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História do Brasil Abolição da escravatura Érica Alves Cavalcante* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Introdução Ao estudarem o processo que leva à assinatura da Lei Áurea, os alunos devem conhecer os interesses dos diferentes sujeitos históricos: dos que eram contrários à abolição e dos que lutaram por ela. Objetivos 1. Conhecer os diversos sujeitos históricos. 2. Identificar os fatos que levaram à abolição da escravatura. 3. Verificar o real impacto das leis Eusébio de Queiroz, do Ventre Livre (visconde do Rio Branco) e do Sexagenário. 4. Entender a assinatura da Lei Áurea como resultado de um longo processo histórico, influenciado por diversos fatores. Estratégias 1. Escreva na lousa a palavra "escravidão" e solicite que os alunos exponham todas as idéias que tiverem sobre o tema. Registre-as, a fim de que elas possam ser retomadas durante a explicação ou durante as atividades que serão desenvolvidas pela turma. 2. Retome, por meio de uma breve explanação, os principais pontos estudados sobre a escravidão e inicie a construção, na lousa, de uma linha do tempo. 3. Leia com os alunos o texto "Abolição da escravatura: Brasil demorou a acabar com o trabalho escravo" . Durante a leitura, chame a atenção dos alunos para questões nacionais e internacionais que influenciaram na abolição do trabalho escravo. 4. Divida a turma em grupos e solicite que pesquisem o que significou cada uma das leis que antecederam a Lei Áurea (incluindo esta). Depois das pesquisas, deverão incluir essas leis na linha do tempo e explicar à turma o que compreenderam. Nesse momento, o professor, se necessário, evidencia os fatos que mais se relacionam aos objetivos da aula. Atividades 1. Leve a sala de aula imagens retiradas de notícias/reportagens referentes a casos de escravidão nos dias atuais. Exponha o material sem apresentar as legendas e solicite que os alunos descrevam o que sentem. Depois, entregue para cada aluno um dos textos (dos quais as imagens foram retiradas) e solicite que façam a leitura. 2. Finalizada essa primeira etapa, peça que os alunos, divididos em grupos, façam dramatizações que discutam a questão da escravidão no passado e no presente. Depois de concluídas e ensaiadas, elas devem ser apresentadas à turma.

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História do Brasil

Abolição da escravaturaÉrica Alves Cavalcante*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Ao estudarem o processo que leva à assinatura da Lei Áurea, os alunos devem conhecer os interesses dos diferentes sujeitos históricos: dos que eram contrários à abolição e dos que lutaram por ela. Objetivos

1. Conhecer os diversos sujeitos históricos.

2. Identificar os fatos que levaram à abolição da escravatura.

3. Verificar o real impacto das leis Eusébio de Queiroz, do Ventre Livre (visconde do Rio Branco) e do Sexagenário.

4. Entender a assinatura da Lei Áurea como resultado de um longo processo histórico, influenciado por diversos fatores.Estratégias

1. Escreva na lousa a palavra "escravidão" e solicite que os alunos exponham todas as idéias que tiverem sobre o tema. Registre-as, a fim de que elas possam ser retomadas durante a explicação ou durante as atividades que serão desenvolvidas pela turma.

2. Retome, por meio de uma breve explanação, os principais pontos estudados sobre a escravidão e inicie a construção, na lousa, de uma linha do tempo.

3. Leia com os alunos o texto "Abolição da escravatura: Brasil demorou a acabar com o trabalho escravo". Durante a leitura, chame a atenção dos alunos para questões nacionais e internacionais que influenciaram na abolição do trabalho escravo.

4. Divida a turma em grupos e solicite que pesquisem o que significou cada uma das leis que antecederam a Lei Áurea (incluindo esta). Depois das pesquisas, deverão incluir essas leis na linha do tempo e explicar à turma o que compreenderam. Nesse momento, o professor, se necessário, evidencia os fatos que mais se relacionam aos objetivos da aula.Atividades

1. Leve a sala de aula imagens retiradas de notícias/reportagens referentes a casos de escravidão nos dias atuais. Exponha o material sem apresentar as legendas e solicite que os alunos descrevam o que sentem. Depois, entregue para cada aluno um dos textos (dos quais as imagens foram retiradas) e solicite que façam a leitura.

2. Finalizada essa primeira etapa, peça que os alunos, divididos em grupos, façam dramatizações que discutam a questão da escravidão no passado e no presente. Depois de concluídas e ensaiadas, elas devem ser apresentadas à turma.

rasil demorou a acabar com o trabalho escravoRenato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

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Fotos de escravos como esta eram vendidas como souvenir a viajantes estrangeiros no Rio de JaneiroEm 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea que aboliu oficialmente o trabalho escravo no Brasil. O fim da escravidão foi o resultado das transformações econômicas e sociais que começaram a ocorrer a partir da segunda metade do século 19 e que culminaram com a crise do Segundo Reinado e a conseqüente derrocada do regime monárquico.

A ruptura dos laços coloniais e a consolidação do regime monárquico noBrasil asseguraram a manutenção da economia agroexportadora baseada na existência de grandes propriedades rurais e no uso da mão-de-obra escrava do negro africano. A escravidão, e a sociedade escravista que dela resultou, foi marcada por um estado de permanente violência.

Mas desde os tempos coloniais, os escravos negros reagiram e lutaram contra a dominação dos brancos, através da recusa ao trabalho, de rebeliões, de fugas e formação de quilombos.

A Leis Eusébio de Queirós e do Ventre Livre

Ao longo do século 19, a legislação escravista no Brasil sofreu inúmeras mudanças como conseqüência das pressões internacionais e dos movimentos sociais abolicionistas. A primeira alteração na legislação ocorreu em 1850, quando foi decretada a Lei Eusébio de Queirós, que extinguiu definitivamente o tráfico negreiro no país. Foi uma solução encontrada pelo governo monárquico brasileiro diante das constantes pressões e ameaças da Inglaterra, nação que estava determinada a acabar com o tráfico negreiro.

Em 1871, foi decretada a Lei Visconde do Rio Branco. Conhecida também como a Lei do Ventre Livre, estabelecia que a partir de 1871 todos os filhos de escravos seriam considerados livres. Os proprietários de escravos ficariam encarregados de criá-los até os oito anos de idade, quando poderiam entregá-los ao governo e receber uma indenização. Com as leis de extinção do tráfico negreiro e de abolição gradual da escravidão, o trabalho cativo estava fadado a acabar.

O café e as transformações econômicas

As mudanças nas leis escravistas coincidiram com profundas transformações econômicas que o país atravessava. Enquanto a produção açucareira e os engenhos do nordeste entravam em franca decadência, a lavoura cafeeira dá novo impulso a economia agroexportadora. 

O café, plantado nas regiões do Rio de Janeiro, vale do Paraíba e Oeste paulista, passa a ser o principal produto de exportação brasileiro.

Quando a produção do café se expande, os cafeicultores têm que lidar com o problema da escassez de mão-de-obra na lavoura. A compra de escravos, provenientes sobretudo das regiões econômicas decadentes do nordeste, não soluciona o problema.

Os prósperos fazendeiros paulistas tomaram as primeiras iniciativas visando a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. A elite de cafeicultores paulistas adotou uma política oficial de incentivo

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a imigração européia e fizeram as primeiras experiências de introdução do trabalho assalariado nas lavouras através do chamado sistema de parcerias, em que os lucros da produção eram divididos entre os colonos e os proprietários.

A campanha abolicionista

Nas regiões onde a lavoura cafeeira se expandiu e prosperou, ocorreram importantes transformações econômicas e sociais. A urbanização e a industrialização foram estimuladas, de modo a provocar o surgimento de novos grupos sociais com interesses distintos daqueles grupos ligados a produção agrícola.

Progressivamente, esses novos grupos sociais começarão a se opor ao regime escravista. O movimento abolicionista surgiu em meados de 1870, a partir de ações individuais promovidas por ativistas da causa, que incentivavam as fugas e rebeliões de escravo. 

Em 1879, um grupo de parlamentares lançou oficialmente a campanha pela abolição da escravatura. Foi uma resposta a crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis imperiais. Seus principais defensores foram Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Jerônimo Sodré.

A outra tendência era mais radical, porque defendia a idéia de que o fim da escravidão deveria ser conquistada pelos próprios escravos, através da insurreição e lutas de libertação. Seus principais defensores foram Raul Pompéia, André Rebouças, Luís Gama e Antonio Bento.

O movimento abolicionista intensificou-se, ganhando maior respaldo e adesão popular. Uma série de iniciativas de caráter popular em defesa da abolição foram surgindo. Nas cidades eram freqüentes a realização de manifestações e comícios em favor do fim da escravidão. A tática da recusa também foi muito empregada. Na imprensa, por exemplo, os tipógrafos passaram a não imprimir folhetos com textos que defendessem a escravidão.

Os jangadeiros, que realizavam o transporte de escravos da decadente zona açucareira do nordeste para as regiões sul, entraram inúmeras vezes em greve. Em 1887, o Exército nacional lança um documento declarando que não mais desempenharia a função de perseguir os escravos fugitivos. Todas essas ações levam progressivamente o trabalho escravo a se desagregar.

O governo monárquico procurou reagir a todas as pressões pela abolição da escravidão. Em 1885, promulgou a Lei dos Sexagenários, ou Lei Saraiva-Cotegipe, estabelecendo que depois de completar 65 anos os escravos estariam em liberdade. A lei recebeu fortes críticas e foi veementemente repudiada pelos abolicionistas, sob a argumentação de que eram poucos os escravos que chegariam a tal idade. Além disso, a lei beneficiava os proprietários de escravos porque os liberava de arcar com o sustento dos cativos que chegassem a idade avançada.

A Lei Áurea

No debate que se seguiu a promulgação da Lei dos Sexagenários, ficou cada vez mais evidente as divergências entres as elites agrárias do país. Os prósperos cafeicultores paulistas, que já haviam encontrado uma solução definitiva para a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado, se afastaram dos decadentes cafeicultores do vale do Paraíba e da aristocracia rural nordestina (os senhores de engenho), que ainda resistiam na defesa da escravidão.

Como já não dependiam do trabalho escravo para continuar com o empreendimento agrícola, os cafeicultores paulistas se colocaram ao lado dos abolicionistas. Para essa próspera elite agrária, que representava o setor mais dinâmico da economia do país, o regime imperial e o governo monárquico também já não serviam aos seus interesses. 

Em 13 de maio de 1888, o ministro João Alfredo, promoveu a votação de um projeto de lei que previa o fim definitivo da escravidão. Os parlamentares representantes dos interesses dos proprietários agrários do vale do Paraíba se opuseram votando contra. Mas foram derrotados pela ampla maioria de votos a favor. Estava aprovada a Lei Áurea. Na condição de regente do trono imperial, a princesa Isabel sancionou a nova lei. O Brasil, porém, carrega o fardo histórico de ter sido um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão.

ei Áurea

Princesa Isabel sancionou a lei que pôs fim à escravidãoAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

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A princesa Isabel em 1868, pintura de Edouard VienotEm 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil. "Áurea" quer dizer "de ouro" e a expressão refere-se ao caráter glorioso da lei que pôs fim a essa forma desumana de exploração do trabalho. Em território brasileiro, a escravidão vigorou por cerca de três séculos, do início da colonização à assinatura da lei Áurea. Apesar disso, ainda hoje, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, há formas de trabalho semelhantes à escravidão.

A sanção ou aprovação da lei foi, principalmente, o resultado da campanha abolicionista que se desenvolvia no Brasil desde a década de 1870, mas não se pode negar o empenho pessoal da princesa Isabel, então regente do Império do Brasil, para sua aprovação. Primeira senadora brasileira e primeira mulher a assumir uma chefia de Estado no continente americano, a princesa Isabel se revelou uma política liberal nas três vezes que exerceu a Regência do país.

Abolicionista convicta, já havia lutado pela aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, e financiava com dinheiro próprio não só a alforria de dezenas de escravos, mas também o Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas - a flor-símbolo da abolição.

Batalha parlamentar

A terceira regência da princesa Isabel, iniciada a 3 de junho de 1887, foi marcada pelas relações tensas da regente com o Ministério, presidido pelo conservador João Maurício Wanderley (1815-1889), o Barão de Cotegipe. Na verdade, a princesa forçou Cotegipe a demitir-se, nomeando, em março de 1888, João Alfredo Correia de Oliveira (1835-1915), para primeiro-ministro.

Com João Alfredo à frente da Assembléia Nacional (que equivale ao atual Congresso), os abolicionistas conseguiram enfrentar a resistência dos representantes dos proprietários de escravos e levar o projeto de lei a votação. Conseguiram também evitar que o Estado brasileiro indenizasse os proprietários de escravos pelo fim da escravidão - conforme eles pleitearam no poder Legislativo e Judiciário.

Para a família imperial brasileira e para a própria Isabel, o custo da luta da princesa foi alto. O fim da escravatura fez ruir as últimas bases de sustentação do regime monarquista. Cerca de um ano e meio depois, a República foi proclamada.

Aliás, convém lembrar que, com isso, cumpria-se o que já havia previsto o próprio Barão de Cotegipe, que dissera à princesa Isabel, depois da sanção da lei Áurea: "Vossa alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono". De fato, a idéia de República conquistou definitivamente as elites econômicas brasileiras muito em função da abolição da escravatura, que teve como subproduto as legiões dos chamados "republicanos do 14 de maio".

Escravidão no Brasil

Escravos eram base da economia colonial e imperialDa Página 3 Pedagogia & Comunicação

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O fotógrafo Christiano Jr. documentou pioneiramente a vida dos escravos no século 19Desenvolvendo-se no apogeu do mercantilismo, a economia do Brasil colonial se assentou sobre três pilares: a grande propriedade territorial, na qual se desenvolvia um empreendimento comercial destinado a fornecer a metrópole gêneros alimentícios (em particular a cana-de-açúcar) e os metais preciosos, onde se utilizava essencialmente a mão-de-obra escrava. A opção pelo trabalho escravo - no início da Idade Moderna - explica-se basicamente pela dificuldade de encontrar trabalhadores assalariados dispostos à imigração.

Além disso, seria difícil manter assalariados os semi-assalariados nas grandes propriedades: dada a disponibilidade de terras, eles poderiam tentar outras formas de vida - tornando-se artesãos, posseiros e pequenos agricultores, por exemplo - o que complicaria o fluxo de mão de obra para a empresa mercantil, na qual o grandes comerciantes e proprietários estavam associados à Coroa portuguesa e seus afilhados.

Escravização indígenaEm meados do século 16, quando a cana-de-açúcar começou a substituir o pau-brasil como o principal produto da Colônia, desenvolveram-se primeiramente tentativas de escravizar os índios. Entretanto, diversos fatores concorreram para o fracasso desse empreendimento: em primeiro lugar, o trabalho intensivo, regular e compulsório não fazia parte da cultura indígena, acostumado a fazer somente o necessário para garantir a sua sobrevivência, através da coleta, da caça e da pesca. Em segundo lugar, ocorria uma contradição de interesses entre os colonizadores e os missionários cristãos, que visavam catequizar os índios e se opunham à sua escravização.

Por sua vez, os índios também reagiam à escravização seja enfrentando os colonizadores através da guerra, seja fugindo para lugares longínquos no interior da selva onde era quase impossível capturá-los. Finalmente, há que se considerar que o contato entre brancos e índios foi desastroso para estes últimos no tocante à saúde. Os índios não conheciam - e portanto não tinham defesas biológicas - contra doenças como a gripe, o sarampo e a varíola, que os vitimaram às dezenas de milhares, provocando uma verdadeira catástrofe demográfica.

