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História do Brasil A escravidão

História do brasil colonial brasil africano

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História do BrasilA escravidão

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Durante os primeiros anos após a “descoberta” das

terras americanas, a presença portuguesa era muito pequena, limitando-se a alguns pontos como Salvador e São Vicente, onde realizavam trocas comerciais vantajosas: facas, machados, anzóis, e peças de vestuário eram trocadas por pau-brasil, papagaios, macacos e peles.

Como já havia acontecido em terras conquistadas por portugueses, alguns destes eram deixados ou preferiam ficar na costa brasileira, onde se tornavam intermediários nas trocas entre nativos e europeus.

Africanos no Brasil

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Além dos portugueses, outros povos visitavam a costa e se envolviam nesse comércio, como os franceses, por exemplo. Nessa época, a Coroa e os comerciantes portugueses estavam mais interessados nas relações com os povos africanos (com os quais comercializavam ouro e marfim) e com os povos do Oriente, principalmente da Índia, de onde traziam sedam pedras preciosas, especiarias, fontes de altos lucros.Entretanto, diante da ameaça dos franceses, a Coroa portuguesa elaborou uma política de ocupação e colonização, conhecida como Capitanias Hereditárias, aqueles que as recebiam, conhecidos como donatários, deveriam se dedicar à proteção das terras e à produção – principalmente do açúcar, seguindo a experiência bem-sucedida das ilhas atlânticas (Açores, Madeira, São Tomé).

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A base dessa colonização, que se estendeu por cerca de trezentos anos, era a exportação de mercadorias produzidaspelo trabalho escravo. O açúcar foi a primeira delas, manten-do-se importante na economia brasileira do século XVI até oséculo XIX. Quase tudo o que era usado no engenho era feitolá mesmo, por escravos: primeiros índios e, a seguir, africanostrazidos do outro lado do Atlântico.Com o desenvolvimento da colonização em solo americano,formava-se uma elite local ligada à exportação do açúcar.Essa situação mudou com as descobertas de ouro e diamantesnos sertões que passaram a ser chamados de Minas Geraise que deram uma nova dinâmica à economia no século XVIII. Apesar dos pesados tributos relacionados ao ouro, a colôniatambém prosperou; desenvolveram-se cidades nas regiões dasminas e cresceram os portos por onde ele, o ouro, era transpor-tado. Também a mineração dependia do trabalho de escravos.

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A independência política do Brasil não alterou as relações nas formas de produção ou nas relações sociais, que conti-nuavam parecidas com as do período colonial e fundadas notrabalho escravo.No Brasil imperial, o café foi o produto que mais trouxe rique-zas à elite brasileira. Nas fazendas produtoras de café, todas as Etapas do trabalho eram feitas por africanos escravizados.O trabalho escravo continuava sendo a base da produção dirigi-da para a exportação.Além da importância econômica (sendo a exploração do trabalhoescravo a principal forma de acumulação de riquezas), foi monta-do um sistema de justificação e legitimação da escravização de seres humanos.No que diz respeito ao cotidiano, a norma na sociedade brasileiraera possuir escravos que fizessem os trabalhos pesados e desagra-dáveis e trouxessem dinheiro para o seu senhor.

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A partir de meados do século XVI começaram a chegar

com frequência ao Brasil escravos trazidos de algumas regiões da África. Antes disso, africanos escravizados eram levados à Portugal e outros países da Europa, comercializados na própria costa africana e enviados para as minas de prata espanholas no atual Peru, onde se chegava pelo rio da Prata.

Com o desenvolvimento das atividades econômicas no Brasil, como a cana-de-açúcar, com a crescente dificuldade de escravização dos índios e com a ampliação da presença portuguesa na costa africana, onde o tráfico de escravos era o negócio mais lucrativo, aumentou o fluxo de escravos trazidos para o Brasil.

Quem eram os africanos trazidos para o Brasil?

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Entre 1580 e 1690, Luanda foi o porto pelo qual os portugueses mais comerciaram escravos. Tivemos guerras africanas que facilitaram a penetração dos portugueses no continente.

As guerras faziam muitos prisioneiros, que eram vendidos como escravos. Guerras travadas onde supostamente haveria minas de prata, que buscavam capturar o maior número de pessoas a serem vendidas pelos comerciantes da costa.

Entre 1690 e 1850 (fim do tráfico), tanto os portos angolanos quanto os portos da Costa da Mina forneceram escravos para o Brasil, havendo uma ligação estreita entre Salvador e a Costa da Mina, e o Rio de Janeiro e Angola.

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Navio Negreiro

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Mapa do comércio atlântico de africanos

escravizados.

