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2º edição do Lado Direito
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1 Outubro 2011| Lado Direito
N.º 2 | Outubro de 2011N.º 2 | Outubro de 2011
IV Congresso Distrital de LisboaIV Congresso Distrital de Lisboa Conhece melhor a recémConhece melhor a recém--eleita eleita
Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa | 4Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa | 4
SEGUE-O
O novo espaço que Samuel de
Paiva Pires preenche com artigos
mensais onde expõe a sua opinião
sobre a actualidade, recorrendo à sua
íntegra capacidade de análise e
compreensão.
U ma Rubrica que marcará
presença em todas as posteriores
edições do “Lado Direito”, contando
com a descrição detalhada da
actualidade mundial por Miguel
Turnbull.
Nova rubrica:
Tribuna da Liberdade
por Samuel de Paiva Pires
página 6
Rubrica Internacional
China: A Dona do Mundo
por Miguel Turnbull
página 8
2 Outubro 2011| Lado Direito
nesta edição
Página 4
IV Congresso Distrital de Lisboa
Página 6
Tribuna da Liberdade por
Samuel de Paiva Pires
Página 7
Saúde: Cuidados Paliativos
por Isabel Galriça Neto
Página 8
Rubrica Internacional China: Dona do Mundo
por Miguel Turnbull
Página 10
Opinião João Empis
António José de Moraes Baptista
Página 12
Agenda
Editor
Joana Martins Rodrigues
Colaboradores
Filipe Carneiro de Almeida
João Empis
Joaquim Henriques
Corrector Linguístico
Ricardo Raposo
equipa
3 Outubro 2011| Lado Direito
EDITORIAL
JOANA RODRIGUES | EDITOR DE
“LADO DIREITO”
Quando as novas tecnologias anulam
a concretização
Desde o virar de milénio que as novas tecnologias,
enquadrando neste parâmetro todos os meios de
comunicação que excluam a privação física, têm
assolapado a vida de todos nós. A velocidade com que se
avança na técnica, no pormenor e na tentativa de
superior qualidade é tal que, volvidos onze anos, não
conseguimos descrever sucintamente todo o avanço
científico. Este sucede de forma cada vez mais
acelerada, pois cada descoberta dá azo a mais procura e,
consequentemente, a outro maravilhoso achado.
Acontece que, ultimamente, toda a concretização
proporcionada por estes fantásticos meios apenas
trouxe o caos, ou a inexequibilidade de boas medidas,
de boas ideias. Felizmente, existem excepções. Todavia,
a meu ver, são pouco relevantes quando for analisado o
fruto do futuro. Todos assistimos aos confrontos que
sucederam em Inglaterra em meados de Agosto.
Confrontos esses que se proporcionaram graças à
eficiência de certos meios de comunicação, como são
exemplo as funcionalidades da rede social Facebook ou
do sistema de um telemóvel Blackberry que movem e
mantêm informadas milhares de pessoas.
Consequências desastrosas, contudo, é impertinente
acusar a evolução tecnológica dos males causados.
Outro acontecimento que servirá de óptimo exemplo
para o que pretendo clarificar, foi a concretização da
manifestação da “Geração à Rasca”. É bom que
assumam o termo “concretização” como muitíssimo
importante, pois é aí que pretendo chegar.
Por outro lado, num meio que me é mais familiar, apesar
de não ser relevante nomear qual, meios como o
referido Facebook e outros semelhantes são
constantemente referenciados como campos a
desbravar, pois permitirão fazer chegar a informação ao
maior número de pessoas, num menor tempo e… sem
trabalho nenhum! Esta ideia parece-me fascinante,
exequível, pouco trabalhosa. No fundo, é o futuro que
todos queremos! Para meu agrado, as ideias até
avançam; são criados grupos, novos “utilizadores” de
redes sociais que incorporam em si a faceta mais
moderna de determinada instituição ou acção a ser
desenvolvida. Os “likes” atingem números exorbitantes
e os comentários de apoio são escritos de forma cuidada
e até erudita. Posto isto, é possível admitir que esta
extravagante evolução apenas traz benefícios.
A situação inverte-se quando, ao fazermos uma análise
ou um relatório que represente a produção, os frutos de
determinado projecto, veremos que todos os pontos
para os quais sorrimos de orgulho devido ao “check”
nele ajuntado, são apenas itens que se traduzem nos
“meios” de como atingir os “fins”. Mais, esses “meios”
são os meios de comunicação que, como o nome indica,
servem de intermediários entre o sujeito e o resultado
ambicionado. Portanto é um erro e/ou sinal de
desonestidade intelectual regozijarmo-nos ao perceber
que o futuro dos projectos é as redes sociais ou a
divulgação de manifestações ou reuniões via SMS.