Negros africanosEntretanto, os portugueses já contavam com uma outra alternativa em matéria de trabalho escravo. Desde a colonização da costa africana, no século 15, os portugueses já haviam redescoberto o trabalho escravo que desaparecera da Europa na Idade Média, mas que continuava a existir nas sociedades existentes na África. Desse modo, os portugueses já haviam montado uma rede de comércio negreiro, utilizando-se de escravos negros nas plantações de cana-de-açúcar em suas ilhas do Atlântico (Açores, Madeira).

Nem da parte da Coroa, nem da Igreja houve qualquer objeção quanto à escravização do negro. Justificava-se a escravidão africana utilizando-se vários argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se que essa era uma instituição já existente na África, de modo que os cativos "apenas" seriam transferidos para o mundo cristão, "onde seriam civilizados e teriam o conhecimento da verdadeira religião". Além disso, o negro era efetivamente considerado um ser racialmente inferior, embora teorias supostamente científicas para sustentar essa tese só viessem a ser levantadas no século 19.

Enfim, a partir de 1570 a importação de africanos para o Brasil passou a ser incentivada. O fluxo de escravos, entretanto, tinha uma intensidade variável. Segundo Boris Fausto, em sua "História do Brasil",

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"estima-se que entre 1550 e 1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino". Outros historiadores mais antigos como Pedro Calmon e Pandiá Calógeras falam em quantias que variam entre 8 e 13 milhões. Caio Prado Jr. cita 7 milhões.

Salvador e Rio de JaneiroOs grandes centros importadores de escravos foram Salvador e depois o Rio de Janeiro. Cada um deles tinha sua organização própria e os dois concorriam entre si. O fumo produzido no Recôncavo baiano era uma valiosa moeda de troca, o que garantiu sua supremacia durante os primeiros séculos de colonização. À medida em o eixo econômico desviou-se para o sudeste com a descoberta de ouro em Minas Gerais, o Rio de Janeiro suplantou a Bahia e se firmou com o crescimento urbano da cidade no século 19.

Ainda de acordo com Boris Fausto, na obra citada, "costuma-se dividir os povos africanos em dois grandes ramos étnicos: os sudaneses, predominantes na África ocidental, Sudão egípcio e na costa do golfo da Guiné, e os bantos, da África Equatorial e tropical, de parte do golfo da Guiné, do Congo, Angola e Moçambique. Essa grande divisão não nos deve levar a esquecer que os negros escravizados no Brasil provinham de muitas tribos ou reinos, com suas culturas próprias. Por exemplo: os iorubas, jejes, tapas, hauças, entre os sudaneses; e os angolas, bengalas, monjolos e moçambiques entre os bantos".

Essas diferenças não devem deixar de ser mencionadas, principalmente, quando se pensa na diferença de influências culturais exercidas por esses diversos povos negros na vida e na cultura brasileira. O estudo dessas influências e a aculturação afro-brasileira, porém, são áreas que, na verdade, nossa história está começando a desbravar.

Resistência e quilombosNão se deve pensar que os negros aceitaram docilmente a sua condição de escravos e que nada fizeram para resistir ao trabalho compulsório. Naturalmente, houve fugas individuais e em massa e a desobediência ou resistência se evidencia no uso das punições e castigos corporais muitas vezes cruéis, que vinha a se somar aos maus tratos naturalmente dispensados a seres que eram considerados pouco superiores aos animais.

Depois de comprado no mercado, o escravo podia ter três destinos principais: ser escravo doméstico, isto, é fazer os serviços na casa do senhor; escravo do eito, que trabalhava nas plantações ou nas minas; e escravo de ganho, que prestava serviços de transporte, vendia alimentos nas ruas, fazia trabalhos especializados como os de pedreiro, marceneiro, alfaitate, etc., entregando a seu senhor o dinheiro que ganhava.

Poucos anos de vidaNas fazendas, principalmente, o escravo trabalhava de 12 a 16 horas por dia e dormiam em acomodações coletivas chamadas senzalas ou mesmo em palhoças. Sua alimentação consistia basicamente de farinha de mandioca, aipim, feijão e banana. O tempo de vida média útil de um escravo era de 10 a 15 anos, segundo muitos estudiosos.

De qualquer modo, apesar das fugas e da formação dos quilombos, dos quais se destacou Palmares no século 17, os escravos africanos ou afro-brasileiros como um todo não tiveram condições de abolir por conta própria o sistema escravocrata. Com a Independência, embora a questão da abolição tenha sido levantada, a escravidão continuou a vigorar no país até a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888 - como coroação de uma ampla campanha abolicionista.

Contudo, a abolição não significou o fim da exploração do negro no Brasil, nem a sua integração - em pé de igualdade - na sociedade brasileira, que ainda tem uma enorme dívida para com os descendentes dos escravos.

Mas o que é pior: apesar das leis e da consciência da maior parte da população mundial, ainda se encontram pessoas em várias partes do Brasil e do mundo que trabalham sem receber pagamento, ou seja, continua a existir escravidão hoje. De qualquer forma, atualmente isso é considerado um crime e quem o pratica, se for pego, recebe a punição que merece.

scravidão ontem e hoje

Trabalho compulsório ainda existe no BrasilAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

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Criança exercendo trabalho escravo em colheitaA origem da escravidão ou do trabalho compulsório se perde nos tempos, aproximando-se das origens da própria civilização humana. Segundo o antropólogo Gordon Childe, em um determinado momento da pré-história, os homens perceberam que os prisioneiros de guerra - normalmente sacrificados em cultos religiosos - poderiam ser usados para o trabalho ou "domesticados" como os animais.

Nas civilizações da Antigüidade - Egito, Babilônia, Grécia, Roma... - a escravidão era uma prática constante. 

Somente na Idade Média, com a reestruturação da sociedade européia de acordo com a ordemfeudal, a escravidão foi substituída pela servidão, uma forma mais branda, por assim dizer, do trabalho compulsório. 

Grandes navegações

Em termos mundiais, a escravidão ressurgiu com o mercantilismo ou capitalismo comercial, concomitantemente à época das grandes navegações. 

O uso da mão-de-obra escrava - em especial do negro africano - desenvolveu-se nas colônias de além mar de países como Espanha, Portugal, Holanda,França e Inglaterra.

Colonos endividados

Os imigrantes europeus e orientais que para cá vieram no fim do século 19 substituir a mão de obra escrava, recebiam um tratamento que se poderia considerar semelhante à escravidão. 

Na década de 1890, por exemplo, denunciavam-se em embaixadas estrangeiras as condições de vida a que eram submetidos os imigrantes europeus. Eram obrigados a comprar dos fazendeiros para quem trabalhavam as roupas que usavam, as ferramentas para o trabalho, sua própria alimentação, de modo que ao fim do mês em vez de um salário, recebiam uma lista de dívidas que haviam contraído, o que os obrigava a continuar trabalhando para os mesmos patrões.

Pior: a situação descrita no parágrafo anterior continua a existir no exato momento em que estas linhas são escritas e que você lê esse texto. Desde de a década de 1970 existem denúncias de que o trabalho escravo - apesar de constituir um crime - continua praticado no Brasil. O método empregado é o mesmo que se usava com os imigrantes, ou seja, forçar o trabalhador a endividar-se, de modo que ele seja forçado a trabalhar para pagar sua dívida. Para evitar fugas, capangas armados são espalhados nas fazendas, atuando como "neofeitores" ou capitães do mato.

Salvador e São Paulo

Em 2002, o Ministério do Trabalho libertou 2.306 trabalhadores escravos nas áreas rurais do país. Em 2004, foram libertados 4.932. Em geral, os Estados onde o uso do trabalho análogo à escravidão é mais freqüente são Tocantins,Pará, Rondônia, Maranhão, Mato Grosso e Bahia. 

Neste último Estado, em fevereiro de 2004, a polícia libertou 40 trabalhadores em regime compulsório na cidade de Catu, a 80 quilômetros da capital, Salvador.

Mas ninguém pense que a escravidão no Brasil de hoje se restringe às regiões rurais. Em 21 de agosto de 2004 o Ministério do Trabalho pegou em flagrante o uso de trabalho escravo numa confecção do Bom

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Retiro, um bairro na região central da capital paulista. Tratava-se de imigrantes ilegais - paraguaios, bolivianos e peruanos - submetidos a uma jornada de mais de 16 horas de trabalho, em condições degradantes e monitorados pelos donos da empresa por circuitos fechados de TV.

12,3 milhões de escravos no mundo

Também não se pense que o trabalho escravo ou semi-escravo continua a existir exclusivamente no Brasil. A prática se mantém em diversos países da África e da Ásia (especialmente na China), mas é de se supor que o trabalho em condições precárias e de grande exploração esteja presente em todos os países ricos onde é grande o fluxo de imigrantes, como os Estados Unidos e a União Européia.

Um estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização das Nações Unidas, em maio de 2005, indica que existem cerca de 12,3 milhões de escravos no mundo todo, dos quais entre 40% e 50% são crianças.

Evidentemente, a escravidão ou o trabalho em condições semelhantes a ela é hoje um crime grave e aqueles que os praticam estão submetidos a penas legais, pagando multas, perdendo seus empreendimentos e, eventualmente, indo parar na prisão. Ainda assim, não deixa de ser assustador o fato de um fenômeno tenebroso como a escravidão atingir o século 21, acompanhando os quase 12 mil anos de existência do homo sapiens no planeta Terra.

História do Brasil

Escravidão: ontem e hojeÉrica Alves Cavalcante*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Promover a reflexão sobre a utilização da mão-de-obra escrava no Brasil favorece o estabelecimento de relações entre passado e presente - e possibilita debater sobre a condição da população negra na atualidade.Objetivos

1. Conhecer o significado do conceito de escravidão durante os períodos colonial e imperial.

2. Estabelecer relações entre a escravidão no passado e no presente, analisando semelhanças e diferenças.Estratégias

1. Leve a sala de aula reportagens e notícias diversas sobre o trabalho compulsório na atualidade: exploração de trabalhadores brasileiros que migram para outras regiões, em busca de melhores condições de vida; e de estrangeiros que vêm ao país e são submetidos a situações degradantes. Oriente os alunos para que façam a leitura individualmente.

2. Depois de realizada a leitura, solicite que exponham os principais fatos. Os alunos que tiverem lido o mesmo texto podem ajudar a sintetizar as principais informações.

3. Escreva na lousa o significado da palavra escravidão e faça uma explanação sobre o tema. É fundamental que a questão econômica seja evidenciada, desde que o professor a relacione a outros aspectos, como, por exemplo, as teorias sobre inferioridade e superioridade das raças.Atividades

1. Faça uma tabela na lousa, dividindo-a em duas colunas: "passado" e "presente". Peça a ajuda dos alunos para preencher a tabela com as características da escravidão. Isso deve ser feito depois da leitura do texto"Escravidão ontem e hoje: o trabalho compulsório ainda existe no Brasil".

2. Depois da organização da tabela, oriente os alunos para que, utilizando material reciclável, produzam, individualmente, um trabalho (escrito ou imagético) que represente suas opiniões sobre a escravidão. Os alunos podem escutar, durante a elaboração da tarefa, músicas que tratem do tema.

3. Solicite que alguns alunos expliquem seus trabalhos aos colegas.

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História do Brasil

MonçõesÉrica Alves Cavalcante*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Durante os estudos sobre a expansão da exploração do ouro no Brasil, é importante conhecer como as monções garantiam o transporte de pessoas e bens para as regiões cada vez mais afastadas dos principais centros urbanos.Objetivos

1. Definir o que eram as monções.

2. Conhecer a importância das monções para a comunicação e o abastecimento entre as capitanias brasileiras.

3. Identificar a importância econômica dos meios de transporte: análise comparativa entre passado e presente. Estratégias

1. Leve à sala de aula imagens que representem os meios de transporte usados na atualidade. Depois de fixá-las na lousa, pergunte aos alunos por que e como esses meios de transportes são importantes para a economia nacional. As respostas da classe nortearão o estudo das monções.

2. Depois de analisar diferentes aspectos da exploração do ouro no Brasil, entre eles a escravidão, pergunte aos alunos como imaginam que o transporte do ouro extraído acontecia. Apresente, então, o que foram as monções. Por fim, estabeleça comparações entre as dificuldades de locomoção no presente e no passado.Atividades

1. Divida a turma em grupos de 5. Metade das equipes deverá escrever, ensaiar e representar uma pequena encenação, na qual a importância das monções possa ser observada. A outra metade deve escrever, ensaiar e apresentar paródias que expliquem o momento histórico estudado.

2. Durante as apresentações dos alunos, registre os aspectos mais importantes levantados pelas equipes. Após todos os grupos apresentarem suas produções, construa um mapa conceitual que retome o conteúdo, mas faça-o de maneira que essa revisão seja fruto do trabalho dos alunos.

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Monarquia brasileiraÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

A análise das razões que levaram o Brasil a ser o único país na América Latina a assumir a monarquia como forma de governo faz com que os alunos conheçam os limites da independência brasileira. Objetivos

1. Conhecer os fatores que levaram à formação da monarquia no Brasil.

2. Apreender os conceitos de "centralização" e "descentralização" do poder.

3. Identificar semelhanças e diferenças entre o sistema de governo brasileiro e o restante da América Latina durante o século 19.

4. Conhecer o conceito de "república" e estabelecer comparações entre passado e presente.Estratégias

1. Faça uma aula expositiva, explicando ou retomando os principais fatores que levaram o Brasil à independência. Caso esse fato histórico já tenha sido objeto de estudo, faça com os

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alunos uma "tempestade de idéias", de maneira a recuperar o conhecimento da classe sobre o tema.

2. Leve à sala de aula um mapa da América Latina no século 19, no qual você tenha escrito em cada país o seu respectivo sistema de governo. Leve também um mapa da América Latina atual e peça que os alunos identifiquem o que há de diferente entre eles. Problematize as observações dos alunos, de maneira a iniciar o tema da aula.

3. Trabalhe com os conceitos escolhidos para esta aula. Coloque na lousa definições desses conceitos e utilize-as à medida que for explicando o processo histórico que transformou o Brasil em uma monarquia.

4. Entregue aos alunos o texto Monarquia brasileira - Forma de governo isolou o país na América Latina Faça a leitura coletivamente, pedindo que cada aluno leia um trecho. À medida que a leitura acontece, explique e aprofunde as questões, a fim de que tudo se torne claro.Atividades

1. Divida a turma em grupos e peça que criem dinâmicas para apresentar aos colegas suas conclusões sobre o estudo. Defina um tempo para a apresentação de cada grupo.

2. Ao término de cada apresentação, peça que a classe sintetize as informações apresentadas.

3. Como lição de casa, elabore um questionário sobre o assunto estudado e peça que os alunos o respondam. É importante que as questões retomem aspectos que permitam ao professor verificar se seus objetivos foram alcançados. Faça a correção coletiva na aula seguinte, valorizando as diferentes maneiras de responder à mesma pergunta.

Monarquia brasileira

Forma de governo isolou o país na América LatinaVitor Amorim de Angelo*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Dom Pedro 2º, já com 21 anos de idade, coroado aos 15, após discussões sobre a sua maioridadeDurante praticamente todo o século 19 o Brasil foi a única monarquia de uma América Latinadividida em várias e pequenas repúblicas. Para além da diferença entre monarquia e república, por que, no caso latino-americano, o Brasil foi o único país a manter o regime monárquico? Quais as conseqüências dessa particularidade em relação às outras nações latino-americanas?

