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FORTALEZA - CEARÁ, 13 de abril de 2015 MOVIMENTO é uma palavra que ultrapassa o significado de“ato ou efeito de mo- ver-se,deslocar-se”,queconstanosdicionários.Quandoalgoestáem MOVIMEN- TO, também se renova. Quando alguém está em MOVIMENTO, quer dizer que caminhaemdireçãoaseusobjetivos.Quandoumacidadeestáem MOVIMENTO, expressa o desenvolvimento e o progresso que seus habitantes tanto esperam. O MOVIMENTO faz parte da natureza da capital cearense. Que outra cidade é tão conhecida pelo vai e vem das ondas do mar? Ou pela brisa refrescante que chega do oceano? Ou ainda pelo balançar das frondosas árvores ao sabor dos ventos? Por ou- tro lado, o desenvolvimento traz consigo outro tipo de movimentação facilmente notada no ir e vir apressado das pessoas nas calçadas, no frenesi presente nas áreas comerciais, no rit- mo acelerado dos automóveis, ônibus e bicicle- tas que enchem suas vielas, ruas e avenidas. Ao festejar seus 289 anos, Fortaleza é pleno MOVIMENTO em diversos setores: turístico, social, esportivo, comercial, musical, empre- endedor e de mobilidade urbana – todos re- tratados nas reportagens especiais a seguir. a o

Fortaleza - Ceará, 13 de abril de 2015 MoviMentoé uma palavra

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Fortaleza - Ceará, 13 de abril de 2015

MoviMento é uma palavra que ultrapassa o significado de “ato ou efeito de mo-ver-se, deslocar-se”, que consta nos dicionários. Quando algo está em MoviMen-to, também se renova. Quando alguém está em MoviMento, quer dizer que caminha em direção a seus objetivos. Quando uma cidade está em MoviMento, expressa o desenvolvimento e o progresso que seus habitantes tanto esperam.O MoviMento faz parte da natureza da capital cearense. Que outra cidade é tão conhecida pelo vai e vem das ondas do mar? Ou pela brisa refrescante que

chega do oceano? Ou ainda pelo balançar das frondosas árvores ao sabor dos ventos? Por ou-tro lado, o desenvolvimento traz consigo outro tipo de movimentação facilmente notada no ir e vir apressado das pessoas nas calçadas, no frenesi presente nas áreas comerciais, no rit-mo acelerado dos automóveis, ônibus e bicicle-tas que enchem suas vielas, ruas e avenidas.Ao festejar seus 289 anos, Fortaleza é pleno MoviMento em diversos setores: turístico, social, esportivo, comercial, musical, empre-endedor e de mobilidade urbana – todos re-tratados nas reportagens especiais a seguir.

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A cApitAl cearense, que está entre os dez melhores des-tinos de viagem do Brasil, de acordo com o site

TripAdvisor, experimenta um novo movimento turístico que desembar-ca via marítima. Pelo menos quatro navios de cruzeiros estão agendados para a temporada 2015/2016 do Porto de Fortaleza, mas as perspectivas do setor vão além, graças à aposta na nova infraestrutura portuária e ao trabalho de captação de novas rotas comerciais.

A nova Estação de Passageiros do Porto de Fortaleza ainda não foi oficial-mente inaugurada, mas desde a Copa do Mundo recebe navios. Na primei-ra operação, em junho do ano passado, recebeu 3,5 mil turistas mexicanos para o jogo Brasil e México. De lá para cá, outros navios de passageiros da Eu-ropa e Estados Unidos já aportaram. De acordo com a Companhia Docas do Ceará (CDC), em 2014 o Porto de Fortaleza recebeu 15 navios de passageiros.

Segundo informações da CDC, os visitantes de cruzeiros em Fortale-za passam em média 12 horas na Capital. Em alguns casos, a cidade é a primeira da rota do navio, mas pode estar no meio ou no final do rotei-ro. Os turistas são recebidos por agentes do receptivo local com mapas e informações sobre pontos turísticos, ação promovida em parceria com as Secretarias de Turismo do Estado e do Município. “O Porto de Forta-leza tem uma estação de passageiros equipada e dentro dos padrões do mercado para atender aos navios”, afirma Mário Jorge Cavalcanti, Dire-tor-Presidente da CDC. “Até ano passado tínhamos um espaço adaptado. Hoje, o novo prédio é dotado de scanner, detector de metal, espaço para montagem de balcões de check-in e check-out, ar-condicionado, cadei-ras confortáveis, sistema de som ambiente e wi-fi livre”, destaca.

eventoSO equipamento também conta com espaço para eventos. A área total é de 25.657 m² e tem estacionamentos para 246 veículos, incluindo carros, ônibus e vans. “Temos sido procurados por diversas empresas e instituições para co-nhecer o espaço e realizar eventos”, afirma o Diretor-Presidente da CDC. O gestor observa também que, com as novas instalações, o Porto de Fortale-za ganhou competitividade para atrair novas rotas. “A empresa já está em contato com armadores, por meio da Diretoria Comercial, em busca de mais atracações para a temporada 2015/2016”, salienta Mário Jorge Cavalcanti.

A vinda de navios não depende apenas do porto. “Depende também da conjuntura econômica interna-cional, da venda de pacotes no país de origem do cruzeiro e dos atrativos que Fortaleza vai ofere-cer para que os passageiros des-çam para passear”, pondera o Di-retor-Presidente da CDC.

O Secretário Executivo da Secre-taria de Turismo de Fortaleza (Se-tfor), Erick Vasconcelos, destaca que ações do município são realiza-das para captação de turistas. “Atra-vés de nossas visitas aos mercados de forte fluxo emissor, oferecendo o nosso destino via marítima, mostra-mos que estamos preparados para

atender bem a chegada de mais de 4.000 passageiros num único navio”, afirma.Com Fortaleza na rota dos cruzeiros, a expectativa é de incrementar o mo-

vimento turístico na cidade. Erick Vasconcelos avalia o impacto que o visi-tante dos cruzeiros representa. “Um navio, mesmo pequeno, com 350 passa-geiros, equivale a três aeronaves Boeing 737 com ocupação máxima e mais uns 200 tripulantes. Imagine que com esses números vem um forte movi-mento de vendas para o comércio, artesanato, alimentação, vestuário e sou-venirs, além do uso de táxis e veículos contratados ainda no navio”, avalia.

núMeroS do SetorDepois de Fortaleza ter sediado grandes eventos, como Copa das Con-federações, em 2013, a Copa do Mundo e o Ironman, no ano passado, a procura pela Capital como destino turístico cresceu significativamente. Para o Secretário Executivo da Setfor, a chegada dos voos diretos para Buenos Aires, Bogotá e Miami também contribuiu para aumentar a de-manda. “Saímos de 2.829.097 passageiros em 2013 para 3.228.134 em 2014, experimentando um ótimo aumento de volume de passageiros, se-gundo a Infraero”, destaca Erick Vasconcelos.

A última alta estação, de dezembro de 2014 a janeiro deste ano, tam-bém foi aquecida. Segundo informações da Setfor, Fortaleza recebeu 662.476 turistas, dos quais 22.758 eram estrangeiros. No Ceará, o fluxo turístico da alta estação gerou receita de R$ 2,1 bilhões - 23,8% a mais do que no ano passado, segundo dados da Secretaria do Turismo do Es-tado (Setur). Os feriados deste ano, aliados à alta do dólar, também ani-mam o mercado turístico. O impacto já pode ser percebido pelo setor. “A hotelaria experimentou uma ocupação de 100% no feriado do Carnaval, o que foi muito comemorado, e nos demais feriados, um volume bem ra-zoável de hóspedes”, observa Erick Vasconcelos.

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NÚCleo eDItorIal De plaNeJaMeNto eDItor: Giuliano Villa Nova. reportaGeNS: Denise Marçal e Mara Cristina. proJeto GráFICo: Raphael Góes. DIaGraMaCÃo: Juliana Holanda. reVISÃo: Lene Paiva. trataMeNto De IMaGeNS: Jandrey Araújo, Deusiana Moreira e Karla Maria Porto. aNalISta De proJetoS: Rayana Gadelha. GerÊNCIa Geral De CoMerCIalIzaCÃo: Rafael Rodrigues. GerÊNCIa MerCaDo aNUNCIaNte: Livia Medeiros.

