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Linha de Pesquisa 9 Sustentabilidade e Meio Ambiente ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL EM VARIEDADE DE FEIJÃO PRETO. Anderson Luiz Aguiar, Aniel Aluizo da Silva e Marciele Weber ..................... 510 ANÁLISES QUÍMICAS DA SEMENTE DE NÍGER (GUIZOTIA ABYSSINICA). Miguel Winkel Ferreira, Nathália de Moura, Priscilla Rodrigues de Souza Yoshida e Ivonete Hoss ............................................................................... 524 IMPLICAÇÕES DE DIFERENTES PRÁTICAS NA ATIVIDADE DA DESIDROGENASE. Caroline Maria Pilocelli, Mariana Ambiel e Thaís Chagas Barros ................. 535 SILÍCIO NA MITIGAÇÃO DE ESTRESSES ABIÓTICOS. Elves Melo Paulo, Marciele Weber e Thaís Chagas Barros .......................... 555 SOJA TRANSGÊNICA NO BRASIL: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS. Marcos Roberto Cossetin e Marisa Claudia Jacometo Durante ................... 571 TRATAMENTOS NÃO CONVENCIONAIS EM SEMENTES DE MILHO (ZEA MAYS). Carlos Henrique Pereira Rosa, Kairo Henrique Macedo Pires, Wellington Xavier e Camila de Aquino Tomaz ............................................................... 588

Linha de Pesquisa 9 Sustentabilidade e Meio Ambiente ......aspectos da adubação do solo e nutrição de plantas, como também pelo controle de doenças e pragas nas culturas seguintes

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Linha de Pesquisa 9 – Sustentabilidade e Meio Ambiente

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL EM VARIEDADE DE FEIJÃO

PRETO.

Anderson Luiz Aguiar, Aniel Aluizo da Silva e Marciele Weber .....................

510

ANÁLISES QUÍMICAS DA SEMENTE DE NÍGER (GUIZOTIA

ABYSSINICA).

Miguel Winkel Ferreira, Nathália de Moura, Priscilla Rodrigues de Souza

Yoshida e Ivonete Hoss ...............................................................................

524

IMPLICAÇÕES DE DIFERENTES PRÁTICAS NA ATIVIDADE DA

DESIDROGENASE.

Caroline Maria Pilocelli, Mariana Ambiel e Thaís Chagas Barros .................

535

SILÍCIO NA MITIGAÇÃO DE ESTRESSES ABIÓTICOS.

Elves Melo Paulo, Marciele Weber e Thaís Chagas Barros ..........................

555

SOJA TRANSGÊNICA NO BRASIL: ASPECTOS POSITIVOS E

NEGATIVOS.

Marcos Roberto Cossetin e Marisa Claudia Jacometo Durante ...................

571

TRATAMENTOS NÃO CONVENCIONAIS EM SEMENTES DE MILHO

(ZEA MAYS).

Carlos Henrique Pereira Rosa, Kairo Henrique Macedo Pires, Wellington

Xavier e Camila de Aquino Tomaz ...............................................................

588

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ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL EM VARIEDADE DE FEIJÃO PRETO1

Anderson Luiz Aguiar2

Aniel Aluizo da Silva

Marciele Weber

1 INTRODUÇÃO

O feijão é um dos alimentos básicos, principalmente do brasileiro, constituindo

a sua principal fonte de proteína vegetal. Desta forma, o brasil destaca-se como um

dos principais produtores e consumidores do feijão, em contexto mundial (COIMBRA;

GUIDOLIN; CARVALHO, 1999).

Para que haja grande produtividade da cultura do feijão é de suma importância

a nutrição dos solos. No Brasil, a maioria dos solos possui uma reserva de nutrientes

insuficiente para suprir à quantidade exigida pelas culturas. Portanto, a adubação é

uma prática indispensável para a manutenção da produtividade do feijoeiro ao longo

dos anos (EMBRAPA, 2014). Sendo uma prática indispensável, atualmente utiliza-se

dois métodos de adubação: mineral e orgânica.

A adubação mineral é inorgânica e formada por nutrientes químicos como o

Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), estes conhecidos como macronutrientes.

Absorvido em maior quantidade pelo feijoeiro, o nitrogênio em sua maior parte é

proveniente da decomposição da matéria orgânica do solo. E, juntamente com o

nitrogênio, o fósforo é um dos nutrientes limitantes e essenciais ao crescimento da

cultura, sendo que as quantidades são indicadas baseadas em uma análise do solo,

assim como o Potássio (EMBRAPA, 2014).

Apesar da adubação mineral apresentar a quantidade de nutrientes que a

planta necessita, de forma concentrada, a adubação orgânica tem apresentado tanta

eficiência quanto a mineral. Os adubos orgânicos apresentam diversas vantagens,

como a ativação microbiológica, aumento no teor da matéria orgânica do solo,

melhoria na estrutura do solo, resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças,

retenção de cátion, além da retenção da umidade do solo (PEREIRA; et al, 2015). Da

1 Trata-se de projeto de pesquisa. 2 Projeto de Pesquisa apresentado pelos acadêmicos do 2º semestre do Curso de Agronomia, Faculdade La Salle, 2017.

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mesma forma, os autores afirmam que com a adoção de técnicas de cultivo que

possibilitam a melhoria do manejo da cultura do feijão, em sistema orgânico, em

condições favoráveis ao desenvolvimento das plantas, pode ser de grande

importância para o crescimento da produtividade e qualidade de grãos.

Tendo em vista os benefícios da adubação orgânica, desenvolveu-se um

estudo para avaliar o desenvolvimento e produtividade do feijão Preto com o uso de

adubação mineral e adubação orgânica a base de resíduos de frango.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Cultivo de Feijão

Cultivado em todo território brasileiro, o feijão se encontra tanto em pequenos

produtores quanto em grandes propriedades, sendo muitas vezes utilizado

exclusivamente no sistema de irrigação. De acordo com Ambrosano; et al (1996), por

ser o alimento proteico básico da alimentação do brasileiro, o feijão tem um consumo

de 16 kg in natura/hab./ano, o que caracteriza o Brasil como o maior produtor e

consumidor de feijão do mundo. Contudo, os brasileiros são um tanto exigentes,

quanto a cor e tipo de grão, além da qualidade culinária, sendo consumido atualmente

17% de tipo de grão preto, 79% de grão tipo carioca e 4% de outros tipos de grãos.

De acordo com a Embrapa (1976), na região central do Brasil, o feijoeiro vem

sendo cultivado em três épocas: na primavera e no verão, conhecidos como plantios

das "águas" e da "seca", respectivamente, dependentes da precipitação pluvial; e no

outono e no inverno, conhecido como plantio do feijão irrigado, principalmente pelo

sistema pivô central.

Segundo o IBGE, em 2016 a produção de 2,9 milhões de toneladas de feijão

apresentou uma queda de 6,6%, o que representa 206.913 toneladas a menos em

relação a 2015 (quadro 1). Considerando a produção insuficiente para atender à

demanda interna, na qual tem refletido no aumento dos preços. Porém, nota-se que

houve uma migração da população que antes consumia outras variedades de passou

a consumir o feijão preto, que apesar de ter aumentado de preço, ainda está sendo

comercializado por valor mais em conta que a variedade carioca por exemplo,

consumida em alguns estados.

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QUADRO 1: Produção de Feijão em Toneladas

Produção de Feijão em toneladas

Ano de 2015 Maio 2016 Junho 2016 Valor anual % Valor mensal

% Feijão Total

3120690 2942866 2913777 (-6,6) (-1,0)

Feijão 1º

safra 1384283 1353736 1295262 (-6,4) (-4,3)

Feijão 2º

safra 1293086 1199300 1184785 (-8,4) (-1,2)

Feijão 3º

safra 443321 389830 433730 (-2,2) 11,3

Fonte: IBGE (2016).

O feijão 1ª safra apresentou queda de 4,3% em junho, em decorrência da

avaliação do GCEA (Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias), que

reduziu sua estimativa de produção em 47,3% em função da seca que atingiu o estado

do Ceará. O feijão 2ª safra também foi reavaliado no estado com uma redução de

5,5%. Outros estados também apresentaram queda na produção

Em função do aumento do preço, houve uma expectativa é de expansão das

áreas cultivadas com o feijão 3ª safra. A estimativa da área plantada cresceu 10,9% e

a produção esperada 11,3. Porém, a produção ainda foi de 2,2% abaixo da produção

do ano anterior. Porém é importante ressaltar que a 3º safra é praticamente cultivada

com irrigação e bom aporte tecnológico, o que garante altas produtividades.

Com as baixas produtividades médias do feijoeiro no Brasil, muitas razões têm

sido discutidas para a ocorrência desta situação, desde os sistemas de produção em

consórcio, efeitos climáticos e sanidade da cultura, até problemas econômicos dos

agricultores (ROSOLEM & MARUBAYASHI, 1994). Entretanto, as cultivares utilizadas

atualmente têm potencial de produção compatíveis com uma agricultura moderna e

econômica. Este potencial raramente tem sido obtido, em função dos altos riscos da

cultura, que desencorajam maiores investimentos.

Desta forma, tem se buscado alternativas sustentáveis e viáveis os produtores

de cada região. Observa-se que a adubação orgânica tem proporcionado aumentos

no rendimento de grãos. A taxa da matéria orgânica para a fertilidade do solo se dá

em função de substanciais modificações das suas propriedades físicas, por meio do

aporte de nutrientes e de suas propriedades coloidais, que acrescem,

significativamente, a capacidade de troca catiônica dos solos (KANG, 1993).

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A matéria orgânica um importante componente na manutenção da fertilidade,

uma vez que há predominância de minerais argilosos com baixo poder de troca

catiônica nos solos brasileiros. Nos solos, onde predomina o clima tropical, a

mineralização da matéria orgânica é bastante rápida, sendo acelerada ainda mais com

a correção das suas propriedades químicas e com o revolvimento provocado pelos

cultivos. O cultivo intensivo com emprego de doses elevadas de fertilizantes minerais

eleva, temporariamente, a sua capacidade produtiva, mas também pode, a médio ou

a longo prazo, conduzir à degradação, se a matéria orgânica mineralizada não for

reposta (KIEHL, 1985; KANG, 1993).

Com a decorrência da degradação, estes solos apresentam respostas

pequenas às adubações minerais, fazendo-se necessária a adição também de

materiais orgânicos com a finalidade de corrigir as propriedades físicas alteradas pelos

cultivos (KANG, 1993).

Desta forma, a utilização da adubação orgânica tem proporcionado benefícios

no cultivo de feijão segundo Bem, Vieira e Bartz (1981). Porém, deve-se dar

preferência a materiais de fácil aquisição na região, para não comprometer a

economicidade do empreendimento. Neste aspecto, o resíduo de aves, em regiões

com expressiva atividade da avicultura, torna-se promissora. Na região de Lucas do

Rio Verde, há uma grande atividade de avicultura, em decorrência de industrias, como

a BRF, uma das maiores companhias de alimento do mundo.

2.2 Exigência Nutricional do Feijoeiro

Em função do pequeno e superficial sistema radicular e do ciclo vegetativo

curto, o feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes. Com isso, é

essencial que o nutriente seja colocado à disposição da planta em tempo e local

adequados. De acordo com os autores Rosolem & Marubayashi (1994), embora

encontrem-se disparidades na literatura com relação às quantidades de nutrientes

absorvidas pelo feijoeiro, normalmente a exigência é maior que a da soja, por

exemplo. As quantidades médias de nutrientes exportados por 1.000 kg de grãos

citadas em várias pesquisas são: 35,5 kg de N, 4,0 kg de P, 15,3 kg de K, 3,1 kg de

Ca, 2,6 kg de Mg e 5,4 kg de S.

As extrações e exportações de nutrientes, segundo diferentes autores,

encontram-se na Tabela 1.

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TABELA 1: Extrações e exportações de nutrientes segundo diferentes autores

Fonte: ROSOLEM & MARUBAYASHI (1994).

Na cultura do feijoeiro, a absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante

todo o ciclo da cultura, porém a época de maior exigência ocorre quando a velocidade

de absorção é máxima, sendo dos 35 aos 50 dias da emergência da planta,

coincidindo com a época do florescimento. Neste período, a planta absorve de 2,0 a

2,5 kg N/há/dia.

Em relação ao fósforo, época de maior velocidade de absorção vai desde

aproximadamente 30 dias até os 55 dias da emergência, ou seja, desde o estádio

fisiológico anterior ao aparecimento dos botões florais até o final do florescimento,

quando já existem algumas vagens formadas. Apesar que a demanda seja alta

durante todo este período, ela acentua-se no final do florescimento e no início de

formação das vagens, época em que o feijoeiro absorve de 0,20 a 0,30 kg P/há/dia. O

potássio apresenta dois períodos de grande demanda: 25 e 35 dias e entre 45 e 55

dias da emergência. O primeiro período corresponde à diferenciação dos botões

florais, quando a cultura absorve, em média, 1,7 kg K/há/dia, e o segundo, ao final do

florescimento e início de formação das vagens, quando o feijoeiro absorve, em média,

de 2,2 a 3,3 kg K/há/dia. A partir do final do florescimento a absorção de K é muito

baixa (ROSOLEM & MARUBAYASHI, 1994).

2.2.1 Adubação orgânica

A rotação de culturas é muito recomendada para a cultura do feijão, tanto pelos

aspectos da adubação do solo e nutrição de plantas, como também pelo controle de

doenças e pragas nas culturas seguintes. A maior parte do N absorvido pela cultura

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por exemplo, é proveniente da decomposição da matéria orgânica do solo

(EMBRAPA, 2003).

Com relação ao resíduo de galinha, tem se obtido respostas a aplicações de

até 4 a 8 t/ha de esterco de galinha ou cama de frango de corte. O efeito residual desta

adubação tem sido observado até o 3º ano. O adubo orgânico deve ser aplicado a

lanço e incorporado com grade (ROSOLEM & MARUBAYASHI, 1994).

2.3 Estágios da Planta

De acordo com os autores Dourado Neto & Fancelli (2000); Portes (1996) a

cultura do feijão divide-se em: Fase Vegetativa (Figura 1) e Fase Reprodutiva (Figura

2).

Figura 1: Fase Vegetativa Fonte: DOURADO NETO & FANCELLI (2000); PORTES (1996).

Sendo:

• V0 à Germinação (influência da T°C e H2O)

• V1 à Emergência (emissão dos cotilédones)

• V2 à Emissão das folhas primárias

• V3 à Emissão da 1ª folha trifoliada

• V4 à Emissão da 3ª folha trifoliada

Figura 2: Fase Reprodutiva Fonte: DOURADO NETO & FANCELLI (2000); PORTES (1996).

Sendo:

• R5 à Pré-floração (botões florais formados)

V0 V1 V2 V3 V4

R5 R6 R7 R8 R9

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• R6 à Floração (abertura da 1ªflor de 50% das plantas)

• R7 à Formação de vagens (1º - cresc. em comp. das vagens)

• R8 à Enchimento de vagens

• R9 à Maturação (máximo acúmulo de fotossintatos)

2.4 Influências na Produtividade

São inúmeros os fatores que influenciam o desempenho do feijoeiro, segundo

os autores Pereira; et al (2014), destaca-se principalmente a temperatura e a

precipitação. A temperatura é um dos fatores que afeta diretamente o

desenvolvimento da cultura em diferentes estádios fisiológicos, principalmente o

florescimento e a frutificação.

A temperatura, dentre todos os fatores climáticos limitantes ao desenvolvimento

do feijoeiro, é considerada de maior influência no desenvolvimento de vagens, bem

como o florescimento e frutificação. Em decorrência à diversidade térmica ao longo do

território brasileiro, o cultivo do feijão é limitado em certas regiões, tanto pelas baixas

temperaturas durante o inverno na região sul quanto pelas altas temperaturas

associadas à altos índices de umidade ao norte, o que aumenta a incidência de

doenças (EMBRAPA, 2003).

A temperatura média ideal para o cultivo na América Latina varia de 17,5 a

25ºC. A água, é um componente crucial para o desenvolvimento de qualquer cultura,

pois está envolvida diretamente em processos básicos como fotossíntese,

translocação de nutrientes e fotoassimilados, bem como na respiração e transpiração

(GUIMARÃES, 1988 apud VIEIRA, 2006).

Com relação à condução da cultura, o feijoeiro apresenta muitas pragas que

ocorrem desde plântulas, folhas e vagens, conforme segue quadro 2:

QUADRO 2: Pragas do Feijoeiro

Principais Pragas Do Feijoeiro

Local Nome Comum Nome cientifico

Plântula Lagarta elasmo Elasmopalpus lignosellus

Lagarta rosca (Agrotisspp),

Pulgão da raiz (Smynthurodes betae).

Folhas Vaquinha Diabrotica speciosa

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Cigarrinha verde Empoasca kraemeri

Mosca branca Bemisia tabaci

Ácaro branco Polyphagotarsonemus latus

Minadores Agromyzaspp

Tripes Caliothrips phaseoli

Lagarta das folhas Hedylepta indicata

Lagarta cabeça-de-

fósforo

Urbanus proteus

Broca das axilas Epinotia aporema

Vagens Lagartas da vagem Thecla jebus

Broca da vagem Etiella zinckenella

Percevejos Nezara viridula

Fonte: ROSOLEM & MARUBAYASHI (1994).

