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153 Sociedade & Natureza, Uberlândia, 19 (2): 153-169, dez. 2007 Interseções Geográficas: uma análise da cartografia filatélica brasileira José Flávio Morais Castro, Alexandre M. A. Diniz, Gislaine Fernanda de Barros INTERSEÇÕES GEOGRÁFICAS: UMA ANÁLISE DA CARTOGRAFIA FILATÉLICA BRASILEIRA Geographical intersections: an analysis of the Brazilian Philatelic Cartography José Flávio Morais Castro Professor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS [email protected] Alexandre M. A. Diniz Professor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS [email protected] Gislaine Fernanda de Barros Aluna do Curso de Geografia com ênfase em geoprocessamento da PUCMINAS [email protected] Artigo recebido para publicação em 05/06/2007 e aprovado para publicação em 16/08/2007 RESUMO: As interseções entre Filatelia e Cartografia no Brasil geraram mais de 350 selos ao longo da história. Este trabalho analisa a cartografia filatélica brasileira e as interseções geográficas presentes nos selos postais brasileiros, interseções estas intimamente relacionadas à Geografia Cultural. As interseções geográficas, consubstanciadas na representação simbólica dos selos postais estão intimamente associadas à cultura e suas relações com o espaço. A análise dos selos evidenciou relações topológicas e de distância, indicando a localização de feições e ele- mentos, além de representar trajetórias e fluxos diversos. Por outro lado, mapas e projeções também carregam forte apelo simbólico, comunicando informações que transcendem as meras relações topológicas e de distância, costumeiramente comunicadas nos documentos cartográ- ficos. A iniciativa e os resultados obtidos neste trabalho revelam uma miríade de possibilidades de estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros, sobretudo aqueles relacionados a temas clássicos da Geografia. Palavras-chave: Cartografia Filatélica, Geografia Cultural, Selos Postais. ABSTRACT: The intersections between Philately and Cartography in Brazil have generated over 350 stamps throughout history. This study analyzes the Brazilian philatelic cartography and the geographic intersections taking place within Brazilian postal stamps, intersections deeply related to Cultural Geography. Geographic intersections materialized in the symbolic representation of postal stamps are intimately related to culture and its relationship with space. The analysis of postal stamps carrying maps and other cartographic elements identified the presence of topo- logical, distance, and location relationships, as well as trajectories and flows. On the other hand, maps and projections also carry strong symbolic appeal, bringing information that

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Sociedade & Natureza, Uberlândia, 19 (2): 153-169, dez. 2007

Interseções Geográficas: uma análise da cartografia filatélica brasileiraJosé Flávio Morais Castro, Alexandre M. A. Diniz, Gislaine Fernanda de Barros

INTERSEÇÕES GEOGRÁFICAS:UMA ANÁLISE DA CARTOGRAFIA FILATÉLICA BRASILEIRA

Geographical intersections: an analysis of the Brazilian Philatelic Cartography

José Flávio Morais CastroProfessor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia

– Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS [email protected] M. A. Diniz

Professor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS

[email protected] Fernanda de Barros

Aluna do Curso de Geografia com ênfase em geoprocessamento da [email protected]

Artigo recebido para publicação em 05/06/2007 e aprovado para publicação em 16/08/2007

RESUMO: As interseções entre Filatelia e Cartografia no Brasil geraram mais de 350 selos ao longo dahistória. Este trabalho analisa a cartografia filatélica brasileira e as interseções geográficaspresentes nos selos postais brasileiros, interseções estas intimamente relacionadas à GeografiaCultural. As interseções geográficas, consubstanciadas na representação simbólica dos selospostais estão intimamente associadas à cultura e suas relações com o espaço. A análise dosselos evidenciou relações topológicas e de distância, indicando a localização de feições e ele-mentos, além de representar trajetórias e fluxos diversos. Por outro lado, mapas e projeçõestambém carregam forte apelo simbólico, comunicando informações que transcendem as merasrelações topológicas e de distância, costumeiramente comunicadas nos documentos cartográ-ficos. A iniciativa e os resultados obtidos neste trabalho revelam uma miríade de possibilidadesde estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros, sobretudo aqueles relacionados a temasclássicos da Geografia.

Palavras-chave: Cartografia Filatélica, Geografia Cultural, Selos Postais.

ABSTRACT: The intersections between Philately and Cartography in Brazil have generated over 350 stampsthroughout history. This study analyzes the Brazilian philatelic cartography and the geographicintersections taking place within Brazilian postal stamps, intersections deeply related toCultural Geography. Geographic intersections materialized in the symbolic representation ofpostal stamps are intimately related to culture and its relationship with space. The analysis ofpostal stamps carrying maps and other cartographic elements identified the presence of topo-logical, distance, and location relationships, as well as trajectories and flows. On the otherhand, maps and projections also carry strong symbolic appeal, bringing information that

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transcends topological and distance relationships, usually addressed in cartographic docu-ments. The initiative and results of this study reveal a plethora of analytical possibilities focusingon Brazilian postal stamps, especially those related to classic geographic themes.

Keywords: Philatelic Cartography, Cultural Geography, Postal Stamps

zado no Rio de Janeiro, editado em 23/07/1907.Desde então, a Cartografia tem municiado a Filateliacom mapas antigos, projeções, planisférios, globos emapas temáticos, subsidiando, assim, a comunicaçãode diversas idéias, valores e conceitos. Neste sentido,torna-se oportuno analisar os recursos da cartografiautilizados ao longo da história da Filatelia brasileira.

Este trabalho tem por objetivo analisar a car-tografia filatélica brasileira e as interseções geográfi-cas que ocorrem na representação gráfica adotadanos selos postais brasileiros, interseções estas intima-mente relacionadas à Geografia Cultural. Em funçãodo relacionamento existente entre Filatelia, Carto-grafia e Geografia Cultural, este trabalho pretendetambém abordar os princípios que os norteiam e suaspossíveis interseções.

