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III ANN O DOMINGO, 1 DS FJSV-EREIRO DE 1903
m
N.° S i
S E M A N A R I O N O T I C I O S O , L I T T E R A R I O E A G R Í C O L A
A ssiguatiiraAnno, iSooo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. v2 para o Brazil. anno, 2$5oo réis Imoeda for:e).Avulso, no dia da publicação, 20 réis. ^
EDITOR— José Augitsto Saloio
T f i i CAO E H O l i l A P I l I A I%ziíir;SIJ
19, i.° — RUA DIREITA — 19, i.°A D E G A I, I , I<20 ,v
Fiilíllcaçõcs• C.
A nnuncios— i.» publicação. 40 réis a knna. nas seguintes,' £) 20 réis. Annuncios na 4-a pagina, contracto esp ciai. Os auto-. r r r r n
*19 3U
graphos não se restituem quer sej;im ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
EXPEDIENTE.%cceiíiSEB!-sc cona grati
dão quaesquer noticias <j«c sejam i!<‘ inicresse psiltEico.
EftOES
granuiosas
Teem enchido de sangue e de lagrimas as paginas da Historia.. . e chamam- lhes Heroes!
Teem feito com que milhares de homens se matem uns aos outros no campo da batalha, nessa vergonhosa carniíicina a que dão o nome de guerra. e coroam-nos de iouros, e fazem-lhesa.otheoses!
Vão perguntar ás mães que perderam os liihos na guerra, ás m u lh e re s q ue ficaram sem os esposos nessa medonha, heeatombe de carne humana, vão perguntar-lhes o que são esses heroes, esses conquistadores, e ellas chamar-lhes- hão muito simplesmente: «Assassinos!»
Heroes são os que se sacrificam por uma causa nobre e justa, os devotados apostolos da sciencia, os que, como o nosso Camara Pestana e tantos outros, morrem no seu posto, salvando os seus irmãos enfermos á custa da própria vida; heroes são os que illuminam o mundo com a luz dos grandes descobrimentos, heroes são os que se arrojam, resolutos, ao fogo ou á agua, para roubarem as victi- mas áquelles elementos inclementes. A esses é que devem offertar-se corôas e lauréis; esses é que devem dignificar-se, com as maiores honras e louvores. Os outros, os que fazem orphãos e viuvas, os que semeiam o luto e o sangue, não teem jus á nossa consideração! E’ sempre vergonhoso o semblante de Caim!
JO AQ UIM DOS ANJOS.
Aos nossos assignantesPedimos aos nossos esti
mareis assignantes a quem
enviamos o j i o s s o jornal pelo correio, e que se acham em divida, a finesa de nos mandarem satisfazer a im- porlancia da sua asssighd- tura afim de não sojfrerem interrupção na remessa de •‘0 Domingo,j.
A G R I C U L T U R Â\ 1 gíausas conslties*acees
sobre a plaig-taçãíí «Isarvores.
Não é indifferente a escolha da época para a plantação quer de essencias florestaes, quer de arvores de fructo. Ha entre nós um velho ditado que diz que em outubro pega tudo; isto, porém, só é absolutamente verdadeiro para as plantações a fazer em terrenos com todos os requisitos precisos para o bom desenvolvimento dos vegetaes que nelle forem collo- cados.
A qualidade do terreno, o seu grau de humidade, a sua localisação, a temperatura, a qualidade das arvores a plantar influem muito na época que se deve escolher para fazer as plantações.
Em geral podem dividir- se as arvores e arbustos em duas grandes ordens: as arvores de folha caduca e as arvores de folha persistente.
Claro é que as primeiras podem ser plantadas durante todo o periodo em que estão privadas de folhas, isto é, desde o fim de outubro até março. Nesta occasião a vida vegetal nelles é muito pequena, evapora muito pouca agua, e portanto pouco soffrem com o arranque do solo e a exposição das raizes ao ar livre.
As segundas não se podem plantar na força do inverno, por isso que então soffreriam muito em virtude do frio não lhes permittir a emissão de novas raizes. Carecem por isso de só ser mudadas antes do inverno, em setembro ou na primavera, em março, que é quando a vegetação das arvores de
folha persistente, sobretudo das coniferas, enfraquece um pouco.
Carecem tambem de ser arrancadas com o cuidado mais meticuloso, com um grande terrão, de modo que as raizes soffram o menos possivel. Tambem é indispensável que a parte: aérea não seja podada nem receba córtes de qualidade alguma.
