Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
MAPEAMENTO DE ALTA RESOLUÇÃO E ANÁLISE ESPACIAL DA REGIÃO
HIDROGRÁFICA DO RIO PIABANHA, BRASIL, RJ
Yuri Tomaz Martins 1
Sady Junior Martins da Costa de Menezes 2
Erika Cortines 2
1 Discente do curso de Gestão Ambiental pela UFRRJ
2 Departamento de Ciências e Meio Ambiente -DCMA
E-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo da pesquisa consistiu no levantamento de parâmetros morfométricos e análises espaciais de
priorização e gestão territorial na área de contribuição do reservatório da Pequena Central Hidroelétrica de Areal.
O Modelo Digital de Elevação utilizado foi o Shuttler Radar Topography Mission (SRTM) contendo resolução
espacial de (30m), conferindo maior detalhamento das análises. A metodologia aplicada consistiu na obtenção da
base de dados no Google Earth Engine, IBGE, SIGA-CEIVAP e GEOINEA. Após o tratamento da base de
dados foi realizado o levantamento dos índices de morfometria, declividade, cobertura do solo e áreas potenciais
de restauração, considerando as sub-bacias de terceira ordem que contribuem para o reservatório. A partir das
análises foi identificado duas sub-bacias hidrográficas que contribuem diretamente para o reservatório. Assim,
como apresentado pelas análises de morfometria, as áreas de contribuição direta apresentam baixo risco de
inundação devido ao perfil alongado e suscetibilidade aos processos erosivos. Portanto, foram localizadas áreas
prioritárias e estratégicas para atenuação dos processos erosivos que contribuem para o assoreamento do
reservatório. A pesquisa reforçou o papel do gestor ambiental como contribuinte da gestão territorial, oferecendo
estratégias acessíveis aos gestores tomadores de decisão que objetivam a melhoria ambiental da paisagem.
Baseando-se principalmente na gestão participativa, envolvendo diferentes atores sociais e em especial as
instituições chaves para gestão territorial.
Introdução
A gestão do território utiliza a bacia hidrográfica como unidade de planejamento territorial (Brasil, 1997). O
que exige uma visão integrada e dinâmica da paisagem, principalmente em países que apresentam processos
geomorfológicos intensificados. Portanto, torna-se essencial priorizar áreas que apresentam maior demanda por
melhorias na qualidade ambiental. As melhorias podem servir a diferentes objetivos, como a restauração
ambiental, adaptação às mudanças climáticas, prevenção de desastres e incêndios florestais (Teodoro, et al.,
2007). Certamente, a forma como a sociedade humana atua na paisagem afetam os processos de transformação.
Assim como apresentado por Soares, et al. (2016), o método que considera a bacia hidrográfica como
unidade de planejamento territorial é considerado viável e aplicado em diversos países. O que permite afirmar a
viabilidade do conceito de bacia hidrográfica para gestão territorial. Esse conceito tem sido cada vez mais
associado aos métodos de geoprocessamento, tornando possível obter diversos parâmetros que podem ser
utilizados para compreender a dinâmica ambiental de cada bacia hidrográfica (Teodoro, et al., 2007). Os
parâmetros morfométricos buscam indicar de forma integrada e preditiva o comportamento da bacia hidrográfica
em relação ao relevo, drenagem, entre outros aspectos (Horton, 1945; Schumm, 1956; Strahler, 1957). Portanto,
as análises espaciais de bacia hidrográficas podem oferecer ao gestor diferentes aplicações em seus planos de
gerenciamento do recurso hídrico, o que contribui para o aperfeiçoamento da tomada de decisão e otimização do
recurso em relação as implementações das ações na paisagem (Soares, et al. p. 83, 2016).
A integração dessas análises é essencial para uma melhor compreensão e estruturação da dinâmica
hidrológica, ecológica e cultural da paisagem, garantindo procedimentos capazes, transparentes e objetivos
(Lang, S. e Blaschke, T. p.361, 2009). De forma a incorporar o planejamento no cotidiano de diferentes sistemas
de tomada de decisão, considerando os métodos dedicado a prática, fruto de uma ciência jovem (Sansevero e
Sansevero, 2013; Lang, S. e Blaschke, T. p 361 e 297, 2009).
