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Saúde Goiânia www.saude.goiania.go.gov.br Jornal da Secretaria Municipal de Saúde Goiânia, setembro de 2011 – Ano I, nº 4 Estratégia Saúde da Família já atende a 552 mil pessoas Política completa 13 anos de execução em Goiânia, com bons motivos para comemorar. pág. 3 pág. 12 SUS oferece gratuitamente cirurgias de laqueadura e vasectomia SMS Pesquisa nutricional aponta para cuidados com o sobrepeso de crianças ALIMENTAÇÃO pág. 4 Samu corre, mas 70% dos casos são resolvidos por telefone pág. 5 CONQUISTA ALERTA Prefeitura antecipa reajuste da Saúde Pés diabéticos têm atenção especial pág. 11 pág. 7

Jornal da secretaria municipal de saude setembro · conseguir fazer a cirurgia. A laqueadura é uma cirurgia considerada simples, que consis-te na ligadura das tubas uterinas, parte

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Saúde Goiâniawww.saude.goiania.go.gov.br Jornal da Secretaria Municipal de Saúde Goiânia, setembro de 2011 – Ano I, nº 4

Estratégia Saúde da Família já atende a 552 mil pessoas

Política completa 13 anos de execução em Goiânia, com bons motivos para comemorar.

pág. 3

pág. 12

SUS oferece gratuitamente cirurgias de laqueadura e vasectomia

SMS

Pesquisa nutricional aponta para cuidados com o sobrepeso de crianças

ALIMENTAÇÃO

pág. 4

Samu corre, mas 70% dos casos são

resolvidos por telefone

pág. 5

cONqUISTA

ALErTA

Prefeitura antecipa reajuste da Saúde

Pés diabéticos têm atenção especial

pág. 11

pág. 7

O SUS é nosso!EDITOrIAL

EXPEDIENTE

DIA A DIA GOTINHAS

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 20112

Longe de qualquer ufanismo, o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é uma das experiências coletivas mais abrangentes do planeta. Convergindo instâncias nas esferas municipal, estadual e federal, milhares de trabalhadores e milhões de pessoas (cidadãos e pacientes), o sistema está presente direta ou indiretamente no cotidiano de todos os brasileiros. Sendo público e de todos, o SUS é nosso!

Como ele precisa ser melhorado, quanto mais canais de participação da sociedade, melhor. E um dos principais é a teia formada pelos conselhos de saúde, uma instância que tem o poder de propor alterações e introduzir novidades no atendimento do SUS. Aberto a todos os cidadãos, ainda são desconhecidos pela maioria da população.

Em outra frente, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Conselho Municipal de Saúde e diversos sindicatos iniciaram, neste mês de setembro, o processo de reabertura da mesa de negociações permanentes do município de Goiânia, espaço que democratiza as relações de trabalho.

E se democracia é um meio, nada melhor do que democratizar o acesso à saúde, o que o SUS faz desde a sua criação, mas que vem sendo constantemente aprimorado. Um desses primores é o Estratégia Saúde da Família, política de atendimento e prevenção que tem altos índices de aprovação pelos usuários. Conheça mais sobre esta e outras realidades do SUS nesta edição.

Fórum no cais de campinas O Cais de Campinas realizou, no dia 26 de agosto, um fórum de discussão so-

bre Defesa do Sistema Único de Saúde e dificuldades emergenciais das Unidades de Saúde Pública. Dentre os convidados, estiveram presentes representantes ad-ministrativos do Distrito, o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Goi-ânia, Venerando Lemes, e o presidente do Grupo Amigos de Campinas, Eudisnei de Lima. O evento foi organizado pela presidente do Conselho Local de Saúde Cais de Campinas, Maria Aparecida Medeiros, e teve como propósito fortalecer a participação da comunidade no planejamento.

caderneta da Pessoa Idosa A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou,

em agosto, a capacitação dos profissionais das re-giões Leste e Campinas-Centro para a implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. De acordo com informe da Divisão de Doenças Crônico-Dege-nerativas da SMS, a caderneta tem como função primordial propiciar um levan-tamento periódico de determinadas condições do indivíduo idoso e de outros aspectos que possam interferir no seu bem-estar.

SMS na revista do crogo A revista do Conselho Regional de Odontologia (Crogo) de Goiás publica em

sua mais recente edição, referente aos meses de julho e agosto deste ano, uma entrevista com o Secretário Municipal de Saúde, Elias Rassi Neto. Nela, o Secre-tário aborda o Sistema Único de Saúde e as ações da Prefeitura na área da saúde bucal. O mesmo veículo inclui um artigo da odontóloga Maria Inez, da SMS, intitulado “Consultório de Rua tem parceria importante com a Coordenação de Saúde Bucal”. A revista pode ser acessada no endereço www.crogo.org.br.

Ambulâncias clandestinasA Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou, em agosto, na sede da Vigi-

lância Sanitária (Visa), reunião sobre a atuação de ambulâncias clandestinas na capital. Participaram representantes de órgãos de trânsito, defesa do consumi-dor, Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Estadual. O objetivo foi discutir ações conjuntas para combater a clandestinidade desses veículos, que representam perigo à população, já que oferecem serviços de transporte e remoção de pacientes sem as devidas condições técnicas e sanitárias.

cMS elege nova diretoriaO Conselho Municipal de Saúde de Goiânia elegeu, no dia 31 de agosto, a

sua nova mesa diretora. Os eleitos foram Venerando Lemes de Jesus, presidente (representando os usuários); Edivaldo Bernardo de Lima, vice (representando os trabalhadores); Evita Alvez Duncan, 1ª secretária (representando os usuários) e Olívia Vieira da Silva, 2ª secretrária (representando os gestores). Na ocasião, também foram empossados 64 novos conselheiros municipais de saúde.

O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, visitou, no dia 1º deste mês, o Secretário Municipal de Saúde, Elias Rassi Neto. Acompanhado de vários profissionais, ele veio apre-sentar e discutir projetos e progra-mas na área da saúde, dos quais a SMS deve participar. Edward tam-bém conheceu a Agência Integrada de Comunicação, desenvolvida via convênio entre SMS e UFG.

Foi lançada, no dia 1º deste mês, a Cartilha de Conscientização so-bre o Assédio Moral no Trabalho. A solenidade foi promovida pelo Fórum de Saúde e Segurança do Trabalho e incluiu duas palestras sobre o tema.

O Departamento de Vigilância Sanitária da SMS lançou, em 31 de agosto, Dia do Nutricionista, um folder sobre surto por contamina-ção alimentar. O material orienta acerca de como identificar um surto e visa conscientizar sobre a importância de realizar denúncias e prevenir novos casos.

O Centro de Referência em Saú-de do Trabalhador (Cerest) de Goiânia promoveu, no dia 15 de agosto, palestra sobre a Síndrome de Burnout. O evento foi condu-zido pelas psicólogas Thais Foiser Oliveira e Cristina Ramos Silva.

Em comemoração ao Dia dos Pais, o Distrito Sanitário da Região Leste de Goiânia promoveu, no dia 13 de agosto, em parceria com a Escola Municipal José Décio Filho, o evento Lazer Saudável. A progra-mação incluiu atividades de lazer, cultura e saúde para pais e filhos.

O Secretário de Gestão Estratégi-ca e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, visitou, em agosto, o Secretário Municipal de Saúde, Elias Rassi, e o Prefeito Paulo Garcia. Na SMS, Montei-ro conversou sobre o decreto nº 7.508/2011, que estabelece o novo modelo de gestão do Sistema Úni-co de Saúde.

Saúde GoiâniaJornal da Secretaria Municipal de SaúdeGoiânia, setembro de 2011 - Ano I, nº 4www.saude.goiania.go.gov.br

Produzido pela Assessoria de Imprensa da SMSTelefones: (62) 3524-1510 / 3524-1511E-mail: [email protected]ço: Paço Municipal, Avenida Cerrado, nº 999, 2º andarPark Louzandes, Goiânia, Goiás, Brasil – CEP 74.884-900

Prefeito de Goiânia: Paulo GarciaSecretário Municipal de Saúde: Elias Rassi Neto

Assessoria de Imprensacoordenador: Paulo JoséEquipe: Kalyne Menezes/Carlinhos do Esporte/Flagner Barbosa

Equipe da Agência Integrada de comunicação (convênio SMS-UFG)coordenadora de Jornalismo: Silvana ColetaBolsistas: Bárbara Zaiden / Erneilton Lacerda / Serena Veloso / Thamara Fagury. coordenadora de Publicidade e Propaganda: Marina Roriz. Bolsistas: Carolina Siqueira, João Henrique Pacheco / Mariana do Vale / Vívian Coutinho. coordenadora de relações

Públicas: Daiana Stasiak. Bolsistas: Luciana Lima / Mariana Oliveira / Rhayssa Fernandes/Tâmara ReisAssessora de relações Públicas: Vera Lúcia dos SantosEquipe: Breno Hudson / Jaqueline Araújo / Katiane Fernandes / Luciana Castro / Sandra Valim

Projeto gráfico e impressão: Casa BrasilDiagramação: Maykell GuimarãesTiragem: 40 mil exemplares

Secretaria Municipalde Saúde

Secretaria Municipalde Saúde

até o fim são de 40%. Caso a ci-rurgia de reversão não dê certo, é preciso encaminhar a usuária a programas de fertilização in vitro.