Até o início daquele século, o pano de fundo histórico da América Latina foi relativamente o mesmo. Embora tenha existido uma grande diferença entre o processo colonizador espanhol e português, o Novo Continente sempre foi visto pelos povos ibéricos, de modo geral, como um fornecedor de produtos tropicais e matéria-prima para o mercado europeu. Tanto o Brasil quando as demais nações latino-americanas, portanto, tiveram praticamente a mesma formação colonial.

Dali em diante, contudo, os caminhos começaram a se dividir. Enquanto a república foi adotada

Page 11: História do Brasil

largamente pelos países que iam surgindo no continente, a monarquia foi escolhida como forma de governo no Brasil. Também por isso o país prosseguiu relativamente isolado das outras nações da América Latina. Por outro lado, a monarquia lhe conferiu o poder necessário para manter uma extensão territorial bem maior que qualquer outro país da região. 

Rompimento em relação à Europa

O início do século 19 marcou profundamente a história da Europa. Napoleão Bonaparte havia iniciado um ambicioso plano de expansão territorial. Desse projeto, por exemplo, fez parte o Bloqueio Continental, decretado em 1806 pelo imperador francês. 

A Espanha, ao contrário de Portugal, associou-se ao plano de Bonaparte. Na América, as colônias espanholas se organizaram contra o rei José Bonaparte (José 1º), irmão de Napoleão - um monarca fantoche que assumiu o trono espanhol em aliança com a França.

Instalaram-se nas colônias espanholas juntas governativas contra o rei José 1º. Diante do isolamento da metrópole durante as guerras napoleônicas, as possessões da Espanha na América ficaram envolvidas pelo sentimento separatista, que, aos poucos, foi se alastrando. À divisão político-administrativa dos territórios espanhóis corresponderam os limites territoriais dos novos países que surgiam.

Embora a luta independentista não tivesse contemplado, de início, uma discussão sobre a forma de governo, a república apareceu como modelo ideal. De um lado, porque rompia com a matriz espanhola, monárquica. De outro, pois atendia à participação popular na luta contra a metrópole. A república, sendo uma forma de governo então considerada mais democrática, fortaleceu-se como modelo adequado para aquele momento.

Continuação em relação à Europa

Em 1808, a Família Real portuguesa chegou ao Brasil - na época, sua mais importante colônia. A presença da Corte lusitana na América mudou completamente o destino do Brasil face aos vizinhos latino-americanos. A transferência da Corte para o Reino Unido de Portugal e Algarves limitou as perspectivas do movimento separatista em relação à metrópole.

Diferentemente das colônias espanholas, a presença do rei de Portugal no Brasil não isolou a metrópole da possessão portuguesa na América. De um lado, isso não deu espaço às agitações políticas e sociais que marcaram o início do século 19 na América espanhola. De outro, ao invés de romper, manteve a tradição portuguesa quanto à forma de governo. 

A adoção da monarquia no Brasil pós-independência representou uma continuação em relação à Europa, e não um rompimento, como nos demais países da região. 

Ao mesmo tempo, a adoção da forma de governo monárquica provocou uma diferença importante entre os processos independentistas do Brasil e das outras nações latino-americanas. Enquanto nestas a população, de modo geral, participou da luta contra a antiga metrópole, no Brasil, a independência foi feita "pelo alto", proclamada pelo filho que o rei de Portugal deixou para trás ao voltar para a Europa. 

A adoção do regime monárquico, portanto, significou a centralização do poder em torno da figura de dom Pedro 1°.

História do Brasil

Noite das garrafadasÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Conhecer apenas os limites do processo de independência brasileiro pouco colabora para a compreensão das relações entre os grupos que dominavam a cena política do país. Portanto, conhecer o conflito denominado "Noite das Garrafadas" pode permitir reflexões sobre a relação entre brasileiros e lusitanos durante a monarquia brasileira.Objetivos

1. Conhecer as razões que motivaram a Noite das Garrafadas.

2. Conhecer o clima político que antecedeu a abdicação do trono por dom Pedro 1º.

3. Usar a música como estratégia para debates sobre fatos históricos.Estratégias

1. Não explique aos alunos qual fato histórico estudarão. Apenas esclareça que os objetivos da aula serão conhecidos à medida que a atividade estiver em andamento.

Page 12: História do Brasil

2. Estruture uma pequena encenação em sala de aula, na qual os alunos da turma estejam divididos em dois grupos. O primeiro representará o papel dos lusitanos no país, com todos os seus privilégios. O outro deverá assumir o papel dos brasileiros. Faça com que os alunos conheçam os interesses de portugueses e brasileiros por meio das falas que lerão aos colegas.

Observação: as falas devem ser escritas pelo professor e entregues a todos os alunos.

3. Depois da leitura, faça uma exposição, retomando algumas falas dos personagens (elas podem estar expostas por meio de um retroprojetor), para que os alunos tenham dimensão das relações sociais entre portugueses e brasileiros.

4. Leve à sala de aula o texto Noite das garrafadas - Portugueses e brasileiros entram em conflito e leia com os alunos. Atividades

1. Peça que os alunos, organizados em equipes, escrevam uma paródia musical que reconte o fato histórico. Os alunos devem ter tempo hábil para ensaiar a apresentação da música.

2. Depois da apresentação dos grupos, peça que todos os alunos escolham qual a letra que melhor explicou o conteúdo. Para finalizar, toda a turma deve aprimorar a letra vencedora, de modo que ela explique, com perfeição, as razões que levaram à Noite das Garrafadas. Sugestão

Se o professor trabalhar a mesma estratégia com várias turmas, seria interessante levar representantes das salas para apresentar suas paródias aos colegas, o que favoreceria a troca de conhecimentos. 

Noite das garrafadas

Portugueses e brasileiros entram em conflitoVitor Amorim de Angelo*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A noite das garrafadas - como ficou conhecido o conflito envolvendoportugueses que apoiavam d. Pedro 1° e brasileiros que faziam oposição ao imperador - foi um dos principais acontecimentos do período imediatamente anterior à abdicação do monarca, em abril de 1831. O conflito, que ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1831, levou esse nome pelo fato de os brasileiros terem utilizado pedras e garrafas para atacar os portugueses.

A relação entre portugueses e brasileiros

Como colônia de Portugal, o Brasil sempre abrigou muitos lusitanos, que freqüentemente ocupavam postos de destaque na vida política brasileira. Tal situação não se modificara com a volta de d. João 6° para a Europa. Afinal, embora tenha retornado à sede da Casa de Bragança, o rei deixara no Brasil seu filho, um português, como príncipe regente.

A proclamação da independência também não modificou esse quadro, uma vez que o primeiro imperador do Brasil havia nascido em Portugal. Seus ministros eram portugueses, assim como os principais burocratas do governo, a oficialidade militar e os grandes comerciantes. Ou seja, o 7 de setembro representou mais uma continuidade do que uma ruptura, o que viria a ocorrer apenas em 1831, com a abdicação de d. Pedro 1° ao trono.

O imperador freqüentemente se envolvia em assuntos ligados à vida política de Portugal. Esse foi o caso, por exemplo, do conflito em torno da sucessão portuguesa, em 1826, após a morte de d. João 6°. Havia certa desconfiança de que d. Pedro 1° pudesse, de alguma forma, tentar unir novamente Portugal e Brasil - talvez como um reino unido, tal como em 1815.

Ao mesmo tempo, o imperador vinha assumindo uma postura bastante autoritária. Em 1823, diante dos limites impostos pela Assembléia Nacional Constituinte quanto à concessão de títulos de nobreza pelo imperador, d. Pedro 1° decidiu fechá-la, impondo, já no ano seguinte, uma Constituição - a primeira do Brasil.

A relação do imperador com a Assembléia, na verdade, expressava a tensão que existia entre portugueses e brasileiros, sobretudo o grupo mais radical. Isso porque setores conservadores, com freqüência, agiam em parceria com o partido português. Receosos de que o avanço dos grupos radicais

Page 13: História do Brasil

pudesse levar a reformas - talvez a um governo republicano -, liberais moderados e portugueses se uniram em torno da figura de d. Pedro 1°.

As críticas da imprensa

A tensão, porém, ampliou-se para a imprensa e, de lá, para as ruas, culminando na noite das garrafadas, em 13 de março de 1831. 

Com a abertura dos trabalhos legislativos, em 1826, os liberais exaltados passaram a fazer oposição sistemática ao imperador. Convocavam ministros para prestar esclarecimentos, abriam inquéritos contra auxiliares de d. Pedro 1° e criticavam as ações do imperador.

Na mesma linha, a imprensa atacava de maneira contundente o governo brasileiro. Diante das críticas, o monarca chegou até mesmo a mandar processar o jornalista Borges da Fonseca. Entretanto, o assassinato de outro jornalista, Líbero Badaró, em novembro de 1830, levantou a suspeita de que sua morte teria sido encomendada por d. Pedro 1° - alvo preferido dos artigos de Badaró.

Com a situação cada vez mais radicalizada, o imperador decidiu fazer uma série de viagens pelas províncias, na tentativa de diminuir a oposição a seu governo. O primeiro destino, Ouro Preto, em Minas Gerais, foi um verdadeiro fracasso. D. Pedro 1° foi hostilizado pela população da cidade, que fechava as portas, em sinal de protesto, quando passava a comitiva imperial.

Os portugueses residentes no Rio de Janeiro, então, decidiram fazer uma grande festa em apoio ao imperador, que retornava de Ouro Preto. A festividade lusitana, em contraste com o clima de acirramento político, o assassinato de Líbero Badaró e o autoritarismo do imperador, só agravaram a situação. Na noite do dia 13, o conflito chegou às ruas quando brasileiros, de pedras e garrafas nas mãos, atacaram os portugueses.

História do Brasil

Capitanias hereditáriasLuciane Cristina Miranda de Jesus*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoPonto de partida

Ler o texto Capitanias hereditárias: a primeira tentativa de colonização do Brasil.Objetivos

1) Conceituar as palavras ou expressões "capitanias hereditárias", "capitães", "donatários", "sesmarias" e "légua" (como unidade de medida), utilizadas no período histórico ao qual o texto se refere.

2) Compreender o que foi o sistema de capitanias hereditárias no início do período colonial brasileiro;

3) Refletir sobre a má distribuição das terras no Brasil, de maneira a estabelecer um diálogo entre passado e presente, fornecendo aos alunos, dessa forma, pistas para a compreensão do nosso próprio tempo.Estratégias

1) Pergunte aos alunos se o Brasil foi colonizado assim que Cabral chegou aqui ou se demorou algumas décadas. A partir dessa pergunta, você saberá como anda o conhecimento prévio dos alunos.

2) É bom traçar uma linha do tempo referente ao período que se pretende estudar, facilitando assim a apreensão dos conteúdos e dos conceitos que serão desenvolvidos.

3) Escreva na lousa os novos conceitos históricos: capitanias hereditárias, capitães, donatários, sesmarias, etc.

4) Lembre-se de contextualizar a experiência portuguesa na ilhas do Atlântico, como Açores e Madeira.

5) Leve para a sala de aula o mapa do Brasil dividido em capitanias hereditárias e faça um exercício com os alunos, perguntando qual o nome do Estado brasileiro em que eles vivem atualmente, de maneira que encontrem no mapa a capitania correspondente.

Page 14: História do Brasil

6) Explique aos alunos as dificuldades encontradas pelos portugueses na tentativa de administrar as capitanias, sendo a principal delas a demarcação das terras. Lembre também que a distribuição geográfica das tribos indígenas foi ignorada, o que provocou conflitos entre portugueses e nativos.

7) Pergunte aos alunos se esse tipo de administração teria ou não alcançado sucesso. Explique a eles que, das 14 capitanias, apenas duas deram certo: a de Pernambuco e a de São Vicente.

8) A divisão das terras brasileiras em 14 capitanias influenciaria a organização da estrutura fundiária atual do Brasil. Discuta com a classe sobre a centralização das terras rurais brasileiras nas mãos de poucos proprietários e sobre o crescimento dos movimentos sociais que lutam pela reforma agrária.

9) O texto proposto para leitura também permite o estudo de temas transversais, sugeridos pelos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), como, por exemplo, as questões ambientais: a exploração de pau-brasil data do período das capitanias hereditárias - e tornou-se tão abusiva que, em 1560, Portugal criou uma lei estabelecendo a pena de morte para todos os que derrubassem as árvores sem autorização.

Capitanias hereditárias

A primeira tentativa de colonização do BrasilAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Combate entre índios e portugueses, gravura do século 16A pedido do rei, Martim Afonso deixou o Brasil, em 1534, para cuidar de negócios na Índia. Aqui, porém, deixou os colonos providos dos meios necessários ao desenvolvimento da economia colonial. 

Foram eles que introduziram no país o gado e os animais de carga, bem como a cana-de-açúcar, plantada pioneiramente em São Vicente. A cana era um produto comercial de alto valor que os portugueses já cultivavam com sucesso em suas possessões nas ilhas do Atlântico.

No ano da partida de Martim Afonso, o rei resolveu adotar para a administração do território o sistema de capitanias hereditárias, que já utilizara nas colônias daÁfrica e das ilhas do Atlântico. Quinze enormes porções de terra foram doadas a membros da pequena nobreza e comerciantes, em geral com experiência militar e serviços prestados na África ou na Índia.

Resultados insatisfatórios

A divisão do território se estendeu de Belém do Pará até a ilha de Santa Catarina, tendo como limites o Oceano Atlântico a leste e a linha de Tordesilhas a oeste. Arcando com os custos do empreendimento, eles deveriam administrar a exploração das capitanias, contando com amplos poderes na distribuição de

Page 15: História do Brasil

terras para colonos e na cobrança de impostos.

O sistema não produziu os resultados esperados. Por um lado, os donatáriosnão tinham interesse ou não dispunham dos recursos financeiros para a colonização. Por outro, o relacionamento com os índios foi se tornando conflituoso, à medida que grupos maiores de portugueses se estabeleciam em suas terras.

Primeiro desastre ecológico

Diferentemente dos comerciantes de pau-brasil, os novos colonos vinham para ficar e submeter a terra aos seus padrões de trabalho e economia. A introdução da agricultura pelo branco - em moldes muito diferentes dos conhecidos pelas aldeias indígenas - significou o ponto máximo de tensão entre os interesses dos dois grupos. Para as grandes plantações, eram necessários os desmatamentos, a expulsão dos nativos e a apropriação das terras indígenas.

Além disso, ao mesmo tempo em que os novos colonos davam início a uma economia agrícola em solo brasileiro, a exploração do pau-brasil começava a dar mostras de esgotamento. A devastação desenfreada das matas litorâneas tornava obrigatória a busca do produto em regiões cada vez mais longínquas. Um exemplo conhecido é o da floresta existente ao redor da vila de Olinda em Pernambuco, fundada por Duarte Coelho em 1534. Doze anos depois da chegada do donatário, a mata já se encontrava a 120 quilômetros de distância da vila.

O avanço arriscado em direção às matas do interior representava um acréscimo de trabalho ao abate e transporte das árvores realizado pelos indígenas. Se no início do comércio com os brancos, os índios chegavam a nadar em busca de navios para oferecer pau-brasil, em meados do século passaram a exigir pagamentos maiores pela madeira e por seu trabalho. Além disso, uma vez que adquiriam em quantidade suficiente os utensílios que lhes interessavam, as tribos não tinham razão de continuar trabalhando.

As guerras indígenas

Simultaneamente, para o desenvolvimento da lavoura, os portugueses experimentavam uma necessidade maior de mão-de-obra. Inviabilizada a relação pacífica do escambo, os portugueses recorreram à violência, capturando o índio e obrigando-o ao trabalho escravo. Isso gerou imediatos e freqüentes ataques de represália indígena às povoações portuguesas.

