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Maria Izabel Arismendi Avaliação da timopoiese em crianças e adolescentes saudáveis mediante determinação dos níveis de círculos excisados do receptor de linfócitos T (TRECs) em mononucleares do sangue periférico Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas Área de Concentração: Pediatria Orientadora: Dra. Cristiane Kayser São Paulo 2011

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Maria Izabel Arismendi

Avaliação da timopoiese em crianças e

adolescentes saudáveis mediante determinação

dos níveis de círculos excisados do receptor de

linfócitos T (TRECs) em mononucleares do sangue

periférico

Dissertação apresentada à

Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em

Ciências Médicas

Área de Concentração: Pediatria

Orientadora: Dra. Cristiane Kayser

São Paulo

2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Arismendi, Maria Izabel Avaliação da timopoiese em crianças e adolescentes saudáveis mediante determinação dos níveis de círculos excisados do receptor de linfócitos T (TRECs) em mononucleares do sangue periférico / Maria Izabel Arismendi. -- São Paulo, 2011.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Programa de Pediatria.

Orientadora: Cristiane Kayser.

Descritores: 1.Genes codificadores dos receptores de linfócitos T 2.Linfócitos T 3.Foxp3 4.Timopoiese 5.Criança

USP/FM/DBD-296/11

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Dedico esta tese à minha mãe Susana que apesar de sozinha lutou muito

pela minha educação e valores.

À minha querida avó Beatriz (in memoriam).

Ao Manuel que como um pai me apoiou durante todos os meus estudos.

Ao meu noivo Leonardo pela dedicação, amor e respeito.

À minha querida irmã Karina e ao meu cunhado Elias.

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Este trabalho encontra-se inserido no projeto temático “Autoimunidade da

Criança” e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo

(Projeto Tématico FAPESP nº2008/58238-4)

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pelo custeio pessoal durante toda a realização deste projeto

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AGRADECIMENTOS

À minha querida orientadora, Profa. Dra. Cristiane Kayser por seus

ensinamentos, atenção, carinho e paciência em meus primeiros passos como

pesquisadora.

À Profa. Dra. Magda Maria Sales Carneiro-Sampaio pela oportunidade de

trabalhar em conjunto com ICr e pela confiança depositada.

À Profa. Dra. Thelma Suely Okay por ter me recebido em seu laboratório.

Ao Prof. Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade e a Profa. Dra. Neusa Pereira da

Silva por me acolherem na disciplina de Reumatologia.

Ao Prof. Dr. Esper Kallás por ceder seu laboratório.

À Angela e Salma Bahkit por seu apoio e incentivo para a realização deste

Mestrado.

À Dra. Karina Carvalho Salmazi, Bianca Natali, Juliana Apostólico, Priscila e

Dra. Helena pela participação em toda a parte de Citometria de Fluxo.

A todos os meus queridos companheiros do laboratório de Reumatologia,

Átila, Gérson, Marina, Vanessa, Fernanda, Renata, Teresa, Edgar, Sandro,

Natalia, Rossana, Danilo, Silene, Rogério e Silvia pelo apoio, amizade e por

sempre estarem dispostos a me ajudar.

Aos meus colegas de grupo, Fernando, Cintia, Juliana, Thais e Pamela pelo

companheirismo e carinho.

A todos os colegas do LIM-36.

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Ao Valdecir Marvulle por seu apoio estatístico.

Aos funcionários da Varpa, pela ajuda na realização das coletas.

A todos os funcionários do ambulatório da Criança e do Adolescente do HSP.

Aos funcionários da ala de Cirurgia Pediátrica do HSP.

A todas as secretárias da Pediatria, em especial Adriana Bezerra da Silva.

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Normatização Adotada

Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento

desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journal Editors

(Vancouver)

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Sueli Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação; 2011.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.

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SUMÁRIO

Lista de abreviaturas e siglas

Lista de figuras

Lista de tabelas

Lista de gráficos

Resumo

Summary

1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1

1.1 Anatomia do Timo ..................................................................................... 2

1.1.2 Atrofia..................................................................................................... 3

1.2 Maturação e Ativação de Linfócitos T ....................................................... 5

1.2.1 Marcadores de Ativação Celular CD38 e HLA-DR ................................. 9

1.3 Células T Reguladoras ........................................................................... 10

1.4 Rearranjo Somático do Receptor de Linfócitos T (TCR) ......................... 12

1.5 Avaliação da Função Tímica ................................................................... 14

1.6 Imunodeficiências, Autoimunidade e Quantificação dos Níveis de TREC em Patologias Relacionadas à Disfunção de Células T na Infância ............. 16

2 - OBJETIVOS ............................................................................................. 19

3 - MÉTODOS ............................................................................................... 21

3.1 Casuística ............................................................................................... 22

3.2 Dosagem dos níveis de TREC em células mononucleares do sangue periférico ....................................................................................................... 23

3.2.1 Isolamento de células mononucleares ................................................. 23

3.2.2 Extração do DNA genômico ................................................................. 24

3.2.3 Avaliação qualitativa e quantitativa de DNA ......................................... 25

3.2.4 Detecção e quantificação de TREC por PCR quantitativo em tempo real ...................................................................................................................... 26

3.3 Citometria de Fluxo ................................................................................. 30

3.3.1 Congelamento das células mononucleares ......................................... 30

3.3.2 Descongelamento Celular .................................................................... 32

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3.3.3 Marcação de superfície para painel de ativação CD3 (ECD), CD4 (APC Cy7), CD8 (PE.Cy7), HLA-DR (PerCP) e CD38 (Pe) .................................... 32

3.3.4 Marcação de intracelular (Foxp3) ........................................................ 34

3.4 Análise Estatística ................................................................................... 36

4 - RESULTADOS ........................................................................................ 37

4.1 Características da Amostra ..................................................................... 38

4.2 Quantificação dos níveis de TREC em células mononucleares do sangue periférico ....................................................................................................... 38

4.2.1 Análise do número de cópias de TREC/µg de DNA de crianças e adolescentes saudáveis ................................................................................ 41

4.2.2 Analise de Correlações entre Valores de TREC e idade ..................... 42

4.3 Análise da expressão de Linfócitos T ..................................................... 44

4.3.1 Analise da Expressão de Linfócitos T CD4+CD38+HLA-DR+, CD8+CD38+HLA-DR+ e CD4+CD25+Foxp3+ .................................................. 47

5 - DISCUSSÃO ............................................................................................ 52

6 - CONCLUSÕES ........................................................................................ 63

7 – ANEXOS ................................................................................................. 65

8 - REFERÊNCIAS ....................................................................................... 70

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TCR - Receptor de célula T

TREC - Círculos excisados do receptor de células T

MHC - Complexo de histocompatibilidade principal

HIV - Vírus da imunodeficiência humana

Foxp3 - Forkhead box P3

DAIs - Doenças autoimunes

RTEs - Células T recém egressas do timo

IL - Interleucina

APC - Célula apresentadora de antígeno

IPEX - Desregulação imune poliendocrinopatia enteropatia ligada ao X

AIJ - Artrite idiopática juvenil

APECED - Poliendocrinopatia autoimune candidíase distrofia ectodérmica

AIRE - Regulador autoimune

LESJ - Lúpus eritematoso sistêmico juvenil

T1DM - Diabetes mellitus tipo 1

Treg - Células T reguladoras

HLA - Antígeno leucocitário humano

SCID - Deficiência imune severa combinada

rpm - Rotações por minuto

TA - Temperatura ambiente

PBS - Solução salina fosfato

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Imagem microscópica do timo (Setas amarelas: trabéculas fibrosas; setas vermelhas: córtex; seta azul: medula; seta branca: corpúsculos de Hassal). ...................................................................................... 2 Figura 2: Cortes histológicos de (a) timo infantil, e (b) timo de um adulto indicando a substituição da maior parte do tecido tímico por tecido adiposo. .... 3 Figura 3: Redução do volume tímico durante o envelhecimento. ...................... 4 Figura 4: Seleção positiva e negativa de células T.. .......................................... 7 Figura 5: Esquema ilustrativo demonstrando a formação do TREC ................ 13 Figura 6: Gráfico de uma curva padrão com exemplo de regressão linear. A intersecção é igual ao valor hipotético de Ct quando a quantidade de cópias for igual a 0. A inclinação corresponde ao ângulo formado pelo eixo do y e a reta da curva padrão. ........................................................................................ 28 Figura 7: Gráfico de uma reação em tempo real para amplificação do plasmídeo contendo a sequencia do TREC (curva-padrão). A linha horizontal vermelha representa o limiar a partir do qual se estabelece o ciclo de limiar (Ct) .................................................................................................................... 39 Figura 8: Reação de PCR em tempo real para amplificação do TREC em crianças e adolescentes saudáveis, cada linha representa a curva de amplificação de uma amostra. .......................................................................... 40 Figura 9: Curva de dissociação térmica derivada dos produtos de PCR de TREC mostrando Tm com pico único, sem contaminação ou formação de dímeros de primer. ............................................................................................ 40 Figura 10: Análise de Citometria obtida de uma da amostras utilizando o software FlowJo a) seleção de linfócitos CD3+ b) gate de células CD4+ e CD8+ c) - d) seleção de células CD8+ co-expressando HLA-DR e CD38 e) - f) seleção de células CD4+ co-expressando HLA-DR e CD38. ............................ 47 Figura 11: Análise de Citometria obtida de uma das amostras utilizando o software FlowJo a) seleção de linfócitos CD3+ b) gate de células CD4+CD25+ c) histograma demonstrando a % de células CD4+CD25+ expressando Foxp3.48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados demográficos das crianças e adolescentes saudáveis inseridos no estudo. .......................................................................................... 38 Tabela 2: Níveis de TREC/µg DNA de acordo com a faixa etária (média ± desvio padrão): ................................................................................................. 41 Tabela 3: Média e desvio padrão da expressão de CD3, CD4 e CD8 de acordo com a faixa etária em anos. .................................................................. 46 Tabela 4: Média e desvio padrão da expressão de células T ativadas e de células T reguladoras de acordo com a faixa etária em anos. .......................... 48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Gráfico demonstrando a média dos níveis de TREC/µg DNA conforme a faixa etária. .................................................................................... 42 Gráfico 2: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA conforme a idade........... 42 Gráfico 3: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA em crianças de 0 a 9 anos (n = 47). .................................................................................................... 43 Gráfico 4: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA em crianças e adolescentes de 10 a 18 anos (n = 48). ............................................................ 44 Gráfico 5: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T CD3+ por idade (n = 63). ................................................................................... 45 Gráfico 6: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T CD4+ por idade (n = 63). ................................................................................... 45 Gráfico 7: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T CD8+ por idade (n = 63). ................................................................................... 46 Gráfico 8: Gráfico de dispersão entre células T ativadas (CD4+CD38+HLA-DR+) e idade (n = 63). ....................................................................................... 49 Gráfico 9: Gráfico de dispersão entre células T ativadas e cópias de TREC/µg DNA .................................................................................................. 50 Gráfico 10: Gráfico de dispersão entre células T reguladoras e idade (n = 19). .................................................................................................................... 51 Gráfico 11: Gráfico de dispersão entre células T reguladoras e cópias de TREC/µg DNA (n = 19). .................................................................................... 51

