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Ideias que se tornam produtos Universidades decisivas na criação de novos projectos. /Meia Lopes |_ diraalopes<!>economicapt dois anos, três alunos de engenharia mecâ- nica do Instituto Superior Técnico (IST), em conversa de café, debatiam a aposta nos veícu- los eléctricos e como contornar os sucessivos aumentos dos preços do petróleo. Dessa con- versa saiu a ideia de criar um sistema que possi- bilitasse o carregamento de baterias de lítio para carros eléctricos de uma forma eficiente. Ao trio juntou-se o professor do Técnico, José Borges, que também tem participado no desen- volvimento do projecto. Os estudantes João Raposo, Manuel Nina e Ar- tur Borges deitaram mãos à obra e desenvolve- ram e têm patenteado um sistema de distri- buição e disponibilização de energia eléctrica para carregamento de baterias de lítio. Este é um dos exemplos em que o meio académico serviu de "berço" para uma ideia que poderá tornar-se num produto comercializado no mer- cado num futuro próximo. Quando passar do papel para terreno será possível disponibilizar este sistema em parques de estacionamento ou em condomínios. "Onde diferenciamos é no facto de o sistema funcionar com um módulo central de gestão inteligente de energia", salien- ta João Raposo. João Raposo Estudante de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico "Diferenciamo-nos pelofacto do sistema funcionar com um módulo central de gestão inteligente de energia". Esta interligação entre meio académico e em- presarial, apesar de ainda não ter atingido volu- mes significativos, tal como Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Energia e Inovação, re- conheceu é considerada essencial para se con- tinuar a desenvolver produtos inovadores. Mui- ta da inovação que tem nascido em Portugal re- sulta da cooperação entre as universidades e empresas. A Biocant é um bom exemplo de in- cubação de excelência, destaca Zorrinho. Quanto aos apoios, João Raposo explicou que apesar de contarem com o apoio da universida- de em todo o processo burocrático de patentear o sistema, "no início recorremos à COTEC, através do Programa CoHiTEC". O IST foi reestruturado e "está mais empenha- do no desenvolvimento de ideias que possam derivar em empresas/produtos e pode vir a ser um motor essencial para criar ideias e empre- sas", afirmou João Raposo. O IST tem disponí- veis quatro milhões de euros para apoiar este género de projectos. Em Portugal existe "finan- ciamento e investidores, desde que se prove que a ideia é muito boa", diz João Raposo. O projecto ainda está no papel estando os in- ventores a tentar financiamento para a constru- ção do protótipo para depois se avançar com a fase de testes de rua Para tal serão necessários dois anos e um investimento que irá superar os 200 mil euros. "Já falámos com vários 'stakehol- ders' que poderão vir a ser parceiros ou clientes e o 'feed-back' tem sido positivo". O sistema está pensado para conquistar também o merca- do internacional. ¦

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Ideias quese tornamprodutosUniversidades decisivas na

criação de novos projectos.

/Meia Lopes

|_ diraalopes<!>economicapt

Há dois anos, três alunos de engenharia mecâ-nica do Instituto Superior Técnico (IST), emconversa de café, debatiam a aposta nos veícu-los eléctricos e como contornar os sucessivosaumentos dos preços do petróleo. Dessa con-versa saiu a ideia de criar um sistema que possi-bilitasse o carregamento de baterias de lítiopara carros eléctricos de uma forma eficiente.Ao trio juntou-se o professor do Técnico, José

Borges, que também tem participado no desen-volvimento do projecto.Os estudantes João Raposo, Manuel Nina e Ar-tur Borges deitaram mãos à obra e desenvolve-ram e já têm patenteado um sistema de distri-buição e disponibilização de energia eléctrica

para carregamento de baterias de lítio. Este é

um dos exemplos em que o meio académicoserviu de "berço" para uma ideia que poderátornar-se num produto comercializado no mer-cado num futuro próximo. Quando passar do

papel para terreno será possível disponibilizareste sistema em parques de estacionamento ouem condomínios. "Onde diferenciamos é nofacto de o sistema funcionar com um módulocentral de gestão inteligente de energia", salien-ta João Raposo.

João RaposoEstudante de Engenharia Mecânica

do Instituto Superior Técnico

"Diferenciamo-nospelofacto

do sistema funcionar comum módulo central de gestãointeligente de energia".

Esta interligação entre meio académico e em-presarial, apesar de ainda não ter atingido volu-mes significativos, tal como Carlos Zorrinho,secretário de Estado da Energia e Inovação, re-conheceu é considerada essencial para se con-tinuar a desenvolver produtos inovadores. Mui-ta da inovação que tem nascido em Portugal re-sulta da cooperação entre as universidades eempresas. A Biocant é um bom exemplo de in-cubação de excelência, destaca Zorrinho.Quanto aos apoios, João Raposo explicou queapesar de contarem com o apoio da universida-de em todo o processo burocrático de patentearo sistema, "no início recorremos à COTEC,através do Programa CoHiTEC".O IST foi reestruturado e "está mais empenha-do no desenvolvimento de ideias que possamderivar em empresas/produtos e pode vir a serum motor essencial para criar ideias e empre-sas", afirmou João Raposo. O IST tem disponí-veis quatro milhões de euros para apoiar estegénero de projectos. Em Portugal existe "finan-ciamento e investidores, desde que se proveque a ideia é muito boa", diz João Raposo.O projecto ainda está no papel estando os in-ventores a tentar financiamento para a constru-ção do protótipo para depois se avançar com afase de testes de rua Para tal serão necessáriosdois anos e um investimento que irá superar os200 mil euros. "Já falámos com vários 'stakehol-ders' que poderão vir a ser parceiros ou clientese o 'feed-back' tem sido positivo". O sistemaestá pensado para conquistar também o merca-do internacional. ¦

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PROJECTOSQUE SAÍRAM DEUNIVERSIDADES

1Medir o cansaçode um atletadurante um jogo

¦ Miguel Paiva Velhote,da Universidade do Porto,criou um dispositivoportátil que permite saberqual a distância percorridapor um atleta de alta

competição ou quala pressão que exerceno chão. Para isto, bastacolocar o dispositivo notornozelo e usufruir detodas as informações queo mesmo dá. Uma ideia

que já está patenteada.

2 Partículaspara tornarar menos poluído

¦ Outra inovação járegistada saiu tambémda Universidade do Porto,pela mão de RomualdoSalcedo que, preocupadocom o ambiente, conseguiucriar uma forma de limparo ar. O ciclo colectorrecolhe umas partículasfinas que são produzidasem processos industriais

responsáveis pela poluição.Pode evitar-se doençasgraves e mortais.

3 DiagnósticoprecocedeAlzheímer

¦ Ainda está em fase de

investigação, mas começaa apresentar resultados

promissores. Ana Gabriela

Henriques, investigadorado Laboratório deNeurociências do Centrode Biologia Celular daUniversidade de Aveirotem conseguido avançosna descoberta de umpotencial biomarcadorda doença de Alzheimer,visando um diagnósticoprecoce da doença queafecta 90 mil portugueses.

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A Casa do Infante propõe-te um jogo di-vertido para ficares a conhecer melhor o

centro histórico da cidade do Porto, bemcomo o valor do seu património. Numa

parceria com uma aluna da Faculdade deBelas Artes da Universidade do Porto, ebaseado no seu trabalho de mestrado, es-

tão lançados os dados para o 'Porto Atra-vés do Lúdico'.

