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1 Acadêmica de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail:
Professora Orientadora, Esp. do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail:[email protected]
1
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR
TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC
GERENCIAMENTO DE TEMPO NA EXECUÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS NO
MUNICÍPIO DE ASSIS CHATEAUBRIAND - PR
Thais Barreto Custódio1
Kamille de Souza Tomim²
RESUMO
Toda obra pública deve atender à algumas propriedades como: utilidade, qualidade e
custo/benefício. Devido aos frequentes relatos de obras públicas que ultrapassam o prazo
estipulado de execuçãoe o que pode acrescer no valor desta, este trabalho tem como objetivo
realizar uma análise dos contratos, medições de obras e cronogramas físicos referentes a obras
públicas executadas na cidade de Assis Chateaubriand-PR,com o propósito de identificar as
causas mais recorrentes em obras que não cumpriram o cronograma proposto em licitação e
identificar a origem das possíveis justificativas dos termos aditivos de prazo, sejam elas por
deficiência no planejamento ou causas externas à obra. Foram analisadas 18 obras, através de
cronogramas, medições de obra e termos de aditivo. Segundo o analisado, apenas 17% das 18
obras foram executadas conforme o cronograma proposto, mais de 20% teve um adiantamento
e mais de 60% apresentou atraso. Dentre as justificativas encontradas estão as chuvas
excessivas, atraso no recebimento de material, atraso de pagamento, alteração de projeto,
aumento de meta física etambém a elaboração incorreta de cronograma.
Palavras-chave: Cronograma físico. Aditivo de prazo. Licitação. Gestão do tempo.
ABSTRACT
All public work must meet some properties like: usefulness, quality and cost/benefit. Due to
frequent reports of public works that go beyond the deadline, and what can be added to the
value of this, this work aims to carry out an analysis of contracts, and scheduling works
physical measurements pertaining to works executed in public city of Assis Chateaubriand-
PR, with the purpose to identify recurring causes in works that did not meet the timeline
proposed bidding and identify the source of the possible justifications of addenda, whether
they are planning or deficiency causes external to the work. 18 works, were analyzed through
timelines, work measurements and terms of additive. According to the analyzed, only 17% of
18 works were performed according to the proposed schedule, more than 20% had an advance
and more than 60% submitted late. One of the reasons found are excessive rains, delays in
receiving material, late payment, change the project, increase physical meta and the incorrect
timeline development.
Keywords: Physical Schedule. Additive term. Bidding. Time management.
2
1 INTRODUÇÃO
Fica evidente que qualidade e funcionalidade são as principais características
esperadas de uma construção, sobretudo quando se trata de uma obra pública. Porém a
administração municipal encontra grandes dificuldades em dirigir tais obras e atender a todos
requisitos desejados, que além de qualidade e funcionalidade, incluem os prazos e a relação
custo/benefício (PEREZ, 2011).
Na atualidade, o prazo final de contrato para entrega de uma obra raramente é
atendido, sendo esse um dos principais problemas de execução de obras públicas. Poucos são
os empreendimentos entregues no prazo inicialmente estipulado, sem aditivo financeiro e
físico.
Conforme a lei 8.666/93 que estabelece normas para licitações e contratos da
administração pública exibe que, prorrogação na conclusão ou início da obra é permitida,
desde que permaneçam as demais cláusulas do contrato, e os motivos devem estar dentro dos
seguintes: modificação do projeto por parte da administração; fato inesperado, que interfira
diretamente na execução do projeto; parada ou redução no andamento da obra por
determinação da administração; aumento dos serviços do contrato inicial; impedimento da
prática das atividades por obra de terceiros, identificado pela administração através de
documentos; atraso nos pagamentos por parte da administração ou qualquer outro ato que
prejudique a execução (BRASIL, 1993).
Os aditivos em obras se caracterizacomo termos que modificam o contrato inicial,
podendo ser acrescentadas ou excluídas cláusulas (BRASIL, 1993). Portanto, aditivos
financeiros correspondemaoaumento gerado no orçamento inicial em consequência de
serviços ou materiais solicitados posteriormente. O aditivo físico, de prazo, tem o mesmo
fundamento, porém nesse termo a solicitação é do prolongamento do prazo de entrega, por
motivos de atrasos ou acréscimo de serviços, que resulta na alteração do cronograma inicial
da obra.