2. GEOGRAFIA, CULTURA ECOMUNICAÇÃO

As interseções geográficas, do ponto de vistada representação simbólica nos selos postais, podemestar intimamente associadas à cultura e suas relaçõescom o espaço, sendo, portanto, passíveis de sereminvestigadas no âmbito da Geografia Cultural. Valelembrar que os seres humanos vivenciam e trans-formam o mundo natural em humano. Nesse pro-cesso de transformação ganha destaque a cultura,entendida por Claval (2001a:63) como: “a soma doscomportamentos, dos saberes, das técnicas, dosconhecimentos e dos valores acumulados pelos in-divíduos durante suas vidas e, sem uma outra escala,pelo conjunto dos grupos de que fazem parte. A cul-tura é herança transmitida (grifo nosso) de umageração para a outra”. Portanto, a produção e re-produção da vida material, resultante da intercessãoentre cultura e natureza, é subordinada aos sistemasde comunicação, uma vez que sem eles a construção

1. INTRODUÇÃO

A Filatelia é o “estudo dos selos do correiousados nas diferentes nações, metodicamente cole-cionados” (BUENO, 1976). Os selos postais de umanação, principalmente os comemorativos, podemtrazer na estampa distintos aspectos sociais, ambien-tais, culturais, históricos e geopolíticos, constituindo-se importante veículo de comunicação dos valoresde uma dada sociedade.

O Brasil foi um dos primeiros países domundo a emitir selos postais, trajetória que remontaao Período Imperial, mais especificamente ao anode 1843. Ao longo de mais de um século de produçãofilatélica, o Brasil já produziu mais de 4.000 estam-pas, dotadas de qualidade e criatividade superiores,fato que fez com que os selos brasileiros tenhamsido laureados em diversos certames internacionais.

A filatelia brasileira também notabiliza-sepelo uso de diversos recursos técnicos de represen-tação dos valores de nossa sociedade. Dentre essesrecursos, merece destaque a Cartografia, ciência quehistoricamente chamou para si a responsabilidade delocalizar e representar objetos no espaço, em deter-minadas proporções. Entendida simultaneamentecomo ciência e arte, a Cartografia recorre a variadasteorias para representar dinâmicas espaciais, entreelas, a Teoria da Comunicação Cartográfica. Nestaperspectiva, o mapa é concebido como meio de co-municação, tornando-se um elemento altamenteestratégico e um poderoso instrumento de pesquisa.

As interseções entre Filatelia e Cartografiano Brasil geraram mais de 350 selos ao longo dahistória (CORREIOS, 2002a, p.1), constituindo-seno primeiro lançamento dessa relação o selo emcomemoração ao 3º Congresso Panamericano, reali-

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e transmissão de comportamentos, saberes, técnicas,conhecimentos e valores não seria possível.

Tais interseções encontram-se no cerne daGeografia Cultural, uma significativa subdisciplina daGeografia, iniciada em solo europeu, de onde seespalhou para diversas partes do mundo. Suas origensformais remontam ao final do Séc. XIX, quando oobjeto de estudo da geografia se confundia com apaisagem geográfica, sendo esta entendida comoresultante das influências mútuas exercidas pelaspaisagens naturais e grupos culturais. A GeografiaCultural também encontrou solo fértil no depar-tamento de geografia de Berkley, Califórnia, ondeCarl Otowin Sauer e seus discípulos, baseados emabordagens historicistas desenvolveram uma série deestudos sobre sociedades tradicionais, nos quais oprocesso de construção histórica e suas determina-ções eram enfatizados (CORRÊA E ROSENDAHL,2003).

Não se pode ignorar que os fatos da culturaestiveram sempre presentes na análise geográfica,entrementes, os fatores culturais eram tratados emsua condição material, com ênfase nas obras dos sereshumanos, seus gêneros de vida e as diversas transfor-mações por eles impingidas na paisagem. Os resul-tados da Geografia Cultural desenvolvida nessasbases eram ao mesmo tempo fascinantes e limitados,uma vez que buscavam inventariar o passado, como fito de compreender o presente. Grosso modo, po-de-se dizer que tais perspectivas perduraram atémeados da década de 1970, quando um movimentode renovação foi iniciado. Na raiz deste movimentoestá uma significativa mudança suscitada pela cons-tatação de que as realidades que refletem a organi-zação social, os modos de vida e as atividades huma-nas não são puramente materiais, uma vez que repre-sentam manifestações de processos cognitivos, ativi-dades mentais e trocas de informação e idéias(CLAVAL, 2001b:39).

No entanto, CLAVAL (2001b:50) alerta queo termo cultura deve ser utilizado com precaução,pois no plano objetivo, não existe nada que se asse-melhe a esse conceito, que só existe, na verdade, no

espírito das pessoas. Segundo o autor, não existetampouco cultura unificada, uma vez que é cons-truída por elementos retransmitidos e reinterpreta-dos permanentemente. Isso implica que cada in-divíduo desenvolve sua própria cultua, a partir doselementos presentes no meio ambiente onde vive,trabalha ou viaja, das dificuldades que encontra e dainformação que recebe de diversas fontes.

De toda forma, a nova Geografia Culturaltrabalha simultaneamente as dimensões materiais enão materiais da cultura, incorporando análises sobreo presente e o passado, trabalhando as diversas es-calas e enfocando tanto aspectos objetivos como in-tersubjetivos (CORRÊA E ROSENDAHL, 2003).Nota-se, assim, que a abordagem cultural tem amplocampo para o seu desenvolvimento, uma vez queconscientiza os geógrafos de que suas atividadesfazem parte da esfera cultural e que é impossívelconstruir uma abordagem científica livre de deter-minações culturais (CLAVAL, 2001b). Mas não sedeve perder de vista o fato que o movimento de re-novação e revalorização da geografia cultural, inicia-do nas últimas décadas, tem sido construído a partirde bases híbridas. De um lado, valorizam-se as ricastradições da geografia cultural francesa e americana.Por outro lado, incorporam-se novas bases episte-mológicas, como a fenomenologia, o materialismocultural e até mesmo a geografia social (CORRÊA EROSENDAHL, op. cit.).

