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Livro Juan Frenkel Lisman

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Juan Frenkel Lisman

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AGRADECIMENTO Registro meu profundo agradecimento ao Pastor e Irmão Mario Rios, por ter colaborado gentilmente na edição deste testemunho.

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PREFÁCIO Todo livro tem um prefácio que significa advertência que antecede uma obra escrita para ser apresentada ao leitor. Escolhi as palavras do profeta Ezequiel no texto da sua mensagem, capitulo 34. Pois registrados estão ali os cuidados do SENHOR pelo seu rebanho e o quanto ELE nos ama.

Ezequiel 34.11 Porque assim diz o Senhor DEUS:

Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas e as buscarei.

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Berlim, Alemanha, 1929. Aparentemente era um ano

como outro qualquer, porém, algo muito especial Deus começava a projetar na vida de nossa família. Eu, Juan, tinha nascido naquele ano, no dia 8 de outubro, em Berlim, capital da Alemanha. Meu pai, Max, e minha mãe, Sara, tinham nascido numa cidadezinha perto de Varsóvia, capital da Polônia, país fronteiriço com a Alemanha. Meu pai nasceu em 1900, e minha mãe em 1899. Suas respectivas famílias haviam migrado para a Alemanha no mesmo ano, em 1919, e coincidentemente, foram morar no mesmo bairro.

Cresceram segundo os costumes da religião judaica. Os dois se conheceram ainda adolescentes, namoraram e casaram-se em 1922. Meu pai, Max, era alfaiate e Sara, minha mãe, costureira. Deixaram suas famílias e juntos montaram um pequeno ateliê de costura, começando assim a projetar uma família. Nasceu Saul, o primogênito, em 1924, Sônia, em 1927 e eu Juan, o caçula, em 1929. Deus começava a definir um propósito em nossa família.

Meus pais tinham visto de perto os horrores da grande guerra de 1914, que se arrastou por quatro anos e afetou boa parte do mundo do continente europeu. Ainda crianças, vivenciaram e sentiram os estragos daquele conflito bélico, conhecido como Primeira Guerra Mundial, que os mantinham quase que permanentemente escondidos no porão da casa onde moravam, tentando se proteger das bombas.

Finalmente a guerra acabou em 1918. Novas esperanças alegraram o coração daqueles adolescentes, porém, as marcas da guerra ficariam gravadas em suas memórias. Moisés, meu tio, irmão mais velho de minha mãe, judeu, comerciante e empreendedor, resolveu sair da Alemanha com sua família e imigrar para o Uruguai, no

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ano de 1924. Sua filha caçula, Eva, então com 20 anos, contraiu matrimônio com um comerciante bem sucedido, amigo da família e juntos, montaram um grande ateliê, de confecção de chapéus para homens e mulheres, adereço muito comum na época, pelo toque refinado que dava às pessoas.

Rapidamente, adaptaram-se ao novo país, acolhedor, com clima agradável, muitas praias, diversas delas rodeando a capital Montevidéu. O país tem um inverno longo, porém ameno, com temperaturas que variam entre 5 e 18 graus. Porém, nunca nevou no Uruguai, até os dias de hoje.

Esta parte da história do tio Moisés é a comprovação e evidência do mover de Deus, enviando-o a um país onde mais tarde nossa família se instalaria. O Uruguai era na época conhecido como a “Suíça da América”, pelo alto grau de democracia que se respirava no país.

O início de 1930 deixou marcas profundas em nossa família, pela triste lembrança da discriminação que começava em toda a Alemanha. O povo judeu de todas as nacionalidades, começava a ser implacavelmente perseguido pela loucura nazista, comandada e estimulada por Adolf Hitler, sinistro militar austríaco que surgiu como líder político no país, atribuindo ao povo judeu toda a culpa pelos fracassos econômicos da Alemanha.

Meus pais começam a sentir na pele como era difícil para uma família judia viver na Alemanha. Clamavam constantemente em oração, implorando a Deus para nos livrar e guardar de todo mal, pois sentiam-se ameaçados pela situação tão angustiante. Hitler estava disposto a exterminar a raça judaica.

A Torá, livro sagrado dos judeus, não saía das mãos deles na busca constante de encontrar por meio da escritura, algum sinal de Deus para poder fugir daquela

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terrível situação. Repentinamente, seus olhos se fixaram num trecho em Gênesis capitulo 12, versículos 1 e 2, e esta ordem de Deus os animam a tomar uma rápida e corajosa atitude: “Sai da tua terra, da tua parentela, da casa de teus pais, e vai para a terra que Eu te mostrarei”. Essa palavra foi confirmada em um outro trecho, no capítulo 20 do livro de Êxodo, no versículo 6, que diz: “e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”. Aleluia!

A primeira reação deles é obedecer. Porém, como? Ir para onde? As crianças eram pequenas. Eu, o caçula, tinha apenas seis meses de vida. Mas Deus os encoraja, eles pensaram: “é agora ou nunca mais”. Meu pai se lembra que o tio Moisés e sua família estavam morando no Uruguai. Rapidamente escreve uma carta e a envia pelo correio na esperança de receber uma resposta positiva. Finalmente chega a carta do tio Moisés que dizia: “Venham todos, temos lugar para acomodá-los, nada vai lhes faltar, viveremos juntos, pois tenho certeza que esta é a vontade de Deus”.

Eles não tinham dinheiro para as despesas da viagem, e então, colocam tudo a venda. Máquina de costura, ferros elétricos de passar roupas, manequins, móveis, tudo é vendido.

Saem à procura de documentos para toda a família. Escritórios clandestinos vendiam documentação “falsa” para poder sair do país. Os nomes precisaram ser trocados para que não se descobrisse que éramos judeus e assim pudéssemos viajar sem levantar suspeitas das autoridades alemãs. Nossos nomes originais denunciavam claramente que éramos uma família judaica.

Deu tudo certo com a “falsa” documentação. A próxima etapa seria viajar até Hamburgo e embarcar num navio cargueiro de bandeira francesa, batizado de “Groix”.

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Nosso destino, doravante, seria conviver durante alguns meses com outros imigrantes, camuflados no meio da carga, viajando no porão do navio, em condições bastante precárias. Porém, mantínhamos dentro de nós algo muito importante, que nunca se deve perder: a fé em Deus e a esperança de tempos melhores.

Papai alugou um pequeno caminhão, levamos alimentos não perecíveis juntamente com colchões, travesseiros, roupas, uma máquina de costura “Singer” a pedal, um busto de manequim utilizado para experimentar roupas que seriam confeccionadas. Esses elementos eram básicos para que se pudesse iniciar alguma atividade em Montevidéu, relativas a um ateliê de costura. E assim, chegamos ao porto de Hamburgo. Lá estava atracada nossa “arca de Noé” para nos levar à “terra prometida”, distante sim, porém, real e abençoada por Deus. Nossos objetos foram colocados no porão do navio. Ouvimos finalmente o longo apito do navio anunciando sua partida para o distante continente e naquela melancólica situação, o pensamento de meu pai foi de agradecimento a Deus, pois assim tinha início a libertação de nossa família.

Foram mais de três meses navegando pelo Oceano Atlântico, fazendo escalas em vários países da América, descarregando mercadorias e carregando outras para o retorno. Chegamos ao porto de Santos, crianças subiam no navio para vender toda variedade de bananas. Estávamos perto do ponto final da extenuante viagem, a “terra prometida” estava logo ali. Deus tinha cumprido sua promessa.

Chegamos ao porto de Montevidéu em setembro de 1930. Tio Moisés estava a nos esperar. Passamos pela alfândega sem problemas. Desembarcaram muitos outros imigrantes, que como nós, vinham em busca de uma nova perspectiva de vida, procurando no Uruguai um ambiente

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mais seguro e agradável. O país estava radiante, a Taça Jules Rimet de futebol tinha sido disputada pela primeira vez e o Uruguai a tinha conquistado. Fomos alojados na casa do tio Moisés, foi ótimo, não estávamos sós, vivíamos em família, nos comunicávamos no nosso próprio idioma. O “idich”, dialeto judaico muito utilizado entre os judeus para se comunicar em qualquer parte do mundo, soava aos nossos ouvidos como música celestial.

Num pequeno quarto da residência bastante ampla, foi improvisado um ateliê de costura. Os primeiros clientes foram pessoas amigas do nosso tio, que encomendaram roupas sob medida. Era um bom começo. A Alemanha tinha ficado na saudade. Novos horizontes se projetavam sobre nossas vidas. A paz interior, a tranqüilidade de ver a família livre dos perigos, da insegurança que atravessamos vivendo em Berlim, era agora um grande incentivo para poder assimilar a liberdade que o Uruguai oferecia por meio do seu maravilhoso povo, alegre e comunicativo.

Rapidamente meus pais se adaptaram ao estilo de vida, as pessoas eram acolhedoras, simpáticas, acostumadas a conviver com estrangeiros. Já estávamos em condições de alugar uma casinha para podermos nos integrar como família. Fomos gratos ao tio Moisés pela sua extraordinária ajuda, mas não queríamos atrapalhar a privacidade da sua família, nossos queridos parentes. Mudamos para uma modesta casinha distante da casa do tio, mas nosso relacionamento sempre foi fraterno e cordial. Semanalmente nos reuníamos para compartilhar deliciosos churrascos, que eram o grande prazer dos passeios. Meus pais finalmente sorriam e pouco a pouco, esqueciam os maus momentos vividos na Alemanha. À medida que o tempo passava, a confiança e a esperança voltavam a encorajar nossas vidas.

