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jornal rumos 06-07 - padrescasados.org · Jornal RUMOS Jornal RUMOS3 A os quinze dias do mês de maio de 2010, às 16h na residência do casal presidente Edson e Lucia. Primeiramente,

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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Caríssimos colegasde caminhada, a Igrejacatólica celebrou o "Anosacerdotal" ao comemo-rar os 150 anos da mortedo Santo Cura d'Ars e,como sacerdotes que re-cebemos o sacramentoda Ordem temos o com-promisso de evangelizaro mundo com a nossaprópria vida.

Na perspectiva da evan-gelização estamos inseri-dos no seio familiar, o quena verdade nos potenci-aliza para falar numa lingua-gem que as pessoas pos-sam de fato entender.

A nossa realidade atu-al é cada vez mais desafi-ante, pois enquanto se dis-cute nas grandes assem-bléias religiosas o sexo dosanjos, a sociedade conti-

nua a sofrer grandes catás-trofes naturais por falta deplanejamento habitacionalnas pequenas e grandes ci-dades.

No universo dos valo-res, parece que a vida huma-na está perdendo cada vezmais sua real importância.

Diante de tal situação,surge um grande questio-namento: qual o nosso pa-pel de família mpcista naatual conjuntura? Que mo-delo de Igreja nós estamosconstruindo? Que mundonós pretendemos formarpara nossos filhos e ne-tos? São essas e tantasoutras reflexões que fica-rão vibrando em nossasmentes e corações, paraque possamos preparar umencontro nacional, agen-dado para junho de 2012

EDITORIAL

Meio ano 2010 já se foi.O EXA futebolístico

já se foi.Boa - até grande - parte

de nossa vida já se foi.O que nos resta? A es-

perança de dias melhores.Dias melhores para a

Igreja católica no mundo eno Brasil. Depois das recen-tes "tempestades".

Dias melhores, também,depois de seu 18º Encon-tro Nacional em janeiropassado, para o MPC -Movimento dos PadresCasados do Brasil - e paraa AR - Associação Rumos.

Foi dado o ponta-pé ini-cial para a reedição atuali-zada do catálogo nacionaldos padres casados brasi-leiros. Sob a coordenaçãode João Tavares,[email protected]. Paratanto é imprescindível a par-ticipação e colaboração detodos e todas ligados(as) aoMPC e/ou AR, enviandoendereços atualizados ao e-mail supra citado. O que nãoé necessário para os assi-nantes do jornal Rumos im-presso, pois destes já cons-tam os endereços corretos.

Embora seja tema repe-titivo, a presente edição dojornal Rumos continua nacampanha mundial pela eli-minação do celibato obri-gatório imposto ao clerocatólico. Estão empenha-dos nesta "luta" várioscardeais, muitos bispos, amaioria dos presbíteros, atotalidade dos 150.000 pa-dres casados e dos leigoscatólicos e não-católicos,autoridades civis e políti-cas incluindo até Presiden-

tes de Repúblicas, comoEvo Morales da Bolívia.

Sendo o celibato umcarisma concedido porDeus a poucos, como podeser uma lei obrigatória im-posta a todos que têm vo-cação ao sacerdócio?! Porque Jesus Cristo nada le-gislou a respeito? Por quea Igreja permitiu até o sé-culo XI o casamento dospadres? E depois mandouvender as esposas dos pa-dres como escravas?!

Na comunhão dos san-tos alegramo-nos com a aco-lhida no céu de nossos que-ridos colegas José Vicente eBenito Ronaudo, ao mesmotempo que apresentamos aseus familiares nossa solida-riedade e condolências.

Excelente e assustado-ra é a entrevista do PatricWall, uma vez beneditino eagora advogado de vítimasde pedofilia nos EE.UU.Por ser entrevista longa,continuará na próxima edi-ção 217. Não percam.

Aos recebedores dojornal Rumos impresso emdébito recordamos: atuali-zem o pagamento!

Gilberto Luiz GonzagaEditor

[email protected]

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura1º. Secretário: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Secretário: Maria de Fátima Lima Brasil1º. Tesoureiro: José Colaço Martins Dourado2º. Tesoureiro: Maria do Socorro Santos Martins

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestordo Movimento de Padres Casados e suas Famílias:

Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenador do Encontro XIX Encontro Nacio-nal do MFPC - o mesmoCoordenador do conselho editorial do JornalRumos - Gilberto Luiz GonzagaModerador do e-grupo padrescasadosJoão Correia TavaresCoordenador do site www.padrescasados.orgJoão AugustoRepresentante internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaCoordenador da Assessoria JurídicaFrancisco Muniz de MedeirosObs. - As respectivas esposas estão incluídas nasfunções acima.Diagramação Rodrigo Maierhofer Macedo

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimes-tral da Associação Rumos/Movimento das Famíli-as dos Padres Casados do Brasil (MFPC). A Asso-ciação Rumos é uma sociedade civil de direito pri-vado, de âmbito nacional, com finalidades assis-tenciais, filantrópicas, culturais e educacionais,sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro Pinto Cacais e Irene Ortlieb GuerreiroCacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de Oliveira Spagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] deGilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 30,00 (trinta reais)Pagamento pelo BANCO DO BRASIL - Agência 3243-3 - Conta 21077-3Comunique imediatamente, através de e-mail, ao nosso tesoureiro Mateus Hande: [email protected] por carta para Mateus Hande: Rua Engenheiro Teófilo de Freitas, 30, aptº 402, Derby - Recife-PE. CEP 52.010-190

Associação Rumos:anuidade de sócio - R$ 120,00 (Cento e Vinte Reais) com direito a assinatura do jornal Rumoscontribuição para um fundo de ajuda mútua - a partir de R$ 1,00 por mês;Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noBANCO DO BRASIL - Agência 3243-3 - Conta 21077-3Remeta cópia do comprovante para Mateus Hande: Rua Engenheiro Teófilo de Freitas, 30, aptº 402, Derby - Recife-PE. CEP 52.010-190

Carta do Presidente aos leitores

em Fortaleza - CE, com aconsciência de que nem sóde encontros vive o MPC,mas de uma vivência da fé,na inserção no mundo dotrabalho e na prática da so-lidariedade, em especialpara com os nossos irmãosno sacerdócio (idosos eenfermos), como tambémcom os padres jovens quesão afastados ou se afas-tam da vida eclesiásticasem nenhuma estrutura fi-nanceira para viverem nomundo real com dignidade.

Amados irmãos e ama-das irmãs, fiquemos atentosa essa realidade.

Que saibamos discernirqual caminho deveremos to-mar para solidificar a nossafamília mpcista, que é forte egrande como um elefante,mas precisa urgentemente

saber usar todo o seu po-tencial em cada canto des-se nosso imenso país.

Está em nossas mãoso poder de fazer um mun-do melhor e um grupomais atuante nas nossascomunidades.

Coragem meus irmãos!Que Deus, nosso Pai,

continue nos abençoando,a nós e a todos do nossoconvívio. Amém!

Amigos e amigas.

"Carta de Pedra Negra"

Nós, abaixo assinados,sacerdotes casados da Di-ocese da Campanha, MG,reunidos na Fazenda PedraNegra, município de TrêsPontas, com nossas espo-sas e filhos, considerandoa conjuntura atual da Igre-ja Católica, em todos oscantos do mundo, fazemosas seguintes considera-ções:

reconhecemos o valordo ministério ordenado naIgreja, em todos os níveise graus, como sinal visíveldo único e eterno sacerdó-cio de Jesus Cristo;

reconhecemos também

Carta dos sacerdotes casadosda Diocese da Campanha, MGa importância do ministériolaico que, a seu modo, con-tribui para que Deus sejamais conhecido e amado;

nesse sentido, louva-mos o mérito de incontá-veis bispos, sacerdotes,diáconos, religiosos e re-ligiosas, ministros e mi-nistras ordenados, leigose leigas engajados e tan-tos outros membros doministério eclesial, que sededicam generosa e in-cansavelmente à sua mis-são, visando única e ex-clusivamente o bem dopovo de Deus;

constatamos o fato desermos, salvo exceções, pre-teridos no trabalho pastoral

em nossas comunidadesparoquiais, conscientesdo enorme peso que repre-senta, aos olhos da hierar-quia católica, o fato de nãoestarmos exercendo o mi-nistério sacerdotal;

lamentamos os casos,notórios ou ocultos, en-volvendo ministros daIgreja Católica, em situa-

ção de pedofilia, homosse-xualismo, amasiamento etantos outros desvios, fru-tos de uma estrutura doen-tia, que maculam sua imagemem várias partes do mundo.Á luz do ensinamento divi-no, repudiamos tais práticas,ressalvando o valor da pes-soa humana que as pratica;

louvamos e aplaudimosa iniciativa desse encontrode hoje, que nos faz sentirem comunhão com a toda aIgreja e que nos aproximados demais companheirose suas famílias, constituin-do-se em ótima oportunida-de de troca de experiênci-as, partilha de vivências econvivência fraterna;

louvamos e agradece-mos a Deus pela presença,em nossas vidas, de nossasesposas e filhos, com quemformamos verdadeira Igrejadoméstica, que nos fazemcompreender o sentido ple-no da dignidade humana;

conscientes da missãoque nos foi conferida, quejamais perdemos, colocamo-

nos inteiramente à dispo-sição da Igreja, pois senti-mo-nos integrados ao povode Deus.

Três Pontas, 01 demaio de 2010

Antônio Tadeu deMagalhães/Gislene Pita-luga Magalhães - FranckDias Barbosa/Maria Izabelde Oliveira Matos - Joséda Rocha Neto/JudithBernadete Nascimento -José Jorge Ribeiro Meire-lles/Mariluce Vita Apare-cida Araújo - Luis Henri-que Alves Pinto/KeylaBorges Costa -

Luis Sérgio Mafra/Ma-risa Gorgulho Ayres - Mar-cos José de Lima/SoraiaMaria Bueno de Abreu Lima- Mauricio Inácio dos San-tos/Vitória Helena da Fon-seca Santos - Osvaldo Cos-ta/Maria Laís Mendes Cos-ta - Paulo César de Oliveia/Patrícia de Carvalho - PauloPereira de Rezende/LúciaDalva Almeida de Rezende

PDT26/05/ 2010

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3Jornal RUMOS

Aos quinze dias do mêsde maio de 2010, às16h na residência do

casal presidente Edson e Lucia.Primeiramente, o casal anfitriãodeu as boas vindas a todos oscasais participantes e deu-se iní-cio a reunião com uma oração,e das justificativas de colegasausentes: casal secretário e ca-sal tesoureiro do MPC nacio-nal por motivos profissionais epastorais.

Em seguida foram apresen-tados os seguintes pontos depauta:

- Temas sugeridos para oEncontro Nacional de 2012.

- Apresentação em Powerpoint do local para realização domesmo.

- Informação sobre a festajunina.

- Preparação do encontrodos filhos dos padres casados.

A palavra foi facultada à co-missão temática, que após al-gumas reuniões realizadas che-garam as seguintes conclusões:

Troca das vestes foscas pelas brilhantesDepois que agonizamos, assumimos a capacidade de en-

tender que a morte não é uma troca de roupas.Trocamos as vestes foscas pelas brilhantes.Trocamos as angústias e incertezas de uma etapa, pela se-

gurança da chegada.Morte é o final de uma etapa o início de outra, segura e

definitiva.José Vicente de Andrade

Casamento de nossa filhota Fabíola, realizado no dia 05/06/2010, na Basílica NossaSenhora de Loudes, em Belo Horizonte.

Fabíola Oliveira Lino de Araújo Esteves (Bióloga e Mestra em Meio Ambiente) e Rena-to Esteves Leite Júnior (Médico Cirurgião)

Lino e BeatrizNota: Os pais e o novo casal aceitem parabéns e votos de mil felicidades de todo o

povão MPC

ÚLTIMA MENSAGEM DE JOSÉ VICENTESólida, profunda, otimista como só pode ser um

verdadeiro cristão.

CASAMENTO

ATA DO MFPC E AR DE FORTALEZA, CE

1º)O encontro tem que ser rea-lizado dentro de um caráter pro-cessual, onde todos os regionaispossam estudar temas especí-ficos e juntos afunilarem numsó objetivo. 2º)Que durante oencontro, a dinâmica seja deforma democrática, que alémdos convidados conferencistasse estabeleça tempo para o es-tudo das equipes e que se pen-se em atitudes concretas. 3º)Que o Encontro não termine noúltimo dia, mas que seja capazde construir metas e estratégi-

as para avançar numa reflexãoe que sirva para alimentar o mo-vimento e para a preparaçãodos encontros futuros.

Dando continuidade, o pre-sidente José Edson agradeceuo brilhante empenho da comis-são e ressaltou que não foi poracaso que o Ceará foi escolhi-do para organizar o nosso En-contro Nacional.

E em seguida apresentou osslides da estrutura física doSESC IPARANA - CAU-CAIA, onde todos apresenta-

ram suas considerações favo-ráveis por se tratar de um am-biente muito acolhedor. As ori-entações foram para que todospudessem se associar ao SESC,o que facilitaria um preço maisacessível. Foi informado tam-bém que o SESC não fechapacote em alta estação (mês dejulho), e por isso fico acordadoque o encontro seria na últimasemana do mês de junho de2012 (quinta a domingo).

Na sequência, o casal tesou-reiro informou que a festa juni-na será realizada no dia 12 dejunho a partir das 16h no colégioSalesiano Dom Lustosa na ave-nida João Pessoa e que todospudessem convidar familiares eamigos para participarem da fes-ta e dos bingos que irão ocorrer.

O movimento pensa seria-mente em se capitalizar, paraisso requer o empenho de to-dos, para que possamos tercondições de solucionar pos-síveis pendências em relaçãoao encontro nacional.

E para encerrar a nossa reu-nião abriu-se espaço para sefalar sobre o encontro com osfilhos das famílias dos padrescasados. Nas idéias apresenta-das ficou claro de que deveriaser um momento de descontra-ção, evitando-se palestras oucoisa do tipo. Foi sugerido queo Pepe filho do saudoso LauroMota fosse convidado para mo-tivar os demais, e que no dia doencontro, num momento opor-tuno fosse abordado o encon-tro Nacional dos Padres casa-dos e a realização do convitepara que os filhos participassemda comissão de acolhimento.Enfim, foram dados alguns in-formes de livros e feito o con-vite da missa de 30º dia do fale-cimento da Srª Alzirene, espo-sa do nosso colega Luiz Pires.

Sem mais nada a tratar, euJosé Edson da Silva, lavrei estaata que deverá ser lida e assi-nada por todos os presentesaqui referidos.

