O
risco da pesquisa é a possibilidade da quebra de confidencialidade, contudo de
acordo com a Resolução n. 466/12 e Resolução n. 510/16 do Conselho nacional de
Ética em Pesquisas, garanto-lhe que seu nome será mantido em sigilo e as
informações colhidas serão para uso somente desta pesquisa e a divulgação dos
resultados em trabalhos científicos, ressaltando que os questionários serão
respondidos anonimamente garantindo assim o sigilo e anonimato, evitando a
exposição, o constrangimento e os desconfortos durante e após a pesquisa. Outro
risco é o desconforto e constrangimento que podem ocorrer, já que estarão se auto
avaliando e, de certo modo, também avaliando seus colegas, porém esclareço que
será garantido o direito de poder desistir a qualquer momento de preencher o
questionário, caso de alguma forma se sinta desconfortável a responder as
questões, sem que isso lhe cause prejuízos ou penalidades.
145
O senhor(a) poderá:
• Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os
procedimentos, riscos e benefícios e outros relacionados à pesquisa; e em
caso de qualquer dúvida ligar para a pesquisador (45) 99805 4043 / (45)
99918 0297;
• Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do
estudo;
• Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações
relacionadas à privacidade e os dados serão utilizados só para fins
científicos;
Este termo de consentimento livre e esclarecido será entregue em duas vias,
sendo que uma ficará em sua posse, não havendo ou recebendo nenhum valor
financeiro pela participação no estudo.
Desde já agradeço sua colaboração e solicito ainda a declaração de seu
consentimento livre e esclarecido neste documento.
Atenciosamente,
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito das informações
sobre o estudo acima citado que li ou que foram lidas para mim. Eu conversei com
o pesquisador Fernando Luiz Andretti, sobre a minha decisão em participar desse
estudo. Declaro estar ciente, de que o questionário será analisado e os resultados
serão utilizados somente para esta pesquisa e serão divulgados em trabalhos
científicos. Recebi a garantia de que meu nome não será revelado e tendo recebido
o contato do pesquisador e poderei desistir desta pesquisa em qualquer momento
sem nenhum prejuízo ou penalidades. Concordo voluntariamente em participar
desta pesquisa.
__________________________________
Assinatura do participante
Foz do Iguaçu, ______de ______________de 2019.
ANEXO
146
MÚSICA: Terezinha de Jesus
PARÓDIA 1: Aprendendo os Numerais
ANO SUGERIDO: 1º ANO
CONTEÚDO: Aprendendo os Números
Somos nove irmãozinhos
Que se querem muito bem
A brincar sempre juntinhos
A contar sempre além...
Eu sou magro bem fininho
Mas de mim ninguém se esquece
Pois sou valor unitário
Basta um pra me contar...1
Eu sou o número que representa
Um casal, um par, um dobro
Sou o número mais complicado
De fazer eu sou o 2
Eu sou um número ímpar
Minha soma é 2+1
Veja lá quem é que pode
O meu nome adivinhar? 3
Eu pareço uma cadeira
Com perninhas para o ar
Veja lá qual é o número
Esse é fácil de acertar...4
Eu sou o número que representa
Meia dezena, com prazer
Veja lá quem é que pode
Essa conta resolver? 5
Eu sou a metade de uma dúzia
Por favor ninguém se esqueça
Basta dizer a palavra meia
Com certeza já vai saber...6
Eu sou o número que ninguém
Esquece quando soma 6+1
Seja rápido, sem atropelos
Venha me representar...7
Eu sou lembrado pela letra S
Seja esperto em me ligar
As duas pontas agora me diga
O número que vou formar...8
Sou a unidade de maior valor
Sou o antecessor da dezena
Sou a soma de 8+1
Sou o 9...sim senhor
147
MÚSICA: Ciranda Cirandinha
PARÓDIA 2: Vamos somar?
ANO SUGERIDO: 1º e 2º ANO
CONTEÚDO: Soma
Menino, menininho
Vamos todos calcular,
Preste muita atenção
Para a conta não errar.
Parcela com parcela
Vamos ter que juntar
Para a soma ou total
A turminha encontrar.
Juntando ou acrescentando
Vamos todos calculando
E a soma ou total
Vamos todos encontrando.
148
MÚSICA: Ciranda Cirandinha
PARÓDIA 3: Vamos subtrair?
ANO SUGERIDO: 1º e 2º ANO
CONTEÚDO: Subtração
Menino, menininha
Vamos todos calcular
Preste muita atenção
Para o cálculo não errar.