Reuniões essas que apenas servirão para agendar uma
outra.
Talvez eu tenha tido a má sorte de nunca ficar do lado
dos que agem, mesmo que essa acção não se enquadre
na minha concepção de “útil” ou “necessário”.
É imperativo que as novas gerações percam tempo
usufruindo da facilidade comunicativa com que nos
deparamos actualmente, contudo é também importante
que não olvidem que esses meios apenas servem para
comunicar e raramente serão simultaneamente o
“meio” e o “fim” de alguma vontade.
4 Outubro 2011| Lado Direito
IV Congresso Distrital de Lisboa
da Juventude Popular
No passado dia 17 de Setembro, realizou-se em Lisboa, na
Sede do partido, o IV Congresso Distrital da Juventude
Popular. A concelhia de Lisboa, presidida por Raquel Paradella
Lopes, acolheu no Caldas congressistas e convidados de todas
as concelhias do distrito de Lisboa, procurando assim eleger o
novo Presidente da Comissão Política.
Os candidatos Catarina Alves e André Carreira apresentaram,
cada um, uma moção de estratégia global que seria alvo de
votação por parte dos congressistas eleitos. A primeira
candidata, com o apoio dos restantes subscritores,
desenvolveu a moção “Trabalho, mérito e seriedade”, o outro
postulante apresentou o projecto “Apostar na Juventude”
Depois de algumas horas onde o debate foi flagrante, ambas
as moções foram alvo de uma votação pública, de onde o
projecto “Apostar na Juventude” conseguiu uma maioria
relativa, cuja diferença entre a outra candidata foi de um voto
apenas.
O resultado obtido anteriormente inverteu-se aquando da
votação, quer para a Mesa do Congresso, quer para a futura
Comissão Política Distrital. A lista encabeçada por Catarina
Alves foi eleita, tendo Vasco Costa, Tiago Curado e Lígia
Piedade como Vice-Presidentes e Frederico Dique dos Santos
como Secretário-Geral da mesma.
Joana Rodrigues Editora do “Lado Direito”
Coordenadora do Gabinete de Comunicação da Concelhia de Lisboa
da Juventude Popular
Findado o congresso distrital, o “Lado Direito” quis saber de
que forma a recém-eleita Presidente da Comissão Política
Distrital visualiza o futuro do Distrito de Lisboa,
perspectivando o passado tendo em conta as características e
as possibilidades do presente. Numa pequena entrevista,
conhece melhor Catarina Alves.
Lado Direito (LD) - Terminado o IV Congresso Distrital, como avalias a participação das diversas concelhias no congresso distrital? Catarina Alves (C.A.) - O IV Congresso Distrital de Lisboa da Juventude Popular, foi o meu segundo congresso a nível do Distrito, no entanto tenho a certeza que este foi o mais participado, mesmo de todos os anteriores. Num universo de cerca de 85 delegados, a adesão foi quase de 100%, o que é sem dúvida de louvar. Portanto a participação e mobilização das concelhias não podia ter sido mais satisfatória. Foi um congresso no qual se discutiram verdadeiramente estratégias e propostas para o desenvolvimento do Distrito. LD - O que distingue a tua participação na anterior CPD da actual? C.A. - Os dois anos que passaram sob a alçada do Luís Chiti, foram dois anos de muito trabalho e aprendizagem. Foi um mandato muito positivo, que fez muito pelo Distrito de Lisboa, no entanto esse período deu-me legitimidade e permitiu-me perceber o que ainda existe para desenvolver. O que distingue a minha participação será só mesmo o cargo que ocupo na Comissão Política Distrital, porque irei trabalhar da mesma forma, com empenho e dedicação. Acredito que são as pessoas que fazem os lugares e não os lugares que fazem as pessoas.
5 Outubro 2011| Lado Direito
LD - Na tua equipa estão integradas pessoas capazes de assumir os diferentes cargos? C.A. - Eu acredito veementemente que sim, caso contrário não teriam sido desafiadas a fazerem parte do projecto. Tentei criar uma base de trabalho com pessoas da maioria dos concelhos, desde militantes base, a presidentes concelhios, porque são esses acima de todos que conhecem as realidades locais. Dando uma particular ênfase à representatividade do maior número de concelhos possível. Apostei numa equipa muito jovem, porque acho que a Juventude Popular precisa de espíritos " completamente livres, completamente soltos". Todos têm provas dadas, quer a nível político, de trabalho nas suas concelhias, e também ao nível dos valores e princípios.
