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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA E MOLECULAR DE Salmonella sp. EM GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL Dunya Mara Cardoso Moraes Orientadora: Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade GOIÂNIA 2014

INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA E MOLECULAR DE...Mogyca Leandro, Cintia Minafra, Emmanuel Arnhold, Francisco Dias de Carvalho, Aires Manoel de Souza e Guido Fontgallad Coelho Linhares,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA E MOLECULAR DE

Salmonella sp. EM GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL

Dunya Mara Cardoso Moraes

Orientadora: Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade

GOIÂNIA 2014

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DUNYA MARA CARDOSO MORAES

INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA E MOLECULAR DE

Salmonella sp. EM GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL

Tese apresentada para obtenção do grau de Doutor em Ciência Animal

junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa:

Etiologia, epidemiologia e controle das doenças infecciosas e parasitárias dos animais

Orientadora:

Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade – UFG

Comitê de Orientação: Prof. Dr. Iolanda Aparecida Nunes – UFG

Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme - UFG

GOIÂNIA 2014

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através doPrograma de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

CDU 639.09

Moraes, Dunya Mara Cardoso INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA E MOLECULAR DE Salmonellasp. EM GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL [manuscrito] / DunyaMara Cardoso Moraes. - 2014. ix, 95 f.

Orientador: Profa. Dra. Maria Auxiliadora Andrade; co-orientadoraDra. Valéria de Sá Jayme; co-orientador Dr. Iolanda AparecidaNunes. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Goiás, Escola deVeterinária e Zootecnia (EVZ), Programa de Pós-Graduação emCiência Animal, Goiânia, 2014. Bibliografia. Inclui tabelas.

1. antimicrobianos. 2. genes de virulência. 3. ovos. 4. PCR emtempo real. I. Andrade, Maria Auxiliadora, orient. II. Título.

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Dedico

“A DEUS pelo dom da vida

e ao meu amado filho

Gabriel Alcântara Coelho

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“Tu que eu trouxe dos confins da terra,, e que fiz vir do fim do mundo, e a quem eu

disse: “Tu és meu servo, eu te escolhi, e não te rejeitei”; nada temas, porque estou

contigo, não lances olhares desesperados, pois eu sou teu Deus; eu te fortaleço e venho

em teu socorro, eu te amparo com minha destra vitoriosa”.

( Is 41, 9-10)

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me amar incondicionalmente, sempre.

A minha família, alicerce no qual sustento minha vida, em especial minha mãe,

Geralda de Alcântara Cardoso Moraes, exemplo de fé, força e determinação,

minha avó Tereza de Alcântara Cardoso, pela dedicação de uma vida inteira e

minhas irmãs Elizângela Cardoso Moraes Moura e Lorena Cardoso Moraes; ao

meu esposo Leandro Bueno Coelho, principalmente pela paciência dedicada.

Obrigada Gabriel Alcântara Coelho meu anjo e muito amado filhinho. Desculpe-

me pela ausência em alguns momentos... Muito obrigada!!!

Agradeço, em especial, a minha amada orientadora, Maria Auxiliadora Andrade,

pelo respeito, pela confiança e principalmente, pelos ensinamentos diários e todo

o tempo dedicado a esse trabalho. Muito obrigada!!!

A Iolanda Aparecida Nunes e Valéria de Sá Jayme, meus sinceros

agradecimentos por terem contribuído com a realização deste trabalho e

principalmente por terem aceitado compor meu comitê de orientação.

Aos professores José Henrique Stringhini, Marcos Barcellos Café, Nadja Susana

Mogyca Leandro, Cintia Minafra, Emmanuel Arnhold, Francisco Dias de Carvalho,

Aires Manoel de Souza e Guido Fontgallad Coelho Linhares, pelos ensinamentos,

muito obrigada. A Médica Veterinária Maria Inês Rodrigues da Cunha pelo apoio

oferecido junto às empresas, proporcionando as coletas das amostras. Muito

obrigada as empresas que permitiram essas coletas.

Agradeço, ainda, pela oportunidade de conhecer e conviver com pessoas

especiais: Cícera, Maria Auxiliadora Leão, Fernanda Mendes, Thiago Bastos,

Anderson Mori, Sabrina Castilho Duarte, Sheylla Borges, Cinthia Lorena Rezende.

Agradeço ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento pelo

financiamento desse projeto e também ao CNPQ pelo apoio financeiro concedido,

pois sem ele não seria possível desenvolver este trabalho e também a

Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia e ao Programa

de Pós-graduação pelo acolhimento.

Muito Obrigada!

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RESUMO

Objetivou-se com esta pesquisa investigar a presença de Salmonella sp por bacteriologia convencional e PCR em tempo real em casca, albúmen e gema de ovos comerciais brancos e vermelhos, lavados e não lavados; em amostras de forros de caixa de transporte, amostras de ambientes de criação (suabes de gaiola e bebedouro), suabes de cloaca, ração e insetos oriundos das fases de cria, recria e produção de um lote de poedeiras comerciais e investigar o perfil de suscetibilidade de isolados de Salmonella frente 14 antimicrobianos sulfametoxazol (25µg), sulfametoxazol-trimetoprim (25µg), enrofloxacina (5µg), tetraciclina (30µg), sulfonamidas (300µg), ciprofloxacina (10µg), amoxilina ácido clavulânico (3µg), ampicilina (20µg), ceftiofur (30µg), gentamicina (10µg), oxitetraciclina (30µg), neomicina (30µg), doxiciclina (30µg) e apramicina (15µg) e avaliar a presença do gene de virulência spvC e dos genes de resistência intl1, sul1 e blaTEM. Foram colhidas, nos galpões, 68 dúzias de ovos brancos e 27 dúzias de vermelhos e nos entrepostos, após classificação e sanitização, 30 e 34 de dúzias de ovos brancos e vermelhos, respectivamente. Cada dúzia de ovos correspondeu a três amostras: uma amostra de pool casca, uma de pool de albúmen e uma de pool gema, totalizando 387 amostras. Obteve-se pela bacteriologia convencional 5,4% (21/387) e PCR em tempo real 16,0% (62/387) de amostras positivas para Salmonella. Os sorovares identificados foram Salmonella Agona, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Salmonella Schwarzengrund, Salmonella Cerro, Salmonella Anatum, Salmonella Enteritidis, Salmonella Johannesburg e Salmonella Corvallis. Foram coletadas também 864 amostras no fluxo de produção de ovos e Salmonella sp. foi isolada pela bacteriologia convencional em 2,8% das amostras e pelo PCR em tempo real em 15,3%, sendo que 248 amostras foram originadas da cria, 392 na recria e 224 na produção. De acordo com a analise estatística a infecção evoluiu da fase de cria para a recria e ao chegar a fase de produção o nível de infecção declinou. Os 24 isolados de Salmonella foram tipificados e os sorovares identificados foram Salmonella Agona, Salmonella Livingstone, Salmonella Cerro, Salmonella Senftenberg e Salmonella Schwarzengrund. Foram analisadas também 45 isolados de Salmonella pertencentes aos sorovares Agona, Livingstone, Cerro, Schwarzengrund, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Anatum, Enteritidis, Johannesburg, Corvallis e Senftenberg. Os maiores percentuais de resistência foram para sulfametoxazol (91,0%), sulfonamidas (51,0%) e ceftiofur (28,9%). O gene spvC foi detectado somente no sorovar Enteritidis, enquanto o gene intl1 esteve presente em seis dos dez sorovares analisados, o gene sul1 em três deles sempre em associação com intl1 e o gene blaTEM não foi identificado. Conclui-se com essa pesquisa que existe uma variedade de sorovares circulantes em granjas de postura e em ovos comerciais; a investigação fenotípica de resistência aos antimicrobianos aliada a pesquisa dos genes de virulência e de resistência aos antibióticos em isolados de Salmonella sp. circulantes em granjas de postura comercial são importante ferramenta de investigação para determinação do perfil genético dessas bactérias.

Palavras chave: antimicrobianos, genes de virulência, ovos, PCR em tempo real.

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ABSTRACT

The purpose of this research was to investigate presence of Salmonella sp. by conventional bacterial identification and real-time PCR on eggshell, albumen, and yolk of washed and unwashed commercial white and brown eggs; in samples of flooring material from transport crates (meconium); raising environment (swab of cages and drinking fountains); cloacal swab; food and insects from growing, rearing and production phases in a commercial group of laying hens. Also, was examinated the susceptibility profile of Salmonella isolates to 14 antimicrobials: sulfamethoxazole (25µg), trimethoprim-sulfamethoxazole (25µg), enrofloxacin (5µg), tetracyclin (30µg) sulphonamides (300µg), ciprofloxacin (10µg), amoxicillin and clavulanic acid (3µg), ampicillin (20µg), ceftiofur (30µg), gentamicin (10µg), oxytetracycline (30µg), neomycin (30µg), doxycycline (30µg) and apramycin (15µg); and evaluated the presence of virulence gene spvC and resistence genes intl1, sul1 and blaTEM. A total of 68 dozens of white eggs and 61 dozens of brown eggs were randomly collected in poultry houses and 30 dozens and 34 dozens of white and brown eggs, respectively, were collected in egg-storage room (on the farm). Each collected dozen corresponded to three sample units: eggshell, albumen and yolk, totaling 387 samples. Salmonella spp. was detected by conventional bacteriology in 5.4% of analyzed samples and in 16% by qPCR. Salmonella Agona represented 18.2% of identified serovars, Salmonella enterica subs. enterica O:4.5 18.2%, Salmonella Schwarzengrund 18.2%, Salmonella Cerro 13.6%, Salmonella Anatum 13.6%, Salmonella Enteritidis 9.1%, Salmonella Johannesburg 4.5%, Salmonella Corvallis 4.5%, Salmonella Livingstone and Salmonella Senftenberg. From 864 samples collected (248 samples originated from growing, 392 from rearing and 224 from production phase), 2,8% where positives in bacteriologic technique and 15,3% in qPCR. Contamination was higher in growing and rearing phases and declined in production phase. Twenty four isolations of Salmonella where typified as Salmonella Agona (41,7%), Salmonella Livingstone (33,3%), Salmonella Cerro (16,7%), Salmonella Senftenberg (4,2%) and Salmonella Schwarzengrund (4,2%). The highest resistance percentage observed were to sulfamethoxazole (91,0%), sulphonamides (51%) and ceftiofur (28,9%) and 0% to ciprofloxacin. Only Salmonella Johannesburg and Salmonella Corvallis showed resistance to only one antibiotic and others serovars were resistant to at least two antimicrobials, noting that Salmonella Schwarzengrund presented resistance to 13 of them. The gene spvC was dectected only in serovar Enteritidis, while intl1 was present in six of ten analyzed serovars and the gene sul1 in three of them, always in association with intl1. The gene blaTEM was not identified. In conclusion, this research points numerous serovars circulating in commercial egg structures and phenotypic antimicrobials resistance investigation, along with antimicrobial resistance genes in isolates of Salmonella sp. are important investigation tools to determinate genetic profile of these bacteria. Keywords: antimicrobials, eggs, qPCR, virulence gene

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................... 10

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 13

2.1. Salmonella sp. ............................................................................................... 13

2.2. Salmoneloses aviárias................................................................................... 15

2.3. Salmonella sp. em saúde pública .................................................................. 17

2.4. Diagnóstico Molecular ................................................................................... 19

2.5. Fatores de Virulência .................................................................................... 21

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 26

CAPÍTULO 2 – DETECÇÃO DE Salmonella sp. POR BACTERIOLOGIA

CONVENCIONAL E PCR EM TEMPO REAL EM ESTRUTURAS DE OVOS

COMERCIAIS ....................................................................................................... 32

RESUMO:............................................................................................................. 32

CHAPTER 2 - Salmonella sp. DETECTION BY CONVENTIONAL BATERIOLOGY

AND REAL TIME PCR IN COMMERCIAL EGG STRUCTURES ......................... 33

ABSTRACT .......................................................................................................... 33

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 34

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 37

2.1. Local .............................................................................................................. 37

2.2. Amostragem .................................................................................................. 37

2.3. Pesquisa de Salmonella pela bacteriologia convencional ............................. 37

2.4. Pesquisa de Salmonella sp. pela técnica da PCR em tempo real ................. 38

2.5. Análises estatísticas ...................................................................................... 39

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 41

4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 51

CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E DETECÇÃO MOLECULAR

DE Salmonella sp. NAS FASES DE CRIA, RECRIA E PRODUÇÃO EM LOTE DE

POEDEIRAS COMERCIAIS. ................................................................................ 55

RESUMO.............................................................................................................. 55

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CHAPTER 3 – PHENOTYPIC CHARACTERIZATION AND MOLECULAR

DETECTION OF Salmonella sp. IN GROWING, LAYING AND PRODUCTION

PERIODS AND LOT PRODUCTION IN COMMERCIAL LAYING HENS ............. 56

ABSTRACT .......................................................................................................... 56

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 57

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 59

2.1. Local .............................................................................................................. 59

2.2. Amostragem .................................................................................................. 59

2.3. Pesquisa de Salmonella sp. pela bacteriologia convencional ....................... 60

2.4. Pesquisa de Salmonella sp. pela técnica da PCR em tempo real ................. 61

2.5. Analises estatísticas ...................................................................................... 62

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 63

4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 71

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 72

CAPÍTULO 4 – PERFIL DE RESISTÊNCIA E DE VIRULÊNCIA DE ISOLADOS

DE Salmonella sp. ORIUNDOS DE GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL ..... 77

RESUMO.............................................................................................................. 77

CHAPTER 4 – RESISTANCE PROFILE AND VIRULANCE OF ISOLATES OF

Salmonella sp. FROM COMMERCIAL LAYER HOUSES .................................... 78

ABSTRACT .......................................................................................................... 78

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 79

2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 81

2.1. Local .............................................................................................................. 81

2.2. Amostragem .................................................................................................. 81

2.3. Determinação do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos .................... 81

2.4. Detecção dos genes ...................................................................................... 82

2.5. Analises estatísticas ...................................................................................... 83

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 84

4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 90

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 91

CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 95

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CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. INTRODUÇÃO

A avicultura brasileira encontra-se em evidência, registrando constante

crescimento nos índices de produção de carne e de ovos devido aos avanços nas

áreas da genética, nutrição, manejo, ambiência, sanidade e bem estar animal.

Apesar do salto de 131,8 ovos/hab./ano em 2007 para 161,5

ovos/hab./ano em 2012, o consumo per capita de ovos no Brasil é considerado

baixo quando comparado com outros países como, o México, 360 ovos/hab./ano

e países europeus, 200 ovos/hab./ano, no entanto, o ovo compõe a dieta

alimentar de 99% das famílias brasileiras. Com relação ao mapeamento dos

estados produtores de ovos, o Estado de São Paulo é o maior produtor do País,

concentrado 36,59% da produção, seguido de Minas Gerais responsável por

11,73% dos ovos produzidos em 2012. Neste cenário, Goiás é o oitavo colocado

na produção de ovos, 4,35%, e dentro do Estado, a cidade de Inhumas é a maior

produtora seguida de Leopoldo de Bulhões e de Bela Vista de Goiás. Com

relação à exportação, 1% da produção de ovos, aproximadamente 26,8 mil

toneladas, foram exportadas em 2012 representando aumento de 61,2% em

relação ao ano anterior, das quais 94,47% das exportações foram de ovos in

natura e 5,53% de ovos processados (UBABEF, 2013; SEGPLAN, 2013).

O avanço do comércio internacional de alimentos exige maior controle

da segurança alimentar, que deve ser aplicado tanto para alimentos destinados à

exportação quanto para abastecimento do mercado interno. Estes sistemas de

controle se baseiam em critérios estabelecidos em requerimentos internacionais,

rotineiramente discutidos no contexto da Organização Mundial do Comércio, no

Codex Alimentarius e nas legislações de cada país (SILVA, 2007).

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) criou o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que está

fundamentado na vigilância e controle e erradicação de doenças aviárias

importantes para saúde animal e humana. O programa possui como objetivo geral

garantir a disponibilidade de produtos avícolas de qualidade, sanitariamente

controlados (BRASIL, 1994).

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Em relação à produção de ovos comerciais, o MAPA por meio da

Portaria n.1 de 21 de fevereiro de 1990 publicou as Normas Gerais de Inspeção

de ovos e derivados (BRASIL, 1990). Nesta Portaria recomendam-se a lavagem e

secagem rápidas dos ovos, por meio mecânico, de forma que impeça a entrada

de microrganismos no produto. É proibida a lavagem por imersão e a temperatura

da água de lavagem dos ovos deve ser de aproximadamente 10oC acima da

temperatura ambiente. É permitida a utilização de sanitizantes na água de

lavagem dos ovos desde que não sejam a base de iodo, e compostos clorados

não devem ultrapassar a concentração de 50ppm.

ANDRADE et al. (2004) apontaram os ovos como veiculadores de

bactérias, principalmente Salmonella sp., e os responsabilizou por surtos

alimentares. TÉO & OLIVEIRA (2005) relataram que os ovos e subprodutos são

importantes vias de disseminação de Salmonella na cadeia alimentar,

favorecendo a contaminação cruzada no ambiente de preparo dos alimentos.

A presença de Salmonella sp. no ciclo de produção avícola causa,

além de danos econômicos, importante impacto à saúde pública. A contaminação

microbiológica de alimentos é uma das principais causas de enfermidades

alimentares no homem e as práticas inadequadas na produção e manejo da

matéria-prima, bem como na preparação e consumo do alimento, favorecem o

surgimento de doenças veiculadas por alimentos.

Os órgãos oficiais brasileiros reconhecem como métodos de pesquisa

de Salmonella sp. apenas a bacteriologia convencional e a separação

imunomagnética (BRASIL, 2003). Embora oficialmente recomendado, o

isolamento pela bacteriologia requer pelo menos 120h até que se tenha um

resultado conclusivo. Nos últimos anos alguns métodos para analisar a presença

dessa bactéria vêm sendo desenvolvidos e as técnicas moleculares, como por

exemplo, a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) convencional e a PCR em

tempo real têm sido aplicadas com êxito devido à elevada sensibilidade,

especificidade e agilidade deste método de diagnóstico.

Estudos epidemiológicos demonstram que as principais fontes de

contaminação de lotes de aves de produção por Salmonella sp. são a aquisição

de aves contaminadas por matrizes infectadas, infecção cruzada no incubatório e

contaminação ambiental nos galpões de criação. Assim, o controle e eliminação

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desta bactéria envolvem práticas higiênico-sanitárias e monitoramento das fontes

de contaminação (SOUZA et al., 2002).