Antes de avançares para o jogo convém quejá tenhas visitado esta fabulosa casa manda-da construir por D. Afonso IV, em 1325. Em-

bora não existam provas cabais, há quem de-

fenda que foi nesta casa que nasceu o

Infante D. Henrique. Aqui foi também a anti-

ga alfândega e hoje o edifício alberga o Arqui-vo Histórico Municipal do Porto, conservan-

do toda a documentação produzida pelacâmara municipal, desde a Idade Média,bem como diversos arquivos de ordem parti-

cular e colecções. O seu acervo inclui nume-rosos manuscritos, pergaminhos, códices

iluminados, desenhos, fotografias, etc.

O objectivo do jogo é compores um mapagigante a partir de certas coordenadas

que te vão sendo dadas. Faz lembrar aBatalha Naval. Mas para teres direito a

uma coordenada, tens de responderacertadamente a várias perguntas sobrea história e o recheio da Casa do Infante.Para ires 'estudando a matéria' damos-teaqui uma ajuda com alguns exemplos de

perguntas deste jogo: «Qual foi o infante

que nasceu nesta casa?» e «O que é queos arqueólogos encontraram na Casa doInfante?». Ou, ainda mais difícil: «A Rua

Nova dos Ingleses era assim chamadaporquê?» e «Como chegavam as merca-dorias ao cais do Porto?». Em caso de dú-vida, tens sempre uma nota em rodapé

<

<

Porto Lúdico

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que te dá uma pista para encontrares a

resposta no interior do museu.

Apesar do grupo estar dividido por equi-pas, neste jogo não há vencedores nemvencidos, pois a actividade só terminacom a finalização do mapa que só é possí-vel quando todos terminarem de jogar.Completo o mapa, com todas as ruas docentro histórico, vais colocar 'pedaços doPorto' (como o rio Douro e aglomeradosde casas, etc.) nos respectivos lugares. E

os monumentos?

A área classificada pela UNESCO comoPatrimónio Cultural da Humanidade, em1996, inclui a parte da cidade envolta

pela antiga Muralha Fernandina, do sécu-lo XIV, e algumas áreas adjacentes de ca-racterísticas idênticas, num total de cer-ca de 49 hectares. A riqueza patrimonialé imensa e tu vais ter de valorizar o mapado Porto com alguns dos seus principaismonumentos... em 3D!

É que a fase final deste desafio consis-te na realização de um monumento à

tua escolha. Na sala de trabalhos daCasa do Infante, tens já esboços de pe-quenas maquetas dos vários edifíciose, para construí-los, basta recortar, co-lar e colorir! Podes escolher entre a Tor-

re dos Clérigos, a Estação de S. Bento,a Sé, o Postigo do Carvão, a MuralhaFernandina, a Ponte Luís I e a própriaCasa do Infante.

De volta ao enorme mapa, à escala de1:400, vais ter de colocar, já acabados,os grandiosos monumentos. Para isso

basta seguires atentamente as indica-

ções da legenda para não te enganares.E pronto! Temos finalmente o mapacompleto do centro histórico do Porto.Além de divertido este jogo ajuda-te a

enriquecer a tua cultura geral sobre a ci-

dade Invicta!

SUSANA BRANCO

CASA DO INFANTE

Rua da Alfândega. 10

Porto

Tel. 222 060 400 (marcação prévia)

3. a a6. a àsloheàsl4h;

Sáb. e Dom. (mediante marcação)

Permanente - M

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ENERGIA

Galp lança novaárea de negóciopara a eficiência

Galp Soluções de Energia é o nomeda unidade a apresentar brevemente

MIGUEL PRADO

[email protected]

A Galp vai apresentar ao merca-do, nas próximas semanas, umanova unidade de negócio viradapara os clientes empresariais.Trata-se da Galp Soluções deEnergia, que visará oferecer pro-postas para melhoria da eficiên-cia energética de edifícios e dodesempenho de frotas das em-presas.

O alvo da Galp Soluções de

Energia serão as empresas, masa ideia é também propor inter-venções em edifícios de escritó-rios, hospitais e outras infra-es-truturas, através de um catálogode serviços que o grupo irá criar."Cremos que é uma área ondeexiste um conjunto de soluçõestecnológicas disponíveis", disseao Negócios o director de inova-ção da Galp Energia, João NunoMendes. A monitorização deconsumos de frotas e as audito-rias energéticas serão alguns dos

serviços a disponibilizar.Segundo João Mendes, esta

nova área "nasceu dentro da uni-dade de investigação e desenvol-vimento da Galp", mas inspirou-se em exemplos vindos de fora.Várias companhias petrolíferasjá criaram na sua estrutura áreasde negócio deste género. É o casoda Chevron. De acordo com o di-rector de inovação da Galp, anova unidade poderá tambémapoiar os seus futuros clientes naobtenção de financiamento paraas soluções de eficiência a imple-mentar.

Chevron Energy Solutions,o exemplo norte-americanoNos Estados Unidos da América(EUA), a Chevron Energy Solu-tions é um conceito idêntico ao

que João Nuno Mendes, da Galp,diz ser o objectivo da nova áreade negócio. Na sua brochura ins-titucional, a Chevron Energy So-lutions diz que "promove, dese-nha e constrói projectos que au-mentam a eficiência energética,reduzem os custos da energia e

asseguram electricidade fiável anegócios e entidades públicas".

A Chevron Energy Solutionsdá o exemplo dos correios ame-ricanos, indicando que a US Pos-tal Service está a poupar 4,2 mi-lhões de dólares (3 milhões deeuros) anualmente devido a me-

didas de eficiência energética.João Nuno Mendes não quis

entrar em pormenores quantoaos produtos e serviços a ofere-cer, pelo facto de a Galp Soluçõesde Energia ainda não ter sido

apresentada publicamente. Damesma forma, não detalhou onúmero de colaboradores daGalp que estarão afectos a estaárea, referindo apenas que a sua

promoção será transversalatodaa área comercial da companhia

Certo é que a Galp Soluçõesde Energia não terá o seu foconos clientes domésticos. Recen-temente a concorrente BP lan-

çou em Portugal uma campanhaem parceria com a Vulcano paravender aos consumidores resi-

denciais soluções combinadas de

gás e energia solar, não sendo

para já conhecida a adesão.

Inovação na Galpapoiada no mundouniversitário

/T\ No domínio da inovação,í >• J uma das estratégias daVL^ Galp nos últimos anos foiestreitar a sua relação com acomunidade científica. Entre2002 e 2006, a Galp investiu 30milhões de euros em inovação.Em 2008, a empresa registava18 projectos de inovação e de

investigação e desenvolvimento.No âmbito das parcerias com

instituições universitárias, umdos protocolos mais recentes foiassinado há seis meses, com aFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto,permitindo estágios na refinariade Matosinhos. A Universidadede Aveiro e o Instituto SuperiorTécnico são outras instituiçõesparceiras da Galp Energia.

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CONSULTORES

Crescem as fusões paraminimizar riscos e obter sinergiasAquisições continuam a dominar o território das M&A,mas a compra de apenas alguns activos e as "joint-ventures" tendem a aumentarLÚCIA CRESPO

[email protected]

Quando se compra uma empre-sa, compra-se a sua história E as

contingências associadas. Paraminimizar riscos, assiste-se a umcrescimento da compra de acti-vos da empresa-alvo (em vez doseu controlo). Outra realidade a

crescer, fruto da conjuntura eco-nómica, é a "joint-venture", comoforma de obter sinergiasede con-tornar dificuldades de financia-mento. Estas são algumas opi-niões dos consultores e académi-cos contactados pelo Negócios.