São aceitos somente aditivos que tenham uma justificativa entendida para a
administração como verídica, de acordo com o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2014).
Porém, existe uma ressalva, não pode ultrapassar 25% do montante indicado no contrato
inicialda obra, podendo ter um acréscimo de 25% e supressão (cancelamento) de 25%, e
referente a reformas o acréscimo pode ser de até 50% e a supressão não é determinada na lei
(BRASIL, 1993).
3
Conforme o que indica Marques (2000), o correto planejamento do cronograma auxilia
no gerenciamento da obra e colabora na orientação quanto ao serviço que envolve terceiros no
empreendimento. Em relação ao cronograma Brasil (2013) relata que, ele é utilizado para
conferir os quantitativos executados das medições das obras, acompanhamento e
supervisionamento da obra.
Existem diversos motivos que resultam no atraso da entrega de uma obra, segundo Al-
Humaidi (2007), estes podem ser divididos em três categorias: processuais, externas e
internas. As processuais são constituídas por causas relacionadas a gestão, jurídica, financeira
e operacional. As causas externas são pertencentes as condições do ambiente, como clima,
desastres naturais e demais características a respeito do local de implantação. Por fim, as
causas internas, são referentes aos equipamentos da obra, colaboradores e disponibilidade de
material.
De acordo com Polito (2015), o uso eficiente do tempo é a base para a conclusão de
uma obra com qualidade. Portanto, é necessário responder a um questionamento: por que as
obras públicas não são entregues no prazo pré-estabelecido? Torna-se essencial o
reconhecimento do agente causador dos atrasos, independente a origem, para que seja
realizada a busca por alternativas que minimizem ou que eliminem totalmente os problemas
com a gestão de tempo.
Diante do exposto, este trabalho tem como propósito identificar possíveis alterações de
gerenciamento de tempo nas edificações públicas do Município de Assis Chateaubriand - Pr.
Bem como apontar as causas de aditivos de prazo; analisar o cronograma planejado na fase de
licitação, verificando se o mesmo foi executado conforme a ordem cronológica; fazer um
levantamento do percentual de obras executadas e entregues fora de prazo pré-estabelecido
em contrato.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 OBRAS PÚBLICAS
Conforme Brasil (1993) afirma, uma obra é definida como “toda construção, reforma,
fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta”. Em
concordância, Costa (2014) também retrata que, obra pública municipal trata-se de todo
trabalho de interesse a comunidade, referente a imóvel, execução de edificação, melhoria,
reforma, demolição ou modificação de patrimônio pertencente a prefeitura municipal.
4
2.2 PROCESSO LICITATÓRIO
Entende-se por licitação, o processo destinado à contratação de serviços ou aquisição
de produtos para uma instituição pública, em que o principal objetivo é assegurar que a
proposta eleita será a mais vantajosa para a administração pública, de forma que possa atender
aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
publicidade, da integridade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que estão relacionados (BRASIL,1993).
Conforme indica Carvalho (2014), dentro do processo de licitação existem cinco
modalidades, concorrência, tomada de preços e convite que são para contratação de obras,
trabalhos e fornecimento, as restantes são leilão e concurso, as quais tem objetivos diferentes.
A lei 8.666/93 determina que, para serviços de engenharia e construções a modalidade
utilizada é definida de acordo com o valor atribuído aos serviços. Classificando-as da seguinte
forma: até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) é utilizada a modalidade convite;
superior a este valor e até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) utiliza-se a
tomada de preços; e acima deste valor se usa a concorrência (BRASIL, 1993).
Desse modo, muitas obras são contratadas por meio da tomada de preço, a qual
Amorim (2017) discorre: esta modalidade é utilizada em contratos de valor médio, onde
aceita-se empresas antecedentemente cadastradas pela administração e que satisfaçam a todas
as exigências impostas para o cadastramento até três dias antes da data de envio das
propostas. Essa modalidade torna a concorrência mais reduzida, devido ao fato de que só
poderão participar as instituições que já estejam devidamente cadastradas ou que possam se
cadastrar.
