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INTERFERÊNCIA DA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO · aula. O adjetivo sonhador diminuiu pós aula enquanto o adjetivo feliz aumentou. Para os adjetivos negativos não houve mudança

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INTERFERÊNCIA DA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO

ESTADO DE ÂNIMO DOS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL

TEOTÔNIO VILELA

Valdinei Raymundi*

Sandra Aires Ferreira**

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo verificar a interferência da aula de educação física nos estados de ânimo de alunos do ensino fundamental e médio do Colégio Estadual Teotônio Vilela no Município de Campina do Simão-Pr. De acordo com a literatura a atividade física proporciona benefícios à saúde mental e colabora para reduzir distúrbios mentais, bem como contribui para melhoras nos estados de ânimo. As aulas de educação física também podem gerar diferentes níveis de estado de ânimo. Diante disso verificou-se a necessidade avaliar se as aulas de Educação Física têm contribuído no desenvolvimento mental dos alunos. A pesquisa foi realizada durante as aulas, de Educação Física na escola. Os alunos foram selecionados através de um sorteio, foi realizado as medidas antropométricas de massa corporal e estatura, na sequencia responderam o questionário de estados de ânimo (LEA-RI) em sala de aula, em seguida se dirigiram para as atividades que eram propostas pelos professores. Logo após o término da aula e retorno em sala de aula os alunos novamente respondiam o questionário. Os resultados revelaram que o IMC não interferiu nos estados de animo dos alunos, verificou também uma forte tendência ao aumento de em alguns adjetivos como feliz e cansado para ambos os sexos independente do IMC. Em conclusão, ambos os grupos feminino ou masculino não apresentaram alterações estatisticamente significativas nos estados de ânimo tanto positivo como negativo. Sugere futuras pesquisas abordando deferentes metodologias e a utilização de músicas nas aulas de educação física que possam interferir nos estados de ânimos dos alunos.

Palavras-chaves: Educação Física, Estado de Ânimo, Ensino Fundamental e Médio.

* Professor PDE 2012, QPM, licenciado em Educação Física pela Faculdades Integradas de Palmas- FACIPAL, 2002. Espacialista em Movimento Humano pela FACINTER, 2002.

**Professora Orientadora, formada em Educação Física pela Universidade Norte do Paraná-Londrina 2001, Mestre em Biodinâmica da Motricidade Humana pela Universidade Estadual Julio Mesquita filho-Unesp-Rio Claro,2008.

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INTRODUÇÃO

O estado de ânimo é gerado por uma ação externa que faz com que os

as pessoas sintam ou não satisfação em realizar certa atividade física.

Assim, para Garrido (2000), os estados de ânimo têm uma duração

prolongada, mais lenta, e se produz de forma gradual e muito menos

diferenciada que a emoção. Quando se fala de emoção observa-se um estado

constante onde não é necessário uma ação para provocá-la, é significativa e

mais intensa que o estado de ânimo proporcionando nos alunos uma constante

euforia.

De acordo com Deutsch (1997) os estados de ânimo são estados de

sentimentos que podem ser difusos ou globais e nos permite ter uma ação auto

reguladora, que pode servir, tanto para manter os estados de ânimo positivos

como para auxiliar na eliminação dos negativos. Estudos que relacionam a

atividade física com os estados de ânimo mostram que, muitas pessoas, depois

de uma única sessão de atividade retratam uma melhora em alguns destes

estados, como redução de ansiedade (MORGAN, 1979, ROOTH, 1989 apud

U.S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996) e têm

uma redução temporária nas tensões musculares. Segundo a literatura, a

atividade física proporciona benefícios para a saúde mental e colabora na

diminuição dos sintomas de distúrbios mentais, bem como nos estados de

ânimo, e isso é constatado em todas as idades, especialmente em adultos e

idosos, cuja dose de medicação necessária para o tratamento de distúrbios

psiquiátricos é 30% a 50% daquela utilizada em adultos jovens (CHEIK et al,

2003).

