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MINISTRIO DO EXRCITOESTADO-MAIOR DO EXRCITO

Instrues Provisrias

OPERAES NA SELVA

1 Edio 1997

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MINISTRIO DO EXRCITOESTADO-MAIOR DO EXRCITO

Instrues Provisrias

OPERAES NA SELVA

1 Edio 1997

Preo: R$

CARGA EM.................

PORTARIA N 008-EME, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1997

Aprova as Instrues Provisrias IP 72-1 - Operaes na Selva, 1 Edio, 1997. O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXRCITO, no uso da atribuio que lhe confere o artigo 91 das IG 10-42 - INSTRUES GERAIS PARA CORRESPONDNCIA, PUBLICAES E ATOS NORMATIVOS NO MINISTRIO DO EXRCITO, aprovadas pela Portaria Ministerial N 433, de 24 de agosto de 1994, resolve: Art. 1 Aprovar as Instrues Provisrias IP 72-1 - OPERAES NA SELVA, 1 Edio, 1997. Art. 2 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicao.

NOTA Solicita-se aos usurios destas instrues provisrias a apresentao de sugestes que tenham por objetivo aperfeio-la ou que se destinem supresso de eventuais incorrees. As observaes apresentadas, mencionando a pgina, o pargrafo e a linha do texto a que se referem, devem conter comentrios apropriados para seu entendimento ou sua justificao. A correspondncia deve ser enviada diretamente ao EME, de acordo com o artigo 78 das IG 10-42 - INSTRUES GERAIS PARA CORRESPONDNCIA, PUBLICAES E ATOS NORMATIVOS NO MINISTRIO DO EXRCITO, utilizando-se a carta-resposta constante do final desta publicao.

NDICE DOS ASSUNTOSPrf CAPTULO 1 - INTRODUO ................................. 1-1 a 1-3 CAPTULO 2 - AMBIENTE OPERACIONAL ........... 2-1 a 2-6 Pag 1-1 e 1-2 2-1 a 2-11

CAPTULO 3 - CARACTERSTICAS DAS OPERAES NA SELVA ............................ 3-1 a 3-10 3-1 a 3-18 CAPTULO 4 - ATUAO DAS FORAS SINGULARES NO CONTEXTO DAS OPERAES MILITARES NA AMAZNIA 4-1 a 4-3 CAPTULO 5 - OPERAES OFENSIVAS ............. 5-1 a 5-5 CAPTULO 6 - OPERAES DEFENSIVAS ........... 6-1 a 6-3 CAPTULO 7 - OPERAES RIBEIRINHAS .......... 7-1 a 7-6 CAPTULO 8 - APOIO AO COMBATE ..................... 8-1 a 8-4 CAPTULO 9 - APOIO LOGSTICO ......................... 9-1 a 9-3

4-1 a 4-5 5-1 a 5-10 6-1 a 6-6 7-1 a 7-8 8-1 a 8-7 9-1 a 9-8

CAPTULO 10 - REA DE CONFLITO ...................... 10-1 a 10-3 10-1 a 10-6

CAPTULO 1 INTRODUO1-1. FINALIDADE O presente manual apresenta as consideraes doutrinrias bsicas sobre as operaes na selva. Destina-se a fornecer subsdios que auxiliem o planejamento e a execuo das operaes na selva, mostrando as particularidades deste terreno e sua influncia nos homens, materiais e conceitos de emprego. 1-2. CONSIDERAES GERAIS a. Selvas so reas de florestas equatoriais ou tropicais densas e de clima mido ou super-mido. Situam-se em regies de fraca densidade demogrfica, com baixo desenvolvimento industrial, comercial e cultural, de precrias condies de vida, com acentuada escassez de vias de transporte terrestre, ao longo de extensas reas de plancie, planalto ou montanha. So encontradas nas zonas tropicais da AMRICA, FRICA e SIA. b. Neste manual foi tomado como base o ambiente operacional da selva amaznica. Em outras regies de selva por certo ocorrero novas peculiaridades, exigindo, conseqentemente, as necessrias adaptaes. c. H que ser ressaltado ainda, particularmente para estudos de situao de altos escales operacionais e/ou administrativos, as diferenas existentes entre as diversas sub-regies da AMAZNIA, que compreende reas de selva, campos gerais (savanas) e montanhas. Esta compreenso torna-se fundamental tanto para definio da manobra operacional, quanto para a seleo de armamentos e equipamentos. d. A utilizao deste manual no dispensa os que regem a doutrina da Fora Terrestre, apenas orienta e alerta os planejadores para as peculiaridades do ambiente operacional e das operaes na selva.

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e. O termo SELVA empregado neste manual sob diversas formas, tem como referncia a rea AMAZNICA coberta pela floresta tropical mida latifoliada, englobando no s o interior da floresta, como tambm toda a malha hidrogrfica. Quando a referncia disser respeito exclusivamente ao interior da floresta, isto ser especificado com expresses diferentes do termo selva. f. Os conceitos aqui emitidos somente so relativos regio definida como selva, no sendo abordados procedimentos para as reas de campos, ou montanha. 1-3. OPERAES NA SELVA a. Considera-se como Operaes na Selva: Todas as operaes militares, exceto aquelas de natureza estritamente administrativa, realizadas por fora de qualquer escalo no cumprimento de uma misso ttica, cuja rea de emprego esteja predominantemente coberta pela floresta tropical mida. Elas sero um conjunto de todas ou algumas das seguintes operaes: operaes ribeirinhas; operaes aeromveis; operaes aeroterrestres; operaes contra foras irregulares. b. Dependendo do escalo envolvido na operao, podero ainda ser planejadas para dar suporte s operaes de selva: operaes de inteligncia e operaes psicolgicas.

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CAPTULO 2 AMBIENTE OPERACIONAL2-1. DELIMITAO DA REA OPERACIONAL a. A selva Amaznica abrange pores territoriais do BRASIL, GUIANA, GUIANA FRANCESA, SURINAME, VENEZUELA, COLMBIA, PERU, BOLVIA e EQUADOR. b. A extenso da fronteira brasileira com os pases condminos de cerca de 11.000 km, que embora legal e historicamente definida, em largos trechos no nitidamente balizada, em virtude da cobertura vegetal da floresta. c. Com base em anlises estruturais e conjunturais, o governo brasileiro, reunindo regies de idnticos problemas econmicos, polticos e psicossociais, instituiu a AMAZNIA LEGAL. d. A AMAZNIA LEGAL abrange os Estados do AMAZONAS, PAR, ACRE, AMAP, RORAIMA, RONDNIA, MARANHO (at o meridiano 44 Oeste), TOCANTINS, GOIS (ao norte do paralelo 13 Sul) e MATO GROSSO (at o paralelo 16 Sul). Essa regio no totalmente coberta pela floresta tropical latifoliada, existindo diferentes tipos de vegetao, inclusive com a ocorrncia de campos. e. Possui uma rea aproximada de 5 milhes de quilmetros quadrados, correspondente a mais de 50% do territrio nacional. Contm a maior bacia hidrogrfica do planeta, a do rio SOLIMES/AMAZONAS, estendendo-se do oceano ATLNTICO aos contrafortes dos ANDES, limitada ao norte pelo planalto GUIANENSE e ao sul pelo planalto CENTRAL BRASILEIRO. f. A posio da rea em relao s principais rotas do comrcio internacional e aos centros de poder nacional excntrica e mal-servida de ligaes.

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2-1/2-2Venezuela Colmbia Guiana

IP 72-1Guiana Suri- Guiana Fr Fr nameEQUADOREquador

Peru Bolvia Gois

Fig 2-1. Delimitao da rea 2-2. ASPECTOS FISIOGRFICOS a. Relevo (1) A regio caracterizada, topograficamente, por um imenso baixoplat, abrangendo as reas de terra firme, por uma plancie, que engloba as reas alagadias de vrzeas, e pelas encostas de dois planaltos que a limitam, o BRASILEIRO, ao sul, e o GUIANENSE, ao norte. (2) A plancie estende-se de leste para oeste com uma baixssima declividade. TABATINGA que est a mais de 3.000 km do oceano, possui uma altitude de apenas 65 m. (3) No escudo GUIANENSE encontra-se o ponto culminante do BRASIL, o PICO DA NEBLINA com 3.014 m. (4) A densa cobertura da floresta faz com que no existam documentos topogrficos que representem com fidelidade o relevo no interior da selva, mas sabe-se que este terreno bastante movimentado, com aclives e declives, formando pequenos vales conhecidos como socaves, com desnveis de at 40 m. b. Vegetao (1) A floresta Equatorial constitui-se na caracterstica dominante da rea, apesar de no apresentar um aspecto uniforme. (2) De forma genrica, pode-se dividir a floresta Equatorial em dois tipos principais: a floresta de Terra Firme e a floresta de Terras Inundveis. (3) A floresta de Terra Firme ocupa reas que se acham fora do alcance das guas das cheias e constitui a floresta Amaznica tpica, com rvores de grande porte onde as copas se entrelaam impedindo a penetrao de raios solares. Abaixo dessa cobertura vegetal, o ambiente mido e sombrio. Nessa floresta so encontradas duas variaes: (a) a floresta mida Primria (em terras baixas e terras altas), constituda de um complexo aglomerado de numerosas espcies de rvores, trepadeiras e outros vegetais, dispostas em camadas de diferentes alturas (de 2-2

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30 m a 40 m), com troncos lisos e dimetro variando em torno de 1 m. Seu interior permevel ao movimento de tropas p; (b) a floresta mida Secundria, normalmente encontrada nas vizinhanas das aldeias, vilas e estradas, com pouca profundidade (cerca de 50 m a 100 m). Consiste numa densa mistura de moitas, espinheiros e trepadeiras existentes em regies que foram limpas de sua vegetao natural, utilizadas e, posteriormente, abandonadas. O seu interior apresenta grande dificuldade ao movimento de tropas p. Ela ocorre principalmente onde a mo do homem j iniciou o desmatamento, ou seja, na vizinhana dos povoados e s margens das rodovias. (4) As rvores, embora nasam em cotas diferentes no solo, crescem at nivelarem suas copas com as demais, na busca da luz solar. Tal peculiaridade tem duas implicaes bsicas: (a) forma-se entrelaamento nas copas to espesso, que impede a visibilidade do cu a um observador no interior da selva e, que a fumaa de uma granada de mo fumgena ultrapasse o tapete das copas; (b) para um observador que se oriente com base em uma fotografia, ou carta feita a partir de levantamento aerofotogramtrico, a realidade do relevo no solo no aparecer, ocorrendo a falsa sensao de um terreno quase plano. (5) A floresta de Terras Inundveis desenvolve-se nas margens dos principais rios da PLANCIE AMAZNICA, sendo chamada de mata de vrzea e de igap. Na mata de vrzea, o terreno relativamente limpo e a vegetao apresenta tambm rvores de grande porte, diferentemente da mata de igap, que constituda de uma vegetao mais densa e de menor porte.