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O continente africano era habitado por uma enorme variedade de povos, que falavam línguas diferentes, organizavam de maneiras diversa suas sociedades e tinham religiões, atividades econômicas e habilidades diferentes. Quando condenadas pelas leis de suas sociedades, capturadas em aldeias ou nos caminhos que as ligavam a outras (aldeias), ou então em batalhas, essas pessoas viam seu mundo se acabar e um horizonte de incertezas se descortinar.

Além de serem afastadas das aldeias nas quais cresceram e que eram o centro de seu universo, muito poucas vezes conseguiam se manter próximas de conhecidos ou familiares, mesmo quando todos eram capturados juntos.

Cada etapa da travessia do mundo da liberdade para o da escravidão, da África para o Brasil, era mais provável a pessoa se ver sozinha diante do desconhecido, tendo de aprender quase tudo de novo.

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No entanto, nada disso era capaz de apagar o que ele, o africano agora escravizado, havia sido até então, mesmo que capturado quando criança.

Ainda que fossem de diversas etnias, achavam entre si semelhanças que faziam com que se identificassem umas com as outras.

Os escravos que chegavam ao Brasil eram embarcados em alguns portos africanos como: Luanda, Benguela e Cabinda, na costa de Angola, Ajudá e Lagos, na Costa da Mina, e mais tarde no porto de Moçambique.

No Brasil as diferentes etnias foram reagrupadas com os nomes de angola, congo, benguela e cabinda, identificando os africanos pelos portos nos quais haviam sido embarcados ou pela região na qual eles se localizavam. (Também foram utilizados os nomes das feiras (Cassanje, por exemplo).

Os embarcados no Golfo da Guiné passaram a ser conhecidos como minas: negro mina, preto mina.

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Relações sociais e classificações.

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Depois dos horrores da travessia do Atlântico, amontoados em porões imundos, comendo e bebendo o mínimo, vendo companheiros de viagem morrer em razão de doenças e maus-tratos, certos de que não era um bom destino o que os esperava, os africanos eram levados a galpões e mercados nos quais eram postos à venda. Entretanto, antes disso, eram tratadas as suas doenças, eram melhor alimentados e começavam a se informar com os africanos que haviam chegado antes.

Nos navios, descobriam laços entre si e formas de se comunicar, aprendendo uns a língua dos outros.

Os senhores chamavam os recém-chegados, que ainda não entendiam o português, nem conheciam os costumes da terra, de boçais: ideia de que os africanos pertenciam a culturas inferiores às europeias, tendo comportamentos animalescos, como andar nus, e religiões reprováveis, que envolviam práticas que os portugueses chamavam de feitiçaria.

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Quando os africanos aprendiam os costumes da nova terra e o português, se mostravam obedientes aos seus senhores e desempenhavam bem as tarefas, passavam a ser chamados de ladinos.

Já os crioulos eram os que haviam nascido no Brasil, tinham o português como sua primeira língua, quase sempre eram batizados e, pelo menos na frente dos senhores, se comportavam bem, tornando-se “brasileiros”.

Dos mercados, os africanos poderiam ir para: engenhos, minas, ficar nas cidades, fazer trabalhos domésticos, nas plantações de café, etc.

Uma outra variável importante era se o indivíduo era escravo, liberto ou forro (escravo que havia ganho ou comprado sua liberdade), ou livre, ou seja um afrodescendente filho de mãe livre e portanto já nascido com essa condição.

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Africanos ou afrodescendentes, ao se integrarem à sociedade brasileira que estava sendo formada também com a sua participação, tinham de lidar com diversidades culturais e sociais entre eles, pois havia diferenças entre escravos, forros e livres, bem como africanos e crioulos. Além da construção das comunidades negras, havia a relação destas com os grupos dominantes representados pelos senhores rurais e urbanos, pelos administradores e pelos sacerdotes católicos.

Escravos que trabalhavam na lavoura, pouco ou nenhum contato com seus senhores, representados pelos feitores. Geralmente moravam em senzalas, onde conviviam com escravos domésticos, que conviviam com seus senhores todos os dias (sinhá e sinhô).

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Mas era nas cidades que os escravos domésticos estavam presentes em maior número; eram carregadores, vendedores, combinavam com os seus senhores a quantia de dinheiro que deveriam entregar ao fim de cada dia – ou semana. Essa quantia era chamada de jornal e os escravos que trabalhavam dessa maneira eram chamados de jornaleiros ou escravos de ganho.

Esta era uma forma típica de exploração urbana do trabalho escravo, que se tornou comum nas cidades mais movimentadas, como Salvador e Rio de Janeiro.

