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HIPERCOLESTEROLEMIA – PARA ALÉM DO TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
Mestrado integrado em Medicina
- Dissertação -
Autora:
Mariana de Bastos Fernandes
Orientadora:
Dra. Isabel Maria Gonçalves Mangas Neto da Palma
Afiliação:
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
Endereço:
Hipercolesterolemia – para além do tratamento farmacológico Hypercholesterolemia – beyond pharmacological treatment Mariana de Bastos Fernandes
Objectivo da revisão
As terapias hipolipemiantes reduzem a incidência
de doenças cardiovasculares, associando uma
diminuição da morbilidade e mortalidade. As
hipercolesterolemias possuem uma elevada
incidência e prevalência a nível mundial e
frequentemente associam-se à problemática do
diagnóstico tardio. Quando a dieta e o tratamento
farmacológico máximo falham na aquisição de
objectivos terapêuticos são necessárias novas
estratégias suplementares. Este artigo de revisão
sumariza a evolução, o mecanismo e a eficácia de
técnicas não-farmacológicas hipolipemiantes.
Descobertas recentes
Guidelines definitivas para o uso de lipoproteínas
de baixa densidade (LDL) aférese foram
publicadas por diversas organizações
internacionais, incluindo a sua aplicação a
crianças. Constituindo, em diversas patologias, o
tratamento standard combinado com terapia
farmacológica máxima.
Sumário
A terapêutica não-farmacológica, nomeadamente
LDL aférese, constitui um método eficaz na
diminuição da concentração de LDL e
lipoproteína(a) (Lp(a)) em doentes com
hipercolesterolemia familiar que são refractários
ou intolerantes à terapêutica farmacológica. A
principal indicação clínica é a
hipercolesterolemia familiar homozigótica. Este
método induz a regressão da placa aterosclerótica
e diminui a incidência de eventos
cardiovasculares.
Palavras-chave
Hipercolesterolemia familiar; LDL aférese;
doença cardiovascular
Purpose of review
Lipid-lowering therapies diminish the
incidence of cardiovascular diseases, reducing
both morbility and mortality.
Hypercholesterolemias have a high incidence
and prevalence worldwide, being associated
with the issue of late diagnosis. When diet and
maximal pharmacological treatment fail to
achieve therapeutic goals, additional strategies
are necessary. This review article synthesizes
the evolution, mechanism and efficacy of non-
pharmacological lipid-lowering techniques.
Recent findings
Definitive guidelines for using low density
lipoprotein (LDL) apheresis have been
published by various international
organizations, including its use in children.
Combined with maximal pharmacological
therapy, it constitutes the standard treatment
for several diseases.
Summary
Non-pharmacological therapy, particularly
LDL apheresis, represents an effective method
to lower LDL and lipoprotein(a) (Lp(a)) levels
in patients with familial hypercholesterolemia
who are either refractory or intolerant to
pharmacological therapy. The main clinical
indication is homozygous familial
hypercholesterolemia. This method induces
atherosclerotic plaque regression and reduces
the incidence of cardiovascular events.
Keywords
Familial hypercholesterolemia; LDL
apheresis; cardiovascular disease
CT, Colesterol total; IDL, Lipoproteínas de
densidade intermédia; LDL, Lipoproteínas de baixa
densidade; TG, Triglicerídeos; VLDL, Lipoproteínas
de muito baixa densidade; ↑, aumentado; ↑↑,
fortemente aumentado; →, normal; →↑ = normal ou
aumentado. Baseado em Saraiva AM. [3].
Tabela 2 Características das Hiperlipidémias
Comuns
Introdução
Quando a modificação do estilo de vida e
terapêutica farmacológica falham na obtenção
de níveis plasmáticos alvo de colesterol em
doentes com hipercolesterolemia familiar, a
LDL aférese constitui uma boa opção
adjuvante.
A importância das dislipidemias A partir de 1994 houve uma viragem na
demonstração da importância das
dislipidemias, que se relacionou com a
publicação de vários ensaios clínicos com
estatinas no tratamento das dislipidemias.
Há uma eficácia comprovada das estatinas na
prevenção primária e secundária da doença
cardiovascular (DCV), diminuindo assim o
risco de enfarte agudo do miocárdio (EAM) e
outros eventos cardiovasculares em doentes
com hipercolesterolemia e aterosclerose,
estendendo-se os benefícios aos doentes
normocolesterolémicos [1]. A dislipidemia é
um incontestável factor de risco de DCV [2].