A presença de Salmonella sp. na produção de ovos comerciais pode

ser determinante de danos à saúde humana e deve ser considerada pelo

complexo mecanismo de patogenicidade em animais de produção, principalmente

nos primeiros dias de vida, período em que o sistema imunológico ainda não está

bem desenvolvido. A persistência desta bactéria no lúmen intestinal de aves

jovens pode acarretar danos ao sistema imunológico e redução nos índices

zootécnicos. Outro aspecto considerado está no fato das aves adultas infectadas

permanecerem no lote atuando como portadoras. A bactéria pode contaminar os

ovos ainda no trato reprodutor, antes da formação da casca, ou pelo contato com

excretas contaminadas no momento da postura (GANTOIS et al., 2009).

O conhecimento da epidemiologia e da patogenia desse

microrganismo, bem como a utilização de diferentes métodos de diagnóstico são

ferramentas auxiliares na avaliação do nível de contaminação dentro dos plantéis,

uma vez que sua presença determina restrição ao comércio internacional

(GAMBIRAGI et al., 2003).

Diante do exposto objetivou-se com este trabalho a determinação da

frequência de isolamento de Salmonella sp., pela bacteriologia convencional e

pela PCR em tempo real, em ovos comerciais, brancos e vermelhos, submetidos

ou não ao processo de lavagem industrial; em forros de caixa transportadoras de

aves de reposição; em amostras de suabes de ambiente, suabe de gaiola e de

bebedouro; em suabe de cloaca; em ração e em insetos. Objetivou-se também, a

detecção de genes de virulência e de resistência a antibióticos em 45 isolados de

Salmonella sp.

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2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Salmonella sp.

O gênero Salmonella, pertencente à família das Enterobacteriaceae, foi

descrito pela primeira vez em 1885 por Daniel Elmer Salmo. Caracterizaram-se

por serem bastonetes curtos, Gram-negativos, anaeróbio facultativo, sem cápsula,

não formador de esporos, imóvel ou móvel com flagelos peritríquios. Mesófilos

capazes de crescerem entre, 5oC – 45oC, apresentando temperatura ótima de

37oC. Crescem em pH entre 4 – 9, sendo 7 o pH ideal. São microrganismos

fermentadores de L-rhamnose, L-arabinose, D-sorbitol, D-manitol, D-manose, D-

xilose, maltose e trealose, porém, não fermentam lactose e sacarose (GAST,

2008).

Este gênero de bactérias se divide em apenas duas espécies:

Salmonella enterica e Salmonella bongori, sendo identificados 2.610 sorovares de

acordo com os antígenos somáticos “O” e flageleres “H”. Salmonella bongori

possui 23 sorovares e Salmonella enterica 2.587 distribuídos em seis

subespécies: Salmonella enterica subespécie enterica, Salmonella enterica

subespécie salamae, Salmonella enterica subespécie arizonae, Salmonella

enterica subespécie diarizonae, Salmonella enterica subespécie houtenae e

Salmonella enterica subespécie indica (GUIBOURDENCHE et al., 2010).

Outra classificação utilizada para esse microrganismo baseia-se na

especificidade do hospedeiro e na determinação do padrão clínico. São três

categorias: a) salmonelas altamente adaptadas ao homem, Salmonella Typhi e

Salmonella Paratyphi A, B e C agentes da febre enterica; b) altamente adaptadas

aos animais, Salmonella Dublin (bovinos), Salmonella Choleraesuis e Salmonella

Typhisuis (suínos) e Salmonella Pullorum (aves) e Salmonella Gallinarum (aves)

causadoras da pulorose e tifo aviário; c) salmonelas zoonóticas que incluem

sorovares ubíquos que afetam homens e animais, são normalmente isoladas de

animais domésticos e silvestres e podem causar os quadros de toxinfecções

alimentares (RODRIGUES, 2011).

TERZOLO (2011) classificou as bactérias do gênero Salmonella de

acordo com a prevalência e os hospedeiros em três grupos diferentes. O primeiro

grupo é o dos sorovares específicos e totalmente adaptados para determinado

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hospedeiro, causando doença sistêmica limitada a um número de espécies

filogeneticamente relacionadas. Portanto, não são capazes de provocar quadros

de gastroenterite no homem. Os sorovares deste grupo são: Salmonella Typhi e

Salmonella Paratyphi A em humanos, Salmonella Pullorum e Salmonella

Gallinarum específicas das aves, Salmonella Typhisuis em suínos, Salmonella

Abortus-ovis nos ovinos e Salmonella Abortus-equi nos eqüinos. O segundo grupo

é formado por apenas dois sorovares, Salmonella Choleraesuis (suínos) e

Salmonella Dublin (bovinos), que além de serem patogênicos para os suínos e

bovinos, são também altamente infectantes para humanos e para outras espécies

de animais. Finalmente, no terceiro grupo estão os sorovares mais identificados

de Salmonella enterica subespécie enterica, como Salmonella Enteritidis e

Salmonella Typhimurium, que causam gastroenterites em uma ampla variedade

de hospedeiros.

A composição dos antígenos de superfície de Samonella sp. determina

a taxonomia do gênero. O esquema de Kauffmann-White classifica a bactéria em

tipos sorológicos em função dos antígenos somático (O), flagelar (H) e de

virulência (Vi) (BRENNER et al., 2000).

Os antígenos somáticos são carboidratos, componentes mais externos

ao lipopolissacarídeo (LPS) responsáveis pela separação do gênero em

sorogrupos e expressos em números arábicos (CDC, 2011). A identificação

sorológica do antígeno “O” se baseia no reconhecimento de 67 fatores

antigênicos somáticos e sua caracterização é possível somente quando os

isolados estão em fase lisa (“S” – Smooth), na qual as colônias são homogêneas,

brilhantes e com bordas regulares. Quando acontece uma mutação capaz de

afetar a porção basal ou a síntese de sua cadeia, ocorre a perda da

especificidade e são denominadas rugosas (“R”- Rough) . Estas colônias com

bordas rugosas são autoaglutináveis em solução salina, facilmente fagocitadas e

sensíveis à ação do complemento (RODRIGUES, 2011).

O antígeno “H” (Hauch) é de natureza protéica denominada flagelina e

compõem os flagelos de salmonelas móveis, podendo expressar dois tipos

diferentes de antígenos flagelares denominados de fase 1 e 2. Antígenos de fase

1 são descritos com letras minúsculas e os de Fase 2 em números arábicos,

porém, é comum acontecer a ausência da expressão de uma das fases,

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dificultando a determinação do sorovar na prática laboratorial pela determinação

das duas fases realizadas por aglutinação rápida com antissoros policlonais. Com

isso é importante fazer a “técnica de inversão de fase” pela qual se faz a

“imobilização” de uma das fases para a caracterização da fase desconhecida. A

aglutinação é caracterizada pela formação de espessos grumos que rapidamente

se formam e facilmente são desfeitos quando ocorre agitação (CDC, 2011).

De acordo com SILVA et al. (2007), os antígenos de virulência também

denominados antígenos capsulares, ocorrem somente nos sorotipos Typhi,

Paratyphi C e Dublin que podem não apresentá-lo.

2.2. Salmoneloses aviárias

Segundo BRENNER et al. (2000) as salmoneloses são enfermidades

agudas ou crônicas causadas por bactérias do gênero Salmonella, uma das

principais causas de infecção bacteriana intestinal no homem e nos animais. A

enfermidade nas aves pode ser categorizada em três doenças diferentes:

pulorose, tifo e paratifo aviário.

A pulorose é uma doença específica das aves, acometendo

principalmente aves jovens, com menos de três semanas de vida, causada por

Salmonella Pullorum que provoca um quadro clínico de diarréia pastosa de cor

esbranquiçada, elevada mortalidade, sendo considerada como principal via de

transmissão do agente a forma vertical, entretanto pode ocorrer pela via

horizontal. As aves adultas geralmente são portadoras assintomáticas e poedeiras

comerciais podem apresentar queda de aproximadamente 30% na postura

(BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

O tifo tem como agente etiológico Salmonella Gallinarum que acomete

principalmente aves adultas ou semi-adultas, cursando com diarreia esverdeada e

mortalidade de ate 80% do lote, tendo como principal forma de transmissão a via

horizontal. À necrópsia observa-se a presença de fígado “bronzeado” (coloração

marrom-esverdeada) (SHIVAPRASAD & BARROW, 2008).

Paratifo aviário é uma doença causada por qualquer sorovar não

adaptado as aves e Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium são

incriminados como os principais. Pode-se observar a ocorrência de um quadro

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entérico ou sistêmico, ou de portadoras assintomáticas, sendo que as aves

adultas infectadas apresentam queda de postura de 10%. Estes sorovares podem

permanecer no trato digestório de frangos até o período de abate, promovendo a

contaminação de carcaças e, em poedeiras, no sistema reprodutor e digestório

favorecendo a contaminação dos ovos (GAST, 2008).

Uma vez infectadas as aves poderão se tornar portadoras do agente

por um período de tempo ou até mesmo por toda vida, com excreção intermitente

de Salmonella. Estas bactérias permanecem viáveis dentro de macrófagos e de

células do sistema mononuclear fagocitário. A quantidade de lisozima em alguns

tecidos das aves faz com que ocorra a remoção total parede bacteriana, dando

lugar a formação de um protoblasto, ou a remoção parcial, formando um

esferoblasto, que é a chamada “Forma L”. A membrana das bactérias em “Forma

L” é similar às membranas das células hospedeiras, por isso não é detectada pelo

sistema imune não existindo resposta à presença do microrganismo e, além

disso, não são detectadas no exame bacteriológico (TERZOLLO, 2011).

MAGEED et al. (2008) afirmaram que a imunidade inata é essencial

como primeira linha de defesa contra infecção embora ainda seja pouco

conhecida com relação ao sistema reprodutor das aves. As defensinas são

peptídeos antimicrobianos que podem desencadear a resposta imune inata e

estão presentes em diversas espécies animais. São estruturas capazes de

eliminar vários microrganismos como bactérias e fungos. Nas aves as defensinas

são denominadas pelo nome dos genes que as codificam e estes autores as

nomearam AvβD. Neste estudo os pesquisadores determinaram os tipos de

genes expressos no oviduto e avaliaram os efeitos da administração de LPS por

via endovenosa em galinhas por analise da expressão dos genes codificadores de

AvβD nos períodos 0, 3, 6, 12 e 24h após a administração de LPS. Concluíram

que existem 11 tipos diferentes de AvβD no oviduto e cinco destes apresentam

expressão aumentada na vagina das aves em resposta ao LPS.

Para TERZOLLO (2011) os portadores de Salmonella se enquadram

em três categorias: a) portador ativo, neles a bactéria se multiplica “in vivo” e

grande número delas é excretado e contaminam o ambiente; b) passivo, nos

quais as bactérias não são capazes de se multiplicar quer seja pela imunidade do

hospedeiro ou por ser sorovar não adaptativo; c) portador latente, que não

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consegue excretar o microrganismo, que fica oculto intracelularmente e não é

detectado em exames laboratoriais até que alguma situação estressante aconteça

para que a bactéria seja excretada. Então o portador latente pode se tornar ativo

em consequência de alterações na temperatura, superlotação, restrição alimentar

e outros tipos de estresse.

2.3. Salmonella sp. em saúde pública

O gênero Salmonella sp. está amplamente distribuído na natureza,

tendo o homem e os animais como reservatórios naturais, sendo considerada

uma das principais causas de enfermidades alimentares. Apesar da evolução

tecnológica ocorrida nos últimos anos, nos setores relacionados à indústria de

alimentos, tem-se registrado aumento na incidência de surtos de salmoneloses.

Este microrganismo exerce papel relevante em saúde pública, em detrimento da

capacidade de contaminar os animais, os tornando portadores assintomáticos, os

quais podem contaminar o ambiente e os alimentos (SHINOHARA et al., 2008).

O microrganismo é a principal causa de toxinfecções alimentares no

mundo e a contaminação acontece pela ingestão de água e alimentos

contaminados. Os alimentos de origem animal, principalmente ovos crus ou mal

cozidos, são os mais incriminados nos casos de infecção (OMWANDHO &

KUBOTA, 2010).

O fato de as aves terem menor probabilidade de serem infectadas por

sorovares não adaptados, causadores de toxinfecções em humanos como, por

exemplo, Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium contribui com o estado

de portadores inaparentes favorecendo a transmissão destes sorovares para o

homem pela ingestão de carne e ovos contaminados (TERZOLO, 2011).

GANTOIS et al. (2009) acreditam que a subnotificação dos casos de

doenças transmitidas por alimentos (DTA) dificulta o conhecimento da dimensão

do problema e, consequentemente, a tomada de decisões efetivas que tragam

soluções. Nos países em desenvolvimento acredita-se que pelo menos 30% da

população é acometida por algum tipo de DTA, causando hospitalizações e até

mesmo óbitos.

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Segundo dados da FIOCRUZ (2008) uma variedade de sorovares da

bactéria é responsável por causar desde quadros leves de infecção como

apresentação de sinais mais graves como septicemia, febre entérica e morte.

Nos últimos 20 anos Salmonella Enteritidis foi o sorovar mais detectado

em ovos comerciais, sendo assim na União Europeia entre 2004-2005 e nos

Estados Unidos (EUA) em 2010, após confirmação de surtos por este sorovar,

autoridades sanitárias promoveram um recall em 380 milhões de ovos que

estavam disponíveis ao mercado consumidor nos estados da Califórnia, Colorado

e Minessota (EFSA, 2010; GANTOIS et al., 2009; CDC,2010).

No Brasil, foram notificados 6.349 surtos de doenças veiculadas por

alimentos no período entre 1999-2009. Em apenas 48,7% dos surtos o agente foi

isolado e Salmonella sp. foi a bactéria mais isolada (42,5%) seguida de

Staphylococcus sp. (20,5%), Bacillus cereus (7,0%) e Clostridium perfringes

(4,9%) (BRASIL, 2009).

Em registro realizado pelo Ministério da Saúde no período de 1999-

2008, ficou comprovada a ocorrência de 6.062 surtos de doenças transmitidas por

alimentos (DTA) envolvendo 117.330 pessoas doentes com 64 óbitos. Em 49%

dos surtos que tiveram a fonte de infecção identificada, Salmonella sp. estava

envolvida em 42,9% e dentre os alimentos envolvidos os ovos crus e mal cozidos

foram responsáveis por 22,8% (BRASIL, 2010).

Além de ser isolada em animais e em humanos, a presença de

Salmonella sp. na produção avícola tem sido constatada em rações e em vetores

como cascudinhos, baratas e roedores BEHRAVESH et al. (2010). Outro aspecto

a ser considerado é o surgimento de isolados de Salmonella sp., cada vez mais

resistentes a antimicrobianos de usos veterinário e humano, acentuando

problemas em saúde publica por favorecer a circulação de microrganismos

multirresistentes. O monitoramento do perfil de resistência de Salmonella

Typhimurium e Salmonella Enteritidis, sorovares mais envolvidos em infecções de

origem alimentar, é extremamente importante pois, além de auxiliar no tratamento

de doença clinica permite o acompanhamento da evolução de cepas

multirresistentes (GRAZIANI et al., 2007).

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2.4. Diagnóstico Molecular

A avaliação clínica e a microbiologia convencional em conjunto com

técnicas capazes de detectar infecções inaparentes tais como teste sorológico,

imunohistoquímica e diagnóstico molecular são ferramentas utilizadas para

auxiliar no diagnóstico (MORENO, 2009). Na década de 1970 iniciaram-se os

estudos de hibridização do DNA que levaram a identificação das cepas de

Salmonella em um grupo composto por sete subgrupos. As analises de

eletroforese de multilocus enzimáticos, desenvolvidas posteriormente

confirmaram os achados da hibridização, no entanto, foi discutida uma nova

espécie Salmonella bongori (EUZÉBY et al., 1999).

As preocupações em se detectar patógenos principalmente aqueles

envolvidos em enfermidades de origem alimentar contribuíram com o surgimento

de técnicas como a PCR, que determina um diagnóstico rápido e automatizado e

nos últimos anos se tornou uma ferramenta precisa no diagnóstico microbiológico

(SACHSE, 2003). Além disso, técnicas de amplificação do ácido nucleico

apresentam uma série de vantagens como, a utilização de amostras clinicas com

pequenas quantidades de microrganismos, elevada sensibilidade e especificidade

e segurança no diagnóstico (MORENO, 2009).

A técnica da PCR permite detectar um gene especifico em um

microrganismo isolado ou em grupo. Além da possibilidade de detectar a

presença de um patógeno sem a necessidade de cultivo e isolamento de cultura

pura e detecção de grupos taxonômicos amplificados como no caso das provas

de região alvo da molécula de RNA ribossômico com níveis diferentes de

variabilidade (COUTINHO et al., 1999).

O comitê internacional de normatização da Europa (European

Committee for Standardization) criou um grupo de pesquisadores para

estabelecimento de protocolos de PCR para detecção de patógenos. Um método

de PCR padronizado deve cumprir alguns critérios como precisão de análise e de

diagnóstico, alta probabilidade de detecção, baixa contaminação e protocolos que

sejam acessíveis e de fácil interpretação (MALORNY et al., 2003).

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Um ponto crítico da técnica da PCR apontado por MALORNY et al.

(2003), é a seleção das sequências que flanqueiam os segmentos de DNA que se

pretende amplificar, a especificidade do método de diagnóstico molecular está

vinculada a precisão dos iniciadores em desempenhar esta tarefa. No caso de

Salmonella sp. a região escolhida deve ser comum a maioria das cepas, deve

codificar proteínas importantes na patogenicidade e não deve apresentar

homologia com outros patógenos evitando assim resultados falso-positivos.

Um locus genético denominado inv responsável pela invasão de

Salmonella sp. no hospedeiro foi caracterizado por GALAN et al. (1992). O

conjunto de genes invABCDE distingue entre Salmonella sp. e outras bactérias

como, por exemplo, Escherichia coli pela hibridização com sonda específicas ou

amplificação de DNA uma vez que estão presentes em uma série de sorovares de

Salmonella sp. e ausentes na região correspondente de outros patógenos.

Existe uma variedade de genes alvos utilizados para detectar

Salmonella sp.: invA, agfA, IS200, hin, H-li, iagAB, spvR, viaB, mkfA, ompC, oriC.

No entanto, ressalta-se que o gene invA está presente nas duas espécies de

Salmonella mas o gene invAB somente em alguns sorovares de Salmonella

enterica (BAUNLER et al., 1997).