Mas diante da miríade de possibilidadesdescortinadas pela Geografia Cultural, WAGNER eMIKESELL (2000) apontam cinco interesses maisobjetivos e imediatos da sub-disciplina, quais sejam:cultura, áreas culturais, paisagem cultural, históriada cultura e ecologia cultural. Note-se que no escopode cada um desses temas as possibilidades de análiseempírica são gigantescas. COSGROVE (2000:101)corrobora esta assertiva, ilustrando a amplitude te-mática e o pluralismo da Geografia Cultural:

“muito esforço é dirigido para o entendimen-to da forma, da função e do significado dosambientes construídos. Grande energia é em-pregada em entender os processos que resul-

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tam em modificações no ambiente natural,como o desmatamento, a erosão, e o reapro-veitamento da terra. Outros tópicos estuda-dos pelos geógrafos culturais, pelo menos deforma esporádica, como a geolinquística, aspreferências alimentares, as migrações e asaspirações das minorias, não têm uma cone-xão tão óbvia com o ambiente natural ouartificial”.

Como se viu, boa parte da recente produçãobrasileira de Geografia Cultural concentra-se em umdos eixos-temáticos identificados por WAGNER eMIKESELL (2000), qual seja: o estudo da cultura esuas diversas formas de manifestação. No entanto,neste momento é necessário destacar que como acultura representa um conjunto valores, práticas,mitos, comportamentos e padrões herdados, mastambém continuamente reinventados, a capacidadede transmissão ou de comunicação desses elementosé condição sine qua non à criação, manutenção emetamorfose das culturas (CLAVAL, 2002). Nestesentido, é profícua a discussão de alguns conceitosassociados à comunicação humana, que por sua vez,tem sido marcada por crescente complexidade,rapidez, interatividade e multiplicidade dos meios decomunicação empregados.

A semiótica ou semiologia é uma disciplinarecente nas ciências humanas, criada no início doSéc. XX. Etimologicamente, ambos os epítetos sãoderivações de semeion, vocábulo grego que designa“signo”. No entanto, a semiótica é de origem ame-ricana, significando termo canônico que designa asemiótica como filosofia das linguagens. Por outrolado, a semiologia é um termo de origem européiacompreendido como o estudo de linguagens particu-lares (imagens, gestos, teatro, etc.). Essa intriganteciência dos signos tem como grandes precursores olingüista suíço Ferdinand de Saussure, e o cientistanorte-americano Charles Sanders Peirce (JOLY,2002; SANTAELLA e NOTH, 2001).

Ferdinand Saussure (1974) partiu do princí-pio de que a língua não era o único sistema de signosque exprime idéias empregadas na comunicação,

imaginando, assim, a semiologia como uma ciênciageral dos signos. No âmbito da semiologia, alingüística, estudo sistemático da língua, estaria emprimeiro lugar, constituindo-se em seu campo deestudos. Tendo estudado a natureza do signolingüístico, Saussure descreve-o como uma entidadepsíquica de duas faces indissociáveis que uniam umsignificante (o conjunto de sons que podem ou nãoformar palavras) a um significado (o conceito).Saussure também empenhou em descrever a formados signos lingüísticos e as principais regras defuncionamento da linguagem.

Por outro lado, Charles Sanders Peirce(1978), com a sua semiótica, propunha uma ciênciamais ampla, que apesar enfatizar a língua, buscavauma teoria geral dos signos e uma tipologia ope-racional. Para Peirce, os signos têm materialidade,sendo passíveis de serem percebidos e apreendidoscom um ou vários de nossos sentidos. É possívelvê-los, ouvi-los, senti-los, tocá-los, e, até, saboreá-los. Logo, de acordo com essa acepção, o signo podeser compreendido como algo que está presente paradesignar ou significar uma idéia, objeto, entidade ouconceito que está ausente, concreta ou abstratamente.O signo constitui-se num ato de comunicação quandoé destinado, de forma intencional, de um emissor aum receptor, ou ainda quando fornece informações,que a partir das vivências do receptor, são passíveisde serem decifrados (céu cinza – sinal de chuva, porexemplo).

Porém, ao contrário da relação dicotomizadade Saussure (significante e significado), Peirce (1978)introduz mais um elemento, afirmando que no pro-cesso de comunicação, o signo se articula em umatriangulação, com os seguintes vértices: a face per-ceptível do signo (repreentamen ou significante); oque ele representa (objeto ou referente) e o que elesignifica (interpretante ou significado). Em face àconstatação de que os signos, apesar de comparti-lharem todas as características supracitadas, apresen-tam especificidades no processo de comunicação,Peirce propôs uma tipologia, muito útil à compreen-são dos signos, uma vez que uma palavra, roupa,fotografia, postura, cartaz, etc. comportam-se de ma-

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neira idiossincrática na triangulação peirceana. Trata-se de uma classificação em que os signos são dife-renciados com base no tipo de relação que esta-belecem entre significante (a face perceptível) e oreferente (o representado, o objeto). Nessa pers-pectiva, Peirce propôs três tipos principais de signos(ícone, índice e símbolo), definidos abaixo:

· O ícone representa os tipos de signo cujosignificante mantém uma relação de analo-gia com o que representa, isto é, com seureferente. Um desenho figurativo, uma fotogra-fia, um mapa representam objetos concre-tos, na medida em que se parecem com eles.

· O índice corresponde aos signos que man-têm uma relação causal de contigüidade fí-sica com aquilo que representam. É o casodos signos “naturais”. São exemplos típicosde índices, a fumaça para fogo, a nuvempara a chuva, pegadas na areia, etc.

· O símbolo representa o conjunto de signosque mantêm uma relação de convenção como seu referente. São signos sofisticados queinserem um conjunto de valores, mitos eideologias. Constituem-se símbolos clássicosa bandeira de um dado país, a pomba brancada paz, a suástica nazista, a cruz cristã.

3. FILATELIA

O primeiro selo postal foi emitido no séculoXIX, quando Rowaland Hill arquitetou a reorga-nização do serviço postal inglês. Isso se deu por voltade 1840, quando Hill introduziu o franquiamento dacorrespondência postal, transferindo para o emitentea responsabilidade de arcar com as despesas de envio.A sugestão foi bem aceita e no mesmo ano foi emitido,na Inglaterra, o primeiro selo, conhecido como PennyBlack, impresso em branco e preto. Rapidamente, anova organização dos serviços postais foi adotadapelas administrações postais do mundo inteiro,instituindo-se, desta forma, o nascimento da filatelia,cuja gênese esteve associada ao selo postal (THIÉ-BLOT, 1994; CORREIOS, 2002a; BLOCH, 1971).