Segundo Miranda (2001) as aulas de educação física geram nos alunos

diferentes níveis de estado de ânimo podendo ser positivas ou negativas,

esses diferentes estados podem ser percebidos em uma única aula ou em

apenas alguns exercícios. No entanto Mori (2005), destaca que o estado de

ânimo não tem alvos e impulsos comportamentais específicos associados a

ele, como a emoção. Os estados de ânimo estão associados a uma ação que

mudara esse estado positivamente ou negativamente.

Nas últimas décadas observou-se um aumento da prevalência de

obesidade em adolescentes brasileiros, conforme dados das pesquisas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2010), que indicaram um

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aumento contínuo de peso em adolescentes nos últimos 34 anos. O Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa de Orçamentos Familiares

(2002-2003) coloca que a prevalência no Brasil de adolescentes com excesso

de peso é de 16,7%, sendo mais comum em meninos que em meninas e que a

região Sul apresenta o maior índice do país. Diante dessas informações é

importante a verificar se as crianças acima do peso podem apresentar

diferenças no estado de animo.

Tendo em vista os fatos citados acima este estudo tem como objetivo

verificar interferência da aula de educação física no estado de ânimo dos

alunos do colégio estadual Teotônio Vilela.

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METODOLOGIA

O presente trabalho caracterizou-se como estudo transversal e

aconteceu no Colégio Estadual Teotônio Vilela na cidade de Campina do

Simão, Paraná. Participaram da presente pesquisa alunos do Ensino

Fundamental e Médio.

Inicialmente, foi obtida uma listagem de cada turma no Ensino

Fundamental e no Ensino Médio com o nome completo, série e gênero de

todos os alunos devidamente matriculados. Para a seleção da amostra, foi

utilizado o software Windows Excel® 2007, no qual os alunos foram divididos

pelo gênero em seguida foi realizado o sorteio. Os primeiros da lista, que

correspondam a 15%, foram convidados a participar do estudo, no caso de

recusa passou-se para o próximo da lista.

Em reunião realizada com todos os participantes da pesquisa e após

serem expostos todas as explicações pertinentes a mesma, foram coletadas as

assinaturas nos termos de consentimento livre e esclarecido sobre a

participação voluntária na amostra de estudos.

A pesquisa foi realizada durante as aulas da disciplina de Educação

Física, as medidas antropométricas de massa corporal (peso) e estatura foram

realizadas para composição da amostra. Os alunos responderam o

questionário de estados de ânimo (LEA-RI) em sala de aula em seguida se

dirigiram para as atividades que eram propostas pelos professores

responsáveis pela turma. Logo após o término da aula e retorno em sala de

aula os alunos novamente respondiam o questionário.

LEA-RI

Para a avaliação dos estados de ânimo foi utilizado a Lista de Estado de

Ânimo Reduzido e Ilustrado (LEA-RI) desenvolvida por Volp (2000), que

consiste em uma lista de 14 adjetivos ilustrados, sete positivos (feliz, ativo,

calmo, leve, agradável, tímido, cheio de energia) e sete negativos (triste,

espiritual, agitado, pesado, desagradável, com medo e inútil). Segundo Volp

(2000), a LEA-RI foi desenvolvida para que diferentes populações (de crianças

a idosos, alfabetizados ou não) pudessem respondê-la.

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Assim cada adjetivo feliz, ativo, calmo, leve, agradável, tímido, cheio de

energia, triste, espiritual, agitado, pesado, desagradável, com medo e inútil

possui como resposta quatro intensidades, sendo elas: muito forte, forte, pouco

e muito pouco, pelo qual cada aluno pode optar somente por uma intensidade

para cada adjetivo. Os participantes realizaram o preenchimento da lista

individualmente, no início e imediatamente ao final da aula, indicando por um

sistema de escolha qual a intensidade de cada sensação naquele exato

momento.

Segundo os dados serão estabelecidos valores, para cada uma das

intensidades sendo: muito forte =4, forte =3, pouco =2 e muito pouco =1.