Essa postura tem caráter especial em regiões montanhas, são entendidas como áreas que apresentam diversas
fragilidades, além dos serviços ecossistêmicos chaves (Grêt-Regamey, et al. 2012; Waltz, et al. 2016). Portanto,
os gestores devem buscar medidas que ampliem a qualidade ambiental, a resiliência e orientem a ocupação e
atividades humanas na paisagem (Millenium Ecosystem Assessment, 2005). Após a realização das conferências
2
na Escócia sobre montanhas, foi levantada a demanda por pesquisas que busquem compreender a dinâmica
ambiental, formas de desenvolvimento sustentável e estratégias de gestão e gerenciamento ambiental frente a
fragilidade das regiões de montanhas, em especial quando se trata do efeito das mudanças climáticas (Gleeson et
al., 2016; Price, et al., 2016).
Dentro desse contexto a gestão ambiental apoiada a uma visão integrada, busca oferecer aos gestores
políticos, as estratégias de gestão das paisagens para aprimorar a qualidade da tomada de decisão (Santos, 2004).
A capacidade de subsidiar a tomada de decisão tem avançado com o aperfeiçoamento das geotecnologias,
possibilitando análises espaciais com alta resolução em escalas globais e temporal, cada vez mais acessíveis ao
público (Gorelick et al. 2017). Assim como (Hansen et al., 2013) demonstra analisando a dinâmica de mudança
da cobertura florestal entre 2000 e 2012, comparando ganhos e perdas florestais em todo o globo terrestre. Outro
estudo apresenta a dinâmica temporal da mudança na ocorrência de águas superficiais em escala global (Pekel, et
al. 2016). São resultados que podem ser aplicados ao Brasil, em especial na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do
Sul, para compreensão da dinâmica hidroecológica nas últimas décadas.
O avanço das geotecnologias tem apoiado a implementação dos instrumentos legais, compondo uma base de
dados de todo o Brasil, como a proposta do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Brasil, 2012;
Guidotti, et al. 2017). A base de dados contribui para construção de paisagens culturais inteligentes que busquem
compatibilizar os usos do território e a qualidade dos serviços ambientais (Wuethrich, et al. 2007; Alves-Pinto, et
al. 2017). Em paralelo os órgãos ambientais como o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) tem desenvolvido e
potencializado a base de dados do Projeto RJ25 e a plataforma GEOINEA, o que fortalece a gestão territorial.
Portanto para compreender a mudança na paisagem os gestores devem atuar de forma híbrida sobre a
dicotomia complexa entre sociedade e natureza, possibilitando integrar as diferentes formas de transformação da
paisagem e o modelo atual da sociedade ocidental. Essa dinâmica inclui as atividades humanas que são
desenvolvidas na paisagem, demandando recursos e serviços ambientais e diferentes aspectos de degradação que
provocam impactos ambientais negativos, os efeitos desses impactos devem ser visualizados pelos gestores.
Esses impactos negativos quando não atenuados, tornam-se cicatrizes de limiares que marcam a história da
paisagem, assim como observado na região do Vale do Paraíba do Sul que teve sua qualidade ambiental exaurida
para desenvolver uma época brasileira (Dean, Warren. 1996; Devides, A. C. P., 2013).
Em síntese, essa análise das dinâmicas ambientais deve sustentar os planos estratégicos para caracterizar e
organizar as paisagens. Entendendo o meio a partir da paisagem a qual o ser humano integra, conferindo direitos
ao ambiente, como uma das chaves para conciliar o desenvolvimento humano e a qualidade ambiental (Milaré,
E., 1998).
A água representa um dos principais aspectos de transformação da paisagem em regiões tropicais, dessa
forma regiões que apresentam fragilidades devem ser áreas prioritárias para melhorias da qualidade ambiental
para atenuar processos erosivos, enchentes, deslizamentos, incêndios florestais, entre outros efeitos das
mudanças climáticas (Londe, et al. 2014; Tundisi, J. G. 2008).