Convém muito orientar todas as arvores na occasião de serem arrancadas, isto é, marcar o lado que está voltado para o sul, aíim de, ao plantal-as, as collocar na mesma direcção. Isto é muito util, por- isso que o lado voltado para o norte é mais resistente que o voltado para o sul, e se, ao plantal-as, houvesse troca, o vegetal soíTreria com isso, e, ao abalo do arranque e da plantação, juntaria o do desequilíbrio da circulação motivado por uma diffe- rente orientação.
Sob o ponto de vista da plantação o solo pode ser considerado pesado, compacto, húmido e f r io ou leve, permeável e sécco.
Nos terrenos da primeira cathegoria é indispensável plantar só no fim do inverno, por isso que a humidade conjugada com o frio apodreceria as raizes das arvores matando-as irremediavelmente.
Nos terrenos da segunda cathegoria dão melhor resultado as plantações, cedo no outono, pois na primavera estão mais sujeitas aos inconvenientes da secca visto, quando o calor começa a actuar no solo, as arvores não tem tido tempo ainda de emit- tir novas raizes, o que não acontece com a plantação outonal.
A temperatura tambem deve entrar em linha de conta por isso que na região onde os frios forem intensos e demorados convém mais a plantação na primavera, e muito em especial quando os terrenos são húmidos.
ED U A R D O S E Q U E IR A .
(Da Gazeta das Aldeias).
ATHENEU COMMERCIAL DO PORTOGerencia de 19)2 a 19 >3
Renovação do theatroportuguez
Reconhece-se em toda a Europa e em todas as Lit- teraturas modernas, que o Theatro está atrazado e esgotado nos seu.; recursos; mas ninguém ainda presentiu o modo dessa renovação reclamada. As fórmas lyricas e narrativas tem-se transformado pelo impulso de genios creado- res: as fórmas dramaticas ̂pelo contrario tem degenerado ao ponto de fazer- se da scena uma exhibição de pathologia social.
Para a renovação do Theatro é necessário deduzir do seu percurso a linha para onde elle se ha de dirigir: a mais alta expressão dramatica foi at- tingida por Moliére, mas não se elevou fora do espirito negativo. A phase nova do Theatro visará ao intuito constructivo, tendo de nos apresentar os altos caracteres como typos de imitação.
Nesta ordem de idéas, o Atheneu Commercial do Porto querendo prestar um alto serviço á Litteratura portugueza institue um premio unico de réis 100 >000 ao escriptor que apresente um acto dando expressão artistica a qualquer destas simples theses:
«Conformar os nossos actos com os nossos princípios».
«Harmonisar os nossos sentimentos com os nossos pensamentos».
«Egualar as nossas aspirações com o nosso poder da nossa vontade».
A peça deverá ser inédita, dactualidade sem imitações de Theatro extran- geiro, buscando exclusivamente nos nossos costumes exemplos nobres a seguir.
Não serão admittidas as obras que explorem a facilidade dos negativismos sociaes tanto em voga no theatro francez, nem os re- buscos de originalidade nos aleijões humanos.
Entrevêr o fim constru
ctivo será entrever a renovação do Theatro Portuguez.
Eis o nosso fim que, a realisar-se, erguerá para sempre o artista cuja forte organisação phylosophica saiba impòr a nova e unica orientação.>
ISases «io ConcursoJulgará do merito das
obras o Conselho de Arte Dramatica ou um Juay expressamente formado entre escriptores de comprovado talento.
As copias dos originaes (escriptos por copistas), deverão sei- dirigidas á Secretaria do Atheneu impreterivelmente até 3 i de Março do corrente anno, devidamente lacradas e com a rubrica exterior concurso fijdterario- Nenhum ma- nuscripto poderá conter nome ou rubrica que indique o seu auetor sendo portanto anonymos e tão sujeitos a uma divisa : em enveloppe junto, egual- mente o nome do auetor e a mencionada divisa escripta e assignada por elle. Esses enveloppes serão conservados intactos, guardados no cofre da Sociedade até á decisão do Jury, sendo apenas aberto o enveloppe cuja legenda corresponda á da peça premiada.
Todas as outras ficarão á disposição de seus aucto- res, guardando o Atheneu absoluto segredo sobre a propriedade delias como provará entregando, sob reclamação dos interessados, os respectivos originaes e os enveloppes perfeitamente intactos.