O Brasil é um país com alto índice de laqueadura, e Sebastião afirma ser um processo de mu-dança de cultura. Segundo ele, a população está envelhecendo e os novos casais não estão mais querendo ter filhos. Para Sebas-tião, a laqueadura é um avanço do ponto de vista de oferta para o serviço público, que foi cres-cendo gradativamente. "Acon-teceram muitas mudanças, já que há uns 15 anos você só tinha acesso à cirurgia pagando, pois era algo proibido pela saúde pú-blica", diz. Hoje, qualquer pessoa, tem acesso gratuito, por meio do SUS, a todos os métodos anticon-cepcionais disponíveis no merca-do: DIU, camisinha (masculina e feminina), pílula, vasectomia e ligadura de trompa.

Nova mentalidadeA Maternidade Nascer Cida-

dão não opera só mulheres. A unidade possui médicos urolo-gistas responsáveis por aproxi-madamente dez cirurgias de va-sectomia por semana.

Laqueadura e vasectomia são procedimentos com o mesmo fim, porém muito diferentes. O

procedimento feito em mulhe-res é um processo cirúrgico mais oneroso, que precisa de anestesia e internação hospitalar. Já a cirur-gia de vasectomia dura em torno de 30 minutos, o pós-operatório geralmente é tranquilo e o usuá-rio recebe alta em 24 horas.

Vasectomias são cirurgias simples feitas na bolsa escrotal do homem, onde passa o canal deferente, responsável pela con-dução de espermatozóides para fora dos testículos. A produção dos espermatozóides continua normalmente, mas eles são ab-sorvidos pelo corpo, já que o canal por onde são expelidos foi rompido. A cirurgia é mais tran-quila em todos os sentidos, não pede internação, a anestesia é lo-cal e o usuário depois de operado já pode sair do hospital.

Por muito tempo a vasecto-mia era rodeada por uma forte cultura machista e muitos ho-mens se recusavam a passar pelo processo, com medo de impo-tência. De acordo com Sebastião Moreira, isso acontecia devido à comparação que o ser humano fazia com os animais. “No reino animal, toda vez que se castra um macho ele perde o interesse sexu-al, porque todos os animais usam o sexo somente para reprodução, instintivamente”, afirmou.

SAÚDE GOIÂNIASetembro de 2011 3

SUS oferece gratuitamente cirurgias de laqueadura e vasectomia

PLANEJAMENTO FAMILIAr

Todos os meses, são

realizadas 50 operações

em mulheres e 40 em homensPlanejamento familiar é um dos temas mais polêmicos na sociedade e na saúde

pública, principalmente quando o assunto é a opção por não ter mais fi lhos. Para essas pessoas, existem vários métodos contraceptivos e a laqueadura é o

caso mais extremo, por isso deve ser muito bem pensada. Caracterizada como meio defi nitivo, a cirurgia é feita na mulher que não deseja ou não pode mais ter fi lhos. Talvez por ser um assunto tão polêmico, poucos sabem que o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Maternidade Nascer Cidadão, oferece, por mês, 120 vagas destina-das a essas mulheres, e apenas 50 são preenchidas.

Por Th amara Fagury

O médico e diretor da Ma-ternidade Nascer Cidadão, Se-bastião Moreira, atribui esse não preenchimento à falta de infor-mação da usuária e ao processo burocrático, mas necessário, pelo qual a pessoa tem de passar para conseguir fazer a cirurgia.

A laqueadura é uma cirurgia considerada simples, que consis-te na ligadura das tubas uterinas, parte do sistema reprodutor fe-minino. O ato cirúrgico pode ser feito por via abdominal ou vagi-nal (depende da análise de cada caso, feita pelo médico) e impede a descida do óvulo e a subida do espermatozóide para o útero, o que impossibilita a gravidez.

PlanejamentoA laqueadura é assegurada

pela Lei Federal nº 9.263, que trata do Planejamento Familiar, e compete ao SUS garantir um programa de atenção integral à saúde, que inclua assistência à concepção e contracepção —

seja pela distribuição gratuita dos métodos anticoncepcionais ou por meio de cirurgia. Sendo assim, a lei prevê que algumas etapas sejam concluídas antes de efetuar o procedimento.

É preciso que a mulher tenha 25 anos ou mais e/ou dois filhos. Além disso, ela tem de mani-festar sua vontade de realizar o procedimento em um docu-mento escrito. Depois de assi-nar o documento, a mulher e o marido devem ir a uma reunião (obrigatória em todas as Unida-des de Saúde do País) onde são expostos todos os métodos anti-concepcionais, indicações da ci-rurgia e outros temas ligados ao planejamento familiar. Esse é um momento oportuno para profis-sionais da saúde fazerem exposi-ções sobre doenças sexualmente transmissíveis e alertarem as usuárias sobre outros métodos anticoncepcionais não definiti-vos, mas eficazes também.

A Maternidade Nascer Cida-

dão reúne 20 casais e “sem essa reunião é impossível operar”, como afirma Sebastião Moreira. Feito o documento e a reunião com profissionais sobre a cirur-gia, a usuária ainda precisa passar por mais uma etapa burocrática. Caso a mulher continue demons-trando desejo de fazer a cirurgia, é preciso que se passem 60 dias para que ela possa repensar sobre o assunto ao lado do marido.

A tomada da decisão cons-ciente é necessária para evitar arrependimentos. A laqueadura é tratada como meio definitivo, porém, depois de passar pela cirurgia, muitas mulheres se ar-rependem e querem engravidar. A reversão é possível, mas nem todos os serviços do SUS ofere-cem esse serviço, que necessita de mais técnica, aparelhagem e médicos capacitados. É bom lem-brar que a reversão não garante 100% de certeza de que a usuária vá engravidar, sem contar que as chances de que a gravidez chegue

Outro filho ?

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 20114

Pesquisa nutricional aponta para cuidados com o sobrepeso de crianças

Mais frutas e verdurasAo contrário do que muitos

pensam, criança gordinha nem sem-pre é sinal de criança saudável. Na re-alidade, o peso não é fator determi-nante para a saúde ou desnutrição da criança. Alimentação balanceada e prática de exercícios físicos regula-res são os hábitos fundamentais para que qualquer pessoa seja saudável, inclusive as crianças. Entretanto, o número de pessoas acima do peso cresce constantemente, o que já preocupa a Organização Mundial de Saúde (OMS).

No Brasil, por exemplo, a obesi-dade vem apresentando índices cres-centes nas últimas décadas. De acor-do com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, de 2006 a 2009, a proporção de pessoas com excesso de peso subiu de 42,7% para 46,6%. A pesquisa do Ministério revela ain-da que, de 1989 a 2009, o número de crianças com faixa etária de 5 a 9 anos cresceu de 4,1% para 16,6% — um crescimento de mais de 300%. Essa si-tuação é preocupante, pois a obesidade pode levar a criança — ainda na infância ou duran-te a vida adulta — a contrair doenças como hipertensão, diabetes e do-enças cardiovasculares, além de problemas psicológicos (depressão, isolamento social e ansiedade).

A principal razão para esses números, como destaca a nutri-cionista do Distrito Sanitário Su-doeste, Beatriz Helena Azevedo, uma das responsáveis pela pesquisa nu-tricional da SMS, é o excesso de consumo de alimentos hi-percalóricos e a sedentarização das crianças. “É necessário que os

pais ofereçam aos filhos uma alimen-tação saudável, com alimentos mais naturais e uma variedade maior de frutas e verduras. Quanto mais cores tiver no prato, melhor. Se os pais não oferecem esse tipo de alimento, elas não aprendem a gostar”, enfatiza Be-atriz Helena.

Fica claro, portanto, que o hábi-to alimentar da família é o principal aliado para a saúde das crianças. Os pais devem desde cedo incentivar a criança a experimentar alimentos mais saudáveis e a praticar ativida-des físicas regularmente (incluindo-se aí brincadeiras recreativas). É preciso ainda evitar ao máximo ali-mentos como refrigerantes, frituras, fast-foods, sucos industrializados e biscoitos recheados na dieta das crianças.