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Meu pai soube que um bairro inteiro em Montevidéu, chamado de Vila Munõz, era povoado por uma colônia de imigrantes judeus e novamente nos mudamos de casa para ficarmos perto deste bairro, porque tudo aquilo que um judeu desejava, ali tinha. Sinagoga, comércio de quitutes hebraicos, banhos de chuveiro coletivos nas ruas, claro que devidamente equipados com roupas apropriadas e comidas judaicas chanceladas pelo rabino, conforme determina o judaísmo. Vou identificar alguns alimentos: pepinos a vinagrete, peito de boi defumado, patê de fígado de ganso, peixe defumado, matzá, frangos de granja sacrificados pelo próprio rabino. Deus realmente tinha nos conduzido a uma “terra onde manava leite e mel”.

Bendito seja o Senhor por sua misericórdia colocada em nossas vidas. Para nossa família, aquilo significava termos sido transportados do reino das trevas para o Reino de Deus. No meio do bairro, num enorme galpão, estava localizada a sinagoga – templo de oração dos judeus. Agora, meu pai podia congregar e agradecer a Deus junto com seus patrícios. Podia também, junto com eles, tanto na Páscoa, como no Dia da Expiação, fazer seu jejum habitual, além de fazer suas orações e adorar a Deus sem o temor de ser perseguido e ameaçado. Tínhamos uma vida feliz, livre, porém, limitada. Todo começo traz algumas dificuldades, mas a alegria da liberdade nos dava força para lutar e buscar novos horizontes.

Pouco a pouco, meus pais conseguiam aprender a língua espanhola, podendo assim se comunicar com o povo uruguaio, falando aquele “espanhol” europeu que invariavelmente se fala trocando o masculino pelo feminino: o senhora, a menino, etc.

A Segunda Guerra estourou na Europa, em 1939. Hitler, sorrateiramente e de forma covarde, invade países vizinhos, usando seu poderio bélico e sem sofrer

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resistência os ocupa militarmente. A obsessão pelo poder o leva a praticar esta loucura envolvendo todo o planeta no conflito. Nesta época, eu e minha irmã Sonia, estudávamos em escola pública, e nosso irmão Saul, estudava numa escola industrial, onde aprendia-se várias profissões. Ele tinha escolhido ser torneiro mecânico. Com 15 anos de idade, começou a trabalhar como aprendiz numa indústria metalúrgica de grande porte. Seu salário, embora pequeno, muito ajudava nossos pais nas despesas, que não eram poucas, mesmo com as limitações. Comíamos muito pão de alho, que era bem mais barato que a manteiga. Foram tempos de guerra intensa e muita tristeza, muitos familiares dos meus pais que moravam na Europa fugiam de um país para outro, buscando refúgio. Perdemos todo tipo de contato com eles.

Chegávamos ao ano de 1942. A Russia, que até então mantivera-se neutra no conflito, foi invadida pela Alemanha nazista. Hitler dominava amplamente a Europa, ajudado pela Itália de Benito Mussolini. No entanto, Deus tinha uma estratégia para acabar com o conflito, pois Ele nunca falha. Hitler sentia-se dono da situação, obcecado e empolgado pelo avanço de suas tropas. Com isso, sente-se encorajado a lutar dentro do território soviético, em pleno inverno. As tropas nazistas começam a invadir por terra, e estrategicamente, os soviéticos retrocedem. Nesta mesma época, o Japão atacou de surpresa pelo ar a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, o que causou baixas importantíssimas. Isto debilitou bastante as forças navais e aéreas dos norte-americanos e adiou a mobilização de suas tropas.

A estratégia dos soviéticos de retroceder sem opor resistência, e queimar na fuga todo tipo de alimento que pudesse ser aproveitado, somada ao rigoroso inverno da região, foi gradativamente debilitando o exército nazista.

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Extenuados, os soldados nazistas caiam no terreno, sem forças para lutar, enchendo de cadáveres os campos gelados com mais de 25 graus negativos de temperatura. O exército vermelho comunista aguardava o que restava do combalido exército alemão e no momento que atingiram as portas de Moscou, foram duramente repelidos e numa contra-ofensiva espetacular, foram levados de volta até Berlim. Do lado ocidental, as tropas aliadas de Estados Unidos, Inglaterra, França, entre outros, retomavam o controle dos países invadidos e também caminhavam rumo a Berlim. Percebendo que a derrota era iminente, Hitler se suicidou juntamente com sua companheira Eva Braun.

Estávamos em 1945, a justiça de Deus tinha sido consagrada e o mundo voltou a ter alegria de existir. Nossa família no Uruguai, prosperou durante o período da guerra, pois muita produção de alimentos, sobretudo produtos lácteos e carnes bovina e ovina, além de lã para confecção de agasalhos, tinham sido comercializados aos países aliados. A moeda uruguaia estava supervalorizada, criando no país uma situação econômica extraordinária. Como conseqüência positiva, o comércio cresceu enormemente, redundando numa melhoria do poder aquisitivo da população.

Sônia minha irmã, namorava já algum tempo e resolveu se casar e Saul meu irmão, anos mais tarde também se casou. Nasceram filhos e filhas, a família aumentou, foram tempos de felicidade total e de convivência maravilhosa. Algo muito forte e poderoso agia no convívio da família, situações e propósitos amenos aconteciam em nosso viver, com certeza a mão de Deus estava projetada sobre nossas vidas. Hoje, o conhecimento da bondade e misericórdia de Deus nos indicam, sem

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dúvida nenhuma que, somente Ele e por Ele, nós tínhamos alcançado tanta paz.

Eu, Juan, fiquei um pouco esquecido nesta história real de nossa família. Já estávamos no ano de 1948, eu tinha 19 anos e minha vida era dedicada a prática de esportes, gostava muito de futebol e basquete. Respirava-se liberdade, a vida era prazerosa.

Meu irmão Saul abriu uma empresa de reproduções fotográficas, que uma vez ampliadas e transferidas para uma tela de pintura a óleo, formavam um trabalho muito bonito, era moda na época. Eram colocadas nas paredes da sala, dormitórios, eram quadros de lembrança dos avós, de casamento, netos, parentes, enfim, retratos eternizados através de uma pintura a óleo. A aceitação popular foi um tremendo sucesso. Tratava-se de uma novidade no mercado. O Uruguai era um país pequeno, com pouca população, cerca de três milhões de habitantes espalhados por um território de 177 mil quilômetros quadrados. O Brasil, por sua vez, com seus 70 milhões de habitantes na época, significava uma tentação muito forte, para pensar em instalar em São Paulo uma empresa de grande porte, com o propósito de ampliar o sistema de vendas das pinturas a óleo, o que seria um empreendimento comercial de grande magnitude.

Assim, Saul viajou a São Paulo, alugou três andares num prédio comercial de luxo no Vale do Anhangabaú, dividindo-os em diretoria, departamento comercial e ateliê, deixando claro de que tratava-se de uma empresa de grande porte. E realmente era. Muitas mulheres, algumas mais capacitadas e experientes neste tipo de vendas ao público, feito através de equipes compostas por várias pessoas, trabalhando bairro por bairro, casa por casa, munidas de mostruários muito bonitos, que definiam a boa qualidade do produto oferecido.

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Aproveitando a excelente situação econômica da cidade de Londrina, no Paraná, que acabara de negociar uma fantástica colheita de café, que deixou os produtores com muito dinheiro, Saul resolveu iniciar as vendas das pinturas a óleo por ali. A cidade vivia um momento de franco otimismo, de prosperidade ímpar, o dinheiro que circulava era incalculável, gente vinha de todos os lugares do país para realizar negócios de toda espécie. Foi construído um teatro exclusivamente para contratar orquestras típicas da Argentina, com famosos intérpretes de tangos e outras danças. Era uma época de fartura sem igual.

As vendas de quadros foram sensacionais. Havia a necessidade de ampliar as equipes de vendas para dar conta do recado. Por falta de tempo para preparar equipes com pessoas da região (a empresa tinha uma escola de ensino de vendas, a fim de preparar a maneira de lidar com os interessados), foi necessário requisitar vendedoras do Uruguai, já experientes, para viajarem ao Brasil e darem continuidade ao trabalho, pois as vendas tinham se espalhado por outras cidades da região, como Maringá e Ponta Grossa, que também estavam prosperando.

No entanto, começaram a surgir problemas, pois toda esta movimentação de mulheres uruguaias viajando em massa para o Brasil, foi erroneamente interpretada pelas autoridades de imigração brasileiras, que colocou o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de sobreaviso, aventando a hipótese de tratar-se de uma quadrilha especializada em tráfico de mulheres para prostituição. Estávamos no início do segundo período de governo de Getúlio Vargas, em 1951. Apesar de ter sido eleito democraticamente, ainda havia resquícios do período de ditadura instituída anteriormente pelo próprio Getúlio.

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Sobreveio o pior: o Dops foi autorizado a lacrar a empresa. Nada se provou, não era prostituição, ninguém foi preso, mas as mulheres foram deportadas para o Uruguai por falta de visto de trabalho. Duplicatas de cobranças de encomendas já entregues em Londrina, Maringá e outras cidades que seriam descontadas no Banco do Brasil, foram levadas pela polícia sem nenhuma justificativa. O prejuízo foi incalculável.

