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LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Gabriela Mendes de Carvalho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro, Agosto de 2017

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LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO

CIVIL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Gabriela Mendes de Carvalho

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheira.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro,

Agosto de 2017

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LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Gabriela Mendes de Carvalho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA CIVIL.

Examinado por:

______________________________________________

Prof: Jorge dos Santos, D. Sc.

______________________________________________

Prof: Luís Antônio Greno Barbosa, D.Sc.

______________________________________________

Prof: Wilson Wanderley da Silva

______________________________________________

Prof: Willy Weisshuhn. M. Sc.

Rio de Janeiro

Agosto de 2017

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Carvalho, Gabriela Mendes

Levantamento de Resíduos Gerados pela Construção Civil

na Cidade do Rio de Janeiro/ Gabriela Mendes de Carvalho –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

XV, 99 p.: il.; 29,7cm

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, ênfase em Construção Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 93-99.

1. Resíduos da Construção Civil. 2. Rio de Janeiro. I.

Santos, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil ênfase em

Construção Civil. III. Título.

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À minha família.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmã por todo o amor, carinho e suporte para que eu

alcançasse todos os meus sonhos.

Ao meu orientador, Jorge Santos, por toda e dedicação, não somente comigo, mas,

também, com todos os diversos alunos que recorrem a ele por ser um professor

atencioso. Por toda a paciência com os apertados prazos para elaboração do projeto e

por compreender que seus alunos não tem apenas esta atividade. Por nunca se negar a

orientar algum aluno, mesmo com a agenda bem carregada. Existem sempre dois

caminhos a se trilhar, um deles é sempre mais fácil.

À Bruna Maffei por ter me acompanhado desde o primeiro dia de aula (quando eu

a escolhi como amiga), em momentos bons e ruins. Por ser uma entusiasta das

conquistas de todas as pessoas que tem o privilégio de fazer parte da sua vida. E por ser

a pessoa mais solícita que já conheci.

À Aline Esperança por ser a ouvinte mais paciente de todas as lamúrias e

reclamações que já proferi. Por ser – quase que maternalmente – compreensiva com

meus momentos de insatisfação. E por ter sido uma exímia professora, não somente

para mim, como para outros alunos que tiveram a oportunidade de aprender com ela.

À Luisa Mendes por toda disposição e companheirismo. Por estar sempre disposta

a me acompanhar, independente de onde fosse. Por ter me feito feliz em diversos

momentos, simplesmente por se fazer presente. Por ter me feito reaprender a amar. E

por ter trazido à minha vida, seu companheiro de alma – Leandro.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Levantamento de Resíduos da Construção Civil na Cidade do Rio de Janeiro

Gabriela Mendes de Carvalho

Agosto/2017

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

A cadeia produtiva da construção civil é responsável pela geração de

importantes impactos ambientais em todas as etapas do seu processo: extração de

matérias primas, produção de materiais, construção, uso e demolição. A utilização

indiscriminada de matérias-primas não-renováveis causa problemas como,

principalmente: escassez de áreas de deposição de resíduos, esgotamento de recursos

naturais, problemas de saneamento urbano e contaminação ambiental. É fundamental

que os geradores deste tipo de resíduos tenham consciência dos impactos que a

atividade do setor causa ao meio ambiente e que seja respeitada toda legislação e

normativos com o objetivo de minimizar estes efeitos. O presente trabalho apresenta

uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso sobre a gestão de resíduos da construção

civil, com o objetivo de identificar as características (quantitativas e qualitativas) de

geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

cultura do setor em relação ao gerenciamento deste material para avaliar criticamente se

todos os esforços estão sendo empregados para que as obras realizadas ocorram de

maneira sustentável.

Palavras-chave: Gerenciamento de resíduos, Resíduos da Construção Civil,

Sustentabilidade.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Civil Engineer.

Study of Construction Waste in the City of Rio de Janeiro

Gabriela Mendes de Carvalho

Agosto/2017

The productive chain in the construction industry is responsible many relevant

environmental impacts in all stages of its process: extraction of raw materials,

production of materials, construction, use and demolition. The indiscriminate use of

non-renewable raw materials can cause problems such as: lack of waste disposal areas,

ending natural resources, urban sanitation problems and environmental

contamination. It is essential that those responsible for this type of waste are made

aware of the impacts those activities can cause to the environment and that all

legislation and regulations must be respected to minimize these effects. This work

presents a bibliographical research and a case study on construction waste management.

The objective of identifying characteristics (quantitative and qualitative) of waste

generation in residential constructions in Rio de Janeiro, as well as the main perception

of society when managing this kind of waste to critically evaluate whether all efforts

are being employed to ensure that the construction sites are sustainable.

Palavras-chave: Managing of Construction Waste, Construction Waste, Sustainability.

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1

1.1 Considerações Iniciais ....................................................................................... 1

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 1

1.3 Objetivo ............................................................................................................. 2

1.4 Metodologia ....................................................................................................... 2

1.5 Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 2

2 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O CRESCIMENTO URBANO DO RIO DE

JANEIRO ........................................................................................................ 4

2.1 Evolução Urbana do Rio de janeiro................................................................... 4

2.2 Planejamento Urbano ........................................................................................ 6

3 LEGISLAÇÃO APLICADA A RESÍDUOS ................................................... 10

3.1 Âmbito Federal ................................................................................................ 10

3.2 Âmbito Estadual .............................................................................................. 12

3.3 Âmbito Municipal ........................................................................................... 13

3.4 Normas Técnicas ............................................................................................. 16

4 RESÍDUOS SÓLIDOS E DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 19

4.1 Conceito e Classificação dos Resíduos ........................................................... 19

4.2 Aspectos Históricos da Geração de Resíduos ................................................. 20

4.3 Estimativa de Resíduos Gerados no Brasil ...................................................... 23

4.3.1 Resíduos Sólidos Urbanos ....................................................................... 23

4.3.2 Resíduos de Construção Civil .................................................................. 24

4.4 Estimativa da Geração de RCC no Rio de janeiro .......................................... 26

4.5 Cultura do Setor da Construção Civil .............................................................. 29

4.6 Tratamento de RCC ......................................................................................... 30

4.7 Gestão Pública ................................................................................................. 33

4.8 Indicadores de Sustentabilidade ...................................................................... 37

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5 DIRETRIZES PARA O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS ....................... 39

5.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ............................ 41

5.2 Destinação Final .............................................................................................. 46

5.3 Destinação de Resíduos na Cidade do Rio de Janeiro ..................................... 47

5.3.1 Centro de Tratamento de Resíduos CTR–Rio Seropédica ....................... 47

5.3.2 Estações de Transferência de Resíduos – ETRs ...................................... 48

5.3.3 Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho – Encerrado ......................... 51

5.3.4 Unidades Particulares ............................................................................... 52

6 RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................... 53

6.1 Tipologia e Composição do RCC .................................................................... 53

6.1.1 Rio de Janeiro ........................................................................................... 54

6.2 Quantitativo de RCC ....................................................................................... 55

6.3 Perdas e desperdícios ....................................................................................... 56

7 RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS .......................... 59

7.1 Reciclagem de RCC no Brasil ......................................................................... 60

7.2 Reciclagem Primária e Secundária .................................................................. 62

7.2.1 Solos excedentes (Classe A): ................................................................... 63

7.2.2 Madeira (Classe B):.................................................................................. 64

7.2.3 Papel, papelão e plástico (Classe B): ....................................................... 64

7.2.4 Metais (Classe B): .................................................................................... 64

7.2.5 Vidro (classe B): ...................................................................................... 65

7.2.6 Gesso (Classe B): ..................................................................................... 65

7.2.7 Alvenaria, concreto, argamassas e cerâmicos (Classe A): ....................... 66

7.3 Impactos da Reciclagem .................................................................................. 70

7.4 Tecnologia/Estudos ......................................................................................... 71

7.5 Alternativas para o Aumento e a Melhoria da Reciclagem ............................. 71

8 ESTUDO DE CASO .................................................................................. 73

8.1 Empresa ........................................................................................................... 73

8.2 Práticas de Gerenciamento de Resíduos .......................................................... 73

8.2.1 Aspectos Metodológicos .......................................................................... 74

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8.2.2 Locais de Acondicionamento e Separação dos Resíduos ........................ 74

8.2.3 Educação Ambiental ................................................................................ 77

8.3 Primavera Residencial ..................................................................................... 78

8.3.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC .... 81

8.3.2 Relatório de Implantação e Acompanhamento - Quantitativos de Geração

de Resíduos ............................................................................................................. 84

8.4 Considerações Finais ....................................................................................... 88

9 CONCLUSÕES ........................................................................................ 89

ANEXO A .................................................................................................. 91

ANEXO B ................................................................................................... 92

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 93

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Macrozonas da cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Plano Diretor, 2011) ........ 7

Figura 2 – Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Plano Diretor,

2011) ................................................................................................................................ 9

Figura 3 – Evolução da legislação relativa ao gerenciamento de resíduos na cidade do

Rio de Janeiro. (Fonte: Ferreira, Moreira, 2013. Adaptada pelo autor) ......................... 10

Figura 4 - Disposição Final dos RSU coletados no Brasil (t/ano). *Fonte: ABRELPE,

2015. ............................................................................................................................... 23

Figura 5 – Destinação Adequada de resíduos. (Fonte: Reportagem do Jornal O Globo,

levantamento da ABRELPE, 27/03/2017) ..................................................................... 30

Figura 6 – Lixões em Operação no Estado do Rio de Janeiro. (Fonte: Reportagem do

Jornal O Globo, levantamento da ABRELPE, 27/03/2017) .......................................... 40

Figura 7 – Modelo de Quadro Resumo do PGRCC. (Fonte: Resolução SMAC n°

604/2015) ....................................................................................................................... 43

Figura 8 – Previsão da Utilização de Agregados Reciclados. (Fonte: Resolução SMAC

n° 604/2015) ................................................................................................................... 44

Figura 9 – Modelo de Relatório de Implantação e Acompanhamento. (Fonte: Resolução

SMAC n° 604/2015) ...................................................................................................... 45

Figura 10 – Centro de Tratamento de Resíduos – CTR-Rio (Fonte: Site CICLUS,

imagem set/2016) ........................................................................................................... 48

Figura 11 – Fluxo de Resíduos Coletados no Rio de Janeiro e destinados ao CTR-Rio

(Fonte: Adaptado, COMLURB) .................................................................................... 49

Figura 12 – ETR – Caju (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020) ......................... 49

Figura 13 – ETR Jacarepaguá (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020) ................ 50

Figura 14 – ETR Jacarepaguá (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020) ................ 50

Figura 15 – ETR Santa Cruz (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020) .................. 51

Figura 16 – ETR Bangu (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020) ......................... 51

Figura 17 – Composição de RCC no Brasil. (Fonte: Blumenschein, 2007) .................. 54

Figura 18 – Composição Gravimétrica de RCC no Rio de Janeiro. (Fonte: Ferreira,

Moreira, 2013)................................................................................................................ 55

Figura 19 – Desperdícios em Construções. (Fonte: Parisotto, 2013) ............................. 57

Figura 20 – Quantidade de RCD reaproveitado em países da Europa (Fonte; Morand,

2016) .............................................................................................................................. 61

Figura 21 – Resultados de ensaios a compressão de corpos de prova. (Fonte: Assis,

2015) .............................................................................................................................. 70

Figura 22 – Etapa de Estrutura – Detalhe para o posicionamento da caçamba para

deposição de resíduos. .................................................................................................... 76

Figura 23 – Preparação do canteiro de obras. ................................................................ 76

Figura 24 - Preparação do canteiro de obras. ................................................................. 77

Figura 25 – Primavera Residencial concluído - Fachada ............................................... 78

Figura 26 – Galpão de estacionamento antes do início da obra – Fachada.................... 78

Figura 27 – Galpão de estacionamento antes da obra – Interior .................................... 79

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Figura 28 – Etapa de demolição do segundo pavimento do galpão. .............................. 79

Figura 29 – Finalização da etapa de demolição. ............................................................ 79

Figura 30 – Fachada do prédio em junho/2016 (à esquerda) e novembro/2016 (à direita)

........................................................................................................................................ 80

Figura 31 – Etapa de Acabamento. ................................................................................ 80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – IBGE – Resultados Censo 2010 ..................................................................... 4

Tabela 2 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RSU em 2017

(*Fonte: elaboração do autor. Dados: ABRELPE, 2015 e IBGE, 2017) ....................... 23

Tabela 3 – Geração e Coleta de RSU no Estado do Rio de Janeiro. (*Fonte: ABRELPE,

2015) .............................................................................................................................. 24

Tabela 4 – Estimativa de geração de RCC em alguns países. (*Fonte: IPEA, 2012) .... 25

Tabela 5 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RCD em 2017

(*Fonte: elaboração própria. Dados: ABRELPE e IBGE) ............................................. 26

Tabela 6 - Quantidade de RCD coletada. (Elaboração Própria. Dados SNIS, 2015 e

IBGE, 2017) ................................................................................................................... 27

Tabela 7 – Quantidade de RCD coletada no Rio de Janeiro. (Elaboração Própria. Dados

SNIS, 2015) .................................................................................................................... 27

Tabela 8 – Quantidade de RCD coletada 2014 – Rio de Janeiro. (Elaboração Própria.

Dados: SNIS, 2015 e IBGE, 2017) ................................................................................ 28

Tabela 9 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RCD em 2017

(*Fonte: elaboração própria. Dados: SNIS, 2015 e IBGE, 2017) .................................. 28

Tabela 10 – Comparação entre a produção de RCD per capta no Brasil e no Rio de

Janeiro. (Fonte ABRELPE, 2015 e IBGE, 2017)........................................................... 28

Tabela 11 – Licenciamento Ambiental no Rio de Janeiro. (Fonte: elaboração própria) 36

Tabela 12 – Relação de Empresas Licenciadas para destinação de Resíduos de

Construção Civil na cidade do Rio de janeiro. (Fonte: SMAC, atualização em

09/03/2016) .................................................................................................................... 41

Tabela 13 – Estimativa de RCC gerados na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: COPPE,

2015) .............................................................................................................................. 56

Tabela 14 – Estimativa de porcentagem de RCD reciclado no país. (Adaptado.

ABRECON, 2016) ......................................................................................................... 61

Tabela 15 – índices de geração de RCC praticados pela Orquin. .................................. 82

Tabela 16 – Cálculo do volume movimentado de solo. ................................................. 83

Tabela 17 – Previsão da quantidade de resíduos que serão gerados durante a execução

da obra. ........................................................................................................................... 83

Tabela 18 – Previsão de resíduos total. .......................................................................... 84

Tabela 19 – Total de Resíduos gerados obtidos através da NTRs e Manifesto de

Resíduos. ........................................................................................................................ 85

Tabela 20 – Resumo com o total dos resíduos gerados. ................................................ 85

Tabela 21 – Relação dos transportadores que retiraram material da obra. .................... 87

Tabela 22 – Relação dos destinatários de RCC gerados pela obra. ............................... 87

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição de municípios com processamento de RCC – Região Sudeste.

(Fonte: IPEA, 2012) ....................................................................................................... 33

Gráfico 2 - Tipo de processamento entre municípios da região Sudeste. (Fonte: IPEA,

2012) .............................................................................................................................. 33

Gráfico 3 – Composição de RCD que chegam às usinas de reciclagem. (Adaptado.

ABRECON, 2016) ......................................................................................................... 62

Gráfico 4 – Tipos de Resíduos Gerados durante a obra do Primavera Residencial.

(Elaboração Própria) ...................................................................................................... 86

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ABREVIAÇÕES

RCC – Resíduo da Construção Civil

RCD – Resíduo de Construção e Demolição

ABRECON – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil

e Demolição

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PMGRCC – Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

PGRCC – Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da

Construção Civil

PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

NTR – Nota de Transporte de Resíduos

INEA – Instituto Estadual do Ambiente

RIA – Relatório de Implantação e Acompanhamento

ETRs – Estações de Transferência de Resíduos

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O desenvolvimento e o crescimento dos grandes centros urbanos trazem à

sociedade o problema da crescente geração de Resíduos Sólidos. De acordo com o

Panorama dos Resíduos Sólidos de 2015 realizado pela ABRELPE – Associação

Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Brasil gerou em um

ano uma quantidade de 79,9 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)

e o Estado do Rio de Janeiro é responsável pela geração de quase 8 milhões deste total.

Segundo Pinto (1999), em cidades brasileiras de médio e grande porte, os resíduos

originados de construções e demolições representam de 40 a 70% de todos os sólidos

nas cidades brasileiras, cujo destino incorreto traz prejuízos econômicos, sociais e

ambientais. Corroborando com este valor, segundo dados fornecidos pela Associação

Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição

(ABRECON), em 2013, os resíduos da construção e demolição no Brasil representam

2/3 dos resíduos sólidos urbanos, o dobro do volume de resíduos domiciliares

(FERREIRA e MOREIRA, 2013).

A disposição irregular deste material pode causar enchentes, perda de

infraestrutura de drenagem por entupimento de galerias e assoreamento de canais, além

de proliferação de vetores, poluição e aumento desnecessário de custos da

administração pública.

O processo de urbanização dos municípios brasileiros por consequência do

aumento da população – que cresceu 0,77% em 2017, segundo dados do IBGE – tem

contribuído para o aquecimento das atividades de construção civil e um aumento da

geração de Resíduos da Construção Civil (RCC).

1.2 Justificativa

O RCC ocupa um grande volume para disposição final, o que cria a necessidade de

grandes espaços e infraestrutura para destinar os resíduos que não serão reutilizados. A

cidade do Rio de Janeiro veio passando nos últimos anos por um processo de

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2

transformação devido ao crescimento urbano e, também, por sediar grandes eventos

esportivos internacionais (Copa do Mundo de Futebol 2014 e Olimpíada de 2016). Esse

processo faz gerar um grande volume de RCC que requer a existência de locais

adequados para sua disposição final, como aterros sanitários. Como a cidade do Rio de

Janeiro não possui um amplo território livre para este fim, os resíduos gerados que não

são reciclados acabam sendo levados para outros municípios gerando um custo para a

cidade por utilizar o aterro e por transportar para uma maior distância.

1.3 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar um panorama da gestão de

RCC e seus impactos associados. Procura-se elaborar um diagnóstico qualitativo e

quantitativo do gerenciamento do RCD – Resíduos de Construção e Demolição gerados

pelo setor da Construção Civil tomando o Rio de Janeiro como cenário. Para avaliar na

prática os aspectos bibliográficos levantados é realizado estudo de caso em obra de

edificações executada na cidade do Rio de Janeiro.

1.4 Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de duas etapas. A primeira consistiu

em uma revisão bibliográfica em livros, artigos, teses, estudo e legislação aplicável ao

tema. A segunda envolveu o estudo de caso sobre o Plano de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil adotado por uma empresa construtora abordando uma

obra residencial escolhida para avaliação.