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RESUMO

Arismendi MI. Avaliação da timopoiese em crianças e adolescentes saudáveis mediante determinação dos níveis de círculos excisados do receptor de linfócitos T (TRECs) em mononucleares do sangue periférico [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2011. Introdução: O timo é um órgão linfóide especializado responsável por criar um microambiente propício para a diferenciação e maturação de células T. A quantificação dos níveis de TRECs (círculos excisados durante o rearranjo do TCR) vem sendo utilizada para avaliação e quantificação da função tímica em células do sangue periférico. Estudos que tenham realizado a quantificação dos níveis de TREC em crianças e adolescentes saudáveis brasileiros são escassos na literatura. Objetivo: No presente estudo, avaliamos os níveis de TREC em células mononucleares do sangue periférico associado à análise da expressão de linfócitos T CD3, CD4, CD8, de linfócitos T ativados co-expressando CD38 e HLA-DR e linfócitos T reguladores co-expressando CD25 e Foxp3 em crianças e adolescentes saudáveis em diferentes faixas etárias. Material e métodos: A quantificação dos níveis de sjTREC de DNA genômico em células mononucleares de sangue periférico foi realizada pelo método de PCR quantitativo em tempo real. A concentração de TREC foi expressa em número de cópias de TREC/µg de DNA. A análise da expressão dos marcadores CD3, CD4, CD8, CD38, HLA-DR, CD25 e Foxp3 foi realizada por citometria de fluxo. Resultados: Foram avaliadas 95 crianças e adolescentes, 46 do sexo feminino e 49 do sexo masculino com idades entre 1 e 18 anos. A média do número de cópias de TREC foi de 8,9 ± 3,6 x 104 TRECs/µg DNA. Não encontramos diferença significativa nos valores de TREC entre o sexo feminino e masculino (8,2 ± 3,3 x 104 TRECs/µg DNA vs 9,5 ± 3,9 x 104 TRECs/µg DNA, respectivamente, p = 0,085). Houve uma correlação inversa e significativa entre idade e os níveis de TREC (r = -0,846; p < 0,001), refletindo a já conhecida queda da função tímica com a idade. A expressão de CD3, CD4 e CD8 variou de 45 a 62%, 60 a 65% e 14 a 26%, respectivamente. Não houve correlação significativa entre a proporção de CD3, CD4 e CD8 e a idade dos indivíduos avaliados. Houve uma correlação inversa fraca entre os níveis de linfócitos T ativados expressando CD4+CD38+HLA-DR+ e idade (r = -0,286; p = 0,023), porém não encontramos correlação entre linfócitos T CD8+CD38+HLA-DR+ e idade (r = -0,229; p = 0,072). Houve uma correlação inversa entre os valores de linfócitos T expressando CD4+CD25+Foxp3+ e idade (r = -0,467; p = 0,04). Adicionalmente, encontramos correlação positiva entre a expressão de linfócitos T reguladores e o número de cópias de TREC/µg DNA (r = 0,529; p = 0,02). Conclusão: No presente estudo encontramos uma queda da função tímica com a idade, avaliada pela quantificação dos níveis de TREC em

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sangue periférico, que se correlacionaram positivamente com a proporção de células T reguladoras em crianças e adolescentes saudáveis.

Descritores: Genes codificadores dos receptores de linfócitos T. Linfócitos

T. Foxp3. Timopoiese. Criança.

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SUMMARY

Arismendi MI. Assessment of thymopoesis in healthy children and

adolescents by the determination of t cell receptor excision circles (TRECs) in

peripheral blood mononuclear cells [thesis]. São Paulo: Faculdade de

Medicina, Universidade de São Paulo; 2011.

Introduction: The thymus is a specialized lymphoid organ that is responsible for providing an exclusive microenvironment for T cell maturation and differentiation. The quantification of TREC (T cell receptor excision circle) has been widely used to evaluate and quantify thymic function in peripheral blood cells. Studies that evaluated TREC levels in Brazilian healthy children and adolescents are scarce in the literature. Objective: In the present study, we evaluated the TREC levels in peripheral mononuclear cells associated with the analysis of CD3, CD4, CD8 T cell markers, and activated T cells co-expressing CD38 and HLA-DR, and regulatory T cells co-expressing CD25 and Foxp3 in healthy children and adolescents in different age groups. Material and Methods: The quantification of sjTREC levels in genomic DNA of peripheral blood mononuclear cells (PBMC) was performed by real time quantitative PCR. TREC concentration was expressed as the number of copies of TREC/µg DNA. The analysis of CD3, CD4, CD8, CD38, HLA-DR, CD25 and Foxp3 expression was performed using flow cytometry methodology. Results: Ninety-five healthy children and adolescents were analyzed, 46 girls and 49 boys. The mean TREC count in PBMC in all individuals was 8.9 ± 3.6 x 104 TRECs/µg DNA. There was no significant difference in the number of TRECs/µg DNA between female and male gender (8.2 ± 3.3 x 104 TRECs/µg DNA vs 9.5 ± 3.9 x 104 TRECs/µg DNA, p = 0.085). There was an inverse correlation between age and TREC counts in PBMC in the 95 individuals (r = -0.846, p < 0.001), reflecting the well-known decrease of thymic function that occurs with age. The expression of CD3, CD4 and CD8 surface markers ranged between 45-62%, 60-65% and 14-26%, respectively. There was no significant correlation between CD3, CD4 and CD8 proportion and age. There was a weak correlation between activated T cells expressing CD4+CD38+HLA-DR+ and age (r = -0.286; p = 0.023), however there was no significant correlation between T cells expressing CD8+CD38+HLA-DR+ and age (r = -0.229; p = 0.072). There was an inverse correlation between T cells expressing CD4+CD25+Foxp3+ and age (r = -0.467; p = 0.04). Additionally, we also found a positive correlation between CD4+CD25+Foxp3+ values and numbers of TREC/µg DNA in all studied individuals (r = 0.529, p = 0.02). Conclusion: In the present study we found a decrease in the thymic function with age, accessed by the quantification of the TREC level in peripheral blood, which was positively associated with the proportion of regulatory T cells.

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Descriptors: T cell receptors encoder genes. T lymphocytes. Foxp3.

Thymopoesis. Child.

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1 - Introdução

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2

1.1 Anatomia do Timo

Repleto de componentes específicos, o timo é um órgão linfóide

especializado responsável por criar um microambiente propício para a

diferenciação e maturação de células T funcionais1. Localiza-se atrás da

extremidade superior do esterno, na porção anterior do mediastino, próximo

ao coração e grandes vasos da base2. Plenamente desenvolvido, o timo é

uma estrutura lobulada envolta por uma cápsula fibrosa3,4. Cada lóbulo

consiste em duas regiões diferentes: o córtex, caracterizado pela grande

quantidade de linfócitos T imaturos, e a medula, que contém células T em

diferentes estágios de maturação e células epiteliais (Figura 1). Outros tipos

celulares como células B, células do plasma e eosinófilos estão em minoria,

com exceção dos macrófagos que se localizam predominantemente no

córtex, e células dendríticas que podem ser encontradas apenas na medula e

junção cortico-medular. Corpúsculos de Hassal, estruturas formadas por alta

queratinização, repletas de células epiteliais maduras também estão

localizadas na medula do orgão5.

Figura 1: Imagem microscópica do timo (Setas amarelas: trabéculas

fibrosas; setas vermelhas: córtex; seta azul: medula; seta branca:

corpúsculos de Hassal) (Em: www.umdnj.edu).

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3

1.1.2 Atrofia

No ser humano, o timo encontra-se plenamente desenvolvido ao

nascimento pesando aproximadamente 10g. A proporção diária de células

que deixam o timo é de 1x109 células em um recém-nascido e 8x106 em uma

criança com 10 anos de idade, já a porcentagem de tecido tímico com

timopoiese ativa em recém-nascidos é de 95% caindo para 80% em uma

criança de 10 anos6.

A partir da puberdade o tecido tímico é lentamente substituído por

tecido fibroso e adiposo. Este processo denominado involução tímica resulta

em quantidades mínimas de tecido medular e cortical no timo adulto7.

(Figura 2).

Figura 2: Cortes histológicos de (a) timo infantil, e (b) timo de um adulto

indicando a substituição da maior parte do tecido tímico por tecido adiposo.

(Rodewald et al. The thymus in the age of retirement. Nature,1996).

Steinmann et al.8, em 1985 apresentaram um estudo sugerindo que a

involução tímica inicia-se ao nascimento e permanece em uma frequência de

3% ao ano até aproximadamente 30 anos, quando diminui para 1% por ano,

estando predisposto a desaparecer totalmente aos 105 anos de idade. Esta

teoria baseia-se na hipótese de que o verdadeiro espaço epitelial

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4

responsável pela timopoiese inicia a sua involução a partir do nascimento e

seria outro compartimento, o estroma perivascular, que entraria em processo

de atrofia somente a partir dos 20 anos de idade (Figura 3).

Figura 3: Redução do volume tímico durante o envelhecimento. (Steinmann

et al. The involution of the ageing human thymic epithelium is independent of

puberty. A morphometric study. Scand J Immunol,1985).

Uma característica importante no processo de involução do epitélio

tímico é que o tecido remanescente exibe características histológicas

idênticas no que diz respeito à maturação e proliferação de células T. Bertho

et al.11, em 1997 realizaram análises comparando o epitélio tímico de idosos

e de crianças. Os autores observaram que a proporção de subtipos celulares

era igual nos dois grupos, porém o número total de células T estava reduzido

nas amostras de idosos9-10.

Experimentos realizados principalmente em murinos tentam elucidar

os mecanismos imunológicos associados à atrofia tímica. Tyan ML12, em

1976 apresentou um estudo pioneiro demonstrando que a medula óssea de

camundongos idosos repopulava de forma menos eficiente o timo do que

camundongos jovens, sugerindo que a atrofia tímica pode estar relacionada à

redução de progenitores de células T da medula óssea com o avançar da

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5

idade. Nos anos subsequentes, estudos in vitro demonstraram que o número

de precursores celulares comuns da medula óssea de camundongos jovens

era significantemente maior (2.0x103 células) que o número encontrado em

camundongos idosos (1.2x103 células)13.

Alguns fatores envolvidos no processo de involução tímica são:

envelhecimento da população de células T progenitoras; perda da expressão

de determinados peptídeos pelo epitélio tímico; defeitos no rearranjo dos

genes TCRβ; e diminuição na produção de citocinas pelo microambiente

tímico, como a IL-7. A involução tímica pode também ocorrer

secundariamente a outros fatores como quimioterapia, irradiação antes de

transplante, uso de corticorteróides, choque séptico e outras formas de stress

agudo14.

1.2 Maturação e Ativação de Linfócitos T

Os precursores de células T se originam na medula óssea e migram

para o timo, onde ocorrerá a sua maturação. O timo oferece um ambiente

único que produz células capazes de responder a antígenos estranhos no

contexto do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) próprio. Este

microambiente é estabelecido através da integração entre os vários tipos

celulares do estroma e dos timócitos. As células do estroma tímico

constituem um grupo celular diverso, que inclui endotélio, epitélio,

fibroblastos reticulares, macrófagos, células dendríticas e células

neuroendócrinas15. Todas estas células oferecem moléculas de superfície,

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6

citocinas e componentes que são fundamentais para o desenvolvimento das

células T16.

