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Organizações em contexto, Ano 2, n. 4, dezembro 2006 92 RESUMO Este artigo propõe a implantação de um sistema de mo- nitoramento organizacional pelo uso de método específico para coleta, seleção e interpretação de informações relativas ao estado e à evolução do ambiente da empresa. Do francês “Veille Anticipative Stratégique – Intelligence Collective” e do inglês “Environmental Scanning”, a Inteligência Estraté- gica Antecipativa e Coletiva (IEAc) busca prover represen- tações pertinentes do ambiente organizacional. A IEAc visa a apoiar o processo decisório organizacional, identificando ameaças ou oportunidades de negócios, buscando adaptar- se de forma rápida. O conceito IEAc está sendo grada- tivamente considerado, contudo ainda é grande o desafio das organizações em termos de sua prática. Neste artigo, discutem-se as principais idéias do conceito de IEAc (mode- lo, visoões conceitual, metodológica e processual), propici- Inteligência estratégica antecipativa e coletiva para tomada de decisão Antecipative, collective and strategic intelligence for decision making process RAQUEL JANISSEK-MUNIZ* HUMBERT LESCA** HENRIQUE FREITAS*** * Bolsista CNPq de Pós-Doutorado no país, PPGA/EA/Universidade Federal do Rio Gran- de do Sul, Porto Alegre, Brasil. E-mail: [email protected] ** ESA-CERAG-UPMF, Grenoble, França.E-mail: [email protected] *** PPGA/EA/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pesquisador CNPq, Porto Ale- gre, Brasil. E-mail: [email protected]

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ORGANIZAÇÕES EM CONTEXTO

Organizações em contexto, Ano 2, n. 4, dezembro 200692

RESUMO

Este artigo propõe a implantação de um sistema de mo-nitoramento organizacional pelo uso de método específicopara coleta, seleção e interpretação de informações relativasao estado e à evolução do ambiente da empresa. Do francês“Veille Anticipative Stratégique – Intelligence Collective” edo inglês “Environmental Scanning”, a Inteligência Estraté-gica Antecipativa e Coletiva (IEAc) busca prover represen-tações pertinentes do ambiente organizacional. A IEAc visaa apoiar o processo decisório organizacional, identificandoameaças ou oportunidades de negócios, buscando adaptar-se de forma rápida. O conceito IEAc está sendo grada-tivamente considerado, contudo ainda é grande o desafiodas organizações em termos de sua prática. Neste artigo,discutem-se as principais idéias do conceito de IEAc (mode-lo, visoões conceitual, metodológica e processual), propici-

Inteligência estratégica antecipativae coletiva para tomada de decisão

Antecipative, collective and strategicintelligence for decision making process

RAQUEL JANISSEK-MUNIZ*HUMBERT LESCA**

HENRIQUE FREITAS***

* Bolsista CNPq de Pós-Doutorado no país, PPGA/EA/Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul, Porto Alegre, Brasil. E-mail: [email protected]

** ESA-CERAG-UPMF, Grenoble, França.E-mail: [email protected]*** PPGA/EA/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pesquisador CNPq, Porto Ale-

gre, Brasil. E-mail: [email protected]

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ando reflexão sobre a importância e a utilidade de tal abor-dagem sobre dados aparentemente sem serventia ou mesmosem significado, quando vistos ou analisados isoladamente,mas potencialmente úteis, se observados coletivamente. Avisão que se pode ter em relação a certo tema, ator ou situ-ação pode alterar expressivamente se tivermos uma ‘siste-mática’ de coleta e interpretação coletiva de dados potenci-almente úteis ao tomador de decisão.Palavras-chave: inteligência estratégica antecipativa; méto-do para monitoramento do ambiente da empresa; informa-ção antecipativa; tomada de decisão.

ABSTRACT

This paper’s theme revolves around the adoption of anorganizational environment monitoring system that mayprivilege the use of a specific method for collection, selec-tion and interpretation of information about the state andevolution of a company’s environment. Known in Frenchas “Veille Anticipative Stratégique - Intelligence Collective(IEAc)” and in English as “Environmental Scanning”, themethod aims at providing real representations of the com-pany’s environment from the identification of elementsthat allow inferring changes. Environmental Scanning’sobjective is to support the organizatio nal decision makingprocess identifying threats or business opportunities andlooking to adapt quickly and in the right moment. Themost important ideas related to the concept of Environ-mental Scanning are presented, offering the reader theopportunity to reflect on the potential use of such view ofdata apparently useless or even meaningless when seen oranalyzed separately but very useful if observed collec-tively. In fact, the idea one can have in relation to a certaintheme, actor or situation can expressively change if wehave a systematic of collection and collective interpretationof data potentially useful to the decision maker.Keywords: environmental scanning; strategic intelligence;organizational environment; monitoring system; anticipa-tive information; decision making process.