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p.#4O uso da bicicleta é ideal para regiões muito saturadas de trânsito,

como a Aldeota. Outra vantagem é que uma bicicleta a mais é um carro a menos nas ruas, portanto, menos poluição na atmosfera”, diz Luiz Alberto Saboia

“Se há mais ciclistas que deixam o carro e vão de bicicleta, aquela pessoa que por acaso não vai deixar o carro de maneira nenhuma vai ter o trânsito mais livre porque tem menos gente de carro”, raciocina Milvo Rossarola.

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13 DE ABRIL. PARABÉNS, FORTALEZA. PARABÉNS, FORTALEZENSE.

O RIOMAR PARABENIZACOM MUITO CARINHO A CIDADE QUE NOS RECEBEUDE BRAÇOS ABERTOS.

inveStiMentoAinda que a população careça de educação e orientação para se relacionar bem com os ciclistas, os adeptos da bi-cicleta têm motivos para festejar. Afinal, desde o último mês de novembro, a Prefeitura de Fortaleza vem implan-tando o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), que prevê dotar a cidade com 153,2 km de ciclovias em cinco anos. A curto prazo, a meta é alcançar 100 km de novas infraestruturas cicloviárias até 2016, totalizando 216 km.

De acordo com a Prefeitura, serão investidos recursos da ordem de R$ 53,8 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Começamos a investir nas bicicle-tas como um modal complementar, integrado dentro do possível ao ônibus e voltado principalmente para curtas e médias distâncias. Não achamos que ela vai ser o princi-pal meio de transporte, nem que vai resolver todos os pro-blemas do trânsito, mas a bicicleta traz muitos ganhos”, explica Luiz Alberto Saboia. “O uso da bicicleta é ideal para regiões muito saturadas de trânsito, como a Aldeota. Ou-tra vantagem é que uma bicicleta a mais é um carro a me-nos nas ruas, portanto, menos poluição na atmosfera. E a bicicleta também favorece a saúde dos seus usuários, além de trazer mais gente para as ruas e melhorar a rela-ção das pessoas com a cidade”, avalia o gestor.

HiStÓriCoPara a Prefeitura, o ponto mais importante da política cicloviária na cidade foi a implantação dos binários da Aldeota, nas Avenidas Dom Luís e Santos Dumont. “A abertura das ciclovias nessas duas avenidas foi uma das razões de ser do binário”, aponta Luiz Alberto Saboia, Secretário Executivo de Conservação e Serviços Públi-cos da Prefeitura de Fortaleza. “Foi emblemático porque ocorreu no coração da Aldeota, na parte mais dominada pelos automóveis na cidade”, avalia o gestor.

e a an oHá Algum tempo erA praticamente impossível, em

Fortaleza, uma pessoa sair de casa e ir para o trabalho de bicicleta. E mais: conseguir se deslocar pela cidade usan-do a “magrela”, adotando-a como um veículo de deslocamento para todos os momen-tos do seu dia a dia. Hoje, porém, o município pode se orgulhar de oferecer uma es-trutura invejável para os ciclistas, em comparação com outras metrópoles do País. Um exemplo é o Bicicletar, inovador projeto de compartilhamento de bicicletas, fruto da parceria entre a Prefeitura, a Unimed e as empresas Samba/Serttel e Mobilicidade, que em menos de quatro meses de funcionamento já tem média diária de 1.579 via-gens e 44 deslocamentos por estação.

E as perspectivas são animadoras: em 15 anos, a Prefeitura projeta construir um total de 523 km de ciclofaixas, ciclovias e ciclorro-tas na cidade. Hoje, pelo menos 7% da população, de acordo com estimativas da Secretaria de Con-servação e Serviços Públicos, prefere se locomo-ver pela cidade sobre duas rodas. E o número tende a crescer, especialmente se forem adotadas medi-das para incrementar o sistema cicloviário na ci-dade. “Isso tudo é um processo que começou ago-ra. Temos muitos desafios pela frente: é preciso expandir o bicicletário, a malha cicloviária, a ci-clofaixa de lazer, investir em campanhas de edu-cação de trânsito. Temos que engajar a sociedade nisso. O caminho de investir nas bicicletas é longo, mas irreversível”, analisa Luiz Alberto Saboia, Se-cretário Executivo de Conservação e Serviços Pú-blicos da Prefeitura de Fortaleza. “A gestão do pre-feito Roberto Cláudio deixou de forma inequívoca que mais do que uma ação de mobilidade urbana, transporte é prioridade, e bicicleta também é uma prioridade”, completa o gestor.

É fato que a capital cearense jamais investiu tan-to no uso da bicicleta. As compartilhadas e as fai-xas de lazer são um sucesso. Em nenhum lugar do mundo se retrocedeu quando foram adotadas políti-cas em prol da bicicleta e dos ônibus”, observa Celso Sakuraba Júnior, Diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida).

Para usuários e representantes do movimento ci-cloativista, esta realidade só comprova o que já se sabia há tempos: Fortaleza é uma cidade adequa-da para o uso da bicicleta – só faltava o incentivo da implantação de políticas públicas. “Geograficamen-te, Fortaleza é uma cidade ideal para bicicletas, por-que é plana e seca na maior parte do tempo. Esse investimento cai como uma luva. A cidade só não é ideal na questão da relação com o outro, porque ain-da é pequeno o investimento na educação de moto-ristas e pedestres”, defende Erich Soares de Oliveira, estudante, ciclista e voluntário do Bike Anjo, entida-de que ensina pessoas a andarem de bicicleta.

CAMPAnHASNa visão de cicloativistas, a educação é o ponto cen-tral de toda discussão envolvendo as bicicletas em Fortaleza. É certo que o respeito entre motoristas e ciclistas não ocorrerá da noite para o dia, mas este longo processo pode começar com campanhas edu-cativas. “O Código de Trânsito diz que o motorista, para ultrapassar uma bicicleta, tem que mudar de faixa. Se as campanhas mostrassem isso, já terí-amos um grande avanço”, observa Milvo Rossaro-la Júnior, professor e Diretor do Bike Anjo. “As cam-panhas precisam ser de longo prazo e agressivas, mostrando que quando um carro tira uma ‘fina’ do ciclista, pode provocar um acidente fatal. Se isso di-minuir o atropelamento de um ciclista por semana, já é muita coisa”, diz Milvo, ele próprio foi vítima da imprudência no trânsito. “Em janeiro, indo ao tra-balho, passei pelo viaduto do Makro e um motoci-clista simplesmente invadiu minha faixa e me der-rubou. Passei vários dias em casa, imobilizado, em virtude do acidente. Se fosse um carro, o resultado poderia ter sido muito mais grave”, alerta.

Para Erich Soares de Oliveira, ao investir no es-clarecimento da população, o governo também es-tará economizando recursos. “Dados do Instituto José Frota (IJF) mostram que o atendimento hospita-lar de emergência a ciclistas acidentados diminuiu em 27% nos últimos meses. É um reflexo do espa-ço que a mídia tem dado para o movimento ciclís-tico. Imagine se tivermos campanhas oficiais. Esta-mos falando de poupar gastos e salvar vidas”, opina.

Com essas medidas, outra consequência bené-fica seria a diminuição do número de carros nas ruas e um trânsito menos congestionado. “Se há mais ciclistas que deixam o carro e vão de bici-cleta, aquela pessoa que por acaso não vai deixar o carro de maneira nenhuma, vai ter o trânsito mais livre porque tem menos gente de carro”, ra-ciocina Milvo Rossarola.

Desde então, a Prefeitura já conseguiu interligar diversas regiões com ciclovias e ci-clofaixas, dando novas opções de deslocamento pela cidade. “Assumimos a gestão em 2013 com aproximadamente 68 km de ciclovias e chegamos agora a 116 km. O pre-feito já determinou como meta, até agosto de 2016, mais 100 km”, conta Luiz Alberto Saboia. “Todas as regiões da cidade serão contempladas. Chegamos ao Bom Jardim, à Granja Portugal e à região Oeste da cidade. Em breve teremos a ligação das Avenidas Jovita Feitosa e Bezerra de Menezes e, em 2016, vamos implantar a Intercampus, uma ciclofaixa muito importante, que vai sair do campus do Itaperi da Uece, passará pelo Benfica, na UFC, vai ao IFCE, na Gentilândia, e, pelo Montese, chegará até o campus da UFC, no Pici”, descreve.

