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MÓDULO 05 AGROPECUÁRIA GEOGRAFIA CEESVO 1

Geografia - CEESVO - Apostila - Módulo 05

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MÓDULO 05 AGROPECUÁRIA GEOGRAFIA

CEESVO 1

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CEESVO 2

Por que você precisa estudar Geografia?

Observando o espaço em que você vive, verá que foi produzido pelo homem,

através da modificação da natureza, plantando e colhendo, criando animais, erguendo construções.

Dessa forma, o planeta deixou de ser apenas uma paisagem natural, para se transformar num espaço geográfico humanizado, construído por meio do trabalho.

O espaço produzido pelo homem é bastante dinâmico pois à medida que mudam os instrumentos de trabalho, a sociedade também vai se modificando, surgem novas formas de pensar, morar e de se relacionar.

As sociedades desenham os espaços geográficos típicos da sua época e a cada avanço tecnológico, novos espaços vão sendo construídos.

Por isso, ao estudar Geografia, você estará refletindo sobre o modo de vida das sociedades que construíram o espaço em que você vive e assim poderá discutir novas formas de organização social, que poderão ser utilizadas em momentos futuros e conseqüentemente estará redesenhando esse espaço. (Adaptação- Igor Moreira)

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CEESVO 3

COMO ESTUDAR GEOGRAFIA

∴ Leia os textos com atenção, observe e analise os gráficos, as tabelas e os

mapas; ∴ Observe o vocabulário, pois contém informações importantes que poderão

esclarecer melhor os assuntos estudados; ∴ Consulte um dicionário quando encontrar uma palavra desconhecida; ∴ Localize os fatos estudados nos mapas ou jornais e televisão com os conteúdos

estudados; ∴ Resolva os questionamentos e as atividades em seu caderno para assimilar

melhor o assunto; ∴ Sempre que houver dúvidas, procure explicação do professor; ∴ Anote em seu caderno assunto relevantes, para mais tarde lhes servirem de

fonte de pesquisa; ∴ Freqüente a biblioteca da escola e utilize os recursos que nela estão disponíveis.

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CEESVO 4

ROTEIRO: Neste módulo você irá aprender:

1 - Como surgiu a agricultura e a pecuária;

2 - As novas relações no campo;

3 - Os sistemas agrícolas;

4 - As empresas agrícolas;

5- A revolução verde e a biotecnologia;

6 - A agricultura orgânica;

7 - A estrutura fundiária brasileira;

8- A Reforma agrária como solução para os problemas

agrários do Brasil.

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OBJETIVOS :

Ao concluir este módulo você deverá:

1. Compreender que a agricultura teria que satisfazer as necessidades de

um povo, ajudando-o a fixá-lo em seu território.

2. Entender como o processo de aumento de produção agropecuário, deu

origem a novas formas de organização espacial;

3. Relacionar a situação de miséria e fome dos países subdesenvolvidos da

atualidade, com o modo de produção agrícola;

4. Conhecer a evolução das atividades agrícolas atuais em escala regional

ou mundial;

5. Reconhecer que o uso da biotecnologia, aplicada tanto na agricultura

como na pecuária está mudando o modo de produção a nível mundial;

6. Concluir que os grandes territórios, como exemplo, o Brasil, não são

garantias de auto-suficiência agrícola;

7. Conhecer a estrutura fundiária brasileira e seus problemas;

8. Entender a importância da Reforma Agrária como uma solução para os

problemas nacionais.

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INTRODUÇÃO

Você está começando mais um módulo. Nele verá que através da produção agrícola, a humanidade modificou e transformou o espaço onde vive. Desde o início, a humanidade dependeu exclusivamente dos recursos que a natureza oferecia. Aos poucos, ela passou a criar e recriar os meios de sobrevivência para melhorar as suas condições de vida. As primeiras atividades produtivas que o homem desenvolveu foram a agricultura e a pecuária e destas surgiram o comércio, as cidades e a divisão territorial do trabalho. Com a diversificação e aumento da produção, houve um crescimento considerável da população, e novas formas de organização espacial foram se desenvolvendo. É importante salientar que hoje, a produção agropecuária está subordinada à grandes corporações agroindústrias multinacionais a, isto é, indústrias que transformam produtos da agricultura e da pecuária em material industrializado. São empresas multinacionais porque ultrapassam os limites do território, ou seja, são indústrias de origem estrangeiras. A pesquisa científica e tecnológica da agropecuária reflete a nova distribuição de poder. Na sociedade rural, até algumas décadas atrás o produtor tinha o poder sobre o uso do solo, da produção e do preço daquilo que produzia. Hoje a maioria dos agricultores estão à mercê de conglomerados ou seja, grupos econômicos que plantam e colhem. Muitos agricultores não decidem o que deve ser plantado e nem sabem o destino de sua colheita. Os atuais grupos econômicos das agroindústrias vendem a mesma semente para o mundo todo, impõem as espécies a serem plantadas ou criadas nos campos e estabelecem os preços que, muitas vezes, tornam os produtos acessíveis apenas aos que têm alto poder de compra.