Meu irmão Saul, muito aborrecido e chocado com o desfecho dos negócios, ficou com sua família morando em São Paulo, tentando realizar outro projeto que tinha idealizado. Não por acaso, conhece um húngaro de nascimento, refugiado do pós-guerra, legalmente radicado no Brasil, que tinha vindo da Alemanha. Ele era um químico especializado em emulsões (fórmula usada para permitir a adesão a chapas de vidro) que serviam como negativos para impressão de fotografias em papel fotográfico, sistema que os famosos lambe-lambes (fotógrafos que trabalhavam nas praças e jardins das cidades) utilizavam no seu trabalho.

Depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, em 1945, as grandes indústrias européias de fabricação de filmes fotográficos não mais produziam este tipo de material, e justamente estas chapas fotográficas eram usadas em lugares públicos tais como Aparecida do Norte, Parque do Ibirapuera, Praça da Sé, entre muitos outros, lugares freqüentados por turistas. Exatamente era isto que meu irmão Saul tinha idealizado. Estava tudo acertado com o químico, eles começam a produzir chapas emulsionadas de forma artesanal, em diversos tamanhos, ao serem colocadas a venda são rapidamente compradas pelos fotógrafos que estavam parados sem trabalhar por falta de material.

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Tudo o que a fábrica produzia em um mês era gasto em apenas uma semana pelos lambe-lambes da praça da basílica de Aparecida do Norte. Havia a necessidade de aumentar a produção das chapas. Então, eles começam a preparar equipamentos para produzir mais material fotográfico. Diariamente chegam cartas de diversos lugares do Brasil solicitando o envio de material por reembolso. O magazine Mesbla, referência do comércio paulistano, mostra interesse em negociar exclusivamente o produto através de uma das suas marcas registradas, dispondo-se a comprar toda a produção e negociá-la com o nome de chapas fotográficas Arrow. Assim é feito e a parceria se estende por vários anos.

Estamos em 1956. Depois de um período conturbado com a interrupção abrupta do governo de Getúlio Vargas causada por seu suicídio, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente do Brasil. Intensamente, meu irmão Saul procura contatos com grandes fábricas de material fotográfico da Europa para associar o material que a pequena fábrica produzia, como compensação, receberiam equipamentos mais modernos, com o intuito de ampliar a produção das chapas de vidro, a fim de atender a enorme demanda do mercado. Ele recebe uma carta de intenções de uma grande fábrica alemã, a Perutz, que estava começando a produzir filmes em rolo. Chegam ao Brasil dois representantes da empresa que mostram interesse na fusão, tudo continuaria como sendo uma empresa brasileira em sociedade com uma empresa do mesmo ramo alemã. A Kodak, na época já instalada no Brasil, produzia somente papel fotográfico, importando os filmes em rolos de uma fábrica instalada no México, subsidiária da empresa.

A Perutz seria mais uma concorrente, o que eliminaria o perigo de monopólio do mercado, com a

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vantagem que abrangeria todo o mercado de assistência aos fotógrafos de praças e jardins, além da excelência da produção de filmes em rolos, de grande aceitação no mercado mundial. A política de interesses entra em ação no Congresso Nacional. O “lobby” começa a se mexer com o objetivo de favorecer a Kodak. Uma nova lei é apresentada para votação e sancionada em tempo recorde, cuja cláusula principal expressava: “havendo uma empresa já instalada no território nacional com capacidade de produção para abastecer o mercado interno, não seria autorizada a entrada no mercado de nenhum outro concorrente estrangeiro”.

Monopólio puro. Assim era na década de 50 no Brasil, Portanto o sonho da grande fábrica tinha acabado. O maquinário europeu que serviria para aumentar a produção das chapas estava proibido por lei de entrar no país. O jeito era continuar a trabalhar artesanalmente. Havia dificuldade em conseguir funcionários capacitados para trabalhar na montagem do produto, extremamente delicado em seu manuseio, no corte da chapa de vidro em diversos tamanhos, na limpeza de qualquer resíduo provocado pelo diamante utilizado para cortar, na embalagem final. Tudo era feito numa câmara escura, com apenas uma luz de cor vermelha de baixa intensidade para que não velasse o produto.

Para realizar essas tarefas delicadas, meu irmão Saul me convidou para viajar a São Paulo. Na época, morava em Montevidéu, estava desempregado e me fascinava a idéia de ajudá-lo a realizar esta importante tarefa e também a possibilidade de conhecer o Brasil. Hoje, posso discernir que esta viagem foi o começo de um novo e maravilhoso capítulo do abençoado propósito de Deus em minha vida. Rapidamente passei a trabalhar na fábrica. Tudo corria muito bem. A produção tinha aumentado, os

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elogios dos fotógrafos, que chegavam por carta, nos estimulavam a esforçar-nos cada vez mais. Céu de brigadeiro, até o sócio do meu irmão não se agradar muito de minha presença na fábrica.

O sócio era um homem bastante amargurado, tosco, portador de uma deficiência física, movimentava-se com ajuda de muletas, seu rosto refletia uma tristeza permanente, indicando um caráter depressivo. Ele fumava maços e mais maços de cigarro “Continental” e havia colocado em sua mente que minha chegada à fábrica escondia um sórdido propósito, que seria, eu aprender a fórmula da emulsão da chapa fotográfica, para mais tarde não precisarmos mais dos seus conhecimentos, desfazendo assim a sociedade com meu irmão.

Diante desta delicada situação e para confirmar que as suspeitas eram infundadas, resolvi abandonar a fábrica, e pouco tempo depois, também saí da casa do meu irmão Saul, onde estava alojado. Passei, então, a morar numa pensão localizada perto da Praça da República, numa travessa da Avenida Ipiranga, no centro da cidade. Porém, Deus continuava agindo em minha vida. Precisava arrumar um emprego que me permitisse sobreviver. Logo, surge uma oportunidade no escritório de contabilidade das Empresas Pignatari, que prestava serviço para várias fábricas conhecidas como a Companhia Brasileira de Laminação e Metais, com sede na cidade de Utinga um pequeno município da grande São Paulo onde funcionava o complexo industrial da empresa.

Corria o ano de 1958. O salário me permitia pagar a pensão, alimentos e lazer. Guardo boas recordações daquela época. Passeava tranquilamente pelo centro da cidade de São Paulo, não se via drogas, assaltos, arrastões ou violência. Oh, glória! As pessoas olhavam as vitrines, a Rua Direita na Praça da Sé era fechada ao trânsito nos

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sábados à noite e domingos e se convertia num calçadão, onde eram os negros maioria, passeando e paquerando alegres e educadamente. Que maravilha!

Um rapaz uruguaio, ex-funcionário da primeira empresa que Saul tinha instalado e que havia sido lacrada por ordem do Dops, me convida para trabalhar com ele, como vendedor das pinturas a óleo, que eu já conhecia, pois antes da minha vinda ao Brasil, tinha trabalhado algum tempo com isso em Montevidéu. Ele me ofereceu ajuda de custo e comissões por pedidos. Gostei da proposta e adotei a idéia, com isto pedi demissão no escritório agradecendo a cordialidade e a maneira amigável como tinha sido recebido na empresa.

Fomos até a Estação da Luz, compramos duas passagens de trem com destino a Três Lagoas, hoje Mato Grosso do Sul, pois eu viajaria acompanhado de outro vendedor também uruguaio, que já a algum tempo morava em São Paulo. No dia seguinte embarcaríamos para aquilo que mais tarde, pela graça e vontade de Deus, seria o começo de uma nova vida.

O trem era movido a lenha e não poucas vezes parava no meio do mato para que fosse abastecido de madeira e assim tivesse sua caldeira alimentada. Hoje é até difícil de imaginar isso, mas foram 13 horas de viagem. Na chegada a Três Lagoas, tive a impressão de estar em algum deserto: ruas todas de areia, quase nenhuma calçada, cidade pequena, um único hotel, porém muito bem mobiliado. Igreja Católica, uma agência do Banco do Brasil, agência dos Correios, algumas pequenas lojas de roupas e alimentos, casinhas simples beirando os trilhos do trem, onde moravam os funcionários da companhia ferroviária. Uma vila com muitas casas, todas iguais, formando um grande bairro perto do centro comercial, onde moravam os funcionários do Banco do Brasil, muitos fazendeiros ricos

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e outros profissionais que exerciam suas atividades na cidade.

Acho, que a população não alcançava sete mil habitantes, morando naquele deserto escaldante. As ruas de areia contribuíam para aumentar a sensação térmica do clima seco e quente de quase 40 graus. Tanto assim que o comércio funcionava das 7 às 10 da manhã e reiniciava à tarde, das 17 às 19 horas. O local mais ameno da cidade era uma confeitaria, bem arrumadinha, sem dúvida o ponto chique e o lugar indicado para bater papo e ter algum tempo de lazer. Mesas de bilhar, baralho, balcões para beber sucos diversos, refrigerantes, lanches de todo tipo, nada de bebidas alcoólicas e muita paquera respeitosa.