Outras duas iniciativas que estão incrementando a utilização das bicicletas na ci-dade são as ciclofaixas de lazer, aos domingos, e o Projeto Bicicletar, que já tem 35 es-tações em funcionamento e deve chegar a 40 até o final do mês, totalizando 400 bi-cicletas à disposição da população. “Nossa missão é criar condições para que esse modal se desenvolva na cidade. E todas as ações se articulam: a rede cicloviária, o Bi-cicletar, a ciclofaixa de lazer e ações educativas. Tudo faz parte da política de estímu-lo ao uso desse modal”, diz Saboia.

Para os cicloativistas, o futuro deve ser bem melhor para a circulação das bicicletas pelas ruas de Fortaleza. “Não temos medo que o poder público recue. Quando o deba-te é instalado, esclarece a população e ela passa a entender o significado desse movi-mento”, avalia Celso Sakuraba Júnior. “Antes éramos apenas pessoas que não se co-nheciam e foram atrás de lutar por esse ideal. Hoje, são vários movimentos e veículos de comunicação incentivando o uso da bicicleta”, compara o cicloativista.

PASSeio CiCLÍStiCoNo domingo, dia 26 de abril, ainda em comemoração aos 289 anos de Fortaleza, o Jor-nal Diário do Nordeste, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, Unimed e Merca-dinhos São Luiz, realizará o Passeio Ciclístico Fortaleza em Movimento. A ação vai de encontro a uma das bandeiras que o jornal levanta por meio do suplemento Vida, que é a busca por saúde e bem-estar.

Partindo às 7 horas da Praça Luiza Távora, o percurso levará os ciclistas a pontos históricos e turísticos da capital cearense, como a Catedral de Fortaleza, o Merca-do Central, o Forte de Nossa Senhora da Assunção, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e a Avenida Beira Mar. O evento é aberto ao público. Para participar, basta trazer sua bicicleta. Para quem tem interesse, mas não tem uma bike, duas opções es-tarão à disposição: a estação de bicicletas compartilhadas na Praça Luíza Távora e a possibilidade de alugar uma bicicleta na própria praça no dia do evento.

Um kit especial do passeio será disponibilizado para os participantes de forma gra-tuita, podendo ser adquirido a partir de hoje, dia 13 de abril, por meio de inscrição no site do evento (veja endereço abaixo). O número de kits é limitado aos 250 primeiros inscritos. No site, mais informações sobre o passeio estarão disponíveis, tais como os pontos históricos, o percurso completo e a forma de recebimento do kit.

ACESSE E PARtICIPE:www.diariodonordeste.com.br/fortalezaemmovimento

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“Muitas vezes um jovem não tem coragem de chegar para um adulto e debater certas coisas. Estamos aqui para facilitar esse processo na adolescência, esclarecendo dúvidas e compartilhando experiências”, reflete Michel Reginaldo Ferreira

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da pelos altos índices de violência, algumas inicia-tivas se levantam para promover a paz. No Grande Bom Jardim, conjunto de bairros formado por Canin-dezinho, Siqueira, Granja Portugal, Granja Lisboa e o próprio Bom Jardim, jovens de seis escolas públi-cas se tornaram protagonistas da mudança social de seus bairros, mostrando que é possível construir uma cultura de não-violência. O nome do projeto não poderia ser outro: Jovens Agentes da Paz (JAP).

A iniciativa surgiu em 2010 e foi criada pelo Cen-tro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) em contexto de elevados índices de violência no meio jovem. “A necessidade de organização da juventu-de pelos Jovens Agentes da Paz se deu devido ao alto nível da mortalidade juvenil no território”, ex-plica Joaquim Araújo, Coordenador do projeto. “A juventude decidiu traçar estratégias de mobiliza-ção de outros jovens e de ações de paz nas escolas e no meio cultural”, acrescenta.

Uma das principais ações é a mediação de con-flitos. Ameaças a professores ou alunos e consu-mo de drogas chegam encaminhados pela direção do colégio ou pelos próprios estudantes para serem mediados pelos agentes que, anualmente, recebem treinamento do CDVHS. Por meio do diálogo, os jo-vens contornam a situação, evitando a transferên-cia do aluno envolvido ou o agravamento dos casos. “Quando o aluno é transferido e leva a raiva junto, a

possibilidade de aumento da violência é maior. A mediação evita outros agravos”, observa Marileide Luz, Coordenadora do CDVHS.

Para Joaquim Araújo, a mediação de conflitos trouxe uma nova postura das escolas. “Tem se cria-do a roda de mediação em vez de dar a transferência”, diz o Coordenador do JAP. Para Marileide Luz, o trabalho dos agentes da paz chamou a atenção de outras escolas. “Um primeiro resultado positivo é o interesse das escolas em querer que haja jovens agentes de paz. Hoje, as escolas que não estavam presentes no projeto querem que nós o implantemos”, comemora Marileide Luz.

Germana Barros, Coordenadora da Escola de Ensino Fundamental e Médio Santo Amaro, no Bom Jardim, destaca a contribuição do JAP no colégio. “É uma parceria muito importante. Percebemos que os alunos têm mais proximidade com eles mesmos, com os professores e os profissionais da institui-ção. Com essa cultura de paz, o JAP mostra que existe uma forma de dialogar, de expor sentimentos, sem precisar de violência ou ações negativas, respeitando o que os outros têm a dizer”, reflete.

ProtAgoniSMoQuando o projeto começou, o que chamou a atenção dos coordenadores foi a adesão dos próprios jo-vens. “Descobrimos que o diálogo com a direção das escolas era importante, mas que a mobilização vi-nha da própria juventude. A adesão foi imediata”, recorda Marileide Luz.

O grupo aposta em estratégias nas escolas, como as rodas de formação, em que são discutidos as-suntos levantados pelos próprios alunos. “Percebo no discursos dos meninos mais engajados um dese-jo de mudança na vida deles e no lugar”, observa Marileide Luz. Para a Coordenadora do CDVHS, o en-volvimento dos jovens amplia a percepção deles em relação a questões além dos muros da escola. “Há uma interação com outros grupos. O JAP foi convidado a participar do Fórum Mais Fortaleza Menos De-sigualdade, avaliação da cidade como parâmetro de garantia do direito da criança e da juventude para que o município receba o selo Unicef”, afirma.

Do trabalho do JAP participam alunos e ex-alunos. É o caso de Michel Reginaldo Ferreira, de 18 anos, que terminou o Ensino M édio, mas continua no JAP. “Muitas vezes um jovem não tem coragem de chegar para um adulto e debater certas coisas. Estamos aqui para facilitar esse processo na ado-lescência, esclarecendo dúvidas e compartilhando experiências”, reflete. “Desejo que a juventude do meu bairro supere qualquer barreira. Basta ela querer e ter consciência”, conclui.

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“Numa cidade como Fortaleza, em que

até pouco tempo era projetada apenas para automóveis, andar de

bicicleta é resistir e conquistar

um espaço que também é nosso”, afirma

Bruno de Oliveira Soares

“Então, muitas coisas foram bem amadoras, caseiras, mas que me trouxeram bons resultados e repercussão a partir da visibilidade

dos ARTISTAS E PARCEIROS QUE ADERIRAM à ideia”, diz Gilson

de França Oliveira

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amadoras, caseiras, mas que me trouxeram bons resultados e repercus-são a partir da visibilidade dos artistas e parceiros que aderiram à ideia”.

A proposta do Molotov é produzir conteúdo independente e de quali-dade, utilizando-se das ferramentas que estão disponíveis para a pro-dução artística. Os locais de filmagens e as formas de realização são abertos. Não existe um espaço definido. Contanto que seja do agrado de todos os envolvidos na produção.

Por enquanto, Gilson tem como renda a satisfação de ter seu traba-lho apreciado. A justa remuneração virá com o tempo. “Na realidade, o projeto é quase um laboratório para mim”, comenta. Os frutos como cidadão já são um grande começo para ele. O coletivo vem mostrando que as coisas podem ser possíveis quando há total dedicação e as ações são devidamente planejadas para darem certo.

Gilson aprendeu a se virar sozinho. Não esperou por ninguém para dar o pontapé. O coletivo deu a ele a oportunidade de valorização profis-sional, proporcionando ainda relações interpessoais, bem como conhe-cimento de conteúdos e práticas que nem sonhava em dominar. “Hoje,

FortAlezA se movimenta entre os jovens que buscam oportunidades de defender seus projetos, causas e estilos de vida. Uma juventu-

de que não fica parada e alia ações culturais, ativismo político e diálogo com a comunidade em que vive. Rompem fronteiras, encaram os desafios e fazem da rua o palco de suas realizações. Em torno de um objetivo comum, reúnem-se nos chamados coletivos e atuam nos mais diver-sos segmentos, tais como gastronomia, cinema, moda e cultura.

