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WWW.AEROMACiAZINE.COM.BR MAGAZINE BRASIL AND 17· N' 201· RS 9.90 INFRAESTRUTURA AVIA(Ao CIVIL SOFRE COM SOBRE 0 FUTURO DO SETOR CSERIES COMO SERA 0 NOVO AVIA.o COMERCIAL DA BOMBARDIER E0 QUE PENSAM SEUS RIVAlS EXECUTIVA NOVIDADES NO SEGMENTO DE JATOS DE CABINE LARGA EALCANCE ESTENDIDO CARGA AEREA VARIGLOG PLANEJA INVESTIR E APOSTA EM SUA JUDICIAL i

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WWW.AEROMACiAZINE.COM.BR MAGAZINEBRASIL AND 17· N' 201· RS 9.90

INFRAESTRUTURA AVIA(Ao CIVIL SOFRE COM INDEFINI~6ES SOBRE 0 FUTURO DO SETOR

CSERIES COMO SERA 0 NOVO AVIA.o COMERCIAL DA BOMBARDIER E0 QUE PENSAM SEUS RIVAlS

AVIA~AO EXECUTIVA NOVIDADES NO SEGMENTO DE JATOS DE CABINE LARGA EALCANCE ESTENDIDO

CARGA AEREA VARIGLOG PLANEJA INVESTIR EAPOSTA EM SUA RECUPERA~Ao JUDICIAL

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EJlSAlO EM VOO ACHOOSORA

\J., Monomotor tern estrulura de materiais compos lOS e comandos de vee tradicionais, com lubos de aluminio e cabos de a<;:o: (j) d limpeza aerodinamica do aviao brasileiro garante alto desempenho em veo

o cenalio de nosso ensaio e a cidade de Sao Jose dos Campos, no interior pau­Iista, 0 maior polo aeronautico do Pais, que abriga, entre outras empresas. a Em­braer, principal fabricante de aeronaves nacionais e 0 tercciro maior fabricante do mundo. Seguimos para conhecer a ACS - Advanced Composites Solutions. 0 principal produto da empresa. no entan­to, e 0 ACS-100 Sora. urn ultraleve avan­<;:ado esportivo e com capacidade acro­batica. Quem nos recebe nas instala<;:6es da ACS sao os socios Leandro Maia e Ale­xandre Zaramella, engenheiros meclni­cos formados pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagens pOl' em­presas como Embraer. Daimler-Chrysler

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e Airbus. Leandro Maia me explica que a equipe de engenharia e formada pOl' mais um engenheiro e dois projetistas, e a equipe de produ<;:ao, pOl' mais quatro tecnicos. "A produ<;:ao ebastante terce i­rizada, 0 que nos permite trabalhar com uma equipe bern reduzida", explica. A maior parte dos componentes em mate­rial composto, pOl' exemplo. e fornecida pela Tecplas, tradicional fornecedora da Embraer.

o projeto do Sora nasceu como uma tese de doutorado do professor Claudio Barros. 0 projeto inicial utilizava madei­ra, como material principal de constru­<;:ao, e tinha como objetivo 0 segmento homebuilt, de aero naves experimentais

construidas pelo proprio proprietario. Ate que, em 2006, a ACS adquiriu os di­reitos de fabrica<;:ao do aviao, que passou pOl' uma reengenharia. transformando o Sora em uma aeronave de produ<;:ao em serie. Toda a sua estrutura foi entao desenvolvida em materiais compostos, com um misto de fibra de vidro, fibra de carbona e espumas de PVC da Di­vinycell. A asa e composta pOl' placas em forma de "sanduiche" e uma lon­garina em compostos fabricada em um processo unico. Na parte dos con troles de voo. a atua<;:ao dos comandos de pro­fundor e aileron e pOl' tubos de alul11inio, essenciais para aeronaves acrobaticas. enquanto 0 leme e comandado pOl' ca­bos de a<;:o. 0 flape eh~trico possui urn

