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8/15/2019 HUGH-JONES, Christine - Pele e Alma - O Cíclico e o Linear
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PELE E ALMA: 0 Cf CLI CO E 0 LI NEAR.
TEMPO SOCI AL E ESPACO SOCI AL NA SOCI EDADE PI RA- PARANAENSE
Dese j o agr adecer a St ephen Hugh- J ones, por sua par t i ci pa~i o na col et a
dos dados usados nest e ar t i go e por s ua cont r i bui ~i o na el abor a~i o das
i dei as nel e ~ont i das, e a Ter ence Tur ner , pel o di scer ni ment o de seus
i mpr esci ndi vei s coment ar i os . Gos t ar i a t ambem de agr adecer ao Fundo
Meyer For t es, que me possi bi l i t ou escrever est e ar t i go e compar ecer ao
si mposi o em que f oi apr esent ado.
Vou t ent ar most r ar como a es t r ut ur a e as i nt er r el a~oes dos gr upos
de descendenci a est i o i nt egr adas e sac engl obadas pel os si st emas es~
~o- t empor ai s dos i ndi os do Pi r a- Par ana. Os Bar asana, ent r e os quai s
t r abal hei , sao ur n dos mui t os gr upos exogami cos de descendenci a pat r i -
l i near que vi vem no Pi r a- Par ana, mas 0si st ema de i nt er casament o ent r e
t ai s gr upos ext ende- se mui t o al em dest e r i o, envol vendo t odos os povos
f al ant es de l i nguas Tukano Oci dent ai s que vi vem no Vaupes . 0 ar t i go d~
vi de- s e em ( 1) uma di scussi o do t empo soci al , ( 2) uma di scussao: da or -
gani z a~ao concei t ual de ur n con j unt o de si s t emas espa~o- t empor ai s , e
( 3) ur na si nt ese, onde ar gur nent o que os si s t emas dest e conj unt o apr e-
sent am a mesma est r ut ur a, baseando- me nos pr i nci pi os el uci dados em ( 1) .
Concl ui - se da ar gur nent a~i o que ser i a poss i vel t r a~ar cor r espondenci as
ent r e os pr oces sos f undament ai s que e s t r ut ur am ess es si st emas £spa~o-
t empor ai s , mas, as exi genci as quant o ao t amanho do ar t i go i mpedem a i n-
cl usao dest e t ema.
A
I deal ment e cada gr upo exog&T. i co ( como os Bar as ana, os Tat uyo, os
Kar apana, et c . •• ) t er n uma l i ngua pr opr i a e di st i nt a, f al ada por seus
membr os i ndependent ement e do l ugar onde resi dem e das l I nguas f al adas
por aquel es que os cercar n. Os gr upos exogami cos s ac i guai s , por em se
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di f er enci am no sent i do de que cada ur n del es descende de uma sucur i an
cest r al especi f i ca, com nome pr opr i o. Do pont o de vi st a de qual quer
gr upo, os out r os sac uma ser i e de uni dades separ adas, at uando si mul t a
neament e como doador es e r ecept or es de mul her es. 0casament o com mu-
l her es de uma cat egor i a que i ncl ui a pr i ma cr uzada bi l at er al r eal e
pr escri t o, e i deal ment e assume a f or ma de t r oca de i r mas. Dent r o da
cat egor i a de mul her es desposavei s exi s t e pr ef er enci a pel a f i l ha da i r -
ma do pai , em det r i ment o da f i l ha do i r mao da mae. Est a pr ef er enci a
har Qoni za- se com a enf ase na r eci pr oci dade ent r e os gr upos exogami cos,
poi s quando a t r oca de mul her es nao f or compensada numa ger a9ao, 0 e-
qui l i br i o ser a r est abel eci do na ger a9ao segui nt e.
A i gual dade e a r eci pr oci dade si met r i ca t i pi cas das r el a90es ex-
t er nas ent r e os gr upos exogami cos cont r ast am com a estr ut ur a hi er ar -
qui ca ext er na que l hes e pecul i ar . Uma hi er ar qui a baseada na or dem de
nasci ment o e t i pi ca de t odos os ni vei s de or gani za9ao dos gr upos de
descendenci a, e nas l i nguas do Pi r a- Par ana t odos ost er nos que denot am
r el a90es de i r mandade especi f i cam quem e " mai s vel ho" ou " mai s m090"
em r el a9ao a ego. Todas as subdi vi soes i nt er nas do gr upo exogami co c£
l ocam os pr i mei r os a nas cer na f r ent e dos ul t i mos , e e i s t o, mai s do
que a memor i a geneal ogi ca, que si t ua cada gr upo ou i ndi vi duo em r el a-
9ao aos out r os.
As pr i nci pai s subuni dades do gr upo exogami co, que denomi nei " si bs"
segui ndo 0 exempl o de Gol dman, sac or denadas de acor do com 0 model o
de ci nco i r maos agnat i cos, di f er enci ados t ant o pel a or dem de nasci men
t o quant o pel a especi al i za9ao f unci onal . Os si bs r epr esent am as di f e
r ent es par t es da sucur i ancest r al , come9ando pel a cabe9a, com 0 si b
dos "che: f es" pri mogeni t os, e cont i nuando da segui nt e f or ma:
cabe9achef es
Tai s at r i bui 90es, com sua enf ase no pr est i gi o decr escent e que vai d
pr i mei r o/ cabe9a ao ul t i mo/ r abo, conver t em a si mpl es or dem de nasci men
t o num conj unt o f unci onal ment e i nt er dependent e, t endo seu f oco or ganl
zador no mei o, e nao nas ext r emi dades:
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uni dades est a baseada no papel que l hes compet e nas di r er ent es esf er as
da vi da soci al . Chef e e ser vo sac papei s compl ement ar es na esf er a po-
f."" •• - ,
l l t l co- economi ca, cant or es e xamas sac papei s compl ement ar es na esf e r a
r i t ual , e guer r ei r o e ur n papel s i ngul ar , vol t ado par a a ext er i or i dade
DOS out r os gr upos exogami cos, f ont es de mul her es desposavei s. Devo l e~
br ar que mi nha pr eocu~aao aqui e com a es t r ut ur a i deol ogi ca DOS gr upos
de descendenci a. At ual ment e, a bem da ver dade, a as soci a~ao ent r e 0p~
pel de cada s i b e a es peci al i za~ao i ndi vi dual de seus membr os e a mai s
t enue possi vel .
A composi ~ao de cada si b pode var i ar de ur n a cer n i ndi vi duos. Con-
f or me 0numer o de membr os, ocupa ur na ou mai s mal ocas. At ual ment e e r a-
r o encont r ar mai s de t r i nt a i ndi vi duos r es i di ndo na mesma cas a, mas ~
t i gament e 0gr upo domest i co er a bem mai s nur ner oso. 0 gr upo que r esi de
na mesma mal oca e compost o por i r maos ou pr i mos paral el os pat r i l at e-
r ai s e s eus des cendent es , exc et uando- s e, e c l ar o, as mul her es adul t as,
que f or am subst i t ui das por espos as pr oveni ent es de out r os gr upos . A o~
gani za~ao do gr upo est a baseada er n f ami l i as nucl ear es; cada casament o
de ur n membr o mascul i no const i t ui ur na nova uni dade f ami l i ar .
