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AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO IMPACTOS DA INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA DE CÉLULAS A COMBUSTÍVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA VISANDO A GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DISTRIBUÍDA MIGUEL LUIZ MIOTTO NEGRO Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear - Materiais. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Linardi São Paulo 2004

IMPACTOS DA INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA DE CÉLULAS … · IMPACTOS DA INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA DE CÉLULAS A COMBUSTÍVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA VISANDO A GERAÇÃO DE

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  • AUTARQUIA ASSOCIADA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    IMPACTOS DA INTRODUO DA TECNOLOGIA DE CLULAS

    A COMBUSTVEL NA MATRIZ ENERGTICA BRASILEIRA

    VISANDO A GERAO DE ENERGIA ELTRICA DISTRIBUDA

    MIGUEL LUIZ MIOTTO NEGRO

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Mestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear - Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Marcelo Linardi

    So Paulo 2004

  • pen

    INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E N U C L E A R E S

    A u t a r q u i a a s s o c i a d a Un i ve rs i dade de So Pau lo

    IMPACTOS DA INTRODUO DA T E C N O L O G I A DE C L U L A S A

    C O M B U S T V E L NA MATRIZ ENERGTICA BRASILE IRA V ISANDO

    A G E R A O DE ENERGIA ELTRICA DISTRIBUDA

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    MIGUEL LUIZ MIOTTO NEGRO \ 3 ^ 5 5 '

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    Disse r tao ap resen tada c o m o parte

    d o s r e q u i s i t o s para o b t e n o d o Grau

    de Mes t re e m C inc ias na rea de

    T e c n o l o g i a Nuc lea r - Mater ia is .

    O r ien tado r :

    Prof . Dr. Marce lo L i na rd i

    SO PAULO

    2004

    co?^5so nmmi. E Bmm-. MCLB'IR/SP-PE "

  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES

    Autarquia associada Universidade de So Paulo

    IMPACTOS DA INTRODUO DA TECNOLOGIA DE CLULAS A

    C O M B U S T V E L NA MATRIZ ENERGTICA BRASILEIRA V ISANDO

    A GERAO DE ENERGIA ELTRICA DISTRIBUDA

    MIGUEL LUIZ MIOTTO N E G R O

    Dissertao apresentada como parte

    dos requisitos para obteno do Grau

    de Mestre em Cincias na rea de

    Tecnologia Nuclear - Materiais.

    Orientador:

    Prof. Dr. Marcelo Linardi

    SAO PAULO

    2004

  • Agradecimentos

    Agradeo aos amigos pela ajuda,

    ao IPEN pela oportunidade,

    ao Prof. Robert Garner pela pacincia e contr ibuio

    e especialmente ao Prof. Dr. Marcelo Linardi pela

    orientao, apoio, colaborao e entusiasmo

    que foram fundamentais para a execuo deste trabalho.

  • IMPACTOS DA INTRODUO DA TECNOLOGIA DE CLULAS A

    COMBUSTVEL NA MATRIZ ENERGTICA BRASILEIRA VISANDO

    A G E R A O DE ENERGIA ELTRICA DISTRIBUDA

    Miguel Luiz Miotto Negro

    R E S U M O

    Neste trabalho foram selecionados, estabelecidos e medidos alguns dos

    possveis impactos causados pela introduo da tecnologia de clulas a

    combustvel na gerao distribuda de energia eltrica no Brasil. Para chegar-se a

    valores numricos dos impactos foi necessrio pr imeiramente estabelecer uma

    base de dados e informaes relativas ao tema proposto. Essa base foi composta

    por quatro e lementos, como segue: reviso da literatura sobre o estado da arte

    atual das tecnologias de clulas a combustvel e seus custos; levantamento da

    matriz energtica nacional, v isando a disponibi l idade de fontes primrias capazes

    de suprir a futura demanda de hidrognio; estudo das possibi l idades de produo

    de hidrognio em larga escala no Brasil e seus custos e levantamento dos

    cenrios do setor energt ico no futuro. A partir dessa base foram estabelecidos,

    descri tos e calculados os impactos econmicos, mercadolgicos, ambientais e

    sociais. Cada impacto foi tratado com metodologia prpria. Os resultados deste

    trabalho permitem afirmar que h mercado potencial no Brasil na atual idade para

    determinados s istemas de clulas a combustvel e que alguns deles j tm preos

    prximos competi t iv idade. Por outro lado, as previses para o futuro so de

    fomento gerao distr ibuda e ao emprego de tecnologias alternativas. Por isso

    as perspectivas so bastante favorveis introduo da tecnologia de clulas a

    combustvel para gerao distribuda no Brasil.

  • IMPACTS OF THE INTRODUCTION OF FUEL CELL T E C H N O L O G Y

    IN THE BRAZILIAN ENERGY MATRIX FOR DISTRIBUTED

    GENERATION OF ELECTRICITY

    Miguel Luiz Miotto Negro

    ABSTRACT

    In this study, certain possible impacts brought about by the introduction of

    fuel cell technology in distributed generation of electricity in Brazil were selected,

    establ ished and measured. In order to achieve numerical values for these im.pacts,

    it was necessary to first establish an information and data base related to the

    proposed topic. This base was composed of the fol lowing four e lements: review of

    the literature on the current state of the art of fuel cell technologies and their costs;

    study of the Brazil ian energy matrix, focusing on the availability of primary sources

    capable of supplying future hydrogen demand ; study of the possibilit ies and costs

    of the mass product ion of hydrogen in Brazil; and scenario building for the future of

    the energy sector. Based on these four e lements, economic, environmental , social

    and market impacts were then establ ished and calculated. Each impact was

    analyzed with methodology specif ic to its particular f ield. The f indings of this study

    show that current market potential already exists in Brazil for certain fuel cel l-

    based generat ing systems and that some of these systems already exist at near

    competi t ive prices. On the other hand future tendencies show that distr ibuted

    generat ion as well as the use of alternative technologies will be encouraged in

    such a way that the perspectives are favorable for the introduction of fuel cell

    technology in the distr ibuted generation of electricity in Brazil.

  • SUMARIO

    Pgina

    1 INTRODUO 8

    2 OBJETIVOS 11

    3 REVISO DA LITERATURA 12

    3.1 Clulas a combustvel 12

    3.1.1 Tipos de tecnologias de clulas a combustvel 14

    3.1.1.1 Clula a combustvel de membrana trocadora de prtons ... 17

    3.1.1.1.1 Clula a combustvel a metanol direto 20

    3.1.1.2 Clula a combustvel de cido fosfrico 20

    3.1.1.3 Clula a combustvel de carbonatos fundidos 22

    3.1.1.4 Clula a combustvel de xidos sl idos 24

    3.1.1.5 Clula a combustvel alcalina 28

    3.1.2 Desafios 29

    3.2 Custos 30

    3.2.1 Estimativas de custo de instalao e de reduo de custos 30

    4 RESULTADOS E DISCUSSO 38

    4.1 Estudo da matriz energtica brasileira 38

    4.1.1 Recursos energt icos primrios no Brasil 38

    4.1.1.1 Recursos energt icos primrios no renovveis 39

    4.1.1.2 Recursos energt icos primrios renovveis 45

    4.1.2 Produo de energia total no Brasil 55

    4.1.2.1 Produo de energia eltrica estacionria no Brasil 57

    4.1.3 Consumo de energia no Brasil 62

    4.1.4 Comrcio externo de energia 64

    4.1.5 Discusso 65

    4.2 Produo de hidrognio no Brasil 67

    4.2.1 Produo de hidrognio por eletrlise 69

    4.2.1.1 Energia nuclear 70

    4.2.1.2 Energia hidreltrica 71

    4.2.1.3 Termeltr ica a gs natural 72

  • 4.2.1.4 Energia elica 73

    4.2.1.5 Energia solar fotovoltaica 74

    4.2.2 Produo de hidrognio por reforma de combustveis fsseis ... 74

    4.2.2.1 Gs natural 75

    4.2.2.2 Gasol ina 79

    4.2.2.3 Metanol 80

    4.2.3 Produo de hidrognio por reforma de combustveis

    renovveis 81

    4.2.3.1 Biogs 81

    4.2.3.2 Etanol 84

    4.2.4 Aval iao dos custos de hidrognio 86

    4.3 Cenr ios do setor energtico 89

    4.3.1 Hipteses 90

    4.3.2 Cenrio otimista (A) 92

    4.3.3 Cenr io pessimista (B) 93

    4.3.4 Cenr io mais provvel (C) 94

    4.3.5 Comparao entre os cenrios 95

    4.3.6 Discusso 96

    _p 4.4 Impactos econmicos 98

    4.4.1 Estimativas de custos de produo de energia eltrica 98

    4.4.2 Aval iao de competi t iv idade 102

    4.4.3 Cogerao 103

    4.4.3.1 Efeitos da cogerao no custo de eletr icidade 105

    4.4.4 Sistemas combinados 106

    4.4.5 Discusso 107

    4.5 Impactos mercadolgicos 108

    4.5.1 Segmentos de mercado 108

    4.5.1.1 Gerao distribuda 109

    4.5.1.2 Segmento de gerao 113

    4.5.1.3 Segmento de cogerao e gerao local 113

    4.5.2 Apl icaes de clulas a combustvel 115

    4.5.3 Oportunidade de mercado 117

    4.5.3.1 Disponibi l idade do equipamento e do mercado 119

  • 4.5.3.2 Relao mercado-preo 121

    4.5.3.3 Potencial de mercado no Brasil 122

    4.5.3.4 Penetrao de mercado 123

    M.6 Impactos ambientais 126

    4.6.1 Impactos com gerao hidreltrica 126

    4.6.2 Impactos com gerao termeltr ica 127

    4.6.3 Estudo de caso - Aterro sanitrio e clula a combustvel 128

    4.6.3.1 Caracterst icas de um aterro sanitrio 128

    4.6.3.2 Propr iedades do gs gerado nos aterros 129

    4.6.3.3 Si tuao atual de gerao de energia a partir

    de gs do lixo 130

    4.6.3.4 Aprovei tamento de gs do lixo em clulas a combust ve l . . . 132

    4.6.3.5 Impactos do uso de gs do lixo em clulas a combustvel . . . 133

    4.7 Impactos sociais 137

    4.7.1 Impactos com gerao hidreltrica 137

    4.7.2 Est imativas de determinadas apl icaes 138

    4.7.2.1 Impactos sociais a curto prazo 140

    4.7.2.2 Impactos sociais a mdio prazo 142

    4.7.2.3 Impactos sociais a longo prazo 145

    4.7.3 A poltica e o setor energt ico 146

    5 C O N C L U S E S E PERSPECTIVAS 149

    5.1 Sugestes de trabalhos futuros 154

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 155

  • 1 INTRODUO

    A partir da Revoluo Industrial as fontes no renovveis t m sido

    responsveis pela maior parte do consumo mundial de energia. Este quadro de

    consumo s foi alterado eventualmente por acontecimentos polt icos e

    econmicos, que despertaram a humanidade para o problema da energia. A

    fragil idade poltica dos pases exportadores de petrleo, os problemas

    econmicos envolv idos e a questo ambiental tm estabelecido uma nova

    orientao da soc iedade face ao problema energtico. Atualmente diversas fontes

    [BAU 0 1 , FEL 02, GEL 03, W A L 02] assinalam a falta de adequao do sistema

    energtico vigente devido sua dependncia dos combustveis fsseis,

    natureza finita destes combustveis, excessiva poluio do ar devido

    pr incipalmente que ima de tais combustveis e falta de tecnologia adequada ao

    t ratamento dos resduos nucleares, entre outros. A lm da questo do consumo, o

    problema da ef icincia do aprovei tamento das fontes de energia primria constitui

    um grande desaf io da sociedade mundial .