Nos seus primórdios, os serviços postaisemitiam selos com tarifas diferenciadas para corres-pondências nacionais e internacionais. Posterior-mente, o serviço postal se sofisticou, passando adiferenciar as tarifas também conforme o peso dasencomendas, que ao atingirem valores específicos,obrigou o serviço a criar uma série de selos, comcores e valores diferenciados, para facilitar a cobrançadiferenciada pelos serviços postais. Note-se que,durante muito tempo, os selos eram vistos comomeros comprovantes de pagamento das taxas deenvio. No entanto, com a crescente adoção do sistemaem diversos países e a intensa troca de correspon-dência, suas utilidades se ampliaram e os selos passa-ram a serem vistos como um eficaz meio de comu-nicação de massa (BLOCH, 1971). Nas palavras deTHIÉBLOT (1994),

“A filatelia é um veículo de cultura, dos co-nhecimentos humanos em todos os campos,uma rede de simpatia e compreensão inter-nacional. As histórias das nações, as belezasnaturais, os monumentos, as festas, tudo umdia aparece nos selos”.

Desta forma, com o crescente uso dos selose o caráter de meio de comunicação adquirido aolongo dos anos, as estampas dos selos tornaram-secada vez mais criativas, constituindo-se, inclusive,em objetos de arte. Juntamente com esses novospapéis, os selos tornaram-se eficazes meios de comu-nicação de massa, passando a divulgar e popularizaracontecimentos históricos, difundir biografias depessoas ilustres do mundo político, social e científico,comunicar peculiaridades de um dado país, cons-tituindo-se num importante veículo na divulgação daimagem de uma sociedade (BLOCH, 1971).

Em virtude dessa crescente variedade, afilatelia passou a representar outra função, relacionadaao hobby do colecionismo, principalmente quandose trata de selos comemorativos. Essa prática setornou freqüente em todo mundo, reforçando ocaráter dos selos de mídia de propagação cultural(CORREIOS, 2003b).

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3.1. Filatelia brasileira

D. Pedro II teve papel preponderante naorganização e desenvolvimento dos serviços postaisbrasileiros, uma vez que além de introduzir o sistemade telégrafos, em 1842, implantou também autilização de selos, em 1843. Ressalte-se que a ado-ção dos selos postais no Brasil ocorreu logo após asua criação na Inglaterra, tendo sido o Brasil a segundanação a emiti-los (MEYER, 2003).

A primeira série de selos brasileiros foilançada em 1843, tendo sido batizada de “Olho deBoi”, em função da similitude entre as estampas dosselos e os olhos do boi. Nesses selos eram estampadosos valores correspondentes de 30, 60 e 90 réis. Apóso “Olho-de-boi”, foram criados os selos “Inclina-dos”, em 1844; os “Olhos-de-Cabra”, em 1850; edos “Olhos-de-Gato”, em 1854. Foi apenas em 1866,que o selo brasileiro passou a estampar a imagem deuma personalidade, o imperador D. Pedro II (THIÉ-BLOT, 1994).

Em 1900, a filatelia brasileira contou comoutro importante impulso, quando os primeiros seloscomemorativos, celebrando o 4º Centenário do

Descobrimento do Brasil, foram emitidos, com oobjetivo de arrecadar fundos para as festividades.Esses, no entanto, foram restritos à circulação do-méstica, uma vez que somente em 1906, os primei-ros selos comemorativos com circulação internacio-nal foram emitidos. Nas primeiras décadas do Séc.XX, o serviço postal se aperfeiçoou e se ampliou. Otransporte de correspondências, até então realizadopelos Correios Marítimos e Terrestres, passou a con-tar, na década de 1920, com os serviços aéreos. Aolongo das décadas seguintes foram criados novosórgãos gerenciadores, em face às novas necessidadesimpostas pela estrutura política do país. Dentre esses,destacam-se o Departamento de Correios e Telé-grafos, criado na década de 1930 e substituído,posteriormente, pela Empresa de Correios e Telé-grafos (ECT), em 1969. Ressalte-se que a ECT per-manece subordinada, ainda hoje, ao Ministério dasComunicações.

Com a criação da ECT, as emissões come-morativas passam a ter atenção especial, tendo sidocontratados artistas e desenhistas com o intuito demelhorar a qualidade e a criatividade das emissões.Dentre as inovações introduzidas pela ECT des-tacam-se o primeiro selo em braile do mundo, e o

Tabela 1. Tipologia dos Selos

Tipo Definição Exemplos

Ordinários Selos não comemorativos, com tiragem ilimitada. Têm preços de Iconografia genérica, como

face variados, sendo muito utilizados em composição com outros representações de frutas.

selos, para atingir o custo de envio da correspondência.

Comemorativos Têm tiragem limitada e registram fatos, datas e eventos que se

destacam no cenário nacional ou internacional

Especiais Emissões baseadas em um determinado tema que não esteja relacionado Seqüência de seles com

a eventos ou comemorações específicas. Podem ser emitidos vários carros antigos, ou animais

motivos dentro de um mesmo tema. A tiragem é limitada em extinção

Promocionais Emissão destinada à divulgação de idéias, fatos ou campanhas, em âmbito Campanhas contra AIDS,

nacional, sem caráter comemorativo. Os temas são definidos pela ECT ou por exemplo.

em parceria com ouras instituições.

Personalizado Dá oportunidade a pessoas físicas ou jurídicas definirem a imagem Ilustração, foto pessoal ou

estampada no selo. logotipo de empresa

Fonte: Correios (2002a); Ministério das Comunicações (1996)

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segundo selo holográfico (CORREIOS, 2002a, 2006).