Encontra-se no processo licitatório a existência de algumas etapas. A primeira, trata-se
da abertura do processo administrativo, que definirá o objeto ou serviço em questão, e em
anexo todos os documentos gerados durante o processo; após o processo administrativo aberto
é publicado o edital, contendo todas as descrições e especificações necessárias para a
compreensão do serviço, junto com o projeto básico, orçamento, um esboço do contrato, e as
normas de execução a serem seguidas; a etapa seguinte refere-se ao recebimento das
propostas que podem variar de 5 a 45 dias de prazo após a publicação do edital, variando
conforme a modalidade; posterior ao recebimento e definição da empresa, é realizada a
homologação do contrato, o que validará o certame e finalizado com a assinatura do contrato
(BRASIL, 2014).
5
Figura 1 –Etapas do processo licitatório
Fonte: Brasil, 2014. Adaptado pelo autor.
O contrato de administração pública possui algumas particularidades que o diferem do
contrato de direito privado. Essas particularidades podem ser citadas como: o contratante ser a
Administração Pública, estar em concordância com a lei 8.666/93 que rege as licitações e
contratos públicos, disposição de cláusulas exorbitantes o que garantirá posto de
superioridade da administração no contrato, imposição de garantias como segurança e
possibilidade de variabilidade contratual (ROSA, 2011).
Posterior a todo o processo licitatório, precedente ao início da obra, onde é expedido
uma ordem de serviço, a qual resume-se por uma ação administrativa (MEDAUAR, 2018).
2.3 GERENCIAMENTO DE OBRAS PÚBLICAS
Na fase de licitação para caracterização de obra ou serviço objeto da mesma, é
necessário a apresentação do projeto básico que é constituído por vários elementos, e um
desses elementos do projeto básico, se trata do cronograma físico de obra, no qual o prazo
para finalização e entrega da obra estará definido (BRASIL, 1993).
O cronograma físico de uma obra é composto por especificações das etapas de
execução, onde estão contidas a discriminação de todos os serviços que serão realizados em
cada fase, e o período necessário para a conclusão de cada uma das etapas, segundo Project
Management Institute (PMBOK®, Guide, 2013).
Para a elaboração do cronograma físico de obra é utilizado um roteiro prático com as
seguintes etapas: identificação das atividades,a qual se trata do reconhecimento de todos os
serviços necessários na execução da edificação e que serão os itens dispostos no cronograma;
definição da duração de cada atividade, consiste no levantamento do tempo necessário para a
realização de cada atividade levando em conta a quantidade de recursos humanos e
equipamentos; e determinação da sequência das atividades, que é a precedência entre elas,
baseado pelos meios construtivos (MATTOS, 2010).
6
No que diz respeito ao termo serviço, Brasil (1993) define, serviço como sendo toda
prática empregada com a finalidade de conseguir algum produto almejado pela Administração
Pública, são exemplos: instalação, restauração, atividade técnica-profissional, adequação.
De acordo com Heldman (2015), a área de gerenciamento de tempo tem por propósito
determinar a duração de cada atividade a ser desenvolvida no projeto, produzir o cronograma
de obra e controlar qualquer alteração em cima do cronograma inicial que tenha ocorrido
durante a execução.
O Project Management Institute (PMBOK®, Guide, 2013) apresenta que, o
gerenciamento de tempo em um projeto é composto por etapas, essas etapas são formadas por
processos necessários para a conclusão da obra no prazo determinado. Os processos são os de
planejamento e gestão de cronograma; definição das atividades e suas sequências; previsão de
recursos necessários; estimativa de duração das atividades; desenvolvimento do cronograma e
monitoramento do cronograma.
No que se refere ao gerenciamento de tempo, Polito (2015) também afirma que, o
maior causador de alterações quantitativas sobre o orçamento de uma obra é a gestão de
tempo, trata-se de um dos aspectos mais relevantes dentro do processo de gerenciamento de
obras, podendo comprometer a qualidade final desta. O gerenciamento de tempo jamais
poderá ser negligenciado, levando em conta que o tempo após perdido não pode ser
recuperado.