Diminuindo ou retirando,
Seguimos calculando,
E o resto ou a diferença
Já vamos encontrando.
Minuendo e subtraendo
Resto ou diferença
Você segue calculando
E o resto encontrando.
149
MÚSICA: Brilha, Brilha Estrelinha
PARÓDIA 4: Somando
ANO SUGERIDO: 1º e 2º ANO
CONTEÚDO: Adição
Adiciona, adiciona o numeral
Quero ver você somar
Coloca o numeral no alto, bem em cima
Numa soma de anel
Adiciona, adiciona o numeral
Somando ando
Calculando
Adiciona, adiciona o numeral
Somando ando
Calculando
150
MÚSICA: Marcha soldado
PARÓDIA 5: A bela Matemática
ANO SUGERIDO: 2º ANO
CONTEÚDO: Números
Com a Matemática vamos aprender, somar subtrair e dividir com vocês.
1,2,3, 4,5,6 contando desse jeito chegamos até 100.
Conta soldado cabeça de papel quem não contar direito vai preso no quartel.
O quartel pegou fogo São Francisco vai mandar contar de dois em dois para os pares se formar.
Então marcha soldado contando os seus passos, e para a Matemática mandamos um abraço!
151
MÚSICA: 5 patinhos
PARÓDIA 6: Pares e Ímpares
ANO SUGERIDO: 2º ANO
CONTEÚDO: Números pares e ímpares.
Meus alunos vou ensinar
Os números pares são fáceis de lembrar
Prestem atenção vamos estudar
Dessa atividade vocês vão gostar.
Para saber se é número par
Preste atenção como vai terminar
2,4,6,8 e 0
Nos números pares você arrasou.
Nossa, assim os números pares ficaram tão fáceis.
Será que aprendemos assim os números ímpares?
Vamos nos dedicar para ficarmos bem espertos (parte não cantada, somente lida)
Meus alunos vamos aprender
Os números ímpares vocês vão ver
1,3,5,7 e 9
Se for no final número ímpar vai ser.
152
MÚSICA: Galinha Pintadinha e o Galo Carijó
PARÓDIA 7: Cantando os Pares e Ímpares
ANO SUGERIDO: 2º e 3ºANO
CONTEÚDO: Números pares e ímpares.
Pó, pó, pó, pó, pó
Os números estão bagunçados,
Eles precisam de uma ajudinha,
Pra mamãe não brigar com eles
Precisam sempre andar em filinha...
Todos eles têm uma ordem
Todos eles têm um jeitinho
Só precisam se organizar
Pra ficar bem bonitinho...
Existem impares e pares
Pra aprender olha esta questão
Os pares ficam juntinhos
Pra evitar uma confusão
Os ímpares são independentes
Para achar posso desenhar
E se sobrar algum pendente
Um número ímpar vou encontrar
Na família tem dois primos
Antecessor e sucessor
Venha ver o que descobrimos
Vou contar “pro” professor
Antecessores são importantes
Vou só lembrar o que vem antes
O sucessor é um de nós
153
MÚSICA: Meteoro
PARÓDIA 8: Adicionar
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Adição
Pra começar, foi devagar
Pra aprender a adição
Foi um bicho complicado
Parecia sem noção
Explosão de sentimentos
Quando aprendi somar
Ah! Como é bom adicionar.
Depois que eu aprendi fui mais feliz
Mas no começo não era o que eu sempre quis
Agora que sei não parece ruim
E esse quebra-cabeça teve fim.
Se for soma não se afobe
Eu preciso só juntar
Pois só quem tenta
Consegue alcançar
Tão veloz quanto a luz
Pela escola toda andei
Sei que soma não reduz
E pra sempre eu somarei.
154
MÚSICA: Ursinho Pimpão
PARÓDIA 9: Subtração com troca de unidades
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Subtração com Recurso
Vem amiguinho querido, o preferido do meu coração,
Vamos fazer Matemática, matéria fantástica que dá solução.
Hoje, na situação é operação de subtração,
Nunca fiz como esta, vou fazer uma festa para descobrir,
Como tirar o maior, de outro menor, eu vou conseguir.
Vou na dezena, uma vou retirar
E em unidade, vou transformar.
Tenho que lembrar, na dezena devo voltar
E o antecessor, preciso colocar.
Veja amiguinho querido, agora está fácil, não diga “eu não sei”,
O que antes era menor, agora é maior, pois dez eu somei,
Isto não é uma mágica, é a Matemática, agora eu já sei.
Subtração como esta, é pra fazer festa e não desistir,
Como tirar o maior de outro menor, você vai descobrir.