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CEESVO 7

Como a agricultura e a pecuária modificam os espaços sociais e naturais? A agricultura e a pecuária surgiram por volta de 10 mil anos atrás, no período neolítico e constituem as primeiras atividades econômicas da humanidade.

Com a prática de plantar e domesticar os animais, os homens daquela época deixaram ser nômades, ou seja, não tinham um lugar fixo para morar e com a agricultura e a pecuária passaram a ser sedentários, isto é, passaram a fixar-se em um determinado lugar. E com isso conseguiram uma certa estabilidade e segurança, tornando as condições de reprodução de vida mais favoráveis, pois havia mais alimento disponível e o espaço melhor organizado. As atividades agropecuárias, inicialmente, desenvolveram-se às margens dos grandes rios e em torno delas surgiram as primeiras civilizações, tais como: • A Mesopotâmia (atual Iraque) entre os rios Tigres e Eufrates; • O Egito no rio Nilo; • A Índia entre os rios Ganges e o Indo; • A China no rio Yang-tse-kiang, etc. O aperfeiçoamento da técnica permitiu o aumento da produtividade e a geração de excedente, ou seja, a sobra do que é usado para a sobrevivência, que é comercializada, possibilitou o desenvolvimento do comércio, isto é, troca de produtos. Nos lugares onde ocorriam as trocas surgiram as primeiras cidades. As aglomerações urbanas se multiplicaram, e a primitiva divisão de tarefas por sexo deu lugar à divisão de trabalho por categoria social.

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“Os escravos e camponesas livres tinham que realizar o trabalho manual e cuidar da terra enquanto os governantes em geral, sacerdotes e guerreiros, controlavam os excedentes produzidos, apoderando-se de toda a produção. Desse modo, o divisão do trabalho começava a ser marcada também por uma divisão de trabalhadores das cidades”. Assim o campo era fonte de desenvolvimento econômico-social, as cidades estavam subordinadas às atividades rurais. Essa situação só foi revertida a situação com a Revolução Industrial, quando a industrialização passou a organizar o espaço urbano e estabeleceram-se novas relações entre a cidade e o campo.

NOVAS RELAÇÕES CIDADE X CAMPO Veja agora, como os países desenvolvidos formam um sistema de produção agrícola bem diferente da Antigüidade. A produção agropecuária mundial é muito heterogênea como também a relação entre o homem e o meio geográfico, por isso vida rural e a vida da população urbana que trabalha em atividades rurais é muito diversificada. Atualmente, os países desenvolvidos altamente industrializados, possuem grande produtividade, empregando modernas tecnologias e utilizando cada vez menos mão-de-obra.

DIVISÃO DE TRABALHO É muito difícil reconstituir a vida social das primeiras fases da Pré-História, em virtude da ausência de informações. De hábitos nômades, vivendo em cavernas, coletando raízes e frutas para sobreviver, pouco se pode falar de organização social. No entanto, o desafio do meio ambiental e hostil daquela época e o esforço comum para sobreviver foram levando, aos poucos, ao exercício da vida comunitária. Exemplo disso era a cooperação grupal para a caça aos animais de grande porte. Uma divisão de trabalho, logo de início, também é indício de cooperação: os homens dedicavam-se à caça e pesca; as mulheres e crianças cuidavam da coleta de raízes. As mulheres e as crianças providenciam o alimento plantando ou manipulando produtos naturais. Os homens vão à caça e realizam as tarefas mais pesadas. Os velhos davam conselhos e contavam histórias aos mais novos. A partir da descoberta do fogo, o sentimento grupal se fortalece ainda mais. Reunidos ao redor das fogueiras – que afugentavam os animais e amenizavam os rigores do frio – os homens primitivos passaram a desenvolver a vida em comum, as relações amistosas com grupos vizinhos e os sentimentos de família.

PARA SABER MAIS...