A característica qualitativa da PCR tradicional torna esta técnica

limitante nos estudos quantitativos. Em função disso, desenvolveu-se o método

denominado PCR em tempo real no qual se utilizam processos químicos

automatizados de monitoramento do acúmulo de produtos de PCR em uma

reação em tempo real, utilizando sondas químicas fluorescentes. Sendo assim na

PCR em tempo real a amplificação e a detecção são realizados em uma placa

fechada, reduzindo os riscos de contaminação (MALORNY et al., 2003; GLYNN et

al., 2006).

Em estudo realizado por MALORNY et al. (2004), foram avaliadas 110

amostras de alimentos contaminados com Salmonella sp. pela bacteriologia

convencional e pela PCR em tempo real. Os primers e a sonda eram específicas

para um locus altamente conservado composto por cinco genes no operon ttr de

Salmonella sp. Até então esta região não teria sido relatada para detecção desta

bactéria. Os genes ttrA, ttrB e ttrC são responsáveis pela codificação de proteína

tetrationato redutase. Todas as amostras analisadas, tanto pela microbiologia

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como pelo diagnóstico molecular foram positivas, entretanto, a PCR em tempo

real foi concluída em 24h, enquanto que a bacteriologia demorou cinco dias, além

de demonstrar alta seletividade, precisão e probabilidade de detecção.

2.5. Fatores de Virulência

Microrganismos patogênicos são aqueles capazes de causar doença e

se diferenciam dos demais, pertencentes à mesma espécie por possuírem e

expressarem genes que codificam fatores de virulência. Estes fatores são os

responsáveis pela facilidade de invasão e colonização da bactéria na célula do

hospedeiro favorecendo a ocorrência de uma série de eventos que promovem a

instalação da doença (VIEIRA, 2009).

De acordo com VAN ASTEN & VAN DICK (2005) os genes

codificadores dos fatores de virulência podem estar alojados no próprio

cromossoma do patógeno, como, por exemplo, nas ilhas cromossomais

denominadas ilhas de patogenicidade ou em elementos genéticos transmissíveis

que são os plasmídeos, bacteriófagos e transposons.

De modo geral, os fatores de virulência relevantes são as adesinas, as

toxinas, as invasinas, o sistema de captação de ferro, os mecanismos que burlam

as defesas do hospedeiro, assim como os eventos mutacionais nos quais ocorrem

mudanças sequenciais nos genes das bactérias, frente a uma determinada

situação e a aquisição de resistência a determinados antibióticos (VIEIRA, 2009).

Assim como em outros microrganismos patogênicos, as bactérias do

gênero Salmonella possuem fimbrias ou pili, que são estruturas protéicas,

dispostas de forma helicoidal responsáveis pela aderência às superfícies,

permanência no ambiente em que se encontram e formação de biofilmes

(GIBSON et al., 2007).

Antes de invadir uma célula do hospedeiro, a Salmonella deve

encontrar e se aderir a um ou mais tipos de células intestinais. São descritos em

Salmonella Typhimurium quatro tipos diferentes de fimbrias que são as fimbrias

do tipo I (FIM), as codificadas por plasmídeos (PE), a polar longa (LPF) e as

agregativas (AGF). Sugere-se ainda que cada tipo de fimbria apresente tropismo

especifico para o tipo celular que será colonizado e que participam diretamente no

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processo de recrutamento de leucócitos para o sitio de infecção (DARWIN &

MILLER, 1999).

Em Salmonella Enteritidis foram descritas pelo menos cinco tipos

diferentes de fimbrias: SEF14, SEF17, SEF21, fimbria tipo 3 e BFP (bundle-

forming pili). A fimbria SEF14 é codificada por um gene de 5,3Kb que foi

estratificado, com o auxilio da enzima de restrição Hind III, em uma porção de

3,9Kb. Após seqüenciamento genético deste fragmento foi subdividido em três

genes: sefA, sefB e sefC. Estes genes são responsáveis pela estrutura e

expressão da fimbria SEF14 e a identificação de suas seqüências nucleotídicas

constituiu a primeira sequência de um operon fimbrial importante com relação a

capacidade invasiva deste agente. Entretanto, o gene sefA codifica apenas uma

fimbria enquanto que sefB e sefC codificam proteínas similares as proteínas

acessórias de Escherichia coli e Klebsiela pneumoniae. As transcrições de sefB e

sefC se iniciam nas regiões de sefA portanto não se expressam na ausência de

sefA (CLOUTHIER et al., 1993).

Estudo desenvolvido por COLLINGHAN & WOODWARD (2001)

permitiu a identificação de mais dois genes no operon codificadores de fimbrias

sefD e sefE. Foi constatada a presença de genes sefA e sefD em todos os

isolados de Salmonella Dublin e Salmonella Enteritidis. Entretanto, ZHU et al.

(2010) detectaram o gene sefD em apenas em 38,9% das 18 cepas de

Salmonella Pullorum.

NAUGHTON et al. (2001) analisaram a contagem de Salmonella em

estômago e intestino de ratos e observaram que as bactérias que expressaram as

fimbrias SEF21 estavam em maior número nas primeiras horas após a

inoculação. Para estes pesquisadores fimbria SEF21 é considerável fator de

virulência nas fases iniciais de infecção por este patógeno.

Em pesquisa desenvolvida por SALEHI et al. (2011), foram

identificados genes fimbriais codificadores de SEF14, SEF17 e SEF21 em 100%

de Salmonella enterica sor. Enteritidis isoladas em 45 amostras de fezes

diarreicas de humanos e em 25 de excretas de aves assintomáticas. Os autores

concluíram que embora a presença de genes fimbriais seja essencial para a

aderência e colonização da bactéria no epitélio intestinal do hospedeiro,

isoladamente não são capazes de determinar infecção clinica. Portanto, outros

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fatores de virulência como, por exemplo, endotoxinas, resistência a ação de

fagócitos, genes plasmidiais, são indispensáveis para instalação da enfermidade.

As ilhas de patogenicidade são extensas regiões do cromossoma, com

variação de 10.000 até 200.000 pares de base, que apresentam características

próprias, de grande instabilidade e que tem pelo menos um gene associado à

virulência. Dentre as características específicas das ilhas de patogenicidade

destacam-se a elevada quantidade de guanidina e citosina com relação ao

restante do sequenciamento do cromossoma e geralmente se encontram

associadas a genes codificadores de RNA trasportador (VIEIRA, 2009).

Em Salmonella sp. são denominadas “Salmonella patogenicity islands”

(SPI), sendo que, neste gênero, foram descritas mais de dez ilhas de

patogenicidade diferentes (TEMME et al., 2008), e cinco delas em sorovares de

interesse veterinário (SPI-1, SPI-2, SPI-3, SPI-4, SPI-5) (BERCHIERI JÚNIOR &

FREITAS NETO, 2009).

A sobrevivência do microrganismo no hospedeiro e a manifestação da

fase sistêmica da doença são processos estabelecidos pelas ilhas SPI-2, SPI-3 e

SPI-4. Já a SPI-5 codifica fatores de virulência relacionados à inflamação e

secreção de cloretos caracterizando a fase entérica da doença (MARCUS et al.,

2000). A SPI-1 está presente em todos os sorovares de Salmonella e contém

genes que são indispensáveis para a invasão de Salmonella sp. em células não

fagocíticas como as células do epitélio intestinal: inv, spa e hil (HACKER et al.,

1997).

A SPI-1 contém genes responsáveis pela codificação do sistema de

secreção tipo III (SSTT). Este sistema de secreção favorece a entrada de

proteínas denominadas “efetoras” no interior da célula do hospedeiro. Por meio

deste mecanismo, as bactérias exportam proteínas com auxílio de uma espécie

de seringa molecular. Uma vez dentro da célula alvo, as proteínas efetoras

interagem com proteínas do hospedeiro desencadeando algumas seqüências de

reações químicas capazes de configurarem diversas alterações celulares tais

como escape do sistema de defesa, mudanças no citoesqueleto e morte celular

(MOTA et al., 2005).

A ilha de patogenicidade denominada SPI-2 promove a ativação de

outro tipo de SSTT que estabelece o trânsito de proteínas bacterianas no meio

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intracelular, no momento em que a Salmonella está dentro dos fagossomos.

Genes pertencentes a SPI-2 provocam a inativação da enzima NADPH-oxidase,

impedindo a morte bacteriana por intermediários reativos de oxigênio,

conseqüentemente criam ambiante satisfatório à sobrevivência do patógeno

(BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

De acordo com GALAN et al. (1992) o operon invABC em diversos

sorovares de Salmonella sp. desempenha função importante na invasão de

células epiteliais. O gene invA é o primeiro do operon estando situado na mesma

unidade transcricional dos genes invB e invC, sendo que invD está alojado em

outra unidade.

RAHN (1992) detectou a presença do gene invA em todas as 630

amostras de Salmonella sendo que perfaziam um total de 100 sorovares distintos.

Posteriormente WHANG et al. (2009) afirmaram que o gene invA parece estar

conservado em todos os sorovares de Salmonella sendo eleito para detecção

desta bactéria pela técnica de PCR.

Em estudo realizado por PAVLOVA et al. (2011) foram infectados

macrófagos alveolares de suínos com Salmonella Typhimurium e Salmonella

Enteritidis e suas estirpes mutantes que foram desprovidas da SPI-1. Os

pesquisadores observaram que os mutantes de ambos sorovares foram cerca de

cinco vezes menos eficientes no processo de invasão do hospedeiro e que apesar

deste fato os macrófagos infectados por estas bactérias responderam de forma

satisfatória a infecção pelo aumento da expressão de citocinas inflamatórias

como, por exemplo, IL-1b, IL-8 E IL-23. Concluíram ainda que a SPI-1 alem de

auxiliar na invasão celular é responsável pela supressão da expressão de

citocinas pelos macrófagos.

Os plasmídeos constituem elementos genéticos extracromossomais

que se replicam de maneira independente, carreiam informações genéticas

adicionais e podem ser perdidos ou adquiridos de forma espontânea (BROOKS et

al., 2009). Segundo ROTGER & CASADÉSUS (1999) a maioria dos sorovares de

Salmonella enterica subspécie enterica não possuem plasmídeos. Entretanto,

estão presentes nos sorovares frequentemente associados a infecções humanas

e de animais de criação, Salmonella Enteritidis, Salmonella Pullorum, Salmonella

Gallinarum, Salmonella Dublin, Salmonella Typhimurium e Salmonella Abortus-

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ovis. Estas estruturas possuem tamanhos variados de acordo com o sorovar de

Salmonella sp. estudado, no entanto, existe uma região cromossômica, de 7,8Kb,

que se mantém conservada nos diversos sorovares do gênero.

Esta região foi sequenciada e foi determinada a presença de cinco

genes denominados spv (Salmonella Plasmid Virulence): spvA, spvB, spvC, spvD,

spvR. Os genes spvA, spvB, spvC, spvD são considerados genes estruturais mas,

só são ativados mediante a presença do produto codificado pelo spvR, que é

produzido na fase estacionária de crescimento. Bactérias patogênicas portadoras

de operon spv expressam fatores de virulência que contribuem para sua

sobrevivência em ambientes desfavoráveis como, por exemplo, privação de

nutrientes, pH ácido e altas temperaturas (VALONE et al., 1993).

TERZOLO (2011) relatou a presença de pelo menos 30 genes na

região spv do plasmídeo de Salmonella Typhimurium capaz de regular as

respostas das condições do meio interno e de estresse que podem ser

encontradas no hospedeiro. A tolerância em meio ácido é uma resposta efetiva

para esta bactéria que quando exposta a um ambiente ácido (pH 4,4-5,8) por um

curto espaço de tempo, desencadeia uma resposta bacteriana capaz de aumentar

sua resistência em meios muito mais ácidos (pH 3).

A localização das proteínas codificadas pelos genes spvABCD é

estudada com a utilização de anticorpos específicos. Proteínas codificadas pelo

gene spvA estão presentes na membrana extracelular, aquelas sintetizadas a

partir do gene spvB estão na membrana interna e no citoplasma, a do spvC

somente no citoplasma e a spvD é exportada da célula (EL-GEDAYLE et al.,

1997).

Pesquisas que auxiliem no conhecimento molecular, dos

microrganismos do gênero Salmonella, que promovam o desenvolvimento de

técnicas precisas de diagnostico são fundamentais para a detecção e controle

desta bactéria na avicultura comercial.

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CAPÍTULO 2 – DETECÇÃO DE Salmonella sp. POR BACTERIOLOGIA CONVENCIONAL E PCR EM TEMPO REAL EM ESTRUTURAS DE OVOS COMERCIAIS

RESUMO: O presente estudo foi desenvolvido com objetivo de detectar Salmonella sp. pelas técnicas de bacteriologia convencional e PCR em tempo real em casca, albúmen e gema de ovos comerciais brancos e vermelhos, lavados e não lavados. Os ovos foram colhidos diretamente das gaiolas, imediatamente após a postura, nos galpões de produção (ovos não lavados) e nos entrepostos de ovos após classificação os quais foram submetidos aos processos de lavagem e sanitização por compostos clorados (ovos lavados). Foram colhidas, nos galpões, 68 dúzias de ovos brancos e 27 dúzias de vermelhos e nos entrepostos, após classificação e sanitização, 30 e 34 de dúzias de ovos brancos e vermelhos, respectivamente. Cada dúzia de ovos correspondeu a três amostras: uma amostra de pool casca, uma de pool de albúmen e uma de pool gema, totalizando 387 amostras. Salmonella sp. foi detectada pela bacteriologia convencional em 5,4% (21/387) das amostras analisadas e em PCR em tempo real em 16,0% (62/387). Das 114 amostras de casca, albúmen e gema de ovos brancos não lavados a bactéria foi identificada em 2,6% (3/114) pela bacteriologia convencional e 13,2% (15/114) pela PCR em tempo real, e nas 90 amostras de casca, albúmen e gema de ovos brancos lavados 6,7% (6/90) pela bacteriologia convencional e 10,0% (9/90) pela PCR em tempo real. Das 81 amostras de casca, albúmen e gema de ovos vermelhos não lavados Salmonella sp. foi detectada em 6,1% (5/81) pela bacteriologia convencional e 27,2% (22/81) pela técnica de PCR em tempo real, e em 102 amostras de casca, albúmen e gema de ovos vermelhos lavados 6,9% (7/102) foram positivas pela bacteriologia convencional e 35,3% (16/102) pela PCR em tempo real. Todas as amostras positivas na bacteriologia convencional foram positivas na PCR em tempo real. Entre os sorovares identificados 18,2% (4/22) foram Salmonella Agona, 18,2% (4/22) Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, 18,2% (4/22) Salmonella Schwarzengrund, 13,6% (3/22) foram Salmonella Cerro, 13,6% (3/22) Salmonella Anatum, 9,1% (2/22) foram Salmonella Enteritidis, 4,5% (1/22) Salmonella Johannesburg e 4,5% (1/22) Salmonella Corvallis. Pode-se concluir que a PCR em tempo real mostra-se mais adequada que a bacteriologia convencional para detecção de Salmonella sp. em ovos comerciais, o processo de lavagem e desinfecção dos ovos não é eficiente para eliminação da bactéria e além disso existe uma variedade de sorovares de Salmonella contaminando ovos comerciais, brancos e vermelhos. Palavras chave: ovos in natura, salmonelose, sanitização.

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CHAPTER 2 - Salmonella sp. DETECTION BY CONVENTIONAL BATERIOLOGY AND REAL TIME PCR IN COMMERCIAL EGG STRUCTURES

ABSTRACT: This present study was developed with the objective of detecting Salmonella sp. by conventional bacteriology techniques and real time PCR in eggshells, albumen and yolk of commercial white and brown eggs, washed and unwashed. The eggs were chosen directly from the cages immediately after being laid, in the poultry shed (unwashed eggs) and at egg warehouses after classification whose eggs underwent cleaning and sanitation by chlorinated compounds (washed eggs). At the poultry shed 68 dozens of white eggs and 27 dozens of brown eggs where picked and at the warehouses, after classification and sanitization, 30 to 34 dozens of white and brown eggs, respectively. Each dozen of eggs corresponded to three samples: one sample of eggshell pool, one of albumen pool and one of yolk pool, amounting to 387 samples. Salmonella sp. was detected by conventional bacteriology in 5,4% (21/387) of analyzed samples and by real time PCR in 16% (68/387). Of 114 samples of eggshell, albumen and yolk of unwashed white eggs, the bacteria was identified in 2,6% (3/114) by conventional bacteriology and 13,2% (15/114) by real time PCR and of the 90 samples of eggshell, albumen and yolk of white washed eggs, 6,7% (6/90) by conventional bacteriology and 10,0% (9/90) by real time PCR. Of 81 samples of eggshell, albumen and yolk of unwashed brown eggs, Salmonella sp. was detected in 6,1% (5/81) by conventional bacteriology and 27,2% (22/81) by real time PCR, and in 102 samples of eggshell, albumen and yolk of brown washed eggs 6,9% (7/102) where positive by conventional bacteriology and 35,3% (16/102) by real time PCR. All positive samples of conventional bacteriology where positive in real time PCR. Among the serovars identified 18,2% (4/22) where Salmonella Agona, 18,2% (4/22) Salmonella enterica subs. enterica O:4.5, 18,2% (4/22) Salmonella Schwarzengrund, 13,6% (3/22) where Salmonella Cerro, 13,6% (3/22) Salmonella Anatum, 9,1% (2/22) where Salmonella Enteritidis, 4,5% (1/22) Salmonella Johannesburg and 4,5% (1/22) Salmonella Corvallis. It is possible to reach the conclusion that real time PCR is shown to be more adequate than conventional bacteriology for detection of Salmonella sp. in commercial eggs, the process of washing and disinfection of eggs is not efficient to eliminate the bacteria, furthermore there is variety of sorovars of Salmonella contaminating commercial white and brown eggs. Keywords: in natura eggs, salmonellosis, sanitization.

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1. INTRODUÇÃO O ovo in natura é considerado um alimento de elevado teor nutricional,

possuindo em sua composição todos os aminoácidos essenciais, é rico em

vitaminas e em minerais (NEPA, 2011) além de ser fonte de proteína de baixo

custo. A produção deste alimento tem enfrentado desafios relacionados com a

ambiência, bem-estar animal e sanidade. Dentre os desafios sanitários destaca-

se a bactéria Salmonella por determinar perdas no setor de produção e configurar

sério problema em saúde pública.