Vol t ando ao cont r ast e ent r e a es t r ut ur a hi er ar qui ca e a r e ci pr oci -
Dade si met r i ca quev. ~gor aent r e el es , podemos i dent i f i car ur na s i t ua~ao
anal oga no i nt er i or da mal oca. As r el a~oesdos membr os do gr upo de des-
cendenci a r esi dent e sac est r ut ur adas pel os mesmos pr i nci pi os que est r ~
t ur am 0gr upo exogami c o enquant o t al : ni vel ger aci onal e or dem col at e-
r al de nasci ment o; as esposas , ent r et ant o, sac i ndi vi dual ment e anexa-
das a est r ut ur a pat r i l i near nos pont os de s eu cr esci ment o. Da per spec-
t i va de u r n gr upo l ocal de descendenci a, as esposas sac di f er ent es por em
equi val ent es , por es t ar em r el aci onadas ao gr upo at r aves da af i ni dade,
exat ament e da mesma f or ma que, da per spect i va de ur n gr upo exogami c o,
t odos os out r os gr upos exogani c os sac di f er ent es por em equi val ent es,
por est ar em r el aci onados por af i ni dade. Em ambos os casos a di st i n~ao
nant e e cent r al , e ur na mul t i pl i ci dade de uni dades equi val ent es e r epe-
t i t i vas , que I he sac opost as e se or i gi nam f or a Del ao
As esposas, r epr es ent ant es DOS gr upos exogami cos do ext er i or , per -
manecem sempr e como est r angei r as dent r o da comuni dade. A di ver si dade
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das l i nguas f al adas na mal oca at est a const ant ement e a or i gem ext er na
das mul her es. El as sac i ndi spensavei s a cont i nui dade do gr upo pat r i l !near , embor a j amai s sej am i ncor por adas a el e. A cont i nui dade do gr upo
l ocal de descendenci a t er n seu cor ol ar i o na f r agment a~ao de conj unt os
coesos de i r maos em uni dades f ami l i ar es separ adas e, event ual ment e, em
mal oc as di st i nt as. Assi m, 0cas ament o di vi de os gr upos de i r maos de u-
ma ger a~ao par a poder recr i a- l os enquant o novas uni dades na ger a~ao
segui nt e.
Vi st as sob esse pr i sma, as mUl her es~ao ao mesmo t empo cr i ador as e
dest r ui dor as das ger a~oes que mar cam a passagem da c ont i nui dade pat r i
l i near at r aves do t empo mas, como ent r am e saem a cada ger a~ao, el asnao apar ecem como mar cos dessa passagem. As mul her es vao e vem, enqua~
t o as ger a~oes de homens se somam: e a i nt er r el a~ao ent r e es t es dois
pr ocessos que ger a os i ndi vi duos e os gr upos da soci edade Pi r a- par an~
ense.
De cer t o modo os pr ocessos de ci r cul a~ao f emi ni na e de acumul a~ao
mascul i na coi nci dem em cada ger a~ao, quando os homens at i ngem a mat ur i -
dade s exual e t rocam as i r mas por es pos as . Mas t ai s pr o~es sos sac di -
vergent es par a a ger a~ao que doa i r mas, so coi nci di ndo pl enament e quan-
do as f i l has dessas i r mas r et or nam ( casament o com a FZD) , na ger a~ao
segui nt e. Na pr i mei r a ger a~ao, 0gr upo de descendenci a r ecebe como es-
posa ur na mul her equi val ent e a i r ma t r ocada, que I he e opost a por per -
t encer a out r o gr upo de descendenci a; j a na ger a~ao segui nt e, r ec ebe ~
ma mul her que, al em de ser equi val ent e e opost a pel a descendenci a, r e-
l aci ona- se pel a l i nha f emi ni na a i r ma anteri orment e t r ocada. Assi m osr esul t ados pl enos da t r oca or i gi nal so sao obt i dos na segunda ger a~ao,
est abel ecendo- se ur na al i n~a cont i nua. De acor do c om esse model o bi - di -
mensi onal , a soci edade e i nt ei r ament e r ecr i ada no dec or r er de duas ge-r a~oes, mas de acor do com a sucessao uni ger aci onal a s oci edade e r ecr i -ada a cada ger a~ao. Est es model os al t er nat i vos est ao r epr esent ados na
f i gur a 1, col unas 1 e 2.
Acho que os doi s model os sac r econheci dos pel os i ndi os , e est ao ex
pr essos nas cr en~as r el aci onadas a t r ansmi s sao pat r i l i nes r da s ubst i l l 1-
ci a que const i t ui a al ma (~J . Se por ur n l ado a cr i an~a r ecebe a al Qa
j unt o com 0semem do pai , por outro l ado a al ma vem j unt o com 0nome
da c ri an~a. 0 semem pas s a de pai par a f i l ho quando ur na nova ger a~ao a-
t i nge a mat ur i dade sexual e pode casar . Os nomes dos mor t os passam pa-
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~" ) : mul her es de gr upos exogami cos opost os,~
, -r a os par ent es pat r i l i near es mai s pr oxi mos da segunda ger a9ao descen-
dent e, de modo que i deal ment e ur nmeni no r ecebe 0nome de seu FF ou de
seu FFB, e uma meni na 0nome de sua FFZ, t odos j a f al ec i dos . Os no~es
per t encem a um es t o que f i xo, que deve ser cont i nuament e r eci cl ado en-
t r e os vi vos. Como di sse ur n i ndi o: " Se nao r ecebessemos 0nome de nos, ,
sos avos, mor r er i amos como ur n cadaver apodr ecendo" . Sendo assi m a con
t i nui dade depende dos doi s t i pos de t r a nsmi s sao. Al em di sso, a j ust a-
posi 9ao de ambos most r a que, em t er mos i deai s, exi st em apenas duas g~
r a90es de vi vent es, poi s quando os homens at i nge~ a ~at ur i dade sexual
t or nam- se pai s de cr i an9as que subst i t ue~ 0 pr opr i o pai de t ai s 110-
Qens. Est as r el a90es podem ser mel hor ent endi das at r aves da f i gur a 1.
At e agor a a c ont r i bui 9ao da mul her par a a cont i nui d, : : , d"soci,l1 .1;>.
receu apenas co~o compl ement ar a dos ho~ens, est ando a t r oca dos po-
der es r epr odut i vos f emi ni nos as s oci ada aos ci cl os r epet i t i vos do de-
-senvol vi ment o cUQul at i vo dos gr upos pat r i l i near es. Embor a nao scj a
geneal ogi cament e comput ada, ~ Ll ovi ment a9ao das mul her es e per mancnt ~
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ment e t est emunhada pel a separ a9ao espaci al das mal ocas e dos t er r i t o
r i os dos gr upos exogami cos. Apos a mat ur i dade sexual as mul her es mu-
dar n par a mal ocas si t uadas er n t er r i t or i os de out r os gr upos exogami cos,
onde se t or nar ao esposas. Essa mudan9a di vi de seu ci cI o de vi da er n
duas f ases bem di st i nt as: na pr i mei r a el as sao pot enci al ment e cr i at i
vas, enquant o i r mas, e na segunda sac ef et i var nent e cri at i vas, enqu~
t o esposas. Par a a comuni dade l ocal as mul her es r esi dent es per t encem
a doi s gr upos, que se di st i nguem de acor do cor n a f as e de vi da da mu-
I her .