Nossa rotina era trabalhar e freqüentar a confeitaria. Nos adaptamos ao horário local para cumprir nosso trabalho, o que resultou em demorarmos mais tempo para visitar toda a cidade. Graças a Deus, a aceitação das pessoas foi maravilhosa, pela maneira educada e amável com que nos recebiam, qualidade natural de pequenos centros do interior, onde todos se conhecem e se relacionam. Foram mais de três semanas intensas de trabalho, oferecendo nosso produto, que foi muito bem aceito, o que muito nos alegrou e encorajou. Enviávamos diariamente todos os pedidos pelo correio aéreo para São Paulo, pois uma vez reunida determinada quantidade de pedidos, nosso patrão Estella viria a Três Lagoas a fim de verificar as lisuras das encomendas, acertar o pagamento do hotel onde estávamos hospedados, pagar nossas comissões e comprar as passagens para viajarmos a Campo Grande, cidade próxima, capital do estado de Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul), evidentemente maior e mais populosa.

E tudo aconteceu tal qual fora planejado. Corria o ano de 1958, o Brasil disputava a Copa do Mundo de futebol,

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realizada na Suécia, e pela primeira vez conquistava a taça Jules Rimet. Desembarcamos do trem em Campo Grande e caminhando em direção ao centro da cidade, localizamos um hotel na rua 13 de Maio, que fornecia café da manhã, almoço e jantar. O melhor era o almoço, porque o jantar era uma sopa na qual se misturava tudo o que sobrava do almoço. Não podíamos nos dar ao luxo de hotéis com muita mordomia. Campo Grande era uma cidade cosmopolita, freqüentada por bolivianos, paraguaios, chilenos e pela nossa presença, também uruguaios. Sem perceber, tínhamos dado início ao Mercosul. Descansamos o dia inteiro a fim de repor energias. Combinei com meu parceiro uruguaio dividir o campo de trabalho tomando como referência a rua do hotel que ia do centro até o bairro mais distante, pela sua enorme extensão. Eu trabalharia do lado direito e ele do lado esquerdo, evitando que passássemos pelas mesmas residências.

Bato palmas numa casa, sou atendido por dona Catita. Explico o objetivo da minha visita, ela me convida para entrar e uma vez na sala da casa, tiro da pasta as pinturas a óleo de amostra que carrego. Passo, então, a verbalizar um argumento de vendas bem memorizado e lhe digo que a ampliação pode ser feita com qualquer tipo de fotografia, de qualquer pessoa, em qualquer situação. Geralmente, as pessoas se interessavam por ampliar fotos de crianças que evidentemente eram mais graciosas. Vivíamos numa época em que tudo o que se oferecia nas residências era fácil de vender. Tratava-se de uma novidade. Explico a dona Catita que realizamos um sorteio de envelopes, onde alguns têm no seu interior vale-brindes, que se forem escolhidos, darão aos clientes o direito de fazer a pintura sem custo algum, pagando somente o valor da moldura. Evidente que era um tipo especial de moldura, de formato oval com vidro

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temperado. Este modelo só era fabricado por nossa empresa, não se conseguia em nenhum outro tipo de comércio. No momento de receber a pintura, que nada custava, como fora prometido, era vendida a moldura por um preço exorbitante, mesmo tendo a facilidade de pagar em até três vezes.

Escolho uma criança para sortear os envelopes, ela escolhe cinco deles, e claro, todos estão “premiados”. Cumprimento a criança pela sorte que teve e peço a dona Catita que escolha algumas fotos que gostaria de reproduzir. Ela traz uma caixa cheia de fotos e assim escolhemos as melhores. Rapidamente tinha fechado cinco encomendas. Estava radiante de alegria. Havia sido fácil demais, quase não podia acreditar. Pensei: este é meu dia de sorte. Comecei a preparação da papelada para fechar os pedidos a fim de sacramentá-los, quando dona Catita chama uma das crianças que estava na sala e lhe pede para que chamasse Darci. Eu pensei que deveria ser seu esposo, mas me enganei. Darci era na verdade uma das filhas de sua vizinha Genara.

Pelo aspecto era difícil identificar suas feições, vestia uma camisa de manga comprida, calças “vaqueiro”, estava descalça, em volta de sua boca amarelada, polpa de manga que estava chupando na própria mangueira quando foi chamada pelo menino. Dirige seu olhar para a mesa na sala onde estão as amostras expostas e as fotografias escolhidas para a reprodução, e pelo seu sorriso, percebo que algo estranho está para acontecer. Dirige seu olhar para dona Catita e diz: “Eu já trabalhei com minha tia Dionísia com este tipo de venda e sei que pelo formato oval das pinturas, o tipo de moldura adequada é fabricada somente por vocês, e sem a moldura é impossível pendurar o trabalho. Sei também que o custo da moldura e do vidro que a complementa é muito caro, diria absurdo, mesmo

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podendo ser adquirido de forma parcelada”. Dona Catita já conhecia todo o esquema de vendas e fingiu o tempo todo. Reflexão: tempo perdido e vendas canceladas? Não, de maneira alguma, e eu conto porque!

Foi enorme a decepção de ter perdido aquelas vendas pela intromissão daquela “tal” Darci. À noite, fui dormir nervoso, irritado, amargurado. No dia seguinte, acordei com dores no pescoço, não conseguia movimentar a cabeça de um lado para o outro sem sentir desconforto, minha garganta estava inflamada, tinha dificuldade para engolir algo sólido. Fui até a farmácia da esquina para ser medicado. Fiquei aguardando ansioso e dolorido a chegada do funcionário encarregado do atendimento de emergência. Encostei na porta do estabelecimento desejando que viesse rapidamente e me aliviasse daquela dor insuportável. Fiquei olhando para a rua tentando me distrair e vejo vir na minha direção uma jovem muito bonita, elegantemente vestida, roupa bem ajustada ao corpo (perfeito aos meus olhos), salto alto (o que realçava ainda mais o conjunto), com um andar meticulosamente calculado. De súbito, ela estende sua mão e me cumprimenta, indagando se tenho algum problema de saúde, já que estava na farmácia. Pego na sua mão, olho nos seus olhos e tento descobrir quem era ela. Aparentemente não a conhecia, estava na cidade há apenas dois dias. Não tinha feito nenhuma amizade ainda, nenhuma paquera. Não falei nada. A dor na garganta me impedia de falar com clareza. Sorrindo, ela me diz: “Sou Darci, lembra de mim? Ontem nos conhecemos na casa de dona Catita”. Pensei comigo: é aquela tonta que abortou minhas vendas. Não é possível, está tão diferente. Pensei, mas não falei. Somente expressei, ainda com dificuldades, um agradecimento por ela preocupar-se com minha saúde. Darci ficou ao meu lado o tempo todo, até a chegada do

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funcionário da farmácia que me atendeu e me aplicou uma injeção antiinflamatória e receitou antibióticos, desta maneira, graças a Deus, rapidamente comecei a melhorar da dor de garganta. Fomos juntos conversando até o hotel, que era bem pertinho. Ela conhecia as funcionárias da cozinha do hotel e pediu que me preparassem uma sopa de legumes para o almoço. Assim, ficamos conversando por um longo tempo e juntos almoçamos no hotel. Foi amor à primeira vista. Havia entre nós uma empatia tão forte que eu decidi com o maior prazer, me conceder dois dias de folga para estarmos juntos passeando e nos conhecendo melhor. Estávamos em 1958, lembram que eu disse que apesar de ter perdido as vendas na casa de dona Catita, não tinha perdido meu tempo. Não tinha mesmo, pois Deus tinha colocado em minha vida aquela que seria minha esposa. Eu tinha ganho uma esposa para toda minha vida. Não tinha nenhuma dúvida. Darci seria a esposa que eu tanto procurava. Deus tinha me conduzido até ela. Oficializamos o noivado. Os pais de Darci estabeleceram um tempo para que pudéssemos nos relacionar e tirar qualquer dúvida.

Deus foi bom, confirmou e abençoou nosso casamento no dia 14 de janeiro de 1959, num cartório em Campo Grande. Dona Catita e seu esposo foram nossas testemunhas. Viajamos em lua de mel para São Paulo, num avião do Correio Nacional, num vôo gratuito conseguido por um cunhado de Darci. Dois dias depois, voltamos a viajar, dessa vez de trem, com destino a Montevidéu, onde morava minha família. A viagem durou 36 horas. Finalmente meus parentes conheceriam aquela que Deus tinha colocado em nossa família.

Passamos 30 dias maravilhosos em Montevidéu. Resolvemos voltar ao Brasil direto para o Rio de Janeiro, onde começaríamos a trabalhar com a equipe de vendas da

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tia Dionísia, novamente com reproduções de pinturas a óleo. Ficamos alojados num apartamento alugado no bairro do Méier. Era um grupo muito bacana, de bom relacionamento, e dividíamos as tarefas do apartamento: alguns cuidavam da arrumação dos quartos e outros da alimentação do grupo. A tia Dionísia era a encarregada das compras. Havia total harmonia e respeito entre nós. Passados alguns meses, Darci nos dá a alegria de sua gravidez, e como tinha problemas cardiológicos, mantêm-se afastada do trabalho de rua, passando a cuidar da alimentação da turma.

Decorridos sete meses, entregamos o apartamento, e o grupo juntamente com a tia Dionísia, retornou para Campinas. Eu e Darci ficamos no Rio de Janeiro, morando num apartamento de uma irmã de Dionísia, chamada Flora, juntamente com seu marido Joaquim e seus filhos Mario, Cristina e Paulo, também no bairro do Méier. Ficamos juntos aguardando o nascimento da primogênita Tânia, que estava por acontecer.