Investigações epidemiológicas têm apontado o ovo como veiculador de

Salmonella sp. ao homem em surtos de infecções de origem alimentar. A bactéria

foi o principal agente de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) e o ovo in

natura incriminado como sendo o principal alimento envolvido em DTA nos

Estados Unidos da América no ano 2009. Também na União Europeia em 2008,

as salmoneloses estiveram relacionadas às toxinfecções alimentares causadas

pelo consumo de ovos e subprodutos. No Brasil, o cenário se repete, de acordo

com a Secretaria de Vigilância em Saúde, Salmonella sp. foi o agente mais

envolvido em surtos de toxinfecção alimentar no período de 1999-2008 (SVS,

2008; CDC, 2010; EFSA, 2010).

O ovo pode se contaminar por Salmonella sp. no trato reprodutor,

durante sua formação, no momento e após a postura pelo contato direto com

ambientes contaminados como cama, ninhos, gaiolas, bandejas, caixas de

transportes e também com as mãos de manipuladores (COX et al., 2000). As

suas estruturas podem se contaminar de acordo com o local infectado do trato

reprodutor. Folículos ovarianos, infundíbulos, magnum, istmo e glândula da casca

infectados geram gemas, membrana vitelínica, albúmen, membrana da casca e

cascas contaminadas, respectivamente (GANTOIS et al., 2009).

A gema constitui-se em um substrato adequado para a multiplicação

bacteriana e difere das outras estruturas por não conter mecanismos para impedir

o desenvolvimento de bactérias (TRANTER & BOARD, 1982). Além de resultar

em infecção dos ovários das aves, a infecção da gema dos ovos por Salmonella

sp. pode ser consequência da penetração da bactéria pela casca contaminada e

penetração da membrana vitelínica, sendo que o índice de invasão na gema está

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relacionado ao tempo e à temperatura de armazenamento dos ovos

(KANASHIRO et al., 2002).

O albúmen contém substâncias antimicrobianas (GANTOIS et al.,

2009), possui elevada concentração de ovotransferrina, que tem a função de

quelar o ferro, inibindo o crescimento bacteriano, e de lisozimas que são

peptídeos catiônicos capazes de promover interação com a camada de

lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular de bactérias Gram negativas,

promovendo a formação de poros que possibilitam o extravasamento de albumina

para o citoplasma bacteriano (CLAVIJO et al. 2006).

A casca intacta, sem trincas, possui barreiras físicas que dificultam a

penetração de bactérias: cutícula, membranas da casca e uma camada formada

de material denso que delimita a membrana da casca e o albúmen (RUIZ &

LUNAM, 2002). Para reduzir o número de microrganismos presentes na casca

têm sido utilizados métodos químicos para lavar os ovos (MARQUES, 1994).

ARAGON-ALEGRO et al. (2005) afirmaram que o processo de lavagem

e a utilização de desinfetantes ameniza os riscos de contaminação. E para

STRINGHINI et al. (2009) os ovos lavados possuem melhor qualidade

bacteriológica de casca que os ovos não lavados embora não tenha encontrado

Salmonella sp. nas cascas dos ovos analisados.

No Brasil, a metodologia recomendada pelo Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento, para pesquisa de Salmonella sp., é o método clássico

da bacteriologia convencional (BRASIL, 1997). No entanto, a técnica é trabalhosa

e demorada. Por isto, outras metodologias de detecção de patógenos,

principalmente aqueles envolvidos com infecções alimentares, têm contribuído

para o surgimento de técnicas como a PCR, por serem mais rápidas, e menos

laboriosas (SACHSE, 2003).

O Comitê Internacional de Normatização da Europa (European

Committee for Standardization) recomenda que o método de PCR deve ser

padronizado, cumprir alguns critérios como precisão de análise e de diagnóstico,

alta probabilidade de detecção, baixa contaminação e protocolos que sejam

acessíveis e de fácil interpretação. Sendo assim, desenvolveu-se a técnica da

PCR em tempo real capaz de atender aos critérios que combinam amplificação e

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detecção em um tubo fechado reduzindo os riscos de contaminação (MALORNY

et al., 2003).

De acordo com o exposto, objetivou-se com o desenvolvimento deste

trabalho investigar a presença de Salmonella sp. em casca, clara e gema de ovos

comerciais brancos e vermelhos (lavados e não lavados) pela bacteriologia

convencional e pela PCR em tempo real.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Local

O experimento foi realizado no Laboratório de Bacteriologia e no

Laboratório de Diagnóstico Molecular do Departamento de Medicina Veterinária

da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás

(UFG).

2.2. Amostragem

As amostras foram obtidas de granjas de pequeno, médio e grande

porte, de galinhas de diferentes linhagens e idades nos anos de 2012 e 2013. No

período de 24 meses, quinzenalmente, foram coletadas 68 dúzias de ovos tipo

branco e 61 dúzias tipo vermelho em galpões de granjas de postura comercial e

em entrepostos de ovos, de forma aleatória e por conveniência.

Cada dúzia coletada correspondeu a três unidades amostrais: uma de

casca, uma de albúmen e uma de gema gerando 387 amostras.

Das 68 dúzias de ovos brancos analisadas, 38 foram coletadas

diretamente dos galpões de produção, e foram identificadas como ovos não

lavados e as 30 dúzias coletadas no entreposto, como ovos lavados os quais

foram submetidos à lavagem mecânica com água clorada, aproximadamente

10ppm de cloro livre a uma temperatura entre 35-40ºC. Das 61 dúzias de ovos

vermelhos coletadas, 27 eram de ovos não lavados e 34 de ovos lavados.

Após as coletas dos ovos, realizadas de maneira asséptica, os ovos

foram acondicionados em embalagens primárias, tipo polpa para 12 ovos as quais

foram identificadas e acomodadas em caixas isotérmicas contendo gelo

reciclável, encaminhadas diretamente ao laboratório e processadas de acordo

com BRASIL (2003) com algumas modificações descritas no item 2.3.

2.3. Pesquisa de Salmonella pela bacteriologia convencional

No laboratório cada dúzia de ovos, após assepsia com álcool 70% na

extremidade de menor diâmetro, foi quebrada e porções da casca foram

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descartadas e o restante das cascas, albumens e gemas foram separados e cada

fração foi colocada em um recipiente esterilizado.

Cada dúzia originou três amostras: pool de 12 cascas, pool de 12

albumens e pool de 12 gemas. As amostras foram homogeneizadas

individualmente e 25g da casca, 25mL do albúmen e 25mL da gema foram

colocados em Erlenmayer contendo 225mL de solução peptonada a 1%.

As amostras em água peptonada a 1% foram incubadas a 37oC/18-

20h. Após esse período, foram homogeneizadas e 1mL foi transferido para 9mL

de caldo Selenito Cistina (CS) e 1mL para 10mL de caldo Rappaport Vassiliadis

(RV) seguindo-se a incubação a 37ºC/24h. Alíquotas de 2mL de CS foram

colocadas em tubos eppendorf e estocadas a - 20oC para realização da PCR em

tempo real. Após esse período, com auxílio de uma alça de níquel-cromo,

alíquotas foram plaqueadas por esgotamento em superfície para os ágares: XLT4,

Hektoen e verde brilhante, e novamente incubado a 37ºC/24h. Unidades

Formadoras de Colônias (UFC) com características morfológicas de Salmonella

foram selecionadas e três a cinco UFC por placa foram transferidas para tubos

contendo tríplice açúcar ferro (TSI) e incubados a 37ºC/24h. As culturas em TSI

com crescimento sugestivo de Salmonella foram submetidas ao teste de urease,

produção de indol, vermelho metila, motilidade, lisina descarboxilase, teste do

malonato e citrato de Simnons. Quando as provas bioquímicas eram compatíveis

com Salmonella, as amostras foram submetidas ao teste sorológico com soro

polivalente anti-O e as positivas encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ)-RJ em ágar nutriente para tipagem sorológica.

2.4. Pesquisa de Salmonella sp. pela técnica da PCR em tempo real

Antes do processo de extração, as amostras congeladas em caldo

Selenito-Cistina foram submetidas a um novo enriquecimento bacteriano,

utilizando 9mL de caldo Selenito-Cistina. O DNA total foi isolado por lise por

fervura (SANTOS et al., 2001). Utilizaram-se 400μL da amostra em tubo

polipropileno com capacidade 1,5mL livre de DNA e RNA (Axygen). O tubo

contendo a amostra foi centrifugado a 2.000g por quatro minutos. O sobrenadante

foi descartado e suspenso em 1mL de TE (100mL Tris/HcL 1m + 20μL de EDTA

0,5m + 9,880μL H2O) a mistura foi levada ao vórtex por dez segundos e

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centrifugada a 2.000g por oito minutos. Após descarte do sobrenadante, o pellet

foi suspenso em 100μL de TE. A mistura foi lavada ao vórtex por dez segundos e

colocada em placa de aquecimento a 95oC por 20 minutos, aliquotada e

armazenada a - 20oC em freezer para uso posterior.

Os ensaios de PCR em tempo real para detecção de Salmonella sp.

foram realizados de acordo com CALVÓ et al. (2008). Os eluatos obtidos a partir

das amostras extraídas foram utilizados para realização de PCR em tempo real

empregando o sistema TaqMan®. O volume adotado foi de 20μL utilizando 4,6μL

de água mili-Q, 10μL de Máster Mix (1x), 2μL de mix de IPC (10x), 0,4μL de IPC

DNA (50x) e 1μL de oligonucleotideos iniciadores (concentração de 30mM) e

sonda (concentração de 10mM) acrescentando 2μL de amostras de DNA. Como

controle interno da reação em um dos poços da placa de 96 poços foi utilizado o

IPC DNA com reagente bloqueador de IPC (negative control blocked IPC, Life®) e

outro com IPC DNA sem bloqueador. As amostras foram submetidas ao ensaio de

presença e ausência em termiciclador StepOne Plus (Applied Biosystems) nas

condições: pré PCR a 60oC por 30 segundos seguida de 95oC por 10 minutos,40

ciclos a 95oC por 15 segundos (fase de desnaturação) e 60oC por 1 minuto e 60oC

por 30 segundos para extensão.

Para detecção de Salmonella sp. pela PCR em tempo real empregou-

se o sistema TaqMan®, utilizando-se os oligonucleotídeos iniciadores SAL1410f

5’-GGTCTGCTGTACTCCACCTTCAG-3’ e SAL1494r 5’-

TTGGAGATCAGTACGCCGTTCT-3’ e sonda SAL1441pr FAM–

TTACGACGATATTCGTCCGGGTGAAGTG – TAMRA, desenvolvidos por CALVÓ

et al. (2008).

Os resultados foram analisados pelo programa StepOne Software v2.1

(Applied Biosystems), adotando-se o grau de confiança em 95%.

2.5. Análises estatísticas

Para interpretação dos resultados encontrados, foi feita análise de

Distribuição Binomial utilizando o programa R Core Team (2013). Para estudo de

concordância entre os testes utilizou-se o coeficiente de Kappa (K), utilizando o

programa R Core Team (2013), e a interpretação convencional dos valores de k

adotados foram: 0,00-0,20 = concordância fraca, 0,21-0,40 = regular, 0,41-0,60 =

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moderada, 0,61-0,80 = boa, 0,81-1,00 = muito boa, valores negativos foram

interpretados como equivalentes a 0,00.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 está registrada a frequência de Salmonella sp. nas

diferentes estruturas de ovo in natura pela bacteriologia convencional e pela PCR

em tempo real. Das 387 amostras de casca, albúmen e gema submetidas à

bacteriologia convencional e à PCR em tempo real, 5,4% (21/387) e 16,0%

(62/387) respectivamente, das amostras foram positivas para Salmonella sp.. As

21 amostras positivas na bacteriologia convencional também foram positivas na

PCR em tempo real.

TABELA 1 – Frequência (%) de Salmonella sp. isolada em casca, albúmen e gema, de ovos brancos não lavados (BNL), brancos lavados (BL), ovos vermelhos não lavados (VNL) e vermelhos lavados (VL) pela bacteriologia convencional (BC) e pela PCR em tempo real (PCR).

Amostras

BNL BL VNL VL Total de amostras

n BC PCR n BC PCR n BC PCR n BC PCR BC

n + (%)

PCR

n + (%)

Casca 38 1 9 30 1 3 27 1 10 34 3 7 6/129(4,7) 29/129(22,5)

Albúmen 38 2 4 30 3 3 27 2 6 34 2 5 9/129(7) 18/129(14,0)

Gema 38 0 2 30 2 3 27 2 6 34 2 4 6/129(4,7) 15/129(11,6)

Total (%) 114 2,6 13,1 90 6,7 10,0 81 6,1 27,2 102 6,9 35,3 21/387(5,4) 62/387(16,0)

Verificou-se ainda que a positividade para Salmonella sp. pelas duas

técnicas utilizadas e em todas as categorias de amostras foi maior na PCR em

tempo real (Tabela 1). As frequências obtidas pelos dois métodos foram maiores

que as descritas por CHEMALY et al. (2009) na França que pela bacteriologia

convencional detectaram Salmonella sp., em 1,05% das cascas dos ovos

oriundos de 28 granjas sabidamente positivas para a bactéria. Entretanto, foram

semelhantes às de SINGH et al. (2010) que, pela bacteriologia convencional,

obtiveram frequência de 3,8% em ovos coletados em granja e 5,5% em ovos dos

mercados.

De acordo com os resultados da PCR em tempo real, apresentados na

Tabela 1, a contaminação da casca foi maior, 22,5% (29/129), seguida da

contaminação do albúmen, 14% (18/129), a qual foi maior do que da gema, 11,6%

(15/129). A contaminação de casca pela bactéria pode ocorrer por via horizontal

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no momento da passagem do ovo pela cloaca ou logo após a ovoposição, pois

nos primeiros minutos a cutícula ainda é imatura e permite a penetração da

Salmonella. No entanto, para o agente permanecer na casca e migrar para o

conteúdo, ele deve vencer as barreiras intrínsecas, como a cutícula, membranas

da casca e uma camada formada de material denso que delimita a membrana da

casca e o albúmen. A bactéria também pode se alojar nas membranas e ser

impedida de penetrar no conteúdo, pois as membranas da casca servem como

filtros e retêm os microrganismos (RUIZ & LUNAM, 2002). Provavelmente estas

barreiras intrínsecas contribuiram para menores indices de contaminação no

conteudo dos ovos quando comparado à frequencia de detecção de Salmonella

sp. nas cascas.

Na Tabela 2 são apresentados a distribuição dos sorovares isolados

nas cascas, albúmens e gemas dos ovos brancos e vermelhos, lavados ou não.

TABELA 2 – Distribuição dos sorovares de Salmonella isolados, por bacteriologia convencional, em casca (ca), albúmen (al) e gema (ge) de ovo branco não lavado (BNL), ovo branco lavado (BL), ovo vermelho não lavado (VNL) e ovo vermelho lavado (VL).

SOROVARES BNL BL VNL VL

Total Ca al Ge Ca al ge ca al ge Ca al ge

Agona 1 2 - - - - - - - - - - 3

subs.enterica O:4,5 - - - - 1 - - 1 - 1 1 - 4

Schwarzengrund - - - - 1 - 1 - - 1 - 1 4

Cerro - - - - - - - 1 1 - - 1 3

Anatum - - - - 1 1 - - 1 - - - 3

Enteritidis - - - - - 1 - - - 1 - - 2

Johannesburg - - - - - - - - - - 1 - 1

Corvallis - - - 1 - - - - - - - - 1

Total 1 2 0 1 3 2 1 2 2 3 2 2 21

Na bacteriologia convencional foram detectados seis isolados de

Salmonella sp. identificados antigenicamente com os seguintes sorovares:

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Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Salmonella Schwarzengrund,

Salmonella Agona, Salmonella Corvallis, Salmonella Enteritidis. O sorovar

Enteritidis foi identificado na casca de ovos vermelhos lavados, que foram

coletados nos entrepostos e manipulados após o processo de lavagem e

desinfecção, sugerindo contaminação cruzada, após a postura.

Conforme apresentado na Tabela 2 detectaram-se duas amostras

positivas tanto nas cascas como nos albúmens, sendo um isolado indentificado

como Salmonella Agona e o outro como Salmonella enterica subs. enterica O:4,5.

Pode-se considerar a possibilidade do agente ter migrado da casca para o

albúmen. Neste caso, as defesas intrínsecas da casca, assim como do albúmen,

não foram suficientes para inibir ou inativar o desenvolvimento da bactéria, que

migrou da casca para o albúmen. Também pode ter ocorrido a contaminação do

ovo via transovariana, que acontece durante a formação do ovo antes da

deposição do cálcio para a formação da casca (MESSENS et al. (2005).

A maior diversidade de sorovares foi identificada no albúmen (Tabela

2): Salmonella Agona, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Salmonella

Schwarzengrund, Salmonella Anatum, Salmonella Cerro, Salmonella

Johannesburg.

Dos 21 isolados identificados, um de Agona, dois de Salmonella

enterica subs. enterica O:4,5, um de Schwarzengrund e um de Johannesburg

foram isolados somente no albúmen o que sugere que contaminação ocorreu no

oviduto, antes da postura. Esse resultado encontra respaldo em GANTOIS et al.

(2008) e GAST et al. (2010) que reportaram a incorporação da Salmonella sp. no

momento da formação do albúmen e, preferencialmente, no trato reprodutivo

infectado. Acrescenta-se ainda, de acordo com GANTOIS et al., (2009), que a

colonização do trato reprodutivo depende de características genotípicas e

fenotípicas como a virulência, a capacidade de invasão e permanência e ainda do

desenvolvimento de mecanismos capazes de burlar o sistema imune da ave. Os

sorovares identificados no albúmen dos ovos neste estudo, Salmonella Agona e

Salmonella Johannesburg, segundo VYLDER et al. (2013) possuem, menor

capacidade de sobreviver nesta estrutura do que Salmonella Enteritidis.

Na gema ocorreu a menor detecção de Salmonella sp. pela PCR em

tempo real, 11,6% (15/129) (Tabela 1). Foram identificados nesta estrutura

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Salmonella Anatum, Salmonella Cerro, Salmonella Schwarzengrund, Salmonella

Enteritidis (Tabela 2). A gema constitui-se em um substrato adequado para a

multiplicação bacteriana e diferente das outras estruturas do ovo não contem

mecanismos que impeçam o desenvolvimento de bactérias (TRANTER &

BOARD, 1982), o que permite inferir que a contaminação pode ser oriunda do

folículo ovariano infectado de aves portadoras inaparentes. Outro aspecto que

deve ser considerado é que nas amostras de ovos brancos lavados e não lavados

nenhuma estrutura estava contaminada. Destaca-se que estes ovos após a

postura foram mantidos à temperatura de aproximadamente 28ºC por 24-48

horas. Não houve tempo para que ocorresse alterações na membrana vitelínica,

que facilitaria a gema perder íons de ferro e nutrientes para o albúmen e, assim,

atrair microrganismos (GANTOIS et al. 2009). Acrescenta-se ainda, que estes

resultados diferem dos resultados de OLIVEIRA & SILVA (2000), os quais

observaram que a invasão de Salmonella Enteritidis da casca para a gema ocorre

em 24h e, com maior intensidade, em ovos armazenados em temperatura

ambiente.