LD - A actual CPD já começou a trabalhar nas propostas da moção? C.A. - Sim, a esta data estamos precisamente nesse ponto, a estabelecer o nosso plano de actividades. Apesar do pouco tempo que passou, já começámos a estabelecer esforços com os órgãos nacionais a fim de resolver o processo das concelhias impugnadas do Distrito, mantendo sempre em simultâneo o contacto com os militantes locais. LD - Quando pensas contactar as restantes concelhias? Como poderão elas participar? C.A. - Tendo em atenção que a esta data todas as concelhias eleitas se encontram representadas na Comissão Política da Distrital, o contacto é um contacto permanente, sendo assim, um dos passos importantes é implantar ou reactivar as restantes concelhias. Estamos ainda nesta altura numa fase que eu me atrevo a chamar de "arrumar a casa", como referi anteriormente estamos a preparar as nossas primeiras iniciativas. Defendo que a distrital é quanto mais sã, quanto mais produtivas e participativas forem as suas concelhias, neste sentido existem várias formas de
contacto. Pode ser levado a efeito um contacto da distrital para a concelhia no âmbito de uma iniciativa, ou até pode acontecer o inverso, isto é a ser a concelhia a recorrer e solicitar o apoio da distrital. Dou como exemplo a participação que a distrital irá ter junto da concelhia do CDS – PP de Vila Franca de Xira, no âmbito da Feira Anual, no sentido de ajudar os jovens deste concelho a filiar mais jovens da região. A distrital fará o seu papel de acompanhamento e dinamização dos jovens do Distrito, quer com iniciativas próprias quer colaborando e ajudando em iniciativas locais. LD - Como definir o espírito da actual Juventude Popular? C.A. - Conforme se pôde constatar através da elevada
e empenhada participação dos jovens no último
congresso distrital só poderia definir o espírito desta
juventude, como sendo participativo. Quero com isto
dizer que apesar de divergências que possam existir
nesta ou naquela matéria, somos acima de tudo uma
juventude preocupada, uma juventude que questiona,
uma juventude que participa hoje tendo em conta o
futuro dos jovens de amanhã. Somos uma juventude
que esta farta de “diz que disse”, uma juventude que
não fica de braços cruzados, uma juventude que
procura
soluções!
Catarina Alves
Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa
6 Outubro 2011| Lado Direito
Tribuna da Liberdade
por Samuel de Paiva Pires
Vice-Presidente da Mesa da Concelhia de Lisboa da JP
Philipp Bagus, professor na Universidade Rey Juan Carlos de Madrid, escreveu recentemente um interessantíssimo livro que elucida de forma clara o caminho que a União Europeia tem percorrido, em particular no que diz respeito ao sistema monetário. Sugestivamente intitulado The Tragedy of the Euro, está disponível gratuitamente no site do Instituto Ludwig von Mises em http://mises.org/resources/6045/The-Tragedy-of-the-Euro.
Começando por contextualizar historicamente a introdução do Euro, Bagus perspectiva a União Europeia como sendo um projecto resultante de duas visões opostas. A primeira é a visão liberal, que preponderou no início do projecto europeu, tendo sido promovida por políticos liberais, conservadores e democratas-cristãos de países como Inglaterra, Alemanha e Holanda. A segunda é a perspectiva socialista, que tem nos franceses Jacques Delors e François Miterrand expoentes máximos. Enquanto os primeiros consideram a liberdade individual como o valor mais importante, defendem os direitos de propriedade, o mercado livre e uma Europa sem barreiras fronteiriças que assim permita a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e ideias, e são extremamente cépticos em relação ao processo de transferência de soberania, centralização e concentração de poder numa entidade supra-estatal, os segundos, por seu lado, sonham precisamente com a reprodução a nível europeu do estado-nação, fundamentado no modelo do Estado Social e, portanto, operando a nível central os processos de redistribuição, regulação e harmonização da legislação de toda a Europa.