    Se forem mant idas as tendncias energticas atuais, haver tambm um

    aprofundamento da desigualdade e das tenses entre as naes. Essas tenses

    iniciaram-se com a primeira crise do petrleo em 1973 e, desde ento, no

    pararam de aumentar. A esses problemas acrescenta-se o aumento da demanda

    de energia no mundo nas prximas dcadas, que dever passar dos atuais

    10 Gtoe por ano para aprox imadamente 27 Gtoe anuais no ano de 2050 [BAU 0 1 ,

    A N D 02]. Esse aumento da demanda acontecer em sua maior parte nos grandes

    centros urbanos, exigindo alta densidade de gerao de energia. Essa alta

    densidade de gerao geralmente encontra soluo apenas na energia nuclear,

    em grande escala.

    Esses fatos fazem com que o mundo como um todo busque novas formas

    de uso e distr ibuio de energia. Podem-se citar duas grandes correntes de

    pensamento que defendem estratgias opostas para enfrentar o desaf io

    energt ico do futuro. Uma delas segue a linha de conduta mais tradicional, a

  • chamada "trajetria severa" e a outra segue a linha do modelo do mundo em

    "crescimento sustentvel".

    A trajetria severa enfatiza o supr imento de combustveis no renovveis:

    petrleo, gs natural, carvo e urnio. A lm disso, defende a construo de

    grandes usinas termeltr icas (a carvo e a f isso nuclear) para atender a

    demanda nos prximos 25 anos. Aps 2020 estar iam em funcionamento os novos

    reatores nucleares rpidos regeneradores, pro longando a durao das reservas

    de urnio [FCP 01]. Aps 2050 haveria uma mudana para as usinas a fuso

    nuclear.

    A linha de crescimento sustentvel de fende o aumento da eficincia do uso

    de energia, a diminuio do uso de combustveis fsseis, a reduo das usinas

    nucleares, e o aumento do emprego de recursos energt icos alternativos. Ser iam

    favorecidos, neste modelo, as energias solar, el ica e hidrulica e t ambm

    conversores mais ef icientes, como as clulas a combustvel .

    Entretanto o futuro das clulas a combust vel tambm pode ser favorecido

    pela trajetria severa, pois o aumento do nmero de usinas nucleares, o

    desenvolv imento de reatores rpidos regeneradores e da tecnologia de fuso

    nuclear certamente contribuiro para a produo de hidrognio em larga escala

    por meio de energia nuclear.

    Independentemente da forma pela qual o setor energtico desenvolva-se

    no futuro, atualmente h um notvel interesse na util izao de clulas a

    combustvel como contr ibuio para a soluo dos problemas citados. Esse

    interesse se concret iza por meio dos muitos invest imentos pblicos e privados em

    pesquisa nessa rea no mundo todo. Portanto, possvel ter-se quase certeza de

    que a clula a combustvel ser um dos conversores energticos comuns no

    futuro [BRO 0 1 , LIN 84, W I L 01].

    Por outro lado, as legislaes em muitos pases, e tambm do Brasil, esto

    mudando rapidamente. Este fato est forando a indstria de energia eltrica a

    tambm sofrer mudanas estruturais. Estas mudanas favorecem, entre outros

    fatores, a descentral izao da gerao de energia eltrica e do nfase ao uso

    eficiente da energia no nvel do consumidor f inal, pr incipalmente em

    eletrodomst icos e i luminao.

    ro^sso ^ifom- : mmk w JCLEAR/SP-IPEN

  • 10

    Do ponto de vista social, os pases mais pobres do mundo que tero o

    maior aumento da demanda de energa nas prximas dcadas [GEL 03, BOA 02].

    As nicas possibi l idades reais para esses pases so pequenos custos de

    invest imento, instalaes executadas em etapas e p lanejamento a curto prazo.

    Tais procedimentos geralmente conduzem a s istemas de gerao descentral izada

    de energia. Esse t ipo de gerao diminui os custos de transmisso,

    representando uma vantagem adicional, pr incipalmente para os pases

    emergentes. Pode-se esperar que as tecnologias modernas, como as clulas a

    combust vel , desempenhem um papel importante neste ponto, pois elas permitem

    que as unidades geradoras decentral izadas tenham alta eficincia energtica e

    baixa emisso de poluentes.

    Estes fatos despertam o interesse e m pesquisas que revelem as

    possibi l idades reais das clulas a combustvel para a gerao distribuda. Para

    tanto necessrio que sejam realizadas aval iaes comparat ivas entre todas as

    fontes de energia, veri f icando a provvel insero das clulas a combustvel.

    Devem ser planejadas estratgias para o supr imento da demanda, em especial de

    energia eltrica. Essas estratgias devem garantir o supr imento de eletricidade

    necessr ia ao desenvolv imento econmico e melhoria da qual idade de vida,

    especia lmente nos pases mais pobres. A lm disso, vrios pases, incluindo o

    Brasil, necessi tam definir programas de energia para as prximas dcadas,

    aumentando o interesse pela util izao de informaes, ferramentas e

    metodologias bem elaboradas, visando a aval iao comparat iva e abrangente dos

    di ferentes sistemas de gerao de energia eltr ica, onde se inclui a clula a

    combustvel .

  • 11

    2 OBJETIVOS

    Os objet ivos deste trabal l io so descrever e medir os impactos da

    introduo da tecnologia de clulas a combustvel na matriz energtica brasileira,

    centrando-se na gerao de energa eltrica distribuda. Para tanto devem ser

    e laboradas metodologias e ferramentas especf icas para a realidade brasileira

    atual e suas projees para o futuro. Tambm constitu objetivo deste t rabalho um

    estudo da matriz energtica brasileira, a qual possui dados especf icos

    importantes para o estudo em questo.

    Os possveis parmetros de medida destes impactos so inmeros. Neste

    trabalho foram selecionados, definidos e medidos alguns parmetros. Em linhas

    gerais os impactos mais importantes so aqueles relacionados aos custos dos

    sistemas de clulas a combustvel, aos mercados para esses sistemas, ao meio

    ambiente e sociedade. Para cada um desses impactos foi dedicado um estudo,

    procurando aproximar-se o mximo possvel das part icularidades de cada impacto

    na real idade brasileira.

    As bases para as estimativas dos impactos so as possibi l idades

    energt icas do Brasi l , que foram levantadas por meio do estudo de sua matriz

    energtica; das tecnologias disponveis para as clulas a combust ive l ; da

    capacidade especf ica de produzir hidrognio e do cenrio energt ico futuro. Todo

    o estudo est vol tado gerao distribuda de energia eltrica estacionria. Por

    isso foi necessria uma definio apropriada e completa do conceito de gerao

    distribuda de energia eltrica.

    Nos objet ivos do trabalho no se inclui a introduo da tecnologia de

    clulas a combust vel e m aplicaes mveis, nas quais os motores a combusto

    interna ser iam substi tudos por motores eltricos al imentados pelas clulas a

    combustvel . T a m b m no foi considerada a introduo dessa tecnologia em

    apl icaes portteis, nas quais as clulas a combustvel subst i tuem as baterias e

    pilhas convencionais.

  • 12

    3 REVISO DA LITERATURA

    3.1 Clulas a Combustvel

    Nesta seo sero apresentados alguns aspectos concernentes a todos os

    t ipos de clulas a combustvel . As clulas a combustvel so clulas galvnicas,

    ou seja, disposit ivos eletroqumicos que convertem energia qumica diretamente

    e m energia eltrica e calor, nas quais os reagentes so fornecidos de forma

    contnua aos eletrodos. Os reagentes so geralmente gases.

    O princpio de funcionamento das clulas a combustvel data do comeo do

    sculo XIX. Desde ento essa tecnologia vem sendo aperfeioada at chegar a

    uma apl icao prtica de destaque, como o Projeto Apol lo da NASA, Estados

    Unidos. A clula combustvel a inda no est em fase p lenamente comercial ,

    pr incipalmente devido a seu alto custo [LIN 02],

    Os principais componentes de uma clula a combustvel so:

    i) anodo - eletrodo onde se d a oxidao do combustvel e que conduz

    eltrons ao circuito externo;

    ii) catodo - eletrodo onde se d a reduo do oxidante e que recebe eltrons

    do circuito externo e

    iii) eletrl i to - e lemento de l igao dos eletrodos que transporta uma das

    espcies inicas envolvidas nas reaes eletrdicas e previne a conduo

    de eltrons entre os eletrodos.

    A s equaes 3 - 1 , 3-2 e 3-3 correspondem, por exemplo, s reaes que

    ocorrem e m uma clula a combustvel cida admit indo-se hidrognio puro como

    combustvel e oxignio puro como oxidante [WEN 00]. Nessas reaes, tanto o

    hidrognio como o oxignio so fornecidos na forma gasosa. Os eletrodos so

    chamados de eletrodos de difuso gasosa (EDG). Isto se deve s caractersticas

    porosas desses eletrodos que so adaptados para trabalhar com gases.

    Em operao, cada clula unitria fornece aprox imadamente entre 0,6V e

    0,7V. A soluo tcnica encontrada para se obter potenciais teis de 110 ou 220V

  • 13

    o empi lhamento (stack) de clulas, isto , conexo em srie de vrias clulas

    unitrias [LIN 02] . Com isto somam-se os potenciais fornecidos por cada clula

    at se conseguir o potencial necessrio.

    Anodo: H2 + 2 H2O ^ 2 HaO^ + 2 6 Eoa = O Volts x (RHE) (3-1)

    Catodo: 72 02 + 2 HsO^ + 2 e ^ 3 H2O Eoa = + 1,23 Volts x (RHE) (3-2)

    Total : H2 + yz02 -> H2O Eototai= + 1,23 Volts x (RHE) (3-3)

    onde Eo o potencial termodinmico de equilbrio nas condies padro e RHE

    indica o eletrodo de referncia de hidrognio.

    Uma das principais vantagens deste energt ico sua eficincia terica

    mxima, dada por:

    Tleletroqumica terica mxima ~ AGr/AHr (3-4)

    onde:

    Tieietroquimica terica mxima = efcnca terica mxma da clula

    AGr = Var iao de energia livre da reao, que corresponde ao trabalho eltrico

    mximo que a clula pode produzir.

    AHr = Var iao total de entalpia da reao.

    Levando-se e m conta a lei da termodinmica:

    AH = AG + TAS (3-5)

    tem-se que o te rmo TAS o responsvel pela gerao de calor irreversvel no

    processo. Teor icamente todo o restante (AG) pode ser t ransformado em trabalho

    eltrico. A eficincia total real das clulas a combustvel est hoje em torno de

    80 %, enquanto que as mquinas de Carnot tm eficincia em torno de 40 %.

    A lm da maior eficincia, as clulas a combustvel tm outras vantagens

    sobre os energt icos convencionais, como apresentado a seguir: alta

  • 14

    confiabi l idade; baixo ou nen l ium nvel de emisso, isto , pouco ou nada

    poluente; muito baixo impacto ambiental ; versati l idade de potncias podendo

    variar de alguns k W at MW; possibi l idade de utilizar reagentes renovveis;

    possibi l idade de gerao descentral izada, isto , microgerao; dependendo do

    tipo de clula a combustvel , h possibi l idade de co-gerao; possibi l idade de

    construo modular confer indo grande flexibil idade e so bastante mais

    si lenciosas que os motores a combusto interna.

    A lgumas desvantagens so o alto custo, a dif iculdade de gerao de alta

    potncia e a necessidade de reforma de alguns combustveis primrios para a

    obteno de hidrognio.