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este artigo aborda uma temática que vem chamando a atençãodo mundo executivo gerencial, mesmo se com designações diferen-tes, todas centradas na melhor coleta e exploração de dados paraprodução de informações úteis ao tomador de decisão. Nossa equi-pe de pesquisa tem, há mais de uma década, desenvolvido estudosrelativos ao tema que será aqui tratado. Neste texto, nossa intençãoé contribuir para o avanço teórico que deve permear a definição desoluções em todo tipo de organização. A idéia de Inteligência Estra-tégica Antecipativa e Coletiva (IEAc) vem sendo gradativamentepropagada no cenário da acirrada concorrência em que se encon-tram mergulhadas grandes e pequenas empresas. Conhecida emfrancês como “Veille Anticipative Stratégique – IntelligenceCollective” (Lesca, 2003), em inglês como “EnvironmentalScanning” ou suas variantes “Business Intelligence” e “CompetitiveIntelligence” (Gilad e Gilad, 1986; Elenkov, 1997; Choo, 1998), eainda em português pelos conceitos vizinhos “Inteligência Compe-titiva” ou “Monitoramento de Ambiente”, a IEAc deixa de ser umaabstração, um ideal, para ser efetivamente praticada em muitasorganizações. No entanto, ainda é grande a distância que separa asorganizações em termos de sua prática, tendo em vista que a explo-ração desse rico recurso e, em contrapartida, acessível em termosfinanceiros pressupõe plena compreensão do fenômeno e investi-mento em recursos humanos capacitados. As organizações que jáperceberam isso e estão investindo nessa direção estão certamenteà frente das outras para seu crescimento no novo milênio. O com-passo da história, com tanta facilidade tecnológica disponível, temalterado a lógica antes focada em armazenamento e busca de dados,hoje convergindo para o fácil acesso a grandes quantidades de da-dos. O problema torna-se, então, como – melhor, de forma maisadequada e mesmo mais rápida – identificar algo útil, pertinente oude conseqüências para a organização, tendo em vistas suas decisões,oportunidades, negócios, enfim, estratégias. Após diversos estudosna área de sistemas de informação, o objetivo deste artigo é apre-sentar algumas das principais idéias relacionadas com IEAc, deforma a oferecer ao leitor a oportunidade de reflexão sobre a impor-tância e a utilidade de tal abordagem de dados que, isoladamente,são aparentemente sem serventia ou mesmo sem significado, mas,se observados conjuntamente ou nas suas inter-relações, passam ater uma potencial contribuição para a tomada de decisão estratégica

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organizacional (Freitas, 1992; Freitas, 1993). A visão que se pode terem relação a certo tema ou situação, quando nossa atenção se con-centra nos dados aparentemente inúteis (mas trafegando na organi-zação), muda completamente se tivermos uma sistemática de orga-nização, de rastreamento e leitura desses dados. Essa sistemática,que chamamos de IEAc, é “um processo coletivo, pró-ativo e contí-nuo, pelo qual os membros da empresa coletam (de forma voluntá-ria) e utilizam informações pertinentes relativas ao seu ambiente eàs mudanças que podem nele ocorrer, visando a criar oportunida-des de negócios, inovar, adaptar-se (e mesmo antecipar-se) à evolu-ção do ambiente, evitar surpresas estratégicas desagradáveis, e re-duzir riscos e incerteza em geral” (Lesca, 2003: 10). A IEAc é umaproposta que visa a auxiliar as organizações na sua capacidade emantecipar alterações de seu ambiente socioeconômico, e a considerá-las na definição dos eixos estratégicos que ela deseja implantar. Paratal, as organizações devem ser capazes de coletar, selecionar e ana-lisar informações relativas ao estado e à evolução do ambiente noqual elas se encontram. A implantação de um sistema de moni-toramento do ambiente é o que chamamos de IEAc. Para desenvol-ver o tema, este artigo aborda o conceito de IEAc por meio da me-táfora do radar (seção 2), caracterizando as informações e oambiente envolvido e discutindo-se a utilidade da IEAc. As seções3 e 4 apresentam formas de operacionalização da IEAc e ilustram al-guns exemplos. Por fim, na seção 5, são feitas algumas considera-ções finais.

2. A INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA ANTECIPATIVA E

COLETIVA É COMO UM RADAR

Duas metáforas podem ser utilizadas para representar as infor-mações de funcionamento e as informações de evolução de umaorganização. Para o primeiro caso, pode-se utilizar a metáfora doespelho retrovisor: trata-se da análise de informações passadas,visando a entender o que ocorreu no passado para monitorar, cor-rigir, redirecionar o presente. Para o segundo caso, trata-se de umaatitude diferente dos indivíduos das empresas diante das informa-ções. Quando nos deparamos com a idéia de IEAc, uma das primei-ras imagens que surge é a de um radar, um radar da empresa, umdispositivo para captar e obter informações, um gesto de atenção eescuta no ambiente da empresa (Caron-Fasan, 2001). Pode-se tam-bém considerar o radar como sendo uma interrogação, tanto em re-

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lação ao objetivo da empresa ao informar-se sobre seu ambiente eprospectá-lo, exterior, quanto em relação à sua capacidade de inter-pretar informações já obtidas (ou seja, já presentes dentro das pare-des da empresa). O radar indica a existência de um grande volun-tarismo, já que é preciso realizar esforços pró-ativos no processopara que ele ocorra (Lesca e Janissek, 2001). Pode-se afirmar que aemergência da IEAc está mais estreitamente vinculada aos compor-tamentos e a uma cultura pró-ativa das pessoas que às tecnologiasempregadas. A IEAc busca, por meio de métodos próprios, forneceruma representação do ambiente pertinente à empresa e elementosque permitam inferir mudanças desse ambiente, visando a apoiar oprocesso decisório organizacional e agir de forma rápida, no mo-mento certo. Duas palavras-chave essenciais marcam o conceito: an-tecipação e ambiente. O adjetivo antecipativa refere-se ao caráter dasinformações: as informações que constituem o fundamento de todoo conceito de IEAc. A palavra ambiente refere-se ao ambiente daempresa, ambiente que deve ser conhecido e do qual serãocoletadas as informações.

Na seção 2.1, serão mais bem detalhados os conceitos, e, na seção2.2, situaremos a IEAc em relação à sua utilidade e às finalidades.

2.1. Caracterizando as informações e o ambiente envolvidosDe acordo com a finalidade, existem três tipos de informação

que circulam na empresa: informação de funcionamento, de influ-ência e antecipativa (Lesca e Lesca, 1995: 14). As informações indis-pensáveis ao funcionamento diário da empresa são chamadas deinformação de funcionamento. Internas à empresa, elas retratam opresente, mas, sobretudo, o passado. Caracterizadas como retrospec-tivas, são operacionais, repetitivas e formalizadas.