A visão socialista é a que tem preponderado desde a entrada do Euro em circulação, que se tornou um factor ao serviço da centralização de poder em Bruxelas, reforçando tendências como a realização de
políticas de redistribuição de riqueza e regulamentação excessiva, ao mesmo tempo que fomentou o endividamento público financiado pelo BCE. Tendo falhado o projecto de uma constituição europeia, o Euro é hoje um dos últimos instrumentos ao serviço desta visão. Citando Philipp Bagus, “o Euro provoca o tipo de problemas que podem ser vistos como um pretexto para a centralização da parte dos políticos. De facto, a construção e instalação do Euro provocaram uma corrente de severas crises: os estados membros podem utilizar a impressora para financiar os seus défices; esta característica do Sistema Monetário Europeu invariavelmente leva a uma crise de dívida soberana. A crise, por sua vez, pode ser usada para centralizar o poder e políticas fiscais. A centralização das políticas fiscais pode então ser utilizada para harmonizar a taxação e acabar com a competição”.
Infelizmente, e embora eu seja um simpatizante dos objectivos primordiais da UE, norteados pela visão liberal, não é difícil observar que a UE encontra-se hoje dominada e liderada por partidários da visão socialista, sendo uma entidade que tende para um constante reforço do processo de centralização de poder, que aumenta o défice democrático – que, como o filósofo britânico Roger Scruton evidencia em As Vantagens do Pessimismo, não é uma deficiência a ser colmatada pela UE mas sim uma característica estrutural do funcionamento das instituições europeias – e que produz cada vez mais legislação que já ninguém pode entender no seu todo, regulamentando cada vez mais aspectos da vida dos indivíduos e acabando por realizar uma espécie de planificação económica através da via monetária que se tem revelado particularmente ruinosa, como a crise das dívidas soberanas tornou evidente.
Até na intolerância por muitos demonstrada, que reduz o debate a europeístas vs. eurocépticos, como se muitos dos alegados eurocépticos não fossem também europeístas, embora não partidários desta visão socialista da UE, e na linguagem utilizada, por exemplo, ainda recentemente, por Durão Barroso quando propôs que todos amássemos incondicionalmente a UE, observamos cada vez mais reminiscências de uma mentalidade socialista que pretende reproduzir o nefasto nacionalismo a nível europeu, cujas experiências históricas passadas parecem ainda não ter servido de lição a quem nos lidera. Permitam-me ironicamente adaptar aqui uma célebre – pelos piores motivos – expressão de um ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, para finalizar afirmando que há mais vida para lá do europeísmo socialista. Bagus está sem dúvida cheio de razão quando nos diz que “está longe da verdade que o fim do Euro signifique o fim da Europa ou da ideia Europeia; significaria apenas o fim da versão socialista desta”.
7 Outubro 2011| Lado Direito
Cuidado Paliativos
por Isabel Galriça Neto
Deputada à Assembleia da Republica
Directora da Unidade de Cuidados Paliativos e Continuados do Hospital da Luz
Trabalhando desde sempre na área da saúde, cedo me fui preocupando com as questões da cidadania, com as
questões da promoção da dignidade do ser humano e com a promoção do bem comum. Estando em contacto com
doentes em fim de vida, com doenças graves e incuráveis, e com as suas famílias, percebi o quanto faltava fazer
pela garantia de acesso aos cuidados de saúde especializados que a eles se destinam - os cuidados paliativos. Esses
cuidados são importantíssimos e foi necessário sensibilizar a sociedade civil para os direitos desses doentes, bem
como promover acções que visassem a tomada de medidas concretas e mais eficazes para mudar o quadro de
insuficiência e indignidade que existia, e ainda existe.
Estas situações de doença grave e avançada, são transversais a todas as famílias portuguesas, em todas as idades e
classes sociais, e não dizem apenas respeito aos mais idosos. Foi de alguma forma surgindo a ideia de que a
resolução para essas questões de sofrimento poderia ser a eutanásia - acto que não resolve activamente o
sofrimento dos que estão em fim de vida, hoje em dia desnecessário, mas antes acaba com a vida dessas pessoas.
Encontrei no CDS, designadamente na pessoa do Dr. Paulo Portas, um enorme acolhimento e claro entendimento
da necessidade de trazer esta problemática para dentro dos foros políticos mais estritos, nomeadamente na
Assembleia da Republica. Estando em clara comunhão com os valores do CDS, decidi dar o passo de concorrer a
eleições para deputada à AR em 2009, consciente da responsabilidade e do desafio que isso representava. Prefiro
que sejam outros a fazer o balanço do meu trabalho, que desde já considero positivo. O facto de desempenhar
diariamente a actividade clínica e convivendo com doentes e as respectivas famílias presenciando cada situação,
ajuda-me a manter uma enorme ligação aos problemas do quotidiano.
