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Maria de Nazaré Bandeira dos Santos FÍSICA PARA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA

Fisica Aplicada a Biologia-1

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Page 1: Fisica Aplicada a Biologia-1

Maria de Nazaré Bandeira dos Santos

FÍSICA PARA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA

Page 2: Fisica Aplicada a Biologia-1

PRESIDENTE DA REPÚBLICALuiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃOFernando Haddad

GOVERNADOR DO ESTADOWellington Dias

REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍLuiz de Sousa Santos Júnior

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MECCarlos Eduardo Bielschowsky

COORDENADORIA GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DOBRASILCelso Costa

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍAntonio José Medeiros

COORDENADOR GERAL DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPIGildásio Guedes Fernandes

SUPERITENDÊNTE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO ESTADOEliane Mendonça

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZAHelder Nunes da Cunha

COORDENADOR DO CURSO DE BIOLOGIA NA MODALIDADE EADMaria da Conceição Prado de Oliveira

COODENADORA DE MATERIAL DIDÁTICO DO CEAD/UFPICleidinalva Maria Barbosa Oliveira

DIAGRAMAÇÃOEzequiel Vieira Lima JuniorJoaquim Carvalho de Aguiar NetoJosimária da Silva Macêdo

S237f

Dos Santos, Maria de Nazaré Bandeira

Física para Ciências Biológicas / Maria de Nazaré Bandeira dos Santos - Teresina: UFPI/UAP, 2008.

1748p. il. 1.Física para Ciências Biológicas. 2. Radiações. 3.Energia,

Força e Movimento. 4. Fenômenos Ondulatórios. 5. Fluido e em Sistemas Biológicos. 6. Fenômenos Elétricos nas Células. I. Título

CDU: 530

Page 3: Fisica Aplicada a Biologia-1

Este texto constitui o material instrucional da disciplina Física para

Ciências Biológicas, do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas –

Modalidade a Distância, oferecido pelo programa de Educação a Distância da

Universidade Federal do Piauí (UAPI).

A disciplina Física para Ciências Biológicas, é tratada como

ferramenta para explicar, à luz da Física e da Biologia os conhecimentos que

alicerçam a compreensão dos fenômenos biológicos, objeto de estudo dos

Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Biologia.

A Unidade 1, trata sobre Física da Radiações, onde apresentamos

os conhecimentos essenciais do tema, incluindo desde noções gerais para

produção de radiação, até aplicações, efeitos biológicos e proteção

radiológica.

A Unidade 2 expõe o conteúdo de Energia, Força e Movimento,

onde na primeira parte mostramos as definições essenciais sobre energia,

fluxo de energia na biosfera e o princípio da conservação da Energia no

universo. Na segunda parte, tratamos dos tipos, efeitos e aplicações das

forças sobres partes do corpo humano.

Na Unidade 3, discorremos sobre Fenômenos Ondulatórios com o

objetivo de mostrar as leis que descrevem o movimento ondulatório e suas

aplicações em sistemas biológicos.

Na Unidade 4, tratamos sobre Fluidos em Sistemas Biológicos, das

bases físicas às aplicações de interesse para estudantes de Biologia.

Finalmente, a Unidade 5, tratamos sobre Fenômenos Elétricos nas

Células dando uma noção de eletrofisiologia aos estudantes.

Na elaboração deste material, utilizamos um grande número de

recursos, tais como: aspectos históricos, saiba mais, reflita, desafio e

atividades de aprendizagem e de fixação.

Apresentação

Page 4: Fisica Aplicada a Biologia-1

Todos estes recursos, em conjunto, visam tornar a relação

conteúdo-aluno a mais interativa e dinâmica possível.Buscamos

sempre que possível, contextualizar os conteúdos em situações do

cotidiano do aluno, para que o mesmo sinta uma maior “intimidade” com

o que está sendo tratado. Enfim, este impresso visa proporcionar, ao

estudante de Física para Ciências Biológicas, reflexão, análise,

interpretação, conhecimento, e aplicação dos princípios e leis da Física

à situações do cotidiano em Ciências Biológicas.

Enfim, esperamos que este texto consiga prender a atenção do

estudante, proporcionando-lhe aprendizagem e ajudando a

desenvolver e aplicar seu raciocínio formal.

Colocamo-nos a disposição de leitores e alunos para

esclarecimentos e aguardamos suas críticas e sugestões, que

certamente contribuirão para tornar esse texto mais eficiente, agradável

e prazeroso.

Page 5: Fisica Aplicada a Biologia-1

UNIDADE 1: FÍSICA DAS RADIAÇÕES................................................13

1.1. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE RADIAÇÕES...............................14

1.1.1. Introdução.............................................................................14

1.1.2. Radiação Corpuscular...........................................................14

1.1.3 Radiação Eletromagnética e Teoria dos Quanta.................... 15

1.1.4 Princípio da Dualidade Onda-Partícula.................................. 16

1.2 APLICAÇÕES DAS RADIAÇÕES.....................................................17

1.2.1. Aplicações na Indústria......................................................... 17

1.2.2. Aplicações na Agronomia......................................................19

1.2.3. Aplicações na Medicina.........................................................19

1.2.4. Aplicações na Biologia ..........................................................22

1.2.5. Aplicações na Pesquisa Científica de modo Gera..................23

1.3 MODELOS ATÔMICOS....................................................................23

1.3.1 Antigüidade............................................................................24

1.3.2 Período do Século XVIII ao XX...............................................25

1.4 DESINTEGRAÇÃO NUCLEAR........................................................ 28

1.4.1 Introdução............................................................................. 28

1.4.2 Grandezas Físicas para o Estudo da Desintegração Nuclear..29

1.5 RAIOS X...........................................................................................32

1.5.1 Produção de Raios X..............................................................32

1.5.2 Atenuação de Raios X............................................................35

1.6 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES E PROTEÇÃO

RADIOLÓGICA......................................................................................36

1.6.1 Efeitos Biológicos das radiações............................................36

1.6.2 Proteção Radiológica.............................................................39

i) Tipos de Exposição e seus Efeitos.......................................39

ii) Exposição versus Contaminação.......................................40

1.7 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO.............................................................. 41

1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................43

1.8.1 Livro Texto............................................................................. 43

1.8.2 Bibliografia Complementar....................................................43 1.8.3 Web - Bibliografia..................................................................43

UNIDADE 2: ENERGIA, FORÇA E MOVIMENTO................................45

2.1 CONCEITOS BÁSICO SOBRE ENERGIA......................................47

2.1.1 Trabalho Realizado por uma Força Constante........................47

2.1.2 Trabalho Realizado por uma Força Variável...........................49

Sumário Geral

Page 6: Fisica Aplicada a Biologia-1

2.1.3 Energia Cinética...................................................................49

2.1.4 Sistemas Conservativos e Energia Potencial....................... 50

2.1.5 Princípio da Conservação da Energia Mecânica..................51

2.2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA......................................................52

2.2.1 Introdução............................................................................52

2.2.2 Energia Térmica...................................................................52

2.2.3 Energia Química e Biológica.................................................54

2.2.4 Transformação de Energia na Biosfera.................................55

2.2.5 Fluxo de Energia na Biosfera................................................ 57

2.3 ENERGIA E O CORPO HUMANO...................................................59

2.3.1 Conservação de Energia...................................................... 59

2.3.2 Variação de Energia Interna..................................................60

2.3.3 Realização de Trabalho Externo...........................................63

2.4 FONTES CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS DE

ENERGIA .............................................................................................65

2.4.1 Fontes Convencionais de Energia........................................ 66

2.4.2 Fontes Não Convencionais de Energia.................................66

2.5 FORÇAS – APLICAÇÕES NO CORPO HUMANO...................68

2.5.1 Forças..................................................................................68

2.5.2 Aplicações e Cálculos de Forças no Corpo Humano.............72

2.6 MECÂNICA DO VÔO DOS ANIMAIS...............................................74

2.6.1 Pára-Quedismo....................................................................74

2.6.2 Planeio.................................................................................75

2.6.3 Vôo Propulsado ou Vôo Simples...........................................75

2.7 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO...............................................................76

2.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 78

2.8.1 Livro Texto............................................................................78 2.8.2 Bibliografia Complementar..................................................78 2.8.3 Web - Bibliografia................................................................78

UNIDADE 3: FENÔMENOS ONDULATÓRIOS...................................79

3.1 PROPRIEDADES GERAIS DAS ONDAS......................................81

3.1.1 Definição..............................................................................81

3.1.2 Caracterização.....................................................................81

3.1.3 Classificação........................................................................82

3.1.4 Ondas Harmônicas Simples.................................................83

Page 7: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) Ondas Progressivas.....................................................................86

ii) Ondas Estacionárias.................................................................. 87

3.1.5 Velocidade de Propagação da Onda em Meios Elásticos.............88

i) Ondas longitudinais num fluido....................................................88

ii) Ondas transversais numa corda................................................ . 89 iii) Ondas longitudinais num sólido.................................................89

3.1.6 Princípio da Superposição de Ondas e Teorema de Foürier.....91

3.1.7 Transporte de Energia por Ondas................................................91

3.2 ESTUDO DO SOM, FONAÇÃO E OUVIDO HUMANO...............................93

3.2.1 Ondas Sonoras...............................................................................93

3.2.2 Ondas Harmônicas Sonoras...........................................................93

3.2.3 Intensidade do Som........................................................................ 95

3.2.4 Sistemas Vibrantes.........................................................................96

i) corda fixa em ambas extremidades............................................ ..97

ii) tubo aberto nas duas extremidades.............................................98iii) tubo aberto em uma extremidade e fechado na outra...............99

3.2.5 Produção da Fala – Fonação.........................................................99

3.2.6 O Ouvido Humano........................................................................ 100

3.3 O ULTRA-SOM APLICADO À MEDICINA................................................101

3.3.1 O Uso do Ultra–Som na Medicina..................................................101

3.3.2 Geração e Detecção de Ultra–Som...............................................102

3.3.3 Propriedades das Ondas Ultra-Sônicas........................................102

3.3.4 Formação de Imagens por Ultra-Som............................................102

3.3.5 Fisioterapia Ultra-Sônica..............................................................103

3.3.6 Efeitos Biológicos do Ultra-Som....................................................103

3.4 O OLHO HUMANO E O OLHO COMPOSTO....................................103

3.4.1 O Olho Humano............................................................................103

3.4.2 O Olho Composto.........................................................................107

3.5 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO........................................................................108

3.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................1113.6.1 Livro Texto....................................................................................111 3.6.2 Bibliografia Complementar...........................................................111 3.6.3 Web - Bibliografia.........................................................................111

UNIDADE 4: FLUIDOS EM SISTEMAS BIOLÓGICOS...............................112

4.1 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDROSTÁTICA........................................114

4.1.1 Pressão Hidrostática.....................................................................114

4.1.2 Medidas de Pressão......................................................................115

Page 8: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) Experiência de Torricelli.....................................................116

ii) Pressão Sanguínea..........................................................117

iii) Pressão Intra-Ocular........................................................119

4.1.3 Princípio de Pascal e Aplicações..........................................120

4.1.4 Princípio de Arquimedes e Aplicações..................................121

4.1.5 Trocas de Gás pelas Folhas das Plantas..............................123

4.1.6 Efeitos Fisiológicos da Variação de Pressão dos Fluidos......124

i) Efeitos da Postura na Pressão Sanguínea........................ 124

ii) Mergulho Sub-aquático e Efeitos de Altitude.....................1254.2 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDRODINÂMICA............................126

4.2.1 Classificação e Caracterização dos Escoamento dos Fluidos.................................................................................................126

4.2.2 Equações Gerais do Comportamento dos Fluidos em

Movimento...........................................................................................127

i) Equação da Continuidade.................................................128

ii) Equação de Bernoulli.......................................................128

iii) Equação de Poiseuille.....................................................128

iv) Número de Reynolds.......................................................128

4.2.3 Propriedades dos Fluidos.................................................... 129

i) Tensão Superficial.............................................................129

ii) Efeitos de Capilaridade....................................................129

iii) Fenômenos da Difusão e Osmose...................................130

4.3 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO............................................................131

4.4 EXPERIMENTE!....................................................................133

4.4.1 Densidade e Pressão..........................................................133

4.4.2 Princípio de Arquimedes......................................................134

4.4.3 Medidas de Pressão............................................................ 1344.4.4 Funcionamento dos Alvéolos..............................................134

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................134

4.5.1 Livro Texto........................................................................... 134

4.5.2 Bibliografia Complementar...................................................134 4.5.3 Web - Bibliografia...............................................................135

UNIDADE 5: FENÔMENOS ELÉTRICOS NAS CÉLULAS................136

5.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ELETRICIDADE.......................138

5.1.1 Campo Elétrico e Potencial Elétrico......................................138

i) Força Elétrica e Campo Elétrico.................................................138ii) Trabalho, Energia Cinética e Energia Potencial.......................138

Page 9: Fisica Aplicada a Biologia-1

iii) Potencial Elétrico e Diferença de Potencial......................139

5.1.2 Capacitores.........................................................................140

5.2 ELETRICIDADE ANIMAL...............................................................141

5.3 POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE REPOUSO........142

5.4 ORIGEM DO POTENCIAL DE REPOUSO..................................... 144

5.5 POTENCIAL DE AÇÃO DE UMA CÉLULA NERVOSA....................145

5.6 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO.............................................................. 147

5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................148

5.7.1 Livro Texto........................................................................... 148

5.7.2 Bibliografia Complementar.................................................. 148 5.7.3 Web - Bibliografia.......................................................................148

Page 10: Fisica Aplicada a Biologia-1

Unidade 1A sociologia e a Sociologia da EducaçãoA sociologia e a Sociologia da Educação

Unidade 1

Nesta unidade faremos uma breve apresentação da Física das

Radiações, um dos ramos da Física Moderna cujo objetivo é proporcionar os

conhecimentos básicos necessários para a compreensão da linguagem e

origem das radiações, aplicações e efeitos biológicos, bem como noções de

proteção radiológica. Para isso faremos nesta unidade uma explicação sobre

radiação corpuscular e eletromagnética, Teoria dos Quanta, Princípio da

Dualidade onda-partícula e tipos de radiação. Exporemos sobre aplicações das

radiações em diferentes áreas do conhecimento, enfatizando as aplicações em

Biologia e Medicina. Descreveremos brevemente a evolução histórica dos

modelos atômicos, estrutura atômica e sobre transições eletrônicas, com o

objetivo de proporcionar a compreensão do papel das espectroscopias de

absorção e emissão nas análises químicas dos materiais, importante nas

pesquisas em Bioquímica, Biofísica, Microbiologia, Fisiologia etc. Finalmente,

explanaremos sobre a geração artificial dos raios X, proteção radiológica e

efeitos biológicos das radiações.

Este estudo será de extrema importância para futuros professores e/ou

pesquisadores em Ciências Biológicas, uma vez que radiações são muito

utilizadas nas pesquisas desta Ciência.

Física das radiaçõesFísica das radiações

Unidade 1Unidade 1

Resumo

Page 11: Fisica Aplicada a Biologia-1

Sumário

UNIDADE 1: FÍSICA DAS RADIAÇÕES................................................13

1.1. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE RADIAÇÕES...............................14

1.1.1. Introdução.............................................................................14

1.1.2. Radiação Corpuscular...........................................................14

1.1.3 Radiação Eletromagnética e Teoria dos Quanta.................... 15

1.1.4 Princípio da Dualidade Onda-Partícula.................................. 16

1.2 APLICAÇÕES DAS RADIAÇÕES.....................................................17

1.2.1. Aplicações na Indústria......................................................... 17

1.2.2. Aplicações na Agronomia......................................................19

1.2.3. Aplicações na Medicina.........................................................19

1.2.4. Aplicações na Biologia ..........................................................22

1.2.5. Aplicações na Pesquisa Científica de modo Gera..................23

1.3 MODELOS ATÔMICOS....................................................................23

1.3.1 Antigüidade............................................................................24

1.3.2 Período do Século XVIII ao XX...............................................25

1.4 DESINTEGRAÇÃO NUCLEAR........................................................ 28

1.4.1 Introdução............................................................................. 28

1.4.2 Grandezas Físicas para o Estudo da Desintegração Nuclear..29

1.5 RAIOS X...........................................................................................32

1.5.1 Produção de Raios X..............................................................32

1.5.2 Atenuação de Raios X............................................................35

1.6 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES E PROTEÇÃO

RADIOLÓGICA......................................................................................36

1.6.1 Efeitos Biológicos das radiações............................................36

1.6.2 Proteção Radiológica.............................................................39

i) Tipos de Exposição e seus Efeitos.......................................39

ii) Exposição versus Contaminação.......................................40

1.7 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO.............................................................. 41

1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................43

1.8.1 Livro Texto............................................................................. 43

1.8.2 Bibliografia Complementar....................................................43 1.8.3 Web - Bibliografia..................................................................43

Page 12: Fisica Aplicada a Biologia-1

1.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE RADIAÇÕES

1.1.1 Introdução

Radiação é a propagação de energia sob várias formas. De um

modo geral as radiações podem ser classificadas em dois grandes

grupos: radiação corpuscular e radiação eletromagnética. As radiações

de ambos os grupos, quando possuem energia suficiente, atravessam a

matéria, ionizando átomos e moléculas e assim modificando seu

comportamento químico. Quando se trata de radiação interagindo com

organismos vivos, por exemplo, como conseqüências, podem ocorrer

mutações genéticas e modificações nas células vivas. Essa ação

destrutiva sobre as células pode ser utilizada no tratamento de tumores.

Embora essas radiações produzam efeitos gerais semelhantes nos

seres vivos, cada uma delas possui características próprias, como

veremos mais tarde.

Toda a vida, em nosso planeta, está exposta à radiação

cósmica (partículas com grande energia proveniente do espaço), à

radiação provenientes de elementos naturais radioativos existentes na

crosta terrestre, radiação provenientes de materiais de construção e até

mesmo de nosso próprio alimento. A intensidade dessa radiação tem

permanecido constante por milhares de anos. Essa radiação se chama

radiação natural ou de fundo. A radiação de fundo varia muito de local

para local, dependendo de sua formação rochosa, altitude etc. Para

altitudes de 3000 m, a radiação de fundo é 20% superior à radiação ao

nível do mar. Isso porque a atmosfera se encarrega de atenuá-la.

1.1.2 Radiação Corpuscular

A radiação corpuscular é aquela constituída por corpúsculos

ou partículas elementares, núcleons atômicos etc, tais como:

elétrons prótons, nêutrons, mésons ï, partículas á, deuterons etc.

Em geral estas partículas possuem a velocidade (v) muito menor

do que a velocidade da luz ( smc /10.3 8= ), isto é, v << c,

podendo portanto, sua energia ser dada pela equação clássica da

energia cinética

O que é Radiação?

O termo RADIA-ÇÃO vem do latim RADIARE, que si-gnifica energia se propaga através do espaço, mesmo interceptando ma-teria. O termos RADIAÇÃO e IR-RADIAÇÃO são na maioria das vezes comfundi-dos. E usados indistintamente como sinônimos. Alguns elementos químicos têm a propriedade de se decompor, trans-formando-se em outros elementos, de massas ato-micas menores, com liberação de energia, de parti-culas e de radia-ção eleltromag-nética. Tais ele-mentos são cha-mados de radioa-tivos. Há a radioa-tividade natural e artificial. Os nos-sos sentidos não permitem perceber radioatividade. Pa-ra medi-la são usados aparelhos específicos.

14

Page 13: Fisica Aplicada a Biologia-1

onde c é a velocidade da luz no vácuo. Os tipos mais comuns

de radiação corpuscular são:

1.1.3 Radiação Eletromagnética e Teoria dos Quanta

2

2

1mvK = .......................................... 1.1

i) Radiação a ou feixe de partículas a

ii) Radiação b ou feixe de partículas b

iii) Radiação de neutrons

A radiação eletromagnética é aquela constituída por

campos elétricos e magnéticos oscilantes e se propagam com a

velocidade da luz ( c ).

A energia associada à radiação eletromagnética envolve

conceitos de Física Moderna, através da Teoria dos Quanta de

Max Planck (1901) e Albert Einstein (1905). Essa Teoria trata a

radiação como quantizada, isto é, a radiação eletromagnética é

emitida e se propaga descontinuamente em pequenos

pulsos de energia, quantum ou fótons. Fóton é a menor

quantidade de energia da radiação eletromagnética. Assim,

Planck descobriu que os fótons de radiação eletromagnética

possuem energia ( E ) diretamente proporcional à sua freqüência

f , dada por

hfE = .................................................. (1.2)

O que é o espectro eletromagnético? Faça um diagrama do espectro eletro-mag. na ordem crescente de com-primento de onda?

onde h é uma constante universal, chamada constante de

Planck, que vale sJ .10.63,6 34- ou seV .10.14,4 15- .

É conhecido que em todo movimento oscilante periódico, tal

como nas radiações, existe uma relação entre velocidade (v),

comprimento de onda (ë) e freqüência f de oscilação, dada por;

Reflita

15

Page 14: Fisica Aplicada a Biologia-1

assim, podemos reescrever a expressão na energia da radiação

em função do comprimento de onda, por

Os tipos mais comuns de radiação eletromagnética são:

1.1.4 Princípio da Dualidade Onda-Partícula

Em 1924, Louis de Bröglie postulou o Princípio da dualidade onda-

partícula que afirma que, a matéria possui tanto características

ondulatórias como corpusculares. Este princípio foi expresso

matematicamente por

fv l= ................................................... (1.3)

no caso da radiação eletromagnética, temos

fc l= .................................................. (1.4)

l

hcE = ........................................... (1.5)

i) Radiação g

ii) Radiação X

iii) Radiação Ultra-Violeta (UV)

iv) Radiação visível

v) Radiação Infra-Vermelho (IV)

vi) Microondas

vii) Ondas de rádio e televisão

l

hmv = .....................................................(1.6)

é chamado comprimento de onda de de Bröglie. O caráter

corpuscular é representado pelo produto mv , pois m e v são

respectivamente, massa e velocidade do corpúsculo; enquanto que

l

h representa o caráter ondulatório, pois l é o comprimento de onda

da onda associada ao corpúsculo.

16

Page 15: Fisica Aplicada a Biologia-1

1.2 APLICAÇÃO DAS RADIAÇÕES

Após as descobertas dos raios X em 1895 por Wilhelm Conrad

Röentgem, os cientistas logo perceberam que essa radiação poderia

ter grandes aplicações práticas. Nos 15 anos seguintes, os médicos

trabalharam ativamente com os físicos no exame de corpos humanos.

Os médicos aprenderam a diagnosticar fraturas de ossos, fazendo

radiografias.

Em 1896 Henri Becquerel, através de vários experimentos,

concluiu que os sais de urânio emitiam “radiações penetrantes”

capazes de atravessar corpos opacos à luz. Becquerel chamou este

comportamento do urânio de RADIOATIVIDADE. A descoberta da

radioatividade artificial e o desenvolvimento dos métodos de

produção de radioisótopos em grande escala, estimularam muitos

pesquisadores ao estudo de sua aplicação em diferentes ramos da

Ciência.

Hoje em dia, radiações são muito usadas na indústria em

ensaios não destrutivos, na Agronomia, na Medicina, na Biologia, em

Pesquisa Científica de modo geral etc.

1.2.1 Aplicações na Indústria

A indústria é uma das maiores usuárias das técnicas

nucleares no Brasil, respondendo por cerca de 30% das licenças

para a utilização de fontes radioativas.

Desafio

Faça um quadro contendo os grupos de radiação corpuscular e ele-tromagnética, o tipos ou exemplos de cada grupo e suas respectivas características.

Quer Saber Mais!

Sobre Radioatividade? CHASSOT, Attico. Raios X e Radioatividade. Química Nova na Escola . N. 2, novembro 1995.

17

Page 16: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) para medidas de espessura, por exemplo, na indústria

de papel para garantir que todos as folhas são de igual

espessura; em medidas de níveis de líquidos no

enchimento de vasilhames; ou quando se trata de

medir espessura de materiais corrosivos, tóxicos ou

perigosos de manusear;

ii) para medidas de vazamentos de líquidos ou gases,

por exemplo, para detectar problemas de

vazamentos e mau funcionamentos em grandes

plantas da indústria química;

iii) em pesquisas sobre desgastes de motores;

iv) na conservação de alimentos para eliminar

microorganismos patogênicos e para elevar a vida

útil do produto aumentando o tempo para seu

consumo;

v) em esterelizações de materiais cirúrgicos, remédios,

materiais de valor histórico etc;

i) Uso de radiografias e gamagrafias (radioisótopos

mais usados são: 60Co, 192Ir, 137Cs e 170Tu), para

examinar o interior de materiais e conjuntos

lacrados, para detectar descontinuidades e

heterogeneidades de materiais, para inspeção na

qualidade de soldas, componentes de

equipamentos etc;

vl) em detectores de fumaça – na presença de fumaça

a partir de um nível pré-estabelecido, dispositivos

dotados de uma fonte radioativa emissora de

radiação a, de baixa intensidade e um sistema de

detecção que produz sinal elétrico, dispara um

sistema de alarme indicando a presença da

fumaça.

Sobre Aplicações das Radiações?

http://www.cultura.com.br/radiologia/diversos/ApEdAplica%C3%A7%C3%A3o.htm

http://www.cnen.gov.br

Saiba Mais

18

Page 17: Fisica Aplicada a Biologia-1

1.2.2 Aplicações na Agronomi

Uma das aplicações mais importantes das radiações, mais

especificamente de radioisótopos, diz respeito à solução de problemas

básicos da produção de alimentos. Alguns dos benefícios trazidos com

o uso dos radioisótopos são:

i) criação de novas variedades de plantas com

características melhoradas;

ii) capacidade de aumentar e de melhorar a produção

de alimentos através do conhecimento do

metabolismo vegetal e animal;

iii) pesquisas do processo de absorção de nutrientes,

da água e/ou de fertilizantes;

iv) para estudar o comportamento de insetos como

abelhas e formigas;

v) defesa da alimentação e do meio ambiente, como

por exemplo, determinar se um agrotóxico fica retido

nos alimentos, ou quanto vai para o solo para a água

e para a atmosfera;

vi) controle ou eliminação de pragas, esterelizando os

machos.

1.2.3 Aplicações na Medicina

Na Medicina, as radiações são usadas num campo

genericamente chamado de radiologia, que por sua vez

compreende:

- a radiologia diagnóstica (7Gy < D < 70 Gy)-4 -2 - a radioterapia (10 Gy < D < 10 Gy) e

-4- a medicina nuclear (D ~ 10 Gy)

onde D é a dose absorvida de radiação por exame ou por

tratamento. A dose absorvida (D) é definida como a quantidade de

energia (E) da radiação absorvida por unidade de massa (m) do órgão

absorvedor, assim,

19

Page 18: Fisica Aplicada a Biologia-1

A radiologia diagnóstica consiste na utilização de um feixe de

raios X para a produção de imagens em várias tonalidades de cinza

numa chapa fotográfica ou numa tela fluoroscópica. O médico ao

examinar uma chapa ou uma tela fluoroscópica, pode verificar as

estruturas anatômicas do paciente e descobrir a existência de qualquer

anormalidade. Essas imagens podem ser tanto estáticas como

dinâmicas. Imagens estáticas podem ser obtidas, por exemplos, em

radiografias em geral, abreugrafias, mamografias e tomografias

convencional e computadorizada etc. As imagens dinâmicas podem ser

obtidas através de videofluoroscopia, utilizadas para se estudar

imagens de estruturas internas em movimento, como por exemplos

para o acompanhamento de cateterismo e angiografias.

Enfim, a partir as descobertas dos raios X em 1895, a evolução da

radiologia ultrapassou seus objetivos iniciais, sendo que hoje temos

modernos aparelhos convencionais, planígrafos, mamógrafos,

aparelhos de densitometria e os modernos tomógrafos

computadorizados, detectanto males morfológicos, biológicos e

fisiológicos proporcionando assim, diagnósticos a um grande número

de especialistas.

A radiologia diagnóstica com raios X baseia-se em uma

transmissão através de partes do corpo, após a absorção por diferentes

tecidos. A absorção é diferente para diferentes tecidos, e assim, tecido

adiposo, tecidos moles e ósseo podem ser distinguidos numa chapa de

raios X. Isso se deve a diferença de densidade e o número atômico

médio de cada tecido, resultando em diferentes atenuações do feixe de

raios X. A atenuação é a redução da intensidade da radiação, devido a

absorção e espalhamento dos fótons pelo meio o qual atravessa. Para

um feixe mono-energético de radiação, a atenuação é descrita

matematicamente por:

m

ED = ........................ (1.7)

cuja unidade no sistema internacional é GyGrays

J ==

xeII m-=0 .................................. (1.8)

Sobre imagens dinâmicas em radiologia diagnóstica?

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artex&pid=50100-39842005000600009

Saiba Mais

20

Page 19: Fisica Aplicada a Biologia-1

A radioterapia utiliza a radiação no tratamento de tumores, na

maior parte malignos, e se baseia na destruição do tumor pela absorção

da energia da radiação incidente, tendo como princípio maximizar o

dano ao tumor e minimizar o dano em tecidos normais vizinhos, o que se

consegue irradiando o tumor de várias direções. A radioterapia pode ser

feita com raios X e com radioisótopos. A radioterapia pode ser

classificada em duas modalidades: a teleterapia e a braquiterapia.

A radioterapia por teleterapia é aquela cuja fonte de radiação

é localizada distante da região a ser tratada. É dividida em três tipos,

dependendo da voltagem do equipamento a ser utilizado. São eles:

Teleterapia por equipamentos de quilovoltagem (voltagem de 200kV) –

nestas são usados tubos convencionais de raios X; teleterapia por

equipamentos de megavoltagem (voltagem da ordem de 106 V) – é a

que usa raios X produzidos em aceleradores de partículas lineares e

bétatrons; e a teleisotopoterapia – usa equipamentos que empregam 60 137 226isótopos radioativos, sendo os mais comuns os de Co, Cs e Ra.

A radioterapia por braquiterapia usa a fonte de radiação em

contato como o tecido a ser tratado ou nele implantado. A aplicação

pode ser externa, intracavitária ou intersticial, podendo nas duas

últimas aplicações ser temporária ou permanente. Os materiais 226 60 137 192 198radioativos, tais como: Ra, Co, Cs, Ir e Au são usados selados,

dentro de recipientes sobre forma de tubos, agulhas, fios metálicos ou

“sementes”; esses recipientes podem absorver radiação â, caso exista.

Uma das vantagens da braquiterapia é a possibilidade de irradiar o

tumor com dose alta e os tecidos vizinhos normais com dose mínima,

bem menor que no caso da teleterapia. Esse tipo de tratamento é

utilizado, por exemplo, no câncer ginecológico.