    O parmetro mais usado para a classif icao das clulas a combust ivel o

    t ipo de eletrlito e conseqentemente a temperatura de operao [LIN 02].

    3.1.1 Tipos de tecnologias de clulas a combustvel

    Os vrios t ipos de clula a combustvel envolvem materiais constituintes

    distintos e, portanto, tcnicas de construo diversas, impl icando em tecnologias

    diferentes de fabr icao dos eletrodos bem como de operao e manuteno dos

    sistemas. As diferentes tecnologias de clula a combustvel so usualmente

    designadas pelas abreviaturas de seus nomes em ingls. Na TAB. 1 esto

    apresentadas essas abreviaturas e seus correspondentes signif icados conforme o

    t ipo de eletrlito.

    TABELA 1 - Designaes usuais de clulas a combustvel

    Abreviatura Por extenso Eletrlito

    A F C Alkaline fuel cell Alcal ino - KOH

    SOFC Solid oxid fuel cell xidos slidos

    PAFC Phosforic acid fuel cell cido fosfrico

    PEMFC Proton exchange membrane fuel cell Membrana trocadora de

    prtons

    MCFC Molten carbonate fuel cell Carbonatos fundidos

  • 14

    confiabi l idade; baixo ou nen l ium nvel de emisso, isto , pouco ou nada

    poluente; muito baixo impacto ambiental ; versati l idade de potncias podendo

    variar de alguns k W at MW; possibi l idade de utilizar reagentes renovveis;

    possibi l idade de gerao descentral izada, isto , microgerao; dependendo do

    tipo de clula a combustvel , h possibi l idade de co-gerao; possibi l idade de

    construo modular confer indo grande flexibil idade e so bastante mais

    si lenciosas que os motores a combusto interna.

    A lgumas desvantagens so o alto custo, a dif iculdade de gerao de alta

    potncia e a necessidade de reforma de alguns combustveis primrios para a

    obteno de hidrognio.

    O parmetro mais usado para a classif icao das clulas a combust ivel o

    t ipo de eletrlito e conseqentemente a temperatura de operao [LIN 02].

    3.1.1 Tipos de tecnologias de clulas a combustvel

    Os vrios t ipos de clula a combustvel envolvem materiais constituintes

    distintos e, portanto, tcnicas de construo diversas, impl icando em tecnologias

    diferentes de fabr icao dos eletrodos bem como de operao e manuteno dos

    sistemas. As diferentes tecnologias de clula a combustvel so usualmente

    designadas pelas abreviaturas de seus nomes em ingls. Na TAB. 1 esto

    apresentadas essas abreviaturas e seus correspondentes signif icados conforme o

    t ipo de eletrlito.

    TABELA 1 - Designaes usuais de clulas a combustvel

    Abreviatura Por extenso Eletrlito

    A F C Alkaline fuel cell Alcal ino - KOH

    SOFC Solid oxid fuel cell xidos slidos

    PAFC Phosforic acid fuel cell cido fosfrico

    PEMFC Proton exchange membrane fuel cell Membrana trocadora de

    prtons

    MCFC Molten carbonate fuel cell Carbonates fundidos

  • 15

    Na FIG. 1 apresentado um esquema simplificado do funcionamento das

    clulas a combustvel para cada urna das tecnologias existentes. Na FIG. 1

    observa-se que os gases oxidantes so introduzidos no catodo e os gases

    combustveis no anodo. Da mesma forma v-se que o eletrlito sempre

    responsvel pela conduo de ons em qualquer tipo de clula a combustivel. Na

    FIG. 1 esto tambm representados os diferentes ons trocados entre catodo e

    anodo para cada um dos tipos de clulas a combustvel.

    Sada dos gases de exausto

    Combustvel

    Sada dos gases de exausto

    Oxidante

    Anodo Eletrlito Catodo

    FIGURA 1 - Esquema geral de funcionamento dos diversos t ipos

    de clulas a combustvel

    Na TAB. 2 so mostrados os vrios tipos de clulas segundo suas

    denominaes, vantagens e desvantagens [LIN 84, WEN 02, WEN 00]. A TAB. 2

    um resumo das caractersticas operacionais e aplicaes preferenciais com

    nfase na temperatura requerida pelo eletrlito.

    Na FIG. 2 est apresentado um esquema da montagem tpica de um

    empilhamento (mdulo) de unidades de clulas a combustivel. Na FIG. 2 a placa

  • 16

    TABELA 2 - Tipos e caractersticas de clulas a combustvel

    Tipo Eletrlito Temp. Vantagens Desvantagens Aplicaes (espcie (C) t ransportada)

    Alcalina KOH (0H-) 60 a - Alta eficincia - Sensvel a CO2 - Espaonaves (AFC) Alcal ine Fuel Cell 90 (83% terica) - Gases ultra puros, sem - Apl icaes militares

    reforma do combustvel Membrana (PEMFC)

    Polmero: Nat ion (HsO^) Proton Exchange Membrane Fuel Cell

    70 a - Altas densidades de 90 potncia e eficincias

    - Operao flexvel - Mobil idade

    - Custo da membrana e catalisador - Contaminao do catalisador com CO

    - Veculos automotores - Espaonaves - Unidades estacionrias de at 1 M W

    cido fosfrico (PAFC)

    H3PO3 (H3O") Phosphoric Acid Fuel Cell

    160 a - M a i o r 200 desenvolvimento

    tecnolgico

    - Controle da porosidade do eletrodo - Sensibi l idade a CO - Eficincia limitada pela corroso

    - Unidades estacionrias (100 k W a alguns MW) - Cogerao

    Carbonatos Carbonatos fundidos Fundidos

    2-(MCFC) (COs^-) Molten Carbonate Fuel Cell Zr02 (O^-) Solid Oxide Fuel Cell

    650 a - Tolerncia a CO/CO2 700 - Eletrodos base de

    Ni

    - Problemas de materiais - Necessidade da reciclagem de CO2 - Interface trifsica de difcil controle

    - Unidades estacionrias de algumas centenas de kW - Cogerao

    Cermica (SOFC)

    800 a - Alta eficincia 1000 - A reforma do

    combustvel pode ser feita na clula

    - Problemas de materiais - Expanso trmica - Necessidade de pr-reforma

    - Unidades estacionrias de 10 a a lgumas centenas de kW; Cogerao

  • 17

    bipolar a responsvel pela l igao em srie das clulas unitrias e as molduras

    so necessrias para garantir a vedao do sistema.

    Na FIG. 2 est mostrado um esquema de montagem de um empi lhamento

    ou pilha (stack) de clula a combust ivel , t ambm chamado de mdulo de clula a

    combustvel .

    Legenda: 1 - Placa bipolar 2 - Catodo 3 - Moldura do catodo 4 - Eletrlito 5 - Moldura do anodo 6 - Anodo.

    FIGURA 2 - Montagem de um empi lhamento de unidades de clulas a

    combustvel

    3.1.1.1 Clula a combustvel de membrana trocadora de prtons

    PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell) a referncia s clulas a

    combust ivel cujo eletrlito uma membrana trocadora de prtons [LIN 02,

    V IE 03]. Essa membrana constituda pelo pol mero Nation. Este polmero

    capaz de conduzir apenas os prtons HsO"^ quando hidratado e apresenta boa

    resistncia qumica.

    Para a confeco final do MEA (Membrane Electrolyte Assembly) deposita-

    se sobre a membrana de Nation um material condutor eletrnico, geralmente

    negro de fumo (ou Carbon Black), contendo nanopart culas de platina dispersas.

  • 18

    A platina o eletrocatal isador de escolha das reaes, enquanto o negro de fumo

    fornece o meio condutor eletrnico. Os eletrodos so porosos e portanto tambm

    chamados de eletrodos de difuso gasosa.

    Um avano tecnolgico importante foi a impregnao da camada cataltica

    com soluo de Nafion. Isto possibil i tou a reduo da carga de Pt necessria

    para o mesmo desempenho, diminuindo-a de vrios gramas para fraes de mg

    por cm^. O custo da clula deixou ento de ser determinado pela quant idade de

    Pt.

    As principais caracterst icas deste tipo de clula a combust ivel so:

    i) a clula que tem maiores densidades de potncia e a menor relao

    peso/volume, o que a habilita para aplicaes mveis.

    ii) o gerenciamento do eletrlito mais simples, porm o da gua mais

    compl icado;

    iii) fcil l iga/desliga;

    iv) robustas;

    v) t rabalham a baixa temperatura (de 80 a 90C).

    vi) sensveis a 0 0 .

    Na prtica o hidrognio normalmente est contaminado com CO,

    proveniente da reforma de combustveis primrios como gasol ina, gs natural ou

    um lcool. Durante a operao da clula, o CO entra e m contato com a Pt e ali se

    adsorve qumicamente devido alta entalpia de adsoro do CO em platina. A

    reao a seguinte [LIN 02]:

    y P t + C O ^ Pty-CO (3-6)

    onde y pode valer 1 ou 2

    Esse procedimento leva a um recobrimento quase total da superf icie

    catalt ica da Pt, d iminuindo ou anulando o rendimento da clula. Este fato

    chamado de envenenamento do catalisador. H outro problema associado a este,

    que o fato de a dessoro do CO da superf icie da platina ocorrer muito

    lentamente. Por isso necessrio remov-lo por oxidao, dado que CO2 se

  • 19

    desprende faci lmente da platina, l iberando-a para a oxidao do t i idrognio. H

    basicamente trs maneiras de se obter essa oxidao [WEN 00]:

    i - Pela at ivao da gua

    A ativao da gua dada pela reao 3-7, cujos produtos reagem com o

    CO adsorvido segundo a reao 3-8.

    Pt + H2O ^ Pt-OH + H * + e " E = 7 0 0 m V v s . NHE (3-7)

    Pt-OH + Pty-CO ^ ( y+1 )P t + C O 2 + H ^ + e (3-8)

    O CO2 libera a platina para a oxidao de hidrognio. Entretanto a at ivao

    da gua ocorre em propores considerveis somente a potenciais acima de

    700 mV vs. NHE. Por isso necessrio um potencial de anodo da mesma

    grandeza para se conseguir a ltima reao acima (8). Este fato reduziria

    drast icamente o potencial oferecido pela clula e, portanto, o seu rendimento.

    ii - Pela introduo direta de oxignio

    Adiciona-se um pouco de oxignio ao gs do anodo, processo tambm

    chamado de "air-bleed". Este procedimento gera um envenenamento bastante

    menor do catal isador. Porm gera tambm uma oxidao cataltica heterognea

    de parte de hidrognio no anodo. A oxidao heterognea causa uma perda de

    parte do combustvel (indesejvel) e conseqente reduo do potencial da clula.

    iii - Pela introduo de co-catal isadores

    Os co-catal isadores na vizinhana da platina reagem com a gua formando

    espcies contendo oxignio que por sua vez reagiro com o CO adsorvido na

    platina (Pty-CO) produzindo CO2, a potenciais abaixo de 700 mV vs. NHE. Um

    exemplo de um bom co-catal isador o rutnio, segundo as reaes:

    Ru + H2O RuOH + H^ + e" (3-9)

    Ru + H2O RuO + 2H^ + 2 e " (3-10)

    Pt-CO + RuO Pt + R u + CO2 (3-11)

  • 20

    3.1.1.1.1 Clula a combustvel a metanol direto

    DMFC (Direct l\/lethanol Fuel Cell) a clula que oxida metanol

    d i re tamente no nodo [LIN 02, VIE 03]. A construo da clula similar PEMFC

    e o metanol pode ser al imentado nas formas lquida ou vapor. O metanol

    adsorvido na superfcie cataltica e segue-se uma srie de reaes de

    de idrogenao do metanol , que leva adsoro dissociativa do metanol formando

    Pty-CO. Ou seja, medida que a DMFC opera, ocorre tambm um

    envenenamento do catalisador. Este processo faz com que o potencial disponvel

    d iminua rapidamente e que a clula pare de funcionar.