Floresta de Terras Inundveis

Floresta de Terra Firme

Igap

Vrzea mida Secundria

mida Primria

Rio Terreno Sedimentar Recente

Terreno Cristalino

Terreno Sedimentar

Fig 2-2. Caractersticas da vegetao 2-3

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(6) A AMAZNIA apresenta ainda como outras formaes vegetais: - florestas de transio, com vegetao de altitude e savanas, nas encostas dos macios das GUIANAS, ANDES e PLANALTO CENTRAL BRASILEIRO; - cerrados e campos, na faixa central e NE de RORAIMA, rea do NW e NE do PAR, na ilha de MARAJ, reas no AMAP, reas no SW de RONDNIA e na regio de HUMAIT(AM) no mdio MADEIRA; - cocais, principalmente no MARANHO, na regio de transio para o NORDESTE; - manguezais, na plancie litornea. (7) O solo no interior da selva todo recoberto por uma espessa camada de material vegetal em decomposio. Deste material podem ser aproveitadas folhas ou pequenos galhos, que adquirem uma camada luminescente, para sinalizadores ou marcadores, noite. (8) O entrelaamento das razes dificulta sobremaneira a construo de abrigos tipo trincheira, no interior da selva. Entretanto, ultrapassada uma primeira camada (0,6 m a 1 m), possvel cavar com facilidade. (9) No interior da selva encontra-se grande variedade e quantidade de palmas, com espinhos nas folhas e caules, o que pode tornar penoso o deslocamento para os menos experientes. (10) Outro obstculo ao deslocamento que pode ser encontrado, so as grandes rvores cadas. Na queda, normalmente arrastam pelo menos duas ou trs, formando uma barreira considervel no solo e obrigando seu desbordamento. (11) Existe um grande nmero e variedade de plantas e frutas silvestres que proporcionam alimento, condicionando, naturalmente, a quantidade de homens a alimentar e o perodo de tempo a sobreviver. c. Geologia (1) A AMAZNIA caracteriza-se por apresentar terreno de todas as idades, o que propicia um altssimo potencial em riquezas minerais de toda ordem. (2) Existem, entre outras, enormes reservas de ouro, pedras preciosas, cassiterita, bauxita, mangans, caulim e minerais estratgicos. (3) Uma peculiaridade dessas reservas que elas ocorrem flor do solo, como por exemplo, na provncia mineral de CARAJS, o que facilita sobremaneira a explorao das mesmas. (4) O solo da floresta, em compensao, pobre para a agricultura e quando perde a cobertura da floresta, torna-se um imenso areal. (5) Enquanto o solo nos terrenos elevados composto de materiais de granulao fina, com presena de argila, nos terrenos baixos , normalmente, sedimentar, dificultando os movimentos, especialmente na estao chuvosa. d. Hidrografia (1) A hidrografia , sem dvida, junto com a vegetao, uma das duas caractersticas mais marcantes dessa regio geogrfica. (2) O rio SOLIMES/AMAZONAS a artria principal de todo esse sistema e entrando em territrio brasileiro em TABATINGA-AM, vai desaguar 2-4

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no oceano ATLNTICO depois de percorrer 3.165 km. Sua largura mdia de 4 km a 5 km, mas na foz de seus maiores afluentes chega a atingir mais de 20 km. Seu ponto mais estreito em BIDOS-PA com, aproximadamente 1,5 km e sua foz mede da ordem de 400 km. (3) A bacia como um todo possui cerca de 23.000 km de vias navegveis e permite a navegao de grande calado, em qualquer poca do ano, at IQUITOS, no PERU. (4) Recebendo afluentes dos hemisfrios Norte e Sul com regimes de chuvas diferentes, o volume dgua do AMAZONAS se mantm praticamente inalterado durante todo o ano. (5) A bacia AMAZNICA apresenta o maior potencial hidroeltrico dentre as bacias hidrogrficas brasileiras. (6) Parans, furos, igaraps e lagos completam este imenso sistema hidrovirio. (7) Os rios da bacia sofrem grande influncia das chuvas modificando completamente a paisagem do perodo da cheia para a seca, ocasionando problemas navegao. (8) A sinuosidade dos rios, a variao da topografia dos seus leitos, associada inexistncia de documentos hidrogrficos, impem uma srie de condicionantes navegao nos rios amaznicos, tais como: - utilizao intensiva de prticos; - uso de barcos com casco chato, ou de pequeno calado; - restrio no comprimento das embarcaes; e - dificuldade de acesso a pontos afastados da calha principal a embarcaes da Marinha de Guerra, que possam prover um maior apoio de fogo (corvetas). (9) Um outro fator hidrogrfico que determina modificaes na topografia, alm de ser aspecto importante na navegao fluvial, a mudana nos cursos dos rios amaznicos. Por serem relativamente jovens, os rios da regio ainda no possuem cursos estabilizados, assim o que hoje uma ala de um rio, amanh pode estar transformado em lago, pela retificao do curso. (10) Muitos rios possuem em seus cursos, corredeiras que interrompem a navegao, obrigando o transbordo de embarcaes, ou muitas vezes, o transporte do meio flutuante utilizado, a braos, atravs desses obstculos. (11) Os rios podem, basicamente, ser classificados em escuros ou barrentos. Os de guas escuras por terem a piscosidade menor que os barrentos, so conhecidos como rios da fome. No interior da selva os igaraps so lmpidos e transparentes, podendo suas guas, normalmente serem utilizadas para consumo, sem o uso de purificadores.

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Igarap

Paran

Ilha Fluvial Rio Rio Furo Furolue Af nt e

Lagoa de Varzea Paranlue Af nt e

Remanso

Fig 2-3. Caractersticas da malha viria e. Clima (1) As estaes do ano so reduzidas a duas: a estao das chuvas ou inverno - de outubro a abril - com ndice pluviomtrico elevado, e a estao seca ou vero - de maio a setembro - com chuvas espordicas. (2) O clima predominante o quente e mido. As temperaturas mdias atingem os 24 C no inverno e 32 C no vero. A umidade relativa elevada, com mdia de 89%. As madrugadas so sempre com temperaturas mais baixas, particularmente no interior da selva, podendo chegar aos 16 C. (3) O cu no vero normalmente limpo, mas no inverno torna-se nublado, com inmeras formaes que provocam constantes descargas eltricas. (4) As condies atmosfricas podem mudar em questo de minutos e ocorrem tempestades intensas mas, normalmente, de curta durao. (5) O ndice pluviomtrico , tambm, elevado, com mdias de 2.500 mm a 3.000 mm anuais. (6) Ocasionalmente a regio atingida por frentes frias provenientes dos ANDES, que podem provocar uma sbita queda de temperatura. (7) No interior da selva, os horrios do amanhecer e anoitecer, no podem ser tomados com base nos crepsculos nuticos, particularmente devido cobertura vegetal. (8) A visibilidade que poderia ser fornecida pelo luar no interior da selva quase imperceptvel. 2-6

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(9) Os ventos, que na ocorrncia de tempestades podem derrubar rvores de porte considervel nas margens dos rios, rodovias ou reas habitadas, no interior da selva o seu efeito nulo. 2-3. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS a. O avano de nossas fronteiras foi realizado atravs dos rios e a sua manuteno feita atravs de fortes estrategicamente localizados em regies que dominam as hidrovias, os quais serviram de suporte para a criao de vilas e cidades. b. grande a miscigenao da populao, com o trao marcante de sangue indgena. Pode-se dizer que o homem da AMAZNIA produto de uma seleo natural: de um lado, a tmpera forte dos nordestinos que sobreviveram seca, migraram e adaptaram-se selva, e do outro, o temperamento conformado e indolente do ndio. um tipo que, contentandose com um padro de vida humilde, facilita a ocupao dos grandes espaos territoriais, vivendo como mateiro, garimpeiro, caador, canoeiro, pescador, madeireiro, roceiro e colhedor dos produtos da selva. c. A AMAZNIA possui imensos vazios ecumnicos. A populao concentra-se nas capitais estaduais e ao longo dos grandes rios e de algumas rodovias, tornando nossas fronteiras muito vulnerveis s aes de foras adversas e prtica de ilcitos. d. O nmero de mdicos e instalaes de sade bastante reduzido, sendo insuficiente para atender toda a populao da rea. Isso ir exigir que maiores meios de sade sejam deslocados para a regio, quando do desencadeamento das operaes militares. e. O isolamento das habitaes, vilas e cidades dificulta as atividades nas reas da sade, da educao e da cultura, que associado baixa densidade populacional, poder acarretar certa dificuldade mobilizao. 2-4. ASPECTOS POLTICOS a. O TRATADO DE COOPERAO AMAZNICA, conhecido como PACTO AMAZNICO, firmado por todos os pases condminos da bacia, dificulta a ingerncia internacional sobre a rea, ajuda a manter a soberania nacional de cada pas e favorece a cooperao regional. b. O narcotrfico e a guerrilha prejudicam a estabilidade de alguns pases da AMAZNIA. c. O fato de o BRASIL ter fronteiras com praticamente todos os pases amaznicos possibilita maior flexibilidade na delimitao de possveis teatros de operaes, mas aumenta as probabilidades de se envolver em conflitos, direta ou indiretamente, a despeito do timo relacionamento com todos os seus 2-7

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d. Embora o BRASIL considere todas as suas fronteiras como legalmente definidas, fatos que motivaram perdas territoriais para pases vizinhos, podero voltar a ser motivo de conflitos. e. A regio, por suas imensas riquezas naturais, alvo constante da cobia estrangeira, o que pode ser comprovado pela presena contnua nas manchetes da mdia internacional, sob o manto de temas aparentemente justos como a conservao da floresta e proteo da populao indgena, entre outros. Esta ao visa, sem sombra de dvidas, inibir aes governamentais dos pases amaznicos, restringindo a soberania dos mesmos sob seus respectivos territrios, buscando a sua internacionalizao, sob a gide de organismos internacionais. f. A regio caracterizada ainda pela presena de vrias Organizaes No Governamentais e misses religiosas, a maioria delas apoiadas por naes estrangeiras, cujos objetivos de natureza ambiental e/ou humanitria, muitas vezes so utilizados como fachada para a realizao de levantamento estratgico de rea. 2-5. ASPECTOS ECONMICOS a. As inmeras riquezas naturais da AMAZNIA, principalmente minerais, quase que intactas, representam o potencial econmico da regio e podem motivar conflitos internacionais, de natureza e intensidade diversas. Apesar dessas riquezas, a AMAZNIA ainda tem uma estrutura econmica deficitria, restringindo as possibilidades de utilizao dos recursos locais para as operaes militares. Dentre estes recursos h que se considerar o imenso potencial de gua doce, produto que, segundo projees, pode vir a tornar-se mundialmente escasso at a primeira metade do prximo sculo. b. O transporte fluvial predominante na rea, complementado pelo areo e pelo rodovirio. Possui diversos inconvenientes, como fraca infraestrutura porturia, lentido, sujeio ao regime dos rios e percursos alongados pelos meandros dos rios ou por talvegues paralelos. Os portos fluviais, localizados principalmente em BELM (PA), MANAUS (AM), PORTO VELHO (RO), SANTARM (PA) e MACAP (AP), e os pontos extremos navegveis pelos Navios Patrulha Fluvial (N Pa Flu), da Marinha, assumem importncia estratgica para as operaes militares. c. As capitais dos Estados possuem aeroportos de nvel internacional e linhas regulares de aviao comercial, com destaque para MANAUS (AM). relativamente grande o nmero de cidades com aeroportos servidos com linhas areas regionais, bem como o nmero de fazendas e garimpos que possuem campos de pouso, por vezes clandestinos. d. Papel de destaque desempenham as rodovias BR-153 (BELMBRASLIA) e a BR-364 (CUIAB - PORTO VELHO - RIO BRANCO - CRUZEIRO 2-8