A medicina nuclear aplica materiais radioativos e técnicas de

física nuclear na diagnose, no tratamento e no estudo de doenças. Ela

compreende uma parte clínica, diretamente relacionado com o

paciente, e uma parte não clínica, onde são desenvolvidas pesquisas

básicas sobre doenças e ação de drogas.

sendo m o coeficiente de atenuação linear do meio, que

é função do material e da energia do raios X.

21

Page 20: Fisica Aplicada a Biologia-1

Sobre aplicações clínicas da Medi-cina Nuclear:

OKUNO,E., CAL-DAS,I.L. CHOW, C. Física para Ciências Bioló-gicas e Biomé-dicas Ed. HAR-BRA, São Paulo, 1982, pg. 67-69.

Saiba Mais

A medicina nuclear usa materiais radioativos não selados, pois

os mesmos são ingeridos ou injetados, a fim de ser

incorporados às regiões do corpo humano a ser tratada. O órgão que

recebe a maior dose durante um processo é chamado órgão crítico.

O composto radioativo administrado a um paciente, é

produzido pela área de radiofarmácia, onde radioisótopos são

incorporados a drogas por mecanismos específicos. São os chamados

radiofármacos. De um modo geral, o radiofármaco administrado a uma

pessoa é um agente que fornece informações sobre a fisiológica e ou

sobre anormalidades anatômicas.

Quanto aos estudos básicos não clínicos temos, por exemplo,

a utilização do 14C na avaliação de atividades enzimáticas, na detecção

de microorganismos, ou o 3H no estudo da divisão celular através de

auto-radiografias.

As aplicações clínicas podem ser, em geral:

- diagnósticas, compreendendo a detecção e localização

de anormalidades, a avaliação do metabolismo e da

fisiologia;

131- terapêuticas, como o uso do I no hipertireoidismo e em

carcinomas tireoidianos, a utilização de colóide do ouro

(198Au) e ítrio radioativo (90Y) no tratamento de efusões

pleural e peritoneal, o uso do 32P no tratamento da

leucemia crônica, etc;

- análise por ativação com nêutrons, para determinação,

in vivo, de elementos traços, que auxiliam o estudo do

metabolismo de proteínas ou do cálcio em pacientes

específicos.

1.2.4 Aplicações na Biologia

Em Biologia as aplicações das radiações são feitas em

pesquisas básicas nos campos da Genética, da Fisiologia, da Botânica

etc.

22

Page 21: Fisica Aplicada a Biologia-1

- Na Genética: traçadores radioativos têm sido usados na

obtenção de auto-radiografias no estudo de duplicação de

cromossomos. Pode-se acompanhar passo a passo a

duplicação de cromossomos. A radiação é também muito

usada para causar mutações genéticas em células

carcinogênicas.

- Na Fisiologia: usando traçadores radioativos pode se

determinar o volume de sangue de um ser vivo; estudos

recentes de micro-distribuição de emissores alfa no tecido

epitelial dos brônquios de cadáveres são feitos para

detectar a presença de possíveis “manchas quentes” nas

bifurcações da árvore brônquica, foi descoberto que

esses problemas são comumente encontrados em

fumantes e em trabalhadores de minas de urânio e tório.

- Na Botânica: usando traçadores radioativos pode se

determinar o transporte e a localização dos carboidratos

nas folhas de plantas, e assim estudar seu metabolismo.

Muitas foram as teorias sobre a estrutura atômica da matéria. Ao

longo dos anos vários modelos atômicos tentaram explicar a estrutura

de toda matéria do universo. Atualmente, é o modelo da Mecânica

Quântica ou modelo da nuvem eletrônica, o aceito para definir a

estrutura atômica.

1.2.5 Aplicações na Pesquisa Científica

i) Análise de amostras por ativação com nêutrons;

ii) Estudo de poluição do ar;

iii) Criação de centros de cor em cristais;

iv) Datação de peças fósseis

1.3 MODELOS ATÔMICOS

Para a compreensão da origem dos espectros de emissão e

absorção, que por sua vez nos fornecem as características de átomos,

moléculas químicas e bioquímicas, precisamos entender sobre a

estrutura atômica da matéria.

23

Page 22: Fisica Aplicada a Biologia-1

A seguir faremos uma descrição abreviada da evolução

histórica da idéia de átomo.

1.3.1 Antigüidade

Na Antigüidade acreditava-se que dividindo a matéria em

pedaços cada vez menores, chegar-se-ía num ponto onde as

partículas seriam invisíveis ao olho humano e, segundo alguns

pensadores, indivisíveis. Graças a essas propriedades, essas

partículas receberam o nome de átomos, termo que, em grego,

significa sem partes. Foi quando surgiu entre os filósofos gregos o

termo atomismo. O atomismo foi a teoria cujas intuições mais se

aproximaram das modernas concepções científicas sobre o modelo

atômico.

No século V a. C., Leucipo de Mileto (~ 450 a. C.) e Demócrito

de Abdera (~ 400 a. C.), considerado o Pai do atomismo grego,

discorreram sobre a natureza da matéria de forma elegante e precisa.

Veja o que a literatura descreve.

“Naquele tempo, caminhando pela areia próxima ao Mar

Egeu, Leucipo disse ao seu discípulo Demócrito:

- Esta areia, vista de longe, parece ser um material

contínuo, mas de perto é formado de grãos, sendo um material

descontínuo. Assim ocorre com todos os materiais do universo.

- Mas mestre, interrompeu Demócrito, como posso

acreditar nisso se a água que vemos aqui aparenta continuidade

tanto de longe como de perto?

Respondeu-lhe Leucipo:

- Muitos vêem e não enxergam, use os olhos da

mente, pois estes nunca o deixarão na escuridão do

conhecimento.

- Em verdade, em verdade vos digo: todos os

materiais são feitos de partículas com espaços vazios ou vácuo

entre elas. Essas partículas são tão pequenas que mesmo de

perto não podem ser vistas. Muitos séculos passarão até que

essa verdade seja aceita.

24

Page 23: Fisica Aplicada a Biologia-1

Chegará o dia em que estas partículas serão até vistas

pelo homem. Ide e ensinai a todos, e aqueles que nela acreditarem

encontrarão respostas para suas perguntas sobre o universo”.

No entanto, Aristóteles (~ 484 a. C.) acreditava que a

matéria era contínua. Muitos filósofos da época seguiram esta

idéia, que foi seguida também por pensadores e cientistas até o

século XVII d. C.

1.3.2 Período do Séc. XVIII ao Séc. XX

Diante da necessidade de explicar vários fenômenos físicos

relacionados à natureza da matéria, os cientista, no século XVIII,

recorreram ao antigo conceito de átomo dos gregos. Assim surgiram

várias tentativas de explicar a estrutura da matéria.

O professor da Universidade Inglesa New College de

Manchester, John Dalton, foi o criador da primeira teoria atômica

moderna, na passagem do século XVIII para o século XIX. Em 1808

Dalton propôs a teoria do modelo atômico, onde o átomo é uma

minúscula esfera maciça, impenetrável, indestrutível e indivisível. Todos

os átomos de um mesmo elemento químico são idênticos. Seu modelo foi

chamado de modelo atômico de bola de bilhar.

A partir de uma experiência utilizando tubos de Crookes, Joseph

John Thomson, em 1904, concluiu que o átomo não era maciço como

havia afirmado Dalton, mas sim consistia de um volume esférico

positivamente carregado com elétrons uniformemente distribuídos pelo

volume. Este modelo atômico foi denominado de “pudim de ameixas”,

sendo os elétrons representados pelas ameixas.

Em 1909, Hans Geiger e e. Marsden, orientados por Ernest

Rutherford (que foi aluno de Thomson), realizaram uma experiência para

testar o modelo de “ameixas”, bombardeando uma fina folha de ouro com

partículas alfa. Os resultados experimentais levaram Rutherford, em

1911, a propor o seguinte modelo para o átomo: os átomos possuíam um

centro muito pequeno, concentrado e carregado positivamente, que

refletia ou espalhava as partículas alfa incidentes.

Sobre a obten-ção das expres-sões das órbitas e energias per-mitidas, consul-te:OKUNO, et ali. Física para Ciências Bio-lógicas e Bio-médicas Editora HARBRA, São Paulo, 1982, pgs. 30-31.

Saiba Mais

25

Page 24: Fisica Aplicada a Biologia-1

Em torno do núcleo, existia uma região, carregada

negativamente, muito maior que o núcleo, muito tênue, praticamente

sem massa, comparada a uma “peneira”, através da qual as partículas

alfas atravessavam sem sofrer nenhum desvio. Era o modelo

planetário para o átomo, pela sua semelhança com a formação do

Sistema Solar. Mas este modelo apresentava uma grande dificuldade,

pois no momento em que temos uma carga elétrica negativa girando

em torno de um núcleo positivo, este movimento gera uma perda de

energia devido a emissão de radiação eletromagnética. Num dado

momento, este elétron iria se colapsar com o núcleo num movimento

em espiral, tornando a matéria algo instável.

Em 1913, Niels Bohr observando as dificuldades do modelo

de Ruterford, intensificou suas pesquisas visando uma solução teórica.

Em 1920, Bohr acabou desenvolvendo um modelo atômico que

unificava a teoria atômica de Rutherford e a teoria da mecânica

quântica de Max Planck. Para isso Bohr elaborou sua teoria atômica

apoiada em postulados, que podem ser resumidos da seguinte forma:

i) “Um elétron pode girar em torno do núcleo

indefinidamente, sem irradiar energia, desde que o

comprimento de sua órbita seja igual a um número

inteiro de comprimento de onda de de Broglie”. Essa

condição de estabilidade do elétron pode ser escrita

matematicamente como:

nn rn pl2= .................... (1.9)

onde o comprimento de onda de de Broglie n

nmv

h=l .

ii) “Radiação eletromagnética é emitida ou absorvida,

quando o elétron faz uma transição de uma órbita

estacionária à outra”. Isto é expresso

matematicamente por

III)

)(11

6,1322

eVhfnn

EEif

fi =÷÷

ø

ö

çç

è

æ-=- ......... (1.10)

Sobre elétron-Volt (eV): unida-de para medir pequenas quan-tidades de ener-gia, muito usado na área de ra-diações.Um eV é a energia adquirida por um elétron ao atravessar, no vácuo, uma ddp de um Volt.

Saiba Mais

26

Page 25: Fisica Aplicada a Biologia-1

No primeiro postulado utilizando a força coulombiana entre o

elétron e o núcleo para o átomo de hidrogênio, após algumas

manipulações matemáticas, encontramos a expressão das órbitas

permitidas ou órbitas estacionárias para o elétron em torno do núcleo,

dada por

As várias órbitas permitidas para o átomo de hidrogênio, envolvem

diferentes energias do elétron. Assim encontramos, as respectivas

energias permitidas dadas por

A propriedade natural de todos os átomos é permanecer no estado

fundamental. Mas se por algum meio são excitados, os elétrons

retornam, na maior parte dos casos, ao estado fundamental num tempo -8muito curto, da ordem de 10 s.

onde hf é energia do fóton. iE é a energia do nível em que o

elétron se encontra antes da transição e fE a energia do nível

em que o elétron se encontra após a transição.

12rnrn = ................................. (1.11)

onde 1r é o menor raio permitida para o elétron, cujo valor é

Amr 53,010.3,5 111 == - ngstron (A).

eVn

En 2

6,13-= ....................... (1.12)

Observe que os raios das órbitas são discretos, assim como

suas energias. Veja que 1E é o nível de energia mais baixo do átomo,

isto é, quando o elétron se encontra na órbita de raio 1r , o átomo se

encontra no estado fundamental. À medida que n cresce, nE se

aproxima de zero, até que para ¥®n , 0=¥E e o elétron não se

encontra mais ligado ao núcleo.

Por que é pro-priedade natu-ral de todos os átomos perma-necer no esta-do fundamen-tal?

Reflita

27

Page 26: Fisica Aplicada a Biologia-1

Através das transições eletrônicas, postulado (ii) de Bohr,

podemos traçar os espectros atômicos. Os espectros atômicos de

emissão ou de absorção, são característicos de cada elemento

químico. Então, através de espectrometria e análise espectral é

possível se descobrir a composição química de um corpo ou

substância.

1.4 DESINTEGRAÇÃO NUCLEAR

1.4.1 Introdução

Como vimos no estudo dos modelos atômicos, toda matéria é

formada por átomos, estes por sua vez possuem um núcleo (minúsculo

onde estão os prótons carregados positivamente e os nêutrons) e a

eletrosfera, onde se encontram os elétrons que são carregados

negativamente. No núcleo atômico atuam a força elétrica de repulsão e

a nuclear de atração ou força nuclear forte. Embora ambas diminuam

de intensidade quando a distância entre as partículas em interação

aumenta, a força nuclear se enfraquece muito mas rapidamente com a

distância do que a força elétrica. Quando o núcleo contém muitos

prótons e nêutrons, a distância entre as partículas naturalmente vai

aumentando. Com isso, a repulsão elétrica começa a vencer a atração

da força nuclear forte. As forças que atuam entre prótons e nêutrons

começam a ficar desbalanceadas. Esse desbalanceamento faz com

que os elementos pesados, com muitos prótons e nêutrons, tendam a

ser instáveis, e portanto, radioativos.

Na tentativa de alcançar a estabilidade, equilibrando as forças

dentro do núcleo, os átomos de elementos instáveis transmutam,

transformando-se em outro elemento. Nesse processo o núcleo emite,

espontaneamente, partículas que faziam parte dele. Essas partículas

podem ser alfa (núcleos de Hélio), elétrons, pósitrons ou fótons de

radiação gama. A esse fenômeno dá-se o nome de desintegração

nuclear ou decaimento radioativo.

Sobre Espectros Atômicos?

http://www.prof2000.pt/users/angelof/luz_e_espectros.htm

Quer Saber Mais

28

Page 27: Fisica Aplicada a Biologia-1

Os elementos químicos com número atômico (Z) de 1

(Hidrogênio) a 92 (Urânio) são naturais, são os chamados cisurânios,

enquanto que aqueles com Z superior a 93, os chamados transurânios,

são produzido artificialmente. Todos os elementos com Z superior a 82

(Chumbo) são, entretanto, radioativos e se desintegram, passando de

um núcleo pai a um núcleo filho, através de uma série, até se transformar

num isótopo estável de chumbo.

Com o desenvolvimento da tecnologia dos reatores nucleares e

aceleradores de partículas, tornou-se possível a produção em grande

escala de isótopos radioativos artificiais, que são usados em pesquisa

nas diversas áreas da Ciência, na Medicina, na Biologia na Agricultura e

na indústria.

1.4.2 Grandezas Físicas para o Estudo da Desintegração Nuclear

Numa amostra de material radioativo, cada núcleo emite

espontaneamente uma partícula alfa (a), uma partícula beta (b) ou

fótons de raios gama (g), adquirindo assim uma configuração mais

estável. No entanto, não há modo de dizer, antecipadamente, quando

um dado núcleo irá se desintegrar, é um fenômeno essencialmente

probabilístico. Veja alguns exemplos de desintegração radioativa.

- Plutônio (Pu) se desintegra, transformando-se em um átomo

de urânio (U) emitindo uma partícula alfa ( 24

24 He=a) e liberando 5,2

MeV de energia:

MeVHeUPu 2,524

92235

94238 ++® ........................... (1.13)

- Cobalto (Co) se desintegra, transformando-se em um

átomo de níquel (Ni) emitindo uma partícula beta

( 1-=eb ) e fótons de radiação gama (g):

g++®-12860

2760 eNiCo .................................... (1.14)

29

Page 28: Fisica Aplicada a Biologia-1

Para estudar esse fenômeno precisamos conhecer as

variáveis físicas definidas para descrevê-lo em como suas relações.

São elas:

- Meia-vida (2

1T )

- Número de átomos radioativos presentes numa amostra

( 0N )

- Números de átomos que se desintegraram na amostra

( N )

- Atividade radioativa ( A )

- Vida média T

Como o fenômeno da desintegração nuclear é um fenômeno

de ocorrência probabilística e, portanto, de natureza estatística, a

cada instante, cada átomo tem uma dada probabilidade de se

desintegrar. O que podemos afirmar é que depois de decorrido um

tempo, denominado meia vida (2

1T ) do elemento químico, metade

dos átomos (2

0N) inicialmente presentes na amostra radioativa, terá

se desintegrado. Após ter decorrido um tempo de duas meia-vida

(2

12T ), 4

0N dos átomos terá se desintegrado e assim

sucessivamente.

Após ter decorrido um tempo de duas meia-vida (2

12T ),

40N

dos átomos terá se desintegrado e assim sucessivamente.

Adotando esse raciocínio, veremos que, o número de átomos de

uma amostra radioativa que ainda não se desintegrou em função do

número de átomos inicialmente presentes e do tempo, é uma função

exponencial decrescente

teNN l

0= ............................... (1.15)

Reflita

Sobre o fenômeno de desintegração nuclear, mostrado graficamente no applet em:

http://lectureonline.cl.msu.edu/%7Emmp/kap30/Nuclear/nuc.htm

30

Page 29: Fisica Aplicada a Biologia-1

A Atividade de uma amostra de qualquer material radioativo é

definida como o número de desintegração de seus átomos constituintes

por unidade de tempo, expressa a velocidade de desintegração dos

átomos. Existem equipamentos, como os contadores Geiger, que

medem diretamente a atividade de uma amostra.

Num dado instante a atividade de uma amostra é diretamente

proporcional ao seu número de átomos remanescentes, ou seja,

podemos expressa-la por

A Vida Média ( ) de uma amostra radioativa é definida como a

soma das idades de todos os átomos, dividida pelo número total de

átomos. Seguindo este raciocínio e realizando algumas manipulações

matemáticas que estão fora do nível deste curso, chegamos numa

relação muito simples para encontra a vida média de uma amostra, veja:

Enfim, quando um nuclídeo radioativo decai, seu produto ou

filho também pode ser radioativo. O equilíbrio radioativo é muito bem

representado no applet sugerido abaixo:

onde l é uma constante característica dos átomos da amostra,

chamada constante de decaimento.

Esta é a Lei Fundamental do Decaimento Radioativo.

Substitua o tempo por

2

1T e o número de átomos que ainda não se

desintegraram ( N ) por 0N na Eq. (1.15), e encontre a relação entre a meia

vida e a constante de desintegração

l

2ln

2

1 =T

Desafio

NA l= ........................ (1.16) ou teAA l0= .............. (1.17)

T

l

1=T ............ (1.18) ou

693,02

1T

T = .............. (1.19)

http://www.nn.ou.edu/%7Ewalkup?demonstration?WebAssignments

?Radioactivity001.htm.

Encontre a ex-pressão (1.17). Veja que unida-des são usadas para medir ativi-dade em:OKUNO, E., et al. Física para Ciências Bioló-gicas e Biomé-dicas Ed. HAR-BRA, São Paulo, 1982, pg. 45

Saiba Mais!

Sobre contador Geiger:

http://pt.wikipedia.org/wiki/contador_geiger

Saiba Mais!

31

Page 30: Fisica Aplicada a Biologia-1

1.5 RAIOS X

Wilhelm Conrad Roentgem, em 1895, descobriu um novo tipo de

radiação quando fazia experiências com descarga elétrica em um gás a

baixa pressão com a ampola de Crookes. Ela não soube explicar sua

origem e portanto, a chamou de radiação X ou raios X.

Roentgen ficou tão fascinado e entusiasmado com sua

descoberta que em menos de um mês, registrou em um filme inúmeras

vezes a imagem da mão de sua mulher Bertha. Esta seria a primeira

radiografia de um ser humano, como mostra a Fig. 1.1.

Os raios X, assim como os raios , são ondas eletromagnéticas

e, portanto, sua velocidade de propagação é a da radiação

eletromagnética e vale 3.108 m/s no vácuo. Eles diferem somente

quanto a origem, pois os raios provém do núcleo ou da aniquilação de

pares, enquanto que os raios X têm sua origem fora do núcleo.

1.5.1 Produção de Raios X

Os raios X são produzidos quando partículas carregadas de alta

energia, partículas , ou elétrons acelerados, interagem com a

matéria convertendo parte de sua energia em energia eletromagnética.

Artificialmente, os raios X podem ser produzidos, através de

tubos de raios X e aceleradores de partículas, basicamente de duas

formas, gerando o que se chama de raios X bremsstrahlung e os

raios X característico.

O tubo de raios X é um conversor de energia: recebe energia

elétrica e a converte em raios X e calor. Ele possui um catodo (filamento)

e um anodo (alvo). Veja na Fig. 1.2, esquemas de sistemas de produção

de raios X. No lado esquerdo um diagrama enfatizando a parte elétrica

do sistema, e no lado direito um esquema mais completo mostrando

inclusive o feixe de raios X projetando a imagem de uma mão, num filme

fotográfico.

g

g

ab

Fig. 1.1: Primeira radiografia da mão de Bertha, esposa de Roentgen, em 1895, com seu anel de casamento. Fonte: http://reamedraios-x.tripod.com/id16.html

Fig. 1.1: Primeira radiografia da mão de Bertha, esposa de Roentgen, em 1895, com seu anel de casamento. Fonte: http://reamedraios-x.tripod.com/id16.html

32

Page 31: Fisica Aplicada a Biologia-1

Fig.1.2: Diagramas de um sistema de produção de raios X. À esquerda mostra os

eléctrons sendo acelerados rumo ao catodo, chocando-se bruscamente com o

anodo, com a conseqüente emissão de raios X. À direita o sistema de produção

de raios X como um todo emitindo raios X e radiografando uma mão.

O catodo geralmente é um filamento de tungstênio que quando

aquecido por um circuito apropriado, pode atingir altas temperaturas e

assim emitir elétrons que atingem o alvo num ponto bem determinado,

chamado ponto focal. Os elétrons acelerados do anodo para o catodo são

freados bruscamente, perde parte de sua energia cinética de modo

gradual nas inúmeras colisões, convertendo-a em calor, cerca de 95% e

em raios X apenas em torno de 5%. Essa é a razão pela qual o alvo deve

ser de material de alto ponto de fusão.

Os raios X bremsstrahlung ou de frenamento é o resultante da

interação entre os campos elétricos da partícula incidente e o campo do

núcleo e dos elétrons do alvo. Veja um esquema simplificado da

produção da radiação de frenamento em:

Por outro lado, esses elétrons acelerados também podem

excitar o material do alvo (anodo) originando transições eletrônicas em

seus átomos, ou seja, elétrons acelerados podem arrancar elétron de

camadas mais internas do alvo, seu lugar será imediatamente ocupado

pelos elétrons mais externos que sofrem transições em cascata, emitindo

o excesso de energia sob a forma de raios X. Como as energias das

transições são típicas da estrutura de cada átomo, como vimos

anteriormente, elas podem ser utilizadas para sua identificação.

http://www.colorado.edu/physics/2000/xray /making_xrays.html

Saiba Mais!

Sobre Raios X bremsstrahlung e Raios X cara-cterísitico, em:

OKUNO, E., et al. Física para Ciências Bioló-gicas e Biomé-dicas Ed. HAR-BRA, São Paulo, 1982, pgs. 49-51

33

Page 32: Fisica Aplicada a Biologia-1

Temos dessa forma o raio X característico do material do alvo.

Veja um exemplo de produção de raios X por um tubo com alvo de

Titânio, em:

Os fótons de raios X de frenamento podem ter qualquer

energia, desde valores próximos de zero até um valor máximo,

determinado pela energia cinética do elétron incidente ( ).

Assim, os raios X bremsstrahlung produz um espectro contínuo de

várias energias, ou melhor de vários comprimentos de onda, que pode

ser encontrado por:

Esse fato pode ser verificado na Fig.1.3,

que mostra os espectros através da

Intensidade relativa dos raios X em função

do comprimento de onda ( ) emitido. O

valor mínimo do comprimento de onda

independe do material de que é feito o alvo,

é função apenas da diferença de potencial

(V) aplicada ao tubo.

Por outro lado os raios X característicos

produzem um espectro de l inhas

superposto ao primeiro, é o espectro

característico ou de linhas, como é

mostrado também na Fig. 1.3.

Esse espectro, como já dissemos, provém

da interação de elétrons incidentes com

elétrons orbitais dos átomos do alvo,

provocando transições eletrônicas e a

conseqüente emissão de radiação.

feito o alvo.

http://www.amptek.com/xrf.html

eVK =

eV

hceV

hcKE mín

mín

máx =\=\= .

.

. ll

......... (1.20)

l

Fig.1.3: Espectro contínuo sobreposto pelo espectro característico, emitidos por um tubo de raios X.

34

Page 33: Fisica Aplicada a Biologia-1

Uma vez que cada elemento possui níveis de energia específicos, a

energia desses raios X característicos é própria do material de que é feito

o alvo. No livro texto, página 51, você poderá ver outras figuras

mostrando o espectro característico superposto ao espectro contínuo

para alvos de molibdênio para V = 35 kV.

1.5.2 Atenuação de Raios X

Diferentes materiais absorvem os raios X de diferentes formas. É por

essa razão que é possível, por exemplo, se radiografar partes do corpo

humano para diagnose. Materiais formados de elementos químicos

pesados, tais como cálcio, bário, chumbo etc são melhores absorvedores

de raios X, que elementos leves como hidrogênio, carbono ou oxigênio. A

intensidade dos raios X e também dos raios gama, decresce quando os

raios atravessam um meio material, esse fenômeno é chamado de

atenuação, que é devida à absorção e espalhamento do feixe de

radiação. Para um feixe monoenergético esse decréscimo é descrito pela

seguinte expressão exponencial

espessura de um absorvedor, que reduz a intensidade de

radiação incidente à metade, é chamada de camada semi-redutora. Pode

facilmente ser demonstrada como

A é usada como medida da penetrabilidade da radiação.

Veja por exemplo, que para raios X ou gama e 1 MeV, a camada semi-

redutora do chumbo é de 0,86 cm enquanto que para o ar, é de

aproximadamente 25 m.

xeII m-=0 ............................ (1.21)

onde I é a intensidade do feixe após a passagem através de um meio

de espessura x ; 0I é a intensidade inicial do feixe; m é o coeficiente

de atenuação linear do meio, que depende do meio e da energia da radiação.

m

693,0

2

1 =X .......................... (1.22)

2

1X

35

Page 34: Fisica Aplicada a Biologia-1

1.6 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES E PROTEÇÃO

RADIOLÓGICA

1.6.1 Efeitos Biológicos das Radiações

Desde poucos meses depois das descobertas dos raios X em

1895 e a da radioatividade em 1896, que as radiações vêm sendo

usadas na Medicina e na Biologia. Ainda em 1896, o médico J. Daniels,

da Universidade de Vanderbilt, notificou à comunidade científica o

primeiro efeito biológico das radiações: a queda de cabelo de um de

seus colegas, cuja radiologia de crânio havia sido tirada.

Em 1899, dois médicos suecos conseguiram curar um tumor

de pele na ponta do nariz de um paciente, e em 1903 um médico

americano obteve a diminuição do baço de um paciente com leucemia.

Por outro lado, tinha-se também notícias de que o uso dos raios X na

terapia, estava causando eritema de pele e ulcerações nas mão dos

médicos e em alguns casos, câncer nos ossos, como resultado das

exposições durante o tratamento dos pacientes.

Desde então os cientistas de todo o mundo se interessaram

para conhecer, não só os benefícios proporcionados pelo uso das

radiações ionizantes, mas também seus efeitos danosos.

Os estudos dos mecanismos básicos da radiobiologia permitem

análises microscópicas do que ocorre com a interação da radiação com

células ou partes delas. A energia da radiação pode produzir ionização e

excitação dos átomos, quebrar moléculas e como conseqüências,

formar íons e radicais livres altamente reativos. Estes por sua vez

podem atacar moléculas de grande importância como as moléculas de

DNA (ácido desoxirribonucleico) no núcleo das células, danificando-as.

A destruição de uma molécula de DNA, torna a célula incapaz de se

dividir, de se renovar e assim pode chegar à morte. Se isso ocorrer em

um grande número de células, sobrevém o mau funcionamento do

tecido constituído por essas células, em seguida a morte do órgão e

finalmente a morte do organismo.

36

Page 35: Fisica Aplicada a Biologia-1

No processo de interação da radiação com a matéria, como

vimos, ocorre transferência de energia da radiação para a matéria,

provocando ionização e excitação dos átomos e moléculas provocando

modificações, ao menos temporária, na estrutura das moléculas. Nos

seres vivos o dano mais importante é o que ocorre no DNA.

Os efeitos físico-químicos acontecem instantaneamente, entre -13 -1010 e 10 segundos e nada podemos fazer para controlá-los.

Os efeitos biológicos acontecem em intervalos de tempo que vão

de minutos a anos. Consistem na resposta natural do organismo a um

agente agressor e não constituem necessariamente, em doença. Ex. a

redução de leucócitos.

Os efeitos orgânicos são as doenças. Representam a

incapacidade de recuperação do organismo devido à freqüência ou

quantidade dos efeitos biológicos. Exs.: catarata, câncer, leucemia etc.

Os efeitos biológicos das radiações podem ser classificados em:

?Efeitos a Curto Prazo ou Agudos: são os observados

em horas, dias, semanas ou até no máximo em dois

meses. Esses efeitos estão geralmente associados a

altas doses de radiação, acima de 1 Sv, recebidas por

grandes áreas do corpo, num curto período de tempo.

Dependendo da dose, pode ser provocada a síndrome

aguda de radiação, em que podem ocorrer náuseas,

vômitos, prostração, perda de apetite e de peso, febre

hemorragias dispersas, queda de cabelo e forte diarréia.

Dependendo das condições de resistência do indivíduo

exposto, o resultado pode ser letal. Os sistemas de

órgãos que parecem ser os mais sensíveis na síndrome

aguda de radiação são: o sistema hematopoético, o

gastrintestinal e o sistema nervoso central.

? Efeitos a Longo Prazo ou Tardios: são os que surgem

após 60 dias até anos. São efeitos associados a doses

intermediárias num curto intervalo de tempo, ou a

pequenas doses,

37

Page 36: Fisica Aplicada a Biologia-1

? mas crônica num longo intervalo de tempo, como os

casos de pessoas ocupacionalmente expostas, tais

como radiologistas e pesquisadores com radiação. Os

efeitos tardios ainda se subdividem em genéticos e

somáticos. Os efeitos genéticos são os que

consistem de mutações nas células reprodutoras que

afetam gerações futuras. Esses efeitos podem surgir

quando os órgãos reprodutores são expostos a

radiação, e aparentemente não afetam o indivíduo que

sofre a exposição, mas apenas seus descendentes.

Algumas dessas mutações chegam a ser letais, antes

do nascimento do feto. Outras podem produzir defeitos

físicos ou mentais ou, simplesmente, aumentar a

suscetibilidade a determinadas doenças crônicas, ou a

anormalidades bioquímicas. Os efeitos somáticos são

aqueles que afetam diretamente o indivíduo exposto à

radiação e não são transmitidos a gerações futuras.