As guerras indígenas constituíram o golpe de misericórdia ao sistema de capitanias hereditárias, que se tornou inviável quinze anos depois de implantado. Nas capitanias da Paraíba, Bahia, e Espírito Santo, os povoados foram massacrados cinco ou seis anos depois de estabelecidos.

As únicas capitanias que efetivamente prosperaram foram as de São Vicente e Pernambuco. Nesta, Duarte Coelho obteve sucesso devido ao solo e ao clima adequados para o plantio da cana de açúcar, bem como por dispor de dinheiro e soldados para proteger-se dos ataques de índios. 

Em 1549, para contornar o fracasso do sistema de capitanias, a Corte portuguesa resolveu centralizar a administração do território Brasileiro. Nomeou-se um Governador geral, o que iniciou uma segunta etapa da política portuguesa de colonização do Brasil. De qualquer modo, as capitanias subsistiram como unidades administrativas das regiões brasileiras. Até o século 18, a Coroa portuguesa retomou-as todas de seus proprietários, por meio de compras e desapropriações.

Governo geral

Tomé de Sousa organiza a administração da colôniaAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Page 16: História do Brasil

A chegada de Tomé de Sousa na BahiaDevido aos resultados insatisfatórios do sistema de capitanias hereditárias, a Coroa portuguesa decidiu estabelecer um Governo geral no território brasileiro. 

Com a missão de restabelecer o domínioportuguês sobre toda a extensão da colônia e defender os estabelecimentos lusitanos, tanto dos corsários franceses quanto dos índios hostis, o primeiro governador-geral Tomé de Sousa chegou à Baía de Todos os Santos em 29 de março de 1549, com uma expedição formada por cerca de 1.000 homens.

Além de colonos propriamente ditos, parte deles estava destinada a integrar as entidades administrativas a serem aqui implantadas. Ao longo do tempo, as vilas e cidades constituíram seus governos, as Câmaras municipais, formadas por quatro vereadores e um juiz, todos escolhidos entre os grandes proprietários de terras. As Câmaras desfrutaram de grande autonomia, chegando a mandar representantes próprios para a Corte, em Lisboa, ou ainda a opor-se ao governo geral.

Com o fracasso do empreendimento do donatário Francisco Pereira Coutinho, a capitania da Bahia foi retomada pela Coroa portuguesa, mediante pagamento de indenização. Tornou-se a sede do governo geral ou, em outras palavras, a capital da colônia.

A cidade do Salvador

Levando em conta necessidades defensivas, o Governador escolheu uma colina na enseada da Barra (onde hoje se localiza o bairro da Vitória) para fundar a cidade-fortaleza de Salvador. Ao longo de quatro meses, construiu-se uma muralha de taipa dotada de quatro torres com artilharia e, em seu interior, uma centena de casas que abrigariam os moradores e os órgãos governamentais e eclesiásticos. 

Para a empreitada da construção da cidade e da implantação de fazendas ao seu redor, Tomé de Sousa tratou de promover imediatamente acordos de paz com os indígenas, contando com o apoio de Diogo Álvares Correia, um náufrago que se estabelecera entre os índios do local, em 1510, exercendo sobre eles um papel de influência.

Como garantia da convivência pacífica com o índio, Tomé de Sousa restabeleceu a prática do escambo e restringiu a escravidão, limitando-a às tribos que resistiam à colonização. Mais uma vez, por meio da troca de mercadorias, os portugueses conseguiram que os índios lhes fornecessem mão-de-obra e alimentação. 

Jesuítas

O trabalho de pacificação dos indígenas contou também com a participação decisiva de seis padres jesuítas que chegaram juntamente com o Governador-geral, sob a liderança de Manoel da Nóbrega. 

Ordem religiosa fundada em 1540, a Companhia de Jesus tinha entre seus objetivos principais a expansão do cristianismo nas colônias ultramarinas espanholas e portuguesas.

No Brasil, seus missionários encarregaram-se da catequese dos índios, convertendo-os à religião cristã, ao mesmo tempo em que os adaptavam a um novo modo de vida, constituído de acordo com os critérios e padrões do colonizador europeu.

Page 17: História do Brasil

Para isso, os jesuítas trataram de agrupar as tribos dispersas e semi-nômades em "reduções", isto é, aldeias organizadas para fixá-los em locais determinados, sob a supervisão dos padres e a autoridade do governo geral. Assim, os portugueses conseguiram se impor na região da Bahia e, ao longo dos cinco anos seguintes, estender seu domínio sobre o litoral nordestino como um todo.

Progressivamente, a cultura da cana-de-açúcar substituiu a extração do pau-brasil, tornando-se a principal atividade econômica da região. Fazendas e engenhos foram se espalhando ao longo da costa do Nordeste, do sul da Bahia ao norte de Pernambuco.

Extermínio indígena

O desenvolvimento do Brasil português teve como contrapartida a derrocada do Brasil indígena. Nas reduções, embora de modo pacífico, os índios perdiam não somente sua liberdade como também sua identidade cultural: desde as terras, originalmente suas, até seus hábitos e costumes lhes foram sendo subtraídos no processo de aculturação, isto é, no intercâmbio de sua cultura com a do colonizador.

Doenças que eram desconhecidas aqui e para as quais os índios não apresentavam resistência natural foram disseminadas nas aldeias, juntamente com o Evangelho e os novos ordenamentos administrativos. 

Epidemias de tifo e a varíola, por exemplo, foram responsáveis pela morte de dezenas de milhares de indígenas, entre as décadas de 1550 e 1570.

Inspeção do território

Concluído com êxito seu trabalho na região nordestina, em 1552, Tomé de Sousa iniciou uma viagem de inspeção às capitanias ao Sul da Bahia. No decurso dessa missão, dirigiu a fortificação das vilas e povoações que visitou, organizando também nelas as instituições governamentais.

A viagem estendeu-se até a capitania de S. Vicente e as regiões do extremo sul dos domínios de Portugal vagamente demarcados pelo Tratado de Tordesilhas, onde a presença espanhola era grande. Assim, o governador cuidou de implantar ali os marcos ou padrões da posse portuguesa, bem como de restringir as relações comerciais estabelecidas entre portugueses e espanhóis.

Duarte da Costa

Em 1553, Tomé de Sousa retornou a Portugal, sendo substituído no governo da colônia por Duarte da Costa, que ocupou o cargo durante os quatro anos seguintes. A administração do segundo governador geral, entretanto, foi desastrosa, chegando a comprometer o trabalho de seu antecessor e colocando em risco o domínio português no território brasileiro. Por um lado, seu fracasso se deveu à postura adotada diante dos índios, que colocava por terra a política de pacificação desenvolvida por Tomé de Sousa.

Sob Duarte da Costa, o sistema do escambo cedeu novamente lugar à escravização do índio como forma de obter mão de obra para o trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar. Os colonos voltaram a escravizar os indígenas, realizando incursões para a captura de escravos não somente nas selvas e entre os índios hostis, mas também nas próprias reduções jesuítas.

Desse modo, as guerras indígenas contra os brancos ganharam um novo impulso, da mesma maneira que a fuga de grandes contingentes nativos para as regiões interioranas. Simultaneamente, os jesuítas entraram em confronto com o governo e com os colonos, numa atitude de defesa dos índios convertidos.

Com o regime das capitanias hereditárias, implantado a partir de 1534, o rei D. João 3º transferiu para donatários a responsabilidade de ocupar e colonizar o vasto território. Não deu certo. Teste o que você sabe sobre a época do primeiro Governo Geral no Brasil Colônia.

1-

O reino de Portugal decidiu instalar o Governo Geral na colônia brasileira depois do fracasso do sistema das capitanias hereditárias, quando a costa foi dividida em imensos lotes de terra. Quantas eram as capitanias?

16

 

Page 18: História do Brasil

 

15

 

 

12, para 16 lotes de terra

 

 

12, sendo que os donatários João de Barros e Aires da Cunha, Pero Lopes de Souza e Martim Afonso de Souza receberam mais de um lote cada

 

 

20

 

 

2-

Erguida por operários, degredados e indígenas, a primeira capital brasileira, sede do Governo Geral, foi:

Recife

 

 

Salvador

 

 

Porto Seguro

Page 19: História do Brasil

 

 

Olinda

 

 

Rio de Janeiro

 

 

3-

'Todo o homem é fraco e ladrão'. Registrada nos 'Ditos Portugueses Dignos de Memória', a frase foi pronunciada por:

Pero Borges, primeiro ouvidor-geral do Brasil

 

 

Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil

 

 

Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus

 

 

José Saramago, romancista, prêmio Nobel de Literatura

 

 

Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil

Page 20: História do Brasil

 

 

4-

Os missionários jesuítas catequizavam os índios buscando convertê-los à religião cristã. Houve protestos, é claro. A primeira missa rezada por um jesuíta no Brasil Colônia teve lugar na Bahia. Em qual data?

1º de maio de 1500, poucos dias após o Descobrimento

 

 

17 de agosto de 1501, na expedição de Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho

 

 

31 de março de 1549, poucos dias após a chegada de Tomé de Sousa

 

 

13 de junho de 1549, dia de Corpus Christi

 

 

1º de novembro de 1549, com a festa de Todos os Santos

 

 

5-

'A terra é muito fresca (...), tem muitas frutas e de diversas maneiras, e muito boas, e que têm pouca inveja às de Portugal. Os montes parecem formosos jardins e hortas, e eu nunca vi tapeçaria de Flandres assim tão bela. Nos ditos montes há animais de muitas diversas feituras, dos quais Plínio nem escreveu nem soube'. Reveladora da estupefação diante da natureza brasileira, a descrição consta numa carta escrita por:

Padre Manuel da Nóbrega

Page 21: História do Brasil

 

 

Pero Vaz de Caminha

 

 

Pero Magalhães de Gândavo

 

 

Pedro Álvares Cabral

 

 

Tomé de Sousa

 Na época do Brasil Colônia, os governos gerais sucederam o sistema administrativo das capitanias hereditárias, sem extinguir os poderes regionais dos donatários. Os portugueses criaram cargos públicos para centralizar o poder. O tema da colonização foi sugerido por Guilherme Silva. (Foto: arquivo Folha)

1-

O primeiro governador-geral do Brasil foi Tomé de Sousa, instalado na Bahia em março de 1549. Quem foi o segundo governador-geral da então colônia portuguesa?

Mem de Sá

 

 

Lourenço da Veiga

 

 

Page 22: História do Brasil

Duarte da Costa

 

 

Manuel da Nóbrega

 

 

Pero Fernandes Sardinha

 

 

2-

O segundo governador-geral ficou no poder por cinco anos, a partir de 1553, período marcado por vários problemas, entre eles:

A invasão francesa da Baía de Guanabara, sob o comando de Nicolas Villegaignon 

 

 

A criação do primeiro bispado no Brasil, contrariando as diretrizes do Vaticano

 

 

O domínio espanhol sobre Portugal, o que agravou a concorrência entre os impérios europeus

 

 

A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil e a fracassada evangelização dos indígenas

 

Page 23: História do Brasil

 

A Insurreição Pernambucana

 

 

3-

Em meados do século 16, foram fundadas três importantes cidades brasileiras. Assinale a alternativa que apresenta as cidades na correta ordem cronológica de fundação:

Rio de Janeiro; Porto Seguro; São Paulo

 

 

Salvador; Rio de Janeiro; São Paulo

 

 

São Paulo; Rio de Janeiro; Salvador

 

 

Salvador; São Paulo; Rio de Janeiro

 

 

Rio de Janeiro; Salvador; Recife

 

 

4-

'Em apenas cinco dias, os portugueses tinham destruído 13 aldeias localizadas nos arredores de Salvador, matando, escravizando ou expulsando cerca de 3 mil indígenas',

Page 24: História do Brasil

escreve Eduardo Bueno em 'A Coroa, a Cruz e a Espada'. Qual nação indígena se revoltou contra os colonizadores em 1555, e qual o nome do conflito?

Os caetés; Guerra de Itapuã

 

 

Os guaranis; Guerra dos Emboabas

 

 

Os tupinambás; Inconfidência Baiana

 

 

Os carijós; Revolta dos Beckman

 

 

Os tupinambás; Guerra de Itapuã

 

 

5-

Na frota que trouxe o segundo governador-geral para o Brasil estava um padre jesuíta que viria a ser crucial na fundação da cidade de São Paulo. Quem?

Inácio de Loyola

 

 

José de Anchieta

 

Page 25: História do Brasil

 

Azpicuelta Navarro

 

 

Martim Afonso de Sousa

 

 

Diogo Nunes de Quesada

 

 

6-

Na economia, o que marcou a colonização do Brasil na segunda metade do século 16?

A produção de cana-de-açúcar na Bahia e Pernambuco 

 

 

A exportação de pau-brasil no Rio de Janeiro

 

 

O ciclo do ouro em Minas Gerais

 

 

A criação de gado na região sul

 

Page 26: História do Brasil

 

A produção de cacau e algodão no Nordeste

 

História do Brasil

Pero Vaz de Caminha e sua cartaÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Considerada por alguns estudiosos como o primeiro documento da literatura brasileira, a carta de Pero Vaz de Caminha pode ser utilizada como um documento histórico valioso para se entender, no processo de colonização do Brasil, as dificuldades em reconhecer o "outro", ou seja, aquele que é diferente de nós. Além disso, a leitura da carta possibilita um primeiro contato com a técnica da análise documental.Objetivos

1. Análise de documento: carta de Pero Vaz de Caminha.

2. Conhecer os interesses econômicos e religiosos dos colonizadores.

3. Identificar a dificuldade de valorização do "outro", ou seja, de uma cultura diferente da nossa.

4. Conhecer os aspectos que faziam de Portugal uma região privilegiada para a exploração dos oceanos.Estratégias

1. Crie para os alunos uma viagem imaginária, na qual eles sejam os viajantes que viverão a situação proposta por você. Descreva aspectos da passagem do século 15 para o 16, quando é escrita a carta de Caminha. É importante que você enfatize as inseguranças em relação ao mar, os objetivos econômicos de se encontrar novas terras, as condições econômicas, sociais e religiosas da Europa e como essas condições se repetiram, ou não, nas terras descobertas.

2. Terminada a história, peça que os alunos escrevam uma carta relatando o encontro entre os europeus e os nativos. Alguns devem ser os que chegam ao novo território e outros devem escrever da perspectiva dos povos indígenas.

3. A seguir, peça que os alunos formem duplas. Em cada dupla, um aluno escreveu sob a perspectiva do europeu e outro do indígena. As duplas devem ler as duas produções escritas.

4. Depois das leituras, levante questões diversas, a fim de que os alunos visualizem as dificuldades para se compreender uma cultura diferente da nossa.

5. Por fim, leia trechos da carta de Pero Vaz de Caminha, contextualize as informações e retome as questões sobre a dificuldade de se valorizar e respeitar o "diferente". Neste momento, esclareça o que fazia de Portugal o país pioneiro na exploração dos mares.Atividades

1. Distribua à classe trechos da carta de Pero Vaz de Caminha e peça que os alunos identifiquem, no documento, as informações mais importantes sobre as intenções dos exploradores. Peça que os grupos apresentem suas conclusões.

2. Oriente os grupos para que escrevam pequenas peças teatrais, enfocando as dificuldades ocorridas durante os primeiros encontros entre portugueses e nativos. Depois de ensaiadas, as peças devem ser apresentadas à classe.Sugestão

Page 27: História do Brasil

A carta de Pero Vaz de Caminha pode ser mais bem abordada se forem realizadas leituras de outros viajantes que exploraram o continente americano.