Nesse sentido, esta pesquisa foi realizada com objetivo de fornecer análise espacial da área de contribuição
do reservatório da Pequena Central Hidroelétrica de Areal utilizando dados Shuttler Radar Topography Mission
(SRTM) de alta resolução (30m) para aplicar métodos de sensoriamento remoto, geoprocessamento e obtenção de
parâmetros morfométricos na Região Hidrográfica do Rio Piabanha afluente do Rio Paraíba do Sul. De forma a
oferecer apoio a tomada de decisão do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Piabanha e demais envolvidos no
planejamento, manejo e gestão dos recursos hídricos.
Objetivo
A pesquisa foi realizada com objetivo de fornecer análises espaciais da área de contribuição do reservatório
da Pequena Central Hidroelétrica de Areal utilizando dados Shuttler Radar Topography Mission (SRTM) de alta
resolução (30m) para aplicar métodos de sensoriamento remoto, geoprocessamento e obter de parâmetros
morfométricos na Região Hidrográfica do Rio Piabanha afluente do Rio Paraíba do Sul. De forma a oferecer
apoio a tomada de decisão do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Piabanha e demais envolvidos no
planejamento, manejo e gestão dos recursos hídricos.
Materiais e Métodos
Caracterização da Área
A região hidrográfica do Rio Piabanha (RH-IV) representa uma área de 3.460 km2 abrangendo cerca de 550
mil habitantes (Comitê Piabanha, 2018). A área que foi realizada o estudo foi de 1.048 km2 representa 30,28%
do território da RH-Piabanha. A área de contribuição do reservatório envolveu cinco municípios entre eles
Teresópolis (73.59%), São José do Vale do Rio Preto (17.74%), Petrópolis (7.34%), Três Rios (0.76%) e Areal
3
(0.57%) como pode ser observado na Figura 1. De acordo com a divisão climática de Thornthwaite a área do
estudo varia de semiúmido de 4 a 5 meses secos (0,38%), úmido de 1 a 3 meses secos (46,18%) e partes
superúmido (53,14%) não apresentando secas (IBGE, 2002). A geomorfologia predominante da área de
contribuição é constituída por montanhas (74,53%), morros altos (18,89%) e escarpa serrana (6,58%) parte da
cadeia de montanhas compõem o Parque Nacional Serra dos Órgãos, uma região de importantes serviços
ecossistêmicos e apresentar fragilidades ambientais associado aos elevados declives (SIGA-CEIVAP, 2007). Os
solos predominantes na área de estudo é o Latossolos Vermelho-Amarelo distróficos (38,16%), Cambissolos
Háplicos distróficos (37,59%), Argilossolos Vermelho-Amarelos distróficos (5,91%), Neossolos Regolito
(0,76%), Gleissolos Háplicos distróficos (0,57%) e o restante é composto por rocha matriz (14,88%) (SIGA-
CEIVAP, 2007). A Figura 1 apresenta a localização do local de estudo, demonstrando previamente a hidrografia
e geografia da área de contribuição, enquanto que o relevo é melhor detalhado na Figura 2.
Figura 1: Localização da Área de Estudo
Figura 2: Projeção 3D da Área de Estudo
4
Base de Dados e Análises Espaciais
A etapa inicial do estudo consistiu na obtenção do Modelo Digital de Elevação SRTM de 1 Arc-Second
Global de 30 metros de resolução espacial, sendo como uma das melhores resoluções disponível proveniente do
sensoriamento remoto acessíveis a sociedade. Tradicionalmente a aquisição desse produto de sensoriamento
remoto é realizado pela base de dados da USGS Earth Explorer (Farr et al. 2007). Especificamente no ano de
2008 esses dados de 30m foram liberados para todo o Brasil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe, 2008). O que facilitou a ampliação da qualidade das análises espaciais de bacias hidrográficas.
Atualmente esses dados de alta resolução podem ser obtidos pela plataforma do Google Earth Engine (GEE),
aplicando curtas sequências de programação (Casu, et al. 2017). Portanto, o SRTM foi obtido por meio da
plataforma de código do GEE aplicando a linguagem JavaScript API, conforme evidenciado no Figura 3. Foi
selecionada a base de dados desejada, em seguida definida a geometria de interesse e preenchida as informações
sobre o destino do arquivo exportado (1). Após o correto preenchimento das informações foi selecionada a opção
Run (2), após o GEE operar a função aba Tasks será destacada (3), após a correta operação da função foi
selecionada a opção Run (4). Pronto, o dado foi direcionado ao Google Drive.