"Naacrual conjuntura, em quese verificam níveis de endivida-mento elevados nas empresas, a

compra de activos poderá serumaopção válida para diversas opera-ções", indica Gabriel Chimeno,responsável pela área de "corpo-rate finance" da Deloitte. "Embo-ra aforma preferencial de aquisi-ção continue a ser o controlo da

empresa, tem-se assistido a umaumento das compras de activoscomo forma de deixar para trásriscos associados ao 'target", refe-re Maria Torres, "partner" da Pri-cewaterhouseCoopers (PwQ."Outra realidade que tem cresci-do é a 'joint-venture", indica aconsultora, que aponta os casosda fusão entre a CajaSol e a CajáGuadalajara e a "joint-venture"entre a LifeLock e a TransUnion.

No actual cenário, as fusões e

aquisições tendem, também, a fi-

gurar como uma forma rápida erelativamente económica de es-

tabelecerumapresençageográfi-ca noutros países, indicam JorgeBento Farinha e Rui Couto Via-na, docentes do curso de Fusõese Aquisições da EGP-UPBS Uni-versiryof Porto Business SchooL"Trata-se de uma oportunidadede entrar, via parceria ou aquisi-ção, em territórios fechados comoEspanha ou em países como An-gola e China", diz Maria Torres.

António Rodrigues, "partner"de transacções da PwC, aponta,como principal motivação das

F&A, a necessidade de reestrutu-

ração/redução de dívida e de re-dução de custos. "A pressão paraa redução de dívida provoca a en-trada de capital para sanear a em-presa A redução de custos podeser obtida com sinergias identifi-cadas nas empresas a adquirir".

Os consultores são unânimesao considerarem o actual contex-to propício a fusões e aquisições."A realização de F&A em perío-dos como o actual, em que as co-tações e os preços pagos pelas em-

presas adquiridas estão a níveishistoricamente baixos, pode po-tenciar, de uma forma significati-va as possibilidades de sucesso",referem os professores da EGP.

"Contudo, afeita de disponibi-lidade de crédito para financiar as

operações de aquisição, associa-

da a alguma duvida sobre as pers-pectivas futuras e, portanto, às ex-pectativas de preço ainda eleva-das dos potenciais vendedores,não estão a contribuir positiva-mente para o aumento significa-tivo deste tipo de operações noplano nacional", salienta o con-sultor da Deloitte.

"Continua a existir pouca li-quidez no mercado, pelo que as

aquisições apresentam um nívelde alavancamento muito baixo",aponta António Rodrigues. "Nocontexto actual, continua a exis-tir um 'gap' significativo de expec-tativas entre os vendedores e os

compradores. De um modo geral,os vendedores são empresas de-masiado alavancadas que nãoconseguiram resistir à crise, e os

compradores são grandes gruposcom forte robustez financeira".

Na actual conjun-tura, em que severificam níveisde endividamen-to elevados,a compra deactivos pode seruma opção válida.

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'Johrt-v«ntures"l Parcerias crescem para obter sinergias.

TESTEMUNHOS

As compras deactivos são umaforma de deixarpara trás riscosassociadosao 'targef .

MARIA TORRES"Partner" da PwC

As F&A são hojeuma formarápida de marcaruma presençageográfica.JORGE BENTO FARINHAEGP-UPBS University of Porto

As principaisbarreiras actuaisàs F&A dizemrespeito aofinanciamentopara a aquisição.ANTÓNIO RODRIGUES"Partner" da PwC

Continua aexistir falta dedisponibilidadede crédito parafinanciar as

operações.GABRIEL CHIMENO,"Corporate Finance" da Deloitte

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GESTÃO

Mais atenção ao "post deal":não basta comprar e fundir

Crise dita maior racionalidade na integração de negócios e serviços nos processosde concentração. Reter talentos-chave da empresa adquirida é essencial

Falha na integração de negócios I Fusão entre a AOL e a Time Warner é apontada como um dos maiores fracassos empresariais da história recente.

LÚCIA CRESPO

[email protected]

Mais atenção ao "post deal". Nãobasta comprar e fundir. A crise di-touumamaiorracionalidade na in-

tegração de negócios e serviços.

Ignorar esta questão é candidatar a

operação ao insucesso, como foi o

caso da fusão entre a Time Warnere a AOL, anunciada no ano 2000.Palavras como "sinergias" e "cus-

tos" ganharam maior expressão. Ecuidado. Ao comprar uma empre-sa, há que acautelar as pessoas ful-

crais, por vezes o próprio accionis-ta vendedor, outras a equipa de ges-tão. Não esquecer os riscos ambien-tais, até agora descurados...

Estas são algumas questões quetêm ganho maior relevância, apon-ta Maria Torres, "partner" da Pri-cewaterhouseCoopers (PwQ, res-

ponsável pela área de fusões e aqui-sições. "Esta crise acabou por colo-

car ao 'management' uma maiorexigênciae racionalidade na gestãodas M&A, em especial na integra-ção após atransacção", frisa "Quan-

do a economia estava em alta, assis-

tia-se, nosegmento'corporate',aru-sõesondeacomponentede integra-

ção de negócio era desleixada: porvezes, existam quatro ou cinco so-ciedades no mesmo grupo a repli-car serviços... No segmento de 'pri-vate equity', após a compra, era co-

mum deixar-se que a empresa cres-

cesse por si só, sem preocupação de

integrar negócios. Isso agora mu-dou", sublinha

Aretençãodaspessoas-chavenaempresa adquirida é hoje objecto

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de maior atenção. "Apessoa fulcral

pode ser o próprio vendedor e, nes-

se caso, utiliza-se o "earn out" [mé-todo de compensação pelo valor da

empresa observável no futuro]. Se

a empresa adquirente quiser reterelementos da equipa de gestão, omais natural é dar-lhe a opção de

compra de acções ou bónus", diz.

Atenção ao risco ambientalUm ponto importante: o risco am-biental. Em Portugal, é uma ten-dência para o futuro. "Os compra-dores que hoje se preocupam como risco ambiental - acautelamentode questões legais e eventuais coi-mas - são estrangeiros. O tema, emPortugal, não está maduro.Amaio-ria das pessoas prefere assumir o

risco...", comenta.Estes são os tópicos que, nos úl-

timos tempos, conquistaram maior

atenção para assegurar a criação devalor numa operação de concentra-

ção. Outras questões, não menosimportantes, permanecem: avalia-

ção dos riscos financeiros, fiscais,comerciais. Para tal, imperaum co-nhecimento sobre a real situação da

empresa a comprar e as perspecti-vas futuras. Adquirir uma socieda-de significa comprar ahistória des-

sa mesma sociedade: o seu passado,

presente, futuro. Subavaliar e so-

breavaliaraempresapodesairmui-tocaro.

Não basta conhecer bem a orga-nização, há que averiguar o sectoronde se insere. Terá sido sorte ousaber do grupo Amorim quando,em boa altura (2006), vendeu aAmorim Imobiliária à Chamartín,aponta Maria Torres.