155
MÚSICA: Infarto
PARÓDIA 10: Soma com Reserva
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Soma com reserva
Ajuda eu aqui
Me deu uma tonteira, traz uma cadeira que eu vou cair
Cancela a operação, que a adição está me fazendo
me sentir assim.
Eu tenho um problema
Que consiste em algarismos
E acabou de ser conhecido
Como parcela
Resolve a conta
Está aumentando os sintomas.
Vai ter que reservar
Tomara que seja fácil ôôô
Se for difícil eu estou ferrado
Ai não encontro o resultado ôôô ( 2x)
Ajuda eu aqui
Preciso da soma, traz uma cadeira que eu vou cair
Terminei essa conta, corrige, o total tá aqui
Já me senti assim
Eu tinha um problema
Que me dava até tonteira, tentava, resolvia, dava nada.
Acabou a conta
Melhorou o sintoma
Vai ter que reservar
Tomara que seja fácil ôôô
Se for difícil eu estou ferrado
Ai não encontro o resultado ôôô (2x)
156
MÚSICA: Ai se eu te pego
PARÓDIA 11: Numerais
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Números
Contas, números
Assim eu enlouqueço
Ai como eu conto?
Ai ai como eu conto?
Pedrinhas madeiras
Assim eu enlouqueço
Ai como eu conto?
Ai ai como eu conto?
Letras e desenhos
Assim eu enlouqueço
Ai como eu conto?
Ai ai como eu conto?
Com os hindu-arábicos
0,1,2,3 e 4
5,6,7,8 e 9
Represento qualquer número
Ai tô aprendendo
Ai ai aprendendo
Lá no passado os povos
Utilizaram os desenhos
E os Romanos criativos
Contavam letras com empenho
Letras números
não enlouqueço mais
Ai que alegria
ai ai que alegria
Contar virou folia!
157
MÚSICA: Sua cara
PARÓDIA 12: Contar
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Números
Cheguei
Tô preparada pra contar
Quando eu quero somar
Tem que adicionar
No resultado eu vou chegar ar ar
Ela é simples, fácil e de boa
Quero ver a sua soma
Simples, fácil e de boa
Quero ver a sua soma
Se você não faz vai dar
Reprovação
Junte as parcelas é a opção
E o total será a conclusão
Encara se prepara
Que a Matemática é a nossa cara
Que a Matemática é a nossa cara!
158
MÚSICA: Você partiu meu coração
PARÓDIA 13: Partiu pra adição
ANO SUGERIDO: 2º e 3º ANO
CONTEÚDO: Adição
Você partiu pra adição, vai, vai
Mas juntar não tem problema, não, não
Que agora vai aprender então
A ler pra resolver os problemas
Só na adição
Você partiu pra adição, pra adição, vai
vai
Mas juntar, somar tudo então, ão, ão
Que é só resolver a operação
Dentro do problema
Só na adição
Se começa a somar pela unidade
Depois vai pra dezena
Você continua na centena
Nossa conta acabou
E se na hora de somar
Der mais que nove na unidade
Tu eleva na dezena pra acrescentar
Depois soma junto
Você partiu pra adição, pra adição, vai,
vai
Mas juntar, não tem problema, não, não
Que agora vai aprender então, ão, ão
A ler e resolver os problemas
Só na adição
Agora entendi que na adição
Junta, adiciona e soma, ma, ma
Mas pode contar então
Dentro do problema
Só na adição
Já consegui, tá resolvido
Só ler e entender depressa
Mas se eu acrescentar acredito
Na junção das parcelas
Tem que ler o problema
Pro problema resolver
Montar e entender o esquema
Fica fácil de fazer
Sempre que passa de nove
Eleva pro vizinho ao lado
Junta tudo e soma
E vai ter seu resultado
Depois de pronta a operação
Quero saber se está certo
Faço a operação inversa
Subtraindo resultado
Você partiu pra adição, pra adição
Mas juntar não tem problema, não, não
Que agora vai aprender então
A ler e resolver os problemas
Só na adição
MÚSICA: Dedinhos
PARÓDIA 14: Quatro operações
ANO SUGERIDO: 2º, 3º e 4º ANO
CONTEÚDO: Operações
Operações!!