Esses resultados corroboram as afirmações de KOTTWITZ et al.

(2008) de que os ovos comerciais têm sido um dos veículos de Salmonella para

cadeia alimentar do homem. Além disso, considerando que sua principal via de

transmissão está na cadeia alimentar, de animais criados com objetivo comercial,

apontam este microrganismo como um dos mais incidentes e relevantes agentes

etiológicos de enteroinfecções.

Do total de 387 amostras de ovos analisadas pela bacteriologia

convencional 21 amostras foram positivas para Salmonella sp. e os isolados

foram tipificados pela FIOCRUZ.

Os sorovares isolados em maior frequência foram Salmonella

Schwarzengrund e Salmonella enterica subesp. enterica (O:4,5) 19,0% (4/21)

seguidos de Salmonella Anatum 14,3%, (3/21) Salmonella Cerro 14,3%, (3/21)

Salmonella Agona 14,3%, (3/21), Salmonella Enteritidis 9,5% (2/21) Salmonella

Johannesburg 4,8% (1/21) e Salmonella Corvallis 4,8% (1/21).

A frequência de sorovares varia com as regiões e mesmo países. Estes

resultados são parcialmente diferentes dos resultados obtidos por SHAHZAD et

al. (2012) que encontraram 41,9% de Salmonella Enteritidis, 26,7% de Salmonella

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Typhimurium, 12,8% Salmonella Cerro e 8,1% Salmonella Pullorum e diferem

também dos resultados de CHOUSALKAR & ROBERTS (2012) que verificaram

ausência de Salmonella sp. nas amostras de conteúdo e de casca dos ovos mas

isolaram seis Salmonella Infantis e uma Salmonella subespecie 1 D 4:12, tipo de

salmonela relacionada a fezes de roedores.

O sorovar Schwarzengrund apresentou maior frequência, 19,0% (4/21),

e foi o único isolado nas três estruturas estudadas. De acordo com AARESTRUP

et al. (2007), este sorovar pode causar graves quadros de salmonelose em

humanos. Além disso, CHEN et al. (2010) apontaram-no como um dos principais

contaminantes de alimentos de origem aviária na China.

Observa-se ainda, que Salmonella Agona foi mais frequente que

Salmonella Enteritidis, 18,2% e 9,1%, respectivamente. Surtos

de Salmonella Agona têm sido associados a diferentes alimentos, inclusive carne,

cereais e frutas. Todos os sorovares identificados neste estudo têm potencial para

afetar a saúde humana.

Na Figura 1 pode-se observar o resultado da reação de uma placa de

PCR em tempo real contendo 46 amostras em duplicata.

Figura 1 – Curvas de amplificação de DNA das amostras de ovo in natura e ovo integral 1- Linha de corte threshold 2- Curva positiva para a detecção de Salmonella sp.no grau de confiança 95% 3 – IPC.

Os primers e sonda utilizados na PCR em tempo real foram

desenvolvidos por CALVÓ et al. (2008) e tem como referência o gene bipA.

Segundo esses pesquisadores outros ensaios de PCR apresentam problemas de

inclusão e de especificidade como, por exemplo, o gene invA não detecta

Salmonella SaintPaul e os genes de virulência sofrem mutações silenciosas

portanto, utilizá-los como alvo para detecção de Salmonella sp. pode levar a

2

3

1

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resultados falso negativos. Todos os sorovares isolados foram identificados por

PCR em tempo real confirmando CALVÓ et al. (2008) mesmo que o DNA das

amostras tenham sido extraídos a partir do enriquecimento em caldo selenito

cistina e não do pré-enriquecimento em água peptonada como recomendado por

eles.

Os resultados obtidos pelas duas técnicas foram submetidos ao teste

de Kappa para comparação dos resultados obtidos (Quadro 1).

QUADRO 1 - Determinação do índice de Kappa, seus intervalos de confiança (IC) 95% e os valores de p para as categorias de teste positivo e negativo para o teste geral de kappa, considerando bacteriologia convencional e PCR em tempo real.

Kappa IC 95% P

Positivo 0,452 Superior = 0,531

< 0,001 Inferior = 0,373

Negativo 0,452 Superior = 0,531

< 0,001 Inferior = 0,373

Geral 0,452 Superior = 0,531

< 0,001 Inferior: 0,373

Foram considerados os resultados categóricos de dois testes: cultivo

bacteriológico e PCR em tempo real. De acordo com o teste de Kappa, a

concordância ocorreu de forma moderada (0,40-0,59), indicando que a técnica de

PCR em tempo real é uma ferramenta confiável a ser utilizada como alternativa

para detecção rápida de Salmonella sp. e ainda a PCR em tempo real se mostrou

mais adequada quando comparada à bacteriologia convencional. Esta

constatação encontra respaldo em pesquisadores que relataram que as técnicas

moleculares têm sido utilizadas com sucesso na investigação de Salmonella sp. e

até mesmo na identificação de sorovares específicos (MALORNY et al., 2004;

DILMAGHANI et al., 2011).

Entretanto, SORIA et al. (2012) ao compararem os métodos de

bacteriologia e PCR em amostras de conteúdo de ovos comerciais contaminados,

artificialmente, com diferentes sorovares de Salmonella sp. obtiveram

concordância pobre (0-0,19) na avaliação do teste de Kappa.

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Mesmo sendo a bacteriologia convencional considerada o método

padrão ouro para identificação de Salmonella sp. em amostras de diferentes

origens, neste estudo das 62 amostras positivas na PCR em tempo real somente

21 foram positivas na bacteriologia convencional, portanto, em 41 amostras

sabidamente positivas na PCR em tempo real, a bactéria não foi isolada na

bacteriologia. Segundo TEMELLI et al. (2010) a presença acentuada de falsos

negativos na bacteriologia convencional está relacionada ao número elevado de

salmonelas inviáveis nas amostras ou pequena quantidade de material biológico.

Outro fator seria o crescimento excessivo de bactérias fermentadoras de lactose

mascarando as unidades formadoras de colônias de Salmonella sp. nas placas de

crescimento seletivo e ainda e a recuperação insuficiente de células estressadas.

A Tabela 3 apresenta os resultados da Distribuição Binomial, calculada

par a par, nas amostras de ovos brancos e vermelhos, não lavados e lavados

submetidos às técnicas da bacteriologia convencional e da PCR em tempo real.

TABELA 3 – Distribuição Binomial dos resultados encontrados nos métodos de bacteriologia convencional (BC) e PCR em tempo real (PCR) em amostras de ovos brancos e vermelhos, não lavados e lavados.

Amostra n BC n + (%)

PCR n + (%)

Ovo branco 204 9/204 (4,4) 24/204 (11,8)A

Ovo vermelho 183 12/183 (6,5) 38/183 (20,8)B

p - 0,4805 0,02313

Ovo branco não lavado 114 3/114 (2,6) 15/114 (13,1)

Ovo branco lavado 90 6/90 (6,7) 9/90 (10,0)

p - 0,2936 0,6339

Ovo vermelho não lavado 81 5/81 (6,2) 22/81 (27,2)

Ovo vermelho lavado 102 7/102 (6,9) 36/102 (35,3)

p - 1 0, 3103

Ovo branco não lavado 114 3/114 (2,6) 15/114 (13,1)A

Ovo vermelho não lavado 81 5/81 (6,2) 22/81 (27,2)B

p - 0,3885 0,0230

Ovo branco lavado 90 6/90 (6,7) 9/90 (10,0)A

Ovo vermelho lavado 102 7/102 (6,9) 36/102 (35,3)B

p - 1 0,0007 A,B médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pela Distribuição Binomial (p˂0,05).

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Como pode ser visualizado na Tabela 4, pela técnica da PCR em

tempo real, os ovos vermelhos 20,8% (38/183) apresentaram maior contaminação

(p<0,05) que ovos brancos, 11,8% (24/204) tanto os ovos vermelhos não lavados

27,2 % (22/81) em relação aos ovos brancos não lavados 13,1 % (15/114) quanto

os ovos vermelhos lavados 35,3 % (36/102) em relação aos ovos brancos lavados

10,0% (9/90).

A maior contaminação (p<0,05) de ovos vermelhos em relação aos

ovos brancos, tanto não lavados quantos lavados (p<0,05) pode estar relacionada

ao patrimônio genético da galinha. As linhagens vermelhas parecem mais

suscetíveis às infecções por Salmonella do que as brancas o que encontra

respaldado em DUNN et al., (2005). Outra explicação pode ser a demora no

inicio do processo de classificação dos ovos vermelhos favorecendo a

multiplicação da Salmonella na casca e sua penetração no conteúdo dos ovos. Na

maioria das granjas nas quais os ovos foram coletados, a produção de ovos

vermelhos era menor que a dos ovos brancos e, os vermelhos eram classificados

após os brancos, ao final do dia. Outro ponto a ser discutido seria em relação à

manipulação dos ovos. Grande parte da produção dos ovos brancos era em

galpões automatizados nos quais os ovos só são manipulados após serem

classificados, no momento do processo de embalagem. Porém, todos os ovos

vermelhos lavados utilizados nesta pesquisa foram colhidos manualmente em

galpões convencionais, acondicionados em bandejas plásticas reutilizáveis e

transportados em caminhões até o Entreposto para serem classificados.

Ainda com relação aos resultados da Distribuição Binomial, registrados

na Tabela 3, não foi observada diferença estatística entre os ovos brancos não

lavados e lavados e nem entre os vermelhos lavados e não lavados. Depreende-

se, portanto, que o processo de lavagem e sanitização não interfere no nível de

contaminação por Salmonella sp. nos ovos comerciais brancos e vermelhos.

Estão apresentados na Tabela 4 os resultados da Distribuição

Binomial, calculada par a par, em cascas e conteúdos de ovos brancos e

vermelhos, não lavados e lavados submetidos às técnicas da bacteriologia

convencional e da PCR em tempo real.

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TABELA 4 – Distribuição Binomial dos resultados encontrados nos métodos de bacteriologia convencional (BC) e PCR em tempo real (PCR) em amostras de casca e conteúdo de ovos brancos e vermelhos, não lavados e lavados.

Amostra n BC n + (%)

PCR n + (%)

Casca ovo branco não lavado 38 1/38 (2,6) 9/38 (23,7)A

Conteúdo ovo branco não lavado 76 2/76 (2,6) 6/76 (7,9)B

p - 1 0,0396

Casca ovo branco lavado 30 1/30 (3,3) 3/30 (10,0)

Conteúdo ovo branco lavado 60 5/60 (8,3) 6/60 (10,0)

p - 0,654 1

Casca ovo vermelho não lavado 27 1/27 (3,7) 20/27 (37,0)

Conteúdo ovo vermelho não lavado 54 4/54 (7,4) 12/54 (22,2)

p - 0,8703 0,2509

Casca ovo vermelho lavado 34 3/34 (8,8) 7/34 (20,6)

Conteúdo ovo vermelho lavado 68 4/68 (5,9) 9/68 (13,2)

p - 0,8899 0,5004

A,B médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pela Distribuição Binomial (p˂0,05).

Como pode ser observado na Tabela 4, as cascas de ovos brancos

não lavados apresentaram maior (p<0,05) contaminação do que o conteúdo

destes ovos. Este achado se revela de impacto para a saúde pública, pois de

acordo BRADEN (2006) a casca do ovo é incriminada como um dos

disseminadores de Salmonella para cadeia alimentar do homem.

Verifica-se ainda que a casca do ovo branco não lavado 23,7% (9/38)

apresenta diferença (p<0,05) em relação ao conteúdo do ovo branco não lavado

7,9% (6/76) que são ovos coletados diretamente nos galpões. Alguns aspectos

relativos ao manejo podem ser considerados para que a maior contaminação

tenha ocorrido na casca. A idade da ave pode influenciar (LAPÃO et al. 2005),

assim como a qualidade da casca como observado por RADKOWSKI (2002). O

tempo que o ovo ficou exposto na gaiola também pode ter influenciado, pois

segundo, BACKHOUSE et al. (2005) o tipo de programa de luz aplicado no galpão

interfere na contaminação dos ovos e para SHAHZAD et al. (2012) que

encontraram maior frequência da bactéria em ovos oriundos dos mercados

consumidores nos quais o tempo entre a postura e a coleta dos ovos foi maior.

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4. CONCLUSÕES

Ovos vermelhos, não lavados ou lavados, são mais contaminados por

Salmonella sp. que os ovos brancos.

Ovos brancos não lavados apresentam a casca mais contaminada que

o conteúdo.

O processo de lavagem e sanitização de ovos comerciais não foram

eficazes na eliminação de sorovares de Salmonella sp.

A técnica da PCR em tempo real é mais adequada que a bacteriologia

convencional para detecção de Salmonella sp. em estruturas de ovos comerciais.

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CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E DETECÇÃO MOLECULAR DE Salmonella sp. NAS FASES DE CRIA, RECRIA E PRODUÇÃO EM LOTE DE POEDEIRAS COMERCIAIS.

RESUMO: O presente estudo foi desenvolvido com objetivo de detectar Salmonella sp. pelas técnicas de bacteriologia convencional e PCR em tempo real em amostras de forros de caixas de transporte (mecônio), de ambientes de criação (suabes de gaiola e de bebedouro), suabes de cloaca, ração e insetos oriundos das fases de cria, recria e produção de um lote de poedeiras comerciais. Foram coletadas 864 amostras das quais 248 amostras foram originadas da cria, 392 da recria e 224 da produção. Das 864 amostras 2,8% foram positivas na técnica bacteriológica e 15,3% no PCR em tempo real. A contaminação aumentou da fase de cria para a recria e declinou na fase de produção. Vinte e quatro isolados de Salmonella foram tipificados como Salmonella Agona (41,7%), Salmonella Livingstone (33,3%), Salmonella Cerro (16,7%), Salmonella Senftenberg (4,2%) e Salmonella Schwarzengrund (4,2%). Na fase de cria identificou-se Salmonella Livingstone. Esses achados sugerem a contaminação vertical do lote. Nas fases de recria e produção os isolados pertenceram aos sorovares Agona, Cerro, Senftenberg e Schwarzengrund apontando para a contaminação horizontal. Pode-se concluir com esse estudo que tanto a contaminação vertical como a horizontal são importantes no ciclo de produção de ovos comerciais e que a contaminação na fase de recria é maior que na fase de cria e de produção. Palavras-chave: Alphitobius diaperinus, ambiente, forros de caixa.

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CHAPTER 3 – PHENOTYPIC CHARACTERIZATION AND MOLECULAR DETECTION OF Salmonella sp. IN GROWING, LAYING AND PRODUCTION PERIODS AND LOT PRODUCTION IN COMMERCIAL LAYING HENS

ABSTRACT: This present study was developed with the objective of detecting Salmonella sp. by conventional bacteriology and real time PCR techniques in samples of transport crate’s flooring material (meconium), of raising environment (swab of cages and drinking fountains), swab of cloaca, food and insects from the growing, laying and production periods in a lot of commercial laying hens. Of the 864 samples were collected, among whom 248 samples originated from growing, 392 from laying and 224 from production. Of the 864 samples, 2,8% where positives in bacteriologic technique and 15,3% in real time PCR. The contamination was higher in the periods of growing and laying and declined in the period of production. Twenty four isolations of Salmonella where typified as Salmonella Agona (41,7%), Salmonella Livingstone (33,3%), Salmonella Cerro (16,7%), Salmonella Senftenberg (4,2%) and Salmonella Schwarzengrund (4,2%). At the period of growing Salmonella Livingstone was identified. This findings suggest vertical contamination in the lot. At the periods of laying and production, isolated material belong to serovars Agona, Cerro, Senftenberg and Schwarzengrund, pointing to horizontal contamination. It is possible to conclude with this study that both vertical and horizontal contaminations are important during the cycle of commercial egg production and contamination in laying period is higher than growing and production periods. Keywords: Alphitobius diaperinus, environment, cage flooring.

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1. INTRODUÇÃO

As bactérias do gênero Salmonella se situam entre os patógenos mais

importantes na avicultura comercial por apresentar distribuição mundial e também

por possuir, dentro do gênero, sorovares com potencial zoonótico que são

responsáveis por causar toxinfecções em humanos pela ingestão de alimentos

contaminados.

MUGHINI-GRAS et al. (2014), ao estudarem os prováveis fatores de

risco de salmonelose em humanos veiculadas por carne de origem suína, bovina,

frango e por ovos, concluíram que carnes de frango e os ovos são os alimentos

mais incriminados nas infecções em humanos nas áreas urbanas e nos meses

quentes do ano. Também para TEO & OLIVEIRA (2005) ovos e carnes de aves

são os produtos mais contaminados por Salmonella, e o ovo o principal veículo de

Salmonella para a cadeia alimentar do homem (SINGH et al., 2010).

A disseminação da Salmonella sp. no fluxo de produção das aves pode

acontecer por via vertical, pela introdução de pintainhas de um dia infectadas, e

por via horizontal, pelo contato com a ração e o ambiente contaminados (COX et

al., 2000; GANTOIS et al., 2009). Para FREDERICK & HUDA (2011) a maioria

das infecções causadas por Salmonella sp. em poedeiras comerciais é originada

da contaminação ambiental considerando principalmente a água e ração

contaminados. Complementarmente BRADEN (2006) consideraram que nas

granjas existem condições favoráveis a manutenção deste patógeno, e podem ser

apontados como prováveis fontes de contaminação gaiolas, poeiras, insetos,

equipamentos, ou seja, os componentes de um galpão.

Os métodos de diagnóstico, o controle e monitoramento, de Salmonella

sp. são estabelecidos no Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) (BRASIL

1994), que tem se modificado conforme a categoria da ave e a finalidade de

produção. Em 11 de abril de 2013, o Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa no10 que estabelece o

monitoramento de Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium em granjas

de postura comercial e a vacinação com vacina viva para Salmonella Enteritidis,

no incubatório ou na fase de recria das aves.