Por tudo isto, a equipa de gestãoda empresa adquirente deverá ro-dear-se de competências ao nívelju-rídico e fiscal e ao nível financeiro."0 processo de 'due dilligence' e anecessidade de apoio 'permanente'para as negociações são aspectoscríticos nos primeiros passos deuma concentração", salientam Jor-

ge Bento Farinha e Rui Couto Via-na, da EGP-UPBS University ofPorto Business School.

Ao compraruma empresa,há que acautelaras pessoasfulcrais, porvezes o próprioaccionistavendedor.

O fracasso:fusão da AOLcom Time Warner

/T\ É apontado como umí >¦ j dos maiores fracassos

* na história das fusões

e aquisições. Remonta a Janeirode 2000, altura em que a giganteTime Warner e a AOL (AmericaOnline) anunciaram uma fusão:

os accionistas da "pequena" AOL

passaram a deter, por 164 mil

milhões de dólares, 55% da nova

empresa que nascia: AOL TimeWarner. 0 objectivo inicial - jun-tar a produção de conteúdos

com os canais de distribuição -foi mal consumado na prática."Houve um problema de identi-

ficação das consequências do im-

pacto da transacção, que juntouos meios tradicionais da primeira(estúdios de cinema, revistas,canais de TV) ao negócio deInternet da segunda", indica

Maria Torres, "partner" da PwC."É um caso típico de má gestãode integração de negócio e cul-

turas", salienta. Em 2003, a AOL

Time Warner passa a chamar-se

apenas Time Warner (a AOL não

era mais que uma divisão do

grupo). Em Dezembro passado,

após várias tentativas, a Time

Warner consegue alienar a AOL.

Nesse mesmo mês, o ex-CEO daTime Warner, Jerry Levin, pediu

desculpa publicamente pelo

"pior negócio do século".

Sucesso:Amorim Imobiliáriae Chamartín

•"V\ Por vezes, o sucesso

( )> ) está também do lado

de quem vende. Esteve

do lado do grupo Amorim

quando, em 2006, antevendotalvez a bolha imobiliária,vendeu a Amorim Imobiliáriaà espanhola Chamartín,um negócio avaliado em500 milhões de euros. 0 casoé destacado por Maria Torres,"partner" da PwC. "Foi um

processo muito bem geridoe avaliado pelo grupo Amorim,que vendeu a empresa numaaltura em que o sectorimobiliário estava em alta",salienta a consultora.A Chamartín mudou o nomeda empresa adquirida, masmanteve a filosofia de gestão,reconhecendo o trabalho de altonível executado, "exportando"algumas ideias e projectosdesenvolvidos em Portugal,como a marca e o conceitoassociado aos centroscomerciais Dolce Vita.

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UP lança maisuma empresaFoi já lançada oficialmente a Strongs-

tep, empresa que é o mais recente

spin-off da Universidade do Porto. Cria-

da no seio do Centro de Inovação para

a Qualidade de Software da Faculdade

de Engenharia da Universidade do Por-

to, é uma das poucas empresas nacio-

nais a fornecer a certificação Capability

Maturíty Model Integration, reconhecida

pelo Software Engineering Institute da

Universidade de Camegie Mellon.

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m Carregar bilhas de gás às costas já não é o

que era, graças a uma invenção portuguesa.Comercializada pela Galp Energia, a Pluma foi

desenvolvida em parceria com a Simoldes eBrandia e as universidades do Porto e do Minho,nas áreas de modelação do processo de fabrico,desenvolvimento de protótipos, testes e

selecção de materiais. A botija de gás, lançadaem 2006, recebeu em 2008 o Prémio ProdutoInovação da Cotec ex-aequo com o "OpticalChannel Unit", desenvolvido pela NokiaSiemens Networks Portugal. I.M.

Bilha Pluma foi invençãoportuguesa

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ZON incentivaa ficção nacionalEm parceria com a Universidade de Austin,operadora promove a escrita para cinema e TVTEXTO EUGENIA RIBEIRO

Dezestudantes,

de sete universi-dades portugue-

sas, vão poder fre-quentar um curso deoito semanas na con-ceituada Universidadede Austin, no Texas,Estados Unidos.

O curso na área do

guionismo, realizaçãoe produção de cinemaé destinado a estudan-tes, pós-graduados ou

recém-licenciados.

Desenvolvida a sinop-se em Austin, nos me-ses de Junho e Julho,com o apoio de presti-

giados professoresnorte-americanos, osestudantes regressama Portugal. Aqui, ecom a ajuda das res-

pectivas universida-des, terão de conver-ter o guião numa cur-ta-metragem de ficção

que deverá estar pron-ta em Outubro. "O fil-

me, com a duração de

dez minutos, tem deter qualidade para servisto nas salas de ci-nema da ZON. E seentendermos que essetrabalho tem qualidadepara ser mostrado amais público, a pelícu-la será exibida numcanal da ZON ou atécolocado ao serviçodo nosso videoclube",explica à Correio TV,Nuno Cintra Torres,director de Estratégiada ZON. ci

UNIVERSIDADES ASSOCIADAS

A formação desenvolvida

pela ZON engloba sete uni-

versidades: Aveiro, Beira Inte-

rior, Católica do Porto, Lusó-

fona, Minho, Nova de Lisboa

e Universidade do Porto.

O PRIMEIRO BOLSISTA

Nuno Rocha, 32 anos,realizador, venceu, em 2008,a 1." edição do prémio ZONCriatividade e Multimedia.

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telegramaA obesidade e a diabetes são alvos a abater pela comunidade cientifica,enquanto a velocidade ideal nas estradas portuguesas vai ter modelos informáticos

Mais uma arma para lutar

contra a obesidade e a diabetes é

o que anuncia um consórcio eu-

ropeu do qual fazem parte insti-

tuições portuguesas como o Ins-

tituto de Biologia Molecular e Ce-

lular da Universidade do Porto. A

ideia é ir à raiz do problema, pelo

estudo do funcionamento de

1.200 compostos químicos e do

modo como eles interagem com

moléculas específicas que estão

na base destas doenças. Essa

compreensão pode resultar em

novos tratamentos e o consórcio

- que abrange diversos países do

Sudoeste Europeu - reúne várias

áreas científicas e também espe-

cialistas de Espanha e de França.

Qual é a velocidadeideal para conduzir em deter-

minado lugar? Em teoria, a res-

posta é simples: depende da si-

tuação. Retirar a palavra

'depende' à resposta é a pro-

posta de investigadores das fa-

culdades de Ciência e Tecnolo-

gia de Coimbra, de Engenharia

do Porto e da Universidade do

Minho, que vão definir a veloci-

dade segura para as estradas

portuguesas. 0 projecto está

numa primeira fase, a da cria-

ção de um modelo capaz de ex-

plicar os acidentes rodoviários.

Seguem-se-lhe outros mode-

los: um para explicar a velocida-

de expectável face às caracte-

rísticas das estradas e, por fim,

um modelo informático que de-

fine a velocidade legal mais ade-

quada a cada caso. Lá

Ricardo Nabais

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Certame comemora a 6- edição de 25 a 28 de Março

Imobitur volta a dinamizar o mercadoimobiliário a Norte

Pelo sexto ano consecutivo, no próximo mês de

Março, a Exponor, em Matosinhos, volta a ser

o ponto de encontro do sector imobiliário noNoroeste da Península Ibérica. Realizando-se emsimultâneo com a Inhouse, a Imobitur — Salão

Imobiliário do Porto assume-se actualmente como"uma plataforma consolidada e privilegiada para a

criação de novas oportunidades de negócio, quercom o cliente final, quer entre os parceiros de

negócio".