1.5 Estrutura do Trabalho

O trabalho está dividido em nove capítulos. No primeiro, a introdução traz um

panorama sobre a importância do tema, objetivo e a metodologia utilizada. O segundo

capítulo apresenta o contexto de como ocorreu a evolução urbana na cidade do Rio de

Janeiro. O terceiro capítulo aponta toda a legislação aplicada ao gerenciamento de

resíduos da construção civil que tem direta influência sobre os geradores da cidade do

Rio de Janeiro. O quarto capítulo traz conceitos sobre os resíduos sólidos urbanos e

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3

resíduos de construção civil, além de uma estimativa da quantidade gerada no Brasil e

no Rio de janeiro. O quinto capítulo aborda as práticas de gerenciamento de resíduos

que devem ser aplicadas em conformidade com as legislações aplicáveis e aos métodos

de disposição ambientalmente adequados. O sexto capítulo trata dos principais tipos de

resíduos que são gerados pelo setor. O capítulo 7 aborda a reciclagem de resíduos

gerados pela construção civil. O oitavo capítulo apresenta o estudo de caso realizado

em uma obra residencial para evidenciar como feito, na prática, o gerenciamento que

foi abordado no capítulo cinco. Por fim, o capítulo nove apresenta a conclusão do

trabalho e as considerações finais.

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4

2 A CONSTRUÇÃO CIVIL E O CRESCIMENTO

URBANO DO RIO DE JANEIRO

A Construção Civil sempre se coloca como protagonista na implantação de

infraestrutura de pavimentação, saneamento e habitação, marcando com vigor o

processo de transformação continuado a que se sujeitam às cidades, na busca contínua

pela viabilização dos assentamentos humanos que, na sociedade pós-industrial,

caracterizam-se como urbanos e adensados.

A urbanização das cidades brasileiras, em geral, tem ocorrido de maneira

espontânea e não ordenada, principalmente, devido a planejamentos e fiscalização

ineficientes por parte do poder público (Almeida, 2013).

De acordo com o Censo Demográfico de 2010 realizado pelo IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, 96,71% da população do Estado do Rio de Janeiro

reside em espaços urbanos. Sendo que no município do Rio de Janeiro, em 2010, 100%

da população já residia em espaço urbano.

Tabela 1 – IBGE – Resultados Censo 2010

2.1 Evolução Urbana do Rio de janeiro

A estrutura espacial de uma cidade capitalista não pode ser dissociada das práticas

sociais e dos conflitos existentes entre as classes urbanas. Com efeito, a luta de classes

também reflete-se na luta pelo domínio do espaço, marcando a forma de ocupação do

solo urbano. Por outro lado, nas cidades capitalistas, a forma de organização do espaço

tende a condicionar e assegurar a concentração de renda e de poder na mão de poucos,

realimentando assim os conflitos de classe. (Abreu, 2013)

A construção civil faz parte intimamente de toda transformação e evolução dos

espaços urbanos. As mudanças na forma de ocupação podem ser motivadas por

LocalPopulação

Urbana

População

Urbana (%)

População

Rural

Total da

População

Estado Rio de Janeiro 15.466.996 96,71% 526.587,00 15.993.583

Município Rio de janeiro 6.323.037 100,00% - 6.323.037

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5

inúmeros fatores, porém as obras de modernização, ampliação, demolição e ocupação

de novos espaços sempre dependerão da construção civil para implementação.

A evolução do espaço urbano do Rio de Janeiro se deu, em grande parte do tempo,

de maneira desordenada, seguindo fluxos de interesses econômicos e teve alguns

marcos importantes de intervenção estatal para controle e organização.

Segundo Abreu (2013), a primeira década do século XX representa, para a cidade,

uma época de grandes transformações, motivadas, sobretudo, pela necessidade de

adequar a forma urbana às necessidades reais de criação, concentração e acumulação de

capital. O Prefeito Pereira Passos deu início à transformação do Rio de Janeiro visando

uma reforma urbana que promovesse saneamento básico e ao embelezamento da

cidade. Assim, foram demolidos diversos cortiços onde vivia uma população de baixa

renda em condições insalubres para o alargamento e aberturas de ruas. O Período

Passos (1902-1906) foi um período revolucionador da forma urbana carioca que passou

a adquirir a partir de então uma fisionomia totalmente nova e condizente com as

determinações econômicas e ideológicas do momento. O período representa para o Rio

de Janeiro a superação efetiva da forma e das contradições da cidade colonial-escravista

e o início da transformação em espaço adequado às exigências do modo de produção

capitalista. A destruição de grande número de cortiços fez surgir um déficit

habitacional que, por sua vez, resultou no surgimento de uma nova forma de

organização urbana: favela. A população pobre que precisava residir próximo ao local

de trabalho adotou uma nova forma de moradia.

O período de 1930-1950 foi marcado pelo grande crescimento populacional

ocasionado pelo fluxo migratório em direção ao Rio de Janeiro que era a capital da

república na época. Este aumento contribuiu para o crescimento dos subúrbios

especialmente daqueles situados nas fronteiras como Pavuna, Anchieta ou Baixada

Fluminense e para a expansão das favelas, sobretudo as localizadas na zona sul. O

crescimento populacional das áreas periféricas da cidade está intimamente ligado a

quatro fatores: obras de saneamento realizadas; eletrificação da Central do Brasil;

instituição da tarifa ferroviária única; e a abertura da Avenida Brasil. Destes fatores

resultou a “febre imobiliária”, que se refletiu principalmente do retalhamento intenso

dos terrenos existentes para a criação de loteamentos, muitos dos quais foram abertos

sem qualquer aprovação oficial (Abreu, 2013).

Page 21: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

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Ainda, o período 1930-1950 deu início ao processo de verticalização da cidade

inicialmente partindo dos bairros localizados na zona sul, principalmente a orla de

Copacabana. Um estímulo dado ao setor da construção civil fez nascer a ideia de status

para a posição social de morar próximo à orla vendeu novamente a zona sul da cidade.

Substituindo as unidades unifamiliares, que foram sendo demolidas, por edifícios de

vários pavimentos. A introdução do concreto armado, permitiu à empresa imobiliária a

transformação da aparência da zona sul, sem que para isso precisasse incorporar novas

áreas ou fazer altos investimentos em infraestrutura urbana.

“De fato, o concreto armado, por diminuir o custo unitário da habitação, viabilizou

o desejo de grande parte da classe média carioca de “morar na zona sul”, desejo esse

que foi capitalizado intensamente pela empresa imobiliária em suas campanhas

publicitárias.” (Abreu, 2013)

Os períodos seguintes foram marcados por um grande surto de obras públicas que

beneficiavam apenas o centro e à zona sul devido à maior concentração de capital

nestes locais e ao continuado processo de verticalização da cidade (que ocorre até os

dias presentes) seguindo o sentido dos locais com maior concentração de renda.

2.2 Planejamento Urbano

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 trata em seu capítulo 2

da Política Urbana a ser executada pelo Poder Público Municipal e tem como objetivo

ordenar o pleno funcionamento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de

seus habitantes. O texto traz a obrigatoriedade de elaboração de Plano Diretor para

cidades com mais de 20 mil habitantes com o objetivo de centralizar as informações

referentes ao planejamento da cidade impedindo que ocorra um crescimento

desordenado como muitas vezes ocorreu no passado e foi descrito no item 2.1.

O atual Plano Diretor do Rio de Janeiro foi instituído pela Lei Complementar n°

111 de 2011. Esta Lei está organizada em seis tópicos, que se relacionam entre si:

I) Da Política urbana e Ambiental

II) Do Ordenamento Territorial

III) Dos Instrumentos da Política Urbana

Page 22: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

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IV) Das Políticas Públicas Setoriais

V) Das Estratégias de implementação, Acompanhamento e Controle do Plano

Diretor

VI) Disposições Gerais, Transitórias e Finais

O ordenamento territorial estabelece a organização do território a partir do

zoneamento e das diretrizes de uso e ocupação do solo ditando os padrões de ocupação

a serem seguidos no processo de adensamento da cidade. O Plano, antes de apresentar

as soluções para os problemas estruturais urbanos (herdados por maneiras equivocadas

de gerir a cidade), expõe a composição da cidade e o ordenamento das suas diferentes

regiões (Macrozonas e Regiões Administrativas). O Rio é dividido em quatro

macrozonas de ocupação (assistida, incentivada, condicionada e controlada), conforme

delimitado na Figura 1. Estas são definidas a partir da avaliação de fatores espaciais,

culturais, econômicos, sociais, ambientais e de infraestrutura urbana. O objetivo das

Macrozonas é de orientar: o controle das densidades, da intensidade de expansão da

ocupação urbana; a aplicação dos instrumentos da política urbana; e indicar prioridades

de investimentos públicos e privados. (Almeida, 2013)

Figura 1 – Macrozonas da cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Plano Diretor, 2011)

a) Controlada: onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva será

limitada, a renovação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou

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pela reconversão de edificações existentes e o crescimento das atividades de

comércio e serviços em locais onde a infraestrutura seja suficiente, respeitadas

as áreas predominantemente residenciais;

b) Incentivada: onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva e o

incremento das atividades econômicas e equipamentos de grande porte serão

estimulados, preferencialmente nas áreas com maior disponibilidade ou

potencial de implantação de infraestrutura;

c) Condicionada: onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva e a

instalação das atividades econômicas serão restringidos de acordo com a

capacidade das redes de infraestrutura e subordinados à proteção ambiental e

paisagística, podendo ser progressivamente ampliados com o aporte de

recursos privados;

d) Assistida: onde o adensamento populacional, o incremento das atividades

econômicas e a instalação de complexos econômicos deverão ser

acompanhados por investimentos públicos em infraestrutura e por medidas de

proteção ao meio ambiente e à atividade agrícola.

Além da divisão em macrozonas e orientações quanto à estruturação das mesmas, é

apresentada a subdivisão do território em 5 áreas de planejamento (AP), conforme

Figura 2. Estas áreas de planejamento agrupam Regiões Administrativas (RA) que, por

fim, são formadas pelos bairros.

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Figura 2 – Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Plano Diretor, 2011)

Determinadas as delimitações do território, por fim, a ocupação do solo urbano

deve ocorrer por meio da regulação urbanística. Esta sendo em função da capacidade da

infraestrutura, da rede de transportes, acessibilidade da proteção ao meio ambiente

natural, e da qualidade da ambiência urbana. Pretendendo-se regular as áreas já

ocupadas ou até mesmo comprometidas, por meio da limitação da densidade

demográfica, intensidade de construção e atividades econômicas.

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3 LEGISLAÇÃO APLICADA A RESÍDUOS

A Figura 3 ilustra o cenário evolutivo da legislação aplicada ao gerenciamento de

resíduos a partir da edição da Resolução CONAMA 307. A legislação relativa ao

gerenciamento de resíduos está estabelecida no âmbito federal, estadual e municipal.

As Leis Federais estabelecem diretrizes gerais e delegam aos estados e municípios a

responsabilidade por estabelecer regras para a seleção e classificação de resíduos

gerados pela produção, disposição provisória nos locais de produção; transporte e

disposição final.

Figura 3 – Evolução da legislação relativa ao gerenciamento de resíduos na cidade do Rio de

Janeiro. (Fonte: Ferreira, Moreira, 2013. Adaptada pelo autor)

3.1 Âmbito Federal

A) Lei Federal n° 9.605/1998

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Popularmente conhecida como “lei de crimes ambientais”, ela estabelece os crimes

contra o meio ambiente; contra a flora; da poluição e outros crimes ambientais; dos

crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; e dos crimes contra a

administração ambiental. Assim, dispõe sobre sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas.

B) Resolução CONAMA 307/2002

Esta resolução é considerada o principal marco regulatório para a gestão de RCC.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA traz em seu texto definições e

classificação sobre os resíduos (que são abordados em detalhe no item 4.1) e os agentes

envolvidos em todo processo de gestão deles; dispõe sobre as responsabilidades dos

municípios em implementarem seus planos integrados de gerenciamento de RCC;

diretrizes critérios e procedimentos para o manejo adequado destes resíduos. Esta

resolução será citada algumas vezes ao longo do presente trabalho, bem como as

resoluções que alteram parte do texto original de 2002: Resolução nº 469/2015 (altera o

inciso II do art. 3º e inclui os § 1º e 2º do art. 3º), Resolução nº 448/12 (altera os artigos 2º,

4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 e revoga os artigos 7º, 12 e 13), Resolução nº 431/11 (alterados os

incisos II e III do art. 3º) e Resolução nº 348/04 (alterado o inciso IV do art. 3º).

C) Lei Federal n° 11.445/2007

Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Considera o manejo de

resíduos sólidos como parte integrante do saneamento básico de responsabilidade do

Estado prover para a população mesmo que mediante a cobrança pelo serviço. Esta lei

não especifica os resíduos de construção civil.

D) Lei Federal n° 12.305/2010

A Lei n° 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Dentre

os principais marcos da lei destacam-se: o estabelecimento da responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; Estabelece como instrumentos da

Política a coleta seletiva e a logística reversa; Obriga o encerramento de lixões e

vazadouros em até quatro anos; reconhece o resíduo sólido como um bem econômico e

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de valor social, gerador de trabalho, renda e promotor de cidadania; As empresas de

construção civil ficam sujeitas à elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos;

“Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:

conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos

titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos

sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados,

bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade

ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;”

“Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e

social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios

destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor

empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos

produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.”

E) Decreto Federal n° 7.404/2010

Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de

Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística

Reversa. Este Decreto estabelece normas para execução da Política Nacional de

Resíduos Sólidos que integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com

as diretrizes nacionais para o saneamento básico e com a Política Federal de

Saneamento Básico.

3.2 Âmbito Estadual

A) Lei Estadual n° 4.191/2003

Dispõe sore a Política Estadual de Resíduos Sólidos. Ficam estabelecidos, na

forma desta Lei, princípios, procedimentos, normas e critérios referentes à geração,

acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos

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resíduos sólidos no Estado do Rio de Janeiro, visando controle da poluição, da

contaminação e a minimização de seus impactos ambientais.

3.3 Âmbito Municipal

A) Lei municipal 3.273/2001

Esta lei normatiza as atividades inerentes ao Sistema de Limpeza Urbana do

município do Rio de Janeiro. Dentre os tipos de RSU que estão abrangidos está

contemplado no Art. 6° o entulho de pequenas obras e reforma, de demolição ou de

construção em habitação unifamiliar ou multifamiliar.

B) Decreto n° 21.305/2002

Regulamenta a Lei n.º 3.273, de 6 de setembro de 2001, que dispõe sobre a Gestão

dos Serviços de Limpeza Urbana e dá outras providências. Fica atribuída à Companhia

Municipal de Limpeza Urbana — COMLURB, na qualidade de órgão municipal

competente, a responsabilidade pela Gestão do Sistema de Limpeza Urbana do

Município do Rio de Janeiro conforme as disposições contidas na Lei n.º 3.273.

C) Resolução SMAC n° 387/2005

No Rio de Janeiro o órgão ambiental competente por licenciar as obras é a

Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMAC. A Resolução n° 384 de 24 de maio

de 2005 identifica os geradores de RCC que devem obrigatoriamente apresentar Projeto

de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para o licenciamento de

obras. No item 4.7 é descrita as características dos geradores segundo a SMAC.

D) Decreto Municipal n° 27.078/2006

Institui o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

(PMGRCC) que estipula diretrizes técnicas para a gestão de RCC de pequenos

geradores – aqueles que produzem até 2m³ de RCC por semana. E, ainda, institui os

Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para

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empreendimentos que produzem um volume superior a 2m³ de RCC por semana. Por

fim, o decreto ainda regulamenta o uso de agregados reciclados em obras e serviços

públicos e privados.

E) Lei Municipal n° 4.969/2008

Esta Lei Dispõe sobre objetivos, instrumentos, princípios e diretrizes para a gestão

integrada de resíduos sólidos no Município do Rio de Janeiro e dá outras providências.

Em seu capítulo V, seção III cita o Projeto de Gerenciamento de RCC como obrigação

do grande gerador cujo empreendimento requeira a expedição de licença municipal de

obra e estabelece os tipos de destinação de acordo com a classe dos resíduos:

“I - Classe A (resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados):

deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo

dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B (resíduos recicláveis para outras destinações): deverão ser

reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento

temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou

reciclagem futura;

III - Classe C (resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação): deverão ser armazenados, transportados e

destinados em conformidade com as normas técnicas específicas;

IV - Classe D (resíduos perigosos ou contaminados): deverão ser

armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade

com as normas técnicas específicas.”

F) Decreto Municipal n° 33.971/2011

Dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização de agregados reciclados, oriundos de

resíduos da construção civil em obras e serviços de engenharia realizados pelo

município do Rio de Janeiro.

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As obras e serviços de engenharia do Município do Rio de Janeiro, executadas

direta ou indiretamente pela administração pública, deverão utilizar agregados

reciclados oriundos de resíduos da construção civil. Os agregados podem ser utilizados

como:

F1) Infra-estrutura: revestimento primário de vias (cascalhamento ou camadas de

reforço de subleito, sub-base e base de pavimentos em estacionamentos e vias

públicas); passeios; artefatos (blocos de vedação, peças pré-moldadas para revestimento

de pavimento, meio-fios, sarjetas, tentos, canaletas, tubos, mourões e placas de muro);

drenagem urbana (embasamentos, nivelamentos de fundos de vala, drenos ou

argamassas).

F2) Edificações: concreto “magro” não estrutural (muros, passeios, contrapisos,

enchimentos e alvenarias de vedação); argamassas não estruturais; artefatos (blocos de

vedação, peças pré-moldadas para revestimento de pavimento, meio-fios, sarjetas,

tentos, canaletas, tubos, mourões e placas de muro).

G) Decreto Municipal n° 37.775/2013

Institui o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS da

Cidade do Rio de Janeiro. A atualização do PMGIRS deverá ocorrer a cada quatro anos

a partir da publicação do presente Decreto.

H) Resolução Conjunta SMAC/SECONSERVA/COMLURB n° 05/2014

Nomeia Grupo de Trabalho para atualizar o PMGIRS da Cidade do Rio de Janeiro

instituído pelo Decreto Municipal 37.775, de 10 de outubro de 2013.

I) Resolução SMAC n° 604/2015:

Determina que as atividades de construção, reforma, ampliação, demolição e

movimentação de terra sujeitas ao Licenciamento Ambiental Municipal, de acordo com

a legislação vigente, deverão apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil – PGRCC no processo administrativo de licenciamento ambiental

para análise e visto da SMAC.