A peça escolhida será' representada no Salão Nobre por amadores distin- ctissimos com cuja aequies- cencia desde já se conta, ficando pertencendo o ma- nuscripto á bibliodveca do Atheneu sem que por esse motivo 0 auetor deixe de reservar para si todos os direitos de publicação e representação que de direito lhe pertencem.
O Atheneu no intuito de evitar qualquer falta involuntária conyida pela
2 O DOMINGO
imprensa todos os escri- ptores portuguezes.
José Machado Pinto Saraiva, presidente. — Antonio de Lemos, vice-presi- dente.— Francisco Gouveia Peixoto, i.° secretario.— José Teixeira Mendes de Aguiar, thesoureiro. — Albino Barbosa, Armando Branco, Emilio d’01iveira Martins, Henrique Cogor- no d'Oliveira, directores.— Raul Caldevilla, (relator).
‘ •iPassaiessíp©.,
Vimos de receber o n.° 5o do Passatempo, interessante revista illústrada, que os Armazéns Grandella editam.
Eis o summario deste numero:
Chronica. Alfredo Gal- lis — Os antigos castellos— Prosa velha com actualidade. Moralista, — Beijos e suspiros.— Hespanholada portugueza. — A lenda da Ferraria. Fag. — Pensamentos.— O cavallèiro e o peão. — O Bolôr. — Conversão duma ingleza velha e seu enterro. — Ladainha a Nossa Senhora, a Bran ca, (versos). João Penha.— Curiosidades. — Villa da Praia da Victoria. — As disputas.— Vaidade. Fa,— 12 illustraçõss muito interessantes.
Tudo isto por 40 réis!!!No mesmo numero vem
annunciado o concurso photographico, com dois prémios, um á melhor pho- tographia de paysagem e outro á melhor photogra- phia de qualquer monumento nacional. Os ori- ginaes devem-se remòtter aos Armazéns Grandella. Todos serão publicados levando o nome do seu au - ctor.
laisÉraíCções
A Bibliotheca Popular de Legislação, com séde na Rua de S. Mamede, 111, (ao largo do Caldas), Lisboa, acaba de editar as «In-
strucções» para execução do «Regulamento dos Serviços de Inspecção e Fis- calisação dos Generos Alimentícios »,approvadas por decreto de 29 de novembro de 1902; seguidas do «Regulamento do Ensino de Pharmacia», sendo o seu custo, 200 réis.
A lc o íh e t c
Continua ainda o mesmo foco de infecção nas trazeiras da Egreja da Misericórdia, sem que até hoje se tenham dado as ne- cessarias providencias, continuando tudo no mesmo estado de perigo para a saude publica. Ora não estará aquelle sitio sujeito ás mesmas medidas policiaes e hygienicas que os outros?!
Ao ex.rao sr. administrador do concelho lembramos as immediatas providencias contra o abuso e desleixo dos habitantes de Alcochete. Estamos certos que se s. ex.a tivesse verdadeiro conhecimento do caso, decerto já teria providenciado.
— Tem passado séria- memte incommodado de saude nestes últimos dias o nosso amigo, sr. Antonio Luiz Nunes, acreditado negociante nesta villa. Fazemos voros pelas suas melhoras.
—-Já muitos accionistas entraram com as suas acções para a compra de dois vapores que hão de fazer as carreiras entre Alcochete e Lisboa. Brevemente será a inauguração dum dos barcos.
Foram hontem entregues na administração do concelho duas espingardas de um cano, que foram ap- prehendidas no dia 24 de dezembro do anno findo, por os seus portadores não andarem munidos da competente licença e se negarem ao pagamento da multa respectiva.
INVQCÂCAO
Doce visão etherea Dos pobres opprimidos,Que acalvias da miséria Os tétricos gemidos;
Origem bella, pura,Do que ha mais nobre e santo, Que em horas d ’amargura Enxugas triste pranto;
Tu, cuja vo\ immensa Propaga a sã verdade,O’ sacrosanta Imprensa,N une ia da Liberdade;
Tu, que és o nosso Deus,Mãe desvelada, amante,Acolhe os filhos teus No seio exuberante!
JO A Q U IM DOS ANJOS.
C A R I D A D E
E il-a ! A ardente Caridade Que sobre a infanda derrama Aquella próvida chamma Do mais desvelado amor!
0 seu sorriso celeste Dissipa os negros horrores; Surgem mais vivas as flores Ao seu olhar seduclor!
JO AQ U IM DOS ANJOS.
PENSAMENTOS
Os falsos promettimentos são mais irritantes que a recusa. Quem muito promette, pouca confiança inspira.— Horacio.