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Segundo as contas da organiza-ção, entre 2005 e 2009 a feira foi

responsável pela geração de umvolume de negócios médio anu-al de 100 a 120 milhões de euros

(um valor que inclui os negócios

que são concluídos após o even-

to), perfazendo um volume totalacumulado de aproximadamente560 milhões de euros. Motivada

por estes resultados, a Prome-vi, responsável pela criação do

conceito, está optimista quantoà próxima edição do evento, es-

tando a preparar um conjunto de

iniciativas que têm como objecti-vo reforçar a importância da feiracomo dinamizadora de vendas de

produtos imobiliários.Neste sentido, depois da estreia

do conceito em 2009, este anoa Imobitur volta a contar como Espaço Low-Cost. Aí, estarãoreunidos centenas de imóveis,

que durante a feira estarão dis-

poníveis a preços de pelo menos20% abaixo do valor praticadono mercado. O conceito tam-bém reverte a favor das própriasempresas que tomarem os stan-ds integrantes desta ilha, que o

poderão fazer pelo valor de 600euros, um preço bastante compe-

titivo para um certame desta na-tureza. O objectivo da Promevi é

simples: fazer com que as empre-sas possam marcar presença nes-te espaço, "beneficiando de uma

oportunidade única para expor os

seus produtos imobiliários peran-te milhares de pessoas e a preçosmais competitivos".

Desde a sua primeira edição, a

exposição tem vindo a colher a

adesão de um número crescen-te de participantes, e até 2009contabilizou perto de 104.000visitantes. Um número que vol-tará a crescer este ano, em queestarão representadas na feira

todas as franjas do sector imo-biliário, incluindo promotores,investidores, mediadores, insti-tuições financeiras, consultores,

imprensa especializada, servi-

ços e equipamentos, além de

diversas autarquias e entidadesassociativas.

Conferência InternacionalImobitur realiza-se pelaprimeira vez

Uma das principais novidadesdeste ano é a realização, pela pri-meira vez, da Conferência Inter-

nacional Imobitur. Esta iniciativa

reforça a importância do eventocomo espaço de debate alarga-do, e contará com a colaboraçãode especialistas de entidades de

referência, com o ULI — UrbanLand Institute e a EGP — Escolade Gestão do Porto.

Além disso, a conferência con-tará ainda com um forte apoioinstitucional de várias associa-

ções do sector, caso da APEMIP— Associação dos Profissionais e

Empresas de Mediação Imobiliá-ria de Portugal, e da AICCOPN— associação das empresas de

construção.O debate centrar-se-á sobre

temas actuais, como a internacio-

nalização do mercado imobiliáriodo Norte de Portugal, a atracçãode investimento internacional e

os projectos estruturantes do de-senvolvimento daquela região. AReabilitação Urbana será outrodos temas merecedores de espe-cial destaque.

Agendada para os dias 25 a 28de Março, a Imobitur é organiza-da pela Promevi, responsável pelacriação do conceito, e pela VidaImobiliária.

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Act e COHiTEC visam apoiar projectos de elevada e média tecnologia

Cotec aposta fortena comercializaçãode novas tecnologias

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Um investigador ligado às novas tecnologias temum produto inovador, uma ideia de negócio, masnão sabe como pôr o projecto de pé, como comer-cializar a sua solução. A Cotec — Associação Em-presarial para a Inovação — pode fazer a diferença,através de iniciativas como o Act ou o COHiTEC.Foi esta a mensagem que tentou passar num "roa-dshow" realizado, recentemente, em várias cidadesdo país.

Comecemos pelo primeiro, o Acelerador de Co-mercialização de Tecnologias (Act). A ideia é sim-

ples: apoiar investigadores a transformarem o seuconhecimento em valor económico. A forma delá chegar é diversa: pode ser, através da criação de

empresas de base tecnológica de médio e elevado

potencial de crescimento ou por via do licencia-mento de tecnologias. Como explicam as fontes da

Cotec, o Act oferece uma solução integrada quecompreende as diferentes fases do processo de co-

mercialização de tecnologias desde a ideia até ao

mercado, através de um conjunto de soluções. Ofundo ACTec, gerido pela Inovcapital, é um exem-

plo, o COHiTEC outro.Integrado no Act, este programa surge como uma

acção de formação, lá está, na área da comercializa-

ção de novas tecnologias destinada a investigadoresde instituições de I&D nacionais. O objectivo é

ambicioso: a criação de competências de avaliaçãodas tecnologias com potencial para gerar start-upsde elevada tecnologia e elevado crescimento. OCOHiTEC vai decorrer entre os próximos mesesde Março e Julho e evoluir focado em dois pólos deduas escolas de gestão, a EGP-UPBS, no Porto, e o

ISCTE, em Lisboa.

Cotec confiante no sucesso dos projectos

As expectativas ligadas às duas iniciativas são

elevadas como nos revelou o coordenador do Act,Pedro Vilarinho. "Não só fornecemos aos par-ticipantes um conjunto de serviços específicos

para os apoiar na criação de valor como o acesso

ao financiamento nas diferentes fases do processode comercialização de tecnologias", destaca à VE.E acrescenta: "A expectativa é de que poderemosquando a iniciativa estiver a funcionar em pleno,apoiar, anualmente, a criação de três empresas de

elevado potencial de crescimento e de doze de mé-

dio potencial de crescimento". Confrontado como problema da crise, Pedro Vilarinho desvalorizao facto. A razão é simples: é que os projectos de

elevado potencial necessitam de um longo perío-do de maturação em laboratório que ultrapassa as

condicionantes da depressão.Para já, o balanço é positivo, pelo menos, no que

diz respeito ao COHiTEC, um programa que jáconheceu outras edições. Se, em 2006, a Cotec re-cebeu um prémio ligado a entidades promotoras do

empreendedorismo da Universidade de Stanford— a primeira não norte- americana a consegui-lo — ,

nos anos seguintes, foi a vez de as equipas repre-sentativas do COHiTEC brilharem. Estas ficaramà frente de outras, oriundas de instituições interna-cionais, com programas de maior reputação, numconcurso internacional de ideias promovido pelaUniversidade do Texas, em Austin.

CGD associa-se à Cotec

Quando se fala de espírito empreendedor, pen-sa-se, naturalmente, na banca. A CGD é uma das

instituições que têm algo para dizer nesta matéria,tendo-se associado à Cotec neste roadshow de di-

vulgação de novos projectos. Em causa esteve o

Caixa Empreender +. Como o nome indica, trata-se de um conjunto de iniciativas que visam apoiara criatividade empresarial, capaz de criar riqueza e

bem-estar. As componentes da iniciativa são diver-sas e vão desde a promoção do espírito empreende-dor, passam pela iniciativa empresarial — estímuloà assunção do risco, ao raciocínio estruturado, à

capacidade de interacção e mobilização — e vão atéàs estruturas de dinamização, ao financiamento de

projectos. Neste caso, o destaque vai para a ofertade instrumentos de dívida e capital, dependentesdo perfil qualitativo dos negócios.