História do Brasil

Corrida do ouroÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

O estudo da assim chamada Corrida do Ouro permitirá que os alunos conheçam os motivos da política de interiorização da colonização portuguesa no Brasil e a conseqüente formação de novas cidades. O estudo das entradas e bandeiras permite identificar as expectativas depositadas na atividade extrativista, bem como as idéias econômicas vigentes na época. Além disso, será possível levantar com os alunos relações entre passado e presente, especificamente no que se refere à crença de que um único produto pode solucionar a maior parte dos problemas econômicos do Brasil. Objetivos

1. Conhecer o que foi a chamada Corrida do Ouro.

2. Explorando a leitura de mapas, identificar como bandeiras e entradas permitiram a expansão dos domínios portugueses para além da linha de Tordesilhas.

3. Relacionar a descoberta das minas nas terras de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás com a crise econômica que assolava Portugal na segunda metade do século 17.Estratégias

1. Faça uma pequena explanação sobre as condições econômicas de Portugal no período estudado e retome aspectos das relações entre colônia e metrópole.

2. Faça perguntas que levem os alunos a reconhecer na exploração extrativista de minérios as razões para o processo de interiorização no território brasileiro.

3. Estude alguns mapas com os alunos, mostrando as conseqüências da expansão do nosso território e o avanço para além do estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.

4. Elabore um quadro comparativo na lousa, mostrando semelhanças e diferenças entre "entrada" e "bandeira".Atividades

1. Divida a sala em pequenos grupos e peça que escolham maneiras diferentes de apresentar aos colegas os aspectos mais relevantes do contexto histórico em estudo. É importante que você: (a) ajude-os a escolher diferentes formas de expressão; e (b) limite o tempo de apresentação.

2. Depois de realizadas as apresentações, pergunte à turma quais as mensagens que os grupos tentaram passar, abrindo discussões sobre a construção dos trabalhos.

3. Para concluir, discuta com os alunos sobre a idéia de que a solução dos problemas econômicos pode se resumir à exploração de um único produto. Sob esse aspecto, quanto o Brasil mudou do século 17 até os dias de hoje?

História do Brasil

ImigraçãoLuciane Cristina Miranda de Jesus*Especial para a página 3 Pedagogia & ComunicaçãoPonto de partida

Ler o texto Imigração - Italianos, alemães e japoneses substituem trabalho escravo, no site Educação do UOL.Objetivos

1) Conceituar emigrante e imigrante.

2) Conhecer os motivos que impulsionaram os imigrantes a saírem de seus países de origem.

Page 28: História do Brasil

3) Desenvolver conceitos que auxiliem os alunos a ler e analisar o mundo e seu tempo estudando outras temporalidades históricas.

4) Valorizar as variadas influências socioculturais que os brasileiros de hoje receberam dos imigrantes de ontem.Estratégias

1) Apresente o contexto histórico brasileiro com relação ao processo migratório no final do século 19 e início do século 20. O texto sugerido como ponto de partida é ótimo para os alunos compreenderem porque o Brasil recebeu tantos imigrantes.

2) Já com relação ao contexto histórico da época referente aos países de origem que promoveram a saída dos vários imigrantes que aqui chegaram, vale a pena solicitar aos alunos que se organizem em grupos, ficando cada grupo responsável por essa pesquisa. Cada grupo deverá escolher a qual nacionalidade quer dirigir seu olhar. Como o Brasil recebeu cerca de 70 nacionalidades diferentes de imigrantes, os grupos terão muitas opções de escolha. Deverão pesquisar em que circunstâncias esses imigrantes foram "seduzidos" ao ponto de deixarem sua pátria em busca de uma outra.

3) O professor de geografia também poderá participar desta atividade, entre outros sentidos, no de orientar os alunos a representarem por meio de mapas a trajetória desses imigrantes, destacando o continente, o país, o porto de saída, o oceano navegado, assim como o continente, o país, o Estado, a cidade e o porto de chegada.

4) Para finalizar o assunto, peça aos alunos que socializem o que encontraram com relação ao conteúdo o qual está sendo objeto de estudo. A socialização pode ocorrer em forma de seminários, uma vez que já estão organizados em grupos.

História do Brasil

Religião no Brasil ColôniaÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

A Constituição de 1988 garante aos brasileiros a liberdade de crença. Entretanto, essa garantia legal de liberdade religiosa não existiu em todos os momentos da História do Brasil. Estudar essa questão com os alunos pode ajudar a reconhecer permanências e mudanças na realidade nacional.Objetivos

1) Reconhecer os principais objetivos da administração portuguesa no início da colonização e suas reorientações históricas no que se relaciona às questões religiosas.

2) Identificar e comparar com a situação presente a antiga oficialidade do catolicismo, como religião do Estado.

3) Reconhecer as resistências à obrigatoriedade do catolicismo e o sincretismo religioso.Estratégias

1) Faça uma breve explanação sobre o início da colonização portuguesa no território brasileiro, saliente as motivações dos colonizadores. Essas motivações ajudam a entender as transformações sofridas ao longo do tempo no processo de colonização.

2) Discuta com os alunos o que eles achariam dos indígenas se eles fossem europeus do século 16 que aqui estivessem chegando. Proponha a mesma situação em relação aos europeus. Dessa maneira, os alunos problematizarão as dificuldades de um povo reconhecer e valorizar aquilo que lhe é diverso, principalmente em um momento como o século 16 quando esses contatos mal começavam a acontecer.

3) Analise com os alunos os artigos da Constituição de 1988 relativos às liberdades individuais. Depois realize uma pequena exposição sobre a época em que ela foi escrita. Após a leitura do texto, peça aos alunos que registrem em seus cadernos as principais semelhanças e diferenças que identificam entre os anos 1980 e o início da colonização portuguesa no Brasil.Atividades

Page 29: História do Brasil

1) Peça que os alunos, divididos em grupos, escrevam pequenas histórias em quadrinhos, nas quais os personagens criados devem refletir aspectos do modo de vida dos indígenas no Brasil do início do século 16.

2) Durante o processo de formulação das HQs corrija possíveis erros ortográficos e também aspectos relacionados à própria estrutura das histórias em quadrinhos.

História do Brasil

Abertura dos portosÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

No momento em que o Brasil comemora os 200 anos da transferência da monarquia portuguesa, pesquisar as circunstâncias que levaram à abertura dos portos possibilita reconhecer a importância desse fato para a história das relações comerciais do Brasil no século 19. Além disso, é possível identificar as diferentes razões que levaram dom João a "optar" por essa medida.

É relevante observar também o quanto a abertura dos portos permitiu mudanças na vida cotidiana, devido aos inúmeros produtos que passaram a chegar ao país. Na verdade, todo esse processo representou um passo importante para as relações internacionais brasileiras e, também, para o desenvolvimento de nossa economia.Objetivos

1. Conhecer as circunstâncias que levaram à abertura dos portos.

2. Analisar as mudanças que a abertura dos portos provocou na vida cotidiana da população.

3. Refletir sobre as trocas culturais facilitadas pelas relações comerciais do Brasil com outros países.

4. Refletir sobre a desconstrução progressiva do pacto colonial, que garantia o monopólio comercial português.Estratégias

1. Coloque na lousa o tema da aula e pergunte se os alunos sabem o que ele significa. Peça que dois alunos anotem no quadro as idéias verbalizadas pela turma, formando uma tempestade de idéias.

2. Explique aos alunos a importância desse fato para as relações comerciais, evidencie a relevância dos meios de transporte marítimo e, também, a ausência de uma efetiva interconexão entre as regiões brasileiras.

3. Escolha dois ou três objetos trazidos ao território brasileiro pela família real e debata com a turma sobre as mudanças que o uso desses objetos gerou nos costumes dos brasileiros. (Observação: ajuda a despertar o interesse da turma usar ao menos um objeto exótico, como, por exemplo, um par de patins para gelo).

4. Depois de os alunos perceberem o quanto as decisões políticas transformam a vida da população, construa, com a participação da turma, um mapa conceitual que recupere tudo que foi estudado e que possibilite a compreensão do quanto a abertura dos portos às nações amigas minava os aspectos centrais do pacto colonial.

5. Reflita com os alunos sobre as relações comercias brasileiras no presente. Pergunte quais produtos o Brasil exporta e quais importa - e registre na lousa. Para finalizar, escolha uma notícia ou reportagem sobre as trocas comerciais na atualidade, leia com a turma e deixe que os alunos relacionem essas trocas comerciais e culturais com as que ocorriam no tempo da chegada da família real.Atividade

1. Para que os alunos percebam a importância das mudanças ocorridas no Brasil com a abertura dos portos, organize um exercício de interpretação. Nele, três alunos devem representar os interesses de três países: Brasil, Portugal e Inglaterra. Na primeira fase da atividade, o Brasil deve estar preso pelo pacto colonial e os entraves das relações comerciais devem ficar evidentes. Na segunda fase, faça a representação das mesmas necessidades

Page 30: História do Brasil

comerciais, agora sem os entraves, derrubados pela abertura dos portos. É interessante que os privilégios alfandegários dados aos ingleses sejam destacados.

2. Por fim, peça aos alunos que representem, por meio de desenhos, o Brasil antes e depois da abertura dos portos.

História do Brasil

Chegada da família realÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Devido à intensa veiculação de opiniões sobre a chegada da corte portuguesa no Brasil, é importante debater com os alunos quais as relações desse fato histórico com a vida atual dos brasileiros.

É importante também que os alunos conheçam as diferentes visões, presentes na historiografia, sobre a vinda da família real. Só assim poderão analisar as diversas interpretações desse fato histórico e chegar às suas próprias conclusões. 

Objetivos

1. Reconhecimento do contexto histórico em que se dá a chegada da família real no Brasil.

2. Análise das mudanças ocorridas, depois da instalação da corte portuguesa, na economia, na política, nas relações culturais e sociais. Ao mesmo tempo, estudar as facetas da realidade que permaneceram inalteradas.

3. Estudo das mudanças na organização do Estado.

4. Análise do processo de construção da unidade territorial brasileira e da relevância da presença da família real no Brasil.

5. Debate sobre a importância desse momento histórico para a formação da identidade do povo brasileiro.Estratégias

1. Leve para a sala de aula pequenos cartazes, nos quais estejam registradas algumas das transformações ocorridas no Brasil depois da transferência da corte portuguesa: a criação do Banco do Brasil, da primeira escola de medicina, etc. É importante que o momento no qual essas mudanças aconteceram não seja revelado aos alunos. Eles devem saber apenas que foram as primeiras instituições que surgiram no país e refletir sobre o papel delas na história brasileira.

2. Depois de ouvir as opiniões dos alunos, apresente o contexto histórico em que essas mudanças ocorreram. Exponha a relevância desses fatos para a criação de uma infra-estrutura que atendesse às necessidades da monarquia que aqui se instalava. É fundamental que sejam evidenciadas as mudanças ocorridas na organização estatal daquela época.

3. Apenas nesse momento da aula as motivações da fuga da família real estarão em foco. Pergunte aos alunos o que sabem sobre o acontecimento e, a partir das idéias expostas, problematize o contexto histórico. É importante que as expressões "vinda", "chegada" e "fuga" sejam debatidas, já que revelam aspectos fundamentais do debate que envolve importantes nomes da historiografia brasileira.

4. Para finalizar, faça uma explanação sobre o papel da corte portuguesa para a manutenção da unidade territorial brasileira. Cite as diferentes revoltas que ocorriam no Brasil, pois isso ajudará o grupo a compreender o papel centralizador da monarquia.Atividade

1. Para que os alunos percebam as mudanças geradas nas relações sociais brasileiras depois da chegada da família real, leve para a sala de aula objetos que permitam interpretar, encenar as representações do imaginário sobre tais mudanças - e o quanto elas reorientaram a vida cotidiana daquele tempo.

Page 31: História do Brasil

Pensar, com os alunos, sobre o número de pessoas que chegou ao Brasil e os estranhamentos em relação aos costumes do "outro", será uma maneira de fazê-los se sentir parte daquilo que foi vivenciado pelos sujeitos históricos daquele período. Um exemplo relevante foi a apropriação de diversas propriedades, para que servissem de moradia aos que chegavam de Portugal.

2. Por fim, peça aos alunos - dispostos em pequenos grupos - que criem mímicas revelando o que acharam mais interessante. Depois de apresentá-las e de os colegas terem tentado descobrir quais mensagens estavam subjacentes aos gestos, proponha que façam pequenas explanações sobre o significado de suas representações.

História do Brasil

Vinda da Família RealDa Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoPonto de Partida

Leitura dos textos Família Real no Brasil e Dom João na Bahia, no siteEducação do UOL.Objetivos

1) Conhecer os fatos e personagens relacionados ao tema.

2) Compreender as causas e as conseqüências do evento histórico, cujo bicentenário se comemora em 2008.

3) Perceber - se possível - como certos eventos implicam uma aceleração do tempo histórico: a presença da Família real desencadeia um surto de desenvolvimento no Brasil e impulsiona o processo de Independência do país.Comentário

As atividades que se propõem a seguir servem tanto para o ensino fundamental quanto para o médio. Cabe ao professor dirigi-la e aprofundá-la, de acordo com o público com o qual vai lidar.Atividade

Produzir um jornal impresso ou mural sobre a vinda da Família real ao Brasil e a sua presença aqui.Estratégias

1) Dividir a classe em grupos e encarregar cada um deles da produção e redação de um dos cadernos que vão compor o jornal.

2) Basicamente, o jornal pode conter os cadernos de:

a) Política, para o qual se devem pesquisar os fatos acerca da vinda da Família real, suas causas e conseqüências. Por exemplo: a política napoleônica e o Bloqueio Continental, a decisão do príncipe regente, a transferência da corte (quantos navios, quantas pessoas, o que foi trazido, etc.), o fato de o Brasil deixar a condição de colônia, etc.b) Economia: a abertura dos portos, a fundação do Banco do Brasil e de indústrias...c) Cultura: a criação da Impressão régia, a Missão Artística Francesa... Aqui, podem-se explorar particularmente as gravuras de Jean-Baptiste Debret que apresentam imagens de grande valor documental sobre o país à época.d) Coluna Social: Quem eram os principais membros da Corte que vieram para o Brasil (a rainha Maria 1ª., o príncipe dom João, a princesa dona Carlota Joaquina, dom Pedro.e) Outros cadernos que abordem outros aspectos específicos que o professor ache pertinentes.

3) Organizar as equipes de produção dos cadernos, determinando quem vai pesquisar, quem vai redigir, quem vai atrás de imagens, etc.4) Havendo possibilidade, o projeto não deve se limitar à classe que vai realizá-lo: vale a pena imprimir uma certa quantidade de exemplares do jornal e distribui-lo na escola.Sugestão

Para o ensino médio: A leitura de "Memórias de um Sargento de Milícias" se passa na época em que dom João 6º. Estava no Brasil e traça um divertido panorama do cotidiano das camadas médias e baixas da sociedade brasileira da época. Constitui-se, assim, num contraponto à presença da Corte no país. O livro pode ser estudado num trabalho conjunto com o professor de literatura.