Est e aspect o bi f asi c o do c i c I o de vi da f emi ni no e r epr oduzi do a
ni vel f i s i ol ogi co dur ant e 0per i odo de f er t i l i dade na vi da da muI her ,
ent r e a menar ca e a menopausa, coi nci di ndo grossei r ar nent e cor n a s e -
gunda posi 9ao soc i al no ci c I o de vi da. A menst r ua9ao e vi s t a como ur n
pr ocess o de mudan9a de pel e, e a capaci dade de mudar de pel e e a f on
t e de cr i at i vi dade f emi ni na na gest a9ao. Dent r o dest a per spect i va, 0
ci cI o menst r ual e compost o por duas f ases i nt er dependentes: a per da
do sangue vel ho, da " pel e" , e 0f l ui r do novo. A per da e pot enci al -
ment e cr i at i va, associ ando- se ao desenvol vi ment o do f et o. As f ases
menst r uai s opost as, pr oduzi das nat ur al ment e pel as mul her es, podem
ser cl assi f i cadas como pot enci al e ef et i var nent e cri at i vas, da mes -
ma f or ma que as f ases soc i ai s opost as que mar car n 0ci cI o de vi da. A
per i di oci dade nat ur al das muI her es e t r ans f or mada er n per i odi c i dade
soci al pel as r egr as de exogar ni a.
Gener al i zando, mudan9a de pel e conf er e i mor t al i dade, e menst r u~
9ao conf er e i mor t al i dade er n doi s ni vei s . Pr i mei r o dur ant e 0ci c I o de
vi da i ndi vi dual , poi s os i ndi os di z em que a menst r ua9ao f az com que
as mul her es possar n vi ver mai s que os hor nens e r esi s t i r mel hor as do-
en9as. Segundo por que a i mor t al i dade t r anspar ec e, a ni vel mai s ger al ,
na cadei a i ni nt er r upt a de cont i nui dade r i si c a at r aves das ger a90es.
As Qul her es menst r uam, dao a l uz, e assi m por di ant e. t ver dade queas mul her es pr eci sam ser I t enchi das l t de semem, como di zem os i ndi os ,
mas do pont o de vi s t a da cont i nui dade r i s i c a da l i nha f emi ni na, i s t o
nao pass a de uma i nt er ven9aO per i odi ca e neces sar i a, do mesmo modo
que as esposas vi ndas do ext er i or sac necessar i as a cont i ~u1dadc so-ci al do gr upo pat r i l i near .
Ter nos doi s t i pos opost os de cont i nui dade: a cont i nui dade r {si ca,
associ ada a capaci dade nat ur al da mul her de menst r uar , e a cont i nui -
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dade soci al , associ ada a capaci dade r i t ual do homem de transmi t i r asUbst anci a- al ma. Ambos dependem da cont r i bui 9ao do sexo opost o, e as
si m 0papel mascui no na cont i nui dade t er n ur n as pec t o nat ur al r epr ese~
t ado pel o semem, e 0papel f emi ni ne na cont i nui dade t er n ur n aspect o
soci al r epr esent ado pel a posi 9ao de esposa. Mas at e es t es as pect os
s ac i nf l uenci ados pel a di vi s ao r adi cal que exi s t e ent r e os sexos. No
caso dos homens, 0semem est a r el aci onado com os ossos ( em oposi 9ao
a car ne, r el aci onada ao sangue mesnt r ual ) ; 0osso e ur na s ubst anci af l s i ca com pr opr i edades espi r i t uai s , poi s sobr evi ve a mor te, e e 0cont at o com os os s os dos ances t r ai s , r epr es ent ados pel as f l aut as J u-
r upar i , aqui l o que per mi t e aos homens mudar r i t ual ment e de al ma. Amudan9a de al ma ocor r e dur ant e os r i t os de i ni ci a9ao mascul i na, r ep~
t i ndo- s e em out r as oc asi oes. No caso das mul her es, 0papel de esposa
- embor a ni t i dament e soci al - t er n pr opr i edades nat ur ai s. 0 casament o
nao envol ve r i t uai s ; as mul her es sac si mpl esment e pegas ou capt ur a-
I - ,das pel o gr upo do mar i dqpot enci al , e a obt en9ao de ur na esposa e met a
Apesar dos doi s modos de c ont i nui dade s er em opos t os e compl emen-
tar es, el es nao s ac i guai s em t odos os s ent i dos , poi s a cont i nui dade
f emi ni na e domi nada pel a mascul i na. As r egr as de pat r i l i near i dade e
de pat r i l ocal i dade har moni zam- s e com a cont i nui dade da subst anci a- al
ma, s er vi ndo par a r omper a cont i nui dade f l s i c a da l i nha f emi ni na ao
col ocar mae e f i l ha em gr upos opos t os , e ao f azer com que a f i l ha mu
de de r esi denci a apos 0casament o. Cor r obor ando t ai s f at os, descobr i
mos que a capaci dade de menst r uar e de pr ocr i ar das mul her es sac r i -
t ual ment e cont r ol adas pel os homens. Ocor r e 0mes~o com a capac1dadc
de cul t i var e de cozi nhar as al i ment os , vi s t as como as cont r apar t i das
economi cas de seus poder es pr ocri at i vos. As mul her es menst r uadas e os
r ecem nasci dos e suas maes pr eci sam de t r at ament o xamanl st i co. Est e
t i po de xamani s mo vi sa pr i nci pal ment e a pur i f i ca9ao dos al i ment os c£
zi dos que, se nao f or em adequadament e t r at ados, podem mat ar ao i nvcs
de f or t i f i c ar .
Se por ur n l ado a cont i nui dade f emi ni na e domi nada pel a cont i nui -
dade Ll ascul i na, por out r o par ece mot i va- l a. A vi i . > pat r i l i near que
conduz do pr es ent e ao pas ado ancest r al , por exempl o, e descr i t a co-
mo un f l uxo de l ei t e e ur n cor dao umbi l i cal . 0 desenvol vi nent o da cr i
an9a no ut er o, 0cor dao umbi l i cal e a nut r i 9ao at r aves do l ei t e c dos
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al i ment os cul t i vados e cozi nhados pel as mul her es sac i magens poder o-
sas de cont i nui dade. A concret ude da cont i nui dade f emi ni na pode ser
compar ada ao cont r ol e- r emot o exer ci do pel os homens at r aves da mani p~
l a9ao da sUbst anci a- al ma. Est a r eal i dade i medi at ament e pal pavel da
cont i nui dade f emi ni na e ur n dos mot i vos que I he per mi t e ser vi r de s ubs
t r at o met af or i co par a a expr essao de seu opost o compl ement ar - a con-
t i nui dade mascul i na.
Vi mos que os modos mascul i no e f emi ni no de cont i nui dade s ao, r es
pect i vament e, soci al / es pi r i t ual e nat ur al / f i si co, e que 0 modo mas-
das e r epet i t i vas, consi st ent es com a t r oca de mul her es ent r e os gr ~
- r ' pos. 0modo mas cul i no r epr esent a uma ext ensao cont 1nua at r aves do t er n
po, e 0 modo f emi ni ne uma cont i nua r enova9ao. I st o suger e mai s uma su
per i or i dade i ner ent e ao modo f emi ni no. A pr opr i a const i t ui 9ao da vi -
a pat r i l i near vai pr ogr essi vament e af as t a ndo os vi vos da f ont e de P£
der no passado anc es t r al , ao pas so que os c i c l os r epet i t i vos das mu-
I her es per mi t em uma const ant e r egener a9ao. Par a sor ver 0 poder ances-
t r al os homens pr eci sam vol t ar pertotl1camente no tempo ou, c omo el es
di zem, " t or nar - s e al guem da ger a9ao ancest r al ". A vi agem e empr eendi -
da at r aves da i ncor por a9ao dos pr ocessos de mudan9a de pel e, essen-
ci al ment e f emi ni nos, aos r i t uai s mascul i nos. Assi m a mudan9a r i t ual
de al ma depende do ci cI o cr i at i vo f emi ni no, do mesmo modo que a t r ans
mi ss ao da subst anci a- al ma at r aves das ger a90es depende ~~ t r oca c1-
cl i ca dos poder es r epr odut i vos f emi ni nos.