São exemplos de efeitos somáticos: os efeitos

carcinogênicos ou de incidência de câncer de pele, na

tireóide, nos ossos e de mama, indução de catarata,

redução da vida média etc.

Outra classificação adotada para os efeitos biológicos das

radiações ionizantes, é a que classifica-os em efeitos estocásticos e

efeitos determinísticos. A principal diferença entre eles é que os efeitos

estocásticos causam a transformação celular enquanto que os

determinísticos causam a morte celular.

Os efeitos estocásticos causam uma alteração aleatória no

DNA de uma única célula que, no entanto, continua a se reproduzir. Isso

leva à transformação celular. São efeitos que não apresentam limiar de

dose, pois o dano pode ser causado por uma dose mínima de radiação.

O aumento da dose somente aumenta a probabilidade e não a

severidade do dano. Os efeitos genéticos são também estocásticos.

Nos efeitos determinísticos existe uma relação possível entre

a dose e a dimensão do dano esperado, sendo que estes só aparecem a

partir e uma determinada dose.

38

Page 37: Fisica Aplicada a Biologia-1

A probabilidade de ocorrência e a severidade do dano, está

diretamente relacionada com o aumento da dose. Os efeitos somáticos

são também determinísticos.

1.6.2 Proteção Radiológica

O objetivo primário da proteção radiológica é fornecer um

padrão apropriado de proteção para o homem, limitar os benefícios

criados pela aplicação das radiações ionizantes. A proteção radiológica

baseia-se em princípios fundamentais e que devem ser sempre

observados. São eles:

- Justificação: o benefício tem que ser tal que compense o

detrimento, que é definido como sendo a relação entre a

probabilidade de ocorrência e o grau de gravidade do efeito.

- Otimização: o número de pessoas expostas, as doses

individuais e a probabilidade de ocorrências de efeitos

nocivos devem ser tão baixos quanto razoavelmente

exeqüíveis. Princípio ALARA (As Low Reasonable

Achievable).

- Limitação de Dose: a dose individual de trabalhadores e

indivíduos do público mão deve exceder os limites de dose

recomendados excluindo-se as exposições médicas de

pacientes.

- Prevenção de Acidentes: todo esforço deve ser

direcionado no sentido de estabelecer medidas rígidas para

a prevenção de acidentes.

O Sistema de Proteção Radiológica consiste em evitar os efeitos

determinísticos, uma vez que existe um limiar de dose, manter as doses

abaixo do limiar relevante e prevenir os efeitos estocásticos fazendo uso

de todos os recursos disponíveis de proteção radiológica.

Para efeito de segurança em proteção radiológica, considera-se

que os efeitos biológicos produzidos pelas radiações ionizantes sejam

CUMULATIVOS.

i) Tipos de exposição e seus efeitos

A exposição externa é resultante de fontes externa ao corpoprovenientes dos raios X ou fontes radioativas

39

Page 38: Fisica Aplicada a Biologia-1

A exposição interna, resulta da entrada de material radioativo

no organismo por inalação, ingestão, ferimentos ou absorção pela pele.

O tempo de manifestação dos efeitos causados por estas exposições

pode ser tardio, os quais manifestam-se após 60 dias, ou imediatos que

ocorrem num período de poucas horas até 60 dias.

Para a proteção radiológica de exposições externas,

considera-se:

As exposições dos seres humanos à radiação classificam-se em:

- exposição médica: de pessoas como parte de um

tratamento ou diagnóstico, de indivíduos ajudando a

conter ou a amparar um paciente; ou de voluntários

participantes de pesquisa científica. Não há limite de

dose, esta é determinada pela necessidade médica, no

entanto recomenda-se o uso de níveis de referência.

- exposição ocupacional: é aquela ocorrida no ambiente

de trabalho.

- exposição do público: são todas as outras.

ii) Exposição versus contaminação

A exposição é originada por algum tipo de procedimento com

raios X, em radiodiagnóstico, ou com feixes de elétrons ou raios gama

em radioterapia.Neste cão o paciente não se torna radioativo, e

portanto não há perigo de contaminar outras pessoas ou o meio

ambiente. Exposições ou irradiações severas podem acontecer no

caso de explosões de usinas nucleares ou bombas atômicas. Nestas

situações o meio ambiente fica altamente radioativo, mas não as

pessoas.

A contaminação ocorre quando a pessoa entra em contato

com fontes não seladas.

- a distância ( ), quanto mais longe da fonte melhor;

- o tempo (t), quanto menor tempo de exposição

melhor;

- a blindagem, quanto mais eficiente for a blindagem

melhor.

2

1

r

40

Page 39: Fisica Aplicada a Biologia-1

1) Este é por exemplo o caso de pacientes que fazem uso de

procedimentos de Medicina Nuclear. Nesta caso os radiofármacos são

injetados no paciente ficando o mesmo radioativo. Dependendo da dose

a que foi submetido, poderá ter que ser isolado a fim de não contaminar

outras pessoas ou o meio ambiente. Nesta situação, a fonte radioativa

(radiofármaco) incorporou-se ao corpo do paciente que continua

emitindo radiação. Os seres humanos pode ainda se contaminar em

acidentes, como foi no caso de Goiânia em 1987. Neste acidente o Cs -

137 foi ingerido e passado sobre a pele e pessoas que ficaram

contaminadas.

1) Levando em conta o que você aprendeu, responda

expressando com suas próprias palavras, a diferença entre:

a) Radiação eletromagnética e radiação corpuscular.

Exemplifique-as;

b) Radioisótopos e radiofármacos;

c) Meia-vida e vida média de um material radioativo;

d) Desintegração radioativa e atenuação de raios X;

e) Efeitos genéticos e somáticos das radiações. Exemplifique

cada um deles.

2) Faça um paralelo entre microscópio óptico e microscópio

eletrônico (inclua princípios de funcionamento, limites, capacidade de

resolução e vantagens de um sobre o outro).

3) Os extremos do espectro visível são 400nm (luz violeta) e

700nm (luz vermelha). Escreva os limites de frequência dessa faixa do

espectro eletromagnético em Hz. Quais as energias de cada fóton

dessas radiações? Veja que estes são os limites da energia que

sensibiliza nossa retina.

4) Durante um exame com raios X do útero, são absorvidas

uniformemente 0,01mrad em cada 2g de massa do útero. Determine:

a) A energia absorvida pelo útero; b)A exposição de raios X; c) A

dose equivalente aplicada.

Atividade de Fixação

41

Page 40: Fisica Aplicada a Biologia-1

1) Um equipamento importante nas pesquisas em Bioquímica,

Biofísica, Microbiologia, Fisiologia, etc. é o espectrofotômetro,

que fornece os espectros de absorção e de emissão dos

materiais ou substâncias. Quais as diferenças entre estes

espectros?

2) Precauções devem ser tomadas pelos trabalhadores com

radiação a fim de limitar os riscos e prevenir acidentes. Os

acidentes podem ser causados por exposições à radiação

provenientes de fontes internas ou externas ao organismo.

Explique que precauções devem ser tomadas pelos

trabalhadores para que:

a) Não ocorram exposições internas;

b) Diminuam os riscos devidas à exposição externa.

3) Calcule a freqüência e o comprimento de onda da radiação

emitida pelo átomo de hidrogênio quando seu elétron efetua a

transição do nível de energia de - 0.38 eV para o de - 1.51

eV.Quais eram as órbitas inicial e final de Bohr neste caso? Qual

a energia necessária para remover o elétron da órbita final?

1984) A meia vida do ouro Au é de 2,7 dias. Calcule:

a) A constante de desintegração do ouro;

b) O número de átomos de ouro que se desintegram em um dia, se 8inicialmente há 10 átomos.

9) Responda:

a) Explique os procedimentos de produção de raios X que

voce estudou;

b) Um feixe de raios X de 50 keV é usado para tirar uma

radiografia de pulmão. Qual é a razão entre a intensidade

do feixe emergente nas costas e a intensidade do feixe

incidente na frente do tórax do paciente? Considere a

espessura do tórax de 10 cm e a camada semi-redutora

do tecido humano para essa energia, de 7,24 cm.

42

Page 41: Fisica Aplicada a Biologia-1

10) Cite quatro aplicações de:

a) Raios X na indústria; b) Raios X na agricultura; c) Raios X

na biologia;a) Raios X na pesquisa científica; e) Raios X na medicina.

1.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.8.1 Livro Texto

- OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências

Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

1.8.2 Bibliografia Complementar

- GARCIA, E. A. C. Biofísica. SARVIER,São Paulo, 2002.

- BITELLI, Thomaz (organizador). Física e Dosimetria das

Radiações. ATHENEU, São Paulo, 2006.

- CHASSOT, Attico. Raios X e Radioatividade. Química Nova

na Escola . N. 2, novembro 1995

1.8.3 Web – Bibliografia

http://www.fisica/denis/rad1.htm

http://www.cultura.com.br/radiologia/diversos/ApEdAplica%C3%A7%C3%A3o.htm

http://www.cnen.gov.br

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artex&pid=50100-39842005000600009

http:/www.shopping1.radiológico.nomm.br/trabalho/noseas/noseasra.htm

http://www.prof2000.pt/users/angelof/luz_e_espectros.htm

http://lectureonline.cl.msu.edu/%7Emmp/kap30/Nuclear/nuc.htm

http://reamedraios-x.tripod.com/id16.html

43

Page 42: Fisica Aplicada a Biologia-1

http://www.nn.ou.edu/%7Ewalkup?demonstration?WebAssignments?Radioactivity001.htm

http://www.colorado.edu/physics/2000/xray /making_xrays.html.

http://www.amptek.com/xrf.html

44

Page 43: Fisica Aplicada a Biologia-1

Unidade 1A sociologia e a Sociologia da EducaçãoA sociologia e a Sociologia da Educação

Unidade 1

Essa unidade tem como objetivo proporcionar, ao estudante de

Licenciatura em Ciências Biológicas, um conhecimento fundamental sobre

energia, princípio de conservação da energia, força e movimento. Estes

conceitos básicos serão utilizados para a compreensão dos estudos das

transformações e fluxo de energia na biosfera, para a discussão sobre as fontes

de energia do corpo humano e como ela é utilizada e dissipada por ele. Serão

também feitos um estudo, análise e reflexão, sobre consumo de energia, sobre

fontes convencionais e não convencionais ou fontes alternativas de energia.

Exporemos ainda, sobre forças, aplicações no corpo humano e a mecânica do

vôo dos animais.

Através destes tópicos serão discutidas as principais formas de energia

encontradas na Terra, que por sua vez inclui a energia utilizada pelas plantas na

produção de energia química, estando toda a cadeia alimentar baseada nesse

processo; a formação de combustíveis fósseis e a energia geotérmica que

constitui uma amostra da contínua transformação de energia em calor, no

Universo.

Energia Força e MovimentoEnergia Força e Movimento

Unidade 2Unidade 2

Resumo

Page 44: Fisica Aplicada a Biologia-1

UNIDADE 2: ENERGIA, FORÇA E MOVIMENTO..................................45

2.1 CONCEITOS BÁSICO SOBRE ENERGIA........................................47

2.1.1 Trabalho Realizado por uma Força Constante.........................47

2.1.2 Trabalho Realizado por uma Força Variável.............................49

2.1.3 Energia Cinética......................................................................49

2.1.4 Sistemas Conservativos e Energia Potencial.......................... 50

2.1.5 Princípio da Conservação da Energia Mecânica.....................51

2.2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA.........................................................52

2.2.1 Introdução...............................................................................52

2.2.2 Energia Térmica......................................................................52

2.2.3 Energia Química e Biológica....................................................54

2.2.4 Transformação de Energia na Biosfera....................................55

2.2.5 Fluxo de Energia na Biosfera................................................... 57

2.3 ENERGIA E O CORPO HUMANO......................................................59

2.3.1 Conservação de Energia......................................................... 59

2.3.2 Variação de Energia Interna.....................................................60

2.3.3 Realização de Trabalho Externo..............................................63

2.4 FONTES CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS DE ENERGIA

................................................................................................................65

2.4.1 Fontes Convencionais de Energia.......................................... 66

2.4.2 Fontes Não Convencionais de Energia....................................66

2.5 FORÇAS – APLICAÇÕES NO CORPO HUMANO.....................68

2.5.1 Forças.....................................................................................68

2.5.2 Aplicações e Cálculos de Forças no Corpo Humano................72

2.6 MECÂNICA DO VÔO DOS ANIMAIS..................................................74

2.6.1 Pára-Quedismo.......................................................................74

2.6.2 Planeio....................................................................................75

2.6.3 Vôo Propulsado ou Vôo Simples..............................................75

2.7 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO..................................................................76

2.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 78

2.8.1 Livro Texto...............................................................................78 2.8.2 Bibliografia Complementar.....................................................78 2.8.3 Web - Bibliografia...................................................................78

Sumário

Page 45: Fisica Aplicada a Biologia-1

2.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ENERGIA

Neste tópico serão intoduzidos os conceitos de: trabalho

mecânico ou trabalho realizado por uma força, energia cinética e

energia potencial. Estes conceitos formam a base para todo o estudo

posterior sobre energia.

2.1.1 Trabalho Realizado por uma Força Constante

Imagine que você queira empurrar uma mesa por 1 m à sua

frente. Para isso você deve aplicar uma certa força (empurrão) sobre a

mesa, o suficiente para deslocá-la o desejado. Neste caso dizemos

que você realizou um trabalho mecânico ou trabalho físico sobre a

mesa.

Trabalho mecânico, trabalho físico ou simplesmente trabalho,

que representaremos por W, será realizado por uma força F constante

sobre um dado corpo, sempre que a atuação da força sobre este corpo

provocar um deslocamento (d). Portanto, o trabalho físico depende da

força aplicada e do resultante deslocamento sofrido pelo corpo.

Matematicamente, podemos definir trabalho realizado por uma força

constante, como o produto escalar dos vetores força (F) e

deslocamento (d), assim

Veja que a partir da Eq. 2.1, podemos chegar aos casos

particulares da expressão do trabalho. Veja:

- se o vetor deslocamento do corpo estiver na direção e

sentido da força aplicada, o ângulo e

Para realizar trabalho sobre um determinado corpo precisamos aplicar uma força que produza um deslocamento neste corpo. Aplicando-se uma força sem deslocá-lo realizamos trabalho? Ë possível deslocarmos o corpo sem aplicar uma força resultante sobre o mesmo? Neste caso realizamos trabalho sobre o corpo?

Reflita

aFdCosW ==dF. ...................... (2.1)

onde a é o ângulo formado pelos vetores F e d.

0=a

O que é Produto

O produto escalar entre dois vetores, é o produto de dois vetores que resulta num escalar. Esse produto é definido como a multiplicação do mó-dulo de um vetor pela componente do outro vetor na direção do primeiro. Veja que se F é um vetor que forma um ângulo com o segundo vetor d. O produto

mostra o módulo do vetor F multiplicado pela componente do vetor d na diração de F, isto é,

.

Observou? Repre-sente num diagrama com vetores.

aFdCos=dF.

aFdCos

Escalar?

47

Page 46: Fisica Aplicada a Biologia-1

Veja que a expressão do trabalho depende da lei da força aplicada.

Entenda melhor este fato fazendo o desafio que segue.

Você percebeu que o trabalho e tanto maior quanto maior o

deslocamento ou a força sob a ação da qual ele se realiza?

FdW ==dF. ............................... (2.2)

pois 100 =Cos ; são exs.: o trabalho realizado pela força peso sobre

um corpo em queda na superfície da Terra, o trabalho mecânico que

você realiza sobre um corpo ao deslocá-lo puxando-o na horizontal

sobre uma superfície.

- se o vetor deslocamento do corpo estiver na mesma

direção da força aplicada, mas em sentido oposto, o

ângulo 0180=a e daí

FdW -==dF. ....................... (2.3)

pois 11800 -=Cos ; é o caso por exemplo, do trabalho da força de

atrito entre a superfície e o corpo que você puxa na horizontal, como

no exemplo anterior.

- se o vetor deslocamento do corpo formar 900 com a

direção da força aplicada, esse deslocamento

certamente não foi causado por esta força, assim

090. 0 === FdCosW dF , pois 0900 =Cos

Encontre o trabalho realizado pela força gravitacional sobre uma bola que

cai na vertical de uma altura de 20 m. Encontre também o trabalho ealizado

pela força elétrica sobre um elétron que atravessa um campo elétrico

6 uniforme de 6.10 N/C

Desafio

Saiba Mais

Sobre membrana celular. Como o-corre o transporte de íons através de membranas? Será que algum trabalho físico é realizado para que esse transporte aconte-ça?Consulte:http://www.icb.ufmg.br/biq/neuronet/grupoa/s1.html

48

Page 47: Fisica Aplicada a Biologia-1

Para se realizar qualquer trabalho é necessário consumir

energia, inclusive é muito bem conhecida a definição: “energia é a

capacidade de ralizar trabalho.” Por outro lado, para gerar energia ou

transformar uma modalidade em outra, é necessário realizar trabalho.

Logo, existe uma relação íntima entre trabalho e energia. Vamos

recordar um pouco sobre energia.

2.1.2 Trabalho Realizado por uma Força Variável

Quando a força aplicada a um dado corpo varia, como por

exemplo, a força elástica, que é um caso que quanto mais você deforma

a mola, mais é necessário fazer uma maior força, você está realizando

um trabalho de força variável. Experimente esticar um elástico!

O trabalho realizado por força variável não obdece a lei do

trabalho realizado por forças constantes, como vimos acima, pois esta

somente valeria para deformações muitíssimo pequenas, de tal forma

que o trabalho total seria a soma de todas as pequenas contribuições,

resultando no trababalho total. No caso da força elástica o trabalho

realizado é dado por,

2.1.3 Energia Cinética

A energia cinética de um corpo ou de um sistema é a forma de

energia devida ao movimento do corpo ou do sistema em consideração.

Assim, somente faz sentido se falar em energia cinética quando existe

movimento ou cinética do corpo ou sistema. A energia cinética, que

vamos designá-la por K, é expressa matematicamente por:

onde m, é a massa do corpo e v, sua velocidade.

2

2

1kxW = ........................................... (2.4)

Saiba Mais

Sobre o trabalho realizado por uma força variável.

Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.98.

2

2

1mvK = ............................................ (2.5)

49

Page 48: Fisica Aplicada a Biologia-1

Podemos mostrar que ao realizar trabalho sobre um corpo,

estamos na verdade fornecendo energia cinética ao mesmo. Assim, o

trabalho realizado sobre um corpo de massa m, é exatamente igual a

variação de energia cinética sofrida por ele, variando sua velocidade de

um valor inicial ( ) ao final ( ), ou seja:

esse resultado é conhecido como Teorema do Trabalho-

Energia.

2.1.4 Sistemas Conservativos e Energia Potencial

Sistemas conservativos são os sistemas físicos nos quais não

há dissipação de energia. Nesses sistemas as forças são ditas

conservativas. As forças conservativas são caracterizadas

essencialmente, por duas propriedades básicas:

- o trabalho realizado por elas, sobre um dado corpo,

numa trajetória fechada é nulo;

- o trabalho realizado para ir de um ponto A a um ponto B,

independe da trajetória;

significando que, o trabalho realizado na ida

da trajetória é igual e de sinal contrário, ao

realizado na volta, que poderá insclusive ser

por outra trajetória, assim:

como mostra a Fig. 2.1. São exemlos de

forças conservativas: a força gravitacional,

a força elétrica, a força magnética , a força

elástica etc.

Um resultado muito interessante, é que sempre que realizamos um

trabalho contra uma força conservativa (trabalho negativo ou

resistente), armazenamos energia potencial nesse sistema. Veja a

quadro abaixo, ilustrando cada situação descrita.

iv fv

22

2

1

2

1if mvmvW -= .......................................... (2.6)

Saiba Mais!

Sobre o Teorema Trabalho-Energia.

Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.85.

BAABBAAB WWWW -==+ Q0 ...... (2.7)

A força de atrito é uma força conser-vat iva? Analise e explique.

Reflita

Fig.2.1: Trabalho realizado pela força peso para levar uma bola, do ponto A ao B; depois voltar ao ponto A, seguindo a trajetória indicada.

50

Page 49: Fisica Aplicada a Biologia-1

Agora você já está preparado para entender, mais claramente, o

que é energia potencial. Energia potencial de um sistema físico, é a

energia potencialmente armazenada quando sobre este sistema, é

realizado um trabalho contra uma força conservativa, mudando sua

configuração espacial, isto é, a posição relativa das partes do sistemas.

2.1.5 Princípio da Conservação da Energia Mecânica

Chamamos de energia mecânica de um sistema físico, a soma de sua

energia cinética com a potencial.

SITUAÇÃO FÍSICA

ILUSTRAÇÃO

Sistema

Conser-

vativo

Força

Conser-

vativa

Trabalho e Va-

riação de Ener-

gia Potencial

Uma bola de massa

m, sendo levantada

com velocidade

constante a uma

altura h da superfície

da Terra.

Terra -

bola

Força

peso:

mgFg

?

UW

mghW

hCosFWg

???

??

?

?

?

0

180

pois

1180 0

??Cos

Uma bolinha

carregada com carga

q, sendo afastada

com velocida -de ( v)

de uma dis -tância d,

de uma placa

carregada com carga

Q. A placa gera um

campo eletrico uni -

forme ( E). Observe

que q e Q têm sinais

opostos.

Carga-

Placa

Força

Elétrica:

qEFE

?

UW

qEdW

hCosFWE

???

??

?

?

?

0

180

pois

1180 0

??Cos

Um sistema bloco -

mo-la sendo

comprimido de x. A

mola possui

constante elástica k,

e o bloco possui

massa m.

Sistema

bloco-mola

Força

elástica:

kx

F

F

m

elást

?

?

?

UW

kxW

???

??

?

2

2

1

ReflitaTente esticar u-ma liga e l á s - t i c a a t é u m a deformação x. reflita sobre o observado!

51

Page 50: Fisica Aplicada a Biologia-1

. Para um sistema que não possui dissipação de energia, isto é,

para um sistema conservativo, esta soma de energias se mantém

sempre constante, pois o que falta numa modalidade reaparece na

outra modalidade. O princípio da conservação da energia mecânica

pode ser expresso matematicamente por:

2.2CONSERVAÇÃO DA ENERGIA

2.2.1 Introdução

A energia existe sob várias formas: mecânica, elétrica, térmica,

química, luminosa etc; podendo ser convertida de uma delas à outra.

Observa-se que sempre que ocorrer uma diminuição de energia sob

uma dada forma, haverá o aparecimento dessa mesma quantidade de

energia em outras formas, de modo que a energia total do universo, ou

de qualquer sistema isolado, seja conservada. Esse é o princípio de

conservação da energia total, formulado na metade do século XIX e

observado em todo processo na natureza.

A transformação de uma modalidade de energia em outra, e a

eficiência da conversão em trabalho e vice-versa dependem do sistema

e dos processos físico, químico ou biológico envolvidos.

2.2.2 Energia Térmica

Vimos que as energias cinética e potencial de um corpo ou de

um sistema, estão associadas, respectivamente, ao movimento e à

posição relativa de suas partes. Entretanto, como se poderia interpretar

sua energia térmica?

A temperatura de um corpo varia quando ele recebe ou fornece

calor (energia em trânsito) alterando o constante movimento de suas

moléculas, sendo, portanto, essa agitação molecular denominada

agitação térmica, responsável pela energia térmica do corpo. Observe

que o grau de agitação térmica das moléculas de um corpo define sua

temperatura. Assim, precisamos entender e quantificar dois

fenômenos:

Saiba Mais!

Sobre o Princípio da Conservação da Enaergia. Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.91.

teconsEUK tan==+ .............................. (2.8)

Aplique o princípio da conservação da energia mecânica para as

situações físicas descritas no quadro com ilustrações, mostrado acima.

Desafio

52

Page 51: Fisica Aplicada a Biologia-1

- O das trocas de calor entre corpos devido as suas

diferentes temperaturas;

- O da energia térmica das moléculas de um corpo, que

se intensifica com o aumento de temperatura.

Quando dois corpos de diferentes temperaturas são colocados

em contato há uma troca de calor entre eles. Como conseqüência, a

temperatura do corpo mais quente diminui, enquanto a do mais frio

aumenta, pois o primeiro corpo fornece calor ao segundo corpo. A

quantidade de calor trocada Q, durante a variação de temperatura

A energia térmica das moléculas de um corpo pode ser

interpretada como uma forma de energia cinética (K) que ele possui em

razão do movimento de suas moléculas.

Em 1827, o botânico Robert Brown, observou no microscópio,

que grãos de pólen suspensos em água movimentavam-se

continuamente de modo caótico. Inicialmente, Brown pensou que isso

ocorria por ser os grãos de pólen uma forma de vida, mas logo

observou que pequenas partículas inorgânicas também apresentavam

o mesmo comportamento. Esse movimento ficou conhecido como

movimento browniano.

Somente em 1905, o movimento browniano foi completamente

explicado por Albert Einstein. Segundo Einstein, as partículas

suspensas em líquidos ou gases participam da agitação térmica das

moléculas do meio adquirindo, desse modo, a mesma energia cinética.

Assim, Einstein supôs de acordo com a Mecânica Estatísica, que a

energia cinética média de translação de cada partícula, que é a

mesma de cada molécula do meio, é dada pela expressão:

tD

tmcQ D= ......................................... (2.9)

onde as unidades de Q, m e tD são, respectivamente,

calorias (cal), grama (g) e graus Celsius (0C). A constante c é

conhecida como calor específico e é característico do material.

K

kTK2

3= ..................................... (2.10)

Saiba Mais!

Saiba Mais!

Sobre calorias(cal), calorias (Cal) e calor especifico.Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.103.

Sobre movimneto browniano.

Consulte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_browniano.

53

Page 52: Fisica Aplicada a Biologia-1

Segundo esse raciocínio, o movimento browniano resulta do

impacto entre as moléculas do fluido e as patículas suspensas, que

adquirem, como vimos, a mesma energia cinética que as moléculas.

Isso ocorre sempre que as partículas forem suficientemente pequenas,

pois nestes casos, as moléculas do fluido se chocam com elas nas

várias direções resultando numa força não nula que as acelera ao

acaso.

2.2.3 Energia Química e Biológica

As moléculas de qualquer substância possuem energia

potencial elétrica que depende da posição relativa dos átomos que as

formam, ou seja, depende da configuração espacial dos átomos na

molécula, como já vimos, esta energia constitui a energia química da

molécula pois está armazenada em suas ligações químicas.

A energia química de uma substância será liberada numa dada

reação química, por exemplo, em tranformações moleculares que

ocorrem para a manutenção de qualquer forma de vida. As reações

químicas básicas mais comuns nos seres vivos são as de combustão

dos alimentos, isto é, reações com o oxigênio, tais como a reação de

moléculas de glicose, de carboidratos, de gorduras ou de proteínas,

com o oxigênio (O ) inspirado. No exemplo a seguir será mostrada a 2

reação de oxidação da glicose.

onde KJk /10.32,1 23-= é a constante de Boltzmann e T a

temperatura em Kevin.

A variação de energia térmica de um corpo pode ser avaliada determinando-se a variação de sua temperaura por meio de termômetros. As escalas de temperatuas mais usadas aqui no Brasil, são: as escalas

0Cesius e Kelvin. A relação entre o C e o K é dada por:

Lembre-se

273)()(273)()( 00 +=-= CtKTKTCt Q

Desafio

A temperatura do gás de Oxigênio é 293 K. Calcule em Joules e em eV, a energia cinética média das moléculas desse gás.

54

Page 53: Fisica Aplicada a Biologia-1

Essas reações ocorrem com grande liberação de energia, que

é armazenada no organismo na forma de ATP (Trifosfato de

Adenosina), para ser utilizadas pelas células em suas necessidades

vitais. Nestas ocasiões, a molécula de ATP perde um radical trifosfato

que é quebrado liberando uma grande quantidade de energia para a

referida necessidade, e se transformando em um radical difosfato ou

ADP (Difosfato de Adenosina). Toda a quantidade de energia que

estava potencialmente armazenada no radical e que é

providencialmente liberada em sua quebra, será integralmente

absorvida pelas células em atividade.

E assim dizemos, que as moléculas de ATP e ADP

desempenham um papel importante no processo de transferência de

energia química nos sistemas biológicos, são portanto denominadas

fontes de energia biológica. Essas moléculas são formadas

continuamente no interior das células durante os processos de

fermentação, respiração e fotossíntese.

2.2.4 Transformação de Energia na Biosfera

De modo geral, as reações químicas ocorrem num sistema

biológico com liberação ou absorção de energia, sendo sempre

verificado o princípio da conservação. Assim, podemos resumir

esquematicamente as reações químicas em:

kcalCOOHOOHC 686666 2226126 ++®+

nessa reação são liberadas 686 kcal por mol de glicose.

Reação com liberação de energia:EBA D+®

Reações como estas podem ser representadas por exemplo,

pela digestão de um pedaço de carne, onde moléculas de proteínas (A)

são desfeitas dando origem a outras moléculas de menor energia (B),

como CO2 e H2O; nesse processo, parte da energia liberada ( ) é

transformada em calor e parte é utilizada nos processos vitais que

requerem energia.

ED

Saiba Mais!

Sobre reação com liberação de ener-gia como a respir-ação. Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.109.

55

Page 54: Fisica Aplicada a Biologia-1

Assim, há a liberação da energia com a transformação do

sistema A em B.

Outro exemplo de reações com liberação de energia, é o da

combustão da glicose como vimos acima.

Reações como estas podem ser representadas, por exemplo,

pela formação de glicose durante a fotossïntese onde há absorção de

energia.

Fotossíntese é o processo pelo qual plantas e certos

microorganismos convertem energia luminosa em energia biológica,

produzindo carboidratos. Ela ocorre nos cloroplastos, estruturas

celulares que contêm pigmentos de clorofila. Na produção de glicose,

por exemplo, esse processo pode ser indicado por:

A nível de células, as reações com liberação e absorção de

energia estão ligadas pela conversão entre moléculas de ATP e ADP,

conforme ilustrado na Fig. 2.2.

Fig.2.2: Esquema de produção e utilização de moléculas de ATP nas

reações que liberam e que absorvem energia.

ED

-Reação com absorção de energia

DEC ®D+

44344214434421¯¯

+®D++ 2612622 666 OOHCECOOH ......... (2.11)

C D

56

Page 55: Fisica Aplicada a Biologia-1

A energia liberada na conversão de A para B, é a energia

resultante da combustão dos alimentos, que depois de metabolizados,

é aproveitada e armazenada pelas células para formar ATP a partir de

ADP e P; a energia necessária à conversão de C em D é fornecida pela

quebra de ATP em ADP, para ser usada em alguma atividade vital.