Para análise dos dados, cada adjetivo da LEA-RI será transformado em

dados quantitativos através de uma escala de 4 valores com a seguinte

pontuações: Muito forte: 4, Forte: 3, Pouco: 2 e Muito Pouco: 1. A diferença nos

estados de ânimo, positivo e negativo, pré e pós sessão de exercícios,

ANTROPOMETRIA

A composição corporal será analisada através de medidas

antropométricas que incluem avaliações da estatura e massa corporal. As

medidas de massa corporal (MC) foram realizadas através de balança digital e

a estatura foi verificada através de uma fita métrica fixada na parede, seguindo

recomendações de Gordon et al. (1991). A partir destas medidas, foi calculado

o Índice de Massa Corporal (kg/m2).

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram apresentados em média e desvio padrão. O teste t pareado foi

empregado na comparação dos escores positivos e negativos. O teste t

independente foi empregado na comparação entre as categorias do IMC para

os escores positivos e negativos. O nível de significância adotado foi de

p<0,05. O software SPSS versão 15.0 foi utilizado para realização das

analises.

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RESULTADOS

Os dados referentes à Lista de Estados de Ânimo estão apresentados

no gráfico abaixo.

Tabela1. Apresenta valores médios entre peso normal e excesso de

peso dos adjetivos positivos e negativos.

PESO NORMAL

EXCESSO DE PESO

P

Adjetivos positivos

21,7 ± 3,8 21,9 ± 1,9 0,862

Adjetivos negativos

10,2 ± 2,9 10,1 ± 2,5 0,942

diferença significativa (p<0,05).

A análise estatística mostrou que não houve diferenças estatisticamente

significativas em relação ao peso normal e ao excesso de peso tanto para os

adjetivos positivos como para os negativos em relação a amostra.

Tabela2. Apresenta os escores em media e desvio padrão de meninos e

meninas para os adjetivos positivos e negativos pré e pós aula de educação

física.

MENINAS MENINOS

Escore positivo pré 21 ± 4 22 ± 3

Escore positivo pós 20 ± 3 20 ± 3

Escore negativo pré 10 ± 3 10 ± 3

Escore negativo pós 11 ± 3 10 ± 3

Os resultados mostraram que tanto os adjetivos positivos como os

negativos das meninas diminuíram pós aula de educação física (21 ± 4 foi para

20 ± 3) e (10 ± 3 para 11 ± 3) respectivamente. No entanto os resultados não

foram significativos.

Em relação aos meninos, houve uma redução nos adjetivos positivos

( 22 ± 3 para 20 ± 3) enquanto que os adjetivos negativos não houve alteração

( 10 ± 3 = 10 ± 3). No entanto os resultados também não foram significativos.

Representação dos resultados em gráficos com os adjetivos positivos e

negativos pré e pós aula.

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Figura 1– Apresenta a comparação dos adjetivos positivos e negativos para meninas

pré e pós aula de educação física.

Em relação aos adjetivos positivos os resultados mostram que os

adjetivos ativo, agradável, tranquilo e leve não se modificaram pré e pós a

aula. O adjetivo sonhador diminuiu pós aula enquanto o adjetivo feliz

aumentou. Para os adjetivos negativos não houve mudança para nervoso,

desagradável, triste, inútil, tímido e com medo. Já para o adjetivo cansado

houve um aumento após a aula e para inútil houve uma diminuição após a

aula. No entanto essas variáveis não foram estatisticamente significativas.

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Figura 2 – Apresenta a comparação dos adjetivos positivos e negativos para meninos

pré e pós aula de educação física.

Já em relação aos resultados dos meninos, aos adjetivos positivos os

resultados mostram que os adjetivos ativo, agradável, tranquilo, sonhador e

leve não se modificaram pré e pós a aula. O adjetivo feliz e cheio de energia

diminuíram pós. Para os adjetivos negativos não houveram mudanças para os

adjetivos nervoso, desagradável, triste, inútil, tímido e com medo. Já para o

adjetivo cansado houve um aumento após a aula.

Apesar das diferenças entre os adjetivos. Não houveram diferenças estatísticas nos escores positivos e negativos.