Classificação das dislipidémias As dislipidemias podem ser primárias ou
secundárias. Designam-se como primárias as
dislipidemias de origem genética ou familiar
que resultam de perturbações herdadas que
podem ocorrer na síntese, degradação ou
remoção das partículas lipoproteicas [3]
(Tabela 1, 2).
Tipo Aspecto
do soro
Partículas
aumentadas
CT TG
I Leitoso Quilomicra → ↑↑
IIa Claro LDL ↑↑ →
IIb Claro LDL, VLDL ↑↑ ↑
III Turvo IDL ↑ ↑
IV Turvo VLDL →↑ ↑↑
V Leitoso à
superfície;
turvo na
base
Quilomicra,
VLDL
↑ ↑↑
Fenótipo
Lipídico
Lipoproteínas
elevadas
Fenóti
po
Hipercolesterole
mia isolada
Hipercolesterole
mia familiar
Défice familiar de
apoB100
Hipercolesterole
mia poligénica
LDL
LDL
LDL
IIa
IIa
IIa
Hipertrigliceri
demia isolada
Hipertrigliceride
mia familiar
Deficiência
familiar de
lipoproteinolipase
Deficiência
familiar de Apo
CII
VLDL
Quilomicra
Quilomicra
IV
I, V
I, V
Hipercolesterole
mia e
hipertrigliceride
mia
Hiperlipidemia
familiar
combinada
Disbetalipoprotei
nemia
VLDL, LDL
VLDL, IDL
IIb
III
Hipoalfalipopro
teinemia
familiar
Apo A1 ↓
É imprescindível perante uma dislipidémia,
excluir qualquer patologia que possa estar
subjacente – Dislipidémia secundária. Nesta
situação, o tratamento deverá ser dirigido
primariamente à patologia de base, com
consequente melhoria no controlo da
dislipidemia [4] (Tabela 3). As causas de
dislipidemias secundárias e as repercurssões
destas nas lipoproteínas e lípidos plasmáticos
estão descritas na Tabela 4 e a acção dos
principais fármacos sobre o perfil lipídico está
sumarizada na Tabela 5.
Apo, Apolipoproteína; ↓, diminuída.
Baseado em Saraiva AM [3]
Tabela 1 Classificação de Fredrickson
Tabela 4 Causas secundárias de dislipidemia e principais alterações das
respectivas lipoproteinas e lípidos plasmáticos
Patologia Lipoproteína elevada Lípidos elevados
Diabetes Mellitus VLDL; Quilomicra +
VLDL
TG; Colesterol+ TG
Hipotiroidismo LDL; raramente
remanescentes
Colesterol; raramente TG +
colesterol
Síndrome de Cushing LDL; VLDL+ LDL Colesterol; TG+ Colesterol
Síndrome nefrótico LDL; VLDL+ LDL Colesterol; Colesterol +
TG
Insuficiência renal VLDL TG
Hepatite VLDL TG
Alcoolismo VLDL; raramente
Quilomicra+VLDL
TG; TG+ Colesterol
Fármaco CT LDL HDL TG
Tiazidas ↑ ↑ = ↑
Bloqueadores β não
selectivos
= = ↓ ↑
Androgénios via oral ↑ ↓ = Progestativos ↑ ↓ ↓ Estrogénios ↓ ↓ ↑ ↑
Tamoxifeno ↓ ↓ = = ou ↑
Corticosteróides ↑ ↑ ↑
Ciclosporina ↑ ↑ ↓ ↑
Avaliação do risco cardiovascular O risco cardiovascular pode ser calculado
pelas Tabelas de Framingham ou pelo
Systematic Coronary Risk Evaluation(SCORE).
As Tabelas de Framingham incluem: idade,
sexo, CT, HDL, tabagismo e pressão arterial
sistólica. Todas as pessoas com risco de
morbilidade e mortalidade por doença
coronária a 10 anos ≥ 20%, têm prioridade de
tratamento. O SCORE avalia o risco de
eventos cardiovasculares fatais. O alto risco é
definido como a probabilidade ≥ 5% de ter
DCV fatal dentro de 10 anos [5]. As
recomendações de Executive Summary of the
Third Report of the National Cholesterol
Education Program (NCEP) Expert Panel on
Detection, Evaluation and Treatment of High
Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment
Panel ou ATP-III) estão descritas na Tabela 6.