ALIMENTAÇÃO

Alimentação balanceada e aumento das atividades físicas são os principais aliados para combater o excesso de peso

Crianças gordinhas sempre foram sinônimo de saúde, certo? Não. Nos dias de hoje as pesquisas mostram que a obesidade e o sobrepeso infantil são uma grande preocupação para a família e as autoridades de saúde. Acompanhar as condições nutricionais das crianças é, sem dúvida, uma forma eficiente para os

órgãos governamentais monitorarem a qualidade de vida dessas crianças. Servem também como ferramentas para criar projetos que ajudem a reduzir casos de desnutrição e obesidade. Seguindo essa lógica, a Secretaria Mu-nicipal de Saúde (SMS) de Goiânia, com o Grupo de Trabalho de Vigilância Alimentar e Nutricional, realizou uma avaliação nutricional das crianças atendidas, de abril a dezembro de 2010, nas Unidades de Atenção Básica (UAB) do município.

Por Erneilton Lacerda

A pesquisa da SMS avaliou os dados de 110.466 crianças e apon-tou que 9,52% estão com peso eleva-do para a idade, e entre os meninos essa percentagem sobe para 10,39%. Para Hérica Castro, nutricionista do Distrito Sanitário Oeste e uma das responsáveis pela pesquisa, “esses números seguem o padrão nacional e não demonstram nenhuma dispa-ridade com os índices de outras ca-pitais”. Mesmo assim, ela enfatiza a importância dos pais no processo de aprendizagem alimentar das crian-ças: “é importante mostrar aos pais que o aleitamento materno é funda-mental para o bom desenvolvimen-to dos bebês, assim como a introdu-ção do complemento alimentar aos poucos”. O consumo de alimentos

de alta densidade energética (calo-rias) e a diminuição das atividades físicas são os principais vilões para o sobrepeso infantil, conclui Hérica.

Outro aspecto observado pela pesquisa foi o índice de estatura por idade, que analisou se o tamanho das crianças era normal para a idade delas. Conforme os dados da SMS, 95,09% das crianças apresentaram

estatura adequada para a própria faixa etária.

A pesquisa foi organizada por nutricionistas dos distritos sanitários das regiões Oeste, Sudoeste e Norte e também do Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF), e utilizou os dados do Sistema de Contro-le do Atendimento Ambulatorial (SICAA). Posteriormente, esses da-dos coletados pelo SICAA farão parte do Sistema de Vigilância Ali-mentar e Nutricional (SISVAN), sis-tema do Ministério da Saúde que recolhe informações nutricionais e alimentares da população brasileira. A principal finalidade da pesquisa é fazer o diagnóstico nutricional da população para, a partir daí, plane-jar ações que atendam às demandas detectadas.

Pesquisa da SMS com 110.466 crianças detectou que 9,52% estão acima do peso

Trote é o grande problema. A maioria é feita por crianças

SAÚDE GOIÂNIASetembro de 2011 5

quando a pressa é amiga!

SErVIÇO

Samu corre para atender emergências e urgências, mas 70% dos casos são resolvidos só por telefone

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi implantado no Brasil em setembro de 2003 e atende ligações gratuitas feitas pelo número 192. Seu maior objetivo é ajudar toda mulher prestes a dar à luz ou todo enfermo e ferido que esteja em situação de emergência ou urgência, dentro das possibi-

lidades. Também é de responsabilidade do Samu acompanhar e transportar os pacientes com segurança até um centro hospitalar do Sistema Único de Saúde.

Por Thamara Fagury

A médica reguladora do Samu, Wilma Ana Santos, explica a diferen-ça entre urgência e emergência, que muitos desconhecem. “Emergência é um agrave clínico que pode levar ao óbito em horas imediatas; por exem-plo, uma pessoa baleada, esfaqueada ou com sinais de infarto. Já os casos de urgência são aqueles que necessi-tam que o paciente seja examinado e medicado, mas não corre o risco de morte imediata”.

Ainda se confunde muito o pa-pel do Corpo de Bombeiros com o do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Os bombeiros dão su-porte ao Samu quando necessário, porém não em toda ocasião. A pri-meira grande diferença entre os dois serviços é em relação à medicação. Os bombeiros não têm autonomia médica, portanto não têm licença para medicar, ação feita apenas por profissionais da saúde.

Além disso, os bombeiros re-cebem mais treinamentos e seus trabalhos são requisitados quando há necessidade de resgate e de imo-bilização. Por exemplo, em situações de afogamento o trabalho dos bom-beiros é imprescindível na hora do resgate; em um acidente de trânsito é de competência dos bombeiros ti-rar a pessoa presa nas ferragens. Em contrapartida, é trabalho do Samu averiguar a condição do paciente e,

se necessário, medicar e levar ao pos-to médico mais próximo.

Em Goiânia, o Samu 192 atende ligações vindas da capital e também de municípios vizinhos como Inhu-mas, Nerópolis, Trindade, Anicuns, Goianira, Guapó, Itauçu e Petrolina de Goiás. São mais de 2.000 ligações por dia. Os casos mais comuns são de pacientes clínicos (mais de 50% dos casos), traumáticos e psiquiátricos.

AtendimentoNa Central de Atendimento do

Samu de Goiânia, ao discar o número 192 a ligação cai em um teleatenden-te médico, responsável por fazer per-guntas diretas e básicas como nome, endereço e o que o paciente está sentindo. Identificado o problema, a ligação é transferida imediatamente para um médico (aqui chamado de médico regulador). O objetivo dele é pegar os dados clínicos do paciente e analisar o caso específico, dando orientações à pessoa que está no te-lefone sobre o que fazer.

Geralmente, é o médico regula-dor que direciona as perguntas para saber a situação em que a vítima se encontra e, para que isso seja eficaz, a médica Wilma Ana aconselha que a pessoa que estiver no telefone seja o mais objetiva possível. De acordo com a médica, todos os procedi-mentos dependem do quadro em

Um dos maiores problemas en-frentados pelo Samu são os trotes. As ligações mentirosas normalmen-te são feitas por crianças e adoles-centes, e prejudicam o trabalho dos profissionais que demandam tem-po para atender à população. Apro-ximadamente, 25% das ligações feitas ao Samu são trotes. Até julho deste ano, o 192 recebeu 256.019 ligações e 63.951 foram mentirosas.

De acordo com a médica Wil-ma Ana Santos, os horários em que o Samu mais recebe trote são entre 12h e 13h e às 16h30, ou seja, ho-rário de intervalo nas escolas. Tal fato aponta que, em geral, são as crianças que mais realizam ligações indevidas, mas isso não significa que adultos não passem trotes.

Os teleatendentes já sabem di-ferenciar os trotes das ligações que realmente necessi-tam dos trabalhos de urgência. Segun-do Luciânia, dá para identificar a ligação mentirosa quando a pessoa não sabe passar muitas infor-mações básicas sobre o que está aconte-cendo. “Quanto mais informações você pe-dir sobre o paciente, mais fácil é de identificar o trote”.

Mas nem todas as vezes é

que o paciente se encontra. “A gente tem que ver o nível de consciência da pessoa, se ela está em boas condi-ções respiratórias e se não tem riscos de ficar incapacitada".

Com base nas informações apu-radas e na gravidade da situação, o médico regulador avalia e decide se é necessário enviar uma viatura para socorrer a vítima ou não. Em casos mais graves, o médico pode orien-tar a pessoa que está do outro lado da linha, enquanto o socorro não chega ao local. Não é sempre que a ambulância precisa ir até o local para socorrer a vítima. Dados mostram que, das 256.019 ligações dirigidas ao Samu até julho deste ano, 183.728 (72%) foram concluídas apenas com orientações dos médicos.

Apesar de o programa de tra-balho ser bem organizado, o Samu passa por muitos problemas no dia a dia. De acordo com Luciânia Neto, teleatendente do número 192, os trotes e a dificuldade de passar corretamente o endereço são os maiores obstáculos enfrentados. “Acontece de muitas pessoas liga-rem sem saber o lugar onde estão nem pontos de referência". Para facilitar o trabalho, Luciânia sugere que, quando for ligar para o Samu, é importante ter em mãos o endere-ço certo e pontos de referência para facilitar e agilizar o trabalho.

possível identificar um trote. Em alguns casos, é preciso que a am-bulância realmente vá até o local para saber que aquela foi uma liga-ção mentirosa. Isso causa muitos problemas tanto ao Samu quanto à população, pois o atendimento demanda tempo dos atendentes que, naquele momento, poderiam estar ajudando pessoas que real-mente necessitam.