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“Os progressos técnicos nos sistemas de transportes e comunicações estão plenamente materializados em rede ou sistemas de transportes de pessoas mercadorias e informações que lhes permitem partir para uma política agrícola e industrial de especialização produtiva. Produzem apenas o que lhes é mais conveniente ou o que lhes seja fácil produzir, garantido maiores taxas de lucro. Buscam em outras regiões o que não produzem internamente. Essa realidade intensificou o comércio em escala mundial”. Já em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, por terem sido colônias, as atividades rurais se desenvolveram para abastecer o mercado externo e não o interno. Por isso houve certo avanço agrícola quando era de interesse dos colonizadores. Hoje, a grande maioria enfrenta o drástico empobrecimento dos trabalhadores rurais concentrados na periferia das cidades. “As regiões pobres e tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir apenas o que produzem e são muito sensíveis aos rigores impostos pelas condições naturais, nem sempre favoráveis à produção agrícola. A conseqüência imediata dessa situação é a fome”. Muitos países que foram colônias e atualmente fazem parte dos países de industrialização recente estão procurando se modernizar, formando ilhas de prosperidade e ao mesmo tempo expulsando grande contingente de camponeses e pequenos agricultores dos campos. Sem saída, estes partem para as cidades. Para reduzir os custos e obter melhor produtividade, tanto nos países em desenvolvimento como os desenvolvidos, foram introduzidas inovações como: � utilização de implementos agrícolas: adubos, máquinas; � concentração de terras; � adoção de trabalho assalariado – com o emprego de trabalhadores,

principalmente, temporários; � presença de empresas (para direcionar as atividades e a produção

agropecuária); � surgimento de pequenos proprietários e camponeses especializados, mas

totalmente subordinados ao capital industrial – são obrigados a comprar os insumos agrícolas (semente, adubos, máquinas, etc.) a preços altos e vender seus produtos e preços baixos

� desenvolvimento de tecnologia de irrigação e aproveitamento do solo; � desenvolvimento da veterinária e difusão das inovações biogenéticas voltadas

para a criação de espécies vegetais e animais resistentes e produtivos.

A terceirização da economia também invade o campo, com utilização da

informática. Os proprietários agrários se interligam a redes locais, regionais e internacionais em busca de informações sobre as condições de mercado e fluxos, produção, necessidades, variação de preço, novos produtos. Ainda, eles contratam serviços de terceiros para programar suas produções, como: os cuidados contra pragas, melhor aproveitamento do espaço agrícola. Muitos proprietários procuram se especializar em microcomputadores para acompanhar o desenvolvimento da produção agrícola.

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Outro fator que merece destaque é a industrialização que se instala junto às propriedades agrárias, como por exemplo, a indústria de sucos nos locais de plantação de frutas ou de álcool e açúcar nas canavieiras. São as agroindústrias.

Observe a foto abaixo. Você pode perceber a colheita da cana-de-açúcar

mecanizada, num processo aliada à indústria, caracterizando uma agroindústria.

AGROINDÚSTRIA

É a unificação das atividades agrícolas e industriais num só local: a

agroindústria. Geralmente se instala na zona rural. As empresas agrícolas se caracterizam por: � transformações imediatas da matéria-prima no local; � elevada mecanização; � mão-de-obra local.

Exemplos: usinas de açúcar e álcool, indústria de laticínios, indústria de óleo de soja, etc.

RESPONDA EM SEU CADERNO

1. Como as atividades agropecuárias modificam as relações

sociais? 2. Cite as diferenças entre a produção agrícola nos países desenvolvidos e a

dos países subdesenvolvidos. 3. Explique como a agricultura se tornou uma importante atividade econômica

para a humanidade. 4. Quais são os fatores que tornam a agricultura de hoje mais produtiva?

colheita da cana-de-açúcar mecanizada

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Sistema de Agricultura extensiva

Pecuária intensiva

OS SISTEMAS AGROPECUÁRIOS

De acordo com o grau de capitalização e o índice de produtividade, independentemente do tamanho da área cultivada ou de criação, os sistemas agrícolas e pecuários podem ser classificados em: intensivos e extensivos.

No sistema extensivo, o

gado se alimenta apenas em pastos naturais e geralmente apresenta baixa produtividade. Na agricultura, aplicação de técnicas rudimentares apresenta baixo índice de exploração da terra e conseqüentemente, a produtividade é baixa. Este sistema ainda é muito comum nos países pobres como o Brasil, ou em áreas onde a agricultura é descapitalizada. Também podemos chamá-la de agricultura itinerante de subsistência.

No sistema intensivo há

utilização de modernas técnicas para o preparo do solo, cultivo e colheita ,apresenta alta produtividade e ainda o solo pode ser explorado por uma longo período. Na pecuária, por exemplo, há bom rendimento e alta produtividade, pois o gado pode ser, confinado ou solto, desde que a alimentação seja balanceada,

pastos cultivados e tenha assistência veterinária. PECUÁRIA INTENSIVA: criação de gado estabulado, com maiores cuidados, tais como assistência veterinário e rações especiais. Sua finalidade é a produção de leite para os laticínios (gado leiteiro).