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J) Decreto n° 42.605/2016

Instituiu o PMGIRS da Cidade do Rio de Janeiro para o período 2017-2020,

elaborado pela SMAC em parceria com a COMLURB e SECONSERVA. Trata-se da

atualização do Plano anterior, instituído pelo Decreto Municipal nº 37.775 de 10 de

outubro de 2013. A atualização do Plano incluiu novas Metas e Diretrizes a serem

alcançadas até final de 2020.

3.4 Normas Técnicas

a) NBR 11174/1990 – Armazenamento de Resíduos Classe II – não inertes e

III - inertes

Esta norma fixa as condições exigíveis para obtenção das condições mínimas

necessárias ao armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes, de

forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.

b) NBR 8419/1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de

resíduos sólidos urbanos

Esta Norma fixa as condições mínimas para a apresentação de projetos de aterros

sanitários de resíduos sólidos urbanos. A norma define estes resíduos como: aqueles

gerados num aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais perigosos,

hospitalares sépticos e de aeroportos e portos, já definidos anteriormente.

c) NBR 13896/1997 – Aterros de Resíduos não perigosos – Critérios para

projeto, implantação e operação

Esta norma fixa as condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e

operação de aterros de resíduos não perigosos, de forma a proteger adequadamente as

coleções hídricas superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas

instalações e comunidades vizinhas.

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d) NBR 1004/2004 – Resíduos Sólidos – Classificação

Esta norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. A

classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu

origem, de seus constituintes e características.

e) NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de

transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio

de Janeiro

Esta norma fixa os requisitos exigíveis para projeto, implantação e operação de

áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos. Os

resíduos da construção civil são classificados, para os efeitos desta Norma e em

conformidade com a Resolução CONAMA nº 307 conforme apresentado no item 4.1.

f) NBR 15113: 2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –

Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação

Esta norma fixa os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e

operação de aterros de resíduos sólidos da construção civil classe A e de resíduos

inertes visando a preservação de materiais de forma segregada para possibilitar o reuso

e. a proteção das coleções hídricas superficiais ou subterrâneas próximas, das condições

de trabalho dos operadores dessas instalações e da qualidade de vida das populações

vizinhas.

g) NBR 15114: 2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de

reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação

Esta norma fixa os requisitos mínimos para projeto, implantação e operação de

áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil classe A. Deve ser aplicada

na reciclagem de materiais já triados para a produção de agregados que poderão ser

utilizados em obras de infraestrutura e edificações, de forma segura, sem

comprometimento das questões ambientais.

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h) NBR 15115: 2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção

civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos

Esta norma estabelece os critérios para utilização de agregado reciclados de

resíduos da construção civil em camadas de reforço do subleito, sub-base e base de

pavimentos, bem como camada de revestimento primário em obras de pavimentação.

i) NBR 15116: 2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção

civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função

estrutural – Requisitos

Esta norma estabelece os requisitos para o emprego de agregados reciclados de

resíduos sólidos da construção civil. Os agregados reciclados destinam-se a obras de

pavimentação viária; em camadas de reforço de subleito, sub-base e base de

pavimentação ou revestimento primário de vias não pavimentadas; e a preparo de

concreto sem função estrutural.

j) NBR 15849/2010 – Resíduos sólidos urbanos – Aterros sanitários de

pequeno porte – Diretrizes para localização, projeto, implantação,

operação e encerramento

Esta norma especifica os requisitos para localização, projeto, implantação,

operação e encerramento de aterros sanitários de pequeno porte, para a disposição final

de resíduos sólidos urbanos, estabelecendo as condições exigências mínimas para as

instalações de pequeno porte e as condições para a proteção dos corpos hídricos

superficiais e subterrâneos, bem como a proteção do ar, do solo, da saúde e do bem-

estar das populações vizinhas.

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4 RESÍDUOS SÓLIDOS E DA CONSTRUÇÃO CIVIL

4.1 Conceito e Classificação dos Resíduos

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA através da Resolução n°

307/2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção civil. Em seu artigo 2° a Resolução propõe a seguinte definição para RCC:

“Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,

reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da

preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos,

concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de

obras, caliça ou metralha;”

Em seu Artigo 3º, a Resolução CONAMA n° 307/2002, alterada pelas Resoluções

CONAMA n° 348/2004, n° 431/2011 e n° 469/2015, propõe a classificação dos RCC,

que deverão seguir a seguinte divisão:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,

tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),

argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais

como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de

tintas imobiliárias e gesso; (Redação dada pela Resolução nº 469/2015).

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III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem ou recuperação; (Redação dada pela Resolução n° 431/11).

IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,

tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos

e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

(Redação dada pela Resolução n° 348/04).

É importante ressaltar que o encaminhamento à destinação final ambientalmente

adequada não é somente a disposição final dos resíduos em aterros. Ainda há de se

esgotar o uso do resíduo até que ele não tenha valor econômico nenhum, quando, por

fim, será definido como “rejeito”.

“Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as

possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos

disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que

não a disposição final ambientalmente adequada;” (Lei n° 12.305, Agosto

2010)

A Lei n° 12.305, de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, em seu artigo 6º reconhece o resíduo sólido reutilizável como um bem

econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania.

Ainda, a destinação final de resíduos inclui a reutilização, a reciclagem, a

compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações

admitidas pelos órgãos competentes.

4.2 Aspectos Históricos da Geração de Resíduos

O conceito de sustentabilidade e a preocupação com disposição final de resíduos

são questões que nem sempre foram levadas em consideração por pessoas físicas e

jurídicas geradoras de resíduos. As primeiras preocupações com a preservação do meio

ambiente surgiram como consequência dos efeitos da Segunda Guerra Mundial e com o

forte desenvolvimento do setor industrial. No período pós-guerra, as novas tecnologias

Page 36: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

21

surgidas levaram à produção de novos bens de consumo, como os produtos

descartáveis. A partir de então, a indústria está sempre criando produtos novos e induz

aos consumidores, através de propagandas, a nova demanda. Assim, materiais que a

natureza leva centenas de anos para decompor passaram a ser utilizados e descartados

indiscriminadamente. O aumento na geração e descarte de resíduos faz nascer uma

preocupação que veio amadurecendo ao longo dos anos e, hoje, é abordada por todos.

Quanto à utilização de resíduos da construção civil reciclados, a primeira aplicação

significativa foi registrada, também, após a Segunda Guerra Mundial, na reconstrução

das cidades Européias, que tiveram seus edifícios totalmente destruídos e os escombros

ou entulho resultante foi britado para produção de agregado visando atender á demanda

na época. Assim, pode-se dizer, que a partir de 1946 teve início o desenvolvimento da

tecnologia de reciclagem de entulho da construção civil. (Levy, 1995).

A constituição federal de 1988 prevê como competência comum da União, dos

Estados e dos municípios, em seu artigo 23 VI, a proteção do meio ambiente e o

combate a poluição em qualquer de suas formas. E ainda, em seu Artigo 225: “Todos

têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo

e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A questão dos resíduos sempre foi um problema para a sociedade, uma vez que o

homem nunca conseguiu colocar em prática uma solução realmente efetiva. A

quantidade produzida cresce com o aumento populacional e o espaço físico para

deposita-la é finito. Porém, foi apenas no decorrer dos últimos 30 anos que se iniciaram

no Brasil os programas de reciclagem e coletas seletivas que visam à diminuição da

quantidade de “lixo” nos municípios. Exemplos típicos de disposição final:

a) “Lixão” ou vazadouro (depósitos clandestinos): consiste no despejo em

terrenos a céu aberto, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde da

população vizinha. Depósitos clandestinos, apesar de ilegais e muito prejudiciais à

natureza, são extremamente comuns (Mattos, 2013). Provocam a degradação

indiscriminada da natureza devido à proliferação de vetores transmissores de doenças,

poluição do ar, água e solo, instabilidade das encostas próximas aos locais de

deposição, catadores em péssimas condições de trabalho e etc.;

Page 37: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

22

b) Aterros Sanitários: Originalmente concebido como um processo para

disposição final de resíduos sólidos no solo que se fundamenta em critérios de

engenharia (sanitária, civil e ambiental) e normas operacionais que permite a

confinação segura em termos de poluição ambiental e proteção à saúde pública. É

identificado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como local para

disposição final ambientalmente adequada de rejeitos.

c) Aterros Controlados: No passado eram permitidos projetos de aterros

controlados. A norma ABNT NBR 8849 de 1985 fixava condições mínimas exigíveis

para projetos de aterros controlados, que são um tipo de disposição que se situam entre

o lixão e o aterro sanitário. Atualmente esta norma foi cancelada, pois não se licencia a

implantação deste tipo de aterro, sendo muitas vezes concedida a licença de operação

em casos que se tratam de uma transformação de lixões promovendo melhoria das

condições ambientais.

d) Unidade de Incineração: Método pouquíssimo utilizado no Brasil. Consiste no

processo de queima do lixo, através de incinerador – instalação especializada onde se

processa a combustão controlada do lixo, entre 800 e 1200°C, com a finalidade de

transforma-lo em matéria estável e inofensiva à saúde pública, reduzindo seu peso e

volume (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, IBGE, 2000). Após a queima o

material obtido pode ser destinado a aterros sanitários ou ser reutilizado.

e) Unidade de valorização e tratamento de resíduos: Buscam a transformação

dos resíduos através de tratamentos físicos, químicos e biológicos para promover o

reaproveitamento como matéria-prima para novos produtos (reciclagem).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê em seu artigo 54, até 2014,

a disposição final adequada de todos os rejeitos produzidos no Brasil. Seria o fim dos

lixões a céu aberto existentes no Brasil. Contudo, segundo a ABRELPE, em 2015,

41,3% dos resíduos coletados pelos municípios brasileiros ainda não possuíam

disposição final adequada, conforme Figura 4.

Page 38: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

23

Figura 4 - Disposição Final dos RSU coletados no Brasil (t/ano). *Fonte: ABRELPE, 2015.

4.3 Estimativa de Resíduos Gerados no Brasil

4.3.1 Resíduos Sólidos Urbanos

Segundo a ABRELPE, em 2015 – quando a população do país era de 204,4

milhões de habitantes (IBGE, 2017) – a geração de RSU atingiu um total de 79,9

milhões de toneladas no Brasil. Configurando um crescimento de geração total de RSU

a um índice de 1,7% em comparação ao ano anterior, enquanto o crescimento

populacional foi de apenas 0,83%. Em 2017, a população atingiu 207,6 milhões de

habitantes (IBGE, 2017), configurando um crescimento a um índice de 1,02% em dois

anos. Conforme apresentado na Tabela 2, considerando que a taxa de crescimento da

produção de resíduos cresce de maneira linear com o aumento populacional, pode-se

estimar uma produção de RSU de 81,57 milhões de toneladas em 2017.

Geração de RSU no Brasil

Período 2014 - 2015 2015 - 2017

Crescimento da população

0,83% 1,02%

Crescimento da produção de RSU

1,70% 2,09%

Produção de RSU 79,90 milhões 81,57 milhões

Tabela 2 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RSU em 2017 (*Fonte: elaboração

do autor. Dados: ABRELPE, 2015 e IBGE, 2017)

Page 39: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

24

Cabe ressaltar que a quantidade de RSU produzida no país é um dado de difícil

estimativa, pois dentre as variáveis a serem consideradas temos o crescimento

econômico do país e não somente o crescimento da população em si. Quanto mais

próspero é o cenário econômico atual, maior será o consumo de produtos

industrializados, aumentando consequentemente a produção de resíduos urbanos. Como

nos anos de 2016 e 2017 o Brasil vem vivenciando um cenário de crise econômica e

desinvestimentos, é razoável usar o entendimento de que houve um crescimento linear

entre o aumento populacional e o aumento da produção de resíduos, como foi utilizado

para estimar a produção de RSU na Tabela 2. Em cenários de grande prosperidade

econômica a taxa de produção de resíduos cresce mais do a taxa de crescimento da

população pois representa um período de maior poder de consumo.

Assim, o Rio de janeiro, devido a um maior desenvolvimento econômico e urbano,

configura entre os maiores produtores de RSU per capta do país dentre os demais

Estados Brasileiros. Segundo a ABRELBE, em 2015, o Estado do Rio de Janeiro foi o

terceiro maior produtor de RSU per capta. Foram gerados mais de 22 mil toneladas de

resíduos por dia, conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Geração e Coleta de RSU no Estado do Rio de Janeiro. (*Fonte: ABRELPE, 2015)

A prática da disposição final inadequada de RSU ainda ocorre em todas as regiões

e estados brasileiros, e 3.326 municípios ainda fazem uso desses locais impróprios

(ABRELPE, 2015).

4.3.2 Resíduos de Construção Civil

A comparação de estimativa de produção de RCC entre o Brasil e outros países

pode fornecer uma ideia do grau de desenvolvimento atingido. Como foi discutido no

item anterior, a geração de resíduos é proporcional ao desenvolvimento econômico e

quantidade populacional. Por este motivo pode-se compreender porque o Brasil não se

apresenta entre os maiores produtores deste tipo de resíduo, conforme apresentado na

Tabela 4, mesmo não realizando uma gestão ideal para os RCC.

2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015

16.461.173 16.550.024 21.834 22.213 1,307 1,323 21.518 21.895

(Kg/hab/dia) (t/dia)

RSU ColetadoRSU Gerado Populaçãp Total

Page 40: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

25

Sendo o objetivo do país o crescimento e desenvolvimento, há de se pensar que a

geração de resíduos naturalmente crescerá. Por isso, é fundamental que a questão

ambiental e a gestão dos resíduos produzidos sejam considerados como fator inerente

ao crescimento do país.

Tabela 4 – Estimativa de geração de RCC em alguns países. (*Fonte: IPEA, 2012)

Há de se salientar que a variação de datas dos dados obtidos e apresentados na

Tabela 4 é uma ressalva para avaliação dos valores apresentados. A geração de RCC de

outros países certamente seria maior em 2011, ano em que a estimativa de geração do

Brasil foi coletada.

Segundo a ABRELPE, os municípios coletaram cerca de 45 milhões de toneladas

de RCD em 2015, o que configura um aumento de 1,2% em relação a 2014. Esta

situação, também observada em anos anteriores, exige atenção especial, visto que a

quantidade total desses resíduos é ainda maior, já que não estão considerados nestes

dados os resíduos gerados e coletados pela iniciativa privada. Seguindo o mesmo

raciocínio adotado no item anterior pode-se estimar, conforme apresentado na Tabela 5,

uma geração de RCD de 45,66 milhões de toneladas no ano de 2017, mais da metade

dos RSU.

Page 41: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

26

Geração de RCD no Brasil

Período 2014 - 2015 2015 - 2017

Crescimento da população

0,83% 1,02%

Crescimento da produção de RCD

1,20% 1,47%

Produção de RCD 45,00 milhões 45,66 milhões

Tabela 5 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RCD em 2017 (*Fonte: elaboração

própria. Dados: ABRELPE e IBGE)

4.4 Estimativa da Geração de RCC no Rio de janeiro

Conforme comentado no item 4.3, estimar a quantidade de RCC gerado é um

grande desafio, principalmente pela falta de um compilamento específico desses dados,

bem como de um órgão responsável por sistematizar e unir todas as informações

oriundas dos agentes envolvidos em sua gestão. Somado a isso, a disposição ilegal é

um fator que agrava bastante essa quantificação, visto que desiguala, mais ainda, a

quantidade gerada da coletada e da disposta corretamente. (Ferreira, Moreira, 2013)

De acordo com as informações extraídas do Diagnóstico do Manejo de Resíduos

Sólidos Urbanos, divulgado anualmente pelo Sistema Nacional de informações sobre

Saneamento – SNIS, o Rio de Janeiro coletou 1.103.107 toneladas de RCD em 2015,

sendo o município do Rio de Janeiro responsável por 285.713 toneladas deste total

(equivalente a 25,28%). Através da Tabela 6 pode-se verificar que o estado do Rio de

Janeiro, considerada a sua dimensão, é um grande gerador de RCD.

Quantidade coletada de RCD - 2015

Estado População (2015)

Pref. ou contratado

por ela

Caçambeiros e autônomos contrat. pelo

gerador

Próprio gerador

Total RCD

coletado per capta

t t t t kg

Rio de Janeiro - RJ 16.550.024 908.478 219.829 1.800 1.130.107 68

São Paulo - SP 44.396.484 1.693.807 2.102.379 120.004 3.916.190 88

Minas Gerais - MG 20.869.101 1.499.579 628.142 101.858 2.229.579 107

Espírito Santo - ES 3.929.911 282.598 13.050 59.123 354.771 90

Paraná - PR 11.163.018 294.385 45.265 39.358 379.008 34

Rio Grande do Sul - RS 11.247.972 176.944 6.013 18.684 201.641 18

Pernambuco - PE 9.345.603 300.857 31.134 1.354 333.345 36

Page 42: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

27

Goiás - GO 6.610.681 557.772 184.351 30.125 772.248 117

Tabela 6 - Quantidade de RCD coletada. (Elaboração Própria. Dados SNIS, 2015 e IBGE, 2017)

Tabela 7 – Quantidade de RCD coletada no Rio de Janeiro. (Elaboração Própria. Dados SNIS, 2015)

t t t

Angra dos Reis Sim Não Não Não Não 122.522 100

Arraial do Cabo Sim Não Sim Sim Sim 10.000

Campos dos Goytacazes Sim Não Sim Sim Sim 214.650

Cantagalo Sim Não Sim Não 2.000

Casimiro de Abreu Sim Não Não Não Não 24.000

Conceição de Macabu Sim Sim Não Não Sim 500

Iguaba Grande Sim Não Sim Não Não 2.000

Laje do Muriaé Sim Não Não Não Não 660

Mangaratiba Sim Sim Não Não 90.000

Mendes Sim Não Sim Sim Não 3.600 1.000 1.000

Mesquita Sim 32.977

Miracema Sim Não Sim Sim Sim 8.500 1.750 650

Natividade Sim Não Não Não Não 2.640

Nilópolis Sim Sim Não Não Sim 32.135

Pinheiral Sim Sim Não Não Sim 7.920 0

Quatis Sim Não Não Não Não 3.102 0

Rio Claro Sim Não Não Não 50 50

Rio das Flores Sim Não Não Não Não 20 0

Rio das Ostras Sim Não Sim Não Não 17.917

Rio de Janeiro Sim Não Sim Sim Sim 68.634 217.079 0

Santa Maria Madalena Sim Não Não Não Não 4 0

São Gonçalo Sim Não Não Sim Não 40

São João de Meriti Sim 216.000

São Pedro da Aldeia Sim Não Sim Não Não 12.244

Sumidouro Sim Não Não Não Não 450

Volta Redonda Sim Sim Não Não Não 35.913 0

908.478 219.829 1.800TOTAL:

TOTAL ESTADUAL: 1.130.107

Existência Cobrança

Com

caminhõe

s tipo

basculant

es ou

carroceria

Com

carroças ou

outro tipo de

veículo de

pequena

capacidade

INFORMAÇÕES SOBRE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - RJ - 2015

Municípios

Serviço executado

pela prefeitura

Existência

de

empresa

especializ

ada

Existência de serviço de

coleta de RCD feita por

autônomos

Quantidade coletada

Pref. ou

contratado

por ela

Caçambeiros

e autônomos

contrat. pelo

gerador

Próprio

gerador

Page 43: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

28

No ano de 2014 foi coletado no Estado do Rio de Janeiro 961.056 toneladas de

RCD, conforme apresentado na Tabela 8, o que representa um crescimento de 17,59%

o ocorrido em 2015. Usando o mesmo raciocínio do item 4.3 para estimar a quantidade

de resíduos que será gerada no município do Rio de Janeiro em 2017, temos uma

estimativa de 1,31 milhões de toneladas, conforme Tabela 9.