Figura 3: Sequência de códigos aplicado para obter o SRTM
Após obter o SRTM foi aplicado a ferramenta Fill em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas
(SIG), especificamente do Software Arcgis versão 10.2. Essa ferramenta serve para corrigir depressões que
possam interferir nas análises, é essencial para fornecer um resultado confiável e preciso.
Outras informações foram obtidas da base de dados geoespaciais do GEOINEA, Siga-Ceivap da Agência de
Bacia (Agevap) vinculada ao Comitê da Região Hidrográfica do Piabanha, além de dados do IBGE de 1:25000.
Portanto, o acervo disponível contempla o estado do Rio de Janeiro e fornece diversas informações de cobertura
do solo, tipo de solo, clima, geomorfologia, áreas potenciais para restauração, entre outras informações.
Essas informações foram extraídas para a área de interesse, a partir da aplicação da ferramenta de recorte
Clip, após feito os dados foram incorporados as análises espaciais das bacias hidrográficas.
Procedimentos de Geoprocessamento
A constante evolução dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem possibilitado a aplicação de
métodos cada vez mais eficientes em obter os subsídios para o aperfeiçoamento das tomadas de decisão. Busca-
se assim compreender a estrutura e dinâmica ecológica, hidrológica, cultural e histórica da paisagem.
Os clássicos da geomorfologia, em especial sobre a morfologia de bacias hidrográficas tiveram imensa
contribuição para compreensão dos padrões de relevo e drenagem na paisagem (Horton, R. E. 1945; Strahler,
1957; Schumm, 1956; França, G. V. 1968; Christofoletti, A. 1978). O desenvolvimento dos parâmetros
morfométricos forneceu a base para os avanços dos diferentes métodos de análises (Ameri, et al., 2018).
Os parâmetros morfométricos são uma das principais estratégias de análise (Teodoro, 2007).
a) Área: Área em que toda a água escoa interagindo com divisores topográficos e o direcionamento para o
ponto mais baixo da bacia, convergindo todo o fluxo para o mesmo ponto de exutório (Teodoro, 2007).
b) Perímetro: Linha que percorre todo o entorno ao longo dos divisores topográfico (Teodoro, 2007).
c) Índice de Compacidade: Refere-se a forma da bacia em relação a forma, conforme se aproxima do
valor 1 representa que a bacia é circular e quando maior (> 1) a bacia tende a ser alongada (Villela;
Mattos 1975).
d) Índice de Circularidade: Refere-se também a forma da bacia relação a forma, tendendo a 1 indica
circular e quando menor (< 1) a bacia tende a ser alongada (Cardoso, et al. 2006).
e) Declividade: A declividade elevada representa um aspecto da paisagem que influência o escoamento,
infiltração e suscetibilidade aos processos erosivos, um dos fatores responsáveis pelo assoreamento de
rios e reservatórios (Teodoro, 2007).
5
f) Atitude: A variação de altitude pode ser associada ao regime bioclimático alterando as características a
cada avanço do nível de altitude (Teodoro, 2007).
g) Ordenamento do Curso de Água: A partir das contribuições de Strahler (1952) foi possível realizar o
ordenamento entre os canais, o nível de ordem indica o nível de ramificação da bacia hidrográfica.
h) Densidade de Drenagem: Indica o comportamento entre a formação dos canais de drenagem e a forma
do relevo. Valores menores que 7,5 km/km2 apresentam baixa Dd, valores entre 7,5km/km2 e 10,0
km/km2 confere média Dd e acima de 10,0km/km2 elevada densidade de drenagem (Horton 1945;
Crhistofoletti 1969).
i) Índice de Rugosidade: O índice indica o nível de deformação do relevo em dada área o que influência
na velocidade do fluxo nos canais de drenagem (Lyra, et al. 2012).
Observando a dimensão das necessidades apresentadas, foi realizada a aplicação de métodos para fornecer
análises frente as complexidades ambientais, conforme apresentado no esquema da Figura 4.