Foi assim com o jovem Bruno de Oliveira Soares. Em 2003, ele e sua companheira, Letícia Peixo-to, tiveram a ideia de montar um coletivo que unisse desejos comuns. Mas com uma condição: desde que fosse ao encontro do que realmente gostavam de fazer e que desse o retorno junto à comunida-de. Foi daí que surgiu a Bike Vegan. “Sou ciclista vegetariano e cozinhar deixou de ser apenas um ho-bby e começou a fazer parte de nossa atividade. É a nossa principal fonte de renda”.

O que era um projeto no campo das ideias virou realidade. A proposta principal do coletivo é promover o estilo de vida vegan e a cultura da bicicleta na cidade de Fortaleza, por meio da venda de lanches veganes (sanduíches, salgados, brownies e outros doces). Além disso, como ativistas políticos, realizam a distribuição de zines, informativos e adesivos que dialogam com o temas do viés político que defendem.

Os lanches são produzidos em casa de forma artesanal, mas com a dedicação e a higiene sa-nitária que os alimentos exigem. Os preços são justos, para facilitar o acesso de todas as classes sociais. Bruno diz que é preciso desmitificar que veganismo é algo elitista ou inviável por con-ta dos custos. “Queremos alcançar pessoas que normalmente não têm acesso a esse tipo de ali-

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mentação livre de derivados animais, despertar a curiosida-de e propiciar um primeiro contato com esse estilo de vida”.

Contando ainda com a parceria do amigo Tiago Sousa, Bru-no é uma espécie de “faz-tudo” no coletivo. Vive em constante movimento para fazer dar certo o negócio que escolheu para viver. “Atuamos em forma de cooperativa. As atividades são se-paradas de maneira horizontal. Não há liderança. Fazemos o que gostamos ou o que temos maior desenvoltura”.

O cenário para as vendas da produção do coletivo são, basicamente, as praças públicas, universidades, feiras, bem como eventos culturais realizados pela cidade. A Bike Ve-gan participa como expositor fixo na Feira Agroecológica no bairro Benfica, realizada quinzenalmente na praça da Gentilândia. A agenda de negócios se movimenta de acordo com o calendário de eventos da cidade.

O coletivo deu um toque a mais na vida de Bruno. Para ele, não há propaganda melhor que a ação que se transfor-ma em ferramenta de propagação de seus ideais. “Numa ci-dade como Fortaleza, em que até pouco tempo era projeta-da apenas para automóveis, andar de bicicleta é resistir e conquistar um espaço que também é nosso”.

Bruno faz parte de um grupo de jovens que encontrou difi-culdade de entrar no mercado de trabalho formal e optou pela autonomia, procurando um espaço sócio-produtivo para tra-balhar e sobreviver. O Bike Vegan é um exemplo. Segundo Bru-no, o coletivo é geralmente formado por pessoas que moram juntas e aliam seus hobbies e lutas diárias por emancipação, para criar algo que proporcione a inclusão social.

Para divulgar seu trabalho, os jovens do Bike Vegan utili-zam as redes sociais como principal plataforma de comuni-cação (facebook, instagram), além de participarem de feiras e utilizar material gráfico convencional como cartões, banners e folders. “Tudo é produzido por nós mesmos”.

CenA indePendenteGilson de França Oliveira é designer e fotógrafo. Ele coman-da o coletivo Molotov Produções Artísticas e Efeitos Visu-ais. O jovem trabalha em parceria com amigos que atu-am na cena independente da arte e cultura de Fortaleza. O projeto surgiu no momento em que Gilson se descobria como produtor e precisava urgentemente executar os pro-jetos que tinha em mente. “Então, muitas coisas foram bem

tudo isso passou a ser rotina pra mim. Eu diria que esse trabalho me alavancou fortemente”.

A rede Cuca Barra, mantida pela Prefeitura Municipal de Fortale-za e que atende jovens entre 15 e 29 anos, foi o seu primeiro local de formação em cultura e arte. Aos 15 anos, Gilson já estava por lá adqui-rindo conhecimento e colocando em prática como executar um pro-jeto. Partindo dessa experiência, o jovem se propôs a criar o coletivo Molotov. “Comecei a aprender mais sobre publicidade e propaganda, que é a área que estou tentando me engajar profissionalmente”.

Para ele, o coletivo tem um im-portante papel no processo de in-clusão social. Muitos iniciantes na música e fotografia já trocaram ex-periências com Gilson. “Eu acredi-to que esta interação entre produ-tores de cultura e arte seja muito importante, pois aproxima os que estão começando com os mais ex-perientes. Tenho a sorte de conhe-cer grandes profissionais que têm a ver com meu trabalho, então tento aprender e transmitir o máximo de conhecimento possível”.

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BELEZA EM ALTA DEFINIÇÃO HÁ 289 ANOS.Parabéns, Fortaleza! www.rabelo.com

breviver com poucos recursos, e consegue tirar muito proveito disso”, avalia Junqueira.

Outro fator que explica o crescimento das star-tups e as perspectivas animadoras para seu de-senvolvimento é o quesito inovação, especial-mente nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. “As startups conseguem ver velhos problemas e encontrar soluções que são total-mente inovadoras. Você não compra mais comi-da, nem reserva vagas em hotéis como antiga-mente porque existem aplicativos que permitem fazer isso com um clique no celular”, exemplifi-ca Guilherme Junqueira. “Vemos um país e um mundo em plena evolução, e muitas coisas sen-do otimizadas e melhoradas”, constata o especia-lista em startups. Nessa onda, os cearenses estão aprendendo a nadar de braçada.

Food trUCKSSegundo o Ibope Inteligência, a alimentação fora de casa movimentou R$ 140 bilhões em 2014. E a tendência é de crescimento para este ano, movi-mento impulsionado em parte pela quase inesgo-tável variedade de quitutes e refeições que podem ser saboreadas informalmente nos food trucks. Ex-pressão inglesa que significa “caminhão de comida”, esse tipo de negócio conquista cada vez mais espaço nas capitais brasileiras, e em Fortaleza não é diferente. Já há dezenas de empreendedores investindo nesse ramo e os eventos para os apreciadores desse tipo de alimentação comprovam a força do mercado. “Nos-sos números impressionam. A expectativa era receber nos dois primeiros dias (somados) 1.500 pessoas e no dois dias foram quase 10 vezes mais que o esperado. Na edição seguinte ampliamos o espaço, modifi-camos e ajustamos a planta do evento para receber com maior conforto os clientes e, para nossa surpresa, veio um público ainda maior”, conta Alex Façanha, organizador do Lá Fora, evento que já teve três edições e reuniu milhares de pessoas no estacionamento do Shopping Iguatemi. “O potencial é muito grande por dois fatores determinantes: a grande procura do público e o baixo investimento para empreender no seg-mento se comparado ao investimento de construir um restaurante com ponto fixo”, diz.

núMeroSAlguns especialistas apontam que existem no Brasil cerca de 4 mil veículos adaptados, vendendo as mais diversas especialidades de gastronomia. Essa frota, segundo estimativas, garante cerca de 60 mil empregos diretos no País. Em Fortaleza, como se sabe, este movimento já começou. Mas para que ele realmente possa ser explorado em todo seu potencial, a palavra-chave é regulamentação. Os empresários do setor aguardam que uma legislação municipal específica seja feita para que pos-sam trabalhar com liberdade. “É fundamental a regulamentação da atividade e isso precisa aconte-cer com certa urgência, porém cumprindo todas as exigências relativas à formalização de empre-sa, regularização junto à vigilância sanitária e contratos formais de trabalho”, aponta Alex Façanha. “Fortaleza, por meio da Prefeitura, do Sebrae e da Abrasel está estudando a melhor maneira de ofi-cializar e permitir a atividade dentro do município. Regularizado, o empreendedor poderá levar seus produtos às praças públicas, a eventos de massa e até mesmo atuar em diversos pontos da cidade”, explica. Os amantes do food truck esperam ansiosamente.