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AGRICULTURA ITINERANTE E ROÇA

A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou em parceria com os grandes latifundiários onde a mão-de-obra familiar é muito importante. Por falta de assistência técnica e de recursos, a rentabilidade, a produção e a produtividade são baixas. O solo, em pouco tempo, torna-se estéril e exposto à erosão. Ao perceber que o rendimento está diminuindo, o agricultor desmata outra área e pratica a queimada para acelerar o plantio e a colheita, que em breve será abandonada pelo mesmo motivo (esgotamento do solo, erosão, baixa produção).

Como já não existem tantas terras devolutas, isto é, terras sem dono e que pertencem ao Estado, com as matas originais a terra é abandonada, sem ter recebido qualquer cuidado e adubo, volta a ser ocupada. Nas áreas abandonadas surgem uma vegetação secundária, conhecida por capoeira, que anos depois é novamente queimada para o plantio. É por isso que essa prática é conhecida por itinerante e extensiva, baseada na rotação de terras.

A queimada é prejudicial ao solo por impedir a formação de humo, adubo natural orgânico. Esta é uma realidade de muitos países da África do Sul, e sudeste da Ásia e da América Latina (inclusive o Brasil). O agricultor e sua família cultivam alguns produtos que serão vendidos na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem, muitas vezes, mal dá para sobreviver. “Não há excedente de capital que lhes permita buscar uma melhoria nas técnicas de cultivo e aumento de produtividade. Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes dos grandes centros urbanos e dos eixos rodoviários, onde a terra é mais barata, em função das grandes dificuldades de comercialização do produto”. Enquanto não houver uma assistência governamental digna, a queimada é a única forma de acelerar o cultivo, apesar de provocar a erosão e a desertificação. Em muitos lugares do sul e sudeste asiático pratica-se a agricultura de jardinagem, um sistema agrícola de subsistência diferente em função da numerosa mão-de-obra.

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CEESVO 13

Bali (Indonésia). Jardinagem de tipo oriental: arroz semeado em viveiros, só

depois é transplantado manualmente para o campo de cultivo.

Empresa agrícola

AGRICULTURA DE JARDINAGEM

É um sistema praticado em pequenas e médias propriedades pelos próprios proprietários e sua família ou em parceria com os grandes latifundiários.

A diferença fundamental do sistema anterior é que neste se obtém alta

produtividade, através da utilização de fertilizantes, da aplicação de tecnologias avançadas para a conversão do solo, da biotecnologia e da seleção de sementes. Nos países populosos como a Tailândia, Indonésia, Filipinas, e onde há grande concentração de renda e de “terra”, muitas famílias contam com áreas tão pequenas que as condições de vida são bastante precárias. Em países que realizaram reforma agrária (como Japão e Taiwan) após a extinção das comunas chinesas, a produção é obtida em propriedades muito pequenas (inferior a um hectare por família) em virtude do excedente populacional. A partir da década de 70, com a expansão de propriedades particulares e da capitalização agrícola, o campo está em acelerado processo de modernização, contando com muitas empresas agrícolas.

Atualmente as empresas agrícolas estão presentes em quase todos os países do mundo e são responsáveis pela grande produção e distribuição dos alimentos e de matéria-prima para as indústrias. São, também, as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos e pela grande desigualdade social dos países subdesenvolvidos.

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CEESVO 14

Plantação de laranja

A produção é obtida em médias e grandes propriedades altamente capitalizadas onde se atingiu o máximo de desenvolvimento tecnológico. A alta produtividade se deve: - à seleção de sementes; - ao uso intensivo de fertilizantes; - ao alto grau de mecanização no reparo, no plantio e na colheita; - às ótimas condições de armazenamento; - ao sistemático acompanhamento de todas as etapas da produção e

comercialização por técnicos, engenheiros e administradores.

A produção é destinada tanto ao mercado interno quanto ao mercado externo. Nas regiões onde se implantou este sistema verifica-se uma tendência à

concentração da terra, pois os pequenos proprietários não conseguem acompanhar a produtividade, a competitividade, a modernização e as crescentes exigências do sistema capitalista e acabam perdendo as suas terras.

Este sistema é comum na Austrália, União Européia, Canadá, nos Estados

Unidos, em alguns lugares da Argentina, do Brasil e da África do Sul. Nos Estados Unidos, as grandes propriedades se organizaram em cinturões

(belts), em função das condições do clima. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização em grandes propriedades. No Brasil, temos o exemplo dos cinturões de laranja, de soja, da cana-de-açúcar.