Existe uma legislação específica, a InstruçãoNormativa nº 10, do Ministério das Comunicações(1996), que garante a qualidade das emissões postaise a apresentação de propostas de temas que poderãoser transformados em selos. Esta norma tambémregulamenta e classifica as diversas emissões postaisem tipologias, conforme mostra a Tabela 1.

Ressalte-se que em virtude de sua qualidadee criatividade, os selos brasileiros são cobiçados emtodo o mundo, figurando no grupo dos 10 melhoresdo mundo (CORREIOS, 2002a). Nas últimas dé-cadas, vários eventos, projetos, concursos, exposiçõesde caráter nacional e internacional envolvendo afilatelia foram produzidos, nos quais os selos bra-sileiros têm se destacado, muito dos quais recebendoprêmios (CORREIOS, 2003a).

4. A CARTOGRAFIA FILATÉLICA

A Cartografia sempre foi de grande rele-vância para a sociedade, principalmente como ins-trumento de orientação, de comunicação e de repre-sentação de informações espaciais, características quea qualificam como elemento altamente estratégicopara o planejamento e o gerenciamento do espaço.Não só nos mapas antigos, mas também nos atuais,continuam presentes os mitos, as lendas, os interessesestratégicos, ideológicos e geopolíticos, etc.

A cartografia se subdivide em: CartografiaSistemática, ligada ao mapeamento topográfico,consiste na representação do espaço territorial deum país por meio de cartas em diversas escalas, epara fins diversos, gerais ou específicos, segundoplanos, normas e padrões estabelecidos (OLIVEIRA,1983); Cartografia Temática, ligada à Teoria daComunicação Cartográfica, consiste na parte dacartografia que se ocupa do planejamento, execuçãoe impressão de mapas temáticos (OLIVEIRA, 1983);e, Cartografia Digital, ligada a Teoria da VisualizaçãoCartográfica, consiste em processo que pressupõe ouso de computadores em projetos nas áreas me-cânica, civil e cartográfica e em outras atividades,

incluindo funções de display gráfico interativo,cálculos geométricos e processamento limitado deatributos alfanuméricos (TEIXEIRA e CHRISTO-FOLETTI, 1997).

Os selos postais representam uma mídia quevem ganhando força nas últimas décadas no Brasil,e que, até o presente momento, tem sido poucoexplorada em análises geográficas. Como se viu naseção anterior, a prática filatélica no Brasil vem sen-do cada vez mais valorizada, fato corroborado peloexpressivo número de emissões de selos postais,contabilizando mais de 4.000 estampas desde 1843,quando se emitiu o primeiro selo. Desses, aproxi-madamente 10% trazem reproduções, documentosou referências cartográficas que serão objeto daanálise que segue (CORREIOS, 2002a).

Considerando que a abrangência e a quanti-dade dos temas abordados são amplas, procedeu-sea seleção e agrupamento do conjunto de selos postaisque apresentam elementos cartográficos nos seguin-tes eixos temáticos: cartografia/mapas antigos; expe-dições; meio ambiente; redes de transportes e detelecomunicações; e, migrações e etnia.

4.1. Cartografia: Mapas antigos

Esse tema é composto por cinco selos e doisblocos que têm em comum o emprego de mapasantigos na comunicação de assuntos diversos. Oprimeiro desses selos comemora os 500 Anos daAssinatura do Tratado de Tordesilhas entre Espanhae Portugal (Figura 1A), editado em 07/06/1994. Essaemissão apresenta sobre um fundo em forma depergaminho, a caravela, sobre a qual encontra-se aparte americana do mapa-múndi de BartolomeuVelho, datado de 1561, onde se vê em destaque alinha do Tratado de Tordesilhas (CORREIOS,1994b).

O segundo selo do eixo-temático comemorao Centenário da Diretoria de Hidrografia e Navega-ção da Marinha (Figura 1B), tendo sido expedidoem 02/02/1976. Esse selo foi ilustrado por um mapanáutico, de 1776, executado por Simão Antônio da

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Rosa Pinheiro, que representa a América do Sul parteda África, da Europa e da América do Norte, alémde direções e rumos interligados por uma rede derosas-dos-ventos, paralelos, meridianos, com ostrópicos de câncer e de capricórnio. Esse tipo derepresentação cartográfica foi muito utilizado emmapas portulanos, tipo de mapeamento que surgiuapós o descobrimento da bússola e que possibilitouas Grandes Navegações e os Descobrimentos(CORREIOS, 1976).

O terceiro selo desse eixo-temático come-mora o Sexto Centenário do Nascimento do InfanteDom Henrique (Figura 1C), editado em 04/03/1994.A estampilha é composta por um mosaico querepresenta a imagem do Infante Dom Henrique, sobre

o “Mapa Atlântico” de Luiz Teixeira, onde se vê olitoral africano e as Ilhas Atlânticas, zonas onde maisdiretamente se fez sentir a ação de Dom Henrique(CORREIOS, 1994a).

O conjunto de selos representados na Figura1D comemora a 4ª Exposição Interamericana deFilatelia, tendo sido expedido em 26/08/1972. Esseconjunto é composto por três mapas antigos, sendoque o primeiro representa a América do Sul em 1558,de autoria de Diogo Homem; o segundo apresentaum mapa político das Américas do Sul, Central e doNorte, de autoria de Nicolau Visscher C., de 1652; eo terceiro, um mapa de Lopo Homem (1519), repre-sentando a Europa, África e Oceano Atlântico(ADONIAS, 1993).

Figura 1. Blocos e selos do eixo temático Cartografia/Mapas Antigos; “Fonte: Empresa Brasileira de Correios eTelégrafos”.

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O último selo desse eixo temático representaa Primeira Sinagoga das Américas (Figura 1E), comemissão em 21/10/2001. Nesse selo encontra-serepresentado o mapa do Brasil de Jan Blaeu, pro-duzido em 1640, cuja criação coincide com a chegadados primeiros judeus trazidos pelos holandeses em1636. Esse detalhe encontra-se ilustrado pelas coresda bandeira holandesa junto à caravela e pela utili-zação de uma bandeira com a Estrela de Davi, comoreferência do local aproximado de localização dasinagoga. A linha vermelha pontilhada representa achegada dos holandeses em Recife, bem como apartida para Nova York (CORREIOS, 2001b).