A maturação inicial de células T é caracterizada por uma alta atividade

mitótica, resultando em aumento significativo do número de células. A

expressão dos genes do receptor de células T (TCR) é o evento central na

maturação dos linfócitos, indispensável para a geração de um repertório

diversificado e para os processos que asseguram a sobrevivência seletiva

dos linfócitos com especificidades úteis17. Simultaneamente ao rearranjo dos

genes dos receptores, outras proteínas de superfície são expressas, dentre

elas, CD3, CD4 e CD818.

O próximo evento importante na maturação dos linfócitos T é o

reconhecimento de antígenos próprios. Este reconhecimento do antígeno

refere-se ao momento em que os timócitos expressando TCR entram em

contato com o complexo peptídeo-MHC. A seleção positiva refere-se aos

eventos que levam a sobrevivência de linfócitos T que reconhecem

moléculas do MHC I e II próprias19. Os linfócitos que não reconhecem o

complexo apresentado pelo MHC ou os que reconhecem com baixa avidez

sofrem o processo de negligência, enquanto linfócitos T que reconhecem o

complexo com alta avidez passam pela seleção negativa. Somente linfócitos

T que reconheçam o complexo peptídeo MHC de forma intermediária

continuam o processo de maturação20. (Figura 4).

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7

Figura 4: Seleção positiva e negativa de células T. (Adaptado de Klein et al.

Antigen presentation in the thymus for positive selection and central tolerance

induction. Nat Rev Immunol, 2009).

Após a seleção positiva e a formação das linhagens de células T

fenotipicamente maduras, restritas por moléculas de classe II do MHC

(linfócitos CD4+) e classe I do MHC (linfócitos CD8+), os linfócitos T vão para

a medula, onde permanecem durante quatro ou cinco dias, antes de

povoarem a periferia21.

Ao povoarem a periferia os linfócitos T virgens circulam continuamente

pelos órgãos linfóides periféricos. Aqueles que entram em contato com um

antígeno especifico expresso pela superfície de uma célula apresentadora de

antígeno iniciam o processo de expansão clonal, diferenciando-se em células

efetoras capazes de secretar citocinas inflamatórias17. A ativação completa

dos linfócitos ocorre por dois mecanismos, o primeiro pela ativação entre o

contato do TCR e complexo peptídeo-MHC e a segunda estimulação ocorre

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8

devido a sinais adicionais produzidos por moléculas acessórias encontradas

na superfície das células apresentadoras de antígenos22.

A ativação dos linfócitos T ocorre em dois contextos diferenciados: por

um lado tem-se a exposição de uma célula T virgem entrando em contato

com um antígeno pela primeira vez e por outro lado a ativação de células T

de memória.

Tratando-se de linfócitos T virgens a ativação estimula a proliferação,

que em seguida promove a produção de IL-2 e por último as células passam

por mecanismos de polarização, transformando-as em células efetoras

capazes de produzir citocinas como IFN-γ e IL-4. Quando células de

memória são ativadas, a produção de citocinas se dá de forma rápida e

eficaz23.

Dependendo da natureza do antígeno encontrado e do impacto de

outras variáveis, as células T CD4+ podem se diferenciar em diversas

linhagens, algumas dessas linhagens mais bem caracterizadas são as

células auxiliadoras tipo 1 (Th1), tipo 2 (Th2) e tipo 17 (Th17)24.

Os linfócitos T que são ativados apenas pelo TCR entram em estado

de anergia, e é imprescindível um segundo sinal mediado pela ligação de

outros receptores de superfície, chamados de moléculas co-estimuladoras. A

via co-estimuladora mais bem caracterizada na ativação das células T

envolve o CD28, que se liga às moléculas co-estimuladoras CD80 e CD86,

expressas nas APCs ativadas25. Apesar de estudos demonstrarem a

importância da co-estimulação pelo CD28, outros receptores de superfície

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9

também possuem função co-estimuladora, dentre eles o CD2, CD5, CD30 e

ICOS (co-estimulador induzível)26,27.

1.2.1 Marcadores de Ativação Celular CD38 e HLA-DR

A glicoproteína CD38 é considerada um marcador de ativação celular.

O CD38 é expresso em células hematopoiéticas jovens, sendo perdido

durante o processo de maturação celular e re-expresso no momento em que

a célula é ativada28. Recém-nascidos expressam altos níveis de CD38,

portanto é esperado que os níveis de CD38 diminuam com o avançar da

idade, indicando o amadurecimento do sistema imune29.

O HLA-DR encontra-se expresso em linfócitos B, monócitos,

macrófagos e células dentríticas em níveis basais, e em linfócitos T e células

NK durante estágios tardios de ativação e por isso tem sido utilizado como

um marcador de ativação de expressão tardia. Níveis aumentados de HLA-

DR em linfócitos T têm sido encontrados em diversas condições inflamatórias

crônicas como o LES30,31. Outro fator importante das moléculas HLA-DR é

sua expressão nas células T reguladoras (Treg), sendo que uma parcela

significativa das células T CD4+CD25+ expressam essa molécula32. Essas

células têm sido recentemente descritas como uma população distinta,

madura e altamente ativa de Treg, caracterizada por uma elevada expressão

de Foxp3. Vale ressaltar que a expressão de HLA-DR é um sinal de ativação

clonal e enquanto está expressa na superfície celular, ela continua tendo a

capacidade de apresentar antígenos33.

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10

A marcação dupla para CD38 e HLA-DR tem sido utilizada

principalmente no estudo de crianças com HIV. O aumento da expressão de

marcadores de ativação nos linfócitos reflete uma hiperativação do sistema

imune, e em crianças HIV+ este aumento parece preceder uma depleção

mais importante de linfócitos T CD4+34.

1.3 Células T Reguladoras

A tolerância imunológica aos antígenos próprios é um processo ativo,

regulado por mecanismos centrais e periféricos35. Em meados dos anos 90,

Sakaguchi et al.36, apresentaram um estudo descrevendo uma subpopulação

de células T CD4+ com alta expressão do receptor de superfície IL-2Rα

(CD25), com capacidade de prevenir a autoimunidade.

As células T reguladoras (Treg) fazem parte de um grupo especifico

de células que tem a função de imunoregulação, tanto em humanos, quanto

em animais. Estas células possuem um papel fundamental na regulação da

auto-reatividade, tendo a capacidade de modular respostas autoimunes e

função importante na manutenção da auto-tolerância periférica37,38.

Até o presente momento, não foi identificado um marcador de

superfície único e específico para as células T reguladoras. O CD25 apesar

de ser encontrado nas células Treg pode ser também expresso em células T

CD4+ virgens após rearranjo dos receptores39.

No entanto, juntamente com o CD25, o fator de transcrição Foxp3 tem

sido considerado um marcador intracelular altamente especifico para células

Treg. Em conjunto, o fator de transcrição Foxp3, a citocina IL-2 e o marcador

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11

CD25 são essenciais para o desenvolvimento, função e sobrevivência das

Treg40.

Em murinos as Treg constituem uma população distinta de células

CD25high, que compreendem 5-10% das células CD4+. Em humanos, pouco

mais de 10% da linhagem de CD4+ expressam CD25, mas somente 1-2%

expressam CD25high,que são as células com função supressora41. As Treg

exercem função supressora em repostas imunes contra vários antígenos

externos, aloantigenos, além de antígenos tumorais42.

A contribuição das células Treg no controle da auto-imunidade pode

ser ilustrada pelo desenvolvimento de doenças autoimunes após a depleção

de Treg em murinos, e em humanos, os quais desenvolvem doenças

autoimunes graves na presença de mutação do gene Foxp3, como a

síndrome autoimune denominada IPEX (desregulação imune,

poliendocrinopatia, enteropatia, síndrome ligada ao X)2,43.

Outros estudos demostram que essa população de células é capaz de

suprimir a proliferação de células T CD4+ e CD8+ impedindo a produção de

citocinas tais como a IL-2, importantes para o crescimento e proliferação de

células T. Além disso, as células Treg expressam também a molécula CTLA-

4 (controlada pelo gene Foxp3), que é responsável por inibir a ativação de

células T41,43.

O possível potencial das células Treg de manterem a homeostase do

sistema imunitário e dessa forma se tornarem uma alternativa no tratamento

de doenças auto-imunes, é a principal motivação para estudos com células

Treg32.

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12

1.4 Rearranjo Somático do Receptor de Linfócitos T (TCR)

Na maioria das células T, o TCR é um heterodímero, composto de

duas cadeias polipeptídicas, transmembrânicas, designadas de α e β ligadas

covalentemente entre si por pontes dissulfeto. Estas cadeias tem como

função reconhecer os complexos peptídicos ligados as moléculas do MHC44.

Os genes do TCR estão em uma configuração germinativa não-funcional que

se caracteriza pela separação espacial dos segmentos gênicos variável (V),

juncional (J), constante (C) e de diversidade (D) do cromossomo e passam

por um rearranjo gênico para que fiquem devidamente ordenados.

Primeiramente ocorre o rearranjo dos segmentos Dβ a Jβ, e em seguida o

rearranjo Vβ a DJβ.As sequências de DNA que se encontram entre os

elementos que sofreram o rearranjo são eliminadas e o primeiro transcrito

incorpora o gene responsável pelo domínio constante. Tem-se como

resultado a formação do segmento Vβ–Dβ-Jβ–Cβ. O rearranjo da cadeia α

ocorre após o rearranjo da cadeia β, gerando por fim o gene do TCRαβ,

expresso na maioria dos linfócitos T17.

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13

Figura 5: Esquema ilustrativo demonstrando a formação do TREC (Kayser

C. Análise quantitativa de círculos excisados pelo rearranjo dos genes do

receptor de linfócitos T (TREC) no Lúpus Eritematoso Sistêmico, 2007).

O segmento δ que se localiza dentro do locus do TCR-α é excisado

durante o rearranjo gênico, formando círculos epissômicos chamados TRECs

(círculos excisados durante o rearranjo do TCR). Os dois eventos sucessivos

de rearranjo que ocorrem durante este processo são idênticos em

aproximadamente 70% das células Tαβ, o primeiro produzindo o chamado

“signal-joint” (sjTREC) e o segundo gerando o “coding-joint” (cjTREC)45. A

figura 5 mostra de forma esquemática a produção do sjTREC e cjTREC.

O TREC é relativamente estável e não se duplica durante a mitose,

sendo, portanto, diluído durante a proliferação e morte celular. A proporção

de células portadoras de TREC na periferia é influenciada pelo influxo de

células do timo e por eventos periféricos no pool de células T46.

O influxo de emigrantes tímicos recentes do timo é responsável por

manter o equilíbrio das células T na periferia e a perda da função tímica

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14

decorrente do envelhecimento parece ser um fator importante para que

ocorra uma desregulação imune47,48.

1.5 Avaliação da Função Tímica

Diversos métodos podem ser utilizados para o estudo do timo. A

avaliação do volume tímico pelo raio-x simples ou tomografia

computadorizada são ferramentas que fornecem dados sobre a anatomia do

órgão, mas a sua função imunológica não pode ser avaliada desta maneira.

A análise de células T que expressam em sua superfície o fenótipo de

células T virgens (CD4+CD45RA+) pode ser utilizada como uma forma

indireta de se quantificar a função tímica, mas esta é considerada uma

medida imprecisa, pois estas células possuem a capacidade de se converter

rapidamente em células de memória. A avaliação da função tímica mediante

quantificação dos círculos excisados dos receptores de linfócitos T (TREC)

permite a avaliação nos níveis de emigrantes tímicos recentes no pool

periférico de linfócitos, auxiliando no estudo da fisiopatogenia de patologias

auto-imunes e imunodeficiências49,50.