A nova diretoria do Samu, regi-da pelo médico Fernando Bernar-des, visa um projeto com o objeti-vo de conscientizar a população, principalmente crianças, sobre os trotes. A primeira etapa desse plano será visitar as escolas com profissio-nais da saúde e ministrar palestras à criançada sobre o trabalho deles e a importância de não realizar esse tipo de brincadeira.

Marcello Casal Jr/ABr

Até julho deste ano, foram feitas mais de 60 mil ligações falsas. Samu

vai fazer campanha nas escolas

Até 2014, o Ministério da Saúde (MS) espera ter, pelo menos, mil equipes médicas do Sistema Único da Saúde (SUS) habilitadas para fazer atendimento em casa, como uma espécie de homecare. O foco é oferecer cuidado domiciliar a pacientes com difi culdade de locomoção ou que não precisam fi car internados em hospitais. Em breve, o MS vai começar a selecionar os municípios interessados em ter o serviço. A ideia é ter uma equipe para cada 100 mil habitantes. “cada pessoa que puder sair mais rápido do hospital vai estar liberando um leito”, destacou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. com o atendimento domiciliar, o Governo Federal quer desafogar os hospitais e estimular a recuperação do paciente em casa, que é mais rápida. Em julho, o ministério publicou portaria dando início à estruturação do serviço. Para este ano, o investimento previsto é de r$ 36,5 milhões. (Fonte: Agência Brasil)

Brasil deve ter mil equipes de homecare até 2014

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 20116

cuidados no aconchego do lar

O PAI é um programa desenvol-vido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) há 11 anos. O progra-ma dá atenção àqueles usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) víti-mas de doenças crônicas que este-jam acamados ou com difi culdade de locomoção para reabilitá-los e proporcionar melhores condições de vida. A equipe que cuida desses usuários é multidisciplinar, com-posta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudi-ólogos, fi sioterapeutas, psicólogos e nutricionistas. O paciente poderá ser atendido por diversos profi ssio-nais, que se revezarão nesse trata-mento, a depender da necessidade e do diagnóstico do usuário dado pela equipe responsável.

Ser incluído no Homecare é o desejo de muitas pessoas, inclusive de outros municípios. Dados da Se-cretaria apontam que atualmente mais de 50 pessoas estão na lista de espera para serem visitadas e bene-fi ciadas pelo programa. A perspec-tiva é de que todos sejam atendidos, pois a rotatividade no programa é alta, já que a duração do acompa-nhamento varia de acordo com o diagnóstico de cada paciente.

O que explica essa grande demanda do PAI são as diversas

vantagens do programa para os pacientes. “Todo paciente crônico acamado quando fi ca no hospital, na maioria das vezes, vai a óbito. Porque ele fi ca meses, anos a fi o, até que a doença progrida cada vez mais. Está ausente da família, que lhe dá carinho e amor, e corre o risco de contrair infecções hospi-talares. Então, o atendimento do-miciliar é extremamente vantajoso”, enfatiza a coordenadora do PAI, Arline Ami Dias.

O Programa de Atenção Inte-gral Hospitalar – Homecare tam-bém traz benefícios à rede pública de Saúde, pois aumenta a rotati-vidade nos leitos, permitindo que outros usuários ocupem a vaga dos pacientes que fi cariam acamados. Além disso, diminui a frequência de infecções hospitalares e aumenta as chances dos pacientes que têm do-enças não-crônicas de receberem tratamento adequado.

como ser incluídoQualquer pessoa que more

em Goiânia e que esteja acamada tem direito ao atendimento domi-ciliar do Homecare. Para solicitar a inclusão no programa, é preciso procurar o Distrito Sanitário mais próximo da casa do paciente que

deseja o atendimento. Um médico, então, redigirá uma declaração com o diagnóstico e a necessidade do atendimento domiciliar.

Com a declaração do médico, comprovante de residência e do-cumentos pessoais do paciente em mãos, o responsável pelo paciente acamado abre um processo no pro-tocolo da SMS. Feito o protocolo, os documentos seguem para a Direto-ria de Atenção à Saúde (DAS), onde serão analisados e encaminhados para a avaliação da coordenação do PAI, que faz uma visita aos pacientes.

A primeira visita aos necessita-dos de atendimento domiciliar é feita pela médica Arline Ami Dias. Todos os dias, ela faz questão de ir pessoalmente a, pelo menos, seis casas dos possíveis benefi ciados pelo Homecare. Não são realiza-das visitas em hospitais ou abrigos, apenas em domicílios. “São muitas pessoas para serem atendidas em Goiânia: desde crianças a idosos. O processo chega da DAS e vai para a planilha de visitas. Faz-se uma análi-se crítica daqueles que estão piores. A prioridade é a saúde”, explica.

São duas equipes que formam o PAI, uma pela manhã e outra no período da tarde, totalizando 32 profi ssionais capacitados para aten-

HOMEcArE

Há 11 anos, programa da SMS leva atendimento domiciliar e comodidade a pacientes do SUS

Divina Bueno de Brito tem 63 anos e, há dois, sofre com úlcera nas pernas. Além da úlcera, hipertensão e arritmia cardíaca pioram seu estado clínico. Com difi culdades para andar, quase todos os dias enfrentava a dor e o inchaço nas pernas para ser levada pela fi lha Letícia Bueno até o Cais Jardim Novo Mundo, onde

os curativos são feitos. A partir deste mês, as difi culdades por conta da doença foram amenizadas, pois ela foi in-cluída no Programa de Atenção Integral Hospitalar (PAI), conhecido também como homecare (cuidados em casa). Divina vai ter agora mais comodidade para tratar da doença e possibilidades de cura, já que receberá a visita de um profi ssional da saúde em casa e não precisará se locomover por longas distâncias com tanta frequência.

der ao usuário em seu domicílio. Mas não são apenas os profi ssionais que realizam o atendimento. Em cada casa visitada, uma pessoa é capacitada para ser o cuidador do paciente. Arline esclarece: “a capaci-tação é realizada no domicílio des-de o primeiro dia em que a equipe acompanha o paciente. Explicamos como funciona o programa e co-meçamos a capacitar o cuidador na prática. Com 15 dias de capaci-tação, já colocamos o cuidador para fazer determinados procedimentos,

D. Divina é atendida em casa, o que facilitou o dia a dia da família

SMS

Por Erneilton Lacerda

como curativos, medir pressão, ve-rifi car sinais vitais e realizar, com o paciente, exercícios de fi sioterapia doméstica”.

O perfi l geral de atendimentos do Programa de Atenção Integral Hospitalar é de pacientes que pos-suem doenças crônicas degenerati-vas, como AVC (Acidente Vascular Cerebral), traumatismo raquimedu-lar – queda, lesão por arma de fogo ou arma branca, entre outros –, Al-zheimer, Parkinson, câncer, além de paraplégicos e tetraplégicos.

Estratégia Saúde da Família já atende a 552 mil pessoas

Implantada em 1993 pelo Mi-nistério da Saúde, a ESF é uma po-lítica do Governo Federal que veio para reorganizar a atenção básica e primária da população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse trabalho de fortalecer o aten-dimento primário é realizado por uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem, cirurgião-dentista, técnico de saú-de bucal, auxiliar de saúde bucal e os agentes comunitários.

Em outubro de 2008, de acordo com os dados mais atualizados do Ministério da Saúde, a Estratégia estava presente em 94% dos mu-nicípios. Dentre esses municípios atendidos, está Goiânia, que co-memora neste mês de setembro 13 anos da cobertura da ESF. E os resultados são os melhores possí-veis: redução dos números de mor-talidade infantil, melhoria de vários indicadores da saúde e o aumento da satisfação dos usuários do SUS.

A importância do Saúde da Fa-mília é tanta que estudos mostram que a atenção básica organizada pode resolver mais de 80% dos problemas de saúde das pessoas. Por isso, os recursos do governo em todo o país triplicaram de 1,6 bilhão em 2003 para 5,9 bilhões em 2010, o que agradou aos brasileiros. Prova disso é a pesquisa nacional divulgada pelo Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada (Ipea), em que 80,7% dos entrevistados avalia-ram a Estratégia Saúde da Família como “bom” ou “muito bom”.

Para a coordenadora da Estra-tégia Saúde da Família de Goiânia, Rosa Brígida, o grande diferencial para o sucesso desse projeto é a definição clara de território e das pessoas sob responsabilidade de cada equipe, porque isso fortalece o vínculo com a população. “Por meio de um território definido, são levantados os dados da comunida-de a que essa equipe atenderá: des-de os problemas de saúde de cada integrante da família até as condi-ções de saneamento básico em que essas famílias vivem. A partir desse levantamento, a equipe faz um planejamento e traça um plano de ação para melhorar a qualidade de vida da comunidade”, explica.