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DO SUL, no ACRE) e BR 163 (CUIAB- SANTARM), por ligarem a AMAZNIA aos principais centros industriais do pas e acelerarem o desenvolvimento econmico das regies por onde atravessam. e. A rodovia BR-230 (TRANSAMAZNICA) e suas transversais, apesar de no estarem pavimentadas, interligam diversas hidrovias, criando flexibilidade de acesso ao interior da AMAZNIA. As rodovias BR-174 (MANAUS - BOA VISTA) e a BR-319 (MANAUS - PORTO VELHO) complementam o sistema hidrovirio entre estas importantes cidades da regio. A BR-174 cresce de importncia, por estar interligada ao sistema venezuelano, permitindo uma sada para o mar do CARIBE. As BR 210 e 306, que associadas com as BR 364 e 319, podero suplementar o transporte fluvial de suprimentos a setores de unidades militares posicionadas ao longo do arco fronteirio da AMAZNIA OCIDENTAL, que tem incio em RORAIMA e vai at RONDNIA. f. Outras estradas, projetadas ou em construo, iro contribuir, quando prontas, para a integrao dos sistemas de transportes na rea. 2-6. ASPECTOS MILITARES a. Observao e campos de tiro (1) A observao , sem dvida, um dos aspectos que mais restries sofre em face das condies ambientais. A escassez de pontos dominantes; a influncia sobre os dispositivos ticos; a impossibilidade das fotografias areas refletirem o verdadeiro relevo, ou tropas e rgos que estejam ao abrigo da cobertura vegetal, tudo concorre para que, na selva, a conduo da manobra e dos fogos seja feita pela adoo de outros procedimentos que minorem esta severssima restrio. (2) No tocante a campos de tiro, haver perda significativa para o emprego das armas de tiro tenso, pois sem um trabalho de melhoramento, as distncias livres sero extremamente curtas. Para as armas com tiro de trajetria curva no haver limitaes quanto a campos de tiro. (3) As limitaes da visibilidade reduzem os campos de tiro a pequenas distncias. O campo tradicional das armas automticas pouco prtico na selva propriamente dita, mas de grande valia para bater cursos de gua, trilhas, clareiras, estradas, socaves e grotas. Normalmente, no aconselhvel limpar campos de tiro em forma de leque para no denunciar armas e atiradores. O procedimento correto a preparao de um "cilindro oco" na vegetao, sem alterar-lhe o aspecto, produzindo os chamados "tneis de tiro" que definem os setores de tiro. b. Cobertas e abrigos (1) Quanto a estes aspectos o terreno extremamente rico, seja pela intransponibilidade de observao proporcionada pelo entrelaamento das copas das rvores, seja dobras do terreno, seja pela existncia de rvores com troncos de grandes dimenses. (2) H que se considerar, entretanto, que sob o cone da trajetria de um satlite de alta definio no haver cobertura vegetal que esconda tropas e objetos. 2-9

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c. Obstculos (1) A maioria dos rios da regio, pela largura e profundidade obstculo de vulto s operaes. (2) Para escales superiores a batalho, a selva tambm poder ser considerada obstculo de vulto uma vez que ela vai restringir os movimentos de suas organizaes integrantes. (3) No interior da selva existem os mais variados obstculos naturais (pntanos, rios, reas alagadas, escarpas, barrancos, etc). Por vezes, as condies meteorolgicas adversas tendem a agravar, ainda mais, estes obstculos ou a criar outros. Como exemplo, nos perodos de chuvas, o deslocamento de tropas a p por estradas no revestidas, dificultado, pois a argila molhada transforma-se em liga, chegando a impedir o movimento de veculos. d. Acidentes capitais (1) O acidente capital de maior significao nas operaes na selva ser, certamente, uma cidade, vila ou povoado, em virtude de que: - controlam uma regio em sua volta (rea de influncia) que cresce de amplitude e de valor, na razo direta da importncia da localidade; - geralmente, dispem de campos de pouso; - para eles convergem a trama de trilhas e parcas estradas existentes; - esto localizadas, normalmente, s margens do rios navegveis, possuindo rudimentares recursos porturios e condies de travessia; - so locais onde podero ser encontradas instalaes e recursos locais de grande importncia ttica ou estratgica. (2) Outros acidentes capitais (a) Pontos que dominam a circulao, tais como as regies de passagem sobre rios (vaus, pontes, balsas); os poucos ns rodovirios; a confluncia de rios; os furos dos lagos etc. (b) Clareiras e outros locais que: - sirvam como Z Reu, Ba Cmb ou Ba Patr, estacionamento e outras instalaes; - favoream as aes inopinadas de emboscadas e incurses; - ofeream vantagens quanto a observaes e campos de tiro; e - permitam a operao de helicpteros e o lanamento aeroterrestre de suprimentos. (c) Os terminais de transporte (portos, ancoradouros, aeroportos, campos de pouso). (3) As regies altas no so necessariamente importantes, a menos que situadas em local descoberto. bastante remota a possibilidade de controlar ou observar, com base em elevaes, trilhas ou vias de aproximao, em face das limitaes j citadas. (4) Pela simples anlise destes acidentes capitais e o conhecimento de que a maioria das localidades da AMAZNIA nasceu e desenvolveu-se s margens de um curso dgua, deduz-se que no escalo brigada, ou menor, as operaes de selva estaro integradas, quase sempre, unicamente, por operaes ribeirinhas. 2-10

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Fig 2-4. Acidente capital e. Vias de acesso (1) Na selva impossvel encontrar-se vias de acesso dentro do seu conceito militar clssico, isto , em termos de oferecer boa observao, bons campos de tiro, amplitude, transitabilidade do terreno etc. (2) Em geral, as vias de acessos, sero de eixos de menor resistncia, confundindo-se com as vias de transporte (rios, estradas etc). (3) Para efetivos at batalho, a selva como um todo ser considerada como via de acesso.

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CAPTULO 3 CARACTERSTICAS GERAIS DAS OPERAES NA SELVA3-1. CONSIDERAES GERAIS a. O estudo do fator de deciso - TERRENO - permite alinhar uma srie de caractersticas que individualizam as operaes na selva. b. importante ressaltar, uma vez mais, a posio geopoltica da AMAZNIA, excntrica em relao a todos os centros de poder nacionais. c. Poder haver restries liberdade de manobra para planejar e executar operaes militares de qualquer natureza, ainda que simples movimentos de tropa, face permanente presso das naes do chamado primeiro mundo que, sob pretextos vrios, buscam alguma forma de ingerncia na regio. d. O combate na selva para a defesa da integridade do patrimnio da Nao brasileira, dever ser decidido com rapidez e violncia, atacando alvos que anulem a capacidade de combater do inimigo. e. Neste contexto as cidades estaro supervalorizadas como objetivos estratgicos e tticos, pois, normalmente, dominam uma via fluvial ou terrestre, concentram as atividades econmicas e os servios nas regies e podem possuir aeroportos e/ou portos. f. No combate na selva, mais que no terreno convencional, o vulto das operaes sofrer a servido da capacidade de suprir as foras. g. As operaes na selva desenvolver-se-o partindo normalmente do interior da floresta para atacar alvos em sua orla.

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3-2 3-2. PRINCPIOS DE GUERRA

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a. Generalidades - Sero abordados somente aqueles que de alguma forma apresentam caractersticas especiais para sua aplicao nas operaes em selva. b. Ofensiva - Em rea de selva, este um princpio que deve orientar o planejamento das operaes em todos os escales. Mesmo quando a postura estratgica for defensiva, a ttica operacional tem que impregnar todas as aes com o carter ofensivo. c. Massa - Este princpio prejudicado pelas restries que o ambiente operacional impe ao emprego de grandes efetivos. Todavia ele poder ser aplicado no local e momento oportunos, valendo-se do sigilo em manobrar foras pelo interior da floresta e, ainda, pela aplicao de uma considervel massa de fogos. d. Economia de Foras (1) A anlise para aplicao deste princpio, leva a consideraes de duas ordens, aparentemente antagnicas. A primeira est ligada possibilidade de se obter resultados favorveis em algumas aes com o emprego de pequenos efetivos contra um inimigo de maior efetivo. Assim poder-se-ia economizar foras que seriam empregadas em aes de maior vulto (obteno da massa). A segunda aquela que, em se considerando a possibilidade do inimigo abordar as nossas posies por qualquer direo, isto obrigaria a preocupaes com a segurana em todas as direes acarretando o emprego de mais tropas, ainda que de pequenos efetivos. (2) Somente analisando a situao e o escalo considerado que se poder dizer que este princpio ter sua utilizao reduzida ou maximizada. e. Manobra - Sua mxima aplicao dar-se- num quadro estratgico de emprego, onde a finalidade ser dispor os meios de tal maneira que coloque o inimigo em desvantagem relativa e, assim, atingir os resultados que, de outra forma, seriam mais custosos em homens e material. f. Segurana - A utilizao correta do terreno de selva por tropas aclimatadas, instrudas e adestradas, certamente propiciar um grau de segurana muito maior que um terreno convencional poderia oferecer. g. Surpresa - Particularmente, nos menores escales, a selva possibilitar a aplicao plena deste princpio. h. Simplicidade - Este princpio deve ser a tnica das operaes em selva. As manobras devem ser simples, pois, de outra forma, podero inviabilizar a coordenao e o controle. i. Oportunidade - A grande descentralizao das aes e a dificuldade na obteno de informaes que permitam a localizao de posies inimigas no interior da selva, justificam a significativa valorizao deste princpio. Uma vez identificada a oportunidade de engajar o adversrio, ela deve ser explorada 3-2

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com determinao, pois, certamente, no se apresentar novamente com facilidade. 3-3. AES ESTRATGICAS a. Concentrao estratgica (1) A seleo de reas possveis para a concentrao de grandes efetivos ficar restrita s poucas localidades de porte existentes na regio. (2) Mesmo nessas localidades os recursos e servios disponveis no sero capazes de dar suporte s tropas a serem concentradas, sendo necessrio que antes da chegada das primeiras unidades, j tenha sido estocada uma considervel quantidade de suprimentos e realizadas obras de melhoramento, ou mesmo de construo e de infra-estrutura (ampliao de terminais de transporte, construo de locais de armazenagem, estabelecimento de instalaes prestadoras de servio como lavanderias, panificadoras, lazer etc). (3) Esse local selecionado dever possuir, ainda, uma rea que permita a aclimatao e o adestramento das unidades em operaes na selva. (4) Considerando a necessidade de trazer os suprimentos de fora da rea amaznica e da montagem de uma infra-estrutura no local de concentrao, h que se coordenar um tempo mnimo de permanncia dos elementos de combate constitudos (em princpio o escalo brigada), realizando-se um escalonamento entre as tropas que esto chegando ao local e as que j estaro em condies de serem deslocadas para sua rea de atuao, ou para uma Z Reu mais prxima desta. b. Deslocamento estratgico (1) O deslocamento tanto para a rea de concentrao, quanto dela para a rea de atuao sofrer a influncia sensvel da dependncia do transporte hidrovirio e areo. Outras influncias que devem ser consideradas so as j conhecidas variaes bruscas nas condies climticas e a variao de nvel dos rios nos diferentes regimes. (2) Nessa regio geogrfica tambm ser difcil a obteno de surpresa que est embutida no conceito de deslocamento estratgico. c. Objetivos estratgicos-operacionais (1) Os objetivos estratgicos-operacionais so normalmente caracterizados pelas cidades e a sua importncia est diretamente relacionada com a magnitude destas localidades. (2) As cidades na Amaznia dominam vias fluviais ou rodovirias, concentram as atividades econmicas e os servios da regio e, normalmente, possuem aeroportos/campos de pouso e portos. Por isso, em princpio, nelas sero desdobradas as instalaes de comando, de comunicaes, logsticas e as reservas das nossas foras e as do inimigo. Por possurem os portos e aeroportos/campos de pouso constituem tambm zona de reunio para as grandes concetraes estratgicas das foras e ponto focal de suas operaes. (3) A manobra estratgica, para ambas os contendores estar, em princpio, orientada para a conquista das cidades que tm relao com o centro 3-3