José Edson da Silva

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ENTREVISTA COM FREI BETTOFrei Betto lutou, foi preso,

rezou em passeatas e chegouao poder com o Lula em Bra-sília. Agora, ele se definecomo um "feliz indivíduo nãogovernamental". Depois decorrer o mundo, está de voltapara onde tudo começou. Viveno convento dos frades do-minicanos, uma construçãomoderna, em Perdizes. De lá,reflete sobre sua trajetória,os caminhos e descaminhosdo PT que ajudou a construir.Sem deixar de ser crítico, falasobre avanços do governoLula: "Hoje não há uma pes-soa que diga que o PT se des-taca pela sua integridade".Sobre a indicação de DilmaRousseff para disputar a su-cessão de Lula, diz que se nãofosse o mensalão o candida-to certamente seria outro. FreiBetto gosta de temperos for-tes. Também é assim quandocozinha para os amigos. Faz"bacalhau espiritual" à basede muito leite de coco. Dizque continua amigo de Lulae de Fidel Castro, a quem vi-sitou recentemente. Ele aca-ba de concluir seu 53º livro,mas que, por superstição, nãorevela o tema. Conselhos querecebeu de uma mãe de santoquando escrevia Batismo deSangue, em 1982, sobre suaexperiência durante a resis-tência à ditadura militar.

Eis a entrevista.O que mudou para que o

Brasil viesse a ter uma can-didata oriunda da esquerdaarmada?

É fantástico que, enquantoos torturadores se escondemenvergonhados e não conse-guem nem votos de seus com-panheiros de farda, uma pessoacomo a Dilma seja hoje a can-didata preferencial à Presidên-cia. Acho que ela está prepara-da, conhece profundamente aadministração pública e foi óti-ma ministra.

Lula fez uma boa escolha?Lula fez a escolha possível por-

que as outras se queimaram. Dil-ma é candidata por falta de opção.

Se não fosse o casomensalão quem seria ocandidato? José Dirceuteria chance?

Só Lula pode responder,mas, na minha opinião, certa-mente não seria a Dilma.

O PT é um antes do men-salão e outro depois?

Sem dúvida alguma. O PTtinha dois trunfos simbólicospara garantir a sua credibilida-de: ser o partido dos mais po-bres e da defesa da ética. Decerta maneira, ele ainda é opartido dos desfavorecidos. Oapoio popular do presidenteLula vem das políticas sociaisque governo desenvolveu. En-tretanto, não há hoje ninguémque diga que o PT se destacapor sua integridade.

O caráter da militânciamudou?

Com certeza. Nas eleiçõesdos anos 80 e 90 existiam mili-tantes que voluntariamente sededicavam a fazer panfletagem,que davam o sangue nas cam-panhas. Hoje os cabos eleitoraisdo PT são pagos. Isso é triste.

Por que o governo Lulanão deu continuidade aoFome Zero?

Porque quem controlava ocadastro eram representanteseleitos em assembleias popula-res. Isso provocou gritaria dosprefeitos, pois o dinheiro nãopassava por eles. Saía da Cai-xa Econômica direto para asfamílias beneficiadas. O prefei-tos ameaçaram sabotar e o go-verno federal decidiu erradicaros comitês gestores formadosem mais de 2 mil municípios. Ogoverno deu aos prefeitos ocontrole do cadastro, permitin-do que famílias fossem incluí-das ou retiradas do programa,estimulando a corrupção. Isso

criou uma relação de clientelis-mo político no País.

Por que deixou o governo?Descobri que não era minha

vocação. Fui convocado parafazer o Fome Zero que tinhaum caráter emancipatório. Ogoverno matou o programa e osubstituiu pelo Bolsa Família,que é usado como cacife elei-toral. Até agora nenhum gênioachou a porta de saída.

Você guarda mágoas?Não, ao contrário. Minha

experiência no governo expusem dois livros: A Mosca Azul eCalendário do Poder. Tenhobons amigos lá e espero quetudo tenha continuidade. Que-ria voltar a escrever, pois é mi-nha verdadeira vocação.

Quais são os problemas dogoverno Lula, na sua opinião?

O governo Lula, apesar demuitos méritos, ainda deve àNação reformas básicas, comoa agrária, tributária, política, dasaúde e da educação. O princi-pal defeito do governo atual énão ter mexido na estrutura.

O presidente Lula o con-sulta?

Não, o presidente é meu ami-go. Nunca fui consultor, guru.Isso que falam é bobagem.

Tem falado com FidelCastro?

Tenho. Quando vou a Cuba,ele me recebe na casa dele. Aúltima vez foi no dia 3 de mar-ço, quando fui comemorar os 25anos do livro Fidel e a Religião.

Acredita em abertura dogoverno de Cuba com Raúl

Castro?Raúl está empenhado em

reduzir o paternalismo estatal epermitir o aumento dos salári-os. Mas o retorno do capitalis-mo está fora de cogitação.

O que acha do Lula inter-mediar acordo para que o Irãdesenvolva seu programanuclear?

Lula é um grande negocia-dor. Ele provoca enorme ciumei-ra no cenário internacional por-que não precisa pedir licença aninguém para desempenhar seupapel de agenciador da paz.

Não importam os argumen-tos de que o Irã tem um go-verno teocrático e de que nãorespeita os direitos humanos?

Mas os EUA também nãorespeitam. Quem deu a eles odireito de ocupar o Vietnã, dematar mais de 600 mil civis noIraque e outros tantos no Afe-ganistão? Que moral têm parafalar de um país como Irã?

É possível, então, ignorara falta de liberdade de ex-pressão e a pena de morte?E nos EUA não tem? É legí-timo se os dois países secomportam da mesma forma?

Nós queremos a paz no mun-do e não haverá paz se não ti-ver justiça. Enquanto não vem,o melhor caminho é dialogar.Isso o Lula faz muito bem.

Como vê o comporta-mento da igreja em relaçãoà pedofilia?

A igreja tardou a tomar pro-vidências efetivas. Primeiro in-ternas, com a suspensão des-

sas pessoas, depois responden-do pelos crimes cometidos pe-rante a legislação vigente.

O que está por trás disso?A ideia de que todo sacerdo-

te precisa ter vocação para ocelibato. Esse não era o pontode vista de Jesus. E como seidisso? Porque está no primeirocapítulo do Evangelho de Mar-cos, que fala que Jesus curou asogra de Pedro. Agora, se Pe-dro tinha sogra, qual é a conclu-são? E o interessante é que nãosó Jesus incorpora ao grupo deapóstolos um homem notoria-mente casado como o escolhepara ser o primeiro Papa. O ce-libato foi uma medida tardia nahistória da igreja católica.

O celibato leva à pedofilia?Isso acontece por dois mo-

tivos: a obrigatoriedade do celi-bato e a má formação afetivados seminaristas. Acho um cri-me colocar no seminário um jo-vem antes dos 15 anos, que nãotem claro ainda o seu perfil se-xual, e depois jogá-lo sozinhoem uma paróquia sem qualquerrelação familiar. Essa carêncialeva, às vezes, a aberrações.

Você é celibatário?Sim. Para quem vive numa

comunidade religiosa como eu,não faz o menor sentido casarporque você partilha os seusbens, a sua vida. Agora, paraos sacerdotes diocesanos nãohá nenhuma razão. Se há nes-ses escândalos de pedofilia algoaproveitável é a possibilidade daigreja voltar a discutir a obriga-toriedade do celibato e a orde-nação das mulheres.

Qual é a explicação paraque as mulheres não sejamordenadas?

A igreja considera ainda hojea mulher um ser inferior ao ho-mem. No período medieval, a ins-tituição abraçou o princípio de SãoTomás de Aquino que, entre gran-des luzes, disse essa bobagem.

Como era o Frei Betto de30 anos atrás e como é o dehoje?

Continuo um cigano deDeus, viajando a bordo de umparadoxo. Há 30 anos eu acre-ditava que o meu tempo pesso-al coincidiria com o meu tempohistórico. Hoje, sei que não par-ticiparei da colheita, mas façoquestão de morrer semente.

Paula BonelliO Estado de S. Paulo

14/06/2010

Jornal RUMOS

5Jornal RUMOS

A 48ª Assembléia,em Brasília, daCNBB está che-

gando ao fim. Como leigo,de longe, dentro do meutempo disponível procurei,pela mídia eletrônica, tele-visada e escrita, acompa-nhar as informações quedela me chegavam. E,mais uma vez, tornandopublico o meu refletircomo cristão e democrati-camente, não posso deixarde afirmar (mesmo quesaiba que muitos e princi-palmente, autoridadeseclesiásticas e padres, dis-cordarão de mim...) queestou preocupado com orumo que teremos apósessa Assembléia.

Considerando a criseque a Igreja está a viverpelo mundo afora e nota-damente aqui no Brasil (eisuma nova noticia: padre,prefeito de cidade no PI, épreso por pedofilia: http://ultimosegundo.ig.com.br),há de se perguntar: o queessa Assembléia trará denovo, numa perspectiva detransformação e reassu-

79% dos padres austríacosacreditam que a Igreja Católicadeveria permitir que homens ca-sados sejam ordenados, revelouuma pesquisa.

Esta é a hora dos Padrescasados (juntamente com oscelibatários) na Igreja Católica.

O que os mais de 140.000sacerdotes secularizados nem otão amplo desejo dos fieis cató-licos (que em todas as pesqui-sas, são a favor, até 80%, docelibato opcional) não consegui-ram, vai ser conseguido pelo es-cândalo da pederastia do clero.

Já são muito numerosas asvozes (do povo, dos teólogos eaté mesmo do alto clero) queapostam na abolição do celibatoobrigatório na Igreja católica ro-mana, e lutam pela coexistênciade um duplo modelo de padres:os celibatários e os casados.

Isto é: num primeiro mo-mento, a Igreja Católica pode-ria pôr em marcha uma evolu-ção gradual rumo a uma disci-plina mista, com clero celibatá-rio e casado, como ocorre, des-de sempre, nas igrejas orientais,inclusive nas de rito católico.Ou, como o próprio Papa Rat-zinger estabeleceu para "Ordi-nariatos" que acolherão os an-glicanos de regresso a Roma.

PADRES AUSTRÍACOS APÓIAM A ORDENAÇÃO DE HOMENS CASADOS

48ª ASSEMBLÉIA, EM BRASÍLIA, DA CNBB

O escândalo dos padres pe-dófilos poderia, por conseguinte,ser o sinal de alarme do celibatoobrigatório. Embora existam mui-tos outros fatores mais importan-tes que aconselhariam essa evo-lução na disciplina da Igreja.

Em primeiro lugar, "o in-verno vocacional". Cada vez hámenos padres e estão ficandomais velhos. E as vocações de-finham. Não há, em qualquercaso, a substituição de gera-ções. E muitas paróquias e co-munidades têm de se conformarcom a falta da Eucaristia porfalta de pastores.

Em segundo lugar, concu-binato, regular e generalizado dos

padres africanos (onde não se ca-sar e ter não filhos é anti-natural)e de grande parte do clero latino-americano. Estes, às claras. Nosoutros lugares, em segredo.

Em terceiro lugar, dado ofenômeno das migrações e daglobalização, também religiosas,as comunidades católicas já nãosó não têm medo de ter padrescasados (pelo contrário, os pe-dem), mas também convivemcom outras igrejas cristãs (in-cluindo algumas de rito católi-co), presididas e guiadas porpadres casados.

Mas acontece que, além dis-so, em Roma, têm a certeza deque o barulho causado pelos

escândalos de abuso do cleroestá apenas começando. Esta-mos perante a ponta do iceberg.Começou pela América do Nor-te, passou para alguns países daEuropa e logo vão começar asdenúncias na América Latina.

É verdade que o fenômenoda pedofilia não atinge apenasa Igreja Católica. Mas tambémé verdade que a Igreja é a úni-ca normativa planetária. Ela dizaos outros como se comportare, portanto, tem que dar oexemplo. Nas mãos dos sacer-dotes nos quais confiamos nos-sos filhos desde a mais tenrainfância e, portanto, temos acerteza de que merecem a nos-sa total e absoluta confiança.

A Igreja Católica, com oPapa em sua cabeça, é umaautoridade moral global e umícone da mídia. Talvez a máxi-ma, ao lado da Casa Branca.Portanto, a mídia não dá nuncaa mesma importância ao quedizem as outras igrejas (protes-tantes, anglicanas ou ortodoxos)ou as outras religiões, e ao quediz Vaticano. O mesmo acon-tece com os escândalos.

A isso deve ser acrescenta-do o preconceito anti-católicodos países, particularmente osanglo-saxões, de confissão mis-

ta, como Alemanha, Inglaterraou Holanda. E o anticlericalis-mo dos países do Mediterrâneocatólico como Portugal, Espa-nha ou Itália.

Por enquanto, tanto o Papacomo a maioria do alto clero ar-gumentam, e com razão, que nãohá uma relação de causa-efeitoentre o celibato e a pedofilia. Seisso é verdade, também o é quenão se pode negar uma influên-cia indireta sobre os critérios deseleção dos futuros sacerdotes.

Ou seja, dada a escassezde vocações e a impossibilida-de de ordenar homens casa-dos, os bispos são tentados (emuitas vezes caem em tenta-ção) a acolher e a ordenar se-minaristas de maturidade emo-cional duvidosa. Forçados pe-las circunstâncias, os bisposfazem vista grossa. E o remé-dio é pior que a doença.

Está, portanto, na hora domodelo misto na Igreja Ca-tólica Romana, que não teráoutra escolha senão aceitar emsuas fileiras, os sacerdotes ca-sados juntamente com os celi-batários. Seja bem-vindo.

José Manuel Vidales.noticias.yahoo.com

Tradução: João Tavares29/06/2010

mindo o seu papel missio-nário, para nós cristãos ecristãs, a partir do reconhe-cimento de suas culpas, porcausa de algumas mazelasda parte de sua hierarquia?

Pelo que está sendo de-monstrado do que sairádali, é de se preocupar emuito com os rumos daIgreja no Brasil, pois comcerteza o que privilegiare-mos é muito mais um afãda reafirmação hierárqui-ca, a manutenção do dis-tanciamento entre essasautoridades e o povo deDeus, as celebrações cadavez mais pomposas e dis-tantes de se sentirem in-seridas no contexto dopovo de Deus, as reaçõesde preconceitos mais pre-mentes, principalmente notocante às minorias, fazen-do com que essas realida-des se sintam mais aindamarginalizadas no seio daIgreja: mulheres, pobres ejovens, dentre outras...