sistema interessante que memoriza as principais posi<;:6es durante a opera<;:ao. o ajuste de trim, feito com molas direta­mente conectadas ao profundol', ocone pOl' meio de uma alavanca no console central. sistema que elimina a necessi­dade de urn trim tab. 0 PU-HZA e 0 proto­tipo da ACS para 0 desenvolvimento da aeronave. 0 aviao esta equipado com urn motor que a ACS desenvolveu em con­junto com a norte-americana Lycoming, denominado AEI0-235. Durante um ana e meio, a empresa de Sao Jose dos Cam­pos trabalhou para trans formal' 0 tradi­cional 10-235 em urn motor acrobatico. o resultado foi urn motor com flange e virabrequim novos, maior taxa de coI11­pressao. kit de oleo para voo invertido da Christen e injetora de combustivel da Airflow. Todo esse conjunto rendeu uma potencia de 120 hp ao Sora. Urn dos op­cionais da ACS para seu ultraleve e a he­lice alema MT-Propeller, a mesma marca utilizada pelos fabricantes de aeronaves acrobaticas avan<;:adas. como a Extra, ou o aviao Edge 540; utilizado no Red Bull Air Race. Esta heJice tripa, com ajuste de passo eletrico e fun<;:i5es automatica ou manual, equipa 0 HZA.

No cheque externo, observo todo 0

acabamento da refinada constru<;:ao do Sora. Nao ha, pOl' exemplo, emendas visiveis nas jun<;:i5es das asas e do esta­bilizador horizontal com a fuselagem. As portas de acesso a cabine sao do tipo gaivota, dando um charme extra, au­mentando a esportividade do modelo. Alexandre Zaramella vai me acompa­

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@ 0 Sora ~ uma aeronave de passeio capaz de cruzar a 257 km/h e tem autonomia de 7h55min; 0 model a tambem passui boas caracteristicas acrabaticas, (am romandos precisos. rapidas re(upera~oes e est6is 5uaves

nhar em meu primeiro voo no Sora e, durante 0 cheque pre-voo, me apresenta dados da opera<;ao do ultraleve, Enquan­to isso, vestimos nossos paraquedas fora cla aeronave, A asa fica proxima do chao, facilitando 0 acesso ao interior. Sentado, ajusto 0 cinto de quatro pontos e YOU me acostumando com a disposi<;ao dos co­mandos de voo e dos instrumentos, Os pedais do Ierne e do freio sao ajustaveis e ajudam muito no conforto para a posi­<;ao de pilotagem, 0 painel do HZA esta montado na configura<;ao basica para voo visual (VFR), Do lado esquerdo, estao os instrumentos principais de voo, como velocfmetro, altimetro, climb e 0 indica­dol' de rota<;6es (rpm) do motor, alem de urn instnlmento digital com fun<;6es que vao desde cron6metro ate um ace­ler6metro (G-meter), Logo abaixo, ficam os switches das bombas de combustivel e das luzes externas, Do lado direito, estao os instrumentos para monitorar os para­metros do motor, Na area central, que se estende ate 0 console que divide os dois assentos, ficam 0 radio VHF, 0 tmnspon­der e 0 GPS, bateria e magnetos, assim como os con troles de passo eletrico da helice. seletora de combustivel e mane­te de potencia, ZaramelJa me ajuda na partida do motor e, apos urn breve pe­riodo de aquecimento. iniciamos 0 lon­go taxi do patio do aeroclube de Sao Jose dos Campos ate 0 ponto de espera da pis­ta 33, Ja sao 11 horas e a meteorol~gia

come<;a a ajudar, pois estamos esperan­do 0 inicio das opera<;6es VFR desde as 9 hOI-as, pOl' causa de uma camada baixa de nuvens na regiao do aeroporto, Che­que de cabeceira efetuado e alinhamos para decolagem apos autoriza<;ao da tor­re, Ajusto 0 flape para a posi<;ao Take-Off e, no pequeno painel de ajuste da helice MT, seleciono 0 passo para a referencia de maxima rpm, Com a potencia toda aplicada, 0 Sora come~a a acelerar e,