Quantidade coletada de RCD - 2014

Estado População (2014)

Pref. ou contratado

por ela

Caçambeiros e autônomos contrat. pelo

gerador

Próprio gerador

Total RCD

coletado per capta

t t t t kg

Rio de Janeiro - RJ 16.461.173 582.210 349.472 29.374 961.056 58

Tabela 8 – Quantidade de RCD coletada 2014 – Rio de Janeiro. (Elaboração Própria. Dados: SNIS, 2015 e

IBGE, 2017)

Geração de RCD no Rio de Janeiro

Período 2015 2017

Crescimento da população

0,54% 0,50%

Crescimento da produção de RCD

17,59% 16,29%

Produção de RCD 1,13 milhões 1,31 milhões

Tabela 9 - Extrapolação de valores para estimativa de produção de RCD em 2017 (*Fonte: elaboração

própria. Dados: SNIS, 2015 e IBGE, 2017)

Brasil Rio de Janeiro

Período 2015 2017 2015 2017

População 204.450.649

207.878.104

16.550.024

16.718.956

Produção de RCD 45,00 milhões 45,66 milhões 1,13 milhões 1,31 milhões

Produção de RCD per capta

0,603 kg/dia 0,602 kg/dia 0,187 kg/dia 0,215 kg/dia

Tabela 10 – Comparação entre a produção de RCD per capta no Brasil e no Rio de Janeiro. (Fonte

ABRELPE, 2015 e IBGE, 2017)

A Tabela 10 apresenta a produção de RCD per capta gerada e coletada no Brasil e

no Estado do Rio de Janeiro. Estes valores se comparados com os apresentados na

Tabela 3 demostram que o RCD representa uma parcela de 15% do total de resíduos

Page 44: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

29

sólidos urbanos. Este valor ainda não contabiliza a produção dos grandes geradores,

que é apresentada no capítulo 6.

A maioria dos municípios contabiliza as informações sobre a coleta de RCC

executada pelo serviço público, que, normalmente, recolhe este tipo de material que foi

lançado em locais públicos ou quando é feita a solicitação de retirada. Assim, os dados

fornecidos pela maioria das bibliografias não fornece em suas projeções os RCC

provenientes de serviços privados, já que estes dados não são divulgados pelas

empresas geradoras.

4.5 Cultura do Setor da Construção Civil

Há grande dificuldade em se obter bibliografia e dados referentes ao que é

praticado pelo setor da construção civil em relação aos resíduos gerados. As grandes

empresas geradoras não costumam divulgar estas informações. Estas somente são

divulgadas quando o gerador está em cumprimento com todas as exigências legais

pertinentes à geração e destinação final. Porém, na prática sabe-se que muitas vezes os

resíduos são depositados em vazadouros clandestinos ou mesmo em vias públicas.

“No Brasil, a disposição irregular deste material (RCC) tem causado enchentes,

perda de infraestrutura de drenagem, por entupimento de galerias e assoreamento de

canais, além de proliferação de vetores, poluição e aumento desnecessário dos custos da

administração pública. Em algumas cidades este material é depositado em aterros

sanitários, procedimento este que é considerado um desperdício de dinheiro.”

(ABRECON, 2015)

Uma reportagem de 27/03/2017 publicada no site do jornal o Globo, constatou a

existência de 29 vazadouros clandestinos presentes no Rio de Janeiro. Estes locais

surgem próximos a “lixões” desativados, onde prosperam novos locais onde são

despejados resíduos de forma irregular. A Figura 5 apresenta um levantamento feito

pela ABRELPE comprovando que 32% dos resíduos gerados na cidade do Rio de

Janeiro não tem uma destinação final adequada.

Page 45: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

30

Figura 5 – Destinação Adequada de resíduos. (Fonte: Reportagem do Jornal O Globo,

levantamento da ABRELPE, 27/03/2017)

4.6 Tratamento de RCC

Entende-se por Tratamento ou Beneficiamento o conjunto de atividades de

natureza física, química ou biológica, realizada manual ou mecanicamente com o

objetivo de alterar qualitativa ou quantitativamente as características dos resíduos, com

vistas à sua redução, reaproveitamento, valorização ou ainda para facilitar sua

movimentação ou sua disposição final adequada ao lixo, com ou sem tratamento, sem

causar danos ao meio ambiente. Ainda, entende-se por Valorização ou Recuperação,

quaisquer operações que permitam o reaproveitamento dos resíduos mediante processos

de reciclagem ou reutilização de materiais inertes, compostagem da matéria orgânica do

lixo, aproveitamento energético do biogás ou de resíduos em geral. (Lei ° 3.273/2001).

A partir da Resolução Conama n° 307/2002, ficou definido que grandes geradores

públicos e privados são obrigados a desenvolver e implantar um plano de gestão de

RCD, visando a sua reutilização, reciclagem ou destinação ambientalmente adequada.

Com isso a reciclagem ganhou uma força extra. Iniciaram-se as implantações de planos

de gerenciamento de RCD em canteiros de obras, e normas técnicas foram elaboradas e

publicadas pela ABNT:

a) NBR 15113: 2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes

– Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação.

b) NBR 15114: 2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de

reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.

Page 46: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

31

c) NBR 15115: 2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da

construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos.

d) NBR 15116: 2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da

construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem

função estrutural - Requisitos

No cenário internacional, existem países como Holanda, Dinamarca, Alemanha e

Suíça que reutilizam e reciclam entre 50% e 90% do RCD gerado. Na Alemanha,

existem cerca de 4600 usinas de reciclagem de RCD. (Miranda et al, 2009)

Segundo a Pesquisa Setorial 2014/2015 realizada pela ABRECON, tem-se registro

de usinas de reciclagem trabalhando no país desde 1986. No entanto houve uma

aceleração na quantidade de usinas instaladas após o ano de 2002 com a publicação da

Resolução 307 do CONAMA. O novo cenário tornou viável a criação de empresas

especializadas em reciclagem de RCD.

O tratamento dos resíduos, que pode culminar até no reaproveitamento como

agregados, depende inicialmente da triagem e segregação do RCD que deve acontecer

ainda dentro do canteiro de obras. A garantia de que a parte de resíduos classe A não

seja contaminada por gesso, solo, matéria orgânica ou outros é fundamental, pois,

assim, é possível a reciclagem desta parcela no próprio canteiro de obras. Outro

benefício desta triagem é a redução do volume da massa de resíduos, graças à

diminuição do empolamento, que é o aumento no volume de RCD devido à

desorganização deste em caçambas, formando grandes vazios. O que acaba gerando um

maior custo de remoção e transporte dos resíduos. Por fim, esta triagem e manejo do

RCD, em cumprimento das determinações legais, eliminam o risco de autuações,

proporcionam uma maior organização do canteiro, redução no risco de acidentes

(segurança operacional), maior conscientização ambiental dos funcionários quanto ao

desperdício de materiais e pode representar um diferencial atrelado à imagem

institucional da empresa.

Após a triagem, faz-se necessária a adoção de procedimentos de registro e a

identificação diferenciada dos resíduos gerados para permitir às construtoras avaliarem

os resultados da implantação de um sistema de gestão. O aumento significativo no

número de construtoras que implantam a gestão de RCD em canteiro dependerá da

implantação dos planos integrados de gerenciamento municipais. Os órgãos da

Page 47: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

32

administração pública devem cobrar dos grandes geradores a elaboração dos projetos

de gerenciamento de resíduos, como condição para licenciamento das obras, e os

comprovantes de destinação para a concessão do habite-se (Miranda et al, 2009).

“Os resíduos das Classes A, B e C deverão ser segregados no canteiro de obras,

preferencialmente, ou em áreas de transbordo, triagem, reciclagem e reservação

temporárias de resíduos da construção civil – ATTRs licenciadas pelo órgão ambiental

competente. Os resíduos deverão ser estocados em áreas próprias, com possibilidade

de adoção de baias, caçambas estacionárias etc, compatíveis com os volumes de RCC

a serem gerados a fim de garantir a possibilidade de reutilização e reciclagem.

Durante a obra, deverão ser adotadas medidas de controle da poluição (hídrica, do

solo, do ar e sonora) para a movimentação e transporte dos resíduos, de modo a

evitar:

I - a formação de criadouros de vetores;

II - a geração de risco para a obra e vizinhança;

III - o carreamento de sólidos para vias públicas, sistemas de drenagem e corpos

hídricos;

IV - a emissão de particulados para a atmosfera;

V - a emissão de ruídos para a vizinhança.

Os resíduos da Classe D deverão ser obrigatoriamente segregados no canteiro de

obras e estocados em separado das demais classes de resíduo, em áreas próprias

providas de cobertura e pavimentação impermeável, com possibilidade de adoção de

baias, caçambas estacionárias etc, compatíveis com os volumes a serem gerados.”

(A Resolução SMAC n° 604/2015)

Dados relativos à coleta executada pelo poder público, segundo estudo realizado

pela ABRELPE, e apresentado no Gráfico 1 revelam que em 2012, dos 64 municípios

do Estado do Rio de Janeiro que possuem serviço de manejo de resíduos sólidos apenas

em 9 deles há existência de algum tipo de processamento de RCC. No Gráfico 2 estão

apresentados alguns tipos de processamento de RCC realizados nos municípios da

região sudeste do Brasil.

Page 48: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

33

Gráfico 1 - Distribuição de municípios com processamento de RCC – Região Sudeste. (Fonte: IPEA,

2012)

Gráfico 2 - Tipo de processamento entre municípios da região Sudeste. (Fonte: IPEA, 2012)

4.7 Gestão Pública

Foi estabelecido pela Resolução CONAMA 307 de 2002 e alterado pela resolução

CONAMA 448/2012, que cada município deve implementar o Plano Municipal de

Gestão de Resíduos da Construção Civil:

Page 49: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

34

“Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção

civil o Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado

pelos Municípios e pelo Distrito Federal, em consonância com o Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. (nova redação dada pela Resolução 448/12)”

(grifo próprio)

“Art. 6º Deverão constar do Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção

Civil: (nova redação dada pela Resolução 448/12)

I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades

dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos do sistema de

limpeza urbana local e para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das

responsabilidades de todos os geradores; (nova redação dada pela Resolução 448/12)

II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,

triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o

porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos

oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento

e reservação de resíduos e de disposição final de rejeitos;

IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;

VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;

VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua

segregação.

Art. 8º Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão

elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo estabelecer

os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados

dos resíduos. (nova redação dada pela Resolução 448/12)

§ 1º Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de

empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de

licenciamento ambiental, deverão ser apresentados juntamente com o projeto do

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35

empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal, em

conformidade com o Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil.

(nova redação dada pela Resolução 448/12)”

No Rio de Janeiro, foi instituído pela Prefeitura através do decreto 27.078 de 27 de

setembro de 2006 o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil (PMGRCC) que estipula diretrizes técnicas para a gestão de RCC de pequenos

geradores – aqueles que produzem até 2m³ de RCC por semana. E, ainda, institui os

Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para

empreendimentos que produzem um volume superior a 2m³ de RCC por semana. Por

fim, o decreto ainda regulamenta o uso de agregados reciclados em obras e serviços

públicos e privados.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMAC, através da Resolução n° 387

de 24 de maio de 2005 identifica os geradores de RCC que devem obrigatoriamente

apresentar Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) para o

licenciamento de obras como:

“I) EDIFICAÇÕES com área total construída (ATC) igual ou maior que 10.000 m²;

II) EMPREENDIMENTOS OU OBRAS QUE REQUEIRAM MOVIMENTO DE

TERRA com volume superior a 5.000 m³;

III) DEMOLIÇÃO DE EDIFICAÇÕES com área total construída (ATC) igual ou

maior que 10.000 m² ou volume superior a 5.000 m³”

Licenciamento Ambiental - Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC)

Licenças Objetivo

Licença Municipal Simplificada (LMS) É destinada à atividades de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental.

Licença Municipal Prévia (LMP)

Documento expedido na fase inicial de planejamento do empreendimento, para garantir a adequação do projeto às normas ambientais e de uso/ocupação do solo, estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes para evitar potenciais impactos ambientais na fase de instalação.

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36

Licença Municipal de Instalação (LMI)

Autoriza o início da implantação do empreendimento ou atividade, estabelecendo condicionantes para que potenciais impactos ambientais decorrentes de sua instalação sejam evitados e mitigados.

Licença Municipal de Operação (LMO)

Autoriza a operação da atividade, mediante atendimento a condições estabelecidas para garantir que todas as medidas de controle ambiental necessárias sejam devidamente adotadas em conformidade com as normas vigentes.

Licença Municipal de recuperação (LMR)

Deve ser requerida por ocasião do encerramento de atividades sujeitas à LMO, de modo a garantir que potenciais passivos ambientais sejam devidamente identificados e tratados em conformidade com a legislação vigente.

Tabela 11 – Licenciamento Ambiental no Rio de Janeiro. (Fonte: elaboração própria)

No que se refere à coleta e destinação dos RCC de pequenos geradores, é

responsabilidade da Prefeitura a gestão dos resíduos. A Companhia Municipal de

Limpeza Urbana – COMLURB é uma sociedade de economia mista, responsável pela

limpeza urbana do município do Rio de Janeiro. Dentre suas atribuições, a COMLURB

é responsável por coletar, transportar, valorizar, tratar e dar destino final aos resíduos

sólidos urbanos, assim como promover a limpeza de logradouros do Município do Rio

de Janeiro. Assim, é de responsabilidade da COMLURB, gerenciar o RCC de pequenos

geradores. No caso dos grandes geradores, estes são os próprios responsáveis pela

destinação do RCC. A COMLURB iniciou, em meados da década de 90, uma atividade

chamada de “Remoção Gratuita”. Através de uma ligação telefônica, o cidadão solicita

a remoção de entulho ou bens inservíveis de sua casa, e a COMLURB faz a retirada do

material, desde que os resíduos estejam acondicionados em sacos plásticos de 20 litros.

Segundo o PMGIRS da cidade do Rio de Janeiro pode ser solicitado o apoio do

município no recolhimento de até 150 sacos a cada 10 dias.

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37

4.8 Indicadores de Sustentabilidade

Através da Portaria n° 13 de 6 de janeiro de 2017 ficou aprovado o Regimento

Geral do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da

Construção Civil – SiAC. O SiAC tem como objetivo avaliar a conformidade do

sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras, considerando as

características específicas da atuação dessas empresas no setor da construção civil, e

baseando-se na série de normas ISO 9000. O Sistema busca contribuir para a evolução

dos patamares de qualidade do setor, envolvendo especialidades técnicas de execução

de obras, serviços especializados de execução de obras, gerenciamento de obras e de

empreendimentos e elaboração de projetos. O SiAC integra o Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H, visando contribuir para a evolução da

qualidade, produtividade e sustentabilidade no setor da construção civil.

Indicador ambiental é um parâmetro qualitativo ou quantitativo que evidencia

alterações no meio ambiente. São ferramentas importantes para a avaliação dos

impactos, através deles as empresas são capazes de identificar os pontos críticos e

adotar medidas corretivas ou de melhorias. O PBQP-H apresenta indicadores da

qualidade referentes à sustentabilidade dos canteiros de obra, para as empresas

construtoras que atuam no setor obras de edificações. Dentre os indicadores previstos

há dois específicos para avaliação do aspecto ambiental da obra no que diz respeito a

geração de resíduos. São eles:

a) Indicador de geração de resíduos ao longo da obra: volume total de resíduos

descartados (excluído solo e demolição de edificações pré-existentes) por

trabalhador por mês – medido mensalmente e de modo acumulado ao longo da obra

em m3 de resíduos descartados / trabalhador.

b) Indicador de geração de resíduos ao final da obra: volume total de resíduos

descartados (excluído solo e demolição de edificações pré-existentes) por m2 de

área construída – medido de modo acumulado ao final da obra em m3 de resíduos

descartados / m2 de área construída.

Os indicadores são ferramentas fundamentais para a avaliação do gerenciamento

de resíduos aplicados em obras da construção civil. Segundo o PBQP-H, uma empresa

preocupada com a gestão ambiental de resíduos deve: assegurar que sejam definidos

objetivos da qualidade mensuráveis para funções e níveis pertinentes de modo

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38

consistente; definir indicadores para permitir o acompanhamento dos objetivos da

qualidade; e garantir que os objetivos da qualidade incluam aqueles necessários para

atender aos requisitos aplicados à execução de obras.

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39

5 DIRETRIZES PARA O GERENCIAMENTO DOS

RESÍDUOS

Com o objetivo de centralizar e orientar ações referentes à destinação de RCC, foi

criada a Associação dos Aterros de Resíduos da Construção Civil do Estado do Rio de

Janeiro (ASSAERJ). Nela as empresas associadas recebem apoio sobre questões

técnicas, administrativas e jurídicas referentes à operação, implantação de Centros de

Triagem, Reciclagem, Reaproveitamento e Destinação final de seus resíduos. A

Associação também auxilia no desenvolvimento de pesquisas, na formação de pessoal

técnico e tenta alinhar as atividades de seus associados de acordo com as exigências

legais, atuando em parceria com os órgãos públicos.

No Rio de Janeiro, a fiscalização dos processos é exercida pelo INEA (Instituto

Estadual do Ambiente) e pela SMAC (Secretaria Municipal de Meio Ambiente).

Porém, na prática a eficácia de suas ações é baixa, fato que pode ser comprovado com a

quantidade de lixões que ainda existem no Estado, conforme Figura 6.

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Figura 6 – Lixões em Operação no Estado do Rio de Janeiro. (Fonte: Reportagem do Jornal O

Globo, levantamento da ABRELPE, 27/03/2017)

Para quantidades de RCC de responsabilidade do gerador, a COMLURB

disponibiliza em seu endereço eletrônico a “relação de empresas credenciadas para a

coleta e o transporte” e a SMAC disponibiliza em seu site a “listagem de empresas

licenciadas para o beneficiamento ou destinação final ambientalmente adequada de

RCC”.