No entanto, a cultura do feijoeiro, cultivada nas mais diversas regiões do país,

apresenta um rendimento médio de 500 a 600 kg/ha, sendo que tem um potencial de

produção de aproximadamente 3.000 kg/ha.

Da mesma forma, Rosolem & Marubayashi (1994), afirma que os principais

fatores responsáveis pela sua baixa produtividade é a ocorrência de doenças que

limitam a produção de feijão e diminuem a qualidade fisiológica, sanitária, nutricional

e comercial do produto. A incidência, a intensidade dessas doenças e os prejuízos

causados variam de acordo com a região, a época de plantio, o sistema de plantio, a

variedade, a qualidade sanitária da semente e as condições climáticas. O

conhecimento das doenças, dos danos que causam e da época e condições

favoráveis à sua ocorrência são fundamentais para que medidas de controle sejam

adotada. Dentre as principais estão: Oídio (Erysiphe polygoni), Mancha angular

(Isariopsis griseola), Ferrugem (Uromyces phaseoli), Mosaico amarelo (VMAF),

Mosaico dourado (VMDF), entre outras.

3 METODOLOGIA

O estudo será desenvolvido em Lucas do Rio verde - MT em uma área

experimental localizado na Faculdade La Salle, situada a 13º04º’19,5’’ S de Latitude e

55º56’37,0’’ W de longitude com uma altitude de 390m.

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Este experimento terá como principal objetivo avaliar um teste comparativo

entre dois tipos de adubação: Mineral e Orgânica. Será testado em uma variedade de

feijão preto IPR Tuiuiu, avaliando seu desenvolvimento, a germinação, altura da

planta, quantidade de vagens. Além disso, será feito uma diagnose foliar do feijoeiro

para identificar a quantidade de nutrientes absorvido nos diferentes tratamentos.

Serão coletadas 30 a 40 folhas de cada tratamento, colhidas do terço mediano da

planta. Devem ser escolhidas folhas sadias, sem manchas ou ataque de pragas, na

época do florescimento.

3.1 Testes

Serão testados dois tipos de adubação em uma variedade de feijão.

Adubação

Mineral NPK 0 20 20 (T1)

Orgânica a base de resíduo de frango (T2)

Cultivar

IPR Tuiuiu, do grupo preto

-Hábito de crescimento: indeterminado tipo II

- Porte: ereto

- Tolerância: murcha de Fusarium e ao mosaico comum e moderadamente

resistente a ferrugem, mancha angular e oídio, moderadamente suscetível a murcha

de curtobacterium e suscetível a antracnose e crestamento bacteriano comum.

Tolerância intermediaria a altas temperaturas e à seca ocorridas durante a fase

reprodutiva e tolerância a baixa disponibilidade de fósforo e acidez do solo.

-Ciclo: 88 dias

- Rendimento: 3950 kg/ha

- Espaçamento: 0,4 m

- Profundidade: 5 cm

- População/m :10 plantas

3.1.2 Quantidade

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As quantidades serão aplicadas de acordo com a literatura, após feita a análise

do solo onde serão aplicados o experimento e a análise do adubo orgânico antes da

semeadura do feijão.

3.2 Tratamentos Utilizados Para Semente, Controle de Plantas Daninhas, Doenças e

Insetos

QUADRO 3 - Tratamentos e controle

Nome Comercial Quantidade Período

Tratamento de semente

Standak top 200ml/100 kg de

semente

Antes da semeadura

Herbicida Select Literatura Aplicado em

gramíneas em fase

ativa de

crescimento, no caso

de gramíneas anuais

no estádio de

4 folhas até 4

perfilhos, e no caso

de gramíneas

perenes no estádio

de 20 a 40 cm.

Fungicida Fox Literatura Pré e pós floração

Inseticida

Decis Literatura A partir da fase

vegetativa

Fonte: Elaborado pelos autores.

3.3 Croqui da área

A área do experimento possui dimensões de 10 metros de largura por 22 metros

de comprimento. Nesta área será desenvolvido 3 parcelas de 15m de comprimento

por 2m de largura. Com espaçamento entre elas de 1 metros conforme segue figura

3:

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Figura 3: Croqui da área Fonte: Elaborado pelos autores.

Sendo:

T1: tratamento 1

T2: tratamento 2

P1: Parcela 1

P2: Parcela 2

P3: Parcela 3

4 RECURSOS

Semente: Coperaguas, Sorriso - MT

Adubação Mineral: Brasmax, Lucas do Rio Verde, MT

Adubação Orgânica: Granja Ilha dos Pássaros, Nova Mutum -MT

Tratamento: Standak top 2 ml/kg

Herbicida: a definir

Fungicida: a definir

Inseticida: a definir

CRONOGRAMA

Atividades 2017 2018

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05/08 19/08 14/09 23/09 30/09 07/10 14/10 21/10 28/10 04/11 11/11 a 30/12

06/01 13/01

Limpeza da área

X X

Demarcação

da área X

Apresentação do projeto a ser

pesquisado

X X

Preparo da

área para a

semeadura

X

Tratamento e

semeadura X

Adubação X

Coleta das folhas para análise

X

Monitorament o e tratamentos com herbicida,

inseticida

e

fungicida

X X X X X X X X

Colheita

X

REFERÊNCIAS AMBROSANO, E.J.; WUTKE, E.B.; AMBROSANO, G.M.B.; BULISANI, E.A.; BORTOLETTO, N.; Martins, A.L.M.; Pereira, J.C.V.N.A.; Sordi, G. Efeito Do Nitrogênio No Cultivo De Feijão Irrigado No Inverno. Sci. Agric. Vol. 53 N. 2- Piracicaba May/Dec. 1996. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 90161996000200024&script=sci_arttext> Acesso em: 28/09/2017 BEM, J. R; et al. Efeito da adubação com esterco de galinha na cultura do feijoeiro. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, 16(2):165-170, mar. 1981. COIMBRA, J. L. M; GUIDOLIN, A. T; CARVALHO, F. I. F. Parâmetros Genéticos Do Rendimento de Grãos e seus Componentes com Implicações na Seleção Indireta em Genótipos de Feijão Preto. Ciência Rural, Santa Maria v. 29, n. 1, 1999.

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PORTES, T. A. Cultura do feijoeiro comum no Brasil. (Coord.) Ecofisiologia. In: ARAÚJO, R. S; et al. Piracicaba: Potafós, 1996, p.101-127. ROSOLEM, C. A; MARUBAYASHI, O. M. Seja o doutor do seu feijoeiro. In: Encarte do Informações Agronômicas, n.68, dezembro 1994. 16p.

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ANÁLISES QUÍMICAS DA SEMENTE DE NÍGER (Guizotia abyssinica)

Miguel Winkel Ferreira3

Nathália de Moura4

Priscilla Souza Yoshida5

Ivonete Hoss6

RESUMO O níger (Guizotia abyssinica) é uma espécie oleaginosa originada na Índia e Etiópia, cujo cultivo encontra-se em boa expansão, porém, com poucas informações e pesquisas sobre seus efeitos e uso de suas sementes para fins de extração. A sua utilidade baseia-se na extração de óleo, produção de cosméticos, nutrição de pássaros e complemento alimentar. Neste presente estudo teveo como objetivo fundamental foi avaliar a porcentagem de umidade, cinzas, lipídios (extrato etéreo), proteínas (N x 6,25) e fibra das sementes de niger. A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade La Salle, localizada no município de Lucas do Rio Verde, MT. No laboratório foi realizada a trituração da amostra usando um liquidificador industrial, separando-a para as análises químicas. Os resultados obtidos nas análises químicas são satisfatórios em comparação com outras sementes, principalmente em relação ao teor de lipídeos e proteínas apresentados, podendo ser considerada uma fonte alternativa de nutrientes, mostrando assim o seu potencial para cultivo e venda. Palavras-chave: Análises Químicas, . Guizotia Aabyssinica, . Pesquisa.

3 Acadêmico do Curso de Agronomia da Faculdade La Salle, 2017. 4 Acadêmica do Curso de Agronomia da Faculdade La Salle, 2017. 5 Coordenadora dos Laboratórios da Faculdade La Salle, 2017. 6 Mestre. Orientadora do Artigo. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

O níger (Guizotia abyssinica) é um grão oleaginoso, com significativo valor

comercial, principalmente na Índia e Etiópia em função da extração do óleo, deste

grão ser utilizado em produtos alimentícios (SARIN; et al., 2009). Essa espécie tem

se tornado bastante promissor na região Centro-Oeste, sendo utilizada em rotação

com outras culturas, durante a safrinha, revelando-se uma boa alternativa para a

produção de fitomassa (CARNEIRO; et al., 2008). No entanto, apesar do seu potencial

econômico, poucos estudos têm sido realizados ao seu respeito.

O conhecimento da composição química é do interesse prático da Tecnologia

de Sementes, porque tanto o vigor como o potencial de armazenamento de sementes

são influenciados pelo teor das substâncias (proteínas, lipídios, proteínas, açúcares e

amido) presentes (GALLÃO; et al., 2006).

Este trabalho teve como objetivo realizar determinações químicas da semente

de níger, como: umidade, cinzas, lipídios, proteínas e fibra, objetivando seu potencial

e sua rentabilidade em comparação com outras sementes oleaginosas. Portanto, a

necessidade de gerar mais informações científicas em relação à composição desta

semente, motivou a elaboração deste estudo, tanto em função de sua comparação

com outras sementes e também do seu próprio potencial assim, sendo possível

verificar novos potenciais de aplicação deste grão.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Níger (Guizotia abyssinica)

O níger (Guizothia abyssinica) é uma planta dicotiledônea herbácea anual,

pertencente à família Asteraceae. Sua semente é importante para a produção de óleo

na Etiópia e em certas partes da Índia (apud GETINET E SHARMA, 1996). As

sementes do níger possuem de 30 a 40% de óleo, sendo utilizado na alimentação,

fabricação de tintas e sabonetes (apud DUKE, 1983).

No Brasil, o uso das sementes se restringe principalmente à alimentação de

pássaros. Considera-se época ideal de semeadura aquela em que a operação é

realizada num período que oferece condições climáticas favoráveis para a cultura e

desfavoráveis à incidência de doenças e pragas (BOTTEGA, 2011).

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A decorrência de pragas situa-se geralmente em Helicoverpa e Spodoptera.

Seu ciclo é de 90 dias, o que faz do níger uma boa opção para cultivo entressafra ou

cultura de rotação. Sua população é de 400.000 plantas/ha, que se comparado ao seu

preço de mercado revela-se um excelente investimento.

A planta pode atingir um porte de 0,5 a 1,5m de altura e apresenta folhas

opostas e sésseis. A polinização é cruzada, provavelmente feita por abelhas. É uma

planta nativa da África, das regiões entre a Etiópia e Malawi. Sua semente é

importante para a produção de óleo na Etiópia e em certas partes da Índia. Em relação

à precipitação pluviométrica, é de média exigência e cresce em zonas temperadas e

tropicais. Os níveis de rendimento estão em torno de 200 a 300 kg/ha, embora possam

chegar a 500 a 600 kg/ha, quando bem manejadas. A espécie pode ser cultivada com

sucesso em rotação com trigo ou milho.

Essa espécie tem se tornado bastante promissora na região Centro-Oeste,

sendo utilizada em rotação com outras culturas, durante a safrinha, revelando-se uma

boa alternativa para a produção de fitomassa. No entanto, apesar do seu potencial

econômico, poucos estudos têm sido realizados a respeito do comportamento

fisiológico das suas sementes em condições adversas, durante a semeadura

(BOTTEGA, 2011).

2.2 Determinação de Umidade

A determinação da matéria seca é o primeiro passo crucial para a análise de

qualquer alimento. É de extrema importância, visto que a preservação do alimento

geralmente depende do teor de umidade presente no material e, além disso, quando

se compara o valor nutritivo de dois ou mais materiais, é necessário que se analise os

respectivos teores de matéria seca (RODRIGUES; et al., 2010).

2.3 Determinação do Tteor de Cinza

Segundo Rodrigues; et al. (2010), a determinação da cinza provê apenas um

indicativo da riqueza da amostra em elementos minerais. A cinza tem o significado

nutricional quase nulo e contém, principalmente, cátions de sódio, cálcio, magnésio,

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potássio, ferro, cobre, alumínio e cobalto e ânions de sulfato, silicato, cloreto, fosfato,

entre outros.

2.4 Determinação do Tteor de Lipídeos

A determinação do extrato etéreo consiste em submeter à amostra seca do

material à extração com solventes como éter sulfúrico ou éter de petróleo, a partir do

princípio da solubilidade dos lipídios. Esse trabalho é executado num aparelho para

extração de gordura e acessórios. O éter utilizado no processo é aquecido até tornar-

se volátil e, ao acontecer a condensação, circula sobre a amostra em análise,

arrastando toda a parte gordurosa e as outras substâncias solúveis em éter

(RODRIGUES; et al., 2010).

2.5 Determinação de Proteína

O método mais usado para determinação de proteína é conhecido como

método de Kjeldahl, que foi desenvolvido por Johann Kjeldahl em 1883, e consiste em

um método de determinação indireta, pois não determina a quantidade de proteína e

sim o nitrogênio orgânico total. O teor de proteína bruta de um alimento é obtido pela

multiplicação do teor de Nitrogênio total pelo fator de conversão (6,25).

Método de Kjeldahl apresenta as vantagens de ser aplicável a todos os tipos

de alimentos; é relativamente simples, não é caro e é preciso. Trata-se de um método

oficial para a determinação de proteínas e vem sendo modificado para análise de

microgramas de proteína (micro Kjeldahl).

Considerando o fato de que as proteínas possuem porcentagem de nitrogênio

praticamente constante, em torno de 16%, determinar o nitrogênio em uma amostra

se torna de grande valia. Levando em conta que o concentrado tem o papel de

suplementar o déficit proteico advindo do volumoso, Éé essencial conhecer o nível

proteico de sementes, silagens, volumosos, rações e entre outros, rações

concentradas e ração total, poisque corriqueiramente este dado varia de acordo com

a amostra a ser analisada (RODRIGUES; et al., 2010).

Da uma verificada neste paragrafo, achei meu estranho

2.6 Determinação do Tteor de Fibra

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De acordo com Rodrigues; et al. (2010), o termo fibra bruta conglomera os

fragmentos de celulose e lignina insolúvel. Da perspectiva química, fibra bruta é a

fração dos carboidratos resistentes ao tratamento sucessivo com ácido e base

diluídos. A fibra é inversamente relacionada com o teor de energia. Quanto maior a

fibra, menor será o valor da energia.

3 METODOLOGIA

No presente estudo, utilizou-se uma amostra de 2kg de semente Níger,

cultivadas na safra de 2017 e fornecida por uma empresa local que comercializa

diversas qualidades de sementes.

Todos os experimentos realizaram-se nas dependências do laboratório

multidisciplinar da Faculdade La Salle em Lucas do Rio Verde – MT. Seguiram-se

rigidamente todas as normas de segurança e controle de qualidade na realização das

Análises Químicas. Os equipamentos utilizados são todos de alta precisão e

confiabilidade, bem como os reagentes utilizados, foram todos de grau analítico.

Primeiramente, realizou-se no laboratório a trituração da amostra usando um

liquidificador industrial, separando-a para as análises químicas. Em seguida peneirou-

se a quantidade triturada e o restante das sementes foram devidamente vedadas em

saco de amostra e guardadas em ambiente seco e adequado.

As sementes foram analisadas quanto ao conteúdo de umidade, cinzas, lipídios

(extrato etéreo), proteínas (N x 6,25) e fibra, de acordo com métodos oficiais

(EMBRAPA, 2010).

3.1 Determinação de Umidade

Previamente, secou-se cápsulas de porcelana na estufa de esterilização e

secagem, a 105 ºC por 12horas. Após o resfriamento das cápsulas, em dessecador

por 30 minutos, pesou-se 5g da amostra moída, em triplicata. Colocou-se na estufa

de esterilização e secagem a 105 ºC durante 16 horas. Em seguida transferiu-se as

amostras para o dessecador, aguardou-se 30 minutos e posteriormente pesou-se e

calculou-se o teor de umidade. A matéria seca foi determinada gravimetricamente com

o resíduo remanescente após a secagem.

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Pesou-se 5g da amostra moída, em triplicata. Colocou-se na estufa a 105 ºC

durante 16 horas. Em seguida transferiu-se as amostras para o dessecador,

aguardou-se 30 minutos e posteriormente pesou-se e calculou-se o teor de umidade.

3.2 Determinação do Tteor de Cinza e Matéria Orgânica

Colocou-se cadinhos de porcelana na estufa de esterilização e secagem a 105

ºC por 12 horas. Após colocou-se os cadinhos em dessecador, para o resfriamento,

por 30 minutos. Em seguida, pPesou-se 1g da amostra moída e seca em cadinhos,

em seguida levou-se as amostras para o forno mufla, realizando-se a pré-queima. A

temperatura foi aumentada gradativamente (de 100 em 100 ºC) até 550 ºC, onde

permaneceu-se por 4 horas para completa incineração. Com o desligamento do forno

transferiram-se os cadinhos para um dessecador por 1 hora para o resfriamento e

posteriormente o procedimento de pesagem.