Segundo Santos (2014), o prolongamento ou paralisação no desenvolvimento da obra,
pode acrescer de forma demasiada o valor final desta, afetando diretamente nas finanças
públicas. Além do transtorno e desorganização gerados sobre um cronograma e planejamento
por parte do contratante, com base na perspectiva do cumprimento de prazos pré-
estabelecidos.
A gestão de tempo vai além de elaborar e gerenciar um cronograma. Utilizar o tempo
de forma eficaz é o ideal para a garantia de um bom resultado. Quanto menor o tempo para a
entrega de uma obra, mais a rápido será o tempo de retorno do capital de investido, ficando à
disposição o emprego desse capital em outro empreendimento. O meio mais relevante de uma
obra é o tempo (POLITO, 2015).
7
3 METODOLOGIA
Após serem analisados os contratos de obras , termos de aditivos, ordens de serviço,
relatórios de medição de obra e cronogramas disponibilizados pela administração pública
municipal de Assis Chateaubriand-Pr, foram extraídas as informações utilizadas na
composição dos dados usados na pesquisa, documentos esses que estão em anexo.
As obras analisadas foram do período de 2010 a 2018, todas as obras do período são
regidas de acordo com a lei 8.666/93.
Retirou-se de cada documento uma informação, como no caso do contrato de obra, de
onde se obteve o prazo total para execução da obra estipulado em licitação, dos termos de
aditivos em que se apontam os motivos apresentados pelas empresas que tenham influenciado
diretamente no atraso das obras, das ordens de serviço que apresentam a data em que
iniciaram as obras, nos cronogramas haviam o prazo estabelecido em licitação para a
execução de cada serviço em especial e os relatórios de medição de obra retratam o
andamento dos serviços das obras no prazo em que ocorreram exatamente.
Para contratação dos serviços das obras, inicialmente realizou-se o processo licitatório,
após homologação e determinação da empresa ganhadora da licitação, o contrato foi assinado
pelo representante da empresa. Posterior a assinatura do contrato, a administração expede uma
ordem de serviço, o que estabelecerá a data de início da obra.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 INSTALAÇÃO DE PERGOLADOS EM MADEIRA
A obra referida compreende na fabricação e instalação de módulos de pergolados
ornamentais em madeira, localizados nos canteiros centrais da avenida Tupãssi em Assis
Chateaubriand-PR, apresentada na figura 2.
8
Figura 2 –Módulo de pergolado
Fonte: O autor, 2018
Ao todo são 07 módulos de pergolados, fabricados em madeira garapeira aparelhadas
lixadas, seladas e envernizadas, numa seção transversal de 20x20cm, parafusados por
conectores metálicos e fixados ao solo por fundação tipo broca.
A ordem de serviço desta obra foi expedida na data de 30/10/2017, a partir desta, a
empresa deveria iniciar a obra de forma imediata, pois é quando se dáinício ao período de
execução total da obra.
Como determinado pela ordem de serviço, a obra deveria ter sido iniciada
imediatamente após expedição da mesma, o que não ocorreu, notado que a obra iniciou
apenas três meses após a expedição da ordem de serviço, prazo esse em que a obra deveria ser
finalizada e entregue, fato em que resultou em um aditivo físico de prazo.
De acordo a lei 8.666/93, aditivos de prazos somente são aceitos decorrente a uma
justificativa por parte da contratante aprovada pela administração.
Posterior ao início da obra são realizadas as medições mensais, aferindo a quantidade
previamente executada do serviço contratado. Gerando desta maneira, um cronograma real de
execução da obra.
A tabela 1 apresenta o cronograma proposto em licitação.
9
Tabela 1 –Cronograma proposto em licitação da obra pergolados.
Fonte: O autor, 2018.
A duração efetiva da obra após o início foi de dois meses, tempo inferior a duração
apresentada no cronograma inicial da licitação, conforme apresentado na tabela 2 do
cronograma executado.
Tabela 2 –Cronograma executado da obra pergolados
DESCRIÇÃO MÊS 01 MÊS 02 MÊS 03 MÊS 04 MÊS 05
Serviços iniciais 55 % 45 %
Fundação 48 % 52 %
Estrutura em madeira 74 % 26 %
Pintura 0 % 100 %
Serviços finais 15 % 85 %
Fonte: O autor, 2018.