4.2. Expedições

Este tema é composto por oito selos queapresentam como traço comum à comemoração deimportantes expedições empreendidas em diversoscontinentes, em momentos distintos da história. Oprimeiro selo deste eixo-temático representa duasnotáveis conquista do navegador brasileiro AmyrKlink: a primeira travessia do Atlântico Sul a remo ea primeira circunavegação Antártica em solitário(Figura 2A). Com emissão em 27/05/2000, o selorepresenta ambos os feitos históricos com a imagemdo globo terrestre com as rotas percorridas pelo

Figura 2. Selos do eixo temático Expedições; “Fonte: Empresa Brasileira de Correiose Telégrafos”.

navegador (CORREIOS, 2000c).

O segundo selo comemora os 500 Anos doDescobrimento da América, enfatizando as viagensde Cristóvão Colombo em 1493, 1498 e 1502 (Figura2B). O selo emitido em 24/04/1992 emprega técnicascartográficas que auxiliam na identificação das rotasdas expedições. No primeiro selo a figura de Cristóvão

Colombo e no segundo as duas caravelas Pinta eNina e a nau Santa Maria. Unindo os dois selos, umquadrante e um mapa representando a Europa e parteda costa da América e a rota seguida pela frota deColombo (CORREIOS, 1992a).

O terceiro selo, editado em 09/04/2000, ce-lebra simultaneamente os avanços tecnológicos na

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área das comunicações no Brasil e os 500 Anos doDescobrimento do Brasil (Figura 2C). O seloapresenta uma parte do Planisfério Português de1502, designado por Mapa de Cantino, que pode serencontrado na Biblioteca Estense, Modena, Itália.Nesta parte de um dos mais notáveis monumentosda história da cartografia portuguesa, observa-se queaparece a primeira representação conhecida do Brasil.No Mapa de Cantino observamos uma linha escuraa esquerda, que é a linha de demarcação definidapelo Tratado de Tordesilhas. À direita no selo, alogomarca UIT Telecom Américas 2000, representaa tecnologia presente no Brasil após 500 anos dehistória (CORREIOS, 2000a).

O selo que comemora o 5º centenário dodescobrimento do Brasil, lançado em 22/04/1998(Figura 2D), representa dois significativos docu-mentos do tempo do descobrimento. O primeiro é omapa da “Terra Brasilis”, de autor desconhecido,datado de 1519, que ilustra o cenário do País naquelaépoca, uma terra habitada por índios, de vegetaçãoexuberante e fauna diversificada. O outro importantedocumento usado é o desenho alusivo às treze em-barcações da Armada de Cabral em direção ao Brasil,datado de 1500, também de autor desconhecido, quedescreve o modelo das naus e caravelas da expedição(CORREIOS, 1998).

Os 170 Anos da Expedição Langsdorff noBrasil (1821-1829) foram comemorados com umaemissão de 02/06/1992 (Figura 2E). A expediçãofluvial e terrestre em questão foi comandada, em1822, pelo prussiano, naturalizado russo, Barão deLangsdorff, com o objetivo de explorar o interiorbrasileiro realizando pesquisas geográficas e esta-tísticas, buscando novas iguarias para o comércio. Opercurso realizado pela expedição foi de aproxi-madamente seis mil quilômetros. Dessa expediçãoresultaram relatos com informações geográficas,socioeconômicas, etnográficas, meteorológicas, mine-ralógicas, bem como coleta de materiais e amostrasde espécies; foi um dos mais importantes aconte-cimentos culturais e científicos do Brasil. No seloforam adotadas técnicas cartográficas para repre-sentar o percurso realizado. Dentre elas, linhas e

pontos, as linhas vermelhas representam o percursoe os pontos indicam a localização das capitais dosestados envolvidos na expedição. O selo mostra afigura de Langsdorff ao lado de um mapa do Brasilcontendo o roteiro de suas expedições por MinasGerais, São Paulo, Centro-Oeste e Amazônia. Nestaexpedição, Langsdorff cruzou a Floresta Atlântica, oCerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica, ecoletou notável material de fauna, flora e etnografiaque fazem parte do acervo do museu da Academiade Ciência da Rússia, em São Petersburgo(CORREIOS, 1992b).

Por fim, a emissão de 20/02/1983 comemoraa primeira expedição brasileira à Antártica (Figura2F), representada por uma imagem do navio de apoiooceanográfico Barão de Teffé, da Marinha MercanteBrasileira, navegando pela paisagem gelada daAntártida, representada por icebergs e pingüins noprimeiro plano à esquerda, e pelo mapa do continente,em círculo, à direita (CORREIOS, 1983).

4.3. Meio ambiente

Este eixo temático aborda o tema meioambiente. O primeiro bloco, emitido em 01/08/1999,enfoca por meio de quatro selos os Parques Nacionaise a prevenção a incêndios florestais (Figura 3A). Aestampilha impressa em papel reciclado com aromade madeira queimada, emprega imagens de iden-tificação imediata com danos ocasionados pelosincêndios florestais. O primeiro selo reproduz umTamanduá Labareda, animal-símbolo da CampanhaNacional de Prevenção e Combate as Queimadas eIncêndios Florestais, que aquele que mais sofre, porsua lentidão, os efeitos desses acidentes ecológicos.Sobre o segundo e o terceiro selos, as imagens deuma flor e uma folha fazem alusão à necessidade deconstante proteção à flora nacional. No quarto selo,o detalhe de um tronco de árvore calcinado é opróprio retrato das conseqüências dramáticas dasqueimadas e incêndios. No centro da quadra, emcírculo negro em chamas aparece o mapa do Brasile, em cada parte inferior dos selos, alternadamente,aparecem os símbolos da Prevenção de Incêndios edo IBAMA (CORREIOS, 1999b).