Divisão, divisão
Onde estão
Aqui estão
Eles de dividem
Eles se dividem
E se vão
E se vão
Multiplicação, multiplicação
Onde estão
Aqui estão
Eles se multiplicam
Eles se multiplicam
Se vão
E se vão
Adição, adição
Onde estão
Aqui estão
Eles se adicionam
Eles se adicionam
E se vão
E se vão
Subtração, subtração
Onde estão
Aqui estão
Eles se subtraem
Eles se subtraem
E se vão
E se vão
Todas as operações, todas as operações
Onde estão
Aqui estão
Eles se saúdam
Eles se saúdam
E se vão
E se vão
160
MÚSICA: Deixa acontecer naturalmente
PARÓDIA 15: Estudar Naturalmente
ANO SUGERIDO: A partir do 2º ANO
CONTEÚDO: Quadro valor lugar
Vamos aprender naturalmente
Eu não quero ver você chorar
Se o resultado der errado
Vamos refazer e acertar
Você já disse que ama estudar
Pra toda vida, eternidade
De trás pra frente nós vamos olhar
Esse chamamos unidade
Que vale sempre o que apresenta
Agora estamos na dezena
Fica na frente da unidade
Uma dezena vale dez, cuidado para não errar
Em fim chegamos na centena
Cem é o valor que representa
Estudar é o melhor da nossa vida
Preste atenção na posição
Que o algarismo estiver
Pois assim você vai encontrar
O real valor que ele tiver
Vamos aprender naturalmente
Esse é o valor posicional
Unidade, dezena e centena
Assim achamos o valor real
161
MÚSICA: Show da Poderosas
PARÓDIA 16: Show da Matemática
ANO SUGERIDO: A partir do 2º ano
CONTEÚDO: Sistema de numeração
Prepara, que agora é hora
Hora da Matemática,
Que chega chegando
Apavorando a criançada
Mas isso não pode
Precisamos expulsá-la
Que isso moçada
Vamos embora
Prepara
Se hoje está difícil, amanhã vai ser fácil
Não pode desistir e dar o primeiro passo
Somando uma a uma eu vou descobrindo
O quanto sou capaz, vamos juntos!
Solta a conta que vou resolver
Fica observando que você vai ver
O resultado pode aparecer
Venha comigo, me ajude amigo!
162
MÚSICA: Trem das onze
PARÓDIA 17: Medidas de Tempo
ANO SUGERIDO: A partir do 2º ANO
CONTEÚDO: Medidas de tempo
Então vou explicar
Medidas do tempo pra você
Pode crer
Um dia tem vinte quatro horas
Se eu sair agora
Volto em vinte quatro horas
Isto é só amanhã de manhã
E além disso amor
A hora eu vou dizer
Que sessenta minutos ela vai ter
E meia hora vou te falar
Que tem trinta minutos é só contar
E pra facilitar
O relógio vamos estudar
163
MÚSICA: Bonde do Tigrão
PARÓDIA 18: Turma do Fundão
ANO SUGERIDO: A partir do 2º ano
CONTEÚDO: Sistema de numeração
Quer aprender, quer aprender
A profe vai te dizer (2x)
Vou contar até 10
Assim, assim
Vai formar uma dezena
Vai sim, vai sim
Vou contar até 12
Assim, assim
Vai ter uma dúzia
Vai sim, vai sim
Vou contar um montão
Usando minhas mãos
Vou ter até multiplicação
Então acerta, acerta
Acerta a multiplicação
Pra saber o dobro?
É X 2
Pra saber o triplo?
É x 3
Então acerta, acerta
Acerta a multiplicação
Levante a mãozinha
Conta nos dedinhos
É o bonde do fundão
164
MÚSICA: Pelados em Santos
PARÓDIA 19: Horas, Minutos e Segundos
ANO SUGERIDO: A partir do 2º ano
CONTEÚDO: Horas, minutos e segundos
Mina vamos estudar a hora
No relógio de ponteiros ou não
Nos minutos preste atenção
Pra ficar sabidão
Minha professora explica
Ta bem preparada
Pra nos ensinar
Os segundos e minutos
Piis a cada sessenta segundos
Temos um minuto
Que não fica sozinho
Vem logo mais um segundo
Hora, você é boa
A hora é é é
Mas parada a hora não quer ficar
Sessenta minutos completa uma hora
Que a hora pode ser exata
A hora é é é
É contando os minutos
De cinco em cinco, que aprendemos
A somar e multiplicar
A tabuada do cinco
Hora você é boa
Relógio, você me deixa doidão
Sim, sim, é você
Que começa a zero hora
Hora você é boa demais
A hora é sua
Relógios, digitais ou de ponteiros
A hora é sua
Comprei um relógio pra não se atrasar
E com isso ser pontual
A hora é sua
Eu não sei o que faço
Pra essa hora parar
O dia termina as vinte e quatro horas
E tudo de novo vai começar
A hora é boa
Relógio, você me deixa doidão
Sim, sim! Estudar
Horas, minutos e segundos
Sim, sim! Não, não, não
Love hora! Você me ama
165
MÚSICA: Você partiu meu coração
PARÓDIA 20: Sistema de numeração
ANO SUGERIDO: 3º ANO
CONTEÚDO: Sistema de numeração
O decimal não tem problema, não, não
Contar de dez em dez então
Ficou facinho bem no esquema ma ma ma
Ah ficou facinhol!!