3.3 Determinação do Eextrato Eetéreo

A determinação de lipídeos realizou-se no equipamento de determinação de

gordura da marca Tecnal (TE-044-8/5). Realizou-se este procedimento em triplicata e

com três diferentes solventes (éter de petróleo, álcool e hexano).

Pesou-se 2g da amostra moída e colocou-se no cartucho previamente seco,

limpo e identificado. Transferiu-se 50 mL de solvente (éter de petróleo, álcool e

hexano) para o reboiler do extrator, previamente seco em estufa de esterilização e

secagem a 105 ºC por 12 horas. Procedeu-se com a extração por 6 horas. Em seguida

retirou-se o reboiler e levou-se para a estufa com renovação e circulação de ar a 105

ºC por 30 minutos para remoção de resíduos de solventes. Por fim levou-se ao

dessecador até atingir temperatura ambiente. Guardou-se a amostra desengordurada

para a determinação do teor de fibra.

Pesou-se 2g da amostra moída e colocou-se no cartucho previamente seco,

limpo e identificado. Transferiu-se 50 mL de solvente (éter de petróleo, álcool e

hexano) para o copo do extrator. Procedeu-se com a extração por 6 horas. Em seguida

retirou-se o copo extrator e levou-se para a estufa a 105 ºC por 30 minutos para

remoção de resíduos de solventes. Por fim levou-se ao dessecador até atingir

temperatura ambiente.

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3.4 Determinação de Proteína

Para digestão das amostras, utilizou-se bloco digestor com controle automático

de temperatura. Já para o processo de destilação, utilizou-se o destilador de

nitrogênio. e para a titulação utilizou-se bureta digital.

Pesou-se 0,15g de amostra moída homogeneizada e transferiu-se para tubo de

digestão. Adicionou-se 0,7g de mistura catalítica (sulfato de potássio (K2SO4), sulfato

de sódio anidro (Na2SO4)) e 2mL de ácido sulfúrico e procedeu com a digestão por 4

horas à 400 ºC. Iniciou-se a digestão à 50 ºC, após 20 minutos elevou-se a

temperatura para 100 ºC, repetiu-se este processo até 400ºC. Em seguida, realizou-

se a destilação utilizando-se 5mL de solução indicador de ácido bórico e 10mL

hidróxido de sódio 40%. Coletou-se cerca de 50 mL do destilado, contendo a amônia

liberada e em seguida realizou-se a titulação com ácido sulfúrico 0,05 N, anotando-se

o volume de ácido gasto na titulação.

Pesou-se 0,15g de amostra moída homogeneizada e transferiu-se para tubo

de Kjeldahl. Adicionou-se 0,7g de mistura catalítica (Sulfato de potássio (K2SO4),

sulfato de sódio anidro (Na2SO4)) e 2mL de ácido sulfúrico e procedeu com a digestão

por 4 horas. Em seguida realizou-se a destilação utilizando-se 5mL de solução

indicador de ácido bórico e 10mL hidróxido de sódio 40%. Coletou-se 50 mL do

destilado e em seguida realizou-se a titulação com ácido clorídrico 0,05 N, anotando-

se o volume de ácido gasto na titulação.

3.5 Determinação de Fibra Bruta

Para determinação de fibra utilizou-se o Determinador de Fibra da marca Tecnal

e realizaram-se as análises em triplicata.

Pesou-se 0,350g de amostra desengordurada, colocou-se em saquinhos de

TNT, selou-se e hidratou-se a amostra com água destilada por 30 minutos. Ferveram-

se as amostras por 30 minutos a 100 ºC, primeiramente com solução de ácido sulfúrico

0,1275 mol/L e em seguida com solução de hidróxido de sódio 0,313 mol/L. Retirou-

se as amostras e secou-se em estufa á 105 ºC por 8 horas. Por fim, calcinou-se em

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forno mufla a 550 ºC por 1 hora, em seguida esfriou-se as mesmas em dessecador e

pesou-se.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Determinação de Umidade

Valores de umidade considerados seguros para um adequado armazenamento

do produto são conhecidos e devem ser respeitados para que a qualidade dos grãos

se mantenha durante a estocagem. Volumes grandes de grãos exigem amostragens

numerosas e resultados rápidos são difíceis de serem obtidos em tempo hábil para

tomada de decisões sobre a qualidade do produto e o processamento a que devem

ser submetidos.

Conforme pode ser observado nos valores apresentados na tabela 1 a seguir,

o teor médio de matéria seca (MS) na semente de níger é 96,72 %, ou seja, o teor

médio de água é de 3,29 %.

TABELA 1 – - Dados do teor de Umidade. Matéria Seca (MS).

N° da Cápsula

Peso Cápsula (g)

Peso Amostra (g)

Cápsula + Amostra Seca (g)

Peso Amostra Seca (g)

% MS

1 183,0130 5,0001 187,8537 4,8407 96,82%

2 168,7226 5,0018 173,5001 4,7775 95,52%

3 188,7499 5,0018 193,6265 4,8766 97,50%

4 171,6199 5,0016 176,4721 4,8522 97,02%

MS = Matéria Seca.Fonte: Do próprio autorDados da pesquisa, (2017).

4.2 Determinação do Tteor de Cinza

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Através dos resultados apresentados na tabela 2 é possível observar que a

semente de níger apresenta teor médio de matéria mineral de 3,71%, sendo esta uma

porcentagem baixa de matéria mineral.

TABELA 2 – - Dados do teor de Cinza. Matéria mineral (MM).

N° da Cápsula

Peso da amostra (g)

Peso da cápsula (g)

Cápsula + Cinza (g)

MM (g) % MM

1 1,0003 18,0692 18,1042 0,0350 3,50%

2 1,0003 17,1392 17,1791 0,0399 3,99%

3 1,0002 19,3583 19,3947 0,0364 3,64%

MM = Matéria mineral.

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

Fonte: Do próprio autor (2017).

4.3 Determinação do Eextrato Eetéreo

Na análise do teor de lipídeos foi possível notar que com o reagente éter de

petróleo a porcentagem de lipídeos foi maior do que com os outros reagentes (tabela

3). Na extração usando o solvente hexano o teor médio de lipídeo foi de 23,94%, já

com o solvente éter de petróleo foi de 23,58% e com o solvente etanol foi de 19,40%.

De acordo com estudos, a semente de níger possui cerca de 20 a 40% de óleo.

Comparando-se nos resultados obtidos, observa-se que as amostras analisadas estão

dentro da média comum de teor de óleo da semente.

Com estes dados é possível comprovar a eficiência do Níger como uma planta

de comercialização baseada no óleo que ela possui, para utilização em cosméticos e

entre outros, conforme tabela 3..

TABELA 3 – - Dados do teor de Lipídeos.

N° do Reboiler

Solvente Peso Amostra

(g)

Tara do Reboiler

(g)

Peso do Reboiler +

Lipídeos (g)

Peso Lipídeos (g)

% Lipídeos

1 Hexano 2,0003 132,1167 132,5611 0,4444 22,22%

2 Hexano 2,0001 131,2611 131,7598 0,4987 24,93%

3 Hexano 2,0000 131,7119 132,2053 0,4934 24,67%

4 Éter de Petróleo 2,0005 125,4530 125,9848 0,5318 26,58%

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5 Éter de Petróleo 2,0001 126,9045 127,3999 0,4954 24,77%

6 Éter de Petróleo 2,0002 129,4312 129,8190 0,3878 19,39%

7 Etanol 2,0006 126,9068 127,3522 0,4454 22,26%

8 Etanol 2,0004 129,4266 129,7602 0,3336 16,68%

9 Etanol 2,0001 132,0983 132,4838 0,3855 19,27%

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

Fonte: Do próprio autor (2017).

4.4 Determinação de Proteína

O teor de proteína da semente de Níger foi obtido por meio da conversão nos

dados de N multiplicando-os por 6,25.

Na etapa de digestão da amostra o material orgânico nitrogenado foi

decomposto em amônia e os demais compostos foram convertidos em CO2 e H2O. A

amônia foi separada e recolhida durante a destilação. Em seguida, houve a

determinação quantitativa da amônia recolhida na solução receptora.

Conforme pode ser verificado na tabela 4, os resultados do teor de proteína em média

são de 21,43%, estando de acordo com valores encontrados na literatura.

TABELA 4 – - Dados do teor de Nitrogênio.

Amostra Peso da

amostra (g)

Volume (mL) de H2SO4

0,052N gasto na

titulação

Teor de Proteína

Bruta %

1 0,1509 11,55 21,43

2 0,1510 11,54 21,40

3 0,1507 11,56 21,47

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

Fonte: Do próprio autor (2017).

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4.5 Determinação de Fibra Bruta

De acordo com as análises das amostras, observou-se que a quantidade de

fibra bruta do níger está razoável, ou seja, o teor médio é de 38,03%. O resultado

mostra que a semente de níger possui uma quantidade de energia considerável

(tabela 5).

TABELA 5 – - Dados do teor de Fibra Bruta (FB)..

N° da Amostra

Peso da Amostra (g)

Tara Saco (g) Saco +

Fibra Bruta (g)

Peso FB (g)

% FB

1 0,3503 0,4872 0,6283 0,1411 40,27%

2 0,3505 0,4900 0,6120 0,1220 34,80%

3 0,3502 0,4413 0,5780 0,1367 39,03% Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

Fonte: Do próprio autor (2017).

FB = Fibra bruta.

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5 CONCLUSÃOCONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente estudo, tornou-se possível concluir que a semente de níger

possui uma quantidade relativamente baixa de umidade, o que influência na sua

estocagem; a quantidade de minerais presentes na semente não é elevada; o teor de

lipídeos está dentro da média geralmente encontrada, entre 20 a 40%, o que a torna

uma semente com grande potencial de mercado na esfera de óleos e cosméticos e

por fim, o teor de proteína nas sementes de níger é elevado, podendo ser

considerada uma semente bastante proteica.

A planta e a semente de níger exibem grande diferencial se comparado a outras

cultivares de oleaginosas. Tanto no manejo e cultivo, que é relativamente simples,

quanto no valor elevado que ela apresenta no mercado.

O presente artigo revela caráter de continuidade, visando o incentivo ao

aumento de estudos desta semente tão rica, mas tão pouco conhecida e devidamente

valorizada.

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REFERÊNCIAS DUKE, J.A. Guizotia abyssinica (L.f.) Cass. 1983. In: Handbook of energy crops. Disponível em <www.hort.purdue.edu/newcrop/duke_energy/Guizotia_abyssinica.html> Acesso em 01 de outubro de 2017. BOTTEGA, S. P. Desempenho agronômico do níger em função da época de semeadura para a Região Sul do Mato Grosso do Sul. Disponível em <http://www.fepagro.rs.gov.br/upload/1418841375_11.pdf >.2011. CARNEIRO, M. A. C. et al. Produção de fitomassa de diferentes espécies de cobertura e suas alterações na atividade microbiana de solo de Cerrado. Bragantia, Campinas, v. 67, n. 2, p. 455-462, 2008. GALLÃO, Maria Izabel; FERNANDES DAMASCENO, Leandro; SOUSA DE BRITO, Edy. Avaliação química e estrutural da semente de moringa. Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 1, 2006. GETINET, A.; SHARMA, SM. Níger. Guizotia abyssinica (L. f.) Cass. Promoting conservation and use of underutilized and neglected crops. International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI). International Usina Genetic Resources Institute, Roma (1996). RODRIGUES, Ruben. “Métodos de Análises Bromatológicas de Alimentos: Métodos Físicos, Químicos e Bromatológicos”. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Pelotas – RS, Google Books PDF, 2010. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/40059/1/documento-306.pdf> Acesso em: 10 de outubro de 2017. < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/40059/1/documento-306.pdf Acesso em: 10 de Outubro de 2017. SARIN, R.; SHARMA, M.; KHAN, A. A. Studies on Guizotia abyssinica L. oil: biodiesel synthesis and process optimization. Bioresource Technology, Trivandrum, v. 100, n. 18, p. 4187-4192, 2009.

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IMPLICAÇÕES DE DIFERENTES PRÁTICAS NA ATIVIDADE DA

DESIDROGENASE

Caroline Maria Pilocelli7

Mariana Ambiel8

Thaís Chagas Barros9

RESUMO O presente artigo visou reunir temas acerca da atividade da enzima desidrogenase da microbiota do solo, bem como o favorecimento e desfavorecimento de tais processos. Pois, como se sabe o solo é um meio vivo, o qual deve fornecer meios que auxiliem o crescimento de plantas e demais espécies, que só é possível com a ajuda de micro-organismos, que colaboram na incorporação de nutrientes no solo, sendo benéfico as plantas, pois “dissolve” os nutrientes, bem como compostos importantes ao metabolismo celular, com os quais não seria possível o desenvolvimento vegetal. Assim, buscaram-se referências que auxiliem no entendimento de tais processos, bem como informações sobre possíveis manejos inadequados, os quais diminuem significativamente a vida microbiana, podendo mesmo, vir a extingui-la, tornando o solo pobre em nutrientes, e consequentemente o deixando infértil, impossibilitando a agricultura, e até mesmo a formação de vegetação. Palavras-chave: Desidrogenase. Enzimas do Solo. Microbiota do Solo. Micro-organismos.

1 INTRODUÇÃO

Os micro-organismos são considerados indicadores sensíveis de alterações no

ambiente do solo sendo utilizados na avaliação de impactos gerados pelo homem

sobre os processos biológicos do solo pelas reações biológicas e bioquímicas, as

quais são responsáveis, atuando na decomposição dos resíduos das plantas, animais,

na ciclagem biogeoquímica e na formação dos agregados, além de degradar

7Acadêmica do terceiro semestre do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT, sob orientação da professora Thaís Chagas Barros. E-mail: [email protected] 8Bacharel em Administração, acadêmica do terceiro semestre do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT, sob orientação da professora Thaís Chagas Barros. E-mail: [email protected] 9 Doutoranda em Agronomia (Ciência do Solo) pela Unesp – Jaboticabal e Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) pela UENF, professora do Curso de Agronomia da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT. E-mail: [email protected]

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substâncias tóxicas e controlar patógenos no solo, entre outras funções. (DICK, 1994;

DORAN; PARKINSON, 1994).

A biomassa microbiana é formada por bactérias, actinomicetos, fungos,

protozoários, algas e microfauna e é considerada a parte viva da matéria orgânica do

solo, representando de 2 a 5% desta fração do solo (JENKINSON; LADD, 1981).

A atividade microbiana representa todas as reações bioquímicas catalisadas

pela biomassa do solo. A medição da atividade microbiana no solo é baseada na

presença de células intactas e ativas no solo, refletindo o estado fisiológico das células

microbianas. As reações catabolizadas pelos micro-organismos são de extrema

importância para a manutenção da qualidade do solo. Existem várias metodologias

empregadas para avaliar a atividade dos micro-organismos do solo, dentre elas a

avaliação de atividade enzimática como a da desidrogenase (ALEF, 1998).

As desidrogenases são enzimas que pertencem à classe das oxirredutases e

catalisam reações de oxirredução, fazendo parte do metabolismo das células

microbianas. Por serem enzimas essencialmente intracelulares, as desidrogenases

têm sido usadas como indicadores de atividade biológica do solo (MOREIRA;

SIQUEIRA, 2006), contribuindo, a determinação da sua atividade, para melhor

compreensão do efeito da interferência antrópica no solo e servindo como um

estratificador de ambientes (KULINSKA; et al, 1982).

A atividade oxidativa total da microbiota do solo pode ser refletida pela atividade

da desidrogenase, já que essa enzima tem correlação com o consumo de oxigênio e

atividade da população do solo (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006). Essas enzimas oxidam

os compostos orgânicos através da transferência de pares de elétrons de um

substrato para o NAD+ ou NADP+, formando, respectivamente, NADH ou NADPH,

sendo essencial no sistema de transporte de elétrons (CRANE; et al,1991; SMITH;

MCFETERS, 1997). Como essas enzimas estão localizadas somente dentro de

células vivas, é sugerido que a determinação de sua atividade esteja relacionada à

atividade microbiana do solo (FRANKENBERGER JR; DICK, 1983).

2 METODOLOGIA

Na pesquisa bibliográfica foram consultadas várias literaturas relativas ao

assunto em estudo, artigos publicados na internet e que possibilitaram que este

trabalho tomasse forma para ser fundamentado.

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Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento

de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e

imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato

direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o

cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela

pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.

3 REVISÃO E DISCUSSÃO DA LITERATURA

3.1 Uso de Lodo de Esgoto e Resíduos

Diante da necessidade de se dar um destino ao lodo de esgoto, resíduo

originário do tratamento de esgoto, a fim de diminuir o risco de poluição de recursos

hídricos, com frequência tem sido utilizado em solos agricultáveis, principalmente

como condicionador e fonte de nitrogênio (BOEIRA; et al, 2002).