Tabela 5 Fámacos e suas acções sobre os lípidos
Baseado em Barbosa AP. [4].
↑, aumenta; ↓, diminui; =, mantém. Baseado em Barbosa AP. [4].
Tabela 3 Causas secundárias de dislipidemia
Baseado em Barbosa AP. [4].
*Hipotiroidismo * Diabetes Mellitus * Obesidade * Síndrome de Cushing * Hipopituitarismo
*Anorexia Nervosa *Gota * Lipodistrofia *Gravidez *Fármacos *Transplantação: renal,
hepática, cardíaca, pancreática *Alcoolismo *Tabagismo *Nefropatias (síndrome nefrótico e
insuficiência renal) *Doenças hepáticas *Lúpus Eritematoso Sistémico
Tabela 6 Recomendações do NCEP – ATP III Categoria de risco Nível-
alvo de
LDL-C
Nível-alvo de LDL-C
para iniciar
terapêutica não
farmacológica
Nível-alvo de LDL-C para
iniciar terapêutica
farmacológica
Doença coronária ou
factores de risco
equivalentes a doença
coronária (risco a 10
anos > 20%)
<100
mg/dL
≥ 100 mg/dL ≥ 130 mg/dL (100-129
mg/dL: farmacoterapia
opcional)
Múltiplos factores de
risco (2 ou mais) (risco
a 10 anos ≤ 20%)
<130
mg/dL
≥ 130 mg/dL Risco a 10 anos de 10 a 20%:
≥ 130 mg/dL
Risco a 10 anos < 10%:
≥160 mg/dL
0 a 1 factores de risco <160
mg/dL
≥ 130 mg/dL ≥ 190 mg/dL (160-189
mg/dL: famacoterapia
redutora do LDL-C opcional
Hipercolesterolemia familiar As hipercolesterolemias caracterizam-se pela
elevação substancial das concentrações
sanguíneas de colesterol e associam-se a um
risco cumulativo de doença coronária fatal ou
não-fatal [6]. Deste modo, é importante
efectuar um diagnóstico precoce para orientar
uma terapêutica eficaz. O diagnóstico
definitivo é estabelecido pelo rastreio genético,
no entanto, as mutações são apenas detectadas
em 30-50% dos doentes com manifestações
clínicas [7].
A hiperolesterolemia familiar (HF)
corresponde a uma doença autossómica
dominante do metabolismo lipoproteico. A
forma homozigótica é muito rara (1 em cada 1
milhão de indivíduos) mas a heterozigótica é
comum, apesar de sub-diagnosticada [8],
correspondendo a 0,2% da população em geral
(aproximadamente 1 em 500 indivíduos) [3].
A HF causada por mutações no gene para o
receptor de LDL (LDLR) e a deficiência
familiar em ApoB (DFB) são clinicamente
indistinguíveis sendo actualmente englobadas
no diagnóstico de HF. No entanto, em geral, as
manifestações clínicas da DFB são mais leves
que as causadas por defeito no gene do LDLR
[9].
Critérios de diagnóstico para a HF Os principais critérios clínicos de diagnóstico
para HF são: elevação dos níveis de colesterol,
presença de xantomas nos tendões do doente
ou familiar em primeiro grau e o padrão
autossómico dominante de doença
cardiovascular prematura ou elevação do
colesterol [7].
Diagnóstico Bioquímico
Pelo menos duas elevações no colesterol
sanguíneo são necessárias para o diagnóstico
de hipercolesterolémia [7]. Em doentes com
HF os níveis de HDL estão normais (ou
baixos) e por isso o diagnóstico é mais
específico se for utilizado o LDL, através da
fórmula de Friedewald [10] ou determinado
directamente. No entanto, os níveis de
colesterol por si só não são suficientes para
estabelecer o diagnóstico, uma vez que os
níveis de colesterol sanguíneos de doentes com
HF assemelham-se aos de doentes com
hipercolesterolemia não-genética poligénica,
conduzindo a uma taxa de falsos positivos e
negativos entre 8-18% [11, 12].