A justificativa do atraso na entrega da obra dos pergolados apresentada pela
contratante nesse caso foi de excesso de chuvas no período da construção, atraso na entrega
da madeira e impedimento de execução, pelo fato de ocorrer em período de natal, havia a
decoração natalina no local da obra, a qual segundo a empresa, não poderia ser retirada. A
justificativa apresentada foi aprovada pela administração.
Porém, os motivos apresentados pela empresa não são considerados como
imprevisíveis, pois a questão climática deve ser prevista em projeto e inserida como dias
improdutivos no cronograma inicial, a decoração natalina não bloquearia o espaço de
execução da obra e o atraso da entrega da madeira poderia ser evitado através da substituição
do fornecedor.
Além do atraso, houve uma segunda incompatibilidade, se tratando da porcentagem
executada mensalmente comparada com a porcentagem proposta em cronograma, como por
exemplo, os serviços iniciais, o qual estava previsto para ser concluído no primeiro mês e teve
DESCRIÇÃO MÊS 01 MÊS 02 MÊS 03
Serviços iniciais 100 %
Fundação 25% 75%
Estrutura em madeira 50 % 50 %
Pintura 25% 75 %
Serviços finais 100 %
10
duração de dois meses, isso se justifica devido ao fato da obra ser construída por módulos, ou
seja, cada pergolado foi executado separadamente e não todo simultaneamente como havia
sido presumido pelo orçamentista.
O segundo possível motivo, é a utilização de novos métodos construtivos, como a
produção em série, modelo organizacional de Ford e Taylor, resumido pela divisão do
trabalho em pequenas frações, onde cada uma dessas frações se torna uma função no sistema
produtivo, ficando responsável por cada função um trabalhador ou um grupo (MERLO E
LAPIS, 2006).
4.2 RECOLOCAÇÃO DA FEIRA DO PRODUTOR
A obra de recolocação da feira do produtor teve sua contratação também por meio de
licitação dentro da modalidade tomada de preço.
Essa obra consiste na retirada de blocos em estrutura metálica utilizados para
comercialização de produtos preparados ou cultivados por produtores do munícipio,
localizada na praça Manoel Clemente Vieira e reinstalação na praça Farroupilha.
A execução da obra consiste na retirada de estrutura metálica, compreendida em
pilares metálicos vazados de seção transversal de 20x20cm, tesouras, terças, calhas, rufos
metálicos e telhas onduladas em aço galvanizado. E a reinstalação consiste no serviço de
nivelamento do solo e compactação, execução de fundação tipo broca, instalação de tubulação
de águas pluviais, piso em concreto, blocos de 30 cm de altura de concreto armado para a
fixação dos pilares metálicos e montagem da cobertura. Pelo fato dos pilares metálicos serem
vazados, foi utilizado como abrigo para os tubos condutores de águas verticais.
Figura 3 – Feira do produtor
11
Fonte: O autor, 2018.
A tabela 3 se trata do cronograma proposto em licitação.
Tabela 3 –Cronograma proposto em licitação da obra feira do produtor.
DESCRIÇÃO MÊS 01 MÊS 02 MÊS 03 MÊS 04
Serviços preliminares 50 % 50%
Regularização de terreno 50% 50%
Fundação 50% 50%
Estrutura 50% 50%
Cobertura 25% 75%
Instalações elétricas 50% 50%
Instalações de águas pluviais 25% 25% 50%
Pavimentação 15% 25% 60%
Revestimentos
50% 50%
Serviços complementares 100%
Manutenção da praça Manoel
Clemente Vieira
30%
70%
Fonte: O autor, 2018.
A segunda divergência é entre os serviços de cobertura e instalações de águas pluviais,
onde a cobertura deve ser totalmente concluída para após dar início às instalações e no
cronograma proposto, as instalações iniciariam antes mesmo de iniciar a cobertura. Esse fato
pode ser justificado pela presença de condutores horizontais abaixo do piso e não apenas
condutores verticais como constava no orçamento proposto.
E a tabela 4 compreende ao cronograma executado da obra.
Tabela 4 –Cronograma executado da obra feira do produtor.