Se eu conto de grupo em grupo
Muito fácil vai ficar
Dúzia doze, dez dezena
O sistema eu vou usar
Na feira levei laranja
E usei o sistema dúzia
Se fosse levar banana
Não teria nenhuma dúvida
Sistema de numeração
O decimal não tem problema, não, não
Contar de dez em dez então
Ficou facinho bem no esquema ma ma ma
Ah ficou facinho!!
Uma dúzia é 12
Uma dezena é 10
Meia dúzia é 6
Ficou fácil pra vocês
O decimal não tem problema, não, não
Contar de dez em dez então
Ficou facinho bem no esquema ma ma
ma
Ah ficou facinhal!!
Meia dezena é 5
Posso contar 5 em 5
10, 20,30,40
Soma 10 e dá 50
No relógio os minutos
De 5 em 5 eu vejo
Quando bate os 60
1 hora arrebenta
Sistema de numeração
O decimal não tem problema, não, não
Contar de dez em dez então
Ficou facinho bem no esquema ma ma
ma
Ah ficou facinho!!
166
MÚSICA: Ciranda Cirandinha
PARÓDIA 21: Ciranda dos números
ANO SUGERIDO: 3º ANO
CONTEÚDO: Multiplicadores
O dobro do número 2 quero ver você
encontrar.
O dobro do número 2 quero ver você
encontrar.
É só multiplicar, o 2x2
E você vai encontrar.
Que o dobro de 2 é igual a 4
É só você multiplicar.
O triplo do número 2 quero ver você
encontrar.
O triplo do número 2 quero ver você
encontrar.
É só multiplicar, o 2x3
E você vai encontrar.
Que o triplo de 2 é igual a 6
É só você multiplicar.
O quádruplo do número 2 quero ver você
encontrar.
O quádruplo do número 2 quero ver você
encontrar.
É só multiplicar, o 2x4
E você vai encontrar.
Que o quádruplo de 2 é igual a 8
É só você multiplicar.
O quíntuplo do número 2 quero ver você
encontrar.
O quíntuplo do número 2 quero ver você
encontrar.
É só multiplicar, o 2x5
E você vai encontrar.
Que o quíntuplo de 2 é igual a 10
É só você multiplicar.
Agora criançada, quero ver vocês
lembrar.
Agora criançada, quero ver vocês
lembrar.
Que o dobro é o 2, o triplo é o 3
É só você multiplicar.
O quádruplo é o 4 e o quíntuplo é o 5
É só você multiplicar.
Agora criançada, quero ver vocês
dançar.
Agora criançada, quero ver vocês
dançar.
A ciranda dos números é muito legal
Faz uma careta assim.
E dá uma voltinha, sacode a cabeça
Depois dá a mão para mim.
MÚSICA: Pombinha branca
167
PARÓDIA 22: A Divisão Começou
ANO SUGERIDO: 3º ANO
CONTEÚDO: Divisão
Meu amiguinho, o que está olhando
Estou pensando como fazer
Vou trabalhar, vou estudar
Pra divisão, eu resolver
No meu caderno, vou começar
A dividir, o dividendo em partes iguais
O divisor vou multiplicar,
para o quociente eu encontrar
Pra terminar, preste atenção
E só fazer a subtração
Sobrou o resto, vou te mostrar,
Pode ser zero ou maior que um.
168
MÚSICA: Balada Boa
PARÓDIA 23: Escola
ANO SUGERIDO: 3º ANO
CONTEÚDO: Divisão
Eu já olhei ‘pro’ meu quadro, defini a equação
Já ‘tá’ tudo preparado, vem que é divisão
Piazada fica à vontade, estudaram a tabuada?