Diagnóstico Clínico
Os critérios de Simon Broome (Tabela 7)
consideram diferentes níveis de LDL para
adultos e crianças [13]. A presença de
xantomas tendinosos constitui o critério-chave
do diagnóstico “definitivo”. Uma história
LDL-C, Colesterol LDL. Baseado em NCEP-ATP III. [5].
Tabela 7 Critérios de diagnóstico de Simon
Broome para a hipercolesterolémia familiar
Baseado em Scientific Steering Committee et
al.[13].
Tabela 8 Diagnóstico para a
hipercolesterolémia familiar da Dutch Lipid
Clinic Network
familiar de hiperlipidémia ou doença
cardiovascular prematura não confirma o
padrão genético ou monogénico de
hereditariedade [7].
Dutch Lipid Clinic Network (Tabela 8) baseia-
se em critérios idênticos aos de Simon Broome,
mas adiciona o cálculo de um score numérico
[14]. Nos doentes com score ≥ 8 as mutações
são encontradas em 83% dos casos. A
principal diferença entre os dois sistemas de
diagnóstico é a presença de xantomas
tendinosos para estabelecer um diagnóstico
definitivo de HF segundo os critérios clínicos
de Simon Broome [7].
Diagnóstico Genético
O diagnóstico definitivo de HF deve ser feito
através dos métodos de mutação baseados no
DNA. Após a detecção da mutação específica
no DNA, deve ser avaliado o seu potencial
significado funcional através de critérios
seleccionados [15].
A definitive diagnosis of FH requires:
(a) Total cholesterol level above 290 mg/dL
in adults or a total cholesterol level above
260 mg/dL for children under 16,
OR LDL levels above 190 mg/dL in adults
(155 mg/dL in children) (either pre-
treatment or highest on treatment)
PLUS (b) Tendon xanthomas in patient or
relative
OR (c) DNA-based evidence of an LDL
receptor mutation or familial defective apo
B-100.
Possible FH is defined as (a) above plus
one of (d) or (e):
(d) Family history of myocardial infarction
before age 50 in a second-degree relative or
before age 60 in a first-degree relative.
(e) Family history of raised cholesterol in a
first-degree relative or level above 290
mg/dL in a second-degree relative.
Family history
A First-degree relative with known
premature (<55 years men; <60 years
women) coronary and vascular disease.
B First-degree relative with known
LDL-C >95th
percentile and/or 2
A First-degree relative with tendon
xanthomata and/or arcus cornealis.
B Children below 18 years with LDL-C
>95th
.
1
2
Clinical history
A Patient has premature (<55 years men;
<60 years women) coronary artery
disease.
B Patient has premature (<55 years men;
<60 years women) cerebral or peripheral
vascular disease.
2
1
Physical Examination
A Tendon xanthomata
B Arcus cornealis below 45 years
6
4
Laboratory analysis (mg/dL)
A LDL-C >330
B LDL-C 250-329
C LDL-C 190-249
D LDL-C 155-198
8
5
3
1
DNA analysis
A Functional mutation in the LDLR gene
present
Diagnosis (diagnosis is based on the total
number of points obtained)
A “definitive” HF diagnosis requires more
than 8 points
A “probable” HF diagnosis requires 6-8 points
A “possible” HF diagnosis requires 3-5 points
Baseado em WHO-Human Genetics et al.[14].
Tabela 9 Efeito de alguns factores não
farmacológicos nos lípidos
Tabela 10 Recomendações dietéticas de
AHA e NCEP
Baseado em Mendes AI.[16].
Baseado em Mendes AI.[16].
Tratamento da hipercolesterolemia
Tratamento não farmacológico Alterações do estilo de vida, nomeadamente
modificação dos hábitos alimentares, aumento
da actividade física e cessação alcoólica e
tabágica. A Tabela 9 demonstra o efeito de
alguns factores não farmacológicos nos lípidos
[16].
Factor LDL HDL TG
Perda de peso ± ↑ ↓
Gorduras da dieta
Saturadas
Polinsaturadas
Monoinsaturadas
↑
↓
↓
↓
±, ↓
±
±
±
±
Fibras ↓ ↑ ↓
Álcool ± ↑ ↑
Exercício ± ↑ ↓
Tabaco ± ↓ ±
Dieta
A American Heart Association (AHA) e o
NCEP propõem uma dieta escalonada em 2
fases (Tabela 10) visando diminuir as gorduras
saturadas e o colesterol, assim como o número
total de calorias. Se os objectivos propostos
não forem atingidos com a etapa 1 deverá
passar-se à etapa 2 para a qual é indispensável
o nutricionista [16].