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de gravidade (operacional e logstico) da fora inimiga e que, se dominadas, tenham grande impacto sobre o seu moral, desequilibram o poder militar, quebram a sua vontade de lutar e tenham grande repercusso na opinio pblica. d. Manobra estratgica-operacional (1) A manobra estratgica-operacional na ofensiva, em princpio, buscar a conquista dessas localidades-objetivos, utilizando uma combinao das vias de acesso terrestres, fluviais e areas que incidem sobre o objetivo, normalmente, por direes convergentes. (2) Na defensiva, essa manobra buscar manter o domnio dos grandes centros urbanos e, para tal, aes tticas de natureza variada, sero realizadas ao longo dos eixos terrestres e fluviais que convergem sobre estes centros. (3) Considerando as grandes profundidades em que se realizam essas operaes - como conseqncia das distncias entre as bases de partida das foras e os objetivos a conquistar -, assim como a combinao de vias de acesso, normalmente areas e fluviais, conclui-se que fundamental para o xito dessas operaes o domnio do espao areo, uma grande capacidade logstica dessas foras e uma perfeita sincronizao dos deslocamentos em nveis estratgicos e tticos. e. O combate a nvel estratgico-operacional (1) Os combates finais para a conquista das cidades-objetivo se desenvolvem, normalmente, em espaos restritos caracterizados pelas zonas urbanas, pelas reas desmatadas que as circundam, pelos acidentes capitais prximos que as dominam, seja nas vias fluviais, estradas ou mesmo no interior da selva. (2) Por serem esses combates decisivos para o xito das operaes, de ambos os contendores, sero caracterizados como combates de forte intensidade, no lineares, em que podem conflitar foras de natureza diversa tais como aeromveis, paraquedistas, ribeirinhas e de selva, num misto de aes urbanas, no campo e na selva, apoiadas por intensos fogos areos e terrestres, visando, em especial, a destruio da fora inimiga com as rpida conquista dos aerdromos, dos portos e de clareiras que possibilitem a chegada de novos meios.

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Fig 3-1. Deslocamento, Concentrao e Manobra Estratgica 3-4. ACESSOS AMAZNIA BRASILEIRA a. Acesso pelo oceano ATLNTICO (1) A foz do rio AMAZONAS. (2) O rio OIAPOQUE. (3) Atravs do golfo MARANHENSE e com suporte na EF CARAJS. b. Acesso pelo mar do CARIBE - Com base no eixo rodovirio que liga VENEZUELA e BRASIL. c. Acesso atravs de rios amaznicos (1) Sistema MARAON/UCAYALI/SOLIMES. (2) Rios CAQUET e PUTUMAYO. (3) Sistema MADRE DE DIOS / BENI / MAMOR. (4) Todos os pequenos rios que nascem em pases vizinhos e que permitem a navegao de embarcaes de pouco calado. d. Acesso atravs dos meios areos utilizando os aeroportos e campos de pouso existentes na regio. 3-5. MEDIDAS DE COORDENAO E CONTROLE a. Generalidades - A delimitao do espao fsico de responsabilidade 3-5

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de uma fora em operaes, na realidade amaznica, impe uma adaptao significativa nos conceitos com que, tradicionalmente, se empregam determinadas medidas de coordenao e controle de uso correto no planejamento das operaes b. Zona de Ao (Z A) (1) Esta medida certamente ter como bices para seu estabelecimento: (a) desconhecimento de que tamanho de frente atribuir a determinado escalo, em terreno de selva, para a realizao de sua manobra; (b) dificuldade em selecionar um acidente no terreno que seja perfeitamente identificvel, para servir como limite, face intrincada teia de rios, igaraps, parans, entremeada na floresta. (c) possibilidade de que seja includo um rio obstculo na Z A de uma determinada pea de manobra, que venha a dissoci-la, ou que seja transversal direo de atuao; (d) dificuldade de se definir a rea de retaguarda de determinado escalo, tanto pela descentralizao e fluidez das aes, quanto pela inexistncia de acidentes facilmente identificveis nas distncias e no sentido que se precisa. (2) Para os grandes escales (brigada ou superiores), o entendimento corrente desta medida de controle no sofrer os bices apresentados no item (1), podendo ser aplicado na sua plenitude. (3) Na atribuio de responsabilidade territorial s suas peas de manobra, a diviso ou brigada, pela ocorrncia de vastas regies passivas, poder optar em no dividir sua Z A, traando limites entre seus elementos subordinados, e sim, selecionar reas que interessem ao cumprimento da misso e utilizar outras medidas de coordenao e controle. c. rea de Combate (A Cmb) (1) a regio onde se desenvolvem as aes descentralizadas e o apoio logstico. Esse conceito decorre da caracterstica dos imensos espaos fsicos que certamente tero que ser atribudos s peas de manobra, onde a ocorrncia de regies passivas ser considervel. (2) Assim, determinado escalo tendo recebido uma Z A de seu escalo superior, aps o estudo de situao, poder caracterizar, naquele terreno, diversas A Cmb, delimitando-as fisicamente como se fossem setores de segurana integrada, contguos ou no. (3) O nmero de A Cmb, dentro daquela Z A ser ditado pelo terreno e/ou atividade do inimigo, podendo inclusive exceder ao nmero de peas de manobra desse escalo. Caber ento prioriz-las e atribu-las nesta ordem s suas unidades operacionais. (4) Diferentemente do conceito de Z A, o de A Cmb no pressupe obrigatoriamente a marcao de objetivos no terreno. (5) Esta dever ser a medida de coordenao e controle de maior emprego, a fim de definir a responsabilidade territorial de uma SU, unidade, ou at GU. 3-6

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d. Zona de operaes (Z Op) (1) Estabelecida quando da ocorrncia de operaes contra foras irregulares, ou ainda, no caso da ativao de uma rea de conflito (AC). (2) Possui as mesmas caractersticas da A Cmb. e. Eixo de progresso (E Prog) (1) outra das medidas de atribuio de responsabilidade territorial que se prev de largo emprego nas operaes em selva. (2) Normalmente estar a cavaleiro de uma hidrovia ou rodovia que servir para o fluxo do apoio logstico. (3) O E Prog poder ser empregado tanto para definir no Esquema de Manobra a realizao de uma M Cmb por determinada unidade, como tambm para definir os limites de atuao de uma fora que se desloca para atacar um objetivo fixado. (4) A aplicao de um E Prog, de uma A Cmb, ou Z Op estar diferenciada basicamente pelo tipo de operao que estiver sendo executada e pela amplitude da rea que se queira atribuir tropa. f. Base de combate (B Cmb) (1) Base de combate o ponto focal de onde o comandante inicialmente conduz o combate e onde o escalo superior faz chegar o seu apoio. (2) instalada em regio que assegure facilidade para ligaes e apoio logstico entre o escalo considerado e os escales superior e subordinados. Nela se localizam o comando, os rgos de apoio e a reserva. (3) O menor escalo que instala uma B Cmb o escalo companhia. O escalo peloto operar a partir de bases de patrulha (B Patr). Haver situaes em que um peloto poder atuar diretamente subordinado ao comandante do batalho. Neste caso surgir a necessidade de ele executar algumas atividades logsticas e assim a sua B Patr poder ter que assumir caractersticas que a assemelhem a uma B Cmb. g. rea de retaguarda (A Rg) (1) A delimitao fsica e as atividades que se desenvolvem em uma A Rg de determinado escalo que opera em terreno convencional, na selva vo ficar sensivelmente modificadas. Levando em conta que tanto o escalo considerado, quanto os que lhe so subordinados, estaro operando com seus meios de comando, apoios e reserva centralizados em B Cmb; considerando que as distncias entre estas bases sero normalmente bem maiores que no terreno convencional e que entre elas estar a selva; considerando ainda que, cada B Cmb estar sendo defendida por seus elementos e que seria invivel atribuir a qualquer unidade uma misso de SEGAR, nas operaes na selva perde importncia o conceito tradicional de A Rg. Admite-se que desde a frente at o limite de retaguarda de cada escalo, tudo seja uma nica rea de responsabilidade. (2) Estas consideraes so vlidas para o escalo brigada, ou menores, no se aplicando aos grandes escales, como por exemplo, a FTTOT, ou RM/TOT.

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(3) importante ressaltar que dentro desta rea de responsabilidade, cabe ao escalo considerado manter aberto o(s) eixo(s) por onde o escalo superior far chegar B Cmb os diversos apoios.

A Cm

b1

Jorge

So

X

X

X

E Pr og AX

Fig 3-2. Um exemplo de esquema de Manobra de uma Bda com Btl em A Cmb, 1 Btl realizando uma M Cmb e 1 Btl atacando 01 f. Faixas de infiltrao - Nos esquemas de manobra do escalo batalho, os Cmt podero, visando facilitar o controle, designar faixas do terreno para que suas peas de manobra desloquem-se at reas de reagrupamento (A Rgpt) e da at a(s) posio(es) de ataque (P Atq).