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O segundo lançamento sobre este temaenfoca a Preservação da Caatinga Nordestina (Figura3B). Com emissão em 14/07/2002, o selo destaca alocalização da caatinga nordestina, representada pelaárea vermelha demarcada no mapa. A mão sugereresponsabilidade e preocupação com a preservaçãodesse ecossistema e sustenta o vigor do cacto. Oclima quente e a aridez do ambiente servem de hábitatpara o jacu (Penélope Jacucaca) – que se encontraem risco de extinção devido à caça e ao desma-tamento (CORREIOS, 2002b).

O tema desenvolvimento sustentável e Geo-logia foram comunicados na emissão de 19/05/2000

(Figura 3C). Todos os elementos reproduzidos nobloco de selos encontram-se sobrepostos a paisagensnaturais e industriais focalizando os recursos hídricose a extração mineral. Simbolizando as Geociências,o mapa geológico do Brasil, cuja informação básicaé essencial para um planejamento integrado comvistas ao desenvolvimento sustentável da nação. Oouro e o nióbio representam os mais significativosmetais brasileiros. Entre as pedras preciosas, figuramo diamante, a opala, a brasilianita, o topázio imperial,a esmeralda, a água-marinha e a turmalina bicolorescolhidas por representarem a beleza, a exclusividadee a importância dos minerais brasileiros (CORREIOS,2000b).

Figura 3. Blocos do eixo temático Meio Ambiente; “Fonte: EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos”.

4.4. Redes de transportes e telecomunicações

O quarto eixo-temático trata de diversas

questões associadas às redes de transporte e tele-comunicações. O primeiro selo comemora a reali-zação do XVIII Congresso Panamericano de Estradas

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de Ferro, no Rio de Janeiro (Figura 4A). Emitido em09/09/1990, o selo encerra três elementos básicos:uma linha de trem em perspectiva, uma composiçãoférrea utilizada pela Rede Rodoviária Federal e o

mapa da América do Sul, área de atuação da Asso-ciação do Congresso Panamericano de Estradas deFerro (CORREIOS, 1990).

Figura 4. Selos do eixo temático Redes de Transportes e de Telecomunicações; “Fonte: EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos”.

A campanha de integração nacional, coman-dada pelo regime militar brasileiro instaurado em1964, é tema da emissão de 26/05/1972 (Figura 4B).Note-se que sobre o mapa da porção setentrional doBrasil, foram projetadas várias linhas em vermelho,representando as rodovias que compunham o agres-sivo projeto de integração nacional, lastreado, pre-cipuamente, pela integração territorial e pelas viasde acesso.

Uma emissão de 09/08/2004 comemora olançamento do Satélite Cbers-2 (Figura 4C). O seloapresenta, em primeiro plano, o globo terrestre enfo-cando os mapas da América do Sul e do Brasil e, noespaço, o satélite CBERS-2 rastreando aspectosagrícolas e ambientais, primeira imagem coletada pelacâmera CCD do satélite. À direita, o aperto de mãos,

revestidas pelas bandeiras do Brasil e da China,simboliza a parceria entre os dois países e as con-quistas obtidas nos campos científico e tecnológico(CORREIOS, 2004).

Os 20 Anos da ECT Serviços Especiais sãocomemorados em uma estampilha veiculada em 20/03/1989 (Figura 4D). Nesta série são retratados qua-tro serviços da ECT: o Post-Grama, representadopela máquina Fac-símile, representando o fluxo demensagens entre o Brasil e o mundo; o Express MailService, onde se vê uma mão que estende um pacoteao mundo, representado por um mapa do continenteAfricano e Europeu; o Sedex, simbolizado pela ima-gem do avião decolando de uma pista com sinaliza-ção noturna; e o CEF Postal, representado pelo gestoda colocação de uma moeda numa caixa de coleta

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da ECT, com notas estilizadas ao fundo. Em todosos selos vêem-se bandeiras que, se unidas, formamum só conjunto (CORREIOS, 1989).

A Rodovia Transamazônica é retratada emuma emissão de 01/07/1971 (Figura 4E). Nota-seaqui neste selo o traçado da rodovia, que pretendialigar “os homens sem terra do Nordeste às terrassem homens da Amazônia”.

Programa Especial de Exportação – CulturaExportadora foi celebrado em 22/03/2001, com aemissão de um selo cujos elementos simbolizam asexportações do Brasil (Figura 4F). No fundo, aimagem do mapa mundial estilizado e sobre elealgumas setas que indicam as exportações feitas adiversos países. O avião e o navio indicam a utilizaçãodas vias aérea e marítima (CORREIOS, 2001a).

4.5. Migrações e etnia

O último eixo-temático trata de questõesassociadas à formação do povo brasileiro, do qualfazem parte as correntes migratórias e a composiçãoétnica brasileira. A primeira série, emitida em 03/05/1974, trata da formação da etnia brasileira e daimigração internacional (Figura 5A). O selo “EtniaBrasileira” indica a diversidade étnica do Brasil,representada pelas imagens do índio, branco e ne-gro, colocadas sobre um mapa-múndi, com linhasrepresentando os fluxos migratórios oriundos daEuropa, África e América Latina. O Selo “CorrentesMigratórias” é composto por um grupo de faces, comfeições distintas, sobrepostas a um mapa-múndi, comlinhas representando os fluxos migratórios interna-cionais oriundos de diversas partes do mundo. Nosselos destinados às imigrações alemãs, italianas e

Figura 5. Blocos e selos do eixo temático Migrações e Etnia; “Fonte: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos”.

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japonesas, observam-se os mesmos pontos recor-rentes: imagens de indivíduos, com trajes típicos desuas culturas, exercendo funções diversas, colocadassobre mapas-múndi que comunicam, através delinhas, fluxos migratórios entre países de origem eBrasil.

Os 300 Anos da Morte de Zumbi dos Palma-res são comemorados na emissão de 20/11/1995(Figura 5B). Neste selo, diversos aspectos simbólicosdo heróico Zumbi são comunicados, inclusive ummapa de localização do Quilombo dos Palmares(CORREIOS, 1995).

