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  Em Portugal o AVC é a principal causa de morte, originando a maior parte dos internamentos nos nossos hospitais. Calcula-se que no nosso País morram por ano cerca de 200/100.000, isto é, por cada hora morrem por AVC entre duas a três pessoas. Constatou-se também que 50% dos doentes que sobreviveram a um AVC ficam com limitações para o desempenho das actividades da sua vida diária, dos quais 20% ficam totalmente dependentes. Portugal apresenta uma das mais altas taxas de mortalidade de todo o Mundo por AVC, sendo a mais alta da Europa Ocidental. A incidência não é conhecida no nosso País, contudo, segundo dados oficiais, foram internados nos nossos hospitais durante o ano de 2004, 33.555 doentes devido a AVC. Estes registos têm claras limitações porque uma parte importante dos doentes que sofrem um AVC é desconhecida, devido a não recorrerem aos hospitais, pelo que se pode inferir que a incidência do A VC é muito superior a este número. O AVC é, predominantemente, uma doença dos indivíduos com mais de 65 anos e está correlaciona-da, essencialmente, com os factores de risco vascu-lar. Considerando que, cada vez mais, são encontra-das causas que predispõem um doente a contrair um AVC, tem sido de boa prática clínica identificá-las e actuar sobre elas, isto é, desenvolver políticas de prevenção. «A melhor maneira de tratar um AVC é fazer com que o doente não o tenha». É hoje possível calcular a probabilidade de ocorrência de A VC em função dos factores de risco presentes (Lumley, Kronmal, & Cushman, 2002). Estudos prospectivos de intervenção vieram demonstrar que a manipulação dos factores de risco modificáveis influencia a expressividade da doença suportando a importância da prevenção. A intervenção nos chamados factores de risco modificáveis associados ao estilo de vida: tabagismo, ingestão de álcool, dieta inadequada e falta de actividade física, embora desde sempre tenha integrado a lista de abordagem terapêutica, terá que ser reforçada, quer pelo melhor conhecimento da realidade local, designadamente na obtenção da história clínica do doente individual, quer na planificação de intervenções (Portinga, 2006). Dada a relação com factores de risco que são intervencionáveis a doenç a cerebrovascular é essencialmente prevenível ( Kuller , 2001). Para obter melhores resultados, os serviços de saúde devem desenvolver estratégias de pr ev enção primária e se cu ndárias ajus ta das à realidade da população, sendo fundamental o conhecimento de aspectos epidemiológicos. São também importantes as estratégias de tratamento e reabilitação das pessoas afectadas. Um sistema de saúde deve fornecer às pessoas os melhores cuidados. Estes devem ser disponibilizados duma forma abrangente visando prioritariamente a manutenção e elevação da saúde, através de políticas de promoção, manutenção da saúde e de prevenção da doença, mas sabendo responder aos problemas decorrentes das doenças. O A VC constitui um modelo de doença que tem aspectos particularmente relevantes e que justificam a sua escolha para este trabalho. É o AV C um problema de saúde pública em Portugal; constitui a primeira causa de mortalidade e uma das primeiras de incapacidade. Em grande parte é secundário à aterosclerose e esta consequência de factores de risco con hec ido s e intervencionáveis como são a Hip ertens ão, a Hip erc olesterolémi a, a

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  Em Portugal o AVC é a principal causa de morte, originando a maior parte dosinternamentos nos nossos hospitais. Calcula-se que no nosso País morram por ano cercade 200/100.000, isto é, por cada hora morrem por AVC entre duas a três pessoas.Constatou-se também que 50% dos doentes que sobreviveram a um AVC ficam comlimitações para o desempenho das actividades da sua vida diária, dos quais 20% ficam

totalmente dependentes.Portugal apresenta uma das mais altas taxas de mortalidade de todo o Mundo por AVC,sendo a mais alta da Europa Ocidental.

A incidência não é conhecida no nosso País, contudo, segundo dados oficiais, foraminternados nos nossos hospitais durante o ano de 2004, 33.555 doentes devido a AVC.Estes registos têm claras limitações porque uma parte importante dos doentes que sofremum AVC é desconhecida, devido a não recorrerem aos hospitais, pelo que se pode inferir que a incidência do AVC é muito superior a este número.

O AVC é, predominantemente, uma doença dos indivíduos com mais de 65 anos e estácorrelaciona-da, essencialmente, com os factores de risco vascu-lar. Considerando que,cada vez mais, são encontra-das causas que predispõem um doente a contrair um AVC,

tem sido de boa prática clínica identificá-las e actuar sobre elas, isto é, desenvolver políticas de prevenção. «A melhor maneira de tratar um AVC é fazer com que o doentenão o tenha».

É hoje possível calcular a probabilidade de ocorrência de AVC em função dosfactores de risco presentes (Lumley, Kronmal, & Cushman, 2002). Estudos prospectivosdeintervenção vieram demonstrar que a manipulação dos factores de risco modificáveisinfluencia a expressividade da doença suportando a importância da prevenção.

A intervenção nos chamados factores de risco modificáveis associados ao estilo devida: tabagismo, ingestão de álcool, dieta inadequada e falta de actividade física, emboradesde sempre tenha integrado a lista de abordagem terapêutica, terá que ser reforçada,quer pelo melhor conhecimento da realidade local, designadamente na obtenção dahistória clínica do doente individual, quer na planificação de intervenções (Portinga, 2006).Dada a relação com factores de risco que são intervencionáveis a doençacerebrovascular é essencialmente prevenível (Kuller, 2001).Para obter melhores resultados, os serviços de saúde devem desenvolver estratégiasde prevenção primária e secundárias ajustadas à realidade da população, sendofundamental o conhecimento de aspectos epidemiológicos. São também importantes asestratégias de tratamento e reabilitação das pessoas afectadas.

Um sistema de saúde deve fornecer às pessoas os melhores cuidados. Estes devemser disponibilizados duma forma abrangente visando prioritariamente a manutenção eelevação da saúde, através de políticas de promoção, manutenção da saúde e deprevenção dadoença, mas sabendo responder aos problemas decorrentes das doenças.

O AVC constitui um modelo de doença que tem aspectos particularmente relevantese que justificam a sua escolha para este trabalho. É o AVC um problema de saúde públicaem Portugal; constitui a primeira causa de mortalidade e uma das primeiras de

incapacidade.Em grande parte é secundário à aterosclerose e esta consequência de factores de riscoconhecidos e intervencionáveis como são a Hipertensão, a Hipercolesterolémia, a

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Obesidadee o Tabagismo. Tem ainda relações íntimas com outros factores de risco como oAlcoolismo.O AVC é, portanto, uma doença em grande parte prevenível, e a sua dimensão,enquanto problema de saúde, depende da eficácia do controlo dos factores de risco.Aliás,

são exemplo da capacidade de controlo os resultados que muitos países conseguiramcom aintrodução há alguns anos de intervenção nos factores de risco, dentro deste grupo depaísesincluem-se os Estados Unidos da América, a Austrália, o Japão e a maioria dos países daEuropa Ocidental.

A prevenção secundária, visando a redução do número de recorrências que se cifraem aproximadamente 7% ao ano (G J Hankey, 1999) e que neste estudo aponta paranúmeros superiores, na ordem dos 8,5%, demonstrou também ser efectiva e mesmo mais

custo-efectiva que a prevenção primária (Straus et al., 2002). Dentro das estratégias deprevenção secundária, está demonstrado com suporte científico, que o controlo dahipertensão, a hipocoagulação em doentes com fibrilhação auricular e a terapêuticaantiagregante têm efeitos benéficos demonstrados.

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