Empresa Tipo de RCC

ARCO DA ALIANÇA A

INDUSTRIA EXTRATIVA E COMERCIAL POP LTDA ME A e B

PEDREIRA COPACABANA LTDA A, B e C

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SPE BANDEIRANTES PROJETO 03 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. (GLOBAL RCD)

A

TAMOIO MINERAÇÃO S.A. A, B e C

CONCRETRAN S.A. A

LIEJ - MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES LTDA A, B e C

CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S.A A

CARVALHO HOSKEN S.A. ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES A

FÁBIO BRUNO CONSTRUÇÕES LTDA A

SUCATDAVI COMÉRCIO DE SUCATA LTDA Resíduos

Perigosos- Classe I

MIX MODAL LOGÍSTICA E TRANSPORTES LTDA EPP A

MINERAÇÃO GALÁCIA LTDA A

PLANO B EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA A, B e C

SOLUÇÃO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS LTDA. ME A, B e C

TOTAL: 15 empresas

Tabela 12 – Relação de Empresas Licenciadas para destinação de Resíduos de Construção Civil na

cidade do Rio de janeiro. (Fonte: SMAC, atualização em 09/03/2016)

É obrigatória a adoção de transportador de resíduos credenciado pela COMLURB

para as Classes A, B e C, com exceção nos casos de transporte exclusivamente de

material terroso em grande quantidade, quando transportado por empresa de

terraplenagem.

5.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil

O Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC, mais do

que um simples requisito a ser cumprido perante os órgãos públicos para a obtenção das

licenças ambientais é, na verdade, um importante instrumento da gestão ambiental, uma

vez que com sua apresentação os órgãos públicos podem prever qual volume e tipo de

resíduo que será gerado e assim planejar suas ações (Leite, 2014).

O PGRCC é um documento que deve conter: caracterização do empreendimento,

descrição do sistema construtivo da obra, caracterização dos resíduos que serão

gerados, procedimentos que serão adotados para minimização da geração de resíduos,

procedimentos para segregação dos resíduos por classe, armazenamento de resíduos na

obra, movimentação e transporte, previsão de destinação final, comunicação e educação

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ambiental, previsão de utilização de agregados reciclados. Deverão ser assinados

obrigatoriamente pelo Profissional Responsável pela Execução da Obra – PREO com

respectivo recolhimento de anotação de responsabilidade técnica (ART) do Conselho

Profissional correspondente.

A Resolução SMAC 604/2015, possui, em seus anexos, um roteiro básico para

elaboração do PGRCC e uma lista de quadros e informações que devem ser

preenchidas. São eles, de forma resumida:

a) Identificação do empreendimento:

Descrever em linhas gerais a tipologia do empreendimento, indicando o local da

obra e dados básicos da empresa a realizar a obra, além de informações do PREO

responsável e o corresponsável.

b) Memorial Descritivo:

Descrição do sistema construtivo que será adotado na obra. Incluindo: cálculo do

volume de resíduos a ser gerado, memória de cálculo movimentação de terra, elementos

construtivos e classes de resíduos a serem gerados separados de acordo com a sua

respectiva fase construtiva (preparo do terreno, fundação, estrutura, acabamento,

cobertura) bem como a previsão de destinação final. A caracterização dos resíduos deve

estar contida no quadro cujo modelo é apresentado na Figura 7:

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43

Figura 7 – Modelo de Quadro Resumo do PGRCC. (Fonte: Resolução SMAC n° 604/2015)

c) Previsão de Utilização de Agregados:

No caso de obras e serviços de engenharia do Município do Rio de Janeiro,

executadas direta ou indiretamente pela administração pública, informar a previsão da

utilização de agregados reciclados oriundos de resíduos da construção civil – RCC,

conforme Figura 8, em atendimento ao estabelecido pelo Decreto Municipal nº

33.971/2011. Tais informações serão de caráter facultativo, para obras e serviços não

enquadrados no caso acima.

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Figura 8 – Previsão da Utilização de Agregados Reciclados. (Fonte: Resolução SMAC n° 604/2015)

d) Relatório de Implantação de Acompanhamento – RIA:

O RIA refere-se ao gerenciamento dos RCC, através deste relatório deverá ser

comprovada a destinação adequada dos resíduos gerados em todas as etapas da obra,

conforme modelos de quadros abaixo. Além de declaração constando o recebimento de

empréstimo e bota-fora.

A comprovação das informações prestadas no RIA dar-se-á das seguintes formas:

I - Resíduos das Classes A, B e C – Nota de Transporte de Resíduos – NTR.

II - Resíduos da Classe D – Manifesto de Resíduos do Instituto Estadual do

Ambiente – INEA.

As NTRs serão apresentadas para fins de comprovação da destinação dos RCC,

incluídas como anexo do processo administrativo de licenciamento ambiental para

conferência pela fiscalização ambiental da SMAC e posterior devolução ao requerente

quando da emissão do documento técnico de baixa de condicionantes da LMI.

Para cada retirada de RCC das classes A, B e C deverá ser emitida a Nota de

Transporte de Resíduos – NTR, conforme modelo presente na Resolução SMAC

604/2015, assinada pelo gerador, transportador e receptor dos resíduos.

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Figura 9 – Modelo de Relatório de Implantação e Acompanhamento. (Fonte: Resolução SMAC n°

604/2015)

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46

5.2 Destinação Final

Segundo a Resolução SMAC n° 604/2015, são considerados como destinos finais

adequados para os resíduos:

a) CLASSE A:

I - Pontos de beneficiamento, incluindo pedreiras de brita, devidamente licenciados

pelo órgão ambiental competente;

II - Aterros de cavas autorizados pelo órgão ambiental;

III - Áreas de transbordo, triagem, reciclagem e reservação temporárias de resíduos

da construção civil – ATTRs licenciadas pelo órgão ambiental competente;

IV - Nivelamento de terreno, desde que relacionado a projetos licenciados pelo

órgão competente;

V - Áreas de transbordo e triagem da COMLURB (mediante consulta);

O concreto (Classe A) e a armadura (Classe B) dos elementos de concreto armado

poderão ser separados no ponto de beneficiamento.

b) CLASSE B:

I - Cooperativas de materiais recicláveis licenciadas pelo órgão ambiental

competente;

II - Empresas comercializadoras e recicladoras licenciadas pelo órgão ambiental

competente;

III - Áreas de transbordo, triagem, reciclagem e reservação temporárias de resíduos

da construção civil – ATTRs licenciadas pelo órgão ambiental competente;

IV - Áreas de transbordo e triagem da COMLURB (mediante consulta).

c) CLASSE C:

I - Áreas de transbordo, triagem, reciclagem e reservação temporárias de resíduos

da construção civil – ATTRs licenciadas pelo órgão ambiental competente;

II - Áreas de transbordo e triagem da COMLURB (mediante consulta).

d) CLASSE D:

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I - Empresas ou áreas de disposição final devidamente licenciadas pelo órgão

ambiental competente para o recebimento de resíduos perigosos.

5.3 Destinação de Resíduos na Cidade do Rio de

Janeiro

5.3.1 Centro de Tratamento de Resíduos CTR–Rio

Seropédica

O Centro de Tratamento de Resíduos CTR-Rio localizado em Seropédica foi

inaugurado em abril de 2011 com o objetivo de substituir o antigo aterro sanitário de

Gramacho, que funcionava desde 1978 no Rio de Janeiro. Com um terreno total de

mais de 2 milhões de m², o CTR de Seropédica é o local de destino para todo o lixo

produzido na capital fluminense. O centro tem a capacidade para receber até 10 mil

toneladas de resíduos por dia, onde são tratados com técnicas e equipamentos modernos

e obedecendo às normas nacionais e internacionais, garantindo um destino

ambientalmente adequado aos resíduos produzidos no Rio de Janeiro. O solo possui

três camadas de impermeabilização e sensores que detectam vazamentos para impedir

que haja contaminação. O centro possui, ainda, uma unidade de tratamento de chorume,

líquido proveniente da decomposição dos resíduos orgânicos. O gás metano, liberado

da decomposição dos resíduos orgânicos e altamente poluente, é queimado para

transformação em gás carbônico reduzindo significativamente as emissões de gases que

produzem o efeito estufa.

Antes de chegar ao CTR de Seropédica, os resíduos são coletados por caminhões

com destino às estações de transferência. Das estações, carretas carregadas levam os

resíduos até o centro, onde todo resíduo que chega é pesado e classificado antes de

alcançar o destino final. Por segurança, todo o material depositado CTR deve ser

coberto em no máximo 24 horas, evitando a proliferação de insetos, roedores e a

presença de urubus.

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48

Figura 10 – Centro de Tratamento de Resíduos – CTR-Rio (Fonte: Site CICLUS, imagem set/2016)

5.3.2 Estações de Transferência de Resíduos – ETRs

As Estações de Transferência de Resíduos consistem em uma operação logística de

recebimento e transferência dos resíduos coletados na cidade do Rio de Janeiro. São

unidades instaladas próximas ao centro de geração de resíduos, para que os caminhões

da coleta regular possam descarregar os resíduos coletados e voltar rapidamente às suas

atividades. A partir delas ocorre a transferência dos resíduos para veículos com maior

capacidade de transporte, melhorando assim as condições de tráfego nas vias públicas,

otimizando a coleta domiciliar, reduzindo o consumo de combustível e gerando

empregos.

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Figura 11 – Fluxo de Resíduos Coletados no Rio de Janeiro e destinados ao CTR-Rio (Fonte:

Adaptado, COMLURB)

Devido à localização mais afastada do CRT-Rio, em Seropédica, foi necessária a

implantação de um novo sistema de coleta e transbordo de resíduos. O novo sistema de

logística, ora em fase de conclusão pela concessionária CICLUS, contará, quando

finalizado, com sete Estações de Transferência de Resíduos, das quais cinco (conforme

imagens apresentadas nas Figuras 12, 13, 14, 15 e 16) já estão devidamente licenciadas

e em operação:

a) Caju

Figura 12 – ETR – Caju (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020)

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b) Jacarepaguá

Figura 13 – ETR Jacarepaguá (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020)

c) Marechal Hermes

Figura 14 – ETR Jacarepaguá (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020)

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d) Santa Cruz

Figura 15 – ETR Santa Cruz (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020)

e) Bangu

Figura 16 – ETR Bangu (Fonte: PMGIRS Rio de Janeiro 2017-2020)

5.3.3 Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho –

Encerrado

O Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho funcionou desde 1976 e já foi

considerado o maior da América Latina, funcionando como vazadouro de resíduos

administrados pela COMLURB e tinha capacidade para receber até 8 mil toneladas de

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resíduos por dia. Encontra-se localizado no bairro de Jardim Gramacho do município

de Duque de Caxias e ocupa uma área de 1,3 milhões de m².

Até o ano de 1996, funcionou como um verdadeiro lixão. Porém, em meados dos

anos noventa, com o crescimento da preocupação com a questão ambiental, em especial

com a poluição da Baía de Guanabara e a destruição dos manguezais em seu entorno, a

COMLURB, através de processo licitatório, terceirizou a gestão do aterro para a

empresa de engenharia QUEIROZ GALVÃO. O objetivo foi impor soluções técnicas

para questões como a recuperação da área de manguezal, o tratamento do chorume e do

biogás advindos do lixo e promover a transformação do lixão em um aterro sanitário. A

empresa teria também como responsabilidade implementar ações sociais relativas aos

catadores material reciclável que trabalhavam em condições precárias. (Gomes, 2014)

O Aterro de Gramacho foi encerrado definitivamente em 03 de junho de 2012 após

36 anos de operação ininterrupta, em decorrência não só do término de sua vida útil,

como também por determinação da legislação ambiental do Estado do Rio de Janeiro,

que proíbe o lançamento e disposição a céu aberto de resíduos sólido. Desativado, o

aterro manterá o sistema de tratamento de chorume, além do monitoramento ambiental

e geotécnico por, pelo menos, mais 10 anos. Com sua transformação em um polo de

extração de biogás para fins energéticos, será um marco tecnológico ambiental para a

cidade. A sua usina de Biogás, inaugurada em maio de 2010, é um dos maiores projetos

de redução de emissões de gases de efeito estufa no Brasil. O sistema de exploração do

biogás insere-se no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no

Protocolo de Kyoto, que permite a venda dos créditos de carbono decorrentes das

reduções de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera (Prefeitura do Rio de

Janeiro, 2017).

5.3.4 Unidades Particulares

Os grandes geradores RCC tem a opção de contratação de caçambas estacionárias

cujas empresas são credenciadas e regulamentadas pela COMLURB, que também as

fiscaliza. Estas empresas ficarão encarregadas de transportar os resíduos e que podem

ter como destino final unidades da COMLURB ou unidades particulares licenciadas

pela SMAC (Tabela 12).

Page 68: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

53

6 RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

6.1 Tipologia e Composição do RCC

O entulho da construção civil é, de modo geral, formado por: solo, argamassa,

areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas,

etc. A proporção entre estes componentes é muito variável, depende da origem e da

etapa da obra. Resíduos produzidos por manutenção de obras de pavimentação,

naturalmente, vão apresentar composição compatível com os materiais empregados,

revelando especialmente asfaltos (John, 2001). Enquanto resíduos provenientes de

demolições são compostos basicamente de concreto e barras de aço. A Figura 17

apresenta uma composição de RCC, excluindo solo, resultante de vários estudos

realizada por Blumenschein (2007). De acordo com a Resolução 307 do CONAMA, os

resíduos considerados como classe A ou B são passíveis reuso e reciclagem e, como é

demonstrado na figura, quase a totalidade dos resíduos da construção civil (argamassa,

tijolos e blocos) no Brasil pertence a essas classes, tornando viável a reciclagem dos

RCD.

Notadamente a maior parte dos resíduos gerados (classe A e B) são passíveis de

reuso ou reciclagem. Os resíduos são constituídos basicamente por:

a) Solos;

b) Materiais “cerâmicos”: rochas naturais; concreto; argamassas a base de

cimento e cal; resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas; cerâmica

branca, especialmente a de revestimento; cimento-amianto; gesso – pasta e

placa; vidro.

c) Materiais metálicos: aço para concreto armado, latão, chapas de aço

galvanizado, etc.;

d) Materiais orgânicos: como madeira natural ou industrializada; plásticos

diversos; materiais betuminosos; tintas e adesivos; papel de embalagem; restos

de vegetais e outros produtos de limpeza de terrenos. (John, 2000)

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Figura 17 – Composição de RCC no Brasil. (Fonte: Blumenschein, 2007)

A larga utilização do cimento em construções no Brasil justifica a grande

quantidade de argamassa na composição dos RCC. A argamassa e o concreto são os

materiais mais utilizados no planeta, composto por uma mistura de cimento, agregado

miúdo (areia), agregado graúdo (brita) e água, além de outros materiais eventuais, os

aditivos químicos e as adições minerais. Quando armado com ferragens passivas,

recebe o nome de concreto armado, e quando for armado com ferragens ativas recebe o

nome de concreto protendido (Ferreira, Moreira,2013).

6.1.1 Rio de Janeiro

A composição do RCC depende de muitas variáveis como o método construtivo

adotado e etapa da obra, com isto precisar as exatas frações de cada resíduo não é

trivial. Outro estudo realizado, Figura 18, apresentou valores diferentes. Segundo

Ferreira, o agregado fino representa a maior parcela da composição gravimétrica dos

RCC recolhidos através do serviço de Remoção Gratuita da COMLURB, seguido do

concreto, pedra e demais.

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55

Figura 18 – Composição Gravimétrica de RCC no Rio de Janeiro. (Fonte: Ferreira, Moreira, 2013)

6.2 Quantitativo de RCC

No item 4.4 foi estimada a quantidade de resíduos gerada na cidade do Rio de

Janeiro levando em consideração um estudo da ABRELPE que levou em consideração

o material coletado em vias públicas e de pequenos gerados. A estimativa do total

destes resíduos, considerando os grandes geradores, não é um dado de fácil obtenção

devido à ausência de informações sobre as grandes construtoras presentes da cidade.

Em 2015, foi elaborado o Diagnóstico Preliminar de Resíduos Sólidos da cidade do

Rio de Janeiro, em parceria da SMAC e COPPE-UFRJ, onde foram avaliados

geradores, transportadores e receptores, não somente informações sobre as demolições

e obras sujeitas ao licenciamento da SMAC, para determinação da quantidade de

resíduos gerados. Foram 14 as empresas Receptoras, 228 as Transportadoras e 18 as

instituições Geradoras de RCC contatadas, por amostragem simples. Deste total, 10

empresas receptoras, 20 empresas transportadoras e 11 geradoras forneceram dados

para a pesquisa. Os valores obtidos foram extrapolados para o universo e estão

apresentados na Tabela 13. O desvio padrão obtido nas amostras dos transportadores e

dos receptores ficou acima do limite desejado pela pesquisa. Portanto, o valor a ser

considerado para RCC é o obtido na pesquisa junto aos receptores (9116 t/dia).

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Receptores Transportadores Receptores

Quantidade Desvio Padrão Quantidade Desvio Padrão Quantidade Desvio Padrão

9116 t/dia 2,71% 11284 t/dia 47,98% 7782 t/dia 29,98%

3,33 milhões t/ano 4,12 milhões t/ano 2,84 milhões t/ano

Tabela 13 – Estimativa de RCC gerados na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: COPPE, 2015)

A autora julga que neste caso a extrapolação do valor de geração para o ano de

2017, com relação ao crescimento populacional, conforme foi realizado ao longo do

Capítulo 4, não resultaria em um valor representativo. Pois o estudo possui uma base de

dados que compreendeu o período de 2002 a 2014, e não somente a geração em um

determinado ano. Cabe ressaltar, ainda, que um dos motivos para o alto volume de

RCC identificado foi o período que precedeu à realização da Copa do Mundo de

Futebol em 2014 e Olimpíada em 2016 que caracterizaram um período de intensa

realização de grandes obras de revitalização e infraestrutura pela cidade que alavancou

a geração de resíduos de grandes obras.

A quantidade de resíduos gerados obtida por esta pesquisa representa uma média

anual de 3,33 milhões de toneladas por ano. Este valor, se comparado com o

apresentado na Tabela 9 do Sistema Nacional de informações sobre Saneamento –

SNIS, demostra que as construtoras, grandes geradores, são os maiores produtores de

resíduos.

6.3 Perdas e desperdícios

Os principais fatores que contribuem para a geração de resíduos são: a indefinição

e detalhamento insuficiente nos projetos, a qualidade inferior dos materiais e

componentes de construção disponíveis no mercado, a mão-de-obra não qualificada e a

ausência de procedimentos operacionais e mecanismos de controle de execução e

inspeção (Ferreira, Moreira, 2013).