2.2.5 Fluxo de Energia na Biosfera

A fonte de energia utilizada por qualquer animal, provêm de

uma hierarquia de organismos relacionados numa cadeia alimentar.

Os produtores (autótrofos) utilizam a luz solar como fonte de energia na

fotossíntese, realizando reações com absorção de energia. Os

consumidores (heterótrofos) obtêm a energia de que necessitam, pela

oxidação de complexas moléculas orgânicas (respiração), contidas em

sua alimentação, que são reações com liberação de energia. Como

explicado no esquema da Fig. 2.2.

Em cada etapa da cadeia alimentar a energia é utilizada para

realizar trabalho biológico, como a síntese de compostos celulares,

trabalho de contração muscular, transporte contra gradientes de

concentração, de nutrientes, sais minerais, íons etc. Em todos esses

processos ocorrem perdas de energia, pois a conversão de uma forma

de energia em outra nunca é completa. Essa energia “perdida” é

absovida pelo meio externo na forma de calor, pois como vimos a

energia do universo se conserva.

Como se observa na descrição acima, apenas uma pequena

fração da energia solar armazenada pelos produtores atinge os

consumidores. Parte da energia disponível para cada organismo é

dissipada e não pode ser aproveitada para realizar trabalho.

Desafio

Pesquise alguns exemplos de reações bioquímicas com tranformações de

energia que ocorrem no interior das células, isto é, transformação de

energia química em energia biológica com liberação e com absorção de

energia.

Sobre os níveis tróficos de uma cadeia alimen-tar, que se ini-cia com os pro-dutores e ence-rra com os de-compositores.

Reflita

57

Page 56: Fisica Aplicada a Biologia-1

Quando os consumidores morrem e são decompostos, a

energia neles armezenada é absorvida pelo ambiente na forma de

calor. Dessa forma o fluxo de energia na biosfera, que se inicia com a

absorção da luz solar, é totalmente transferido ao ambiente na forma de

calor como ilustra a Fig. 2.3.

Fig. 2.3: Fluxo de energia num mundo biológico.Fonte: http://professornandao.blogspot.com/2008/05/o-fluxo-de-energia-num-ecossitema.html

Observe que o fluxo de energia indicado na Fig. 2.3, não poderia

ocorrer no sentido contrário, apesar dessa inversão não contrarir o

princípio da conservação da energia como descrito na primeira Lei da

Termodinâmica. Os sentidos das transformações de energia em

sistemas isolados podem ser previstos através do conceito de entropia,

elaborado na segunda Lei da Termodinâmica, cuja formulação não é

tão simples. No entanto, é possível entender que a entropia de um

sistema está ligada ao seu grau de desorganização, isto é, quanto

maior a desordem de um sistema maior será sua entropia. De acordo

com a segunda Lei da Termodinâmica qualquer tranformação real

(física, química ou biológica) num sistema isolado provoca aumento de

entropia.

Reflita

Sobre trabalho biológico, tra-balho muscular e trabalho me-cânico ou físi-co visto antes.

58

Page 57: Fisica Aplicada a Biologia-1

No esquema da Fig. 2.3, a energia produzida pelo Sol, após

várias transformações é reduzida a calor, aumentando assim a

entropia do universo. Essa é a razão pela qual o sentido das

transformações indicadas nesta figura não pode ser invertido.

2.3 ENERGIA E O CORPO HUMANO

2.3.1 Conservação de Energia

Todas as atividades do corpo humano, incluindo o pensamento,

envolvem trocas de energia. Assim, o conceito de energia é de

fundamental importância na Física do corpo humano. A conversão de

energia em trabalho representa apenas uma pequena fração da

energia total gasta pelo corpo. Mesmo em repouso, o corpo humano

continua gastando energia com uma potência em torno de 110 W ou 95

kcal/h, na manutenção do funcionamento de seus órgãos, tecidos e

células.

A fonte de energia para o corpo é a alimentação, que em geral

não é ingerida numa forma que permita a extração direta de energia.

Ela deve ser antes modificada quimicamente pelo corpo,

transformando-se, em moléculas que reagem com o oxigênio no

interior das células em reações de oxidação, como vimos antes.

Nessas reações há a liberação de energia necessária à produção de

moléculas de ATP, que é a fonte de energia utilizável pelo corpo

humano, como foi mostrado na Fig. 2.2.

O corpo usa a energia extraída da alimentação para manter em

funcionamento seus vários órgãos, manter sua temperatura constante

e realzar trabalho externo (correr, andar etc). Apenas uma pequena

percentagem (~ 5%) de energia armazenada na alimentação é

eliminada pelo corpo na forma de fezes e urina, ficando qualquer

excedente de energia armazenado na forma de gordura.

A conservação de energia no corpo humano, para um intervalo

de tempo

WQE D-D=D .................................... (2.12)

Saiba mais!Potência é a taxa com que um tra-balho é realizado. A potência média

t

WP

D=

59

Page 58: Fisica Aplicada a Biologia-1

2.3.2 Variação da Energia Interna

Como a energia utilizada pelo corpo é obtida a partir das reações

de oxidação, pode-se calcular a variação de sua energia interna

( )medindo-se o seu consumo de oxigênio. Sabemos que nos

diferentes processos de oxidação, há liberação de uma quantidade de

energia que depende da reação em particular.

Exemplos:

Veja que para qualquer um destes casos, podemos encontrar o

consumo de oxigênio efetuado.

Vamos ilustrar este fato, fazendo os seguintes cálculos para o

caso da reação de oxidação da glicose:

a)energia liberada por grama de glicose ou valor calórico;

b)energia liberada por litro de O consumido;2

onde ED é a variação de energia interna ou armazenada pelo corpo,

QD a quantidade de calor trocada com o ambiente e WD o trabalho

externo realizado pelo corpo. Observe que, como a quantidade de

calor cedida QD, pelo corpo é por convenção negativa. Há a

necessidade de anteceder o trabalho WD por um sinal negativo,

para resultar de fato, numa variação de energia interna sempre

negativa. Assim, uma perda de calor pelo corpo humano, ou um

trabalho externo por ele realizado, resulta em uma diminuição de sua

energia interna, isto é, 0ÐDE .

ED

-Na reação de oxidação da glicose

são liberadas 686 kcal por mol de glicose;

-Na reação de oxidação de gordura

são liberadas 1.941 kcal por mol de gordura.

kcalCOOHOOHC 686666 2226126 ++®+

kcalOHCOOHOCOHC 941.113155,18)( 222374353 ++®+

60

Page 59: Fisica Aplicada a Biologia-1

Legenda (Exemplo)

c) número de litros de O consumido por grama de glicose;2

d) número de litros de CO produzido por grama de glicose;2

e) a razão entre o número de moléculas de CO produzidas e o 2

número de moléculas de O consumidas é chamada quociente 2

respiratório (R). Qual é essa razão?

Solução:

a) Na reação considerada, 1 mol de glicose (180 g) reage com 6

mols de O (192 g) produzindo 6 mols de H O (108 g) e 6 de CO (264 2 2 2

g). Assim, a energia liberada por grama de glicose, será:

b) Como 1 mol de gás nas condições normais de temperatura e

pressão (CNTP), ocupa um volume de 22,4 litros, a energia

liberada por litro de O é:2

c) o número de litros de O consumido por grama de glicose 2

Veja que, sabendo-se qual a quantidade em massa de glicose

ingerida, descobre-se o volume de O consumido e em seguida a 2

quantidade de energia liberada para o orgnismo realizar suas

atividades.

d) o número de litros de CO produzido por grama de glicose 2

îíì

®

®

xg

kcalg

1

686180

g

gkcalx

180

1.686=Q

kcalx 81,3=Q

îíì

®

®

xl

kcall

1

6864,22.6

l

lkcalx

4,22.6

1.686=Q

kcalx 10,5=Q

îíì

®

®

)(1

4,22.6180

2OVg

lg

g

glOV

180

4,22.6)( 2 =Q lOV 747,0)( 2 =Q

îíì

®

®

)(1

4,22.6180

2COVg

lg

g

glCOV

180

4,22.6)( 2 =Q lCOV 747,0)( 2 =Q

61

Page 60: Fisica Aplicada a Biologia-1

a) o coeficiente respiratório dessa reação é

A quantidade exata de energia liberada por litro de O consumido, 2

depende da proporção de substâncias como glicose, carboidratos,

poteínas, gorduras etc. Essa proporção pode ser determinada

medindo-se o qociente respiratório (R) do indivíduo.

O valor calórico de uma substância é a energia liberada por

grama dessa substância, corresponde ao máximo de energia que pode

ser extraída dos alimentos. Veja na Tabela 01 o valor calórico de

algumas substâncias.

Tabela 01: Energia liberada em reações de oxidaçã

Fonte: OKUNO, E., et al. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas

Editora HARBRA, São Paulo, 1982.

Sabemos que nem toda energia dos alimentos que ingerimos é

aproveitada pelo nosso corpo.Parte dela é perdida devido a

combustões inacabadas, sendo as correspondentes substâncias

envolvidas eliminadas junto com fezes, urina e gases intestinais.

16

6

))((

))((

2

2 ===Omolesn

COmolesnR

Substância

Energia liberada

por litro de O2

(kcal/l)

Valor calórico

(kcal/l)

Glicose 5,1 3,8

Carboidratos 5,3 4,1

Proteínas 4,3 4,1

Gorduras 4,7 9,3

Dieta típica 4,8 – 5,0 -

Gasolina - 11,4

Carvão - 8,0

Madeira

(pinheiro)

- 4,5

62

Page 61: Fisica Aplicada a Biologia-1

O que é aproveitada pelo corpo é a energia metabolizada.

Como vimos antes, uma pessoa mesmo em repouso, consome

em média 95 kcal/h, que é a quantidade de energia necessária à

manutenção das atividades vitais, tais como, a respiração, o

bombeamento do sangue através do sistema circulatório, o

funcionamento dos rins, do fígado, do baço etc, indispensáveis ao

corpo humano em repouso. Essa taxa mínima de consumo de energia é

denominada taxa de metabolismo basal (TMB). Pode ainde ser

definida a razão de metabolismo basal (RMB), que é dada pela taxa

de metabolismo basal por unidade de massa.

2.3.3 Realização de Trabalho Externo

O trabalho ( realizado pelo corpo humano em diferentes

atividades, pode ser em alguns casos avaliado ou mesmo diretamente

medido. Para isso podemos medir a eficiência , com que o corpo

humano realiza um trabalho externo, pela expressão:

onde é a energia consumida durante a realização do

trabalho, que pode ser obtida medindo-se a quantidade de oxigênio

consumida pelo corpo durante a realização deste trabalho, e sabendo

pelo menos em média, qual foi a alimentação ou dieta da pessoa. Na

maioria dos casos, para esses cálculos, se adota a dieta típica

(dosagem de proteínas, carboidratos, gorduras e glicose), mostrada na

Tab. 01, acima.

1) Qual a relação existente entre trabalho realizado por

uma força sobre um corpo, energia cinética do corpo e energia

potencial? Explique e exemplifique.

)WD

h

E

W

D

D=h ............................................... (2.13)

ED

Atividade

63

Page 62: Fisica Aplicada a Biologia-1

2) O lado interno de uma membrana celular é coberto por um excesso

de ânions, havendo em seu lado externo, em excesso, o mesmo

número de cátions. Sabendo-se que a espessura da membrana é 6 de 75Angstrons e que o campo elétrico no seu interior vale 8,0 x10

N/C. Calcule:

+a) O trabalho realizado pela força elétrica sobre um íons Na quando

este penetra na célula (atravessando a membrana);+b) A variação da energia potencial (em eV) do íon Na , quando este

penetra na célula e quando sai da célula;- .c) Encontre as mesmas alternativas a) e b) acima, para um íon Cl

3) Analise as afirmativas abaixo, e responda se são Verdadeiras ou

Falsas, justificando sua resposta:

a) O trabalho realizado por uma força conservativa sobre um corpo

que se move entre dois pontos, não depende destes pontos

somente da trajetória percorrida;

b) A energia cinética de um corpo pode ser interpretada como a

capacidade que ele tem de realizar trabalho devido ao seu

movimento;

c) A energia potencial é uma forma de energia armazenada num

sistema de corpos devido suas posições relativas.

6) Relembre do movimento browniano. Tente explicar este moviemnto. oA temperatura de um gás de oxigênio é 27 C. Calcule em J, a energia

cinética média das moléculas desse gás. Se pequenas partículas 6 coloidais de massa 3,2.10 g/mol são colocadas em suspensão nesse

meio, qual a velocidade que estas partículas coloidais adquirem? Que

movimento é esse adquirido pelas partículas coloidais em suspensão

no gás de O ? Explique.2

5) Explique e comente sobre:

a) O princípio da conservação da energia;

b) O movimento browniano;

64

Page 63: Fisica Aplicada a Biologia-1

c) Energia química e biológica (manutenção de qualquer forma de

vida, transformações químicas básicas, grupos bioquímicos que

armazenam energia e sua principal forma de produção nos

animais);

d) Fluxo de energia na biosfera.

7) Descreva ou explique:

a) Valor calórico de uma substância;

b) Taxa de metabolismo basal;

c) Razão de matabolismo basal.

8) Uma pessoa de 63kg subiu a pé, em 3 horas, uma montanha de

2000 m de altura. Durante a subida, essa pessoa consumiu O a 2

uma taxa de 2litros/min. Se esta pessoa cumpria rigorosamente 2uma dieta típica, que libera 4,9 kcal por litro de O . Dado g=9,8m/s , 2

calcule:

a) o trabalho externo realizado por ela;

b) a potência média com que foi realizado esse trabalho;

c) a eficiência com que foi realizado o trabalho externo no item a;

d) a quantidade de energia transformada em calor pelo corpo dessa

pessoa;

e) o que essa pessoa precisa comer para recuperar a energia gasta

pelo seu corpo. Veja Tabela 01 do texto..

2.4 FONTES CONVENCIONAIS E NÃO CONVENCIONAIS DE

ENERGIA

Na sociedade moderna, a taxa da energia consumida pela

sociedade tem aumentado bastante e bruscamente. Quase todos os

aspectos da civilização moderna são dependentes do uso de energia.

Conseqüentemente, o fornecimento de energia tornou-se uma das

preocupações primárias da sociedade.

A energia pode ser proveniente de fontes renováveis ou de

fontes não renováveis.

65

Page 64: Fisica Aplicada a Biologia-1

A renovabilidade de uma fonte é medida em relação à escala

temporal do ser humano. Assim, uma fonte de energia será

considerada renovável se ela puder ser reabastecida, ou se

desenvolver, ou simplesmente existir dentro de um intervalo de tempo

significativo para as pessoas. Exemplos de fontes renováveis de

energia: a comida, a madeira, a água e a radiação solar.

Quando uma dada fonte de energia, tem sua formação tão

lenta ou se a sua existência for tão curta, comparável à existência

humana, ela é dita, fonte não renovável. Exemplos de fontes de

energia não renováveis: o carvão mineral, o petróleo e os

combustíveis nucleares.

2.4.1 Fontes Convencionais de Energia

São chamadas fontes convencionais de energia, aquelas cujas

tecnologias de conversão de uma modalidade em outra, já são

desenvolvidas, e cujos custos são considerados economicamente

aceitáveis, sendo utilizada na produção de energia para o consumo

comercial.

2.4.2 Fontes Não Convencionais de Energia

Por muito tampo a sociedade moderna, mais especificamente a

brasileira, tem usado a energia baseada fundamentalmente no

petróleo. Como o petróleo é um combustível esgotável, constituindo

uma fonte de energia não renovável na escala humana, tornou-se

necessário a procura de fontes alternativas, de preferência renováveis,

que possam vir a substituí-lo.

Nesse cenário surgem as fontes de energia não convencionais,

que são aquelas que possuem tecnologias desenvolvidas ou em

desenvolvimento, mas ainda não são totalmente aceitas pela

sociedade, por razões quase sempre econômicas, ambientais ou_

Desafio

Quais os setores, de uma sociedade industrializada, que utilizam a maior parte da energia produzida? Eles são independentes? Explique:

Saiba Mais!

Sobre fontes com-vencionais e não convencionas de e-nergia. Consulte: OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciên-cias Biológicas e Biomédicas Editora HARBRA, São Paulo,1982, p.125

Saiba Mais!

Sobre fontes al ter-nativas de ener-gia. Consulte:http://www.fem.unicamp.br/~jannuzzi/documents/Asfontesalternativasdeenergia-solar.doc

66

Page 65: Fisica Aplicada a Biologia-1

não convencionais de energia podemos citar: a geotérmica, a

nuclear, a solar, a eólica, as provenientes das marés, da biomassa, do

xisto etc.

1) Distinga fontes convencionais de fontes não convencionais de

energia., e fontes renováveis de não renováveis de energia.

Exemplifique cada uma delas.

2) Explique sobre a fonte primária de energia da Terra.

3) O plasma é o quarto estado da matéria, além dos sólido, líquido e

gasoso. Substâncias neste estado são encontradas no espaço

interplanetário, na ionosfera e no interior do Sol. Explique as

caraterísticas deste estado da matéria.

4) Explique as conversões de energia hidráulica em :

a) hidrodinâmica;

b) hidroelétrica. Qual a frequência da rede elétrica no Brasil?

5) O que é combustível? Como podemos obter sua energia? Quais os

principais combustíveis vegetais fosseis? Como são estes originados?

6) Quais as principais fontes não convencionais de energia?

7) O que é energia geotérmica e quais suas fontes?

8) Descreva os processos de transmissão de energia térmica.

9) Construa um esquema de classificação das fontes hidrotérmicas,

com base nas informações das páginas 159 a 161 do livro-texto.

10) Explique e ilustre um geiser.

11) Como pode ser liberada a energia nuclear? Explique suscintamente

cada processo.

Atividade

67

Page 66: Fisica Aplicada a Biologia-1

12) O que são derivas continentais? O que elas podem causar? Como?

Explique.

13) Explique o que é:

a) reator nuclear; b) coletor solar térmico; c) célula fotovoltaica; d)

biomassa; e) biogás; f) digestor; g) catavento.

14) Explique o funcionamento de um reator nuclear de água

pressurizada, como mostra a fig. 13.10 do livro texto.

15) Qual a função de um reator nuclear?

16) Qual o processo responsável pela formação da biomassa?

Explique.

17) Construa um quadro contendo as vantagens e desvantagens das

diversas fontes não convencionas de energia discutidas no

capítulo.

2.5 FORÇAS – APLICAÇÕES NO CORPO HUMANO

2.5.1 Forças

Ao estudar as causas dos movimentos em Dinâmica nos

deparamos, inicialmente, com o conceito de força, como um puxão ou

empurrão aplicado pelas vizinhanças do corpo. As leis do movimento e

as leis de força constituem, em conjunto, as leis da Mecânica.

Desafio

1) Quais as principais hidroelétricas do país em funcionamento? Onde

se localizam, que regiões abastecem e quais suas potências

instaladas?

2) Qual a fonte de energia que voce defenderia como alternativa para

o uso no Brasil? Justifique!

68

Page 67: Fisica Aplicada a Biologia-1

Isaac Newton foi um físico Inglês que, após estudar e analisar

as idéias de seus antecessores, realizou um progresso extraordinário

no conhecimento de Mecânica Clássica, apresentando as três leis do

movimento, conhecidas como leis de Newton em 1866.

Sabemos que no estudo da Mecânica classificamos as forças

ou interação da vizinhança com o corpo, de acordo com suas

propriedades e características, em:

?Força Normal ou de Contato – a força gravitacional que a

Terra exerce sobre qualquer corpo (um livro por ex.) em

repouso sobre uma superfície, possui direção vertical e é

dirigida para baixo. Como o corpo está em repouso, a força

resultante sobre ele é nula. Para isso em resposta à

compressão que o corpo faz sobre a superfície, esta reage

com uma força de igual direção e de sentido contrário

sobre o corpo, chamada de força normal de contato.

?Força de Atrito – considere o mesmo corpo anterior sobre

a superfície. Se você aplicar uma força (força externa)

sobre o corpo, na direção paralela à superfície, você

sentirá uma resistência ao movimento, por mínima que

seja, devida ao atrito entre o corpo e a superfície. O corpo

somente se moverá se o módulo da força aplicada (F) for

maior que o módulo da força de atrito estático, chamada

força de atrito estático máxima (fe,Max).Essa força, como

vimos antes, é não conservativa, depende da natureza dos

corpos em contato e sua direção é sempre paralela à

superfície de contato. Uma vez que o corpo entra em

movimento a força resistiva torna-se menor, e portanto,

uma força externa menor será suficiente para manter o

corpo em movimento.

Reflita

Se um dado corpo se en-contra isolado, sem vizinha-ças, seria pos-sível ele sentir ação de forças?

Desafio

Recorde e enuncie as três leis de Newton para o movimento. Dê aplicações de cada uma delas.

69

Page 68: Fisica Aplicada a Biologia-1

? Essa força de atrito existente entre as superfícies em

movimento, é a chamada força de atrito cinético.

?Força de Compressão – está presente quando, por

exemplo, um corpo é comprimido por duas forças

opostas de igual intensidade e o mesmo se mantêm em

repouso. Entretanto, esta situação é diferente daquela

em que esse corpo está em repouso, sem sofrer ação

de nenhuma força. Diz-se então que o corpo está sob a

ação de forças de compressão, que dependendo da

natureza do corpo e da intensidade das forças podem

ocorrer deformações ou rupturas do mesmo.

?Força de Tração – está presente quando um corpo

sob a ação de duas forças opostas de igual intensidade

que o puxam se mantêm em repouso. Diz-se que o

corpo está sob a ação de forças de tração.

?Força Elástica, Lei de Hooke e Módulo de Young – de

um modo geral todos os corpos quando submetidos a

forças de tração ou compressão, sofrem deformações,

isto é, alterações em suas dimensões lineares (no

comprimento). Essas variações lineares são

determinadas pela diferença entre o comprimento final

L, devido à ação de forças, e o comprimento inicial L0.,

assim

Faça ilustrações (figuras) de situações que você conhece em seu dia-

a-dia, em que aparecem as forças estudadas acima: forças de contato,

de atrito, de tração e de compressão. Identifique e desenhe cada uma

desas forças na sua ilustração.

Desafio

0LLL -=D ..............................(2.14)

70

Page 69: Fisica Aplicada a Biologia-1

verificou-se experimentalmente que, na maioria dos materiais, como

metais, madeira, osso, borracha, para forças F pequenas, essa

variação é proporcional a elas (F), ou seja:

Essa é a Lei de Hooke e a constante de proporcionalidade k é

chamada constante elástica do material.

Esse comportamento linear também pode ser descrito em termos da

variação relativa do comprimento e da força aplicada por unidade

de área. Assim:

onde o coeficiente de proporcionalidade Y é denominado Módulo de

Young, que pode ser explícito como:

Basicamente o módulo de Young dá o grau de elasticidade de

um material, isto é, se Y for grande, para uma dada força aplicada, a

variação

LD

LkLLkF D=-= )( 0 ..................(2.15)

0L

LD

0L

LY

A

F D= ............................ (2.16)

L

L

A

FY

D=0 .............................. (2.17)

Material

Força Com-

pressiva Má-

xima (N/mm2)

Força Tênsil

Máxima

(N/mm2)

Módulo de

Young

(x102N/mm2)

Aço duro 552 827 2.070

Borracha - 2,1 0,010

Concreto 21 2,1 165

Granito 145 4,8 517

Osso Com-pacto 170 120 179

Osso Trabe-cular 2,2 0,76

Porcelana 552 55 -

Carvalho 59 117 110

Tab. 02: Valores

aproximados do

módulo de Young e

das forças máxima

por unidade de área

para produzir

ruptura.

Fonte: OKUNO, E.,

et all. Física para

Ciências Biológicas

e Biomédicas.

Editora HARBRA,

São Paulo, 1982,

p.411.

71

Page 70: Fisica Aplicada a Biologia-1

2.5.2 Aplicações e Cálculos de Forças no Corpo Humano

Quando estudamos o movimento de um corpo ou o equilíbrio

do mesmo, estamos em ambos os casos, nos referindo à ação de

forças que permitem um ou outro estado deste corpo. Assim para

analisar as causas de movimentos, ou por outro lado porque um corpo

está em equilíbrio, temos que conhecer as forças que atuam sobre ele.

Vejamos algumas situações de aplicações de forças sobre o

corpo humano, que estão na página 412 de nosso livro texto.

a) Considere um paciente submetido a um

tratamento de tração como indica a Fig.G 1.6.

Qual a máxima massa a ser utilizada para

produzir a força tênsil (T), sem que o paciente se

desloque ao longo da cama? Sabe-se que a

massa desse paciente é 60 kg, o coeficiente de

atrito entre o mesmo e a cama é 20,0=m , e o

ângulo que a força tênsil forma com a horizontal

é de 230.

b) Qual o encurtamento da perna de uma pessoa

de 70 kg de massa quando ela apoiar todo o seu

peso sobre essa perna? Considere a perna

rígida de 90 cm de comprimento, a área de

secção média do osso de 27 cm2, e o módulo de

Young médio igual a 179.102 N/mm2.

c) A fim de forçar um dos dentes incisivos para

alinhamento com os outros dentes da arcada,

um elástico foi amarrado a dois molares, um de

cada lado, passando pelo dente incisivo, como

mostra a Fig. G.1.8. Se a tensão no elástico for

de 12 N, quais será a intensidade e a direção da

força F aplicada ao dente incisivo?

Saiba Mais!

Sobre os efeitos das forças de tra-ção e compressão sobre a coluna ver-tebral. Visite o site:

http:// www.magnaspine.com.br/beneficios.htm

72

Page 71: Fisica Aplicada a Biologia-1

d) Veja um joelho esquematizado na Fig.G.1.9. A

tensão T é exercida pelo tendão quadríceps quando

passa pela rótula. Supondo que o módulo da Tensão

seja de 160 N, determine a força de contato F c

exercida pelo fêmur sobre a rótula.

e) Suponha que uma pessoa se encontra com a

cabeça inclinada para frente como mostra a Fig.

G.1.10. A cabeça pesa 50 N e é suportada pela força

muscular F , exercida pelos músculos do pescoço, e m

pela força de contato F , exercida na junta atlanto-c

occipital. Dado o módulo da força F de 60 N, e a sua m

0direção formando um ângulo de 35 com a

horizontal, calcule a força F exercida pela junta, c,

para manter a cabeça em equilíbrio.

f) Onde deve passar a linha de ação da força peso de

uma pessoa em pé, com os pés separados 50 cm um

do outro? E de uma pessoa em pé sobre a perna

direita?

Você observou pelas ilustrações feitas acima das aplicações de

forças no corpo humano, como o conhecimento das leis de Newton é

importante, também para um Biólogo, para que possa entender e

explicar muitos movimentos nos organismos vivos. Além de tudo isso

ainda existem muitas outras aplicações deste assunto na Biologia.

Para que o sangue possa alcançar todo o organismo, a liberdade

de movimentos das articulações do esqueleto está sujeita a certos 0limites: as partes móveis podem girar, no máximo de 160 . Como não é

possível um membro se destacar de sua articulação, para mover–se

ele deve girar em torno do ponto em que está fixado.

Observe os exemplos discutidos acima, para cada um dos casos,

represente as forças por vetores presentes em cada situação

descrita. Identifique as condições de equilíbrio, covenientemente.

Sobre as alavanca do corpo? Consulte o site:http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/alavancas.htm

Saiba Mais!

73

Page 72: Fisica Aplicada a Biologia-1

Assim seus movimentos se realizam de acordo com o princípio

e funcionamento das alavancas, são as chamadas alavancas do

corpo.

2.6 MECÂNICA DO VÔO DOS ANIMAIS

Nesta seção introduziremos alguns conceitos físicos que

possam auxiliar a compreensão do mecanismo do vôo dos animais,

sem contudo, considerar fatores como a estrutura dos animais

voadores, a fisiologia a necessidade migratória etc.

A Emico Okuno, autora de nosso livro texto, faz referência a

uma classificação, não muito rígida, dos vôos desenvolvidos pelos

animais, podendo haver superposição entre as diferentes categorias,

que são:

2.6.1 Pára-quedismo

2.6.2 Planeio

2.6.3 Vôo Propulsado ou Vôo Simples

2.6.1 Pára-quedismo

Entre os poucos animais que desenvolveram o pára-quedismo,

podemos exemplificar com o sapo voador de Bornéu, Rhacophorus

dulitensis. Seu pára-quedas é formado pelas palmas abertas das

patas. Quando esses animais descem, utilizando os seus pára-

quedas, sobre eles age uma única força aerodinâmica paralela à

direção do ar que passa por eles. Tal força é chamada força de

arrastamento F ou de resistência do ar e se orgina do atrito entre eles a

e as moléculas de ar. Um animal pára-quedista atingirá uma

velocidade constante quando a força aerodinâmica total sobre ele

contrabalançar seu peso. Na ausência de vento ou correntes de ar, a

intensidade da força de arrastamento F depende basicamente da a

área efetiva A do pára-quedas perpendicular ao movimento do ar, da

velocidade relativa v , da viscosidade z

bahr)( zresa VAFF == ............................... (2.18)

74

Page 73: Fisica Aplicada a Biologia-1

onde e são constantes que dependem das características

aerodinâmicas da pára-quedas, como a forma, a concavide em

relação ao fluxo de ar etc.

2.6.2 Planeio

Um animal planador, assim como um animal pára-quedista, se desloca

no ar, em movimento descendente, sem realizar trabalho. A trajetória

de um planador é retilínea e forma um ângulo com a horizontal,

chamado ângulo de planeio. Podemos exemplificar vários animais

planadores, como o lagarto planador (Draco volans), da Índia, o

esquilo voador (Glaucomys volans), da América do Norte e o peixe

voador da família dos Exocoetidae etc.

2.6.3Vôo Propulsado ou Vôo Simples

A gande maioria dos animais que voam efetua o que se chama

de vôo propulsado, isto é, o animal desenvolve trabalho a fim de se

manter e se locomover no ar. Esse trabalho mecânico é resultado da

movimentação dos músculos que faz bater as asas dos pássaros e

insetos. Devido à existência da força de arrastamento, um animal não

pode planar horizontalmente, exceto por um intervalo de tempo muito

curto, às custas da perda de velocidade. Para voar horizontalmente

com velocidade constante V, uma força de impulso F deve ser i

fornecida na mesma direção da força de arrastamento (F ), mesma a

intensidade e sentido contrário. Nesse caso o vôo é chamado vôo de

nível, onde F = F e F = mg, e a velocidade é constante. A potência a i s

necessária para efetuar o vôo de nível é dada por:

Essa potência é fornecida pelos músculos que impulsionam e

movimentam as asas. A força F não precisa ser, necessariamente, i

igual e contrária à F . Se F > F , o vôo é acelerado, se F<F , o vôo é a i a i a

retardado.

ab

q

VFVFP aii == .......................... (2.19)

Sobre Mecânica do vôo dos animais. Consulte: OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C. Física para Ciências Bi-ológicas e Biomé-dicas. Ed. HAR-BRA, São Paulo, 1982, p.422.