“Os casos de sucesso internacionais e nacionais têm aparecido cada vez mais na imprensa. Também é relevante o fato de investimentos tradicionais, como terrenos e imóveis, por exemplo, estarem menos atraentes. Para se ter uma ideia, a perspectiva na 85 Labs aceleradora é que as startups se valorizem em pelo menos 500% em até 12 meses. Que investimento proporciona essa expectativa? Praticamente nenhum!”, compara Leonardo Lacerda

FUTU O egócios umA boA ideia na cabeça e algum apoio – princi-

palmente financeiro – para começar a ti-rá-la do papel. Esses são os elementos fundamentais para a criação de uma startup, modelo de empresa que está na ordem do dia do empreendedorismo nacional. Em Fortaleza, esse movimento é seme-lhante. Dezenas de novas empresas surgem a cada mês, impulsiona-das pelos investimentos em tecnologia e o crescente acesso a ela pe-los mais diversos públicos, especialmente os mais jovens.

Acompanhando essa juventude, as startups são uma realidade bastante recente em Fortaleza. Tudo começou oficialmente em de-zembro de 2011, num evento denominado “Empreendendo.me”, que trouxe para a capital cearense pela primeira vez o termo e o concei-to de negócio com alto impacto de crescimento (daí vem a palavra

startup). “O evento reuniu pouco mais de 100 empreen-dedores e depois dele começaram a surgir as iniciativas, como o grupo Startups.CE no Facebook, outros eventos de startups, a Anjos do Brasil – Núcleo Ceará, o Elephant Co-working etc.”, descreve Leonardo Lacerda, Diretor da 85 Labs, única aceleradora de startups de Fortaleza e um dos primeiros empreendedores de startups do Estado.

Para Leonardo, o espaço que o termo ganhou na mídia ultimamente tem contribuído para o crescimento das star-tups por aqui. “Os casos de sucesso internacionais e nacio-nais têm aparecido cada vez mais na imprensa”, aponta. “Também é relevante o fato de investimentos tradicionais, como terrenos e imóveis, por exemplo, estarem menos atraentes. Para se ter uma ideia, a perspectiva na 85 Labs aceleradora é que as startups se valorizem em pelo me-nos 500% em até 12 meses. Que investimento proporciona essa expectativa? Praticamente nenhum!”, compara.

tALentoSA 85 Labs tem contribuído para o aumento do interes-se pelas startups. Como única aceleradora de startups do Ceará, a empresa acolhe os empreendedores que têm uma boa ideia de negócio, fornece treinamento, capaci-tação, desenvolve o projeto e consegue investidores para que saia do papel. Com esse trabalho, já fez decolar algu-mas startups cearenses, como o Agenda Kids e a Washer, que já fazem sucesso em outros Estados e até no exterior. Além disso, seus diretores têm feito palestras para levar a mensagem do empreendedorismo a diversos públicos. “Eu tenho um projeto voluntário chamado Caminho Empre-endedor, no qual dou palestras em escolas públicas do Es-tado para mostrar aos estudantes que empreender é um caminho interessante. Estamos sensibilizando vários ato-res desse ecossistema empreendedor, em busca de um fu-turo muito mais inovador”, comenta Leonardo Lacerda.

O desempenho da 85 Labs e dos empreendedores di-gitais do Ceará é elogiado por alguns dos maiores es-pecialistas em startups do Brasil. “O Ceará é o segun-do Estado mais desenvolvido do Nordeste no setor de startups. O Nordeste é um polo muito importante para o Brasil, porque tem 10% das startups de todo o País e possui uma cultura muito bem enraizada, que dis-cute formas de fazer bem feito. E também porque há muitos talentos, muita criatividade emergente”, afirma Guilherme Junqueira, Gestor de Projetos da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). “Conta muito a cria-tividade do povo cearense, mas o fator principal é a von-tade de fazer. O empreendedor do Nordeste tem essa vontade, sabe que tem que correr atrás, que precisa so-

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DIVuLGAçãO

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DA inglAterrA do século XVIII para as metrópoles na atualidade, as corridas de rua

tornaram-se uma das modalidades esportivas mais populares do mun-do. Cada evento mobiliza milhares de pessoas e desperta a paixão de novos adeptos dia após dia. Em Fortaleza, essa evolução também acon-teceu. Há cerca de 20 anos, a cidade assistia a disputas semiamadoras, realizadas com empenho e boa vontade de poucos abnegados. Hoje, as provas estão cada vez mais profissionais, atraindo empresas e investi-dores, reunindo muitos praticantes e exigindo detalhado planejamento.

O perfil do corredor também mudou. Antes restritas a profissionais (ou quase), as corridas de rua transformaram-se em sinônimo de qua-lidade de vida. Quem participa garante: a esmagadora maioria dos que calçam tênis e calção, na verdade, busca perder peso, livrar-se de vícios, manter o equilíbrio do organismo após cirurgias bariátricas, dentre ou-tras metas. Nesses casos, a medalha de participação, ao cruzar a linha de chegada, é mera formalidade. “Correr é democrático, depende da pessoa, apenas. Qualquer outro esporte precisa de equipamentos especiais, ad-versários e quadras específicas. A corrida, não: você põe um calção e vai treinar”, acrescenta o militar da reserva Júlio Oliveira, de 68 anos e cor-redor de rua há 32.

Com a chegada da internet ao Brasil, na década de 1990, as corridas de rua ganharam impulso. Difundiram-se informações sobre equipa-mentos, treinamentos, dietas e, acima de tudo, de realização das provas. “Quando comecei, em 1982, só havia duas maneiras de comunicação: pe-los jornais ou por panfletinhos, entregues ao final de cada prova”, lembra Júlio Oliveira, que participou e organizou corridas no Rio de Janeiro, Bra-sília, Recife e Fortaleza.

orgAniZAÇÃoRecentemente, o boom da internet fez surgir diversos sites e blogs. O mais tradicional é o Portal do Corredor, no ar há 11 anos, com atuali-

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zação constante e informações sobre provas, resultados, preparação e assuntos afins. “Na época, a única corrida que tínhamos como referência era a São Silvestre. Deixei meu em-prego como professor para me dedicar ape-nas ao site, pois vi que o negócio de corridas iria crescer”, conta Félix Luís, de 44 anos, pro-prietário do Portal do Corredor.

A difusão de informações coincidiu com a chegada à Fortaleza das corridas organiza-das por empresas, patrocinadas por bancos ou fabricantes de material esportivo. “É uma consequência inevitável do mundo globaliza-do. Mas a estrutura melhorou muito. As pro-vas de fora influenciaram nas corridas locais, seja no preço das incrições, nos kits, no servi-ço para os corredores ou na estrutura. Uma mudança da água para o vinho”, compara Fé-lix Luís, que este ano deve chegar a 300 com-petições (já tem cerca de 280 no currículo).

CALendÁrioEstima-se que Fortaleza tenha visto cerca de 80 corridas de rua nos últimos três anos. O calendário é constantemente atualizado pela Federação Cearense de Atletismo, que prevê para 2015 competições importantes, como a Meia Maratona de Fortaleza (abril), Corri-da da Unifor e 6º Circuito de Corridas Pague Menos (maio), Circuito Golden Four Asics (ju-nho), Circuito da Caixa, Circuito das Esta-ções, Track & Field (agosto), 9ª Corrida Igua-temi (setembro), dentre outras. “Há corridas com excelente nível. As da Unifor e da Caixa são consideradas oficiais, porque são aferidas por órgãos de competição. Já a da Pague Me-nos se tornou um fenômeno. Tem uma gran-de organização por trás. É a que tem a inscri-

ção mais concorrida”, comenta Júlio Oliveira.Em contraste com o número de provas está a falta de estrutura da cidade. Para quem quer se preparar

para provas longas, uma das poucas opções é a Avenida Beira Mar – realmente livre apenas nas primei-ras horas da manhã. “Esperamos que com a reforma da Beira Mar haja mais espaço para os corredores”, torce Júlio Oliveira, que mantém o site Corredores de Rua de Fortaleza.

Enquanto aguardam por novos locais, atletas e especialistas fazem questão de incentivar a prática esportiva, com uma ressalva importante: o acompanhamento médico. “É altamente recomendável que a pessoa, antes de começar a correr, procure um médico. Infelizmente, problemas de saúde acontecem muito nas corridas. E às vezes as pessoas não sabem que têm o problema porque não fazem exames”, afirma Félix Luís.

eMoÇÃo e inCLUSÃoContato com a natureza, inclusão, qualidade de vida, emoção, condicionamento físico, superação indivi-dual. Tudo isso cabe em cima de uma prancha? No stand-up paddle, sim. O esporte cresce e movimen-ta praticantes de todas as idades pela orla da Capital cearense e até em outros municípios do Estado. De acordo com seus adeptos, o que mais os atrai é o menor grau de dificuldade em relação ao surf e a chan-ce de estar mais perto das belezas das águas. “Logo na primeira aula, uma pessoa com o equipamento certo e as orientações adequadas pode sair remando. No surf, ela demoraria muito mais”, compara David Alvarez, revelação do Circuito Cearense em 2014.