ETAPA 1
(%)
ETAPA 2
(%)
Gorduras
saturadas
<10 <7
Gorduras
polinsaturadas
<10 <10
Gorduras
monoinsaturadas
10-15 10-15
Gordura total <30 <30
Hidratos de
carbono
50-60 50-60
Proteínas 10-20 10-20
Colesterol <300
mg/dL
<200
mg/dL
Actividade física
A actividade física é recomendada para a
manutenção ou diminuição do peso.
O standard recomendado é 30-40 min/dia de
exercício aeróbio moderado (4-5 dias/semana).
O consumo de energia deverá ser em média de
150 Kcal/dia.
Com uma actividade física regular durante 3 a
6 meses é possível diminuir os níveis de TG,
aumentar a C-HDL, melhorar a tolerância à
glicose, sensibilidade à insulina, factores de
coagulação, perfil psicológico, tensão arterial e
criar ambiente propício a deixar de fumar [16].
Tratamento farmacológico Na terapêutica farmacológica são apresentadas
as principais classes de fármacos (Tabela 11);
cada classe oferece uma relação risco
benefício favorável e exibe efeitos bem
definidos nas fracções lipídicas [17].
LDL Aférese LDL aférese constitui uma excelente opção em
doentes com HF que são refractários ou
intolerantes à terapêutica farmacológica,
diminuindo drasticamente os níveis de LDL-C
a longo prazo, em cerca de 40% [19]. Além
disso, neste momento, a aférese é o único
método que reduz eficazmente a Lp(a), uma
vez que as estatinas e outros fármacos
hipolipemiantes não diminuem
significativamente esta lipoproteína
aterogénica [20].
O sucesso da plasmaférese para tratar HF
homozigótica foi descrito pela primeira vez em
1975 [21]. Estudos subsequentes
Tabela 11 Efeitos dos fármacos nos lípidos
Baseado em NCEP-ATP III. [18].
demonstraram um efeito benéfico na
aterosclerose aórtica e coronária [22] e
sobrevivência prolongada [23].
A primeira tentativa de remoção selectiva de
LDL do plasma consistiu na mistura de sangue
com heparina ligada a agarose, no entanto, este
procedimento foi bastante menos eficiente que
a utilização de dispositivos centrífugos para
separar o plasma das células sanguíneas,
substituindo-o por albumina. Em 1981, Stoffel
et al. [24] combinaram estes dois conceitos
através da utilização de um separador celular
para filtrar o plasma com uma coluna contendo
anticorpos anti-LDL – LDL aférese.
LDL aférese – procedimentos Os procedimentos de LDL aférese envolvem
uma série de etapas distintas. O acesso
vascular é feito através da cateterização
bilateral das veias ante-cubitais ou fístula
arteriovenosa estabelecida no braço (se
tratamento crónico). O plasma é separado dos
elementos celulares sanguíneos através de um
separador automático e de seguida tratado
fisicamente para remoção das lipoproteínas
que contêm Apo B. As células sanguíneas e o
novo plasma empobrecido em LDL são
recombinados, retornando ao doente via
cateter intravenoso normalmente colocado na
veia cubital contralateral [25]. A duração de
cada sessão é de 3-4horas e aproximadamente
3 litros de sangue são tratados durante o
procedimento [26]. A periodicidade do
tratamento em doentes com HF heterozigótica
é habitualmente quinzenal e em doentes com
HF homozigótica é semanal, no entanto, esta
depende sobretudo da resposta do doente ao
tratamento. Tratamentos de aférese regulares
produzem reduções prolongadas nos níveis de
LDL-C, tanto no pré como no pós-tratamento
[27].
Métodos de LDL aférese Adsorção de sulfato dextrano (DSA)
O sulfato dextrano liga-se covalentemente à
celulose, selectivamente ligada ao VLDL e
LDL mas não ao HDL. A perfusão de colunas
contendo este material com plasma
heparinizado, fornece o primeiro método
disponível de LDL aférese [28]. Cada coluna é
regenerada automaticamente entre os
sucessivos ciclos [29], não havendo limites
para a quantidade de LDL que pode ser
adsorvida. A proporção de casos adversos é de
3.6% com um follow-up de 5 anos, durante o
qual quase 4000 procedimentos foram
efectuados [30].