    Para resolver este problema so sugeridas a lgumas alternativas como

    elevar a temperatura de operao da clula, o que excluiria o Nafion como

    eletrlito; uso de novos sistemas de catal isadores e reforma externa do metanol.

    Em relao PEMFC a DMFC tem ainda como desvantagens o potencial

    de equilbrio inicial de 0,7 V que mais baixo que na al imentao com hidrognio

    (1,23 V) e a membrana de Nafion permevel ao metanol . Uma outra alternativa

    para o caso de reforma externa do metanol seria o uso de etanol como

    combust vel pr imrio, pois em relao ao metanol o etanol menos txico, mais

    barato e uma fonte renovvel. Porm o etanol requer mais energia para sua

    reforma [ W E N 02].

    3.1.1.2 Clula a combustvel de cido fosfrico

    PAFC (Phosforic Acid Fuel Cell) a clula que usa cido fosfrico como

    eletrlito [LIN 02, VIE 03]. Os eletrodos so de di fuso gasosa da mesma forma

    como na PEMFC. Nas FIG. 3 e 4 esto mostrados um esquema de construo e

    medidas de urna unidade geradora de 200 k W baseada em PAFC.

    Na FIG. 3 tem-se que o conversor (1) responsvel pela t ransformao da

    corrente contnua produzida pelas clulas a combustvel em corrente alternada. O

    reformador de combustvel (2) fornece uma mistura gasosa rica em hidrognio

    para o empi lhamento (3) de clulas a combustvel . Note-se na FIG. 3 que o gs

    natural no fornecido diretamente ao mdulo, mas sim ao reformador.

    As principais caractersticas das clulas PAFC so a eficincia eltrica real

    de aprox imadamente 42 %, apl icao pr imordialmente estacionaria, maior

    desenvolv imento tecnolgico, potncia eltrica de aprox imadamente 200 kW,

  • 21

    Energia eletnca

    G natural

    FIGURA 3 - Esquema da montagem de um sistema de clulas a

    combustvel tipo PAFC a gs natural.

    Fonte: [LIN 02]

    P C 2 5 C PC25A 1 8 t 27 t

    3,5 m

    F IGURA 4 - Medidas usuais de uma unidade de PAFC de 200kW

    Fonte: [LIN 02]

  • 22

    potncia trmica de aprox imadamente 200 kW, operao simples, sem

    interferncia humana (possvel a distncia), o combustvel geralmente o gs

    natural reformado, t rabalham a mdia temperatura (aproximadamente 200C),

    so insensveis a CO at 1 %, foram o primeiro t ipo de clula a combustvel a ser

    comercial izado e algumas empresas fabncantes so Fuji no Japo e UTC Fuel

    Celi (antiga IFC) nos EUA [WEN 02]. Na FIG 4. pode ser observado o progresso

    tecnolgico conseguido entre o modelo antigo (A) e o atual (C) da unidade PC25

    da UTC. Observa-se, para uma mesma potncia, reduo do peso total de 27 t

    para 18 t e reduo de todas as medidas. Este modelo j tem mais de 200

    unidades vendidas no mundo todo.

    3.1.1.3 Clula a combustvel de carbonatos fundidos

    MCFC {Molten Carbonates Fuel Celi) a clula cujo eletrlito utiliza

    carbonatos fundidos [LIN 02, V IE 03]. Seu eletrlito composto por uma matriz de

    LAIO2 em p e uma mistura de carbonatos fundidos no estado lquido. Procura-se

    operar a clula no ponto eutt ico da mistura de carbonatos. As misturas de

    carbonatos mais comuns so L2O3 ou K2CO3 que tem o ponto euttico entre

    488C e 498C e L2CO3 ou Na2C03 que menos voltil e mais condutora, porm

    com ponto euttico mais alto [ W E N 00]. Quanto aos materiais de eletrodo tem-se:

    i) Anodo : Ni com Al de 5% a 15% em massa e tambm Ni com Cr de 5% a 10%

    em massa, sinterizados e endurecidos.

    ii) Catodo: Atmosfera oxidante de NiO dopado com Li - NiO(Li) - , em porosidades

    de 7 0 % a 7 5 % e espessuras de 0,6 a 0,9 m m . Nessas condies, esse material

    se aproxima a um semi condutor de 10 Q.cm"^ de condut iv idade especf ica. A

    reao inicial no catodo a seguinte:

    Ni + I/2O2 ^ NiO(Li) (3-12)

    O produto se forma, ento, e m part iculas de 100 nm, gerando aglomerados com

    dimetros de 3 a 5 i^m.

    Na FIG. 5 est mostrado um esquema de conjunto gerador baseado em

    empi lhamento de MCFC. Outras caracterst icas das clulas tipo MCFC so a

    e levada eficincia terica mx ima, apl icao exclusivamente estacionria, a

  • 23

    polarizao por ativao tende a zero, pois o processo ativado termicamente,

    tendncia de unidades de 200 a 300 kW de potncia, o ion trocado o COs^" ,

    possibilidade de utilizao de gs natural como combustvel direto, trabalham a

    alta temperatura (aprox. 600C), so insensveis a CO, possuem testes de campo

    j realizados com sucesso, tm capacidade de co-gerao, produzindo

    eletricidade e calor de processo e seus eletrodos so base de Ni ou Cu,

    dispensando o uso de metais nobres.

    Ven t i l ado res

    C a m a r a d e mistura p a r a ar e g s do a n o d o e c a t o d o

    Estante e l t r ica p a r a cont ro le e inverso de corrente

    Ven t i l ao

    Reg is t rador e ltr ico para iniciar o p r o c e s s o

    Combust ve l l impo

    En t rada d e ar

    Ent rada d e ar

    S a i d a de ar

    Sa da de ar

    Combust ve l A g u o

    FIGURA 5 - Esquema de unidade geradora baseada em MCFC

    Fonte: [LIN 02]

    As principais desvantagens deste tipo de clula a combustvel so os

    problemas de materiais a altas temperaturas, tais como compatibilidade entre os

    mesmos, corroso e expanso trmica. Uma forma de reduzir esses problemas

    a introduo de Al ou Cr no anodo para inibir a ps-sinterizao do Ni, que reduz

    a rea ativa do eletrodo. Adiciona-se AI2O3 ou Cr203 em particulas da ordem de

    |im [WEN 02]. Outra desvantagem a necessidade de recirculao de CO2 para

    manter a concentrao de ons carbonato no eletrlito.

  • 24

    3.1.1.4 Clula a combustvel de xidos slidos

    SOFC (Solid Oxid Fuel Celi) a clula combustvel que usa um eletrlito

    cermico slido [LIN 02, V IE 03]. O eletrlito da SOFC formado por Zircnia

    (xido de zircnio) estabil izada com tria - em ingls: Ytrium Stabilized Zirconia, ou

    YSZ - numa membrana de 50 a 150 ^ m de espessura. Essa membrana

    fabr icada, entre outros processos, por Slurry Casting ou Slip Casting, mas a

    tcnica mais comum ECVD - Electrochemical Vapor Deposition.

    Os eletrodos das SOFC tambm so sl idos. Os materiais que se util izam

    para sua confeco no estado da arte atual so:

    i) Anodo : Cermet f inamente disperso de YSZ (de 0,1 a 1,0 jxm) e Ni (de 5 a

    10 \xm). A reao andica ocorre na superfcie l imitante de NiA'SZ. A espessura

    total do nodo de aproximadamente 10 \xm.

    ii) Catodo: fabricado geralmente por Slurry Cast ing e posterior sinterizao de

    xidos mistos do tipo La(Sr)xMn03+x Deve ser poroso, ter espessura de 200 \xm

    e boa mobi l idade para O^" associada a condut iv idade eletrnica moderada. Esta

    lt ima limita a espessura de fi lmes f inos, min imizando a resistividade lateral.

    A seguir esto expostas as principais caracterst icas do interconector de

    uma SOFC. Geralmente composto por cromito de lantnio (LaCrOs) disposto em

    plasma spray. Este material estvel contra ataque oxidativo e redutivo no

    potencial da clula e elevada temperatura de operao. O problema centra-se

    na alta volati l idade do Cr, que contamina a Zircnia. A Siemens-West inghouse

    min imizou este problema, construindo a clula em forma tubular e fazendo a

    l igao de corrente em Ni.

    Outras caractersticas deste t ipo de clula a combustvel so a alta

    temperatura de trabalho (de 800 a 1000C), a alta eficincia terica mxima,

    apl icao exclusivamente estacionria, a polar izao por at ivao tende a zero,

    pois o processo ativado termicamente, o Ion conduzido no eletrlito o O^", h

    possibi l idade de uso de vrios combustveis pr imrios, so insensveis a CO e

    CO2, a reforma do combustvel pnmrio ocorre parcialmente na prpria clula e

    tem considervel capacidade de co-gerao de eletr icidade e de calor de

    processo [WEN 02].

    Ass im como a MCFC, a SOFC tem como principal desvantagem os

    prob lemas de materiais. Esses problemas so a compat ibi l idade entre os diversos

    cowss

  • 25

    materiais e a resistncia dos materiais alta temperatura de trabalho e em

    atmosferas oxidantes e redutoras. A tendncia atual a de desenvolver novos

    materiais para abaixar a temperatura de operao, sem comprometer o

    desempenho. Da mesma forma esto em estudo atualmente trs diferentes

    conf iguraes, conforme segue:

    i - Planar quadrada

    composta de 4 janelas de 20 x 20 cm de ao inox especial como suporte

    de 4 e lementos de eletrodo, com uma vedao de vidro especial , cuja

    compos io segredo. Usam-se placas bipolares de ao inox de alto cromo e

    terras raras, que a judam no coeficiente de expanso [LIN 02].

    H problemas de vedao e de interconectores e a S iemens era a empresa

    que estava mais avanada neste desenvolvimento, com unidades de 10 k W at

    1996. Hoje a Siemens faz scaling-up at algumas centenas de k W [LIN 02].

    ii - Planar circular

    simples e eficiente pois sua forma a de um trocador de calor. O ar

    a l imentado radialmente sendo aquecido pela troca de calor com o gs do nodo

    que sai radialmente.

    O combustvel al imentado pelo centro e flui para fora tambm

    radialmente, que imando com o ar residual. Isso gera calor residual que usado

    para pr-aquecer o ar fresco. H 8 anos a empresa Sua Suizer fabrica unidades

    de 1 k W ao custo de US$ 5.000,00 por kW. Na FIG. 6 est i lustrada a

    conf igurao planar circular da clula tipo SOFC.

    iii - Tubular

    Foi concebida na dcada de 1970 pela West inghouse, que mais tarde uniu-

    se Siemens. Hoje essa empresa chama-se S iemens-West inghouse. A clula

    montada sobre o manto externo de um tubo poroso de suporte, onde deposi tada

    uma camada porosa delgada do catodo de La,Sr-Mn03. Um dos extremos do tubo

    fechado. Sobre a citada camada forma-se uma membrana f ina de zircnia e

    deposi tada uma camada de uma mistura composta de xido de nquel e zircnia

    f inamente dispersa, que reduzida pelo gs do anodo durante a operao a

  • 26

    Cermet de Ni/Zr02 no anodo. Na FIG. 7 est mostrado um esquema de

    construo e funcionamento de um tubo deste tipo de SOFC.