o AVlio DA ACS TEM GRANDE POTENCIAL PARA AAVIA(:io GERAL EPODE, INCLUSIVE, SER UTILIZADO COMO TREINADOR PRIMARIO

rapidamente, atinge a referencia de 65

mph (milhas pOl' hora), passada pelo Zaramella, para a rota<;ao, No primeiro sinal de voo, percebo a boa atividade dos comandos do aviao, cuidando da atitude de nariz para acelerar ate 80 mph para o regime de subida. Seguimos entao ate a altitude de 4.500 pes, na proa do aero­dromo da cidade de Pindamonhangaba, onde encontraremos nosso aviao-paque­ra para a realiza<;ao da sessao de fotos, Aproveito para iniciar uma avalia<;ao de

cruzeiro, seguindo as orienta<;6es do Ale­xandre ZaramelJa, Ajusto 0 switch po pas­so da llelice na referenda de 2,600 rpm, eo conta-giros do motor fica na faixa de 2.500 rpm. Observo uma velocidade in­dicada de 135 mph, man tendo os 4,500

pes de altitude, Aparentemente, 0 vento esta calmo neste nive!, sem nenhuma turbulencia, e verifico no GPS de paine] um ground speed de 145 mph, 0 que nos confere uma velocidade mais proxima da velocidade aerodinamica do PU-HZA Demoro urn pouco para me acostumar com a atitude do nariz, durante 0 voo nivelado. olhando sempre para 0 climb, pois tenho a sensa<;ao de que 0 pitch esta alto demais, em fun<;ao da posi<;ao de voo e da altura do painel de instrumen­tos. Zaramella me informa que, recente­mente, foi realizada uma campanlla de ensaios em voo com a equipe do Centro de Estudos Aeronauticos da Universida­de Federal de Minas Gerais, comandada pelo professor Paulo Iscold, que e uma referenda no desenvolvimento da en­genharia aeronautica no Pais, Durante duas semanas, foi realizada uma serie de voos em Conselheiro Lafaiete (MG), com diversos equipamentos instalados no Sora. Esse estudo foi muito importan­te para 0 desenvolvimento da aeronave, explica Zaramella, Posteriormente, pude observar nas instala<;6es da ACS os grafi­cos que indicam numeros impressionan­tes de pe1j'onnance, com uma velocidade'

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ENSAlO EM VOO ACS·l00S0RA

® 0 painel do Sora ebasico, equipado apenas para voos visuais (VFR), com as instrumentos de voo reunidos do lado esquerdo e, do lado direito, as parametros de motor;@ a aviao tem

portas no estilo asa de gaivota e tem helice tripa de velocidade constante e passe elettico; (]) a flape eletrico possui um sistema que memoriza as principais posi~6es durante a VaG

o cockpit do Sora possui uma estrutura feita em tibra de carbona (roll cage) para prote(aO dos ocupantes em caso de pilonagem

() GOSTEI

Boa rela~ao entre 0 peso do manche e a forca G

ao utilizar 0 profundor em manobras verticais;

comportamento geral nas opera~6es de pouso

e decolagem

D NiOGOSTEI Impossibilidade de instala~ao de um governador

hidraulico no motor 10-235, para 0 controle

da helice

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aerodinamica, a 8.500 pes de altitude, de 157 mph. Os comandos de voo tern res­postas rapidas. 0 profundor e 0 aileron sao leves e precisos, com caracteristicas pr6prias de urn esportivo acrobatico. Chegamos em Pinda e realizo a apro­xima<;ao para a pista 06. Mantenho 80 mph no velocimetro ate 0 cruzamento da cabeceira. 0 vento esta cahno e a temperatura, em tomo de 28°C, entao, venho atento com a manete de potencia para possiveis corre<;oes durante 0 arre­dondamento. Continuo com a atitude necessaria para manter a velocidade e yOU tirando gradativamente a potencia ate 0 toque suave na pista de terra. As opera<;oes de pouso e decolagem confir­mam as caracteristicas de um ultraleve realmente avan<;ado, muito parecidas com as opera<;oes de ultraleves de per­fonnance similar, como 0 espanhol Toxo (AERO ed. 128 - jan/05).