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História do Brasil

Guerra de CanudosDa Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoPonto de partida

Leitura do texto Guerra de Canudos: a República se impõe ao sertão a ferro e fogo.Objetivos

1) Conhecer as causas gerais e as imediatas do confronto em Canudos;2) Entender os motivos da intervenção do Governo, bem como reconhecer os excessos dessa intervenção;3) Conhecer a seqüência dos conflitos;4) Refletir sobre o abandono do sertão nordestino por parte das autoridades governamentais da República velha e discutir em que sentido esse abandono, hoje, faz ou não parte do passado.Comentário

A guerra de Canudos é um episódio muito significativo da história do Brasil: as populações de uma região de poucos recursos naturais é abandonada a sua própria sorte. Quando esta mesma população se organiza para resolver seu problema passa a ser vista como uma ameaça ao Estado.Estratégias

1) Dividir inicialmente a classe em três equipes e propor que cada uma delas levante a história de Canudos, seguindo o percurso trilhado por Euclides da Cunha em "Os Sertões":a) A terra: Caracterizar geograficamente a região onde ocorreu o conflito. Como era a região à época? Como é a região hoje?b) O homem: pesquisar a cultura, lato senso, do sertão nordestino, levantando aspectos tais como o coronelismo, o cangaço, a religiosidade popular, a literatura de cordel, etc.c) A luta: essa equipe pode se subdividir em quatro, cada uma das quais se dedicaria a narrar com o maior número de pormenores possível as quatro campanhas militares. Seria interessante levantar mapas da Bahia e da região de Canudos, assinalando nos mapas os locais onde se deram os confrontos, a marcha das colunas.2) O professor pode completar a pesquisa dos alunos fazendo uma exposição sobre o Brasil da época, em que o eixo econômico estava no Sudeste, em função da economia cafeeira. Quanto ao Nordeste, enquanto o litoral e o agreste ainda conheciam algum desenvolvimento, como era a vida social no sertão? Destacar o caráter litorâneo do desenvolvimento econômico brasileiro.Debate

Vale a pena discutir particularmente: Qual o motivo da repressão violentíssima das autoridades governamentais? Qual o motivo da resistência obstinada da população de Canudos?Dicas e sugestões

Com todas as restrições que possam ser feitas ao filme "Guerra de Canudos", de Sérgio Resende, vale a pena fazer os alunos assisti-lo (ele se encontra em DVD), para motivá-los e levá-los a visualizar o panorama histórico.Existem diversos livros paradidáticos sobre o tema que podem servir de base à pesquisa dos alunos. História do Brasil

Antes de Cabral - ÍndiosDa Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoObjetivos

Conhecer os elementos que caracterizam a história da população indígena, sobretudo antes do período do descobrimento e no início do período colonial.Comentário

Embora o conhecimento escolar sobre os índios seja relativamente valorizado e faça parte dos programas escolares desde as primeiras séries do ensino fundamental, a discussão sobre a população indígena na época do descobrimento é, de modo geral, restrita.Dificilmente os índios são estudados como protagonistas de sua história e não como um grupo social antagonista da conquista portuguesa e constituído apenas no momento da colonização.Material

O texto Cinco milhões de índios estavam no Brasil antes do descobrimento pode servir como ponto de partida para a atividade.Estratégias

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1) Inicialmente, proponha a leitura do texto indicado no item anterior;2) Depois da leitura, os alunos se dividem em grupos de 3 a 5 alunos. Cada grupo deve montar uma avaliação do conteúdo estudado, criando perguntas sobre os pontos desenvolvidos no texto;3) A seguir, o professor solicita que os grupos exponham, oralmente ou na lousa, algumas das perguntas que elaboraram, comentando os tópicos estudados e checando com toda a classe as respostas corretas.Atividades

Conforme a motivação e o interesse da turma, o professor pode elaborar coletivamente um instrumento concreto de avaliação para ser aplicado no lugar das provas tradicionais. Essa atividade daria aos alunos a oportunidade de estudar para uma prova que eles mesmos elaboraram. Os alunos podem vivenciar a dificuldade e a seriedade na formulação de uma prova ou exame, com a oportunidade de estar no lugar do professor.Sugestões

A aprendizagem por meio da elaboração de perguntas, questões dissertativas e instrumentos de avaliação é muito eficaz como instrumento pedagógico. A aplicação desta técnica pode se adequar ao grau maior ou menor de autonomia dos alunos. O exercício de análise de texto que essa prática envolve e a maturidade requerida devem ser considerados pelo professor.

Índios

O Brasil antes do descobrimentoAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 - Pedagogia & Comunicação

Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram um território povoado. Seus habitantes, porém, desconheciam a escrita e não deixaram documentos sobre o próprio passado. O conhecimento que temos sobre os índios brasileiros do século 16 baseia-se principalmente em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram, na época. Particularmente, os livros do alemão Hans Staden e do francês Jean de Lery, que conviveram com os índios por volta de 1550.

Os dois apresentam detalhadamente o modo de vida indígena, relacionando aspectos que vão dos mais triviais, como as vestes e adornos, aos mais complexos, como as crenças religiosas. Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses, os estudos históricos contam com a contribuição da antropologia e da arqueologia, que permitiram traçar um panorama abrangente, apesar da existência de lacunas.

O povoamento da América do Sul teve início por volta de 20.000 a.C., segundo a maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos no Brasil datados de 16.000 a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C., encontrados nas escavações arqueológicas de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). A dispersão da espécie por todo o território nacional aconteceu em cerca de 9000 a.C., quando o número de homens aumentou muito.

Quadro de Albert Eckhout (Séc. 17) tematiza dança indígena

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Tupis e guaranis

Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação lingüística e social que deu origem aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 9, originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 500 anos da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo com o homem branco.

Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os índios brasileiros fossem entre um e cinco milhões. Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do Ceará a Cananéia (SP). Os guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do interior, na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões, encontravam-se outras tribos, genericamente chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam outra língua.

Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante semelhantes entre si, nos aspectos lingüísticos e culturais. Os grupos se formavam e se mantinham unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos.

Modo de vida dos índios

Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta última, porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regime semi-sedentário.

Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da área, um conselho de chefes determinava o local onde eram erguidas. As aldeias eram formadas por ocas (cabanas), habitações coletivas que apresentavam formas e dimensões variadas. Em geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram de madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura.

As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam também o litoral ao interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru, que unia a região da atual Assunção, no Paraguai, com o planalto de Piratininga, onde se situa a cidade de São Paulo. Descobrimentos arqueológicos confirmam contatos entre os tupis-guaranis e os incas do Peru: objetos de cobre dos Andes foram desenterrados em escavações, no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo.

Alimentação: mandioca, peixe e mariscos

A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos.

Na taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de esforço intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. Além destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, além do trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, modelavam, teciam, faziam bebidas e cozinhavam.

Os casamentos serviam para estabelecer alianças entre aldeias e reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe, o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos índios possuíam papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-sagrados, relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento, ao luto e à antropofagia.

Antropofagia (canibalismo) e vida após a morte

Basicamente, os tupi-guaranis acreditavam em duas entidades supremas - Monan e Maíra - identificados com a origem do universo. Ao lado das divindades criadoras, figurava também uma entidade - Tupã - associada à destruição do mundo, que os índios consideravam inevitável no futuro, além de ter ocorrido em passado remoto. Acreditavam também na vida após a morte, quando o espírito do morto iniciava uma viagem para o Guajupiá, um paraíso onde se encontraria com seus ancestrais e viveria eternamente. A prática da antropofagia talvez estivesse especialmente ligada a essa viagem sobrenatural, sendo uma espécie de ritual preparatório para ela, segundo alguns estudiosos.

Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos dos antepassados e vingar os

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membros da aldeia mortos em combate. Após as batalhas contra tribos inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico, mobilizando todos os membros da aldeia numa sucessão de danças e encenações que terminavam com a matança de prisioneiros e o devoramento de seus corpos.

Ritual antropofágico em gravura do século 16

Na organização política de uma aldeia, destacava-se a figura do chefe, o morubixaba, mas este só exercia efetivamente o poder em tempos de guerra. Ainda assim não podia impor a sua vontade, devendo convencer um conselho da aldeia, por meio de discursos. A guerra era uma atividade epidêmica. Acontecia por razões materiais, como conquistar terras privilegiadas; morais e sentimentais, como a vingança da morte de parentes ou amigos por grupos adversários; ou ainda religiosas, vinculadas à antropofagia.

Povos guerreiros

O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmentem a versão da história segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus, sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número, podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das sociedades tribais.

Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas de produtos entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de colonização, os brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos nativos. Mesmo em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os indígenas, para garantir a alimentação e segurança.

Posteriormente, quando o processo de colonização promoveu a substituição do extrativismo pela agricultura como principal atividade econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um obstáculo à posse da terra e uma fonte de mão-de-obra barata. A necessidade de terras e de trabalhadores para a lavoura levaram os portugueses a promover a expulsão dos índios de seu território, assim como a sua escravização. Assim, a nova sociedade que se erguia no Brasil impunha ao índio uma posição subordinada e dependente.

Confederação dos tamoios

Contra essa ordem, a reação indígena assumiu muitas vezes caráter violento, como a guerra dos Tamoios, que se estendeu por três anos, a partir de 1560. Incentivados por invasores franceses estabelecidos na Baía da Guanabara, vários grupos desses índios uniram-se numa confederação para enfrentar os portugueses, ao longo do litoral entre os atuais estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A atuação dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta resultou num acordo de paz, realizado em Iperoígue, uma aldeia situada onde hoje se localizam os municípios paulistas de São Sebastião e Ubatuba.

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Outra possibilidade de reação indígena ao avanço português era a submissão, assumida sob a condição de "aliados" ou escravos. Essa forma de convivência "pacífica" foi obtida particularmente graças ao trabalho dos padres missionários que, promovendo a cristianização dos índios, combatiam sua cultura e tradições religiosas, além de redistribuí-los territorialmente, em geral de acordo com os interesses dos colonizadores.

Índios sobreviventes

Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se a regiões mais pobres ou inóspitas.

Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o isolamento foi o que permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança biológica, social e cultural. Dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, existem atualmente cerca de 460 mil, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio.

História do Brasil

Modernismos brasileiros - literaturaCamila Koshiba Gonçalves*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoObjetivos

1) Ampliar o conceito de Modernismo comumente apresentado pelo livro didático.2) Relativizar a ruptura estética promovida pelos modernistas da Semana de 1922 a partir de textos considerados "não modernistas", escritos a partir do fim do século 19. 3) Caracterizar as limitações do mercado cultural brasileiro dos anos 20 e 30 e a posição do escritor nesse período da história brasileira. 4) Tomar contato com outra estética literária, produzida por autores "desconhecidos".Ponto de partida

1) Ler o item A Semana de Arte Moderna, no texto 1919-1922 - Governo Epitácio Pessoa no site Educação;2) Ler o soneto 12 do poema "Via Láctea" de Olavo Bilac (1903), e aversão parodiada de Aparício Torelly (1926) e um poema de Mário de Andrade a escolher. Sugerimos Anhangabaú.3) Ler a frase "No Brasil, tenho pena de quem vive da pena".Justificativa

A Semana de 22 é considerada como marco inicial do Modernismo brasileiro. No entanto, os especialistas vêm relativizando os marcos cronológicos há algum tempo, insistindo na idéia de que havia elementos modernistas em outros autores que escreveram belos romances, poemas ou contos no início do século, como Euclides da Cunha ou Lima Barreto. Houve também autores considerados impertinentes pela crítica da época, normalmente esquecidos pela crítica literária, pois através de seus escritos revelavam muitos ressentimentos e fissuras da sociedade brasileira do início do século, ainda marcada pela escravidão, pelo analfabetismo e pela pobreza generalizada.Estratégias

1) Resgatar com os alunos o papel da oligarquia paulista durante a 1ª. República e a fratura política inaugurada pela derrota na Campanha Civilista de 1910. 2) Ler o poema de Olavo Bilac, ressaltando o esquema das rimas e da métrica e a temática, ainda ligadas à estética literária de fins do século 19. 3) Ler o poema de Mário de Andrade, ressaltando a ausência das rimas e a alteração da métrica. Ressaltar a ruptura estética do poema. Enfatizar a temática da cidade de São Paulo e aproximá-la da busca pela hegemonia cultural paulista promovida pela Semana de 22. 4) Lembrar aos alunos que naquela época, 80% da população brasileira era analfabeta e que o exemplar de "Macunaíma", escrito por Mário de Andrade, não vendeu mais do que 600 exemplares até os anos 40, relativizando, assim, o impacto da Semana de 22. 5) Ler a frase do item 3 e caracterizar a precariedade dos circuitos de leitura no Brasil do início do século. 6) Ler a paródia de Aparício Torelly e ressaltar a crítica inerente a ela. Ressaltar as funções da forma parodiada e a necessidade de aliar forma e função para compreender as manifestações artísticas de maneira mais ampla. 

História do Brasil

Soneto 12 do poema "Via-Láctea" (1903)Olavo Bilac

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"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas."

História do Brasil

CoronelismoÉrica Alves da Silva* Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoIntrodução

Tratar do fenômeno do coronelismo em sala de aula pode revelar uma série de aspectos importantes da história nacional. Entre eles, o reconhecimento de permanências e mudanças no processo histórico e a percepção da ação de seus diversos agentes. Apesar desses agentes não terem sido objeto de muitas análises historiográficas, atuaram de maneira a reorientar as vivências de parcela significativa da população brasileira. A abordagem do coronelismo pode ser introduzida com um debate sobre a história da participação popular no Brasil por meio do voto. Nos trabalhos com este tema é importante considerar a história do sufrágio universal brasileiro e incentivar o questionamento da própria construção da cidadania no país.Objetivos

1) Reconhecimento da história do coronelismo e suas relações com o cangaço. 2) Reconhecimento das raízes históricas do coronelismo: reflexão sobre a figura dos donatários e dos proprietários das sesmarias. 3) Reconhecimento das permanências e mudanças no papel político dos grandes proprietários no Brasil. 4) Debate referente à construção da participação popular no Brasil: o voto como arma política.Estratégias

1) Inicie a aula com o questionamento do que o nome "coronelismo" pode significar. Deixe que os alunos exponham suas idéias e as registrem na lousa. Faça perguntas: De que palavra deriva? Vocês conhecem algum período na história que tenha sido definido por este conceito? Vocês acreditam que ter terras possibilita uma posição privilegiada na sociedade brasileira? Como? 2) Depois de reconhecer os dados que seus alunos já dominam, apresente uma linha do tempo em que sejam evidenciadas as raízes históricas do poder dos grandes proprietários no país. É importante que os alunos percebam também a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários (donatários, donos de sesmarias, coronéis etc.) e compreendam o quanto essa posição possibilita benefícios e uma participação política (interferência) constante na vida da população brasileira. A linha do tempo auxiliará na percepção das permanências e mudanças no processo. 3) No momento em que os alunos já reconhecem a figura do coronel e efetuam a localização temporal, realize uma exposição que complemente as descobertas realizadas. É fundamental a participação dos alunos. Crie uma situação hipotética em que cada aluno represente a figura de agentes históricos envolvidos no processo. Dê a cada um deles uma determinada função: coronel, jagunço, cangaceiro, trabalhador rural etc. E "amarre" a temática dando "vida" aos sujeitos históricos. Nessa representação é fundamental que o "voto de cabresto" seja explicado e que os alunos reconheçam a continuidade de ações como essas na atualidade. 4) Por fim, desenvolva um debate sobre a importância do voto. Divida a sala em duas grandes equipes. Uma deverá defender o voto como principal arma política da população e a outra mostrará que ele é apenas uma das maneiras de participação popular. Cada grupo deverá formular questões para o outro grupo. Por fim, termine o debate deixando que registrem suas conclusões coletivamente.Atividades

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1) Leve à sala de aula diferentes textos referentes ao coronelismo e os entregue às equipes. Peça que cada uma delas, após a leitura do material complementar, desenvolva uma parábola na qual a temática seja o coronelismo. Visite cada equipe constantemente e auxilie na formulação, enfatizando aspectos diferentes para cada um dos grupos. Dessa maneira, a turma terá a produção de um material bastante diversificado. 2) Reserve tempo para que os alunos possam ensaiar suas parábolas e também para que possam marcar o ritmo da música com sons produzidos com o próprio corpo (batendo palmas, emitindo sons ao tocar diferentes partes do corpo). Assim, além do conhecimento histórico, estarão desenvolvendo habilidades motoras importantes para seu desenvolvimento.3) Como conclusão do trabalho, peça que cada equipe apresente sua parábola e entregue a letra a cada um dos alunos, que poderão analisar o conteúdo abordado.