Por que nossos pasto-res não são capazes de re-fletir necessidades que sefazem prementes de mu-

danças no seio da Igreja?Por que dessa Assembléia,no tocante à crise que as-sola toda a Igreja, nossospastores não estão sendocapazes de inovar e assimcontinuarão a não saber (éclaro que existem honrosasexceções) como falar aoPovo de Deus? Por que,nessa Assembléia, nossospastores não foram capa-zes de ver que nas nossascelebrações precisa serdeixado de lado o sentidosuntuoso da plenitude au-toritária hierárquica e assimreconhecerem que essascelebrações com tanto des-taque para as Mitras, Páli-os, Solidéus, Cajados, para-mentos ostentosos, homili-as vagas e desnecessárias,cálices brilhantes, procis-sões vultosas e mais pare-cendo um espetáculo tea-tral? E assim surge a per-gunta: após celebraçõespresididas por diversas au-toridades eclesiásticas, hojeem dia, quem é capaz, delevar em conta as prega-ções ali feitas? E, assimsendo, por que não ocorrem

mudanças nessas celebra-ções? Por que nossos pas-tores não estão sendo ca-pazes de enxergar o clamorque o Povo de Deus está aecoar para eles, exigindomudanças nas suas formascomportamentais e no pe-dido de que eles saibam serpastores? Por que nossosbispos não se enxergam,quando deixam de ser de-mocráticos no seio da Igrejae desejam que nós fiéis e opovo em geral aceitemosseus pedidos de democra-cia para outras searas? Seráque eles não são capazesde entender que não con-seguem mais ser profetascomo outrora? Por que nos-sos pastores se preocupamtanto em demonstrar fide-lidade à Cúria Romana, emdetrimento do saber comoservir seu povo? Por quenossos pastores não conse-guem mais ouvir a voz dopovo de Deus, mesmo queessa voz seja discordantedo que vem de Roma e queo povo de Deus precisa queeles o conduzam da manei-ra como nos ensinou o

Cristo e não como umamera insensatez autoritáriaeclesial? Por que essa di-cotomia entre sacerdote epovo de Deus terá que sermantida e, ainda mais nes-se Ano Sacerdotal? Porque ainda teremos que verpastores, notadamente dacúpula, firmar compromis-sos com setores nefastosda sociedade, privilegiandoos podres poderes, princi-palmente na seara política?Quem não sem lembra daatitude do Arcebispo deMariana, que mandou tirarde circulação um semaná-rio pastoral porque denun-ciava atitudes desonestas,comprovadas, de políticosmineiros e depois convoca-

va o povo a assinar a peti-ção para "Ficha Limpa"?Quem não se lembra dousufruto do dinheiro de pa-roquianos da Arquidiocesedo Rio de Janeiro, que viaseus dízimos irem para odeleite de conforto do seuex-Cardeal? Quem, de sãconsciência, hoje em dia,consegue atender (é claroque existe algumas exce-ções por parte de algunsbispos compromissadoscom a raiz da fé) ao quenos pede a hierarquia ca-tólica, quando na maioriadas vezes seus discursosgeram simplesmente tomfantasioso e fora da reali-dade? Quem viver verá???

Mário Gomes

6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

O Papa Bento XVIaceitou nesta segunda-feira a re-

núncia do bispo irlandês deBenin City (Nigéria), Ri-chard Anthony Burke,acusado de ter abusadode uma menor, e anun-ciou que enviará uma co-missão para organizar aIgreja da Irlanda envol-vida em inúmeros es-cândalos de pedofilia.

O bispo Burke renun-ciou depois de ter admi-tido que manteve rela-ções sexuais com umamoça durante a décadade 1980, apesar de as-segurar que ela era mai-or de idade quando os

A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou,ontem, uma apelação

pela imunidade do Vaticano, emum processo contra o Estado so-berano católico pelas diversastransferências de um padre acu-sado de abuso sexual de crianças.

O Vaticano queria que ascortes federais americanas re-jeitassem o processo que visaresponsabilizar a Igreja Católi-ca pela transferência do reve-rendo Andrew Ronan da Irlan-da para Chicago e, depois, paraPortland, apesar das várias acu-sações de pedofilia.

A decisão permite que ossacerdotes acusados de pedo-filia nos Estados Unidos sejamjulgados e anula os efeitos dasleis de imunidade soberana quedeterminam que um Estado so-berano, incluindo o Vaticano, fi-que imune a processos judici-

A desembargadorado Tribunal deJustiça do Piauí,

Eulália Maria Ribeirodo Nascimento, decre-tou hoje a prisão pre-ventiva do prefeito domunicípio de DomingosMourão, padre Domin-gos José Rodrigues Ca-valeiro (PMDB). Elefoi denunciado pelo Mi-

Meu Pai, eu me abandono em Ti.Faz de mim o que quiseres.Por tudo o que fizeres de mim, eu Te agradeço.Estou disposto a tudo, aceito tudo.Contando que a Tua vontade seja feita em

mim, em todas as criaturas.Nada mais desejo, meu Deus; ponho a minha

alma nas Tuas mãos, entrego-a a Ti, meu Deus,com todo o amor de meu coração, porque te amo.

E é, para mim, uma necessidade de amor dar-me e entregar-me nas Tuas mãos sem medida, cominfinita confiança porque Tu és meu pai.

Amém.

PAPA ACEITA RENÚNCIA DE BISPO E INSPECIONARÁIGREJA IRLANDESA POR PEDOFILIA

PEDOFILIA NOS EUA: SUPREMA CORTE REJEITA IMUNIDADE A VATICANO

ORAÇÃO DO ABANDONO PADRE, PREFEITO DE CIDADE NO PI,É PRESO POR PEDOFILIA

ais. As cortes federais de me-nor instância determinaram,neste caso, que haveria umaexceção ao Ato de ImunidadeSoberana Internacional que afe-taria o Vaticano.

O juiz determinou que haviaprovas para uma conexão entreo Vaticano e Ronan, considerado

um funcionário do Estado católi-co sob a lei Oregon. A decisãofoi mantida pela Nona Corte deApelação, na Califórnia.

Segundo os documentos dacorte, Ronan começou a abusarde garotos em meados da déca-da de 50, quando era padre daArquidiocese de Armagh, na Ir-

landa. Ele foi transferido paraChicago, onde admitiu ter abusa-do sexualmente de três garotosna Escola St. Philip. Ronan foitransferido ainda para a Igreja St.Albert, em Portland, no Oregon,onde foi acusado de abusar se-xualmente de uma pessoa, queapresentou o processo agora na

Corte de Apelação. A vítima acu-sa o Vaticano de não ter expulsoou adotado qualquer outra san-ção contra o padre, apesar de terconhecimento das denúncias depedofilia. Ronan morreu em 1992.

O governo de Barack Oba-ma pedira, em vão, à SupremaCorte que concedesse imunida-de ao papa Bento XVI e a ou-tros dirigentes da Igreja nos jul-gamentos de padres acusados depedofilia. Os nove juízes do Su-premo pediram a opinião do go-verno Obama, como fazem re-gularmente nos casos que afe-tam as relações diplomáticas.

Nos EUA, as maiores auto-ridades do Vaticano, incluindo opapa, então cardeal Joseph Rat-zinger, teriam encoberto o re-verendo americano LawrenceMurphy, acusado de abusar de200 crianças surdas.

29/06/2010

nistério Público do cri-me de pedofilia.

O processo tramitavaem segredo de Justiça eo prefeito tem foro privi-legiado, sendo julgado noTribunal de Justiça. Aidentidade de vítima e orelato dos fatos foramomitidos, para garantir apreservação da vítima e osigilo do processo.

A desembargadorajustificou que a prisão pre-ventiva se deu para ga-rantir a ordem pública e ainstrução do processo. Oprefeito foi preso em Do-mingos Moura, por cartaprecatória, e recambiadopara Teresina.

Home IG - ÚltimoSegundo

11/05/2010

fatos ocorreram, emuma carta enviada à re-vista Irish Catholic.

Bento XVI iniciou hádois meses a reestrutu-ração da Igreja irlande-sa depois dos escânda-

los que explodiram noinício do ano neste país,e que provocaram emmarço a primeira cartapública de desculpas deum Sumo Pontífice.

As denúncias contra

padres pedófilos foram pordécadas ocultadas pela hi-erarquia da Igreja da Irlan-da até que dois relatóriosoficiais confirmaram osinúmeros abusos sexuaiscometidos por padres con-tra menores de idade.

O Papa decidiu envi-ar quatro 'visitadoresapostólicos', ou seja, ins-petores, à Irlanda a fimde ajudar a Igreja local,em particular as dioce-ses mais afetadas pelosescândalos, Armagh,Dublin, Cashel e Emly.

Os inspetores deverãoanalisar a situação frenteaos "trágicos casos de abu-sos cometidos com meno-

res por sacerdotes e reli-giosos", enfatiza um comu-nicado oficial da Santa Sé.

Os inspetores, umcardeal britânico e outroamericano, e dois arce-bispos irlandeses exami-narão os casos de abu-sos, prestarão assistênciaàs vítimas e verificarão aeficácia das medidas deprevenção adotadas, es-pecifica a nota.

A investigação se es-tenderá para outras dio-ceses, indicou o Vaticano,que decidiu tal medida afim de "assistir aos bispos,ao clero, aos religiosos eaos fieis", afirma ainda ocomunicado.

A "visita apostólica"foi anunciada pelo pró-prio Papa em 20 de mar-ço passado na carta pas-toral dirigida aos católi-cos irlandeses.

Até agora, sete bis-pos e auxiliares irlan-deses envolvidos nasinvestigações apresen-taram renúncia a seuscargos, dos quais cinco jáforam aceitas pelo Papa.

Outras denúncias fo-ram feitas em vários paí-ses da Europa, e tambémno Brasil, Chile e princi-palmente Estados Unidos.

AFPhttp://noticias.uol.com.br

31/05/2010

Suprema Corte EE UU

Jornal RUMOS

7Jornal RUMOS

Por quase dez anos, Pa-trick Wall foi sacerdote daOrdem dos Beneditinos. Masseu trabalho não era só cele-brar missas ou ler o evange-lho, mas sim substituir os pa-dres pedófilos, que eramtransferidos para outrasigrejas. Então ele percebeuque os abusos sexuais nãoeram casos isolados na Igre-ja, mas um mal que se estavaexpandindo. Quando renun-ciou a seus votos, estudouDireito e prometeu se dedicara proteger as vítimas. Hoje éum dos advogados mais bemsucedidos dos Estados Uni-dos nessa matéria, defendeumais de mil vítimas de padrese ganhou vários casos. Fa-lando ao The Clinic, Wall re-fere-se à culpabilidade deBento XVII - "é cúmplice decriminosos", diz ele, - e tam-bém aos métodos que a Igre-ja tem para tentar encobrir ospedófilos.

------------------------------------Eis a entrevista

O Papa recentementepediu desculpas às vítimasde abuso sexual do clero.O que lhe pareceu das des-culpas?

Eu acho que é superficial esó as pediu para que a mídiapare de investigar. Pode se des-culpar e pedir desculpas a Deustambém, mas não é o suficien-te. Porque pedir desculpas nãoé o mesmo que fazer justiça eisso foi o que não aconteceu.Não se fez justiça, e por maisdesculpas que se peçam agora,não muda o fato de que a justi-ça ainda não foi feita e os pa-dres abusadores continuam noministério. Não houve justiçapara os milhares de criançasabusadas. Você pode pedir to-das as desculpas do mundo, masprimeiro deveriam ter protegi-do as vítimas e exercer justiçasobre os seus opressores.

De fato, muitos dos abu-sadores do clero ainda con-tinuam no ministério.

Sim, porque eles são prote-gidos pela Igreja Católica. Es-pecialmente os mais velhos, ospadres que abusaram de crian-ças há vinte anos ou mais. Dei-xam-nos se aposentar com to-das as honras e cobrem suasatrocidades. É terrível, porque

PATRICK WALL, UM ADVOGADO DAS VÍTIMAS DE ABUSO NOS EE UU"Brevemente veremos os bispos nas prisões"

não é isso que os cristãos de-veriam fazer. O que o Vaticanoestá fazendo é completamenteo oposto ao que diz a Bíblia; nemmesmo está buscando justiça.

O que se faz então?Cobrir os casos de abuso se-

xual. Este tipo de problema temacontecido por séculos e sécu-los. Não é algo novo e todos noVaticano sabem disso, sabem-no desde o século IV, porquedesde então há documentos quefalam sobre como encobrir etratar os pedófilos dentro daprópria igreja.

Papas têm responsabi-lidade em casos de abusosexual?

Sim, mas, principalmente,este papa, Bento XVI.

Por quê?Porque ele esteve em con-

tato e também investigando ca-sos desde o início dos anos no-venta, quando ele estava nocomando da Doutrina da Fé.Ele sabia de casos que aconte-ciam em todo o mundo e o queele fazia era escondê-los. Na-quela época Ratzinger já tinhao poder de deter centenas decasos, entregar os padres pe-dófilos e proteger as vítimas,mas nunca o fez. Pelo contrá-rio, estava mais preocupado emproteger os agressores.

Qual a sua opinião deBento XVI?

Que é negligente por nãoproteger as vítimas de abusosexual. É cúmplice em maté-ria penal e, como tal, deveser investigado.

Porque para a Igreja é tãoimportante proteger a suaimagem, ao invés de prote-ger as vítimas?

Porque para a Igreja os pa-dres são mais importantes doque as crianças abusadas. Oque a Igreja está a proteger é oseu bom nome, mas isto é ape-nas a ponta do iceberg. E o ice-berg são todos os segredos se-xuais que existem na Igreja.

Como assim?As pessoas sabem que a

maioria dos padres e bisposnão são realmente celibatáriose que a Igreja sabe disso e opermite. São uns hipócritas,mas o pior é que muitos delessão pedófilos e muitos sacer-dotes e bispos sabem bemquem são os abusadores, masnada fazem, porque a Igrejalhes diz para não fazerem nada.

O Papa?Como o próprio Papa, que

mantém seu silêncio.Bento XVI continua a ser

celibatário?Vamos começar a esclare-

cer várias coisas. Vamos co-meçar uma investigação so-bre a vida pessoal do Papa,onde se conhecerão muitosdetalhes, e não vamos nossurpreender quando descobri-mos que ele não é o celibatá-rio. A maioria dos padres, bis-pos e cardeais não são, e elefoi todas essas coisas.

Você tem alguma prova?Só posso dizer que essa pes-

quisa pode nos trazer surpresas.Por que o celibato conti-

nua a ser um assunto tãoimportante para a Igreja?

Porque para a Igreja seriamuito dispendioso manter umsacerdote e sua família. Teriade gastar muito mais dinheiroem alimentação, vestuário,etc. Além disso, teria menospoder sobre os padres, porqueas decisões deveriam ser con-sultadas com a família e estaspoderiam começar a questio-nar certos métodos.