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Para o monitoramento de Salmonella sp. em amostras originadas de

diversas fontes, a bacteriologia convencional é a técnica oficialmente

recomendada, porém técnicas moleculares como, PCR em tempo real tem sido

desenvolvida possibilitando diagnóstico em menor tempo.

Considerando o exposto, o presente estudo foi desenvolvido com o

objetivo de investigar a presença de Salmonella sp., pelas técnicas da

bacteriologia convencional e PCR em tempo real, em amostras de mecônio,

suabes ambientais, suabes de cloaca, ração e insetos, coletadas nas fases de

cria, recria e produção de poedeiras comerciais.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Local

O experimento foi realizado no Laboratório de Bacteriologia e no

Laboratório de Diagnóstico Molecular do Departamento de Medicina Veterinária

da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás

(UFG).

2.2. Amostragem As amostras foram obtidas de um lote de poedeiras alojado em uma granja

de grande porte nos anos de 2012 e 2013.

1) Fase de cria

Nesta fase, um total de 248 amostras foram coletadas. As amostras de

mecônio foram coletadas, imediatamente após a retirada das pintainhas das

caixas de transporte. Vinte e oito amostras foram coletadas sendo que cada

amostra continha aproximadamente 500g de forros de caixas de transporte que

foram coletadas, aleatoriamente, de 20 caixas.

As amostras de suabes foram colocadas em bolsas de transporte

contendo 70 mL de água peptonada a 1%, mantidas refrigeradas em caixas

isotérmicas e enviadas ao laboratório. Cada amostra de suabe foi constituída por

pool de 20 suabes e cada amostra de ração foi constituída de 500g de ração.

Quando as aves atingiram cinco semanas de vida, foram coletadas 48 amostras

de suabes de cloacas das franguinhas, 76 suabes de gaiola e 24 de bebedouros,

48 amostras de moscas e 24 amostras de ração. No caso das gaiolas e dos

bebedouros os suabes foram embebidos em água peptonada a 1%, esfregados

nas grades das gaiolas e nos bebedouros. As moscas foram capturadas com

auxilio de placas “tipo cola” própria para este procedimento. No laboratório as

moscas foram maceradas com auxílio de bastão de vidro esterilizado, e 1g do

material foi colocado em 9mL de água peptona a 1%. As amostras de ração foram

coletadas diretamente dos comedouros e acondicionadas em sacos plásticos.

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2) Fase de recria

Um total de 392 amostras de diversas fontes foi coletado. Quando as

frangas atingiram 13 semanas de idade, foram transportadas para outros galpões,

onde foram coletadas 96 amostras de suabes de gaiola, 96 de suabes de

bebedouro, 96 de suabes de cloaca, 72 amostras de ração, 16 amostras de

moscas como os mesmos procedimentos da fase de cria. Coletaram-se ainda

cascudinhos sendo uma amostra por galpão, com o auxílio de pinças de aço inox

esterilizadas. Cada amostra foi constituída de insetos coletados em três fileiras

dos galpões, num total de 16 amostras que foram colocadas em sacos plásticos.

No laboratório os insetos foram macerados com auxílio de bastão de vidro

esterilizado, e 1g do material foi colocado em 9mL de água peptonada a 1%.

As amostras foram encaminhados ao laboratório sob refrigeração, com

exceção dos insetos, que foram transportados à temperatura ambiente em sacos

plásticos.

3) Fase de produção

Na fase de produção, 224 amostras foram coletadas. Coletaram-se

com os mesmos procedimentos das fases de cria e recria, 48 de suabes de

cloacas de galinhas, com 45a semanas de vida, 48 de suabes de gaiola, 48 de

suabes de bebedouros, 48 amostras de ração, 16 amostras de moscas e 16 de

cascudinhos. As amostras foram coletadas e encaminhadas ao laboratório

tomando os mesmos cuidados adotados na fase de recria. No laboratório, as

amostras foram processadas de acordo com BRASIL (2003).

2.3. Pesquisa de Salmonella sp. pela bacteriologia convencional

As amostras em água peptonada a 1% foram incubadas a 37oC/18-

20h. Após esse período, foram homogeneizadas e 1mL foi transferido para 9mL

de caldo Selenito Cistina (CS) e 1mL para 10mL de caldo Rappaport Vassiliadis

(RV) seguindo-se a incubação a 37ºC/24h. Alíquotas de 2mL de CS foram

colocadas em tubos eppendorf e estocadas a - 20oC para realização da PCR em

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tempo real. Após esse período, com auxílio de uma alça de níquel-cromo,

alíquotas foram plaqueadas por esgotamento em superfície para os ágares: XLT4,

Hektoen e verde brilhante, e novamente incubado a 37ºC/24h. Unidades

Formadoras de Colônias (UFC) com características morfológicas de Salmonella

foram selecionadas e três a cinco UFC por placa foram transferidas para tubos

contendo tríplice açúcar ferro (TSI) e incubados a 37ºC/24h. as culturas em TSI

com crescimento sugestivo de Salmonella foram submetidos ao teste de urease,

produção de indol, vermelho metila, motilidade, lisina descarbozilase, teste do

malonato e citrato de Simnons. Quando as provas bioquímicas eram compatíveis

com Salmonella, as amostras foram submetidas ao teste sorológico com soro

polivalente anti-O e as positivas foram encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ)-RJ em ágar nutriente para tipagem sorológica.

2.4. Pesquisa de Salmonella sp. pela técnica da PCR em tempo real

Antes do processo de extração, as amostras congeladas em caldo

Selenito-Cistina foram submetidas a um novo enriquecimento bacteriano no qual

se utilizou 9mL de caldo Selenito-Cistina. O DNA total foi isolado por lise por

fervura (SANTOS et al., 2001). Utilizaram-se 400μL da amostra em tubo

polipropileno com capacidade 1,5mL livre de DNA e RNA (Axygen). O tubo

contendo a amostra foi centrifugado a 2.000g por quatro minutos. O sobrenadante

foi descartado e suspenso em 1mL de TE (100mL Tris/HcL 1m + 20μL de EDTA

0,5m + 9,880μL H2O) a mistura foi levada ao vórtex por dez segundos e

centrifugada a 1956,2g por oito minutos. Após descarte do sobrenadante, o pellet

foi suspenso em 100μL de TE. A mistura foi lavada ao vórtex por dez segundos e

colocada em placa de aquecimento a 95oC por 20 minutos, aliquotada e

armazenada a - 20oC em freezer para uso posterior.

Os ensaios de PCR em tempo real para detecção de Salmonella sp.

foram realizados de acordo com CALVÓ et al. (2008). Os eluatos obtidos a partir

das amostras extraídas foram utilizados para realização de PCR em tempo real

empregando o sistema TaqMan®. O volume adotado foi de 20μL utilizando 4,6μL

de água mili-Q, 10μL de Máster Mix (1x), 2μL de mix de IPC (10x), 0,4μL de IPC

DNA (50x) e 1μL de oligonucleotideos iniciadores (concentração de 30mM) e

sonda (concentração de 10mM) acrescentando 2μL de amostras de DNA. Como

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controle interno da reação em um dos poços da placa de 96 poços foi utilizado o

IPC DNA com reagente bloqueador de IPC (negative control blocked IPC, Life®) e

outro com IPC DNA sem bloqueador. As amostras foram submetidas ao ensaio de

presença e ausência em termiciclador StepOne Plus (Applied Biosystems) nas

condições: pré PCR a 60oC por 30 segundos seguida de 95oC por 10 minutos,40

ciclos a 95oC por 15 segundos (fase de desnaturação) e 60oC por 1 minuto e 60oC

por 30 segundos para extensão.

Para detecção de Salmonella sp. pela PCR em tempo real empregou-

se o sistema TaqMan®, utilizando-se os oligonucleotídeos iniciadores SAL1410f

5’-GGTCTGCTGTACTCCACCTTCAG-3’ e SAL1494r 5’-

TTGGAGATCAGTACGCCGTTCT-3’ e sonda SAL1441pr FAM–

TTACGACGATATTCGTCCGGGTGAAGTG – TAMRA, desenvolvidos por CALVÓ

et al. (2008).

Os resultados foram analisados pelo programa StepOne Software v2.1

(Applied Biosystems), adotando-se o grau de confiança em 95%.

2.5. Analises estatísticas

Para interpretação dos resultados encontrados, foi feita análise de

Distribuição Binomial utilizando o programa R Core Team (2013).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das 864 amostras analisadas pela bacteriologia

convencional e PCR em tempo real estão registrados na Tabela 1.

TABELA 1 – Frequência (%) de Salmonella sp. em amostras do sistema de produção de poedeiras comerciais analisadas pela bacteriologia convencional (BC) e PCR em tempo real (PCR).

Categoria de amostra n BC

n + (%)

PCR

n + (%)

Suabe de gaiola 220 7/220 (3,2%) 36/220 (16,4%)

Suabes de bebedouro 168 5/168 (3,0%) 24/168 (14,3%)

Suabes de cloaca 192 3/192 (1,6%) 40/192 (20,8%)

Ração 144 5/144 (3,5%) 14/144 (9,7%)

Moscas 80 3/80 (3,7%) 8/80 (10,0%)

Cascudinhos 32 - 8/32 (25%)

Forro de Caixa 28 1/28 (3,6%) 2/28 (7,1%)

TOTAL (%) 864 24/864 (2,8%) 132/864 (15,3%)

Na bacteriologia convencional 24 amostras foram positivas para

Salmonella sp. (24/864, 2,8%) e na PCR em tempo real 132 amostras (132/864,

15,3%). Em todas as categorias de amostras obteve-se maior percentual de

detecção de Salmonella sp. pela técnica da PCR em tempo real.

A bactéria foi detectada pelo método da bacteriologia convencional em

7/220 (3,2%) das amostras de suabes de gaiolas analisadas e pela PCR em

tempo real em 36/220 (16,4%). A presença e a manutenção da Salmonella podem

ser atribuídas ao uso contínuo das gaiolas por anos, o alojamento de diferentes

lotes sem uma limpeza prévia e adequada e a ausência de vazio sanitário. Estas

colocações são corroboradas por NAMATA et al.,(2008) e VAN HOOREBEKE et

al., (2010) os quais relataram que o sistema de produção de aves em gaiolas

podem ser considerado um fator de risco para contaminação de Salmonella sp.

em galinhas de postura.

Os resultados obtidos nas amostras de suabes de bebedouro 5/168

(3,0%) pela bacteriologia convencional se aproximam do percentual relatado por

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SINGH et al. (2013), 3,3%, em água de bebida de poedeiras, todavia são

superiores aos encontrados por BOUZIDI et al. (2012), 0,80%.

Os níveis de contaminação em suabes de gaiola e de bebedouro

verificados nesta pesquisa, pela PCR em tempo real, reforçam as afirmações de

MARIN et al. (2009) que consideram a capacidade de alguns sorovares formarem

biofilme nas instalações de aviários de postura comercial e que os processos de

limpeza e desinfecção não eliminam o microrganismo.

Os dados apresentados na Tabela 1, relativamente ao percentual de

Salmonella sp. encontrado na bacteriologia convencional, em amostras de suabe

de cloaca (1,6%) são inferiores aos relatados por SINGH et al. (2013) que

encontraram 4,4% e por GARCIA et al. (2011) nos quais 4% dos suabes de

cloaca foram positivos para a bactéria. O suabe cloacal, utilizado como amostras

para monitorar a presença de Salmonella pela bacteriologia convencional

apresenta limitações, porque este patógeno tem habilidade de ser excretado de

forma intermitente e pode ser eliminado em pequenas quantidades pelas fezes

(ANDRADE et al., 2009), no entanto pela PCR em tempo real detectaram-se

40/192 (20,8%) indicando que o método aplicado na identificação do patógeno

influencia, principalmente quando a quantidade do inóculo é pequena.

A frequência de ocorrência do patógeno, pela bacteriologia

convencional, em rações de poedeiras comerciais amostradas neste trabalho

(5/144, 3,5%) foi próxima aos resultados encontrados por SINGH et al. (2013) de

2,5%. Para FREDERICK & HUDA (2011) a maioria das infecções causadas por

Salmonella sp. em poedeiras comerciais é originada da contaminação ambiental,

considerando principalmente a água e ração contaminados.

Na bacteriologia convencional e na PCR em tempo real, 3/80 (3,7%) e

8/80 (10,0%), respectivamente, das amostras de moscas (Musca domestica)

foram positivas para Salmonella, enquanto que as amostras de cascudinho

(Alphitobius diaperinus) não apresentaram a bactéria quando utilizada a técnica

da bacteriologia convencional, enquanto que por PCR em tempo real foram

verificadas 8/32 (25%) de amostras positivas. Também OLSEN & HAMMACK

(2000) ao analisarem amostras de moscas coletadas em ambiente de poedeiras

comerciais encontraram 22% das amostras positivas para Salmonella sp., nível de

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contaminação muito maior que o descrito nessa pesquisa tanto pela BC quanto

pela PCR em tempo real.

Esses insetos têm muita importância na cadeia epidemiológica das

salmoneloses e tem contribuído para manter o agente no ambiente avícola e, de

acordo com LIEBANA et al. (2003), têm dificultado o controle das salmoneloses.

Além disso, HOLT et al. (2007) ressaltaram que moscas expostas a ambiente

contaminado por Salmonella podem se infectar e transmitir a bactéria para as

aves alojadas.

Nas amostras de Alphitobius diaperinus, somente foi detectada a

presença de Salmonella sp. pela PCR em tempo real 8/32 (25%). Resultados

semelhantes aos encontrados na bacteriologia convencional, informados nesse

estudo, foram descritos por CHERNAKI-LEFFER et al. (2002) que não isolaram

Salmonella sp. em amostras de Alphitobius diaperinus coletados em aviários de

frangos de corte. No entanto, SEGABINASE et al. (2005) registraram 0,37% de

positividade para Salmonella sp. em 54 amostras de cascudinho examinadas.

Por outro lado, percentuais de isolamento superiores foram descritos

por HALD (1998), que encontraram o microrganismo em 45% das amostras de

“cascudinhos” coletados em granjas durante o intervalo de saída e entrada de

lotes, confirmando o potencial risco de contaminação para sucessivos lotes. Deve

ser ressaltado que a ingestão de larvas ou besouros adultos Alphitobius

diaperinus contaminados por Salmonella pode infectar aves (ROCHE et al., 2009)

e que este vetor mecânico constitui um problema para os produtores avícolas,

pois ele se alimenta de aves moribundas, carcaças, fezes e rações. Tanto as

larvas como os adultos são capazes de transmitir Salmonella sp. para as aves

podendo permanecer semanas no aviários e, consequentemente, contaminar

lotes sucessivos (LEFFER et al., 2009 e HAZELEGER et al., 2008). São

potenciais disseminadores de agentes etiológicos causadores de doenças

entéricas para os humanos e os animais (OLIVEIRA et al., 2006).

Tanto as moscas quanto os besouros, de acordo com CARRIQUE-

MASS et al. (2009), contribuem para a manutenção e a circulação de Salmonella

sp. no sistema de produção avícola e um dos fatores que facilitam a proliferação

das moscas é o acúmulo de grandes quantidades de esterco.

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Verificando os dados da Tabela 1, nota-se que Salmonella sp. foi

encontrada em 3,6% e 7,1% das amostras de forro de caixa de transporte

analisadas, pela bacteriologia e PCR em tempo real, respectivamente. Por outro

lado SALLES et al. (2008) não isolaram o microrganismo nas 40 amostras de

mecônio oriundas de caixa de transporte. A baixa taxa de positividade dos

mecônios pode ser respaldo em VAN IMMERSEEL et al. (2004) que atribuem a

redução da contaminação vertical de Salmonella sp. na avicultura, a combinação

da prática da vacinação com as medidas de higiene e desinfecção rígidas.

A Tabela 2 contém os dados relativos à distribuição de Salmonella sp.

nas diferentes fases de criação, com os respectivos sorovares. Verifica-se que o

único sorovar isolado na fase de cria foi Salmonella Livingstone. Inicialmente, a

bactéria foi detectada no mecônio coletado dos forros de caixa, no dia do

alojamento e posteriormente na quinta semana de vida nos suabes de gaiola e de

bebedouros, e nas amostras das moscas. Estes resultados sugerem que a

bactéria foi introduzida no galpão pela via vertical e se disseminou pelo ambiente

criatório. O estudo conduzido por HOLT et al. (2007) apontou que as poedeiras

inoculadas com Salmonella Enteritidis infectaram 50% das moscas que estavam

expostas no mesmo ambiente. Esta observação pode ser sugerida no caso de

Salmonella Livingstone que foi disseminada no ambiente da fase de cria.

Por outro lado, Salmonella Livingstone não foi isolada nas demais

amostras nas fases de recria e produção. Provavelmente isto ocorreu pelo

desenvolvimento do sistema imune e o estabelecimento da microbiota intestinal

normal com a idade, que promoveram a eliminação ou redução do número de

bactérias. Este fato pode ser respaldado em VAN IMMERSEEL et al. (2004), os

quais relataram que pintainhas recém eclodidas podem ser infectadas por

Salmonella, por apresentarem sistema imunológico imaturo e apresentarem maior

nível de excreção da bactéria nas primeiras semanas de vida.

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TABELA 2 – Frequência (%) de sorovares de Salmonella em amostras coletadas em granja de postura nas fases de cria, de recria e de produção, obtidas pela bacteriologia convencional (BC).

Fase de Cria

Categoria da amostra n BC

n + (%) Sorovares

Mecônio 28 1/28 (3,6%) Salmonella Livingstone (1/1)

Suabe de gaiola 76 3/76 (3,9%) Salmonella Livingstone (3/3)

Suabe de bebedouro 24 1/24 (4,2%) Salmonella Livingstone (1/1)

Suabe de cloaca 48 - -

Ração 24 - -

Moscas 48 3/48(6,3%) Salmonella Livingstone (3/3)

Fase de Recria

Categoria da amostra n BC

n + (%) Sorovares

Suabe de gaiola 96 4/96 (4,2%) Salmonella Agona (3/4)

Salmonella Cerro (1/4)

Suabe de bebedouro 96 4/96 (4,2%) Salmonella Agona (2/4)

Salmonella Cerro (2/4)

Suabe de cloaca 96 3/96 (3,1%) Salmonella Agona (3/3)

Ração 72 4/72 (5,5%) Salmonella Agona (2/4)

Salmonella Cerro (1/4)

Salmonella Senftenberg (1/4)

Moscas 16 - -

Cascudinhos 16 - -

Fase de Produção

Categoria da amostra n BC

n + (%) Sorovares

Suabe de gaiola 48 - -

Suabe de bebedouro 48 - -

Suabe de cloaca 48 - -

Ração 48 1/48 (2,1%) Salmonella Schwarzengrund (1/1)

Moscas 16 - -

Cascudinhos 16 - -

- amostra negativa.