DESCRIÇÃO MÊS 01 MÊS 02 MÊS 03 MÊS 04
Serviços preliminares 91 % 09%
Regularização de terreno 100%
Fundação 100%
Estrutura 100%
Cobertura 100%
Instalações elétricas 25% 75%
12
Instalações de águas pluviais 100%
Pavimentação 100%
Revestimentos
100%
Serviços complementares 100%
Manutenção da praça Manoel
Clemente Vieira 34% 66%
Fonte: O autor, 2018
Diferente da obra dos pergolados, a feira do produtor teve uma antecipação na
execução, em que no cronograma proposto em licitação teria duração de quatro meses e deu-
se por concluído em apenas dois, utilizando somente metade do prazo.Esse fato pode se dar
por diferentes motivos.
Um dos possíveis motivos seria a variação do número de trabalhadores considerados
em fase de projeto e em execução, melhorando o planejamento inicialmente previsto. Como
determina Mattos (2010), a duração de cada atividade vincula-se a três fatores, montante da
atividade, quantia de materiais previstos e produtividade, a qual o último depende do número
de trabalhadores envolvidos na construção e também a habilidade de cada um, condição essa
que não é prevista em projeto.
4.3 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO PATRIMÔNIO DESILVEIRÓPOLIS
Esta obra refere-se à ampliação e reforma de uma unidade básica de saúde de porte l,
destinada a prestação de assistência à população do distrito de Silveirópolis, com 288,22m² de
construção.
Tendo como características de fundação em estaca tipo broca, estrutura em concreto
armado, vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos, estrutura do telhado em madeira e telhas
cerâmicas. Teve sua ordem de serviço remetida no dia 27/06/2017.
13
Figura 4 – Fachada da unidade básica de saúde
Fonte: Prefeitura de Assis Chateaubriand, 2018
A tabela 5 trata-se do cronograma da obra proposto em licitação.
Tabela 5 – Cronograma proposto da obra
DESCRIÇÃO MÊS
01
MÊS
02
MÊS
03
MÊS
04
MÊS
05
MÊS
06
MÊS
07
MÊS
08
MÊS
09
MÊS
10
Mobilização –
Canteiro de obras -
Demolições
100%
Movimento de
Terra 50 % 50 %
Cobertura 50% 50%
Fundação 50% 50%
Alvenaria de
Vedação 20% 20% 60%
Impermeabilização 100%
Revestimentos de
Pisos, Paredes e
Tetos
20% 20% 40% 20%
Esquadrias 20% 20% 60%
Instalações
Elétricas 20% 20% 30% 30%
Instalações
Hidráulicas 20% 20% 40% 20%
Rede de Ar
Comprimido 100%
Comunicação
Visual 100%
Diversos e
Limpeza da Obra 100%
Alambrado em
muro de concreto
“T”
50% 50%
Portão de Ferro 100% Fonte: O autor, 2018.
14
No cronograma proposto desta obra, também houve pequenas falhas, decorrente do
orçamento elaborado de forma inadequada. Encontrando-se com serviços distintos unidos ao
mesmo item, como no caso do item fundação, em que o serviço de estrutura estava anexo a
esse item, quando deveriam estar em itens separados de acordo com o gênero de cada serviço
e ordem de execução. Os serviços dispostos corretamente em itens separados facilitam na
elaboração do cronograma e na posterior medição de execução.
A tabela 6 se refere ao cronograma executado da obra.
Tabela 6 – Cronograma executado
DESCRIÇÃO MÊS
01
MÊS
02
MÊS
03
MÊS
04
MÊS
05
MÊS
06
MÊS
07
MÊS
08
MÊS
09
MÊS
10
MÊS
11
Mobilização –
Canteiro de
obras –
Demolições
100%
Movimento de
Terra 100%
Cobertura 33% 6% 38% 23%
Fundação 37% 23% 40%
Alvenaria de
Vedação
97% 3%
Impermeabiliza
ção 91%
9%
Revestimentos
de Pisos,
Paredes e Tetos
7% 10% 12% 21% 19% 18% 13%
Esquadrias 26% 74%
Instalações
Elétricas 16%
4%
80%
Instalações
Hidráulicas 37% 13% 50%
Rede de Ar
Comprimido
100%
Comunicação
Visual
100%
Diversos e
Limpeza da
Obra
49% 51%
Alambrado em
muro de
concreto “T”
100
%
Portão de Ferro
Fonte: O autor, 2018.