Na anal i s e dos s i s t emas espa90- t empor ai s, quer o most r ar como a
r el a9ao ent r e a est r ut ur a pat r i l i near hi er ar qui ca e os l a90s af i ns i -
gual i t ar i os, t ant o quant o a r el a9ao ent r e 0 t empo pat r i l i near i r r ever
si vel , cumul at i vo, e 0 t empo f emi ni no c1cl i co, es t ao i nt egr adas numa
e s t r u t ur a que f or nec e a base or gani zaci onal par a uma s er i e de si s t -
mas espa90- t empor ai s .
Mas ant es de ent r ar nes t e assunt o apr esent o um s umar i o dest a se-
9ao, corr el aci onando as pr i nci pai s i dei as. Vma l i s t agem assi m e en£~nos a, por or ni t i r os f at os r nai s i mpor t ant es - as r el a90es di nami cas
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r el ac; oes soci ai s
padr oes de r esi denci a
aspect o do i ndi vi duo
r el ac; oes pat r i l i near es
pat r i l ocal i dade
al ma
gr upo do pai / gr uPOddomal " J . 0
r enovacao do. i odi v{duodur an~e 0cl c~O vl t a~
i deol ogi a de r enovac; ao
mei os de r enovac; ao
cr i at i vi dade f i si c a sangue menst r ual
par t e
I nt r odU
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di vi duos e os pr odut os que nec essi t am par a vi ver c onf or me suas t r adi -
90es cul t ur ai s. as si s t emas espa90- t eopor ai s que you descr ever podem
ser or denados numa escal a hi er ar qui c a em que cada ni vel cont em a uni da
de menor , como as cai xas chi nesas. Exi st e uma cor r espondenci a gener i ca
ent r e est a hi er ar qui a e a hi er ar qui a da or dem de cr i a9aO dos gr upos s£
ci ai s . Por " hi er ar qui a de cr i a9ao" r ef i r o- me a or dem at r aves da qual ar epr odu9ao soci al engendr a i ndi vi duos or gani zados em gr upos de mal ocas,
que por sua vez est ao or gani zados em uma ser i e de gr upos exogami c os
t - ~
que r epr esent am a t ot al i dade da soci edade i nd1gena. A pr odu9ao economi -
c a e uma f or 9a c r i at i va em t odos os ni vei s da hi er ar qui a, e nao pode
ser i nt er r ompi da em nenhum pont o. Na hi er ar qui a dos si st emas espa90- t c~por ai s a pr odu9ao economi ca est a mel hor r epr esent ada pel o si s t ema am-
bi ent al ( 0 uni co que nao f oi i ncl ui do no con j unt o de cor r espondenci as
assi nal adas pel os pr opr i os i ndi os) . I st o por que a mal oca e uma uni dade
economi ca vi r t ual ment e aut osuf i ci ent e, e a cl assi f i ca9ao de seu espa90
c i r cundant e coi nci de com as pr i nci pai s cat egor i as de pr odu9ao ( agr i c u~
t ur a, pes ca, ca9a e col et a na f l orest a) . A cor r espondenci a ent r e as 0E
dens de c r i a9ao e os s i s t emas espa90- t empor ai s podem s er r epr esent adas
r epr odu9aosexual
pr odu9ao economi ca
gr upo r esi dent e • gr upo exogami c o
ge par a 0 Ri o de Lei t e, i dent i l i cado ao pr opr i o r i o Amazonas. As e3b~-
eei r as dos r i os des t e si s t coa s i t uao- se a oest e, e el es cor r eo em di r~
9aO a Por t a da Agua, a l es t e; par a os i ndi os, U~l a vi agem r i o aei r na c £r esponde a j or nada di ur n~ do sol .
Vamos i magi nar , por enquant o, que a t e r r a e cor t ada por um uni c ~r i o. Em pri r nei r o l ugar 0 r i o f or neee ur na passageD cont i nua ent r e f l ~
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r est a vi r gem e a embocadur a, s endo que 0pr opr i o r i o vai se t or nando
mai s l ar go e r nai s cl ar ament e di f er enci ado da f l or est a a medi da eo que
se apr oxi ma da f oz. Os gr upos Tukano do Vaupes sac povos f l uvi ai s, em
t er mos i deol ogi cos e economi c os. As mal oc as sac c onst r ui das ao l ongo
dos r i os; as vi agens s ac f ei t as pr i nc i pal ment e pel os r i os; os pei xes
s ac a pr i nci pal f ont e de pr ot ei nas e Al em di sso sac povos hor t i cul t or es,
que f i z er am da mandi oca a base de sua al i ment a~ao, mas cul t i v~~ t ambem
uma gr ande var i edade de out r os al i ment os e de "dr ogas" . As r el a~oes p. £
l i t i cas ent r e as comuni dades que habi t ar n di f er ent es mal oc as sac pr o-
f undament e i nf l uenci adas pel as t r ocas de convi t es par a r i t uai s que de-
pendem do excedent e de duas c ul t ur as em par t i cul ar : mandi oca e coca.
Assi m, 0cul t i vo t er n una i nf l uenci a di r et a na pol i t i ca.
Em di r e~ao as cabecei r as a di sponi bi l i dade de pei xe e as l aci l i da-
des de l ocomo~ao pel o r i o VaG di mi nui ndo, de modo que as comuni dades
dos al t os r i os dependem mai s da ca~a e da col et a na f l or est a como f on-
t es de pr ot ei na, vi a j f f i 1dopr i nci pal eent e por t er r a. Al em di ss o exi s t e
ur n vi ncul o i deol ogi co ent r e as comuni dades dos bai xos r i os e 0cul t i vo,
ur na vez que as espec i es domest i c adas f or ar n t r az i das r i o aci ma, a par t i r
do l es t e , por uma sucur i ancest r al . Embor a est a ass oci a~ao nao t enha
si do conf i r mada ( nem desment i da) er n r el a~ao aos padr oes de pr odu~ao de
mandi oca no Pi ra- Par ana, el a pode ser apl i cada a uma r egi ao bem mai s
vast a, j a que nos bai xos r i os da baci a amazoni ca ger al oent e a t e r r a e
de qual i dade super i or . Os gr upos dos al t os r i os est ao eo oposi 9aO ao
gr upos dos bai xos r i os pel o f at o de suas econooi as pr i vi l egi ar er . l , r e~-
pect i vament e, a c aga e a c ol et a, e a pesca e 0
cul t i vo. Al em dest a 0-
posi gao quant o ao t i po, a economi a dos al t os r i os e vi st a como sendo
qual i t at i vament e i nl er i or , e a dos al t os r i os e Dai s val or i z ada - a-
l eo de f or necer uma di et a mai s r i c a e a base da dooi na9ao pol i t i c ~.
Resguar dando es t es cont r ast es econooi cos ent r e os gr upos, exi s t c
uma ass oci a9ao i deal ent r e super i or i dade de st a~us e r esi denci n nos
bai xos r i os . Os ci nco s i bs de ue gr upo exogaoi co estao i deal ment e di s-
pos t os ao l ongo de un r i o, de t al f or oa que os mai s vel hos f i cac l i o
abai xo ( os "c hef es" ) e os Dai s mo~os f i cam r i o aci ma ( os " ser vos") .