Ap6s a sessao de fotos, executo um voo solo com 0 PU-HZA a fim de realizar uma analise de suas caracteristicas acro­baticas. Subo para 3.000 pes de altura so­bre 0 campo de Pindamonhangaba e ini­

A[5·100 SORA

cio uma sequencia de curvas de grande inclinac;:ao e estoJ. 0 comportamento do Sora e muito seguro, com recupera<;oes rapidas e est6is em tomo de 55 mph de velocidade indicada. Zaramella me expli­ca que 0 aerof6lio utilizado e urn misto de perfis laminares Naca e Wortmann, com 0 intuito de mini mizar 0 a1'1'asto em clllzeiro, mantendo caracteristicas para um estol suave. Realizo tunos de aileron com velocidade a partir de 100 mph ate 140 mph; e tunos no eixo, no regime de clllzeiro, comprovando a efi­ciencia do sistema de voo invertido. Os ailerons sao leves e apresentam uma ve­locidade de rolamento em torno de 160 graus pOI' segundo. Nas manobras ver­ticais, 0 Sora demonstra capacidade de realizar bons raios de looping, com boa penetra<;;:l0 vertical, e executo manobras como looping, oito cubano e hammerhead. lnfelizmente, 0 motor 10-235 nao aceita govemador hidraulico para 0 controle de passo da helice, sendo necessario 0

uso do sistema eletrico da MT. Nos re­gimes normais de opera<;ao, 0 sistema torna 0 Sora uma aeronave versatil,

capaz de decolar de pistas mais curtas e tel' bons rendimentos de cruzeiro. Porem, no regime acrobatico, 0 siste­ma eletrico nao acompanha as gTandes varia<;oes de atitude e velocidade. Com isso, em manobras como 0 hammerhead, com grande desenvolvimento vertical, perde-se rendimento da helice na subi­da e nas descidas verticais, exigindo as­sim uma pequena redu<;ao de potencia, para evitar possiveis disparos de helice. Atualmente, a ACS possui urn total de dez encomendas em sua lista de produ­<;.10, inclusive para clientes nos Estados Unidos. Alem do PU-HZA, existe urn ou­tro Sora de produ<;ao, pronto para voar, e um terceiro que deve decolar em me­nos de tres meses. 0 grande desafio da ACS hoje e viabilizar a produ<;ao seriada do modelo e, para isso, 0 grupo procura investidores. Deste modo, podera elevar a produc;:ao para, pelo menos, quatro avioes pOl' meso Com 0 incrivel potencial desta aeronave, que pode inclusive ser utilizado como treinador, isso nao deve­ra ser uma tarefa dificil para a equipe da ACS--.I-

Fabricante: ACS - Advanced Composites Solutions Valor: versao acrobMica Top US 120.000 (versao basica US 103.000)­

Motor: Lycoming AEIO-235 Potencia: 120 hp ~4J Helice: MT-Propeller. tripa, de velocidade con stante e passo eletrico

Envergadura: 7,7 m Area alar: 8,7 m Comprimento: 6,5 m Altura: 2,0 m Largura da cabine: 1,1 m

Peso vazio: 350 kg Peso maximo: 600 kg Carga uti!: 250 kg Capacidade dos tanques: 100 litros (50 litros em cada asa)

Velocidade de cruzeiro 75% pot, 8.500 ft: 157 mph (257 km/h) Velocidade de estol: 55 mph Velocidade a nunca exceder: 184 mph Razao de subida inicial (nivel do mar): 1.500 pes/min Distancia de decolagem: 160 metros Distancia de pouso: 250 metros Fatores de carga: +615/-415 = ~ = Alcance (com 45 min de reserva): 1.115 km •

TRES VISTAS IVAN PLAVETZ

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