Desde que fui eleita que tenho tentado cumprir as minhas funções dando o meu melhor, e reforço que não sou de
forma alguma, nem quero ser, apenas "a deputada dos Cuidados Paliativos", estando habitualmente ligada às
questões globais da saúde, da ética e da sociedade de uma forma geral. Vivo assim a actividade política, no seu
sentido mais estrito, como mais uma actividade de serviço na minha vida (e não como uma actividade para me
servir). É uma actividade em que o trabalho e o mérito devem marcar presença imprescindível. Entendo que esta é
a única forma de estar na política. Entendo ainda que os jovens, numa perspectiva de desenvolvimento dos seus
talentos e das suas capacidades e de enriquecimento da sua personalidade, podem e devem participar
progressivamente na vida política. Contudo, sem perderem a perspectiva de enriquecimento noutras vertentes da
sua vida pessoal, sem perderem a sua ligação ao mundo do trabalho, às forças vivas da comunidade, e resistindo à
tentação de desempenhar a actividade política numa "bolha" artificial, que cria desvios face à realidade.
Correndo o risco de ser interpretada como naive ou possuindo uma visão romanceada do mundo, reitero que vale
a pena ter uma visão alargada do mesmo, onde o serviço prestado ao outro e a excelência desse serviço tenham
lugar, onde o individualismo se esbata e a politica seja efectivamente um meio (e não um fim!) para a construção
de um mundo melhor, mais belo e mais justo.
8 Outubro 2011| Lado Direito
No estudo da História Humana salta à vista a forma cíclica
como diversos impérios nascem e morrem. Praticamente
todos os povos do globo já formaram ou fizeram parte de uma
potência que sendo regional ou global exerceu um poder
hegemónico limitado no tempo. A formação e queda destas
potências é devida a diversos conjuntos de factores muito
próprios das realidades geopolíticas, económicas, militares e
sociais de cada um dos povos. Historicamente o poder dos
impérios é analisado pela sua capacidade militar e pela forma
como conseguem exercer a sua influência sobre outros povos.
Assim, os impérios clássicos eram genericamente
expansionistas territoriais apoiando-se nos seus recursos de
Hard Power e exerciam uma influência directa sobre os seus
subordinados. Nos tempos actuais a grande força dos impérios
reside na sua capacidade económica e - num mundo onde as
trocas comerciais de bens, serviços e capitais são globais - na
capacidade de influenciar outras economias. Este novo tipo de
domínio tem de um modo geral origem na Grã-Bretanha do
final do século XIX, no auge do liberalismo clássico. A partir
deste ponto, a influência sobre a economia mundial passou a
figurar na análise feita à emergência das potências.
É neste sentido que iremos olhar para a China do final do
século XX e início do século XXI. O surgimento deste país como
grande player do comércio internacional e a sua grande
pujança económica está a provocar uma mudança no eixo
tradicional do domínio económico mundial e deve ser
estudado seu desenvolvimento estrondoso.
O MELHOR DE DOIS MUNDOS
A China é secularmente intransigente na sua abertura ao
mundo e á influência cultural exterior. São bastante
conhecidas as guerras que travou contra potências europeias,
em meados do século XIX para evitar que fossem
estabelecidas zonas de influência directa estrangeira no seu
território, as Guerras do Ópio. Este isolamento foi
aprofundado durante o dominio Maoista e da sua revolução
cultural que acaba precisamente com a sua morte em 1976. O
seu sucessor, Deng Xiauping, é o arquitecto de uma nova
China e daquilo que ficou conhecido como o Milagre Chinês.
Em 1978 dá-se uma abertura gradual da do país ao comércio
internacional e ao capitalismo. Na verdade esta medida é
limitada geograficamente à zona sudeste do país por ser a
mais industrializada e por permitir uma melhor via para as
trocas comerciais. O restante da China continua limitado pelo
Comunismo puro criando-se a célebre frase “Um país, dois
Sistemas”. Analisando as implicações desta medida temos a
fusão do melhor dos dois sistemas. Por um lado a abertura a
uma economia de mercado que promove o desenvolvimento
tecnológico e industrial e que usa o factor produtivo mais
abundante do país, trabalho barato (note-se que é o país mais
populoso do mundo). Por outro lado o forte controlo social
sobre a população, derivado do sistema Comunista, permite
que as repercussões dos efeitos do
desenvolvimento económico nas
exigências sociais se reduzam ao
mínimo.