História do Brasil

Sete de SetembroÉrica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoObjetivos

1) Reconhecer as concepções dos alunos sobre liberdade. Debatê-las para que eles se reconheçam como sujeitos de suas vidas e para que percebam as interferências deles na sociedade.2) Perceber as forças em jogo no processo de independência nacional - as influências inglesas, a resistência portuguesa etc.3) Reconhecer o significado das comemorações de datas como a independência para o presente, ou seja, estabelecer relações entre história e memória.4) Refletir sobre os beneficiados pelo processo de independência e sobre aqueles que não tiveram as condições de vida alteradas substancialmente.Comentário introdutório

Qualquer tema histórico, ao ser debatido para a construção de um posicionamento crítico, deve mostrar a relação com a vida cotidiana do grupo de alunos. Assim, o conhecimento da relação presente-passado-presente será elemento importante para a compreensão do mundo.Diante disso, é fundamental que o processo brasileiro de independência seja analisado com olhares sobre as disputas entre os diversos sujeitos históricos que nele estiveram envolvidos, direta ou indiretamente. Na atualidade, o estudo da história não valoriza apenas os chamados "grandes nomes", mas todos os embates de forças do contexto histórico.Refletir com os alunos sobre a comemoração da independência brasileira é essencial. Deve-se pensar sobre qual memória foi preferida, ou seja, o que foi escolhido para se lembrar e para se esquecer. Qual a relevância disso para a manutenção do sentimento de unidade entre a população brasileira?Estratégias

1) Antes de iniciar os estudos sobre a independência nacional, é importante reconhecer as idéias dos alunos sobre independência , para que se possa orientar a aula de modo a responder às expectativas do grupo. Pode-se criar uma tempestade de idéias com o conceito de independência, em que a turma colocará todas as idéias que tiverem sobre o tema. Uma boa idéia é escrever o conceito na lousa, puxar

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setinhas e pedir que os alunos coloquem o que entendem por independência;2) A partir do reconhecimento das idéias de independência que os alunos têm, apresente os antecedentes da independência do Brasil e a efetivação dela. Procure demonstrar que a história não se constrói por consensos, isto é, assim como eles têm idéias distintas sobre independência, os sujeitos históricos no contexto analisado também tinham interpretações - pautadas em seus interesses - que se distanciavam;3) Depois dos alunos conhecerem os interesses dos distintos grupos no processo brasileiro de independência, faça uma pequena encenação, na qual cada equipe deve defender as idéias de um dos interessados em fazer ou não fazer a independência brasileira. Por exemplo:a) antigos funcionários da Coroa Portuguesa (contrários à independência porque eram beneficiados com o sistema colonial);b) a Inglaterra, que, devido à industrialização crescente, buscava novos mercados consumidores;c) a aristocracia rural, que não desejava perder seus benefícios.Atividades

1) Depois de utilizar estratégias que levem os alunos a reconhecer os diversos posicionamentos dos sujeitos históricos, é hora de fazer a relação com o presente. Em grupos, os alunos devem descrever as imagens mais freqüentemente recuperadas na atualidade para lembrar a independência brasileira. Eles devem perguntar-se por que tais lembranças são recuperadas e outros fatos deixados no esquecimento, como, por exemplo, os verdadeiros beneficiados pelo ocorrido.2) Faça com os alunos um debate sobre essas razões e aprofunde as colocações deles com os debates desenvolvidos pela historiografia sobre os limites entre história e memória. Isso deve ser norteado pelo estágio em que os alunos estiverem em relação aos conceitos da disciplina. Ou seja, deve ser respeitado o "ritmo" dos alunos.3) Peça aos grupos que façam uma notícia de jornal - para o presente. Nela, eles devem colocar o que precisa ser lembrado, segundo cada grupo, ao se fazer referência à independência na atualidade.4) Por fim, os grupos devem apresentar as notícias para a turma e explicar por que se deveria pensar a independência dessa maneira, lembrando a quem a independência beneficiou.

História do Brasil

Bandeiras do BrasilDa Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoObjetivo

1) Reconhecer a gênese da atual Bandeira do Brasil.2) Conhecer a história do Brasil por meio de suas bandeiras. 3) Relacionar as diferentes bandeiras do Brasil aos diferentes períodos históricos que elas simbolizam. 4) Refletir sobre a importância dos símbolos da Pátria na construção do imaginário coletivoPonto de partida

A força da imagem da Bandeira do Brasil, em contraste com suas antecessoras, instiga a imaginação e a curiosidade dos alunos. 

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Pode ser tomada como ponto de partida a página Conheça os Pavilhões do País, desde a Colônia até a RepúblicaAtividade

1) Confeccionar uma série de bandeiras do Brasil de diferentes períodos históricos.2) Criar pequenos textos que acompanharão as imagens, explicando a importância histórica de cada bandeira.3) Organizar uma exposição das bandeiras do Brasil. As bandeiras devem ser expostas em ordem cronológica e acompanhadas de textos identificadores e explicativos.Sugestões

A atividade deve ser realizada em conjunto com o professor de Língua Portuguesa, para a redação dos textos das legendas e das explicações. O professor de Artes definirá as técnicas empregadas na confecção das bandeiras. As sugestões incluem colagem, trabalho com tecido ou pintura. Bandeiras brasileiras

Os estandartes do país, da Colônia à RepúblicaDa Página 3 Pedagogia & Comunicação

Bandeira da Ordemde Cristo

(1332 - 1651)

A Ordem de Cristo patrocinou as grandes navegações

portuguesas e exerceu grande influência nos dois primeiros séculos da vida brasileira. A cruz de Cristo estava pintada nas velas da frota de Pedro Alvares Cabral. Os marcos

traziam de um lado o escudo português e do outro a Cruz de Cristo. Esta bandeira foi usada

de 1332 até 1651.

Era a bandeira de Portugal na época do descobrimento do Brasil. Em 1495, o rei dom

Manuel decidiu sobrepor a Cruz de Cristo ao brasão real. As

bandeiras dos reis eram sempre as oficiais do reino. 

Bandeira Real(1500 - 1521)

Bandeira de dom João 3(1521 - 1616)

A bandeira desse rei, chamado de "Colonizador", tomou parte nas expedições exploradoras e colonizadoras, na instituição do

Governo Geral na Bahia em 1549 e na posterior divisão do Brasil em dois governos, com a

outra sede no Maranhão.

Dom João 3o morreu sem deixar herdeiros diretos. O

próximo na linha de sucessão era Felipe 2o da Espanha, que criou em 1616 esta bandeira,

Bandeira do Domínio Espanhol

(1616 - 1640)

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para Portugal e suas colônias. Era a bandeira a época das

invasões holandesas no Nordeste e ao início da expansão bandeirante,

propiciada, em parte, pela "União Ibérica". 

Bandeira da Restauração(1640 - 1683)

Também conhecida como bandeira de dom João 4o; foi instituída, logo após o fim do

domínio espanhol. O fato mais importante que presidiu foi a expulsão dos holandeses do

Brasil. A orla azul alia à idéia de pátria o culto de Nossa Senhora

da Conceição, que passou a ser a padroeira de Portugal, no

ano de 1646.

Primeira bandeira criada para o Brasil. Dom João 4o conferiu a seu filho Teodósio o título de

"Príncipe do Brasil" e elevou a antiga colônia à condição de principado. O Brasil recebeu

um emblema exclusivo, concedido pelo soberano:

aesfera armilar de ouro passou a ser representada nas

bandeiras de nosso país.

Bandeira do Principadodo Brasil

(1645 - 1816)

Bandeira de dom Pedro 2o, de Portugal

(1683 - 1706)Esta bandeira presenciou o

apogeu da epopéia bandeirante, que tanto

contribuiu para nossa expansão territorial. É interessante atentar

para a inclusão do campo em verde (retângulo), que voltaria a surgir na bandeira imperial e foi conservado na bandeira atual,

adotada pela República.

Em 1600 Portugal ganha sua primeira bandeira oficial – até

então a bandeira oficial do reino era a do rei. Esta bandeira foi usada como símbolo oficial do

Reino ao lado das três bandeiras já citadas: a bandeira da restauração, a do Principado do Brasil e a bandeira de dom

Pedro 2o, de Portugal. 

Bandeira Real Século 17(1600 - 1700)

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Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve

(1816-1821)

Criada em conseqüência da elevação do Brasil à categoria de Reino, em 1815, presidiu as

lutas contra Artigas, a incorporação da Cisplatina, a Revolução Pernambucana de

1817 e, principalmente, a conscientização de nossas

lideranças quanto à necessidade e à urgência de nossa emancipação política.

A Revolução do Porto, de 1820, fez prevalecer em Portugal os ideais liberais da Revolução

Francesa, abolindo a monarquia absoluta e instituindo o regime

constitucional, cujo pavilhão foi criado em 21 de agosto de 1821. Foi a última bandeira Lusa a tremular no Brasil. 

Bandeira do Regime Constitucional

(1821- 1822)

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Bandeira Imperialdo Brasil

(1822 - 1889)

Criada por Decreto de 18 de setembro de 1822 e desenhada

por Jean-Baptiste Debret era composta de um retângulo verde e um losango ouro,

escolhidas por dom Pedro 1o, os ramos de café e tabaco indicados no decreto como "emblemas de sua riqueza

comercial, representados na sua própria cor, e ligados na

parte inferior pelo laço da nação". As 19 estrelas de prata correspondem às 19 províncias

que o país tinha na época. Menos de quatro meses depois a coroa real que se sobrepunha

ao brasão foi substituída por uma coroa imperial "a fim de

corresponder ao grau sublime e glorioso em que se acha

constituído esse rico e vasto continente", afirmava o decreto

de 1º de dezembro de 1822.

Esta bandeira foi hasteada na redação do jornal "A Cidade do Rio", após a proclamação da

República, e no navio "Alagoas", que conduziu a

família imperial ao exílio.Tinha 21 estrelas de prata e era uma variante da bandeira do Clube

Republicano Lopes Trovão. Uma versão local da bandeira

norte-americana.

Bandeira provisória da República

(15 a 19 Nov 1889)

A bandeira brasileira, criada em 19 de novembro de 1889.

Projetada por Raimundo Teixeira Mendes, presidente do Apostolado Positivista do Brasil, e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, nossa bandeira foi inspirada no pavilhão do Império. No lugar da coroa imperial, a esfera azul-celeste e a

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divisa positivista "Ordem e Progresso". Dentro da esfera está representado o céu do Rio de Janeiro, com a constelação do Cruzeiro do Sul, às 8h30 do dia 15 de novembro de 1889. Em 1992, uma lei alterou a bandeira para permitir que todos os 26

estados brasileiros e o Distrito Federal fossem representados por estrelas.

19 de novembro

Em 1889, foi oficializada a bandeira do BrasilDa RedaçãoEm São Paulo

Daniele Hypólito exibe a bandeirabrasileira em final de Pan-AmericanoCriada por Raimundo Teixeira Mendes, a atual bandeira brasileira foi oficializada em 19 de novembro de 1889 - quatro dias após a proclamação da República. É por isso que é esse o Dia da Bandeira.

Antes, a bandeira brasileira era semelhante à dos Estados Unidos da América, apresentando listras verdes e amarelas em lugar das vermelhas e brancas que simbolizam o país norte-americano. 

A bandeira foi modificada para a forma atual porque os governantes brasileiros não queriam ter sua imagem ligada à do governo americano.

Composta por três formas geométricas (um retângulo, um losango e um círculo), a bandeira brasileira tem em seu centro 27 estrelas que representam o Distrito Federal e os Estados que compõem o país.

Dentro do círculo, uma faixa traz o lema "Ordem e Progresso" -uma frase inspirada nas idéias positivistas do filósofo francês Augusto Comte. Em resumo, a teoria positivista de Comte prega a experiência como base do conhecimento.

Cores imperiais

A bandeira atual, a do Brasil republicano, é inspirada na bandeira do Brasil Império, que já trazia o verde e o amarelo. 

Jaime de Almeida, professor de História da UnB (Universidade de Brasília), diz que "a imperatriz D. Leopoldina, filha do Imperador da Áustria, participou da escolha da bandeira e incluiu o amarelo, da

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dinastia austríaca dos Habsburgo, e o verde, dos Bragança".

Com o tempo, os poetas românticos associaram às cores as riquezas nacionais: as florestas e o ouro. 

"A associação foi mantida pelos positivistas", afirma o professor. O grupo, que teve participação no movimento de proclamação da república, queria apagar os símbolos do império. "Como foram mantidas as cores da bandeira imperial, passaram a justificá-las com as metáforas românticas", diz Almeida.

7 de setembro

Independência do BrasilDa RedaçãoEm São Paulo

Estátua de dom Pedro 1º no centro do RioNo dia 7 de setembro de 1822, o príncipe regente dom Pedro, irritado com as exigências da corte, declarou oficialmente a separação política entre a colônia que governava e Portugal. Em outras palavras, ele proclamou a Independência do Brasil.

Um mês depois, mais precisamente em 12 de outubro de 1822, dom Pedro foi aclamado imperador e, em 1º de dezembro, coroado pelo bispo do Rio de Janeiro, recebendo o título de dom Pedro 1º.

Resumidamente, a conquista da independência do nosso país poderia ser contada dessa forma, mas a história não é tão simples assim. Começa realmente com o enfraquecimento do sistema colonial e a chegada da corte portuguesa ao Brasil (1808) e só termina em 1824, com a adoção da primeira Constituição brasileira.

Os motivos da separaçãoEntre os séculos 18 e 19, cresceram no Brasil as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e a cobrança de altos impostos numa época de livre comércio.

Diversas revoltas - a exemplo da Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana e aRevolta Pernambucana de 1817 -, aliadas à Revolução Francesa e àindependência dos Estados Unidos, provocaram o enfraquecimento do colonialismo e reforçaram o liberalismo comercial no Brasil. Em 1808, com a abertura dos portos, o Brasil passou a ter mais liberdade econômica e, com sua elevação à categoria de Reino Unido, deixou de ser, formalmente, uma colônia.

Em 1820, a burguesia portuguesa tentou resgatar sua supremacia comercial, promovendo a Revolução Liberal do Porto. No ano seguinte, o parlamento português obrigou dom João 6º a jurar lealdade à Constituição e a voltar para Portugal. Seu filho dom Pedro foi deixado no Brasil, na condição de príncipe regente, para conduzir uma eventual a separação política.

O rompimentoAs pressões contra o controle de portugal cresceram na colônia, e a metrópole passou a exigir a volta de dom Pedro. O príncipe deu sua resposta a Portugal no dia 9 de janeiro de 1822 (Dia do Fico), com a célebre frase "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico". 