Os projectos deverão ser inovadores, não necessaria-

mente tecnológicos, apresentar viabilidade económi-ca e financeira, competitividade comercial expectável,plano de contigência, e os promotores um curricu-lum adequado à ideia. A motivação das pessoas, bemcomo o estado do eventual registo de patentes ou dos

direitos de propriedade intelectual são outros dos re-

quisitos exigidos pelo Caixa Empreender +.SANDRA RIBEIRO

[email protected]

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O empresárioque afrontaos políticossem rodeios

duro Belmiro vê a classe política com distanciamento e al-

guma arrogância, desta vez chamou ditador ao PresidenteFRANCISCO MANGAS

O retrato que faz dos políticos por-tugueses é , quase sempre, demo-lidor. Desta vez, sem rodeios, semmetáforas, chama "ditador" aoPresidente da República. Aconse-lha Manuel Alegre, antigo colegade liceu, a ter "juízo", e duvida daexperiência de Manuela FerreiraLeite. Sócrates também sai cha-muscado das críticas do antigopresidente do mais poderoso gru-po económico português.

A dureza do ataque a Cavaco,como é fácil de prever, terá desa-

gradado a Belém. Curiosamente, aentrevista de Belmiro de Azevedoà revista Visãosmgiu nas bancasno mesmo dia em que a mulher doPresidente da República, MariaCavaco Silva, foi entregar o chequeda campanha "Missão SorrisoContinente", na Maternidade Al-fredo da Costa, em Lisboa.

A cerimónia, marcada para on-tem, esteve ameaçada: porqueesta campanha de solidariedade,que rendeu a mais de 500 mil eu-ros, é uma iniciativa da Sonae, gru-po de Belmiro de Azevedo, com oalto patrocínio de Maria CavacoSilva.

De tempos a tempos, Belmirode Azevedo, que teve um tio e pa-drinho revolucionário, sai a terrei-

ro para zurzir nos homens da polí-tica. No Verão passado, durante a

polémica das escutas, chamou"ministro da propaganda" a Au-gusto Santos Silva. E pediu ao jor-nalistas do Público- jornal de queé proprietário e publicou a alega-das suspeitas de Belém estar a serescutado pelo Governo - para nãose "deixarem assustar por opiniõesdesastradas de governantes quequerem mandar no Públícosempôr lá dinheiro nenhum".

Para evitar equívocos, o antigopresidente da Sonae prometeunão se calar. "O ministro da propa-ganda diz que eu não posso falar,

mas, enquanto não tiver defeito fí-sico, vou falando". Belmiro vê a po-lítica e os seus protagonistas comdistanciamento, independênciapouco comum noutros empresá-rios, e, enfim, alguma arrogância.Portugal sofre de uma crise de li-derança, diz . Os políticas, o alvohabitual das suas críticas, "falamdo que não sabem, do que nãotem a ver com a realidade e pro-metem o que não podem cum-prir".

As críticas à classe do política,como se vê, são cíclicas e contun-dente. No entanto, o homem quefigura na lista dos mais ricos do

mundo sempre teve relações comos governos. Boas e más. Compontos altos e baixos, praticamen-te com todos os executivos.

Relações eternas como o amor,segundo o poeta Vinícius de Mo-rais, que "dura enquanto dura". Foiassim com Cavaco, "vivi seis anosmuito bem como o professor Ca-vaco Silva e depois quatro anosmaus". Foi assim com Guterres; o

mesmo acontece com Sócrates,depois dalua-de-mel, as crispa-ções irromperam com a OPA fa-lhada da Sonae à PT. No executivode Durão Barroso nem sequerhouve namoro. Nada fazia , dava aideia de "estar permanentementeem conferência de imprensa", dis-se Belmiro, numa entrevista aojornal Público.

Ontem, na entrevista à Visão,Belmiro, que já foi apoiante de Ca-

vaco, voltou a lembrar que nãopõe ninguém no poder. Há apenasuma excepção. "A única pessoaque, eventualmente, pus no po-der, foi o Mário Soares. Foi a únicavez que declarei, por antecipação,em quem votava."

E os que vêem num governo doBloco Central - coligação PS-PSD- uma solução para Portugal sairda crise, não contem com o apoiodo engenheiro. "Bloco Central,não. Senão vira ditadura a dois ,

compadrio."

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Relações deBelmiro como Governo são

como o amorde Vinícius deMoraes:duramenquantoduram

'DIXIT'

Os políticos são, namaioria, jotinhas.Funcionários inex-perientes, Perdem,de longe, em relaçãoaos do pós-25 Abril

Cavaco é um dita-dor, mandou quatroamigos meus, dosmelhores ministros,

para a rua, assim demão directa

A única pessoa que,eventualmente, pusno poder foi MárioSoares. Foi a únicavez que declarei emquem votava

[Governo] BlocoCentral, não. Senãovira ditadura a dois,

compadrioBELMIRO DE AZEVEDOENTREVISTA À 'VISÃO'

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5 MOMENTOS

O MENINO DO MARCO> Infância BeLmiro de Azevedo

nasceu no Marco de Canaveses

(1938), onde mantém casa. Filhode uma modista e de um carpin-teiro, é o mais velho de oito ir-

mãos. 0 futuro patrão da Sonae

começou a trabalhar cedo, para

pagar a sua licenciatura em

Engenharia Química, na

Universidade do Porto.

PATRÃO DA SONAE> Empresário Em 1974, no agi-tado ano da Revolução de Abril,assume a presidência do grupoSonae, empresa criada em 1959,que se dedicava ao fabrico de

produtos derivados da madeira.

Das madeiras, Belmiro de

Azevedo abre o grupo a outros

sectores: os maiores supermer-cados e hipermercados são

seus. Funda um jornaL, entrenómundo das novas tecnologias.

O MAIS RICO> Sucesso Após a morte deAntónio Champalimaud, o patrãoda Sonae torna-se no único por-tuguês a integrar a famosa listados homens mais ricos do

mundo, da revista Forbes, na aL-

tura, com uma fortuna avaliada

em 2,2 mil miLhões de dólares. É

a 350 a maior fortuna do mundo,numa lista que era liderada peLo

americano Bill Gates.

CONDECORAÇÃO> Homenagem É presidente e

membro de várias associações e

de conselhos consuLtivos de uni-versidades portuguesas. No des-

porto, é adepto do FC Porto e

sócio honorário do FC Marco de

Canaveses, o grupo de futebol da

sua terra natal. O homem muitocrítico e duro com os políticos foi

condecorado, em Janeiro de

2006, peLo Presidente da

República Jorge Sampaio.Devido ao império que construiu

ao Longo da vida, BeLmiro de

Azevedo foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.

Henrique

PARTILHA

> Sucessão Já não é o presiden-te executivo do grupo Sonae,

agora Liderado por Paulo

Azevedo, um dos filhos. Mascontinua a seguir de perto os ne-

gócios. "Uma empresa bem geri-da", diz BeLmiro na entrevista à

Visão, "e como um pLano de su-cessão não tem de morrer, podeser eterna. O meu maior prazer é

partilhar conhecimento e poder".

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EMPREENDEDORA

SÔNIA GOMES DEIXOU A ENGENHARIA CIVIL PARA MONTAR EMPRESA

Carreira firmetrocada pelo turismodeaventura

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MUMWO FONSECA JÚMOftajunior@jopt

Ávidaprofissional de

Sônia Gomes man-tém-se, como sem-pre, "muito intensaeextenuante", ocu-

pando-lhe "parte considerável"do tempo, Mas algo mudou:"Ganhei um pouco de margemde manobra, que me era essen-cial". Foi esse o motivo que a le-vou a deixaruma carreira já comanos como engenheira civil,para se tornar empresária, lan-çando a "Não há Tectos", dedi-cada ao turismo de experiências.