    Disco bipolar

    Catodo

    Eletrlito

    Anodo

    Disco bipolar

    FIGURA 6 - Configurao planar circular unitria de SOFC

    Fonte: [LIN 02]

    O anodo e a membrana so interrompidos ao longo do comprimento dos

    tubos numa faixa para a introduo do interconector de cromito de lantnio

    sinterizado e no poroso, que se sobrepe ao catodo nessa faixa. Esse material

    do interconector um bom condutor eletrnico e estvel tanto sob a atmosfera

    redutora do anodo como a oxidante do catodo. Esse interconector tem a funo

    da placa bipolar nas outras configuraes, efetuando a ligao eltrica do catodo

    de uma clula tubular com o anodo da clula seguinte atravs de um filme de

    nquel deformvel plasticamente. A conexo das clulas tubulares pelo contato de

    niquel pode dar-se em srie ou em paralelo.

    Os tubos possuem dimetro de 3 cm e comprimento de 1 m. Espera-se

    poder ctiegar a uma eficincia total de 70% acoplando a clula a uma turbina a

    gs, para aproveitamento dos gases de saida, alm da cogerao de calor. Na

    FIG. 8 est mostrado um esquema da construo e funcionamento de um

    conjunto de SOFC tubular.

  • 27

    Interconector do catodo

    Eletrlito

    Catodo

    Fluxo de ar

    Exausto 850"C

    Ar de processo 630"C

    Anodo

    Gs natural

    Cmara de combusto

    Recirculao do combustvel

    Mdulo a 1000"C

    Ejetor de combustvel

    Reformador

    Pr-reformador

    FIGURA 7 - Construo e funcionamento de um tubo de SOFC tubular

    Fonte: [LIN 02]

    FIGURA 8 - Construo e funcionamento de um conjunto de SOFC tubular Fonte: [LIN 02]

  • 28

    Os principais problemas deste tipo de clulas tambm se relacionam com

    materiais devido elevada temperatura de operao: degradao do

    interconector, reaes interfaciais, sinterizao dos dois eletrodos e segregao

    de impurezas na superfcie.

    3.1.1.5 - Clula a combustvel alcalina

    AFC {Alcaline Fuel Celf) a clula combustvel cujo eletrlito composto

    de KOH em fase aquosa e o ion transportado o OH" [LIN 02, VIE 03], Os

    eletrodos so de difuso gasosa e os gases de al imentao devem ser puros. Foi

    desenvolvida por Bacon em 1932. Em 1952 ele construiu uma clula de 5 kW

    usando Ni no eletrlito com 30 % de KOH presso de 50 atm e temperatura de

    200C.

    Hoje usam-se metais nobres, 30 % a 45 % de KOH e opera-se a 60-80C e

    1-2 atm. Esta clula havia sido abandonada no f im da dcada de 70, porm hoje

    h uma retomada de seu desenvolvimento visando a gerao distribuda [LIN 02].

    Caratersticas principais:

    i) Operao em meio bsico sendo que CO e CO2 tem carter cido, portanto a

    presena destes elementos, mesmo em pequenas quant idades (quando da

    reforma de combustveis primrios), provoca sua reao com os ons OH '

    transportados pelo eletrlito, segundo a reao 3-13.

    CO2 + 2 0 H - ^ COs^" + H2O (3-13)

    O COa^" deposita-se nos eletrodos porosos inutil izando a clula. Ou seja,

    este tipo de clula muito sensvel a CO e CO2, fato que exige a al imentao de

    gases puros. Uma alternativa reforma de hidrocarbonetos como combustveis

    primrios a reforma da amnia (NH3) ou da hidrazina (N2H2), pois estas no

    geram CO e CO2 residuais.

    ii) Outro problema desta clula a formao de gua no eletrlito devido reao

    dos gases de al imentao com os ons OH' . Este fato requer que se remova a

    gua excedente do eletrlito, porm mantendo o KOH. H duas formas mais

    comuns de se conseguir essa remoo: eletrlito circulante e eletrlito esttico.

  • 29

    Uma apl icao interessante da clula a combustvel alcalina deu-se no

    programa espacial americano (Projeto Apol lo), que usava gases ultra puros.

    Outras apl icaes incluem gerao estacionria, usando gases ultra puros ou

    NH3, uti l izao mvel, devido alta eficincia e densidade de potncia de

    100 kW/kg, caso em que a General Motors j tem projetos de automveis com

    AFC, a lm de apl icaes portteis. Seus custos aproximados na atual idade so

    da ordem de US$ 500,00 por kW para apl icaes portteis e de US$ 2.000,00 a

    US$ 3.000,00 por k W em apl icaes estacionrias [LIN 02].

    3.1.2 Desafios

    Atualmente existem alguns campos onde h possibi l idade de melhorias

    para todos os t ipos de clulas a combust ivel . A lguns exemplos so a reduo de

    sua relao peso por kW, o desenvolvimento de materiais alternativos, a

    melhoria de seu desempenho e estabil idade ao longo do tempo, a simplif icao

    de perifricos, a produo em srie e o aumento da confiabi l idade.

  • 3.2 Custos

    As clulas a combustvel tm um potencial de mercado bastante grande.

    Este fato est demonstrado em vrios estudos onde se destacam sua alta

    eficincia energtica, construo modular, resposta de carga rpida, baixa

    emisso e capacidade de cogerao. Entretanto a extenso da penetrao de

    mercado pelos sistemas de clulas a combustvel depende muito de seu custo.

    Dado que a tecnologia de clulas a combustvel ainda objeto de intensa

    pesquisa e desenvolvimento, os custos iniciais ainda so altos. Este um

    fenmeno natural em novas tecnologias. Mas devem ser esperadas redues de

    custo de capital signif icativas quando forem levados em considerao as

    amort izaes, o aumento do nmero de pedidos, as redues de gasto com mo

    de obra e de custo de materiais como tambm os efeitos de aprendizado da

    produo em massa. A lm disso a tecnologia de clulas a combustvel j

    despertou o interesse de muitos pesquisadores e de usurios potenciais no

    mercado de energia, como as distribuidoras de energia eltrica e de gs, o que

    indica ser possvel que a reduo do custo de capital produza custos aceitveis

    de energia eltrica.

    Conforme exposto na seo 3 .1 , so necessrios pelo menos dois

    equipamentos adicionais - o reformador do combustvel e o inversor de corrente -

    para que os sistemas baseados em clulas a combustvel possam usar a maioria

    dos combustveis existentes e integrar-se ao sistema eltrico atual. Portanto

    apenas a anlise do custo do empi lhamento (mdulo) de clulas a combust ivel

    no suficiente para comparar esses sistemas com seus concorrentes. Por isso

    foram levantados na literatura os custos de unidades geradoras completas

    baseadas em PEMFC, PAFC, MCFC e SOFC [MUG 93].

    3.2.1 - Estimativas de custo de instalao e de reduo de custos

    Os trs principais equipamentos dos sistemas de gerao baseados em

    clulas a combustvel so o empi lhamento de clulas, o processador do

    combustvel e o conversor de corrente. Supondo que tais equipamentos faam

    parte de projetos ot imizados e integrados de gerao ou cogerao de energia,

    seus custos podem ser levantados por meio da combinao de cotaes dos

  • 31

    fabr icantes, tcnicas de estimativa de custos usadas em empresas de engenl iar ia

    e informaes de bases de dados. Os custos da tubulao, instrumentao e

    outros e lementos construtivos podem ser obtidos por meio dos prprios projetos.

    A sistemtica de levantamento de custos considerada no estudo de

    Mugerwa est ima o custo dos sistemas de clulas a combustvel em funo do

    aumento do nmero de unidades produzidas [MUG 93]. Essa sistemtica tambm

    admite a hiptese de que quanto maior a potncia de um sistema de clulas a

    combustvel , menor o nmero de unidades produzidas. O nmero de unidades

    fabr icadas , obviamente, uma funo do tamanho do sistema. Dessa formia, por

    exemplo, para os sistemas de 25 kW, considera-se que o volume de produo

    poder atingir at 2.000 unidades num cenrio de fabr icao robotizado.

    Entretanto na faixa de potncia de 100 M W , o volume de fabricao vai apenas

    at 20 unidades.

    Na TAB. 3 est detalhado o nmero est imado de unidades a serem

    produzidas para diferentes capacidades dos sistemas de clulas a combustvel,

    segundo Mugerwa [MUG 93]. Na TAB. 3 est refletida a expectativa de que o

    mercado de gerao local (25 e 250 kW) ser pelo menos 50 M W por ano durante

    os estgios avanados de comercial izao, bem como a de que o mercado

    correspondente para os sistemas industriais ser de aprox imadamente 2000 M W

    ao ano [HOO 93].

    TABELA 3 - Nmero de unidades produzidas

    Capacidade (kW) PU PS PPV PGV PR

    5 - 50 100 1.000 10.000

    25 - 5 20 200 2.000

    250 - 5 20 200 -

    3.250 - 5 20 100

    100.000 1 5 20 - -Notas: 1) Primeira unidade - PU 2) Primeiras produes em srie - PS 3) Produo de pequeno volume - PPV 4) Produo de grande volume - PGV 5) Produo robotizada - PR

  • Do ponto de vista de urna empresa de engenharia de projetos, os sistemas

    de clulas a combustvel podem ser considerados como plantas de produo de

    hidrognio (ou gs de sntese) integradas com sistemas de clulas a combustvel

    e de inversor de corrente eltrica, com equipamentos suplementares que incluem,

    entre outros, estao de tratamento de gua, unidades de gs inerte e de ar

    instrumental [MUG 03].

    A estao de produo de hidrognio constituda por componentes bem

    conhecidos e uma tecnologia muito madura quanto confiabi l idade e

    segurana, devido sua util izao em larga escala nas refinarias e na indstria

    petroqumica. O empi lhamento (mdulo) de clulas a combustvel o elemento do

    sistema que mais precisa de desenvolv imento tcnico atualmente.

    Conseqentemente, os preos do empi lhamento de clulas a combustvel so

    muito dependentes da reduo de custo indicada pela curva de aprendizado, fato

    que ter grande impacto no preo total do sistema durante os estgios iniciais de

    comercial izao. A lm disso os diversos t ipos de clulas a combustvel

    encontram-se em diferentes etapas de pesquisa, desenvolv imento, pr-produo

    e produo, o que dificulta a comparao razovel de preos. Por isso adotaram-

    se os seguintes procedimentos para simplif icar o estudo [MUG 93]:

    A) Os preos do empi lhamento de clulas a combustvel e do inversor esto

    baseados na literatura e em informaes dos fabricantes sobre objetivos de preo

    para diferentes sries e representam valores consensuais para tais objetivos de

    preos. Eles tendem a ser otimistas no que se refere aos preos atuais e s

    expectat ivas de curto prazo.

    B) O restante dos sistemas foi custeado usando-se mtodos comprovados e

    largamente uti l izados em engenharia e que tem um razovel grau de preciso,

    com 30 % sobre base absoluta ou 5 % a 10 % sobre base relativa, quando

    comparando projetos diferentes de sistemas de gerao baseados em clulas a

    combustvel .

    As est imativas de custos do empi lhamento de clulas a combustvel para

    os diferentes vo lumes de produo esto mostrados na TAB. 4. Nessa tabela est

    implcita a hiptese de que os fabricantes de clulas a combustvel produziro

    var iadas gamas de potncia. O custo do empi lhamento para clulas em fase de

  • desenvolv imento geralmente mais alto que o indicado, mas espera-se

    considervel reduo desses valores com a produo em larga escala [MUG 93].