Eobor a os " s er vos" seJ aD Dodel ados nos I - 1aku,eo r el a~ao a est es i ndi os
sac vercadei r os ' : ' ul - ano.Os r ' : aku( gr upos que vi veo no vaupes C11;0 1
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exogami a, seQ pl ant a
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ver sao dupl i cada e bi l at er al ment e s i met r i ca do out r o ( f i gur as 3a e
3b) . J a vi mos que exi st em aspectos de si met r i a bi l at er al nos papei sat r i bui dos aos segment os, uma vez que el es devem se empar el har a par
t i r do papel c ent r al de "guer r ei r o" ( pg. 2) , podendo ent ao expr essar -
se si mul t aneament e em model os al t er nat i ves.
f'loresta
A .--MAi(u
- _ _ ::---- Servos Xamas I Guer eir os I Cantor es Chef es .= -- - - - - - - - . . , .
}1aiU.~ - -:. - f ~ ~ ; E ~ 1; . : T ; . - i : . ; " ; ~ :I;;:~~':;:':I----~ At----~~~Sl":,' __ -:_ ":S~~_ ~~~"= IXA.-,As~ nces rm
I -- -, .-------- --------.
Chegada da Sucur i Ancestr al). "
®e® HODELOSALTERNATIVOSDO RIO PRI NCIPAL CORRENDOATRAVESDA TERR A
~ Sistema Fluvial q ue
R ecorta a Terra
~
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-Col ocadas as associ acoes do ei xo l est e- oes t e, f al t a adapt ar 0mo-del o par a que possa dar c ont a do f or mat o nat ur al de ur n s i st ema f l uvi al
( at e aqui negl i genci ado) . As cabecei r as do si st ema f l uvi al encont r am-
se espal hadas, mas t odas conver gem par a 0mesmo f l uxo. I st o si gni f i ca
que a embocadur a t er n ur na uni ca l ocal i zacao, no l est e, ao passo que as
cabecei r as f or mam ur n ar co na per i f er i a oci dent al . De acor do com este
model o ( f i gur a 4) a vi agem r i o aci ma, em qual quer di r ecao, apr esent a
as car act er i st i cas do ei xo domi nant e, 0ei xo l es t e- oest e aci ma descr i
t o. Como se pode not ar , nest e si st ema f l uvi al em f or ma de l eque nao se
at r i bui nenhur n s i gni f i cado aos quadr ant es NE e SE da t er r a ci r c ul ar ,
que podem ser c hamado de " t e r r a de ni nguem", poi s os i ndi os nada t em
a di z er s obr e es sas r egi oes que mar gei am 0r i o de Lei t e ( f i gur a 3c) .
' B J AHBIEHTE DA I.I1ALOCA
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-As r nal ocas sao const r ui das per t o dos r i os . Cada cas a t er n uma por -t a pr i nci pal que e usada pel os hor nens, i deal r nent e vol t ada par a 0l es-
t e e p a r a 0cami nho do por t o, onde f i cam as canoas e as pessoas se b~
nham. Na di r e~ao opost a a por t a dos hor nens f i ca a por t a das r nul her es,com cami nhos segui ndo par a os cul t i vos e, f r equent er nent e, par a ur n pOE
t o secundar i o em un r i acho, onde as mul her es vao banhar - se, buscar a-
gua, l avar panel as , et c ••• 0 por t o das mul her es ser ve par a af ast ar co
ni da, det r i t os e mul her es do por t o dos hor nens . A cas a f i ca si t uada nu
ma cl ar ei r a ar enosa, que s e ext ende como ur n l eque f or a da por t a dos h£
mens. Est a cer c ada por chagr as ( r o~as, no espanhol l ocal ) r ecent er nen-
t e pl ant adas ou em di f er ent es est agi os de r egressao a f l or est a, depe~dendo dos anos de assent ament o l ocal . As r o~as se espal ham de acordo
com as c ar ac t er i st i c as da t er r a, mas no pl ano concei t ual f or mam ur n con
t i nuo que cerca a casa at e s er i nt errompi dapel a bar r ei r a do r i o. Al em
das chagr as ext ende- se a f l or est a, que nas pr oxi mi dades da casa e f a-
mi l i ar e r nai s ao l onge vai se t or nando es t r anha. A cas a, as r o~as e 0,
por t o pr i nc i pal c onst i t uem una ar ea di f er enc i ada, c ri ada e c ont r ol ada
pel a soci edade l ocal , opondo- se por ur n l ado a f l or es t a e por out r o, aor i o ( f i gur a 4a) .
o r i o e descri t o como ( a) " cami nho aquat i co ancest r al " ( he oko ma) ,
( b) cor dao unbi l i c al que l i ga as al mas ( a p r opr i a cor nuni dade) , ( c) cau
I e r ami f i c ado de kana ( Sabi cea amazonensi s ) , pl ant a cu j os f r ut i nhos
cor - de- r osa sac usados par a r epr esent ar as al r nas no xamani s mo do r e-
cem- nasci do e ( d) vi nho de yage ( Bani s t er i opsi scaapi ) , bebi do pel os
homens quando cant am nos r i t uai s. Oa i ndi os di z em que 0~ l hes mo~
t r a os cant i c os, que ver sam sobr e a vi agem ancest r al i ni c i ada no l esLc.
gando a comuni dade l ocal aos poder es ancest r ai s do l es t e. Da per spcct ~
va i nt er na a comuni dade f az sent i do di zer que 0r i o par a em seu por l u,
da mal oca ( f i gur a 4a) f or al t er ado par a acoQodar a no~ao de UD r i o nu-
t r i ent e, chegamos a f i gur a 4b. Est e ul t i oo model o r es ol ve a apar ent cdi scr epanci a ent r e a di r e~ao do ei xo pr i nci pal da casa e a c o r r ent c=~
do r i o. 11a r eal : ; ' dadc aIliOOS cos t umam f or mar illl anbul o r et o, oas os In-
r i os cor r er n par a 0I e t e. I st o nos l eva as c ar ac t er i s t i cas mui t o esp~-
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ci ai s das r epr es ent a90es met af or i cas dos r i os : 0 ci po ~' t odo r et or
ci do; 0 caul e r ami f i cado da kana, e 0 cor dao umbi l i cal , concebi dos co-
mo " t r i l has " ( ~) . A car act er i s t i ca mai s mar cant e das t r i l has e 0 f at o
del as chegar em ao l ugar det er r ni nado, apesar das vol t as e dos desvi os -
nest e caso, a pr opr i a f ont e da vi da e do _ . cr esci ment o. Est as met af or as
da t r i l ha conseguem consi l i ar as posi 90es concebi das a l es t e com 0 verdadei r o l est e, onde 0 sol se l evant a.
Se 0 si st ema concei t ual r el at i vo ao ambi ent e em que se si t ua a ma-
l oc a f or c ompar ado ao si st ema f l uvi al que r ec or t a a t er r a, vemos que
os doi s t er n a mesma est r ut ur a, poi s a mal oc a, c omo 0 r i o, e ur n pont o
si ngul ar em oposi 9ao a f l or es t a, que e ur n ar c o. A vi da soc i al i nser e- .
A mal oca t er n ur n i menso t et o de duas aguas sust ent ado por f i l ei r as
de pos t es ver t i c ai s que es t r ut ur am 0 espa90 i nt er no. No l ade f emi ni ne
exi st em compar t i r nent os f emi l i ar es di spost os ao l ongo das par edes l at e-
r ai s , cada qual c om duas por t as , a pr i nci pal dando par a 0 c ent r o da ma
l oc a, e a por t a das mul her es abr i ndo par a a "pl az a". De c er t o modo es-
t es cor npar t i ment os t er n por model o a r nal oca como ur n t odo ( f i gur a Sa) .