— O verdadeiro orphão não é aquelle que perdeu o pae, mas aquelle que o pae deixou sem educação.
— A maledicencia é o mais infame dos vicios.— Todos os bens da vida são nada sem a liberdade.
A N E C D O T A S
— Affianço-te, minha Laura, que le amo, que le adoro com delirio. E lu?
— Digo-fo ámanhã em carta, Augusto. Hoje não me sinto disposta a mentir.
Entre amigos:— F u i hontem procurado pela minha futura mulher
e pela minha futura sogra, que me intimaram a declarar terminantemente o que faria com respeito ao casamento.
— E 0 que fizeste?— Desatei... a fu g ir da noiva, depois de desatar á
bofetada á sogra.
Cauha
Vieram tomar posse e prestar juramento no dia 28 do mez findo, oasrs. José Martins, como regedor e Joaquim Maria Saltão, como regedor-substituto.
S<3S€>?-
Auativersarios
Completa amanhã mais um anniversario natalicio, a ex.ma sr.a D. Marianna Rita dos Santos, esposa do nosso amigo, sr. Domingos Simões dos Santos.
Os nossos parabéns.— No dia 5 do corrente,
completa mais um anniversario natalicio, o menino Accacio, filho do nosso amigo, sr. Edmundo José Rodrigues.
As nossas felicitações.— Tambem no dia 5 fez
18 primaveras a gentil menina Maria Adelina Ferreira, estremecida filha do nosso amigo, sr. Antonio Maria Ferreira, honrado negociante de Leiria.
Daqui lhe enviamos as nossas felicitações.
Vão ámanhã prestar juramento os cabos de policia para a manutenção da ordem publica, desta villa.
© SaMo 0 a jKistorhília
Fazia um calor abraza- dor.
Xavier, o grande sabio e que se julgava grandi philosopho, foi procuraro fresco a alguns kilome- tros de sua casa, á beira mar, á sombra de uma malta de tamarindos, que quasi banhavam seus pés nas ondas.
Xavier pensa em muitas coisas, tantas que dificilmente poderia desenredar a meada de seus pensamentos.
De repente descobre do alto do penhasco, destacando-se em perfil sobre 0 azul brilhante do céo, uma
FOLHETIM
Traducçúo de J. DOS ANJOS--- * ----
L ivro priuneiro11
— Esperemos até ámanhã. senhor puritano, disse ella. Verem os quanto tempo durará es.í! bella indignação. Im becil! oflèrecem-lhe um boccado digno de um rei. e recu sa-o !...
Nos dias que se seguiam, o Adriano náo encontrou a Magdalena. A sua vida estava muito otcuj ada pelo trabalho. Todas as manhãs, cedo, ia, ora sósinho. ora acompanhado por alguma das pessoas notareis de An
traigues, estudar no proprio local a moléstia dos bichos de seda. Com pletamente absorvido, durante o dia, pelos estudos, variava o emprego das noites. Ora as consagrava a pôr as suas notas em ordem, ora ia fazer uma visita ao Cura Rouvière. ora emfim, quando estava um pouco cançado da- quella existencia ao ar livre, tão nova para elle, e sentia a necessidade de se retemperar no que elle chamava a vi-
■da mundana, ia até Vais, onde n'a- quelle anno hávia muitos banhistas. Jantava na hospedaria, ficava algumas horas no casino e voltava, á meia noite, pela estrada pittoresca que d’aquel- la bon ta estação de aguas conduz a Antraigues.
Foi assim esquecendo a pouco e pouco até a recordação d’aquel!a creança adoiavel cujo sorriso saudára a sua chegada áquella terra. Havia ao
pé d'elle quem poderia lem brar-lh’o. Era a sr.a Telem aco. Mns, fossem quaes fossem os projectos que trazia no cerebro, a viuva do carpinteiro não fazia nenhuma allusão a isso. A estada do moço sabio em Antraigues parecia pois dever chegar até final sem incidentes novos; mas de repente o acaso fez nuscer um dos mais inesperados.
Um domingo, pelas cinco horas, a: ro\eitando um di;; bonito, o A driano estava em Vais. Em bora esta pequena estação thermal esteja longe de Paris, a fama das suas aguas já para lá attrahia muitos doentes. N‘a- quelle dia. no terraço do cas;no, de on.íe se abraça um im m enso horisonte de montanhas, os passeiantes reuniam-se em redor de uma orchestra composta de alguns músicos, que davam um concerto ao ar livre.