DISCUSÃO DOS RESULTADOS

Tendo em vista a originalidade do estudo que o objetivou foi verificar

interferência da aula de educação física no estado de ânimo dos alunos do

colégio estadual Teotônio Vilela e que os resultados apresentaram uma forte

tendência ao aumento de em alguns adjetivos como feliz e cansado para

ambos os sexos, que os grupos feminino ou masculino não apresentaram

alterações estatisticamente significativas nos estados de ânimo tanto positivo

como negativo. Fica difícil uma comparação com a literatura, pois a maioria dos

estudos é realizada com atletas, idosos ou acadêmicos.

Diante disso um estudo com atletas no qual procurou investigar o estado

de ânimo de duas equipes de handebol feminino que disputavam uma semifinal

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de campeonato, observou que o estado de animo se influencia pela motivação

que o treinador exerce em suas equipes, a equipe B possuía mais adjetivos

positivos que a equipe A, a equipe B seu treinador gritava incentivando as

jogadoras na lateral da quadra aumentava a alto estima do time com palavras

de entusiasmo e as atletas estavam psicologicamente preparadas por

acompanhamento profissional da área. Devido estar com seu ânimo

positivamente elevado no pré teste após a vitória da equipe que foi certa devido

a isso os adjetivos positivos subiram de forma espetacular, pois o prazer que

as mesmo sentiram com a vitória proporcionou maior elevação no pós teste.

A forma que cada equipe foi motivada pelo seu técnico foi determinante

no resultado final e ocorre de forma semelhante nas aulas de educação física

com o professor, conforme (DIAS, 2005) destaca a importância de o professor

abordar de forma motivacional suas aulas para a melhora dos adjetivos

positivos e diminuição dos adjetivos negativos.

Dar um novo significado às aulas é um exercício necessário que requer

uma amplitude das possibilidades de intervenção, superando a dimensão

meramente motriz por uma dimensão histórica, cultural, social, rompendo com

a idéia de que o corpo se restringe somente ao biológico, ao mensurável.

Como cita Oliveira et al. (2010), existe uma melhora no adjetivo feliz com

na prática dos exercícios durante as aulas de educação física, assim como no

resultado obtido com o estudo realizado com os alunos da Escola Teotônio

Vilela, mesmo não sendo o suficiente para modificar o resultado final da

pesquisa, esse resultado positivo pode se dar referente à forma que a atividade

física foi abordada neste determinado dia.

Mori e Deutsch (2006) observarem 39 praticantes de ginástica rítmica,

investigaram a interferência da música nesta prática desportiva e os estado de

ânimo das alunas após as aulas. Os autores concluíram que a música nas

aulas de ginástica rítmica trouxe resultados positivos e motivacionais para a

maioria das alunas, que ao término da aula se sentiam entusiasmadas e

felizes, resultado não obtido após as aulas sem música. Dessa forma pode ser

uma sugestão para as aulas de educação física na escola a inclusão da música

no seu plano de trabalho docente e em seu planejamento de aula.

A metodologia empregada nas aulas, a didática abordada pelo

professor, a preferência por determinado esporte ou exercício, o estado

psicológico do aluno, a cultura do público a ser atingido, a alto estima e vários

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outros fatores influenciam no resultado alcançado nas aulas e isso refletirá em

seu estado de animo.

Vários estudos demonstram que a música leva a uma motivação e a

resultados positivos, sendo de preferência do atleta ou não. Apesar de não

alterar na vigorosidade da prática esse instrumento metodológico estimula e ela

faz com que o atleta sinta prazer em realizar as atividades propostas isso

independente da modalidade ou exercício proposto. (NAKAMURA et al., 2005;

MORI e DEUTSCH, 2005).

O presente estudo não cita qual prática esportiva especifica foi

trabalhada com os alunos da Escola Estadual Teotônio Vilela, pois o objetivo

do trabalho era verificar se o planejamento escolar estava sendo suficiente

para melhorar os estados de ânimos dos alunos. No entanto será necessário

um planejamento um pouco mais preciso com mais motivação e novas

metodologias como uso de músicas nas aulas para motivação dos alunos como

são vistos em alguns estudos que abordam um excelente resultado obtido com

essa metodologia(NAKAMURA et al., 2005; MORI e DEUTSCH, 2005).