Iniciou-se um esforço político por parte dos ministros e conselheiros de dom Pedro, pela permanência dos vínculos com Portugal, mantendo um pouco de autonomia para o Brasil. Queriam uma independência sem traumas, mas as críticas ao colonialismo ficaram insustentáveis. Dom Pedro, então, se viu pressionado a oficializar o rompimento.

Page 46: História do Brasil

Foi assim que, em 3 de junho de 1822, dom Pedro convocou a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto, declarou inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil e, dias depois, assinou o Manifesto às Nações Amigas, justificando o rompimento com as cortes de Lisboa e garantindo a independência do país, como reino irmão de Portugal. 

Em represália, os portugueses anularam a convocação da Assembléia Constituinte brasileira, enviaram tropas à colônia e exigiram o retorno imediato do príncipe regente a Portugal. No dia 7 de setembro de 1822, durante uma visita a São Paulo, nas proximidades do rio Ipiranga, dom Pedro recebeu uma carta com as exigências das cortes e reagiu proclamando a independência do Brasil. Bahia, Maranhão e Pará, que tinham juntas governantes de maioria portuguesa, só reconheceram a independência em meados do ano seguinte, depois de muitos conflitos entre a população e os soldados portugueses.

No início de 1823, houve eleições para a Assembléia Constituinte que elaboraria e aprovaria a Carta constitucional do império brasileiro, mas, em virtude de divergências com dom Pedro, a Assembléia logo foi fechada. A 1ª Constituição brasileira foi, então, elaborada pelo Conselho de Estado e outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824.

Com a Constituição em vigor, a separação entre a colônia e a metrópole foi finalmente concretizada. Mesmo assim, a independência só é reconhecida por Portugal em 1825, com a assinatura do Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil, por dom João 6º.

Independência ou morte!

A representação idealizada de um fato históricoAntonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

No imaginário dos brasileiros, tão célebre quanto o grito de dom Pedro às margens do rio Ipiranga é o quadro pintado por Pedro Américo para representar aquele momento decisivo, em que Brasil se separava de Portugal oficialmente. 

Nele, como se pode ver pela reprodução abaixo, nosso primeiro imperador ergue a espada num gesto de desafio, que conta com o apoio resoluto dos civis que o seguem e das tropas reunidas ao seu lado.

"O Grito do Ipiranga", quadro de Pedro Américo

Por mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade. No livro "O Brado do Ipiranga", a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira, faz uma análise detalhada da pintura, evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. Aliás, o próprio Pedro Américo, já havia escrito sobre o assunto um livreto, chamado "Algumas Palavras acerca do Fato Histórico e do Quadro que o Comemora". Nele, o artista afirma que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor", justificando sua imaginação criadora.

Jogo dos sete errosAntes de mais nada é interessante apontar, para quem não sabe, as diversas inverdades estampadas na

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tela. Para começar, vale dizer que os fogosos corcéis montados por dom Pedro 1 o  e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas - um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam. Eles tinham acabado de subir a serra do Mar, vindo de Santos.

Numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados. Com toda certeza, estariam usando trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos do pó e da lama do caminho. Para piorar, o próprio dom Pedro não poderia estar tão exaltado e bem disposto assim como o artista o representa. Afinal, ele havia parado naquele local em função de uma diarréia que o atormentava, devido aos seus excessos alimentares em Santos, na véspera.

Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor "desviou" o curso do riacho. A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local. Finalmente, quanto à casa de pau-à-pique entrevista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito. Embora tenha sido tombada pelo Condephaat e fique aberta à visitação no Parque da Independência, o documento mais antigo que menciona a casa atual data de 1884 - 62 anos depois do grito da Independência.

Fatos e versõesNa verdade, o imenso painel pintado por Pedro Américo, que tem 7,60m de comprimento por 4,15m de altura, foi pintado em Florença, na Itália, entre 1886 e 1888. Entre sua concepção e seu acabamento, perpassam uma série de interesses políticos, que se relacionam ao declínio da monarquia brasileira e até aos ideais republicanos do pintor, embora este fosse protegido de dom Pedro 2 o .

Houve também o atraso da construção do edifício-monumento onde o quadro se encontra entronizado até hoje, o Museu Paulista, inaugurado em 7 de setembro de 1895, quase seis anos depois da proclamação da República. Por fim, sobre a tela de Pedro Américo paira também uma suposição de plágio: a estrutura da cena é muito semelhante à do quadro "1807, Friedland", de Ernest Messonier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome.

"1807, Friedland", quadro de Ernest Meissonier

13 de abril

Hino Nacional Brasileiro tem dia especial; veja letraDa Enciclopédia Ilustrada Folha

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Partitura do Hino Nacional BrasileiroO Hino Nacional Brasileiro é executado em continência à Bandeira Nacional e ao presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, assim como em outros casos determinados pelos regulamentos de continência ou cortesia internacional.

Sua execução é permitida ainda na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos esportivos internacionais. 

A música do hino é de Francisco Manuel da Silva e foi inicialmente composta para banda. Em 1831, tornou-se popular com versos que comemoravam a abdicação de Dom Pedro 1º. Posteriormente, à época da coroação de Dom Pedro 2º, sua letra foi trocada e a composição, devido a sua popularidade, passou a ser considerada como o Hino Nacional Brasileiro, embora não tenha sido oficializada como tal.

Após a Proclamação da República, os governantes abriram um concurso para a oficialização de um novo hino, ganho por Leopoldo Miguez. Entretanto, com as manifestações populares contrárias à adoção do novo hino, o presidente da República, Deodoro da Fonseca, oficializou como Hino Nacional Brasileiro a composição de Francisco Manuel da Silva, estabelecendo que a composição de Leopoldo Miguez seria o Hino da Proclamação da República. 

Durante o centenário da Proclamação da Independência, em 1922, finalmente a letra escrita pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada tornou-se oficial. A orquestração do hino é de A. Assis Republicano e sua instrumentação para banda é do tenente Antônio Pinto Júnior. A adaptação vocal foi feita por Alberto Nepomuceno e é proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais do hino.

História do Brasil

Inconfidência MineiraDa Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoObjetivos

1) Conhecer os principais atores da Inconfidência Mineira;2) Reconhecer o principal jogo de forças na Inconfidência Mineira: o conflito de interesses entre a Colônia e a Coroa Portuguesa.Comentário

O tópico Inconfidência Mineira deve estar contextualizado dentro de um estudo mais abrangente sobre o período colonial. De acordo com a maturidade dos alunos, a abordagem do tema será mais ou menos complexa.Material

O texto Inconfidência Mineira pode servir de base para o trabalho em sala de aula.Estratégias

1) Agendar com antecedência uma pesquisa sobre a Inconfidência Mineira e a leitura prévia dos textos indicados;2) Dividir a sala entre representantes da Coroa e os representantes da Colônia. Os alunos podem se revezar nesses papéis; 3) Promover um debate entre os representantes de cada parte, tornando visíveis as tensões políticas, ideológicas e sociais que deram origem ao episódio da Inconfidência. Atividades

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1) (Opcional) Confecção da bandeira da Inconfidência e colocação da bandeira na frente da classe;2) Debate entre representantes da Coroa e dos Inconfidentes;3) Criação na lousa de uma linha do tempo, com os principais acontecimentos da Inconfidência Mineira.Sugestões e dicas

A atividade na sala de aula pode ser ampliada e transformar-se numa atividade extraclasse. Pode ser encenada uma peça com alunos no papel de inconfidentes e de outros personagens desse período histórico.

Inconfidência mineira

Impostos sobre a mineração desencadearam a revoltaRenato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A bandeira dos InconfidentesNos séculos 17 e 18, o Brasil presenciou a eclosão de inúmeras revoltas, rebeliões e motins, que podem ser interpretados como manifestações de conflitos de interesses entre a população colonial e a Coroa portuguesa. Entretanto, a Inconfidência mineira (ou Conjuração), de 1789; foi o primeiro movimento conspiratório motivado por um desejo de separação política de Portugal.

A revolta não chegou a ocorrer, pois a Coroa portuguesa tomou conhecimento do movimento ainda em sua fase preparatória e o reprimiu com violência. Mas a Inconfidência mineira entraria para a história como a primeira tentativa de romper os laços de dependência entre a Colônia e a metrópole.

O principal fator que desencadeou a Inconfidência mineira foi o aumento da exploração colonial, através da imposição de taxas excessivas sobre amineração do ouro na região de Minas Gerais. Com o declínio da produção açucareira, na segunda metade do século 17, Portugal havia encontrado nas riquezas minerais uma nova forma de explorar a colônia - o período ficaria conhecido como o ciclo do ouro.

Impostos e controle

A descoberta de ouro em Minas Gerais foi obra dos bandeirantes paulistas, mas, logo que tomou conhecimento da existência do metal precioso, a Coroa portuguesa expulsou os paulistas da região e procurou adotar medidas para assumir o controle absoluto sobre a mineração. As vilas mineiras de Sabará, Vila Rica e São João del Rei tornaram-se a região mais próspera da mineração.

Foi criado o regimento dos superintendentes, composto por guardas-mores e oficiais-deputados, que se encarregavam de estabelecer o controle régio sobre a exploração do ouro. Inicialmente a extração do metal foi realizada de forma rudimentar, por meio de um processo chamado de faiscação ou garimpagem, que empregava a mão-de-obra dos homens livres.

Nas grandes minas, a extração era denominada de lavra e o trabalho, realizado por escravos. A descoberta de alguma jazida deveria ser imediatamente comunicada ao superintendente das minas, que tratava de organizar a exploração através da distribuição de lotes. Qualquer homem livre podia explorar uma jazida, desde que se comprometesse a pagar o quinto, nome dado ao imposto de 20 % (1/5) sobre o ouro encontrado.

O contrabando e a derrama

Embora a Coroa portuguesa tenha estabelecido um rígido controle sobre a mineração aurífera de Minas Gerais, o contrabando sempre existiu. Foram adotadas sucessivas medidas para contê-lo. Criaram-se as casas de fundição, por onde todo o ouro extraído deveria passar para se transformar em barras. Em seguida, seria cobrado o quinto real. Com o objetivo de dificultar ainda mais o contrabando, em 1725, as

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autoridades coloniais proibiram definitivamente a circulação de ouro em pó.

Em 1750, o ministro português Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, adotou uma medida mais drástica, fixando o quinto real em 100 arrobas anuais (1.500 kg). Mas essa quantia dificilmente era obtida, devido principalmente à escassez do ouro, em função do esgotamento natural das minas e aluviões.

A Coroa portuguesa, porém, acreditava que a escassez se devia ao contrabando e, em 1765, criou a derrama. Tratava-se de um imposto que permitia às autoridades coloniais cobrarem a quantia faltante do quinto real confiscando todo o ouro que circulava na região mineradora e expropriando a população local de seus pertences.

A derrama era uma medida violenta, opressora e extremamente impopular, que gerou protesto e manifestações. Para colocá-la em prática, as autoridades coloniais mobilizavam soldados que invadiam e saqueavam os domicílios, prendiam e torturavam quem protestasse.Inconfidência Mineira

Movimento foi resposta ao excesso de impostosVitor Amorim de Angelo*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A Inconfidência Mineira, também chamada de Conjuração Mineira, foi a conspiração de uma pequena elite de Vila Rica - atual Ouro Preto (MG) -, ocorrida em 1789, contra o domínio português. Desse grupo, fizeram parte intelectuais, religiosos, militares e fazendeiros, dentre os quais estava o alferesJoaquim José da Silva Xavier, sempre lembrado como principal líder do movimento.

O motivo principal da Inconfidência foi a questão da derrama. Tratava-se de uma operação fiscal realizada pela Coroa portuguesa para cobrar os impostos atrasados. O chamado quinto, como o próprio nome já indica, correspondia à cobrança de 20% (1/5) sobre a quantidade de ouro extraído anualmente. Quando o quinto não era pago, os valores atrasados iam se acumulando. Então, a Metrópole podia lançar mão da "derrama" para cobrar esses impostos, utilizando-se até mesmo do confisco dos bens dos devedores.

Todos os líderes da Inconfidência estavam endividados com o Real Erário Português, motivo pelo qual, segundo especialistas, teriam sido motivados a se envolver na revolta contra a Metrópole. Emblemático, nesse sentido, foi o fato de a eclosão do movimento ter sido agendada justamente para o dia em que se esperava que o governador da Capitania de Minas Gerais, visconde de Barbacena, ordenasse a cobrança da derrama. Esperavam, com isso, ganhar o apoio da população à sua luta anticolonial.

Ideias republicanas

Em geral, a Inconfidência Mineira sempre é apresentada como um movimento que, combatendo o domínio português e inspirada nas experiências revolucionárias da França e dos Estados Unidos, defendia a transformação do Brasil numa república. Não raro, associada a essa ideia, está a questão da igualdade social - o que seria uma influência direta dos exemplos das revoluções francesa e norte-americana.

Embora os inconfidentes falassem de república, é preciso ter em vista que o significado do termo naquele momento estava associado à sua viabilidade num pequeno território, como Minas Gerais, por exemplo - ou, quando muito, incluindo o Rio de Janeiro e São Paulo. 

A ideia segundo a qual um movimento surgido em Vila Rica propunha a transformação do Brasil numa república é problemática, até mesmo quando pensamos sob o prisma da nacionalidade.

A proposta de criação de vários parlamentos - tida por alguns como prova incontestável de que se tratava de uma revolução republicana nacional - também pode ser questionada pela evidência de que o termo "parlamento", tal como "república", não tinha o mesmo significado que hoje. Isto é, não remetia à ideia das nossas atuais assembleias estaduais (o que poderia sugerir que a Inconfidência propunha parlamentos em diferentes regiões da república nacional que supostamente defendia), mas, sim, à das câmaras municipais. Quando falavam de república, portanto, referiam-se basicamente a Minas.

De outro lado, muito se fala da grande recepção que a conhecida obra deMontesquieu sobre revolução norte-americana teria tido entre os inconfidentes. Alguns, inclusive, possuíam o livro entre as obras de

O marquês de Pombal

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sua biblioteca particular. Mas, ao que tudo indica, o exemplo revolucionário dos Estados Unidos foi tomado em sua dimensão anticolonial, e não igualitarista. Vários líderes inconfidentes eram donos de escravos. E se a república fazia parte de suas propostas, o abolicionismo não. 

Tiradentes, o mártir

Tão controversa quanto o ideal republicano é a transformação de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em mártir da Inconfidência Mineira. 

É versão comum na historiografia a ideia segundo a qual Tiradentes teria sido o principal líder do movimento, o que explicaria a decisão da rainha de Portugal, d. Maria 1ª, de manter a pena de morte para Joaquim José da Silva Xavier ao invés de alterá-la, como fez em relação aos demais, para o banimento nas colônias portuguesas na África.

De fato, Tiradentes foi o único dentre os inconfidentes a assumir a participação na conspiração. Ato de coragem, sem dúvida, isso acabou encobrindo vários aspectos importantes, que afastam Joaquim José da Silva Xavier da figura de mártir construída no século 19, a partir da recuperação de seu exemplo pelos que defendiam a proclamação da República.

Há fortes indícios de que Tiradentes não ocupava senão um lugar marginal, secundário, nas articulações do movimento. Não era, portanto, seu principal líder, o cabeça do grupo. 

O inventário de seu patrimônio também revela que Tiradentes possuía vestuário e mobílias semelhantes aos utilizados pela aristocracia da época. Sabendo-se que isso era fator importante de distinção social, trata-se de mais um indício que aponta para o fato de que a Inconfidência Mineira, apesar de seu caráter anticolonial, visava construir um Estado independente, que garantisse o controle do espaço político e social aos grupos sociais representados em sua liderança.