Um segundo tipo é a informação de influência, tornando osautores pertinentes da empresa cooperantes e alinhados. Podem serformais ou informais e permitem a animação, a estimulação, a mo-tivação e a coordenação de atividades.

Existe ainda um outro tipo de informação, que realmente inte-ressa à IEAc – a informação de antecipação. Essencialmente exteri-ores à empresa, são informações de evolução e dizem respeito a al-terações no ambiente sócio-econômico da empresa. Elas possuemcaracterísticas bastante específicas: são informais, incompletas, pou-co repetitivas, incertas, ambíguas, fragmentadas e contraditórias. Asinformações, quando possuem um caráter antecipativo e procuram

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atingir um objetivo criativo, possibilitam a criação de uma visãodiferente e inovadora das oportunidades de negócios que podemsurgir, também dos riscos, o que não seriam tão evidentes se não ti-véssemos esse dispositivo.

Uma comparação entre esses tipos de informação é apresentadaa seguir.

Quadro 1 - Comparação entre os tipos de informação

Informações defuncionamento

Existentes no interiorda organização

Fluxo interno internoRetrospectiva (retrovisor)

Pedido do cliente, ficha doestoque, estrato do salário, fichade controle de entrada e saída,

nota fiscal, etc

Informações deinfluência

Existentes no interior e no exterior da organização

Fluxo interno externoPresente (atualidade)

Reuniões, publicidade,notas de serviço, barulho no

corredor, catálogo deprodutos etc.

Informações deantecipação

Existentes no ambiente denegócios da organizaçãoFluxo externo interno

Prospectivas (farol, radar)Registro de um novo produtochamada para um novo cargo,

construção de umanova fábrica etc.

→ → ↔

O caráter antecipativo de uma informação não significa anteci-pação no sentido de capacidade de previsão nem de tendência.Previsão e tendência, muitas vezes, suscitam a idéia de analisar opassado para prever o futuro, supondo que haverá uma continuida-de de comportamentos. O caráter antecipativo aqui considerado dizrespeito à inovação. Muitas vezes, pequenos fragmentos de informa-ções podem conter sementes de inovação, que podem vir, eventual-mente, a significar uma grande ruptura. Dentre as informaçõesantecipativas, estão os sinais fracos no sentido de Ansoff (1975). Ossinais fracos são possíveis de serem captados em elementos de in-formação dispersos e de ocorrência variada, os quais, normalmente,não chamam a devida atenção, mas que, combinados com outros demesmo tipo ou não, podem induzir a certas idéias ou percepções ea inferir ações a realizar (Lesca, 2001; Caronfasan, 2001). O que sig-nificam esses sinais? As informações que as empresas normalmentedispõem em seus sistemas de informação são bem estruturadas,existem em grande quantidade e estão relacionadas com o passado(Lesca, 2001; Caronfasan, 2001). Informações mal-estruturadas,esparsas e desconexas não são normalmente consideradas. Exem-plos desse tipo de informação podem ser frases, fotos, cheiros, ima-

Fonte: baseado em Lesca e Lesca (1995)

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gens, desenhos, pedaços de artigos ou qualquer observação pronun-ciada por alguém (Lesca e Leszczynksa, 2004).

Nesses fragmentos esparsos, pode residir um potencial infor-mativo importante para as empresas. O quadro 2 compara informa-ções comuns com informação do tipo sinal fraco.

Quadro 2 – Comparação entre informações comuns e sinais fracos

Informações comuns Informação do tipo sinal fracoInteiras FragmentadasCompletas Parciais, incompletasPrecisas ImprecisasConfiáveis, verificadas, certas IncertasObjetivas SubjetivasSignificado claro AmbíguasNecessita gestão Necessidade não-evidenteRetrospectiva AntecipativaHabitual Não-familiarQuantitativas QualitativasRepetitiva, regular AleatóriaNecessidade repetitiva confirmada Utilidade não-evidenteEstruturadas DisseminadasFácil acesso (fonte) Acesso “pouco usual” (fontes?)Formato e apresentação uniforme Apresentação variável

Fonte: Janissek-Muniz e Lesca (2003)

As informações que interessam à IEAc são extraídas do ambi-ente, mas de qual tipo de ambiente? Ambiente externo pertinente,ou ambiente de negócios da empresa, representado pelo conjuntode atores (fornecedores, concorrentes, clientes etc.) de importânciaprioritária para a empresa, em função das decisões que tomarão(Lesca e Castagnos, 2000)? Esses atores podem ser fornecedores,concorrentes, clientes, organismos, homens políticos etc. A IEAc nãose interessa apenas pelos atores conhecidos; interessa-se, sobretudo,pelos atores potenciais, que, atualmente, não são concorrentes, par-ceiros ou clientes, mas poderão ser (Janissek-Muniz, 2004). Umnovo concorrente pode significar uma ameaça; um novo cliente, for-necedor ou parceiro, uma oportunidade. A metáfora do radar, uti-lizada para conceituar a IEAc, na verdade, não significa um radarúnico, mas vários radares, tantos quanto possíveis: radares sobreconcorrentes, radares sobre clientes, radares sobre fornecedores etc.