Tânia nasceu no dia 16 de novembro de 1959, numa pequena maternidade beneficente chamada “Casa da Mãe Pobre”, bem adequado à nossa situação do momento, bastante difícil em todos os sentidos. Foi um parto muito complicado, a medicina não tinha os recursos de hoje, e Darci, pelo seu problema cardíaco, tinha dificuldades em fazer grande esforço, optando o pediatra por uma cesariana. Ainda assim, com a graça de Deus, Tânia nasceu com saúde total.

Em dezembro de 1960, depois do falecimento da mãe de Darci, decidimos viajar a Montevidéu, os três, juntamente com Jóia, irmã caçula de Darci, que depois do falecimento de sua mãe, tinha ficado em Santos, onde a família morava, junto com o pai e quatro irmãos, todos homens, o que poderia dificultar seu desenvolvimento,

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pois tinha apenas 13 anos de idade. Foi, então, conosco para o Uruguai. Ela era uma menina meiga, obediente, carinhosa e muito nos ajudou cuidando do crescimento de Tânia. Por intermédio de amigos, consegui um trabalho de motorista de praça, que rendia um bom salário, e Darci ajudava no orçamento fazendo bicos na vizinhança como manicure e cabeleireira.

Morávamos com meus pais, Max e Sara, que seguiram trabalhando como alfaiate e costureira da mesma forma que em Berlim, sem nenhuma dificuldade de sobrevivência. A casa era grande, com muitos cômodos. Tânia era o xodó de todos nós, misturando o português com o castelhano, no seu pequeno conhecimento dos idiomas devido a sua pouca idade. Era uma nova experiência em nossa vida, porém as circunstâncias não nos impediam de estarmos felizes, pois junto com a família da minha irmã Sonia, e meu cunhado Pepe, seus filhos Helen e Richard, desfrutávamos de um convívio muito agradável.

Infelizmente, meu pai Max faleceu em 1966 e no ano seguinte, minha mãe Sara não suportou a solidão. A falta do companheiro de tantos anos acabou complicando seu problema de saúde e ela também logo se foi. Foram momentos muito tristes e dolorosos. Resolvemos, então, voltar ao Brasil. Darci sentia muitas saudades de sua família. Fomos direto para Campinas, em fevereiro de 1968. Mais uma vez fomos acolhidos pela tia Dionísia. Instalamo-nos em sua casa até poder coordenar nossa vida.

Dionísia era uma mulher extraordinária, de um senso de solidariedade como nunca eu tinha imaginado, solteirona, não dera certo com seus namorados, era muito exigente e ciumenta, e possuía um caráter firme e controlador. Porém, de uma bondade e disposição inigualável, nunca mediu esforço quando solicitada para

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uma causa nobre. Faleceu no final de 2010, com quase noventa anos. Durante todos estes anos, sempre mantivemos uma amizade carinhosa. Deixou muitas saudades e belas recordações.

Conseguimos alugar uma casinha pertinho das tias Dionísia e Flora. Corria o ano de 1969, passávamos terríveis dificuldades financeiras, eu não tinha profissão definida. Fazia alguns bicos de cobrança que rendiam algum dinheiro. Foi então que apareceu um emprego fixo num estúdio fotográfico e a ele me aferrei. Esposa, cunhada e filha para cuidar, o salário mal dava para nos sustentar. Começava um novo sofrimento na minha vida: o dono do estúdio, Carlão, costumava sumir no dia de pagamento dos funcionários, provocando uma situação degradante e absurda. Era viciado em jogos de cartas, apostava nossos salários no baralho e ali estava depositada nossa sorte. Se ganhava, no outro dia aparecia e pagava os salários. Se perdia, aparecia somente no dia que em que ganhasse novamente para acertar as contas. Era um descarado. Era um senhor casado e sua esposa, que morava no mesmo local do estúdio, controlava o negócio. Coitada, sofria com toda esta situação mas nada podia fazer. Carlão até que era um sujeito simpático, porém, o jogo o mantinha refém da promiscuidade. Satanás o mantinha preso a este tipo de vida. Era também viciado em drogas, totalmente dominado pelo Diabo. Mas, sempre além das dificuldades, Deus nos coloca numa situação de vitória, se nos mostramos fiéis e cremos que sua misericórdia dura para sempre.

Numa conversa com Carlos, repentinamente ele me convida para formalizar uma sociedade. Não exige nada, somente que mudássemos a razão social do negócio, que estava em seu nome, e a colocássemos no meu nome. Simples, eu, Juan, passaria doravante a ser o proprietário

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de um estabelecimento comercial no centro da cidade de Campinas, com a chance de repartirmos os lucros, metade para cada um de nós. Pareceu-me estranho, porém, eu não estava arriscando nada, e o fato de participar dos lucros significava um avanço econômico considerável. Assim, aceitei.

Como sócio, tinha direito a retirada mensal de pró-labore, pensava na minha família, o sustento estava garantido. Deus tinha mudado nossa situação. De fato mudou. O que não estava registrado no roteiro era o fato de Carlos comprar diversas mercadorias falsificando seu nome e utilizando meu RG. Ele comprava tudo no nome da empresa, que estava no meu nome, e assim começaram a aparecer cobranças de vários lugares, tanto de Campinas como de São Paulo, pelo que meu nome ficou sujo na praça.

A prova de toda esta leviandade ridícula ficou muito tempo oculta porque a correspondência que chegava ao estúdio era controlada pelo Carlos que rasgava os protestos dos cartórios, referentes às dívidas contraídas e não pagas. Desta forma, eu ignorava o que estava acontecendo. Durante todo este tempo, cerca de oito meses, tanto Carlos quanto eu, separávamos uma importância grande de dinheiro que aplicávamos no banco, com a finalidade de abrirmos uma filial em outro ponto comercial de Campinas. Surgiu a oportunidade de alugar um salão bem adequado num ótimo lugar, e o equipamos com o dinheiro poupado, dando início a uma nova etapa.

Carlos colocou uma amiga sua para trabalhar na loja, junto com um funcionário que a ajudava no serviço. Com o decorrer do tempo, começo a perceber que o faturamento da loja era muito pequeno e apesar da minha ingenuidade (até este momento ainda não tinha descoberto as falcatruas de Carlos), pressionei a funcionária da loja para que

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explicasse o motivo do baixo faturamento. Ela confessou, chorando, que tinha ordem do Carlos para separar o equivalente a duzentos reais da época, do movimento diário. Esse valor não era registrado e quando ele fechava o movimento do caixa, os recebia juntamente com a metade do saldo líquido do restante. Os outros cinqüenta por cento seriam meus, o que configurava uma falcatrua desprezível.

Este fato ocasionou uma discussão entre nós e resolvemos cada um ficar com uma loja. Carlos escolheu a loja principal e decorridos dois meses, transferiu o ponto com algum lucro. Eu fiquei com a filial, agora sem a incômoda companhia do Carlos. Todas as safadezas narradas neste episódio de nossa convivência, apareceram numa oportunidade quando eu e minha esposa Darci estávamos fazendo compras numa loja e fui informado que não poderia ser avalista, porque meu nome estava registrado como devedor no cartório de registro da cidade, inclusive por compras feitas na cidade de São Paulo, onde eu nunca tinha comprado nada. Fiquei abismado, envergonhado diante de minha esposa. Tinha sido enganado o tempo todo pelo Carlos. Procurei todos os credores e um a um fui acertando as dívidas até sanar a situação.

Agradeço a Deus, pois era impossível para mim, pelo meu esforço, atingir a condição de ter um comércio que me permitisse sustentar minha família, prosperar, melhorar nossa condição de vida, não fosse o mover de Deus com seu propósito. Passamos por dificuldades, agruras, tristezas, mas a vitória Ele nos concedeu. Talvez, todos estes detalhes não signifiquem muita coisa para vocês, talvez nem sequer possam compreender o sentido real dos acontecimentos, mas faço questão de narrá-los, para

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testemunhar com alegria no coração, as maneiras como Deus age em nossas vidas. É maravilhoso!

Nesse período, Darci começou a trabalhar como secretária num consultório médico com obstetras conceituados na cidade de Campinas. A prosperidade tão desejada chega finalmente a nossa família. Nossa filha Tânia estava próxima de fazer quinze anos, era o momento anelado de começar a organizar uma festinha para comemorar o evento. Não fosse a misericórdia do nosso Deus, jamais teríamos condições de pensar em comemorações, mas Deus sempre age em nossas vidas no momento certo. Encontramos Flora e Joaquim, tios de Darci, com quem tínhamos morado juntos no Rio de Janeiro, à época do nascimento de Tânia. Eles tinham acabado de mudar definitivamente para Campinas, passavam por grandes dificuldades financeiras e tinham se alojado na casa da tia Dionísia. Darci passou a se queixar de fortes dores de cabeça. Procuramos um especialista, ela se submete a vários exames para diagnosticar a origem das dores. Nenhuma anormalidade é detectada.