Ainda conforme a coordena-dora, são mais de dois mil profissio-nais que formam as 170 equipes da ESF em Goiânia. No município, cer-ca de 160 mil famílias estão cadas-

tradas, o que significa que mais de 552 mil pessoas recebem os profis-sionais da Saúde da Família em suas residências. Em todo o Brasil, quase 32 mil equipes atendem a 191,6 mi-lhões de brasileiros, de 5.383 muni-cípios, o que corresponde a 97% do território nacional.

As regiões que têm priorida-de na cobertura da Estratégia são aquelas em que a taxa de mortali-dade é maior e em que a comuni-dade tem difícil acesso às unidades de saúde. Além disso, outras regi-ões prioritárias, segundo ressalta a coordenadora da ESF, são as em que se formam novos loteamentos, especialmente aqueles com grande número de beneficiados pelo Mi-nha Casa Minha Vida, programa de habitação do Governo Federal.

AprendizadoNestes 13 anos de atuação em

Goiânia, diversos profissionais fize-ram parte da Estratégia. Contrata-da em janeiro de 1999, a enfermei-ra Doraci Antônia Freitas foi uma das pioneiras neste projeto. Dora-ci, que começou em uma equipe da região Noroeste – na época, uma das mais carentes e populosas da capital –, permanece atuando na ESF, agora na região Leste.

Doraci conta as dificuldades que ela e os outros profissionais enfrentaram para implantar a Es-tratégia Saúde da Família: “A pro-posta da ESF era que se tivesse uma equidade dos serviços de saúde, ou seja, que todos pudessem ter acesso ao SUS. Foram 13 equipes, compostas apenas por médico, en-fermeiro e técnico de enfermagem, que começaram a visitar as famí-lias da região Noroeste”.

Nesse início, como ressalta Doraci, a estrutura era deficiente. “Cada equipe visitava as famílias definidas em um território. Era realizado o levantamento de pos-síveis doenças de cada família. A partir disso, era traçada uma es-tratégia de trabalho para as equi-pes disponíveis. As condições de vida da maioria das famílias eram precárias, o que aumentava a pro-babilidade das pessoas ficarem enfermas”, declara. Quanto à es-trutura oferecida pela Secretaria Municipal de Saúde aos profissio-nais da ESF, Doraci é enfática ao afirmar que “atualmente, as condi-ções de trabalho das equipes são superiores às encontradas no iní-cio. Inclusive, o acompanhamento da família é bem maior”.

Um destaque para a atual si-tuação da ESF, conforme relata Doraci, é, sem dúvida, a parceria entre a Secretaria e as universida-des que possibilita um trabalho conjunto entre professores, aca-

dêmicos e profissionais. Para ela, isso proporciona, em especial aos estudantes, um grande aprendi-zado. Representa, portanto, uma aproximação do serviço da saúde e a educação dos estudantes.

AmpliaçãoCom a preocupação de aten-

der a um maior número de pacien-tes, a SMS implantou, desde junho, novas opções nos atendimentos realizados pelas equipes da Estra-tégia Saúde da Família. A intenção da Secretaria foi ampliar o horário de funcionamento da Estratégia nas Unidades de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) para facilitar o acesso do usuário. Com a mudança, as equipes passaram a atender na Unidade por um pe-ríodo maior, das 7h às 19h, de se-gunda a sexta-feira e também aos sábados, em horário diferenciado.

Até o momento, 22 Unidades de Saúde da Família (o que cor-responde a 67 equipes) aderiram ao novo modelo de atendimento. Além de beneficiar os usuários da rede municipal, as novas opções de horário vão beneficiar os pro-fissionais que atuam nesses locais.

Dentre essas Unidades que aderiram ao novo modelo, está a UABSF Jardins do Cerrado, que contou com a adesão de todos os profissionais. De acordo com a supervisora administrativa des-ta unidade, Rosângela Celestino, os servidores se mostraram mo-tivados e os usuários, satisfeitos. “Com o novo modelo de horários, diminuiu-se o tempo de espera, oferecendo assim um atendimen-to mais humanizado e de mais qualidade”, afirma ela. “Saúde se constrói coletivamente; não é quantidade, é qualidade e huma-nismo”, conclui.

ATENÇÃO BÁSIcA Política completa 13 anos de execução em Goiânia com bons motivos para comemorar

"Prevenir é melhor que remediar” é um ditado que se encaixa perfeitamente quando o assunto é saúde. Ninguém duvida de que cuidar da saúde seja melhor que tratar de uma doença que poderia ser evitada. Foi justamente com o objetivo de fazer um trabalho de prevenção que a Estratégia Saúde da Família

(ESF) foi criada.

SAÚDE GOIÂNIASetembro de 2011 7

Por Erneilton Lacerda

Equipe multidisciplinar colhe como resultado a redução da mortalidade infantil

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 20118

conheça o seu poder na Saúde!cONTrOLE SOcIAL

População desconhece, mas, com os Conselhos, pode propor novos rumos ao SUS

Apesar de ter sido criado há mais de 20 anos, com base em artigos da Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde ain-da é um serviço cujo funcionamento é desconhecido por seus

usuários. Em geral, a população não está bem informada quanto aos seus direitos e deveres em relação às políticas públicas de saúde. Prova disso é a falta de participação da sociedade nos Conselhos de Saúde. “O usuário tem muita difi culdade de participação. Ele não conhece o conselho, não sabe qual é o papel dele”, afi rma a assistente social do Distrito Sudoeste, Lucineide Ferreira de Sá.

Por Serena Veloso

A partir da lei n° 8142/90, que diz respeito à participação da comunidade na gestão do SUS, estabeleceu-se a criação dos Conselhos de Saúde, órgãos cole-giados, deliberativos e de caráter permanente. Essas instâncias têm como função a formulação de es-tratégias e controle na execução das políticas públicas de saúde, in-clusive nos aspectos econômicos e fi nanceiros. Sendo assim, a consti-tuição deixa a cargo da própria so-ciedade, através do controle social, garantir que o sistema de saúde funcione com qualidade.

A legislação regula a criação de conselhos em âmbito municipal, estadual e federal. Além dessas es-feras, têm-se ainda as organizações em âmbito regional, local e distrital. De acordo com o regimento, cada conselho deverá ser constituído por membros da sociedade organiza-da, sendo as vagas distribuídas da seguinte forma: 50% de usuários, 25% de trabalhadores da saúde e

Em Goiânia, as instâncias atu-antes na política de saúde são o Conselho Municipal e os Conselhos Locais de saúde. O primeiro foi cria-do a partir da lei municipal nº 8.088, enquanto o segundo pela lei mu-nicipal nº 18. Os Conselhos Locais estão focados no controle das ações e serviços das Unidades de Saúde da cidade. Segundo a lei, em cada unidade deve ser estruturado um conselho local.

O Cais Novo Horizonte, por exemplo, possui um conselho de saúde desde 2003. Ele atua junto à diretoria na melhoria da qualidade do serviço. Dentre os trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelo ór-gão, estão: disciplina na coleta de lixo hospitalar; solicitação de revi-talização das faixas de pedestres próximas e de mudanças na rua de acesso à unidade, para facilitar a entrada de ambulâncias; e mobiliza-ção no combate à dengue. E, ainda, pedidos de apoio à Guarda Munici-pal e Polícia Militar para a seguran-

ça da região e à Comurg, além de solicitação de exames de alto custo para os usuários da unidade.

Além disso, outra atividade im-portante desenvolvida pelos conse-lheiros é a de orientação e conscien-tização da população quanto ao uso do serviço de saúde. Segundo o presidente do Conselho Local do bairro, Darci Resende, o conselho não apenas busca trazer melho-rias para a unidade, mas também reafi rma a credibilidade do SUS junto à população. “O que a gente pode fazer é que os usuários sejam esclarecidos para que eles possam ter confi ança no sistema”, declara o presidente do conselho.

Apesar dos esforços, ainda exis-tem muitos problemas na unidade a serem resolvidos, mas é através da parceria entre conselho e ges-tão da unidade que se consegue criar meios para solucioná-los. “O conselho tem que estar atuante na unidade para ajudar a direção a ver, a perceber os problemas e nos aju-

dar”, ressalta a diretora do Distrito Sudoeste, Adriana Fernandes.

Falta de informaçãoCom o desconhecimento da

população quanto ao poder que possui para mudar a situação da po-lítica de saúde, fi ca difi cultada a atu-ação para a melhoria do SUS. Para a assistente social Lucineide Ferreira, a falta de confi ança no SUS está liga-da à falta de conhecimento sobre o serviço. “Por não ter informação, ou por equívoco, o usuário fi ca com a imagem de que o serviço não é bom e nada funciona”, diz.