Douek et al.51, em 1998 apresentaram um estudo pioneiro no qual os

níveis de TREC foram analisados em pacientes com HIV e indivíduos

saudáveis. Os pacientes com HIV apresentaram níveis de TREC diminuídos

em sangue periférico em comparação aos indivíduos saudáveis. O estudo

também demonstrou que após terapia com anti-retrovirais os níveis de TREC

aumentaram significantemente, indicando que o timo pode contribuir para a

reconstituição do sistema imune após tratamento.

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15

Mais recentemente diversos autores vem utilizando o método de

quantificação dos níveis de TREC para avaliação da função tímica no sangue

periférico em diferentes condições. Além da utilização como marcador da

função tímica durante infecção e tratamento pelo HIV a dosagem dos níveis

de TREC tem sido utilizada para avaliação da reconstituição de células T

após transplante alogênico de células tronco, de medula óssea e de cordão

umbilical52-55. Além disso, estudos realizados em adultos com doenças auto-

imunes como o lúpus eritematoso sistêmico demonstram uma diminuição dos

níveis de TREC em sangue periférico desses pacientes em comparação com

adultos saudáveis56.

Poucos estudos avaliaram os níveis de TREC em sangue periférico de

crianças saudáveis. Esses estudos mostram que os níveis de TREC

encontram-se aumentados nos primeiros anos de vida, refletindo uma

elevada timopoiese na infância, e sofrem declínio progressivo com a

idade53,57,58. Em um estudo realizado com 532 pessoas saudáveis desde o

nascimento até os 95 anos de idade os autores demonstraram que os níveis

de TREC sofrem um declínio gradual durante os 15 primeiros anos de vida e

um declínio mais importante após os 20 anos de idade53.

Observa-se ainda, algumas diferenças entre os níveis de TREC em

indivíduos saudáveis da mesma idade, demonstrando que fatores genéticos

e individuais podem influenciar na função tímica59.

Deve-se lembrar também que a frequência do TREC em linfócitos

periféricos pode ser afetada não só pela produção do timo, mas também por

processos como ativação e proliferação periférica de linfócitos T e apoptose

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16

celular. Neste sentido, é aconselhável que alguns fatores sejam levados em

consideração e analisados juntamente com o número de cópias de TREC,

como a ativação e proliferação celular, que diluem os níveis totais de TREC

no pool periférico de linfócitos T46,60.

1.6 Imunodeficiências, Autoimunidade e Quantificação dos Níveis de

TREC em Patologias Relacionadas à Disfunção de Células T na Infância

Durante as duas primeiras décadas da vida, as doenças autoimunes

(DAIs) mais comumente identificadas são as tireoidopatias, diabetes mellitus

tipo 1, artrite idiopática juvenil (AIJ), doença celíaca, púrpura

trombocitopênica imune, lupus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) e

hepatite autoimune.

Conceitos mais atuais sugerem que as doenças autoimunes não são

causadas por um único autoantígeno e sim como resultado da disfunção do

sistema imunológico periférico em seus mecanismos de tolerância e de

homeostase. Admite-se também que a interação entre fatores genéticos e

ambientais constitua a base da patogenia das DAIs60.

O diabetes mellitus tipo 1 (T1DM) é uma doença autoimune crônica

que envolve células T auto-reativas que acabam por agredir células

produtoras de insulina das ilhotas de Langerhans no pâncreas. Estudos

mostram que a etiologia da doença parece estar relacionada à seleção

positiva de células T auto-reativas durante o seu desenvolvimento no timo61.

Recentemente Hofer et al.62, em 2009 quantificaram os níveis de cópias de

TREC e de células T virgens em crianças com T1DM de início recente e de

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17

longa duração. Os autores encontraram níveis diminuídos de células T CD4+

CD45RA+ em todos os pacientes. Já os níveis de TREC apresentaram-se

diminuídos em crianças com T1DM de inicio recente e curiosamente mais

elevados em crianças com doença de longa duração. Uma hipótese para

explicar estes resultados seria a de que a insulina poderia induzir a produção

de células T pelo timo em pacientes com T1DM. Estudos realizados em

murinos demonstraram que a insulina pode ser um fator de estimulação e

crescimento extremamente importante do timo63.

Já Horvath et al.64, em 2010 avaliaram o número de cópias de TREC

em pacientes com artrite idiopática juvenil (AIJ) em atividade e em controles

saudáveis. Os níveis de TREC nos pacientes com AIJ (4,90 x 104 TRECs/µg

de DNA) foram significantemente menores do que nos controles saudáveis

(10,45 x 104 TRECs/µg de DNA).

Em outro estudo realizado na Áustria, Prelog et al.65, em 2008 também

demonstraram níveis reduzidos de cópias de TREC em pacientes com AIJ

quando comparados a controles saudáveis da mesma idade, além de

diminuição acelerada dos níveis de CD4+, CD45RA+, CD62L+ com a idade,

refletindo a diminuição da capacidade do timo de produzir RTEs.

Uma grande variedade de mecanismos moleculares parece ter

participação no desenvolvimento de imunodeficiências. Comumente os

defeitos moleculares presentes em quadros de imunodeficiências resultam

em depleção dos linfócitos T circulantes, com envolvimento ou não de

linfócitos B e/ou células NK66,67.

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18

Destacam-se como exemplos, a Síndrome de DiGeorge, uma doença

que envolve a deleção do cromossomo 22q.11, resultando em alterações na

embriogênese do timo e a APECED que está relacionada a defeitos na

expressão do gene AIRE e resulta de um defeito no processo de indução de

tolerância central aos auto-antígenos2,68.

Recentemente em nosso serviço Fomin et al.58, em 2010,

quantificaram o número de cópias de TREC em sangue periférico de 12

crianças e adolescentes portadores da síndrome de DiGeorge em

comparação com controles saudáveis. O número de cópias de TREC estava

reduzido (3272,5 TRECs/µg de DNA) em relação aos indivíduos saudáveis

(25691,6 TRECs/µg de DNA). Além disso, observou-se maior expressão de

marcadores de ativação linfocitária no grupo de pacientes com síndrome de

DiGeorge em comparação com os controles58.

Apesar de alguns estudos avaliarem os níveis de TREC em crianças e

adolescentes, entendemos que estudos mais amplos, avaliando os níveis de

TREC e de determinadas subpopulações de linfócitos T em crianças

brasileiras, principalmente nos primeiros anos de vida, fazem-se necessários.

No presente estudo, pretendemos quantificar o número de cópias de TREC

em células mononucleares do sangue periférico em crianças e adolescentes

de várias faixas etárias associado à avaliação de marcadores de ativação

celular e de células T reguladoras. Destacamos que este projeto encontra-se

inserido em um estudo mais amplo sobre a Autoimunidade da Criança

(Projeto Tématico FAPESP nº2008/58238-4).

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2 - Objetivos

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20

- Avaliar a timopoiese em crianças e adolescentes saudáveis mediante

a determinação dos níveis de TREC no pool de células mononucleares de

sangue periférico em crianças e adolescentes saudáveis de diversas faixas

etárias.

- Realizar a determinação da proporção de linfócitos T CD3, CD4, e

CD8, de linfócitos T ativados (CD4+CD38+HLA-DR+ e CD8+CD38+HLA-DR+),

e de células T reguladoras (CD4+CD25+Foxp3+), explorando possíveis

correlações com os níveis de TREC.

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3 - Métodos

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22

3.1 Casuística

Foram inseridas neste estudo 95 crianças e adolescentes clinicamente

saudáveis de 0 a 18 anos. Os participantes eram provenientes do

ambulatório de Puericultura do Hospital São Paulo ou estavam realizando

exames pré-operatórios para cirurgias de baixa complexidade, como

postectomia ou hérnia inguinal. Também foram incluídos filhos de

funcionários do Hospital. Os responsáveis pelos participantes assinaram o

Termo ético livre e esclarecido, previamente aprovado pelo Comitê de Ética

do Hospital das Clínicas (ANEXOS 1 e 2).

� Critérios de Inclusão:

• Crianças e adolescentes com idade entre 0 e 18 anos;

• Assinatura do representante legal no termo de consentimento.

� Critérios de Exclusão:

• Timectomia prévia;

• Infecções virais ou bacterianas intercorrentes;

• Uso de medicações;

• Positividade em alguma das respostas do questionário “10 Warning

Signs of Primary Immunodeficiency”, Jeffrey Modell Foundation

(ANEXO 3).

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23

3.2 Dosagem dos níveis de TREC em células mononucleares do sangue

periférico

3.2.1 Isolamento de células mononucleares

As células mononucleares do sangue periférico foram isoladas por

gradiente de centrifugação em Ficoll-Paque Plus (GE Healthcare Bio-

Sciences, Uppsala, Suécia) na densidade de 1.077g/mL. A técnica baseia-se

na separação celular dependente da densidade mediante centrifugação.

Após a centrifugação os linfócitos, monócitos e plaquetas formam uma

camada com aspecto de “nuvem” entre o plasma sanguíneo e o Ficoll-Paque

Plus. A técnica foi realizada mediante o seguinte protocolo:

- Coletar 10 mL de sangue em tubo com anticoagulante EDTA (ácido

etilênico tetra acético);

- Homogeneizar o sangue e diluí-lo em PBS estéril (solução salina

tamponada com fosfato, pH: 7,4) utilizando tubo cônico com capacidade para

50 mL, na concentração de 1:2;

- Colocar cuidadosamente 10 mL da diluição em um novo tubo cônico

com capacidade para 15 mL contendo 3 mL do reagente de separação

celular Ficoll Paque-Plus;

- Centrifugar a 1.800 rpm durante 30 minutos em temperatura

ambiente (TA);

- Verificar a formação da nuvem de células mononucleares, coletá-la

com pipeta Pasteur estéril transferindo-a para um novo tubo cônico (15 mL);

- Realizar dois procedimentos de lavagem, completando o volume do

tubo para 10 mL com PBS, com as condições de 2.000 rpm durante 10

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24

minutos em TA, em todos os procedimentos de lavagem o sobrenadante foi

descartado e o pellet desfeito;

- Armazenar o pellet celular em 2 alíquotas, a primeira em um tubo

cônico (1,5 mL) para posterior extração de DNA em freezer -20ºC

- Armazenar o segundo pellet para realização dos procedimentos de

Citometria de Fluxo. As etapas preparatórias de contagem celular e

congelamento serão posteriormente descritas.