De acordo com Melo; et al (2001), ao ser incorporado ao solo, o lodo de esgoto

proporciona alterações em propriedades físicas, como a densidade do solo, tamanho

dos agregados e capacidade de retenção de água; em propriedades químicas, como

o pH, condutividade elétrica, capacidade de troca de cátions (CTC) e nos teores de

fósforo (P) e nitrogênio (N); e em propriedades biológicas, geralmente levando ao

aumento a atividade microbiana do solo, salvo quando há limitações pela presença de

elementos tóxicos e de metais pesados.

Devido ao fato de existirem na composição do lodo de esgoto poluentes como

metais pesados, compostos orgânicos e micro-organismos patogênicos ao homem,

há necessidade de se seguir critérios rigorosos ao seu uso na agricultura, apesar da

resposta no desenvolvimento e produtividade de diversas culturas (MELO; et al,

2001).

Araújo; et al (2009) ao avaliarem o efeito de quatro doses crescentes (0, 20, 40

e 80 mg de N dm-3) de lodo de esgoto seco aplicado a um Argissolo Vermelho-Amarelo

distroférrico com Brachiaria decumbens (Capim-braquiária) sobre atividade da

desidrogenase, observaram que houve estímulo na atividade microbiana com o

aumento das doses de lodo de esgoto, com índice de regressão quadrática

significativo. Os autores destacam que a baixa concentração de metais pesados nas

doses de lodo não influenciou a atividade microbiana no solo.

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Bueno; et al (2011) quantificaram os efeitos cumulativos de sete aplicações

anuais de lodo de esgoto através da atividade da desidrogenase do solo com a

aplicação anual de dois tipos de lodo de esgoto (L1 e L2). A adição do lodo causou

efeito negativo sobre a atividade e biomassa da microbiota do solo, com redução de

50% da atividade da desidrogenase quando aplicado L2, além disso, foram

observadas correlações negativas entre a atividade da desidrogenase e o quociente

metabólico (qCO2) (r = -0,70; p ≤ 0,01), indicando que a aplicação de lodo de esgoto

causou uma condição de estresse para a microbiota do solo, principalmente em L2.

Possivelmente devido à presença de elementos tóxicos no resíduo e também a uma

diminuição o pH do solo, favorecendo a disponibilidade de metais pesados.

Gonçalves; et al (2014) ao avaliarem o efeito de doses de lodo de curtume

compostado (LCC) sobre a biomassa e atividade microbiana do solo após dois anos

de aplicações sucessivas, observaram que a aplicação de LCC promoveu mudanças

na biomassa microbiana do solo com resposta quadrática positiva ao aumento das

doses e resposta linear da atividade enzimática com o aumento das doses de lodo no

primeiro ano de aplicação, mostrando que as doses de LCC não afetaram

negativamente o tamanho da biomassa microbiana, mas a sua atividade. No segundo

ano, a atividade da desidrogenase não foi afetada pela aplicação do lodo. As

atividades enzimáticas do solo são indicadores de perturbações naturais e antrópicas

que ocorrem no ecossistema do solo (SANTOS et al. 2011). Conforme Barajas-

Aceves; et al (2007), o aumento de elementos traço no solo, principalmente cromo,

podem reduzir a atividade da desidrogenase.

3.2 Uso de Pesticidas

A integridade da capacidade metabólica da microbiota é considerada

fundamental para a manutenção da qualidade de solo. Práticas de manejo associadas

à intensificação da agricultura, em particular, o uso de pesticidas, podem alterar

significativamente a sua funcionalidade, pela influência na biomassa e na atividade

microbiana do solo (ALEF; NANNIPIERI, 1995; GILLER; et al, 1997). Sendo este um

dos principais fatores antropogênicos com potencialidade de alterar a microbiota dos

solos agrícolas.

Visando avaliar o efeito do uso de herbicidas na atividade da microbiota do solo,

Fernandez; et al (2009) testaram doses dos herbicidas bentazon, metolachlor,

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trifluralina, imazethapyr, imazethapyr+lactofen, haloxyfopmethyl, glyphosate e

chlorimuron-ethyl, comumente utilizados na cultura da soja, sobre a atividade da

desidrogenase e foi detectado um estímulo da atividade da enzima, após 8 dias de

incubação, nos tratamentos de metolachlor (2x), imazethapyr (2x) e glyphosate (10x),

no entanto, esse efeito foi transitório, já que aos 28 dias de incubação, a maioria dos

herbicidas inibiu a atividade da desidrogenase, indicando alterações nos processos

oxidativos do solo.

Quando aplicado em altas concentrações, esses herbicidas passam a se

apresentar, de acordo com a literatura, com potencial de rápida mineralização e de

serem utilizados como substrato para o crescimento de algumas populações de micro-

organismos, podendo ter efeito inibidor ou estimulante da atividade microbiana. Para

o glyphosate, por exemplo, existem referências tanto de inibição (SANTOS; et al,

2004; WEAVER; et al, 2007) quanto de incrementos na atividade da microbiota do

solo (HANEY; et al, 2000; BUSSE; et al, 2001; ARAÚJO; et al, 2003; ANDRÉA; et al,

2004). Entretanto, trata-se de efeitos iniciais e transitórios.

Cycon; et al (2010) ao avaliarem e compararem a tolerância da microbiota a

diferentes pesticidas (Herbicida Linuron, Inseticida Diazinon e Fungicidas mancozeb

e dimethomorph) em solos arenosos por meio da atividade de desidrogenase,

observaram que os micro-organismos do solo foram os mais sensíveis à fungicidas,

presumivelmente devido a uma diminuição significativa em atividade da

desidrogenase de origem fungica.

Radivojević; et al (2012) ao investigarem os efeitos a curto prazo de doses do

herbicida Nicosulfuron sobre a atividade bioquímica do solo, concluíram que a

influência de nicosulfuron depende da taxa de aplicação e da duração, podendo ser

estimulante ou inibidora, além disso, o impacto de nicosulfuron na atividade de

desidrogenase foi consistentemente negativas para cada concentração de herbicida;

a aplicação de nicosulfuron promove alterações temporárias na característica e

intensidade das atividades microbianas, o que, de acordo com os autores, sugere que

não existe um risco real de provocar uma ruptura dos processos bioquímicos do solo,

já que essas atividades parecem se recuperar após a aplicação.

3.3 Solos Contaminados Com Metais Pesados

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Muitos metais como o zinco, cobre e ferro são essenciais aos micro-

organismos, no entanto, podem ser extremamente tóxicos em elevadas

concentrações no solo ou substratos orgânicos em decomposição (FRADE JR, 2007).

Vários processos biológicos são afetados diretamente pelos metais do solo,

podendo as células microbianas ser beneficiadas com o ganho de energia ou

prejudicadas pela redução da energia disponível. Segundo Leita; et al (1995), a

atividade microbiana em solos contaminados pode ser maior em decorrência do

elevado consumo energético dos micro-organismos como forma de garantir a

sobrevivência. A toxicidade causada pela presença de metais pesados pode, além de

reduzir e suprimir, destruir frações de comunidades microbianas e conduzir à

substituição da composição microbiana do solo (FLIEBBACH; et al, 1994).

De acordo com Moreira e Siqueira (2006), os metais pesados, além de sofrerem

inúmeras transformações, estão também sujeitos à mineralização e à imobilização na

biomassa microbiana. Essas transformações envolvem adsorção e dessorção,

oxidação autotrófica e enzimática, absorção e bioacumulação na biomassa

microbiana, apesar desses mecanismos serem bem descritos, pouco se sabe a

respeito da capacidade microbiana do solo em acumular elementos metálicos,

especialmente aqueles sem função fisiológica conhecida, como o chumbo e o

mercúrio.

Ao avaliar o efeito da adição de chumbo (Pb) ao solo na biomassa e atividade

microbianas do solo sob influência da rizosfera de soja micorrizada, Andrade e Silveira

(2004) discutem que apesar da atividade da desidrogenase no solo refletir a atividade

oxidativa total da microbiota, e por ser uma enzima intracelular de baixa atividade

quando em estado livre no solo, podendo atuar como um bom indicador da atividade

microbiana, não apresentou-se como um bom indicador da presença de chumbo,

apesar da correlação significativa entre respiração e atividade da desidrogenase, a

atividade da enzima não se correlacionou com a concentração de Pb no solo. Da

mesma forma, Beyer; et al (1992) também não consideraram a atividade desta enzima

um bom indicador da atividade total da microbiota do solo.

O óleo do motor de base mineral é uma mistura de várias substâncias químicas

diferentes (WANG; et al, 2000), incluindo hidrocarbonetos alifáticos, hidrocarbonetos

aromáticos, bifenis policlorados, lubrificantes aditivos, produtos de decomposição,

metais pesados contaminantes, tais como alumínio, cromo, estanho, chumbo,

manganês, níquel e silício.

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Com o objetivo de investigar a atividade da desidrogenase em solo poluído com

óleo de cárter de base mineral, Achuba; et al (2008) inocularam diferentes doses (0,5,

1, 1,5 e 2%; 4 ml correspondendo a 0,25%) de óleo de motor usado à amostras de

solo arenoso e avaliaram o efeito do contaminante na atividade da desidrogenase,

observando o aumento da atividade microbiana como o aumento das doses de óleo,

devido, segundo os autores, a presença de micro-organismos específicos no

metabolismo de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos presentes no óleo.

3.4 Fertilização Química

Os fertilizantes orgânicos e inorgânicos são usados principalmente para

aumentar a disponibilidade de nutrientes para as plantas, no entanto, eles podem

afetar a população, a composição e a função dos micro-organismos do solo

(MARSCHNER; et al, 2003).

Adubos orgânicos geralmente aumentam a biomassa microbiana do solo

(PEACOCK; et al, 2001; PARHAM; et al, 2002; KAUR; et al, 2005), a produção de CO2

(AJWA; TABATABAI, 1994), e as atividades enzimáticas (CRECCHIO; et al, 2001;

KANDELER; et al, 1999). Fertilizantes inorgânicos tem relativamente menos efeitos

sobre biomassa e atividade microbiana do solo do que fertilizantes orgânicos

(PARHAM; et al, 2002, 2003; PLAZA; et al, 2004).

A fertilização equilibrada dos principais nutrientes para as plantas poderia ser

benéfica para o crescimento da planta. No entanto, os agricultores muitas vezes

tomam decisões sobre a fertilização baseadas em estratégias econômicas ao invés

de agronômicas. Como resultado, a fertilização desequilibrada ainda é generalizada e

pouco se sabe sobre seu impacto em longo prazo sob a comunidade microbiana do

solo.

Chu; et al (2007) descreveram os efeitos da adubação equilibrada na atividade

microbiana do solo em um experimento de campo a longo prazo (16 anos), a partir

dos seguintes tratamentos: adubação orgânica, semi-orgânica (esterco mais a metade

do nitrogênio em forma de fertilizante mineral), fertilizantes minerais (NPK),

fertilizantes minerais (NP), fertilizantes minerais (NK), fertilizantes minerais (PK) e sem

adubação (controle). Os autores observaram que a adubação em longo prazo

aumentou consideravelmente a biomassa microbiana e atividade da desidrogenase,

exceto na fertilização em que houve ausência de fósforo, em que não houve efeito

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significativo. A adubação orgânica teve um maior impacto significativo na biomassa e

na atividade microbiana em comparação aos fertilizantes minerais.

Ao investigar o efeito de doses de zinco (0, 125, 250, 500, 1000, 2000, 4000,

5000 mg kg-1 de ZnCl2) sobre as atividades enzimáticas do solo, Coppolecchia; et al

(2011) observaram uma tendência da atividade da desidrogenase aumentar com as

doses mais baixas e, em seguida, diminuir em amostras com doses mais altas de

zinco (acima de 504 mg Zn kg-1), sugerindo uma sensibilidade relativa das

propriedades biológicas em relação Zn, podendo ser utilizadas como indicadores de

diferentes níveis de toxicidade de acordo com a sua sensibilidade, possivelmente

podendo ser extrapolados para diferentes funções do solo, no entanto, de acordo com

os autores, com a necessidade de outros testes de toxicidade para se definir os riscos

globais para o solo da entrada de contaminantes.

3.5 Recuperação de Solos

As enzimas são mediadoras do catabolismo biológico dos componentes

orgânico e mineral dos solos, podendo ser utilizadas na avaliação da atividade

microbiana e produtividade do solo. Taylor; et al (2002) propõem que a atividade

enzimática representa o potencial bioquímico e de manejo do solo, além de indicar

qualidade do solo. As estimativas da atividade e da biomassa microbiana do solo são

fundamentais na avaliação e no monitoramento de áreas degradadas e em

recuperação (GARCIA; et al, 1994; SARIG; STEINBERGER, 1994).

A análise de indicadores bioquímicos e microbiológicos em solos degradados

ou em processo de recuperação é importante quando se deseja obter informações

sobre a qualidade do ambiente e da sustentabilidade do ecossistema nos tratamentos

indicados. O monitoramento dessas áreas permite avaliar a eficiência de práticas e

técnicas de manejo do solo; relacionar a qualidade do solo com outros componentes

do sistema; coletar informações necessárias para determinar tendências e modelos;

guiar decisões sobre o manejo da terra, visando manter e melhorar as condições do

solo (NORTCLIFF, 2002), além de permitir testar a eficiência de medidas

conservacionistas empregadas em áreas em processo de recuperação.

Longo; et al (2011) visando avaliar parâmetros biológicos do solo como a

atividade de desidrogenase, para verificar a influência do plantio sucessivo de

leguminosas em um solo minerado em processo de recuperação, observaram que

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para a atividade da desidrogenase o plantio de leguminosas promoveu aumento no

tempo, porém, não diferiu entre os anos de plantio sucessivo indicando, de acordo

com os autores, que mais alguns anos seriam necessários para que esta atividade se

aproxime do valor verificado no solo de mata.

Nunes; et al (2012) avaliando a atividade microbiana do solo em quatro áreas

no Sul do Piauí, são elas: mata nativa, área degradada, em início de degradação e

área em recuperação, verificaram os maiores valores da atividade da enzima

desidrogenase nas áreas de mata nativa e em recuperação, e menores valores nas

áreas degradadas. Os autores ressaltam que na área em recuperação, a presença da

vegetação implantada contribuiu para a deposição de resíduos orgânicos que

promovem o aumento da atividade das enzimas. A literatura reporta que em áreas

degradadas a menor quantidade de matéria orgânica e a ausência de plantas

diminuem a atividade enzimática do solo (KLOSE; TABATABAI, 2000; REZENDE; et

al, 2001; CELESTINO, 2008).

3.6 Tipos de Manejo do Solo

A avaliação da atividade microbiana do solo é de grande importância para medir

o estado funcional dos ecossistemas terrestres, devido ao papel fundamental que os

micro-organismos desempenham no fluxo de energia, ciclagem de nutrientes e

transformação da matéria orgânica. No entanto, a atividade microbiana no solo é

regulada por, em média, 30 fatores abióticos e bióticos (ATLAS; BARTHA 1997; HAN;

et al, 2007; MARTINS; et al, 2011).

Fatores abióticos tais como os níveis de nutrientes, temperatura e umidade

podem tipicamente ser usados para avaliar as respostas potenciais da comunidade

microbiana. A avaliação da atividade microbiana pode ser utilizada para predizer o

impacto das práticas agrícolas em função do ecossistema terrestre (FERREIRA; et al,

2013).

As propriedades bioquímicas do solo são indicadores importantes na avaliação

do uso da terra (CHOTTE; et al, 1998; ANANYEVA; et al, 2008; HILL; et al, 2008,

TRASAR-CEPEDA; et al, 2008), incluindo sistemas de preparo.

O efeito do tipo de manejo adotado nos sistemas agrícolas sobre indicadores

biológicos do solo é extremamente importante para o desenvolvimento estratégias

potenciais para melhorar a sustentabilidade da agricultura. Dentre os indicadores

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biológicos estão as enzimas do solo, que se originam principalmente das exsudações

de microrganismos do solo, plantas e animais, como bem como a decomposição de

resíduos vegetais e animais (NANNIPIERI; et al, 2002).

As enzimas do solo são uma força motriz importante do fluxo de nutrientes e

energia no ecossistema do solo e são de extrema importância sob o aspecto da

qualidade do solo (MASTO; et al, 2008). Sendo muito sensível a mudanças no

ambiente do solo devido à rotação de culturas, plantio direto, e outras práticas

agrícolas (MANDAL; et al, 2007; PURAKAYASTHA; et al, 2007; MASTO; et al, 2008).

Além disso, acredita-se que as enzimas de solo sejam capazes de discriminar entre

práticas de manejo, provavelmente, por estarem relacionadas com a biomassa

microbiana, que é sensível a essas alterações (NANNIPIERI; et al, 2002).

Ferreira; et al (2013) ao avaliarem a resposta da microbiota do solo à adição de

nitrogênio, de glicose e de fósforo sob preparo convencional (CT) e plantio direto (NT)

no cerrado brasileiro, observaram que após a incubação, os indicadores bioquímicos,

tais como a atividade da desidrogenase confirmaram exigências mais elevadas de

glicose sob NT e fósforo no CT. Estes resultados demonstram, de acordo com os

autores, que a adição de fósforo e glicose alteram significativamente a resposta

microbiana, o que sugere que os micro-organismos presentes no solo possuem

demandas diferenciais por nutriente entre os sistemas de CT e NT.