O Adriano misturou-se com a multidão. 0 sol, no accaso, acarinhava os declives dos montes, cobrindo-os de luz e inundando-os de vapores de purpura e ouro. Tão longe quanto a vista podia alcançar, o céo estava abrazado pelos seus últimos raios. E ra um chammejar immenso que subia do fundo dos valles até ao fundo do azul.
O Adriano admirava aquelle espectáculo, quando de repente lhe at- t’ ahi; m a attenção duas pessoas que, desde que residia alli, não tinha ainda v!sto. Uma era uma menina, outra um velho. A menina, alta e delgada, andava com elegancia. meneando brandamente a cabeça fina emmoldu- rada em cabellos pretos e sedosos. Devia ter vinte annos. Uma notável pureza de feições accusava-lhe a bei leza, realçada por todos os encantas
da mocidade e sobretudo por um ar de dis.tincção que lhe revelava a origem patricia.
O velho, a cujo braço ella se encostava, apresentava aos olhos do Adriano um rosto emmagrecido e a estatura alta e curvada mais pela doença que pela edade. No fundo dos olhos d’aquelle homem havia a expressão de uma tristeza amarga que nãò se amenisava senão quando os voltava para a filha, de quem seguia os menores movimentos. Os transeuntes paravam, encantados pela phy- sionomia da filha e impressionados pela ternura que se adivinhava no pae. O Adriano fez como as outras pessoas, e quando aquella formosa joven ̂ chegou ao pé d’elle, não poude eximir-se a uma admiração que os seus olhos exprimiam e que ella sur- prehendeu. (Continua),
O DOMINGOvacca, duas, tres, seis vac- cas. Estas eram seguidas por uma rapariga de 14 annos, que com certeza é a sua guarda.
Pastora e rebanho descem lentamente o declive rapido e ve em parar junto
ribeiro, que corre claro e murmurante, muito perto dos tamarindos.
As vaccas bebem, e a pastora assenta-se sobre uma grande pedra, cantarolando a meia voz uma d’estas canções do campo, simples, naturaes e de um poderoso effeito pela sua candura.
A rapariga não tinha visto 0 nosso sabio, que sc lhe escondia pela anfractuosidade de uma pedra.
Ella estremece quando, ao dar dois passos para a frente, Xavier a interpella:
— Bom dia, minha filha.
— Vossa serva, senhor. Que Deus vos guarde!
Xavier não está precisamente nos termos de uma terna amisade com Deus. Sente-se, pois, incommoda- do de o vêr apparecer ás primeiras palavras trocadas com esta joven.
Comtudo reflectiu que faria mal em assustal-a, manifestando a sua repugnan- cia.
— P areces-me uma boa rapariga, diz elle. Estou doente e não sei em que me hei de occupar. Queres tu que travemos uma pequena conversação?
-— Estou ao seu serviço, senhor, diz a rapariga, pegando na sua renda, e pon- do-se a trabalhar com ligeireza.
Xavier reflectiu por um instante.
— .Mas, a proposito, co
mo te chamas tu? Interessa-me sabel-o.
— Maria Perina. Nome de minha madrinha. Meu padrinho chamava-se Pe- rin, foi elle que me deu o nome de Perina. ícontinuai
ARTE CULINARIA
P a ste lio h o s de dasnss
Amasse-se uma quarta de farinha com meio arra- tel de assucar e tres gem- mas de ovos; depois de bem batida e dura, façam- se os pastelinhos do tamanho de dois tostões e da altura de dois dedos, e pÕem-se a cozer vasios; quando já estejam meios cozidos, enchem-se de manjar real e levam-se ao forno, até ficarem córados, para se servirem.
A R i l A Z f i 0 0 C O M E R C IOJ - D E
JO Ã O ANTONIO RIBEIRO5 9 , P R A Ç A S E R P A P I N T O , 5 0 — ALDEGALLEGA
jnguf-m duvida que é este o estabelecimento que melhor satisfaz as exigencias do publico, não só por nelle se encontrar todos os artigos que lhe dizem respeito como pela modicidade de preços por que são vendidos. Acaba elle de receber um grande e variadíssimo sortimento de fazendas da sua especialidade, constando dos seguintes artigos:
As lindas saias de feltro bordadas aflo^eRe e muitos outros artigos de modas e confeccões.>
Magníficos chailes, alta novidade, desde...............................Bons riscados, proprios para saias a.....................................Flanellas que custavam a 160 réis, custam hoje a ...............Valente panno patente cru a ...............................................Riscado escocez, artigo moderno para vestidos a ...............Lã e seda para vestidos a .....................................................