O conselheiro Darci Resende acredita que essa desinformação sobre a saúde pública refl ete tam-bém nos cuidados que os usuários têm com a saúde. Para ele, a infor-mação é uma ferramenta necessá-ria tanto na prevenção de doenças quanto na utilização do serviço pú-blico. “Um público mais informado se previne melhor e utiliza melhor o SUS”, afi rma.

conselho de Saúde é composto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores e 25%

de prestadores de serviço

Uma das atividades importantes dos conselhos de saúde é a orientação acerca do funcionamento do Sistema Único de Saúde

Atuação para solucionar problemas

gestores e 25% de prestadores de serviço, como laboratórios, clínicas e hospitais.

Os conselheiros são encarre-gados de verifi car a demanda da população e, assim, avaliar, discutir, propor e fi scalizar tudo aquilo que diz respeito ao SUS. “O conselho é deliberativo porque ele se auto-or-ganiza. Ele determina o que é pauta para discussão e o que é prioridade dentro das unidades de saúde”, ex-plica a assistente social Lucineide Ferreira de Sá.

Tudo aquilo que é pautado den-tro dos conselhos é encaminhado para as conferências de saúde (mu-nicipal, estadual e federal) nas quais a população vai avaliar a situação dos serviços de saúde e propor di-retrizes para a construção das polí-ticas públicas. Essas reuniões ocor-rem de quatro em quatro anos e também são organizadas de forma que os usuários tenham representa-ção paritária (de igual porcentagem) aos outros segmentos.

Para a escolha dos membros dos conselhos é realizada uma eleição na qual cada segmento da socie-dade vota para sua representação. Dessa forma, os usuários, por exem-plo, só poderão votar em usuários para preencher vagas nos órgãos. Qualquer pessoa que seja usuário, gestor ou prestador de serviço pode se candidatar a membro. Após a eleição, os próprios conselheiros vão defi nir a função de cada um.

Somente no ano passado foram registrados 840 casos na capital

SAÚDE GOIÂNIASetembro de 2011 9

Por Serena Veloso

A Vigilância Sanitária de Goiânia se reuniu, em agosto, com os direto-res dos sete distritos sanitários do município para a distribuição de banners com o fluxo de atendimento aos profissionais da saúde que

se acidentam com materiais biológicos. A ideia é que esses banners sejam colocados em lugares estratégicos nas unidades de saúde para que os traba-lhadores saibam dos procedimentos a serem tomados nesse caso.

campanha alerta para acidentescom materiais biológicos

Pesquisa investiga causas de acidentes e violências em Goiânia

PrEVENÇÃO

O material de divulgação foi criado com base em uma pesquisa realizada desde 2007, pelo Centro de Referência de Saúde do Traba-lhador (Cerest), com a verba da Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de Goiás (Fapeg), que fez um levantamento do número de casos de acidentes com materiais biológi-cos em Goiânia. Segundo a diretora do Cerest, Hebe Macedo, só no ano passado foram registradas 840 ocor-rências desse tipo. “Esse dado signifi-ca que devemos ter cuidado e traba-lhar muito com a prevenção a partir de agora”, afirma Hebe Macedo.

O acidente com material bioló-gico ocorre quando um profissional da saúde, ao exercer suas atividades, se perfura ou se corta com objetos perfuro-cortantes podendo assim adquirir microorganismos como a

hepatite B e C e o vírus do HIV. Por isso, é importante que o trabalhador lesionado se dirija imediamente à unidade de referência mais próxima para receber atendimento, no intui-to evitar qualquer contaminação. “É considerado um atendimento de emergência porque quanto mais precoce o atendimento, melhor a prevenção”, explica a enfermeira da comissão de controle de infecção do HDT, Lillian Kelly de Oliveira Lopes. Goiânia possui quatro pontos para a realização desse procedimento: os Cais Cândida de Moraes, Jardim Novo Mundo e Novo Horizonte e a Maternidade Nascer Cidadão.

As unidades recebem profissio-nais acidentados das redes pública, privada e filantrópica. Para o fun-cionamento do serviço nessas uni-dades, prevenindo os profissionais

quanto aos acidentes com materiais biológicos e orientando-os sobre o atendimento aos acidentados, a Rede de Risco Biológico ofereceu capacitação aos trabalhadores. “Nós, da rede de risco biológico, entramos com a finalidade de au-mentar os esforços para dar mais assistência ao trabalhador”, reforça a Chefe da Divisão de Controle e Pre-venção de Infecções no Serviço de Saúde da Vigilância Sanitária, Zillah Cândida Pereira das Neves.

A Faculdade de Enfermagem da

UFG também vem desenvolvendo ações de educação nesse sentido com os profissionais do SUS. O profissional acidentado com mate-rial biológico deve, primeiramente, lavar o local lesionado com água e sabão para diminuir a carga de microorganismos ali presentes. Se possível, não se esquecer de pegar uma amostra de sangue do pa-ciente com o qual o profissional se acidentou, para a realização de exames que diagnosticarão possí-veis doenças. Depois, ele deve se di-

rigir imediatamente para a unidade de referência mais próxima, onde será atendido em pelo menos duas horas. Lá, ele será recebido por uma equipe capacitada que fará o curativo e passará medicações, se necessário. O trabalhador receberá, durante seis meses, acompanha-mento pelo Centro de Referên-cia de Diagnóstico e Tratamento (CRDT), com um infectologista.

Vítimas de acidentes domés-ticos, de trânsito, de trabalho, vio-lência sexual ou de qualquer outra espécie são atendidas todos os dias nas emergências de hospitais públicos dos municípios. Aconte-cimentos como esses tornaram-se comuns e refletem a necessidade de desenvolver ações para preven-ção e promoção da saúde e cultu-ra da paz, no intuito de evitar tais ocorrências.

Para isso, Ministério da Saúde implantou, em 2006, o Sistema de Vigilância de Violências e Aciden-tes (VIVA), que tem como objetivo rastrear informações relacionadas

a causas de acidentes que deman-dam os serviços de emergência e urgência dos hospitais. A pesquisa, realizada todo ano, vai ser aplicada nas capitais de todo o país entre os dias 1º e 30 de setembro. Em Goiâ-nia, a mesma será coordenada pelo Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde e pelo Departamento de Saúde Coletiva do Instituto de Patologia Tropical e Saú-de Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde.

As equipes de entrevistadores vão coletar dados de aproximada-mente dois mil usuários do SUS,

atendidos nesse período nas seguin-tes unidades: Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Ciams Novo Horizonte e Cais Jardim Curitiba. De acordo com a diretoria do Departa-mento de Epidemiologia e coorde-nadora da ação no município, Ju-liana Brasiel, as três unidades foram escolhidas devido à localização e ao número frequente de atendimentos relacionados a casos dessa natureza.

O paciente entrevistado res-ponderá a um questionário com informações relacionadas ao per-fil epidemiológico das vítimas de acidentes e violência, atendidas na urgência e emergência das unida-

des, com dados detalhados como: o tipo de ocorrência sofrida, a na-tureza das lesões e a evolução do atendimento. A ficha possui ainda questões para identificar o perfil do agressor e o fator de risco para tais causas. Os dados levantados serão divulgados sem que sejam identificados os participantes do estudo. Segundo Juliana Brasiel, o novo cenário de mortalidade dos brasileiros mostra a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre o perfil de violências e acidentes no país. “Antigamente, as maiores cau-sas de morte na população eram de doenças infecciosas e parasitárias.

Hoje em dia, a violência é a primeira causa de morte entre a população jovem”, afirma Juliana.

Além do VIVA, outros dois ban-cos de dados foram desenvolvidos pelo Ministério da Saúde para mo-nitorar as causas de acidentes e vio-lências no Brasil: o Sistema de Infor-mações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações Hospitala-res do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Eles desenvolvem suas pesqui-sas baseadas apenas em registros de casos mais graves de acidentes que resultaram em internação ou óbito da vítima. A criação do VIVA possi-bilitou aprofundar os estudos.

Banners serão distribuídos em locais estratégicos nas unidades de saúde

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 201110

Plano visa reduzir mortalidadeprematura por doenças crônicas

residência médica terá bônus

Planos de saúde vão ressarcir SUS

SAÚDE NA SOcIEDADE

Meta é reduzir em 2% as mortes causadas por câncer e diabetes

O Ministério da Saúde lançou, em agosto, o Plano de Ações para Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). Construído em parceria com diferentes setores do

governo e da sociedade civil, o plano prevê um conjunto de medidas para reduzir em 2% ao ano a taxa de mortalidade prematura por enfer-midades como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares como infar-to e acidente vascular cerebral (AVC).