Figura 4: Métodos e procedimentos aplicados na análise espacial
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos com as análises morfométricas foram apresentados na Figura 5. Dentro das 9 Sub-
bacias hidrográficas, verificamos que 4 são de terceira ordem e 5 de quarta ordem. O índice de compacidade
variou entre 0,38 à 0,57 o que indica que as sub-bacias tem formas alongadas. A SBH-8 e SBH-9 são as áreas de
contribuição mais próximas do reservatório.
O índice de circularidade também apresentou valores que conferem formas alongadas as bacias. Foram
apresentados também os resultados relacionados a altitude, conferindo heterogeneidade de condições climáticas
associado ao nível da altitude das áreas de contribuição. A densidade de drenagem das 9 sub-bacias hidrográficas
4 apresentam baixa densidade de drenagem, enquanto que 5 apresentaram média densidade de drenagem,
considerando que o maior valor encontrado foi na SBH-9. Na Figura 6 é possível visualizar os limites das SBH.
Fill
Flow Direction
Flow Accumulation
Set Null Stream LinkStream Order
Vetorizar Drenagem
Snap Pour Point
Watershed
Slope
Levantamento dos Parâmetros- Área
- Perímetro
- Ordenamento das SBH
- Altitude
- Parâmetros Morfométricos
Mapas Temáticos- Mapa de Limites
- Mapa de Declividade
- Mapa de Cobertura do Solo
- Mapa de Potencial Restauração
- Mapa de Mudança na Água
6
Figura 5: Resultados dos parâmetros morfométricos da área de contribuição
Figura 6: Mapa temático contendo os limites das sub-bacias hidrográficas
Assim como apresentado na Figura 6, é possível visualizar a distribuição das sub-bacias hidrográficas. O
direcionamento para a represa possibilita destacar as duas sub-bacias hidrográficas que contribuem diretamente
para o reservatório da Pequena Central Hidroelétrica Areal.
Os resultados de declividade foram baseados na classificação da Embrapa (1979) com a identificação do tipo
de relevo. A declividade é um fator importante a ser considerado, pois influenciam o escoamento superficial e
interferem na suscetibilidade dos processos erosivos (Durães, et al. 2016). Assim como foi apresentado e
classificado na Figura 7.
Parâmetros SBH-1 SBH-2 SBH-3 SBH-4 SBH-5 SBH-6 SBH-7 SBH-8 SBH-9
Área de Drenagem – A (Km²) 165.75 63.46 136.57 89.92 88.20 55.48 82.66 72.47 26.20
Perímetro – P (Km) 71.2 37.91 67.07 44.17 49.82 39.52 51.06 47.24 25.53
Ordem 4º 3º 4º 4º 4º 3º 3º 4º 3º
Índice de Compacidade - Kc 0.41 0.55 0.38 0.57 0.44 0.44 0.39 0.40 0.50
Índice de Circunlaridade - Ke 1.54 1.33 1.60 1.30 1.48 1.48 1.57 1.55 1.39
Altitude Máxima (m) 2190 1780 1979 2275 2092 1689 1693 1860 1440
Altitude Mínima (m) 739 739 804 831 831 804 686 521 531
Densidade da Drenagem (Dd) (Km/Km²) 0.78 0.73 0.76 0.72 0.76 0.74 0.68 0.75 0.86
Índice de Rugosidade (Ir) 1.13 0.76 0.90 1.04 0.96 0.65 0.69 1.01 0.78
7
Figura 7: Mapa temático contendo os dados de declividade
Após identificação das sub-bacias hidrográficas mais próximas do reservatório, foi dado o enfoque nessas
áreas priorizando as análises para SBH-8 e SBH-9. Foram realizadas a confecção de mapas temáticos
relacionados a uso e cobertura do solo de 2015 (GEOINEA, 2018) na Figura 8, Declividade Inferida pelo SRTM
Figura 9 e as áreas potenciais para de restauração ativa e passiva (GEOINEA, 2018) Figura 10.