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Será necessário utilizar todos os radares ao mesmo tempo? Talvezexista uma questão de momento oportuno. Qual radar será adotadoem cada momento? E por quê? A atenção estratégica implica emreflexão e opção por parte das organizações. Uma empresa que optapor instalar um radar sobre os concorrentes está adotando umapostura defensiva, de proteção, eventualmente de inovação. Seoptar por instalá-lo sobre seus clientes, sobretudo sobre aqueles po-tenciais, poderá descobrir novas frentes de negócios. Porém, os re-sultados dessas posturas são sempre discutíveis. É difícil determinarqual seria a mais pertinente e qual seria a conseqüência de cadauma. Cada organização poderia decidir pela postura mais oportunanaquele determinado momento. As informações de caráter ante-cipativo podem esclarecer a respeito de riscos ou oportunidades. Defato, vários são os radares possíveis. Ilimitadas e imprevisíveis, asinterpretações e descobertas. IEAc significa prospecção e ação –duas atitudes necessariamente complementares. Tomemos comoexemplo uma abordagem comercial: se uma empresa define radarespara descobrir clientes potenciais, deverá se preocupar também, emcomo atingi-los. Novos parceiros comerciais significam novas estra-tégias a implementar. As organizações que instalam radares sobrenovos clientes estão estudando novos pontos de entradas no merca-do, de forma mais eficaz que seus concorrentes, ou antes que osconcorrentes nem mesmo os descubram. Pode-se dizer que se tratade uma abordagem envolvendo detecção e aproximação de clientespotenciais, buscando suscitar contatos com eles. Para tal, a organi-zação deveria buscar novos “pontos” de entrada para contatos,identificando necessidades latentes, definindo ações objetivas e es-pecíficas para abordar o cliente e dispor de informações úteis, favo-ráveis e antecipativas para ter sucesso no contato. Enfim, um com-portamento e atitude antecipativos para conquista de novosmercados e fechamento de novos negócios.

2.2. A UTILIDADE DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA

ANTECIPATIVA E COLETIVA

Como caracterizar uma empresa duravelmente competitiva einteligente? Como uma empresa consegue se manter competitivapor 12 ou 15 anos? Provavelmente, não por acaso. Provavelmente,ela possua um mecanismo de adaptação, de reação, de antecipação.Para isso, talvez, são utilizados radares para conhecer melhor o am-biente. Possivelmente, trata-se de uma empresa que “escuta” seu

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ambiente externo. Podemos evidenciar duas finalidades da IEA esuas conseqüências potenciais: uma defensiva (reativa), que visa aantecipar o que poderia fragilizar a empresa; outra ofensiva (criati-va, pró-ativa), que visa a abrir novas frentes ou janelas de ativi-dades. Essas posturas são não-excludentes: uma delas visa a prote-ger a organização das ameaças que podem acontecer, sobretudo porparte dos concorrentes (monitora o concorrente e explora a forma deevitar a agressão do exterior); a outra é mais criativa e visa àproatividade, tendo como horizonte clientes novos, produtos novos,mercados novos. Embora as duas estratégias não sejam excludentes,e sim complementares, observa-se uma tendência de as empresascomeçarem pela primeira – a postura reativa. Mas praticar IEAc nãosignifica somente implementar um sistema de informação adicional.Significa uma postura estratégica, ligada diretamente à motivaçãoda empresa inteligente (Choo, 1998; Lesca e Chokron, 2000). Umaação estratégica depende de conhecimento relativo ao ambiente ex-terior, de forma a estar pronto no momento certo, sobretudo em umcontexto de incerteza e de constante mudança (Baumard, 1991). Afigura 1 ilustra os níveis de conhecimento do ambiente.

Figura 1 – Níveis de conhecimento do ambiente

Fonte: Inteligência para decisão estratégica. Lesca

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O conhecimento é uma necessidade básica para uma decisãoestratégica. A empresa deve ter à sua disposição o maior númeropossível de informações sobre o ambiente competitivo em que estáinserida, possibilitando uma melhor percepção das ações dos con-correntes, um melhor controle da situação global do mercado, umamelhor possibilidade de agir com rapidez.

3. IEAC: UMA ATITUDE ORGANIZACIONAL PRÓ -ATIVA, CRIATIVA

E ANTECIPATIVA

Já vimos que a capacidade de sobrevivência de uma empresadepende, em parte, de sua atitude em adaptar-se às mudanças doseu ambiente de negócios, sobretudo no cenário mundial atual quefavorece a globalização de mercados e intensifica sua competição ecooperação (Janissek-Muniz e Lesca, 2003). Para ser capaz de ante-cipar tais mudanças (e estar preparado a tempo ou não ser pego desurpresa), a empresa deve ser capaz de identificar e analisar infor-mações pertinentes de seu ambiente (Baumard, 1991; Freitas eLesca, 1992; Elenkov, 1997; Marmuse, 1992). A implantação de umsistema de Inteligência Estratégica Antecipativa e Coletiva é umaresposta a essa exigência (Lesca, Janissek-Muniz e Freitas, 2003) epressupõe uma atitude organizacional voluntária, criativa e pró-ativa, com engajamento coletivo para as tarefas do processo. A IEAcé, de fato, uma excelente ferramenta de apoio à tomada de decisõesestratégicas de dirigentes em empresas. Muito mais que uma sim-ples ferramenta é o processo coletivo por meio do qual é possívelconstruir uma representação do ambiente pertinente presente assimcomo elementos que permitam antecipar suas mudanças, visando aagir rápido e no momento certo, apoiando a tomada de decisões porum esforço coletivo (Weick, 1995). A IEAc parte da premissa que, aoconhecer antecipadamente o ambiente no qual a empresa estáinserida, tem-se um incremento importante em relação à estratégiada organização, pois propicia uma adequação e preparação, a tem-po, para enfrentar o ambiente turbulento e incerto a que as empre-sas estão submetidas (Emery e Trist, 1965; Jofre e Koenig, 1985).Quando uma empresa implanta um processo de IEAc, ela desejaestar apta a identificar e selecionar informações relativas às mudan-ças atuais e, sobretudo, futuras de seu ambiente de negócios(Kefalas, 1980), buscando identificar oportunidades e ameaças, deforma a inovar em valor e adaptar-se ao seu ambiente. O desafioprincipal reside justamente em identificar as informações pertinen-

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tes para a empresa e a forma adequada de selecioná-las (Lesca eBlanco, 2002) e interpretá-las (Koenig, 1996; Freitas e Janissek, 2000).Deve-se, então, criar novos mecanismos, novas ferramentas, novosmétodos, novos procedimentos. Nas seções 3.1. e 3.2. apresentare-mos o modelo conceitual que embasa nossas pesquisas, detalhandomecanismos e suas formas de operacionalização.