Então é essencialmentedinheiro e poder...

Sim, um monte de dinheiroe muito poder. Se eles não es-tivessem interessados em terdinheiro e acumular milhões,então ninguém veria igrejas gi-gantes que parecem mais pa-lácios do que capelas.

Nem muito menos pa-

dres com secretários, mo-toristas, etc.

Exatamente, se eles não es-tivessem tão interessados empoder e dinheiro, não devería-mos ver esse tipo de coisa ouas casas dos padres com pis-cinas, com muitas comodida-des. O que deveríamos ver naIgreja seriam abrigos para osindigentes, mesas de alimentospara os famintos, escolas paraos pobres e não para os ricos.É que suas prioridades muda-ram. Eles estão mais preocu-pados com as coisas para elesdo que em ter coisas para aju-dar as pessoas necessitadas.Eles vivem como estrelas decinema, sobretudo os cardeais.

Como se sentem as víti-mas em tudo isso?

Elas sentem que a Igreja lhesvirou as costas, que os padres,bispos e arcebispos são uns hi-pócritas. E lamentam porque asautoridades civis têm medo deprocessar, porque acham difícilque todos, absolutamente todosos culpados sejam presos.

Por que o celibato conti-nua a ser um assunto tão im-portante para a Igreja?

Porque para a Igreja seriamuito dispendioso manter umsacerdote e sua família. Teria degastar muito mais dinheiro emalimentação, vestuário, etc. Alémdisso, teria menos poder sobreos padres, porque as decisõesdeveriam ser consultadas com afamília e estas poderiam come-çar a questionar certos métodos.

Então é essencialmentedinheiro e poder...

Sim, um monte de dinheiroe muito poder. Se eles não esti-vessem interessados em ter di-nheiro e acumular milhões, en-tão ninguém veria igrejas gigan-tes que parecem mais paláciosdo que capelas.

Nem muito menos pa-dres com secretários, mo-toristas, etc.

Exatamente, se eles não es-tivessem tão interessados empoder e dinheiro, não devería-mos ver esse tipo de coisa ouas casas dos padres com pisci-nas, com muitas comodidades.O que deveríamos ver na Igre-ja seriam abrigos para os indi-gentes, mesas de alimentos paraos famintos, escolas para ospobres e não para os ricos. Éque suas prioridades mudaram.Eles estão mais preocupadoscom as coisas para eles do queem ter coisas para ajudar aspessoas necessitadas. Eles vi-vem como estrelas de cinema,sobretudo os cardeais.

Como se sentem as víti-mas em tudo isso?

Elas sentem que a Igreja lhesvirou as costas, que os padres,bispos e arcebispos são uns hi-pócritas. E lamentam porque asautoridades civis têm medo deprocessar, porque acham difícilque todos, absolutamente todosos culpados sejam presos.

Por que agora os casosestão sendo cada vez maispúblicos, por que não antes?

A Igreja tem estado em lití-gios há mais de vinte e cincoanos e só agora se estão dandoa conhecer esses documentos.As pessoas, em meados dosanos oitenta começaram a fa-lar, não só porque tinham de di-zer a verdade, mas tambémporque começaram a questio-nar a autoridade dos sacerdo-tes. Já não eram esses religio-sos inatacáveis, alguns deleseram mesmo criminosos queabusavam de crianças. Coinci-diu que se deram a conhecermuitos documentos em poderda Igreja sobre acusações deanos anteriores. Isso levou ou-tras vítimas a também quere-rem contar a verdade.

Pía TorresTradução: João Tavares

http://www.theclinic.clCONTINUA

NA PRÓXIMA EDIÇÃO

8 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

"Vã é a palavra do filóso-fo que é incapaz de aliviar osofrimento humano", disseEpicuro. No caso do Nobel por-tuguês, seus textos não foraminúteis porque eles estiveramcheios de solidariedade.

Depois de receber a notícia damorte de meu querido amigo JoséSaramago, me veio à mente, es-pontânea e compulsivamente, aparábola do "O Bom Samaritano".

Esta parábola é, sem dúvida,uma das mais duras críticas con-tra a religião oficial, formal, le-galista e insensível ao sofrimen-to humano; uma das denúnciasmais radicais contra a casta sa-cerdotal e clerical, dedicada aoculto e alheia ao clamor das víti-mas e uma das mais belas can-ções à Ética da solidariedade, dacompaixão, da proximidade, daalteridade, da fraternidade e dasororidade. Uma ética secular,laica, não mediada por qualquermotivação religiosa.

O sacerdote e o clérigo, fun-cionários de Deus, passam aolargo; pior ainda, desviam ca-minho para não ajudar a pes-soa gravemente ferida.

O samaritano considerado,um herege para os judeus, apa-

Declarações do Papa no vôo rumo a Lisboa Os evangelhos ofere-cem-nos diversas cha-ves para entender como

começaram o seu percurso his-tórico as primeiras comunidadescristãs sem a presença de Jesusà frente dos Seus seguidores.Talvez não tenha sido tudo tãofácil como por vezes o imagina-mos. Como entenderam e vive-ram a sua relação com Ele, umavez desaparecido da terra?

Mateus não diz uma palavrada Sua ascensão ao céu. Ter-mina o seu evangelho com umacena de despedida numa monta-nha da Galileia na que Jesus lhesfaz esta solene promessa: "Sabeique Eu estou convosco todos osdias até ao fim do mundo". Osdiscípulos não têm de sentir a Suaausência. Jesus estará semprecom eles. Mas como?

Lucas oferece uma visãodiferente. É a cena final do seuevangelho, Jesus "separa-sedeles subindo em direção aocéu". Os discípulos têm de acei-tar com todo o realismo a sepa-ração: Jesus vive já no mistériode Deus. Mas sobe ao Pai"abençoando" os Seus. Os Seusseguidores iniciam o seu cami-

SARAMAGO, O BOM SAMARITANO

rece, aos olhos de Jesus e do pró-prio doutor da Lei, como um mo-delo a imitar, por ter tido entra-nhas de misericórdia. Por sua ati-tude humanitária, o herege se tor-na o sacramento do próximo; pelasua atitude sem misericórdia, osacerdote e o levita tornam-seanti-sacramentos de Deus.

É a religião de cabeça parabaixo ou, se prefere, a verdadei-ra religião, a que consiste em de-fender os direitos das vítimas eem trilhar a senda da justiça. As-sim compreenderam a religião osprofetas de Israel, os fundadorese reformadores das religiões.

Saramago sempre se decla-rou ateu e, a partir do seu ateís-

mo, foi um crítico impenitente dasreligiões, dos seus abusos, de seusenganos, sobretudo das guerrase cruzadas convocadas, legitima-das e santificadas por elas, emnome de Deus: "Uma delas (dasmortes)", diz Saramago, a maiscriminosa, a mais absurda, a quemais ofende a simples razão é aque, desde o princípio dos tem-pos e das civilizações, mandamatar em nome de Deus...

Foi dito que as religiões, to-das, sem exceção, foram e con-tinuam a ser causa de sofrimen-tos indescritíveis, de matançasmonstruosas, de violências físi-cas e espirituais que constitu-em um dos mais tenebrosos

capítulos da miserável históriahumana".

Com a história nas mãos,quem vai negar tamanha ver-dade?

Mas a crítica vai mais longee chega ao próprio coração dasreligiões, a Deus, em cujo nome,diz ele, "se tem permitido e jus-tificado tudo, principalmente opior, o mais horrível e cruel." Ecita como exemplo a Inquisição,que compara com os talibãs dehoje, chamada de "organizaçãoterrorista" e a acusa de inter-pretar perversamente seus pró-prios textos sagrados em queela dizia acreditar, até ao pontode fazer um monstruoso casa-mento entre a religião e o Esta-do "contra a liberdade de cons-ciência e o direito a dizer não, odireito à heresia, o direito a es-colher outra coisa, (destaque dotradutor) que só isso é o que apalavra heresia significa.

Mas, mesmo quando elepensa que os deuses só existemno cérebro humano, o PrêmioNobel português se preocupacom os efeitos do "Fator Deus",que está presente na vida comose fosse dono dele, é exibido nasnotas de dólar, envenenou o

pensamento e abriu as portas àsmais sórdidas intolerâncias . "OFator Deus" em que se conver-teu o Deus islâmico nos atenta-dos contra as Torres Gêmeas.

E, juntamente com a críticada religião, de Deus e do "FatorDeus", cabe enfatizar o seu sen-tido solidário da vida. Partindoda filantropia e sem qualquerapoio religioso, Saramago foi odefensor de causas perdidas,algumas das quais foram gan-has graças ao seu apoio.

Enquanto releio 'Caim', lem-bro-me das palavras de Epicu-ro: "Vã é a palavra do filósofose não é capaz de aliviar o so-frimento humano".

No caso de Saramago, aspalavras e os textos não foramem vão. Estiveram carregadasde solidariedade e de compro-misso com os mais vulneráveis.Por isso, eu respeitosamente,me atrevo a chamá-lo de "bomsamaritano".

Juan José TamayoDiretor do departamen-

to de Teologia e CiênciaReligiões da Universidade

Carlos III23/06/2010

Tradução: João Tavares

A MAIOR PERSEGUIÇÃO À IGREJANASCE DO PECADO EM SEU INTERIOR

Respondendo a um jor-nalista no vôo que nes-ta manhã de terça-fei-

ra feira o levou a Portugal,Bento XVI explicou que amaior perseguição sofrida pelaIgreja nasce do pecado queocorre em seu interior.

A bordo do Airbus 320 daAlitalia, no início de sua 15ª vi-agem apostólica internacional- a primeira para Portugal -,Bento XVI respondeu a umapergunta que muitas pessoasgostariam de ter-lhe feito.

O jornalista perguntou-lhese seria possível ver na men-sagem de Fátima uma alusãoao atentado sofrido por JoãoPaulo II e também aos sofri-mentos que a Igreja vive hoje,por conta dos casos de abusossexuais contra menores come-tidos por membros do clero.

Bento XVI respondeuque o que poderia ser des-coberto de novo ainda hoje

na Mensagem de Fátima énela se ver a "paixão" queacomete a Igreja, que "sereflete na pessoa do Papa".

"Não vêm apenas de foraos ataques contra o Papa ea Igreja, mas os sofrimentosda Igreja têm origem do in-terior da própria Igreja, dopecado que existe no seio daIgreja", acrescentou.

"Sempre se soube disso,mas hoje podemos constatarde maneira realmente aterra-dora: a maior das persegui-ções contra a Igreja não ad-vém de inimigos externos, masnasce do pecado no seio daIgreja, e a Igreja, portanto, temuma profunda necessidade dereaprender a penitência, deaceitar a purificação, deaprender, por um lado, o per-dão, mas também a justiça. Operdão não substitui a justiça."

ZENIT.org11/05/2010

CRESCIMENTO E CRIATIVIDADE

nho, protegidos por aquela bên-ção com que Jesus curava osdoentes, perdoava os pecado-res e acariciava os pequenos.

O evangelista João coloca naboca de Jesus umas palavras quepropõe outra chave. Ao despe-dir-se dos seus, Jesus diz-lhes:"Vou para o Pai e vós estais tris-tes... no entanto, é convenienteque Eu parta para que recebais oEspírito Santo". A tristeza dos dis-cípulos é explicável. Desejam asegurança que lhes dá ter a Je-sus sempre junto a eles. É a ten-tação de viver de forma infantilsob a protecção do Mestre.

A resposta de Jesus mos-tra uma sábia pedagogia. A Suaausência fará crescer a matu-

ridade dos Seus seguidores.Deixa-lhe a marca do Seu Es-pírito. Será Ele quem, na Suaausência, promoverá o cresci-mento responsável e adulto dosseus. É bom recordá-lo nunstempos em que parece crescerentre nós o medo à criativida-de, a tentação do imobilismo oua nostalgia por um cristianis-mo pensado para outros tem-pos e outra cultura.

Os Cristãos, temos caídomais de uma vez ao largo dahistória na tentação de viver ouseguir a Jesus de forma infan-til. A festa da Ascensão do Se-nhor recorda-nos que, termina-da a presença histórica de Je-sus, vivemos "o tempo do Espí-rito", tempo de criatividade e decrescimento responsável. OEspírito proporciona-nos aosseguidores de Jesus "receitaseternas". Dá-nos a luz e alentopara ir procurando caminhossempre novos para reproduzirhoje a Sua atuação. Assim con-duz-nos para a verdade com-pleta de Jesus.

José Antonio PagolaTradução: Antonio

Manuel Álvarez Pérez

Jornal RUMOS

9Jornal RUMOS

1. "Há já vários anos estesacerdote suíço, Pierre, com-partilha sua vida com umamulher. Pierre não tem ou-tra escolha: Sara nunca vaipoder se mostrar em públicocom ele. Os únicos momen-tos de liberdade são as féri-as em lugares distantes."

Assim começa um artigobastante incomum em La Tribu-ne de Lausanne, em 6 de abril.

"Temos de dar provas de ex-trema cautela. Não devemosprovocar a Igreja. Estamos pre-sos pelo medo. Se alguém di-vulga a nossa situação, eu vouser expulso da Igreja. O medode perder meu emprego é mui-to forte. Eu não sei fazer outrotrabalho", diz o padre.

E sua mulher? "É muito durose esconder. Não ser nada. UmaSenhora Ninguém". Sara diz quehoje ele não teria coragem decomeçar uma história como esta."Condenada a encontros furtivos,eu sou a companheira clandesti-na e solitária", diz ela.

2. Quando o padre Leon La-clau teve que renunciar em2007, por não respeitar o celi-bato, o bispo disse simplesmen-te "não faças ondas, sê discre-to". Seu casamento com Mar-ga, em outubro de 2008 no PaísBasco, foi uma autêntica festapopular.

"Não vejo futuro algum nes-ta igreja hipócrita, afastada daspessoas comuns, inacessívelpara a grande maioria, muitojulgadora, convertida em umamáquina de exclusão", diz ele.

3. "Sou padre e estou casa-do", proclama por seu lado Ve-remundo Carrillo, um dos 3.000padres mexicanos casados, se-gundo os dados da FederaçãoInternacional dos Padres Casa-dos. "Tenho 40 anos de sacer-dócio católico e 20 de casadocom Rosario Reveles, comquem tive dois filhos", diz ele.

4. "Existem alguns padresque vivem em dois níveis", diz omonge beneditino alemão An-selm Grün, numa entrevista aoThe Nation. "Os padres deve-riam poder escolher entre: ca-sar ou ser celibatário".