Precipitação extracorporal de LDL
mediada por heparina (HELP)
Consiste na precipitação de LDL através da
adição de heparina ao plasma. A precipitação
de LDL ocorre sem a adição de catiões se o pH
for suficientemente baixo, sendo o precipitado
removido por filtração. Efeitos laterais foram
moderados e infrequentes e não foram
observadas complicações hemorrágicas apesar
de reduções de 50% do fibrinogénio [31].
Plasmaférese por dupla filtração (DFPP) e
plasmaférese por termofiltração (TFPP)
O plasma é separado das células sanguíneas e
de seguida filtrado através de um segundo
filtro que retém selectivamente componentes
plasmáticos úteis, tais como HDL, mas
descarta componentes moleculares grandes,
incluindo o LDL. A termofiltração consiste em
aquecer o plasma a 38ºC anteriormente à
DFPP, que aumenta a quantidade de LDL
removida e diminui a quantidade de HDL
perdida [31]. Em estudos comparativos, DFPP
foi quase tão eficiente como DSA em diminuir
o colesterol LDL assim como a proporção
LDL/HDL [32] e tão efectivo como HELP na
remoção de Lp(a) e fibrinogénio [33].
Imundoadsorção (IA)
Consiste num separador contínuo que bombeia
plasma para dentro das colunas contendo
anticorpos policlonais de ovelha contra
apoB100 humana [34]. As colunas são
regeneradas através de um dispositivo
automático de adsorção-dessorção [35●●].
A anticoagulação é conseguida com heparina e
dextrose de ácido cítrico (ACD), em 4-6 litros
de plasma tratado em cada procedimento
durante um período de 3-4h. Anticorpos IgG
de ovelha são detectados na maioria dos
doentes, no entanto, sem nenhuma
consequência clínica óbvia a registar [35●●].
Tabela 12 Percentagem média de redução de lipoproteínas plasmáticas e fibrinogénio
com diferentes métodos de LDL aférese
Baseado em Klingel R et al.[31].
Adsorção directa de lipoproteínas por
hemoperfusão (DALI)
O desenvolvimento de uma técnica não-
hemolítica permite a aplicação da LDL aférese
sem separação prévia do plasma e simplifica
significativamente o circuito extracorporal
[36]. O gel adsorvente consiste em esferas com
rebordos porosos revestidos por ligandos de
poliacrilato aniónicos que interagem
electroestaticamente com a metade da Apo B
carregada positivamente da LDL, Lp(a) e
VLDL, retendo estas lipoproteínas
aterogénicas na coluna. Além disso, apenas
pequenas partículas tais como lipoproteínas
podem difundir-se livremente para dentro do
dispositivo adsorvente, enquanto as células são
excluídas (efeito de exclusão pelo tamanho)
[37].
A anticoagulação é iniciada com heparina e
mantida com ACD. A adsorção de 1.6
volumes de sangue diminui os níveis de
colesterol LDL e Lp(a) em cerca de 60-70%,
sem reduzir o colesterol HDL ou o
fibrinogénio. No entanto, nos adultos
homozigóticos ou com HF heterozigótica
severa, a capacidade adsortiva standard
recomendada de 480 mL (DALI-500) é
inadequada, sendo necessária uma capacidade
adsortiva maior (DALI-750 e DALI-1000). A
activação dos leucócitos e do complemento é
mínima e como tal este procedimento é
clinicamente bem tolerado [35●●].
As reduções agudas de LDL-C em
homozigóticos correspondem a cerca de 63%
comparado com 69% em não-homozigóticos,
provavelmente porque os dispositivos
adsorventes DALI ficam saturados mais cedo
devido aos elevados níveis basais de LDL-C
[37].
A adsorção directa de LDL pode também ser
conseguida com dextrano sulfato através da
utilização de esferas maiores do que o standard
recomendado [38]. Este sistema encontra-se
em utilização de momento [35●●].
Comparação entre os diferentes
métodos de LDL aférese A Tabela 12 compara a eficácia das diferentes
técnicas de LDL aférese em uso corrente [31].
Os resultados reflectem não só a eficiência
intrínseca de cada método na remoção de
lipoproteínas plasmáticas assim como
diferenças dos volumes de sangue ou plasma
tratados e a amplitude da hemodiluição
causada pelos anticoagulantes [35●●].