3.2.2 Extração do DNA genômico

A técnica foi realizada mediante protocolo “salting-out” disponível no

Laboratório de Investigação Médica LIM-36:

- Descongelar e ressuspender o pellet obtido durante a separação de

células mononucleares em 3 mL do reagente núcleo lysis (10 mM Tris-HCl,

0.4 M NaCl, 2 mM EDTA, pH 8.2)

- Submeter o tubo (15 mL) à agitação vigorosa em vortex para lise

nuclear;

- Acrescentar 5 µL de proteinase K (Life Technologies, Gaithersburg,

MD, EUA ) e 300 µL de SDS 10% (Life Technologies, Gaithersburg, MD,

EUA) a parede do tubo;

- Misturar o tubo cônico cuidadosamente por inversão e vedá-lo com

microfilme;

- Transportar e manter o tubo em banho Maria durante 24 horas a

37ºC;

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25

- Após tempo apropriado acrescentar 1 mL de NaCl 6M (Cloreto de

Sódio 6M) ao tubo;

- Agitar vigorosamente para lise nuclear durante 15 segundos ou até

que a solução adquira aspecto leitoso;

- Centrifugar o tubo em centrifuga refrigerada, nas condições de 4ºC

durante 20 minutos a 2.500 rpm;

- Transferir o sobrenadante para outro tubo cônico (15 mL) e realizar

nova centrifugação nas mesmas condições, porém durante 15 minutos;

- Transferir o sobrenadante para outro tubo cônico (15 mL) contendo

duas vezes o volume de etanol absoluto, onde um emaranhado viscoso pode

ser observado;

- “Pescar” o DNA com o auxilio de uma pipeta e transferi-lo para um

tubo cônico de 1,5 mL;

- Acrescentar 500 µL de etanol 70% ao tubo (1,5 mL);

- Realizar centrifugação a 13.500 rpm durante 5 minutos a 4ºC;

- Ao término da centrifugação deixar os tubos abertos para secagem;

- Após secagem acrescentar 300 µL de TE (10 mM Tris-HCl, 0.1 mM

EDTA, pH 7.5) para armazenamento.

3.2.3 Avaliação qualitativa e quantitativa de DNA

Para quantificação e verificação do grau de pureza do DNA foi

utilizado o espectrofotômetro NanoDrop ND-1000 (NanoDrop Technologies,

Wilmington, Delaware, USA) em comprimento de onda de 260nm e 280nm.

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26

Todas as amostras apresentaram grau de pureza adequado, estabelecido

pela relação da leitura a 260nm e 280nm, entre 1,8 e 2,0.

3.2.4 Detecção e quantificação de TREC por PCR quantitativo em tempo

real

A quantificação da concentração do TREC foi determinada pelo

método de PCR quantitativo em tempo real, utilizando o equipamento

RotorGene-3000 (Corbett Research Pty Ltd, Sydney, Austrália).

O princípio do método de PCR em tempo real está baseado na

detecção da fluorescência da amostra enquanto o DNA alvo é amplificado. O

agente fluorescente SYBR Green é incorporado às cadeias de dupla fita de

DNA à medida que estas vão sendo geradas. As moléculas de SYBR Green

são irradiadas por diodos (LEDs) sendo capazes então de emitir

fluorescência. Durante as fases iniciais da PCR tem-se o denominado “ruído

de fundo”; trata-se da emissão de baixa fluorescência não específica. A partir

do momento em que a fluorescência da amostra ultrapassa o ruído de fundo

temos a fase exponencial da reação e o acúmulo do produto de PCR

denominado Ct (threshold cycle) ou “ciclo limiar”. O Ct é determinado durante

a fase exponencial da reação de PCR, pois nesta fase os reagentes não se

encontram limitados e a amplificação ocorre de forma uniforme e

reprodutível. O aumento exponencial do número de cópias ocorre até um

determinado número de ciclos, que será padronizado e variável de reação

para reação.

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27

Para a quantificação do número de cópias de TREC/µg DNA, uma

curva-padrão foi construída utilizando um fragmento de 376bp da sequência

do sjTREC clonado no plasmídeo pCR II-TOPO (Invitrogen, Carlsbad, USA)

(gentilmente cedido por Ephraim Hochberg, Harvard Medical School, Boston,

Massachussetts). Os plasmídeos liofilizados foram ressuspendidos em água

e utilizados para transformar células competentes (E. coli DH5a) de acordo

com o protocolo descrito por Kayser et al. (2004).

A curva-padrão incluiu sete concentrações sucessivas do número de

cópias do plasmídeo contendo a sequencia do sjTREC (1x108 a 1x102

cópias/µL). A média dos valores de Ct obtida em escala logarítmica foi

correlacionada com o número de cópias de plasmídeos sjTREC de cada

diluição.

O número de cópias de TREC/µg DNA para cada amostra foi obtido

pela interpolação linear dos valores de Ct da amostra na curva de valores de

Ct obtidos com a série de diluições padrão, calculado a partir da seguinte

fórmula:

y = Ax+B

Onde:

y = Ct da amostra

A = Inclinação (slope)

B = Intersecção

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28

A intersecção é igual ao valor hipotético de Ct quando a quantidade de

cópias for igual a 0. A inclinação corresponde ao ângulo formado pelo eixo do

y e a reta da curva-padrão, conforme abaixo (Figura 6).

Intersecção = 34,797

Figura 6: Gráfico de uma curva padrão com exemplo de regressão linear. A

intersecção é igual ao valor hipotético de Ct quando a quantidade de cópias

for igual a 0. A inclinação corresponde ao ângulo formado pelo eixo do y e a

reta da curva padrão.

A PCR em tempo real foi realizada utilizando-se, para um volume total

de 25µL: 60ng de DNA de cada amostra, 500nM de cada primer (senso e

anti-senso) e 12,5µL de reagente SYBR Green (DyNAmo SYBR Green qPCR

Kit F400L – Finnzymes, Finlândia). Os primers utilizados para a reação de

PCR para sjTREC foram; senso 5’-CCCTTTCAACCATGCTGACA-3’, anti-

senso 5’-AGGTGCCTATGCATCACCGT-3’. O tamanho do produto gerado foi

de 74bp.

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29

As condições de ciclagem da PCR foram: 10 minutos a 95ºC, seguidos

de 15 segundos a 95ºC, 30 segundos a 60ºC, e 30 segundos a 72ºC por 45

ciclos consecutivos. Os ensaios foram realizados em duplicata em um rotor

de 36 cavidades incluindo a série de diluições do padrão do TREC

plasmidial.

Reações utilizando primers para a ß-actina (400nM para cada primer e

50ng de DNA) foram realizadas com todas as amostras, nas mesmas

condições que as reações para TREC. Os primers utilizados foram: senso 5’-

AAGATGACCCAGGTGAGTGG-3’,anti-senso 5’-GGCAGAGAAGAGAACCA-

3’.

Ao término de toda reação uma curva de dissociação do produto de

PCR foi analisada. A curva consiste em variações crescentes de temperatura

(de 72ºC a 95ºC), de grau em grau, por 20 segundos em cada temperatura,

com monitoramento da fluorescência. A temperatura de dissociação (Tm) do

produto de PCR é um dado fundamental para avaliação da qualidade e

especificidade da reação.

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30

3.3 Citometria de Fluxo

A citometria de fluxo propicia a análise de células de forma rápida e

multiparamétrica, a informação obtida pode ser tanto qualitativa quanto

quantitativa como no PCR Real Time. O método fornece características

ópticas e fluorescentes de uma única célula (ou outras partículas como

beads de látex). As propriedades físicas da célula, como tamanho e

complexidade interna podem diferenciar a população celular a ser estudada.

Anticorpos conjugados com partículas fluorescentes se ligam a diferentes

proteínas de superfície ou intracelulares.

Para que sejam analisadas pelo citômetro de fluxo, as células

conjugadas são mantidas em um meio aquoso isotônico e passam

individualmente por fontes de luz, os fluorocromos são então excitados e

quando retornam ao seu estado basal liberam energia em forma de cor. O

uso de diversos fluorocromos emitindo diferentes cores propicia a análise de

inúmeros parâmetros ao mesmo tempo.

Todos os procedimentos de citometria de fluxo, exceto o isolamento

de células mononucleares foram realizados no Laboratório LIM-60. O

aparelho utilizado para aquisição foi o FACS Canto II da BD com 8 cores e

10 parâmetros. As análises foram realizadas utilizando o software FlowJo.

3.3.1 Congelamento das células mononucleares

O congelamento celular das células mononucleares de sangue

periférico (CMSP) foi realizado mediante protocolo disponível no Laboratório

LIM-60 com algumas modificações:

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31

- Desprender o pellet obtido durante a separação celular em 2 mL de

PBS;

- Preparar em um tubo cônico (1,5 mL) 90 µL de azul de tripan (0,1%);

- Acrescentar ao tubo cônico (1,5 mL) 10 µL da suspensão celular;

- Realizar contagem celular;

- A contagem foi realizada em quatro quadrantes e foi obtida uma

média de células de cada amostra. Para tal os seguintes cálculos foram

realizados:

- Média da contagem de quatro quadrantes (soma dos 4 quadrantes e

divisão pelos 4) x 10 (valor da diluição do Azul de Tripan) x 2 (volume onde

as células foram ressuspendidas) x 104 (valor de correção da Câmara de

Neubauer). A concentração de células padrão para PBMC é de 1 x 106

células por 1 mL de meio de congelamento.

- Enquanto as células estão sendo contadas, centrifugar novamente a

suspensão celular a 2.000 rpm durante 10 minutos em TA;

- Descartar o sobrenadante e ressuspender as células em meio de

congelamento, na proporção de 1 mL de meio para cada milhão de células.

- Foram armazenados 2 criotubos com capacidade para 2 mL

contendo 1 x 106 de células. Os criotubos foram armazenados primeiramente

em freezer -20ºC durante 24 horas, depois foram transferidos para freezer -

80ºC durante 1 semana e posteriormente para N2 (Nitrogênio líquido) até a

realização dos procedimentos.

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32

3.3.2 Descongelamento Celular

O descongelamento celular foi realizado mediante protocolo disponível

no Laboratório LIM-60:

- Descongelar rapidamente o criotubo com a amostra selecionada

mediante agitação gentil em banho Maria a 37ºC;

- Gotejar 1 mL de meio de cultura R10 (Meio de cultura RPMI 1640

Gibco suplementado com Soro Fetal Bovino, tampão Hepes, L-glutamina

200mM, Penicilina/Stretopmicina 100x, Mercaptoetanol 55mM, Piruvato de

Sódio 100mM, Life Technologies, Invitrogen) ao criotubo e transferir todo o

conteúdo para um tubo cônico (15 mL) contendo 10 mL de R10 gelado;

- Centrifugar o criotubo em 2.000 rpm a 4ºC durante 10 minutos;

- Após obtenção do pellet, ressuspendê-lo em 2 mL de R10 e realizar

contagem celular com os mesmos parâmetros descritos no protocolo de

congelamento celular;

- Partindo da concentração celular encontrada, calcular a quantidade

da suspensão que será utilizada durante a marcação celular.

3.3.3 Marcação de superfície para painel de ativação CD3 (ECD), CD4

(APC Cy7), CD8 (PE.Cy7), HLA-DR (PerCP) e CD38 (Pe)

A técnica foi realizada mediante protocolo do Laboratório LIM-60. Para

o painel de ativação foram utilizados os seguintes anticorpos: CD3 (ECD –

Beckman Coulter), CD4 (APC.Cy7 – BD Pharmigen), CD8 (PE.Cy7 - BD),

HLA-DR (PerCP - BD) e CD38 (Pe - BD).