Ao lado das modernas agroindústrias, ainda existe um sistema agrícola herdado pelos colonizadores – a plantation.

A PLANTATION

Este sistema é típico dos países subdesenvolvidos, que foram colônias européias. A produção baseava-se em grandes propriedades, monocultura de produtos tropicais e na mão-de-obra escrava. Esse sistema ainda persiste no Brasil, Colômbia, Gana, Costa do Marfim, Índia, Malásia (antiga Malásia), América Central, etc. a mão-de-obra de muitos desses países não envolve pagamento de salário, trabalha-se em troca de moradia e alimentação. Embora, hoje, existam leis proibindo

o trabalho escravo ou semi-escravo, há lugares onde clandestinamente os trabalhadores sofrem tal ato.

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CEESVO 15

O sistema de plantation usa as melhores terras para a sua produção, principalmente nos países pobres!

Não podemos generalizar que todos os países subdesenvolvidos sejam essencialmente agrícolas, mas, a maioria deles tem a bases econômica na atividade rural, pratica-se a agropecuária extensiva e vigora uma política exportadora. Por essa razão, muitos países ricos na produção agropecuária têm a grande parcela de sua população passando fome. Veja no mapa a seguir os locais no mundo onde temos o sistema de plantation.

Um processo agropecuário que merece atenção pela sua importância é o cinturão verde e as bacias leiteiras, responsáveis pelo abastecimento das metrópoles.

CINTURÃO VERDE E BACIAS LEITERAS

Você já percebeu que nas grandes metrópoles e nas periferias dos centros urbanos, pratica-se agricultura e pecuária intensivas para atender às necessidades de consumo da população local. A produção hortigranjeira e leiteira são obtidas em pequenas e médias propriedades, com a mão-de-obra predominante familiar. São áreas onde há forte atuação dos descendentes de imigrantes.

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CEESVO 16

Apesar de a produção ser restrita e não ser tão alta quanto a das empresas agrícolas, a produtividade e o giro comercial são rápidos e permitem um excedente capital para o investimento constante na modernização das técnicas, ou seja, produção é vendida rapidamente, por estar próxima aos consumidores.

RESPONDA EM SEU CADERNO

1. Explique, o que é a terceirização do campo? 2. Por que ainda existe a agricultura itinerante? 3. Relacione a formação de empresas agrícolas com a concentração de terra

nas mãos de grandes proprietários. 4. Descreva com suas palavras: como é o sistema de plantation?

REVOLUÇÃO VERDE À BIOTECNOLOGIA A partir da Revolução Industrial, a agropecuária alcançou um estágio técnico e científico que possibilitou o aumento da produção, para atender, em termos, às crescentes necessidades da população mundial.

Você sabe, o que é biotecnologia? Então, fique sabendo que dos avanços conquistados pela produção de

alimentos os mais extraordinários deles, têm sido, nos últimos anos, os obtidos no campo da biotecnologia, isto é, qualquer técnica que use processos vivos para modificar produtos, melhorar plantas ou animais, ou desenvolver microrganismos para usos específicos.

Agora você vai ver como os avanços nas técnicas e na estrutura da produção de alimentos, em especial , a agropecuária com seus eventuais problemas e

sobretudo, o grande abismo entre as nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas.

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CEESVO 17

Na agricultura, a biotecnologia vem sendo utilizada para aumentar o

rendimento e a resistência às doenças de vegetais como milho, algodão, mandioca, café, trigo, batata, soja etc.

É aplicada também na pecuária, favorecendo o avanço de vários campos de

medicina veterinária – diagnóstico de doenças – desenvolvimento de vacinas e medicamentos novos, administração de hormônios de crescimento para aumentar a produção de leite e de carne.

As novas tecnologias de cruzamento genético estão mudando o modo como plantas e animais são produzidos.

O complexo agro-industrial deve passar, no próximo século, da agricultura

baseada na petroquímica baseada na genética. O desenvolvimento da informática aplicada à agricultura ajudará os

agricultores a monitorar o meio ambiente, a estabelecer estratégias de ação, e a identificar áreas problemáticas e os equipamentos automatizados executarão as diferentes tarefas agrícolas, transformando as fazendas modernas em fábricas automatizadas. Ainda, até a metade do próximo século, em nome do progresso, a nova tecnologia poderá acabar com a agricultura ao ar livre e comprometerá 2,5 bilhões de agriculturas que dependem da terra para sua sobrevivência.