3.1. Instalando mecanismos para a prática de IEAcA maior parte dos sistemas tradicionalmente implementado

nas empresas opera sobre dados caracterizados como retrospecti-vos. Mas esse não é o foco prioritário defendido pela IEAc. Assim,uma das primeiras preocupações é evoluir uma base de dados re-trospectiva para uma antecipativa. Tomando como exemplo umaempresa que possua uma base de dados de clientes e que desejaevoluir de uma estratégia-produto para uma estratégia-serviço,essa empresa, certamente, conhece bem seus produtos e seus cli-entes enquanto compradores de suas ofertas. Ao desejar mudarsua estratégia para venda de serviços, deverá saber muito maissobre seus clientes. Quais são seus problemas? Quais são suasnecessidades, suas preferências? Suas sugestões? O que fará comque se sintam atraídos pelos serviços oferecidos? Vale dizer que énecessário um bom período de preparação para que essa evoluçãoaconteça. Criar mecanismos de IEA significa implementar umprocesso, utilizando um método, que possibilite começar a reco-lher resultados em determinado período de tempo. Não significacriar uma atividade burocratizada, com funções específicas, massim, significa envolver a empresa como um todo no alcance dedeterminados objetivos. É preciso saber o que a empresa deseja“escutar” sobre o ambiente, o que ela deseja conhecer, pelo menosa linha geral de interesse. Não se trata de problemas a resolver,mas de objetivos a atingir. A delimitação dos objetivos da empre-sa, em consonância com seu planejamento estratégico, aparececomo ponto de partida fundamental (Lesca e Schuler, 1998). Tendosido estabelecidos os objetivos, é preciso definir algumas questões:quem vai coletar as informações antecipativas? Como elas serãocoletadas? Com qual metodologia? E ainda: como agir de formaque as informações não se percam na empresa? Como divulgar asinformações pertinentes às pessoas certas? Que informações aempresa já possui? Como explorar essas informações (podem ain-

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da não estar disponíveis, mas serem acessíveis)? Como transfor-mar a informação em ação? Pode-se perceber que existirá um pro-cesso organizado de coleta e difusão de informações, uma energiaa ser canalizada para que a percepção dos sinais fracos motive aspessoas da empresa a coletá-los, armazená-los e interpretá-los,visando obter vantagem competitiva.

A figura 2 ilustra o modelo conceitual de Inteligência estraté-gica antecipativa e coletiva, cujas etapas serão apresentadas naseção 3.2.

3.2. O MÉTODO L.E. SCANNING PARA REALIZAÇÃO DE

UM PROCESSO DE IEAC

A IEAc é um conceito instrumentalizado pelo método L.E.SCAnning (Learning Environmental Scanning), implicando umaseqüência de etapas (Lesca, 2003). O método L.E. SCAnning é umametodologia original, composta de nove etapas: domínio de aplica-ção, especificação de alvo, coleta, seleção e repasse de informações,memória, criação coletiva de sentido, difusão e animação (Lesca,

Figura 2 – Modelo conceitual de inteligência estratégica antecipativa

Fonte: baseado no método L. E. SCAnning (Lesca, 2003)

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2003). As diversas etapas que compõem o método L.E. SCAnninginiciam na escolha de um domínio de aplicação, chamado perímetrodo dispositivo, ou seja, qual a área da empresa sobre a qual quere-mos prioritariamente agir. Uma vez que esse objetivo for definido,parte-se à especificação de alvo (Lesca e Schuler, 1998; Lesca eCastagnos, 2000), uma etapa que exige atenção direcionada porparte da empresa, a qual deve delimitar os temas ou atores prio-ritários para ela naquele instante. Trata-se da identificação dosatores importantes para a empresa e os assuntos que lhe interessammonitorar, além da especificação das fontes de informação suscep-tíveis de fornecer acesso (Culnan, 1984) a algum conhecimento so-bre a matéria. A fase seguinte, chamada de coleta de informações(atenção e percepção focalizadas sobre o alvo definido), consiste embuscar informações relativas aos atores e aos temas identificados nafase precedente ou a partir de alvos identificados a posteriori(Janissek-Muniz, 2004). Para a realização dessa etapa recursiva, sãodesignados os captadores, colaboradores da empresa que terão pormissão selecionar informações (Blanco, 1998). A coleta somentepoderá ser eficaz se o procedimento de repasse de informações es-tiver organizado. Essa fase tem como objetivo organizar a circulaçãode fluxos internos à empresa, assim como também aqueles proveni-entes do exterior. A fase de repasse de informações estaria incom-pleta sem a implantação de um procedimento de armazenamento deinformações, que permite divulgar ao grupo as informações cole-tadas, de forma que possa selecioná-las a partir de seus respectivosconhecimentos.