Buzzinaro; et al (2009) buscando estudar a influência da adubação verde com

guandu, crotalária e braquiária na atividade microbiana do solo de pomar de laranja

do cultivar Valência, verificaram que a atividade da desidrogenase variou

significativamente entre os locais de amostragem e sob o efeito dos adubos verdes.

Contudo, esta variação foi devida ao efeito do guandu, constatando-se aumento da

atividade da desidrogenase em 54 e 60% em relação à braquiária e crotalária,

respectivamente. Também, a atividade desta enzima foi 33 a 51% (média de 39%)

maior na entrelinha do que na linha de plantio.

A atividade da enzima desidrogenase do solo foi avaliada sob diferentes usos

da terra e sistemas de cultivo (agricultura orgânica, rotação soja-trigo, culturas

forrageiras, solo estéril e sistema florestal (Quercus incana)) na região de Himalaya,

na Índia, por (KALAMBUKATTU; et al, 2013). A atividade desidrogenase registrou o

maior valor na floresta intacta e menor em terra estéril, revelando que o cultivo de

solos tem reduzido significativamente as atividades enzimáticas e que necessita de

adequada atenção para o uso sustentável em longo prazo dos recursos do solo na

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região. A atividade da desidrogenase reflete a faixa total de atividade oxidativa de

microflora do solo e é um bom indicador da atividade microbiana (NANNIPIERI; et al,

2002; PATRA; et al, 2006). A maior atividade da desidrogenase no ecossistema

floresta pode ser devido à alta disponibilidade de substrato nesses solos.

A atividade da desidrogenase é altamente sensível aos efeitos inibitórios

associados com adições de adubos minerais (MASTO; et al, 2006). Trasar-Cepeda;

et al (2008) sugerem que o uso do solo provoca uma diminuição do conteúdo de

matéria orgânica (provavelmente a matéria orgânica mais lábil e menos estabilizada),

indicando que a atividade enzimática nem sempre seguem o mesmo padrão e pode

ou aumentar ou diminuir.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o passar dos anos e a utilização do solo de forma constante através de

cultivos, muitos fatores foram analisados a respeito de aumentar a produtividade

desses cultivos, melhorando o material genético das culturas, a forma de plantio, a

tecnologia de maquinários e o manejo do solo.

O solo é um dos fatores na agricultura que passou a ser questionado devido a

sua importância significativa, pois todos os nutrientes que são retirados para a

sustentação das plantas advêm do solo. Dessa forma, constatou-se a relevância da

vida microbiana no solo, que ao passar dos anos foram diminuindo através do pouco

investimento dos agricultores que avaliam apenas o fator econômico e não

agronômico, muitas vezes não colocando a quantidade de nutrientes que o solo

necessita.

O lodo de esgoto, um dos métodos utilizados para a avaliação da atividade

desidrogenase, não causa efeitos negativos em relação a biomassa microbiana do

solo, podendo até mesmo ser benéfico a esta, entretanto o lodo causa redução na

atividade da desidrogenase, pois diminui o pH do solo, favorecendo o aparecimento

de metais pesados no solo o que é prejudicial para o desenvolvimento da planta.

O uso de pesticidas, de modo geral, pode ser estimulante ou inibidor à vida

microbiana, tal ação é determinada pela quantidade aplicada do defensivo. Entretanto,

os fungicidas mostram-se como inibidores, pois diminuem as atividades

desidrogenases de origem fungica do solo, extinguindo as mesmas.

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Os metais pesados, quando presentes no solo, podem oferecer ganho de

energia aos microrganismos da microbiota, ou causar o efeito reverso, a retirada de

energia dos mesmos, alguns em particular auxiliam até mesmo no aumento da

atividade da desidrogenase, como é o caso dos metais presentes no óleo de motor de

base mineral.

Em relação à fertilização, os fertilizantes orgânicos possuem maior destaque,

pois estes possuem microrganismos que contribuem a microbiota já existente no solo,

deve-se levar em conta também que a matéria orgânica quando incorporado ao solo

libera maior número de nutrientes, e deixa o solo menos exposto, consequentemente

o mantem úmido, pois não há a evaporação da água presente no mesmo, o que

proporciona uma melhor absorção pela planta, e mantém viva a vida microbiana do

solo adubado.

Referente a recuperação de solos, nota-se que solos de mata nativa ou áreas

em recuperação possuem maior atividade de desidrogenase, pois os mesmos

possuem matéria orgânica em sua superfície, assim como sombreamento, o que torna

o solo menos exposto ao sol, mantendo este úmido, propiciando ambiente adequado

ao desenvolvimento da microbiota do solo.

O manejo do solo possui grande importância em relação a atividade enzimática

do mesmo, pois se o manejo não ocorre de maneira adequada o solo pode perder

toda a vida microbiana existente. Um bom exemplo de manejo adequado é o plantio

direto, pois este proporciona a existência de matéria orgânica na superfície, a qual,

como vista anteriormente, tem grande significância a vida microbiana.

O uso de indicadores biológicos para monitorar alterações no solo e avaliar a

sua qualidade tem sido sugerido e adotado por muitos autores em programas de

monitoramento. Dentre esses indicadores está a atividade microbiana, visto que os

micro-organismos desempenham papel-chave em diversos processos do solo e são

extremamente dinâmicos, possuindo sensibilidade de responder rapidamente às

modificações que ocorrem no ambiente do solo, sejam elas químicas ou físicas. De

maneira geral, a atividade da desidrogenase, de acordo com a literatura, perfaz um

indicador de qualidade do solo que reflete de forma satisfatória essas alterações.

Dentre os benefícios que a vida microbiana do solo proporciona, que pode ser

indicada pela atividade da desidrogenase, um dos principais é o aumento da fertilidade

do solo através da conversão do nitrogênio em compostos nitrogenados que são

utilizados pelas plantas, além de realizar a decomposição dos animais e vegetais

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mortos, liberando nutrientes no solo para as plantas. Outro fator importante é o

aumento do grau de aeração do solo, que proporciona ao solo maior retenção de água,

diminuindo os riscos de frustação de safra caso ocorra falta de chuvas na região.

Dessa forma, é importante ressaltar os cuidados com a vida microbiana que são

indispensáveis no manejo do solo, para se ter solos mais equilibrados e férteis.

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SILÍCIO NA MITIGAÇÃO DE ESTRESSES ABIÓTICOS

Elves Melo Paulo10

Marciele Weber11

Thaís Chagas Barros12

RESUMO Sob condições naturais de cultivo, as plantas estão sujeitas a diversos fatores de estresse durante seu ciclo de crescimento. Dentre estes fatores, encontram-se o déficit hídrico, salinidade e congelamento. Apesar de não ser considerado um elemento essencial às plantas, por não atender aos critérios de essencialidade, o silício (Si) proporciona diversos efeitos benéficos, sendo considerando o segundo elemento em abundância na crosta terrestre. Nas plantas, o Si absorvido tem efeitos como a diminuição do coeficiente de transpiração, com melhor aproveitamento da água, maior teor de clorofila e maior rigidez estrutural dos tecidos e aumento da resistência mecânica das células, deixando as folhas mais eretas e aumentando a área fotossintética e a absorção de CO2. Portanto, o trabalho tem por finalidade destacar a importância da presença do silício (Si) nas plantas, principalmente quando considerados aspectos morfológicos e/ou fisiológicos do ciclo dos vegetais, comprovado em muitos estudos, em que o elemento foi eficiente na atenuação de estresses de diferentes naturezas, bióticos e abióticos, em plantas. Palavras-chave: Nutrição Mineral. Elemento Benéfico. Estresse Abiótico. Essencialidade.

1 INTRODUÇÃO

O silício (Si) é o segundo elemento em abundância na crosta terrestre, atrás

apenas do oxigênio. Nos solos, o silício solúvel ou disponível para as plantas (H4SiO4

- ácido monosilícico) pode ter origem nos processos de intemperização dos minerais

primários e particularmente dos minerais secundários como os argilo-silicatos.

Na planta, o Si absorvido tem efeitos benéficos relacionados principalmente

com o aumento da resistência ao ataque de pragas (insetos), nematoides e doenças.

10Acadêmico do terceiro semestre do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT, sob orientação da professora Thaís Chagas Barros. E-mail: [email protected] 11Acadêmica do terceiro semestre do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT, sob orientação da professora Thaís Chagas Barros. E-mail: [email protected] 12 Doutoranda em Agronomia (Ciência do Solo) pela Unesp – Jaboticabal e Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) pela UENF, professora do Curso de Agronomia da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT. E-mail: [email protected]

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Além disso, o Si apresenta-se como um atenuador de estresses nas plantas

(MATEOS-NARANJO; ANDRADES-MORENO; DAVY, 2013), ocasionados por

toxicidade, seja por excesso de nutrientes, como boro (GUNES; et al, 2007), ou por

metais pesados, como alumínio (PRABAGAR; HODSON; EVANS, 2011), cádmio

(FENG; et al, 2010) e cromo (ALI; et al, 2013), devido a seu envolvimento com

atividades metabólicas, fisiológicas e estruturais dos vegetais (SHEN; et al, 2010).

O Si atua de forma indireta sobre aspectos fotossintéticos e bioquímicos da

planta, e pode promover aumento nas taxas fotossintéticas de plantas sob condições

de estresse (BYBORDI, 2012; ALI; et al, 2013; MATEOS-NARANJO;

ANDRADESMORENO; DAVY, 2013; SHI; et al, 2013). Autores sugerem que este

efeito pode ser resultante do aumento da rigidez dos tecidos e à resistência mecânica

das células, melhorando a arquitetura da planta (LIMA; et al, 2011), aumentando

assim a interceptação de luz, a eficiência do uso da água e o equilíbrio dos nutrientes

minerais (MATEOS-NARANJO; ANDRADES-MORENO; DAVY, 2013) ou ainda,

devido a capacidade do elemento em ativar genes envolvidos na produção de

compostos secundários do metabolismo, como polifenóis e enzimas relacionadas aos

mecanismos de defesa das plantas, como as Enzimas Reativas de Oxigênio (ERO)

(GRATÃO; et al, 2005).

Todos estes benefícios sugerem, para alguns pesquisadores, a inclusão do Si

na lista dos micronutrientes. No entanto, o Si não é tido como nutriente pelo fato de

não atender aos critérios diretos e indiretos de essencialidade (JONES; HANDRECK,

1967), mas não se pode desconsiderar a série de efeitos benéficos ao silício para as

plantas, auxiliando no crescimento e produção vegetal.

2 METODOLOGIA

Na pesquisa bibliográfica foram consultadas várias literaturas relativas ao

assunto em estudo, artigos publicados na internet e que possibilitaram que este

trabalho tomasse forma para ser fundamentado.

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento

de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e

imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato

direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o

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cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela

pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.

3 REVISÃO E DISCUSSÃO DA LITERATURA

3.1 Silício no Solo

A presença de silício (Si) no solo pode resultar na melhoria de diversas

culturas, principalmente quando considerados aspectos morfológicos e/ou fisiológicos

do ciclo dos vegetais.

Diversas são as formas que pode ser encontrar o Si no solo: minerais

primários e secundários, ou então, adsorvidos aos coloides do material.

O óxido de silício (SiO2), mineral mais excessivo no solo, é constituinte da

base estrutural da maior parte dos argilominerais. Entretanto, em solos tropicais com

elevado grau de intemperismo, o Si é encontrado basicamente na forma de quartzo,

opala (SiO2.nH2O) e outras formas não-disponíveis às plantas (BARBOSA FILHO; et

al, 2001), podendo ser de 5 a 10 vezes menor que as concentrações encontradas nas

regiões temperadas (OTSUBO; COUTINHO, 2001).

Em solos com baixo teor de silício, espera-se resposta para aplicação de Si

em forma de fertilizantes, particularmente em plantas ditas acumuladoras, como é o

caso da maioria das gramíneas. Quando aplicado de maneira correta, o Si tem sido

relacionado à melhora de diversos atributos, como produtividade, qualidade e

resistência, principalmente em plantas como arroz, sorgo e milho (LIMA FILHO; et al,

1999).

Materiais ricos em Si são uma ótima opção para a manipulação agrícola.

Materiais como escórias de siderurgia, wollastonita, silicato de cálcio e magnésio,

apresentam-se como uma alternativa viável, tanto no ponto de vista ambiental, por se

tratar da diminuição do impacto desse resíduo no meio, quanto agronômico, para o

sistema solo-planta, onde são aproveitadas as características do material que auxiliam

também em alterações favoráveis ao solo, como correção da acidez, neutralização do

Hidrogênio e Alumínio tóxicos, elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis,

aumento na disponibilidade de fósforo, ferro e manganês, levando a aumento na

produtividade final das culturas (MENEGALE, 2012).

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Os materiais ricos em Si podem ainda promover a elevação do pH, CTC

(capacidade de troca de cátions) e V% (saturação por bases) (PRADO; FERNANDES,

2003), além de apresentar efeito fertilizante (micronutrientes), sendo, portanto,

justificado seu uso como corretivo de acidez (CARVALHO-PUPATTO; et al, 2004;

PRADO; et al, 2002). A recomendação de aplicação de Si, assim como dos demais

elementos a serem aplicados no solo, deve ser baseada em um dos métodos

utilizados para recomendação de calagem (KORNDÖRFER; et al, 2004).

Um fator importante na aplicação de Si no solo é o pH do mesmo, que está

estreitamente relacionado com a disponibilidade e consequente absorção do Si pela

maioria das plantas acumuladoras do elemento: quanto maior o pH, maior a

disponibilidade do elemento no solo, levando à maior absorção pela planta

(OLIVEIRA; et al, 2007).

Outro fator que deve ser considerado é o fato do Si ser de fácil lixiviação.

Levando em consideração a série liotrópica dos elementos no solo (FASSBENDER,

1978), na qual os nutrientes são classificados conforme sua susceptibilidade de

lixiviação e com seu raio iônico, tem-se que o silicato é um dos elementos mais

facilmente lixiviáveis no perfil do solo.

A fonte predominante do nutriente existente na solução do solo é

consequência da decomposição de resíduos vegetais, dissociação do ácido silícico

polimérico, liberação de Si dos óxidos e hidróxidos de Ferro e Alumínio (JONES;

HANDRECK, 1967). Além disso, pode ser adicionado no sistema através da adição

de fertilizantes silicatados e da água de irrigação.

3.2 Silício na Planta

O silício (Si) é absorvido pela planta na forma de ácido monosilícico (H4SiO4)

juntamente com a água (fluxo de massa) e se acumula principalmente nas áreas de

máxima transpiração como ácido silícico polimerizado (sílica amorfa).

Em geral, são consideradas plantas acumuladoras de silício, aquelas que

possuem teor foliar acima de 1%, e não acumuladoras plantas com teor de silício

menor que 0,5% (MA; et al, 2001).

O Si, ao ser absorvido pelas plantas, é facilmente translocado no xilema, e

tem tendência natural a se polimerizar. A distribuição do Si é diretamente dependente

das taxas de transpiração dos órgãos. Esta distribuição varia de acordo com a espécie

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estudada: ocorre de maneira uniforme em plantas que acumulam pouco Si, e nas

acumuladoras, como o arroz (Oryza sativa), 90% do elemento encontra-se na parte

aérea (MENGEL; KIRKBY, 1987).

Na planta, o silício concentra-se nos tecidos de suporte, do caule e nas folhas,

podendo ser encontrado em pequenas quantidades nos grãos. Em geral, o conteúdo

médio de silício das raízes é menor se comparado com o caule e folhas, e em alguns

casos, como por exemplo, a soja, o teor de Si na raiz é maior do que nas folhas

(OLIVEIRA, 2004).

É fato que o Si, em sua forma de sílica amorfa (Si2.nH2O), se acumula na

parede celular dos órgãos de transpiração, levando, desse modo, à formação de uma

dupla camada de sílica-cutícula e sílica-celulosa (MA; YAMAJI, 2006). Tal camada

protetora apresenta relação positiva com a redução da transpiração pela planta

(BARBOSA FILHO; et al, 2001), diminuindo a quantidade de água evapotranspirada

ao longo do ciclo, tornando a planta mais eficiente no uso da água e mais resistente a

possíveis situações de seca e melhora a arquitetura foliar, aumentando a atividade

fotossintética (SAVANT; et al, 1999).

Adicionalmente, o Si aumenta a resistência das plantas a estresses abióticos,

tanto de natureza física, incluindo fatores associados à temperatura, luz, seca,

geadas, ventos e encharcamentos, quanto os de natureza química, como desordens

nutricionais (MA, 2004).

Além disso, a dupla camada protetora formada pelo silício funciona como

barreira de resistência mecânica à invasão de fungos e bactérias para o interior da

planta (BERNI; PRABHU, 2003) aumentando, neste aspecto, a resistência pelas

plantas. E pelo mecanismo fisiológico, com a produção de substâncias que inibem a

ação do agente causal da doença, como as fitoalexinas (FAUTEUX; et al, 2005; MA;

YAMAJI, 2006). Logo, os efeitos benéficos do silício estão relacionados com a

tolerância de plantas a estresses, sejam estes, bióticos ou abióticos (EPSTEIN, 1999).