No i nt er i or da casa, as conot a90es soci ai s do espa90 podem ser me-
- "I hor ent endi das c omo obr a da a9ao con j unt a de duas ser i es de pr i nci -pi os : (1) ur n ei xo mascul i no/ l emi ni no opondo di agonal ment e as duas por -
t as, e ( 2) ur n padr ao concent r i co, de acor do com 0 qual a per i f er i a cs-
t a associ ada a vi da pr i vada, f ar : - l i l i ar ,e 0 cent r o a vi da publ i c a, COI. .U-ni t ar i a. Est es pr i nci pi os podem ser deduzi dos do Dodo CODO a' " "di l cr Cl 1-
t es par t e s da casa sac usaCa5, conf or me os exempl os abai xo. El cs nuc
sac i ndependent es un do out r o, ur na vez que nas si t ua90es concr ct as vc-
r i f i ca- se ur na associ a93. 0 ent r e as at i vi dades r aascul i nas e 0 c or . J un. . •l i s-
me, e ent r e as at i vi dades f emi ni nas e a pr i vaci dade domest i c a. ~1bor 0
est as associ a90es sej am car act er i st i cas obj et i vas da or £ani zo9d ri-
t ual e soci o- economi ca, poi s ger al ment e os homens agem em conj unt o
as mul her es i sol adanent e, el as l : ambe; ; 1sac car act er i s t i cas da est r ut uI ~. .
s oci al do Pi r a- Par an~, consi der ando- se a s l i dar i edade dos ~r u' o de
descendenci a e a sol i dao das esposqs ~ver Pb. 3) . Em t er mos espJ c i ai s
essas associ a90es l azec com que 0 cent r o aa casa scj a i dent i l i cado ~~
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PORTA DAS
MULHERES
ALl MEN TA
I - A l i men t o di st r i bu: L
: do pel o' " Corpo _ ....--. - .- - - - - -
I/
Al i ment o di s t r i bui do pelCor po
- Ver ni t o
Al i ment o
- < - A- - - - - Fol ego
-:.. DisC'ur 0
Fel ego
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l ado mascul i no, e a per i f i er i a da c as a ao l ado f emi ni no. I s t o se mani
f est a na di sposi gao dos compar t i ment os f ami l i ar es, e ai nda mai s ni t i -
mascul i nas t r anscor r em no cent r o e na f r ent e da casa, num espago i so~
l ade das mul her es por uma di vi s or i a c ol ocada no, mei o da par t e post e-
r i or . As mul her es e as cr i angas , c onf i nadas nos compar t i ment os f ami l i ~
r es e na pequena ar ea comuni t ar i a onde se cozi nha, comuni cam- se apenas
at r aves do pat i o.,
Cada sexo us a a s ua pr opr i a por t a. Mar i do, mul her , f i l has e f i l hos
nao i ni ci ados dor mem no compar t i ment o f ami l i ar , ao pas s o que os j a i n1
ci ados dor mem no cent r o da casa at e 0cas ament o, quando passam a t er 0
seu pr opr i o compar t i ment o. Fi ca evi dent e que 0cas ament o separ a espa-
ci al ment e ( e de out r as manei r as) os homens do gr upo de descendenci a.
Os pr i nci pai s cul t i vos - a mandi oca e a coca - t ambem sac t r at ados
de modo a sat i sf azer os doi s conj unt os de pr i nci pi os. A mandi oca, cul -,
t i vo f emi ni no, e pr oduzi da e pr oces sada no s ei o de cada uni dade de f a-
mi l i a nucl ear , e t odo 0pr oc essament o e f ei t o ao r edor do l ado f emi ni -
no, na per i f er i a da c asa. 0 bei j u de mandi oc a e ser vi do c om ou t r os pr ~t os, que as mul her es cozi nham nos compar t i ment os f ami l i ar es par a ser em
ser vi dos no cent r o da cas a, par a t oda a comuni dade. A coca e pr oduzi da
pel a comuni dade mascul i na, pr ocessada no cent r o da par t e f r ont al da ca
s a, e c ons umi da pel a comuni dade mascul i na nest e mesmo l ocal . Quando os
homens s e r eunem em ci r cul o par a c onver sar e mascar coca, as mul her es
anal oga a da " t er r a de ni nguem" , que se ext ende de ambos os l ados de
Ri o de Lei t e, no l est e. Ls t es l ocai s sac apr opr i adament e r eser vodos p~
r a a s f ami l i as pr ovi ndas de ou t r as mal ocas , pr ovi sor i a e i nadcqu3. dJ I ; }C' ! . : .
t e i nt egr adas a vi da s oci o- ec onooi c a da comuni dadc - e 0 l ur ; ar dc Ctll-
o si st ema cor or : . ; . lc 0 si st ema ut er i no nel e cont i do IlClO apr cs cl l t . ~:. .
Ur.l ei xo hor i zont al f i xo, seocl hant e ao dcs si s t eoas j a exaoi l l ado~, poi ~
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o cor po pode f i car na hor i z ont al e na ver t i cal . I s t o s uger e que a or -
gani za~ao ver t i cal do espa~o- t eQpo e, em var i os aspect os, si mi l ar a
or gani za~ao dos pl anos hor i zont ai s vi st os at e agor a. Li mi t ar - me- ei ,
ent r et ant o, a abor dar ocor po e 0ut er o segui ndo as obser va~oes f ei t as
pel os i ndi os a r espei t o da c asa. Pr i Qei r o, que a c asa e ur n homem c om
a cabe~a na por t a Qascul i na e 0anus na por t a f emi ni na e, segundo, que
e ur n ut er o.
A associ a~ao do ei xo r . l ascul i no/ f eQi ni no da casa ao apar el ho di ges-
t i vo e f ei t a por anal ogi a a af i r Qa~ao de que 0r i o pr i nci pal e 0i nt es
t i no do uni ver so. Ref l et e- se t aQbem no uso do espa~o. Pr i mei r o, a f r en
t e da c as a e pi nt ada e l i Qpa como 0r os t o. 0 di s cur s o - f un~ao da boca
r el aci onada a r espi r a~ao e a sUbst anci a- al Qa t r ansmi t i da pat r i l i near Qent e - est a c l ar ament e assoc i ado ao l ado masc ul i no da c asa. 0 c i r c ul o de
conver sa cer i moni al dos homens f or ma- se mai s par a 0l ado mascul i no da
cas a, e s u ver s ao r i t ual i z ada, 0gr upo de c nt ador es, r eune- se j unt c
a por t a mascul i na; t odas as sauda~oes aos vi si t ant es sac f ei t as sob c/,.. -,
por t aLmascul i no. 0 VOQi t o, pr ovocado pel a i ngest ao de ~ e de cerve-
j a dur ant e os cant i cos, t ambem e der r amado no l ade mascul i no da casa( ver f i gur a 5c) .
Beber yage e vomi t ar , ouvi r UQa f al a e r esponder , i nspi r ar e expl
r ar - t odos s ac pr oc es s os de vi a dupl a, envol vendo ent r adas e sai das
at r aves da boca ( ou dos ouvi dos) , apr opr i adament e associ ados as i das e
vi ndas at r aves da por t a dos homens e ao pr oces so r i t ual de r egel l er a~ao,
pat r i l i near . COQer e di ger i r al i nent os , por out r o l ado, e u~ pr ocess o
i r r ever si vel , que pr oduz t ant o os nut r i ent es absor vi dos at r aves do i l ~
t est i no quant o os dej et os el i mi nados at r aves do anus . Cor r obor ando
i s t ~ 0 pi t i o em f r ent e ; por t a das r nul her es , es t r ei t o e chei o de de-
t r i t os, e usado par a at i vi dades f aQi l i ar es i nt i Qas ou par e at i vi dadc~
f emi ni nas.