5. O acima citado Veremun-do Carrillo é um exemplo entreos milhares e milhares existen-tes em todo o mundo. Não épossível apresentar dados sobrepaíses como a Indonésia ou asFilipinas, por exemplo, de acor-do com a revista de Teologia

SACERDOTES CASADOS

Desde El Margen, da rede Mo-vimento Pró-Celibato Opcional(MOCEOP) que, como a Fede-ração Europeia dos Padres Ca-sados, a associação Em PlenaLuz e tantas outras, locais ou in-ternacionais, presta assistênciareal a casos particulares e lutacontra o celibato dos padres.

Só na Suíça, segundo dadosde uma associação de auxíliomútuo para as mulheres vincu-ladas a padres católicos, cer-ca de 500 mulheres vivem umarelação secreta com algum dos1.900 sacerdotes diocesanosou religiosos. Esta cifra incluiapenas as mulheres da associ-ação e nela registradas. Cercade 200 crianças nasceram alide uma relação ilícita. "Sãoprincipalmente as pessoas quesofrem muito quando chegama esta fase", explica GabrielaLoser Friedli, responsável pelaassociação.

6. Desde 1965, mais de 150mil sacerdotes diocesanos e re-ligiosos, ou seja, cerca de umem cada cinco, deixaram o mi-nistério, a maior parte para ca-sar. Na França, uma média de250 deixa a Igreja a cada ano.

7. É claro que nem semprefoi assim, e uma relação histó-rica seria interminável. Segun-do o historiador Pierre Pierrardcristão, no século XI, a maioriados sacerdotes viviam em "con-cubinato" muito bem aceito.Esposas e filhos de sacerdotessão um aspecto da alegre pro-miscuidade e desordem popu-lar do final da Idade Média. Ain-da no final do século XII, umaboa porcentagem de sacerdo-

tes vivia com uma mulher, coma aprovação da população lo-cal que assim estava a salvo depossíveis assédios a suas espo-sas e filhas. "As riquezas inte-lectuais e espirituais de padresão enormes. Associadas às deuma esposa, podem compor umtipo humano, um casal de ex-cepcional valor", conclui o his-toriador.

A partir dos Concílios de La-trão se multiplicam as condena-ções múltiplas de concubinato ea castidade se converte em uma"santa virtude". Daí se seguiu aolongo dos séculos uma verdadei-ra "aristocratização" do clero,tanto em seu conhecimentocomo na aparência de boas ma-neiras e bons costumes.

8. Em sua cruzada contra osavanços do Concílio Vaticano II,Bento XVI, o homem de tantoserros, sempre longe do mundoreal, esquece uma das reco-mendações do texto Presbyte-rorum Ordinis, 16: "O celibatoeclesiástico não é exigido pelanatureza do sacerdócio, comose constata nas práticas dasigrejas orientais".

9. Em todo o caso, a solu-ção deste drama parece urgen-te: segundo The Guardian, maisde 40 italianas com relação sen-timental com sacerdotes, aca-bam de escrever uma carta aomesmíssimo Papa pedindo-lheque, em sua infinita bondade,enfrente de uma vez e dê poranulada a regra do celibato. Poracaso não acaba o mesmo Papade aceitar no seio da Igreja aospastores anglicanos casadosque se convertam ao catolicis-

mo? "Eu tenho a solução parao casamento dos padres", brin-cou alguém num blog: "orde-nam-se anglicanos; casam e seconvertem ao catolicismo. Pro-blema resolvido."

10. Crente ou ateu, não édifícil compreender a tragédiamoral ou religiosa vivida pormilhares de sacerdotes e desuas companheiras. Em parteporque os casais se desfazemnaturalmente, mas, acima detudo, porque a clandestinidadeé insuportável a longo prazo eas tensões resultantes são des-trutivas. Essas companheirassão muitas vezes abandonadasapós anos de convivência. Al-gumas mulheres têm, contra asua vontade e convicção pro-funda, se submetido ao aborto.Outras são mães solteiras, emconflito aberto com suas famí-lias praticantes. É legítimo con-cluir que um padre que se sen-te eticamente responsável pelaligação perigosa, hesita antesde terminar e prolonga umaunião esgotada. Nem todos têma força moral de Léon Laclau,que, quando perguntado por umjornalista: "O que você sente pornão poder fazer seu casamen-to religioso?" Ele respondeu:"Nada. Porque eu sei que oolhar de Deus é muito maior doque as restrições disciplinaresda Igreja". Outros, porém, res-pondem de forma anônima,como H. e F. em uma trans-missão da Radio Frace, de 10abril de 2009.

11. E se a questão do celi-bato dos sacerdotes tivesse umarelação direta com a incrível

misoginia da Igreja Católica? Pôrcomo modelo feminino uma vir-gem assexuada deveria fazer tre-mer mais do que uma; as refe-rências a uma verdadeira fobiapela mulher são infinitas.

"A mulher está para o ho-mem como o imperfeito e de-feituoso está para o perfeito. Amulher é fisicamente inferior, etambém mentalmente (...). Nãopassa de um erro da natureza,uma espécie de homem mutila-do", escreve Tomás de Aquino.

12. "Essa não era a opiniãodo Papa Bento IX, que dois sé-culos antes, em 1045, se dispen-sava a si mesmo do celibato ese demitia para contrair justasnúpcias", lembra Eva Lacosteem Los sin Papeles de La Igle-sia, artigo lapidar na revista ca-tólica Golias.

13. Para Jean Delumeau,catedrático de História das Men-talidades Religiosas no Ociden-te Moderno, que, em seu livroMedo do Ocidente, dá numero-sos exemplos da misoginia daIgreja ao longo dos séculos, nasanha da Igreja ao exigir de seusclérigos o celibato tem sumaimportância um sentimento an-cestral anti-feminino. A Inquisi-ção e os doutores da lei puniamas mulheres inteligentes, as ar-tistas, as curandeiras, porqueelas mostravam suas habilidadesartísticas e intelectuais e ex-pressavam a sua subjetividade.

14. E as coisas não melho-ram ao longo dos séculos, mui-to pelo contrário: nos séculosXIX e XX é acrescentada acondenação do sexo, particu-larmente o sexo da mulher, de-signado na mesma linguagemeclesiástica como uma "pes-soa do sexo..." . "Educar ca-tólicas consistia em impedir aconsciência de gênero e eli-minar a sexualidade. Na suamaioria (as meninas) apren-diam a ser mentirosas, enver-gonhadas e culpadas", escre-ve Carolina Sanin, que foieducada em uma escola ca-tólica na Colômbia.

Como bem diz o cardeal Ci-priani, atualmente em exercício,tanto homens quanto mulherestêm uma missão determinadageneticamente: "Esta realidadebiológica determinante é o quepodemos desejar no mundo".

EL PAÍSNicole Muchnik

Escritora e pintoraTradução: João Tavares

Sacerdotecasado

10 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Dizia-me há dias um co-lega historiador que alei do celibato obriga-

tório para os padres fez maismal à Igreja e aos homens emulheres do que bem. E eu es-tou com ele.

Jesus foi celibatário comotambém São Paulo. Mas foram-no por opção livre, para entregar-se inteiramente a uma causa, acausa de Deus, que é a causa dosseres humanos na dignidade livree na liberdade com dignidade.Mas nem Jesus nem Paulo exigi-ram o celibato a ninguém. Jesusdisse expressamente que algunseram celibatários livremente porcausa do Reino de Deus. E SãoPaulo escreveu na Primeira Car-ta aos Coríntios que permanecercelibatário é um carisma, e, porisso, "para evitar o perigo da imo-ralidade, cada homem tenha a suamulher e cada mulher, o seu ma-rido". Há a certeza de que pelomenos alguns apóstolos eramcasados, incluindo São Pedro. Na

PROFECIA PAPAL

Ao narrar a últimaCeia de Jesus comos Seus discípulos,

as primeiras gerações cristãsrecordavam o desejo expres-so de forma solene pelo SeuMestre: "Fazei isto em memó-ria minha". Assim o recolhe oevangelista Lucas e Paulo, oevangelizador dos gentios.

Desde a sua origem, aCeia do Senhor tem sido ce-lebrada pelos cristãos parafazer memória de Jesus, ac-tualizar a Sua presença vivano meio de nós e alimentara nossa fé Nele, na Suamensagem e na Sua vidaentregue por nós até à mor-te. Recordemos quatro mo-mentos significativos na es-trutura actual da missa. Te-mos de os viver desde den-tro e em comunidade.

O escutar do Evangelho.Fazemos memória de Jesusquando escutamos nos evan-gelhos o relato da Sua vida eda Sua mensagem. Os evan-gelhos foram escritos, preci-samente, para guardar a re-cordação de Jesus alimentan-do assim a fé e o seguir dosSeus discípulos.

Do relato evangélico nãoaprendemos doutrina mas,sobretudo, a forma de ser e

CELIBATO: CARISMA OU LEI?

Tornou-se conhecida a profeciade um teólogo católico alemãode 42 anos de idade, feita em 1969,

em plena agitação daquele tempo de radi-alismos e barricadas. Ele descrevia a visãode um papado post-imperial liberado de ri-quezas e pretenções de poder terreno:

" Depois das atuais crises, a igrejaque surgirá amanhã terá sido despojadade muita coisa que agora conserva. Seráuma Igreja bem mais pequena. E teráque recomeçar como o fez nos seus pri-mórdios. Ja não terá condições de lotaros edificios que foram levantados nosseus períodos de grande esplendor.

Tendo um número bem menor de se-guidores, perderá muitos dos privilegiosque vinha tendo na sociedade. Ao contrá-rio do que era costume até o presente, elasurgirá muito mais como uma comunida-de de livre opção... comunidade muitomenor em número e por isso mesmo exi-girá maior participação e criatividade decada um dos seus membros e certamen-te reconhecerá novas formas de ministé-rios; convocará ao presbiterato cristãosidôneos que exercem também outras pro-fissões... Tudo isso vai torná-la mais po-bre; será uma Igreja de gente comum...Claro isso vai tardar ainda. O certo é queesse processo será lento e doloroso."

O teólogo era José Ratzinger. Suavisão de 40 anos atrás alcançaráuma concretização com a qual êlenão havia podido imaginar.Jeff Israely e Howard Chua-Eoan

New Yorki Magasin em uniãocom CNN

06/2010

FAZER MEMÓRIA DE JESUS

Primeira Carta a Timóteo, lê-se:"O bispo deve ser um homem deuma só mulher".

Foi lentamente que a lei docelibato se foi impondo na IgrejaCatólica, embora com exce-ções: pense-se, por exemplo,nas Igrejas orientais ou nos an-glicanos unidos a Roma.

Na base do celibato comolei, há razões de vária ordem:imitar os monges e o seu votode castidade, manter os padrese os bispos livres para o minis-tério, não dispersar os bens ecle-siásticos, evitar o nepotismo...A concepção sacrifical da Eu-caristia foi determinante, pois osacrifício implica o sacerdote ea pureza ritual. Assim, o bispode Roma Sirício (384-399) es-creveu: "Todos nós, padres elevitas, estamos obrigados poruma lei irrevogável a viver acastidade do corpo e da almapara agradarmos a Deus diari-amente no sacrifício litúrgico".

Neste movimento, a Igreja foi-

se tornando cada vez mais rigo-rosa, tendo papel decisivo o PapaGregório VII (1073-1085), como seu modelo centralista: da re-forma com o seu nome - refor-ma gregoriana - fez parte a obri-gação de padres e bispos se se-pararem das respectivas mulhe-res e a admissão à ordenaçãosacerdotal apenas de candidatoscelibatários. Foi o II Concílio deLatrão (1139) que decretou a leido celibato, proibindo os fiéis defrequentarem missas celebradaspor padres com mulher.

A distância entre a lei e o seucumprimento obrigou a constan-tes admoestações e penas paraos prevaricadores, como se podeconstatar no decreto do Concí-lio de Basileia (1431-1437) so-bre o concubinato dos padres.Lutero ergueu-se contra a lei,respondendo-lhe o Concílio deTrento. "É anátema quem afir-mar que os membros do clero,investidos em ordens sacras,poderão contrair matrimônio".

Os escândalos sucederam-se,mesmo entre Papas: Pio IV, porexemplo, que reforçou a lei, tevetrês filhos. O famoso exegetaHerbert Haag fez notar que acontradição entre teoria e práti-ca ficou eloquentemente de-monstrada durante o Concílio deConstança: os seus participantestiveram à disposição centenas deprostitutas registradas.

Os escândalos de pedofiliapor parte do clero fizeram comque o debate, proibido duranteo Concílio Vaticano II e ainda,em parte, tabu, regressasse. Senão é correto apresentar o celi-bato como a causa da pedofilia- pense-se em tantos casadospedófilos, concretamente noseio das famílias - também éverdade que a lei do celibatoenquanto tal não é a melhor aju-da para uma sexualidade sã.Muitos perguntam, com razão,se uma relação tensa com asexualidade por parte da Igrejanão terá aqui uma das suas prin-

cipais explicações.Seja como for, o celibato

obrigatório não vem de Jesus, éuma lei dos homens, e, comodisseram os apóstolos: "Impor-ta mais obedecer a Deus do queaos homens". E os bispos e oPapa são homens.

É contraditório afirmar o ce-libato como um carisma e, de-pois, impô-lo como lei. Por isso,muitas vozes autorizadas naIgreja pedem uma reflexão sé-ria sobre o tema. Há muito queo cardeal Carlo Martini faz ape-los nesse sentido. Agora, junta-se-lhe o cardeal Ch. Schönborn,de Viena. O bispo auxiliar deHamburgo, J.-J. Jaschke, sempôr em causa o celibato livre,afirmou que "a Igreja Católicase enriqueceria com a experiên-cia de padres casados".

Anselmo BorgesPadre e professor de

FilosofiaRevista MÍRIAM

05/2010

de actuar de Jesus, que há-deinspirar e modelar a nossa vida.Por isso, o devemos escutarem atitude de discípulos quequerem aprender a pensar,sentir, amar e viver como Ele.

A memória da Ceia. Fa-zemos memória da acção sal-vadora de Jesus escutandocom fé as Suas palavras:"Este é o Meu corpo. Vejam-Me neste pão entregando-Mepor vós até à morte... Este éo cálice do Meu sangue. Der-ramei-O para o perdão dosvossos pecados. Assim merecordareis sempre. Amei-vos até ao extremo".

Neste momento confessa-

mos a nossa fé em JesusCristo fazendo uma síntese domistério da nossa salvação:"Anunciamos a Tua morte,proclamamos a Tua ressur-reição. Vem, Senhor Jesus".Sentimo-nos salvos por Cris-to nosso Senhor.