DONA DO COMÉRCIO DE PRODUTOS
O sistema que surge, Economia
Socialista de Mercado, permite a
criação das condições ideais para o
desenvolvimento galopante da
economia que viria a ter lugar nas
décadas de 1990 e 2000. Nestes
anos abundância de mão-de-obra
barata aliada a um nível de exigências sociais baixo, permitiu à
China ganhar vantagem comparativa em produtos de pouca
especialização o que atraiu o investimento de capitais
estrangeiros em massa. Aliando políticas restritivas à
importação com mediadas de fomentação das exportações o
país conseguiu ritmos de crescimento na média dos 9% ao
ano, segundo os dados da Organização Mundial de Comércio,
permitindo superavits na Balança Comercial e por conseguinte
na Balança de Pagamentos. A China é agora (2009) a 2ª maior
economia mundial com um PIB acima de 9000 milhões de
dólares PPP e a primeira potência exportadora singular de
mercadorias, ultrapassando a Alemanha, com um crescimento
médio de 19% no hiato 2000-2009 e com um share mundial de
quase 10%. (ver tabela de dados da OMC para a China).
DONA DO COMÉRCIO DE CAPITAIS
Ao longo da primeira década do século XXI assistiu-se a um
aumento exponencial dos fluxos do comércio internacional de
capitais, o chamado paradigma da globalização financeira.
Também neste campo a China tem tomado um papel
preponderante sendo a principal exportadora de capitais com
cerca de 24% do fluxo internacional (dados de 2007). Esta
posição é facilmente explicada pelo acumular de divisa
resultante dos superavits comerciais supramencionados. São
fundamentalmente duas as áreas de exportação de divisa
chinesa, Investimento Directo Estrangeiro e compra de dívida
externa de países. A primeira tem-se verificado através da
compra de empresas estrangeiras por parte de grandes
clusters e multinacionais chinesas sendo que essas compras se
efectuam preferencialmente em sectores estratégicos tanto
da indústria como da energia e existe uma predominância nas
relações com países em vias de desenvolvimento. A segunda
foi acelerada pela crise das dívidas públicas que têm atingido
recentemente as países industrializados e é feita através da
criação de fundos soberanos. A China está neste momento a
consolidar a sua posição como maior credor mundial, sendo o
maior comprador da dívida federal americana.
CHI
dona do por Miguel
9 Outubro 2011| Lado Direito
DONA DA SUA VONTADE
Seria de esperar que com a
entrada de capitais e com o
superavit comercial que a China
experiencia, a sua moeda, o
yuan, sofresse uma enorme
valorização mas na verdade as
autoridades chinesas aplicam
medidas para manter a sua
moeda de baixo valor. Esta
medida tem implicações
evidentes na competitividade de
uma economia, afectando o real preço dos produtos no
mercado internacional e atribuindo uma vantagem imediata
aos produtos chineses, sendo por isso uma intervenção estatal
amplamente criticada e inclusive condenada pela OMC. Esta
prática é uma clara interferência à liberalização do comércio
mundial o que vai contra os ditames da própria organização
apesar de esta não dispor de mecanismos eficientes para
sancionar os países praticantes. A China é ainda acusada da
utilização de medidas de dumping como forma de beneficiar
os seus produtos. Estas consistem na venda de produtos no
mercado externo a preços inferiores aos praticados no
mercado interno, indo por vezes ao extremo de serem
inferiores ao custo de produção, limitando por isso a
regulação do preço desses produtos pelas leis da oferta e da
procura. Obviamente que estas medidas são transversalmente
condenadas mas o resultante disso é a utilização de um outro
proteccionismo por parte dos estados vítimas, o anti-dumping
o que por sua vez provoca um acentuar de de dumping por
parte do primeiro agressor. No fim, devido á falta de
capacidade por parte das organizações para fazer face a todas
estas medidas de atropelo da liberalização da economia
mundial, a China vai conseguindo evitar quaisquer sanções e
vai inexoravelmente crescendo em poder económico.
DONA DO FUTURO?
É certo que num futuro próximo iremos continuar a ter “mais”
China na economia mundial. As tradicionais economias dos
países industrializados vão dando sinais de gangrena por
motivos muito variados e ainda dentro deste século é de
esperar que as suas economias sejam substituídas pelas dos
países das economias emergentes liderados pelos famosos
BRIC(S). O desafio da China será conseguir conciliar o
crescimento económico com o crescimento de uma cada vez
mais forte classe média chinesa que se mune de cada vez mais
reivindicações sociais e liberdades económicas e políticas.