Praticamente todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são

geradoras de entulho. No processo construtivo, o alto índice de perdas do setor é a sua

principal causa. Já nas obras de reformas, a falta de uma cultura de redução,

reutilização e reciclagem são as principais causas do entulho gerado pelas demolições

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durante o processo. Em todo o mundo, esta quantidade corresponde, em média, a 50%

do material desperdiçado. (Correia, 2009)

Conforme está comentado no item 6.1, o cimento é o material mais utilizado em

obras. Portanto, é notório que o desperdício deste material seja maior. A Figura 19

apresenta um compilado de estudos com relação a composição dos resíduos e corrobora

com os dados apresentados.

Figura 19 – Desperdícios em Construções. (Fonte: Parisotto, 2013)

De acordo com SANTOS (2015), o manuseio e estocagem de materiais podem se

tornar importantes causadores de perda de material. Antes de receber um material,

previamente planejado, deve-se pensar na logística deste material: onde ele irá

descarregar, onde será armazenado e será utilizado. Por mais óbvio que pareça, o ideal

é que ele seja armazenado próximo de onde será utilizado, de forma, a evitar seu

manuseio por longas distâncias dentro da obra. O armazenamento deve ser feito de

forma correta para cada tipo de material, a fim de minimizar as perdas.

A conscientização ambiental para que as perdas e desperdícios sejam evitados é

fundamental para a construção civil. Iniciativas simples, porém inovadoras, trazem

grandes benefícios para a diminuição da geração de resíduos. Morand (2016) realizou

um estudo sobre o reaproveitamento de jet grouting na construção da linha 4 do metrô

do Rio de Janeiro. Jet Grouting é uma técnica que consiste na injeção de um jato de

calda de cimento com alta pressão e velocidade para formar colunas de solo-cimento

que servem para melhorar a resistência de solos fracos. Na obra foi reaproveitado, para

fabricação de tijolos, os últimos 3 metros da injeção. O material que seria desperdiçado

foi coletado e depositado em formas até seu endurecimento e depois cortado como

tijolos. Estes tijolos foram usados no canteiro para pavimentação, alvenaria aparente,

construção de guaritas de segurança, contenção de áreas para estacionamento, etc. Este

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tipo de iniciativa é fruto da conscientização dos envolvidos e deve ser divulgado para

que a prática possa ser utilizada por outras obras.

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7 RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE

RESÍDUOS

De acordo com a Resolução 307 do CONAMA, a reutilização de resíduos consiste

no processo de reaplicação do resíduo, sem que ocorra a transformação do mesmo em

quanto a reciclagem é definida como o processo de reaproveitamento, após os resíduos

terem sido submetidos à transformação.

A reutilização de materiais, elementos e componentes se torna possível a partir da

escolha dos sistemas e tecnologias de construção durante a fase de projeto. Os resíduos

produzidos numa obra podem ser reutilizados desde que sejam utilizados

procedimentos adequados. Na busca de mais racionalização, procura-se especificar

materiais e equipamentos com maior durabilidade e maior número possível de

utilizações (Morand, 2016).

A nova utilização de um material consiste em uma série de operações, em geral de

coleta, desmonte e tratamento, podendo assim voltar ao processo de produção. Quando

os resíduos são selecionados, graduados e limpos adequadamente, tornam-se um

agregado secundário, cuja utilização, em função da origem e tratamento, cobrem desde

um aterro até um concreto.

Quanto ao processo de demolição, quando este for imprescindível, seja pelo fim da

vida útil total do edifício, ou por motivos de forças maiores como, por exemplo, na

ocorrência de incêndio, ou outro fenômeno, deve-se tentar proceder ao desmonte

mantendo as partes intactas e/ou separadas para futuras reutilizações, seja em novos

edifícios, seja em reciclagem. Observa-se que este objetivo será mais facilmente

alcançado quanto maior for a racionalização definida na fase de projeto (uso de

elementos padronizados e pré-fabricados) (BLUMENSCHEIN, 2007).

Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela é

limitada, uma vez que toda cadeia produtiva fornece sobras ao consumir qualquer tipo

de matéria-prima. A solução para este problema é a reutilização deste material.

Segundo Morand, aterramento, base e sub-base de pavimentação são alguns dos mais

usuais procedimentos de reutilização dos RCD. O resíduo contaminado por outros ou

contendo impurezas pode inviabilizar a sua reutilização primária, necessitando o

desenvolvimento de tecnologias que viabilizem a reciclagem destes resíduos.

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Benefícios da reciclagem:

a) Redução no consumo de recursos naturais não-renováveis, quando substituídos

por resíduos reciclados.

b) Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de

resíduos pela reciclagem.

c) Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destaca-se a

indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção

de sua matéria-prima (co-incineração) ou utilizando a escória de altoforno,

resíduo com composição semelhante ao cimento (JOHN, 2000).

d) Redução da poluição. Ex: a indústria de cimento reduz a emissão de gás

carbônico utilizando escória de alto forno em substituição ao cimento portland

(JOHN, 2000).

A reciclagem de RCC vem se consolidando como uma prática importante para a

sustentabilidade, seja atenuando o impacto ambiental gerado pelo setor ou reduzindo os

custos. O processo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de novos materiais

reciclados precisa ser feito de forma cautelosa e criteriosa para garantir o sucesso destes

produtos no mercado. (Ângulo, 2001)

7.1 Reciclagem de RCC no Brasil

A atividade de reciclagem de RCC iniciou-se no Brasil na década de 80, com um

crescimento lento da atividade até o final da década de 90. Um crescimento mais

acelerado da quantidade de usinas instaladas ocorreu após o ano de 2002, com a

publicação da resolução n° 307 do CONAMA. Pois a partir deste ano os geradores

começaram a ser responsáveis pelos resíduos gerados, o que estimulou o setor privado a

investir em usinas de reciclagem (ABRECON, 2016).

Através da Tabela 14, nota-se que as usinas não estão trabalhando com sua

capacidade máxima. Segundo a ABRECON, este fato se deve a fatores como: paradas

de produção (chuva, quebra de máquinas, pneus furados, etc.), falta de matéria prima

ou baixa procura do mercado por de agregados reciclados.

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61

Produção Atual Capacidade

Máxima

21% 46%

Tabela 14 – Estimativa de porcentagem de RCD reciclado no país. (Adaptado. ABRECON, 2016)

Os dados presentes na Figura 20 mostram que, apesar dos RCD terem um alto

potencial de recuperação, conforme foi comentado no capítulo 6, apenas uma pequena

parcela é efetivamente recuperada. Segundo Morand (2016), os países da Europa

destinam mais de 70% dos resíduos produzidos para aterros. No entanto, alguns países

como Holanda, Bélgica e Dinamarca, atingiram taxas de reaproveitamento superiores a

80%. No Brasil, ainda não há muita informação sobre a quantidade de resíduos

reutilizados especificamente, o próprio estudo de caso tratado no capítulo 8 deste

trabalho aborda este aspecto.

Figura 20 – Quantidade de RCD reaproveitado em países da Europa (Fonte; Morand, 2016)

De acordo com a Pesquisa Setorial 2015 realizada pela ABRECON, o material que

chega às usinas de reciclagem brasileiras é predominantemente misto composto das

frações cinza (gerados a partir de insumos que tem o cimento em sua composição, tais

como argamassa, concreto, etc.) e vermelho (tijolos, blocos cerâmicos, etc.) misturadas,

conforme apresentado no Gráfico 3, mostrando a importância de serem desenvolvidas

tecnologias e políticas públicas para o uso prioritário deste material. Quanto aos preços

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associados à reciclagem, a pesquisa indica preço médio de 7 reais por metro cúbico

para recebimento de resíduos em usinas no estado do Rio de Janeiro e 30 reais para

venda dos agregados reciclados.

Gráfico 3 – Composição de RCD que chegam às usinas de reciclagem. (Adaptado. ABRECON,

2016)

7.2 Reciclagem Primária e Secundária

A reciclagem primária é definida como a reciclagem do resíduo dentro do mesmo

processo que o originou, é muito comum e possui grande importância nas obras de

construção, embora seja, muitas vezes, técnica ou economicamente inviável. O resíduo

que é reaproveitado no próprio canteiro de obras muitas vezes não é quantificado pelos

responsáveis, tornando difícil a obtenção de dados sobre o reaproveitamento primário.

A reciclagem secundária é definida como a reciclagem de um resíduo em outro

processo produtivo, diverso daquele que o originou.

Dificuldades com a separação do material e a necessidade de controle estreito da

uniformidade são fatores que inviabilizam a reciclagem primária. Como foi comentado

no item 4.4, a segregação dos resíduos de maneira adequada é fundamental para

impedir a contaminação e permitir a reciclagem.

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O reuso dos materiais na construção civil é normalmente muito simples. Em

relação à demolições trata-se apenas da execução de um desmonte cuidadoso e seletivo

para que os materiais não sejam danificados nem misturados indevidamente. Os

elementos não-estruturais como: esquadrias, portas, pisos, janelas, luminárias, louças,

etc., podem ser reutilizados bastando removê-los sem danos e reinstalá-los em seu novo

lugar de uso. As esquadrias de madeira ou alumínio são bons exemplos disso, pois é

possível retirá-los por inteiro, muitas vezes junto com o vidro. Entretanto, seria ideal

que o projeto para o qual a peça se destina seja previamente desenhado para recebê-la

sem que haja a necessidade de corte, ou seja, é preciso que haja uma ideia prévia sobre

o reuso (Correa, 2009). Já os elementos estruturais (concreto e aço) para que sejam

aproveitados necessitam de prévio tratamento como a britagem para que sejam

aproveitados

Quanto aos elementos estruturais (concreto e aço), em caso de demolição, são

utilizados, porém requerem tratamento. Deve ser garantido que não se misturem com

solo e deve haver a preocupação com a uniformidade do material no momento em que

ele for britado. O material pode ser utilizado como agregado graúdo, como material

para pavimentação e aterros.

Nos itens 7.2.1. a 7.2.7 são abordados os principais RCD gerados e as principais

formas de reciclagem dos mesmos:

7.2.1 Solos excedentes (Classe A):

Os serviços de terraplanagem e as escavações de subsolos, realizadas na fase

inicial da obra (preparo do terreno e fundação), resultam em um grande volume de solo

excedente. Segundo a ABRECON, a reutilização deste excedente em outras obras de

engenharia que não especificamente os aterros de resíduos da construção é também

extensamente praticada. Tem sido comum o uso de solos para o nivelamento

topográfico de terrenos, devendo-se reconhecer a execução de tais serviços como obra

de engenharia, respaldada por projetos, licenças e sob responsabilidade técnica de

profissionais habilitados.

Ainda, de acordo com a ABRECON, a pavimentação (base, sub-base ou

revestimento primário), na forma de brita corrida ou ainda em misturas do agregado

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reciclado com o solo, é forma mais simples da reciclagem do entulho exigindo menor

utilização de tecnologia, o que implica menor custo do processo.

Segundo Morand, o solo que será utilizado na mistura deve ser classificado e os

resultados dos ensaios de dosagem da mistura solo-entulho devem ser avaliados, bem

como as variações da capacidade de suporte, da massa específica aparente máxima

seca, da umidade ótima e da expansão.

7.2.2 Madeira (Classe B):

Segundo a ABRECON, os resíduos de madeira são gerados na preparação das

formas em estruturas de concreto armado e no recorte em carpintaria para a preparação

de peças com dimensão diversificada (madeira serrada). Os destinatários de resíduos

desta natureza poderão utiliza-los das seguintes formas: utilização da madeira como

biomassa para produção de energia em processos de queima em fornos e caldeiras (ex:

industrias cerâmicas); trituração dos resíduos homogeneizando-os e convertendo em

lascas que são prensadas de volta a um formato que é denominado compensado. Este é

usado de inúmeras maneiras como painéis, fechamentos e móveis.

7.2.3 Papel, papelão e plástico (Classe B):

Oriundos de embalagens de alguns materiais como tubulações de PVC, vergalhões

em aço para estruturas, chapas e perfis metálicos, etc., normalmente utilizados em

diversas etapas da obra. Embora genericamente considerados como resíduos de classe

B, ou seja, com potencial de valorização, em certas circunstâncias de mercado, alguns

destes resíduos tem a sua comercialização muito restrita, o que acontece comumente

com as sacarias de papelão que embalam cimentos, argamassas e gessos. O motivo da

restrição relaciona-se ao acúmulo de grãos de cimento entre as folhas de papelão da

embalagem. A impossibilidade de identificação de potenciais destinatários resulta em

considera-lo como resíduo não-reciclável. (ABRECON, 2015)

7.2.4 Metais (Classe B):

O metal é uma liga de carbono que, quando aquecida, pode ser transformada em

líquido, e tem boa reciclabilidade. Pode-se reciclado e utilizado de várias formas, como

em telhas metálicas, sapatas, pré-moldados ou pode-se reutilizá-lo em outra obra No

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entanto, seu processo é feito somente em escala industrial resultando num inevitável

consumo de energia e impacto no meio ambiente, sem contar com o transporte e lugar

para armazenamento. Por isso não é costume reciclá-lo e sim reutilizá-lo.

(França,2010).

7.2.5 Vidro (classe B):

O vidro é, também, reciclado em escala industrial, embora não demande tanta

energia em comparação àquela que foi usada na sua fabricação. Além disso, o vidro

pode ser reciclado quantas vezes forem necessárias sem perder suas propriedades. O

único fator que pode dificultar e até mesmo impedir sua reciclagem é a adição de filmes

e películas. Depois de aplicadas elas precisam ser retiradas através de processos

químicos tóxicos que são obviamente prejudiciais, e, muitas vezes, não é possível

removê-las (Correa, 2009).

7.2.6 Gesso (Classe B):

A deposição de gesso em aterros sanitários comuns não é recomendada, pois o

ambiente úmido associado às condições aeróbicas e presença de bactérias específicas,

permite a dissociação dos componentes do gesso tornando-o um resíduo fedorento,

tóxico e inflamável. Assim, a reciclagem deste material é o meio mais adequado de

destinação.

A presença de produtos de gesso – solúveis em água e que apresentam reações

expansivas com o cimento Portland – na massa de resíduos é um limitador importante

da reciclagem da fração cerâmica, caso processos de controle não sejam instalados nas

Centrais de Reciclagem. A introdução de painéis de gesso acartonado na construção de

divisórias no mercado brasileiro pode significar a médio prazo um sério limitador às

atividades de reciclagem. No entanto, a reciclagem do gesso em si, é bastante simples, e

certamente está ao alcance das grandes empresas multinacionais que dominam o

mercado nacional. (John, Agopyan, 2000)

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, o uso do

gesso na construção civil brasileira vem crescendo gradativamente ao longo dos

últimos anos e ganhou impulso a partir de meados da década de 1990, com a introdução

da tecnologia drywall nas vedações internas de todos os tipos de edificações no país e

Page 81: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

66

devido às suas propriedades de lisura, endurecimento rápido e relativa leveza, se

somam todos os usos tradicionais do gesso como material de revestimento: aplicado

diretamente de tetos e paredes, a confecção de componentes pré-moldados como forros

e divisórias, e como material de fundição, utilizado na produção de placas de forro,

sancas, molduras e outras peças de acabamento.

A Resolução CONAMA 431/2011 reclassificou o gesso, inserindo-o na classe B,

ou seja, resíduo reciclável. Segundo a Associação para tornar viável a reciclagem deste

resíduo a principal postura a ser adotada é a coleta e armazenamento do material em

local específico nos canteiros, separados de outros materiais como madeira, metais,

papéis, plástico, restos de alvenaria (tijolos, blocos, argamassa) e lixo orgânico. A

coleta seletiva ou diferenciada melhora a qualidade do resíduo a ser enviado para a

reciclagem, tornando-a mais fácil. Nesse sentido, o treinamento da mão-de-obra

envolvida nas operações com gesso – incluindo os prestadores de serviços terceirizados

– é fundamental para a obtenção de melhores resultados para todos. O local de

armazenagem dos resíduos de gesso na obra deve ser seco. A armazenagem pode ser

feita em baia com piso concretado ou em caçamba. Em ambos os casos, o local deve ser

coberto e protegido das chuvas e outros possíveis contatos com água.

Após a separação, os resíduos do gesso readquirem as características químicas da

gipsita, minério do qual se extrai o gesso. Desse modo, o material limpo pode ser

utilizado novamente na cadeia produtiva: indústria cimenteira, para a qual o gesso é um

ingrediente útil e necessário, pois atua como retardante de pega do cimento; setor

agrícola, no qual o gesso é utilizado como corretivo da acidez do solo e na melhoria de

suas características; indústria de transformação do gesso, que pode reincorporar seus

resíduos, em certa proporção, em seus processos de produção (opção muito pouco

utilizada na prática segundo a Associação). Essas três frentes de reaproveitamento já

foram largamente testadas, sendo não só tecnicamente possíveis, como

economicamente viáveis.

7.2.7 Alvenaria, concreto, argamassas e cerâmicos (Classe A):

A cultura mais adotada no aspecto da reciclagem na construção civil, no entanto,

não consiste em nenhuma das práticas citadas nos itens 7.2.1 a 7.2.6. Em todos os

casos, é mais comum o reuso antes da aplicação de qualquer processo, pois estes se

revelam custosos e grandes consumidores de energia.

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67

O resíduo mais comum na construção são restos de alvenaria e revestimento, pois

estes são utilizados na esmagadora maioria das construções: trata-se de entulho. O

entulho é geralmente constituído por: areia, cimento, concreto, aço, blocos e tijolos. A

reciclagem é necessária em duas ocasiões: quando há uma demolição ou na própria

construção. No primeiro caso, quando uma construção está para ser demolida é

necessário criar um planejamento do processo de demolição seletiva garantindo que

não haja a mistura dos materiais entre si e de contaminantes. (França, 2010)

De modo geral o processo de reciclagem segue a etapas de limpeza e seleção

prévia; homogeneização; extração de contaminantes e materiais metálicos; e, por fim, a

britagem. O processo de britagem nada mais é que o fracionamento do entulho até um

determinado diâmetro para resultar no produto final chamado de agregado reciclado.

Devidamente reciclado, o entulho apresenta propriedades físicas tão boas quanto à

dos materiais originais e apropriadas para seu emprego como matéria prima na

produção de material de construção. No entanto, é importante ressaltar que o entulho

possui características bastante peculiares. Há uma grande quantidade de matérias-

primas, técnicas e metodologias empregadas na construção civil que afetam

significativamente as características do agregado quanto à composição e quantidade. É

preciso atentar para que o uso seja compatível com as características do agregado para

que haja segurança e bom desempenho do material. Por exemplo, se um agregado for

utilizado na fabricação de concreto estrutural, seu processo de reciclagem deve ser mais

rigoroso do que se ele fosse destinado à fabricação de cerâmica de revestimentos

(Correa, 2009)

O agregado reciclado pode substituir diversos tipos de matérias primas. A

destinação final vai depender da finura e da composição do agregado. Os agregados que

vem de telhas e blocos serão novamente utilizados para a produção dos mesmos e terão

que ser moídos até um diâmetro bem fino (agregado miúdo); o processo de fabricação a

partir do agregado é o mesmo que seria para a matéria-prima original. Já o agregado

utilizado para concretos, além de passar por uma rigorosa avaliação, apresenta diâmetro

bem maior, para substituir a brita (agregado graúdo).