Satanás, mais uma vez, começa uma obra para destruir. Sua estratégia é sempre procurar alguém apto a ser usado para iniciar sua nefasta obra. Tia Flora era muito ligada ao espiritismo por influência familiar. Ela então sugere levarmos Darci a um centro espírita de Umbanda, alegando que ali nos dariam resposta sobre a origem das dores de cabeça. Chegando ao centro espírita, para nós tudo era muito estranho, por tratar-se da primeira vez que assistíamos àquele tipo de ritual. Recebemos uma senha para sermos atendidos pelo babalaô, o principal medium do terreiro. Era um senhor idoso, tinha muitos colares de pérolas de vidro de diversas cores em volta do pescoço, cada cor consagrada a uma entidade espiritual, e usava um cocar de plumas de vários pássaros na cabeça.

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Tudo indicava que estava incorporando o espírito de algum chefe tribal, fumava charutos o tempo todo. Darci se coloca na sua frente, tremendo de medo. O medium coloca a mão sobre a cabeça dela e com um rápido movimento manual dá a entender que está expulsando alguma coisa. Pede ajuda a duas integrantes da corrente mediúnica, ordena que fiquem atrás de Darci, fala algumas palavras numa língua estranha. Nesse momento, Darci começa a cair lentamente de costas, sendo contida pelas duas mulheres. Ela está estática no chão do terreiro, como que desmaiada. Ele se abaixa, coloca um dedo de cada mão tampando os ouvidos de Darci, faz uma pequena pressão e rapidamente solta os dedos dos ouvidos. Darci se reanima e volta ao normal. O cambono, espécie de secretário do medium, traduz para Darci aquilo que seu chefe fala naquela língua estranha para nós, e explica que as dores de cabeça eram conseqüência de espíritos que permanentemente a acompanhavam. Ele ainda afirma que ela tinha sido escolhida por eles para incorporá-los.

Seria necessário, entretanto, que Darci ingressasse imediatamente na corrente mediúnica do centro e uma vez consagrada aos orixás do terreiro (uma espécie de batismo), ficaria em condições de incorporar aqueles espíritos, que não mais a atormentariam, o que faria cessar as dores de cabeça. Na nossa ignorância, passamos a acreditar que realmente Deus estava agindo em nossas vidas, que este era o caminho que buscávamos para nos relacionar com o Senhor Jesus. Com grande surpresa, verificamos que à medida que Darci desenvolvia sua mediunidade, as coisas naturais começaram a melhorar radicalmente. Tudo estava dando certo, os negócios, o trabalho, o relacionamento, a saúde, e no nosso interior, tínhamos a sensação de ter encontrado o caminho certo de nos relacionarmos com Deus, que ardentemente

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procurávamos, pois nosso desejo era servir a Deus e agradecê-lo por tudo que tinha nos dado. Agora, finalmente, através do espiritismo, poderíamos ajudar pessoas a solucionar seus problemas. Tínhamos a convicção de que esses espíritos incorporados eram obra de Deus.

Estávamos a cada dia mais crentes da presença de Deus em nossa vida. Antes de Darci engravidar de nossa segunda filha Patrícia, um médium da corrente do centro espírita, profetizou sobre esta gravidez, dizendo que uma criança do sexo feminino de olhos claros seria por ela gerada. Três meses depois deste aviso, após o aniversário da primogênita Tânia, em 16 de novembro de 1974, Darci fez um teste de gravidez e deu positivo. Darci e Eu propositalmente tínhamos planejado a sua gravidez na noite do aniversario da nossa filha Tânia. Assim Patricia nasceu em agosto de 1975, exatos nove meses depois, com uma diferença de 15 anos entre elas. Darci já havia sido avisada desde o nascimento de nossa filha Tânia que por ter um problema cardíaco evitasse qualquer gravidez, pois seria um parto muito perigoso, daí o porque de não termos tentado uma gravidez anteriormente. Não por acaso, Darci trabalhava como secretária na clínica do Dr. Walter Passarela, obstetra de renome que gentilmente se dispôs a cuidar de sua gravidez e parto. Tudo foi super bom e assim mais uma vez Deus tomou o comando da situação com total segurança e tudo saiu perfeito. (Obrigado Senhor, pelos teus cuidados).

Todos estes fatos contribuíram para nos alegrar sobremaneira, Deus significava tudo para nós. Nunca deixamos de orar ao Senhor, agradecendo e clamando para que nos confirmasse se o fato de estarmos engajados no centro espírita significava que estávamos trilhando o verdadeiro caminho para termos comunhão com o Senhor.

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Permanecemos vinte anos no espiritismo. Não conhecíamos o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Estávamos como que cegados pela rotina do centro espírita. Algumas dúvidas, no entanto, pairavam em nossas mentes. Começamos a perceber algumas atitudes estranhas dentro do centro espírita, desconfiávamos da autenticidade da incorporação de alguns espíritos. Tudo começou a aparecer diante de nós como falso, duvidoso, na verdade nosso entusiasmo esmoreceu e a vontade de ouvir a voz do Deus verdadeiro era cada vez maior e agitava nossos corações.

Uma noite, durante uma longa oração buscando a Deus, Darci ouviu uma voz dizendo: “Abandonem o centro espírita, o novo caminho está à vossa disposição, e esse caminho é Jesus Cristo”. Resolvemos, então, nos afastar do espiritismo, não sem antes levar nossa determinação ao chefe do centro espírita, que se mostrou bastante irritado com nossa atitude, dizendo que era urgente realizar algumas obrigações às entidades espirituais, pois se assim não fizéssemos, Darci ficaria exposta ao castigo espiritual que nossa atitude provocaria. Paramos de freqüentar o centro e resolvemos fazer as obrigações necessárias. Passaram-se alguns dias sem que conseguíssemos fazer as obrigações. Contratempos surgiam a todo momento. Nossa preocupação agora era como Patrícia reagiria ao saber que não estávamos mais freqüentando o centro espírita. Ocultamos a verdade alegando que por um tempo pararíamos, a fim de termos um descanso.

Patrícia tinha paixão especial por uma entidade que Darci incorporava, que havia profetizado coisas muito agradáveis para sua vida e que acabaram se concretizando. Ela tinha crescido na prática do espiritismo e paralelamente ao centro espírita. Na época, estava

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terminando o último ano do curso de Psicologia, na Universidade São Francisco, em Itatiba, cidade próxima a Campinas. Namorava um rapaz chamado Denis já há algum tempo, hoje seu esposo, que estudava na mesma universidade. Eles se conheceram numa situação inusitada: quando Patrícia fazia o primeiro ano de Psicologia, um grupo de veteranos da faculdade a abordou querendo praticar o trote nela. Nesse momento surgiu Denis afirmando que Patrícia já estava cursando o segundo ano, livrando-a deste incômodo. Este fato provocou uma profunda amizade entre eles, logo começaram a namorar.

Denis era evangélico, tinha pleno conhecimento da Palavra de Deus, desejava muito converter Patrícia ao Evangelho pois sabia que todos nós éramos espíritas. Ele era muito amigo de um pastor, com o qual marcaram um encontro para conversar sobre o Evangelho e o espiritismo. A cada indagação de Patrícia, o pastor sabiamente respondia e explicava a realidade e o sentido correto dos versículos. O coração de Patrícia começa a se render e, chorando muito, recebe Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida. O incômodo para ela agora era como dizer aos seus pais espíritas que tinha acabado de abandonar sua crença antiga e se convertido ao Senhor Jesus. Foi justamente ela a primeira da família a entregar sua vida para Jesus. Ele tinha planos para todos nós e usou o incidente da faculdade para colocar Denis na vida de Patrícia, que veio a ser o elo com o pastor e assim manifestar sua vontade.

Minha vida continuava dedicada ao cuidado da família e ao meu trabalho na loja. Tudo corria normalmente até que um certo dia sou procurado no meu estabelecimento comercial por uma pessoa desconhecida de nome Josiel. Ele queria negociar comigo a cessão de um pequeno espaço na entrada da loja para vender alguns

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temperos culinários. Alegava que sua situação econômica era ruim, acabara de separar-se de sua família, esposa e duas filhas adolescentes, foi morar numa pensão, não suportava mais os desentendimentos e discussões por falta de recursos. Tinha uma vida atribulada, sem propósitos, estava arrasado. Começou a abrir seu coração e desvendar porque chegou a esta triste situação. Tinha sido um próspero comerciante, importador de alho argentino, atacadista, negociava seu produto no Ceasa em São Paulo. Sua vida era totalmente dedicada a sua família e ao espiritismo. Tinha sido pai de santo, babalaô, chefe de terreiro, nada lhe faltava na vida, tinha do bom e do melhor. Porém, no seu interior sentia que lhe faltava algo mais. Seu coração parecia indicar que faltava comunhão com Deus. Tinha grandes dúvidas sobre si próprio. Um amigo seu o levou a conhecer um pastor evangélico. Não resistiu, se converteu ao Senhor Jesus. Abandonou o espiritismo.

Sua vida mudou radicalmente, porém, surgiram dificuldades: várias cargas de alho vindas da Argentina transportadas por caminhões foram roubadas no trajeto. Com isso, perdeu muito dinheiro, as dívidas foram se acumulando, os negócios pioraram. Satanás começava a fazer sua obra: dá tudo e logo depois toma de volta. No entanto, não conseguiu tirar o grande amor que Jesiel tinha por Jesus Cristo. Agora estava tendo que pedir auxílio por sua triste situação. Aceitei a sua proposta, sentia uma empatia muito forte por Jesiel, realmente seu testemunho me comoveu.