Na fase de criação coletiva de sentido (Caron-Fasan, 1997;Lescan, 2002; Blanco, Caron-Fasan e Lesca, 2003; Caron-Fasan;Janissek Muniz 2004), as diferentes informações coletadas e sele-cionadas são analisadas coletivamente, com o objetivo de lhes atribuirsentido e gerar valor agregado; essa etapa conduz a uma alternativa.Se as informações analisadas são suficientemente explícitas, essa fasepermite, então, à empresa tomar decisões, e agir sobre seu ambiente.Mas, se as análises não permitem compreender o futuro ambiente, aempresa deve prosseguir a coleta de informações e, se necessário,mudar o alvo. Por ser um processo complexo implicando-se diversosatores, a IEAc exige a intervenção de competências diversas e com-plementares, cujos interesses e motivações podem mesmo ser contra-ditórios (Caron-Fasan e Janissek-Muniz, 2004). A atividade de IEAcinscreve-se assim em um processo necessariamente coletivo, e tam-

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bém contínuo, dinâmico e evolutivo, exigindo uma formação e umacompanhamento particulares, em função da diversidade e daespecificidade de cada uma de suas atividades.

3.3. IEAC: UM PROCESSO ORGANIZACIONAL

ESSENCIALMENTE COLETIVO

A IEAc envolve vários atores, e seu objetivo é a ação dessesatores. Trata-se de um processo de aprendizado coletivo. Em queestarão localizados os conhecimentos e a capacidade de aprendizadoda organização senão nos homens que a compõem? É exatamente nainteligência e na postura dessas pessoas que está a capacidade de aempresa fazer a concatenação de fatos e dados, criando representa-ções que permitam compreender eventos futuros. Ou seja, não será osuporte propiciado pela tecnologia da informação o motor desseprocesso, mas, sobretudo, o comportamento de cada pessoa da orga-nização e da organização como um todo. De fato, as informações queinteressam à IEAc são aparentemente sem significado, quando vistasou analisadas isoladamente (Lesca, 2001; Caron-Fasan 2001; Lesca eLeszczynska, 2004). Entretanto, a visão que se pode ter em relação auma situação, ou a um conjunto de informações inicialmente semsentido, muda completamente se adotarmos uma sistemática coletivade coleta e interpretação de informações.

A questão de coletividade em IEAc representa um esforço fun-damental, pois todo o processo de análise de informações exigeintervenção de diversos membros da empresa em função de suasatividades, experiências e competências (Lesca e Blanco, 1998; Lescae Caron, 1996). Trata-se efetivamente de um processo de aprendiza-gem organizacional coletivo e de gestão de conhecimentos (Chanale Farastier, 1997; Caron-Fasan e Farastier, 2003).

IDENTIFICANDO E EXPLORANDO INFORMAÇÕES PARA

ATINGIR O OBJETIVO PROPOSTO PELA IEAC

O ponto de partida do processo de especificação para a insta-lação do processo de inteligência é a seguinte pergunta: qual áreade atividade da empresa interessa mais em determinado momento?Para a área de atividade identificada, quais são os atores exterioresque interessam realmente? São os fornecedores, os clientes, os po-líticos ou os laboratórios? Quem são esses atores? Identifica-se no-minalmente cada ator. Pressuponha que um dos atores alvo seja oconcorrente; deve-se questionar, então, quais são os concorrentes

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que se quer conhecer melhor (concorrentes atuais e potenciais)? Ogrupo passa a discutir essas questões, surgem idéias conflitantes,complementares, que fazem com que a lista de atores possa começarcom poucos e atingir um grande número de elementos. É precisotrabalhar para alcançar uma lista daqueles atores realmente relevan-tes e definir o alvo ideal (Lesca e Castagnos, 2000). O processo deespecificação de alvo é ilustrado na figura 3.

A próxima etapa é hierarquizar esses atores com alguns critérios.Por exemplo, pode-se utilizar aqueles cuja presença ameaça a empre-sa. Qual sua capacidade de sobrevivência? Eles estão desenvolvendoalgum novo produto que poderá a diminuir a atuação de um dosnossos? Quais são as prioridades nesse sentido? Desse trabalho dehierarquização, deve surgir um grupo de sete ou dez atores. Não setrata de uma etapa restritiva, que fecha possibilidades de análise dorestante, mas de estabelecer prioridades. Quaisquer informações so-bre outros atores que não aqueles estabelecidos como prioritários nãodeverão ser postas no lixo – podem ser reservadas para merecer aten-

Figura 3 – Processo de definição de alvo: especificação

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ção concentrada em outro momento. Para cada um dos atores iden-tificados, faz-se uma série de questionamentos para formar uma listade prioridades; o que interessa neles? Uma proposta de investimento?Uma possibilidade de aliança? Define-se uma lista dos temas prio-ritários. Chega-se, então, a um quadro de atores e temas chamadoMatriz. A figura 4 ilustra um exemplo

Figura 4 – Matriz de definição de alvo

Seguindo a matriz, fica mais fácil construir os próximos passosda implementação da IEAc: se esses são os atores e temas que inte-ressam, quem pode obter essas informações? Em qual fonte? Osobjetivos são definidos progressivamente e garantem um maiorgrau de objetividade e foco de atuação e, sobretudo, atenção, ouseja, ao que devemos estar atentos? Questiona-se, também, quem(quais) serão os responsáveis para monitorar cada fonte de informa-ção? Para cada cruzamento ator x tema, quem será o responsável?Deve-se cuidar para atribuir às pessoas as fontes de informaçõesque estejam habituadas a olhar, no dia-a-dia normal, de forma quea tarefa faça parte de suas atividades normais. A figura 5 ilustra amatriz a ser preenchida, na qual, a partir de um dado cruzamentode ator e tema, estipulam-se as responsabilidades de cada pessoaem relação às fontes de informação a serem monitoradas (Internet,Jornal x, Congresso Y, Fórum N etc.).