Ao se analisar a demanda nacional, verifica-se que 70% do consumo de brita

encontrasse associado à mistura com cimento e 30% com asfalto betuminoso. (Ferreira

Moreira 2013)

Page 83: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

68

7.2.7.1 Agregado Miúdo

A produção e emprego de areia reciclada para a produção de argamassas não

estruturais pode ser uma alternativa factível e comercialmente atrativa para várias

cidades brasileiras. O elevado custo da areia natural em algumas cidades, causado

principalmente pela dificuldade de sua obtenção e longas distâncias de transporte, abre

espaço para a entrada da areia reciclada no mercado de agregado miúdo, como uma

alternativa de se utilizar um material de qualidade compatível, porém de custo inferior.

Entretanto a desvantagem da areia reciclada não lavada é o número limitado de

aplicações, principalmente se for de origem em RCD cerâmico. Seu uso para a

produção de concretos estruturais, revestimentos de paredes, calçadas e, até mesmo, em

contrapisos, muitas vezes dão como resultados a perda de resistência mecânica, excesso

de fissuração e aumento no consumo de cimento, causados pelo elevado teor de finos e

de consumo de água. (Correia, 2009)

Segundo a ABRECON, exemplos típicos de uso desta areia reciclada são na

produção de: argamassas de assentamento ou outros usos secundários, onde ela teria a

vantagem, além de seu menor custo, de não necessitar de adicionar cimento, conforme

aplicação desejada, uma vez que seu teor de finos elevado pode conferir à massa

trabalhabilidade e coesão mecânica suficiente para baixas resistências. O uso limitado

deste produto, associado ao preconceito do consumidor com relação à areia reciclada de

RCD cerâmico limita a venda deste material.

JOCHEM ET AL. (2013) realizaram um estudo para avaliar o efeito das

propriedades das argamassas de revestimento com substituição total do agregado

natural pelo agregado reciclado de RCD e pela adição de finos (dimensão inferior a

0,15mm). Comparou-se o agregado reciclado com o agregado de britagem.

Segundo o estudo a adição dos finos nas argamassas auxilia na melhoria das

propriedades, devido a maior porosidade dos finos, fazendo com que ocorra uma

melhor ligação com a pasta de cimento, preenchendo alguns poros que sem a adição de

finos seriam preenchidos com água. Este fato é reforçado pelas argamassas sem adição

de finos, tanto do agregado reciclado quanto do agregado de britagem natural.

Percebendo-se, assim, a importância do uso de finos nas argamassas de revestimento.

Portanto, as argamassas produzidas com o agregado reciclado apresentam boas

características para a utilização como argamassas de revestimento, com melhores

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69

resultados em algumas propriedades, como resistência à compressão, resistência à

tração na flexão e absorção capilar, quando comparadas as argamassas com agregado

de britagem.

7.2.7.2 Agregado Graúdo

Outra possibilidade é a produção de agregados (graúdos) para usos mais nobres

como o concreto estrutural, que pode ser conceituado como aquele de resistência

característica à compressão mínima de 15Mpa. Mas, de acordo com a ABRECON, no

Brasil, até o presente momento, não são encontradas usinas que comercializem

agregados reciclados para este fim, uma vez que isto significa aumentar o controle de

produção, com a realização de ensaios para comprovação de que a resistência mínima

foi atingida, fazendo com que o preço do agregado reciclado se aproxime do agregado

natural, o que dificulta sua comercialização. Outro fator importante é a realidade de que

a maioria das usinas de reciclagem do país são de pequeno porte e não tem grande

estrutura para realização dos ensaios necessários.

Segundo a ABRECON, nas usinas de grande porte na Alemanha e na Itália,

também não é usual a comercialização de agregados para concretos estruturais. Assim,

o mercado de RCD para concretos terá de ser criado através de medidas externas (como

será discutido no item 7.5, oferecendo maior margem de lucro para os fabricantes.

ASSIS (2015) realizou uma avaliação das propriedades mecânicas de resistência a

compressão através do ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos, como

parâmetro de controle para que pudesse se ter um comparativo do concreto produzido

com agregados reciclados com o concreto convencional. Os ensaios de compressão dos

corpos de prova foram realizados aos 7 e 28 dias de idade. As amostras de RCD foram

coletadas de uma Usina de Reciclagem e eram compostas principalmente de resíduos

de concreto, argamassa e material cerâmico. As amostras foram secas em estufas,

peneiradas e separadas em agregados miúdos e graúdos, para produção de dois traços

de concreto.

Os resultados (Figura 21) do estudo mostram que os corpos de provas moldados

com concreto utilizando a fração miúda do RCD em substituição ao agregado miúdo

natural apresentaram bons desempenhos aos 7 dias de cura, tendo suas tensões de

ruptura variando entre 7,4 MPa e 8,7 Mpa, e cargas de ruptura entre 5.890 kgf e 6.690

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kgf. Aos 28 dias alcançaram 14,6 MPa de resistência a compressão. Chega-se a

conclusão que concretos produzidos com agregados reciclados podem obter

desempenhos satisfatórios na produção de concretos sem função estrutural, blocos de

pavimentação, blocos de concreto dentre outros artefatos de concreto.

Figura 21 – Resultados de ensaios a compressão de corpos de prova. (Fonte: Assis, 2015)

Em linhas gerais, o agregado pode servir para a fabricação da maioria dos

materiais de construção, como concreto magro, argamassa, pavimentação e aterros.

Basta atentar para seu o diâmetro, sua composição e resistência.

7.3 Impactos da Reciclagem

A reciclagem de resíduos, assim como qualquer atividade humana, também causa

impactos ao meio ambiente. Variáveis como o tipo de resíduo, a tecnologia empregada,

e a utilização proposta para o material reciclado, podem tornar o processo de

reciclagem ainda mais impactante do que o próprio resíduo o era antes de ser reciclado.

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71

Dessa forma, o processo de reciclagem acarreta riscos ambientais que precisam ser

adequadamente gerenciados (John, 2000).

Todo processo de reciclagem necessita de energia para transformar de forma a

torná-lo apropriado a ingressar novamente na cadeia produtiva. Deve-se avaliar qual a

fonte de energia que será fornecedora para a realização do tratamento do resíduo. Além

disso, muitas vezes, apenas a energia não é suficiente para a transformação do resíduo.

São necessárias também matérias-primas para modificá-lo física e/ou quimicamente.

Dessa forma, é preciso que a escolha da reciclagem de um resíduo seja criteriosa e

pondere todas as alternativas possíveis com relação ao consumo de energia e matéria-

prima pelo processo de reciclagem escolhido (John, 2000).

7.4 Tecnologia/Estudos

A reciclagem de resíduos como material de construção envolve: a caracterização

física e química e da microestrutura do resíduo, incluindo o seu risco ambiental; a

busca de possíveis aplicações dentro da construção civil, considerando as

características do resíduo; o desenvolvimento de diferentes aplicações, incluindo seu

processo de produção, com base em ciência dos materiais; a análise de desempenho

frente às diferentes necessidades dos usuários para cada aplicação específica; a análise

do risco ambiental do novo produto; a análise do impacto ambiental do novo produto; a

análise da viabilidade econômica; a transferência da tecnologia. O desenvolvimento

dessas atividades exige a capacidade de integração de conhecimentos vinculados a

diferentes especializações, num trabalho multidisciplinar típico, com profissionais de

áreas diversas (John,2001).

7.5 Alternativas para o Aumento e a Melhoria da

Reciclagem

Para que a reciclagem do RCD no Brasil realmente atinja uma proporção

compatível com a sua geração, é fundamental que sejam produzidos agregados

reciclados com qualidade comprovada e que haja um maior envolvimento do setor

público.

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72

Para a obtenção de agregados reciclados de qualidade, alguns pontos devem ser

observados:

a) Limpeza: É quase impossível produzir bons agregados reciclados se a matéria-

prima, o RCD, não apresentar qualidade suficiente. E, a melhor forma de se

obter isso é aumentando número de construtoras que aplicam a técnica de

triagem de RCD no canteiro de obras ou demolidoras que adotam a técnica de

demolição seletiva, uma vez que os resíduos de construção e demolição

tornam-se mais homogêneos, com menos impurezas e mais fácil de serem

reciclados se os processos de construção e demolição passarem por um

planejamento prévio.

b) Qualidade: É importante que os projetos de usinas de reciclagem evoluam,

introduzindo equipamentos que garantam uma maior limpeza e

homogeneidade dos agregados. Além da necessidade de que a qualidade do

produto reciclado seja garantida através de ensaios de resistência e

durabilidade em comparação aos produtos originais. O enquadramento da

usina em sistemas de qualidade, como ISO 9000 e ISO 14000, ou a obtenção

de outros selos de qualidade também auxiliará na transmissão de credibilidade

aos consumidores, eliminando a ideia de que o material reciclado é de má

qualidade.

c) Envolvimento do setor público: fiscalizando as construtoras quanto ao

cumprimento da Resolução CONAMA 307/2002; criando legislações ou

outras formas de regulamentação que estimulem e protejam a reciclagem de

RCD, como a redução do ICMS dos produtos reciclados, isenção de IPTU para

as áreas de reciclagem, proibição de aterro de resíduos recicláveis, concessão

do uso de áreas públicas para a instalação de usinas privadas de reciclagem;

dando preferência ao uso de agregados reciclados em suas obras.

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73

8 ESTUDO DE CASO

8.1 Empresa

A empresa selecionada para realização do estudo de caso foi a COQ

CONSTRUTORA ORQUIN LTDA. Constituída em 1982, sob a direção e

responsabilidade técnica dos engenheiros civis MARCOS QUINTAIROS JORGE e

LUIZ QUINTAIROS JORGE, ambos formados pela UFRJ, possuidores de vasta

experiência em importantes empresas do gênero no Rio de Janeiro. A construtora tem

por objetivo a exploração da indústria da construção civil em todas as suas

modalidades, tais como a execução de obras por empreitadas ou por administração, a

elaboração de estudos, projetos, orçamentos e especificações, os serviços de

fiscalização, terraplenagem, demolições e quaisquer outros inerentes à engenharia em

geral.

Em sua trajetória, executou mais de 50 obras, tanto residenciais, como comerciais,

mistas e industriais. Atuando principalmente nos bairros da cidade do Rio de Janeiro,

através de incorporação e patrocínio de empresas, como a TAO Empreendimentos

Imobiliários Ltda e, também, pelo sistema de recursos próprios dos condôminos ou

com financiamento da CEF, primando sempre por qualidade, segurança, respeito ao

meio ambiente, ao cumprimento de prazos e a menores custos, tendo conquistado,

consequentemente, satisfação total de seus clientes.

Os dados e informações que serão apresentados neste capítulo foram fornecidos em

conversa pelo Engenheiro Luiz Quintairos Jorge e através do PGRCC, RIA, notas de

transportes e manifestos de resíduos das obras selecionadas.

8.2 Práticas de Gerenciamento de Resíduos

O proprietário dos empreendimentos estudados e, portanto, responsável pelos

resíduos gerados, é a TAO MADUREIRA EMPREENDIMENTOS LTDA. No entanto,

a implantação do PGRCC, bem como a elaboração do RIA, são de responsabilidade

direta da construtora contratada: COQ CONSTRUTORA ORQUIN LTDA.

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74

8.2.1 Aspectos Metodológicos

A construtora Orquin possui a sede do escritório localizada na Avenida das

Américas, 17.777 – sala 302, Recreio dos Bandeirantes – Rio de Janeiro – RJ. Porém a

estrutura de gerenciamento de resíduos fica toda localizada nos próprios canteiros de

obra. Cada obra possui um engenheiro responsável e cabe a ele instruir os funcionários

(mestre de obras e encarregados) com relação às medidas e política da empresa com

relação a gestão de resíduos.

A responsabilidade de gerenciar a acomodação dos resíduos pelo canteiro é do

mestre de obra e dos encarregados de pedreiro, bombeiro, armadores e eletricistas.

Cabe a eles orientar os funcionários de hierarquia mais baixa e que estão sob sua

responsabilidade, como carpinteiros, armadores, pedreiro e eletricistas. Quem

acompanha o enchimento das baias e caçambas durante a obra é o mestre de obras e ele

comunica ao auxiliar administrativo da obra que é quem faz a solicitação para retirada

do material às empresas transportadoras e destinatárias. O Canteiro de obras onde fica a

estrutura necessária para treinamentos e estruturação de planos de ação é localizado

dentro da obra em containers e moda de localização conforme o avanço da execução.

A quantidade de funcionários presentes na obra a cada etapa de execução não foi

fornecida para o estudo.

8.2.2 Locais de Acondicionamento e Separação dos Resíduos

A configuração dos pontos de acondicionamento dos resíduos durante a execução

da obra poderá ser alterada constantemente para melhor atender o desenvolvimento dos

serviços e, também, para se adequar aos diversos arranjos do canteiro de obra. Os locais

dos pontos de acondicionamento deverão ser escolhidos de modo a permitir o fácil

acesso aos transportadores, evitarem interferências no desenvolvimento dos serviços de

execução da obra e, também, não perturbarem a vizinhança.

Em algumas etapas, em função da limitação do espaço, os resíduos poderão ser

depositados em caçambas estacionárias colocadas na rua, em frente à obra (Figura 30).

Nestes casos, deverão ser tomados cuidados para não prejudicar a utilização de sarjetas,

caixas de passagem, hidrantes, mobiliário urbano ou qualquer outra instalação de

utilização pública e, também, a circulação de veículos e pedestres. Em atendimento às

normas da COMLURB, as caçambas estacionárias colocadas na rua devem ser

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75

removidas em até 48h após sua colocação, independentemente da quantidade de

resíduos em seu interior ou, no máximo em 8h após a caçamba estar cheia.

Os resíduos de classe A, com exceção do material escavado e da demolição, são

depositados em baias ou em caçambas estacionárias. Como estes resíduos são retirados

do canteiro de obras em caçambas estacionárias, as baias construídas para o seu

acondicionamento temporário deverão ter capacidade para acumularem um volume de

5 m³ (Figura 22, 23 e 24).

Uma vez que a Resolução CONAMA 307/2002 estabelece apenas que os resíduos

sejam separados por classe não sendo obrigatória a segregação dos diversos tipos de

resíduos de uma mesma classe, os resíduos de classe B são separados em uma única

baia (com exceção do gesso), reunindo-se todos os tipos de material: madeira, plástico,

vidro, metais (sucata) e papel/papelão. No caso de aparecerem interessados em cada um

destes materiais, serão construídas baias específicas para cada um deles. O gesso – que

foi reclassificado como resíduo de classe B pela Resolução CONAMA 431/2011 –

deverá ser separado dos demais, uma vez que se for misturado com outros resíduos da

mesma classe dificilmente será possível separa-lo posteriormente. O que contraria as

diretrizes da Resolução CONAMA 307/2002, pois esta estabelece que as formas de

acondicionamento e transporte dos resíduos devem garantir a sua reutilização ou

reciclagem.

Os resíduos da classe C são colocados em baias, para acumulação de volumes até

serem recolhidos pelas empresas transportadoras. Estas baias, também deverão ter

capacidade para um volume de 5 m³.

Durante as obras, os resíduos das classes A, B e C poderão, a critério do

responsável, ser deixados no piso de cada pavimento, acondicionados em pequenas

baias ou tambores e, posteriormente, transportados verticalmente através da prancha

(classe B) ou de tubos coletores (classe A e C) e conduzidos para os locais previstos

para o seu acondicionamento final antes da sua retirada da obra.

Na eventual ocorrência de resíduos de classe D, estes serão acondicionados em

recipientes fechados, preferencialmente usando-se as próprias embalagens. Os

recipientes serão colocados em local aberto (ex: almoxarifado da obra). A cultura da

empresa disseminada para os funcionários é a de consumir integralmente estes materiais

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76

(classe D) ou ainda, dependendo do volume gerado, transferi-los para outra obra onde

possam ser utilizados.

A poluição (hídrica, solo, ar e sonora), devido à movimentação e transporte de

resíduos dentro do canteiro, devem ser controladas através de medidas de modo a

evitar: a formação de criadouros de vetores, a geração de riscos para a obra e a

vizinhança, o carreamento de sólidos para as vias públicas, os sistemas de drenagem e

corpos hídricos, a emissão de particulados para a atmosfera, a emissão de ruídos para a

vizinhança.

Figura 22 – Etapa de Estrutura – Detalhe para o posicionamento da caçamba para deposição de

resíduos.

Figura 23 – Preparação do canteiro de obras.

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77

Figura 24 - Preparação do canteiro de obras.

8.2.3 Educação Ambiental

Em conformidade com o estabelecido pela Resolução SMAC 604/2015, devem

tomadas ações de sensibilização, mobilização e educação ambiental. A metodologia

adotada pela Orquin é a de envolver gerências e engenheiros da empresa visando

despertar uma consciência crítica das necessidades e oportunidades relacionadas às

questões ambientais para sensibilização de toda força de trabalho e fornecedores

envolvidos na execução das obras. Os treinamentos e programas de educação ambiental

foram realizados pela empresa METASEG TREINAMENTOS E CONSULTORIA

visando que o canteiro de obras se torne um ambiente favorável para a implantação de

ações que permitam e favoreçam à redução, reutilização e reciclagem dos resíduos

produzidos. O despertar desta consciência ambiental é feito através de capacitação de

multiplicadores para através de material de apoio como cartilha, cartazes, filmes entre

outros.

Page 93: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

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8.3 Primavera Residencial

Figura 25 – Primavera Residencial concluído - Fachada

A obra em questão é situada na Rua Duque de Caxias, n° 39 – Vila Isabel, Rio de

Janeiro/RJ. É uma edificação de uso residencial e tem as seguintes características: Área

total construída (ATC) de 5046,41 m²; 1 pavimento subsolo onde estão localizadas 31

vagas de estacionamento cobertas; 1 pavimento térreo contendo 5 unidades privativas e

10 vagas de estacionamento descobertas; 4 pavimentos-tipo com 9 unidades cada; 1

pavimento de cobertura, sendo ele de uso comum (PUC). Totalizando 41 unidades. O

local funcionava como um galpão de estacionamento (Figura 26 e Figura 27) de 2

andares composto por piso térreo (1314,10m²), laje (1057,84m²), paredes (total

1194,16m²) e vigas variadas. A fase de demolição das edificações existentes teve início

em março de 2015 e a obra foi concluída e entregue aos clientes em março de 2017.

Figura 26 – Galpão de estacionamento antes do início da obra – Fachada

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Figura 27 – Galpão de estacionamento antes da obra – Interior

Figura 28 – Etapa de demolição do segundo pavimento do galpão.