DFPP (%)
Termofiltração (%)
HELP (%)
DALI (%)
DSA (%) IA (%)
Colesterol LDL 56-62 61 55-61 53-76 49-75 62-69
Colesterol HDL 25-42 6 5-17 5-29 4-17 9-27
Lp(a) 53-59 61 55-68 28-74 19-70 51-71
Triglicerídeos 37-49 56 20-53 29-40 26-60 34-49
Fibrinogénio 52-59 42 51-58 13-16 17-40 15-21
Os dados da Tabela 12 sugerem que IA e
DFPP diminuem de forma mais acentuada o
colesterol HDL do que os outros métodos. É
necessário uma quantidade maior de plasma
para ser tratado por IA em comparação com
DSA, para se conseguir obter uma redução
equivalente de colesterol LDL, no entanto, este
facto é compensado por uma taxa de fluxo
superior do separador celular centrífugo
utilizado na IA. Não há limite de volume
plasmático que pode ser tratado por IA, DSA e
DFPP, enquanto através do sistema HELP o
máximo é 4 litros, o que reflecte a sua
capacidade limitada para filtrar o LDL
precipitado e a extensão de redução do
fibrinogénio. Os sistemas de hemoperfusão são
os mais fáceis de utilizar mas, como HELP e
DSA, são menos económicos que IA com as
suas colunas re-utilizáveis, embora tenham a
desvantagem de ter de ser mantidos estéreis
entre os procedimentos [35●●].
A incidência de efeitos adversos ronda apenas
os 4% durante 5575 procedimentos de aférese
[39]. Todas as técnicas produzem hipotensão
em 1.3% dos tratamentos e diminuição aguda
das proteínas séricas. Estes efeitos são menos
comuns com as técnicas DSA, HELP e DALI
[26]. O único efeito adverso grave relatado foi
a ocorrência de reacções anafiláticas durante
DSA em doentes medicados com inibidores da
ECA. Estas reacções são mediadas pela
libertação de bradicinina e podem ser
prevenidas pela interrupção da medicação
[35●●].
Efeitos da LDL aférese nos
parâmetros clínicos Efeitos na função endotelial vascular
A melhoria imediata do fluxo sanguíneo em
resposta à acetilcolina é acompanhada por uma
redução do LDL oxidado e de um aumento da
produção de óxido nítrico (NO) [40].
Uma melhoria análoga da vasodilatação
dependente de NO explica o aumento da
velocidade do fluxo cerebral após DSA [41]
assim como um aumento do fluxo sanguíneo
nos membros inferiores [42] e melhoria da
perfusão miocárdica regional [43].
Efeitos na cascata da coagulação
DSA causa uma diminuição mais acentuada do
tempo de protrombina e aumenta o tempo
parcial de tromboplastina (aPTT) activado do
que IA, verificando-se um efeito semelhante
entre DALI e HELP [19]. Todos os métodos
causam diminuições agudas dos factores V,
VIII, XI e XII, mais marcado com DSA e
DALI, enquanto HELP causa a redução mais
marcada do fibrinogénio e DALI a menos. A
contagem de plaquetas diminuiu 10-20% com
IA e HELP mas os outros métodos foram
ineficazes. Em todos os métodos, a maior parte
dos factores de coagulação, com a excepção do
fibrinogénio que diminui aproximadamente
30% no HELP [35●●], voltam aos seus valores
pré-aférese no dia seguinte. O sistema HELP
provoca uma diminuição da agregação
eritrocitária e viscosidade plasmática, muitas
vezes associada a aumento da incidência de
EAM e morte súbita [26].
Efeitos da LDL aférese na doença
aterosclerótica Vários estudos demonstraram a evidência
angiográfica da redução da placa
aterosclerótica comparando os efeitos da LDL
aférese com uma estatina versus estatina
isolada.
Segundo o LDL Apheresis Regression Study
(LAARS), após dois anos de tratamento
verificou-se uma melhoria da perfusão
miocárdica regional por angiografia digital de
subtracção apenas no grupo da LDL aférese
[43]. Através do estudo The Low-Density
Lipoprotein Apheresis Coronary Morphology
and Reserve Trial (LACMART), a angiografia
coronária quantitativa e ultra-som vascular
intra-coronário (IVUS) detectaram, após um
ano de tratamento e apenas no grupo de
aférese, um aumento do diâmetro mínimo do
lúmen (MLD) e diminuição da área da placa
aterosclerótica [44]. Conclusões semelhantes
foram obtidas no Japan Low-Density
Lipoprotein Apheresis Coronary
Atherosclerosis Prospective Study (L-CAPS)
[45].