EP rog B

X

Rio X X

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Fig 3-3. Um exemplo de representao esquemtica de uma operao de Batalho utilizando faixas de infiltrao 3-6. INFLUNCIAS SOBRE O COMBATENTE a. A perspectiva de combater e viver na selva ocasiona fortes tenses, decorrentes do medo condicionado, nos soldados no familiarizados com o meio ambiente. A aparncia da selva, o seu aspecto montono e ilusoriamente sempre igual, o calor opressivo e a umidade, e a depressiva sensao de solido que qualquer pessoa experimenta ao penetrar no seu interior, agravam o j existente receio do desconhecido. O homem perdido na selva sofre violentas reaes psicolgicas, que ultrapassam o medo e levam ao pnico. Por isto o combatente deve passar por uma sistemtica e completa preparao psicolgica, a fim de eliminar o medo, desenvolver o autodomnio e aprender a respeitar e amar a selva, de modo a fazer dela uma aliada. b. Na selva, o homem estar submetido a um desgaste fsico intenso em conseqncia do calor excessivo. A transpirao abundante pode levar a uma rpida exausto. H que se levar em considerao, tambm, que uma tropa conduzida pela primeira vez a uma regio de selva e exposta a um clima com o qual no est acostumado, fica sujeita a doenas peculiares da regio e , particularmente s chamadas doenas do calor. imperativo, em conseqncia, que todos os homens sejam adaptados aos climas equatoriais, de modo que 3-9

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a sade e a eficincia combativa da unidade garantam a execuo da tarefa que lhes foi confiada. Isto ser ainda mais importante no caso de unidades de outra regio do pas. c. Um conhecimento geral dos fundamentos de higiene pessoal, de medicina preventiva e de proteo individual contra plantas txicas, insetos nocivos e rpteis venenosos, indispensvel ao combatente para enfrentar o ambiente adverso da selva. Os comandantes de todos os nveis devem redobrar as exigncias com relao ao estado sanitrio de seus comandados. d. A ntida restrio observao terrestre faz com que cresa de importncia o sentido da audio. O homem treinado e com experincia de selva pode identificar com certa facilidade rudos de machado abatendo rvores, rudos de faco na abertura de picadas e corte de galhos de rvores, ramas batendo na gua, latidos, rudos de galhos quebrados indicando deslocamento de tropa, rudos provocados no carregamento e engatilhamento de armas, vozes humanas. Outro sentido que deve ser desenvolvido o do olfato pois os odores no interior da floresta tm maior persistncia e podem fornecer indcios importantes ao homem adestrado. 3-7. INFLUNCIAS SOBRE O EQUIPAMENTO E ARMAMENTO a. As adversidades do ambiente operacional tornam necessrio o uso de equipamentos leves, resistentes e de menor tamanho. Acarretam ainda uma preocupao constante com a manuteno dos mesmos, particularmente no tocante oxidao das partes metlicas. b. O fardamento deve ser confeccionado em tecido de secagem rpida. Ele deve ser lavado, se possvel, aps no mximo duas jornadas de uso, para a retirada do suor que, no interior da floresta, vem sempre carregado de uma dose grande de uria, que deixa de ser eliminada na urina e que provoca um cheiro forte e facilmente identificvel a distncia. c. O excessivo calor e a umidade provocados no couro cabeludo e ainda a possibilidade de produzir rudos ao se chocar com a vegetao, contraindicam o capacete como cobertura para o homem em operaes. A cobertura indicada deve ser leve, fresca, proteger a cabea do homem contra espinhos e no limitar verticalmente seu campo de viso. d. O calado deve possuir um solado com desenho que permita estabilidade ao homem quando em deslocamento em terreno escorregadio, mas que evite a aderncia ao mesmo de materiais como a tabatinga (espcie de lama existente na regio). Dever ainda ter o cano mais elevado para evitar que a boca da cala subindo pela movimentao do homem, exponha parte de sua canela e panturrilha picada de insetos e/ou ofdios. Dever ainda possuir ilhoses largos que facilitem a confeco de amarraes com soltura rpida e vlvulas que permitam o escoamento de gua do seu interior. e. O calibre da arma deve ser tal que alie um alto poder de letalidade e 3-10

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um pequeno peso, que permita ao homem carregar uma maior quantidade de munio. f. As distncias reduzidas que limitam o alcance das armas de tiro direto; a necessidade da manuteno do sigilo e a possibilidade de ter que caar para sobreviver, indicam a necessidade de que as fraes de tropa tenham dotaes de armamento no convencional, tais como balestras e armas de caa. g. Os agentes biolgicos e qumicos so particularmente eficientes no interior da selva, onde as condies existentes lhes aumentam o grau de persistncia. Estas mesmas condies, entretanto, dificultam significativamente o uso de fumgenos sinalizadores. h. A vegetao, as condies de luminosidade e a umidade limitam drasticamente a operacionalidade dos equipamentos de observao, busca de alvos, sensores, visores noturnos e sistemas digitais de posicionamento por satlites. i. O espesso entrelaamento da copa das rvores que no permite a real fotografia do relevo no interior da selva; a variao na topografia de um mesmo terreno do vero para o inverno; as mudanas freqentes nos cursos e nos leitos dos rios, bem como a variao no nvel das guas da cheia para a seca, fazem com que as cartas topogrficas e nuticas sejam utilizadas com restries, obrigando a que, sempre que possvel, sejam contratados dentre a populao, guias, mateiros, rastreadores e prticos de navegao. j. Os equipamentos rdio, particularmente em FM, sofrem grande variao em suas caractersticas originais, principalmente o alcance, devido vegetao e s condies climticas e meteorolgicas. Os aparelhos que permitem a transmisso de dados no sofrem tanto estas restries, apresentando um bom rendimento, mesmo sob condies adversas. l. O relevo do terreno, a vegetao e a rica malha hidrogrfica praticamente inviabilizam a utilizao de equipamentos telefnicos ligados a cabo. A utilizao do meio fio estar restrita, praticamente, ao interior das B Cmb. 3-8. INFLUNCIAS SOBRE O DESLOCAMENTO a. A forte ondulao do terreno; as constantes chuvas; a necessidade de freqentemente transpor cursos dgua; o solo irregular e escorregadio; espinhos que atravessam as roupas, aliados a uma temperatura constantemente elevada e considervel umidade, tornam a selva um lugar onde o movimento a p extremamente cansativo. Mesmo existindo trilhas, o movimento sofre restries, especialmente durante e aps as chuvas. Por vezes, ainda, a vegetao obriga a abertura da picada a faco o que retardar ainda mais o movimento. A escurido, que ocorre com extrema rapidez, agrava o problema do deslocamento. Os movimentos noite, executados quando absolutamente necessrios, so extremamente lentos. 3-11

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b. A velocidade do movimento atravs da selva funo das caractersticas do terreno. muito difcil precisar a velocidade da marcha do homem a p devido s condies variveis de diversos fatores, tais como: estado fsico da tropa, equipamento e peso que cada homem transporta, as condies meteorolgicas, e natureza do solo, o tipo de relevo, agravamento de obstculos, etc. c. As etapas de marcha so marcadas em funo do tempo e no da quilometragem percorrida. O normal ser um alto a cada 50 minutos de marcha, com um alto de 30 minutos para o consumo da rao na hora do almoo. d. Durante uma jornada de deslocamento, a tropa normalmente far trs refeies: um caf reforado, um lanche leve na hora do almoo e uma grande refeio antes do escurecer. e. Para fins de planejamento devem ser considerados os seguintes dados: - Velocidades - 1000m/hora (floresta primria); 500m/hora (floresta secundria) - Etapa diria - de 8 a 10 horas f. O movimento terrestre deve aproveitar ao mximo a ampla rede hidrogrfica, visando principalmente dar maior velocidade ao deslocamento e menor desgaste ao homem. Assim, os movimentos devem combinar, sempre que possvel, deslocamentos fluviais com deslocamentos a p. g. As cargas a serem transportadas devem ser as mais leves possveis e facilmente acondicionveis, para evitar o entrelaamento na vegetao. Devem, ainda, permitir ao homem realizar o tiro de ao reflexa em caso de necessidade. A ao do comandante fundamental, no sentido de disciplinar, para cada tipo de operao, o material necessrio a ser transportado pela tropa. h. O balizamento do itinerrio muito importante, devido s mudanas freqentes na configurao do terreno em virtude da eroso, de rvores que caem e do rpido crescimento da vegetao. Em conseqncia, as trilhas que possam estar indicadas nas cartas antigas esto, muitas vezes, imprecisas, ou ento, no existem mais. i. Quando deslocando-se em coluna por um atravs de trilhas, o alongamento das colunas, motivado pelas subidas e descidas, passagens de cursos de gua, o piso escorregadio e cortado por razes, diminui o rendimento da marcha. Para regularidade do movimento e facilitar o controle, freqentes altos, normalmente de 50 em 50 minutos, devem ser feitos e a tropa articulada em escales. j. Para os deslocamentos fluviais todos os homens devem portar coletes salva-vidas e navegarem desequipados sempre que a situao ttica permitir. Nesta situao os equipamentos e fardos devem estar amarrados embarcao e, de preferncia, tendo presos a si dispositivos de flutuao que permitam sua localizao e recuperao em caso de naufrgio da mesma. 3-12

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l. Os homens devem ainda amarrar seus coturnos com soltura rpida, de modo a poder facilmente alij-los em caso de necessitarem nadar tanto por acidente com a embarcao, quanto pela impossibilidade de atingir o local de desembarque com a mesma. m. Estacionamento (1) O tipo de estacionamento normalmente empregado na selva o bivaque, utilizando, sempre que possvel, as redes de selva. Quando no se dispuser desse material, podero ser utilizadas redes comuns. Quando o tempo justificar e a situao ttica permitir so construdos abrigos feitos com material da prpria selva. As regies de estacionamento so escolhidas em locais altos e favorveis defesa e a uma distncia mdia maior que 100m de um curso dgua, para evitar doenas e insetos, ficando em condies de tirar vantagem da drenagem e da ventilao. Esta posio elevada evitar ainda que o estacionamento venha a ser atingido por um fenmeno comum na regio conhecido como cabea dgua, que a elevao repentina do nvel dos cursos dgua pela ocorrncia de chuvas fortes no local, ou nas suas cabeceiras. (2) Medidas de segurana - A defesa circular estabelecida com um permetro defensivo interno e um outro externo, onde disposto um sistema de postos de escuta. So ainda instalados dispositivos de alarme e armadilhas no permetro externo, a uma distncia suficiente para alertas, em tempo, aproximao do inimigo.

Fig 3-4. Local de estacionamento 3-13

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(3) O local do estacionamento deve ser escolhido afastado e num azimute de 90 em relao direo do deslocamento que vinha sendo realizado. 3-9. INFLUNCIAS SOBRE A MANOBRA a. Planejamento das operaes (1) A coordenao e o controle sero prejudicados tanto pela dificuldade em demarcar com acidentes de fcil identificao, na comparao cartaterreno, as reas de atuao dos menores escales, quanto pela restrio na capacidade de, em curso de operaes, os Cmt interferirem na manobra, devido perda de rendimento dos equipamentos de comunicaes. (2) A malha hidroviria certamente condicionar as direes de atuao, ou de emprego, assim como foi durante a conquista e ocupao da regio. (3) Em decorrncia das dificuldades de coordenao e controle, as misses sero, normalmente, atribudas pela finalidade, tendo o escalo executante grande liberdade de ao. (4) O planejamento de recompletamentos de pessoal, substituio de tropa e recompletamento de material, ter que prever sua execuo em prazos mais curtos que os normais, em face do considervel desgaste do combatente e seus equipamentos de combate. (5) A maior descentralizao das operaes, em funo da restrio da capacidade de coordenao e controle, vai impor que a companhia seja o escalo operacional de execuo das misses. (6) As operaes tero grande facilidade no atendimento ao princpio da segurana e na obteno de sigilo e surpresa. (7) Os prazos de luz, ou escurido, para operaes no interior da selva devem ser contados entre os crepsculos civis e no entre os nuticos, sendo que as fases da lua tero pouca significao. (8) Tanto o apoio de fogo (naval, areo, de artilharia ou morteiros), quanto o apoio logstico sofrero srias restries e dificuldades. b. Adestramento da tropa (1) Os diferentes ambientes que integram a selva amaznica, impem que as tropas que a mobilizam estejam aptas a executar eficientemente os diversos tipos de operao (ribeirinha, aeromveis, contra foras irregulares etc). (2) A liderana, particularmente nas pequenas fraes, deve ser exercida em toda sua plenitude e vigor, visando a neutralizar as influncias negativas que a rea provoca no combatente. (3) A possibilidade de ocultao permite grande fluidez s operaes, facilitando o desengajamento de foras. Isto pode descaracterizar a existncia de uma linha de contato, mas dever estimular a explorao da surpresa, com largo emprego de pequenas fraes e aes tipo comandos. Pela facilidade de desengajamento, na selva muito mais que no terreno convencional, importante que, uma vez estabelecido o contato com o inimigo, tudo seja feito para negar ao mesmo o seu rompimento. 3-14