Figura 29 – Finalização da etapa de demolição.

A estrutura desta edificação, assim como a maioria das construções realizadas no

Brasil, foi executada em concreto armado (concreto com armação interna em ferro) e é

constituída de lajes, vigas, pilares e fundações. Além do próprio peso, cada uma destas

peças é responsável por sustentar um conjunto de cargas, permanentes e variáveis, que

atuam na edificação. As lajes sustentam, diretamente, as pessoas, o mobiliário, as

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paredes, componentes que incidem sobre seu plano e descarregam o peso total ao longo

das vigas em seu contorno. As vigas sustentam as lajes de suas laterais, as paredes

sobre elas, outras vigas e, eventualmente, pilares que nascem a partir delas.

Descarregam este outro total de peso nos pilares ou em outras vigas.

Figura 30 – Fachada do prédio em junho/2016 (à esquerda) e novembro/2016 (à direita)

Figura 31 – Etapa de Acabamento.

O concreto é preparado com cimento, areia, pedra e água, em proporções (“traço”)

que lhe permitam resistir, à compressão determinada pelo responsável pelo projeto da

estrutura. Para que a concretagem ocorra são utilizadas formas de madeira que podem

ser limpas e reutilizadas durante a obra ou descartadas. Nesta edificação, o concreto de

sua estrutura foi dosado para resistir a esforços de compressão interna de até 35 Mpa e

os vergalhões armados em seu interior são de aço especial, dos tipos CA-50 e CA-60,

preparados para resistirem, respectivamente, aos esforços de tração de até 50.000 e

60.000 Kg/cm².

Page 96: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

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8.3.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil – PGRCC

Por ter uma ATC menor que 10.000m² não há a obrigatoriedade de apresentação

do PGRCC para a SMAC para o licenciamento ambiental da obra. Porém, por boa

prática da empresa, o PGRCC é elaborado para todas as obras da construtora.

8.3.1.1 Identificação dos Resíduos Gerados

Em função dos materiais e serviços especificados para a obra, foram identificados

os seguintes resíduos, classificados de acordo com a Resolução CONAMA 307 e estão

apresentados no Quadro 1:

Classe dos Resíduos Resíduos

A Entulho de concreto

Entulho de alvenaria

Restos de argamassa

Sobras de agregados

Cacos de placas

cerâmicas

Solo escavado (rocha sã e

moledo

B Madeira

Papel / papelão

o Sacos de cimento,

argamassa.

o Embalagens diversas

o Documentos

Plásticos

o Embalagens diversas

o Materiais de instalações

(Ex: PVC)

Luminárias (provenientes da

demolição)

Ferragens (provenientes da

demolição)

Carpetes (provenientes da

demolição)

Gesso

Vidros

Metais (sucata)

o Vergalhões

o Alumínio (esquadrias,

dutos de ar

condicionado, etc.)

o Ferro (grades, grelhas,

etc.)

o Cobre (fios, tubos,

etc.)

o Latas

Aço de estruturas de

concreto armado

(provenientes da

demolição)

Portas e aduelas

(provenientes da

demolição)

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Piso de Madeira (provenientes

da demolição)

Torneiras e outros metais

sanitários (provenientes

da demolição)

C Isopor

Pedaços de manta asfáltica

Estopa

Pneus

Lixas

D Telhas de fibrocimento com amianto (provenientes da

demolição)

Nas etapas de fundação, estrutura e acabamento a política

adotada no canteiro de obras será a de minimizar, ou mesmo,

eliminar a geração de resíduos perigosos, tais como: sobras de

tintas, solventes, aditivos, desmoldantes, etc.

Não há previsão do emprego de materiais que contenham

amianto.

Quadro 1 - Identificação dos resíduos que serão gerados durante a execução da obra. (Fonte:

PGRCC Primavera Residencial)

8.3.1.2 Estimativa da Quantidade de resíduos Gerados

O PGRCC elaborado apresentou cálculo para estimativa de resíduos gerados

baseado nos índices praticados em obras anteriores. Os índices de composição da

geração de RCC, para edificação residencial de padrão alto, obtidos através de pesquisa

realizada estão apresentados na Tabela 15. Cabe lembrar que este valor não inclui

movimentação de solo, este é calculado em separado, de forma particular, para cada

obra, pois depende da quantidade de subsolos, tamanho do reservatório de água e

elevadores.

Classe RCC Fase de Execução

Fundação Estrutura Acabamento ∑

A 0,002 0,02 0,04 0,062

B 0,001 0,01 0,06 0,071

C - - 0,001 0,001

∑ = (m³/m²) 0,003 0,03 0,101 0,134

Tabela 15 – índices de geração de RCC praticados pela Orquin.

Page 98: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

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Cálculo de Movimento de Terra

Área Altura Volume

Subsolo 1037,00 m² 2,20 m² 2281,40 m²

Elevador 8,91 m² 1,20 m² 10,69 m²

Reservatório 72,00 m² 2,90 m² 208,80 m²

VOLUME TOTAL: 2500,89 m³

Tabela 16 – Cálculo do volume movimentado de solo.

Através dos índices apresentados, área total construída da edificação e

movimentação de terra, está apresentado nas Tabela 17 e Tabela 18 a estimativa de

RCC da obra Primavera Residencial. As quantidades de resíduos da classe D definidas

nas etapas de fundação, estrutura e acabamento se referem a uma previsão pessimista

que pode não ocorrer.

Etapa da Obra Classe de Resíduos Quantidade (m³) OBS:

Demolição

A 909 Demolição de pisos, lajes e alvenarias

B 10,54 Desmonte das estruturas dos telhados

C

D 0,81 Telhas de fibrocimento

Preparo do terreno

A 2500,89

Material escavado , considerando argila e/ou areia

B

C

D

Fundação

A 10

B 5

C

D 0,5 Quantidade máxima numa eventual

ocorrência

Estrutura

A 100

B 50

C

D 0,5 Quantidade máxima numa eventual

ocorrência

Acabamento

A 200

B 300

C 5

D 4 Quantidade máxima numa eventual

ocorrência

Tabela 17 – Previsão da quantidade de resíduos que serão gerados durante a execução da obra.

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Classe dos Resíduos Quantidade (m³)

A 3.719,89

B 365,54

C 5,00

D 5,81

TOTAL: 4.096,24

Tabela 18 – Previsão de resíduos total.

8.3.2 Relatório de Implantação e Acompanhamento -

Quantitativos de Geração de Resíduos

O Relatório de Implantação e Acompanhamento do Edifício Primavera está em

fase de elaboração pela empresa Venturini Consultoria e Arquitetura Ltda. Através das

Notas de Transporte e os Manifestos de Resíduos é feito o controle do transporte e

destino final dos resíduos gerados. Estes (total de 536 documentos) foram

disponibilizados para o estudo de caso, tornando possível determinar a quantidade de

resíduos gerados ao longo da execução da obra (Tabela 19 e Tabela 20).

Cabe observar que há divergências em algumas notas apresentadas: o campo para

preenchimento da classe do resíduo que foi transportado e descartado estava sempre

marcado como “A”. Porém, os resíduos “papel, papelão e madeira” são, notadamente,

de classe B. Outro fator que dificulta a avaliação é que não há informação das empresas

receptoras quanto ao reaproveitamento dos resíduos recebidos. Após a retirada do

material da obra não há o controle e compilação da quantidade que pôde ser

reaproveitada.

Nesta obra não foi utilizado nenhum material reciclado, porém, parte dos resíduos

que foram produzidos tiveram como destino final a reciclagem. Todos e somente os

Manifestos de Resíduos que constam a Demolidora Souza Reis como transportadora

indicavam a reciclagem como tratamento/disposição. Porém, as demais empresas

também realizam triagem, reuso e reciclagem de alguns materiais, porém não há

quantitativo deste percentual reciclado informado nos documentos disponibilizados.

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Etapa da Obra Classe de Resíduos Quantidade (m³)

Demolição

A 3128

B

C

D

Preparo do terreno

A 25

B 5

C

D

Fundação

A 127

B 20

C

D

Estrutura

A 458

B 147

C

D

Acabamento

A 665

B 325

C

D

Tabela 19 – Total de Resíduos gerados obtidos através da NTRs e Manifesto de Resíduos.

Classe dos Resíduos Quantidade (m³)

A 4.403,00

B 497,00

C 0,00

D 0,00

TOTAL: 4.900,00

Tabela 20 – Resumo com o total dos resíduos gerados.

A quantidade total de resíduos referente à etapa de demolição apresentou um valor

alto se comparado com o que foi estimado no PGRCC. O provável motivo desta

diferença é que logo após a etapa de demolição iniciou-se o rebaixamento do terreno

em 70cm até o nível da rua, e este material (solo) saiu da obra misturado com entulho

demolido, por isso nas NTRs ficou assinalado o campo “concreto/demolição” quando o

deveria ter sido assinalado, também, como “solo”. Ainda, o cálculo do volume de

resíduos gerados a partir da demolição não conta com os vazios que ocorrem quando

são dispostos nas caçambas e depois retirados. Assim, ocupam um volume maior. As

NTRs referentes ao solo retirado na segunda fase de escavação (subsolo) não foram

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disponibilizadas para estudo. Por isso, a etapa de preparo do terreno teve uma geração

bem pequena. Assim, o solo não será considerado nos valores de geração.

Todo o resíduo assinalado nas NTRs como “concreto de demolição” foi retirado

pela empresa Demolidora Souza Reis e tinha como destino a reciclagem. Enquanto o

restante do material tinha as NTRs assinaladas como destino para usinas de RCC.

Deve-se pontuar que nem todo resíduo retirado por uma usina de RCC tem como

destino a reciclagem. Tem-se assim, uma quantidade total de 3.128m³ de material

reciclado, que representa 64% do que foi gerado. Esta quantidade pode ser considerada

alta se considerado o índice apresentado na Tabela 14 quanto à reciclagem praticada no

Brasil.

8.3.2.1 Tipo de Resíduos Gerados durante a Obra

Gráfico 4 – Tipos de Resíduos Gerados durante a obra do Primavera Residencial. (Elaboração

Própria)

8.3.2.2 Destinação Final

Através de compilação das informações de todas as Notas de Transporte e

Manifesto de Resíduos emitidos pela obra, foram identificados 4 transportadores

responsáveis pelo recolhimento do material produzido na obra (Tabela 21) e 8

destinatários responsáveis por prover um destino final adequado (Tabela 22).

Solo 3%

Concreto 63%

Concreto/argamassa/ Alvenaria

23%

papel/papelão/madeira

10%

Sucata de Demolição

1%

Tipos de Resíduos

Solo

Concreto

Sucata Ferrosa

Concreto/argamassa/alvenaria

papel/papelão/madeira

Sucata de Demolição

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Transportadores:

Demolidora Souza reis Ltda

Rio Limpo

Cupim Transportes e Terraplanagem

Águia Entulho

Tabela 21 – Relação dos transportadores que retiraram material da obra.

Receptores Resíduos Recebidos

COMLURB Concreto/Argamassa/Alvenaria e Papel/Papelão/Madeira

Demolidora Souza reis Ltda Sucata de demolição e sucata ferrosa

SPE Bandeirantes Concreto de demolição

Rio Limpo Concreto/Argamassa/Alvenaria e Papel/Papelão/Madeira

TE Mariotini Serv Transp Terrap Solo, Concreto/Argamassa/Alvenaria e Papel/Papelão/Madeira

Águia Entulho Concreto/Argamassa/Alvenaria e Papel/Papelão/Madeira

Sylvério do Espírito Santo Solo, Concreto/Argamassa/Alvenaria e Papel/Papelão/Madeira

Móveis Circular Ind Concreto/Argamassa/Alvenaria

Tabela 22 – Relação dos destinatários de RCC gerados pela obra.

Para fins de estudo, foi feito contato telefônico com alguns dos receptores

presentes nas NTRs. Os resíduos da COMLURB são transferidos para as ETRs mais

próximas e depois são destinados ao aterro CTR-Rio. A empresa Rio Limpo informou

que os resíduos provenientes de obras são separados entre limpos e sujos. Os resíduos

sujos são destinados ao aterro da COMLURB de Gericinó, enquanto os classificados

como “limpos” são separados e tratados para serem reciclados e vendidos. Ainda, a

maioria dos resíduos reaproveitados são alvenaria e concreto e são utilizados para

aterro. Não há informação sobre a quantidade relativa de resíduos viáveis para

reutilização em comparação com os “sujos”. A empresa Águia Entulho informou que

os resíduos não são reutilizados e são destinados a aterros. A empresa Demolidora

Souza Reis informou que faz a triagem do material que pode ser reutilizado ainda

mesmo na obra para evitar que os resíduos inservíveis para reciclagem sejam

transportados até o depósito da empresa em vão e são transportados direto para locais

apropriados. Enquanto o material passível de reciclagem é tratado para possibilitar a

sua venda. A maior parte dos resíduos reciclados vendidos são utilizados em aterros e

pavimentação. Não foi possível obter informações das demais empresas citadas.

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88

8.4 Considerações Finais

De acordo com a Resolução SMAC 604/2015, a baixa de condicionantes presentes

na LMI fica condicionada à apresentação de Relatório de Implantação e

Acompanhamento – RIA ao final da obra. Para este relatório reflita a realidade do

gerenciamento dos resíduos que foi praticado é fundamental que as NTRs sejam

preenchidas de maneira correta e que haja informações fornecidas pelas empresas

destinatárias sobre o quantitativo de resíduos que estavam aptos à reciclagem. Não

havendo uma boa troca de informações com estas empresas não há como ter certeza se

o gerenciamento de resíduos praticado está sendo efetivo.

Um maior controle do material produzido pela obra, para viabilizar o reuso e a

reciclagem dos resíduos é fundamental que haja a separação destes ainda no canteiro de

obras e nas caçambas quando forem retirados conforme informado pela empresa Rio

Limpo e pontuado no item 4.4.

O total de resíduos gerados pela obra estudada reflete um índice de 0,97m³/m² total

de resíduos (incluindo a demolição) e um índice de 0,35 m³/m² considerando apenas as

etapas de construção. Os índices são considerados altos em comparação ao que foi

previsto no PGRCC e o que é praticado por outras obras residenciais. O SINDUSCON

através do estudo realizado no Manual “Gestão Ambiental de Resíduos da Construção

Civil” chega a um índice de 0,033 até 0,128 m³/m² de resíduos produzidos em edifícios

de uso residencial, excluindo-se o solo. Porém, cabe salientar que o estudo avaliou

apenas 12 obras. Há dificuldade de se obter bibliografia com indicadores de geração de

resíduos em obras.

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89

9 CONCLUSÕES

A cadeia produtiva da construção civil consome grande quantidade dos recursos

naturais extraídos do planeta, gerando considerável quantidade de resíduos. Nenhuma

sociedade poderá atingir o desenvolvimento sustentável sem que a construção civil, que

lhe dá suporte, passe por profundas transformações. A cadeia produtiva da construção

civil, apresenta importantes impactos ambientais em todas as etapas do seu processo:

extração de matérias primas, produção de materiais, construção, uso e demolição.

Qualquer sociedade seriamente preocupada com esta questão deve colocar o

aperfeiçoamento da construção civil como prioridade.

A utilização indiscriminada de matérias-primas não-renováveis causa problemas

como, principalmente: escassez de áreas de deposição de resíduos, esgotamento de

recursos naturais, problemas de saneamento urbano e contaminação ambiental. Assim,

é fundamental que os geradores deste tipo de resíduos tenham consciência dos impactos

que a atividade do setor tem ao meio ambiente e que seja respeitada toda legislação e

normativos com o objetivo de minimizar estes efeitos. Ainda, faz-se necessário que

sejam realizados cada vez mais pesquisas para surgimento de novas ferramentas que

permitam a reutilização total dos resíduos, assim como a logística necessária para sua

implementação.

De um modo geral, a redução do impacto ambiental da construção civil é tarefa

complexa, sendo necessário agir em várias frentes de maneira combinada e simultânea:

minimizar o consumo de recursos; maximizar a reutilização de recursos; usar recursos

renováveis ou recicláveis; proteger o meio ambiente; criar um ambiente saudável e não

tóxico; buscar a qualidade na criação do ambiente construído.

O estudo e pesquisa bibliográfica realizados para o presente trabalho tiveram como

objetivo identificar as características (quantitativas e qualitativas) de geração de

resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro. Assim como a cultura do

setor em relação ao gerenciamento deste material para avaliar criticamente se todos os

esforços estão sendo empregados para que as obras realizadas ocorram de maneira

sustentável.

O estudo de caso da obra Primavera Residencial mostra que o Plano de

Gerenciamento de Resíduos praticado pela Construção Civil no Rio de Janeiro ainda

Page 105: LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA … · geração de resíduos em obras tipicamente residenciais no Rio de Janeiro, assim como a

90

pode ser melhorado. A obra gerou um total de 4900m³ de resíduos representando um

índice de 0,97 m³/m² de área total construída, valor acima do proposto pelo

SINDUSCON. Além do indicador de geração, deve ser avaliado o destino dos resíduos

gerados para afirmar que a obra empenhou todos os esforços em se manter

ambientalmente sustentável. Ainda, não houve o uso de material reciclado durante a

execução do prédio. O estímulo ao uso de materiais reciclados que deve ser provido

pelo Estado aumentaria a cultura de utilização dos mesmos em obras de empresas

privadas pela cidade.

A obra Primavera Residencial respeitou a legislação vigente com relação ao

gerenciamento de resíduos, porém não foi completamente efetiva na identificação dos

resíduos que foram destinados à reciclagem e reaproveitamento já que as NTRs nem

sempre descriminam exatamente o material gerado e algumas apesar de terem sido

assinaladas como resíduo de classe A, continham papel, papelão ou madeira que são

notadamente resíduos de classe B. Quanto à tipologia e a composição dos resíduos

obtidos com o estudo, é notável que a maioria provém da utilização do concreto e

argamassa, confirmando o que é proposto pelas bibliografias citadas ao longo do

trabalho. A larga utilização do concreto armado para construção no Rio de Janeiro é o

fator responsável pela grande geração deste tipo de resíduos (cimentício) que chega

representar 80% do que é gerado ao longo da obra.

Uma sugestão para trabalhos futuros é a análise das unidades receptoras de RCC.

Os dados de recebimento e da quantidade de resíduos que estão aptos para a reciclagem

completaria a análise da destinação destes. A empresa que recolhe material destinado à

reciclagem pode encontrar dificuldades como a mistura de resíduos de modo a

inviabilizar o processo e a falta de mercado para o material reciclado.

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91

ANEXO A

Exemplo de Manifesto de Resíduos da Obra Primavera Residencial

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ANEXO B

Exemplo de Nota de Transporte de Resíduos da Obra Primavera Residencial

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93

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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