A emissão de 22/04/1999 comemora o 5ºCentenário do Descobrimento do Brasil (Figura 5C).No selo encontram-se representados o branco, o índioe o negro, representantes das três raças formadorasda etnia brasileira. Os demais elementos que com-põem o bloco representam a formação do povobrasileiro, marcada pela fusão de diversas raças eculturas, a exemplo dos escravos africanos, dosimigrantes europeus ou dos índios, originalmentebrasileiros. O resultado dessa mistura é o povobrasileiro que adquire e desenvolve hábitos e costumesconforme a cultura de sua região. Assim temos opantaneiro, o baiano, o mineiro, o gaúcho, o amazo-nense e muitos outros, representados sobre o mapado Brasil (CORREIOS, 1999a).

5. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕESFINAIS

Este trabalho consistiu numa tentativa decontribuir com um campo relativamente inexploradoda literatura geográfica: as interseções entre carto-grafia e os selos postais. A partir das estampilhasbrasileiras, buscou-se resgatar uma importante funçãoda cartografia, que é a comunicação de informaçõesespaciais, empregada na codificação de signoscarregados de significados culturais.

A cartografia filatélica brasileira é caracte-rizada pela emissão de selos postais que representamelementos da História da Cartografia, da CartografiaHistórica, da Cartografia Temática e da Cartografia

Sistemática. Teoricamente, são adotados nos selospostais recursos ligados à Comunicação Cartográficanos mapas antigos, ambientais, de rotas e de redes.Há também o uso, na maioria dos selos, derepresentações pictóricas.

Os selos postais agrupados neste trabalho poreixos temáticos abordam, basicamente, a História daCartografia e Cartografia Histórica nos eixos: carto-grafia/mapas antigos e expedições; e a CartografiaTemática nos eixos: meio ambiente, redes de trans-portes/telecomunicações e migrações/etnia.

O eixo temático cartografia/mapas antigosé representado pelos selos postais contendo mapasdos séculos XVII e XVIII, em estilo portulano, típicosdo renascimento e que documentaram as grandesnavegações e os descobrimentos. O eixo temáticoexpedições, caracteriza mapas temáticos com repre-sentações de rotas ligadas ao Descobrimento do Brasile as expedições científicas dos séculos XIX e XX.Note-se que existe uma interface entre os dois eixostemáticos no que diz respeito a aspectos da Históriada Cartografia e Cartografia Histórica.

Os selos postais do eixo temático meio am-biente representam o Brasil por meio de mapastemáticos ligados à cobertura vegetal e à geologia, e,um mapa de localização e distribuição espacial ligadoà caatinga no nordeste brasileiro. Os três mapas sãoexemplos de campanha de conscientização sobredesenvolvimento sustentável, prevenção e preser-vação do meio ambiente.

Os selos postais do eixo temático redes detransportes e de telecomunicações utilizam o mapacomo elemento de localização, com escalas variadasde representação, de rotas rodoviária, ferroviária, ma-rítima e aérea, representando fluxos de informações,pessoas, mercadorias e capital, fundamentais para odesenvolvimento de uma nação. Da mesma forma,os selos postais do eixo temático migrações e etniatambém têm no mapa um elemento de localização,abordando a ocupação do espaço brasileiro por meiode mapas que representam a formação da etniabrasileira e as correntes migratórias.

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A partir do exame dos eixos temáticos ficouclaro que os mapas e projeções são evocados nosdiversos selos com objetivos distintos. Em muitoscasos, os mapas ganham a dimensão de ícones, naconotação pearsoniana, comunicando relações topo-lógicas, de distância e indicando a localização defeições e elementos, além de representar trajetóriasdiversas. Esse é o caso, por exemplo, dos selos come-morativos da Primeira Circunavegação Antártica emSolitário (2A), Expedição de Langsdorff (2B), Pre-servação da Caatinga (3B), Série Geologia/Desen-volvimento Sustentável (3C), a série sobre etniabrasileira e correntes migratórias (5A) e os 300 anosda Morte de Zumbi dos Palmares (5C).

Por outro lado, nota-se que os mapas eprojeções também são empregados nas estampilhasbrasileiras com forte apelo simbólico, carregandoconsigo informações que transcendem as relaçõestopológicas e de distância, costumeiramente comu-nicadas nos documentos cartográficos. Desde a inde-pendência, um significativo conjunto de referenciaissimbólicos formais foi construído para representar oBrasil e a nação brasileira, dentre os quais figuram: ohino nacional, a bandeira nacional, as armas darepública e o selo nacional. No entanto, existem váriosoutros símbolos informais, construídos organi-camente, que comunicam e representam o Brasil e anação brasileira. Esses símbolos têm evoluído aolongo do tempo, apresentando importância distintaao longo dos séculos. Foi dessa forma que a borra-cha, o café, o fumo, o samba, a cidade do Rio de Ja-neiro, o Pró-álcool e o contorno dos limites territoriaisdo Brasil, por exemplo, foram desenvolvidos comosímbolos do Brasil. O contorno dos limites territoriaisdo Brasil pode ser observado nos selos que comemo-ram o lançamento do Satélite CBERS-2 (4C), os 20anos da ECT (4D) e o 5º Centenário do Descobrimen-to do Brasil (5C). Note-se que muito mais do quecomunicar a posição geográfica de diversas feições,o mapa do Brasil foi empregado no sentido derepresentar simbolicamente a nação brasileira.

Assim como a cultura é elemento central,mediador das relações entre sociedade e natureza,os processos de comunicação são fundamentais à

produção e reprodução cultural. Dentre as diversasmídias disponíveis, os selos postais representam,indubitavelmente, um poderoso veículo de comu-nicação, veículo este ainda pouco explorado em aná-lises geográficas. A iniciativa e os resultados obtidosneste trabalho revelam uma miríade de possibilidadesde estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros,sobretudo aqueles relacionados a temas clássicos daGeografia. Seria interessante que trabalhos futurosexplorassem esse gigantesco manancial. Os autoresseguirão, no futuro próximo, investigando as fas-cinantes intercessões entre cartografia e filatelia.

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AGRADECIMENTOS

Os autores são gratos as Sras. Berenice Vianade Aquino e Maria Clotilde Salomão, funcionáriasda Seção de Filatelia/GEVAR/MG da EmpresasBrasileira de Correios e Telégrafos, pela gentileza eprofissionalismo com que nos receberam durante acoleta de dados.