3.3 Silício X Estresses Abióticos

O Si não é considerado um elemento essencial para o crescimento e

desenvolvimento das plantas, mas tem sido associado a diversos efeitos benéficos,

como a diminuição do coeficiente de transpiração, com melhor aproveitamento da

água; maior teor de clorofila e maior rigidez estrutural dos tecidos e aumento da

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resistência mecânica das células, deixando as folhas mais eretas e aumentando a

área fotossintética e a absorção de CO2 (LIMA; et al, 2011). Além disso, melhora a

tolerância a estresses bióticos e abióticos, como o salino, tornando as células mais

tolerantes (EPSTEIN, 1999).

O estresse salino tem sido um grande obstáculo para o sucesso do uso de solos

afetados por sais para a produção agrícola, e sua exploração tem recebido atenção

mundial (ZHU; et al, 2004).

A salinidade é um dos principais estresses abióticos que afetam a produtividade

da planta. Plantas expostas ao estresse salino sofrem mudanças em seu

metabolismo, a fim de lidar com as mudanças que ocorrem em seu ambiente

(PARIDA; DAS, 2004), pois a salinidade do solo causa diversos impactos sobre a

cultura, como a redução da taxa de absorção, transporte, redistribuição e utilização

de nutrientes minerais (ALVES; et al, 2005).

Além do poder de afetar o crescimento da planta, por abaixar o potencial

osmótico da solução do solo, causando estresse hídrico, a salinidade provoca efeitos

tóxicos nas plantas que resultam em alterações no metabolismo e desordens

nutricionais (BLUMWALD; et al, 2000).

Apesar de diversos estudos comprovarem os efeitos benéficos do Si na

capacidade de aliviar estresse salino, os mecanismos para isso ainda não são bem

conhecidos. A ideia inicial de Matoh; et al (1986) era de que a deposição de sílica na

folha diminuía a transpiração e, por conseguinte, a acumulação de sal. Mais

recentemente, maior atenção tem sido dada ao aumento das habilidades de defesa

antioxidante nas plantas mediada por silício (ZHU; et al, 2004; SOYLEMEZOGLU; et

al, 2009) e ao seu efeito no transporte de íons (SHI; et al, 2013).

Tuna et al. (2008) observaram que o silício pode aliviar o estresse salino no

trigo (Triticum durum cv. Gediz-75 e Triticum aestivum cv. Izmir-85) cultivado em

solução nutritiva com NaCl (Cloreto de Sódio), diminuindo a permeabilidade das

membranas plasmáticas, alterada pela presença de sódio (Na), aumentando a matéria

seca e o teor de clorofila, e concentrando Na nas raízes. Lima; et al (2011) avaliaram

a capacidade do Si em atenuar os efeitos da salinidade em plântulas de milho e feijão-

de-corda, e observaram que somente para a cultura do milho, uma planta

acumuladora de Si, o elemento promoveu melhoras no crescimento das plântulas.

Zhu; et al (2004) verificaram em folhas de pepino que o Si pode agir para aliviar

estresse salino, diminuindo a permeabilidade das membranas plasmáticas e a

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peroxidação lipídica da membrana, mantendo a integridade e a função da membrana.

Além disso, o Si aumentou significativamente a atividade da enzima superóxido

dismutase.

Mateos-Naranjo; et al (2013) relataram que a adição de silício na solução

nutritiva pode melhorar significativamente os efeitos adversos da alta concentração

de sais sobre o crescimento das plantas, mesmo em halófitas, que possuem

mecanismos específicos de tolerância a sais. Os efeitos benéficos parecem ser

diversificados e semelhantes aos relatados para as plantas não adaptadas à alta

salinidade: a proteção de crescimento pode ser explicada em grande parte pelo seu

efeito na taxa fotossintética líquida. O Si aumenta, de acordo com os autores, a

fotossíntese, a transpiração e a condutância estomática mesmo em condições de alta

salinidade.

Em arroz, o crescimento da parte aérea e da raiz foi inibida em 60% na

presença de NaCl, mas a adição de Si aliviou significativamente a lesão induzida pelo

sal (MATOH; et al 1986). Da mesma forma que, a concentração de sódio na parte

aérea diminuiu aproximadamente pela metade; sendo a presença do Si atribuída à

diminuição da transpiração. Já os resultados encontrados por Shi; et al (2013) também

para a cultura do arroz, sugerem que o silício reduz o transporte de cloreto, reduzindo

o fluxo de desvio da transpiração, entretanto, os autores relatam a necessidade de

novos estudos.

Nascimento; et al (2014) avaliaram a utilização de Si na atenuação dos danos

de estresse salino em cultivares de sorgo (BRS 310 e BRS 800). As sementes foram

germinadas em papel germitest umedecido com água desionizada ou solução salina

(50 mM de NaCl). As plântulas oriundas da germinação foram transferidas para

solução nutritiva com NaCl (25 mM) e após 48 horas, para vasos com capacidade de

8 L de solução nutritiva de Clark (1975) e submetidas aos tratamentos com diferentes

concentrações de silício e estresse salino. Os autores observaram que, o Si foi capaz

de atenuar os danos do estresse salino e melhorar o crescimento nas cultivares.

Além do efeito benéfico em solos salinos, o Si tem sido eficiente para aliviar

os efeitos deletérios de metais em muitas plantas, em que estudos mostram que a

aplicação do Si em solos contaminados com cádmio (Cd) pode contribuir para a

diminuição de Cd nas partes aéreas de trigo, mesmo em concentrações elevadas de

Cd ou esse metal combinado com outros (RIZWAN; et al, 2012). A relação entre Si e

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a tolerância a metais pesados em plantas tem sido atribuída particularmente pela

modificação das propriedades da parede celular (YE; et al, 2012).

Ye; et al (2012) indicaram, em estudo com toxicidade de Cd em mudas

Kandelia obovata, que o Si tem um papel importante na redução dos efeitos causados

por esse excesso, sendo observado que o Si restringiu o transporte apoplástico de Cd

através da adsorção melhorada do elemento sobre as paredes das células, resultando

em redução da taxa de Cd no simplasto e alívio da toxicidade no citoplasma. De

maneira semelhante, Rizwan, et al (2012), estudando doses de Si na cultura de trigo,

notaram que a aplicação Si contribuiu na diminuição das concentrações de Cd na

parte aérea das plantas.

Zhang; et al (2008) concluíram, em condições de contaminação do solo com

Cd a longo prazo, que o Si aliviou sua toxicidade em plantas de arroz, aumentando a

biomassa para diluir o estresse de Cd, através do reforço da capacidade das raízes

em reter o Cd através do aumento de biomassa radicular e do conteúdo de Si na raiz.

Vaculik; et al (2009) relataram que adição de Si em solução hidropônica sob

concentração de 5 uM de Cd, teve efeito benéfico para o crescimento das plantas

jovens de milho, sugerindo que o Si aumentou a extensibilidade da parede celular,

mesmo quando Cd estava presente na solução.

Apesar do mecanismo responsável pelo aumento da tolerância a metais em

plantas tratadas com Si ainda ser um assunto sob discussão e resultados

contraditórios, Cunha e Nascimento (2009) observaram que em plantas de milho

tratadas com Si, Cd e Zn, não houve só aumento de biomassa como também a

acumulação de metal. Isto indica claramente, de acordo com os autores, que um

mecanismo mediado por silício desempenha o papel de aliviar o estresse pela

presença do metal.

O congelamento é outro estresse abiótico que pode ser amenizado com a

utilização de Si. Esse estresse pode causar danos irreversíveis nas células vegetais

devido às forças mecânicas geradas pela formação de cristais de gelo extracelular,

bem como a desidratação celular e aumento da concentração intracelular de

sais (LEVITT, 1980).

Em estudo realizado por Liang; et al (2008), avaliando o efeito do silício (Si)

no aumento da tolerância de duas cultivares de trigo à estresse por congelamento (-5

◦C), os autores relataram que o silício pode aliviar o estresse e melhorar o crescimento

do trigo sob congelamento. Os possíveis mecanismos envolvidos podem ser

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atribuídos à maior atividade de defesa antioxidante e diminuição da peroxidação

lipídica e permeabilidade da membrana, além do aumento da retenção de água nos

tecidos foliares.

O estresse por congelamento limita a fotossíntese e o crescimento de plantas,

isso pode estar associado ao dano oxidativo causado. Liu; et al (2009) ao avaliarem

os efeitos da aplicação de silício sobre as atividades das principais enzimas

antioxidantes e na peroxidação lipídica sob estresse por congelamento em mudas de

pepino (Cucumis sativus), observaram que a suplementação exógena de silício (Si)

conduziu a maior deposição de Si nas folhas de pepino e, assim, ocorreu aumento na

produção de antioxidantes como: superóxido dismutase, glutationa peroxidase,

ascorbato peroxidase, monodesidroascorbato redutase, glutationa redutase,

glutationa reduzida e ascorbato, e diminuição dos níveis de peróxido de hidrogênio,

radical superóxido e malondialdeído (MDA), que promovem a peroxidação lipídica.

Condições de estresse induzem a superprodução de espécies reativas de oxigênio

(ROS) que podem danificar as membranas lipídicas e aumentar o nível do MDA

(SMIRNOFF, 1993).

Habibi (2015) avaliou a extensão da peroxidação lipídica e do dano oxidativo

em folhas de pistache (Pistacia vera L. 'Ahmadaghaii') expostas à aplicação foliar de

silício (Si) sob estresse por congelamento, e observou que a aplicação de Si diminuiu

os efeitos nocivos do frio com aumento do teor relativo de água nos tecidos foliares e

redução da área foliar perdida por congelamento. Ademais, o estresse por

congelamento causou grande dano na membrana, determinado pela peroxidação

lipídica, mas a aplicação de Si reduziu significativamente esse dano, devido à

eliminação eficiente de antioxidantes pela superóxido dismutase (SOD) e peroxidase

(POD). Apesar do aumento da atividade da POD, plantas com Si acumularam os mais

altos níveis de peróxido de hidrogênio (H2O2), que, de acordo com o autor, pode atuar

como um sinal para a recuperação da lesão por congelamento.

A diminuição dos efeitos nocivos do frio nas plantas, a partir do aumento do

conteúdo relativo de água nos tecidos foliares e da matéria fresca da parte aérea, com

a aplicação de silício, pode ser devido à redução da perda de água através do

decréscimo da transpiração tanto cuticular, como estomática, e através da melhoria

na absorção de água diante do aumento de volume e peso das raízes (COOKE;

LEISHMAN, 2011; SONOBE; et al, 2011). Além disso, Habibi (2015) ressalta o papel

do Si como uma mera barreira física.

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Em relação a condições de déficit hídrico, a tolerância de plantas e esse tipo

de estresse tem sido associada ao acúmulo de enzimas na parte área, indicando ser

um mecanismo regulador de mudanças fisiológicas na planta, a partir da redução do

potencial hídrico celular, levando, consequentemente, ao fechamento dos estômatos

e ao desenvolvimento de processos oxidativos, por meio do acúmulo de prolina,

considerada como mecanismo regulador de perda de água na planta, além da

formação das espécies reativas de oxigênio (ROS): as enzimas antioxidantes

superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e ascorbato peroxidase (APX)

(GRATÃO; et al, 2005).

A literatura sugere que o Si seja capaz de diminuir os efeitos causados por

situações hídricas adversas. A deposição de Si na parede celular das folhas, formando

uma dupla camada protetora, evita grandes perdas de água nestas condições, devido

à menor taxa de evapotranspiração da planta (MARSCHNER, 1995). Gao; et al

(2006), estudando os efeitos do Si sobre a taxa transpiratória e condutância

estomática de plantas de trigo em condições de déficit hídrico, observaram significante

redução das mesmas tanto na superfície abaxial quanto na adaxial das folhas, porém

tais efeitos não foram observados sobre a cutícula. Tais resultados apontam o papel

do Si na diminuição da taxa transpiratória das plantas, a qual pode ser amplamente

atribuída à atividade dos estômatos.

Gong; et al (2008), em estudo realizado objetivando-se avaliar as alterações

fotossintéticas de plantas de trigo mediante aplicação de Si em condições de estresse

hídrico, concluíram que o elemento proporcionou aumento na taxa de CO2 assimilável

pelas folhas mediante o estresse e aumento da concentração das enzimas

relacionadas ao estresse hídrico, diminuindo os impactos do estresse pela planta. Isso

nos leva a concluir que o Si possa estar envolvido nas atividades metabólicas e/ou

fisiológicas das plantas submetidas a condições de estresse hídrico.

Corroborando, Hattori; et al (2005) ao investigarem os efeitos da aplicação de

silício na tolerância à seca de mudas de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench),

observaram que a aplicação de silício melhorou a diminuição no peso seco sob

condições de estresse, mas não teve efeito sobre a produção de matéria seca em

condições hídricas normais. Sob condições de seca, as plantas que receberam Si

apresentaram menor relação parte aérea/raiz, indicando a facilitação do crescimento

radicular e à manutenção do taxa fotossintética e condutância estomática em um

maior nível comparado com plantas cultivadas sem Si.

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O efeito da suplementação de silício (Si) em plantas de pistache (Pistacia vera

L. 'Ahmadaghaii') sob estresse hídrico em condições de campo, foi estudado por

Habibi; et al (2013), e os autores relataram que o tratamento com Si aumentou

significativamente a produção de matéria seca e o teor relativo de água nas plantas

sob estresse hídrico. A redução na taxa de assimilação líquida devido ao estresse

hídrico foi aliviada pela aplicação de Si, acompanhado por um aumento da

condutância estomática. Do mesmo tempo, que a aplicação de Si resultou na maior

atividade da catalase e da superóxido dismutase e menor peroxidação lipídica nas

folhas das plantas sob estresse. Sugerindo que a suplementação com Si de plantas

cultivadas em déficit hídrico, alivia os efeitos negativos da seca devido ao seu reforço

da eficiência fotoquímica e a troca gasosa fotossintética, bem como uma ativação da

capacidade de defesa antioxidante.

Da mesma maneira, Habibi; et al (2014) ao verificarem as implicações da

aplicação de silício (Si) sobre algumas características fisiológicas de plantas de canola

(Brassica napus L. cv. Okapi) cultivadas em vasos sob estresse hídrico por 25 dias,

constataram que as plantas que receberam Si exibiram maior massa seca de parte

aérea e de raiz, taxa de crescimento relativo, taxa de assimilação e teor relativo de

água, em comparação com aquelas sem Si sob condições de seca. Em plantas

suplementadas com Si e em déficit hídrico, a quantidade de malondialdeído (MDA)

manteve-se inalterada após 25 dias de estresse hídrico, devido à maior atividade da

superóxido dismutase (SOD) e da peroxidase (POD).

Em contrapartida, Melo; et al (2003), estudando o efeito da aplicação de Si

sobre a produção de matéria seca de duas espécies do gênero Brachiaria, em

condições de diferentes regimes hídricos no solo observaram que, apesar de as

plantas terem acumulado altas quantidades de Si na parte aérea, a tolerância de

ambas ao déficit hídrico não foi evidenciada na presença do elemento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de não ser considerado um elemento essencial às plantas, por não

atender aos critérios de essencialidade, o silício proporciona diversos efeitos

benéficos. Sendo isto, comprovado em muitos estudos, em que o elemento foi

eficiente na atenuação de estresses em plantas de diferentes naturezas, bióticos e

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abióticos. Quanto aos mecanismos envolvidos nessa indução de tolerância, estes

ainda não foram definidos.

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SOJA TRANSGÊNICA NO BRASIL: Aspectos Positivos e Negativos

Marcos Roberto Cossetin13

Marisa Claudia Jacometo Durante14

RESUMO A alteração do material genético para fins de produção industrial foi uma das mais importantes descobertas da ciência dos últimos anos, aliado à tecnologia agrícola se tornou possível à alteração do mecanismo celular das plantas para que as mesmas possam desencadear a produção de células geneticamente modificadas. Uma leguminosa em destaque na produção mundial é a soja, e esta passou a ser evidenciada pelas grandes empresas multinacionais que passaram a produzir plantas geneticamente modificadas. Este trabalho objetivou analisar os pros e contras na produção, comercialização e consumo de alimentos transgênicos a base de soja, viabilizando os possíveis aspectos, confrontando opiniões a base de pesquisas, matérias e artigos científicos, que de forma geral mostraram que houve aumento significativo de produção e eficiência, porém ainda falta maior base e pesquisas sobre os riscos causados por tais alimentos, uma vez que havendo qualquer possibilidade de risco para saúde, seu uso deve ser limitado ou extinto até que se prove em total contexto o contrário.

Palavras-chave: Soja. Transgenia. Biotecnologia.

1 INTRODUÇÃO

Desde o início dos tempos o homem vem buscando novas alternativas

genéticas para melhorar a produção de alimentos, a fim de fornecer as plantas

características de melhor adaptabilidade a diversas condições naturais. Com a

descoberta do DNA (ácido desoxyribonucleico) e suas bases sequenciais, pesquisas

científicas receberam um grande avanço deparando-se com novas possibilidades

através da engenharia genética e avanço na transgenia de alimentos.