Tudo bkkIs barato!!!.., Tsado m ais Ssaraí©!!!...
700 reis 60 »
100 » 5o »
100 » 36o »
TODAS AS NOITES HA EXPOSIÇÃO!!!
j Proposto do Recebedor
COSTUREIRA Encarrega-se de tractar_ j de reclamações fiscase e de
[qualquer outro assumpto Precisa-se de uma que.n’csta comarca e na de
queira trabalhar a dias em! Lisboa. Preços limitadissi- roupabranca. Na redacção5mos. Rua Direita, 57 — Al- ”este jornal se diz. ’ jdegallega do Ribatejo.
* m DIARIO DE lYOTIf.lASA G U E R R A A N G L O - B O E R
Impressões do TransvaalInteressantíssima narração das luctas entre inglezes e b o e r s , « i llu s tra d a »
com numerosas zinco-gravuras de «homens celebres» do T ra n s v a a l e d o Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas d a
G U E R R A A N G L O -B O E R or um funccionario da Cruz Vermelha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 paginas............... 3 o réisTomo de 5 fasciculos.................................... i5 o »A G U E R R A A N G L O B O E R é a obra de mais palpitante actualidade.
N ella sáo dèscriptas, «por uma testemunha presencial», as d if íe re n te s phases e acontecimentos emocionantes da terrivel guerra que te m e s p a n ta d o o mundo inteiro.
A G U E R R A A N G LO -! O E R faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes batrlhas, combates» e «escaramuças» d‘esta prolongada e a c é r r im a lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios d e heroísmo e tenacidade, em que sáo egualmente admiraveis a coragem e d e dicação patriótica d e vencidos e vencedores.
Os incidentes variadíssimos d’esta contenda e .tre a poderosa Inglater ra e as duas pequenas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verdadeiras per perias, por tal maneira grania ticas e pittorescas, que dão á GUERRA A N G L O -B O E R , conjunctamente com o irresistível attractivo d'uma narrativa histórica dos nossos dias, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresentando ao publico e~ta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto, julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos succesr.os que mai . interessam o mundo culto na actualidade.
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JOSÉ DA SILVA THIMOTEO & FILHO
O proprietário cTeste antigo, acreditado e impor tante estabelecimento, participa aos seus numerosos freguezes e ao publico em geral que acaba de fornecer novamente o seu estabelecimento de todos os objectos concernentes a relojoaria e ourivesaria. O proprietário d’este estabelecimento, para augmento de propaganda vae fazer venda ambulante dos objectos do seu estabelecimento, para assim provar ao publico que em Aldegallega é elle o unico que mais barato e melhor serve os freguezes.
Nas officinas cTeste importante estabelecimento tambem se fazem soldaduras a ouro e a prata, galvaniza-se a ouro, prata ou outro qualquer metal, oxi- dam-se caixas daço, pulem-se caixas de relogios de sala, bandolins, violas, guitarras, etc.
O proprietário deste estabelecimento dá uma libra a qualquer pessoa que lhe leve algum dos trabalhos aqui ditos, que elle, por não saber, tenha de o mandar executa:' fóra.
São garantidos pela longa pratica de trinta annos do seu proprietário, todos os trabalhos, assim como todos os negocios desta casa.
Em casos de grande necessidade tambem se ac- ceita qualquer trabalho para de prompto ser executado na presença do freguez.
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Jo sé A n ton io Nu n e s
N'esle estabelecimento encontra-se á venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso offerecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.
19 — X- - A .IR C 3 - 0 I E G K B J A - I 9 - A
Aldegallega do S&f!;atejo
JOSÉ DA ROCHA BARBOSA
Co aia offíieisia de Correeiro e Selleiro18, RUA DO FORNO, 18
A i, 1$ 12 CJ A I, E. Bi A
A iiid a tu si is baratose como tr.i esta casa para maior garantia estabeleceu o systema de G A N H A R P O U CO P A R A V E N D E R MUíTo e vendendo a todos peios mesmos j reços.
Tem esta casa aiem de varios artigos de ve -tuario mais as seguintes secções:
De Fanqueiro, sortimento completo;De Retroseiro, bom sortido, e sempre artigos de primeira moda;De Mercador, um bello e variado sortimento de casimiras, flanellas, cheviote•;
pícotilhos, etc., etc.Ha tambem lindos pannos para capas de senhora, e de excellentes qualidade,
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