COQO vi Qos, os cOQpar t i ment os cont em f ami l i as nucl ear es quc sc r eu
nem no cent r o par a r eceber cOQi da dur ant e as r ef ei ~oes col et i vt i s c dc-
poi s se di sper sam novament e. Lst as f ~~i l i as r epr esent am 0 c or po d~ co-
Quni dade, cu j a nut r i ~; o, como nes ou~r os si st emas, pr oven do l est c.
do gr upos de out r as r . 1
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de pr ovedor a de cer vej a ( f ei t a pel as mul her es ) em t r oca de car ne ( c a-
9ada e def unada pel os homens) , r ecebendo t ai s pr esent es no l ado f e~i ni
no da casa.
A i magem da casa como ut er o equi par a a por t a dos homens a vagi nae, por t ant o, a ~a passager n par a 0 mundo ext er i or ( f i gur a 5b) . I st o emui t o mar cado, poi s as vi agens de par t i da ou a vol t a de out r as co-
muni dades sac seopr e f ei t as pel a por t a dos hor nens. A por t a das mul he-
r es, por out r o l ado, e a passageo usada par a i r e vol t ar das chagr t i s,de onde as mul her es t r azer n ot i ndi oca. I s t o f az com que 0 movi ~ent o sc j a
anal ogo ao cami nho per cor r i do pel os nut r i ent es do f et o, que penet r ar n
no utero a par t i r do cor po da mul her gr avi da, consol i dando ur n par t i l c -
l i smo f undament al ent r e a capaci dade da oul her pr oduzi r mandi oca e i
sua capaci dade r epr odut i va. A pr i nci pal passagem f emi ni na da mal oca e
mul t i pl i cada em menor escal a pel as pequenas por t as que l i gam os compa£
t i ment os f ami l i ar es ao pat i o, de modo que a conexao f emi ni na ent r e 0
cor po e 0 ut er o, ou ent r e a r 09a e a casa, e di f usa, em oposi 9aO amascul i na, onde ~a uni ca passagem da acess o ao mundo ext er i or e ao
ut er o, ou ao r i a e a casa.
Tendo em vi st a a anal ogi a destes si st emas, ent r ar e s ai r pcl a por -
t a dos homens r epr esent a, ao que par ece, i nsemi nar , e na ver dade exi s -
t eD eVi denci as que cor r obor ao cs t a i dei a. Por exempl o, os i ndi os do
Pi r a- Par ana compar am expl i ci t a. . - : l ent ea f i l a dc convi dados t r azend car -
ne de pr esent e COD 0 peni s ent r ando na va~i na ( coDuni c a9aO pessoal de
Os ci nco si s t eoas aci w8 ci scut i dos ~or ao esque [ ] a~i z ados n' : i 0ur ~C, const r ui da de acor do COG a hi pot ese de que cada si s t eoa e coopos~o
pel as or dena9~es conc~nt r i ca c l i near do t enpo- espa90, oper i l l l doCOIW.
- ca' " . 1ent e.I s t o : i ' i c acvi dent e no sist e ..a da casa, Ot i S as si r . . i l ar i C: adc~
de ~or ma e de anal obi a ent r e: posi 9~es e pr ocessos que per t encco ao~. Ci
ver sos si st eoas per oi t eo supor que 0 r . l eSr J Oacont e98 eo t OGOS os si s t cl . .
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Di st r i bui
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Obser vando as f or mas ger adas pel a combi na9ao das or dens concent r i
ca e l i near , ccnst r ui mos ur n model o basi co que descr eve adequadament e
a or gani za9ao concent r i c a da met ade "oest e" dos si st emas most r ados e
a es t r ut ur a l i near da met ade " l es t e" . 0di agr ama pr ocur a dei xar cl ar o
que 0model e basi c o depende da exi s t enci a de uma cor r espondenci a ent r e
a met ade "oest e" do ei xo l i near e 0r ai o da or dem concent r i ca. A coo-
par a9ao dos val or es ass oci ados a E e C' , e t aQbem a B e B' , most r a que
t ai s cor r espondenci as exi st em. Por vezes exi st e uma i dent i dade per f ei -
t a, mas em cer t os casos, como no model o da casa e do cor po, 0oest e do
ei xo l i near e di f er enci ado da per i f er i a, a des pei t o das s emel han9as em
out r os aspect os. Na casa, por exempl o, a por t a f emi ni na e r epr oduzi da
nas por t as dos compar t i ment os per i f er i c os, exi st i ndo uma f or t e as soci ~
-9ao ent r e as mul her es e a vi da f ami l i ar , embor a a por t a f emi ni na s ej aespeci al ment e r el evant e na di vi s ao sexual da comuni dade, e nao no di vi
sac f ami l i ar . No cor po, t ant o as f ez es quant o os nut r i ent es absor vi dof
em de j et os podr es e c ar ne vi va.
A cOmpar a9aO ent r e os si st emas suger e que 0l est e i nvar i avel ment e,e 0pont o de par t i da. Os el ement os as soc i ados ao l es t e - or i gem dos
gr upos pat r i l i near es, por t a dos hor nens e peni s, sac suf i ci ent es par a
l i ga- l o t ambem ao pont o de par t i da da cont i nui dade pat r i l i near / mascu-
l i na. 0o~t e per i f er i c o est a as s oci ado aos el ement os f emi ni nos OPOS-
t os - mul her es, uni dades f ami l i ar es, sangue menst r ual e car ne, de mo-
do que e bas t a nt e r azoavel as s oci ar a per i f er i a da or dem concent r i eo
a cont i nui dade f emi ni na. ED t er mos est at i eos est e model e serve mui t e
bem par a r epr esent ar a r el a9ao ent r e 0nuel eo par i l i near eoeso e 3Su-
ni dades per i f er i eas f emi ni nas , separ adas. Es t e ar r an j o pode ser i i J edi £
t aQent e per eebi do no si st eoa da easa ( par t i eul ar ment e quando el u C r c-
par t i da por uma di vi sor i a, dur ant e os r i t uai s ) e no s i s t eoa do ut cr .
I ~a Se9aO 1 mostr ei que os el ement os mascul i no/ pat r i l i neor e r em: . ! . ' : '
que os movi ment os r ever s i vei s ent r e 0 cent r o e a per i f er i a da or der . .
concent r i ea r epr esent ao os ei el os bi f as i cos f eoi ni nos, e que 0cix
l i near l est e- oest e r epr esent a a pr ogr es sao i r r ever si vel da eont i nui d. : . =.
de mas eul i na. A par t i r c as as soc i a90es ent r e a per i f er i a da or den c ~
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cent r i ca e 0movi ment o cr i at i vo que vai da per i f er i a par a 0entro ( m£
l hor del i neado no si st ema ut er i no) , segue- se que 0movi ment o da per i -
f er i a par a 0cent r o cor r esponde a f ase "cr i at i va" do ci cI o f emi ni no,enquant o 0movi ment o do cent r o par a a per i f er i a cor r esponde a f ase 0-post a, associ ada a per da de mul her es e aper da de sangue menstrual( ver pg. 6) . Par a ser mai s cl ar a, YOU chamar de " dest r ut i va" est a se-
gunda f ase, mas e i mportant e ressal t ar que est a " des t r ui
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Ent r e out r as c oi s as , es t es oodel os mo s t r am ( a) que a c r i at i vi dade mas
cul i na come9ada no l est e e a cri at i vi dade f emi ni na come9ada no oest e
per i f er i co podem se encont r ar no cent r o, ( b) que a pr i oei r a met ade do
mi ni no, enquant o a segunda met ade coi nci de com a f as e des t r ut i va, e
( c) que a f ase dest r ut i va do ci cI o f emi ni no t ambem e equi val ent e a i nver sao da pr i mei r a oet ade do movi ment o cr i ador mascul i no. Se a hi po-
t ese f or cor r et a, es t as r el a90es de car at er f or mal dever n exi s t i r nos
si st emas descr i t os. H a i nl i mer as evi denci a compr ovador as, mas aqui soposso of er ecer umas poucas i l ust r a90es.