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c. Inteligncia (1) A dificuldade de obteno de informes sobre o inimigo, aumenta o grau de risco no planejamento das operaes, acarreta a sensao de insegurana na tropa e favorece a proliferao de boatos, exigindo uma forte atuao dos Cmt de todos os nveis. (2) Ainda como decorrncia da fluidez e do predomnio da atuao do escalo companhia e visando no perder o contato e manter-se com a iniciativa das aes, interessante que j este escalo, seja dotado de um especialista (oficial ou sargento) capaz de conduzir um interrogatrio sumrio. As informaes a serem obtidas de possveis prisioneiros de guerra, ou adversrios capturados seriam aquelas de cunho ttico imediato, sendo em seguida o elemento enviado ao S2 da unidade. d. Apoio ao combate (1) As tropas em operao tero possibilidade de contratar na populao a prestao de servios de guias, mateiros, rastreadores e prticos. (2) O apoio areo afetado pelas grandes distncias entre os locais de pouso, capazes de comportar o tipo das aeronaves exigido, e a rea de operaes e tambm pelas bruscas e repentinas mudanas nas condies meteorolgicas normais, com a ocorrncia de tempestades tropicais. (3) A obteno da superioridade area outro aspecto que na selva, aumenta de importncia. Ela vai permitir: (a) a realizao de operaes aeromveis; (b) o apoio areo aproximado; (c) o transporte areo de suprimentos; (d) EVAem. (4) O apoio de embarcaes da Marinha estar restrito, praticamente, s calhas dos grandes rios, devido ao calado e, at mesmo, ao comprimento das mesmas e tambm ao regime dos rios que impede a navegao, nos meses de vero, nos rios de mdio e pequeno porte. (5) A tarefa da engenharia, de facilitar o movimento terrestre de uma fora, ser enormemente prejudicada por aspectos como: (a) dificuldade em abrir o trilho inicial atravs da floresta; (b) dificuldade da implantao da base devido ao solo arenoso e falta de pedra e cascalho e pelo regime de chuvas extremamente rigoroso; (c) dificuldades na manuteno e conservao. 3-10. INFLUNCIA SOBRE AS ATIVIDADES LOGSTICAS a. Mobilizao - Dificuldades para aproveitar recursos locais, sejam eles suprimentos, servios, ou produo industrial. Isto vai obrigar que o planejador estabelea um pesado fluxo partindo do centro-sul do pas, capaz de trazer at a rea toda a gama de suprimentos necessrios. b. Pessoal (1) O controle de efetivos cresce de importncia, em virtude da maior possibilidade de que, mesmo nos menores embates, ocorram mais casos de 3-15

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extraviados. (2) O controle e recuperao de extraviados sero de difcil execuo. (3) O plano de operaes dever definir normas rgidas para a atividade de evacuao de mortos e sepultamento. Considerando-se as distncias e dificuldades de transporte e, ainda, a rpida decomposio dos corpos pela ao do calor, possvel que se imponha a necessidade do estabelecimento de cemitrios no nvel brigada e at mesmo batalho. Para isso necessrio que a identificao e registro sejam executadas com o mximo rigor. (4) Os recompletamentos podero ser feitos por indivduos. c. Suprimentos (1) A construo de instalaes de campanha capazes de armazenar uma considervel quantidade de itens tambm dever estar includa no planejamento, porquanto a capacidade civil instalada na regio baixa e atende apenas a demanda normal da populao. (2) A elevada temperatura, a intensa umidade e a forte pluviosidade indicam a necessidade da adoo de mtodos, processos e tcnicas especiais no trato dos suprimentos, para evitar a sua deteriorao. Especial ateno deve ser dispensada s Classes I, V e VIII. (3) A descentralizao das operaes e as grandes distncias iro impor a utilizao rotineira dos processos especiais de suprimento. Deve ser prevista a estocagem ao longo das vias que balizam as direes de atuao. (4) Os nveis de estocagem de cada escalo devero ser aumentados, visando dar tropa maior permanncia em operao, no caso de interrupo do fluxo. Este acrscimo na ponta da linha no dever, no entanto, ser de tal monta que venha a tirar a liberdade de manobra das unidades operacionais. (5) Devero ser utilizados maiores intervalos de rao. (6) Operaes em reas de selva podem afetar a atividade econmica da populao nativa, que dificilmente pode ser evacuada. Neste caso, pode surgir a necessidade de suprimento para civis e a execuo da atividade de assuntos civis, do sistema de comando, a partir do nvel unidade. (7) O suprimento de gua dificilmente poder ser fornecido s peas de manobra que estiverem fora da B Cmb Bda. Assim, necessrio que unidades, SU, fraes e os homens possuam purificadores de gua, adequados a cada nvel, e possam assim se suprir na regio. d. Sade - O apoio de sade aumenta de importncia, no s pela assistncia tcnica-profissional, como pelo efeito positivo no moral da tropa que causa a simples presena dos integrantes do servio. Alguns aspectos que merecem ateno especial: (1) a evacuao de feridos, ou o que fazer com um ferido em operao um problema grave para qualquer comandante, podendo chegar a inviabilizar o cumprimento da misso. Por isso importante que em vez de apenas um mdico junto ao batalho, se tenha um mdico junto a cada companhia, podendo em certos casos esta distribuio chegar a um mdico junto ao peloto; (2) existncia de remdios que protejam ou imunizem, efetivamente, contra as doenas endmicas da rea, as picadas de insetos e de animais 3-16

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peonhentos essencial; (3) o ambiente da selva certamente agravar o estresse psicolgico a que j so submetidos os homens em combate, aumentando a possibilidade de ocorrncia de baixas psiquitricas. Assim, necessrio um acompanhamento mais cerrado por profissionais especializados a fim de, com oportunidade, identificar e resolver casos dessa natureza. Uma adequada preparao psicolgica anterior dever atenuar esse fator adverso e desenvolver o autodomnio e o respeito selva, de modo a torn-la uma aliada. (4) o problema da higiene pessoal na selva ainda mais srio que em outros ambientes. Os comandantes de todos os nveis devem atuar com determinao neste campo, provendo as facilidades e obrigando seus homens a executarem todas as medidas de higiene, particularmente aquelas de carter profiltico. (5) as condies no interior da selva propiciam a rpida infeco de qualquer ferimento, o que exige a aplicao dos primeiros socorros com presteza, limpando-se e protegendo rigorosamente as partes afetadas. e. Transporte (1) grande a dependncia do transporte hidrovirio. (2) Necessidade de se integrar vrios meios de transporte, com a realizao de transferncia de carga em locais pr-selecionados. (3) As condies climticas e meteorolgicas, quando desfavorveis, podero impedir ou retardar deslocamentos areos, alm de tornarem indisponveis grande parte das pistas de pouso no asfaltadas. (4) A vegetao muito alta e prxima de reas de lanamento, pistas e ZPH, poder dificultar a identificao do local de pouso, lanamento de carga ou resgate de tropa, alm de oferecer riscos segurana fsica das aeronaves. (5) A carncia de recursos locais e a limitada infra-estrutura de apoio ao vo faro com que sejam utilizados processos especiais de suprimento de (6) Por ocasio do vero, o nvel dos rios baixa consideravelmente, fazendo com que haja, para determinadas regies da AMAZNIA, total dependncia do transporte areo, em virtude da quase impossibilidade de navegao. (7) A malha rodoviria, na AMAZNIA como um todo, bastante reduzida e apresenta precrias condies de trafegabilidade. As condies climticas e meteorolgicas, principalmente no inverno, tornam difcil a manuteno, deixando intransitveis as poucas rodovias existentes. (8) A falta de obras de arte nas estradas faz com que existam muitas balsas para travessia dos cursos de gua. Esta limitao reduz a rapidez dos deslocamentos. (9) A populao local detm os conhecimentos fundamentais para a fabricao, manuteno e operao de embarcaes regionais. (10) Os prticos assumem papel de destaque para a conduo de embarcaes, principalmente na vazante dos rios. f. Manuteno - O 3 escalo de manuteno, particularmente dos itens de emprego direto das tropas em combate dever ser deslocado para prximo do usurio, evitando que o material v para a retaguarda, dando-lhe maior permanncia na rea de combate. 3-17

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g. Segurana das instalaes logsticas - As instalaes logsticas tornam-se alvos compensadores a ataques de surpresa. Os comandantes devem dedicar especial ateno segurana das mesmas, como tambm do fluxo de suprimentos.

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CAPTULO

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ATUAO DAS FORAS SINGULARES NO CONTEXTO DAS OPERAES MILITARES NA AMAZNIA4-1. O EMPREGO DA FORA TERRESTRE a. Caber essencialmente Fora Terrestre a destruio do inimigo, podendo, eventual e temporariamente, no contexto de uma operao maior, ser atribuda a misso de conquista e manuteno fsica de reas que coloquem o inimigo sob condies desfavorveis. Para o desenvolvimento das operaes importante a atuao harmnica com as outras Foras. b. Atravs da anlise dos acessos AMAZNIA brasileira, conclui-se que raramente se processaro operaes militares de envergadura que prescindam dos suportes hidrovirio e areo. c. Na ofensiva, as foras empregadas ao longo dos eixos devem tirar o mximo proveito da surpresa, com o movimento de elementos pelo interior da selva. Os movimentos de flanco devero ser explorados ao mximo. As tropas devem possuir grande mobilidade; as foras aeromveis e o emprego de meios fluviais, aumentam as possibilidades de sucesso. A segurana do fluxo de suprimentos e das instalaes logsticas suscita preocupao especial, em face do alongamento das distncias de suprimento. d. As restries impostas pela vegetao observao, s ligaes e s comunicaes dificultam a realizao do ataque coordenado e a centralizao de aes no interior da selva. Um razovel nvel de coordenao pode ser obtido com o emprego de tropas experientes, aclimatadas, adequadamente equipadas e adestradas, e com a adoo sistemtica de normas gerais de ao pelos diferentes escales envolvidos. e. Na defensiva, o planejamento deve procurar atender aos fundamentos da defesa. A organizao linear, em geral, inexeqvel. As posies que 4-1