Se liga que é fácil, ‘cês’ vão gostar, vamos nessa
Do lado direito vai o divisor
Dentro da chave, é o morador
Contar, tirar é com o dividendo
Do lado direito vai o divisor
Dentro da chave, é o morador
Contar e tirar é o que vai rolar
Tcherere tchê tchê
Tcherere tchê tchê
Tcherere tchê tchê
A Matemática aprender
Se você perceber, vamos ter que tirar
E depois abaixar, e avançar
Vamos calcular
Do lado direito vai o divisor
Dentro da chave, é o morador
Contar, tirar é com o dividendo
Do lado direito vai o divisor
Dentro da chave, é o morador
Contar e tirar é o que vai rolar
169
MÚSICA: Juramento do Dedinho
PARÓDIA 24: Divisões
ANO SUGERIDO: 3º e 4º ANO
CONTEÚDO: Divisão
Ela só quer encontrar o resultado
E também realizar a divisão
Vou oferecer o que entendi pra ela
A divisão é só repartir
Entender os conceitos e dividir
O dividendo um abraço quer te dar
Está sendo dividido em partes iguais
Te prometo não sobrar nada
E assim dá uma divisão exata
Se sobrar lascou
Se sobrar lascooooou
Vamos fazer a divisão direitinho
Usar o dividendo e o divisorzinho
Então fechou, o trato tá feito
O resultado é chamado quociente.
170
MÚSICA: Pelados em Santos
PARÓDIA 25: Divisão não é fácil não.
ANO SUGERIDO: 3º e 4º ANOS
CONTEÚDO: Divisão resto zero e divisão sem resto zero
Olha, divisão é da hora
Preste muita atenção
Se eu divido contigo
Fica metade comigo
Se eu tenho 3 amigos
E 8 pirulitos
Dou 2 pra cada um
E ficam 2 comigo
Divide aí...
Sem fazer careta
(Essa é a divisãooo)
É o contrário da multiplicação
(Essa é a divisãooo)
Se não der exata, não tem problema, não.
Pois ela é linda
Divisão sua linda
Pra aprender tem que estudar
Divisão não é fácil não!
171
MÚSICA: Terezinha de Jesus
PARÓDIA 26: Problemas
ANO SUGERIDO: 4º ANO
CONTEÚDO: Situação problema
Probleminhas outra vez
Eu vou ter que resolver
A professora deu as dicas
Todos prestem atenção
A leitura vem primeiro
Em seguida descobrir
Qual seria a operação
Para então eu prosseguir
Se eu tinha e ganhei mais
Adição eu vou usar
Se ao contrário precisei dar
Subtração vai me ajudar
Se tenho várias iguais
Agrupar vou precisar
Com certeza eu bem sei
Legal vai ser multiplicar
Só me falta decidir
Quando é preciso dividir
Cada um ganha um pouquinho
Igualdade deve existir.
Os alunos agradecem
E se põe a calcular
Com as dicas fica fácil
Os problemas acertar
172
MÚSICA: Xibom Bom Bom
PARÓDIA 27: Matemática é bom bom bom.
ANO SUGERIDO: 4º ANO
CONTEÚDO: Adição
Matemática é bom, Matemática é bom!
Matemática é bom, Matemática é bom!
Analisando esta situação,
Tenho que criar uma operação.
É preciso prestar muita atenção,
Pra não fazer uma grande confusão.
Há divisão, há multiplicação,
Subtração e também a adição.
Mas se na soma ultrapassar o nove,
A unidade desce e a dezena sobe.
Se na dezena ultrapassar o nove,
Ela quem desce e a centena sobe.
Matemática é bom, Matemática é bom!
Matemática é bom, Matemática é bom!
Mas eu só quero o material dourado,
Ele de dez em dez fica todo agrupado.
A unidade vou somar e a dezena agrupar,
Cinco mais cinco somo dez,
Dez aqui não vou deixar.
Mas se na soma ultrapassar o nove,
A unidade desce e a dezena sobe.
Se na dezena ultrapassar o nove,
Ela quem desce e a centena sobe.
173
MÚSICA: Já sei namorar
PARÓDIA 28: Conteúdos matemáticos
ANO SUGERIDO: 4º e 5º ANO
CONTEÚDO: Operações da Matemática
Já sei calcular
Já sei somar parcelas
Agora só o total eu achar.
Sei subtrair
Do minuendo tirar
Achar o resto e não distrair.
Não tenho paciência pra a divisão
Partes iguais do todo, tendo resto ou
não.
Se o dividendo é cem
E o divisor é três
O quociente não é inteiro, meu bem.
Se o dividendo é cem
E o divisor é nove
O quociente não é inteiro também.
Sei multiplicar
Já sei cada fator
Agora só o produto encontrar.