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33

- A marcação foi realizada em placas de fundo “V”. Foram utilizadas

500.000 células por amostra de controle;

- Foram transferidos 100 µL da suspensão celular para cada cavidade

da placa (o número de cavidades depende da quantidade de amostras);

- Centrifugar a placa com as seguintes condições, 1.500 rpm a 4ºC

durante 5 minutos para formação do pellet;

- Descartar o sobrenadante;

- Acrescentar 170 µL de MACS Buffer (0,5% Albumina Soro Bovina e

EDTA 2mM);

- Realizar nova centrifugação para lavagem e obtenção do pellet;

- Os monoclonais foram pipetados de acordo com a padronização

ideal obtida no laboratório LIM-60, sendo que o volume total de cada

cavidade foi estabelecido em 50 µL. Foram pipetados: 1 µL de CD3 ECD, 2

µL de CD4 APC Cy7, 2 µL de CD8 PE Cy7, 5 µL de HLA-DR PerCP, 5 µL de

CD 38 Pe, totalizando 15 µL;

- Adicionar a cada cavidade 35 µL de MACS Buffer para obtenção do

volume final de 50 µL;

- Ao término da pipetagem manter a placa em geladeira ao abrigo da

luz durante 30 minutos;

- Centrifugar a 1.500 rpm a 4ºC durante 30 minutos para

sedimentação;

- Adicionar 170 µL de MACS Buffer em todas as cavidades;

- Realizar homogeneização manual em cada cavidade e em seguida, 2

lavagens a 1.500 rpm a 4ºC durante 30 minutos;

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34

- Ao término do procedimento acrescentar 100 µL de Paraformoldeído

a 1%

- Transferir o conteúdo de todas as cavidades para microtubos de

citometria, a caixa foi mantida em geladeira ao abrigo da luz até a leitura.

Para cada amostra foram adquiridos 500 mil eventos.

3.3.4 Marcação de intracelular (Foxp3)

Para a marcação intracelular foi utilizado o kit da empresa eBioscience

(Treg Kit) contendo PE Foxp3 PCH101, FITC CD4 e APC CD25. O protocolo

utilizado foi o recomendado pelo fabricante:

- A marcação foi realizada em placas de fundo “V”. Foi utilizado o valor

de 1.000.000 células por amostra de controle;

- Adicionar 20 µL do coquetel CD4/CD25 em cada cavidade;

- Incubar a placa em geladeira durante 30 minutos ao abrigo da luz;

- Realizar procedimento de lavagem com MACS Buffer;

- Ressuspender o pellet e acrescentar 1 mL do tampão de

permeabilização fornecido pelo kit a cada cavidade;

- Homogeneizar em vortex e levar novamente para incubação durante

60 minutos em geladeira ao abrigo da luz;

- Realizar dois procedimentos de lavagem a 1.500 rpm a 4ºC durante

30 minutos;

- Acrescentar 100 µL da solução de bloqueio fornecida pelo kit em

cada cavidade durante 15 minutos;

- Acrescentar 20 µL do marcador intracelular Foxp3;

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35

- Armazenar a placa em geladeira ao abri da luz durante 30 minutos;

- Realizar novo procedimento de lavagem a 1.500 rpm a 4ºC durante

30 minutos;

- Realizar leitura, sendo que para cada amostra foram adquiridos

1.000.000 de eventos.

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36

3.4 Análise Estatística

A análise descritiva foi feita por gráficos e tabelas com dados isolados,

média, mediana e desvio padrão. A averiguação de possível distribuição

normal do número de cópias de TREC/µg DNA foi feita pelo teste de

Kolmogorov-Smirnov. Para comparação entre variáveis quantitativas foi

utilizado o teste de Mann-Whitney. O método de correlação de Spearman foi

utilizado para avaliar a correlação entre o número de TREC/µg DNA e

expressão dos diversos marcadores de linfócitos T estudados e variáveis

quantitativas. Para todas as análises o valor de significância menor que 0,05

foi considerado.

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4 - Resultados

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38

4.1 Características da Amostra

Foram incluídas 95 crianças e adolescentes saudáveis, de ambos os

sexos (46 do sexo feminino e 49 do sexo masculino), com 1 a 18 anos de

idade. Como pode ser apreciado na Tabela 1 a maioria das crianças

encontrava-se na faixa etária dos 4 aos 12 anos de idade.

Tabela 1: Dados demográficos das crianças e adolescentes saudáveis

inseridos no estudo.

Controles Meninos Meninas

1-3 anos 6 5 1

4 – 6 anos 17 10 7

7 – 9 anos 24 13 11

10 – 12 anos 27 13 14

13 -15 anos 9 4 5

16 -18 anos 12 4 8

Sexo (♂/♀) 95 49 46

4.2 Quantificação dos níveis de TREC em células mononucleares do

sangue periférico

Na figura 6 podemos observar a curva de amplificação de 7 diluições

sucessivas do plasmídeo contendo a sequência de TREC (1x102, 1x103,

1x104, 1x105, 1x106, 1x107 e 1x108 cópias/µL) em uma das reações.

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39

Figura 7: Gráfico de uma reação em tempo real para amplificação do

plasmídeo contendo a sequencia do TREC (curva-padrão). A linha horizontal

vermelha representa o limiar a partir do qual se estabelece o ciclo de limiar

(Ct)

para cada amostra.

Na figura 8 observamos uma curva de amplificação de uma das

reações e na figura 9 uma curva de dissociação térmica derivada de uma

reação para amplificação do TREC realizada com o DNA de crianças e

adolescentes saudáveis.

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40

Figura 8: Reação de PCR em tempo real para amplificação do TREC em

crianças e adolescentes saudáveis. Cada linha representa a curva de

amplificação de uma amostra.

Figura 9: Curva de dissociação térmica derivada dos produtos de PCR de

TREC mostrando Tm com pico único, sem contaminação ou formação de

dímeros de primer.

A eficiência das reações de PCR em tempo real variou entre 0,90 e

0,98, a inclinação (slope) variou entre -3,379 e -3,593, com uma correlação

(R2) sempre superior a 0,99.

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41

4.2.1 Análise do número de cópias de TREC/µg de DNA de crianças e

adolescentes saudáveis

A variável de TREC não foi considerada como tendo distribuição

normal (teste de Kolmogorov-Smirnov). A média do número de cópias de

TREC em células mononucleares do sangue periférico em crianças e

adolescentes saudáveis foi de 8,9 x 104 TRECs/µg DNA, mediana de 7,3x104

TRECs/µg DNA e desvio padrão de 3,6 x 104 TRECs/µg DNA.

Não encontramos diferença significativa nos valores de TREC entre o

sexo feminino e masculino (8,2 ± 3,3 x 104 TRECs/µg DNA versus 9,5 ± 3,9 x

104 TRECs/µg DNA, respectivamente) (p = 0,085).

Conforme os resultados apresentados na Tabela 2 e Gráfico 1 os

níveis de TREC foram maiores em crianças com 1-3 anos de idade (p <

0,001). Observamos uma queda contínua dos níveis de TREC nos indivíduos

estudados.

Tabela 2: Níveis de TREC/µg DNA de acordo com a faixa etária (média ±

desvio padrão):

Idade

TREC/µg DNA (Média±DP)

1-3 anos 183.883 ± 21.452

4-6 anos 125.236 ± 24.077

7-9 anos 82.218 ± 15.089

10-12 anos 70.437 ± 7.655

13-15 anos 69.430 ± 5.860

16-18 anos 53.506 ± 12.514

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42

Gráfico 1: Gráfico demonstrando a média dos níveis de TREC/µg DNA

conforme a faixa etária.

4.2.2 Analise de Correlações entre Valores de TREC e idade

Como podemos observar no Gráfico 2 houve forte correlação inversa

entre a idade e os níveis de TREC em células LMNs (r = -0,846 p < 0,001),

refletindo a conhecida queda da função tímica com a idade.

Gráfico 2: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA conforme a idade (n =

95).

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

200.000

1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 a 12 13 a 15 16 a 18

dia

de

pia

s d

e T

RE

C/µ

g D

NA

Faixa etária

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

0 5 10 15 20

me

ro d

e c

óp

ias

de

TR

EC

/µg

DN

A

Idade

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43

Comparamos também os níveis de TREC/µg DNA entre controles com

até 9 anos de idade com os controles com 10 a 18 anos de idade. Os níveis

de TREC foram significantemente menores nas crianças e adolescentes com

mais de 9 anos de idade (6,5 x 104 TREC/µg DNA versus 11,2 X 104

TREC/µg DNA, respectivamente) (p < 0,001).

Conforme se observa no Gráfico 3 também houve forte correlação

entre idade e número de cópias de TREC quando avaliamos apenas as

crianças até 9 anos de idade, (n = 47) (r = -0,863 com p < 0,001).

Gráfico 3: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA em crianças de 0 a 9

anos (n = 47).

Entre crianças e adolescentes de 10 – 18 anos observou-se uma

correlação mais fraca entre idade e número de cópias de TREC (r = -0,439

com p = 0,002) (Gráfico 4).

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

0 2 4 6 8 10

me

ro d

e c

óp

ias

de

TR

EC

/µg

DN

A

Idade

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44

Gráfico 4: Distribuição dos níveis de TREC/µg DNA em crianças e

adolescentes de 10 a 18 anos (n = 48).

4.3 Análise da expressão de Linfócitos T

Os linfócitos T foram quantificados pela análise da expressão dos

marcadores CD3, CD4 e CD8. A avaliação destas subpopulações nas

diferentes faixas etárias variou de 45 a 62% (CD3), 60 a 65% (CD4) e de 14

a 26% (CD8) (Tabela 3).

Não houve correlação significativa entre a proporção de CD3, CD4 e

CD8 e a idade dos indivíduos avaliados (p=0,424, r=0,103; p=0,908, r=0,015;

p=0,372, r=0,114, respectivamente) (Gráficos 5, 6 e 7).

-

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

9 11 13 15 17 19

me

ro d

e c

óp

ias

de

TR

EC

/µg

DN

A

Idade

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45

Gráfico 5: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T

CD3+ por idade (n = 63).

Gráfico 6: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T

CD4+ por idade (n = 63).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20

%C

D3

+

Idade

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20

%C

D4

+

Idade

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46

Gráfico 7: Gráfico de dispersão demonstrando a proporção de células T CD8+ por

idade (n = 63).

Tabela 3: Média e desvio padrão da expressão de CD3, CD4 e CD8 de

acordo com a faixa etária em anos.

Faixa etária % CD3 % CD4 % CD8

1 – 3 45,95 ± 5,35 63,4 ± 5,1 23,35 ± 0,65

4 - 6 50,25 ± 10,32 61,8 ± 5,3 16,8 ± 6,9

7 – 9 51 ± 8,8 61,3 ± 12 18 ± 9,5

10 – 12 54 ± 14,4 65 ± 10 14 ± 9

13 – 15 62 ± 0,4 62,3 ± 6,2 19,2 ± 7

16 – 18 52 ± 6 60,4 ± 1,6 26,4 ± 2,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20

%C

D8

+

Idade

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47

4.3.1 Analise da Expressão de Linfócitos T CD4+CD38+HLA-DR+,

CD8+CD38+HLA-DR+ e CD4+CD25+Foxp3+

Para quantificação dos números de células T ativadas foram

realizadas análises da co-expressão dos marcadores CD38 e HLA-DR em

células T CD4+ e CD8+ (Figura 10) e para avaliação de células reguladoras

foi realizada análise da expressão de células CD4+CD25+Foxp3+ (Figura 11)

(Tabela 4).

A análise da expressão de células T ativadas foi realizada em 63

amostras e a análise da expressão de células CD4+CD25+Foxp3+, em 19

amostras.

Figura 10: Análise de Citometria obtida de uma da amostras utilizando o

software FlowJo a) seleção de linfócitos CD3+ b) gate de células CD4+ e

CD8+ c) - d) seleção de células CD8+ co-expressando HLA-DR e CD38 e) - f)

seleção de células CD4+ co-expressando HLA-DR e CD38.