Poucos sabem, mas o stand-up paddle era prati-cado apenas por reis. No Havaí, por volta de 1700, somente os chefes do governo podiam andar sobre pranchas. De tão restrito, caiu no esquecimento e só foi resgatado no início da década de 1990 pelo ícone do surf mundial Laird Hamilton. Rapidamen-te se espalhou pelo mundo. Hoje, já há um movi-mento para incluir o esporte nos Jogos Olímpicos.

ModALidAdeNo Ceará, o stand-up paddle chegou há pouco mais de 10 anos pelas mãos do pioneiro Flávio Ramalho. Nesse tempo, conquistou muitos praticantes, mas as primeiras competições oficiais só foram reali-zadas há cerca de cinco anos. “Achavam que se-ria apenas para pessoas mais velhas. Na verdade, o esporte se espalhou tanto que até adolescentes es-tão praticando”, diz Paulo Vasco, campeão cearen-se na categoria Race em 2014.

Os principais locais onde o stand-up paddle é praticado são a orla da Beira Mar e a Lagoa do Co-losso, em Fortaleza, e o Ponopoint, no Eusébio. Nes-ses e em outros points, a Associação Cearense de Stand-up Paddle (Asup) estima que existam cerca de 150 praticantes regulares. Com os adeptos even-tuais, o número passa de 200.

A expansão traz resultados. Este ano está em curso o 2º Circuito Cearense e alguns atletas fes-tejam triunfos fora do Estado. “Pela primeira vez, formamos uma seleção cearense para competir na

Praia de Pipa (RN). Voltamos com um título no feminino, um no mascu-lino, outro no revezamento e o 4º lugar no profissional”, contabiliza Mi-guel Nobre, Presidente da Asup.

ASPeCto inCLUSivoOs atletas ressaltam que uma das principais características do esporte é seu aspecto inclusivo, permitindo a participação de mulheres e pes-soas com necessidades especiais. “Tenho um problema de locomoção na perna esquerda, mas mesmo assim me tornei praticante. Tive muito incentivo do meu instrutor e até hoje conto com apoio dos colegas nas competições e nos treinos”, conta Miguel Nobre.

Para as mulheres, o esporte também está de portas abertas, garan-te Carla Romana. “As mulheres estão presentes em todos os lugares, no stand-up paddle não poderia ser diferente. Não há nenhum preconcei-to”, observa a atleta, que precisa usar a força de vontade para seguir no esporte. “A prancha é pesada, exige esforço para tirar do carro, carregar até a praia e depois guardá-la. Talvez por isso as mulheres ainda estão descobrindo o esporte”, afirma.

BeneFÍCioS e CUidAdoSPraticar stand-up paddle traz benefícios, especialmente para o sistema cardiovascular. “O praticante melhora seu condicionamento físico, ga-nha resistência nas pernas, abdômen e costas, além de equilíbrio físico e emocional, pelo contato com a natureza”, explica Paulo Vasco.

Mas praticar o stand-up paddle requer cuidados. “Uma pessoa com problemas lombares, por exemplo, precisa de acompanhamento médi-co. E não se pode esquecer de contar com um instrutor experiente. Por ser uma atividade náutica, é preciso avaliar todos os aspectos de segu-rança e técnica”, afirma Paulo Vasco.

“No início, achavam que o stand-up paddle seria apenas para pessoas

mais velhas. Na verdade, o esporte se espalhou tanto

que até adolescentes estão praticando”, comenta Paulo Vasco

“Correr é uma coisa democrática, depende da

pessoa, apenas. Qualquer outro esporte precisa de

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no sAlão De DAnçA, o cavalheiro olha para a dama que corresponde ao olhar. Em seguida,

com um cabeceio, ele a convida para dançar. Convite aceito, ela caminha em direção ao parceiro, ao encontro do seu abraço. Começa o tango. O ritual que precede à dan-ça é típico das milongas argentinas. Mas estes bailes dançantes de tango já podem ser frequentados em Fortaleza. Na terra do forró, o ritmo tipicamente portenho ganha es-paço juntamente com outros estilos latinos da dança de salão.

O cearense que quiser ver e aprender o tango argentino não precisa ir tão longe hoje em dia. Nos últimos dois anos, o número de escolas e profissionais ofertando o ensi-no da dança tem crescido significativamente. Neste ritmo, também aumentou a ofer-ta de eventos voltados para os praticantes de tango, como bailes, onde se ouvem to-dos os ritmos, e milongas, evento voltado exclusivamente para dança argentina. Em Fortaleza, lugares como a Escola de Dança Bailando realizam mensalmente a Milon-ga Dance Tango, mas toda quinta-feira este tipo de evento é promovido no restaurante Villa Caravela, no Meireles. Mais recentemente, o tango ganhou espaço na programa-ção da casa noturna Amici´s com o Milonga TangoNoche, uma vez por mês. Neste últi-mo, uma aula de tango para iniciantes é oferecida antes da festa em si.

O movimento tangueiro na Capital também pode ser observado nas redes sociais. É por meio delas que os apaixonados pelo ritmo organizam eventos e divulgam a dança em ter-ras alencarinas. Um dos grupos mais populares é o Dance Tango, que conta com cerca de 1.200 participantes. A iniciativa foi criada pelos professores Cleidson Diniz e Bel Miranda em 2010 para difundir a prática de tango argentino em Fortaleza, por meio de aulas e bai-les regulares. Cleidson Diniz recorda que na época em que o projeto foi iniciado quase não havia praticantes de tango. “Lembro-me claramente que ia aos bailes com a Bel e, quan-do tocavam tango, não ficava ninguém no salão, as pessoas pediam para passar a música.

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PArA dAnÇAr tAngoMiLongA tAngonoCHeONDE: Amici´s (Rua Dragão do Mar, 80)QuANDO: 17/04, 21hQuANtO: R$20

MILONGA DE FORtALEzAONDE: REStAuRANtE VILLA CARAVELA (Av. Antônio Justa, 3235, Meireles).QuANDO: toda quinta-feira, 21hQuANtO: R$10 (couvert) e consumação mínima de R$15

MILONGA DANCE tANGOONDE: Av. da universidade, 2223, Benfica.QuANDO: uma vez por mês (agenda na Fan Page Dance tango)QuANtO: R$15

res têm buscado cada vez mais qualificação com grandes bailarinos argentinos. Há uma ‘ponte aérea Fortaleza – Buenos Aires’ e todo ano centenas de professores e alunos daqui vão buscar aprimora-mento em terras argentinas”, destaca.

oUtroS ritMoSO aumento da busca pelo tango acompanha o movimento da dança de salão como um todo. Com 22 anos de atuação na cena lo-cal, o professor e dançarino Carlinhos Araú-jo afirma que Fortaleza foi a cidade que mais cresceu no Norte/Nordeste no movi-mento de dança de salão. Um dos impulsio-nadores do movimento dançante, Carlinhos Araújo lembra que quando iniciou o traba-lho “a única dança que se conhecia era o for-ró”. Nos anos 90, o professor de dança foi o idealizador da atividade de dançarinos de aluguel, formando profissionais para dançar com as mulheres nos bailes. O público femi-nino predominava nas classes de dança de salão e se ressentia por não ter com quem dançar nas festas. A atividade ainda existe e, para o professor, contribuiu para despertar o interesse de mais pessoas pela dança. “Este movimento fez crescer o interesse do jovem pela dança de salão. O crescimento é visível pela quantidade de academias de dança na cidade e o aumento da frequência de even-tos”, avalia Carlinhos Araújo.

Com a oferta maior de bailes dançantes, organizados por escolas, projetos e trabalhos independentes, o público de dança de salão tem buscado outros ritmos além do forró, como samba de gafieira, zouk, tango e bachata. “A procura varia de acordo com a faixa etária dos alunos: os mais jovens procuram o samba de gafieira, o zouk, a bachata e o for-ró; enquanto os adultos têm preferência pelo bolero e forró”, afirma Carlinhos Araújo. Para o professor, o sucesso que as aulas de ritmos como zumba vêm fazendo nas academias convencionais tem desper-tado o interesse pelos gêneros latinos por parte daqueles que buscam a dança como forma de exercício.