Numa outra perspectiva a economia chinesa já tem mostrado
alguns sinais de abrandamento e inclusive já existe uma
crescente deslocação de IDE da China para outros países. O
surgimento de outros players concorrentes poderá voltar a
baralhar o equilíbrio.
O estudo destas potências económicas emergentes é
fundamental para desvendarmos o futuro. Nós, geração de
próximos decisores, iremos encontrar um mundo bastante
diferente do qual nascemos e
fomos habituados. As marés
estão a mudar, há que olhar ao
fundo e ajeitar o leme.
NA mundo Turnbull
Miguel Turnbull
Colaborador do Gabinete de Estudos e Formação Política
10 Outubro 2011| Lado Direito
Opinião
R eflexões de quem se interessa por analisar o entendimento quotidiano
no que diz respeito ao dia 5 de Outubro: Comemoração da Fundação
da Nacionalidade ou comemoração da Implantação da Republica?
Também o relato que retrata a vivência de um ex-militante que cessou
este ano funções na Juventude Popular.
Dilema comemorativo
Festejou-se hoje, dia 5 de Outubro, a Implementação da
República em Portugal. É, portanto, feriado nacional no
nosso país. As caras de Afonso Costa e de José Relvas
parece que voltam a surgir na varanda do Paços do
Concelho, num contexto de festejo desmesurado, no
qual se esquece aquilo que deveria constituir o
verdadeiro motivo de festejo daquele dia. Refiro-me ao
reconhecimento da independência de Portugal no
reinado de Dom Afonso Henriques.
Os resultados da República estão à vista: incapacidade
permanente para fazer face à crise, ao desemprego, à
instabilidade política e contestação social.
É evidente que também as Monarquias vivem tempos
difíceis, contudo, o povo está unido na figura daquele
que lhes transmite confiança e que, desde pequeno, foi
educado para desempenhar funções como Chefe de
Estado: o Rei! Neste aspecto, torna-se claro que a
Monarquia é algo que contribui para o acalmar de um
povo em tempos difíceis, incitando cada um de nós a
contribuir da maneira que pode para contornar as
situações adversas. Na Monarquia, o primeiro a dar o
exemplo é o Rei, e isso é de louvar!
Economicamente falando, e, comparando as estruturas
de custos da Monarquia Espanhola com a Republica
Portuguesa, a Monarquia é bem mais viável. Vejamos as
seguintes comparações:
Enquanto que cada espanhol despende 19 cêntimos para
a Monarquia, um português desembolsa cerca de 1 euro
e 58 cêntimos para a Presidência da República. Ao
mesmo tempo que o Governo Espanhol transfere para a
Casa Real aproximadamente 9 milhões de euros, a nossa
Administração transfere para a Presidência da República
cerca de 16 milhões de euros. Podem apontar o facto de
o Rei não ser eleito, mas, em muitos sistemas
republicanos, como a Itália, não elegem os seus Chefes
de Estado por sufrágio universal, mas sim, por um
colégio no Parlamento. É de grande importância
referenciar que o próprio Rei tem a sua conduta prevista
e limitada por uma Constituição, “deitando por terra”
todos os falsos argumentos de se cair num regime de
favorecimentos, de totalitarismo e de opressão. Com um
Rei, a chefia de Estado é isenta e equitativa.
A Republica foi imposta a Portugal de maneira vil e
inqualificável. Morreu um Rei, morreu o seu filho,
morreu parte de Portugal. O mais irónico é que a
República se diz um sistema democrático. Mas, por
detrás desta sua névoa caracterizadora, está um sistema
dogmático e impositivo que não dá a possibilidade ao
povo português de poder escolher, em referendo, o
sistema em que preferem viver, talvez porque haja
medo de um retrocesso à
Monarquia.