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48

Figura 11: Análise de Citometria obtida de uma das amostras utilizando o

software FlowJo a) seleção de linfócitos CD3+ b) gate de células CD4+CD25+

c) histograma demonstrando a % de células CD4+CD25+ expressando Foxp3.

Tabela 4: Média e desvio padrão da expressão de células T ativadas e de

células T reguladoras de acordo com a faixa etária em anos.

Faixa

etária

% CD4+ CD38+

HLA-DR+

% CD8+ CD38+

HLA-DR+

% CD4+ CD25+

Foxp3+

1 – 3 2,95 ± 0,5 1,4 ± 1 5,3 ± 2,6

4 – 6 5,02 ± 1,7 2,2 ± 2,3 4,8 ± 2,7

7 – 9 3,92 ± 3,6 1,51 ± 2 4,8 ± 3

10 - 12 4,55 ± 7 1,81 ± 1 5,36 ± 2

13 - 15 4,57 ± 1 2,51 ± 0,3 4,96 ± 1,5

16 - 18 3,75 ± 1,1 2,2 ± 0,2 2,8 ± 1,1

Houve uma correlação inversa fraca entre o número de células T CD4+

co-expressando CD38 e HLA-DR e idade (r = -0,286; p = 0,023) (Gráfico 8).

Não encontramos correlação significativa entre a proporção de células T

CD8+ co-expressando CD38 e HLA-DR (r = -0,229; p = 0,072) e idade.

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49

Gráfico 8: Gráfico de dispersão entre células T ativadas (CD4+CD38+HLA-

DR+) e idade (n = 63).

Como demonstrado no gráfico 9, encontramos uma correlação positiva

fraca entre as células T ativadas CD8+CD38+HLA-DR+ e número de cópias

de TREC/µg DNA (r = 0,258; p = 0,04) e uma tendência a correlação entre a

proporção de células T ativadas CD4+CD38+HLA-DR+ e número de cópias de

TREC/µg DNA (r = 0,241; p = 0,05).

0

2

4

6

8

10

12

0 5 10 15 20

% C

D4

+C

D3

8+

HLA

-DR

+

Idade

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50

Gráfico 9: Gráfico de dispersão entre células T ativadas CD8+CD38+HLA-

DR+ e cópias de TREC/µg DNA.

Como demonstrado no gráfico 10, evidenciamos uma correlação

inversa entre a expressão de células CD4+CD25+Foxp3+ e idade (r = -0,46

com p = 0,04), demonstrando que a expressão de células T reguladoras

tende a diminuir com a idade.

Adicionalmente, encontramos correlação positiva entre a expressão de

células CD4+CD25+Foxp3+ e número de cópias de TREC/µg DNA nos

controles estudados (r = 0,52 com p = 0,02) (Gráfico 11).

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

0 2 4 6 8 10

me

ro d

e c

óp

ias

de

TR

EC

/ µµ µµg

DN

A

% CD8+CD38+HLA-DR+

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51

Gráfico 10: Gráfico de dispersão entre células T reguladoras e idade (n = 19).

Gráfico 11: Gráfico de dispersão entre células T reguladoras e cópias de

TREC/µg DNA (n = 19).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 5 10 15 20

%C

D4

+C

D2

5+F

ox

p3

+

Idade

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8

me

ro d

e c

óp

ias

de

TR

EC

/µg

DN

A

% CD4+CD25+Foxp3+

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5 - Discussão

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53

A contribuição do timo nas disfunções imunológicas tem elevado o

interesse sobre seu funcionamento normal e patológico. No presente estudo,

avaliamos a proporção de células recém-egressas do timo no pool de células

mononucleares periféricas, mediante a determinação dos níveis de TREC/µg

de DNA em crianças e adolescentes brasileiras saudáveis. Adicionalmente,

avaliamos de forma inédita, a expressão de linfócitos T ativados e de células

T reguladoras na mesma população.

Confirmando achados de estudos anteriores, encontramos níveis

elevados de TREC em sangue periférico de crianças com 1 a 3 anos de

idade e queda progressiva de seus níveis com a idade53,57. Houve uma

diminuição discreta da proporção de células CD4+CD38+HLA-DR+ e uma

diminuição mais significativa das células T reguladoras com a idade.

Interessantemente, encontramos correlação positiva entre os níveis de TREC

e a proporção de células T reguladoras na periferia.

A medida dos níveis de TREC em sangue periférico é um método

utilizado para fornecer uma estimativa da produção de linfócitos T pelo timo e

principalmente, para avaliar a proporção de RTE em relação ao pool de

linfócitos T periféricos49. Estudos realizados previamente em controles

demonstram que os níveis de TREC apresentam-se elevados em células de

cordão umbilical e no sangue periférico de recém-nascidos sadios, podendo

ser encontrados em maior quantidade nas primeiras duas décadas de

vida53,55,57.

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54

Observamos também de forma interessante certa variabilidade no

número de cópias de TREC em crianças e adolescentes com a mesma

idade. Alguns autores atribuem esta variabilidade a fatores genéticos ou a

presença de proporções diferentes de tecido tímico em controles da mesma

idade49,51. Corroborando os achados de estudos prévios, não encontramos

diferença significativa quando comparamos os níveis de TREC entre o sexo

masculino e feminino53,64.

Especialmente na população pediátrica, a metodologia de

quantificação de TREC em mononucleares do sangue periférico vem sendo

empregada no estudo de diversas patologias autoimunes e em

imunodeficiências primárias e secundárias. Em doenças autoimunes como a

artrite idiopática juvenil, estudos mostraram níveis diminuídos de TREC em

sangue periférico em comparação a crianças saudáveis64,65.

Em imunodeficiências primárias como na síndrome de DiGeorge,

diferentes graus de acometimento do timo acarretam uma série de alterações

na função imunológica. A síndrome de DiGeorge caracteriza-se por

hipoplasia ou até mesmo aplasia tímica. Em um estudo apresentado por

Lima et al.69 não foi encontrada correlação significativa entre número de

cópias de TREC e o tamanho de tecido tímico verificado por ultrassom. Em

outro estudo, pacientes que não possuíam tecido tímico detectável,

apresentaram números de cópias de TREC detectáveis em sangue

periférico, indicando a possível existência de sítios de maturação

extratímicos ou de tecido tímico não detectável, mas capaz de gerar RTE

mesmo que em pequenas quantidades58. Mais recentemente alguns autores

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55

utilizaram a dosagem dos níveis de TREC em sangue periférico para

avaliação do grau de disfunção imunológica e da recuperação do sistema

imunológico após transplante tímico70.

Em imunodeficiências secundárias como o HIV, o papel do timo

também tem despertado grande interesse. Em adultos, McCune et al.71

apresentaram um estudo no qual o tamanho do timo determinado por

tomografia computadorizada, encontrava-se aumentado em pacientes

infectados pelo HIV, indicando possível hipertrofia do órgão como tentativa

de manutenção da homeostase de linfócitos T. Em crianças e adultos, a

dosagem dos níveis de TREC tem sido utilizada como ferramenta para

averiguação do reestabelecimento da função imunológica após terapia

antirretroviral72.

Mostrando outra utilização potencial do método e a importância da

dosagem de TREC em imunodeficiências, recentemente alguns autores

propuseram a dosagem dos níveis de TREC como teste de triagem para

diagnóstico de Imunodeficiência Severa Combinada (SCID) em recém-

nascidos, uma grave imunodeficiência que pode levar ao óbito se não

detectada precocemente. Em estudos do mesmo grupo, recém-nascidos com

SCID, apresentavam número de cópias de TREC indetectáveis73,74.

Ao interpretarmos os resultados obtidos no presente estudo devemos

lembrar, entretanto, que os níveis de TREC em sangue periférico são

influenciados não apenas pela timopoiese, mas também por outros fatores

como proliferação e apoptose celular, que podem causar diluição periférica

de células contendo TREC em relação ao pool total de células T48,75.

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56

Utilizando um modelo matemático, Ye e Kirschner76 analisaram a influência

da idade no número de RTEs gerados diariamente e no número de cópias de

TREC. O estudo demonstrou que tanto os RTEs quanto a proliferação celular

afetam a concentração periférica de TREC da mesma maneira em todas as

idades e a morte celular parece influenciar a concentração de TREC de

modo menos importante.

Além da pesquisa dos níveis de TREC em crianças e adolescentes

saudáveis, nosso estudo também abordou outros subtipos celulares

envolvidos na homeostase do sistema imunológico. O sistema imunológico

de crianças possui diversas particularidades em relação a um adulto,

podendo reagir de maneira diferente a situações como desequilíbrio entre

diferentes subtipos de células T ou até mesmo frente a patógenos externos.

Por isso, avaliamos outros subtipos celulares não comumentemente

avaliados em crianças e adolescentes saudáveis77.

A imunofenotipagem básica de linfócitos T em crianças foi

amplamente explorada durante os anos 90, quando diversos trabalhos

buscavam valores de normalidade e a melhor metodologia para ensaios de

citometria de fluxo. Em nosso estudo, esta marcação já bem estabelecida foi

o passo inicial para avaliar a proporção de células T ativadas e reguladoras.

Comparando nossos resultados a outros estudos, encontramos grande

similaridade na média da proporção de células T CD3+, CD4+ e CD8+ e não

encontramos correlação entre a proporção destes subtipos celulares e

idade28.

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57

O CD38 é expresso em precursores da medula óssea e em células T

ativadas, podendo ser considerado um marcador de ativação celular ou de

imaturidade celular.28 O HLA-DR é uma das proteínas pertencentes ao grupo

MHC de classe II e tem sido considerado um marcador de ativação celular

tardio33. Como em outros estudos, não consideramos somente o CD38 como

marcador de ativação celular devido a sua alta expressão em células

imaturas provenientes da medula óssea principalmente em crianças, nas

quais o sistema imune está sendo estabelecido. Associando o CD38 a um

marcador considerado um marcador de ativação tardia, podemos estimar de

uma maneira mais precisa a proporção de células T ativadas.

A co-expressão de CD38 e HLA-DR como marcador de células T

ativadas vem sendo utilizada principalmente para acompanhamento de

crianças infectadas pelo vírus do HIV. O aumento na co-expressão de CD38

e HLA-DR em crianças com HIV também está relacionada à progressão de

doença e maior risco de morte78.

Estudos em crianças saudáveis demonstraram que a porcentagem de

células CD8+ que co-expressam CD38 e HLA-DR são baixas, girando em

torno de 3%. Já em células T CD4+ esses níveis sobem para

aproximadamente 7%. 28,79. Em nossa pesquisa encontramos uma média de

2% de células CD8+ co-expressando CD38 e HLA-DR e 5% de células CD4+

co-expressando CD38 e HLA-DR.

No presente estudo, observamos uma correlação inversa fraca entre

os níveis de linfócitos T ativados expressando CD4+CD38+HLA-DR+ e idade

(r = -0,286; p = 0,023), e uma tendência à correlação inversa entre linfócitos

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58

T CD8+CD38+HLA-DR+ e idade (r = -0,229; p = 0,072). Estudos realizados

previamente demonstram aumento na proporção de células CD8+CD38+HLA-

DR+ com a idade 28,80. Também não encontramos uma correlação relevante

entre expressão de linfócitos T ativados e níveis de TREC. Acreditamos que

este fato pode ser mais bem elucidado em um estudo com uma população

maior de crianças e adolescentes.