O resultado dessas reuniões de especificação de alvo é umdocumento contendo essas matrizes resultantes, nas quais estarãoformalizados os atores e os temas considerados relevantes para a es-tratégia da empresa, assim como as fontes de informações e seusresponsáveis. Será sobre essas informações que será colocada a

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energia das pessoas para coletar os sinais fracos. Os objetivos assimdefinidos garantem um maior grau de objetividade e direção a umprocesso, que, em um primeiro momento, pode ter parecido vago econfuso. A idéia fundamental é que instalar um dispositivo de in-teligência pode ser eficaz e barato, desde que a empresa saiba o quequer escutar do exterior. Uma vez o alvo definido, os responsáveisdevem engajar sua equipe para a coleta das informações, formando-a a ser atento a informações relativas ao alvo especificado. Além daatenção voltada ao ambiente exterior da empresa, pode-se igual-mente considerar que algumas informações possam já estar dispo-níveis dentro da organização, em bases de dados já constituídas oua constituir (ouvidora, e-mails, registro de demandas etc.). O pontoimportante é fazer com que as pessoas estejam motivadas a identi-ficar sinais fracos pertinentes ao alvo identificado. A seguir, sãoapresentados dois exemplos de identificação de sinais fracos.

Exemplo 1: o principal fornecedor de uma empresa contrata um oumais engenheiros especializados em uma área tecnológica nova paraele. Esta informação deveria gerar a seguinte pergunta: por quê? Porque o fornecedor contrata alguém tão especializado nessa área? Quaisseriam seus motivos, seus projetos? Trata-se de um sinal fraco quepode, analisado a tempo, antecipar em um ou dois anos aconte-

Figura 5 – Matriz de definição de responsabilidades por fonte de informação

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cimentos relevantes para o futuro da empresa. Existem muitas fontesde informações de sinais fracos. As ofertas de emprego publicadas naimprensa, por exemplo, se interpretadas (realização de triagens dasofertas de emprego ou análise de seu conteúdo), podem levar asignificativas descobertas. Muitos sinais fracos podem ser ruídos quedesviam nossa atenção; outros podem ser fortes sinalizadores demudanças que estão poracontecer.

Exemplo 2: há um boato de que um fornecedor está querendo adqui-rir a patente de um novo produto. Em um primeiro momento, podese tratar de uma informação inconsistente, hipotética, talvez nãoverdadeira. Mas, se for verdade, será que o fornecedor não poderá setornar um concorrente? Se o fato for descoberto a tempo, providên-cias poderão ser tomadas. Se forem descobertas no último momento,pouco poderá ser feito, ou o tempo de reação poderá ser muitoprejudicial. Alguns sinais fracos podem ser a ponta de um iceberg. Asoma de vários sinais fracos pode antecipar acontecimentos muitossignificativos para o futuro de cada empresa.

Como podemos perceber, a coleta de informação é uma tarefaessencial para a IEAc. Um aspecto importante a ser respeitado pelaequipe envolvida é a forma como sua percepção será comunicadaou divulgada. Uma forma prática para resolver esse problema éequipar cada pessoa (um investigador em potencial) de um suporte,que chamamos Fichas de Captação, que lhe permita formalizar asinformações (Figura 6). Esse suporte pode ser em pequeno forma-to, há mesmo os que usam post-its, facilmente disponíveis em qual-quer ocasião. Cada investigador pode levar consigo uma dezenadessas fichas e, conforme as circunstâncias, preenchê-las. Ao finalde uma visita a um cliente ou a um fornecedor, de um coquetel, daparticipação a uma reunião, de presença em um congresso ou feira,da leitura de um jornal, devem se perguntar: quais foram as coisasque mais chamaram a atenção? Que informação vital, em poucaspalavras, esses fatos trouxeram? Por que essa informação chamou aatenção? Anota-se, também, a data da coleta e a fonte. Trata-se deum dispositivo simples para captar informações rápidas, incertas efrágeis, mas que constituem o cerne da IEAc.

Para que as informações coletadas sejam úteis, é preciso queestejam disponíveis. Há duas formas para organizar a informação esua difusão: por estoque ou por fluxo. Cada organização deve esco-

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lher o modelo mais conveniente à sua realidade, já que ambas asestratégias possuem vantagens e desvantagens. A organização porestoque (Figura 7) significa que todos os sinais fracos são reunidose armazenados de forma centralizada. Com essas fichas, pode-se co-meçar a montar o Puzzle ou o quebra-cabeça. Elas estão capitaliza-das em determinado local, e as pessoas precisam ir até esse lugarpara acessar essas informações, que existem, e quem precisa delasas requisita. Essa abordagem, para funcionar, exige que a pessoaresponsável pela organização também se encarregue de sua difusão,devendo funcionar como um animador que motiva as pessoas aprocurar essas informações.

O modelo por fluxo (Figura 8) significa que o animador recebeas fichas (informações), mas não as retém. Ele pode guardar umacópia, mas seu papel dinâmico é fazê-las chegar rapidamente àsunidades que, provavelmente, se interessaram por elas. Ele recebeas informações e as difunde muito rapidamente.

Figura 6 – Ficha de captação

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Figura 7 – A organização e a difusão da informação por estoque

Figura 8 – A organização e a difusão da informação por fluxo

E como explorar informações do tipo sinais fracos? O objetivo,como já vimos, não é acumular informações, mas tornar mais ativasas pessoas que dispõem das informações. A estratégia para lidarcom sinais fracos é coletar certo número deles e fazer associações,relações entre eles, criar significados. Trata-se de fazer surgir umavisão ou representação criativa a partir dos conjuntos de informaçãocoletados. Os subconjuntos de informações (dossiês) lembram, a

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priori, fragmentos, mas seu rastreamento, seleção e análise sistemá-ticos podem levar a importantes constatações, possíveis de seremidentificadas por meio da descoberta de potenciais relações entre asinformações. A construção de um dossiê de informações inicia-secom um processo de coleta individual de informações (Figura 9),que deve ser sistematizado, possibilitando o que pode ser denomi-nado processo coletivo de aprendizagem. O objetivo não é chegar acertezas, mas gerar hipóteses que possam reduzir incertezas, inferirações e apontar caminhos para as discussões, articulações, investi-gações específicas e decisões.