Tema de caráter polêmico, os alimentos transgênicos aparecem nas últimas

décadas sendo uma das principais inovações na agricultura mundial. É o processo de

alteração genética de plantas, através de interferência e monitoramento do DNA dos

13 Artigo entregue como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista Gestão Estratégica em Negócios Corporativos, na Faculdade La Salle, 2017. E-mail: [email protected] 14 Doutora em Educação. Professora orientadora do artigo. E-mail: [email protected]

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organismos, onde é realizada as melhorias, aperfeiçoando as características positivas

(FORTUNA, 2009).

O início do século XXI destacou-se pelo sequenciamento do genoma humano

ampliando as probabilidades de trabalho em biologia molecular. A engenharia

genética proporciona a substituição de genes de um organismo para outro, mesmo

que estes sejam distantes na cadeia evolutiva, o que seria impossível através do

cruzamento convencional. Como decorrência, adquiriu-se um organismo transgênico,

que irá comportar uma ou mais particularidades modificadas pelo gene ou pelos genes

introduzidos. Entre as vantagens concebidas por essa nova tecnologia para a

agricultura mundial, está a possibilidade de se expandir a produção de alimentos com

maior teor nutricional e maior capacidade produtiva (GARRAFA; COSTA; OSELKA,

1999; INSTITUTO AKATU, 2003).

Segundo Aragão (2004) a genética de melhoramento de plantas conferiu um

aumento de 100% na produção, em relação a um aumento de 12% da área plantada,

ou seja, a capacidade produtiva por área teve uma alta expressão, além do fato de

adaptação a diferentes condições adversas. Com os avanços de pesquisas esses

valores podem-se tornar ainda maiores.

Na agricultura moderna, um dos produtos que mais tem estado em evidência é

a soja, pois a mesma proporciona altas produções e exportações, sendo uma fonte

de lucros e geradora de renda. Quando se fala em transgenia relacionada à soja, à

mesma provoca uma série de polêmicas sobre suas sementes, por serem modificadas

geneticamente, dadas suas vantagens e desvantagens de plantio e de

comercialização, do cultivo ao consumo final (SANTOS, 2003).

Para o consumidor, e todas as pessoas que estão envolvidas no processo de

produção de soja transgênica, existe o questionamento em âmbito geral se a mesma

apresenta algum maleficio para o meio ambiente e para a saúde, visto que os

benefícios são comprovados e a indagação é entorno dos pontos negativos.

Sendo assim, a pergunta norteadora do presente estudo se dá em relação ao

confronto das pesquisas e as bases relacionadas aos efeitos que produtos

transgênicos geram a produção e comercialização. De modo específico buscou-se

expressar resultados em relação ao aumento na produção através de sua eficiência e

resistência a herbicidas, como é realizada a transgenia em plantas, os efeitos que

essas alterações podem causar a quem consome produtos transgênicos e pesquisas

relacionadas à saúde humana e animal.

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Deste modo justifica-se levantar aspectos sobre os pontos positivos e negativos

da produção de alimentos transgênicos. Por um lado, existem grupos de pensamentos

com uma opinião favorável, e por outro, discussões sobre os malefícios que a

transgênica pode causar.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Características Gerais Da Soja

A soja (Glycine max) teve como origem o quente e chuvoso sudoeste asiático,

localizado onde atualmente estão o Vietnã, a Malásia e a Tailândia, reunidos quase

totalmente em uma península. Há relatos de seu cultivo há mais de 6 mil anos na

China. Atualmente o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas

dos Estados Unidos (GOMES, 1990).

Considerado um dos grãos mais ricos em proteínas, em torno de 40%, e óleo,

20%, a soja é um dos vegetais mais importantes do mundo, sendo que a variedade

cultivada no Brasil possui um teor médio de 38% de proteína e 19% de óleo

(SEDIYAMA, 2009).

Relacionando ao agronegócio de nível mundial, a produção de soja no Brasil

se destaca como sendo uma das atividades que apresentou um crescimento

realmente expressivo, como mostra a figura.

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Nesse contexto o Brasil possui uma participação significativa na oferta e na

demanda de produtos relacionados à produção de soja. Segundo dados da Conab

(2009) e IBGE (2009) na safra 2008/2009, as exportações de soja representaram 25%

das exportações do agronegócio nacional e 9,1% das exportações totais do País.

Dados da USDA (2009) são de que em termos mundiais, o Brasil participa com cerca

de 27,1% da produção e 39% das exportações de soja em grãos.

2.1.2 Aspectos da soja transgênica

Transgênicos, de modo geral, são organismos que foram submetidos a técnica

de engenharia genética, sendo inserido um ou mais genes de outra espécie em seu

genoma. O prefixo “trans” do latim significa “mudança”, e “gênico” “pertencente ou

relativo ao gene”, em outras palavras, os transgênicos possuem modificação em seus

genes originais (GALVÃO, 2002).

Para Beever (apud TASCA, 2001, p.114) “os alimentos transgênicos, ou

geneticamente modificados como são também conhecidos, são os instrumentos mais

eficientes à disposição da ciência para enfrentar os desafios alimentares das próximas

décadas”. Na aparência, a soja transgênica é uma soja como qualquer outra.

Entretanto, as plantas de 60 centímetros de altura, com folhagem saudável, que

crescem no campo de teste da empresa de biotecnologia Monsanto, pertencem a um

novo grupo do reino vegetal: o das plantas transgênicas. Recebem este nome por

serem geneticamente modificadas em laboratório com adição de um gene de outra

espécie para ganhar alguma característica favorável. No caso da soja, o gene vem de

uma bactéria e confere à planta resistência a um dos herbicidas mais usados na

agricultura (COMO, 1998).

A Cartilha do Greenpeace, elaborada pela jornalista Cristina Bodas (2006)

explica que os transgênicos são produzidos por meio da transferência de genes de

um ser vivo para outro, geralmente entre espécies diferentes. A forma mais comum

de transgenia acontece nas plantas. No milho, por exemplo, a tecnologia foi utilizada

para inserir um gene que o tornou resistente a alguns tipos de pragas comuns nesse

cultivo. Outros exemplos são a soja, o trigo, a canola e o algodão que se tornaram

tolerantes a um tipo de herbicida ou resistente a pragas (MONSANTO, 2004).

Os transgênicos começaram a ser produzidos em nível de valor comercial

principalmente na década de 1980. O mercado mundial de plantas transgênicas, em

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1995 estava estimado em 75 milhões de dólares, e calcula-se que no ano 2010 chegue

a atingir 25 bilhões de dólares. As primeiras plantas transgênicas foram empregadas

na China na década de 1990, nos Estados Unidos à primeira aprovação do uso de

transgênicos foi em 1994, quando a empresa Calgene lançou um tomate com

resistência a longos períodos de armazenamento (AZEVEDO; FUNGARO; VIEIRA,

2000).

São considerados organismos geneticamente modificados (OGM).

Todo organismo cujo material genético (DNA/RNA) tenha sido

modificado por qualquer técnica de engenharia genética, envolvendo

atividade de manipulação de DNA/RNA recombinante, mediante a

modificação de segmentos de DNA/RNA natural ou sintético que

possa multiplicar-se em uma célula viva (SCALZILLI, 2005, p.91).

No Brasil atualmente existe legislação especifica para controle de soja

transgênica, onde normas de biossegurança regulamentam o uso de organismos

modificados pelo uso de técnicas de biotecnologia. Essas normas são

regulamentadas pelo decreto nº 1.752 que dispõe sobre a vinculação, competência e

comissão técnica de biossegurança, que integram o Ministério de Ciência e

Tecnologia (IDEC, 2003).

2.2 Transgênicos no Brasil

Santilli (2009) explica que as primeiras lavouras transgênicas começaram a ser

cultivadas a partir de 1996, onde as espécies mais cultivadas são soja, milho, algodão

e canola, com destaque para a soja que é dominante em todo o país.

Estudos realizados por Hirakuri; Lazzarotto (2011), apontam que o Brasil é o

considerado nos tempos atuais um dos maiores produtores de soja do mundo,

perdendo apenas para os Estados Unidos. A soma da produção de soja envolvendo

Brasil, Estados Unidos, Argentina e China representa aproximadamente 82% da

produção mundial.

Para possibilitar o desenvolvimento da biotecnologia com segurança, o Brasil

estabeleceu, por meio de legislação específica, normas de biossegurança que

regulamentam o uso da engenharia genética e a liberação no meio ambiente de

organismos modificados por essa técnica. Essas normas são reguladas pela lei nº

8.974, regulamentada pelo decreto nº 1.752, que dispõe sobre a vinculação,

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competência e composição da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, que

integra a estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (IDEC, 2003).

2.3 Biotecnologia

No ano 1850 houve um rápido crescimento de áreas como microbiologia,

bioquímica e genética, acelerando técnicas empregadas a engenharia genética, seja

na produção vegetal ou animal. Em 1914, o engenheiro Karl Ereky, definiu pela

primeira vez biotecnologia como a ciência e os métodos que permitem a obtenção de

produtos a partir de matéria-prima, mediante a intervenção de organismos vivos

(AZEVEDO, 2004).

A biotecnologia é uma das ferramentas tecnológicas mais importantes da

atualidade. Suas aplicações têm contribuído para a estruturação de novos sistemas

econômicos e sociais, o desenvolvimento dos países, especialmente a partir da

manipulação das menores estruturas que compõem os seres vivos (MAPA, 2010).

Em qualquer aplicação que utilize tecnologia em sistemas biológicos,

organismos vivos, seus derivados, para modificar e/ou fabricar produtos ou processos

para alguma utilização especifica (AZEVEDO, 2004).

A biotecnologia pode ser definida como um conjunto de técnicas de

manipulação de seres vivos ou parte destes para fins econômicos.

Esse conceito amplo inclui técnicas que são utilizadas em grande

escala na agricultura desde o início do século XX, como a cultura de

tecidos, a fixação biológica de nitrogênio e o controle biológico de

pragas. Mas o conceito inclui também técnicas modernas de

modificação direta do DNA de uma planta ou de um organismo vivo

qualquer, de forma a alterar precisamente as características desse

organismo ou introduzir novas (JARDIM DA SILVEIRA, 2005, p.57).

A Biotecnologia, ou os processos biotecnológicos, podem ser definidos como a

utilização de células e moléculas biológicas para a solução de problemas ou produção

de produtos ou processos úteis, com potencial industrial em diversas áreas do

conhecimento (KREUZER; MASSEY, 2002).

As biotecnologias em seu sentido mais amplo compreendem a manipulação de

microrganismos, plantas e animais, objetivando a obtenção de processos e produtos

de interesse. É importante destacar que a biotecnologia tem um enfoque

multidisciplinar, já que envolvem diferentes áreas do conhecimento que incluem a

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ciência básica, Biologia Molecular, Microbiologia, Biologia celular, Genética,

Genômica, Embriologia etc. e, a ciência aplicada Técnicas imunológicas, Químicas e

Bioquímicas e outras tecnologias que incluem a matemática básica e aplicada

Informática, Ciências da computação, robótica e Controle de processos (BORZANI; et

al., 2001).

3 METODOLOGIA

Esse estudo utilizou de resultados de pesquisas realizadas através de

experimentos tanto em campo como em laboratório. As análises foram feitas através

da observação da divergência entre diferentes opiniões e resultados. O confronto das

informações e análise dos aspectos positivos e negativos mostra ainda poucas

afirmativas satisfatórias, sendo que muitas vezes fica a cargo de quem realiza a

pesquisa expressas uma opinião em relação ao assunto em questão.

Dentre os artigos consultados para realização desta pesquisa, destacam-se o

artigo Aspectos Socioeconômicos da Soja no Brasil, publicado por Lucia de Souza no

ano de 2003, que faz uma explanação sobre os principais pontos de discussão sobre

a utilização da soja transgênica, também fica evidenciado o trabalho Biotecnologia,

Biodiversidade e Conhecimentos Tradicionais, da autora Maria do Carmo Azevedo,

publicado no ano de 2000, que abrange sobre o conhecimento e impacto que os

alimentos transgênicos exercem sobre o meio social.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Aspectos Positivos da Soja Transgênica

Souza (2003) aponta que a biotecnologia implantada na agricultura apresenta

vários benefícios econômicos, podendo levar a economia para cima ou para baixo,

dependendo de como for adotada.

Os alimentos transgênicos são produtos da biotecnologia que favorecem social

e economicamente o país. Para o Brasil o aumento da produção de soja gera o

desenvolvimento econômico uma vez que aumenta a rotatividade comercial dentro e

fora do país (SILVA, 2005).

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Câmara (2009) aponta que os alimentos transgênicos se destacam por trazer

benefícios positivos para a população em geral como a expansão do conhecimento

cientifico, desenvolvimento de alternativas de produção agrícola em locais que antes

sem a tecnologia não poderiam ser agricultáveis e sementes que geram plantas

produtoras de grãos com capacidade nutricional elevada. A autora ainda ressalva que

a expansão da ciência e a capacidade de produção em locais que antes improdutivos,

são louváveis, pois conferem benefícios ao desenvolvimento social, contribuindo para

a diminuição da fome no mundo.

Vários exemplos de plantas transgênicas que surpreenderam quanto aos

benefícios para os produtores rurais e para a população em geral podem ser citados.

Uma delas é a soja transgênica, que de acordo com Azevedo (2000), trata-se de

organismo com o gene de resistência ao glifosato, princípio ativo do herbicida

Roundup comercializada pela empresa Monsanto, a técnica consiste em alterar o DNA

dessa soja, designada como soja RR, aplicando nela um gene adicional, proveniente

de uma bactéria do solo, do gênero Agrobacterium, que confere resistência ao

glifosato e foi incorporado à soja por técnicas de engenharia genética. O herbicida

glifosato hoje é muito utilizado para o controle de plantas invasoras que desencadeiam

perdas para produção, atuando por competitividade de espaço e nutrientes. Soja com

resistência a este herbicida potencializa sua aplicação, uma vez que sua ação será

expressa somente aquelas que não possuem tal gene resistente.

As plantas geneticamente modificadas apresentam propriedades nutricionais

maiores, com maior volume incorporado de proteínas, vitaminas, composição de

ácidos graxos e de suplementos minerais. Assim, pode-se afirmar que alimentos

derivados de plantas transgênicas são equivalentes ou mesmo superiores aos

alimentos convencionais, no que se refere a questões de saúde (ALMEIDA;

LAMOUNIER, 2005).

Os benefícios ambientais são evidentes e relacionam-se com impacto positivo

no aprimoramento das práticas de cultivo e na melhoria da qualidade dos produtos

agrícolas, no aumento da renda dos produtores e da economia dos países que

adotaram a biotecnologia. Os cultivos transgênicos no mundo resultaram na

diminuição da emissão de 14,2 bilhões de quilos de CO2, equivalente à remoção de

6,3 milhões de carros de circulação durante um ano. Isso é decorrente do menor

número de aplicações de herbicida e da redução nos sistemas de preparo de solo ou

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plantio direto, culminando na conservação do solo e nos ganhos com impacto positivo

para todos os países (CIB, 2010).

4.2 Aspectos Negativos da Soja Transgênica

Se por um lado temos os fatores positivos para a soja transgênica, em

contrapartida existem os fatores que devem ser ponderados diante dos riscos à saúde

humana, animal e ao meio ambiente. Existem grupos de pessoas que defendem que

os transgênicos são alimentos invasivos, porém não há nada que prove seus

malefícios de forma concreta, existindo alguns fatores que levam a acreditar que os

alimentos transgênicos são de fato danosos (AZEVEDO, 2000).

De acordo com Souza (2003) existem alguns aspectos da soja transgênica

considerando desvantagens como, por exemplo, o gene de que é inserido no DNA da

planta não pode ser controlado completamente, ocasionado possíveis resultados

inesperados que tendem a ficar fora de controle, pois os genes transferidos são de

espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias

em plantas e até de humanos em animais, pois a engenharia genética não respeita as

devidas fronteiras da natureza.

Outro fator são as alergias que os alimentos transgênicos podem causar. Um

número considerável de pessoas no mundo é alérgico a determinados alimentos e

com a transgenia pode haver um significativo aumento em relação aos alimentos

convencionais (SOUZA, 2003).

As preocupações básicas acerca do uso de alimentos geneticamente

modificados vêm a ser o receio da ocorrência de reações não esperadas produzidas

pela transferência de material genético, da formação de novas proteínas alergênicas,

da produção de compostos tóxicos, e da diminuição da qualidade dos nutrientes nos

alimentos (XAVIER; LOPES; PETERS, 2009).

Há ainda o medo da diminuição ou perda da biodiversidade, pois as plantas

que não sofreram modificação genética podem ser eliminadas pelo processo de

seleção natural, uma vez que as transgênicas possuem maior resistência às pragas e

pesticidas. O aumento da resistência aos pesticidas acarreta um aumento no consumo

deste tipo de produto que independentemente de eliminar pragas prejudiciais à

plantação, pode também, matar populações benéficas como abelhas, minhocas e

outros animais e espécies de plantas (PIMENTEL, 2011).