Ele abria sua Bíblia no livro de João, capítulo 10, versículos 2 a 4, e lia em voz alta. Falávamos muito sobre a Bíblia. Sua palavra expressava sua adoração por Jesus Cristo, fervorosamente, mesmo diante de circunstâncias que vivia, sua fé em Deus era muito grande, sentia uma

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paz interior muito profunda que o impulsionava a buscá-lo cada vez mais. Permanecíamos cada um na sua atividade o dia inteiro. Eu tinha curiosidade por conhecer a Bíblia. Sentia-me atraído pela leitura e pelo conhecimento da obra de Deus.

Darci, entretanto, ocupava-se com os afazeres de casa, dedicava-se exclusivamente às tarefas do lar, trazia todos os dias o almoço para mim, e eu o compartilhava com o amigo Jesiel. Aprendi com ele a orar e agradecer a Deus pelo alimento que tínhamos à nossa disposição. Jesiel ensinou-me que assim tinha que proceder, pois tudo vem pela graça de Deus. Confesso que a alegria inundava meu coração, a presença de Jesiel, falando de Jesus, era como respirar o aroma suave de Cristo. Tinha conhecimento de que há algum tempo, alguns familiares nossos que eram evangélicos, juntamente com membros da Igreja Evangélica de Campinas, a qual pertenciam, oravam por nossa família, clamando pela nossa conversão. Percebia que o meu interior e a minha mente estavam sendo transformados.

O espiritismo tinha ficado para trás, o meu desejo era cada vez mais chegar à plenitude do conhecimento da Palavra de Deus, embora, confesso que ainda não estava totalmente seguro da minha conversão. Faltava algo mais, mas Deus trouxe à luz aquilo que eu pensava. Num dia iluminado, vinha minha esposa Darci dirigindo seu carro pela estrada trazendo nosso almoço, como era o costume, quando num determinado momento, começa a ouvir uma voz muito suave falando aos seus ouvidos: “Minha filha, você não deve obrigações a ninguém, somente ao teu Deus verdadeiro, que por meio de Jesus Cristo encontrarás”. Sobressaltada, estacionou o carro no acostamento e, chorando muito, teve uma visão de sua mãe Genara, já falecida, abrindo os braços como à espera de seu abraço,

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sorridente, num encontro muito emocionante, como nunca antes tinha acontecido. Uma alegria muito forte a envolveu. Procurou se acalmar, queria chegar rapidamente ao destino, me abraçar e contar tudo o que havia acontecido. Assim que chegou à loja, Darci abraçou-me fortemente e chorando compulsivamente, relatou-me o que Deus havia lhe falado e a maravilhosa visão. Naquele instante, minha alma rendeu-se ao Senhor. Agora, tinha absoluta certeza que somente Deus pode fazer obra tão perfeita. O “algo mais” tinha acabado de acontecer. Deus tinha usado Jesiel e o Espírito Santo para alcançar e converter nossas vidas.

Em seguida, procuramos alguns primos, Marcelo, Ana, amigos da Igreja Evangélica de Campinas que juntamente com a ajuda dos pastores Ronei e Maria Luiza, Mário e Luiza Endo, fomos libertos, renunciando publicamente ao nosso passado espírita, recebendo a Cristo Jesus como único Senhor e Salvador de nossas vidas. Naquela mesma noite, contamos a Patrícia tudo o que Deus tinha realizado em nossas vidas, nossa conversão ao Senhor, e ela, percebendo que era o momento oportuno que Deus tinha preparado, também abriu seu coração e nos alegrou confessando que já há algum tempo, por meio de um pastor e Denis, havia se convertido a Jesus Cristo. Denis, Jesiel e o Espírito Santo foram escolhidos por Deus para completar esta maravilhosa obra. Glória a Deus!

Nos meses subseqüentes, fomos dedicadamente discipulados pelos irmãos de fé Lucinei e sua esposa Marluce, além dos irmãos Sidnei e Carla, que muito tinham orado a Deus pela nossa conversão. A eles, nossa gratidão e amor sincero. Ali, na Igreja Evangélica de Campinas, fomos batizados nas águas em 1996.

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No ano 2.000 Deus nos levou de Campinas para São José dos Campos, onde já morava a minha filha Patrícia com sua família, devido ao trabalho do seu esposo, Denis.

Darci, minha querida esposa, companheira durante 48 anos de matrimônio que deu origem a toda esta prole, faleceu no dia seis de fevereiro de 2007. Deixou enorme saudade, rendo a ela minha homenagem, agradecendo a Deus pelo longo e feliz convívio, pela maravilhosa família que ELE nos deu, e declaro com alegria no coração, que realmente valeu a pena sermos o fruto do penoso trabalho de Cristo Jesus, autor da nossa salvação. À ELE, toda honra, toda glória e todo poder, pelos séculos dos séculos. Amém! Atualmente graças a Deus toda nossa família está convertida ao Senhor.

Para finalizar, a nossa tarefa espiritual de trazer pessoas para o Reino de Deus deve começar pela nossa família. Bisavós, avós, pais, filhos, netos, através das gerações, devem dar sequência a esta escolha, pois assim, ao devido tempo de Deus, cheios estarão os céus do Senhor de vidas eternizadas e certamente o inferno estará vazio e obsoleto. Amém.

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TESTEMUNHO DEUS SURPREENDE

Sempre tive o cuidado de me consultar pelo menos uma vez por ano, um cardiologista, urologista, e pneumologista devido a minha idade bastante avançada. Fiquei preocupado ao saber que o cardiologista de tantos anos de relacionamento, tinha desfeito seu contrato com a empresa do meu convênio médico e que teria que procurar outro profissional. Orando ao Espírito Santo pedi que me indicasse alguém qualificado e cuidadoso, através da internet na página da empresa do meu convênio médico vários nomes apareceram, porém meu olhar se fixou rapidamente em um nome que me atraiu.

Imediatamente marquei uma consulta e no dia indicado fui ao seu consultório, fiz um eletro cardiograma e uma vez analisado pelo clínico ouvi meio desconfiado dizer: vamos fazer um teste ergométrico.

Fiz o exame e retornei ao consultório no mês de Janeiro de 2012 já com o resultado pronto, o mesmo examina atentamente e sem muitas delongas me diz: temos problemas a superar. Aconselha outro exame chamado cintilografia o qual indicaria melhor a gravidade do problema.

No momento sinto que a situação está ficando preocupante. Faço o exame, levo ao seu consultório, o doutor examina o relatório e friamente diz: a situação é muito delicada e grave, faremos um cateterismo para avaliar o problema cardíaco com maior amplitude.

Na situação que eu estava corria risco de infarto, então no cateterismo foi tudo confirmado, não haveria

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outra saída que não fosse cirurgia. O médico escreve uma breve carta endereçada ao cirurgião do convênio médico.

Entreguei a carta ao médico indicado que examina o CD do cateterismo e dá sua opinião: nesta situação não aconselho a cirurgia, devido a sua idade, há perigo de sequelas e outros inconvenientes e me aconselha a fazer um procedimento chamado angioplastia.

Converso com o especialista em angioplastia e ele examinando o processo diz que não aconselhava totalmente o procedimento no meu caso, pois funcionaria somente como um paliativo. Minha filha que estava junto na consulta pergunta se valeria buscarmos uma outra opinião na cidade de São Paulo, ele responde prontamente: se vocês tiverem condições, sem dúvida.

Daí se estabeleceu um dilema o cirurgião não quer operar e o médico do setor da angioplastia não foi convicto na mesma opinião, ou seja não passou total confiança de que a angioplastia seria melhor no meu caso.

Como “nada é por acaso!” é assim que creio, Deus já tinha delineado o caminho e as pessoas que certamente influenciariam todo o processo.

Diante da controvérsia, fomos para São Paulo consultar alguns cardiologistas de renome e todos foram unânimes, que era caso de cirurgia para colocação de pontes de safena. Inclusive faço questão de registrar a atitude do Cardiologista/Professor/Doutor Kalil que no momento da consulta telefonou imediatamente ao Dr. Pedro Lemos ( que segundo a opinião do Dr. Kalil é um dos mais competentes Doutores dentro da área de hemodinâmica e cardiologia intervencionista na cidade de São Paulo). Fala sobre o caso e pede ao colega se pode dar sua opinião sobre o procedimento de angioplastia no meu caso. O Dr Pedro Lemos com muita atenção e gentileza nos recebe no mesmo momento as 21 h, véspera do

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feriado de carnaval no INCOR, onde é atualmente diretor na área citada acima. Ele avalia os exames e com muita segurança nos diz: “ Hoje em dia a medicina deve estar preparada para atender cada vez mais pessoas de idade avançada, pois os problemas deste tipo, aparecem com a idade. A minha opinião é investir na cirurgia para colocação de pontes safena, não digo que a angioplastia não pode ser feita, mas também tem riscos, pois no teu caso das três veias principais que temos, duas estão completamente entupidas e a que resta, que é onde daria para colocar o stent não está totalmente boa e se algo der errado no procedimento, ela é a derradeira. Portanto se os colegas cirurgiões dizem que tem condições de realizar a cirurgia de safena, vale a pena fazer.”