A biotecnologia é uma nova etapa na tentativa de produzir mais alimentos,

reduzir custos, oferecer novos produtos, criar novos tipos de empregados, mas com certeza vai acentuar ainda assim o desequilíbrio existente entre as nações ricas e as pobres.

Como o desenvolvimento da biotecnologia envolve custos muito altos e exige

pesquisadores totalmente qualificados, por si só, já limita o acesso desses avanços tecnológicos às grandes empresas transnacionais, o que certamente agravará a relação de dependência do mundo não desenvolvido.

Além disso, a biotecnologia possibilitará melhor combate às pragas e maior

proteção às colheitas, mas existirão sérios riscos envolvidos na perda de postos de trabalho no campo e na difusão de novos organismo criados artificialmente”.

Em contraposição a esse avanço tecnológico surge a agricultura orgânica.

AGRICULTURA ORGÂNICA

“Ao mesmo tempo em que a engenharia genética enfrenta esses desafios e a biotecnologia avança a passos largos, cresce a prática da agricultura orgânica, principalmente nos países desenvolvidos, com a utilização de métodos naturais para a correção do solo e controle de pragas, por exemplo.

Problemas como carne bovina infectada, verduras com excesso de

agrotóxicos, rios poluídos por pesticidas, esgotamento do solo em virtude do uso intensivo da irrigação tem forçado as pessoas envolvidas no processo de agropecuária a repensarem os métodos utilizados.

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MÓDULO 05 AGROPECUÁRIA GEOGRAFIA

CEESVO 18

Os consumidores desse período de transição do final de século XX para o XXI

estão cada vez mais conscientes em relação aos problemas ecológicos e muitos têm optado por adquirir produtos naturais”.

“O mercado de produtos orgânicos vem crescendo nos últimos anos. Para ser

orgânico, o produto não pode ter sido adubado com fertilizante químico e nem receber nenhum tipo de pulverização com agrotóxico. Desenvolver agricultura orgânica não é simples, principalmente no caso de grandes áreas, como as da sojicultura e cítricultura. O agricultor precisa estar vigilante examinando suas lavouras. Algumas empresas transacionais estão interessadas em destinar recursos financeiros para que os agricultores se dediquem a este tipo de agricultura no Brasil.

A tendência dos consumidores, em especial, os dos países desenvolvidos, é ser cada vez mais seletivo em relação aos alimentos, dando preferência, por questões de saúde, aos orgânicos.

Hoje em dia, a rotação de culturas é praticada na Europa com sucesso, na

produção de alimentos. Esse tipo de agricultura já era praticada na Idade Média, conhecida como rotação trienal ou sistema de três campos.

Observe na figura a seguir, enquanto a terra ficava em repouso para recuperar a fertilidade, estava sendo utilizada como pasto.

Assim, a terra não fica ociosa em nenhuma época do ano, e a produtividade

por hectare é bastante elevada.

Para os capitais esse sistema não é muito conveniente pela demora do retorno (lucro) do investimento aplicado e, mesmo conscientes dos danos ambientais, continuam todo o processo: monocultura, alta mecanização, uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos, etc. Utilizam-se a política OIT (Organização Internacional do Trabalho) para que os países dependentes continuem aumentando a produção agropecuária destinada à exportação par satisfazer aos seus interesses.

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MÓDULO 05 AGROPECUÁRIA GEOGRAFIA

CEESVO 19

*Setor primário,

engloba as

atividades

agropecuárias e

extrativas.

Observe o quadro a seguir, os países dependentes ou subdesenvolvidos tem

a grande parcela da população ativa participando da economia do seu país, também, a participação da agricultura no produto nacional bruto (PIB) é significativa.

Veja também que nos países industrializados a participação da população

ativa na agricultura e produção agrícola na economia do seu país, são geralmente, menores que os subdesenvolvidos.

A AGRICULTURA EM CIFRAS

PAÍSES

PARTICIPAÇÃO DA AGRICULTURA NO

PNB

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE

ATIVA CUBA 62% 23%

BOLÍVIA 20% 50%

BRASIL 15% 30%

E.U.A 2,1% 2,8%

ETIÓPIA 42% 77%

Outro fator marcante é o setor primário* constituindo a base econômica dos países subdesenvolvidos. Como se pratica uma agricultura predominantemente extensiva, o percentual da população ativa nesse setor é muito alto, como é o caso da Etiópia (77%) e como vigora a política agrícola de abastecimento ao mercado exterior, a grande parcela da produção é castigada pela miséria e fome.

“Ao comparar os dados dos gráficos a seguir, podemos observar que

grandes territórios não são garantia de auto-suficiência agrícola. O Brasil, apesar de ter safras muitas vezes abundantes, é grande importador de cereais, enquanto a França, de reduzida extensão territorial, são importantes exportadores de cereais”.