João Empis
Colaborador do Gabinete de Comunicação e do Jornal “Lado
11 Outubro 2011| Lado Direito
Até sempre JC; JC-GP e JP
Decorria o Ano de 1993 quando eu, um jovem de 13 anos subia as escadas da antiga sede distrital do CDS em Portalegre para ajudar o meu pai, na época dirigente concelhio, na logística da campanha. Muitos dos jovens que estão a ler este artigo não sabem, mas naqueles anos íamos agravar os pêndulos um a um, para depois os colocarmos num fio de corda, para posteriormente os atarmos aos postes e era esse o principal material que tínhamos à nossa disposição para a campanha. Também íamos de terra em terra colar cartazes de tamanho pouco maior que um “A0”. Naquela época, toda a campanha era feita por voluntários, por adultos e jovens que, no meu caso, ainda muito pouco percebia de qualquer doutrina política. Aquilo que nos movia era a esperança de uma nova geração, era a crença que Portugal poderia ser um país melhor, onde os valores que o CDS-PP defendia, que há muitos anos tinham sido ofuscados pelo consulado do primeiro-ministro Cavaco Silva, se erguessem. Comecei a ouvir os discursos dos dirigentes nacionais do CDS e dos dirigentes nacionais da Juventude Centrista – nome da Juventude no início dos anos 90. É importante destacar os discursos que mais me cativaram. São exemplo disso os discursos dos antigos presidentes Nuno Correia da Silva e Pedro Mota Soares. Todavia, também as capacidades de acção e organização de João Rebelo são de salientar. Começava a nascer um novo grupo de jovens e desde 1993 que JC ganhou em Portalegre uma nova dinâmica e uma nova geração que acreditava que a simples vontade do querer, aliada à convicção dos ideais correctos, poderia mudar o país. Realizámos todas as campanhas, percorremos todas as freguesias, e fizemos milhentas actividades no âmbito da dinamização da imagem do CDS e da JC. O primeiro congresso em que participei foi em 1999, um congresso com bastante afluência; quase 900 congressistas. João Almeida saiu vencedor e viria a ser o novo presidente da Juventude Popular. Comecei a participar activamente nos órgãos concelhios quando decidi candidatar-me a presidente da Comissão Política Concelhia de Portalegre, depois da data do referido congresso nacional. Sempre compreendi que quando temos alguma responsabilidade, temos que corresponder às expectativas exteriores; daqueles que dependem de nós. Não sei se foi por essa razão, mas em 2005 fui convidado pelo candidato a presidente João Almeida para integrar o projecto que ele encabeçava. Por acreditar piamente que era o melhor projecto, aceitei ir para a sua equipa e
tentei ao máximo dignificar a qualidade de vogal da CPN. Depois da entrada na CPN, seguiu-se outro convite, desta vez por Pedro Moutinho (outra das grandes amizades que fiz na Juventude Popular). Nessa direcção tive um papel mais activo, cujo exemplo é a criação do Manual do Jovem Agricultor. No congresso de Guimarães, apesar de ter sido convidado a continuar, decidi que era a altura de me afastar da direcção nacional, entendi que poderia continuar a contribuir para a Juventude sem estar internamente integrado. Não posso deixar de referir o último congresso em que participei, o XVIII Congresso Nacional em Lamego. Entendo que nesse congresso saiu o que restava de uma geração; da minha geração. Contudo, se por um lado a saída definitiva da JP me deixou triste e abalado, por outro, a vitória de um grande amigo – Miguel pires da Silva - deixou-me feliz e realizado. Eu e o Miguel passámos por diversos episódios: vitórias, derrotas, traições e outras peripécias. Uma delas sucedeu no passado Congresso em Guimarães onde o meu apoio foi dado ao actual Presidente da Mesa de Congresso Nacional, Michael Seufert. Todavia, prefiro recordar os bons momentos e, nesse sentido, não posso esquecer as alturas em que eu e o Miguel, devido à crença e convicção nos nossos valores, defendíamos até à exaustão, que uma sociedade só se pode construir de forma saudável, quando existe respeito pela família como instituição e pilar fundamental de uma sociedade. Também defendemos que o aborto não poderia ser permitido; isso seria igualmente legalizar um assassinato, no que toca ao nosso ponto de vista. Sustentámos, até ao limite, a ideia de que os jovens portugueses têm o direito de viver num país que reconhece a opulência da sua história, que não deixa que os jacobinos a branqueiem, nem ofusquem o que de melhor nela aconteceu. Continuo a acreditar no que referi, continuo, sozinho ou não, a defender os meus ideais e, por essa razão saiu da Juventude Popular com a esperança que esta instituição preserve os seus bons costumes e cative cada vez mais jovens. Muito obrigado a todos aqueles que me acompanharam nesta caminhada muito significativa da minha vida. Um grande bem-haja e votos dos melhores sucessos, e que continuem o trabalho daqueles que vos antecederam, honrando sempre a história, que é o primeiro passo para o triunfo no futuro.
António José de Moraes Baptista