Saiba Mais!

75

Page 74: Fisica Aplicada a Biologia-1

1) Considere a oxidação da gordura

C H O (OC H ) + 18,5O --------15CO + 13H O + 1941kcal3 5 3 4 7 3 2 2 2

a) Quais as massas moleculares das quatro

moléculas envolvidas na reação?

Para essa reação calcule:

b) O valor calórico;

c) A energia liberada por litro de O ;2

d) O número de litros de O consumidos por 2

grama de gordura;

e) O número de litros de CO produzidos por 2

grama de gordura;

f) O quociente respiratório;

OBS.: Nas condições normais de temperatura e

pressão 1 mol de qualquer substância ocupa um

volume de 22,4 litros.

2) Uma família de 4 pessoas consome 180 kWh de energia elétrica

num mês.

a) Determine a demanda energética média diária dessa família

por mês.

b) Sabando-se que o chuveiro elétrico é usado por essa família

durante 1,5 h, diariamente, e que esse consumo de energia

corresponde a 50% do consumo total, calcule a potência desse

chuveiro.

Faça uma pesquisa em bibliografias de Ciências Biológicas, de vários

outros exemplos de animais que voam na forma de pára-queda, outros na

forma de planeio e outros que desenvolvem vôo propulsado.

Desafio

Atividade de Fixação

76

Page 75: Fisica Aplicada a Biologia-1

4) Considere os processos de produção de energia a partir da fissão

nuclear e da fusão nuclear.

a) Qual a principal semelhança entre elas? Explique sua

resposta.

b) Cite duas diferenças básicas estre esses processos e faça

uma análise delas.

5) Rsponda:

a) Que tipo de movimento possui um animal que cai com uma

força R positiva, na ausência de vento? Como sua aceleração

varia com o tempo?

a) Cite duas diferenças básicas estre esses processos e faça

uma análise delas.

6) Rsponda:

a) Que tipo de movimento possui um animal que cai com uma

força R positiva, na ausência de vento? Como sua aceleração

varia com o tempo?

b) Qual é o movimento de um animal pára-quedista sobre o qual

atua uma força resultante R negativa na ausência de vento?

Como varia sua aceleração com o tempo?

7) Explique a principal diferença entre o vôo na forma planeio, e o na

forma propulsada. Dê as características de cada tipo e exemplifique-

os.

77

Page 76: Fisica Aplicada a Biologia-1

2.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2.8.1 Livro Texto

OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C. Física para Ciências

Biológicas e Biomédicas. Editora HARBRA, São Paulo,1982.

2.8.2 Bibliografia Complementar

- GARCIA, Eduardo A. C. Biofísica. São Paulo, SARVIER, 2002.a- TIPLER, P. Física, Vol 1. 4 . ed. Editora Guanabara Dois, Rio da

Janeiro, 1999.

- NUSSENZVEIG, H. M., Curso de Física Básica, Vol 1, Editora

Edgard Blucher, São Paulo, 1996.

2.8.3 Web – Bibliografia

- http://www.icb.ufmg.br/biq/neuronet/grupoa/s1.html.

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_browniano

- http://professornandao.blogspot.com/2008/05/o-fluxo-de-energia-

num-ecossitema.html.

http://www.fem.unicamp.br/~jannuzzi/documents/Asfontesalternativa

sdeenergia-solar.doc

- http:// www.magnaspine.com.br/beneficios.htm

- http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/alavancas.htm ok!

- http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm

http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht

ml

78

Page 77: Fisica Aplicada a Biologia-1

Unidade 1A sociologia e a Sociologia da EducaçãoA sociologia e a Sociologia da Educação

Unidade 1

Neste capítulo faremos um estudo básico e descritivo dos Fenômenos

Ondulatórios e suas aplicações em muitas situações de interesse para os

bacharéis e licenciados em Ciências Biológicas. Para isso, inicialmente,

apresentaremos as propriedades gerais das ondas e em seguida, discutiremos

com mais detalhes as ondas sonoras e luminosas e o ultra-som.

Ë grande a variedade de fenômenos ondulatórios na natureza. Os

animais obtêm informações de seu ambiente detectando algum tipo de onda

através de seus receptores de ondas luminosas (olhos) e/ou sonoras (ouvidos),

ou até mesmo produzindo ondas sonoras através de suas cordas vocais,

estabelecendo assim, a comunicação necessária para seu convívio em

harmonia.

Estudaremos ainda nesta unidade, as aplicações do ultra-som em

Biologia e Medicina.

Os conteúdos apresentados nesta unidade, constituem uma base de

grande valia para os estudantes de Ciências Biológicas, quer seja como

ampliação da visão de seu campo de atuação, quer seja como pré-requisito para

pesquisa aos que pretendem seguir carreira de pesquisador nesta Ciência.

Fenômenos Ondulatórios Fenômenos Ondulatórios

Unidade 3Unidade 3

Resumo

Page 78: Fisica Aplicada a Biologia-1

Sumário

UNIDADE 3: FENÔMENOS ONDULATÓRIOS.............................................79

3.1 PROPRIEDADES GERAIS DAS ONDAS.................................................81

3.1.1 Definição.........................................................................................81

3.1.2 Caracterização............................................................................... 81

3.1.3 Classificação..................................................................................82

3.1.4 Ondas Harmônicas Simples............................................................83 i) Ondas Progressivas.....................................................................................86

ii) Ondas Estacionárias................................................................... 87

3.1.5 Velocidade de Propagação da Onda em Meios Elásticos.............88

i) Ondas longitudinais num fluido....................................................88

ii) Ondas transversais numa corda................................................ . 89 iii) Ondas longitudinais num sólido.................................................89

3.1.6 Princípio da Superposição de Ondas e Teorema de Foürier.....91

3.1.7 Transporte de Energia por Ondas................................................91

3.2 ESTUDO DO SOM, FONAÇÃO E OUVIDO HUMANO...............................93

3.2.1 Ondas Sonoras...............................................................................93

3.2.2 Ondas Harmônicas Sonoras...........................................................93

3.2.3 Intensidade do Som........................................................................ 95

3.2.4 Sistemas Vibrantes.........................................................................96

i) corda fixa em ambas extremidades............................................ ..97

ii) tubo aberto nas duas extremidades.............................................98iii) tubo aberto em uma extremidade e fechado na outra...............99

3.2.5 Produção da Fala – Fonação.........................................................99

3.2.6 O Ouvido Humano........................................................................ 100

3.3 O ULTRA-SOM APLICADO À MEDICINA................................................101

3.3.1 O Uso do Ultra–Som na Medicina..................................................101

3.3.2 Geração e Detecção de Ultra–Som...............................................102

3.3.3 Propriedades das Ondas Ultra-Sônicas........................................102

3.3.4 Formação de Imagens por Ultra-Som............................................102

3.3.5 Fisioterapia Ultra-Sônica..............................................................103

3.3.6 Efeitos Biológicos do Ultra-Som....................................................103

3.4 O OLHO HUMANO E O OLHO COMPOSTO....................................103

3.4.1 O Olho Humano............................................................................103

3.4.2 O Olho Composto.........................................................................107

3.5 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO........................................................................108

3.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................1113.6.1 Livro Texto....................................................................................111 3.6.2 Bibliografia Complementar...........................................................111 3.6.3 Web - Bibliografia.........................................................................111

Page 79: Fisica Aplicada a Biologia-1

3.1. PROPRIEDADES GERAIS DAS ONDAS

3.1.1 Definição

Ondas são perturbações ou distúrbios transmitidos

através do espaço, podendo este ser um meio sólido, líquido ou

gasoso, ou até mesmo o vácuo dependendo da natureza da onda.

Todas as ondas transportam energia no espaço sem,

necessariamente, transportar matéria.

São exemplos de ondas: as ondas no mar, as ondas numa corda,

numa mola, as ondas sonoras, ondas eletromagnéticas etc.

3.1.2 Caracterização

Cada onda é caracterizada pela oscilação de uma ou mais

variáveis físicas, definindo, portanto, uma freqüência de

oscilação (f) e conseqüentemente, um comprimento de onda ( ).

Veja no quadro 01 abaixo:

Quadro 01: Caracterização geral das ondas

ONDAS

VARIÁVEL(EIS)

FÍSI-CA(S)

OCILANTE(S)

REPRESENTAÇÃO

MATEMÁTICA DA FUNÇÃO

OSCILANTE

- numa corda - posição transversal

das partículas da

corda

)(),( tkxSenYtxY m w+-=

- numa mola - posição

longitudinal das

partículas da mola

)(),( tkxSenXtxX m w+-=

- sonoras - pressão sobre as

partículas do meio

)(),( tkxSenPtxP m w+-=

- eletromag-

néticas

- campos elétrico e

magnético

)(),( tkxSenEtxE m w+-=

)(),( tkxSenBtxB m w+-=

Onde l

p2=k é o número de ondas e

Tf

ppw

22 == é a

freqüência angular, f é a freqüência linear e T o período de oscilação

da onda.

81

Page 80: Fisica Aplicada a Biologia-1

Veja que a representação matemática é feita por uma função

oscilante, isto é, periódica, que possui uma freqüência (f) bem

definida. Nos nossos exemplos, representamos todas as ondas pela

forma mais simples possível que é a forma de ondas harmônicas,

representadas por funções senos ou cossenos. As ondas reais não

são ondas de comportamentos tão perfeitos, como estas, mas

podem ser sempre obtidas pela superposição daquelas ondas, como

veremos no estudo do princípio da superposição de ondas.

Observe que os nossos olhos são receptores especiais que

detectam oscilações de campos elétricos e magnéticos com 14 14freqüência entre, 3,7.10 Hz e 7,5 .10 Hz (comprimento de onda

entre 4.000 e 7.000 Ângstrons) as chamadas ondas

eletromagnéticas visíveis ou simplesmente ondas luminosas.

Verifique esses números!

Os nossos ouvidos constituem receptores especiais de ondas

sonoras com freqüência na faixa de 20 Hz a 20.000 Hz, encontre a

faixa de comprimento de onda audível aos humanos. A sensação

percebida pelo cérebro, que se relaciona com a chegada ao ouvido

de ondas de vibração mecânica é chamada som. Todo sistema que

emite som é uma fonte sonora. Veja então, que o som se propaga nos

ambientes materiais e elásticos, como veremos mais adiante,

através de ondas.

3.1.3 Classificação

As ondas podem ser classificadas sob vários aspectos.

Achamos a melhor forma de mostrar essa classificação através do

quadro 02 abaixo.

O que são Ondas?Consulte o site:

http://www.euclides.if.usp.br/~ewout/ensino/fap0184/000125.html

e veja as anima-ções mostrando a propagação de per-turbações que pó-de levar sinais ou energia de um lugar para outro.

Veja também o site:

http://www.aulasparticulares.org/material/fisica/oscilações-e-ondas/fundamentos-de-ondulatoria/

ASPECTO PARA

CLASSIFICAÇÃO

TIPOS

CONCEITO

EXEMPLOS

- Ondas

mecânicas

- necessitam de um

meio material para se

propagar.

- ondas numa corda, numa mola,

ondas na água, ondas sonoras etc.

i) Quanto ao meio de

propagação - Ondas não

mecâ-nicas

- não necessitam de

um meio mate -rial

para se pro-pagar.

- ondas eletremagnéticas em geral:

raios X, raios ultra -violeta, luz

visível, ondas de rádio, celular etc.

Saiba Mais!

Sobre ondas e apli-cações consul-tando o site:

http://www.brasilescola.com/fisica/ondas/html

82

Page 81: Fisica Aplicada a Biologia-1

-

-

3.1.4 Ondas Harmônicas Simples

Como vimos antes, as ondas harmônicas simples, são aquelas

descritas por funções senos ou cossenos, como já até antecipamos,

no Quadro 01, representando matematicamente as funções

oscilantes de várias ondas. Observe que quem oscila numa onda, é a

própria variável oscilante, como o nome já diz, que é a responsável

pela geração da onda. Quando se trata de ondas mecânicas

podemos até dizer, que nas ondas harmônicas simples, o movimento

das partículas do meio é um Movimento Harmônico Simples, o tão

conhecido MHS, visto no Ensino Médio não é verdade?

- Ondas

Longitudi-

nais

- A direção da

perturbação é a

mesma de pro -

pagação da onda

- ondas numa mola, ondas sonoras

etc

ii) Quanto a dire -ção

de propagação da

onda e a dire -ção da

perturbação

- Ondas

transver-sais

A direção da

perturbação é

perpendicular a

direção de propa -

gação da onda.

- ondas numa corda, ondas

eletromagnéticas em geral.

- Pulso

- onda única

- uma única sacudida numa corda,

um flash, um único peteleco numa

mola etc.

iii) Quanto a du -ração

da pertur -bação, pois

possu-em a

perturbação com

extensão limi-tada

- Trem de

ondas

- uma sucessão

contínua de on-das.

- algumas sacudidelas numa corda,

alguns petelecos numa mola.

- Progres -

sivas

- cada partícula do

meio vibra sempre

com a mesma ampli -

tude.

- qualquer onda citada acima,

desde que estejam se propagando

em meios não confinados.

- Estácio -

nárias

- a amplitude das

partículas é fun -ção

da posição do ponto,

sendo máximas nos

vemtres e nula nos

nós.

- qualquer onda citada acima,

desde que não estejam se

propagando em meios não

confinados.

iv) Quanto a amplitude

OBS(S).: Você percebeu que cada aspecto de classificação é independente

um do outro!

Sobre o MHS de um Pêndulo, sobre o MHS de uma mola na ausência de resistências.

Compare com on-das se propagando numa mola, na água ou numa corda!

Reflita

83

Page 82: Fisica Aplicada a Biologia-1

Podemos analisar e descrever o processo de propagação de

uma onda harmônica simples, sob dois pontos de vista:

- Se num tempo fixo (ou intervalo de tempo muito curto),

olhamos para uma corda na qual se propaga uma

onda, percebemos sua propagação no espaço ao

longo da corda. É como se estivéssemos vendo uma

fotografia de uma onda se propagando numa corda,

tirada por uma máquina fotográfica num milésimo de

segundo. Seu comportamento é o de uma função

oscilante no espaço, como mostra na Fig. 3.1.

Neste caso podemos descrevê-la por uma função espacial, dada por :

Fig.3.1: Comportamento de uma onda harmônica senoidal em função da distância percorrida x.

Reflita

Sobre o MHS de um Pêndulo, sobre o MHS de uma mola na ausência de resistências.

Compare com on-das se propagando numa mola, na água ou numa corda!

)()( kxSenyxy m= ................................ (3.1)

onde ïî

ïí

ì

®

®

®

deondasnok

horizontaldeslx

verticaldesly

.

.

.

84

Page 83: Fisica Aplicada a Biologia-1

- Se fixamos um ponto naquela mesma corda, mas

agora estudando a propagação da onda por esse ponto

com o passar do tempo, podemos agora, descrevê-la

por uma função temporal. Neste caso, é como se

estivéssemos tirando uma fotografia estroboscópica de

todos os eventos que acontecem com o passar do

tempo, num único ponto da corda. Seu comportamento

é o de uma função oscilante no tempo, como mostra

como mostra a Fig. 3.2.

A representação matemática agora é dada por:

A forma mais geral para se descrever o comportamento de uma

onda se propagando num dado meio, é levando em consideração suas

variações no espaço e no tempo.

Fig.3.2: Comportamento de uma onda harmonica senoidal em função do tempo tempo.

)()( tSenyty m w= ............................. (3.2)

onde îíì

®

®

angularveloc

verticaldesly

.

.

w

85

Page 84: Fisica Aplicada a Biologia-1

Assim, a equação mais geral para uma onda harmônica

simples, é dada por:

onde o sinal de mais (+) indica que a onda está se propagando

para a esquerda, pois enquanto o tempo passa (aumenta), a distância x

diminui, e assim o argumento ( ) se mantém constante. Por outro

lado o sinal de menos (-) indica que a onda está se propagando para a

direita, pois enquanto o tempo passa (aumenta), a distância x aumenta,

e assim o argumento ( ) se mantém constante.

Como vimos antes, quanto à variação da amplitude, as ondas

podem ser classificadas em progressivas e estacionárias.

i) As ondas progressivas podem ser bem visualizadas

através da Fig. 3.3 , que mostra uma onda andando

progressivamente no espaço (na corda), com o passar do

tempo.

mesma por toda a corda. Percebemos ainda que a corda, que é o meio

no qual a onda se propaga, é um meio não confinado, ou seja, não tem

suas extremidades presas, e a onda viaja livremente. É que acontece

também, com as ondas luminosas ou sonoras se propagando num

espaço livre.

)( tkxSenyy m w+-= ............................... (3.3)

tkx w+

tkx w-

Fig.3.3: Representação de uma onda progressiva senoidal em cinco instantes sucessivos.

86

Page 85: Fisica Aplicada a Biologia-1

ii) As ondas estacionárias podem ser bem

visualizadas na Fig. 3.4, que mostra ondas

estacionárias numa corda.

Veja que a amplitude de oscilação das partículas do meio varia, de um

valor máximo nos ventres, a um valor nulo nos nós. Para termos uma

onda numa corda com esta configuração, as extremidades da corda

têm que estarem presas a um suporte, assim, o meio no qual a onda se

propaga, é um meio confinado e a onda fica presa, não podendo viajar

fora desse confinamento. É que acontece também, com as ondas

luminosas ou sonoras aprisionada em cavidades ou caixas acústicas,

respectivamente. Um exemplo bem conhecido de onda estacionárias,

são as ondas numa corda de violão.

Fig.3.4: Onda estacionária, resultante da soma de duas ondas que se propagam em sentidos contraries.

Desafio

A equação de uma onda transversal progressiva numa corda é dada

por ( )[ ]txSeny 10,2015,024 -= p , na qual x e y são medidos em

centímetros e t em segundos. Responda:

a) Explique por que esta onda é transversal e porque ela é progressiva?

b) Em que sentido esta onda se propaga na corda? c) Faça o esboço do gráfico desta equação em função da posição x. d) Explique que deslocamentos são representados por y e que

deslocamentos são representados por x. e) Determine a amplitude, o comprimento de onda, a velocidade e a

freqüência da onda.

87

Page 86: Fisica Aplicada a Biologia-1

3.1.5 Velocidade de Propagação de Ondas em Meios Elásticos

Você lembra o que acontece com uma mola ou com um elástico

quando os deformamos? Eles tendem a preservar seu comprimento,

forma e volume, não é mesmo? Eles são, portanto, exemplos de meios

elásticos. O ar atmosférico também é um exemplo de meio elástico,

pois quando o perturbamos, o volume de ar vai e volta, procurando

sempre o seu estado inicial de equilíbrio. Como você vê, os meios

elásticos possuem uma força restauradora que tende a restaurar o

meio para a posição antes de ser perturbado. A força restauradora é

característica do material do meio e tem origem nas forças de ligações

interatômicas e intermoleculares.

A velocidade de propagação da onda num meio, que é

exatamente a propagação da perturbação ou distúrbio neste meio

depende, essencialmente, da:

- elasticidade do meio, e

- densidade do meio.

Assim para cada meio, é encontrada experimentalmente, a

expressão da velocidade de uma onda como função das

características especificas de elasticidade e densidade deste meio.

Veja alguns exemplos:

Saiba Mais!

Sobre propagação de ondas. Consulte o site:

http:/www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/propagaçao/propaga.html

i) Ondas longitudinais num fluido: r

Bv =, onde

deformação

tensão

VV

AF

B =D

= , é o chamado módulo

volumétrico do meio de volume V; V

m=r é a

densidade volumétrica do meio fluido de massa m

num volume V.

88

Page 87: Fisica Aplicada a Biologia-1

Não podemos esquecer que as características de elasticidade e

da densidade do meio, varia com a temperatura e com a pressão deste

meio.

3.1.6 Princípio da Superposição de Ondas e Teorema de Foürier

Quando duas ou mais ondas se cruzam numa mesma região

do espaço, se propagando na mesma direção ou direções opostas, a

perturbação resultante é a soma algébrica (leva em conta o sinal da

amplitude) das perturbações de cada onda.

i) Ondas transversais numa corda: m

Tv =,

onde T é a tensão na corda e L

m=m a

densidade linear da corda de massa m e

comprimento L.

i) Ondas longitudinais num sólido: : r

Yv =,

onde deformação

tensão

LL

AF

Y =D

= , é o chamado

módulo de Young do sólido de comprimento L;

L

m=r é a densidade linear do meio sólido de

massa m e comprimento L.

Desafio

Responda:

? Qual é a velocidade de uma onda numa corda de violão, cuja massa por

unidade de comprimento é de 0,015 kg/m, na qual é aplicada uma tensão

de 30 N?

? Determine o comprimento de onda de uma onda numa corda de 2 m de

comprimento, mantida sob tensão de 50 N sendo a freqüência da onda é

de 200 Hz.

89

Page 88: Fisica Aplicada a Biologia-1

Este princípio é geral para todas as ondas, tanto para ondas

mecânicas como para ondas eletromagnéticas, é o chamado Princípio

da Superposição de Ondas. Acesse o site:

E nos applets, visualize;

i) a superposição de duas ondas genéricas de amplitudes

diferentes, que se propagam em sentidos contrários. Veja

que a amplitude resultante é bem maior que qualquer uma

das amplitudes componentes;

ii) a superposição de duas ondas harmônicas progressivas

(ondas que andam no tempo e no espaço) de mesmo

comprimento de onda ou freqüência, mas de velocidades

diferentes. Veja ainda, elas se propagam no mesmo

sentido. Observe o resultado da superposição;

iii) a superposição de duas ondas harmônicas progressivas de

mesmo comprimento de onda e mesma velocidade, porém

se propagam em sentidos contrários. Observe o resultado

da superposição. A onda resultante é estacionária.

iv) A superposição de ondas harmônicas progressivas, de

mesmas velocidades, mas freqüências ligeiramente

diferentes. Observe que a superposição de onda desse

tipo, resultam no que chamamos de batimentos.

Neste mesmo site você ainda pode ver a superposição de ondas

estacionárias.

Visualize também em:

Você observou que podemos efetuar a superposição de ondas

em qualquer configuração, isto é, mesmo que possuem diferentes

freqüências, diferentes amplitudes ou diferentes velocidades; elas

apenas precisam ser de mesma natureza, ou sejam devem possuir as

mesma variáveis oscilantes.

http://euclides.if.usp/~ewout/ensino/fap0184/000126/html

http://www.pet.dfi.uem.br/anin_show.php?id=36

Sobre ondas complexas.

Será que o som que você escuta no seu dia-a-dia é uma combina-ção de ondas harmônicas? Fa-ça uma crítica, considerando o que você já aprendeu sobre isso!

Reflita

90

Page 89: Fisica Aplicada a Biologia-1

Assim podemos superpor ondas sonoras com ondas sonoras,

luminosas com luminosas, e assim por diante.

Foi sabendo disso, que o Matemático Foürier elaborou o

Teorema que levou o seu nome, portanto o Teorema de Fourier. Esse

Teorema fornece a base matemática para analisar qualquer forma de

onda como uma superposição de ondas senoidais de comprimentos de

ondas e amplitudes específicos. Observe que esse Teorema pressupõe

a validade do princípio da superposição, discutido anteriormente.

Podemos expressar o Teorema de Fourier com outras palavras, da

seguinte forma:

“Toda e qualquer forma de onda complexa pode ser

considerada como uma superposição de ondas simples (senoidais),

que por sua vez, que ao ser decomposta, obtém-se as componentes de

Fourier”.

A análise de ondas complexas, em componentes de Fourier,

chamada análise de Fourier, é apresentada na forma de espectro de

freqüências. Esse procedimento é muito utilizado na Biologia e

Medicina. Por exemplos: no estudo das ondas cerebrais; análise da

voz, que é característica de cada pessoa, fato este importante nas

investigações policiais; análise de eletrocardiograma, eletro-

encefalograma, análise dos espectros de ressonância paramagnética

etc.

3.1.7 Transporte de Energia por ondas

Você já observou que quando damos um golpe com um martelo, numa

das extremidades de uma barra de ferro, mesmo que ela seja longa,

digamos de 50 m, e uma outra pessoa localizada, com o ouvido colado

na extremidade oposta, ela escuta dois sons?

Adquira um Eletrocardiograma e um Eletro-encefalograma, de alguém

que você conheça, observe o registro das ondas, e analise: - são

harmônicas ou complexas? – que variáveis são oscilantes nestas ondas?

– Como seria possível identificar todas as freqüências presentes nestas

ondas? Isso é importante para o caso de diagnóstico?

Desafio

91

Page 90: Fisica Aplicada a Biologia-1

Um som que se propagou pelo material sólido da barra de

ferro através das vibrações de suas moléculas, e outro som que se

propagou pelo ar. Se você não está convencido deste fato tente

experimentar com um colega. Tente identificar qual dos sons chega

primeiro na outra extremidade. Na seção seguinte teremos mais

detalhes sobre es assunto.

O importante foi que você percebeu que a perturbação numa

das extremidades da barra gerou uma onda que se propagou ao longo

dos meios (barra e ar), transmitindo energia para pontos distantes.

Podemos quantificar o estudo de tranporte de energia por

ondas, conhecendo algumas expressões, que não vamos demonstrá-

las nesse nível.

De um mode geral, quando não há dissipação de energia, pode

se dizer que a intensidade I de uma onda progressiva é dada por:

onde E é a energia transmitida pela onda num intervalo de

tempo e S é a área transversal perpendicular a direção de

propagação.

Quando a fonte é puntiforme, isto é, de dimensões

suficientemente pequenas, comparadas com as distâncias envolvidas

na propagação, podemos considerar que a onda se propaga

radialmente em todas as direções. Assim, a área através da qual a onda

se propaga é a área da superfície de uma esfera, tendo a fonte no

centro. Para estes casos, podemos simplificar ainda mais, a expressão

da intensidade da onda progressiva:

Desafio

As ondas discutidas acima, que se propagam na barra e no ar, são

progressivas ou estacionárias? Analise e discuta sua resposta.

tS

EI

D= ............................................... (3.4)

tD

24 d

PI

S

PI

p==Q .................................... (3.5)

Saiba Mais!

Sobre a relação entre Potência e energia.

Veja o livro texto:

OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, pg. 85 e 219

92

Page 91: Fisica Aplicada a Biologia-1

onde P é a potência transmitida pela onda.

3.2 ESTUDO DO SOM, FONAÇÃO E OUVIDO HUMANO

3.2.1 Ondas Sonoras

As ondas sonoras são ondas mecânicas que se propagam em

todas as direções, radialmente a partir da fonte (F) são, portanto, ondas

tridimensionais esféricas.

As ondas sonoras, como já vimos são também ondas

longitudinais, como mostra a Fig. 3.5.

Para que isso seja possível, as moléculas e partículas que

compõem o meio, que pode ser o ar, devem oscilar longitudinalmente,

no mesmo sentido de propagação da referida onda.

Quando as ondas sonoras atingem nossos ouvidos, as

vibrações são detectadas e traduzidas em impulsos nervosos, elétricos,

que o cérebro decodifica como som.

Uma onda sonora qualquer que escutamos num dado momento,

é uma onda complexa, isto é, formada pela superposição de inúmeras

ondas simples (harmônicas), de diferentes freqüências, como explica o

Princípio da superposição e Teorema de Fourier. No entanto, para

facilitar nosso estudo sobre o som, estudaremos a onda harmônica

simples, uma vez que, qualquer onda complexa pode ser decomposta

em suas componentes de Foürier, como já vimos antes.

3.2.2 Ondas Harmônicas Sonoras

Uma onda harmônica sonora unidimensional pode ser produzida

efetuando-se um movimento harmônico simples num pistão, que impele

uma coluna de ar num tubo muito longo estreito.

Imagine uma caixa de som emitindo ondas sonoras num ambiente aberto muito grande. Considere-a, portanto, uma fonte sonora puntiforme. Desenhe em torno dessa fonte uma esfera de raio d e outra 1

de raio d sendo d > d . Se a potência transmitida pela fonte é constante, 2 2 1

encontre as relações entre I , I , d e d .1 2 1 2

Desafio

Fig.3.5: O som se propaga em todas as direções, a partir da fonte F, e m frentes de ondas esféricas que vibram longitudinalmente.

Fig.3.5: O som se propaga em todas as direções, a partir da fonte F, em frentes de ondas esféricas que vibram longitudinalmente.

Reflita

O que acontece com as partículas de ar no interior de um tubo muito longo e estreito, no qual se efetua, com um pis-tão, um MHS? Compare com as ondas que se pro-pagam numa mola!

93

Page 92: Fisica Aplicada a Biologia-1

Observe que iremos ter pontos (x1) do tubo, de densidade

mínima e pontos (x2) de densidade máxima, definindo-se assim, uma

variação da pressão no meio (ar), que se torna a variável oscilante (P)

da onda, poderíamos também considerar a posição horizontal das

partículas como a variável oscilante.

Então se o pistão executar MHS de freqüência angular ,

formar-se-á uma onda de pressão, descrita por:

onde é a amplitude de pressão, k é o número de ondas e x

representa cada ponto ao longo do tubo, ocupado pela onda, com o

passar do tempo t.

É importante observar que P é a variação de pressão em

relação à pressão de equilíbrio (meio não-perturbado), na ausência da

onda, e a amplitude é o valor máximo dessa variação de pressão,

comumente chamada amplitude de pressão.

A freqüência da onda sonora como de qualquer movimento

ondulatório, é determinada pela fonte geradora. A faixa de freqüências

em que existem ondas audíveis ou não, pelo ser humano, é chamado

de espectro sonoro. Como vimos, a faixa audível pelos humanos, que

varia de 20 Hz a 20.000 Hz, é chamada de som, a faixa de freqüências

menores que 20 Hz é o infra-som e as ondas de freqüências superiores

a 20.000 Hz é chamada de ultra-som.

A faixa de freqüências audíveis para animais, pode ser

diferente da do homem, e ainda varia de animal para animal, como visto

no espectro da Fig 3.6, onde as freqüências estão em Hz.

w

úû

ùêë

é÷ø

öçè

æ-=-=

T

txSenPtkxSenPtxP

lpw 2)(),( 00 ........ (3.6)

0P

0P

Fig.3.6: Espectro sonoro. As faixas mostram o espectro audível médio do ser humano e de alguns animais.