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CEESVO 20

RESPONDA EM SEU CADERNO

1. O Brasil sendo, um país de dimensões continentais, com solo e clima favoráveis à produção agrícola por que importa alimentos?

2. Com quem estão as terras, se temos muitos brasileiros sem terra?

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CEESVO 21

Muitas contradições respondem esses questionamentos, começando pela estrutura fundiária brasileira, que será o nosso próximo assunto.

A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

A estrutura fundiária brasileira tem um passado colonial, norteado pela colonização de exploração. A distribuição e utilização das terras eram de acordo com os interesses da metrópole que introduziu o sistema de “sesmarias” (grandes propriedades que se beneficiavam somente os ricos). O acúmulo de riqueza, representava ostentação e poder. Nessas terras eram desenvolvidas grandes monoculturas, que utilizavam o trabalho escravo, visando o mercado externo. Foi assim que surgiram os “latifúndios”. A partir de l850 foi aprovada a Lei de Terras que instituía um sistema oficial de compra e venda de propriedades rurais. Essa lei, de certa forma, impedia que os escravos e os imigrantes comprassem terras, pois as propriedades rurais tiveram grande valorização. Assim, os grandes latifundários continuavam no poder. Mais tarde, surgiram algumas pequenas propriedades onde famílias de imigrantes europeus, iniciaram uma colonização. As famílias cresceram e as propriedades foram divididas. Muitas delas são tão pequenas (minifúndios) que não conseguem produzir o necessário para o sustento da família, o que causa sério problema social. O problema maior são os latifúndios, isto é, imensas propriedades ociosas, pois os proprietários as têm apenas para especulação imobiliária. Os latifundiários muitas vezes não produzem e não deixam os outros produzirem. Esse problema confirma o subaproveitamento ou mal aproveitamento do espaço rural brasileiro.

Não. Porque em quase todos os países do Terceiro Mundo que foram colônias de países europeus, foi imposto o sistema de “plantation”, onde a divisão de propriedades e a maneira de utilizar o solo e o espaço atendiam apenas aos interesses dos dominantes e não se preocupavam com o que poderia acontecer no futuro. No Brasil, há ainda milhares de trabalhadores sem terra. Este é o lado perverso da questão agrária brasileira, onde 3% dos latifundiários detém 57% da área total do país e a maioria (37% desta área) é constituída por latifúndio improdutivos. Muitas vezes os pequenos proprietários, responsáveis pela produção para atender às necessidades da população local são encurralados por esses latifundiários e sem saída acabam vendendo suas terras a preços baixos e engrossando a fila dos sem terra.

O subaproveitamento do espaço rural só acontece no Brasil?

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MÓDULO 05 AGROPECUÁRIA GEOGRAFIA

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Já em contradição, a elevada especulação dos imóveis rurais perpetua o domínio dos latifundiários e a escassez na oferta de alimentos no mercado interno. Para tentar resolver esta questão o governo realizou milhares de assentamentos de sem terra. Só no Mato Grosso, em 1995, oitenta mil famílias receberam terras devolutas do Estado, e as grandes propriedades foram declaradas de interesse para a reforma agrária e desapropriadas.

Mas devemos ressaltar que, a reforma agrária não é um processo simples de redistribuição de terras. Ela deve criar condições para que o trabalhador rural torne-se proprietário e produtor de sua subsistência e para isso, necessita de uma acessoria técnica e administrativa adequada. É de competência do Estado estimular e garantir a produção agrícola dos pequenos agricultores e criar mecanismos necessários para colocá-los no mercado. Todas estas questões sempre estiveram e continuam relegadas a segundo plano. Muito mais que isso já se tem feito aos grandes agricultores, através de mecanismos de crédito a longo prazo, subsídios e protecionismo. “A mecanização subsidiada pelo governo, cujo exemplo é o cultivo da soja, transformou o estado do Paraná de uma frente pioneira do café, que atraía a população de outros estados, no maior exportador de mão-de-obra do Brasil, em apenas duas décadas. A concentração de propriedade da terra, decorrente de sua valorização e do acesso diferenciado ao crédito, resultou na expropriação violenta de pequenos produtores (parceiros, posseiros, pequenos proprietários, etc.). Em conseqüência a mobilidade passou a se dar em escala nacional e está associada à formação de um novo mercado de trabalho com características próprias”. Muitos latifundiários que contraíram empréstimos através deste subsídio, nunca liquidaram suas dívidas.