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bloqueiam os eixos devem ter condies de defesa em todas as direes (pontos fortes). O aspecto crtico da conduta das operaes a fluidez da linha de contato. As foras de segurana desempenham papel fundamental, procurando desgastar o inimigo e afetar-lhe o moral, mediante a execuo de aes ofensivas. As reservas devem possuir mobilidade adequada, compatvel com a previso de seu emprego. f. O combate noturno, pouco freqente, realizado quando os seus resultados compensam o grande desgaste da tropa, sendo que aumenta as dificuldades de coordenao e controle. Normalmente, se executado, limita-se ao de pequenas unidades, particularmente em misses de patrulha e em ambientes fora do interior da selva. g. As formaes de combate so, normalmente, mais cerradas e os deslocamentos executados em coluna, com possibilidade maior da ocorrncia de combates de encontro. Os deslocamentos para a conquista dos objetivos so executados prximos a estes, partindo de locais semelhana de um ataque noturno. h. normal a brigada no centralizar a ao dos batalhes de infantaria de selva e estes, o das companhias de fuzileiros de selva. Para assegurar a unidade de comando, imprescindvel: (1) o conhecimento, por parte de todos os escales interessados, dos objetivos, da manobra e da inteno do escalo superior, bem como das misses dos demais elementos da unidade ou grande unidade; (2) atribuir aos comandos subordinados ampla iniciativa e liberdade de ao no cumprimento da misso. i. As informaes sobre o inimigo normalmente so deficientes, tornando muito difcil a determinao de suas possibilidades em termo de aes tticas especficas (atacar, defender, reforar, retardar, retrair). Em regra, as possibilidades do inimigo so levantadas em termos genricos, sob a forma de ATUAR. O oficial de informaes deve precaver-se para no chegar falsa concluso de que o inimigo no pode atuar atravs de uma rea supostamente intransponvel ou que no pode empregar suas foras em tempo de afetar o cumprimento da misso. j. A identificao de foras inimigas capazes de influir no cumprimento da misso, pela ausncia de frentes estereotipadas e pelo contato de pequenas fraes em reas de extenso e largura apreciveis, pode levar o oficial de informaes a incorrer em graves e irreparveis enganos, principalmente quanto composio e valor do inimigo. Por outro lado, as restries ao movimento terrestre e aqutil e as possibilidades do movimento areo podero trazer grandes dificuldades no clculo dos prazos para reforar e cerrar. l. As operaes aeroterrestres, com lanamento de pra-quedistas, embora possveis, sofrero severas restries tendo em vista os seguintes aspectos: (1) dificuldade de seleo de ZL compatveis com o escalo a ser lanado 4-2

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nas possveis reas de emprego; (2) coincidncia da maioria das ZL compatveis (escalo companhia ou batalho) com os aerdromos, que por serem acidentes capitais, ou estaro em nossas mos permitindo o pouso das aeronaves, ou defendidos pelo inimigo, o que elevar significativamente a possibilidade de baixas se ali for realizado o lanamento da tropa. (3) considerando a baixa velocidade de progresso em combate, seja sobre um rio, seja pelo interior da selva e a profundidade que justifique a realizao do lanamento de pra-quedistas, ser extremamente difcil se ter a certeza que no prazo de 72 horas, ou at mesmo maior, a juno estar realizada. m. A realizao de infiltrao vertical de pequenas equipes de elementos especializados (comandos, foras especiais), no sofrer as restries apresentadas no subpargrafo anterior, sendo perfeitamente possveis, mesmo porque para estes elementos a ZL pode estar na superfcie de um lago, ou sobre um rio. n. As operaes aeromveis exigiro amplas clareiras, onde o escalo de ataque possa ser desembarcado. A exemplo da restrio j analisada na seleo de ZL para as operaes aeroterrestres, o planejamento das operaes aeromveis normalmente no poder incluir o assalto aeromvel sobre o objetivo defendido pelo inimigo. Esta restrio exigir que a tropa que realiza a operao, aps o desembarque, execute um deslocamento atravs selva, para ento lanar-se ao assalto sobre o objetivo. 4-2. O EMPREGO DE MEIOS DA MARINHA a. Numa regio onde as vias de transporte so basicamente fluviais, o emprego de meios da Marinha se faz essencial para garantir o controle e a segurana dessas vias, j que sobre as grandes hidrovias ficaro eixadas as operaes e, particularmente, o apoio logstico. b. O BRASIL, por possuir o controle de entrada da BACIA AMAZNICA, tem o emprego de sua Fora Naval significativamente favorecido, porm limitado pelas condies de navegabilidade das diversas hidrovias. c. importante considerar que o poder naval dos pases da AMAZNIA est sediada nos oceanos PACFICO e ATLNTICO, mas a uma distncia que dificultar em muito o seu emprego na regio. d. Alm de assegurar a livre utilizao dos rios, a Marinha poder cooperar mais decisivamente em misses de transporte de tropas e de suprimentos; apoio de fogo naval; mapeamento nutico; interdies de vias aquticas; controle de reas ribeirinhas; apoio de hospitalizao; apoio a populaes ribeirinhas e escolta de comboios. e. As restries de calado e comprimento das embarcaes limitaro o apoio dos meios flutuantes da Marinha calha dos maiores rios, inviabilizando4-3

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o quando a regio das operaes estiver nos altos cursos dos mesmos, ou na de seus afluentes. f. A Marinha atuar, em princpio, de forma conjunta com a Fora Area, nas operaes ao longo do litoral, visando ao controle das reas martimas, particularmente nas proximidades de BELM (PA), MACAP (AP) e SO LUIZ (MA). g. Nas operaes ribeirinhas envolvendo tambm a Fora Terrestre, podero ocorrer operaes combinadas. Entretanto, a Marinha poder empregar seus fuzileiros navais isoladamente neste tipo de operao, quando isto for necessrio conquista de seus objetivos operacionais. 4-3. O EMPREGO DA FORA AREA a. A Fora Area, alm do cumprimento de suas misses normais de qualquer TO, deve atenuar as restries que o ambiente operacional impe s outras foras singulares. b. As operaes aeroestratgicas e de defesa area so realizadas independentemente pela Fora Area. c. As operaes aerotticas, quando realizadas pela Fora Area do Teatro de Operaes Terrestre (FATOT), tm por finalidade concorrer para o cumprimento da misso atribuda ao TOT, atravs das seguintes tarefas: (1) Superioridade Area - visa, primordialmente, conquista e manuteno de um grau de liberdade para as atividades areas prprias e busca do controle do espao areo. Pode-se, assim, atenuar a vulnerabilidade das embarcaes e das viaturas e proporcionar segurana s instalaes logsticas, s posies de tropas e s aes tticas, bem como favorecer o emprego dos meios areos das foras de superfcie; (2) Apoio Areo Aproximado - esta tarefa estar sensivelmente prejudicada pela dificuldade de identificao das posies tanto da fora terrestre amiga, quanto da fora inimiga, quando estas estiverem no interior da selva; (3) Interdio Area - sua importncia reside nos desgastes que podem ser impostos s foras de superfcie inimigas, antes destas serem empregadas contra as foras amigas; sua execuo relativamente facilitada pela canalizao do movimento ao longo das hidrovias e das estradas; (4) Reconhecimento Areo - embora quase restrito aos eixos, hidrovias ou estradas, ganha importncia, pois o alcance da observao terrestre muito limitado e as distncias a serem percorridas so significativamente grandes; (5) Transporte Areo - assume papel de destaque em face das restries existentes ao deslocamento de tropas e suprimentos, principalmente medida que se afasta das calhas dos grandes rios. Poder constituir-se no nico meio de que o comandante dispe para resolver situaes crticas; (6) Ligao e Observao - atenua as dificuldades de observao terrestre e de coordenao e controle, inerentes a este ambiente operacional. Entretanto, sofrer tambm a dificuldade de identificao das posies sob a cobertura da floresta. 4-4

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d. conveniente lembrar uma vez mais as limitaes impostas pelas variaes bruscas nas condies meteorolgicas e pelas grandes distncias entre as possveis reas de emprego e os aerdromos capazes de permitir a operao das aeronaves da Fora Area.

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CAPTULO 5 OPERAES OFENSIVAS5-1. GENERALIDADES a. As operaes ofensivas, em rea de selva, desenvolvem-se apoiadas em um ou mais eixos caracterizados por uma via de transporte terrestre ou aqutica. A seleo de meios de transporte fluviais e terrestres dever considerar como fator importante a situao area vigente. b. As misses sero dadas pela finalidade, expressas na destruio do inimigo localizado em determinada regio ou na conquista de objetivos especficos do terreno. Em regra, o escalo superior impe apenas o objetivo final. c. O combate na selva , fundamentalmente, uma luta de pequenas unidades. d. As aes desenvolvem-se sem a centralizao caracterstica das mesmas operaes realizadas em terreno dito convencional, e em decorrncia dessa maior descentralizao, a manobra deve ser extremamente simples. Considerando-se que a execuo ser descentralizada, somente o perfeito entendimento da misso e da inteno do comandante permitir aos comandantes de unidades subordinadas prosseguirem na misso, independente de estarem ou no em ligao com o escalo superior. e. Geralmente, uma operao ofensiva pressupe, em alguma etapa, um deslocamento pela selva, fora de estradas, trilhas ou vias fluviais. A opo pelo deslocamento atravs selva poder ser condicionada pelos seguintes aspectos: (1) necessidade de obteno da surpresa; (2) tempo disponvel para o cumprimento da misso; (3) dispositivo do inimigo no objetivo; (4) inexistncia de outra via para o deslocamento; (5) possibilidade do estabelecimento de medidas de coordenao e 5-1

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controle que proporcionem segurana ao movimento; (6) condies de navegabilidade dos rios, na vazante e na cheia; (7) condies de transitabilidade das rodovias; (8) restries de utilizao dos meios areos. f. Os fundamentos das operaes ofensivas que avultam de importncia na selva so: (1) a manuteno do contato; (2) explorao das deficincias do inimigo, inclusive as de ordem psicolgica (agravando-as com a depresso provocada pela selva naqueles pouco preparados); (3) a iniciativa; (4) a impulso; (5) a segurana. 5-2. AS OPERAES OFENSIVAS EM REA DE SELVA a. Marcha para o combate (M Cmb) (1) A marcha para o combate poder ser realizada ao longo de um eixo fluvial, rodovirio ou atravs selva. A opo depender, basicamente, das condies de navegabilidade da via fluvial, da trafegabilidade do eixo terrestre, da necessidade de dissimulao da tropa, da situao area e dos efetivos envolvidos. O batalho ser, normalmente, o escalo empregado ao longo de um eixo de progresso, na busca do contato com o inimigo. (2) A inexistncia de mais de um eixo orientado na mesma direo e prximo ao principal, praticamente inviabilizar a realizao da marcha em colunas mltiplas, obrigando a articulao da tropa em uma longa coluna. Isto trar srios problemas segurana. (3) A proximidade da floresta em relao s margens dos rios, ou das margens das rodovias, trar o dilema ao Cmt de colocar uma flancoguarda atravs selva e reduzir a velocidade de progresso do homem na selva, ou deslocar a tropa sem esta fora de proteo. Para solucionar este problema poder ser adotada a tcnica para deslocamento em rea sob controle do inimigo. Nos pontos julgados de maior risco , a tropa desembarca elementos de segurana que realizam um vasculhamento e ocupam as margens do eixo at a passagem de todo o grosso. (4) Outra considerao importante no planejamento da articulao da fora que executa a marcha quanto existncia ou no de uma fora de cobertura. A profundidade em que lanada uma F Cob, os riscos ao deslocamento citados anteriormente, podem levar a uma organizao em que, sem F Cob, se reforce a vanguarda e aumente um pouco a distncia entre esta e o grosso. Esta deciso ser facilitada no caso de estarem disponveis maiores informaes sobre o inimigo. (5) O planejamento da M Cmb sofrer ainda uma severa restrio no que tange ao aspecto coordenao e controle. A dificuldade em se levantar nas cartas acidentes que sejam identificveis, sem possibilidade de erro, pela tropa que se desloca no terreno ser muito grande. Quando a M Cmb for fluvial esta 5-2