    TABELA 4 - Estimativas de custos do empi lhamento {US$ por kW)

    Tipo Capacidade

    (kW)

    PU PS PPV PGV PR

    PEMFC 25 - 1.800 1.000 600 250

    100 - 1.500 800 400 -

    PAFC 25 - 1.000 500 350 200

    250 - 750 350 250 -

    SOFC 5 - 2.500 1.800 1.000 420

    250 3.600 2800 1.700 900 -

    MCFC 25 - 900 400 250 150

    250 - 650 250 150 -

    1.000 350 150 100

    Fontes: [COL 03, COS 03, GRI 02, MUG 93, PEH 03, SIS 03]

    Na TAB. 5 esto detalhadas as estimativas de custos dos sistemas de

    inverso de corrente para uso nos diferentes sistemas de clulas a combustvel

    segundo o nmero de unidades produzidas, onde se percebe que podem ser

    esperadas redues de custo signif icativas [MUG 93].

    TABELA 5 - Estimativas de custos do inversor AC/DC (US$/kW)

    Quant idade Capacidade (kW)

    (unidades) 25 250 3.200 10.000

    5 850 450 175 100

    50 500 325 125 85

    500 400 250 100

    Fonte: [MUG 93]

    Na TAB. 6 esto expostas estimativas do nmero de horas de engenharia

    gera lmente necessrias para o projeto, construo e partida dos diferentes

    s is temas baseados em clulas a combustvel , de acordo com a potncia instalada

    e a escala de produo [MUG 93].

  • 34

    TABELA 6 - Estimativas de horas de engenharia

    Capacidade

    (l

  • 35

    custos so apl icados a cada s istema em questo e geram tabelas de custo desde

    a primeira unidade at a produo robotizada, conforme o caso. Na TAB. 7 esto

    expostos os resultados correspondentes a um sistema de clulas tipo PAFC. Este

    tipo foi escoi lhido por ser o que tem maior penetrao comercial na atual idade.

    T A B E L A 7 - Detalhamento dos custos de uma unidade geradora baseada

    em PAFC de 250 kW em US$

    PS PPV PGV

    Material Constr. Material Constr. Material Constr.

    Reformador 184.750 13.000 140.400 11.700 98.350 10.400

    CC stack 187.500 13.000 87.500 11.700 62.500 10.400

    Tubulao 52.500 75.000 42.000 54.190 31.500 31.500

    Instrumentos 149.750 38.500 89.775 27.800 55.800 16.150

    Inversor 112.500 7.875 81.250 5.690 62.500 4.375

    Isolamento 40.000 44.500 36.000 32.150 30.000 18.700

    eltrico

    Engenharia - 227.500 - 32.150 - 5.200

    Subtotal 727.000 419.375 476.925 175.730 340.650 96.725

    Soma de 1.146.375 652.655 437.375

    subtotals

    Lucro e 114.640 32.635 8.750

    comisses

    TOTAL 1.261.015 685.290 446.125

    Custo por k W 4.490 2.440 1.590

    instalado

    Fonte: [MUG 93] Nota: A categoria "Engenharia" corresponde ao valor que as empresas de engenharia geralmente cobram para projetar e instalar s istemas de gerao de energia eltrica do porte de que trata esta seo.

    Na TAB . 7 est indicado um exemplo dos clculos propostos por Mugerwa

    [MUG 93] para a estimativa dos custos de unidades geradoras baseadas em

    clulas a combustvel . Nessa tabela percebe-se que os custos de instalao

    decrescem acentuadamente com o aumento do volume de produo. No modelo

  • 36

    de custos considerado, a TAB. 7 foi gerada com abstraes e interpolaes de

    est imativas de custos mais detalhadas dentro de cada categoria indicada.

    Na TAB. 8 esto mostrados os valores est imados dos custos finais de

    instalao para alguns dos sistemas indicados na TAB. 4 , conforme o volume de

    produo [MUG 93]. Os valores expostos na TAB. 8 foram est imados pela

    repetio dos clculos exempli f icados na TAB. 7. Na TAB. 8 pode-se perceber

    que a potncia e o tipo de clula a combustvel determinam em grande medida o

    custo final do sistema. Na sistemtica de clculo proposta todos os projetos foram

    ot imizados e portanto tem diferentes vazes, presses, temperaturas e processos

    de controle [MUG 93].

    TABELA 8 - Estimativas de custos de instalao de unidades geradoras

    baseadas em clulas a combustvel (US$ por kW)

    Tipo Capacidade

    (kW)

    PU PS PPV PGV PR

    PEMFC 25 14.108 8.720 5.330 3.100 1.815

    100 16.554 10.900 4.590 2.370 -

    PAFC 25 - 22.415 9.095 3.295 1.300

    250 8.860 4.550 2.435 1.580 -

    SOFC 5 - 32.390 15.840 6.780 2.505

    250 18.380 8.860 3.720 1.900 -

    MCFC 25 - 23.460 9.696 3.465 1.355

    250 - 4.820 2.670 1.740 -

    Fonte: [MUG 93]

    importante notar que o empi lhamento de clulas a combustvel no o

    pnncipal componente de custo pois, e m vrios casos, seu valor

    aprox imadamente um tero do custo total (Vide TAB. 7). Os principais

    componentes de custo dos sistemas de gerao de energia eltrica baseados em

    clulas a combustvel so o reformador de combustvel , o inversor de corrente e

    os demais equipamentos para equilbrio e operao da unidade. Este fato est

    comprovado na literatura [MUG 93, PEH 03].

  • 37

    interessante notar que os custos dos sistemas de gerao baseados em clulas

    a combustvel so favorveis tambm aos aspectos ambientais. Isto , a

    tecnologia das clulas a combustvel provoca descargas pequenas no meio

    ambiente e mantm a eficincia de converso energtica se comparada s suas

    tecnologias concorrentes.

  • ^8

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 Estudo da matriz energtica brasileira

    O Brasil um pas com grandes possibil idades energt icas. Alguns

    exemplos disso so: grande parte de toda a gua doce do mundo est em

    territrio brasileiro consti tuindo um importante potencial hidrulico; h reservas de

    petrleo, urnio, trio e gs natural; o cl ima favorece as energias solar, el ica e a

    produo de b iomassa. Entretanto necessrio medir e parametr izar essas

    possibi l idades para viabilizar o desenvolv imento sustentvel, pois este impe

    restries ambientais severas que podem afetar o uso de determinados tipos de

    energia.

    Este captulo faz uma abordagem da matriz energtica brasileira levando

    em considerao as fontes primrias, o grau de dependncia externa e as

    reservas de diferentes energt icos. Inicialmente apresentada uma

    caracterizao dos diferentes energt icos e suas relaes dentro da matriz. Em

    seguida apresentada a matriz completa, onde se incluem as fontes capazes de

    produzir gs hidrognio para ser usado como combustvel em sistemas de clulas

    a combustvel .

    4.1.1 Recursos energticos primrios no Brasil

    Entende-se por fonte primria de energia, ou energtico primrio, um

    material em seu estado natural ou a lguma propriedade encontrada na natureza

    capaz de fornecer energia. A lgumas fontes primrias precisam passar por

    processos de t ransformao, como o petrleo que precisa ser ref inado ou a

    energia hidrulica cujo aprovei tamento requer a instalao de turbinas em cursos

    d'gua. Tambm h fontes pr imrias que podem ser usadas sem qualquer

    t ransformao, como o gs natural.

    As fontes primrias podem ser divididas em renovveis ou no renovveis.

    As renovveis so aquelas que podem ser obtidas cont inuamente ao longo do

    tempo. Um exemplo so os produtos da cana de acar, que podem ser sempre

  • 39

    produzidos, enquanto haja esse cultivo. Os energt icos no renovveis so

    aqueles cujo uso depende das reservas existentes. Um exemplo de energt ico

    no renovvel o petrleo.

    4.1.1.1 Recursos energticos primrios no renovveis

    i) Petrleo

    O petrleo uma substncia oleosa, inf lamvel, menos densa que a gua,

    com cheiro caracterstico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro.

    Embora objeto de muitas discusses no passado, hoje tem-se como certa a sua

    or igem orgnica [PET 03], sendo uma combinao de molculas de carbono e

    hidrognio. Admite-se que esta or igem esteja l igada decomposio dos seres

    que compem o plancton. Estes seres decompostos foram, ao longo de milhes

    de anos, acumulando-se no fundo dos mares e dos lagos, sendo pressionados

    pelos movimentos da crosta terrestre e t ransformaram-se na substncia oleosa

    que o petrleo.

    A histria do petrleo no Brasil pode ser resumida da seguinte forma: at

    1938 as exploraes exist iam exclusivamente sob o regime da livre iniciativa.

    Neste perodo, a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no

    Municpio de Bofete, Estado de So Paulo, por Eugnio Ferreira Camargo

    [PET 03]. Em 1938 o Governo promoveu a nacional izao das riquezas do nosso

    subsolo e criou o Conselho Nacional do Petrleo. O Governo do Presidente

    Getl io Vargas estabeleceu o monopl io estatal e, a 3 de outubro de 1953,

    promulgou a Lei 2004, criando a Petrobrs.

    A produo brasileira de petrleo foi de cerca de um milho e 300 mil barris

    por dia no ano 2000 [APB 03]. Aprox imadamente 61 % desse total so produzidos

    por meio de plataformas mart imas fixas e f lutuantes. No mar, a Petrobrs extrai

    petrleo no litoral dos estados do Cear, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe,

    Bahia, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo e Paran. Em terra, os estados

    produtores so Amazonas, Cear, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia

    e Esprito Santo [APB 03]. A regio de maior produo de petrleo no Brasil a

    Bacia de Campos no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Setenta e oito por cento

    da produo brasileira de petrleo extrada hoje de seus 38 campos em

  • 40

    atividade de um total de 44 campos j descobertos, que somam reservas totais de

    cerca de 12 bi lhes de barris de petrleo [APB 03].

    i) Gs natural

    O gs natural um combust ivel fssil, encontrado e m rochas porosas no

    subsolo, podendo estar associado ou no ao petrleo. As maiores reservas de

    gs natural do mundo esto localizadas na Rssia, Arbia Saudita e Estados

    Unidos [AND 02].

    Sua formao resulta de matrias orgnicas soterradas em grandes

    profundidades devido ao processo de acomodao da crosta terrestre.

    composto por gases inorgnicos e hidrocarbonetos saturados, predominando o

    metano e, e m menores quant idades, o propano e o butano, entre outros

    [GNO 03]. No estado bruto, apresenta tambm baixos teores de contaminantes,

    como o nitrognio, o dixido de carbono, a gua e compostos de enxofre. Existem

    duas formas mais comuns de apresentao do gs natural, como segue:

    a) Gs Associado: aquele que, no reservatrio, est dissolvido no leo ou

    sob a forma de capa de gs, isto , uma camada de pequena espessura de gs

    natural sobre um reservatrio de petrleo. Neste caso, a produo de gs

    determinada diretamente pela produo de petrleo. Caso no haja condies

    econmicas para a extrao, o gs natural reinjetado na jaz ida ou queimado, a

    f im de evitar o acmulo de gases combustveis prximos aos poos de petrleo.

    b) Gs no Associado (Sigla GNA): aquele que, no reservatrio, est livre

    ou e m presena de quant idades muito pequenas de petrleo. Neste caso, s se

    justif ica comercia lmente produzir o gs e no o petrleo. As maiores ocorrncias

    de gs natural no mundo so de GNA [GNO 03].