A oração de Jesus. Antesde comungar, pronunciamos aoração que nos ensinou Jesus.Primeiro, identificamo-noscom os três grandes desejosque levava no Seu coração: orespeito absoluto a Deus, avinda do Seu reino de justiçae o cumprimento da Sua von-tade de Pai. Logo, com asSuas quatro petições ao Pai:

pão para todos, perdão e mi-sericórdia, superação da ten-tação e libertação de todo mal.

A comunhão com Jesus.Aproximamo-nos como po-bres, com a mão estendida;tomamos o Pão da vida; co-mungamos fazendo um actode fé; acolhemos em silêncioJesus no nosso coração e nanossa vida: "Senhor, querocomungar contigo, seguir osTeus passos, viver animadocom o Teu espírito e colabo-rar nos Teus projecto de fa-zer um mundo mais humano".

José Antonio PagolaTradução: Antonio

Manuel Álvarez Pérez

Jornal RUMOS

11Jornal RUMOS

Oi, sou Clélia. Gostei muito da novaedição de Rumos. Mas a letra é muitopequena; pedirei ajuda a minhas filhaspara ler. No número de dezembro nãosei donde pegaram a foto na qual estoumuito linda. E me alegro que tenhamincluído meu artigo e o da FI.

A luta deve continuar sem baixar osbraços. O Brasil nunca deve se esque-cer que é parte muito importante naFederação Latino-americana, que en-globa Colômbia, México, Peru, Equador,Guatemala, Chile, Paraguai e Argenti-na.

Jerônimo a chamava minha diocese"a diáspora", todos os que caminhamosem liberdade ajudando a igreja "institui-ção" a se converter na igreja que Jesusqueria: uma comunidade de homens emulheres unidos no amor.

Clé[email protected]

Tradução: Gilberto editor

Meu amigo Giba. Rumos está um es-petáculo... completo... poderoso e sa-boroso!!! Parabéns...

Grande abraço e parabéns pelo filholindo e que vai cutucar muita gente!!!

José [email protected]

Amigo Gilberto, recebi a edição 215do nosso Rumos. Muito obrigado. Comosempre, está ótimo. Dei uma olhadageral e parafraseando o Gênesis, decla-ro que vi que tudo era muito bom.

[email protected]

PARABÉNS, kara!!! O jornal estálindo demais, coloridão e PROFÉTICOneste momento de crise... A crise é deDeus, sim. É Ele que está dizendo "Fi-lhinhos, assim dão dá!

Quero continuar a ser assinante doRumos. È o único "livre".

Padre [email protected]

Amigo Giba. A edição 215 está óti-ma. Gostei da beleza da arte jornalísticana exposição e distribuição dos assuntos.

Os conteúdos são selecionados eadequados aos interesses da platéia quefará o manuseio.

A apresentação do Jornal a amigos

FALAM OS LEITORESsignifica orgulho para nós. Torna-se ele-vação para a classe toda.

Meus parabéns e votos de sucessopara que se repitam os progressos quepresenciamos até nossos dias. Gratopela oportunidade que você oferece paraque todos possam atualizar-se nos dife-rentes temas que você apresenta e quenos interessam.

Antônio Luiz [email protected]

Deixe que me congratule com vocêpelo modo como tem conduzido o nossojornal. E não só. Com a idade que tem(quase 80 anos), é um grande exemplopara todos nós. Bem haja!

Com um grande abraço e os nossosmelhores votos.

Luís [email protected]

Muchas gracias por RUMOS. Gra-cias por incluir un artículo mío. Diosquiera y la Virgen que el "Servidor delos servidores" tome conciencia de suAlta Responsabilidad en la conducciónde NUESTRA Iglesia.... que es Ver-dad y AMOR.

Padre [email protected]

Estimadíssimo irmão em Jesus deNazaré: a PAZ do Ressuscitado!

Que ingrata eu sou, por ainda nãolhe ter agradecido! Não sei se o Res-ponsável pelo nosso Boletim trimestral,(Fernando Félix) enviou o último nº 38.

UrtéliaFraternitas - Secretariado

[email protected]

Ola, Gil. Li a última edição do RU-MOS.

Pelo que vejo o titulo "RUMOS" des-te informativo não foi uma coincidência.Vocês estão indo bem e longe, parabéns.

Me chamou atenção extra e que nãotinha ouvido: a questão da igreja orgânica!

Obrigado pela gentileza do envio.Renato Ensweiler

[email protected]

Giba, olhei seu novo filho e gostei,como sempre.

Felix Batista [email protected]

Giba, muito obrigado. Que Jesus eSua Mãe o ajudem e a seus companhei-ros nessa sua missão de publicar o ex-celente Jornal Rumos. Abraços a todos.

Segue, em anexo, o comprovante darenovação da assinatura do jornal, novalor de 30,00 reais.

Victalino [email protected]

Recebemos RUMOS No 213 e 214.O 1º trouxe notícia do falecimento doGeraldo Lopes. O 2º, quase todo comnotícias do 18º Encontro do MPC. Re-produziu aquele artigo de D. José Ma-ria Pires, que publicamos em nosso últi-mo GS: "Padres Católicos Casados".

Mons. Raul Motta de OliveiraCoordenador do GS58 Mariana MG

[email protected]

Vi o 215. Parabéns! Muito bom!Mais um filho bonito e forte! Estamosem Bruxelas.

Vi também as notícias que te mandeide Portugal: de última hora. Senso de opor-tunidade afiado! Jornalista é outra coisa.

João [email protected]

Ola Gilberto. Obrigado pelo envio dojornal... Gostei muito. Parabéns.

Pe. [email protected]

Giba, Obrigado pelo envio do JornalRUMOS. Parabéns pelas matérias.Abraços.

Pe. Antonio José de [email protected]

O distraído nela tropeçou...O bruto a usou como projétil.O empreendedor, usando-a, construiu.O camponês, cansado da lida, dela fez

assento.Para meninos, foi brinquedo.Drummond a poetizou.Já, Davi, matou Golias, e Michelangelo

extraiu-lhe a mais bela escultura...E em todos esses casos, a diferença

não esteve na pedra, mas no homem!Não existe "pedra" no seu caminho que

você não possa aproveitá-la para o seu pró-prio crescimento.

Independente do tamanho das pedras,no decorrer de sua vida. não existirá uma,que você não possa aproveitá-la para seucrescimento espiritual. Quando a sua pe-dra atual, tenho certeza que Deus irá te darsabedoria, para mais tarde você olhar paraela, e ter orgulho da maravilhosa experiên-cia que causou em sua vida, no seu cresci-mento espiritual.

Autor Desconhecido

Os anos passam e nossos rins vãofiltrando nosso sangue para remo-ver o sal e outros intoxicantes que

entram no organismo. Com o tempo, o salse acumula e precisamos de uma limpeza.Como fazer isso?

De um modo simples e barato: Pegueum maço de salsas e lave bem. Corte bempicadinho e ponha em uma vasilha comágua limpa. Ferva por 10 minutos e deixeesfriar. Coe, ponha em uma jarra com tam-pa e guarde na geladeira.

Beba um copo todos os dias, e vocêvai perceber que o sal e outros venenosacumulados nos rins saem na urina.

Você vai notar a diferença!Há muitos anos a salsa é reconhecida

como o melhor tratamento de limpeza dosrins. E é um remédio natural!

Sobre a SalsaA salsa é uma das ervas com proprie-

dades terapêuticas menos reconhecidas.Ela contém mais vitamina C do que qual-quer outro vegetal da nossa culinária(166mg por 100g).

Isso é três vezes mais que a laranja.A salsa contém também ferro (5.5mg /

100g), manganésio (2.7mg / 100g), cálcio(245mg / 100g) e potássio (1mg / 100g).

De acordo com o Padre Kniepp, essaplanta é um poderoso diurético, curando aretenção de água no organismo,

sendo recomendada para pedra nosrins, reumatismo e cólica menstrual.

Sua alta concentração de vitamina Cajuda na absorção de ferro.

O suco de salsa, sendo uma bebida na-tural, pode ser tomado misturado com ou-tros sucos, 3 vezes ao dia.

As folhas podem ser mantidas no con-gelador, e seu uso é na culinária diária, poisalém de saudáveis, dão ótimo sabor.

LIMPE SEUS RINSCOM SALSA

A PEDRA

12 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Defensores da or-denação dasmulheres pro-

movem conferência deimprensa durante o en-cerramento do Ano Sa-cerdotal no Vaticano.

Vigília de apelo aoPapa para a ordenaçãodas mulheres

Roma, Itália - Hoje (7 deJunho), às 11h, na sede daredação da agência ADIS-TA, representantes de or-ganizações católicas detodo o mundo, apelarampara uma participação ple-na e igualitária das mulhe-res na Igreja Católica Ro-mana, incluindo a ordena-ção de diáconos, padres ebispos. Estas declaraçõesforam feitas durante umaconferência de imprensarealizada pela Women'sOrdination Worldwide eoutros grupos pró-ordena-ção, reunidos em Romapara protestar a celebraçãode encerramento do "AnoSacerdotal" que começaamanhã. Após a conferên-cia de imprensa, os gruposrealizaram uma vigília naPraça de São Pedro.

"A hipocrisia absolutada celebração do 'AnoSacerdotal' está no âma-go do que está erradocom a hierarquia nos diasde hoje", diz Erin SaizHanna, diretora executivada Conferência para aOrdenação das Mulheres,iniciativa sediada nos Es-tados Unidos. "O Vatica-no está muito contente,fechando os olhos quan-do os homens que delefazem parte destroem avida de crianças e famíli-as, mas não perde a opor-tunidade de excomungaras mulheres que, emconsciência, estão a res-ponder, profeticamente,ao apelo à ordenação ereagindo às necessidadesdas suas comunidades".

A 19 de Junho de2009, o Papa Bento XVIdeclarou o "Ano Sacerdo-tal" para celebrar e hon-rar o sacerdócio masculi-no e clerical. De 9 a 11de Junho de 2010, estacelebração, que durou umano, culmina com um en-

ORDENAÇÃO DE MULHEREScontro internacional depadres, recebidos peloPapa Bento XVI emRoma, para prestar home-nagem à sua obra.

"No final de um de-cepcionante 'Ano Sacer-dotal' e de um ano desas-troso para a Igreja Cató-lica Romana, nós pedimosuma Década do Povo deDeus", declarou AngelikaFromm, representante doMovimento InternacionalNós Somos Igreja e doPurple Stole Movement,da Alemanha. "A atualcrise global na Igreja pro-va que a hierarquia cleri-cal sozinha não consegueservir como fundamentoda estrutura e autoridadeinstitucional da Igreja Ca-tólica". Fromm continua:

"A nossa Igreja precisaurgentemente de um gran-de número de pastores ho-mens e mulheres para ser-vir as nossas paróquias. Éo carisma que deve impor-tar, não o gênero."

Therese Koturbash,uma advogada canadianae coordenadora internaci-onal da campanhawomenpriests.org, afirmaque "graças à investigaçãohistórica, sabemos agoraque as mulheres recebe-ram o sacramento da Or-dem, pelo menos do dia-conato. E sabemos que oConcílio de Trento decla-ra claramente que o dia-conato faz parte da Or-dem. Contudo, algurespelo caminho, as portasfecharam-se para as mu-lheres." Koturbash pros-segue: "Durante este 'AnoSacerdotal', temos pedidoque este serviço históricoprestado pelas mulheresseja lembrado e que se-jam postas em marcha asreformas que acolham asmulheres no sacerdócio!As mulheres podem e de-vem ser ordenadas."

Mary Ann M. Schoet-tly, ordenada através dasSacerdotes Católicas Ro-manas - Roman CatholicWomenpriests (RCWP),uma iniciativa internacionaldentro da Igreja CatólicaRomana que defende umnovo modelo de sacerdó-cio ministerial - declarou

que "após anos de consi-derável estudo e reflexão,as mulheres do RCWP es-tão a seguir as suas cons-ciências e a aceitar o domda ordenação."

De acordo com a Con-gregação do Vaticano paraa Doutrina da Fé, numadeclaração publicada a 29de Maio de 2008 no Ob-servatório Romano, jornaloficial do Vaticano, todasas mulheres SacerdotesCatólicas Romanas e osbispos que as ordenaramestão automaticamenteexcomungados, declara-ção que ficou conhecidacomo latae sententiae.

Schoettly continua: "AsSacerdotes Católicas Roma-nas rejeitam a excomunhão.

Somos membros fiéisda Igreja, seguindo a tradi-ção profética da santa obe-diência ao chamamento doEspírito para mudar uma leiinjusta que nos discrimina."

"À discriminação con-tra as mulheres pelas co-munidades de fé e, emparticular, pela Igreja Ca-tólica está subjacente aviolência exercida contraas mulheres no dia-a-dia",afirma Mary Leslie dogrupo Catholic Women'sOrdination (Ordenaçãodas Mulheres Católicas),oriundo do Reino Unido.

Colette Joyce, domovimento New Wine,também membro destegrupo, continua:

"é muito difícil parauma mulher católica, ativana sua paróquia e comuni-dade, ir mais longe e dizerque sentiu um chamamen-to pois não há espaço parao concretizar. Eu querofalar sobre a ordenaçãodas mulheres com os líde-res da minha igreja - nãocom os jornalistas - mas decada vez que tento, a por-

ta está continuamente aser fechada."

Em 1976, a ComissãoBíblica do Papa Paulo VIdeterminou que não havianenhuma razão bíblicapara proibir a ordenaçãodas mulheres. Apesar daconclusão da Comissão, oPapa emitiu um comuni-cado nesse ano, declaran-do que o Vaticano nãoestá autorizado a ordenarmulheres. Em 1994, oPapa João Paulo II deupor encerrada oficialmen-te a discussão deste as-sunto. Hoje, uma esma-gadora maioria de católi-cos apoia esta causa, masquem trabalha para a igre-ja pode ser despedido sesequer falar em mulheresordenadas.

"Desde há demasiadotempo que homens, celi-batários ordenados do cle-ro têm ditado - ou tentadoditar - como os católicosprestam culto, rezam outomam decisões", concluiHanna. "O canon 1024,que declara que apenas oshomens são válidos parareceber o sacramento daOrdem, é injusto e nãorespeita a mensagemevangélica de Jesus.Deve ser alterada."

Women's OrdinationWorldwide - fundada em1996, é uma rede ecumê-nica, cuja missão essen-cial atualmente é a admis-são na Igreja CatólicaRomana das mulheres emtodos os ministérios.