O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, lançou, no início deste mês, mais uma ação estratégica para atrair médicos para atuarem em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em municípios onde há carência desses profi ssionais. O Programa de Valorização dos Pro-fi ssionais na Atenção Básica vai conceder até 20% de pontuação adicional na nota fi nal das provas de residência aos egressos do cur-so de Medicina que optarem por atuar nos municípios de extrema pobreza e em periferias das gran-des metrópoles. A bonifi cação já poderá ser utilizada nos exames que serão realizados em novem-bro de 2012. Serão abertas duas mil vagas, que poderão ser preen-chidas a partir de fevereiro próxi-mo. (Fonte: Agência Saúde)

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai cobrar dos planos de saúde o ressarcimento de atendimentos ambulatoriais de alta complexidade feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estão incluí-dos quimioterapia e procedimentos relativos à saúde mental. Até agora, o SUS cobrava apenas pelas interna-ções de clientes de planos de saúde. Outra medida anunciada estabelece que a ANS vai repassar ao Fundo Na-cional de Saúde (FNS) todo o valor recolhido por esses ressarcimentos.

“Por muitos anos, o dinheiro era arrecadado, mas a ANS não repas-sava esse recurso ao SUS para usar em melhorias no atendimento à população”. A obrigatoriedade de atendimento para os novos proce-dimentos vale a partir de 1º de ja-neiro de 2012 e o rol de serviços be-nefi cia usuários de planos de saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999. (Fonte: Agência Brasil)

Mortalidade de fi lhos de adolescentes fi ca estagnada

Evento debate comportamento suicida

“A colaboração de todos os setores sociais é essencial para o enfrentamento dessas doen-ças: indústria, escola e, princi-palmente, o papel das famílias é primordial, pois estamos falando de hábitos de vida — alimenta-ção saudável e exercícios físicos”, destacou o ministro da Saúde,

Alexandre Padilha.A taxa de mortalidade pre-

matura – até os 70 anos - por este tipo de doença é de 255 a cada grupo de 100 mil habitan-tes. Com a proposta, espera-se chegar à taxa de 196 por 100 mil habitantes em 2022. O Plano, que reúne ações para os próximos dez

anos, é a resposta brasileira a uma preocupação mundial: estima-se que 63% das mortes no mundo, em 2008, tenham ocorrido por DCNT, um terço delas em pessoas

com menos de 60 anos de idade. Segundo estimativa da Opas, as DCNT provocam impacto anual de 1% no PIB do Brasil e de 2% no PIB da América Latina.

A mortalidade infantil e ma-terna vem caindo no Brasil mas, quando se considera apenas o universo de mães adolescentes, a taxa fi cou estável durante 13 anos. A constatação está no Es-tudo sobre as Políticas Públicas de Proteção à Saúde Infantil e Ma-terna no Brasil: um Olhar Especial

para os Filhos de Mães Adolescen-tes, elaborado pela organização não governamental (ONG) Visão Mundial, a partir de dados secun-dários de pesquisas de institutos e universidades públicas.

O levantamento mostra que as mortes de adolescentes gestan-tes, com menos de 19 anos (236

casos), aconteceram por compli-cações na gravidez, no parto, ou no pós-parto. No caso das mortes de crianças, os dados revelam que, dos 42.684 meninos e meninas com menos de 1 ano que morre-ram em 2009, 7.917 eram fi lhos de adolescentes com menos de 19 anos, ou seja, 20% dos casos — a

mesma taxa de 13 anos atrás.A coordenadora da ONG,

Neilza Costa, afi rma que “tanto na mortalidade materna quanto na infantil, 60% das mortes seriam evitáveis se houvesse política ou ação mais específi ca de pré-natal contextualizado para grupo ado-lescente”. (Fonte: Agência Brasil)

“Comportamento suicida: não há respostas simples a um problema tão complexo”. Este é o tema da pa-lestra que será proferida, no dia 6 de outubro, pelo professor e psiquiatra Humberto Correa, da UFMG, no an-fi teatro da Faculdade de Medicina da UFG, em Goiânia. O evento mar-ca a programação pelo Dia Mundial

sobre o Suicídio, 10 de setembro.Segundo a professora Célia

Ferreira, do Programa de Estudos e Prevenção ao Suicídio e Atendi-mento a Pacientes com Tentativa de Suicídio (PATS) da UFG, alguns fatores podem estar associados com menor risco de comporta-mento suicida, sendo chamados de

fatores de proteção. Esses fatores podem diminuir o risco potencial de suicídio, como a presença de crianças em casa, senso de respon-sabilidade para a família, gravidez, religiosidade, habilidade de enfren-tamento de difi culdades e suporte social. O risco de suicídio aumenta proporcionalmente a quanto mais

fatores de risco estiverem presentes.Neste contexto, ela afi rma que

fi ca patente a necessidade de se implementar ações de prevenção, além da necessidade de melhorar a assistência clínica às pessoas que apresentam ideias de suicídio ou tentativa de suicídio em sua história pessoal. Fonte: (Imprensa FM/UFG)

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Teleconsulta 0800-646-1560 Ouvidoria 0800 646-1510

MOrTES cAUSADAS POr DcNTcAUSA ÓBITOS (N) %DOENÇAS crÔNIcAS NÃO TrANSMISSÍVEIS 742.779 72,4- cArDIOVAScULArES 319.066 31,3- NEOPLASIAS 168.562 16,2- DOENÇAS rESPIrATÓrIAS 59.721 5,8- DIABETES MELLITUS 51.828 5,2- OUTrAS DOENÇAS crÔNIcAS 143.602 14,1

Número absoluto (N) e proporção* (%) de óbitos segundo causas básicas. Brasil, 2009Fonte: Ministério da Saúde

Mesa de negociações permanentes do SUS de Goiânia será reaberta

cONqUISTA

Salários subiram até 46% em apenas um ano

Foi realizada, no dia 8 deste mês, a primeira reunião para a reabertura da mesa de nego-ciações permanentes do Siste-ma Único de Saúde (SUS) do município de Goiânia. A mesa é um espaço para discussões, propostas e construção de consensos sobre as condições de trabalho dos servidores do SUS. O momento teve a par-ticipação de representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Conselho Municipal de Saúde e seis sindicatos da área.

O secretário Elias Rassi considera que a mesa ofere-ce possibilidades de grandes avanços e deve ser construída progressivamente. “Não pode é se tornar um lugar reivindi-catório”, afi rmou. Para o di-retor do Fundo Municipal de Saúde, Neuzinho Ferreira, “ela representa a democratização das relações de trabalho”.

A diretora de Gestão Parti-cipativa da SMS, Olívia Vieira, detalha que a mesa de nego-ciações permanentes do muni-cípio foi desativada há cerca de seis anos e sua retomada é fun-damental para a melhoria do SUS. O primeiro passo dessa retomada será realizado no dia 15 deste mês, quando aconte-ce um seminário que vai discu-tir experiências bem sucedidas na área, protocolos e agenda.

As entidades que partici-param da reunião foram os sindicatos dos médicos, dos odontólogos, dos nutricionis-tas, dos enfermeiros, dos tra-balhadores federais em Saú-de e Previdência (Sintfesp) e dos trabalhadores do SUS em Goiás (Sindsaúde), além de re-presentantes da categoria de assistentes sociais.

Foram contemplados com o benefício

técnicos em saúde, especialistas em saúde e médicos

SAÚDE GOIÂNIASetembro de 2011 11

Prefeitura antecipa reajuste da Saúde e propõe alterações na estrutura da SMS

No total, os servidores do qua-dro permanente da Função Saúde da SMS receberam um aumento acumulado no vencimento-base, que varia entre 35,06% e 46,46%. Além desses percentuais, dentro da Lei 9.047, de julho deste ano, os servidores da SMS ainda receberam 3,25%, retroativos a maio, e vão re-ceber mais 3,15%, em outubro.

Projeto Em outra iniciativa, o prefeito

Paulo Garcia enviou, no último dia 31, à Câmara Municipal de Goiânia, para apreciação em regime de ur-gência, projeto de lei que introduz alterações na estrutura da SMS. O secretário municipal de Saúde, Elias Rassi Neto, observa que a propos-ta corrige disfunções referentes a alguns cargos e, também, as gratifi -cações acertadas ao longo do ano. Dentre as mudanças, estão:

O Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência (Samu) passa a in-tegrar a estrutura organizacional da Diretoria de Regulação, Avaliação e Controle da SMS. Segundo o proje-

to, a propositura refere-se à compa-tibilização e adequação do Samu ao órgão central do sistema de regula-ção e controle dos serviços de saú-de, no âmbito do Município.