Não apenas como alternativa para sair do sedentarismo, a dança de salão tem a vantagem de pro-mover socialização. Antes praticada em sua maioria por pessoas da terceira idade, a prática tem con-quistado mais adeptos de outras faixas etárias. A estudante Karol Moore, 16 anos, não dançava nada até iniciar as aulas de tango. “Eu queria era salsa mesmo, mas não consegui largar mais o tango desde que comecei, há três meses”, conta a jovem que começou recentemente a aprender bachata, zouk e forró.

Também atraído pela dança de salão, o economista Guilherme Muchale, 30 anos, conta que não tinha o menor jeito para dançar. Há menos de um ano, matriculou-se no curso de samba de gafieira, salsa e forró e depois disso não parou mais de dançar. “O interessante da dança de salão é que existem diver-sas festas e práticas sendo realizadas todas as semanas, o que acaba sendo uma experiência social en-riquecedora”, observa Guilherme Muchale, que foi além dos três ritmos e resolveu arriscar o tango e a kizomba. “Com professores dedicados e muito eficientes, vi que independente da timidez ou da suposta falta de habilidade, é preciso ter paciência e dedicação que o aprendizado é rápido, faz bem para a saú-de e a dança se torna um refúgio para se proteger do cotidiano estressante”, opina.

Eu e ela começávamos a dançar sozinhos na pista, ainda meio tímidos pois, claro, também estávamos iniciando”, recorda. “Hoje, qualquer turma de tango que divulgamos na escola lota já na aula de abertura. Se a pessoa perder a data, precisa esperar pelo menos quatro meses para uma nova oportunidade”, constata o professor de tango.

Milongueiro de carteira, o publicitário e músico Mário Ribeiro não perde um evento de tango desde que começou a aprender o ritmo há dois anos. Para ele, a cena tanguei-ra cearense passou por mudanças consideráveis nos últi-mos anos. “Exclusivamente de tango, antes só tínhamos um baile mensal. Hoje temos, em média, três bailes men-sais, uma milonga semanal, mais opções de escolas, pro-fessores e, principalmente, temos muito mais gente dan-çando”, comemora.

Além de praticante de tango, Mário Ribeiro é um dos entusiastas da difusão da dança portenha em Fortaleza, sendo também responsável pela Milonga TangoNoche no Amici’s. “Vivemos o melhor momento do tango na cida-de”, avalia o publicitário. “No Norte e Nordeste talvez só ficamos atrás de Salvador, que já possui até uma associa-ção de tangueiros”, afirma. E não apenas a quantidade de interessados evoluiu, mas também a qualidade do ensino dos professores, como observa Mário. “Nossos professo-

“este movimento fez crescer o interesse do

jovem pela dança de salão. O crescimento é visivel

pela quantidade de academias de dança na cidade e o

aumento da frequência de eventos”, avalia Carlinhos Araújo.

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o empresário e a gravadora.

Temos que aproveitar e fazer

a DIVULGAçãO DO TRABALHO, não só no aspecto

profissional, mas no lado pessoal,

ter contato com eles”, opina Sam Alves.

“Mesmo trabalhando na ‘terra do forró’, nunca precisei entrar nesse circuito para fazer sucesso. Tenho muito ORGULHO DE TRABALHAR com música, de me sustentar fazendo o que mais gosto. Como qualquer profissão, tem os MOMENTOS ruins e bons. O importante é não desistir nunca”, garante

Nayra Costa

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tALentoA cantora cearense, semifinalista do The Voice Brasil em 2012, afirma que se sente vitoriosa, pois sempre conseguiu manter seu estilo – que vai do rock ao popular – em suas apresentações. “Mesmo trabalhando na ‘terra do for-ró’, nunca precisei entrar nesse circuito para fazer sucesso”, observa. “Te-nho muito orgulho de trabalhar com música, de me sustentar fazendo o que mais gosto. Como qualquer profissão, tem os momentos ruins e bons. O im-portante é não desistir nunca”, garante a artista, que está desenvolvendo um repertório junto com amigos compositores e projeta o lançamento do seu CD próprio para este ano. “Estamos trabalhando nesse projeto com calma”, diz.

Para Sam Alves, o sucesso dos cantores cearenses no The Voice Brasil não ocorreu por acaso. Foi apenas uma questão de oportunidade. “A exposição na mídia nacional é que permite ao cearense mostrar seu talento. A mídia realmente tem esse poder e tem ajudado”, observa, constatando o poder da criatividade dos talentos locais. “Artista no Ceará a gente sabe que não fal-ta. É um povo alegre, haja vista tantos comediantes que saíram do Ceará. É só uma questão de ser visto para alcançar muita gente”, comenta Sam Al-

A cenA culturAl Do ceArá, especialmente na músi-ca, é uma das mais ri-

cas de todo o Brasil. Em muitos cantos, palcos e estúdios de Fortaleza e de todo o Estado é imensa a quantidade de talentosos cantores, compositores, instrumentistas e arranjadores que produ-zem e exibem obras encantadoras. No entanto, há muitos anos o País não ouve uma voz mar-cante e de sucesso vinda das terras alencarinas junto ao grande público e à mídia de massa. Pelo menos, não ouvia. Sam Alves, Marcos Lessa e Nayra Costa, dentre outros, estão se movimentan-do e trabalhando forte para tentar provar o contrário. “Desde o Fagner, que despontou na década de 1970, não surgiu um cantor ou cantora cearense em nível nacional. Dessa nova geração, ainda não tem ninguém fazendo sucesso como ele. Temos muitas promessas, tanto de vozes quanto de compositores, pessoas com muito potencial e capacidade artística. Temos evoluído muito de uns anos para cá, mas ainda há muito o que melhorar, na estrutura e no espaço oferecido para os ar-tistas do Ceará”, opina Marcos Lessa.

Curiosamente, todos os cantores cearenses da nova geração mais conhecidos pelo País fi-zeram sucesso nos últimos anos no The Voice Brasil, programa da TV Globo destinado à reve-lação de talentos musicais. Sem exceção, os ar-tistas admitem: a atração televisiva foi um dos grandes marcos na profissão. “É um programa que realmente coloca o foco na música e em re-velar artistas, que talvez até tenham tentado antes e não tiveram sucesso, mas querem mos-trar seu talento e sua voz. O The Voice me deu realmente a oportunidade de mostrar não só o que consigo fazer, mas também me colocou na vitrine aqui no Brasil e mundialmente, para eu começar uma nova carreira”, comenta Sam Al-ves, ganhador do The Voice em 2013.

FrUtoSMarcos Lessa não venceu o The Voice Brasil, mas também colhe frutos da sua ótima performance na mesma edição. Em 2013, o cantor de 24 anos chegou à semifinal do reality show. Desde en-tão, já lançou seu primeiro CD, “Entre o mar e o sertão”, e tem feito muitas exibições pelo Brasil. “Eu tive a sorte de, antes do The Voice, já ter um trabalho feito. Desde 2007, eu vinha fazendo vá-rios festivais. Eu já tinha uma estrutura prepa-rada, uma banda, um repertório com mais de 30 músicas, empresário e site”, conta Marcos. “Hoje, muita gente me reconhece pelo programa, mas depois disso, continuei dando motivos para o público lembrar de mim. Se a pessoa aparecer no The Voice e não tiver um trabalho consolida-do, fica difícil”, observa o artista.

Na visão de Sam Alves, que após o The Voi-ce também lançou dois CDs próprios, intitula-dos “Sam Alves” e “ID”, este recém-lançado, o apoio que o artista recebe faz toda a diferença. “No mercado da música, o que mais influencia é a equipe que você escolhe para trabalhar, os produtores, o empresário e a gravadora. E tam-bém tem muito a ver com o apoio dos fãs. Eu te-nho uma legião de fãs, a Guerreiros de Sam, que

ves. “Morei nos Estados Unidos e vi que o cearense é um trabalhador, que vai buscar seus sonhos e corre atrás”, afirma o cantor.