Figura 8: Mapa temático contendo os dados de cobertura do solo das áreas prioritárias
8
Figura 9: Mapa temático contendo os dados de declividade das áreas prioritárias
Figura 10: Mapa temático contendo os dados de áreas potenciais de restauração
A base de dados referente as áreas potenciais para restauração foram obtidas a partir da plataforma do
GEOINEA, para realização dessa base de dados, foi considerado os índices de fragilidade do meio,
funcionalidade ecológica, importância biológica e índice de conectividade (GEOINEA, 2018). A matriz da
paisagem influencia o potencial de resiliência como apresentado na Figura 10, sendo possível observar a
9
dinâmica das áreas potenciais de restauração e regeneração, marcada por remanescentes de fragmentos florestais
fragmentados e áreas que apresentam potenciais de regeneração entre eles, aumentando assim a escala da
restauração (Charzdon, et al. 2017; Zwiener, et al. 2017). A restauração das áreas prioritárias amplia a qualidade
ambiental, reduzindo os processos erosivos que levam para os canais de drenagem e direcionam os sedimentos
para o reservatório. O assoreamento do reservatório representa diversos riscos associados, portanto, atuar de
forma preditiva sobre tais aspectos possibilitam uma postura adequada de gestão territorial (Londe, et al. 2014).
Estudos recentes têm utilizado base de dados de alta resolução para analisar a mudança da água superficial ao
longo de décadas (Pekel, et al. 2016; Hansen, et al. 2012; Liu, et al. 2018). Segundo Pekel, et al. (2016) foram
realizadas análises em escala global evidenciando os impactos das mudanças climáticas, as oscilações climáticas
e como a água da superfície é modificada com as atividades humanas entre 1984 e 2015. As regiões Oriente
Médio e Ásia Central registraram 70% da perda de água líquida permanente, o fenômeno foi associado com as
mudanças climáticas, secas severas e os impactos das ações humanas, incluindo o desvio, represamento e
retirada descontrolada de água. Essas perdas associadas a longos períodos de seca também foram encontradas
nos Estados Unidos da América e Austrália.
Outro apontamento de Pekel, et al. (2016), considera que a disponibilidade desses dados gratuitamente pode
influenciar no aumento da qualidade das modelagens de superfície, fornecendo evidências sobre a mudança da
água superficial, destacando o apoio sobre as tomadas de decisão na gestão, planejamento e manejo das águas.
Os dados referentes ao estudo e também relatados por Hansen, et al. (2012) são disponibilizados na base de
dados da Google Earth Engine. Isto possibilita aplicar os dados sobre as áreas de interesse referente ao
reservatório da Pequena Central Hidroelétrica de Areal, como demonstrado na Figura 11
Figura 11: Mapa temático contendo os dados de mudança de água superficial
Assim como demonstrado na Figura 11, ao longo de 31 anos o reservatório tem apresentado decréscimo de
água o que indica o processo de assoreamento e reforça a importância de atuação nas áreas prioritárias e na
restauração da paisagem. Tais atuações citadas contribuem positivamente de forma a reduzir a intensidade dos
processos erosivos na paisagem, afetando a qualidade e quantidade da água, a dinâmica ecológica do
reservatório, o potencial turístico e até mesmo a própria capacidade de geração hidroelétrica, o qual devido aos
impactos negativos relatados neste trabalho verifica-se uma redução da capacidade/volume útil do reservatório e
possível desgaste dos equipamentos e entupimento das tubulações (infraestrutura da Pequena Central
Hidroelétrica) devido ao excesso de sedimentos encontrados (assoreamento da represa) e que são carreados até
os equipamentos e instalações.
10
Conclusões
A partir das análises foi identificado duas sub-bacias hidrográficas que contribuem diretamente para o
reservatório. Assim, como apresentado pelas análises de morfometria, as áreas de contribuição direta apresentam
baixo risco de inundação devido ao perfil alongado e suscetibilidade aos processos erosivos. Portanto, foram
localizadas áreas prioritárias e estratégicas para atenuação dos processos erosivos que contribuem para o
assoreamento do reservatório.
As análises podem contribuir para orientar ações que busquem reduzir a intensidade dos processos erosivos
na paisage, afetando a qualidade e quantidade de água, a dinâmica ecológica do reservatório, o potencial turístico
e até mesmo a própria capacidade de geração hidroelétrica, o qual devido aos impactos negativos relatados nesta
pesquisa, verifica-se uma redução da capacidade/volume útil do reservatório e possível desgaste dos
equipamentos e entupimento das tubulações (infraestrutura da Pequena Central Hidroelétrica) devido ao excesso
de sedimentos encontrados (assoreamento da represa) e que são carreados até os equipamentos e instalações.