Não uso raiz
Deixa pro ensino médio agora
Eu quero é ser feliz.
Não tenho paciência para a divisão
Eu não sou audiência pra a tal fração
Não é fácil, nem vem.
Falo pra todo mundo e
Todo mundo acha difícil também.
Mas sou insistente e
Estudo bem a fundo e
No fim de tudo aprendo também.
Tô aprendendo
Como ninguém
Tô aprendendo
Passo se Deus quiser
Tô aprendendo
Do jeito que quero
Tô aprendendo
Como a prof. quer.
174
MÚSICA: Grades do meu coração
PARÓDIA 29: Figuras Geométricas
ANO SUGERIDO: 4º e 5º ANO
CONTEÚDO: Figuras Geométricas
Quando a professora passou pela primeira vez
Me assustei, achei que não iria aprender
Na sua explicação eu estava a viajar
Vi suas figuras como se afundasse em auto mar
Fiz essa canção pra nunca esquecer
O momento que os nomes e as figuras eu aprendi reconhecer
Estavam todos antes aprendendo e eu não
Foi o conteúdo que me deu mais problemão
Refrão:
As figuras geométricas me pegaram
Estudei de tudo e a aprender eu consegui
Com a ajuda da professora reexplicando
Foi assim que gravei e aprendi.
Passei a matéria a mais estudar
Com uma explicação a mais, comecei a gravar
Que para lembrar e aprender os nomes dos polígonos
O seu número de lados tinha que contar
Então eu tentei e consegui
E agora eu vou te contar
Como que eu aprendi os nomes dos polígonos lembrar
O triângulo tem três lados
O polígono de quatro lados é o quadrilátero
E o de cinco lados é pentágono
O de seis lados é hexágono
O polígono de sete lados é o heptágono
O de oito lados o octógono
O de nove lados o eneágono
E o de dez lados é o decágono.
Refrão:
As figuras geométricas me pegaram
Estudei de tudo e a aprender eu consegui
Com a ajuda da professora reexplicando
Foi assim que gravei e aprendi.
175
MÚSICA: Pra ver se cola
PARÓDIA 30: Unidades de Medida
ANO SUGERIDO: 4º e 5º ANO
CONTEÚDO: Unidade de Medida
Numa balança, posso pesar,
Tudo o que eu quiser,
Eu peso frutas ou chocolates,
Posso pesar até você,
Cada mil gramas formam um quilo,
Quilos de amor pesam meu coração.
Faço uma carta de cem centímetros
Só pra dizer para você
Cada mil gramas, um quilo
Assim calcula,
E cada quilo em mil gramas
Assim transforma,
De metro em metro posso
Usando uma trena medir tudo o que há
Dentro dessa linda escola.
É com a régua que meço
Os centímetros
Com a balança eu sei
Quanto que pesa,
Com minha fita métrica
Eu posso te mostrar que cem
centímetros
Um metro eu posso formar.
Cada mil gramas, um quilo
Assim calcula,
E cada quilo em mil gramas
Assim transforma,
De metro em metro posso
Usando uma trena medir tudo o que há
Dentro dessa minha linda escola.
176
MÚSICA: O grave bater
PARÓDIA 31: Situação problema
ANO SUGERIDO: 4º e 5º ANO
CONTEÚDO: Solução de situação problema
Se liga e preste à atenção
Pra poder decidir
Você vai ter que pensar rápido
Pra não desistir
Identifique que continha
É a solução
Vai desce e sobe, põe e tira
Qual é a conta meu bom?
Eu vou somar, fração e subtração?
Me ajuda ai, não me deixa na mão.
Pra começar você vai ler êê êê
E o dilema entender êê êê
Que operação tem que fazer êê êê???
Para problema resolver êê êê???
Você chagou na solução
Ok, pode rir
Só está faltando a resposta
Pra vocês definir
Nem tenta fazer uma gracinha
Não tem jeito não
Vai conclui e completa
Mostrando que é bom
Resolva o cálculo, resposta e a indicação
Essa atividade é tudo de bom
177
MÚSICA: Pesadão
PARÓDIA 32: Fração
ANO SUGERIDO: 5º ANO
CONTEÚDO: Fração
Ooh ooh-ô-oh
Dão, dão, dão, dão
Ooh ooh-ô-oh
Nos clãs, reinos e castelos
O conceito singelo
Não ensinava dividir
Mas no Egito fez-se a mente abrir
E começou surgir uma ideia
interessante.
Quando a novidade ali chegou
Fragmentando o indivisível
O número inteiro recortou
E dividiu por fim.