Saimos muito confortados e seguros, vendo o cuidado de Deus em cada detalhe, pois a conversa foi um privilégio que nem todos podem ter. Deus já começava a por em prática seu plano de restauração para meu coração. Não por acaso aparece um amigo do meu genro que é arquiteto e nos indica um hospital em São Paulo que ele havia projetado, dando boas recomendações a respeito do local e dos excelentes profissionais. Então nos apresenta o Cirurgião Cardíaco Professor Luis Antonio Rivetti, que ao nos conhecermos já tivemos uma grande empatia e nos transmitiu muita confiança, assim decidimos, eu, Patricia (filha) e Denis (genro) que ele seria o cirurgião à realizar a minha cirurgia. Então o Dr. Rivetti junto com sua equipe realizou a colocação de três pontes de safena recompondo totalmente o funcionamento do meu desgastado coração.

Gostaria de registrar que o Dr. Rivetti ao finalizar a cirurgia disse para minha filha, Patricia: A cirurgia foi um sucesso, consegui colocar as três pontes de safena, o coração do Sr. Juan estava bem “cansado”, talvez não agüentaria mais três meses. E hoje, aqui estou eu após um

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ano da cirurgia, graças a DEUS e sem dúvida a competência do Dr. Rivetti, podendo assim concluir o desejo de deixar registrado momentos da história que Deus tem escrito para minha vida. ELE faz as coisas acontecerem com total segurança. Enquanto nós tentamos achar solução para o problema, Deus já tem todo o processo definido, ELE é infalível, nada foge ao seu controle.

Coloque toda sua confiança Nele, nos seus cuidados e na sua fidelidade. Grande é o nosso DEUS, Amém.

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LOUVORES Escritos por Juan Frenkel Lisman Fui casado com Darci por 48 anos, e ela faleceu em 2007. Nosso prazer era viajar a Montevidéu todos os finais de ano para visitar minha Irmã Sonia, seu marido Pepe e seus filhos. Adorávamos passear juntos pela orla marítima cantando e louvando ao SENHOR. Nos fascinava o mar e o sol refletindo sob as águas, o barulho das ondas rebentando contra as rochas.

Depois do seu falecimento eu continuei a viajar sozinho para Montevidéu e foi assim caminhando pela orla que o Espírito Santo começou a tocar meu coração, me inspirando a escrever estes versos de agradecimento e louvores ao Senhor.

Foi o maior consolo que eu poderia receber de DEUS para atenuar a dor da perda da companhia de minha saudosa esposa Darci.

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OBRIGADO JESUS Pai de tanto procurar Pude ao fim te conhecer Agora em verdade Quero te agradecer Obrigado SENHOR Por guiar minha vida Por fazer de mim Tua grata alegria Pelo zelo constante Pelos teus cuidados Consolo piedoso Andando ao meu lado Me livrando de atalhos Pela tua doçura Tua graça em minha vida Amor que ilumina Amor derramado Sobre minha família Meus filhos, meus netos Minha esposa querida Obrigado SENHOR Por ter restaurado A minha vida Obrigado SENHOR Pelos sonhos de amor Que me dão esperança Obrigado SENHOR Pela paz que fincaste na minha vida Obrigado Senhor pelos sonhos de fé que me enchem de paz que a ti me conduzem que me fazem feliz que me dão alegria És a luz que me guia

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Obrigado SENHOR Pelo teu alimento Espírito Santo Fiel conselheiro Amigo constante Conselhos eu quero Obrigado SENHOR Pela cumplicidade Obrigado SENHOR Por poder buscar-te. Obrigado SENHOR Por sempre encontrar te Obrigado SENHOR Quero te agradar Pela tua bondade Por tanto me amar Obrigado SENHOR Por ser meu amigo fica ao meu lado Obrigado SENHOR por trazer teu consolo pelo teu alimento Todo este tempo vivi Porque TU assim quisestes De alegria eu chorei Porque pude conhecer te......

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ENCONTRO MATINAL Quero abrir os meus olhos No silencio da manhã Com meus lábios te louvar E em espírito adorar Minha alma está agitada Neste encontro matinal Teu desejo é meu desejo Teu querer é meu querer Teu perfume agradável Impregnou meu interior Aos teus pés me lançarei Meus temores deixarei Lembrarei teu sacrifício Que me trouxe salvação Nada vai me acorrentar Teus caminhos vou seguir Assim te louvarei Assim te adorarei Nada vai me impedir Minha força vem de ti Ao mundo gritarei O bem que há em mim Teu amor me transbordou Viverei só para TI.

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VERDADEIRO AMOR Se vivi o que eu vivi Foi porque TU assim quisestes De alegria eu chorei Porque pude conhecer te Tentações não faltaram Mas a todas eu venci Foi na cruz que revelastes Que grande amor, TU tens por mim Onde estás eu quero estar Tuas pisadas vou seguir O altar que TU fizestes É o lugar de te servir Tua essência e majestade Faz meu coração vibrar Dançarei ao som da harpa Teu olhar me acalmara Serei como uma criança Nos teus braços a voar No horizonte bem distante Nosso sonho é descansar Descansar e adorar...

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CONSOLO Quando alguma coisa falta Para acalmar meu coração Eu te busco meu SENHOR Tu alivias minha dor Por onde eu estiver TU comigo sempre estás E no meio das sombras Teu sol iluminará Meu bom Pastor Te busco em oração A tua voz Me leva ao teu altar O fardo do pecado Já no pesa tanto assim Tuas mãos o levantaram Aliviando minha dor Nada, nada perguntou Pois já estava decidido Na cruz do seu calvário Fui por ele redimido.

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APRENDI A VIVER Para viver Preciso ter um grande amor Para viver É importante nova vida descobrir Para viver Pelo caminho do SENHOR devo seguir Com a esperança de chegar a ser feliz Mesmo esquecendo minha vida do passado Para viver há tantas coisas que devemos compartir Tantos momentos que podemos conviver Com a atitude do perdão no coração Para viver Eu necessito do amor de meu irmão Para viver Devo aplicar o ensinamento do SENHOR DELE depende minha forma de pensar, para rir, para chorar Com a doçura do amor que vem do PAI Para viver Confiantemente esperarei pelo SENHOR Com a certeza de chegar a ser feliz até morrer apaixonado Para viver Eu necessito do SENHOR dentro de mim Preciso tanto obedecer ao meu SENHOR Para viver Devo louvar eternamente ao meu DEUS É com atitudes que ELE vai se agradar Meu caráter ELE vai retificar Para viver Em oração vou desnudar meu interior Entregar totalmente o coração Para viver...

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MEU SALVADOR Ouvi falar de alguém Que deu sua vida por mim Pelo seu amor intenso Do pecado me redimiu A cruz ELE enfrentou Seu sangue me salpicou Humilhado tudo suportou Meu coração assim ganhou Seu nome é JESUS DE NAZARÉ Senhor da salvação Fiel e fidedigno Conselheiro incomparável Nunca desanimará Servo de DEUS justiça ELE é Pela mão foi conduzido Com ELE nos aliançamos Sua luz em nós reflete Damos honra a JESUS Anunciando sua glória Sejamos suas testemunhas DELE é a nossa vitória.

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SUA VOZ Deus me escolheu Ouvi a sua voz Deus me escolheu Minha alma se rendeu Como o romper da onda Sobre a rocha é a sua voz Com o vento que aqui sopra Subirei ao seu altar Em seus braços me atirei Certo da sua proteção Não há lugar mais seguro Pra acalmar meu coração Só um desejo há em mim Seu altar eu encontrar Me jogar aos seus pés E em espírito adorar.

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EL SHADAI Alem do céu, alem do mar Tua voz sempre reconhecerei Águas puras derramastes Minha sede acalmastes Não há ninguém alem de ti Tua voz tão agradável É direção pra minha vida Segurança onde eu for Renasceu minha alegria Teu amor é tão sublime Mostrastes tua perfeição És gentil encantador Acalmastes minha dor A cruz diante de mim Impacta meu coração Sofrestes não foi em vão Sobreveio a salvação Meus caminhos aparastes As veredas aplainastes Mostrastes a direção Nova vida oferecestes.

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PERTO DE TI SENHOR Há sempre um lugar guardado para mim há sempre um amor perto do meu Deus Aquele que eu buscava agora eu encontrei Aquele que eu clamava e somente nele estava Eu clamarei pelo meu lugar quebrantarei meu coração restaura Senhor todo meu Ser faz refletir tua face em mim Eu clamarei pelo meu lugar quebrantarei meu coração me leva Senhor ao teu altar Quero meu Deus te adorar.

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TUDO EM MIM Senhor TU ÉS minha esperança Senhor TU és minha Paixão Senhor TU ÉS minha segurança Senhor TU és minha devoção Tua luz tua verdade Quero para me guiar Me levar ao santo monte E ali me quebrantar Buscarei o teu altar Onde há grande alegria Rasgarei meu coração Pois minha alma em ti confia Mesmo nas horas de aflição Quando meu corpo enfraquecer Sei que sempre TU viras Para me fortalecer...

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DESEJOS Tens teu espírito abalado Pois por falta de cuidado Te afastaste do Senhor Purifica teu coração machucado O cobriste de pecado Desagradaste ao SENHOR Renova teu pensar obscurecido Nas trevas tens vivido Desonraste ao teu DEUS Reage busca seu entendimento Retém em teu coração A sua palavra, e vive Ouve, aceite os seus mandamentos Não te ocultes por momentos Teus caminhos firmarão Nunca mais tropeçarás Nova luz fará brilhar Seus braços estenderá E em amor te acolherá. São José dos Campos – Estado de São Paulo – Brasil – 2013

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