Outro subtipo celular de grande interesse atualmente são as células T

reguladoras (Treg). As células Treg exercem um papel central na

manutenção da auto-tolerância e controle da homeostase do sistema imune.

Estas células fazem parte de uma população distinta com função

imunossupressora e podem ser divididas em dois subtipos: as células T

reguladoras naturais (nTreg) e células T reguladoras adaptativas (aTreg),

sendo que ambas expressam o Foxp3. As nTreg se desenvolvem

naturalmente no timo; já as aTreg são Foxp3- até o momento em que se

diferenciam em células com atividade imunossupressora, passando então a

expressar também o Foxp381.

Em nosso estudo optamos por considerar as Treg como sendo

CD4+CD25+Foxp3+, já que o fator de transcrição Foxp3 tem sido considerado

altamente especifico para células T reguladoras. Estudos em modelos

murinos demonstram que a expressão do Foxp3 é necessária para o

desenvolvimento de células CD4+CD25+ com função imunossupressora e

animais que apresentavam deficiência deste fator de transcrição

desenvolvem patologias autoimunes e inflamatórias82,83.

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59

Estudos mais recentes sugerem que as células Treg naturais possam

ser diferenciadas pela alta expressão de um novo marcador, o Helios. O fator

de transcrição Helios encontra-se expresso em 100% dos timócitos T

CD4+CD8-Foxp3+ e em aproximadamente 70% das Treg encontradas em

órgãos linfóides periféricos84. Poderá ser um marcador utilizado em estudos

futuros para diferenciação de Tregs de origem tímica das células aTreg, que

não expressam o Helios.

Um aspecto sobre as Treg que vem sendo explorado atualmente diz

respeito a estudos envolvendo terapia celular. A possível alternativa de

expandir as células T reguladoras de um doador “in vitro” e de criopreservar

estas células para que sejam administradas em situações pós-transplante

ainda levanta inúmeras questões, porém estudos pioneiros demonstram

resultados satisfatórios85,86. Em nosso trabalho encontramos uma média de 4% de células Treg

CD4+ co-expressando CD25 e Foxp3, resultados compatíveis com outros

estudos que avaliaram a expressão de células T reguladoras em crianças.

Lorenzi et al.87 em um estudo comparando crianças acometidas com AIJ e

controles, encontrou uma proporção média de 6.9% de Treg nos controles

avaliados. Roat et al.88 apresentaram um estudo comparando a proporção de

células T reguladoras entre crianças com Síndrome de Down e controles

saudáveis; a proporção média de células Treg nos controles saudáveis foi de

2%. Em um estudo apresentado por Fuchizawa et al.89 a proporção média de

células Treg foi de 4,5%. Finalmente, Mold et al.90 encontraram uma média

de 7% de células Treg ao avaliarem recém nascidos saudáveis.

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60

Encontramos também uma correlação inversa moderada entre a

expressão de células T CD4+CD25+Foxp3+ e a idade em 19 crianças e

adolescentes estudados. Diversos autores avaliaram o impacto da idade na

expressão de células Treg em crianças saudáveis com resultados

controversos. Estudos reportam maiores proporções de células Treg em

recém-nascidos, indicando que as células Treg podem ser estimuladas e

produzidas em maior quantidade no momento em que a criança é exposta a

antígenos externos89,91,92. Gridebacke et al.91 e Fichizawa et al.89,

encontraram aumento da expressão de células T CD4+CD25+Foxp3+ na

circulação periférica nos primeiros dias de vida, seguido de uma

estabilização de seus níveis nos primeiros anos de vida. Teran et al.92, ao

avaliarem uma população de crianças Latino Americanas, encontraram

queda da porcentagem de células Treg com a idade. Além disso, como em

nosso estudo, os autores também encontraram certa variabilidade nos níveis

de células Treg entre indivíduos da mesma faixa etária, indicando que fatores

como o meio ambiente ao qual a criança é exposta possa influenciar no

desenvolvimento de seu sistema imunológico.

Além disso, a proporção de células T CD4+CD25+Foxp3+ virgens

costuma diminuir com a idade à custa de um aumento na proporção de

células Treg de memória.93 Apesar da expressão do CD4+CD25+Foxp3+ ser

ainda considerado o melhor marcador para avaliação de células Treg na

periferia, atualmente diversos tipos de células T reguladoras com função

supressora têm sido descritos. Um aspecto interessante a ser explorado

seria a hipótese de que durante o avançar da idade outros subtipos de

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61

células T reguladoras possam estar mais envolvidos nas respostas

imunológicas. Estudos futuros avaliando diferentes fenótipos de células Treg

e outras células com função reguladora são necessários para melhor avaliar

o impacto da idade em cada subtipo de célula T com função reguladora.

Um achado inédito e relevante do presente estudo, apesar do

pequeno número de amostras avaliadas, diz respeito à correlação positiva

encontrada entre a timopoiese, avaliada pelo número de cópias de TREC, e

a expressão de células T CD4+CD25+Foxp3+ na periferia. A homeostase dos

linfócitos T é finamente regulada. As células Treg exercem papel

fundamental na manutenção da auto-tolerância e controle da auto-imunidade.

Como já citado anteriormente, a ausência ou depleção de células Treg

resulta no desenvolvimento de uma série de doenças auto-imunes. Além

disso, uma diminuição na timopoiese está relacionada com expansão

oligoclonal de linfócitos T e também maior susceptibilidade a autoimunidade.

Os resultados encontrados indicam, portanto, que em crianças saudáveis, as

células Treg, um subtipo celular fundamental para a manutenção da

homeostase do sistema imunológico, são exportadas de maneira

proporcional pelo timo, correlacionando-se assim a um marcador de RTE.

É importante lembrar também que, apesar das células Treg serem

produzidas basicamente no timo, a manutenção e proliferação de células

Treg na periferia é um processo dinâmico e influenciado por diversos fatores

como: fatores genéticos, citocinas com capacidade de estimular a

proliferação e/ou a migração das células Treg a um sítio específico, por

células dendríticas, etc94. Os mecanismos envolvidos nesta complexa inter-

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62

relação estão ainda sendo descobertos, e novos estudos poderão avaliar

melhor o papel de cada via na manutenção da auto-tolerância e

desenvolvimento de autoimunidade.

Estudos avaliando a timopoiese e a proporção de determinados

subtipos celulares em crianças saudáveis sem nenhuma evidência de

disfunção imunológica, são extremamente relevantes para a melhor

compreensão dos mecanismos que regulam o sistema imunológico. No

presente estudo, estabelecemos valores de normalidade dos níveis TREC no

pool de células mononucleares de sangue periférico em crianças e

adolescentes saudáveis de diversas faixas etárias, confirmando achados

anteriores de diminuição da função tímica com a idade. Além disso,

observamos correlação inversa moderada entre células T reguladoras

expressando CD4+CD25+Foxp3+ e a idade no grupo estudado, e uma

correlação positiva entre células T reguladoras e os níveis de TREC na

periferia. Tais achados indicam que apesar de ocorrer uma diminuição dos

níveis de TREC e de células Treg com a idade, a homeostase do sistema

imunológico permanece em equilíbrio, com manutenção da proporção de

células Treg na periferia. Novos estudos, correlacionando os achados aqui

apresentados com dados de crianças com imunodeficiências ou doenças

auto-imunes, poderão ser úteis para a melhor abordagem terapêutica desses

pacientes.

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6 - Conclusões

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64

• Os níveis de TREC em mononucleares de sangue periférico de crianças e

adolescentes saudáveis brasileiros com faixa etária de 1 a 18 anos, foram

maiores em crianças com 1-3 anos de idade. Houve uma diminuição

significativa dos níveis de TREC com a idade nos indivíduos estudados.

• A determinação da proporção de linfócitos T CD3, CD4, e CD8 mostrou

ausência de correlação de sua expressão com a idade.

• Os linfócitos T ativados CD4+CD38+HLA-DR+ apresentaram fraca

correlação inversa com a idade e os linfócitos T ativados

CD8+CD38+HLA-DR+ apresentaram tendência à correlação.

• Houve uma correlação inversa entre a proporção de células T reguladoras

(CD4+CD25+Foxp3+) e a idade.

• Houve correlação positiva significativa entre os níveis de TREC e a

proporção de células T reguladoras.

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7 – Anexos

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66

Anexo 1

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Dados de Identificação do sujeito da pesquisa e responsável legal

1- Controle Nome do paciente:_ ___________________________________ Documento de Identidade nº: ____________ Sexo: __________ Data de Nascimento: __/__/____ Endereço: ________________________ Nº: _____ Apto: _____ Bairro: __________ Cidade: _________ CEP: __________ Telefone: (___)_____-_____ 2 - Responsável Legal Nome:______________________________________________ Natureza (Grau de Parentesco): ___________ Documento de Identidade nº: ____________ Sexo: __________ Data de Nascimento: __/__/____ Endereço: ________________________ Nº: _____ Apto: _____ Bairro: __________ Cidade: _________ CEP: __________ Telefone: (___)_____-_____

Dados sobre a pesquisa cientifica

1 - Título do protocolo de pesquisa: AVALIAÇÃO DA TIMOPOIESE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES SAUDÁVEIS EM DIVERSAS FAIXAS ETÁRIAS MEDIANTE DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE CÍRCULOS EXCISADOS DO RECEPTOR DE LINFÓCITOS T (TRECs) EM MONONUCLEARES DO SANGUE PERIFÉRICO Pesquisadora: Maria Izabel Arismendi de Oliveira CRBM: 13.748 Cargo - Função: Biomédica / Aluna Pós-Graduação Unidade do HCFMUSP: Instituto da Criança 2 – Avaliação da pesquisa: Probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo: Mínima Duração de pesquisa: 1 ano e meio

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67

3 - Essas informações estão sendo fornecidas para a participação voluntária de seu (sua) filho (a) neste estudo cujo objetivo é avaliar a função do timo que é um órgão localizado perto do seu coração e que é responsável pela produção e desenvolvimento de um tipo de célula do sangue importante no reconhecimento de substâncias estranhas ao organismo e na sua defesa. Para a execução do estudo coletaremos 10ml de sangue da veia periférica de 100 crianças saudáveis que passaram por procedimentos simples no Instituto da Criança – HCFMUSP e no Laboratório Central da Universidade Federal de São Paulo. Seu filho será submetido a uma única punção venosa. Isto não trará nenhum risco à saúde da criança, podendo apenas causar um desconforto durante a coleta de sangue. Não há nenhuma despesa pessoal em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à participação de seu (sua) filho (a). As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes, sendo que o nome de nenhum participante do estudo será divulgado. Os dados e o material coletado serão utilizados somente para esta pesquisa. O responsável fica livre também para retirar o seu consentimento a qualquer momento. Se decidir não participar mais da pesquisa não será prejudicado quanto ao tratamento e acompanhamento da criança neste hospital. Durante qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Cristiane Kayser, que pode ser encontrada no Laboratório de Reumatologia da UNIFESP, localizado na Rua Botucatu, 740, 2º andar, Vila Clementino. São Paulo - SP - Brasil. Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto que meu filho(a) participe do presente Protocolo de Pesquisa. Assinatura do representante legal: __________________________________ Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste representante legal para a participação desta criança neste estudo. Assinatura do pesquisador: _____________________________________________ São Paulo, ___/___/____.

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68

Anexo 2

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69

Anexo 3

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8 - Referências

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