    A produo de gs natural semelhante do petrleo, tendo que ser

    extrado de poos subterrneos. Com base nos mapas do reservatrio, definida

    a curva de produo, a infra-estrutura necessria para a extrao e os processos

    de purif icao dependendo do grau de contaminantes de cada jazida [GNC 03].

    At abril de 2003, as reservas comprovadas nacionais eram da ordem de

    219,8 bi lhes de metros cbicos, nas quais se destacavam os Estados do Rio de

    Janeiro, Rio Grande do Norte e Amazonas. A maior parte do gs existente no pas

    (80 %) estava associada a jazidas de petrleo, l imitando a extrao do produto.

  • 41

    Alm disso, as reservas da Amaznia s podero ser uti l izadas aps a construo

    dos gasodutos Urucu-Porto Velho e Coar i -Manaus, ambos em estudo pela

    Petrobrs [GNR 03].

    Para complementar a produo nacional, viabil izou-se a importao da

    Bolvia e Argent ina. Os gasodutos Bolvia-Brasil e Uruguaiana-Porto Alegre

    devero abastecer mais de 150 municpios brasileiros, atravessando os estados

    do Mato Grosso do Sul, So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a lm de

    tambm beneficiar indiretamente Rio de Janeiro e Minas Gerais [GNR 03].

    Entretanto as reservas de gs natural descobertas em abril de 2003 na

    Bacia de Santos no litoral do Estado de So Paulo ul t rapassam os 400 bilhes de

    metros cbicos [PAM 03]. Essa descoberta pode alterar profundamente a histria

    deste produto no Brasil e tem reflexos importantes da matriz energtica total num

    futuro prximo. Isto porque o acordo com a Bolvia prev a importao de 30

    milhes de metros cbicos por dia. Mas o gs descoberto em Santos est a

    apenas 130 qui lmetros do principal ent roncamento brasileiro, que o mercado

    paulista, de onde saem gasodutos para a Regio Sul, Rio de Janeiro e Minas

    Gerais.

    Com essa descoberta, So Paulo torna-se a maior reserva de gs natural

    brasileira, enquanto o Rio de Janeiro mantm o posto de maior produtor de

    petrleo. As reservas de gs da Bacia de Campos, no litoral f luminense, eram

    pouco superiores a 100 bilhes de metros cbicos no f inal de 2002. Mas se trata

    de gs associado ao petrleo, que depende diretamente da produo do leo

    para ser extrado. Isso impede que a vazo dos poos seja regulada de acordo

    com as necessidades do mercado [PAM 03].

    iii) Carvo mineral

    O carvo mineral - ou s implesmente carvo - um combustvel fssil

    slido formado a partir de matria orgnica de vegetais deposi tados em bacias

    sedimentares. Por ao de presso e temperatura em ambiente sem contato com

    o ar, em decorrncia de soterramento e de atividade orognica, os restos vegetais

    ao longo do tempo geolgico se sol idif icam, perdem oxignio e hidrognio e se

    enr iquecem em carbono, em um processo chamado de carbonf icao [CAR 03].

    Os diversos estgios de carbonf icao, da menor para a maior concentrao de

  • 42

    carbono, so: turfa -> sapropelito -> linhito carvo sub-betuminoso -> carvo

    betuminoso -> antracito. O estgio mnimo para a util izao industrial do carvo

    o do linhito.

    O carvo empregado no mundo todo em larga escala na gerao de

    energa e na produo de ao. No uso como energtico o carvo admite, a partir

    do linhito, toda gama possvel de qual idade. Para tanto necessrio adaptar os

    equipamentos ao carvo disponvel. Entre os recursos energticos no

    renovveis, o carvo ocupa a primeira colocao em abundancia e perspectiva de

    vida til, sendo, em longo prazo, a mais importante reserva energtica mundial ,

    conforme mostrado na TAB. 9.

    TABELA 9 - Comparao de reservas mundiais de energticos no

    renovveis

    Recurso Reservas mundiais Vida til

    (IVItce) estimada (anos)

    Carvo 726.000 219

    Petrleo 202.000 41

    Gs natural 186.000 65

    Fonte: [CAR 03] Nota: Mtce = milhes de toneladas em carvo equivalente

    O Brasil pobre em carvo mineral. H ocorrncias de linhito e carvo sub-

    betuminoso em vrios estados brasileiros, mas elas no tem relevncia

    econmica. Apenas as camadas de carvo sub-betuminoso e betuminoso do leste

    da bacia do rio Paran, nas Regies Sul e Sudeste, so significativas. A regio

    sul do estado do Rio Grande do Sul concentra as maiores reservas de carvo do

    Brasil, com 5 1 % das reservas oficiais provadas e provveis. Mas um carvo

    energt ico pobre, que no admite benef ic iamento nem transporte, tendo que ser

    util izado no estado bruto e nas proximidades da mina.

    As demais ocorrncias de carvo no Brasil so quase todas de teor

    energt ico de pobre a mdio, esto e m jazidas de camadas carbonferas f inas e

    irregulares, localizadas em sua maior parte no subsolo. Este fato demanda altos

    invest imentos em minerao, que no ser iam compensados pelo baixo poder

    energt ico do carvo obtido [CAR 03].

  • 43

    Histor icamente o governo brasileiro sempre subsidiou e incentivou a

    produo e uso do carvo nacional. Entretanto, a partir de 1990, a abertura do

    nosso mercado para o exterior e a l iberalizao da economia brasileira levaram

    ao f im do protecionismo estatal ao setor carbonfero. Em 1990 foi suspensa a

    obrigatoriedade de as siderrgicas brasileiras comprarem uma parte do carvo de

    coque (nome dado ao carvo usado para produo de ao) de Santa Catarina.

    Aps um breve perodo de transio, esse t ipo de carvo deixou de ser produzido

    no pas. Hoje h uma produo muito pequena de carvo de coque para fundio.

    Quanto ao carvo energtico, o governo brasileiro incentivou sua produo

    at meados da dcada de 1980, ainda inf luenciado pela crise mundial do petrleo.

    Mas a partir da dcada de 1990 o setor carbonfero foi totalmente l iberado, o que

    exps sua falta de competit ividade frente ao carvo importado. Como resultado, a

    produo brasileira de carvo energt ico estabi l izou-se no patamar de consumo

    do parque termeltr ico j instalado e de indstrias petroqumicas e de celulose

    prximas s minas [CAR 03].

    A nova alta nos preos do petrleo e do gs natural nos ltimos anos criou

    uma perspectiva favorvel ao mercado carbonfero internacional e tambm, em

    menor escala, ao brasileiro. Apesar de a presso ambiental ista contra o carvo

    ser cada vez mais intensa, este energt ico mantm-se inabalvel no cenrio

    mundia l . A resistncia do carvo se deve, em parte, ao grande progresso na

    tecnologia de preveno e recuperao de danos ambientais em sua minerao e

    queima e, e m parte, dif iculdade tecnolgica de os recursos limpos aumentarem

    sua part icipao na matriz energtica mundia l .

    iv) Urnio

    O elemento qumico Urnio encontra-se na natureza em rochas da crosta

    terrestre sob a forma de minrio de urnio. O minrio de urnio uma

    concentrao natural de mineral ou minerais na qual o urnio ocorre em

    propores e condies tais que permitam sua explorao econmica. A principal

    apl icao comercial do urnio a gerao de energia eltrica, na qual idade de

    combustvel para reatores nucleares de potncia. tambm utilizado na produo

    de material radioativo para uso na medicina e na agricultura.

  • 44

    Entretanto os minrios de urnio no podem ser util izados diretamente

    como combustvel nos reatores nucleares. Eles precisam ser t ransformados no

    chamado Ciclo do Combustvel Nuclear, cujas etapas so: minerao

    converso -> enr iquecimento reconverso produo de pasti lhas

    fabr icao de elementos combustveis. O produto final um composto de urnio

    capaz de ativar os reatores de potncia em usinas de gerao de energa eltrica.

    Todas as etapas do Ciclo do Combustvel Nuclear foram desenvolvidas no

    Brasil em escala laboratorial. Em julho de 2000, foi feito um acordo para

    processar no Pas o enr iquecimento industrial de urnio a mdio prazo [CCN 03].

    Em 2004 iniciam-se os primeiros testes de enr iquecimento industrial de urnio no

    Brasi l .

    Na etapa de minerao, o minrio de urnio retirado da mina e passa por

    processos de extrao. O produto obtido nesta etapa um concentrado de

    diuranato de amnia, que um composto de cor amarela, conhecido como

    "yel lowcake" [MUR 03]. Neste estudo, o concentrado de U3O8 ser considerado

    como a fonte primria de urnio, devido grande var iedade na composio dos

    minrios de urnio e tambm por ser este o material enviado ao exterior para fins

    de exportao ou de enr iquecimento.

    O Brasil possui uma das maiores reservas mundiais de urnio, o que

    permite o suprimento das necessidades domst icas em longo prazo e a oferta do

    excedente para o mercado externo [BEN 03]. Em junho de 2001 o Pas registrou a

    sexta maior reserva geolgica de urnio do mundo, contando com cerca de

    309.000 t de urnio nos Estados da Bahia, Cear, Paran e Minas Gerais, entre

    outras ocorrncias [RUB 03]. O Pas possui tambm ocorrncias uranferas

    associadas a outros minerais, como aqueles encontrados nos depsitos de

    Pit inga no Estado do Amazonas e rea de Carajs, no Estado do Par, com um

    potencial adicional est imado de 150.000 t. Entretanto os estudos de prospeco e

    pesquisas geolgicas foram realizadas em apenas 25 % do territrio nacional, o

    que coloca o Brasil numa posio vantajosa na produo de concentrado de U3O8

    [RUB 03].

  • 45

    4.1.1.2 Recursos energticos primrios renovveis

    i) Energia hidrulica

    Esta fonte primria de energia eltrica baseia-se na construo de

    barragens ou desvios de cursos d'gua, provocando (ou aumentando) a diferena

    de altura no curso natural da gua dos rios. A diferena de energia potencial

    destes desnveis pode ser convert ida e m energia eltrica. A o descer a altura

    causada pela barragem, a gua aciona turbinas acopladas a geradores de

    energia eltr ica. A barragem gera um lago artificial que funciona como um

    "resen/atrio" de energia.

    A distr ibuio de gua no mundo est na proporo de 97,5 % de gua

    salgada e 2,5 % de gua doce. Da gua doce, 76,7 % esto em geleiras, 22,1 %

    e m lenis subterrneos e apenas 1,2 % na superfcie. A energia hidrulica no

    mundo representa apenas 2,3 % do total [AND 02].

    O Brasil possui quase 20 % da gua doce do planeta e 11,1 % da

    produo hidreltr ica do mundo, com tendncia de ser o maior produtor nos

    prximos 10 anos, caso mantenha o crescimento anual de 4,41 %, superior ao

    dos Estados Unidos e Canad, maiores produtores atuais. O potencial hidrulico

    brasileiro de 260 GW, mas apenas 24 % so aproveitados. Dos 76 % no

    aproveitados, 52 % correspondem regio amaznica [TID 03].

    O baixo aprovei tamento do potencial hidrulico brasileiro (24 %) faz pensar

    em aumentar os investimentos nessa rea. Mas a energia hidrulica supre 79 %

    do consumo nacional de eletr icidade [CAP 03], sugerindo uma maior

    diversif icao da matriz energtica por questes estratgicas. Entretanto essa

    diversif icao no dever diminuir signif icativamente a importncia da

    hidreletr icidade no Brasil em mdio prazo.