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582

4.3 Contextualização dos Dados

A soja transgênica está em alta no mercado consumidor e em grande escala

na produção agrícola do Brasil, sendo hoje um produto de ampla aplicação na indústria

alimentícia nacional e internacional. Estudos apontam que a maior parte da soja

produzida nos tempos atuais apresenta modificação genética, e os seus principais

derivados são: grãos, farelos e óleos (GAVIOLI, 2015). Segundo dados da Céleres

Consultoria, no período de 2008 a 2011 a grande maioria dos registros avaliados

foram de produtos transgênicos. A figura abaixo mostra esse crescimento partindo do

ano de 2002 até 2011 e o número de variedades disponíveis no mercado.

Pelos conhecimentos disponibilizados à sociedade, a biotecnologia não gera

os males que uns propalam e nem se constitui em um perigo que alguns sustentam.

Parece constituir-se muito mais num instrumento para o bem-estar da humanidade,

do que numa ameaça à sua sobrevivência (DALL’AGNOL, 2000).

Em contrapartida, não há base científica suficiente para determinar e

quantificar sua ação danosa ou não é possíveis problemas ocasionados pelo consumo

de produtos transgênicos. Alterações causadas em camundongos alimentados com

soja transgênica Roundup Ready, produzida pela Monsanto, com o objetivo de ser

resistente ao herbicida glifosato, mostraram significativas alterações e problemas no

fígado. Outros relatos fornecidos pelo laboratório do York Laboratory do Reino Unido

mostram um aumento significativo na avaliação de 4.500 pessoas com propensão a

reações alérgicas a uma vasta gama de alimentos, pulando de 10% para 15% das

pessoas afetadas avaliadas. As reações avaliadas foram síndrome do intestino

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irritável, problemas digestivos, fadiga crônica, dores de cabeça e letargia (SMITH,

2009).

Além do fato de apresentar possíveis problemas para saúde, aspectos

relacionados ao meio ambiente e suas alterações levam a avaliações dos riscos da

utilização de soja transgênica. Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente

(2017), o cultivo de plantas transgênicas poderá provocar a disseminação de

transgene cujos efeitos sobre os componentes da biodiversidade, são difíceis de

estimar e irreversíveis; a ameaça à biodiversidade decorre das propriedades

específicas de cada transgene; a inserção de uma variedade transgênica em uma

comunidade de plantas pode proporcionar vários efeitos indesejáveis, como a

alteração populacional ou a própria eliminação de espécies não domesticadas; a

exposição de espécies a novos patógenos ou agentes tóxicos e a geração de super

plantas daninhas ou super pragas.

A principal preocupação está na inserção de produtos transgênicos no campo

e os possíveis efeitos que os mesmos podem causar. A Resolução nº 394, em sua

Declaração sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, afirma que quando houver

ameaça de danos ambientais graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica

não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e

economicamente viáveis para prevenir degradação ambiental. Onde há riscos na

utilização de determinados produtos, devem ser avaliados métodos de segurança

para sanar tais riscos, avaliados não somente em âmbito científico, mas também

econômico (SMITH, 2009).

Para critérios informativos ao público consumidor, produtos comercializados

com produção transgênica devem ser informados e destacados no rotulo do alimento,

a fim de informar a procedência do produto adquirido e deixar a critério de quem o

consome o poder de escolha. Para Claudia Lima Marques (2011) a garantia de

confiança estabelecida entre o consumidor e o contratante deve ser realizada sem

garantir privilégios, mas cumprindo todos os direitos jurídicos de lealdade informativa.

Aqui o direito do consumidor em ser informado e o dever de informar

dos fornecedores é o mesmo dos outros ingredientes, sem privilégios

para agricultores ou para a indústria brasileira, cuja utilização de

transgênicos é também decisão política e econômica, mas sempre

com cumprimento dos deveres jurídicos de boa-fé e lealdade

informativa (MARQUES, 2011, p.78).

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Para Smith (2009), os problemas na utilização de transgênicos vão muito além

dos seus benéficos, uma vez que o aumento na produção de alimentos não resolverá

o problema como um todo, pois o problema não está diretamente na falta de alimento,

mas em sua má distribuição. Estudos mostram que 78% das pessoas malnutridas

vivem em países em desenvolvimento com excesso de alimentos, concluindo que o

problema da fome não está totalmente ligado a quantidade de alimento disponível.

Ainda ressalta que existem métodos para aumentar e melhorar a produção com

menos riscos à saúde e ao meio ambiente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os possíveis riscos causados pelo consumo de produtos transgênicos não

devem ser esquecidos devido somente pelo aumento da produtividade. Os resultados

encontrados em pesquisas demonstradas trazem a dúvida e a necessidade de um

estudo mais aprofundado e de maiores investimentos relacionados a pesquisas

profundas sobre o tema.

Com base nos dados destacados no decorrer do trabalho, a discussão em

relação ao uso de transgênicos, pode ser observando os benefícios e malefícios que

trazem a produção, suas características econômicas, uma vez que o número

populacional mundial sempre estará em alta, e adquirir soluções para melhorar e

aumentar a oferta de alimentos é um dos principais empasses para quem produz e

comercializa, visto que o Brasil tem grande importância na produção de soja em

âmbito nacional e internacional.

A substituição na produção de soja convencional por soja transgênica é uma

tarefa difícil, pois vários critérios devem ser avaliados, com uma série de

comparações. Fornecer produtos transgênicos e se certificar de sua ação ainda não

é algo possível nos dias de hoje. Faltam pesquisas de base científica e econômica

mais precisas em relação a suas ações. É primordial avaliar seus efeitos antes de sua

inserção e liberação significativa a produção, uma vez que é mais fácil solucionar um

problema quando a mesmo está em pequena escala, do que corrigir os efeitos depois

do problema já implantado.

A questão da saúde e segurança alimentar deve estar em alta, uma vez que

possíveis alimentos podem trazer danos perigosos à saúde de quem os consome, se

tornando cada vez mais evidente os malefícios que produtos transgênicos podem

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causar. Apesar do grande crescimento em relação à biotecnologia, os risos ainda

continuam os mesmos. A questão de plantas transgênicas apresentarem genes que

não estão inseridos em populações naturais, traz dúvidas em relação a possíveis

efeitos colaterais a curto e longo prazo.

A busca pelo aumento da produção e comercialização da soja, que hoje é um

dos principais grãos produzidos e de retorno mais rentáveis, leva a uma facilidade de

comercialização de semente transgênicas, que justificam sua semelhança química as

demais sementes, fato que não garante total segurança.

Vale ressaltar então a importância de uma rotulagem em produtos

transgênicos, fornecendo opção de escolha para o consumidor. Como sua ação

implica em diferentes opiniões acerca de seus efeitos, cabe então ao público alvo

decidir se opta pelo consumo ou não de produtos geneticamente modificados.

Deste modo o presente trabalho trás os aspectos positivos em relação ao uso

da soja transgênica, porém mostra os possíveis riscos em seu consumo e ressalta a

importância de pesquisas e experimentos que garantam sua utilização.

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TRATAMENTOS NÃO CONVENCIONAIS EM SEMENTES DE MILHO (Zea mays)15

Carlos Henrique Pereira Rosa16

Kairo Henrique Macedo Pires

Wellington Xavier

Camila de Aquino Tomaz17

1 INTRODUÇÃO

A cultura do milho (Zea mays) no Brasil tem obtido um crescimento significativo

de produtividade em diversas áreas do pais, segundo a previsão da Companhia

Nacional de Abastecimento (CONAB, 2017) na safra 2016/2017 o Brasil foi

responsável em produzir 59,67 milhões de toneladas, em uma área de 11,25 milhões

de hectares, tendo um grande aumento de produtividade também tem com um

aumento no Produto Interno Bruto (PIB).

Grande perca de produtividade ocorre desde o da instalação da cultura, como

pragas de solo: larva alfinete (Diabrotica especiosa), larva arame (Conoderus

scalaris), coró (Coleoptera, Melolonthidae), percevejo castanha (Hemiptera:

Cydnidae), lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus) lagarta rosa (Agrotis

subterrânea). O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas é prática muito

utilizada para o controle e se faz necessária para os produtores em manejo de

qualquer cultura, pois além do controle patógenos, insetos e pragas subterrâneas

antes e durante a germinação da cultura implantada afetando vigor e sanidade da

semente, com isso se torna uma prática bastante eficiente para ter uma população

adequadas de plantas durante a semeadura e no decorrer da cultura até a produção

final, mesmo sob condições adversas. Por mais que existam tratamentos específicos

no mercado, produtores acabam por experiência utilizando tratamentos não

convencionais.

15 Trata-se de projeto de pesquisa. 16 Projeto de Pesquisa apresentados pelos acadêmicos do Curso de Agronomia da Faculdade La Salle, 2017. 17 Professora Doutora, orientadora do projeto de pesquisa. E-mail: [email protected]

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591

Pretende-se a partir deste projeto de pesquisa demonstrar como alguns,

tratamentos não convencionais podem vir a minimizar ou até solucionar problemas

com danos de pragas.

Temos como objetivo demonstrar neste projeto, utilizando teste para comparar

o vigor, germinação, stand, a partir tratamentos não convencionais.

A partir de diferentes princípios ativos de inseticidas e fungicidas, procurar uma

mistura onde poderá existir uma eficiência no controle de patógenos que não

interferirá na germinação. Buscar uma eficiência no stand para garantir produtividade,

mostrar como os tratamentos não convencionais podem oferecer para melhorar da

cultura

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Magalhães (2002), o milho pertence à família Graminácea, subfamília

Panicoideae, tribo Maydeae, gênero Zea, nome botânico Zea mays. É uma planta de

ciclo curto, de porte variável, com cultivares que atingem até 3,5 m de altura, possui

raízes fasciculadas, folhas alternas lanceoladas, colmo cheio, dividido por nós;

comumente tem uma a três espigas, inflorescência feminina que sai das axilas das

folhas; na parte terminal do colmo está a flecha (inflorescência masculina em forma e

espiga composta). O milho é uma planta monoica, em que o tipo de polinização

principal é anemófilo. O grão de milho é o fruto seca cariopse, onde se tem da periferia

para o seu interior, o pericarpo, a camada de aleurona, o endosperma; unindo este ao

embrião está o escutelo. No embrião destaca-se a coleóptilo, a plúmula e a radícula.

O milho, à semelhança de outras gramíneas, é também uma planta C4' porque a

fixação e redução de CO2, na fotossíntese, se dá com auxílio de ácidos orgânicos de

quatro átomos de carbono, numa sequência de reações que precedem o ciclo de

Calvim. O rendimento da cultura de milho depende dos materiais genéticos

selecionados e perfeitamente adaptados às condições ambientais diferentes; das

condições de luz, temperatura, umidade e fertilidade do solo; das fórmulas de

adubação usadas e do controle de plantas invasoras, pragas e doenças.

2.1 Tratamento de Sementes

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592

De acordo Cruz (1998a), o controle químico e um método atualmente mais

apropriado e eficaz para o controle das pragas iniciais do milho. Atualmente existem

princípios ativos que protegem as sementes e as plantas recém-emergidas de ataques

de pragas e doenças fúngicas.

Ainda segundo Albuquerque (2010), o tratamento de sementes de milho visa,

principalmente, à proteção contra os fungos do solo como as espécies dos gêneros

Pythium, Rhizoctonia, Fusarium e Diplopia (PINTO, 1993), as quais podem causar

podridões de sementes e radiculares e, morte de plântulas em pré e pós-emergência

e, o que leva à formação de um estande irregular.

A utilização de medidas químicas de controle, por ocasião do plantio,

principalmente no caso de inseticidas sistêmicos, apresenta algumas vantagens em

relação ao sistema convencional onde ocorre percas como stand, produção

(CRUZ,1998b).

2.2. Identificação de Pragas

A ocorrência de pragas destaca-se como importante fator limitante do potencial

de produção da cultura do milho, podendo afetá-la desde a fase de germinação até a

fase reprodutiva (GASSEN, 1996).

2.2.1 Pragas subterrâneas

Segundo Cruz (1994), as pragas subterrâneas são apontadas na literatura

como pragas subterrâneas que se alimentam de diferentes hospedeiros, incluindo o

milho. Insetos tais como cupins (diversas espécies distribuídas nos gêneros

Heterotermes, Cornitermes e Procornitermes), bicho-bolo ou coró (Cyclocephala sp.),

larva-arame (Agriotes sp.), percevejo castanho, (Scaptocoris castaneum) e percevejo-

Preto, (Cynononemus mirabilis), larva-angorá, Astylus atromaculatus e A. variegatus,

larva alfmete (Diabrotica speciosa e provavelmente outras vaquinhas), entre outros,

são os mais comumente citados.

2.3 Métodos e Controles

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Os principais inseticidas utilizados para a cultura do milho são fipronil,

thiamethoxam e imidacloprid. O fipronil é uma molécula extremamente ativa

pertencente ao grupo químico dos fenilpirazóis. Atua no sistema nervoso central,

especificamente no sistema ácido gama-aminobutírico (GABA) o qual é importante

transmissor de impulsos nervosos (neurotransmissor), apresenta-se ativo

principalmente por ingestão, determina paralisia espástica, morte e eliminação dos

insetos sensíveis (TINGLE; et a., 2000). Já o thiamethoxam e o Imidacloprid

pertencem ao grupo dos neonicotinóide, e atuam em nível de receptores nicotínicos

da acetilcolina (STENERSEN, 2004).

3 METODOLOGIA

O projeto trata-se em avaliar a interferência do tratamento não convencional

em sementes de milho, no seu desenvolvimento (vigor, germinação, stand inicial), o

projeto será conduzido na área experimental disponibilizado pela Faculdade La Salle

localizada em Lucas do Rio Verde - MT na latitude 13°04'18.3"S longitude

55°56'39.3"W.

O projeto será conduzido sob o sistema de plantio direto utilizando a espécie

Zea Mays em específico o híbrido Formula Vip2 com espaçamento de 0.6 metros entre

linhas e em parcelas de 2,4 metros x 4 metros por 1 metro de carreador com

densidade populacional de 83.330 plantas por ha (5 sementes por metro).

3.1 Tratamento

Utilizará 4 tratamentos + 1 tesemunha sendo 4 repetições por parcela:

Tratamento1: (Abamectina 520g/L)+(Imidacloprido 150g/L+ Tiodicarbe 450g/L

)

Tratamento2: (Thiamethoxan 350g/L)+(Piraclostrobina 25g/L+Tiofonato metíli

co 225g/fipronil 250g/L)

Tratamento 3: (Metalaxil 10g/L + Fludioxonil 25g/L) + (Ciantraniliprole 600g/L)

+ (Thiamethoxam 200g/L+Clorantraniliprole 100g/L)

Tratamento4: (Clorantraniliprole 625g/L)+(Imidacloprido 150g/L+Tiodicarbe 45

0g/L)

Tratamento5: testemunha

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594

3.1.1 Método de tratamento

Será utilizado pacotes plásticos, seringas e EPIs para realizar o tratamento, em

um local apropriado e arejado. Pretende utilizar-se as seguintes doses e produtos no

quadro 1:

QUADRO 1 - Relação de produtos e dosagens

Princípio ativo Dose

\100kg

Nome comercial

(Abamectina 520g/L)+(Imidacloprid 150g/L+

Tiodicarbe 450g/L)

70ml+350ml Avicta500FS+CRO

PSTAR

(Thiamethoxam 350g/L)+(Piraclostrobina 25

g/L+Tiofonato metílico 225g/fipronil 250g/L)

120ml+200

ml

CRUISER 350FS +

STANDAK TOP

(Metalaxil 10g/L + Fludioxonil 25g/L

Tiabendazol150g/L) +

(Ciantraniliprole 600g/L) +

(Thiamethoxam 200g/L+Clorantraniliprole 1

00g/L)

150ml+350

ml

MAXIM

ADVANCED+

FORTENZA 600FS

(Clorantraniliprole 625g/L)+(Imidacloprido 1

50g/L+Tiodicarbe 450g/L)

72ml+350ml DERMACOR

+CROPSTAR

Testemunha Sem tratamento

3.2 Croqui do Projeto

Espaçamento entre linhas: 0,60 m

Parcelas: 2,4m x 4m (4 linhas/parcela) + 1m de carreador

Número de sementes: 5 sementes/m (83.330 plantas/ha)

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QUADRO 2 - Croqui

T5 T2 T3 T4

T4 T1 T5 T2

T3 T4 T2 T1

T2 T5 T1 T3

T1 T3 T4 T5

10m = 4 parcelas com 4 linhas e espaçamento de 0,60m

3.3 Cronograma

Tendo como planejamento de atividades durante a implantação do projeto:

Atividade

s

29/

07

10/

08

12/

08

07/

10

20/

10

21/

10

28/

10

4/

11

11/

11

18/

11

25/

11

30/

11

Definição

do grupo

x

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596

Definição

do tema

x

Delimitaç

ão e

escolha

da área

x

Teste de

germinaç

ão do

híbrido

Tratamen

to das

sementes

Instalaçã

o do

ensaio

Avaliação

da

germinaç

ão

Avaliação

do vigor

Stand e

danos

por praga

Danos

por

pragas

Sumariza

ção dos

resultado

s

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