94

Page 93: Fisica Aplicada a Biologia-1

Em toda propagação ondulatória, há transporte de energia. Para

determinar a energia com que a onda sonora atravessa determinada

região, utiliza-se a grandeza chamada intensidade (I).

Uma onda sonora gerada por uma fonte F que atravessa a

superfície de área S, perpendicularmente à direção de propagação,

transportando a energia E no intervalo de tempo , tem a intensidade

sonora média definida por:

Note que a unidade de intensidade, no Sistema Internacional de

Unidades é

O ouvido humano pode detectar intensidade sonoras que vão -2 2 2desde 10 W/m ate 1 W/m (limiar de dor).

Por essa razão, define-se uma outra grandeza ou escala

relacionada à intensidade sonora voltada especificamente ao ser

humano – o nível de intensidade sonora.

tD

tS

EI

D=

. ........................................ (3.7)

22s.m

J

m

W=.

A intensidade sonora, experimentalmente, pode também ser

expressa em termos da amplitude de pressão oP , da densidade do

meio r e da velocidade de propagação da onda v, assim

v

PI

r2

20= .................................... (3.8)

Desafio

A intensidade máxima do som com freqüência de 1.000 Hz que o

ouvido humano pode tolerar sem sentir dor, é de aproximadamente, 1

2W/m .Qual é a intensidade de pressão dessa onda, sabendo-se que a

0 2velocidade do som no ar a 20 C é de 344m/s e densidade do ar é de

31,2 kg/m ?

Decibel (dB)?

É unidade de Nível de Intensidade Sonora, em home-nagem a Alexander Graham Bell.

Alexander Graham Bell (1847-1922) foi um fonoaudiólogo inglês radicado nos Estados Unidos. Interessou-se pelo estudo das ondas sonoras e da me-cânica da fala. Realizou experi-mentos de com-versão das ondas sonoras em impul-sos elétricos e vice-versa, e assim dominou a tecno-logia que o levou a invenção do telefo-ne.

3.2.3 Intensidade do Som

95

Page 94: Fisica Aplicada a Biologia-1

O nível de intensidade sonora ( ) foi criado para dimensionar

a sensação sonora sentida pelo ouvido humano. É definido na escala

logarítmica de base dez, que em decibéis (dB), é dado por:

Tab. 01: Nível de Intensidade de vários sons

3.2.4 Sistemas Vibrantes

Como já vimos, fonte sonora é qualquer corpo capaz de fazer

o meio oscilar com ondas de freqüência e amplitude detectáveis pelos

nossos ouvidos.

b

÷÷ø

öççè

æ=

0

.10)(I

ILogdBb ................................ (3.9)

I é a intensidade sonora da onda e 2120 /10 mWI -= a intensidade

sonora de referência, a que corresponde a um nível de intensidade

0=b. Veja na Tab. 01 o Nível de Intensidade sonora de vários

sons.

NÍVEIS DE INTENSIDADE SONORA

FONTE DE SOM â (Db) FONTE DE SOM â (Db)

Foguete de Saturno (a 50 m)..... 200 Aspirador de pó .........................70

Decolagem de um jato .............150 Conversação normal (1 m) ........60

Britadeira ..................................130 Carro silencioso ........................50

Concerto de rock (limiar da dor)..120 Mosquito ....................................40

Sirene .......................................110 Murmúrio (1m) ...........................20

Cortador de grama ...................100 Ventos em folhas de árvores ......10

Metrô (interior) ............................90 Respiração normal ......................10

Tráfego pesado ..........................70 Limiar de audição ..........................0

De acordo com a tabela de Níveis de Intensidade sonora, o nível de intensidade mínimo é de 0 dB; o nível de ruído no interior de um carro silencioso é de 50 dB e o limiar de audição, nível sonoro que provoca dor e pode danificar o ouvido, é de 120 dB. Qual a intensidade sonora correspondente a cada um desses níveis de intensidade?

Desafio

96

Page 95: Fisica Aplicada a Biologia-1

Além da nossa principal fonte sonora, o aparelho fonador, há

diversos tipos de fontes sonoras de freqüência única ou variável, como

sirenes, diapasões e geradores eletrônicos de som.

No entanto, as fontes mais variadas e ricas em qualidade

sonora são os instrumentos musicais, que de forma geral, podem ser

classificados em instrumentos de corda, sopro e percussão. Nesses

instrumentos a freqüência dos sons imitidos depende da ressonância

em sistemas físicos oscilantes.

Iremos estudar os sistemas vibrantes, fontes de ondas sonoras,

mais comuns:

i) Corda fixa em ambas extremidades.

ii) Tubo aberto nas duas extremidades.

iii) Tubo aberto em uma extremidade e fechado na outra.

A compreensão do princípio físico de funcionamento desses

sistemas é importante para compreendermos um pouco do som

proveniente dos instrumentos musicais, da produção da fala e da

audição.

i) Corda fixa em ambas extremidades.

As cordas fixas em ambas as extremidades, quando tocadas

(perturbadas) vibram, produzindo ondas transversais estacionárias

que funcionam como fontes de ondas sonoras. As cordas, ao oscilarem,

fazem vibrar o ar em redor gerando uma onda sonora de igual

freqüência, é a ressonância de que tratamos.

Considere uma corda de comprimento L, com ambas as

extremidades fixas. Esse fato torna as extremidades da corda nós

naturais e, como conseqüência, somente alguns comprimentos de

onda, portanto, algumas freqüências, são possíveis de serem obtidos

nessa corda. As possíveis freqüências de vibração numa corda

esticada, forma uma seqüência harmônica, sendo a primeira

freqüência a fundamental. Podemos demonstrar que essa seqüência

harmônica é dada por:

L

nvf n

2=, com .....4,3,2,1=n ......... (3.10)

Ressonância:

É o fenômeno que ocorre sempre que um sistema é per-turbado por uma freqüência externa igual à sua fre-qüência natural (to-do corpo possui uma freqüência na-tural de vibração), resultando num au-mento da ampli-tude da onda so-nora. Por exemplo, quando aproxima-mos um diapasão em vibração a uma corda de violão, esta irá vibrar com a freqüência do diapasão se entrar em ressonância com ele.

Saiba Mias!Sobre as deduções dessas equações.

no livro texto:

OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ê n c i a s B i o l ó g i c a s e B i o m é d i c a s E d i t o r a HARBRA, São Pau-lo, 1982, pgs. 227 e 229.

97

Page 96: Fisica Aplicada a Biologia-1

onde v é a velocidade do som na corda e L é o seu comprimento.

Veja que para n = 1:

O ar no interior de uma cavidade, como uma corda fixa por suas

extremidades, pode também, produzir vibrações cujas freqüências são

múltiplas de uma freqüência fundamental, e são limitadas pela forma e

comprimento da cavidade, também chamada de cavidade acústica. O

cálculo dessas freqüências torna-se mais fácil para tubos de forma

cilíndrica de comprimento L, assim vejamos abaixo.

i) Tubo aberto nas duas extremidades

Temos como exemplo, tubo de órgão aberto, cujas freqüências naturais

formam a seqüência harmônica dada por

onde v é a velocidade do som no tubo e L é o seu comprimento.

Veja que para n = 1:

L

vf

21 = ..................................... (3.11)

logo 1nffn =

são as freqüências 1f , 12 2 ff =, 13 3 ff =, 14 4 ff =, ..... que

formam a seqüência harmônica do som produzido.

L

nvf n

2= ................................... (3.12)

com .....4,3,2,1=n

L

vf

21 = ............................................. (3.13)

logo 1nffn = ....................................... (3.14)

são as freqüências 1f , 12 2 ff =, 13 3 ff =, 14 4 ff =,é um caso

exatamente igual ao de uma corda presa nas extremidades.

98

Page 97: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) Tubo aberto em uma extremidade e fechado na outra

É o caso de um tubo de órgão fechado, cujas freqüências naturais

formam a seqüência harmônica dada por

onde v é a velocidade do som no tubo e L é o seu comprimento.

Veja que para m = 1:

3.2.5 Produção da Fala – Fonação

A fonação envolve:

- centros de controle específicos da fala no córtex

cerebral;

- funções mecânica para produção de um som

audível (voz);

- controle do som para produção de um fonema

definido.

L

mvfm

4= .................................. (3.15)

com .....5,3,1=m

L

vf

41 = ......................................... (3.16)

logo 1mffm = .................. (3.17)

são as freqüências 1f , 13 3 ff =, 15 5 ff =, 17 7 ff =, e assim

sucessivamente.

Desafio

I)Uma corda de piano de 1,5 m de comprimento e massa 150 g, está presa

na duas extremidades e sob uma tensão de 6 500 N. Calcule a velocidade da onda produzida quando ela é tocada e determine sua freqüência fundamental.

II) Os tubos mais curtos utilizados nos órgãos têm 7,6 cm de comprimento. Qual é a freqüência fundamental de um desses tubos se ele for aberto nas duas extremidades? Qual é a freqüência mais alta desse tubo dentro do limite de audibilidade. Faça o mesmo se o tubo tem uma das extremidades fechada.

99

Page 98: Fisica Aplicada a Biologia-1

As funções mecânicas para produção do som audível (voz),

consistem no seguinte: quando o ar é expirado dos pulmões, aumenta

a pressão logo abaixo das cordas vocais (que são pregas ou dobras

situadas ao longa das paredes laterais da laringe), afastando-as para

permitir um rápido fluxo aéreo, que por sua vez causa uma diminuição

na pressão entre as cordas vocais, e elas aproximam-se novamente,

acarretando um aumento de pressão, e a repetição da seqüência

corresponde às vibrações das cordas vocais, lateralmente. Como você

ver as cordas vocais é um sistema vibrante que produz som. Observe

que enquanto você fala você não respira.

Essa série de pulsos de som, têm freqüências que dependem

da tensão, do comprimento e da massa das cordas vocais.

Uma análise de espectro de freqüências dos sons produzidos

por um homem mostra que a freqüência fundamental típica é de cerca

de 125 hz, acompanhada de diversas harmônicas. Em geral, as cordas

vocais do homem são mais compridas e possuem maior massa que as

da mulher, e como conseqüência a freqüência fundamental típica para

a mulher é da ordem de 250 Hz. Entretanto, uma pessoa pode variar a

freqüência de sua voz, mudando a tensão nas cordas vocais ou sua

espessura.

O controle do som para produção de um fonema definido é o

processo de articulação do som em fonemas. Esse processo envolve

os lábios, a língua e o palato mole. O fonema por sua vez é amplificado

pelas cavidades ressonantes constituídas pela boca, nariz, seios

nasais associados, faringe e até mesmo pela cavidade torácica.

A análise de Fourier dos sons emitidos numa conversação

normal mostra que o espectro de freqüências varia de 300 Hz a 3 000

Hz. O nível de intensidade sonora numa conversação normal é de 60

dB, como já vimos, mas pode ser ajustado convenientemente pelas

pessoas dependo do local, por exemplos para local silencioso 45 dB e

numa festa barulhenta pode chegar a 90 dB.

3.2.6 O Ouvido Humano

A fonação e a audição constituem meios, importantes de

comunicação do ser humano.

Reflita

O que é a voz?

Faça um barulho qualquer, por ex.: AAAAAAAA....Observe se você respirou enquanto fez o barulho. Fale uma palavra, faça a mesma observação!

100

Page 99: Fisica Aplicada a Biologia-1

O processo da audição envolve:

- O ouvido externo formado pela orelha e canal auditivo

(a orelha auxilia na convergência das ondas sonoras

para o canal auditivo), que termina na membrana

timpânica;

- O ouvido médio formado pelos três ossículos martelo,

bigorna e estribo, que transmitem a energia sonora da

membrana timpânica ao fluido do ouvido interno

chamado perilinfa, através da janela oval.

- O ouvido interno com o labirinto e a cóclea contendo

os fluidos perilinfa e endolinfa, que transmitem a onda

sonora às células sensíveis, chamadas células ciliadas

responsáveis pela conversão do som em sinais

elétricos.

O som tem propriedades fisiológicas, pois apesar do som ser um

fenômeno físico, uma onda mecânica longitudinal e tridimensional, a

sensação auditiva é criada pelo sistema auditivo do ser vivo. Assim,

quando falamos em qualidades fisiológicas do som, estamos nos

referindo à interpretação que o cérebro humano faz dessas ondas

sonoras.

3.3 O ULTRA-SOM APLICADO À MEDICINA

Certos animais tais como, morcegos, golfinhos mariposas etc,

se locomovem, encontram alimentos e fogem do perigo através das

ondas ultra-sônicas que eles próprios emitem (geram e detectam).

Vamos fazer um estudo sobre Ultra- Som, seguindo os tópicos

identificados abaixo, dirigido por uma seqüência de questões a serem

pesquisadas no livro texto ou em qualquer outra fonte de pesquisa

conveniente ao assunto.

3.3.1 O Uso do Ultra-Som na Medicina

1) Qual o objetivo das aplicações do ultra-som de baixa

intensidade? Cite algumas aplicações típicas.

Sobre o ULTRA-SOMConsulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p.238.

Saiba Mais!

101

Page 100: Fisica Aplicada a Biologia-1

2) Qual o objetivo das aplicações do ultra-som de alta intensidade?

Cite algumas aplicações típicas.

3) Em quais fenômenos físicos se baseiam os métodos de diagnose

médica que usam ondas ultra-sônicas? Explique que informações

são obtidas nestes métodos.

4) Quais as vantagens da diagnose médica com o ultra-som sobre a

diagnose com raios X?

3.3.2 Geração e Detecção do Ultra-Som

5) Como são geradas as ondas ultra-sônicas?

6) Explique o efeito piezoelétrico de um material. Dê exemplos de

matérias piezoelétrico.

7) Como um transdutor que emite sinal ultra-sônico pode funcionar

como detector do mesmo.

8) Explique como os médicos obtêm uma boa transmissão dos sinais

ultra-sônicos durante um exame de ultra-som.

3.3.3 Propriedades das Ondas Ultra-Sônicas

9) Quais as propriedades gerais das ondas para as aplicações do

ultra-som?

10) Explique o que é o coeficiente de reflexão da intensidade do

ultra-som.

11) Explique o que é o coeficiente de transmissão da intensidade do

ultra-som.

12) O que você entende por impedância acústica.

13) Refaça os exemplos 16.1 e 16.2. O que se conclui de seus

resultados?

14) Explique o que é atenuação do ultra-som e qual é a sua causa?

Qual a lei da atenuação?

15) Refaça o exemplo 16.3 do Livro Texto.

3.3.4 Formação de Imagens por Ultra-Som

16) Como é obtida a informação sobre a profundidade das estruturas

do corpo através do ultra-som?

102

Page 101: Fisica Aplicada a Biologia-1

17) Como ocorre a formação da imagem num exame por ultra-som?

18) Explique o efeito Doppler. Como analisar estruturas mediante

este efeito?

3.3.5 Fisioterapia Ultra-Sônica

19) Quais as variáveis na fisioterapia ultra-sônica? Em tratamentos

esta fisioterapia é utilizada?

3.3.6 Efeitos Biológicos do Ultra-Som

20) Quais os efeitos biológicos do ultra-som?

3.4 O OLHO HUMANO E O OLHO COMPOSTO

Estudaremos nesta seção o funcionamento do olho humano e o

funcionamento do olho composto. O olho composto é um tipo de olho

muito comumente observado na natureza, próprio dos insetos e de

alguns animais marinhos.

3.4.1 O Olho Humano

O olho humano, como todo muito sabe e sente, é um órgão

sensório fotorreceptor, que percebe a luz, as cores, as formas, os

movimentos e o espaço.

O olho humano é opticamente equivalente a uma máquina

fotográfica comum, mas com um nível de sofisticação muito maior.

Assim como uma máquina fotográfica, o olho possui um sistema

de lentes, um sistema de diafragma e uma retina que corresponde a um

filme a cores. Observe o desenho do olho na Fig. 3.7,

Reflita

Sobre uma máquina fotográfica, identifi-que seus principais elementos.

No nosso olho é formada uma ima-gem num filme cha-mado retina. Como compará-lo com uma máquina fotográfica?

103

Page 102: Fisica Aplicada a Biologia-1

identifique suas partes e características gerais.

A convergência do olho humano é variável graças ao cristalino.

Se ele estiver descontraído, a imagem de um objeto distante será

focalizada na retina. Por outro lado, se o cristalino tiver a curvatura de

sua superfície aumentada (cristalino engrossado), sua convergência

será maior e poderá formar uma imagem na retina, de um objeto

colocado próximo ao olho. Assim, podemos definir o ponto remoto ou

ponto distante, como sendo o mais distante que o olho ainda consegue

focalizar na retina; e um ponto próximo, como sendo o ponto mais

próximo que o olho consegue enxergar com nitidez. Para olhos normais

o ponto remoto (PR) está no infinito e o ponto próximo (PP) a 25 cm do

olho.

Outro tópico muito importante no estudo do olho humano, é o que

trata dos defeitos visuais e sua correção.

Fig.3.7: Secção sa -gital do olho hu -mano. Fonte:

http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-03/aula_02.html

Desafio

1) Agora que você já observou as partes do olho de modo bem geral, comparando-o com uma máquina fotográfica, descreva-o de modo mais específico cada um de seus elementos.

2) Recorde os tipos de lentes e a formação de imagens estudadas em óptica geométrica, e descreva como a imagem pode ser formada no olho humano.

104

Page 103: Fisica Aplicada a Biologia-1

Os defeitos mais comuns na visão humana são devidos aos

problemas relacionados ao sistema de refração do olho. Eles podem

ser corrigidos com o uso de lentes apropriadas. Podemos citar:

- Miopia: quando o globo ocular é alongado ou a córnea

do olho possui uma curvatura exagerada e, portanto,

em ambos os casos a focalização de objetos distantes,

ocorre antes da retina. Neste caso, o olho possui o seu

ponto próximo normal, no entanto, o seu ponto remoto é

defeituoso. Esse defeito pode ser corrigido com lentes

divergentes (negativas), que traz o objeto do ponto

remoto normal ao ponto remoto defeituoso, permitindo

assim, que o olho míope enxergue.

- Hipermetropia: quando o globo ocular é muito curto, e

conseqüentemente, a focalização de objetos próximos,

ocorre depois da retina. Neste caso, o olho possui o seu

ponto próximo defeituoso, mas o seu ponto remoto é

normal. Esse defeito pode ser corrigido com lentes

convergentes (positivas), que leva o objeto do ponto

próximo normal ao ponto próximo defeituoso,

permitindo assim, que o olho hipermétrope enxergue.

- Presbiopia: quando o globo possui uma redução na

sua flexibilidade e na sua capacidade de acomodação

ou convergência do olho, defeito muito comum nas

pessoas, à medida que envelhecem, cuja fisiologia

ocular vai ficando defeituosa. Neste caso, o olho possui

o seu ponto próximo defeituoso, no entanto, o seu ponto

remoto é normal. Esse defeito pode ser corrigido com o

mesmo tipo de lente que corrige a hipermetropia. A

presbiopia é uma espécie de hipermetropia resultante

da idade.

Astigmatismo: quando o globo ocular possui uma

curvatura irregular na córnea (assimetria na curvatura

da córnea) ou uma forma irregular no cristalino,

produzindo uma imagem distorcida e/ou irregular na

retina.

Saiba Mais!

Sobre os DEFEI-TOS VISUAIS E SUAS CORRE-ÇÕES. Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982, p.283.

105

Page 104: Fisica Aplicada a Biologia-1

- . Neste caso, o olho possui o seu ponto próximo

defeituoso, mas o seu ponto remoto é normal. Esse

defeito pode ser corrigido com lentes convergentes

(positivas), que leva o objeto do ponto próximo normal

ao ponto próximo defeituoso, permitindo assim, que o

olho hipermétrope enxergue.

- Presbiopia: quando o globo possui uma redução na

sua flexibilidade e na sua capacidade de acomodação

ou convergência do olho, defeito muito comum nas

pessoas, à medida que envelhecem, cuja fisiologia

ocular vai ficando defeituosa. Neste caso, o olho possui

o seu ponto próximo defeituoso, no entanto, o seu

ponto remoto é normal. Esse defeito pode ser corrigido

com o mesmo tipo de lente que corrige a hipermetropia.

A presbiopia é uma espécie de hipermetropia resultante

da idade.

- Astigmatismo: quando o globo ocular possui uma

curvatura irregular na córnea (assimetria na curvatura

da córnea) ou uma forma irregular no cristalino,

produzindo uma imagem distorcida e/ou irregular na

retina. Neste caso, o olho não enxerga bem,

independente do objeto se encontrar no ponto próximo,

no ponto remoto ou entre eles. Esse defeito não pode

ser corrigido com lentes simples divergentes ou

convergentes, é necessário lentes cilíndricas, que são

lentes especiais cuja convergência é maior numa

direção que em outra.

- Estrabismo: defeito devido ao não paralelismo dos

eixos visuais dos dois olhos, podendo sr convergente

ou divergente de acordo com as direções esses eixos.

Ë corrigido. É corrigido com prismas ou lentes

prismáticas.

Até agora usamos apenas lentes isoladas. No entanto, sem

sempre elas são utilizadas assim.

106

Page 105: Fisica Aplicada a Biologia-1

Freqüentemente elas são associadas a outras lentes e a

dispositivos ópticos, compondo, às vezes, conjunto muito sofisticado,

chamados instrumento ópticos. Inventados no início do século XVII,

com o telescópio refletor de Newton, os instrumentos ópticos

revolucionaram a forma de ver as coisas e, mudando a nossa maneira

de ver e de pensar.

Os instrumentos ópticos podem ser classificados de acordo

com sua finalidade em: instrumentos ópticos de aumento – lupa,

microscópio composto, telescópio refrator e refletor etc; instrumentos

ópticos de projeção – projetores de slides, retroprojetor, máquina

fotográficas etc.

3.4.2 O Olho Composto

O olho composto ou facetado, próprio dos insetos e de alguns

animais marinhos, como já falamos, é formado por muitas pequenas

facetas receptoras de luz chamadas omatídios. O número de

omatídios varia de espécie para espécie, por exemplo, o olho composto

da libélula é constituído de 28 000 omatídios; o da mutuca, 7 000; o da

mosca doméstica, 4 000 e o da formiga subterrânea, apenas 6

omatídios.

Cada faceta ou omatídio de um olho composto possui:

- um dispositivo dióptrico: formado pela córnea e pelo

cone cristalino, que juntos constituem o elemento

focalizador da luz na região sensível do olho, através do

fenômeno de refração;

- um dispositivo dióptrico: formado pela córnea e pelo

cone cristalino, que juntos constituem o elemento

focalizador da luz na região sensível do olho, através do

fenômeno de refração;

Desafio

Recorde dos estudos de Óptica Geométrica a formação de imagem em cada

instrumento óptico citado acima. Faça os traçados para a formação da imagem em alguns deles

Fig.3.8: Estrutura esquemática de um omatídio, mostrando também um corte trasversal do rabdoma.

Fonte:

http://www.insettostecco.it/entomologia/organi%20di%20sen

so.htm

107

Page 106: Fisica Aplicada a Biologia-1

-Rabdoma: situado logo abaixo do cone cristalino,

como mostra a Fig. 3.6, ao longo do eixo do omatídio e

mede em torno de 100 a 500 micrômetros de

comprimento. Ele possui um pigmento fotossensível que

absorve fótons.

1) Analise e discuta sobre:

a) Toda onda é caracterizada pela oscilação de uma ou mais variáveis

físicas que se propagam no espaço. Explique sobre as variáveis

físicas oscilantes das ondas: sonoras, eletromagnéticas e ondas

numa corda;

a) Como voce representaria, matematicamente, cada uma das ondas

citadas na alternativa a), considerando-as se propagando para a

direita;

O processo de formação da imagem do olho composto é

resultante da contribuição da cada omatídio. Em cada omatídio, a luz

é focalizada no dispositivo dióptrico (córnea e cone cristalino), até

atingir o rabdoma, que por sua vez tem o índice de refração (em

mosca por ex. 365,1=Rabn ) maior do que o meio no qual está

inserido ( 339,1=meion ), ocorrendo portanto, sucessivas reflexões

internas totais ao longo do rabdoma. O rabdoma funciona como um

guia de onda luminosa até as terminações nervosas, onde o pulso

luminoso é convertido em sinal elétrico e conduzido ao cérebro pelo

nervo óptico.

Desafio

1) Leia sobre poder de resolução de um sistema de lentes, na página 263 do nosso livro texto, e descubra como resolver problemas que envolvem o poder de resolução do olho composto. Refaça o problema 17.4 do livro texto.

2) Leia sobre visão a cores na página 268 do livro texto, e discuta com os colegas sobre a visão do ser humano e de alguns animais.

Saiba Mais!

Sobre refração e reflexão interna total, em qualquer livro texto do Ensino Médio.

Atividade de Fixação

108

Page 107: Fisica Aplicada a Biologia-1

c) Qual a relação existente entre o Princípio da Superposição de ondas

e o Teorema de Foürier? Explique.

d) Como voce poderia estudar por exemplo, as ondas

eletrocardiográficas de um ECG usando o Teorema de Foürier?

2) Uma onda sonora com um nível de intensidade de 120 dB atinge um 2.tímpano cuja área é de 0,55 cm

a) Qual a energia absorvida pelo tímpano em 5 min?

b) Qual a amplitude de pressão dessa onda sonora, sabendo-se que a 3densidade do ar é igual a 1,2 kg/m ;

c) Qual a força exercida pelo tímpano devida a essa onda?

d) Determine a função dessa onda sonora audível, sabendo-se que

sua freqüência é de 300 Hz.

3) Uma análise do espectro de freqüências dos sons produzidos pelas

cordas vocais de uma mulher mostra que a freqüência fundamental

típica é de cerca de 250 Hz, acompanhada de diversos harmônicos.

a) Como funcionam as cordas vocais?

b) Como você classificaria as cordas vocais dentro dos sistemas

vibrantes estudados?

c) Determine a seqüência harmônica, dentro do limite de audibilidade,

produzida por uma mulher;

d) Com base na harmônica mais alta produzida por essa mulher, a que

distância máxima uma outra pessoa pode ouvir o seu grito depois de

5s de sua emissão, considerando a velocidade do som no ar de

340m/s?

4) Descreva detalhadamente:

a) A fonação; b) Como o ouvido humano detecta os sons; c)A visão

humana.

5) O ultra-som é usado na medicina tanto na diagnose médica como na

terapia.

a) Em que fenômenos físicos se baseiam os métodos de diagnose

médica que usam ondas ultra-sônicas? Explique cada um deles.

Que tipos de informação pode se obter com essas técnicas?

109

Page 108: Fisica Aplicada a Biologia-1

a) Explique em que tratamentos é usada a fisioterapia por ultra-som;

b) Como são geradas e detectadas as ondas ultra-sônicas (inclua a

explicação do efeito piezoelétrico);

c) Quais os efeitos biológicos mais conhecidos do ultra-som?

6)Na natureza muitos insetos e alguns animais marinhos possuem o

olho composto ou facetado. Cada olho composto é formado por muitas

pequenas facetas receptoras de luz chamadas omatídios, cujo número

varia bastante de espécie para espécie. Responda:

a) O que constitui o dispositivo dióptrico de um olho composto e qual a

sua função;

b) A rabdoma contém pigmentos fotossensíveis que absorvem fótons.

Como essa estrutura conduz a luz de uma extremidade à outra até

atingir o nervo óptico e daí ao cérebro do animal?

c) Explique a formação da imagem de um objeto pelo olho composto

(leve em consideração os fenômenos físicos envolvidos).

7)O diâmetro da córnea de um omatídio de uma abelha doméstica é

cerca de 32 micrômetros.

a) Calcule o poder de resolução de um desses omatídios para o

comprimento de onda de 7000 A (luz vermelha).

b) Essa abelha voando a 3 m de um galho logo abaixo dela, pode

enxergar uma flor vermelha que emite raios ultravioleta cujo

tamanho é cerca de 1cm, neste galho? E uma flor vermelha do

mesmo tamanho que não emite radiação ultra violeta no mesmo

galho?

8)Escolha 3 instrumentos ópticos estudados e explique o seu

funcionamento incluindo o processo de formação da imagem em

cada um deles.

9)Quais os defeitos visuais estudados e quais os tipos de lentes

corretoras para cada caso. Explique como estas lentes fazem tais

correções.

110

Page 109: Fisica Aplicada a Biologia-1

10)Uma pessoa vê nitidamente só objetos colocados entre 25 cm e 400

cm de seus olhos. Então:

a)Qual seu ponto próximo?

b)Qual seu ponto remoto?

c)Que tipo de defeito visual esta pessoa apresenta?Determine o poder

de acomodação do olho dessa pessoa.

3.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

3.6.1 Livro TextoOKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências Biológicas e Biomédicas Editora HARBRA, São Paulo, 1982.

3.6.2 Bibliografia Complementar

GASPAR, Alberto. Física - Ondas, Óptica e Termodinâmica.Editora

Ática, São Paulo, 2000.

3.6.3 Web – Bibliografia

- http://www.euclides.if.usp.br/~ewout/ensino/fap0184/000125.html

-http://www.aulasparticulares.org/material/fisica/oscilações-e-

ondas/fundamentos-de-ondulatoria/

- h t t p : / / w w w . b r a s i l e s c o l a . c o m / f i s i c a / o n d a s / h t m l -

http:/www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/propagaçao/propaga.

html

- http://www.pet.dfi.uem.br/anin_show.php?id=36

- http://euclides.if.usp/~ewout/ensino/fap0184/000126/html

- http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-03/aula_02.html

- http://www.insettostecco.it/entomologia/organi%20di%20senso.htm

111

Page 110: Fisica Aplicada a Biologia-1

Unidade 1A sociologia e a Sociologia da EducaçãoA soogia e a Sociologia da Educação

Unidade 1Unidade 4

Resumo

Unidade 4

Neste capítulo faremos um estudo básico e descritivo dos Fluidos em Sistemas

Biológicos e suas aplicações em muitas situações de interesse para Bacharéis e

Licenciados em Ciências Biológicas. Para isso, inicialmente, apresentaremos os conceitos

básicos de hidrostática e aplicações em sistemas biológicos, em seguida trataremos dos

conceitos básicos de hidrodinâmica e suas respectivas aplicações.

Os organismos vivos são formados por partes sólidas, por compartimentos

contendo gases e principalmente por líquidos. Nos seres humanos, por exemplo, cerca de

60% de sua massa é constituída de fluidos intracelular e intersticial, além de plasma.

Para compreendermos melhor a processo da respiração dos seres vivos, o

metabolismo dos rins e os sintomas dos seres vivos com a variação de pressão devido à

diferença de altitude; porque os peixes conseguem ficar parado em diferentes

profundidades na água, o transporte da seiva nas árvores etc, é necessário estudar e

conhecer as leis gerais do comportamento dos fluidos, tanto em repouso (Hidrostática)

como em movimento (Hidrodinâmica).