Abrir novos espaços culturais e dar mais oportunidades de parti-cipação aos cantores em licitações públicas são fatores que poderiam ajudar a revelar mais talentos, na visão de Marcos Lessa. “Preci-samos ocupar mais os espaços e equipamentos culturais de Forta-leza, como o Passeio Público, o Es-toril, a Praia de Iracema”, diz. “Os editais também precisam dar con-dição para os artistas, porque, às vezes, a gente ganha um edital, vai receber aquele valor lá na fren-te e fica difícil para o compositor ou cantor que está começando”, afirma. “Abrindo espaço, o pessoal tem talento para ocupar”, garante.

me segue nas redes sociais. Temos que aproveitar e fazer a divulgação do trabalho, não só no aspecto profissional, mas no lado pessoal, ter contato com eles”, opina Sam Alves.

Nayra Costa também tem aproveitado a boa exposição proporcionada pela televisão. Ela não reclama de forma al-guma da vitrine global, mas lamenta que foi preciso par-ticipar do reality show para que seu trabalho fosse defini-tivamente reconhecido por aqui. “Acho chato o artista ter que sair do mercado de Fortaleza para ter algum valor. Ob-servo isso não só de agora. Desde sempre isso acontece, pois até Fagner e Belchior tiveram que sair daqui para fa-zer sucesso”, constata a cantora. “Mas o The Voice foi a me-lhor coisa que me aconteceu. O programa realmente é sério. Quem está lá é bom, mesmo. Depois daquilo, apareceram mais shows para mim, inclusive pelo interior do Ceará, que eu não fazia muito”, explica Nayra Costa.

“Desde o Fagner, que despontou na década de 1970, não surgiu um cantor ou cantora cearense em nível nacional. Dessa nova geração, ainda não tem ninguém fazendo sucesso como ele. Temos muitas promessas, tanto de vozes quanto de compositores, PESSOAS COM MUITO POTENCIAL E CAPACIDADE ARTíSTICA. Temos evoluído muito de uns anos para cá, mas ainda há muito o que melhorar na estrutura e no espaço oferecido para os artistas do Ceará”, opina Marcos Lessa.

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progrAmA imperdível de quem visita Forta-leza, o passeio de barco pela orla

marítima revela uma outra perspectiva da Capital. À bordo de um veleiro, turistas e residentes podem conferir os en-cantos da orla no embalo das ondas do mar.

“O passeio é para ver como é bonita nossa cidade. Só toma duas horas do dia e você conhece Fortaleza de um outro ân-gulo”, destaca Sérgio Tadaiesky, vice-presidente da Associa-ção dos Veleiros de Fortaleza. O trajeto pode ser feito tan-to pela manhã, de 10h às 12h, como à tarde, de 16h às 18h. Quem opta por pegar o segundo, não se arrepende. Em um dia de céu claro, o cair da tardinha no veleiro é nostálgico, romântico e divertido. A sensação depende do estado de es-pírito e às vezes da sua resistência ao balanço do mar, que em algumas pessoas causa enjoo. Tirando isso, embarcar nesse programa rende lindos cliques e a oportunidade de conhecer histórias que marcaram o mar do Ceará.

Um dos primeiros pontos avistados é uma parte do navio Beny, que naufragou na enseada do Mucuripe em 1969. Como

explica o guia Andrew Davis, a embarcação trazia uma carga de sal e tinha como destino a cidade de Salvador. Nas proximida-des de Fortaleza, o motor do navio apresentou problemas e ficou ancorado aguardando reparos. “O sal corroeu o casco e o navio começou a afundar”, conta o guia. Outro naufrágio que chama a atenção dos turistas é o do navio Amazonas, que afundou em 1981. O cargueiro vinha de Belém do Pará, trazendo madeira e produtos eletrônicos. “Toda sua carga de madeira flutuou até a praia Leste-Oeste. Na época, populares tentaram saquear e até uma pessoa morreu e outras ficaram feridas”, relata o guia.

Mais na frente, uma grande carcaça, que também pode ser vista dos espigões da Beira Mar, deixa todo mundo do barco com um olhar curioso. Trata-se do navio Mara Hope, que nau-fragou há exatos 30 anos. O petroleiro estava sendo rebocado dos Estados Unidos para Taiwan por outro navio quando este teve problemas mecânicos enquanto navegava em águas bra-sileiras. O navio rebocador foi obrigado a ancorar no estaleiro da Indústria Naval do Ceará e durante uma noite de maré alta e forte tempestade, o Mara Hope soltou-se de suas amarras.

Ficou à deriva até encalhar num banco de areia próximo à Praia de Iracema.

“Você pensa que num mar desse tama-nho não tem histórias, mas tem muitas”, entusiasma-se a turista paulistana Con-ceição da Silva, encantada com o passeio e as curiosidades contadas pelo guia do veleiro. Visitando Fortaleza pela segunda vez, a aposentada rasga elogios para a ci-dade e para o povo hospitaleiro. “A aten-ção com o turista, a preocupação em dar informação correta, acho isso importan-te”, observa a aposentada.

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Caminhogu sProCUrADe acordo com Sério Tadaiesky, o pas-seio é mais procurado por turistas do que residentes. “Muita gente desco-nhece o serviço. A cada dia nos de-paramos com pessoas que não sa-biam dele. Tem gente que nem sabe que existe a Praia Mansa”, observa o vice-presidente da Associação de Ve-leiros. A praia fica à direita da ensea-da do Mucuripe e abriga turbinas do Parque Eólico. É um dos pontos avis-tados no passeio de barco, entre ou-tros, como cais do Porto, píer petro-leiro e o estaleiro da Indústria Naval do Ceará (Inace), nas proximidades do Hotel Marina Park. “Próximo ao hotel, nós paramos de 15 a 20 minutos para um banho. Depois, o barco vem pela orla passando pela ponte metálica e retornando até o ponto de partida, no Mucuripe”, explica o vice-presidente.

A volta do passeio acontece no momento em que o Sol se despede e o dia vai dando espaço para a noite. Com o anoitecer, a orla de Fortaleza ganha o brilho das luzes e aos poucos a paisagem marítima vai mudan-do. Ali, acalentados pela brisa e pelo movimento do barco, alguns apro-veitam para repousar os olhos no horizonte e pensar na vida. Outros se aquecem nos braços do seu par e fazem seu próprio clima român-tico. Mas há quem simplesmente descanse sobre os bancos, exaus-tos de um longo dia de sol e mar.

Viver em uma cidade banha-da pelo mar é um privilégio que só reconhece quem não tem essa sorte. Mas ao vislumbrar uma ou-tra perspectiva da cidade, o en-cantamento pode fazer qualquer residente prestar mais atenção nas belezas da Capital. “O passeio de veleiro pela orla de Fortaleza é a retomada da sensação de que vi-vemos numa das mais belas cida-des litorâneas do Brasil”, opina a professora cearense Magali Mou-ra. “A brisa e o cheiro do mar são inconfundíveis. Além disso, em-balados pelo som natural e cul-tural do forró, somos envolvidos pela nordestinidade do ambiente e das pessoas que parecem des-lumbradas com a beleza alencari-na”, completa.

O serviço é oferecido há 30 anos e é gerenciado pela Asso-ciação dos Veleiros de Fortaleza. Três embarcações se revezam no transporte de passageiros: duas com capacidade média de 62 pes-soas e uma que comporta até 70 pessoas. Cada barco conta com tripulação credenciada, formada por mestre da embarcação, marinhei-ro auxiliar e mecânico. Os barcos são equipados com coletes salva-vi-das, boias circulares, rádio de comunicação e balsa inflável.

ServiÇo: Passeio Marítimo pela orla de FortalezaADuLtO: R$50CRIANçAS DE 0 A 4 ANO: grátisCRIANçAS DE 5 A 11 ANOS: paga meiaINFORMAçõES: (85) 3263 1085

PontoS AviStAdoS do MArEstátua de IracemaPorto de Jangadas / MucuripeMoinho Dias Branco / Fábrica Dona BentaNavio Beny - Naufrágio 1969Cais do Porto / Píer Petroleiro / MucuripePraia Mansa / Parque Eólico / MucuripeNavio Amazonas - Naufrágio 1981Navio Mara Hope - Encalhe 1983Marina Parque HotelIgreja de Santa EdwirgesMercado Central / Catedral de FortalezaIndústria Naval / INACEPonte Metálica / Antigo PortoPonte dos InglesesQuebra-Mar / EspigõesBeira Mar FortalezaCalçadão Beira Mar Fortaleza

“Você pensa que num

mar desse tamanho

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