Profi ssionais do serviço de ur-gência vão ter reajuste em suas gratifi cações. Incluem-se os cargos de enfermeiro, técnico em enfer-magem (motolância), técnico em enfermagem e motorista de ambu-lância, todos vinculados ao Samu. O técnico em radiologia que atu-almente não tem gratifi cação, pas-sará a ter. A justifi cativa é que essa correção de valores “visa atender a uma reivindicação antiga da cate-goria, considerando que o serviço de urgência envolve especifi cidades no cuidado com os pacientes e ris-cos inerentes à saúde, por estarem em constante contato com doen-ças, e a fatores de risco biológico, além do desgaste físico e mental”.

Será criado o cargo de Coor-denador Técnico-Médico, com 19 vagas para atuação exclusiva junto às unidades de Saúde, com funcio-

namento de 24 horas, e ao Ciams do Setor Pedro Ludovico. A medida atende à reivindicação da categoria médica da rede municipal e de suas entidades representativas e tam-bém visa atender a dispositivos do art. 15, da Lei Federal nº 3.999, de 15 de dezembro de 1961, que afi rma: “os cargos ou funções de chefi as de serviços médicos, somente poderão ser exercidos por médicos, devida-mente habilitados na forma da lei”.

Serão criadas duas novas instân-cias: a Central de Abastecimento Farmacêutico, que substituirá o antigo almoxarifado e vai integrar a Diretoria Administrativa da SMS, e a Diretoria da Farmácia de Insu-mos Básicos e Medicamentos, que será vinculada ao Departamento de Assistência Farmacêutica. Con-forme o projeto, a proposta visa “à adequação da estrutura existente na SMS, no sentido de oferecer melhor atendimento e controle da distribuição de medicamentos, considerando o grande volume de insumos e produtos farmacêuticos disponibilizados pela Secretaria”.

Por Paulo José

A Prefeitura de Goiânia concedeu, em julho, e já pagou aos funcionários da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) as últimas parcelas do reajuste sa-larial previsto no Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da SMS, que foi aprovado em junho de 2010. Uma das parcelas, de 10%, estava prevista para ser aplicada somente em janeiro do ano que vem. Foram contemplados técnicos em saúde, especialistas em saúde e médicos. Quem trabalha

no cargo de auxiliar de saúde já tinha recebido o reajuste integral em maio do ano passado.

SAÚDE GOIÂNIA Setembro de 201112

Pés diabéticos recebem atençãoATENDIMENTO

Com uma equipe específica e bem treinada, programa de tratamento de feridas complexas contribui para a qualidade de vida dos pacientes

O Ciams Novo Horizonte e o Cais Novo Mundo são as duas unida-des de saúde de Goiânia participantes do Centro de Referência em Atendimento e Tratamento de Feridas Complexas (CRATFeC),

um programa de tratamento de lesões nos pés e na perna. Os pacientes atendidos pelo CRATFeC possuem diversas doenças, dentre elas a diabetes.

Uma das consequências da diabetes é a dificuldade de cicatrização de feridas. Somada à diminuição da sensibilidade, o resultado são feridas simples que se complicam e levam um tempo longo para serem curadas. Ainda assim, entre os pacientes atendidos pelo CRATFeC, os diabéticos são os que apresentam maiores resultados de cura.

Para fazer o curativo das feridas complexas, são necessários diversos cuidados. O paciente deve saber utilizar bem os medicamentos e ter a higiene muito específica no local. Portanto, os médicos e enfermeiros orientam que o cuidado não seja feito em casa. Se a lesão for conta-minada durante a troca de curativo, uma infecção pode ser contraída, o que comprometeria o tratamento.

Tendo em vista a cautela ne-cessária, a Secretaria Municipal de Saúde oferece cursos de treinamen-to para os técnicos e enfermeiros escalados para o programa. Repre-sentantes das firmas dos medica-mentos adquiridos pelas unidades também contribuem, mantendo diálogo e orientações aos profis-sionais sobre o uso adequado dos produtos.

Para a equipe do Tratamento de Feridas Complexas são escalados, necessariamente, um médico angio-logista (ou vascular), um enfermeiro e um técnico em enfermagem. To-dos estes profissionais têm dedica-ção exclusiva e as consultas médicas acontecem duas vezes por semana.

Além da troca constante de curativos, o CEATFeC também realiza pequenas amputações, na

maioria das vezes em pacientes diabéticos devido à redução da sen-sibilidade. As amputações são de pequeno porte e, para a anestesia, é utilizada apenas a xilocaína (ou lido-caína), que alivia a dor local. Quan-do o caso exige uma amputação de grande porte, é feito o encaminha-mento para uma unidade de saúde preparada para o procedimento.

As consultas médicas são res-ponsáveis pelo acompanhamento do estado do paciente, e caso seja notada a necessidade de outro tra-tamento ou complicação no estado de saúde, o angiologista faz o enca-minhamento para o médico espe-cífico. Durante as constantes trocas de curativo, o enfermeiro e o técnico de enfermagem mantêm o diálogo com o paciente, fazem orientações e observam se o tratamento da doen-ça tem sido seguido corretamente.

O acompanhamento e o diá-logo entre equipe e paciente são muito importantes, mas além disso é feita uma atualização do histórico da doença apresentada. Com isso, é possível ter um acom-panhamento minucioso que per-mite avaliar a evolução de cada caso, particularmente.

O Ciams Novo Horizonte tam-

Por Bárbara Zaiden

Salomão Nascimento no Ciams Novo Horizonte, onde faz curativo há três anos.

bém oferece serviços de curati-vos para lesões simples. Quando os pacientes apresentam evolu-ção no caso e as necessidades se transformam, pode haver a trans-ferência de equipe.

calçados especiaisDevido a este tipo de tratamen-

to feito pela equipe, o programa não permite que os pacientes sejam atendidos por demanda espontâ-nea. É necessário que haja um en-caminhamento de médicos de uma unidade de saúde do SUS ou da Es-tratégia Saúde da Família. Quando pacientes procuram o tratamento sem encaminhamento, é feita uma análise do seu estado e, se for neces-sário algum tratamento direciona-do, o angiologista faz encaminha-

mento a outro médico.Existem algumas empresas

que fabricam calçados especiais para pessoas com diabetes. É mui-to importante que o paciente dê atenção a isso porque ele pode se machucar e demorar muito a per-ceber. Por isso, a equipe também trabalha no sentido de conscien-tização sobre esse assunto. Até mesmo o tipo de meia utilizada pelo diabético deve ser específica.

Contudo, a maioria dos pa-cientes não tem condições finan-ceiras para adquirir os sapatos. A solução para estas pessoas está em programas do SUS, como a Vila São Cottolengo e o Crer. O município de Goiânia é atendido pelo Centro de Referência, enquanto a Vila se responsabiliza por outras cidades.

Os sapatos produzidos para pés diabéticos têm importância fun-damental na vida destas pessoas, pois são capazes de prevenir o sur-gimento de lesões, bem como am-putações. “Todo paciente diabético tem direito ao calçado especial com uma costura específica que não en-coste nos pés e não contribua com o aparecimento de feridas”, afirma Simone Reis, fisioterapeuta da equi-pe da São Cottolengo.

Em ambas as instituições é pre-ciso que o paciente apresente enca-minhamento de unidades de saú-de. Pelo Crer, o primeiro passo para conseguir um sapato ortopédico é a avaliação do médico especialista. O pedido do sapato ortopédico fei-to pelo médico deve ser levado ao Samu e, depois de receber a autori-zação, o paciente receberá o calça-do em cerca de vinte dias.

Existem sapatos pré-fabricados que atendem às especificações de altura e largura necessárias para os pés diabéticos, mas em alguns casos é preciso que o sapato seja feito sob molde, pois o paciente pode apresentar calosidades e ou pequenas lesões.

Aline Santana de Sá, enfermeira do CRATFeC do Ciams Novo Ho-rizonte, aponta a importância do programa. Antes, os pacientes não tinham tratamento específico e os profissionais não eram treinados para realizar os curativos a tempo de prevenir uma piora da lesão.

Essa realidade contribuía com o grande número de amputações, que significava um gasto maior para a rede de saúde e uma mudan-ça drástica para os pacientes. “O programa é muito importante por-que agora os pacientes apresentam melhora e são acompanhados de perto até receber alta, pois alguns tratamentos são muito longos”, afirma Aline.

Salomão Nascimento faz o curativo nas feridas complexas devido à diabetes há cerca de três anos. Até ser encaminhado para o Ciams Novo Horizonte, ele procu-rava atendimento em diversas uni-dades. A satisfação foi alcançada somente depois que conheceu o programa. Segundo ele, a melhor parte do tratamento é a atenção e a preocupação que a equipe de-monstra por todo o tratamento da doença, o que não acontecia.

Equipe especializada