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possibilidade ainda ocorrer, mas no interior da selva ela praticamente inexistente. (6) Ao penetrar na selva, a tropa deve conduzir apenas o armamento, equipamento e suprimento indispensveis ao cumprimento de suas misses. Armas pesadas s sero transportadas quando o comando j tenha conhecimento preciso de sua possibilidade de emprego, ou quando as informaes sobre o poder de combate a enfrentar sejam inexistentes e o Cmt queira precaver-se contra possveis surpresas. (7) O deslocamento noturno, normal para outras reas geogrficas, na selva ter sua utilizao bastante restrita. (8) As caractersticas da hidrovia, os tipos e a quantidade das embarcaes, bem como o controle das margens condicionam o dispositivo a ser adotado, para uma M Cmb fluvial. Nos rios de maior porte, o grosso da tropa poder ser protegido por uma flancoguarda, que se deslocar em embarcaes menores, prximas s margens, alm da vanguarda e da retaguarda. (9) As ameaas ao movimento aqutil incluem minas e obstculos aquticos, aviao inimiga, emboscadas, hostilizao por guerrilheiros, fogo indireto e envolvimento em combate de encontro. (10) Quando possvel, os deslocamentos por gua sero precedidos por navios varredores de minas e por elementos de reconhecimento e segurana. (11) As aeronaves da Fora Area do Teatro de Operaes Terrestre podem ser empregadas, visando obter, particularmente, a superioridade area na regio onde se executa a marcha para o combate. (12) Helicpteros armados podem escoltar os movimentos e prover reconhecimento, apoio de fogo e retransmisso de mensagens. (13) Muito mais que nos deslocamentos em terreno convencional, na selva, a fora que for executar uma M Cmb, dever estar intensivamente adestrada em tcnicas de ao imediata, para desenvolver-se e vencer um possvel combate de encontro. (14) A localizao das unidades nos grupamentos ou unidades de marcha deve ajustar-se s necessidades e s condies de desembarque. (15) A coluna ttica e a marcha de aproximao so formas de marcha normalmente usadas nos movimentos tticos nas selvas, particularmente a ltima. Na marcha de aproximao, as distncias entre os diversos escales so menores, sendo normal a existncia de uma retaguarda. (16) A marcha de aproximao ser na formao de unidades ou fraes sucessivas. (17) Antes de comear a marcha pela selva, se possvel, deve-se fazer um reconhecimento completo, ou em parte do itinerrio a seguir. Se a situao ttica permitir, elementos de reconhecimento devem ser lanados frente para cientificar-se da distncia e condies do itinerrio, para escolher novos caminhos nas regies desfavorveis, realizar balizamentos, reconhecer os cursos de gua sobre os quais devem ser construdas as passagens, para atualizar as cartas, determinar os locais de estacionamento e pontos de espera e analisar a durao do movimento. Um relatrio completo deve ser fornecido o mais cedo possvel ao Cmt da tropa.

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(18) Durante o movimento, a emboscada uma preocupao constante. As distncias entre os elementos em marcha devem ser muito menores de que em zonas abertas. Medidas especiais so adotadas para assegurar a ligao entre os vrios elementos.

RgGRO SSO

Vg

Legenda:Helicpteros p/ Ligao, Rec, Escolta, Ap F, etc. Embarcaes de Ligao Embarcaes de Segurana Navio varredor de minas

L Ct

L Ct

Fig 5-1. Um Esquema de M Cmb Fluv b. Reconhecimento em fora (1) A concepo clssica do reconhecimento em fora, realizado por uma fora de grande poder de combate com foras-tarefas apoiadas por artilharia, engenharia e meios areos, nas operaes em selva muda completamente de enfoque. (2) As dificuldades j alinhadas quanto ao estabelecimento ou no de uma F Cob na M Cmb e a extrema fluidez que possibilita o fcil desengajamento do inimigo, desaconselham a realizao do reconhecimento em fora nos moldes doutrinrios conhecidos. (3) O reconhecimento em fora passa a ser realizado ento, por escales menores, normalmente companhia, mas podendo chegar ao valor batalho, atravs de uma infiltrao ttica, de uma operao aeromvel, de um assalto ou de um desembarque ribeirinho. Em qualquer caso, deve ser prestado apoio de fogo e serem asseguradas as condies de retraimento da tropa. (4) Este tipo de operao, normalmente, dever estar direcionado para um acidente capital que, devido sua importncia, estando ameaado, ir obrigar o inimigo a reagir, expondo seu dispositivo e valor. 5-4

c Es b Cmc Es c ReP Ct

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c. Ataque (1) Ataque coordenado (a) Nas operaes ofensivas, o ataque coordenado poder ser realizado na medida em que a importncia do objetivo a ser conquistado e a tropa nele disposta for de tal vulto que justifique o emprego centralizado dos meios. Normalmente ele ser conduzido luz do dia. (b) de difcil execuo para escales maiores que batalho, pois a coordenao da manobra e do apoio de fogo fica, muitas vezes, prejudicada pelas restries impostas pela selva. (c) O ataque implicar em uma ao principal, e uma ou vrias aes secundrias, que podem ser desencadeadas preliminarmente ao ataque, buscando a conquista ou a ocupao de regies que permitam bloquear o retraimento ou o reforo do inimigo engajado pelos ataques principal e secundrio. Estas aes podero, tambm, visar diretamente a destruio do inimigo, atingindo-o nos flancos e retaguarda. (d) O ataque coordenado nas operaes na selva, assemelha-se em muito tcnica para execuo do ataque noturno, prevista nos manuais de emprego. (e) O apoio de fogo nas operaes na selva to essencial quanto nas operaes em outros ambiente. O objetivo a ser conquistado deve ser inteiramente batido pelo fogo. (f) O assalto mais eficaz ser aquele que, partindo do interior da selva, projeta-se sobre objetivos fora dela, que estaro previamente isolados por foras de bloqueio. Nessa situao podero ser empregados efetivos at valor batalho. (g) Devido disperso dos meios e s dificuldades de comunicaes e de movimento, comum e fracionamento da reserva e a sua localizao cerrada com os elementos de 1 escalo. (h) Considerando que as posies defensivas nas operaes na selva sero um somatrio de pontos fortes e no uma posio linear e contnua, existindo largos intervalos no defendidos entre os pontos; considerando, ainda, as dificuldades em se ter nos locais de travessia espao na margem para que a tropa atacante se desdobre com os meios de transposio, dificilmente acontecer um ataque com transposio de curso dgua. Diante da necessidade de conquistar um objetivo na margem oposta de um rio obstculo, o Cmt poder simplesmente manobrar executando a travessia a montante, ou a jusante do ponto forte, em regio no defendida e atac-lo j da outra margem.

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Fig 5-2. Um Esquema de ataque coordenado (2) Ataque de oportunidade (a) Este ataque dever ser realizado quando o comandante, aps esclarecer a situao e analisar todos os fatores da deciso, concluir sobre a viabilidade de realizar um ataque imediato, sem perda da impulso, desdobrando a fora como um todo, com a finalidade de aproveitar a oportunidade vantajosa oferecida pela situao. (b) O ataque caracteriza-se pela imediata expedio de ordens fragmentrias pelo comandante, destinadas aos elementos de manobra e apoio de fogo, privilegiando a rapidez, a iniciativa e a manuteno da impulso. (c) O tempo necessrio para a preparao do ataque de oportunidade, por exigir menas medidas de coordenao e tempo de reconhecimento, da ordem de um tero metade do exigido para o ataque coordenado. (d) Em ambiente de selva, devido dificuldade de se realizar planejamento de fogos detalhados, de se dispor de grandes prazos para planejamentos e reconhecimentos minuciosos e por ocorrerem, com freqncia, ataques mediante, expedio de ordens fragmentrias que exigem reao imediata ser muito comum a ocorrncia do ataque de oportunidade.

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d. Aproveitamento do xito e perseguio (1) Considerando as dificuldades relativas ao emprego de tropas de maior mobilidade, devido s restries de velocidade dos meios de transporte e a escassez de eixos alternativos numa mesma direo de atuao, o aproveitamento do xito dever acontecer pela manuteno da presso constante e da impulso da prpria tropa que realizou o ataque, ou se esta j estiver consideravelmente desgastada, por outra de igual natureza que a ultrapasse. Esse avano contnuo exige, para sua segurana, a manuteno dos pontos conquistados e a escolta dos comboios de suprimentos. (2) Para negar ao inimigo em retraimento a utilizao de determinadas vias, devero, entretanto, ser planejadas aes secundrias, em que tropas dominaro acidentes capitais sobre essas rotas. (3) Ao sentir-se em desvantagem, o inimigo procurar abandonar suas posies. As limitadas condies de visibilidade na selva favorecem o ocultamento do movimento inimigo, possibilitando o reagrupamento a curta distncia. A partir da, o inimigo pode iniciar um movimento, fugindo do contato com o atacante, ou lanar-se sobre ele, de qualquer direo, em aes locais de inquietao e desgaste. Assim, a operao orientada no sentido de destruir a capacidade do inimigo em reorganizar-se e conduzida atravs de aes rpidas e descentralizadas. 5-3. COMBATE DE ENCONTRO a. Esse tipo de combate muito comum, especialmente entre as pequenas unidades, pois a ambos os contendores faltam, normalmente, informaes, e seus dispositivos no esto necessariamente articulados para uma ao maior e planejada. b. Poder ocorrer nos eixos fluviais e rodovirios. A probabilidade de ocorrncia do combate de encontro sensivelmente aumentada por causa das restries observao, aos campos de tiro e tambm pela canalizao do movimento sobre os eixos. Nos deslocamentos realizados fora dos eixos, ou seja, no interior da selva, sua ocorrncia ser mais provvel nas proximidades dos objetivos de marcha ou dos objetivos a serem conquistados. c. As caractersticas do terreno devem ser aproveitadas para a obteno da surpresa, atravs de rpidas emboscadas e incurses. d. A floresta dificulta a manuteno do contato, ao facilitar o desengajamento e o retraimento, por isso deve-se aproveitar este tipo de combate para desgastar o inimigo. Uma vez obtido o contato, a tropa deve fustigar o inimigo sem trguas, negando-lhe o desengajamento. e. O combate de encontro exige comandantes capazes de examinar rapidamente a situao, decidir e expedir ordens com presteza e um plano geral de ao para estas situaes. Aquele que tomar a iniciativa valer-se- da surpresa e poder lograr o xito.

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f. Os Cmt de todos os nveis devem treinar intensivamente suas tropas em tcnicas de ao imediata, de modo a deix-las em condies de rapidamente manobrar e adotar uma formao de combate. 5-4. FORMAS DE MANOBRA a. Desbordamento (1) Esta forma de manobra deve ser a mais utilizada, pois favorece a obteno de resultados decisivos, uma vez que a floresta facilita a obteno da surpresa. Mesmo os pequenos escales, como companhia e batalho, devero, de acordo com a situao, procurar executar pequenos desbordamentos. (2) O uso de meios areos, mesmo limitado, pode aligeirar a operao e aumentar as possibilidades de sucesso. (3) Esta manobra possibilita o cerco aproximado e a destruio do inimigo na prpria posio ou a sua fuga para o interior da floresta. b. Penetrao - Considerando que a forma com que normalmente se monta a posio defensiva atravs da colocao de uma srie de pontos fortes, isto permitir que uma tropa bem ade