A pesquisa reforçou o papel do gestor ambiental como contribuinte da gestão territorial, oferecendo
estratégias acessíveis aos gestores tomadores de decisão que objetivam a melhoria ambiental da paisagem.
Baseando-se principalmente na gestão participativa, envolvendo diferentes atores sociais e em especial as
instituições chaves para gestão territorial.
Agradecimento
Agradeço a todos que sonham um mundo melhor e acreditam na transformação pela educação!
Referências Bibliográficas
AGÊNCIA DE ÁGUAS (AGEVAP). órgão regulador. Base de Dados Geoespaciais . Disponível em:
<http://sigaceivap.org.br/siga-ceivap/saibaMais>. Acesso em: 22 abr. 2018.
ALVES-PINTO, Helena N. et al. Reconciling rural development and ecological restoration: strategies and policy
recommendations for the Brazilian Atlantic Forest. Land Use Policy, v. 60, p. 419-426, 2017.
AMERI, Alireza Arab; POURGHASEMI, Hamid Reza; CERDA, Artemi. Erodibility prioritization of sub-
watersheds using morphometric parameters analysis and its mapping: A comparison among TOPSIS, VIKOR,
SAW, and CF multi-criteria decision making models. Science of The Total Environment, v. 613, p. 1385-1400,
2018.
BRASIL. Lei Federal n. 12.651, de 25 de maio. de 2012. Lei de Proteção da Vegetação Nativa, Brasília,DF,
maio. 2012.
BRASIL. Lei Federal n. 9.433, de 08 de jan. de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos, Brasília,DF, jan.
1997.
CARDOSO, C.A. et al. Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do rio Debossan, Nova Friburgo-RJ.
Árvore, Viçosa, v.30, n.2, p.241-248, 2006.
CASU, F. et al. Big Remotely Sensed Data: tools, applications and experiences. Remote Sensing of
Environment, v. 202, p. 1-2, 2017.
CHAZDON, Robin L. et al. A Policy‐Driven Knowledge Agenda for Global Forest and Landscape Restoration.
Conservation Letters, v. 10, n. 1, p. 125-132, 2017.
CHRISTOFOLETTI, A. A morfologia de bacias de drenagem. Notícias Geomorfológicas, Campinas, v.18, n.36,
p.130-2, 1978.
COMITÊ PIABANHA. órgão regulador. População da RH-IV. Disponível em:
<http://www.comitepiabanha.org.br/>. Acesso em: 22 abr. 2018.
DEVIDE, Antonio Carlos Pries. História ambiental do Vale do Paraíba. Tese (Doutorado) - Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, 2013.
11
DURÃES, Matheus Fonseca; COELHO FILHO, José Alexandre Pinto; OLIVEIRA, Vinícius Augusto de. Water
erosion vulnerability and sediment delivery rate in upper Iguaçu river basin–Paraná. RBRH, v. 21, n. 4, p. 728-
741, 2016.
EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Centro Nacional de Pesquisa de Solos: Rio de Janeiro,
2013.
FARR, Tom G. et al. The shuttle radar topography mission. Reviews of geophysics, v. 45, n. 2, 2007.
FRANÇA, G.V. de. Interpretação fotográfica de bacias e de redes de drenagem aplicada a solos da região de
Piracicaba. Piracicaba, 1968. 151p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, 1968.
GLEESON, Erin H. et al. Mountains of our future earth: Defining priorities for mountain research—A synthesis
from the 2015 Perth III conference. Mountain research and development, v. 36, n. 4, p. 537-548, 2016.
GORELICK, Noel et al. Google Earth Engine: Planetary-scale geospatial analysis for everyone. Remote Sensing
of Environment, v. 202, p. 18-27, 2017.
GRÊT-REGAMEY, Adrienne; BRUNNER, Sibyl Hanna; KIENAST, Felix. Mountain ecosystem services: who
cares?. Mountain Research and Development, v. 32, n. S1, p. S23-S34, 2012.
GUIDOTTI, et al. Números detalhados do Novo Código Florestal e suas implicações para os PRAs.
Sustentabilidade em Debate, SP: Imaflora, p.10, 2017.