( a) Nos si st emas ut er i no, ambi ent al e r esi denci al , 0 movi ment o cr i
at i vo mascul i no do l est e encont r a- se no c ent r o com 0 movi ment o cr i at i -
v o f emi ni ne do oes t e per i f er i co. Est e encont r o cr i a uma uni dade de or -
deo super i or aos pr o pr i os el ement os cr i at i vos. 0 seme m e 0 sangue con~
t i t uem 0 f et o, 0 pei xe pr oduzi do pel o hooeo e a mandi oca pr odu=i d~ pe-
l a mul her const i t uem uma r ef ei 9ao, e os homens e as mul her es const i t u-
em uma comuni dade het er ogenea que i nger e as r ef ei 90es no c ent r o da ca-
sa. As car acter i s t i cas de A, B, B' , C e C' assi nal adas na f i ~ur ~ 6,
most r ao cl ar ament e que 0 cent r o e um pont o de con j un9ao, opos t o as ca-r ac t e r i s t i cas el ement ar es t ant o do l es t e quant o do oest e per i f er i co,
em t odos os si st emas.
( b) A vi agem do l est e par a 0 oes t e per i f er i co pode s er concebi dG
cooo uma pr ogr ess ao cont i nut l do posi t i vo par a 0 neLat i vo, eo t er l . l OSda
cont i nui dade oascul i na. Es t a pr ogr ess ao ocor r e ent r e cl 1ef es e scr vos,
r J ai s vel hos e mai s 0090s, boca e anus, vi da r i t unl r . J nscul i nL' .e pr i va-
ci dade dor ; l est i caf eoi ni na. r ·~ClS a vi agen t anbeo deve scr cOl , cebi ~" co-
00 sendo coopost a par duas : ' ases, que de al GuLI Ll odo sao i J . l e' L en, ;(:C' C'~
pcl ho ur . J aC B out r &. . A . i maGcr . Jespecul nr e nai s evi dent . : : :no l , o. . : : cl. . . •l:"Eucur i dupl i cadCl ( f i gur a J b) , r ; l aSCl S vi agens C: eU::1 or i ~i ci o t'Ld., llJ-
r ed par a out r o ( no anbi en t c) - t aI : 1ber : :apr csent e J 1 s1r . l £t r i c. .l 1.L. t. ( ' r
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ver si vei s, que l i gam 0 cent r o a per i f er i a. I s t o expl i ca por que at emesmo a mai s i mpor t ant e das i nst i t ui 90es pat r i l i near es, a or dena9ao
et ar i a dos s i bs, cont er n el ement os de si met r i a no cent r o ( 0 papel de
"guer r ei r o") , e por que quando e vi s t a de t r az par a a f r ent e, do mai s
m090 par a 0 mai s vel ho, do oes t e per i f er i c o~ar ao l es t e, el a r ef l et e
a ordem de cr esci ment o cont r ol ada pel as mul her es.
A coexi s t enci a des t es as pectos da i mager n especul ar e da pr ogr es -
sac l i near na vi ager n do l es t e par a 0 oest e t amber n r ef l et e a r el a9ao
ent r e a cri at i vi dade r nascul i na e a f emi ni na. J a vi mos que os poder es
cr i at i vos das mul her es sac posi t i vanent e val or i zados como compl emen-
t os f i s i co- nat ur ai s da cr i at i vi dade soci al - espi r i t ual dos homens, ai n
da que sej am negat i vament e val or i z ados por s er em conf l i t ant es c om a
i deol ogi a pat r i l i near domi nant e e a supr emaci a pol i t i c a dos homens.
Consi der ando- se os val or es l i gados a estrutur a soci al do Pi r a- Par ana,e per f ei t ament e l i ci t o i dent i f i c ar a f ont e da cr i at i vi dade f emi ni na
com 0 pont o t er mi nal dos poder es cri at i vos mascul i nos. Er . 1out r os con-
t ext os ocor r e exat ament e 0 mesmo. Por exempl o, 0 f ogo domesti c o e um
dos r ecur s os us ados pel a cri at i vi dade f emi ni na ao cozi nhar , e est a
f or t ement e associ ado a cr i at i vi dade f emi ni na na pr ocr i a9ao. Os homensque se aquecer n excessi vament e no f ogo ger am apenas f i l has , de modo
que col ocam ur n pont o f i nal na cont i nui dade mascul i na, ao mesmo t empe
em que cont r i buem par a a cont i nui dade f emi ni na.
( c) 0model o most r a que a f ase dest r ut i va do ci c l o f eni ni no devc
ser equi par ada a i nver s~o da pr ogr essao mascul i na, a par t i r ~o l es t cer ; ,di r e9ao ao cent r o. Como Vi r : 10S. a con t i nui dade mascul i na C cU T: l u1d :'i.
va e i r r ever si vel , l ; J asmeSI : 1Oassi D os homens consegueJ : 1sc r e[ ; cncr : : l r~
t r aves de una vi ager J r egr essi Vo, i nt egr ando- se aos t er ; l pOsi neL, or i dj ~.
at r aves des r i t os. . Ls t a vi agen de vol to. so pode: s er cmpr ecnc: i dc ' c:..: ' r . - nc ~ ,
da f as e des t r ut i va co ci c I o f el l i l l i no. No r i t ual mascul i no do J ur up. l r : i
os homens i r : 1it ar . ,a per da de s~m[:Jc menst r ual , como el es pr o j ) ! ' i o: :adr : -
t er .. . LI es t ar : l be; : - ,per der : , a pel e, ( - " ; : l or r eD" ( apl i cando pi nt ur a ~rcL""
Quando vol t an par C J 0 pr esen t c si nul al , 0 cr es c i nent o de u , 13I0,\" V - . . 1" ,
( apl i cancc pi n~ur a vcr r : 1el h&" c r enascem. I s t o car r o or a as concl s~esi n i c i ai s ( se9aa 1 J, de que 0 c j c 10 r eve r si ve 1 f er : l i ni nopr cci sd sc r il!-
post a a cont i nui Lace nascul i r : ~~~a evi t ar que c:o. degener e p~r :J t u
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-r a~ao dest es s i st emas espa~o- t empor ai s. Tendo af i r mado que el es se r e-duzem a ur n model o basi co, escol hi ur n depas do out r o par a most r ar como
i st o ocor r e. 0 met oda pode par ecer al t ament e duvi doso, pai s os ar gu-
ment os naoseapl i cam i gual ment e a t odos os s i s t emas. Por exempl o, 0si ~
t ema di gest i vo nao est a di r et ament e associ ado com os t emas da r epr odu-
~ao soci al e sexual , poi s as associ a~oes sexuai s de or i f i ci os opos t os
der i vam da anal ogi a ent r e 0corpo e a casa. Usei si s t emas di f er ent e~
par a el uci dar t emas di f er ent es por que os pr opr i os si st eoas r el er eo- sc
a t emas di f er ent es, cons t i t ui dos por di f er ent es t i pos de pr ocesso. EIl-
t r et ant o, as r el a~oes ! i l t : t al or i casent r e os s i s t emas si gni : f i car : lque sew::
pr ocessos basi cos sac t r ansponi vei s . Senao, de que out r a f or ma poder i a-
nos ent ender a af i r na~ao de que quando um homen vai cagar es t a " expe-