Catholic Women's Or-dination (CWO) é um gru-po nacional de homens emulheres do Reino Unido(incluindo Escócia e Paísde Gales) que procurama renovação do modelo dosacerdócio na Igreja Ca-tólica, para que haja es-paço para o ministério or-

denado específico dasmulheres na Igreja. A Re-novação da Igreja é onosso primeiro objetivo,mas a importância do mi-nistério de mulheres é es-sencial para isso, tal comoa liderança das mulheresdentro da igreja.

www.womenpriests.orgé o maior site da internetque fornece informação edocumentação sobre a or-denação das mulheres.Apesar de se centrar naIgreja Católica, o seu tra-balho beneficia todas asigrejas cristãs. Disponibi-lizando milhares de docu-mentos em inglês e outras24 línguas, este site incluidecretos dos concílios esínodos, o ensinamentodos Padres da Igreja, dosteólogos medievais, os de-cretos papais mais recen-tes, artigos contemporâ-neos e discussões em cur-so sobre as escrituras, atradição e o magistério daIgreja. Contacto: ThereseKorturbash, [email protected]

Movimento Nós So-mos Igreja - fundado emRoma em 1996, empenha-se na renovação da Igre-ja Católica Romana, ten-do como base o ConcílioVaticano II

(1962-1965) e o espí-rito teológico decorrentedo mesmo. Nós SomosIgreja desenvolveu-sedesde do referendo daIgreja na Áustria em1995, iniciado depois doescândalo de pedofilia emtorno do ex-cardeal deViena, Cardeal Groer.Nós Somos Igreja estárepresentado em mais de20 países em todos oscontinentes e trabalhanuma rede mundial degrupos de reforma. Con-tacto: Christian Weisner,m e d i a @ w e - a r e -church.org ou AngelikaFromm, [email protected]

Lila Stola (Purple StoleMovement) - fundado em1996 em Mainz, Alemanha,é uma secção do movimen-to Nós Somos Igreja que éativo na promoção da igual-dade plena das mulheres naIgreja Católica Romana.

Nas celebrações de orde-nação de diáconos e padres,mulheres e homens expres-sam o seu desejo de refor-ma através do uso de umaestola roxa. Roxo é a cordo movimento das mulheresassim como é a cor eclesi-ástica do arrependimento ede um novo começo. Con-tacto: Angelika [email protected]

New Wine é um gru-po de mulheres que vivemno Reino Unido e que aca-rinha, apoia e desenvolve,informalmente, mulheresna tradição romana cató-lica que acreditam teremsido chamadas por Deuse pela comunidade paraserem ordenadas nessamesma tradição. Contac-to: Colette Joyce,[email protected]

Sacerdotes CatólicasRomanas (Roman Catho-lic Womenpriests -RCWP) é uma iniciativainternacional dentro daIgreja Católica que defen-de um novo modelo desacerdócio ministerial, emunião com o povo ao qualse serve. Este movimen-to é uma iniciativa dentroda Igreja, que começoucom a ordenação de 7 mu-lheres no rio Danúbio em2002. Bispos mulheresordenadas em plena su-cessão apostólica conti-nuam o trabalho de orde-nar outras mulheres naIgreja Católica Romana.Contacto: Mary AnnSchoettly, [email protected]

Conferencia para a Or-denação das Mulheres -fundada em 1975 e comsede em Washington,D.C., é a maior e mais an-tiga organização nacionala trabalhar pela ordenaçãodas mulheres como pa-dres, diáconos, e bispos in-cluídas na Igreja CatólicaRomana. Este movimentotambém defende novasperspectivas na ordena-ção, com menor separaçãoentre clero e leigos. Con-tacto: Erin Saiz Hanna,e h a n n a @ w o m e n s o rdination.org ou U.S

FraternitasSecretariado

[email protected]

PÁGINA DA MULHER

Jornal RUMOS

13Jornal RUMOSPÁGINA DA MULHER

Quando a mãe da cea-rense Maria LúciaMoura, de 47 anos, fale-

ceu, ela decidiu estudar Teologia,para entender mais sobre religiãoe amenizar a revolta que sentiu.Foi quando conheceu José Edson,que ainda estava no seminário edava aulas sobre o tema, no co-meço da década de 1990.

Lúcia se entusiasmou como professor-quase-padre. Masnão entendia direito o que esta-va acontecendo, e sentia medode ser algo passageiro. "Quan-do nos aproximamos de fato,faltava apenas um mês para elese ordenar", lembra.

O romance veio com todaa força. Fizeram uma viagempara a festa de bodas de pra-ta de um casal amigo dela."Foi quando nos entendemos",conta Lúcia. José Edson seordenou e, quando voltaram ase encontrar, ela sentiu que acoisa estava séria. "Naquelemomento, ele era padre mes-

ROMA - Grupos refor-mistas da Igreja Católicafizeram, na terça-feira,uma passeata até à Pra-ça de São Pedro para exi-gir que o Vaticano iniciediscussões sobre a orde-nação sacerdotal de mu-lheres e para criticar aforma como a Igreja lidoucom a crise de abusossexuais por sacerdotes.2010, ano sacerdotal

Representantes demeia dúzia de grupos re-formistas católicos se ma-nifestaram na véspera dostrês dias de eventos parao final do ano sacerdotal,instituído pela Igreja.

Autoridades do Vati-cano disseram que oPapa Bento XVI pode-ria pedir desculpas pelasviolações e abusos sofri-dos por crianças, causa-dos por sacerdotes.

O Grupo Conferênciapela Ordenação de Mu-lheres, disse que o Vati-cano não deveria celebraro sacerdócio enquanto"fecha os olhos quando oshomens nas suas fileirasdestroem as vidas das cri-anças e das famílias."

A MULHER DO PADREmo. Eu não sabia como segui-ria, embora estivesse gostan-do daquela situação."

José Edson tinha receio detrocar tantos anos de formaçãopor uma história de poucos me-ses. Mas a relação vingou. Umano depois, Lúcia engravidou.Apesar de viverem "escondi-dos", levavam uma vida normal.Ela morava sozinha e, nos finsde semana, davam um jeito dese ver. "Tínhamos de mantercerta distância em público. Fi-cávamos restritos às quatro pa-redes", conta ela.

Quando a história vazou, ossuperiores da igreja o transferi-ram para a França, onde fica-ria por dois anos. "Foi muito tris-te. Uma despedida horrível",recorda-se Lúcia, cuja filha es-tava com apenas 1 ano nessaépoca. A sorte é que ela tinha oapoio da família.

Passados seis meses, o pa-dre voltou para o Brasil. Só queo instalaram em Brasília, ao in-

vés do Ceará, onde estava suafamília. Passavam as férias eferiados juntos. Até que Lúciaengravidou da segunda filha eamadureceram a ideia de assu-mir a relação publicamente.

Mariana nasceu em setem-bro e, em dezembro, ele cele-brou a última missa de sua vida,em Brasília. "Acho que foi mui-to difícil. Ele gostava das cele-brações", reflete ela, lembran-

do que José Edson esperoumuito tempo para ter coragemde deixar a vida religiosa.

Cristiana Vieirawww.estadao.com.br

15/05/2010

José Edson e família

MARCHA A FAVOR DO SACERDÓCIO FEMININO

Conferênciade Imprensa

"Enquanto a hierarquiadedica seu tempo a enco-brir escândalos e a fazergrandes festas, as mulhe-res católicas trabalhampela justiça e para conse-guir mudanças positivasno mundo", disse Erin SaizHanna, diretora executivada conferência.

Saiz Hanna falounuma entrevista coletiva

de imprensa antes de umadúzia de membros dosgrupos reformistas irem àpraça distribuir panfletosaos turistas, sacerdotese transeuntes. Eles dei-xaram a praça, a um pe-dido da polícia.

Entre os manifestantesestavam duas mulheresexcomungadas por teremsido ordenadas como sa-cerdotes e representantesde Nós Somos Igreja, um

grupo reformista criado naÁustria, após um casochocante de abuso cleri-cal envolvendo o falecidoArcebispo de Viena.Abusos sexuais

"As revelações cho-cantes de abusos a nívelmundial da Igreja Cató-lica Romana e sua ocul-tação por décadas de-monstram claramente aaberração chocante quepode causar um sacer-

dócio masculino sobre-valorizado com celibatoobrigatório", disse a re-presentante do grupoAngelica Fromm.

A Áustria é um caldode cultura do movimentoreformista, em parte por-que o atual Arcebispo deViena, cardeal ChristophSchoenborn, pediu um es-tudo aberto do celibatosacerdotal e outros temaspolêmicos.

Schoenborn substituiuo falecido cardeal HansHermann Groer, em 1995,quando surgiram alega-ções de que Groer tinhaabusado de jovens em ummosteiro na década de 70.

Vítimas de abusoTambém convergiram

para Roma representan-tes do principal grupo es-tadunidense defensor dasvítimas de abuso infantil,Rede de Sobreviventes deAbusos por Sacerdotes.Exigem que o papa peçadesculpas e anuncie umapolítica de tolerância zeropara que os padres abu-sadores não tenham con-tato com crianças.

Eles também pedem

que se suspenda o pro-cesso de beatificaçãodo Papa João Paulo II,para investigar o seusuposto conhecimentoe ocultação de abusos.

Entre os casos maisescandalosos de inação ede alegada cumplicidadedo Vaticano com padresabusadores, figura o dofundador dos Legionári-os de Cristo, o padremexicano Marcial Maci-el, muito estimado peloPapa João Paulo II porcausa de sua habilidadepara arrecadar dinheiroe atrair vocações.

No mês passado, oVaticano disse que esta-va fazendo uma inter-venção na ordem, ao de-terminar que Maciel le-vava uma vida dupla"desprovido de escrúpu-los e de sentido religiosoautêntico" em que abu-sava de crianças.

Mas o Vaticano nãoadmitiu ter cometidofalha alguma. Falta o"mea culpa".

Associated PressTradução: João Tavares

08/06/2010

14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

O que motivou estacarta, de mulheresitalianas vítimas da

lei do celibato obrigatório,foi uma de tantas afirmaçõesde Bento XVI, em março, di-ante da explosão de escân-dalos de pedofilia provoca-dos por membros do clerocatólico: "O horizonte dapertença ontológica a Deusconstitui o quadro própriopara se compreender e rea-firmar, também em nossosdias, o valor do sagrado ce-libato que, na Igreja latina, éum carisma requerido para aOrdem sacra e tido em gran-díssima consideração nasIgrejas Orientais", explicouo Pontífice durante a reunião"Fidelidade de Cristo, fideli-dade do sacerdote". "Ele éautêntica profecia do Reino,sinal da consagração, decoração indiviso, ao Senhore às 'coisas do Senhor', ex-pressão do dom de si a Deuse aos outros. A vocação dosacerdote é, por conseguin-te, uma altíssima vocaçãoque continua sendo umgrande mistério, até paraaqueles que a recebemoscomo dom. Os nossos limi-tes a as nossas fraquezasdevem levar-nos a viver e aguardar com profunda féesse dom precioso, pelo qualCristo nos configurou con-sigo, tornando-nos partíci-pes da sua missão salvífica".

"Quem escreve (esta car-ta) é um grupo de mulheresde toda a Itália que viveramou vivem ainda a experiênciade uma relação com um pa-dre ou um religioso. Estamoshabituadas a viver no anoni-mato os poucos momentosque o padre consegue con-ceder e compartilhamos dia-riamente as dúvidas, os te-mores e as inseguranças dosnossos homens, suprindosuas carências afetivas e so-frendo as consequências daobrigação do celibato.

A nossa voz é uma vozque não pode ser ignorada,desde o momento em que oouvimos reafirmar a sacrali-dade daquilo que não é sa-grado mas uma lei, ignoran-do, ao mesmo tempo, os di-reitos fundamentais das pes-soas. Fere-nos o desprezocom que, ao longo dos sécu-los e nas recentes declara-ções, se tenta calar o grito dehomens e mulheres que pa-decem no já esfarrapado su-dário do celibato obrigatório.

Pretendemos recalcar -embora já grande parte doscristãos o saiba - que essa

PÁGINA DA MULHER

CARTA DE ESPOSAS DE PADRES AO PAPAdisciplina nada tem a ver comas Escrituras, em geral, e osEvangelhos, em particular,nem com Jesus, que jamaisfalou disso.

Ao contrário, pelo quesabemos, ele gostava de ro-dear-se de discípulos, qua-se todos casados, e de mu-lheres. Nos dirá que o pró-prio Jesus viveu como celi-batário e que o padre se con-forma simplesmente comaquilo que escolheu. Eis,exatamente, uma escolha.Mas uma norma não podeser uma escolha, a não serque se lhe force o sentido.Se depois se define isso ca-risma, não pode ser impostonem requerido, e muito me-nos ao Senhor, que nos quislivres, porque amor é liber-dade, desde sempre.

Será, por isso, plausívelpensar que ele pretendessenegar determinadas expres-sões dessa liberdade a al-guns dos seus discípulos,além de qualquer supostaoportunidade?

São bem conhecidas asrazões que, em sua época,instigaram a hierarquia ecle-siástica a incluir esta disci-plina no seu ordenamento ju-rídico: interesse e vantagemeconômicos. Além disso, aolongo dos séculos, tudo secondimentou com certa dosede misoginia e hostilidade aocorpo, psique e suas exigên-cias primárias.

Trata-se, portanto, de umalei "humana", no sentido am-plo da palavra. É daqui que épreciso partir, a fim de nos in-terrogarmos se, como acon-tece com todas as leis huma-nas, até certo ponto e num de-terminado momento histórico,não será o caso de a rediscu-tir e modificar ou, como dese-jamos, de a eliminar.

Para fazê-lo, são neces-sários muita humildade, mui-ta coragem e o distanciar-sedas lógicas de poder paradescer, com lealdade, aomundo dos homens, ao qual,se queira ou não, tambémpertence o padre.

Citamos Eugen Drewer-mann ("Funcionários de Deus- Psicodrama de um Ideal",1991): "Segundo a ideologiateológica, a pessoa do clérigoindividual assemelha-se a umbalde de água: é necessárioesvaziá-lo completamente doseu conteúdo para enchê-loaté à borda de tudo quanto seafigura desejável aos superi-ores eclesiásticos. Dessa ma-neira, neutraliza-se toda a es-fera dos sentimentos huma-

nos a favor do poder decisó-rio. De entre a gama das rela-ções humanas possíveis, so-brevive unicamente um tipo:a correspondência entre a or-dem e a submissão, o ritual depatrão e criado, a abstração ea redução da vida ao forma-lismo do respeito a determi-nadas diretrizes".

Não é questão de disporde mais tempo para dedicaraos outros, como reza a maisvozeada das inumeráveisfrases feitas utilizadas porquem crê que o clérigo nãodeve nem pode ter uma com-panheira. Trata-se antes darecusa a que lhe seja permi-tido gozar de uma presençasentimental mais íntima epessoal, às vezes até daspróprias amizades.