REFORMA AGRÁRIA : UMA LUTA DE TODOS O Brasil apresenta um dos maiores índices de concentração de terras do mundo. A concentração de propriedade da terra é um dos grandes problemas de milhões de famílias de trabalhadores rurais: sem –terra, posseiros, bóia-frias, etc.

Você sabia que...

* No Brasil 70% de sua área é cultivável, mas apenas 7,4% dessa área é aproveitada para a agricultura.

* No Brasil há grande concentração de terras em mãos de alguns poucos

proprietários, enquanto a grande maioria dos produtores rurais detêm parcela muito pequena de terra.

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Os trabalhadores organizados derrubam as cercas dos latifúndios, ocupando a terra. Esta tem sido uma forma de pressionar o governo a desapropriar as terras ocupadas e realizar os assentamentos para que as famílias possam trabalhar dignamente. Nesta luta, milhares de trabalhadores são assassinados. Frente à sua resistência o governo realiza alguns projetos de assentamentos, especialmente na região Norte do país. Desde 1978 até 1994, foram realizados mais de cem mil assentamentos, onde vivem cerca de quarenta mil famílias em uma área de mais de sete milhões de hectares. Já a luta pela reforma agrária não acaba na conquista da terra pelos trabalhadores ou na realização de projetos de assentamentos pelo governo, Há outras “cercas” que precisam ser derrubadas. São cercas que impedem a existência de uma política agrícola voltada para os interesses da agricultura familiar. Além de uma política agrícola é necessária a efetivação dos direitos básicos da

cidadania, tais como educação e saúde. Neste sentido, a luta pela conquista da democracia. A luta do MST é justa, porém muitas pessoas que fazem parte querem tirar proveito da situação, algumas nunca trabalharam no campo. Outro ponto desfavorável, que dificulta o assentamento são as indenizações com o valor muito alto, acima do que a propriedade realmente vale. Alguns latifundiários incentivam a ocupação da sua propriedade pelos sem terra para dessa forma ela ser desapropriada e poder vender ao INCRA.

FIQUE SABENDO QUE... Uma verdadeira reforma agrária não consiste somente na redistribuição de terra, vai muito além disso, o Estado deve facilitar aos camponeses o crédito bancário, o transporte, e outros fatores como orientação para o plantio, ensino de técnicas agrícolas e também na formação de cooperativas.

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Leitura complementar

AMPLIANDO O ASSUNTO...

Tensão no campo

Nos anos 1950, os trabalhadores rurais começaram a organizar

sindicatos que tiveram, sua expressão máxima na Ligas Camponesas de Francisco Julião, na região nordeste, duramente combatidas pelo regime militar.

Entretanto foi no Rio Grande do Sul, na década de 1970, que surgiram os primeiros movimentos dos trabalhadores rurais sem terra que acabaram por se espalhar por outros estados e por reunir cada vez mais um número de adeptos. Em 1984, foi criada a entidade que tem por objetivo fazer uma reforma agrária rápida e justa – o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).

Entretanto a interpretação do que é “função social” da terra é feita de modo diferente pelo governo e pelos proprietários rurais. Os invasores do MST argumentam que estão tomando posse de terras improdutivas e o outro lado considera essa atitude um ato criminoso que fere o direito de propriedade.

Esses diferentes pontos de vista têm causado violentos conflitos com baixas em ambos os lados, embora o número de trabalhadores rurais mortos nesses embates seja bem maior que o de policiais ou pistoleiros contratados por fazendeiros para defender suas terras. Muitas vezes, grileiros (indivíduos que procuram posse de terras alheias mediante falsas escrituras de propriedade) que pretendem lucrar com a especulação imobiliária promovem verdadeiras chacinas de posseiros e famílias que ocupam a terra para produzir.

Os conflitos no campo e a participação do MST em invasões que nem sempre visam se apossar de terras improdutivas, como nas freqüentes tentativas de ocupação da fazenda dos filhos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, são um assunto polêmico na sociedade brasileira. Enquanto alguns líderes fazem do movimento uma “profissão”, inocentes são sacrificados nessa luta desigual pelas terras no Brasil.

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BIBLIOGRAFIA

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EQUIPE DE GEOGRAFIA CEESVO 2004

Deise Quevedo Bertaco Jaime Aparecido da Silva

Maria de Fátima Pinto

COLABORAÇÃO

Luiz Gustavo Cerqueira Ferreira Júlia de Oliveira Rodrigues Vieira

Neiva Aparecida Ferraz Nunes

DIREÇÃO

Elisabete Marinoni Gomes

Maria Isabel R. de C. Kupper

APOIO.

Prefeitura Municipal de Votorantim.