No cronograma executado o item fundação em que estava junto o serviço de estrutura,
foi executado sem pausa, não respeitando desta forma, o tempo de cura do concreto segundo a
norma, assim como na obra da Feira do Produtor.
No demais, nenhuma outra discordância que tenha sido encontrada no cronograma,
circunstância essa que pode ser justificada devido ao fato da obra se tratar de um projeto
padrão, em que todo o projeto básico, projeto arquitetônico, estrutural, hidráulico, elétrico,
15
orçamento, cronograma e memorial descritivo utilizado na licitação é disponibilizado pelo
Ministério da saúde, já que se trata de uma unidade básica de saúde. E consequentemente, o
cronograma desta obra foi elaborado com métodos e até instrumentos diferentes
secomparados aos projetos municipais.
4.4 DEMAIS OBRAS
Juntamente da análise das três obras citadas e descritas, foram analisadas mais 15
obras que não serão mencionadas nesse trabalho. Os métodos aplicados e documentos
utilizados foram os mesmos para todas as obras.
Dessa forma, pode-se constatar que, 38,9% das 18 obras analisadas foram entregues
fora do prazo; 16,67% foram concluídas entregues no prazo estipulado; 22,22% ainda não
foram concluídas, mas tem aditivo de prazo e 22,22% foram entregues antecipadamente.
Dados esses apresentados no gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Situação de Entrega das Obras Analisadas
Fonte: O autor, 2018.
7
4 4 3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Nú
me
ro t
ota
l d
e O
bra
s
ATRASADAS ATRASADAS (EM ANDAMENTO) ADIANTADAS NO PRAZO
16
5 CONCLUSÃO
De acordo com a análise dos cronogramas propostos e executados das obras, é
possível identificar que as ordens cronológicas como havia determinado em cronograma não
foram seguidas, muitos serviços obtiveram atraso em relação à data de início e término
propostas e foram poucos os serviços executados na mesma ordem do cronograma, isso pode
ser justificado pela utilização de técnicas construtivas diferentes ou pela interrupção do
serviço e início de um novo.
As obras em atraso geram um aditivo de prazo e também podem gerar um aditivo
financeiro além do risco de paralisação da obra caso não seja atendido o pedido de aditivo ou
se o andamento desta esteja muito lento, como já comentado anteriormente e os principais
motivos apresentados pelas empresas como justificativa de aditivo de prazo, foram de: chuvas
excessivas, atraso no recebimento de materiais, mudança de projeto, aumento de meta física,
atraso nos pagamentos quando referente a obras federais e dificuldade em contratação de mão
de obra.
Porém, depois de examinado, foi possível identificar, mais um motivo para as
alterações, tanto para atrasos como para adiantamentos, em que parte dessas alterações no
gerenciamento das obras se dá com elaboração do cronograma, realizada de forma incorreta,
não considerando características fundamentais da composição do cronograma, como a
quantidade de recursos humanos e produtividade, além da não utilização de instrumentos
eficientes e confiáveis.
Conforme o observado, apenas 17% das 18 obras analisadas foram executadas no
prazo exato em que estipulava o cronograma, e os 83% restantes apresentaram alterações no
cronograma inicialcomparado ao executado, essas alterações podem ser resumidas em duas
nomenclaturas: atraso e o adiantamento. Resultando desta maneira, em um número de pouco
mais de 60% de obras atrasadas e pouco mais de 20% de obras entregues antes do prazo.
17
REFERÊNCIAS
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ANEXO A – Ordem de serviço da obra dos pergolados.
20
ANEXO B – Termo de aditivo da obra dos pergolados
21
ANEXO B – Termo de aditivo da obra dos pergolados folha 2
22
ANEXO C –Ordem de serviço da obra feira do produtor
23
ANEXO D – Ordem de serviço da obra unidade básica de saúde de Silveirópolis
24
ANEXO E –Termo de aditivo da obra unidade básica de saúde de Silveirópolis