Continua Drewermann:"A identificação obrigatóriacom o papel profissional nãolhe permite viver, ele próprio,como pessoa e, por isso, nãotem outra possibilidade quenão seja fingir o calor huma-no, a proximidade emotiva, acompreensão pastoral, aempatia, mostrando afeta-ção, em vez de viver de modoautêntico".

Segundo esta visão ins-titucionalizada, o padre serealiza no ministério, median-te a Ordem sacra, só comocelibatário e por toda a vida.Mas a decisão presumivel-mente livre de um jovem, en-tusiasta da grande propostaque pensa haver recebido,não pressupõe que a suaprofunda adesão à mensa-gem de Jesus não possacrescer, amadurecer, mudare, porventura, expressar-semelhor até certo ponto, me-diante um presbiterado ca-sado. É simplesmente issoque ocorre e que não esta-mos em condições de ver oude avaliar plenamente.

Uma escolha deste tipo

não pode ser imutável. E nãose trata de uma traição emuito menos de uma quedaou transgressão, porque oamor não trai o amor. E o pa-dre, como qualquer ser hu-mano, tem a necessidade deviver com seus semelhantes,de experimentar sentimen-tos, de amar e de ser amado,e ainda de se confrontar pro-fundamente com o outro,coisa que dificilmente estádisposto a fazer por medo dese expor a um perigo.

Por trás da cortina dodito e não-dito, é isto o quevivemos. É como se o siste-ma eclesiástico, com suasnormas, conseguisse aprisi-onar a parte mais sã de to-dos nós.

O que acontece, de fato,se o padre se apaixona? Podeescolher:

1. Sacrificar as suas pró-prias exigências e os própri-os sentimentos, e os da mu-lher, em vantagem de um"bem maior" (qual?).

2. Viver a história às es-condidas, com a ajuda e cum-plicidade dos superiores;basta que não se venha asaber e que não fiquem mar-cas (filhos reconhecidos).

3. "Mandar a batina àsurtigas", expressão habitualque define a escolha de al-guém que não deu conta,isto é, de um traidor.

Qualquer destas opçõesprovoca grande dor às pes-soas envolvidas que, em qual-quer caso, têm muito a perder.

E quais são as escolhaspara a mulher?

1. Sacrificar as própriasexigências e os próprios sen-timentos em favor de "umbem maior" (neste caso obem do padre)

2. Aceitar viver a histó-ria às ocultas, passando oresto da vida à espera de queo padre possa dedicar-lhe

alguns retalhos do seu tem-po, instantes roubados, sa-crificando o sonho de umahistória ao lado de um ho-mem "normal"

3. Carregar o peso da-quela que coagiu o padre a"mandar a batina às urti-gas", além de partilhar opeso do seu pressuposto"malogro".

Um padre que deixa é, dequalquer modo, considerado"aquele que não conseguiulevar avante uma grande enecessária renúncia" e, por-tanto, é marginalizado. E issoé difícil de suportar paraquem está convencido deser "um escolhido, um querecebeu uma chamada espe-cial", "Alter Christus", que,com um único gesto dasmãos, consagra, transformaa natureza das coisas... queperdoa, que salva!

É possível renunciar atudo isso? E para quê?

Para uma vida normal deum casal, que soa até banalcomparada com as potenci-alidades que o "funcionáriode Deus" pode exercer pelaOrdem sacra. Não obstante,uma das frases recorrentesna boca dos padres às suas"companheiras" se resumeem poucas palavras: "Eupreciso de ti para ser aquiloque sou" isto é, padre.

Não se pasme! Para con-seguirem ser testemunhaseficazes do amor, precisamde encarná-lo e vivê-lo ple-namente, tal como a sua na-tureza o exige. É uma nature-za enferma? Transgressiva?

Lendo bem, essa expres-são revela, pelo contrário, aurgência de fazer tambémparte de um mundo a dois,de poder exercer o direito na-tural e fundamental de que,a miúdo, a Igreja institucio-nal fala nas oficialíssimasencíclicas latinas, reservan-

do-o evidentemente apenasaos leigos e negando-o aosclérigos, os quais se conver-tem assim em seres sobrena-turais, de tal modo separa-dos de todos os demais quejá não logramos distinguir-lhes os contornos.

Mas é possível que nãoconsiga ver como o padrevive dolorosamente só? Temuma data de coisas a fazerque lhe enchem totalmentea jornada, mas lhe esvaziamo coração. Frequentementenem se dá conta disso, presocomo está a liturgias e incum-bências do ofício. E podeacontecer que, entre as queconhece, haja uma especialque parece, já ao primeiroolhar, feita espia para lhe es-quentar o coração. É o queacontece, simplesmente.

Mas a disciplina eclesi-ástica diz: "Não, tu foste es-colhido para algo maior". Eele se sente faltoso, porquenão consegue imaginar quehaja coisa maior do que aqui-lo que está experimentando.Mas se entrega confiada-mente à obediência que pro-meteu, pensando que repre-senta a vontade de Deus, oseu plano para ele e paraaqueles como ele. E o heróicelibatário retorna então àribalta de uma instituição queo quer assim e talvez já lhetenha uma promoção prontaem troca da necessária se-paração.

E todo este estrago emnome de que amor?

Aquele que faz esconder,que faz renunciar, que fazmal. Não é o amor do Pai.Citamos uma conclusão deDrewermann: "O Deus dequem falava Jesus, quer jus-tamente aquilo que a IgrejaCatólica hoje teme mais quequalquer outra coisa: umavida humana livre, feliz emadura, que não nasce daangústia, mas da confiançaobediente e que é liberta dasconstrições da tradicionaltirania de uma teologia queprefere buscar a verdade deDeus em sagradas escriturasem vez de a buscar na santi-dade da vida humana".

Antonella Carisio, MariaGrazia Filippuci, Stefania Sa-lomone, juntamente com to-das as outras...

e também em nome detodos aqueles que estão so-frendo por causa de uma leiinjusta

Il Dialogo - "Periodico diMonteforte Irpino"

www.ildialogo.orgTradução: Luís Guerreiro

Jornal RUMOS

15Jornal RUMOS

FALECIMENTOS

Desde já, nossas con-dolências fraternas à Flo-ra e aos filhos Liliam e Jo-aquim.

Que o Senhor Deus daVida o receba em suamorada e o recompensepor todo o grande traba-lho dele pelo próximo, pelaFamília, pelo MPC e peloReino de Deus.

Meu amigo Zé Vicen-te, que tanto ajudaste nes-tes últimos anos o MPC ase repensar na sua estru-tura e na sua missão e vi-vência, obrigado pela tuafraterna amizade: sólida,crítica e tão profícua...Com muito Amor, Segurana Mão de Deus e Vai...

João Tavares

José Vicente nos dei-xou hoje, mas tenho ple-na certeza de que as por-tas da Casa do Pai esta-vam abertas para ele. Hámeses que venho acom-panhando o agravamentodo estado de sua saúde ecomo ele se preparou paraesse momento.

Eu o comparo àqueleservo fiel que aguarda achegada do seu Senhor,com sua lâmpada acesana mão. Zé Vicente, comtoda certeza, foi umexemplo de homem ínte-gro que soube viver seu

sacerdócio, na sua to-talidade. Embora casado,tinha plena convicção deque seu sacerdócio lhefora conferido, um dia,para servir a seus irmãos,e foi isso que ele fez du-rante toda a sua vida.

Deixou a Flora, suaesposa, a Lilian e Joaquim,seus filhos queridos e anós todos um grandeexemplo de fé e amor. Fuitestemunha de seus últi-mos momentos de vida evi que ele partiu tranquilona paz de Deus.

Dei-lhe a última bên-ção e última unção.

Disse à sua esposa eaos filhos que ele, comcerteza, estava chegandoà Casa do Pai com asmãos cheias de frutos pe-las boas obras que sem-pre praticou, e eles sabemque não lhes disse nenhu-

ma novidade.Apesar de tristes pela

irremediável perda, estãotranquilos porque fortale-cidos pela fé.

Fica aqui, contudo, omeu apelo para que ore-mos por eles para quecontinuem fortes e consi-gam suportar a grandesaudade que vão sentir doesposo e pai que foi o nos-so querido irmão Zé Vi-cente.

José Lino de Araujo

Missa de Sétimo Diade José Vicente de An-drade: Será celebrada porDom Serafim Fernandesde Araújo, cardeal brasi-leiro e arcebispo eméritode Belo Horizonte.

A celebração ocorre-rá na Igreja Padre Eustá-quio, Sexta-Feira, dia 18/6/2010, `as 19 horas.

Eliseu e José Vicente.Dois homens de Deus

e dois irmãos muito que-ridos. Prestavam atençãoa seus companheiros eeram realmente solidári-os. Amparavam, confir-mavam e apontavam ru-mos.

Minha experiência deMPC valeu por conhecê-los como também a outrosno núcleo do MPC deBelo Horizonte. Homensde têmpera e de forte es-piritualidade.

Talvez eu estivessesonhando quando ouvi daboca do próprio José Vi-cente que sua designaçãocomo bispo de Oliveira ti-vesse vindo exatamentena hora que acabara deoptar pelo matrimônio epelo afastamento das im-posições do sistema ecle-siástico.

Diante do inesperado,confirmou a convicção deconsciência.Impossívelesquecer sua linha de co-erência e de vivencia-mento do ser cristão. Es-ses são os santos nossosde cada dia.

Romeu Campos

Última mensagem deJosé Vicente

Sólida, profunda, oti-mista como só pode serum verdadeiro cristão.

Troca das vestes fos-cas pelas brilhantes

Depois que agoniza-mos, assumimos a capa-cidade de entender que amorte não é uma troca deroupas.

Trocamos as vestesfoscas pelas brilhantes.

Trocamos as angústi-as e incertezas de umaetapa, pela segurança dachegada.

Morte é o final de umaetapa o início de outra,segura e definitiva.

José Vicente deAndrade

Faleceu nosso colega e amigo Antó-nio Dias da Cal, em Belo Horizonte.

Foi meu colega de Seminário menorcomboniano desde 1954 e fizemos jun-tos também o noviciado, a Filosofia e aTeologia, em Portugal e na Itália.

Ordenado em 1968, foi logo destina-do às missões na Diocese de S. Ma-teus, no Espírito Santo, onde trabalhouaté 1979.

Após várias tentativas no mundo dotrabalho, fundou com a esposa MariaHelena, um Escritório de Contabilidadeem Belo Horizonte.

Fizeram de sua casa um ponto de

JOSÉ VICENTE DE ANDRADE.

ANTÓNIO DIAS DA CALreferência para os colegas combo-nianos e ex-combonianos que sem-pre recebiam com muita fraternida-de e alegria.

Até que a doença de Parkinson lhopermitiu, correspondia-se frequente-mente por e-mail com os ex-colegas doBrasil e de Portugal.

À esposa Maria Helena Oliveira, eaos três filhos: Leonardo, Marina e Mar-celo nossos pêsames e solidariedade fra-terna neste momento de muita dor, ape-sar da certeza da Ressurreição e do re-encontro junto do Pai.

João e Sofia Tavares

"É com grande pe-sar que comunico o fa-lecimento do meu pai,Benito Ranaudo, en-tão com 74 anos, ocor-rido no dia 17 de ju-nho por ataque cardí-aco, enquanto traba-lhava no nosso pró-prio domicílio. Mem-bro do MPC, residen-te em Eunápolis-BA,ordenado como FradeCapuchinho na Itália,veio ao Brasil comomissionário para ser-vir no estado da Bahia,onde casou-se e teveseu três filhos. Cató-lico fervoroso, partici-

BENITO RANAUDOpante da Renovação ca-rismática e coordena-dor da Pastoral Carce-rária deste município,onde sempre cativoumuitos amigos e ficouconhecido pela seu ca-risma e simpatia de umgrande homem, grandeamigo, grande marido egrande pai."

Fernando de SouzaRanaudo [email protected].: (21) 8338-3575

Ele foi um batalha-dor, era uma pessoahumilde e dedicada eapesar da rigorosidadeda disciplina eclesiás-

tica permaneceu fir-me na fé e nunca dei-xou de dar o seu tes-temunho cristão. Co-locou a mão na mas-sa, não só no restau-rante, mas na luta pelasobrevivência, forada igreja institucio-nal. Fez um esforçomuito grande para seadaptar ao Brasil eguardarei na lem-brança das nossasconversas o seu sota-que italiano bastantecarregado e a marcado padre que nuncadeixou de ser.

Almir Simões

16 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

ROMA, Itália - O presi-dente da Bolívia, Evo Mora-les, que conversou nesta se-gunda-feira por 25 minutoscom o Papa Bento XVI noVaticano, entregou uma car-ta na qual pede ao sumopontífice para abolir o celi-bato e democratizar e huma-

Senhor, nós te agradecemos por este dia.Abrimos nossas portas e janelas para que tu possas entrar com tua luz.Queremos que tu, Senhor, definas os contornos de nossos caminhos, as cores de

nossas palavras e gestos, a dimensão de nossos projetos, o calor de nossos relacionamentos e orumo de nossa vida.

Podes entrar, Senhor, em nossas famílias.Precisamos do ar puro de tua verdade.Precisamos de tua mão libertadora para abrir compartimentos fechados.Precisamos de tua beleza para amenizar nossa dureza.Precisamos de tua paz para nossos conflitos.Precisamos de teu contato para curar feridas.Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença, para aprendermos a partilhar e abençoar!- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

EVO MORALES PEDE AO PAPA ABOLIÇÃO DOCELIBATO E DEMOCRATIZAÇÃO DA IGREJA

ORAÇÃO DA MANHÃ

nizar a Igreja católica."A Igreja não deve negar

uma parte fundamental denossa natureza como sereshumanos e deve abolir o celi-bato. Assim haverá menosfilhos e filhas não reconheci-dos por seus padres", afirmaMorales em sua carta.

O presidente bolivianodivulgou a carta durante umacoletiva de imprensa feita de-pois do encontro com o Papa.

Morales também enfati-za em sua carta que "é im-prescindível democratizar ehumanizar sua estrutura cle-rical" e pede que as "mulhe-res possam ter as mesmasoportunidades que os ho-mens para exercer plenamen-te o sacerdócio".

O pedido sem preceden-tes ao Papa foi entregue pelopróprio Presidente boliviano.

Esta é a primeira vez que opresidente boliviano foi rece-bido no Vaticano pelo Papa.

Morales surpreendeu nasemana passada ao revelar,pela primeira vez, seu catolicis-mo. "Quero falar a verdade: eusou católico", afirmou, apesardas relações tensas que seugoverno mantém com a hierar-quia católica boliviana.

AFPTradução: João Tavares