"Precisava mesmo de serdona do meu tempo, especial-mente a partir do momento em

que passei a ter dois filhos", re-corda a empresária que, até aomomento em que o seu espíri-to empreendedor falou maisalto exerceu funções como di-rectora de obra e depois comolíder do departamento de com-pras de uma construtora, car-gos exigentes e pouco flexíveisem termos de horária

"Como sempre gostei de fa-zer surpresas deoferecer pren-

das, apreciando a expectativa da

reacção das pessoas, estava aten-ta ao mercado do turismo de ex-periências, que se desenvolviacada vez mais forte através das

empresas hoje em dia mais co-nhecidas", explica Sônia Gomes.

"Sabia que a minha formaçãoera em áreas completamente dis-tintas, mas, mesmo assim, decidi

avançar para a criação da empre-sa. Á principal dificuldade que en-contrei, na verdade, não foi essa,mas sim criar parcerias que trou-xessem valor acrescentado às ex-periências", argumenta a empre-sária, à laia de explicação para aimportante decisão que tomou hácerca de dois anos.

£ Sônia Gomes conseguiu en-contrar mais-valias paraasua eoa-

presa,asprincipais,emsua opinião,"ofartodepersonalizarmosaofer-ta, de a ajustarmos à medida do

djente",eofactodeasuaempresater sede no Norte, "o que fiai inte-ressanteparachegaraumnovopú-blico, ainda pouco sensibilizado"

para este tipo de actividade.A "Não háTectos" - que recla-

ma oferecei? "sonhos sem limi-tes" - conseguiu assim, "diversi-

dade de oferta e preços bastantecompetitivos", também graças aum esforço para ter "custos deoperação muito baixos", recor-rendo a soluções no Norte.

A empreendedora pretendeagora aumentar a diversidade daoferta de fim-de-semana- as "es-

capadinhas" -, reforçar a apostanos Açores e naMadeirae lançar--se internacionalmente. Neste úl-timo capítulo, tem o Reino Unidoe Franca como principais alvos, ¦

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Orfeão de Eirizcom a Tuna da UP

BAIÃO

O Salão da Junta de

Freguesia de Eiriz vai seramanhã, às 21.30 horas,palco do 5. s concerto doOrfeão de Eiriz no âmbitoda programação culturaldo município. O concertoabre com o orfeão da

freguesia e encerra com aTuna da Universidade doPorto.

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As propostas do Bloco de Es-

querda e do Partido ComunistaPortuguês para alteração do sis-tema de financiamento do EnsinoSuperior público foram ontem re-jeitadas com os votos contra doPS, CDS-PP e PSD. O projecto delei do BE propunha a revogaçãodo regime de pagamento de pro-pinas e a adopção do sistema plu-rianual de financiamento das ins-

tituições de Ensino Superior pú-blico; o do PCP implicava umnovo modelo de financiamento.

Fim das propinas nãoconvenceu a maioria

"Propomos uma política querespeite a gratuitidade prevista naConstituição, em que o Estado as-sume as suas responsabilidadesde financiamento do ensino supe-rior", defendeu o comunista JoãoOliveira. Pelo BE, José Soeiro,lembrou um estudo da OCDE queaponta Portugal como o terceiropaís da Europa com as propinasmais elevadas. "As propinas sãoum factor de exclusão dos maispobres e são uma subversão doensino", justificou o deputado. Os

argumentos que não convence-ram as restantes bancadas. ¦

Parlamento

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Paula Nunes

Doenças neurológicas custamaté 790 milhões por anoAs doenças do cérebro são a "nova moda" na União Europeia. Os gastos anuais eas perdas de produtividade justificam as atenções dos organismos internacionais.

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Hermínia [email protected]

O progressivo envelhecimentoda população europeia e umacada vez maior incidência de

doenças do foro neurológico,nomeadamente das doenças deAlzheimer e de Parkinson, cus-tam anualmente entre 390 a790 milhões de euros, quer nostratamentos e cuidados conti-nuados daquelas doenças cró-nicas, quer por via da reduçãoda produtividade e aumento doabsentismo. "Patologias como oAlzheimer ou a doença deParkinson não são as mais fre-quentes, mas são as mais dis-pendiosas", disse ontem PatrikBrundin, professor de Neuro-ciências da Universidade deLund, na Suécia, na VI Confe-rência Indústria Farmacêutica doDiário Económico e da MSD.

Esta é razão suficiente paraque exista uma atenção cada vezmaior por parte dos organismoseuropeus e também mundiaispara as doenças do foro neuro-lógico. "A União Europeia temmodas, doenças como o HIV e o

cancro já foram moda na UE,agora são as doenças do cére-

Cerca de 27 milhões,dos 266 milhõesde europeus, são

portadores de uma

doença de forocerebral, as quaisrepresentamactualmente cercade 35% das doençasregistadas na Europa.

bro", sublinha António Correiade Campos, ex-ministro daSaúde e hoje deputado ao Parla-mento Europeu.

Correia de Campos elogia a

atenção dada a este capítulo,até porque, como diz PatrikBrundin, cerca de 27 milhões,dos 266 milhões de europeus,são portadores de uma doençado foro cerebral, as quais repre-sentam actualmente cerca de35% das doenças registadas naEuropa. Brundin alerta para ofacto de as terapias existentesserem "insuficientes, porquenão conseguem travar essasdoenças" e cada uma delas é"um caminho progressivo paraa incapacidade".

A procura de novos medica-mentos e de novas formas detratamento não é, no entanto,tarefa fácil e é, acima de tudo,dispendiosa, sublinha PatrikBrundin, que diz que cada novaterapia custa entre 800 a 1.000milhões de euros entre o inícioda investigação e a entrada emcomercialização.

A questão, alerta o portu-guês Rogério Gaspar, professorda Faculdade de Farmácia daUniversidade de Lisboa, é quea taxa de insucesso na hora dedesenvolver uma nova drogaronda os 95%. "O que caracte-riza hoje o desenvolvimento denovos fármacos é um aumentobrutal dos custos de investiga-ção e desenvolvimento queestá geralmente associado comuma enorme taxa de atrito, ouseja uma taxa de insucesso,muitas vezes superior a 95%",explica Rogério Gaspar, espe-cialista em Nanomedicina. Osvalores fazem parte da estatís-tica geral porque, em relaçãoaos nanomedicamentos, aexistência de pouco menos detrês dezenas de medicamentosfaz que com não exista umaavaliação precisa.

Numa coisa, Brundin e Ro-gério Gaspar estão de acordo:"Não se pode matar a inovaçãodemasiado cedo, porque podesempre haver ali qualquer coisade bom", alerta o professorsueco. Acima de tudo, diz Ro-gério Gaspar, é preciso chamara atenção para a "responsabili-dade ética de olhar para a in-vestigação que é translacioná-vel no sentido de passar da pré--clinica à clínica e dar acessoaos doentes". ¦

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Neurociênciastêm fortesimplicaçõeséticasAté onde podem ir asneurociências foi um dos temasem debate na conferência.