Os conteúdos apresentados nesta unidade, constituem uma base de grande valia

para os estudantes de Ciências Biológicas, quer seja como ampliação da visão de seu

campo de atuação, quer seja para os que pretendem seguir a carreira de pesquisador

nesta Ciência.

Fluidos em Sistemas BiológicosFluidos em Sistemas Biológicos

Page 111: Fisica Aplicada a Biologia-1

UNIDADE 4: FLUIDOS EM SISTEMAS BIOLÓGICOS...............................112

4.1 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDROSTÁTICA........................................114

4.1.1 Pressão Hidrostática.....................................................................114

4.1.2 Medidas de Pressão......................................................................115

i) Experiência de Torricelli...................................................................116

ii) Pressão Sanguínea...................................................................117

iii) Pressão Intra-Ocular.................................................................119

4.1.3 Princípio de Pascal e Aplicações...................................................120

4.1.4 Princípio de Arquimedes e Aplicações...........................................121

4.1.5 Trocas de Gás pelas Folhas das Plantas.......................................123

4.1.6 Efeitos Fisiológicos da Variação de Pressão dos Fluidos...............124

i) Efeitos da Postura na Pressão Sanguínea................................. 124

ii) Mergulho Sub-aquático e Efeitos de Altitude..............................1254.2 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDRODINÂMICA......................................126

4.2.1 Classificação e Caracterização dos Escoamento dos Fluidos...........................................................................................................126

4.2.2 Equações Gerais do Comportamento dos Fluidos em

Movimento.....................................................................................................127

i) Equação da Continuidade.......................................................... 128

ii) Equação de Bernoulli.................................................................128

iii) Equação de Poiseuille...............................................................128

iv) Número de Reynolds................................................................128

4.2.3 Propriedades dos Fluidos............................................................. 129

i) Tensão Superficial......................................................................129

ii) Efeitos de Capilaridade..............................................................129

iii) Fenômenos da Difusão e Osmose............................................130

4.3 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO......................................................................131

4.4 EXPERIMENTE!..............................................................................133

4.4.1 Densidade e Pressão....................................................................133

4.4.2 Princípio de Arquimedes...............................................................134

4.4.3 Medidas de Pressão..................................................................... 1344.4.4 Funcionamento dos Alvéolos.......................................................134

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................134

4.5.1 Livro Texto.................................................................................... 134

4.5.2 Bibliografia Complementar............................................................134 4.5.3 Web - Bibliografia.........................................................................135

Sumário

Page 112: Fisica Aplicada a Biologia-1

4.1 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDROSTÁTICA

Fluidos são substância que não resistem à tensões superficiais, pois

quando estas são aplicadas suas camada deslizam sobre as

adjacentes, escoam ou fluem. São substâncias que não possuem

forma definida, como os sólidos e adquirem a forma do recipiente que

os contêm. Neste grupo de substâncias incluem-se os líquidos e os

gases.

A força exercida pela água ou qualquer outro líquido numa superfície

qualquer, por exemplo, numa barragem ou numa comporta é

determinada pelas leis da hidrostática. A pressão exercida pela água é

sempre perpendicular à superficie (da barragem ou da comporta ) e

varia com a profundidade.

4.1.1 Pressão Hidrostática

Qualquer fluido em repouso contido num recipiente, exerce sobre

um elemento de área da parede deste recipiente, uma força , que

é perpendicular a ela. Tente desenhar, no espaço abaixo, um recipiente

cilíndrico contendo água, e indique o e o , referido (identifique

esta figura por Fig.4.1):

Essa força sobre a área caracteriza e define a pressão hidrostática

sobre cada ponto da parede do recipiente, dada por:

onde é o módulo da força aplicada sobre o elemento de área .

AD FD

AD FD

A

FP

D

D= ............................... (4.1)

FD AD

De modo geral, qualquer superfície de área 'AD que você

imaginar, localizada dentro do fluido, estará sujeita à ação da força

'FD, perpendicular a ela, definindo a pressão 'PD sobre essa área.

Assim, cada elemento de área do fluido no interior do recipiente está

sob uma pressão, dada por:

'

''

A

FP

D

D= ........................... (4.2)

A atmosfera terres-tre é composta por vários gases que exercem uma pres-são sobre a super-fície da Terra. Essa pressão denomina-da pressão atmos-férica ( ), depen-de da altitude do local, pois à me-dida que nos afas-tamos da superfície do planeta, o ar fica cada vez mais rarefeito, e portanto exercendo uma pressão cada vez menor. O físico italiano E-vangelista Torricelli (1608-1647) reali-zou uma experiên-cia para determinar a pressão atmos-férica ao nível do mar. Ele usou um tubo de aproxima-damente 1m de comprimento, cheio de mercúrio (Hg) e com a extremidade tampada, virou-o dentro de uma cu-ba também conten-do Hg. Torricelli observou que após destampar o tubo o nível do Hg desceu e estabilizou-se na posição de 76cm de altura, restando o vácuo na extre-midade superior do tubo. Estava, então determinada a pré-ssão atmosférica ao nível do mar: 76 cmHg.

O que é Pressão Atmos-féria?

Reflita

Sobre a variação da pressão, no in-terior de um fluido em repouso conti-do num recipiente, com a profundi-dade. O que é uma superfície isóbara, dar pra enteder?

114

Page 113: Fisica Aplicada a Biologia-1

que varia de ponto pra ponto no interior do fluido, por causa da ação da

gravidade.

Imagine uma coluna de fluido no interior do fluido, da Fig 4.1 que você

fez. A pressão que esta coluna exerce sobre o plano de sua base,

depende de seu peso ( ) sobre a área da base. Assim, cada

plano horizontal diferente, está submetido a um peso diferente de

coluna de fluido. Por outro lado, todos os pontos de um mesmo plano

horizontal de um fluido em equilíbrio, está sob a mesma pressão. Esse

plano constitui, portanto, uma superfície isóbara do fluido, isso foi

mostrado através do Princípio de Steven, que nos diz:

Não esqueça que a densidade de um fluido,

onde é a massa do fluido e é o seu volume.

Você percebeu! Quando estudamos a estática dos corpos sólidos, as

grandezas físicas importantes são: massa e força; quando se trata de

estática dos fluidos, as grandezas físicas mais convenientes são: a

densidade e a pressão.

4.1.2 Medidas de Pressão

Como vimos, pressão é definida pelo quociente entre a força e a

área sobre a qual ela atua sendo, portanto, suas unidades:

2- no Sistema Internacional de Unidades (MKS): N/m = pascal = Pa;2 2- no sistema CGS: dina/cm = dy/cm

- outras unidades: atmosfera = atm; mmHg, cmHg, barn etc.

mgFp =

ghPP r+=0 ....................... (4.3)

onde 0P é a pressão atmosférica na superfície aberta do recipiente, r é a

densidade do fluido contido no recipiente, g é a ação da gravidade e h a

altura da coluna de fluido sobre o ponto que se mede a pressão P .

V

m=r ................................... (4.4)

m V

115

Page 114: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) Experiência de Torricelli: a primeira medida de pressão,

como descrita acima, foi efetuada no século XVII por

Torricelli, por meio de um barômetro de mercúrio que

consistia em um tubo de vidro contendo mercúrio e invertido

numa cuba contendo esse líquido. A altura de 76 mmHg em

relação a um nível de referência, foi equilibrada pela

pressão atmosférica, essa era então pressão atmosférica.

A diferença de pressão entre o topo da coluna e o nível de

referência, pelo princípio de Stevin é:

onde é a pressão na parte superior do tubo, que é praticamente, nula

pois temos aí o vácuo. Essa pressão (dada pela diferença) é a chamada

pressão manométrica.

Isso significa que a pressão que a atmosfera exerce sobre a

superfície terrestre ao nível do mar, é correspondente ao peso de 5 21,01.10 N, de uma coluna de ar de 1 m de secção aplicada sobre uma

2área de um 1 m . Como o valor da aceleração da gravidade pode ser

considerado praticamente constante na extensão da atmosfera, a

massa dessa coluna de ar é, aproximadamente, igual a :

Veja, que a pressão atmosférica ao nível do mar equivale a 2aplicação de uma força peso de 10 toneladas de ar sobre 1 m .

0PghPP Hgh ==-r ............................ (4.5)

hP

Quando substituímos os valores da densidade do mercúrio

( 3/6,13 cmg=r ), da aceleração da gravidade ( 2/980 scmg = )

e da altura encontrada no manômetro (76cm), na Eq. 4.4. obtemos o

valor da pressão atmosférica:

25

230 /10.01,1769806,13

mNcms

cm

cm

gP =÷

ø

öçè

æ÷ø

öçè

æ= ............... (4.6)

tonM

mmNsmM

mNA

MgP

1010.1

1./10.01,1/8,9.

/10.01,1

4

2252

250

=@

=

==

Q

Q

116

Page 115: Fisica Aplicada a Biologia-1

Os seres vivos estão submetidos a essa enorme pressão

atmosférica. Porque não são esmagados por essa enorme massa de

ar? Porque o interior dos corpos desses seres, exerce uma pressão

para fora, contrabalançando a pressão atmosférica exercida sobre eles,

através da pressão sanguínea em todas as veias, artérias, vasos e

capilares; pressão dos olhos, dos rins etc.

Vamos agora usar, um pequeno texto elaborado pelo professor C.

A. Bertulani (Hidrostática - C.A. Bertulani - Ensino de Física a Distância -

www.if.ufrj.br)

ii) Pressão Sanguínea

A pressão arterial mantém o sangue circulando no organismo.

Tem início com o batimento do coração. A cada vez que bate, o coração

joga o sangue pelos vasos sangüíneos chamados artérias. As paredes

dessas artérias são como bandas elásticas que se esticam e relaxam a

fim de manter o sangue circulando por todas as partes do organismo. O

resultado do batimento do coração é a propulsão de uma certa

quantidade de sangue (volume) através da artéria aorta. Quando este

volume de sangue passa através das artérias, elas se contraem como

que se estivessem espremendo o sangue para que ele vá para frente.

Esta pressão é necessária para que o sangue consiga chegar aos locais

mais distantes, como a ponta dos pés, por exemplo.

O coração bate em média de 60 a 100 vezes por minuto em

situação de repouso. É composto por duas câmaras superiores

chamadas de átrios, e duas inferiores, os ventrículos, como mostra a

Fig. 4.2. O lado direito bombeia o sangue para os pulmões e o esquerdo

para o restante do corpo.

As artérias são os vasos por onde o sangue corre vindo do

coração. Elas estão distribuídas como se fossem uma grande rede de

abastecimento por todo o corpo, podendo ser palpadas em alguns

locais, onde estão mais superficializadas. Alguns destes locais são: na

face interna de seu punho, na região da virilha e no pescoço. Este

movimento ou pulsação, que você sente quando coloca seu dedo, é

quando o sangue está sendo empurrado por um batimento do coração e

que ocasiona uma determinada pressão dentro do vaso.

Reflita

Porque os seres vivos não são es-magados pela pre-ssão atmosférica, uma vez que seu valor equivale, a praticamente, 10 ton

2sobre 1m de superfície terrestre ao nível do mar?

Porque os seres vivos não são es-magados pela pre-ssão atmosférica, uma vez que seu valor equivale, a praticamente,

210 ton sobre 1m de superfície terrestre ao nível do mar?

Saiba Mais!

117

Page 116: Fisica Aplicada a Biologia-1

Em geral as artérias são bem mais profundas, por isso somente

em alguns locais é que elas podem ser palpadas. É nas artérias que

ocorre o processo da doença de hipertensão.

As veias são os vasos sanguíneos que trazem o sangue, agora

cheio de impurezas, de volta ao coração. Assim como as artérias, elas

formam uma enorme rede. A grande característica que diferencia uma

veia de uma artéria, é que elas estão mais superficiais e podem ser

mais facilmente palpadas e visibilizadas. Além desta diferença, pode-

se citar a composição de sua parede, que é mais fina.

Fig.4.2: A - Visão da região anterior do coração, com parte do pericárdio removido. Observa-se a musculatura ventricular, os átrios direito e esquerdo, a veia cava superior, a crossa da aorta e a artéria pulmonar. B - Corte longitudinal do coração mostrando os ventrículos direito e esquerdo (este com a musculatura mais espessa), os átrios direito e esquerdo, as válvulas tricúspide, mitral, aórtica e pulmonar. Observa-se a representação do fluxo sanguíneo (setas) desde a cava superior, átrio e ventrículo direitos e artéria pulmonar, até as veias pulmonares, átrio e ventrículo esquerdos e aorta.

A B

118

Page 117: Fisica Aplicada a Biologia-1

• O que significam os números de uma medida de Pressão

Sanguínea Arterial

Significam uma medida de pressão calibrada em milímetros de

mercúrio (mmHg). O primeiro número, ou o de maior valor, é chamado

de sistólico, e corresponde à pressão da artéria no momento em que o

sangue foi bombeado pelo coração. O segundo número, ou o de menor

valor é chamado de diastólico, e corresponde à pressão na mesma

artéria, no momento em que o coração está relaxado após uma

contração. Não existe uma combinação precisa de medidas para se

dizer qual é a pressão normal, mas em termos gerais, diz-se que o valor

de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal. Contudo, medidas até

140 mmHg para a pressão sistólica, e 90 mmHg para a diastólica,

podem ser aceitas como normais. Veja na Tab. alguns valores médios

normais para pressão arterial no homem. O local mais comum de

verificação da pressão arterial é no braço, usando como ponto de

ausculta a artéria braquial. O equipamento usado é o

esfigmomanômetro ou tensiômetro, vulgarmente chamado de

manguito, e para auscultar os batimentos, usa-se o estetoscópio.

TAB. : Valores médios normais de pressão arterial no homem

iii) Pressão Intra-ocular

Os fluidos do globo ocular, os humores aquoso e vítreo, que transmitem

a luz à retina (parte fotossensível do olho), estão sobre pressão e

mantêm o globo numa forma e dimensão aproximadamente fixas. As

dimensões do olho são determinantes para se ter uma boa visão.

Saiba Mais!

Sobre fatores ambi-entais, tais como: ruído, calor, estresse etc, ou grupos ocu-pacionais que estão mais suceptíveis a contraírem proble-mas de hipertensão. Veja:http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X1986000200008&script=sci_arttext..

IDADE EM ANOS PRESSÃO ARTERIAL EM

mmHg

4 85/60

6 95/62

10 100/65

12 108/67

16 118/75

Adulto 120/80

Idoso 140-160/90-100

Saiba Mais!Como medir a Pressão Sanguí-nea Arterial? Con-sulte:

http://www.unb.br/fs/enf/nipe/tecnicapa.html

Saiba Mais!

Sobre a medida da Pressão Intraocu-lar. Consulte:

http://www.liea.dee.ufma.br/arquivos/Procad/Felício/transdutores%20de%20pressao.ppt

119

Page 118: Fisica Aplicada a Biologia-1

Uma variação de 0,1 mm no seu diâmetro pode produzir um

feito significativo no desempenho da visão. A pressão em olhos

normais varia de 13 a 28 mmHg, sendo a média d 15 mmHg.

A medição da pressão intra-ocular é realizada com um

equipamento chamado tonômetro, que mede a pressão, determinando

a deflexão da córnea sob a ação de uma força conhecida.

4.1.3 Princípio de Pascal e Aplicações

Pelo que aprendemos até agora, pose-se verificar que a variação

de pressão de um ponto a outro em um fluido em repouso, depende da

diferença de nível entre eles e da densidade do fluido. Assim, se algum

agente externo aplicar um aumento de pressão num ponto de um fluido

contido num recipiente, esse acréscimo de pressão se distribuirá

automaticamente, para todo o fluido, inclusive para as paredes do

recipiente. Este fato foi inicialmente observado e descrito pelo francês

Blaise Pascal (1623 – 1662). Esse é o conhecido Princípio de Pascal,

que pode ser enunciado da seguinte forma:

“Uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido

em equilíbrio transmite-se a todos os pontos do fluido e às

paredes do recipiente que o contêm.”

Reflitamos sobre o assunto: consideremos, o interior de um fluido

contido num recipiente, a pressão num ponto A de altura

e assim, todos os pontos do fluido serão acrescidos de .

Princípio de Pascal pode ser usado para explicar como um sistema

hidráulico funciona. Um exemplo comum deste sistema é o elevador

hidráulico usado para levantar um carro do solo para reparos

mecânicos.

îíì

®D+

®D+

B ponto no

A ponto no

PP

PP

B

A

PD

120

Page 119: Fisica Aplicada a Biologia-1

Veja por exemplo, para o caso de um elevador hidráulico que

possui um êmbolo de 10 m² de área e outro de 1m². Uma força

equivalente ao peso de uma massa de 70 kg (700 N) aplicada na

pequena área, será suficiente para levantar um veículo de massa de

700 kg ou peso de 7 000N, no outro êmbolo.

Veja aplicações do Princípio de Pascal em situações da área biológica

no desafio a seguir.

4.1.4 Princípio da Arquimedes e Aplicações

Um corpo de peso , mergulhado completa ou parcialmente num

fluido em repouso, sofre pressão em todos os pontos de sua superfície,

na direção perpendicular a cada ponto. Os pontos da parte inferior do

corpo sofrem uma pressão maior, pois está numa isóbara de maior

profundidade, de tal maneira que a força de contato resultante sobre o

corpo é vertical e dirigida de baixo para cima. Essa força resultante ( )

é o EMPUXO que é independente do material e da forma do corpo.

O matemático e engenheiro grego Arquimedes (), elaborou o Princípio

do Empuxo, o também chamado Princípio de Arquimedes, assim

enunciado:

De acordo com o Princípio de Arquimedes, ao mergulharmos um

corpo num fluido, o módulo da força empuxo vai aumentando à medida

que o objeto imerge. A partir do instante em que o corpo fica

completamente submerso, o valor do empuxo não aumenta mais,

mesmo que ele alcance regiões mais profundas.

“ Um corpo sólido imerso num fluido sofre a ação de uma

força dirigida para cima igual ao peso do fluido deslocado”

2 A área de secção transversal de uma seringa hipodérmica é de 3,0 cm e a 2da agulha, 0,6 mm . A) Qual a força mínima que deve ser aplicada ao

êmbolo para injetar o fluido na veia, se a pressão sanguínea venosa for de 12 mmHg? B) Qual a pressão manométrica do fluido dentro da seringa se a força aplicada ao êmbolo for uma vez e meia maior que a força mínima?

Desafio

Saiba Mais!

Sobre prensa hi-drálica. Consulte:

OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, pg. 299

cW

E

121

Page 120: Fisica Aplicada a Biologia-1

?

força da gravidade ou peso do corpo, assim temos

- Quando a densidade do objeto for maior que a do fluido, ( ) ,

o módulo da força empuxo será menor que o da força peso, e o objeto

afundará.

- Se a densidade do fluido for maior que a do objeto ( ), o

empuxo terá módulo maior e o objeto flutuará.

Aplicação:

O fato dos animais aquáticos se manterem em repouso em

profundidade diversas da água, também se explica pela força de

empuxo de Arquimedes. Se um peixe está a uma profundidade h de

superfície da água, ele está sujeito a três forças, a força peso (mg),

orientada para baixo, a força F do líquido que está sobre o mesmo 1

(orientada para baixo) e a força F da água que está sob o peixe 2

(orientada para cima). Faça um diagrama de corpo livre do sistema

físico. Como o sistema peixe e água está em repouso, a intensidade da

força F é igual à pressão da coluna de líquido acima do peixe 1

multiplicada pela área de contato, veja

analogamente

Na posição de equilíbrio, o valor do empuxo se iguala ao da

gmgm

gmE

WE

cf

c

fluidodesl

=

=

=

Q

Q

.

mas ccc Vm r= ...................... (4.7)

Então =ff Vr ccVr ou c

f

f

c

V

V=

r

r , o corpo fica m equilíbrio no

interior do fluido.

frrf0

0rrff

111 )( AghF ar= ................................... (4.8)

222 )( AghF ar= ....................................(4.9)

122

Page 121: Fisica Aplicada a Biologia-1

Assim o empuxo sobe o peixe é dado por:

Veja que o volume do peixe é igual ao volume da água

deslocada e é dado pela diferença:

Substituindo esta expressão na expressão do empuxo, obtém-

se:

Assim, chega-se à conclusão de que para o peixe poder se

manter parado dentro da água, deve ter sua densidade igual a da água.

Mas como as densidades dos tecidos e ossos dos peixes são um pouco

maiores que a da água, alguns possuem um sistema que lhes permitem

modificar sua densidade. Esse sistema é a bexiga natatória que contém

gás e está localizada na cavidade abdominal. A variação de volume de

gás dessa bolsa permite variar a densidade do peixe de modo a igualá-

la à da água, possibilitando a permanência do mesmo, em repouso em

diferentes profundidades. Os peixes que não possuem a bexiga

natatória não conseguem permanecer parados em relação à água, eles

têm que permanecerem sempre em movimento.

4.1.5 Trocas de Gás pelas Folhas das Plantas

O vapor de água que também é um fluido, desempenha um

papel muito importante em Biologia, e sua presença na atmosfera é

essencial à vida. A umidade do ar é determinada pela pressão parcial

do vapor de água no ar e pela pressão do vapor de água saturado

(pressão em que o vapor e o líquido existem em equilíbrio dinâmico).

Ainda com relação ao estudo dos fluidos na aplicação de sistemas

biológicos, podemos discutir a questão da umidade relativa do

ambiente.

gmAhAhgE

gmFFE

pa

p

=-=

=-=

)( 1122

12

rQ .......................... (4.10)

pV

aV

ap VAhAhV =-= 1122 ............................................. (4.11)

pappaa

pppaa

VV

gVgmgVE

rrrr

rr

==

===

QQ .................................. (4.12)

Reflita

Se o peixe se en-contra parado nu-ma dada posição no interior da á-gua. Ao diminuir o ar de sua bexiga natatória, ele so-be ou desce? E se ele inflar mais ainda que antes, sua bexiga, ele sobe ou desce? Explique em ter-mos do Empuxo.

Saiba Mais!

Sobre umidade do ar e pressão de va-por de água satu-rado. Consulte:

OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, pg. 305.

123

Page 122: Fisica Aplicada a Biologia-1

Como já sabemos, as plantas verdes são capazes de utilizar a

energia solar e realizar a fotossíntese, que é uma reação de oxidação,

na qual transforma o dióxido de carbono, CO , (composto orgânico de 2

baixo teor energético) em açúcares, C H O , (composto orgânico de 6 12 6

alto teor energético) e gás oxigênio, O , vital para os seres aeróbicos. 2

Veja

Essa reação somente ocorre na presença de água, pois o

oxigênio produzido na fotossíntese, vem da água e não do gás

carbônico. A troca de gás ocorre nas células úmidas da camada

esponjosa e é absolutamente essencial que a umidade se mantenha. À

medida que o ar penetra na camada esponjosa, a tendência é ressecar

a folha através da respiração. Essa perda de água depende da

umidade relativa do ar. Se o ar estiver muito seco, a taxa de perda de

água por transpiração pode ser maior que a taxa de absorção de água

pelas raízes. Isso provoca o fechamento dos estômatos, que são

orifícios por onde sai a água, de modo que a transpiração possa ser

drasticamente reduzida.

4.1.6 Efeitos Fisiológicos da Variação de Pressão dos Fluidos

Vamos discutir os efeitos fisiológicos da variação de pressão

em dois casos importantes na área de biologia.

i)Efeitos da Postura na Pressão Sanguínea

Uma pessoa deitada possui pressão hidrostática

praticamente constante em todos os pontos do corpo, e

igual a pressão do coração.

OHOOHCOHCO 22612622 66126 ++®+

Luz

Desafio

Estude mais sobre o metabolismo da transpiração das plantas, e promova

uma discussão em grupos sobre a importância da umidade, para a

sobrevivência das plantas.

124

Page 123: Fisica Aplicada a Biologia-1

Quando a pessoa está sentada, ou em pé, devido a

elevação da cabeça em relação ao coração, a pressão

arterial é mais baixa na cabeça e é dada por

ii)Mergulho Subaquático e Efeitos de Altitude

Já vimos que a pressão atmosférica varia com a altitude, a

máxima pressão atmosférica na superfície terrestre está ao nível do

mar, mas a pressão sobre um dado ser aumenta ainda mais, quando

esse efetua um mergulho subaquático. Por outro lado a pressão diminui

cada vez mais à medida que subimos montanhas, picos etc.

O corpo humano é composto por estruturas sólidas e líquidas,

que são quase incompressíveis. Por esse motivo, mudanças de

pressão externas têm pequenos efeitos sobre estas estruturas. No

entanto existem cavidades contendo gás no corpo humano, que sob

mudanças bruscas de pressão podem produzir fortes efeitos no

indivíduo, podendo haver até mesmo envenenamento.

ghPa sa -(coração)Pcabeça)( r= ................ (4.13)

onde 3/04,1 cmgs »r é a densidade do sangue e h a

diferença de nível entre o centro da cabeça e o centro do

coração. Assim, quando uma pessoa deitada levanta-se

subitamente, a queda de pressão arterial da cabeça será

de ghsr, o que implicará uma diminuição do fluxo

sanguíneo do cérebro. Como o fluxo deve ser contínuo e

como o ajuste do fluxo pela expansão das artérias não é

instantâneo, a pessoa pode sentir-se tonta. Em caso de

variações de pressão muito rápidas, a diminuição da

circulação pode ser tal que provoque desmaio.

Desafio

Faça o cálculo de sua pressão arterial na cabeça, sabendo qual é a sua

pressão arterial na altura do coração. Converse com seus colegas sobre

o resultado obtido. Troque informações sobre o assunto!

Reflita

Sendo a girafa um animal de proprie-dades fisiológicas extraordinárias, cu-ja altura está entre 4,0 m e 5,5 m, e seu coração situ-ado equidistante da cabeça e das patas, sua pressão arterial deverá ser maior ou menor que a do homem?

Saiba Mais!

Sobre os efeitos de mudanças bruscas de pressão no ser humano. Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Editora HARBRA, São Pau-lo, 1982, pg. 310.

125

Page 124: Fisica Aplicada a Biologia-1

Outro efeito muito comum de variação de pressão no corpo

humano, é o sentido devido a diferença de altitude. Você já percebeu

que quando vai a alguma cidade cuja estrada é uma subida razoável,

seus ouvidos parecem estourar? Ou você sente tontura, taquicardia,

dificuldade de respirar, dores de cabeça, náuseas, vômitos etc? Pois é

estes entre outros, são sintomas presentes, quando nos encontramos

em ambientes cuja pressão é bem menor com a que estamos

acostumados. O nosso organismo está adaptado à pressão ao nível do

mar até altitudes de 3 000m, acima disso vários efeitos, como os já

citados, podem surgir.

4.2 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDRODINÂMICA

Nesta seção serão introduzidos os conhecimentos de

hidrodinâmica necessários à compreensão de vários fenômenos

físicos, tais como, escoamento de fluidos, viscosidade, tensão

superficial, ação capilar, difusão e osmose, que desempenham um

papel importante nos seres vivos e sua relação com o meio ambiente.

4.2.1 Classificação e Caracterização dos Escoamentos dos Fluidos

O escoamento de um fluido não é descrito, como em cinemática

da partícula ou de um conjunto de partículas, que descrevemos o

movimento individual de cada uma de suas partículas. No escoamento

dos fluidos as grandezas físicas mais importantes para descrevê-lo

são, a densidade do fluido ( ) e a velocidade de escoamento ( ) ou do

fluxo, numa dada posição e num dado instante (t).

Vamos fazer um quadro resumo para dar uma visão ao leitor da

classificação dos fluidos e suas propriedades gerais.

r v

CLASIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS ESCOAMENTOS DOS FLUIDOS

Escoamento

Permanente

( v ) sempre constante num dado ponto do

escoamento, com o passar do tempo.

- Quanto a variação da

velocidade ( v ) do

fluido num dado pon -to

do escoamento

Escoamento

Variado

( v ) num mesmo ponto do escoament o,

varia com o passar do tempo.

126

Page 125: Fisica Aplicada a Biologia-1

Um reservatório ligado a uma tubulação horizontal, e esta

contendo manômetros, como mostra a figura 20.3 do livro texto (página

321), ilustra bem a diferença entre os modelos de fluido real e o fluido

ideal ao escoar por uma tubulação. Experimentalmente, observa-se

que num escoamento real, as forças dissipativas entre o fluido e o tubo

fazem com que o nível de água no reservatório

4.2.2 Equações Gerais do Comporta-mento dos Fluidos em

Movimento.

As principais equações que descrevem a dinâmica dos fluidos

são:

Escoamento

Compressível

Quando a densidade ( ?) do fluido em

movimento NÃO variar.

- Quanto a compres -

sibilidade do fluido Escoamento

Incompressível

Quando a densidade ( ?) do fluido em

movimento variar.

Escoamento

Viscoso

Quando existe resistência ao

deslizamento entre as cama-das de fluido,

isto é, quando a viscosidade ( ?) é consi -

derável.

- Quanto a viscosida -

de do fluido

Escoamento Não

viscoso

Quando a resistência entre as camadas

de fluido é mínima, isto é, quando a

viscosidade (?) é despre-zível.

Escoamento

Laminar

Quando a velocidade de flu -xo não é

muito grande, através de uma s ecção

transversal de uma tubula -ção, é máxima

no centro e decresce segundo uma Pará -

bola até zero na camada adjacente.

-

Quanto à “forma” de

escoamento

Escoamento

Turbulento

Quando a velocidade de fluxo atingir

valores acima de certo limite, e o fluido

começa a escoar de forma irregula r com

formação de redmoinhos

OBS.: Quando estudamos um fluido num modelo no qual desprezamos as forças de

resistência (vicosidade), e o consideramos totalmente incompressível, chamamos este

fluido de FLUIDO IDEAL. No entanto, todo FLUIDO REAL apresenta forças dissipativas

ou de resistência ao escoar (viscosidade).