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Na fase de recria foram isolados os sorovares Salmonella Agona e

Salmonella Cerro em suabes de gaiolas, bebedouros, cloaca e rações. Estes

achados revelam a disseminação dos patógenos por via horizontal, entretanto é

difícil estabelecer a fonte de contaminação. A maior possibilidade é das aves

terem se infectado no ambiente de criação, pois persistência da Salmonella no

ambiente é uma importante característica na sua epidemiologia (CARRIQUE-MAS

et al., 2009). Mas existe ainda a possibilidade da ração ter servido como veículo

dos patógenos para o galpão, pois, até a quinta semana de vida esses sorovares

não tinham sido identificados nas aves, confirmando a complexidade

epidemiológica das infecções por Salmonella destacada por HINTON (1988).

Alguns pesquisadores como THOMAS et al. (2009) comprovaram a

disseminação da Salmonella no ambiente criatório. Ao inocularem Salmonella

Enteritidis em poedeiras comerciais e as colocarem em contato com galinhas não

infectadas, os autores observaram que as aves livres da bactéria após contato

com aquelas inoculadas foram infectadas.

Apesar de terem sido identificadas Salmonella Senftenberg somente na

ração na fase de recria e Salmonella Schwarzengrund somente na ração na fase

de produção registra-se que estes sorovares podem atingir as galinhas, pois

podem sobreviver por longos períodos de tempo, em estado de latência ou

enquanto houver substrato para seu desenvolvimento em condições favoráveis

podem se multiplicar e atingir as aves.

Neste estudo, Salmonella Enteritidis não foi detectada nas amostras

pesquisadas, ao contrário de GAMA et al. (2003), que detectaram Salmonella

Enteritidis em caixas de transporte de poedeiras comerciais e de TEMELLI et al.

(2010) que apontaram Salmonella Enteritidis como o sorovar mais isolado 49/75

(65,3%) nas amostras de suabes de cloaca. Ao considerar Salmonella

Typhimurium os resultados também divergiram de SINGH et al. (2013).

Por outro lado, sorovares semelhantes foram identificados por

TOSHIYUKI et al. (2001) e SINGH et al. (2013), que isolaram Salmonella Cerro e

Salmonella Senftenberg, respectivamente, em amostras de ambiente de criação

de poedeiras.

Verifica-se na Tabela 2, que Salmonella sp não foi detectada na fase

de cria, nas amostras de ração. Este fato pode ser explicado pela ausência de

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farinhas de origem animal na composição da ração na fase de cria. Salmonella

sp. está entre os principais contaminantes da alimentação animal e a principal

fonte de contaminação são as farinhas de origem animal incorporadas às rações.

A temperatura utilizada no processamento das farinhas é suficiente para eliminar

a bactéria, no entanto, a contaminação pode ocorrer no momento do resfriamento

e na armazenagem do produto (ALBUQUERQUE et al., 1999; MORITA et al.,

2006; TACON & METIAN, 2008).

Na Tabela 3 estão registrados os resultados da Distribuição Binomial,

calculada par a par, nas amostras coletadas nas fases de cria, de recria e de

produção, submetidas às técnicas da bacteriologia convencional (BC) e PCR em

tempo real (PCR).

TABELA 3 – Resultado da Distribuição binomial nas fases de cria, de recria e produção de um lote de poedeiras comerciais, pela bacteriologia convencional (BC) e PCR em tempo real (PCR).

Fase de criação n BC

n + (%)

PCR

n + (%)

Cria 248 8/248 (3,2) 18/248 (7,2)A

Recria 392 15/392 (3,8) 88/392 (22,4)B

p - 0,8573 0,000000839

Recria 392 15/392 (3,8)A 88/392 (22,4)A

Produção 224 1/224 (0,4)B 26/224 (11,6)B

p - 0,02297 0,001258

Cria 248 8/248 (3,2) 18/248 (7,2)

Produção 224 1/224 (0,4) 26/224 (11,6)

p - 0,0618 0,1431

A,B médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pela Distribuição Binomial (p˂0,05).

Pode-se observar na Tabela 3, que entre as fases de cria e recria das

frangas não houve diferença estatística na contaminação de Salmonella sp. pela

bacteriologia convencional, embora tenha ocorrido aumento no número de

amostras positivas, porém, tal condição ocorreu (p˂0,05) quando se utilizou o

PCR em tempo real. Nota-se também que, quando as aves estavam no período

de recria apresentaram maior contaminação do que na fase de produção. Ao

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avaliar apenas as fases de cria e produção observa-se que não houve diferença

estatística na contaminação em nenhum dos dois testes realizados.

Hipoteticamente pode-se afirmar que ocorreu a transmissão vertical da

Salmonella na fase de cria, que se disseminou, e as aves conseguiram eliminar a

infecção, pois em nenhuma outra fase esse sorotipo foi detectado. Após a quinta

semana as aves foram transferidas para outros galpões e, neles, elas se

infectaram, mas debelaram a infecção ou permaneceram em estado de portador,

pois, na 45ª semana estes sorovares não foram mais recuperados. Em todas as

três fases de criação analisadas a frequência de detecção de Salmonella sp. foi

mais elevada quando se empregou a técnica da PCR em tempo real.

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4. CONCLUSÕES

As vias de transmissão vertical e horizontal são importantes na

introdução de Salmonella sp. em lotes de poedeiras comerciais.

A técnica de PCR em tempo real revelou-se mais adequada para

detecção de Salmonella sp., em amostras oriundas de galpões de produção de

poedeiras comerciais, que a bacteriologia convencional.

O nível de contaminação por Salmonella sp. aumentou da fase de cria

para recria das aves, porém da recria para a produção houve um declínio na

frequência de isolamento da bactéria.

A incorporação de matérias primas de origem animal, em especial

farinhas de carne, na alimentação das aves principalmente na fase de cria dos

lotes, deve ser feita cautelosamente, pois rações contaminadas constituem

importante fonte de contaminação de Salmonella nos lotes.

Salmonella Livingstone presente em lotes de pintainhas pode

contaminar instalações e insetos favorecendo a transmissão horizontal do

microrganismo.

Insetos podem se infectar por Salmonella sp. em ambientes

contaminados e também veicular a bactéria para as aves em produção.

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CAPÍTULO 4 – PERFIL DE RESISTÊNCIA E DE VIRULÊNCIA DE ISOLADOS DE Salmonella sp. ORIUNDOS DE GRANJAS DE POSTURA COMERCIAL

RESUMO: Objetivou-se com este estudo investigar o perfil de resistência de isolados de Salmonella sp. e avaliar a presença do gene de virulência spvC e dos de resistência intl1, sul1 e blaTEM em isolados de Salmonella caracterizados antigenicamente como Agona, Livingstone, Cerro, Schwarzengrund, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Anatum, Enteritidis, Johannesburg, Corvallis e Senftenberg. Foram submetidos ao teste de sensibilidade aos antimicrobianos: sulfametoxazol (25µg), sulfametoxazol-trimetoprim (25µg), enrofloxacina (5µg), tetraciclina (30µg), sulfonamidas (300µg), ciprofloxacina (10µg), amoxilina acido clavulânico (3µg), ampicilina (20µg), ceftiofur (30µg), gentamicina (10µg), oxitetraciclina (30µg), neomicina (30µg), doxiciclina (30µg) e apramicina (15µg). Os maiores percentuais de resistência observados foram para sulfametoxazol (91,0%), sulfonamidas (51,0%) e ceftiofur (28,9%), e 0% para ciprofloxacina. Somente Salmonella Johannesburg e Salmonella Corvallis apresentaram resistência a apenas um antibiótico o restante dos sorovares foi resistente a pelo menos dois antimicrobianos, sendo que Salmonella Schwarzengrund apresentou resistência a 13. O gene spvC foi detectado somente no sorovar Enteritidis. O gene intl1 esteve presente em seis dos dez sorovares analisados e o gene sul1 em três deles sempre em associação com intl1. O gene blaTEM não foi identificado. Conclui-se que a resistência aos antimicrobianos aliada a pesquisa de genes de virulência e gene de resistência a antibióticos em isolados de Salmonella sp. circulantes em granjas de postura comercial constitui-se em importante ferramenta de investigação para determinação do perfil genético dessas bactérias. Palavras-chave: antimicrobianos, genes de virulência, sul1

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CHAPTER 4 – RESISTANCE PROFILE AND VIRULANCE OF ISOLATES OF Salmonella sp. FROM COMMERCIAL LAYER HOUSES

ABSTRACT: The objective of this study is investigate the resistance profile of isolates from Salmonella sp. and assess the presence of virulence gene spvC and resistance intl1, sul1 and blaTEM in Salmonella isolates antigenically characterized as Agona, Livingstone, Cerro, Schwarzengrund, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Anatum, Enteritidis, Johannesburg, Corvallis and Senftenberg. They underwent sensibility test to antimicrobians: sulfamethoxazole (25µg), trimethoprim-sulfamethoxazole (25µg), enrofloxacin (5µg), tetracyclin (30µg) sulphonamides (300µg), ciprofloxacin (10µg), amoxicillin and clavulanic acid (3µg), ampicillin (20µg), ceftiofur (30µg), gentamicin (10µg), oxytetracyclin (30µg), neomycin (30µg), doxyciclin (30µg) and apramycine (15µg). The highest resistance percentage observed were to sulfamethoxazole (91,0%), sulphonamides (51%) and ceftiofur (28,9%) and 0% to ciprofloxacin. Only Salmonella Johannesburg and Salmonella Corvallis have shown resistance for only one antibiotic and others serovars were resistant for at least two antimicrobians, noting that Salmonella Schwarzengrund presented resistance for 13 of them. The gene spvC was detected only in serovar Enteritidis. The gene intl1 was present in six of the ten serovars analyzed and the gene sul1 in three of them, always in association with intl1. The gene blaTEM was not identified. We can conclude that resistance to antimicrobians along with virulence genes and resistance towards antibiotic genes research in isolates of Salmonella sp. circulating in commercial layer houses makes an important investigation tool to determinate genetic profile of these bacteria. Keywords: antimicrobians, virulence genes, sul1

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1. INTRODUÇÃO

Embora a resistência antimicrobiana possa ocorrer naturalmente, a

maioria dos microrganismos resistentes surgiu como resultado de alterações

genéticas adquiridas por mutações ou transferência de material genético e

processos seletivos posteriores (WRIGHT, 2010).

A cadeia alimentar é considerada uma importante via de propagação

de resistência entre animais e homem. A crescente ocorrência de resistência a

antimicrobianos em salmonelas não tifoides têm representado risco à saúde

pública (BARLOW et al., 2014). Sendo assim, o monitoramento do perfil de

resistência de Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis, além de auxiliar

no tratamento de doenças, permite o acompanhamento da evolução de possíveis

cepas multirresistentes. A resistência a diversos antibióticos pode ser transferida

entre as bactérias do gênero e/ou entre grupos de bactérias (GRAZIANI et al.,

2007; KRAULAND et al., 2009; YANG et al., 2013). Se a bactéria adquire genes

de resistência, esses genes podem ser transferidos para animais e humanos, e a

transferência de genes de resistência das bactérias de origem animal para

microrganismos presentes na microbiota humana podem causar a infecção (BILA

& DEZOTTI, 2003).

Salmonella sp. têm habilidade de causar doenças em diversas espécies

animais, e para expressar sua patogenicidade depende da presença de fímbrias ou

adesinas, de flagelos, do sistema de captação de ferro, da resistência à ação do

complemento e da habilidade de penetrar e replicar nas células epiteliais

(RODRIGUES, 2005). Além desses fatores podem ser destacados os elementos

genéticos que compõem regiões especificas do cromossomo, as Ilhas de

Patogenicidade, locais onde se agrupam genes de virulência (FORTES et al. 2012)

e elementos genéticos transmissíveis, como transposons, plasmídeos ou

bacteriófagos (VAN ASTEN & VAN DIJK, 2005). Estes elementos possuem e

expressam genes, que são estruturas ou produtos que possibilitam o agente

infeccioso interagir com o hospedeiro, invadindo e colonizando as células,

promovendo a ocorrência de uma série de eventos que culminam com a infecção

(VIEIRA, 2009).

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As técnicas de caracterização genotípicas podem ser utilizadas para

identificar diferentes sorovares de Salmonella sp. mediante a detecção de

sequências do DNA e são consideradas mais vantajosas que as fenotípicas uma

vez que todas as bactérias podem ter seu DNA extraído e a capacidade

discriminatória dos métodos genotípicos é maior que os fenotípicos (VELILLA &

TERZOLO, 2009).

Além disso, os métodos genotípicos que usam os DNA cromossomais

ou plasmidiais são específicos, possibilitam a determinação do perfil bacteriano a

partir da utilização de genes conhecidos e únicos ou específicos, para

determinada espécie, como também a capacidade de detectar um gene especifico

(DOUBLET et al., 2008).

Neste trabalho objetivou-se avaliar o perfil de suscetibilidade aos

antimicrobianos de isolados de Salmonella de origem aviária e também detectar a

presença do gene de virulência spvC, e dos genes de resistência intl1, sul1 e

blaTEM.

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2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Local

O experimento foi realizado no Laboratório de Diagnóstico Molecular do

Departamento de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia

(EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

2.2. Amostragem

Um total de 45 isolados de Salmonella, estocados em ágar nutriente,

foi cedido pelo Laboratório de Bacteriologia do Departamento de Medicina

Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal

de Goiás (UFG) para realização desta pesquisa. Todos os isolados originaram de

amostras coletadas em granjas de poedeiras e ovos comerciais nos anos de 2012

e 2013.

2.3. Determinação do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos O perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de 45 amostras de

Salmonella sp. foi determinado pelo método de Difusão em Disco de acordo com

NATIONAL COMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS - NCCLS

(2002), com algumas modificações.

Os antibióticos testados foram amoxilina - ácido clavulânico (3µg),

ampicilina (20µg), apramicina (15µg), ceftiofur (30µg), ciprofloxacina (10µg),

doxiciclina (30µg), enrofloxacina (5µg), gentamicina (10µg), neomicina (30µg),

oxitetraciclina (30µg), sulfametoxazol (25µg), sulfametoxazol-trimetoprim (25µg),

sulfonamidas (300µg) e tetraciclina (30µg).

As amostras estocadas em ágar nutriente foram estriadas em ágar

verde brilhante e incubadas a 37°C/24h. Após este período a leitura foi realizada

por meio da seleção de unidades formadoras de colônias (UFC) com

características morfológicas de Salmonella. Duas UFC por placa foram

transferidas para tubos contendo tríplice açúcar ferro (TSI) e incubados a

37°C/24h. Os isolados com característica de Salmonella foram transferidos para 5

mL de caldo Casoy. Incubou-se o caldo inoculado até atingir a turvação de 0.5 na

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escala de Macfarland. Então um suabe foi umedecido no caldo, pressionando

contra as paredes do tubo para remover o excesso e esfregado em várias

direções sobre a superfície de uma placa de petri contendo o ágar Mueller-Hinton,

até obter uma camada uniforme e homogênea do inóculo. Aguardava-se em torno

de 15 minutos para ocorrer a absorção do inóculo pelo ágar e então depositavam-

se os discos de antibióticos sobre a superfície inoculada com o auxílio de uma

pinça esterilizada.

Os discos eram pressionados para uma melhor aderência ao meio, e

mantidos a uma distância de aproximadamente 3cm um do outro. Uma vez

colocados os discos, as placas eram incubadas na posição invertida por 18-24

horas à temperatura de 35-37°C. Após esse período, procedia-se a leitura dos

halos de inibição com o auxílio de uma régua e os resultados eram interpretados

de acordo com uma tabela considerando a concentração do disco.

2.4. Detecção dos genes

Antes do processo de extração do DNA, os isolados estocados em

ágar nutriente foram submetidos a um novo enriquecimento bacteriano sendo

transferidos para 2mL de caldo Selenito-Cistina e incubados a 37oC por 24h.

O DNA total foi isolado por lise por fervura (SANTOS et al., 2001).

Utilizaram-se 400μL da amostra acondicionada em tubo polipropileno livre de

DNA e RNA (Axygen) com capacidade 1,5mL. A amostra foi centrifugada a

2.000g por quatro minutos. O sobrenadante foi descartado e suspenso em 1mL

de TE (100mL Tris/HcL 1m + 20μL de EDTA 0,5m + 9,880μL H2O) a mistura foi

levada ao vórtex por dez segundos e centrifugada a 2.000g por oito minutos. Após

descarte do sobrenadante, o pellet foi suspenso em 100μL de TE. A mistura foi

levada ao vórtex por dez segundos e colocada em placa de aquecimento a 95oC

por 20 minutos, aliquotada e armazenada a -20oC em freezer para uso posterior.

Os ensaios de PCR em tempo real para detecção dos quatro genes,

spvC, intl1, sul1 e blaTEM de Salmonella sp. foram realizados de acordo com

BUGAREL et al. (2011). Os eluatos obtidos a partir das amostras extraídas foram

utilizados para realização de PCR em tempo real empregando o sistema

TaqMan® o volume adotado foi de 20μL utilizando 4,6μL de água mili-Q, 10μL de

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Máster Mix (1x), 2μL de mix de IPC (10x), 0,4μL de IPC DNA (50x) e 1μL de

oligonucleotideos iniciadores (concentração 30mM) e sonda (concentração de

10mM) acrescentando 2μL de amostras de DNA. Como controle interno da reação

em um dos poços da placa de 96 poços foi utilizado o IPC DNA com reagente

bloqueador de IPC (negative control blocked IPC, Life®) e outro com IPC DNA

sem bloqueador. As amostras foram submetidas ao ensaio de presença e

ausência em termiciclador StepOne Plus (Applied Biosystems) nas condições: pré

PCR a 60oC por 30 segundos seguida de 95oC por 10 minutos,40 ciclos a 95oC

por 15 segundos (fase de desnaturação) e 60oC por 1 minuto e 60oC por 30

segundos para extensão.