    Um dado relevante sobre nossas hidreltricas o vert imento. Vert imento

    a denominao dada parte da gua do reservatrio que no usada para

    gerao de energia eltrica [RAM 03]. Essa parte da gua desviada das

    turbinas da usina hidreltrica e passa diretamente pelas comportas rio abaixo. H

    vrias causas para o vert imento, mas as mais importantes so a gerao fora do

    horrio de pico e a quant idade de gua af luente ao reservatrio da usina.

  • 46

    Fora do horrio de pico a gerao tem que ser menor, pois no possvel

    armazenar energia eltrica. Caso a gua no util izada nesse horrio faa o nvel

    do reservatrio aproximar-se do nvel mximo de segurana da barragem, o

    vert imento obrigatrio. Analogamente, mesmo em horrio de pico, caso a gua

    af luente ao reservatrio da usina tenha um volume tal que aproxime o nvel do

    resen/atrio do nvel mx imo de segurana da barragem, outra vez o vert imento

    obrigatrio. Essas e outras razes f izeram com que houvesse vert imento da

    ordem de 95 % do tempo em quase todas as hidroeltricas brasileiras no ano de

    2003 [RAM 03].

    O vert imento pode ser aproveitado para a gerao de eletricidade adicional

    com o f im especf ico de gerao de hidrognio por eletrlise, sem prejudicar a

    operao regular da usina e a custo muito baixo. Um exemplo de vert imento est

    mostrado na TAB . 10.

    TABELA 10 - Exemplo de vert imento

    SUL SUDESTE/C. OESTE

    Perodo ENA ENA ENA ENA MLT MLT

    (2003) TOTAL Controlada TOTAL Controlada (2003) (%) (%)

    (MWmed) (%)

    (%) (MWmed) (%)

    (%)

    24/05 a 30/05 2.303 40 39 21.707 82 81

    31/05 a 06/06 3.570 53 53 20.738 89 89

    31/05 a 06/06 3.186 47 - 20.527 89 -

    07/06 a 13/06 3.674 53 _ 19.368 86 _

    Notas: ENA TOTAL: ENA Controlada: MLT: Fonte: Operador

    Energia Natural Af luente Total ; ENA excluda a Energia Vert ida; Percentual da ENA Mdia de Longo Termo

    Nacional do Sistema Eltrico (ONS), 2003.

    Na TAB. 10 so mostrados vrios valores das afluncias na Regio

    Sudeste-Centro Oeste do Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS) na

    semana de 31/05/2003 at 06/06/2003. V-se que 89 % da afluncia foram

    aproveitadas para gerao eltrica, isto , 11 % foram vert idas [SIH 03]. Dado que

    a af luncia total naquela semana foi de 20.738 MW, tem-se que o vert imento

  • 47

    correspondeu a 2.281 MW em mdia durante aquela semana. Esta energia seria

    suficiente para produzir 4,845 10^ kmol de H2 por eletrlise da gua.

    Os dados apresentados na TAB. 10 no incluem a usina hidreltrica de

    Itaip, pois o ONS d tratamento di ferenciado a essa usina por sua condio

    exclusiva de no pertencer 100 % ao Brasil, como as demais usinas [SIH 03]. Os

    dados da TAB. 10 correspondem Regio Sudeste-Centro Oeste do ONS, a qual

    abrange as usinas hidreltricas expostas na TAB. 1 1 . Pela TAB. 11 pode-se

    perceber a grande densidade do aprovei tamento do potencial hidreltrico na

    Regio Sudeste do Brasil.

    TABELA 11 - Usinas hidreltricas da Regio Sudeste-Centro Oeste do ONS

    Bacias dos rios Usinas hidreltricas

    Grande Furnas

    M. Moraes

    Mar imbondo

    gua Vermelha

    Paranaba Emborcao

    Nova Ponte

    Itumbiara

    So Simo

    Paran Ilha Solteira

    Jup

    Tiet Barra Bonita

    Promisso

    Trs Irmos

    Paranapanema Jurumir im

    Chavantes

    Capivara

  • 48

    ii) Lenha

    A lenha provavelmente o energtico mais antigo usado pelo homem e

    continua tendo grande importncia na IVIatriz Energtica Brasileira, participando

    com cerca de 10 % da produo de energia primria. A lenha pode ser de origem

    nativa ou de ref lorestamento. Ela tem recebido a denominao de "energia dos

    pobres" por ser parte significativa da base energt ica dos pases em

    desenvolvimento, chegando a representar at 95 % da fonte de energia em vrios

    pases. Nos pases industrial izados, a contr ibuio da lenha chega a um mximo

    de 4 % [LNB 03]. A combusto ou queima direta a forma mais tradicional de uso

    da energia da lenha, porm, a gaseif icao e a pirlise so processos

    termoqumicos que recebem especial ateno [LNB 03].

    Cerca de 40 % da lenha produzida no Brasil t ransformada em carvo

    vegetal pelo processo conhecido por carbonizao. O setor residencial vem em

    segundo lugar no consumo de lenha com 29 %. Geralmente ela destinada a

    coco dos al imentos nas regies rurais. O setor industrial vem em seguida com

    cerca de 23 % do consumo. As principais industrias consumidoras de lenha no

    pas so al imentos e bebidas, cermicas e papel e celulose [LNB 03].

    A mata nativa sempre foi uma fonte de lenha que parecia inesgotvel

    devido quant idade gerada na ampl iao da fronteira agrcola. A forma

    devastadora com que ela foi explorada deixou o pas em situao crtica, em

    vrias regies onde exist iam abundantes coberturas f lorestais, no tocante

    degradao do solo, alterao no regime de chuvas e conseqente desertif icao.

    A substituio da lenha de mata nativa por lenha de reflorestamento vem

    crescendo a cada ano, sendo o eucalipto a principal rvore cultivada para este

    f im. um vegetal de or igem austral iana e apresenta mais de 600 espcies, sendo

    que muitas delas foram desenvolvidas e adaptadas no Brasil, onde encontrou

    condies propcias para o seu rpido crescimento [LNB 03].

    Na produo de lenha para fins comerciais, uma parte da rvore (troncos e

    galhos finos) rejeitada constituindo os resduos f lorestais. A lm disso, as

    indstrias que usam a madeira para fins no energt icos, como as serrarias e as

    indstrias de mveis, produzem resduos industriais como pontas de toras,

    costaneiras e serragem em diferentes tamanhos de partculas e densidade, que

    podem ter aprovei tamentos energticos.

  • 49

    iii) Produtos da cana-de-acar

    Histor icamente a cana de acar um dos principais produtos agrcolas do

    Brasil, sendo cult ivada desde a poca da colonizao. Do seu processo de

    industrial izao obtm-se como produtos primrios o caldo de cana, melao,

    bagao, pontas e folhas, e como produtos secundrios o vinhoto, o lcool anidro e

    o lcool hidratado.

    Devido grandeza dos nmeros do setor sucroalcooleiro no Brasil, no se

    pode tratar a cana-de-acar, apenas como mais um produto, mas sim como o

    principal t ipo de biomassa energtica, base para todo o agronegcio

    sucroalcooleiro, representado por 350 indstrias de acar e lcool e um milho

    empregos diretos e indiretos em todo o Brasil [CAB 03].

    O Programa Brasileiro do lcool Combustvel tem mais de 20 anos,

    durante os quais o Brasil conquistou uma tecnologia, nica no mundo, para a

    uti l izao em larga escala de um combustvel renovvel que independe do

    mercado internacional do petrleo. Hoje, o Brasil d ispe de um "combustvel

    verde", renovvel e neutro em relao ao efeito estufa, que reduz em 50 % a

    emisso de monxido de carbono dos motores de veculos e que promoveu a

    subst i tuio total do chumbo tetraeti la, que era misturado gasolina [ACC 03]. O

    programa nasceu em 1975 como soluo original brasileira para enfrentar a

    primeira crise do petrleo, ocorrida dois anos antes. As conseqncias haviam

    sido especia lmente graves para o pas, que quela poca importava

    aprox imadamente 80 % do petrleo consumido.

    O lcool de cana-de-acar logo se imps como alternativa ideal

    gasol ina. Para viabil iz-la, o governo lanou uma gigantesca operao de

    f inanciamento, contando tambm com apoio do Banco Mundial , o que possibil itou

    o aumento das reas plantadas com cana-de-acar, a construo de novas

    usinas e o desenvolv imento de indstrias de caldeiraria, alm da ampl iao das j

    existentes. Uma vez disponvel, o etanol foi aproveitado de duas formas. De

    incio, cuidou-se, sobretudo de mistur-lo gasolina sob forma de lcool anidro.

    Ao mesmo tempo as montadoras de automveis instaladas no Brasil passaram a

    desenvolver motores que funcionassem exclusivamente com etanol.

  • 50

    O programa cont inuou e m ascenso at que, em 1984, os carros a

    lcool consti tuam 94,4 % da produo das montadoras [ACC 03]. O

    consumidor acostumara-se a encontrar o lcool a um preo muito inferior ao

    da gasol ina - at 40 % em alguns casos, sempre devido a subsidios do

    Governo Federal. Mas com a posterior queda acentuada dos preos

    internacionais do petrleo, o governo j no conseguia sustentar esse

    diferencial, que foi se estreitando com o tempo at se reduzir pela metade. O

    ano de 1985 marcou o f im de uma etapa. Depois disso, a part icipao dos

    carros a lcool na produo anual foi gradualmente reduzida: 88,4 % em 1988,

    61 % em 1989, 19,9 % em 1990 e apenas 0,3 %, em 1996 [ACC 03].

    No incio da dcada de 1990 a indstria automobil st ica brasileira estava

    estacionada em 700 mil veculos por ano, depois de j ter ul trapassado a marca

    de 1,1 milho de unidades na dcada anterior. Esse fato levou o governo a

    diminuir os impostos dos carros populares, como forma de estimular a produo

    da indstria automobil st ica. Essa operao de expanso da produo

    automobilst ica foi um grande xito, pois os carros populares somaram 50 % dos

    1,4 milho de automveis vendidos em 1994.

    Mas, por razes tcnicas, s foram produzidos carros populares movidos a

    gasol ina. Como exigncia bsica para pertencer categoria "carro popular", o

    tamanho dos motores deveria ser reduzido para o limite de um litro. Essa

    reduo, que j no simples nos motores a gasol ina, seria ainda mais

    problemtica numa eventual verso a lcool. Ass im, a partir de 1994, a frota

    nacional passou a ter uma quant idade cada vez maior de automveis movidos a

    gasol ina.

    Um fator importante remanescente dessa poca que, desde 1991 existe

    uma lei federal que obriga a adio de 22 % de lcool anidro gasolina [ACC 03].

    Atua lmente essa porcentagem sofre as presses do setor sucro-alcooleiro e

    regulamentada pela Agncia Nacional do Petrleo (ANP) por meio da Portaria

    A N P n 309/01 de 27.12.2001 [AEC 03]. Isto mantm o interesse na produo de

    etanol e ajuda a diminuir as emisses de gases de efeito estufa. Atualmente este

    ndice de 25 % [PRE 04].

    Desde 1975 at hoje a produo de etanol no Brasil passou de 500

    milhes para 12 bi lhes de litros por ano e pode alcanar 16 bilhes de litros

  • 51

    anuais sem aumento da capacidade instalada [ACC 03]. Portanto no h risco de

    desabastec imento e o programa do lcool volta a ter novos impulsos.

    Durante as duas lt imas dcadas as tcnicas de cultivo de cana de acar

    foram melhoradas. Atualmente, alguns pesquisadores paulistas concentram

    esforos no campo da biologia molecular, com o objetivo de acelerar o processo

    de seleo de variedades de cana-de-acar mais eficientes [ACC 03]. O

    Programa Pr lcool tambm promoveu o desenvolv imento tcnico da produo

    de lcool e acar,