127

Page 126: Fisica Aplicada a Biologia-1

i) Equação da continuidade - usa o princípio da conservação da

massa:

ii) Equação de Bernoulli – usa o princípio da conservação da

energia:

iV) Número de Reynolds – Osborne Reynolds mostrou, que de

modo geral, um escoamento por um tubo regular e retilíneo de

diâmetro D, deixa de ser laminar quando o número de Reynolds,

definido por:

for maior que um valor crítico que depende da natureza do fluido e do

formato da superfície interna do tubo. Para a maioria dos fluidos escoando

em tubo de secção circular, torna-se um escoamento turbulento para

.2

1

2

122

2211

21 constPghvPghv =++=++ rrrr .. (4.15)

“Para um fluido ideal, permanente e incompressível a soma das

pressões dinâmica ( 21

2

1vr), e estática ( 11 Pgh +r ) em cada ponto,

mantêm-se constante”

iii)Equação de Poiseuille – Poiseuille estudou os fluxos

com diferentes coeficientes de viscosidade, calculou

velocidade média em função do gradiente de pressão ( PD)

ao longo do tubo e escreveu a Lei de Poiseuille:

R

P

L

PrQ

D=

D

D=

h

p

8

4

....................................... (4.16)

onde R é a resistência de uma tubulação de comprimento L.

h

rDvRe = ............................................ (4.17)

2000feR .................................................. (4.18)

128

QvAvA ==2211 ................................. (4.14)

Page 127: Fisica Aplicada a Biologia-1

4.2.3 Propriedades dos Fluidos

Os fluidos apresentam propriedades especiais, tais como:

i) Tensão superficial

Essa propriedade se deve à assimetria das forças

intermoleculares do interior do fluido e de sua superfície. Dentro do

fluido, cada molécula é cercada por outras que a atraem e, em repouso,

a força média resultante sobre cada uma delas é nula. No entanto, na

superfície, a força resultante média que age sobre cada molécula é

dirigida para dentro da substância, e assim, estas moléculas mantém-

se ligadas à substância por uma força não nula. Com essas noções

podemos definir Tensão superficial como uma grandeza física, que

mede a resistência que o fluido apresenta à penetração de corpos 2externos em N/m ou em J/m . É descrita, matematicamente, pela

equação

ou seja, a tensão superficial exprime a força (F) por unidade de

comprimento (l) necessária para manter o perímetro da superfície de

uma substância fechado, ou pode ser expresso como o trabalho (W)

realizado pela força ou energia, necessário para penetrar no fluido por

unidade de área (A).

Encontramos várias aplicações deste fenômeno na área de

Biologia. A tensão superficial desempenha um papel fundamental no

funcionamento dos pulmões em animais, na traquéia de insetos, ou no

movimento de pequenos insetos sobre uma superfície líquida.

ii) Efeito de Capilaridade

Fenômeno observado quando um líquido sobe até determinada

altura dentro de um tubo capilar, quando este e colocado dentro do

recipiente que o contém.

A

W

l

Fs ==l ........................ (4.19)

Reflita

Sobre a relação existente entre a-ção capilar de um fluido e sua ten-são superficial.Descreva sua res-posta e comple-mente-a com pes-quisa se necessá-rio.

129

Page 128: Fisica Aplicada a Biologia-1

A altura atingida depende da natureza do líquido, do tubo e do

raio capilar. É o que você observa quando infiltrações ocorrem pelas

paredes de sua casa a partir de água no piso. A água vence a gravidade

e sobe por pequenos canalículos que ela encontra na estrutura da

parede até grandes alturas.

iii) Fenômenos da Difusão e Osmose

O fenômeno da difusão ocorre quando as moléculas de uma

substância se movem de uma região do meio onde estão mais

concentradas, para outra região onde estão menos concentradas. A

substância que se move é o soluto, e a substância dentro da qual o

soluto se move, é o solvente. Por exemplo, ao colocar um pouco de café

(soluto) num copo de leite (solvente), o café se difundirá da região de

maior concentração de café para as regiões que não têm café ou de

pequena concentração.

A difusão de um gás também pode ocorrer devido a sua

diferença de concentração em duas regiões separadas por uma

membrana ou uma substância porosa. Um exemplo desse caso, é o

que ocorre nos alvéolos na troca de O e CO devida a diferença de 2 2

concentração desses gases nos dois lados dos alvéolos. Outro

exemplo, é a dispersão de substâncias dissolvidas no sangue através

de membranas capilares nos tecidos.

Pois exatamente, uma difusão seletiva através de uma

membrana semipermeável, é chamada de osmose. Considere agora

um recipiente com água pura, contendo um tubo de ensaio longo em

forma de coluna, com uma solução aquosa de açúcar; fechado no seu

fundo por uma membrana semipermeável.

Desafio

Considere um recipiente separado em duas Partes por uma placa. De um lado é coloca- da uma solução aquosa de açúcar e do outro é colocada água pura. O que ocorre quando a placa é removida? A difusão ocorre somente com o açúcar? Explique. Se em vez de se colocar a placa removível separando as substâncias, for colocada uma membrana que não seja permeável ao açúcar, o que acontecerá? Explique.

130

Page 129: Fisica Aplicada a Biologia-1

A água se difunde do recipiente para dentro da coluna, devido sua

maior concentração no recipiente. Com o aumento da coluna da

solução, aumenta a pressão hidrostática na membrana. A difusão da

água somente cessará quando esta pressão for suficiente para impedir

a difusão. Essa pressão atingida é a chamada pressão osmótica.

A osmose é muito importante em processos biológicos, pois todas

as células vivas são revestidas por membranas semipermeáveis e

também subdivididas internamente por tais membranas. Desse fato

resultam as difusões seletivas, quando somente as moléculas

relevantes à vida e às funções de determinadas células, se difundem

através de suas membranas. Um exemplo de osmose nos seres

humanos e animais é a diálise, processo pelo qual os produtos

metabólicos inúteis e/ou tóxicos são removidos do sangue pelos rins.

1) Responda:

a) Qual a pressão absoluta durante a sístole de uma pessoa, se a

pressão manométrica medida foi de 120mmHg?

b) Explique o Princípio de Pascal e dê aplicações;

c) Como certos animais aquáticos mantém-se em repouso em

profundidades diversas da água? Qual o Princípio físico envolvido?

2) A pressão no olho humano normal varia de 13 a 28 mmHg. Responda:

a) Como a pressão intra ocular é mantida dentro de seus limites

normais?

b) Esta pressão medida, é a pressão absoluta ou a manométrica?

Obtenha estes valores de pressão em Pascal.

3) Uma pessoa está totalmente mergulhada numa piscina e ela por

alguns instantes conseguiu ficar em repouso nesta posição, se o

peso dessa pessoa é de 56 kg qual o empuxo que a água exerce

sobre esta pessoa?

Saiba Mais!

Sobre o funciona-mento dos r ins nos seres humanos. Co-nsulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Editora HARBRA, São Pau-lo, 1982, pg. 339, e outra bibliografias.

Atividade de Fixação

131

Page 130: Fisica Aplicada a Biologia-1

4) Faça um quadro comparativo dos tipos de escoamento, qto a

velocidade de elementos do fluido, qto a compressibilidade, qto a

interação entre as moléculas e qto ao número de Reynolds.

5) Faça uma análise e discussão das seguintes variáveis físicas que

aparecem em Hidrodinâmica:

a) densidade; b) viscosidade; c) tensão superficial; d) capilaridade.

6) Responda:

a) Qual deveria ser o diâmetro dos condutores no xilema de uma

árvore de 150 m, se fosse possível explicar satisfatoriamente

através do fenômeno de tensão superficial o mecanismo pelo qual

a seiva é transportada até seu topo?

b) Os rins retiram do sangue cerca de 180 litros de fluido por

dia(125ml/min). Esse processo é uma osmose inversa e a

pressão osmótica do sangue é 28 mmHg. Que trabalho os rins

realizam por dia para filtrar esse líquido do sangue? Explique

essa osmose inversa.

7) Quais as diferenças entre:

a) fluido permanente e fluido variável; dê exemplos de cada um deles

b) fluido compressível e fluido incompressível; dê exemplo de cada um

deles.

c) fluido ideal e fluido real

8) O que é chamado fluxo ou vazão Q de um fluido numa tubulação?

Mostre a relação matemática.

9) Faça um paralelo entre o escoamento de fluido ideal e de um fluido

real. Iluste com figura.

10) Quais as diferenças entre escoamento laminar e escoamento

turbulento? Que leis matemáticas melhor descrevem os fluxos

destes escoamentos. Dê exemplos reais deste tipos de

escoamentos?

132

Page 131: Fisica Aplicada a Biologia-1

11) O que é tensão superficial? Como ilustrá-la? Dê exemplos de

aplicação desta grandeza física.

12) Descreva o fenômeno de capilaridade. Ilustre-o com figuras. Dê

exemplos de situações conhecidas onde é observado o fenômeno

de capilaridade.

13) Faça um paralelo entre as características dos fenômenos de difusão

e osmose.

14) Um exemplo de osmose nos seres humanos e animais é a diálise.

Explique o que é a diálise. Que problemas podem ocorrer nesse

sentido? O que é osmose inversa.

15) Explique de forma geral sobre o movimento ascendente das seivas

nas árvores.

16) Faça uma descrição da tensão superficial nos alvéolos.

Experimente:

4.4.1 Densidade e Pressão

2I) Que pressão, em N/m , seus pés descalços exercem sobre o

chão quando você está parado, em pé? Para realizar essa

atividade, é preciso que você saiba qual é a sua massa e

qual é a área de contato entre seus pés e o solo. Adote g = 29,8 m/s e calcule seu peso em newtons. Pense numa

maneira de calcular a área da região de contato: pise numa

carbono e marque com um lápis a planta de seu pé que faz

pressão sobre a folha. Faça um quadriculado de quadradros

iguais do desenho da planta do pé. Meça a área de cada

quadrado e calcule a área da planta do pé. Certamente você

irá fazer alguma aproximações.

133

Page 132: Fisica Aplicada a Biologia-1

II) Se você estivesse de salto alto e fino, que pressão você no

piso? Explique.

III) Faça sua análise e críticas dos resultados do experimento.

4.4.2 Princípio de Arquimedes

I) Num copo com água, coloque uma fatia de limão de

espessura entre 3 e 5 mm, observe e anote o

comportamento da fatia no interior do fluido. Em seguida vá

dissolvendo sal na água, até que o comportamento da fatia

de limão se altere. Explique os dois comportamentos com

base no Princípio de Arquimedes.

II) Repita a experiência usando somente água e substitua a

fatia de limão por uma bola maciça de massa de modelagem

e por uma cuia, também modelada com a mesma

quantidade de massa. Anote o comportamento com relação

à flutuação, desses dois objetos. Há mudanças no

comportamento observado? Como se poderia explicar com

a ajuda do Princípio de Arquimedes?

4.4.3 Medidas de Pressão

4.4.4 Funcionamento dos Alvéolos

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4.5.1 Livro Texto

OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências

Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

4.5.2 Bibliografia Complementar

aTIPLER, P. Física, Vol 2. 4 . ed. Editora Guanabara Dois, Rio da

Janeiro, 1999.

134

Page 133: Fisica Aplicada a Biologia-1

4.5.3 Web – Bibliografia

Hidrostática - C.A. Bertulani - Ensino de Física a Distância -

www.if.ufrj.br

http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratório/movimentos/movimen

tos/html

http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-

311X1986000200008&script=sci_arttext..

http://www.unb.br/fs/enf/nipe/tecnicapa.html

http://www.liea.dee.ufma.br/arquivos/Procad/Felício/transdutores%20

de%20pressao.ppt

http://efisica.if.usp.br/mecanica/basico/movimento

135

Page 134: Fisica Aplicada a Biologia-1

Unidade 1A sociologia e a Sociologia da EducaçãoA sociologia e a Sociologia da Educação

Unidade 1Unidade 5

Resumo

Unidade 5

Neste capítulo discutiremos alguns dos principais fenômenos elétrico nos

organismos vivos. Para isso, inicialmente, recordaremos alguns conceitos

básicos de eletricidade, em seguida apresentaremos as propriedades gerais da

eletricidade animal e finalmente, discutiremos com mais detalhes as

características dos Potenciais de repouso e de ação.

O conhecimento dos fenômenos elétricos é importante para uma melhor

compreensão dos complexos processos físicos e químicos que caracterizam a

vida.

Os conteúdos apresentados nesta unidade, constitui uma base de

grande valia para os estudantes de Ciências Biológicas, quer seja como

ampliação da visão de seu campo de atuação, quer seja para os que pretendem

seguir a carreira de pesquisador nesta Ciência.

Fenômenos Elétricos nas CélulasFenômenos Elétricos nas Células

Page 135: Fisica Aplicada a Biologia-1

5

5.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ELETRICIDADE.........................138

5.1.1 Campo Elétrico e Potencial Elétrico.......................................138

i) Força Elétrica e Campo Elétrico...................................................138ii) Trabalho, Energia Cinética e Energia Potencial.........................138iii) Potencial Elétrico e Diferença de Potencial..............................139

5.1.2 Capacitores...........................................................................140

5.2 ELETRICIDADE ANIMAL.................................................................141

5.3 POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE REPOUSO.........142

5.4 ORIGEM DO POTENCIAL DE REPOUSO...................................... 144

5.5 POTENCIAL DE AÇÃO DE UMA CÉLULA NERVOSA......................145

5.6 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO............................................................... 147

5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................148

5.7.1 Livro Texto............................................................................ 148

5.7.2 Bibliografia Complementar................................................... 148 5.7.3 Web - Bibliografia.........................................................................148

UNIDADE 5: FENÔMENOS ELÉTRICOS NAS CÉLULAS.................136

Sumário

Page 136: Fisica Aplicada a Biologia-1

5.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ELETRI- CIDADE

Nesta secção introduziremos vários conceitos básicos de

eletricidade para lhe auxiliar na compreensão dos fenômenos elétricos

nas células.

5.1.1 Campo Elétrico e Potencial Elétrico

Qualquer distribuição de cargas elétricas cria em torno de si um

campo elétrico , ou uma perturbação capaz de atrair ou repelir outros

corpos carregados quando colocados nessa região. As linhas de forças

imaginárias que desenhamos em torno das cargas, e que podem ser

visualizadas experimentalmente, constituem uma maneira conveniente

de representar esse campo. O vetor campo elétrico é sempre tangente

à linha de força em cada ponto. As linhas de forças são traçadas de tal

forma que o número de linhas, por unidade de área, que atravessa uma

seção transversal é proporcional ao módulo E do campo elétrico, ou

seja, a densidade de linhas de força em cada ponto fornece uma noção

da intensidade do campo naquele ponto.

Considere uma placa muito grande uniformemente carregada

com cargas positivas. Essa placa gera em torno si um campo elétrico

uniforme (E). Quando uma partícula, com carga elétrica q (positiva), é

colocada na região de campo elétrico da placa:

i) Força Elétrica e Campo Elétrico: sobre a carga

elétrica atua uma força que é função do campo

elétrico, dada por:

a unidade de E é portanto N/C.

ii) Trabalho (W), Energia Cinética (K) e Energia

Potencial (U): o trabalho realizado por essa força,

quando a partícula se desloca, é igual à variação de

energia cinética, pelo Teorema Trabalho-Energia,

como vimos no capítulo 2 deste impresso:

E

E

EF q= ............................................. (5.1)

Reflita

Porque a placa u-niformemente car-regada deve ser muito grande?Desenhe as linhas de campo E da placa. Como ese campo atua sobre a carga q? Faça o diagrama de força, para esse caso.

138

Page 137: Fisica Aplicada a Biologia-1

como a energia mecânica E dessa partícula é constante, temos:

onde U é a energia potencial elétrica. Observe que se trata de um

sistema conservativo, e portanto, a energia mecânica é constante.

Assim, um variação ( ) aplicada a E é nula, como foi mostrado na Eq.

(5.3). Desse resultado conclui-se que:

iii) Potencial Elétrico ou Diferença de Potencial Elétrico (ddp) ( ):

É uma grandeza física muito importante, independe da carga q, sendo

função apenas do módulo do campo elétrico (E) e da distância

Isso para o caso de uma carga num campo uniforme produzido por uma

placa infinita. Observe que a unidade da ddp elétrica é (J/C)=Volt (V).

As grandezas elétricas, descritas acima em forma de uma

breve revisão, são de extrema importância para a

compreensão dos fenômenos elétricos nas células que

estudaremos a seguir. Se você tem algumas deficiências

que não foram supridas com esta revisão, consulte livros do

ensino médio.

i. KW D= .................................. (5.2)

UK

UK

UKE

UKE

D-=D

D+D=

D+D=D

+=

Q

Q

Q

0 ................................. (5.3)

D

UW D-= ........................................ (5.4)

VD

q

xqE

q

xFV

q

W

q

UV

D-=

D-=D

-=

D=D

Q

logo

xEV D-=DQ .............................................. (5.5)

139

Page 138: Fisica Aplicada a Biologia-1

5.1.2 Capacitores

Capacitores são dispositivos usados para armazenar cargas

elétricas. O tipo mais simples de capacitor, é que consiste de duas

placas paralelas, de área A, carregadas com cargas elétricas iguais e

de sinais contrários, isto é, + Q e – Q, e separadas por uma distância

d. Nessa distância entre as placas, existe um material isolante de

permissividade elétrica

A intensidade de campo elétrico entre as placas é

proporcional à densidade superficial de carga elétrica , portanto

onde é a permissividade elétrica do material isolante entre

as placas, como já dissemos acima. A permissividade elétrica do vácuo

e do ar são aproximadamente iguais, valendo:

Entre a placas do capacitor há uma ddp dada por:

em acordo com as Eqs. (5.5) e (5.7). Observou?

A

Q=s ......................................... (5.6)

s

A

QE

ee

s1== ................................. (5.7)

e

22120 ./10.85,8 mNC-==ee ......... (5.8)

dA

QEdxEV

e

1-=-=D-=D ........ (5.9)

Desafioi) Tomando uma das placas com potencial de referência nulo, encontre a razão

CV

Q=- , chamada de capacitância do capacitor, cuja unidade (C/V) = Faraday (F).

ii) Com essas equações estudadas, encontre ainda, a densidade superficial

de cargas nas placas, dada por:

VA

C-=s

140

Page 139: Fisica Aplicada a Biologia-1

5.2 A ELETRICIDADE ANIMAL

A geração de eletricidade por certos peixes já era conhecida quando

Luigi Galvani descreveu sua célebre observação sobre a contração da

pata de rã. Galvani ensinava anatomia em Bolonha (Itália) e Puelles

(1956) conta que, certo dia, quando trabalhava com rãs decapitadas e

penduradas numa haste de cobre observou que, quando a pata do

animal tocava o ferro de um balcão próximo, os músculos se contraíam.

Conta também uma outra versão, onde afirmava que Galvani, em 1760,

colocou algumas rãs mortas sobre um prato metálico e um dos seus

assistentes, usando a máquina eletrostática de Ramsden, aplicou um

choque elétrico sobre uma delas, produzindo contração muscular. O

fenômeno foi reconhecido por Galvanni como algo especial e a partir

daquele momento passou a dedicar-se ao estudo da eletricidade

animal.

Na época da Galvani, Alejandro Volta ensinava Física na Universidade

de Pavia. Volta, estudando o fenômeno descrito por Galvani, concluiu

que os metais podiam produzir eletricidade e, em 1800, construiu o

primeiro gerador químico de eletricidade empilhando alternadamente

discos de cobre e zinco. Os metais foram separados por papel ou

camurça embebidos em solução aquosa acidulada com vinagre.

Concluiu dizendo que os músculos e os nervos são apenas condutores

de eletricidade e que no par bimetálico usado por Galvani estava a fonte

geradora de eletricidade.

O que se sabe hoje, é que tanto Galvani como Volta estavam certos. De

fato, as estruturas nervosas são capazes de iniciar e de propagar

estímulos elétricos e estes participam decisivamente na promoção da

resposta contrátil muscular. Por outro lado, lâminas bimetálicas podem

produzir uma diferença de potencial elétrico suficiente para estimular o

aparecimento do impulso elétrico nos nervos.

Helmholtz, em torno de 1850, conseguiu medir a velocidade de

propagação da onda de excitação no nervo gastrocnêmico da rã,

Bernstein em 1868, obteve o registro da evolução temporal do

potencial de injúria do nervo lesado.

Volta (1745-1827), físico italiano que criou um aparelho chamado eletrófo-ro, constituído por duas placas metáli-cas, sendo uma coberta por ebonite (material isolante) e a outra munida de um cabo isso-lante. Atritando-se a primeira placa, ele adquiria eletri-cidade estática ne-gativa e polarizava a segunda. O fun-cionamento desse aparelho foi a base dos condensadores elétricos usados até hoje.

Luigi Galvani, amigo de Volta, havia descoberto que os músculos das pernas de rãs já mortas se com-traíam ao receber descarga elétricas. Ninguém sabia dizer, de onde provinha o estímulo elétrico.

Começaram o estudo de ele-tricida-de!

141

Page 140: Fisica Aplicada a Biologia-1

Potencial de injúria é a diferença de potencial que se pode medir

entre uma região de músculo íntegro e outra de músculo lesado. Nas

regiões lesadas, os potenciais refletem o potencial intracelular que é

diferente do potencial extracelular, com uma diferença de 30 a 60% da

magnitude do potencial normalmente existente entre os lados da

membrana íntegra.

Mais tarde, em torno de 1888, Waller descobriu que os

batimentos cardíacos ocorriam concomitantemente com o

aparecimento de correntes elétricas e que elas podiam ser detectadas

na superfície do corpo. Einthoven em 1913, tendo inventado o

galvanômetro de mola, registrou pela primeira vez essas correntes,

obtendo os primeiros eletrocardiogramas e abrindo para a Ciência uma

importante vertente de investigação.

5.3 POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAL DE REPOUSO

A descoberta das correntes de injúria foi fundamental para se

descobrir que a membrana superficial das células vivas se encontra

submetida a uma diferença de potencial (ddp), que é chamado de

potencial transmembrana ou potencial de membrana. As células não

excitáveis, tais como as epiteliais do homem, apresentam um potencial

de membrana constante, cujo valor está em torno de –20 mV. Nos

nervos e nos músculos, esses potenciais chegam a – 90 mV.

O potencial de membrana é, portanto, a ddp entre o fluido intra

celular e o fluido extracelular. Esse potencial pode ser medido ligando-

se por meio de micro-eletrodos, os pólos de um medidor de voltagem

ao interior de uma célula e ao líquido extracelular, ou seja, um pólo do

micro-eletrodo é colocado no interior da célula e o outro pólo é colocado

no exterior da célula.

Quando as pontas dos dois eletrodos estão no fluido externo

(extracelular), a ddp medida é nula, indicando que o potencial

elétrico é o mesmo em qualquer ponto desse meio fluido. Veja a Fig.

5.1. O mesmo aconteceria se os dois eletrodos pudessem ser

colocados no interior da célula, pois nesse meio o potencial também é

constante.

Saiba Mais!Sobre potencial de membrana.Consulte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Potencial_de_a%C3%A7%C3%A3o

VD

Saiba Mais!

Sobre a medida do potencial trans-membrana.Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p357.

142

Page 141: Fisica Aplicada a Biologia-1

Na Fig.5.1 consideramos uma variação linear de V dentro da

membrana, mas é apenas hipotética, pois a espessura da membrana é

bem menor que o diâmetro do micro-eletrodo, e conseqüentemente,

essa variação não pode ser medida.

Veja que, com a Eq. (5.5) pode-se calcular o campo elétrico

existente nessas regiões. Dentro e fora da célula o campo elétrico é

nulo, pois não tem variação de potencial:

O potencial elétrico do fluido extracelular, por convenção, é

considerado nulo (potencial de referência), enquanto que no interior

da célula o potencial (V) é negativo ( 0pV ), pois quando um dos

eletrodos é deslocado para o interior da célula, perpendicularmente,

através da membrana de espessura d, o potencial elétrico diminui

bruscamente. Veja como a Fig. 5.1, mostra o potencial V, constante

dentro e fora da célula e variando no interior da membrana de

espessura d.

Fig.5.1: Comportamento do potencial de repouso de uma célula.

Fonte: OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências Biológicas e

Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

i. d

VE

D-= então,

143

Page 142: Fisica Aplicada a Biologia-1

5.5 POTENCIAL DE AÇÃO DE UMA CÉLULA NERVOSA

Nesta secção, descreveremos fenômenos elétricos relacionados

às alterações dos potenciais de membrana que ocorrem nas células

nervosas e musculares. O potencial de repouso é uma condição

necessária para que essas células possam exercer suas funções

específicas no organismo. As células nervosas têm a função de

recolher informações, distribuí-las pelo corpo e coordena-las. As

células musculares, comandadas pelas células nervosas, podem se

contrair ou relaxar. Durante o desempenho dessas funções, surgem

alterações rápidas e características no potencial de membrana dessas

células.

Como já vimos. Na ausência de perturbações externas ou

estímulos, os potenciais de membrana (V ) das células permanecem M

constantes e são denominados potenciais de repouso (V ). Entretanto, 0

quando as células nervosas e musculares são submetidas a um

estímulo externo, ocorre uma variação em seus potenciais de

membrana, que podemos representar por:

Essa variação rápida (v), que se propaga ao logo de uma dessas

células, é denominada potencial de ação.

Nos músculos e nervos, normalmente, o potencial de ação é o

sinal elétrico que se propaga para transmitir informações ou para iniciar

a contração. O conhecimento de sua natureza, bem como das leis que

governam sua propagação, é fundamental para que sejam

compreendidos os mecanismos sensoriais e o funcionamento do

músculo normal e patológico. No coração, no músculo liso e em certos

epitélios excitáveis, o impulso elétrico propagado necessita passar de

uma célula para outra, isso é realizado através de regiões

especializadas.

Como vimos, o potencial de membrana V num dado ponto de M

célula muscular ou nervosa, é chamado potencial de repouso V , 0

vVVM +=0 .................................................... (5.12)

Saiba Mais!

Sobre Potencial de Ação de uma Ce-lula Nervosa.

Acesse o site:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismos_b%C3%A1sicos_do_potencial_de_a%C3%A7%C3%A3o

145

Page 143: Fisica Aplicada a Biologia-1

No entanto, na membrana, considerando-a de espessura de 80

Angstrons, o campo elétrico é:

Na maioria das células o potencial de membrana V permanece

inalterado, desde que não haja influências externas. Quando a célula

se encontra nessa condição, o potencial de membrana (V) é chamado

de potencial de repouso representado por (V ). Numa célula nervosa ou 0

muscular o potencial de repouso o potencial de repouso é sempre

negativo, apresentando um valor constante e característico. Nas fibras

nervosas e musculares dos animais de sangue quente, os potenciais

de repouso se situam entre – 55 mV e – 100 mV. Nas fibras dos

músculos lisos, os potenciais de repouso estão entre – 30 mV e – 55

mV.

5.4 ORIGEM DO POTENCIAL DE REPOUSO

Tanto o interior da célula como o meio extracelular, estão cheios

de uma solução salina. Em soluções salinas muito diluídas, a maior

parte das moléculas se decompõe em íons. Esses íons se movem

livremente numa solução aquosa. Os fluidos dentro e fora da célula são

sempre neutros, pois a concentração de ânions (íons negativos) em

qualquer local, é sempre igual a concentração de cátions (íons

positivos), não podendo haver um acúmulo local de cargas elétricas

nesses fluidos.

Pode-se imaginar a membrana celular como um capacitor no

qual duas soluções condutoras (que são as placas) estão separadas

por uma delgada camada isolante, a membrana. As cargas elétricas

em excesso, + Q e – Q, que provocam a formação do potencial de

repouso se localizam em torno da membrana celular. A superfície

interna da membrana é coberta pelo excesso de ânions (- Q), enquanto

que, na superfície externa, há o mesmo excesso de cátions (+Q).

00

int =-==d

EE racextrac ............ (5.10)

CNA

mV

d

VE /10.8,8

80

70 60 ==-= .......................... (5.11)

Saiba Mais!

Sobre as concen-trações iônicas dentro e fora da célula. Consulte:OKUNO, E., CAL-DAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ci-ências Biológicas e Biomédicas Edi-tora HARBRA, São Paulo, 1982, p363.

144

Page 144: Fisica Aplicada a Biologia-1

se a célula não foi estimulada, a partir do momento em que a célula

recebe um estimulo, o potencial de membrana naquele mesmo ponto

passa a variar com o tempo. Veja alguns exemplos ilustrados na Fig.

5.2, que mostra a propagação dos potenciais de ação: a) em célula

nervosa de gato; b) célula muscular de camundongo e c) célula do

músculo cardíaco.

Observe que, quando V for negativo, o potencial elétrico no M

fluido intracelular será menor do que o do fluido extracelular; essa

situação se inverte quando o potencial V se torna positivo. Então, M

durante a passagem do potencial de ação, há uma mudança no sinal do

V por certo intervalo de tempo. Isso significa que, durante a M

propagação do potencial de ação, ocorre uma polarização e

despolarização da célula na qual ele se propaga. A Fig. 5.3 mostra um

esquema de propagação de um potencial de ação ao longo de uma

célula nervosa.

Fig. 5.2: Potenciais de ação de uma célula nervosa de gato a), uma célula muscular de camundongo b) e uma célula do músculo cardíaco de gato c).

Fonte: OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

Fig.5.3: Propagação do potencial de ação ao longo de uma célula

nervosa.Fonte: OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

Saiba Mais!

Sobre as células nervosas – forma, partes, função de cada parte etc.

Consulte qualquer livro de Biologia do Ensino Médio.

146

Page 145: Fisica Aplicada a Biologia-1

Nas partes da célula em que V > 0, há um excesso de íons M

negativos na superfície externa e de íons positivos na interna.

Nos organismos dotados de sistema nervoso, o potencial de

ação serve de comunicações de longas distâncias entre suas

componentes. Essas comunicações são codificadas através de séries

de potenciais de ação, todos de mesmas formas e velocidades. Cada

célula nervosa ou neurônio é capaz de transmitir potenciais de ação em

apenas um sentido. Assim, uma dada célula participa do envio de um

sinal elétrico ao cérebro ou participa da transmissão que parte dele. As

células nervosas são interligadas entre si através das sinapses, que

conduzem o potencial de uma célula à outra.

1) Responda:

a) O que é potencial de membrana de uma célula?

b) O que é potencial de repouso de uma célula e como pode ser

medido? Dê exemplos de alguns potenciais de repouso de células

humanas.

c) Qual a origem do potencial de repouso das células?

d) O que é potencial de ação de uma célula. Explique.

2) Desenhe uma célula nervosa e identifique suas partes;

3) Explique como se processa a propagação do potencial de ação

numa célula nervosa;

4) Qual a função do potencial de ação de uma célula?

5) Quais os neurônios mais utilizados na pesquisa e porque?

Atividade de Fixação

147

Page 146: Fisica Aplicada a Biologia-1

5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5.7.1 Livro Texto

OKUNO, E., CALDAS,I. L.e CHOW, C.Física para Ciências

Biológicas e Biomédicas. Ed. HARBRA, São Paulo, 1982.

5.7.2 Bibliografia Complementar

GARCIA,Eduardo A.C. Biofísica. Ed. SARVIER, São Paulo, 2002.

5.7.3 Web – Bibliografia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Potencial_de_a%C3%A7%C3%A3o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismos_b%C3%A1sicos_do_potenci

al_de_a%C3%A7%C3%A3o

148

Page 147: Fisica Aplicada a Biologia-1