Quando a fração se confirmou
A Matemática fez sentido
Com os decimais se organizou
Nascendo a formula assim:
Com o número inteiro
Ao recortar
Em partes iguais
Logo terá
O numerador
O denominador
Separados por um traço
Vem comigo, esta é a formula da fração.
Ooh ooh-ô-oh
Dão, dão, dão, dão
Ooh ooh-ô-oh
178
MÚSICA: Some que ele vem atrás
PARÓDIA 33: Divisão de Fração
ANO SUGERIDO: 5º ANO
CONTEÚDO: Divisão de fração
"Profe" do céu
A divisão de fração me bloqueou
Eu preciso conseguir
E aprender o que me explicou
"Profe" do céu
Me ajude por favor
Me ensina de novo
Ai que raiva que eu tô
Você que entende do assunto
Você que já estudou muito
Me diz como fazer
Repete, inverte, depois é só multiplicar
As frações
Verifica, reduz
Mostra que aprendeu demais
Está prontinho
Estude, volte sempre atrás
Quanto mais tu repetir
Mais fácil você faz
Estude, volte sempre atrás
É só olhar quem vem após
179
MÚSICA: Ai se eu te pego
PARÓDIA 34: Estudar Matemática
ANO SUGERIDO: Livre
CONTEÚDO: Estudar Matemática
Nossa, nossa, essa Matemática me mata.
Ai, se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
Preguiça, preguiça, assim você me mata.
Ai, se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
Em pleno sábado eu estudando,
E a galera a festejar.
Nossa que equação mais difícil, e eu começo a cantar.
Nossa, nossa, essa Matemática me mata.
Ai se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
Preguiça, preguiça, assim você me mata.
Ai se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
Eu escuto meu pai reclamando:
– Matemática não é difícil não, você só precisa estudar, para assim, poder melhorar.
Nossa, nossa, essa Matemática me mata.
Ai se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
Preguiça, preguiça, assim você me mata.
Ai se eu reprovo,
Ai, ai se eu reprovo.
180
MÚSICA: Sorte Grande
PARÓDIA 35: Meses do ano
ANO SUGERIDO: Livre
CONTEÚDO: Meses do ano
Minha alegria é grande,
Quando eu aprendo,
Que 12 meses tem o ano.
Viver todo esse tempo,
Ter amigos verdadeiros,
É pra mim um lindo sonho.
Como é bom janeiro,
Primeiro mês do ano,
Queremos passear.
Pois já em fevereiro
Início das aulas,
Vou ter que estudar.
Chegamos em março,
Eu mando no pedaço,
Aprender parece brincadeira.
Começa o mês de abril,
Com ele vem o frio,
Maio, junho e julho que canseira.
É férias
É férias
Estamos de férias.
Agosto já chegou,
Estudar é um show,
Setembro é o mês das flores.
Outubro é o mês dos professores,
Novembro provas finais,
E na fé chegamos no Natal.
O fim do ano já chegou,
Lá vem papai Noel
E de férias eu estou.
181
MÚSICA: Ciumeira
PARÓDIA 36: Dias da semana
ANO SUGERIDO: Livre
CONTEÚDO: Dias da Semana
No começo, eu não entendia
Os dias da semana, me confundia
Lembro quando a prof. dizia
É fácil, você vai entender
E a gente foi estudando, perdendo o
medo
Os dias estão em todo lugar,
completando uma semana
Eu agora estou entendendo
Que eles são sete ao todo
Começa no domingo, depois vem
segunda
Terça, quarta, quinta, sexta e sábado
Tá bom que agora to entendendo
A verdade é que sete dias completam a
semana
E começa no domingo, depois vem
segunda
Terça, quarta, quinta, sexta e sábado
Tá bom que agora to entendendo
A verdade é que sete dias completa a
semana
E começa domingo, depois vem segunda
E a gente foi estudando, perdendo o
medo
Os dias estão em todo lugar,
completando a semana
Eu agora estou entendendo
Que eles são sete ao todo
Come no domingo, depois vem segunda
Terça, quarta, quinta, sexta e sábado
Tá bom que agora to entendendo
A verdade que sete dias completa a
semana
Começa no domingo, depois vem
segunda
Terça, quarta, quinta, sexta e sábado
Tá bom que agora to entendendo
A verdade que sete dias completa a
semana
E começa no domingo, depois vem
segunda
Terça, quarta, quinta, sexta e sábado
Tá bom que agora to entendendo
A verdade que sete dias completa a
semana
Começa no domingo e termina no
sábado