Os dossiês são uma fonte rica em informações. Eles possueminformações dispersas sobre atores e temas, sinais fracos que per-mitem o início de uma reflexão ou raciocínio. A partir de umdossiê constituído, é possível definir diversos tipos de relações aserem estabelecidas entre as informações (relações de causalidade,

Figura 9 – Processo de coleta de informações

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de proximidade, de confirmação, de contradição ou de analogia).E a cada nova informação, devem-se buscar relações com outrasinformações já coletadas, formando assim, um quebra-cabeça falan-te (Lesca, Freitas e Cunha, 1996; Caron-Fasan e Janissek-Muniz,2004). Reúnem-se os elementos, produzem-se associações diversas,induzem-se eventuais significados e visualizam-se as representa-ções criativamente criadas (Figura 10).

Figura 10 – Buscando relações entre sinais fracos

Esse processo coletivo, se repetido no mínimo uma vez pormês, pode ser a alavancagem da prática de IEAc de uma dada orga-nização. A definição de objetivos iniciais permite capitalizar ocontato com tais informações. Para fazer o puzzle (ou montar o que-bra-cabeça), é preciso amarrar essas informações fugazes, interligan-do-as (Figura 11). É necessário para tal existir um esforço de orga-nização, de classificação, de interpretação, ou não conseguiremostirar proveito delas.

Por exemplo, uma mesma informação que chega duplicada,antes de ser descartada, deve levantar algumas questões. As duasinformações redundantes provêm da mesma fonte? Se a respostaé positiva, não há conclusão, mas, se elas provêm de fontes dife-rentes, talvez se trate de uma informação mais confiável. Outroponto: se as duas informações foram emitidas em momentos dife-rentes (somente a data muda, não o conteúdo), têm-se duas hipó-

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Figura 11 – Relacionando informações

teses – ou o evento que se anuncia tende a se instalar ou os emis-sores continuam a comunicá-lo com alguma intenção. Os dois ca-sos interessam. E ainda: não haveria uma diferença sutil entre asduas informações aparentemente idênticas? Este é um exemplo noqual se acredita ser um processo de aprendizado: questionar, raci-ocinar em cima dos dados disponíveis. O processo exemplificadopara duas informações redundantes pode ser feito para outras dife-rentes: qual a relação entre duas informações que se supõem verda-deiras? Observando-se diversos pedaços de incerteza juntos, pode-remos diminuí-la como um todo. Trata-se de um processo deinterligar informações por relações de raciocínio simples, por meiode pessoas que utilizam toda sua experiência e que são capazes deadicionar riqueza ao já coletado, criando uma visão que talvez nãoexista formalizada em nenhum outro lugar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Inteligência Estratégica Antecipativa e Coletiva é um processocomplexo e requer tempo para a realização das suas diferentes fases.Sua implantação em uma organização é um projeto instigante e plenode desafios: depende de um lado do interesse da direção da empresa

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em fazê-lo e também, basicamente, da disposição, do engajamentoda empresa como um todo em realizar a coleta dos sinais fracos, ten-do em vista aqueles objetivos traçados como fundamentais para ma-nutenção ou conquista de vantagem competitiva. Essa implantaçãopressupõe uma abordagem modular, que inicia pela sensibilização edefinição da equipe de projeto, seguida de uma formação geral dosmembros da empresa disposta à prática. Deve-se considerar umacapacitação específica a cada uma das etapas do método, o que deveser feito de forma seqüencial e evolutiva, à medida que os profissi-onais envolvidos no processo compreendam a realização das tarefassolicitadas e a avancem. Além da formação dos membros da equipede projeto envolvidos e do monitoramento durante a implantação doprocesso, é também importante o acompanhamento posterior, de for-ma a tirar dúvidas específicas e avaliar a evolução de sua implanta-ção, retomando e revendo alguns pontos críticos, se necessário. Em setratando da realidade de nossas empresas brasileiras, a implantaçãode um processo de IEAc ainda é um grande desafio gerencial, técnicoe metodológico. Os sistemas operacionais tradicionais das empresassão ainda fracos em relação a informações do tipo ‘de evolução’. Ossinais fracos, definidos neste artigo, raramente estão presentes nessessistemas. Pela natureza das informações de evolução, que são quaseinteiramente provenientes do ambiente externo e pouco estruturadas,sua coleta e sua análise tornam-se um processo a ser implementadocom método e muito esforço. Dada a complexidade da temática,nossa equipe brasileira, após um convívio de mais de dez anos comequipe francesa, vem discutindo formas de melhor abordar esses con-ceitos, na busca de um modelo adaptado ao cenário brasileiro. Nossameta é identificar a inserção clara da IEAc na visão mais global desistemas de informação organizacional, assim como no papel de umexecutivo, o qual deseja aplicar certas das etapas ou das técnicas emdados ou bases de dados já disponíveis, mas que não atendem às ca-racterísticas evocadas como as úteis, potencialmente a IEAc. A impor-tância deste projeto é reforçada pela inovação potencial que pode seraportada ao processo decisório de nossos gestores e executivos.

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Artigo recebido para publicação em 19 de setembro de 2006.Aceito em 24 de outubro de 2006.