Para detecção dos genes pela PCR em tempo real empregou-se o

sistema TaqMan®, utilizando-se os oligonucleotídeos iniciadores para os genes:

- spvC f 5’- AATGAACTACGAAGTGGGCG-3’

r 5’-TCAAACGATAAAACGGTTCCTC-3’

sonda FAM-ATGGTGGCGAAATGCAGAGACAGGC-BHQ;

- intl1 f 5’-TGGGCAGCAGCGAAGTC-3’

r 5’-TGCGTGGAGACCGAAACC-3’

sonda FAM-AGGCATTTCTGTCCTGGCTGGCG-BHQ;

- sul1 f 5’-TCCTGACCCTGCGCTCTATC-3’

r 5’-TGCGCTGAGTGCATAACCA-3’

sonda ROX-ATTGCTGAGGCGGACTGCAGGC-BHQ;

- blaTEM f 5’-CTGGATCTCAACAGCGG-3’

r 5’-CAACACGGGATAATACCGC

sonda FAM-AGATCCTTGAGAGTTTTCGCCCCG-BHQ.

Foram feitos alguns ajustes no equipamento para se adequar aos filtros

disponíveis, nos quais ROX foi substituído por FAM e BHQ por TAMRA.

Os resultados foram analisados pelo programa StepOne Software v2.1

(Applied Biosystems), adotando-se o grau de confiança em 95%.

2.5. Analises estatísticas

Para interpretação dos resultados encontrados, foi realizada estatística

descritiva através da frequência dos dados.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se na Tabela 1 a frequência de resistência, resistência

intermediária e sensibilidade dos 45 isolados de Salmonella frente à ação de 14

antimicrobianos.

TABELA 1 – Resultado do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de 45 isolados de Salmonella sp.

ANTIMICROBIANOS PERFIL DE SUSCETIBILIDADE

Resistência (%) Resistência Intermediária (%) Sensibilidade (%)

Sulfametoxazol 91,0 6,7 2,3

Sulfonamidas 51,0 9,0 40,0

Ceftiofur 28,9 42,2 28,9

Apramicina 6,7 48,9 44,4

Amoxilina ác. clavulânico 4,4 20,0 75,5

Enrofloxacina 4,4 6,7 88,9

Gentamicina 4,4 - 95,6

Neomicina 4,4 75,6 20,0

Doxiciclina 4,4 60,0 35,5

Tetraciclina 2,2 15,5 82,3

Ampicilina 2,2 2,2 95,6

Sulfametoxazol-trimetoprim 2,2 - 97,8

Oxitetraciclina 2,2 8,9 88,9

Ciprofloxacina - 11,1 88,9

Na Tabela 1 pode-se observar ausência de resistência somente à

ciprofloxacina. Os maiores percentuais de resistência foram apresentados para

sulfametoxazol (91,0%), sulfonamidas (51,0%) e ceftiofur (28,9%). Estes

resultados contrastam com os descritos por TAJBAKHSH et al. (2012) que

encontraram resistência ao sulfametoxazol (30%), sulfametoxazol-trimetoprim

(15%) e a ampicilina (14%) em isolados de Salmonella originados de fontes

humanas.

Estudo realizado por CUI et al. (2009), na China, revelou que das 221

cepas de Salmonella sp. isoladas 50% foram resistentes à tetraciclina, 37% à

ampicilina e 29% ao sulfametoxazol-trimetoprim. Níveis de resistência superiores

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aos encontrados nesta pesquisa. Para BARLOW et al. (2014) as chances de

adquirir infecções causadas pela bactéria, resistentes às quinolonas, e ao

sulfametoxazol-trimetoprim aumentam em 30% a cada ano. Esses estudos

demonstram a importância da salmonelose em saúde pública e a necessidade de

maior prudência na utilização de antimicrobianos em medicina humana e

veterinária.

GALDINO et al. (2013), ao estudarem o perfil de suscetibilidade de 18

isolados de Salmonella sp. de origem aviária, não verificaram resistência à

neomicina e nem à tetraciclina, discordando dos resultados aqui apresentados

que apontam 75,6% de resistência intermediaria a neomicina e 15,5% a

tetraciclina. Outro ponto de discordância é com relação à resistência a

sulfonamidas, que neste trabalho foi de 51%, enquanto que os autores

encontraram níveis mais baixos de 11%.

Estudo realizado na União Européia visando analisar o perfil de

suscetibilidade em Salmonella sp., relacionadas a toxinfecções alimentares, frente

a ação de antimicrobianos apontou resistência à ampicilina variando de 21-35%,

sulfonamidas 36-52% e tetraciclina 38-59%. Os percentuais à ampicilina e à

tetraciclina são muito superiores aos encontrados no presente trabalho, 4,4% e

2,2%, respectivamente. Entretanto, o percentual de resistência às sulfonamidas é

equivalente (51%). Em relação à ciprofloxacina não se identificou nenhum isolado

resistente e observando-se 4,4% para enrofloxacina, dados próximos aos

detectados na Itália e Dinamarca, onde registraram 1% de resistência para

ciprofloxacina e 0,6% para enrofloxacina (EFSA, 2008).

Os níveis de resistência ao ceftiofur (28,9%) e de resistência

intermediaria para ciprofloxacina e enrofloxacina obtidos neste estudo são

preocupantes já que as fluorquinolonas e as cefalosporinas de 3a e 4a geração, de

acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estão classificadas como

“criticamente importantes” por fazerem parte de um grupo pequeno de drogas

utilizadas em infecções graves em humanos e no tratamento de enfermidades

causadas por microrganismos transmitidos por fontes não humanas ou

microrganismos capazes de adquirirem genes de resistência (WHO, 2009).

Na Tabela 2 são apresentados os dados de resistência aos

antimicrobianos dos 45 isolados pertencentes aos sorovares Agona, Livingstone,

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Cerro, Schwarzengrund, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, Anatum,

Enteritidis, Corvallis, Senftenberg e Johannesburg.

TABELA 2 – Resultado dos sorovares Salmonella sp. resistentes aos antimicrobianos.

SOROVARES RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

n SMT STX ENR TET SUL CIP AMC AMP CEF GEN OXI NEO DOX APR

Agona 14 11/14 - - - 6/14 - 1/14 - 4/14 - - - - -

Livingstone 8 8/8 - - - 3/8 - - - 2/8 - - - - -

Cerro 6 5/6 - - - 2/6 - - - 1/6 - - - - -

Schwarzengrund 5 5/5 1/5 1/5 1/5 4/5 - 1/5 1/5 3/5 1/5 1/5 1/5 1/5 1/5

enterica O:4,5 4 4/4 - - - 4/4 - - - 3/4 - - - 1/4 1/4

Anatum 3 3/3 - - - 2/3 - - - - - - - - -

Enteritidis 2 2/2 - - - 2/2 - - - - 1/2 - 1/2 - 1/2

Johannesburg 1 1/1 - - - - - - - - - - - - -

Corvallis 1 1/1 - - - - - - - - - - - - -

Senftenberg 1 1/1 - 1/1 - - - - - - - - - - -

TOTAL 45 41 1 2 1 23 - 2 1 13 2 1 2 2 3

Legenda: SMT- sulfametoxazol (25µg); STX – sulfametoxazol-trimetoprim (25µg); ENR – enrofloxacina (5µg); TET – tetraciclina (30µg); SUL – sulfonamidas (300µg); CIP – ciprofloxacina (10µg); AMC – amoxilina ácido clavulânico (3µg); AMP – ampicilina (20µg); CEF – ceftiofur (30µg); GEN – gentamicina (30µg); OXI – oxitetraciclina (30µg); NEO – neomicina (30µg); DOX – doxiciclina (30µg); APR- apramicina (15µg).

Nota-se na Tabela 2 que somente Salmonella Johannesburg e

Salmonella Corvallis apresentaram resistência a um antimicrobiano

(sulfametoxazol), o restante dos sorovares estudados foi resistente a dois ou mais

antibióticos. Salmonella Schwarzengrund apresentou resistência a 13

antimicrobianos, seguido de Salmonella Enteritidis e Salmonella enterica

subspécie enterica O:4,5 resistentes a cinco antibióticos, Salmonella Agona a

quatro, Salmonella Livingstone e Salmonella Cerro a três, e Salmonella

Senftenberg e Salmonella Anatum a dois.

Neste estudo os isolados de Enteritidis não apresentaram resistência à

ampicilina, à doxiciclina e à tetraciclina enquanto LU et al. (2011) relataram

resistência de Salmonella Enteritidis em amostras de origem aviaria coletadas na

China, aos três antimicrobianos citados. RIBEIRO et al. (2008) encontraram

67,1% de resistência à tetraciclina e 22,8% à gentamicina nos isolados de

Salmonella Enteritidis de origem aviária no sul do Brasil no período de 1999-2001.

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Estes dados divergem dos registrados neste estudo no qual nenhum isolado de

Salmonella Enteritidis apresentou resistência à tetraciclina e 50% foi resistente à

gentamicina. Provavelmente a proibição do uso de tetraciclina na medicina

veterinária, nos animais de produção, contribuiu com a diminuição da circulação

do gene tetA (PEZZELLA et al., 2004).

O sorovar Agona não apresentou resistência à ampicilina, ao

sulfametoxazol-trimetoprim e à gentamicina nesta pesquisa, CUI et al. (2009) em

analises conduzidas na China, verificaram que dos 25 isolados de Agona, 40%

foram resistentes à ampicilina, 32% ao sulfametoxazol-trimetoprim e 28% à

gentamicina. Isso mostra a variação na resistência nos isolados de Salmonella em

diferentes regiões, provavelmente pela particularidade que cada região apresenta

em relação ao uso de antimicrobianos (DOYLE et al., 2013).

Estão apresentados na Tabela 3 a resistência à ampicilina, à amoxilina

ácido clavulânico e à sulfonamidas, distribuídos nos 10 sorovares identificados e

também o resultado da PCR em tempo real para os genes de resistência intl1,

sul1 e blaTEM.

TABELA 3 – Resultado da resistência à ampicilina (AMP), à amoxilina ac. clavulânico (AMC) e à sulfonamidas (SUL) e da PCR em tempo real para os genes de resistência intl1, sul1 e blaTEM nos diferentes sorovares.

Sorovares n AMP AMC SUL Genes de Resistência

intl1 sul1 blaTEM

Salmonella Agona 14 - 1/14 6/14 1/6 1/6 -

Salmonella Livingstone 8 - - 3/8 3/8 3/8 -

Salmonella Cerro 6 - - 2/6 1/6 -

Salmonella Schwarzengrund 5 1/5 1/5 4/5 2/5 2/5 -

Salmonella enterica O:4,5 4 - - 4/4 1/4 - -

Salmonella Anatum 3 - - 2/3 - - -

Salmonella Enteritidis 2 - - 2/2 - - -

Salmonella Johannesburg 1 - - - 1/1 - -

Salmonella Corvallis 1 - - - - - -

Salmonella Senftenberg 1 - - - - - -

Verifica-se na Tabela 3 que os genes de resistência detectados nos

isolados estudados foram sul1e intl1. De acordo com HSU et al. (2013) a

detecção do gene intl1 além de estar intimamente relacionada a presença da Ilha

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Genômica 1 de Salmonella (SGI-1), indica a presença do integron de classe 1.

Nessa estrutura estão alojados a maioria dos cassetes de genes que promovem a

resistência aos antimicrobianos inclusive do gene sul1 responsável por promover

resistência as sulfonamidas.

O integron de classe 1 é comumente encontrado em Salmonella

Typhimurium (MIRIAGOU et al., 2006), entretanto, nessa pesquisa esteve

presente nos sorovares Cerro, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5, e

Johannesburg isoladamente e em conjunto com o gene sul1 nos sorovares

Agona, Livingstone e Schwarzengrund (Tabela 3). Provavelmente estes

sorovares, que convivem no mesmo habitat, adquiriram os genes de resistência

localizados nos plasmídeos de outras populações de bactérias. Esta explicação

pode ser fundamentada em MICHAEL et al. (2006) que descreveram os

plasmídeos como sendo os principais instrumentos para a aquisição de genes de

resistência no gênero Salmonella.

A detecção e a frequência do gene intl1nos isolados de sorovar Agona,

Cerro, Schwarzengrund, Salmonella enterica subs. enterica O:4,5 e de

Johannesburg, já que estes sorovares foram isolados do mesmo ambiente, de

uma mesma granja de poedeiras se assemelham aos resultados de MARCUS et

al. (2000) que relataram indicações da presença de SGI 1 em uma diversidade de

sorovares que provavelmente adquiriram o gene por transferência horizontal.

Nota-se na Tabela 3 que o gene intl1 não foi identificado nos sorovares

Anatum, Enteritidis, Corvallis e Senftenberg e o gene sul1 alem de não ser

detectado nos sorovares citados também não esteve presente nos isolados de

Johannesburg, Cerro e Salmonella enterica subs. enterica O:4,5. O gene sul1

somente foi detectado na presença do gene intl1.

Para HSU et al. (2013) a multirresistência aos antimicrobianos está

intimamente relacionada a presença do integron de classe 1. Nesse estudo o

sorovar Corvallis não apresentou o gene intl1 e também não apresentou

multirresistência, os sorovares Anatum e Senftenberg apresentaram resistência a

dois antimicrobianos e Enteritidis a cinco e neles não foi detectada a presença do

gene intl1. Provavelmente a multirresistência encontrada nessa pesquisa com

relação aos sorovares Anatum, Senftenberg e Enteritidis esteja relacionada aos

integrons de classe 2 ou 3 que segundo YANG et al. (2009) podem determinar

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resistência a diversos antimicrobianos. De acordo com FIROOZEH et al (2012) os

integrons de classe 1 geralmente são encontrados em plasmídeos e transposons,

enquanto que os de classe 2 e 3 são encontrados normalmente em transposons

sendo o de classe 1 mais relatado que o 2 e o integron de classe 3 não foi

relatado em bactérias do gênero Salmonella.

Pode-se verificar na Tabela 3 que os três isolados de Livingstone

apresentaram fenotipicamente resistência a sulfonamidas e presença do gene

sul1. Entretanto dois isolados de Cerro, quatro de Schwarzengrund, quatro de

Salmonella enterica subs. enterica O:4,5 que foram resistentes a sulfonamidas foi

detectada a presença do gene sul1 somente em um, dois e um isolado

respectivamente. Este achado tem respaldo em WANNAPRASAT et al. (2011)

que afirmaram a presença do gene sul3, conferindo resistência as sulfonamidas,

associado ao integron de classe 1 quando ocorre ausência de sul1.

Embora tenha sido verificada resistência à ampicilina em 1/5 (20%) dos

isolados de Schwarzengrund e à amoxilina ac. clavulânico em 1/14 (7,1%) dos

isolados de Agona e 1/5 (20%) dos de Schwarzengrund, o gene blaTEM não foi

identificado em nenhum dos isolados estudados. Os dados relacionados a

ampicilina divergem dos relatados por TAJBAKHSH et al. (2012), que

encontraram o gene blaTEM em 18% dos isolados resistentes a esse

antimicrobiano.

No presente trabalho só foi detectado o gene de virulência spvC em

Salmonella Enteritidis, o que confirma a virulência nesses isolados já que o

referido gene expressa essa condição. HUAWEI et al. (2009) utilizaram esse

mesmo gene para distinguir Salmonella patogênica de não patogênica detectando

o gene spv em todos os isolados com reconhecido plasmídeo de virulência. O

gene spvC é encontrado com maior frequência em Salmonella Enteritidis como

demonstrado por HUEHN et al. (2010) que observaram a presença do gene em

85% e por OLIVEIRA et al. (2003) em 90,2% dos isolados de Salmonella

Enteritidis estudados. Assim como nessa pesquisa CRACIUNAS et al. (2010)

encontraram o gene spvC somente no sorovar Enteritidis.

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4. CONCLUSÕES

Os isolados de Salmonella apresentaram maiores percentuais de

resistência ao sulfametoxazol, à sulfonamidas e ao ceftiofur, e nenhuma

resistência à ciprofloxacina.

Salmonella Johannesburg e Salmonella Corvallis apresentaram

resistência a um antimicrobiano (sulfametoxazol), os demais foram resistentes a

dois ou mais antibióticos. Salmonella Schwarzengrund apresentou resistência a

13 antimicrobianos.

A presença do gene spvC em Salmonella Enteritidis reforça a

necessidade de seu controle, uma vez que esse sorovar é portador de estruturas

que garantem virulência à bactéria.

A detecção da SGI 1 pela investigação do gene intl1 em pelo menos

seis dos 10 sorovares pesquisados e, sul1 em três deles, demonstra que as

salmonelas presentes na produção de ovos comerciais carreiam genes que

favorecem a invasão e sobrevivência no hospedeiro.

O monitoramento e o controle de Salmonella sp., por meio da

identificação dos genes de virulência e de resistência antimicrobiana é

fundamental na produção de ovos comerciais.

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prevenção e o controle sanitário são condições fundamentais para

garantir à avicultura de postura a produção de ovos de qualidade. A presença de

bactérias, como a Salmonella sp., além de constituir uma barreira sanitária ao

comércio dos ovos, é um dos microrganismos mais comumente envolvidos em

toxinfecções alimentares, pelo consumo principalmente de alimentos

contaminados, representando risco à saúde pública.

Uma diversidade de sorovares de Salmonella sp. é capaz de

contaminar ovos comerciais penetrar nas cascas e membranas e também

sobreviver em ambiente hostil como o albúmen. Os processos de lavagem e

desinfecção de ovos comerciais não interferem nos níveis de contaminação por

Salmonella sp.

Com relação aos tipos de transmissão de Salmonella em lotes de

poedeiras comerciais, pode-se inferir que tanto a via vertical quanto a horizontal

são importantes pontos de introdução de Salmonella sp. Existem diferenças nos

níveis de contaminação nas diferentes fases de criação de poedeiras, além disso

insetos podem se infectar por Salmonella sp. em ambientes contaminados e

também veicular a bactéria para as aves em produção. A incorporação de

matérias primas de origem animal, em especial farinhas de carne, na alimentação

das aves deve ser feita cautelosamente e a analise microbiológica desse tipo de

produto é um protocolo que deve ser seguido pelas empresas produtoras de ovos

comerciais.

A técnica de PCR em tempo real mostrou-se superior a bacteriologia

convencional na detecção de Salmonella sp. em estruturas de ovos comerciais e

em amostras coletadas na criação de poedeiras comerciais.

A investigação fenotípica de resistência aos antimicrobianos aliada a

pesquisa dos genes de virulência e de resistência aos antibióticos em isolados de

Salmonella sp. circulantes em granjas de postura comercial são importante

ferramenta de investigação para determinação das medidas que devem ser

implantadas com relação ao uso de antimicrobianos com fins terapêuticos e na

sua utilização como promotores de crescimento.