Segundo Reis (2011), os alunos quando estimulados as novas práticas

desportivas, saindo de sua rotina e se deparando com o novo também dão um

retorno rico, pois sua curiosidade e interesse fazem com os pontos positivos

venham a subir. Como na prática de ginástica com diferentes aparelhos, os

alunos demonstram muito interesse por aqueles que eles não conheciam.

Sabemos que para as meninas a cultura do corpo e a necessidade de

sempre estar melhorando também influencia o estado ânimo referente às

atividades nas aulas de educação física (OLIVEIRA, 2005).

O esporte na escola pode contemplar os princípios da competição, mas,

principalmente, deve ser pensado em coletividade, atingindo as necessidades

de toda a turma, sejam elas de divertimento, de prazer, de recriação,

superando as ideologias tidas como verdadeiras e as normas e regras sociais

estabelecidas. O estado de ânimo se altera positivamente quando o professor

presa a coletividade e usa de jogos para estimular suas aulas de educação

física (ASSIS, 2001).

Os resultados obtidos são interessantes e levam a pensar da

necessidade de observar mais aulas e acompanhar a prática de diferentes

modalidades na educação física, para assim sabermos se realmente a

preferência por determinada atividade altera os estados de ânimos dos alunos.

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Também é importante que o professor conheça seu público, respeite sua

cultura e compreenda que a convivência escolar pode ser a marca de

experiências dolorosas para alguns adolescentes e jovens cujas histórias são

pontilhadas por recusas, exclusões, discriminações e carências do ponto de

vista corporal.

Muitas vezes os alunos não aceitam sua estrutura corporal e se isolam

não querendo participar das aulas de educação física, cabe então ao professor

convencê-lo da importância da pratica envolvendo-o e fazendo com que todos

tenham acesso as suas aulas e possam se identificar com determinados

exercícios e modalidades, e também aprendendo a importância da disciplina

para seu desenvolvimento físico e mental.

Estudos como dos autores Berger e Owen (1998), Hansen (2001) apud

Gobbi et al (2007), afirmam que exercícios físicos reduzem os estados de

ânimos negativos e que geralmente exercícios voltados às competições trazem

mais pontos positivos quando direcionados de forma correta do que apenas as

aulas voltadas ao atletismo ou exercícios isolados e sem significância para os

alunos.

Neste sentido, são muitos os conflitos e as dificuldades encontradas

durante a aula de educação física pelos professores, como por exemplo: uma

certa evasão dos alunos e recusa no enfrentamento das questões de gênero

presentes na cultura escolar. Trata-se de valores e normas culturais, desse

modo, é possível tornar esta situação formativa, na qual analisar e discutir a

questão de gênero implica em questionar as diferentes formas de poder

exercidas por meio da corporalidade e esta, por sua vez, em ampliar o diálogo

para além da classificação em relação à idade, raça, etnia, classe social, altura,

obesidade, habilidades motoras, dentre outras como fala as Diretrizes

operacionais para a educação básica nas escolas do campo do Estado do

Paraná (PARANÁ, 2002).

Neste sentido é importante reforçar a importância do professor no

planejamento de suas aulas que deverão incluir uma amplitude de opções para

que os alunos tenham contato com todas as formas de exercícios e práticas

desportivas de uma maneira prazerosa, aprendendo a importância da disciplina

para seu desenvolvimento físico e mental.

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CONCLUSÃO

Os resultados apresentaram uma forte tendência ao aumento de em

alguns adjetivos como feliz e cansado para ambos os sexos. Ambos os grupos

feminino ou masculino não apresentaram alterações estatisticamente

significativas nos estados de ânimo tanto positivo como negativo. O estudo

mostrou também que o IMC não interferiu nos estados de animo dos alunos, ou

seja, o peso normal e o excesso de peso não alteraram os adjetivos positivos e

negativos.

Pelas limitações do presente estudo sugere-se futuras pesquisas

abordando deferentes metodologias como, por exemplo, de características

longitudinais, estudos com modalidades separadas e a utilização de músicas

nas aulas, no qual poderão visualizar as questões de mudanças psicológicas e

assim poder gerar evidências de que esses fatores podem interferir nos

estados de ânimos dos alunos.

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