Hermínia Saraiva

[email protected]

Neuromarketing, neurotecnolo-gia, neuroteologia, neuroestéti-ca... a lista começa a ser longa ediz respeito às disciplinas que têmsido desenvolvidas a partir dasneurociências. Em comum têm ofacto de serem matérias com for-tes implicações éticas, legais e so-ciais, porque interferem com"velhas questões, como o livre ar-bítrio e o determinismo, verdade,cognição, juízo m0ra1...", alertouontem João Lobo Antunes, na VIConferência Indústria Farmacêu-

tica do Diário Económico e daMSD. Daí a necessidade de estu-dar "as questões éticas, legais e

sociais que surgem quando os co-nhecimentos das neurociênciasinfluenciam a prática médica, a

investigação legal e as políticassociais e da saúde", diz o profes-sor da Faculdade de Medicina daUniversidade de Lisboa.

Em causa está a necessidade de

perceber até que ponto a humani-dade tem o direito de agir sobrefactores pré-determinados, pro-curando "que os nossos filhos se-jam cada vez melhores e mais bempreparados, escolhendo caracte-rísticas genéticas, eliminando ou-tras", questiona Lobo Antunes. Aofazê-10, diz o neurocirurgião, po-deremos estar a contribuir paranovas formas de discriminação,criando "uma sociedade em queumas pessoas são ricas genetica-mente e outras pobres" , com clarosreflexos de uma e outra caracterís-tica no desenvolvimento económi-co das respectivas populações. Aoreceio da discriminação juntam-seainda potenciais abusos por exclu-

são em questões fundamentaiscomo o acesso ao emprego ou a sis-temas e seguros de saúde. Será legí-timo ou desejável saber de antemão

qual a predisposição que cada serhumano tem para determinadadoença, porque se há casos quepodem ser antecipados e resolvi-dos, noutros o risco é de viver comuma sentença de morte sob a ca-beça, pergunta Lobo Antunes.

Apesar das preocupações quedaí possam advir, o neurocirur-gião garantiu à plateia presenteque "as questões éticas levantadas

pelas neurociências têm sido rapi-damente respondidas". ¦

O desenvolvimentodas neurociênciase as potencialidadesda engenharia genéticalevantam questõesfundamentaisde discriminaçãoe exclusão.

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Nova pós-graduação

Aprenda a lucrarcom o Facebook

O IPAM lançou um novo curso em Marketing Digital para ajudar os

gestores a compreender e actuar no mundo virtual das redes sociais

SARA. [email protected]

QUASE dois milhões de portugueses uti-lizam diariamente várias redes sociais.

O Instituto Português de Administraçãode Marketing (IPAM), atento a esta rea-lidade e consciente da importância de

compreender este fenómeno e ajudar as

empresas e marcas a triunfar neste novo

campo, vai lançar em Março uma pós-

graduação em Marketing Digital.«É inegável que grande parte da in-

fluência dos meios tradicionais foipassada para o meio digital e o pró-prio consumidor passou a ter a suaesfera de influência alargada», expli-ca Filipe Carrera, coordenador e docen-

te da pós-graduação. Por essa razão, o es-

pecialista em e-business não esconde que«é necessário saber lidar com a novaordem que se vem impondo, para quea estratégia não se perca com o ruídoque é característico do meio online».

A formação, que conta com disciplinascomo Social Networking, Social Media e

Search Engine Marketing (SEO), vaiabordar de forma prática uma série de

ferramentas e de técnicas a utilizar na

elaboração de planos de acção a aplicarna Economia Digital.

Destinada a profissionais da área digi-

tal, de marketing e de comunicação, a

pós-graduação tem como objectivo dotaros formandos de competências que lhes

permitam actuar eficazmente no mundo

virtual, potenciando os resultados de

uma campanha. Por outro lado, preten-de-se que a definição de estratégias sejafeita de uma forma integrada e contem-

ple o online como meio de amplificaçãode mensagem, meio de transmissão ex-

clusivo ou até como a própria mensagem.As expectativas de adesão ao novo curso

são as melhores. «A utilização das redessociais é um fenómeno em ascensão,com cada vez mais empresas, institui-ções e entidades a apostarem nesta for-ma de comunicação directa, interacti-va e com possibilidade de individuali-zação do público-alvo», acrescenta.

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Há 25 anos a inovar no marketingDesde 1984 que o IPAM aposta na formação académica de gestores de topo. Ac-tualmente conta com três estabelecimentos de ensino sedeados em Lisboa, Avei-

ro e Matosinhos. 0 IPAM é detido a 100% pelo Grupo Ensivest, que concentra amaioria da oferta de cursos de Marketing nas instituições privadas. Além de pio-neiro no ensino de publicidade e marketing em Portugal, é o instituto de ensino

superior com a maior taxa de empregabilidade. De acordo com os últimos dados

divulgados pelo lEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional, 89% dos

alunos que frequentam os cursos do IPAM obtêm colocação no mercado de trabalho

no prazo máximo de seis meses após a conclusão da licenciatura.

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Quebrar a RESISTÊNCIAUm grupo de cientistas do qual faz parte a portuguesa Hermínia de Lencastre

analisou e decifrou as bactérias resistentes a antibióticosTexto de RICARDO NABAIS

A RESISTÊNCIADE ALGUMASBACTÉRIAS A

ANTIBIÓTICOS é um novodesafio médico. Ao pontode um célebre ditado popu-lar começar a perder a ac-

tualidade - em vez de 'paragrandes males, grandes re-médios' deveríamos dizer,nos tempos que correm,'para grandes remédios,remédios ainda maiores'.

Uma equipa internacionalda qual faz parte Hermíniade Lencastre, do Instituto de

Tecnologia Química e Bioló-

gica (ITQB), da Universida-de Nova de Lisboa, conse-

guiu decifrar uma parteimportante do problema.

O estudo a que se dedicou

o grupo foi publicado na se-

mana passada na revistacientífica Science e consis-

tiu na análise do comporta-mento da bactéria Staphylo-coccus aureus, resistente aoantibiótico meticilina e a

mais temida nos hospitais.A equipa testou um clone

desta bactéria, caracteriza-do por investigadores um

pouco por todo o mundo en-tre 1982 e 2003 - o projectofoi coordenado por Portugal- e que é resistente a vários

antibióticos, além de ser

responsável por 90% das in-

fecções em vários países.Usando uma tecnologia

avançada, os investigadores

conseguiram sequenciar o

genoma deste clone e calcu-lar a velocidade com que so-

freu mutações genéticas.A história destas mutações

acabou por ser uma das cha-

ves para a origem do proble-ma. As alterações genéticas

que as bactérias vão acumu-lando traduzem-se, por ve-

zes, na resistência aos anti-bióticos. No caso da linha-

gem resistente estudada pelaequipa de Hermínia de Len-

castre, a origem remonta aos

anos 60. Ou seja, à época em

que o uso (e o subsequenteabuso) dos antibióticos se ge-

neralizou na Europa. Prova-

se, assim, que a resistênciase deve à administração de

antibióticos.A descoberta vai servir

para compreender melhorestas bactérias e lançar o

problema para a fase se-

guinte, a de a indústria po-der vir a desenvolver me-lhores terapias contra elas.

Para Hermínia de Lencas-

tre, o futuro é seguir a his-tória de outras bactérias «e

contribuir também para o

combate de outras infec-ções importantes», a

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