HANSEN, Matthew C. et al. High-resolution global maps of 21st-century forest cover change. Science, v. 342,
n. 6160, p. 850-853, 2013.
HORTON, R. E. 1945: Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to
quantitative morphology. Bulletin of the Geological Society of America 56, 2 75-3 70. Progress in Physical
Geography, v. 19, n. 4, p. 533-554, 1995.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, (IBGE). Mapa de clima do Brasil. Rio de
Janeiro: IBGE, 2002. 1 mapa. Escala 1:5 000 000. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/tematicos.html>.
Acesso em: abr. 2018.
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. órgão público. Base de Dados Geoespaciais. Disponível em:
<https://inea.maps.arcgis.com/apps/MapSeries/index.html?appid=00cc256c620a4393b3d04d2c34acd9ed>.
Acesso em: 22 abr. 2018.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, (INPE). órgão público. SRTM. Disponível em:
<http://www.dsr.inpe.br/topodata>. Acesso em: 22 abr. 2018.
LANG, Stefan; BLASCHKE, Thomas. Análise da paisagem com SIG. Oficina de Textos, 2009.
LIU, Xiaoping et al. High-resolution multi-temporal mapping of global urban land using Landsat images based
on the Google Earth Engine Platform. Remote Sensing of Environment, v. 209, p. 227-239, 2018.
LONDE, et al. Desastres relacionados à água no Brasil: perspectivas e recomendações. Ambiente & Sociedade,
v. 17, n. 4, 2014.
LYRA, Guilherme B. et al. Coeficiente de rugosidade de Manning para o rio Paracatu. Revista Brasileira de
Engenharia Agricola e Ambiental-Agriambi, v. 14, n. 4, 2010.
MILARÉ, Édis. Princípios fundamentais do direito do ambiente. Revista dos Tribunais, v. 756, p. 53, 1998.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, M. E. A. Ecosystems and human well-being. Synthesis, 2005.
PEKEL, Jean-François et al. High-resolution mapping of global surface water and its long-term changes. Nature,
v. 540, n. 7633, p. 418, 2016.
PRICE, Martin F.; GREENWOOD, Gregory B.; SPEHN, Eva M. Introduction: Mountains of Our Future
Earth—Perth 2015. Mountain Research and Development, v. 36, n. 4, p. 403-406, 2016.
SANSEVERO, Jerônimo Boelsums Barreto; SANSEVERO, Bernardo Boelsums Barreto. Ações mitigatórias
para a degradação ambiental: o papel da pesquisa científica. 2013.
12
SANTOS, R. F. Livro Planejamento Ambiental: teoria e prática, ed. Oficina de Textos–São Paulo, v. 184, 2007.
SCHUMM, Stanley A. Evolution of drainage systems and slopes in badlands at Perth Amboy, New Jersey.
Geological society of America bulletin, v. 67, n. 5, p. 597-646, 1956.
SOARES, Leonardo Silva et al. Análise morfométrica e priorização de bacias hidrográficas como instrumento de
planejamento ambiental integrado. Revista do Departamento de Geografia, v. 31, p. 82-100, 2016.
SOUZA, Luiz Alberto. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. AEDOS, v. 3, n. 8,
1996.
STRAHLER, Arthur N. Quantitative analysis of watershed geomorphology. Eos, Transactions American
Geophysical Union, v. 38, n. 6, p. 913-920, 1957.
TEODORO, Valter Luiz Iost et al. O conceito de bacia hidrográfica e a importância da caracterização
morfométrica para o entendimento da dinâmica ambiental local. Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 11, n. 1,
p. 137-156, 2007.
TUNDISI, José Galizia. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos avançados, v. 22, n. 63, p.
7-16, 2008.
VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGRAW- Hill do Brasil, p. 245, 1975.
WALZ, Ariane; GRÊT-REGAMEY, Adrienne; LAVOREL, Sandra. Social valuation of ecosystem services in
mountain regions. 2016.
WUETHRICH, Bernice. Reconstructing Brazil's Atlantic Rainforest. Science, v. 315, p. 1070-1072, 2007.
ZWIENER, Victor P. et al. Planning for conservation and restoration under climate and land use change in the
Brazilian Atlantic Forest. Diversity and Distributions, v. 23, n. 8, p. 955-966, 2017.