Esta relação exigia muita confiança do senhor, e além disso existiam os controles sociais limitando a liberdade escrava: a aparência física.

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A princípio, ser escravo era ser destituído de quaisquer direitos, e uma das estruturas de controle social foi a própria cor, como dito acima. Entretanto, assim como existiam os senhores cruéis, existiam os que tratavam seus escravos com “humanidade”. Mas o que era certo mesmo era que um obedecia e outro mandava, recorrendo a castigos, que serviam de punição e exemplo para os demais, evidenciando a autoridade do senhor.

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Resistência

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Nem sempre os escravos aceitaram se integrar à sociedade escravista brasileira, enquadrando-se em algum tipo de relação com seus senhores. Foram várias as formas de resistir à escravidão, seja negando-a pela fuga, seja negociando melhores condições de vida e trabalho.

Fugir era o recurso mais radical, iam para lugares de difícil acesso. Os agrupamentos de escravos fugidos eram chamados de quilombos. Um dos mais famosos foi o de Palmares (região de Alagoas), o maior que existiu e o que mais tempo durou.

Nas aldeias dos quilombos viviam também alguns índios e mesmo brancos, misturando-se às diversidades africanas.

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Palmares, que se espalhava por terras cheias de palmeiras, era composto por um conjunto cheio de aldeias subordinadas a uma delas, onde estava o principal chefe.

Tal estrutura era comum na África-ocidental, onde confederações de aldeias formavam províncias, que formavam reinos, para usarmos as terminologia que primeiro descreveu essas organizações políticas.

Ganga Zumba era líder do quilombo dos Palmares, responsável por um acordo com Aires de Souza e Castro, governador de Pernambuco: seu povo teria terra para viver e seriam reconhecidos como súditos livres do rei de Portugal. Esse acordo não foi aceito por todos os Palmarinos e, liderados por Zumbi, os adversários envenenaram Ganga Zumba. Em seguida, aqueles que haviam se mudado para as terras do acordo entre Ganga Zumba e Aires de Souza e Castro foram reescravizados.

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Zumbi passou a liderar Palmares, que foi destruído pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, paulista com vasta experiência em capturar índios e escravos fugidos.

Palmares e Zumbi se tornaram símbolos de resistência contra a escravidão.

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Além das fugas, os escravos também fingiam doenças, demoravam para fazer algum trabalho, quebravam instrumentos ou se faziam dóceis, para ganharem um tratamento diferenciado.

Havia também rebeliões, quase sempre sufocadas antes de acontecerem, onde os grupos planejavam matar os senhores e administradores, ocupando seus lugares.

Apesar de muitas terem sido planejadas na região das minas, as que chegaram mais longe foram as do Recôncavo Baiano, onde os rebeldes queimaram casas, engenhos, mataram feitores.

A mais importante foi a Revolta dos Malês em 1835. Malês era o nome dado aos escravos muçulmanos.

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Nos últimos anos da existência da escravidão no Brasil, os escravos se concentravam nas fazendas de café e delas começaram a fugir aos bandos, sendo que a partir de um determinado momento os oficiais do Exército se recusaram a persegui-los, dizendo que não eram capitães do mato.

Houve um descontrole e os fazendeiros buscavam negociar com os escravos a liberdade imediatamente após a colheita do café, pois caso não fosse colhido, a safra seria perdida.

Tivemos no final do século XIX leis abolicionistas que não conseguiram dar conta do problema da escravidão, como: Eusébio de Queirós, Ventre Livre, Sexagenários, e por fim, a Lei Áurea, que os libertou e entretanto, não deu condições de melhoria de vida.

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Leitura sugerida:• O Livro de Ouro da História do Brasil – Mary Del

Priore e Renato Pinto Venâncio• História Concisa do Brasil – Boris Fausto• Revista de História da Biblioteca Nacional , ano

7, nº 78, Março de 2012

• Casa Grande e Senzala em quadrinhos – Gilberto Freire, com adaptação de Estêvão Pinto

• África e Brasil Africano – Marina de Mello e Souza• Breve história do Brasil – Mary Del Priore e

Renato Venâncio• Brasil: mito fundador e sociedade autoritária –

Marilena Chauí

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Vídeos sugeridos:

• Histórias do Brasil – Colonização (TV Brasil)

• Histórias do Brasil – O Sangrador e o doutor (TV Brasil)

• Quilombo Cangume – TV Cultura• Dos grilhões aos quilombos – TV

Escola – Brasil 500 anos• Quilombo – Filme de Carlos Diegues