Embora o alívio da angina de peito seja um
dado subjectivo, os estudos são comprovados
por uma melhoria da depressão do segmento
ST induzido pelo exercício nos doentes
submetidos a LDL aférese [46].
A gravidade da estenose carotídea relaciona-se
com o risco de isquemia cerebral. A espessura
das camadas íntima e média diminuiu em
doentes submetidos a LDL aférese, sendo este
efeito atribuído à redução dos níveis de Lp (a)
[47].
Os benefícios da LDL aférese na doença
arterial periférica conduzem a uma diminuição
da claudicação e até desaparecimento de
úlceras cutâneas nas extremidades inferiores
[48].
Critérios para uso da LDL aférese da
The Food and Drug Administration
(FDA) 1). Doentes com HF homozigótica
Constitui a principal indicação clínica
(inclusive heterozigóticos compostos),
caracterizando-se por hipercolesterolemia
severa desde a infância. Homozigóticos com
hipercolesterolemia autossómica recessiva
(ARH) respondem melhor ao tratamento
farmacológico do que as formas autossómicas
dominantes comuns de HF [49]. Hoje em dia a
principal complicação da HF homozigótica é a
fibrose da válvula aórtica, que conduz
frequentemente à estenose
hemodinamicamente significativa. Um
controlo efectivo e precoce da
hipercolesterolemia na infância reduz a
necessidade de cirurgia [50].
Em crianças a LDL aférese deve ser iniciada
pelos 6 ou 7 anos de idade, uma vez que após
os 10 pode ser já uma idade tardia para
prevenir a estenose aórtica. A única
complicação documentada é a anemia
ferropénica, que responde à administração oral
de ferro [35●●].
Em mulheres grávidas a terapêutica
farmacológica é inapropriada, no entanto, é
necessário um controlo da hipercolesterolemia
que é acentuada pelas mudanças hormonais.
DSA é um procedimento seguro e com
bastante eficácia em grávidas [49, 51],
consituindo uma boa opção nos casos de
pancreatite aguda com hipertrigliceridemia
severa [51].
2). LDL-C > 500 mg/dL em doentes com HF
homozigótica
3). LDL-C > 300 mg/dL em doentes sem
doença coronária
4). LDL-C > 200 mg/dL em doentes com
doença coronária (após 6 meses de tratamento
farmacológico máximo e dieta) [26].
Guidelines publicadas para uso
terapêutico da LDL aférese Guidelines definitivas foram publicadas por
várias organizações internacionais.
International Panel on the Management of
Familial Hypercholesterolemia afirma que a
LDL aférese é o tratamento standard para HF
homozigótica e que deve ser utilizada para
tratar HF heterozigótica em doentes coronários
sintomáticos, nos quais o colesterol LDL se
mantém acima de 162 mg/dL ou diminui
menos de 40% apesar do tratamento
farmacológico máximo [52].
Guidelines recentes aplicáveis a crianças
estipulam que plasmaférese semanal ou
bissemanal, preferencialmente LDL aférese,
constitui o tratamento primordial na maioria
das crianças com HF homozigótica,
combinado com altas doses de estatinas e um
inibidor da absorção de colesterol [53].
The American Society for Apheresis publicou
as guidelines mais recentes e recomenda a
aférese para a hipercolesterolemia familiar
utilizando os critérios da FDA para a selecção
de doentes, com o objectivo de reduzir tanto o
LDL como a Lp(a) em cerca de 40-60% [54].
Conclusão A dislipidemia continua a ser uma causa
central de doença cardiovascular e sua
progressão. As medidas não-farmacológicas e
a terapêutica farmacológica podem produzir
diminuição nos lípidos séricos e nos eventos
cardiovasculares. A LDL aférese reduz
rapidamente e de forma significativa os lípidos
e lipoproteínas circulantes, em doentes com
HF homozigótica ou heterozigótica severa,
constituindo deste modo, um tratamento
adjuvante importante para doentes intolerantes
ou que não respondem adequadamente à
terapêutica médica.
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