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FICHAMENTO ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes Editores, 2012. p-73-92. [...] O sujeito está para o discurso assim como o autor está para o texto. Se a relação do sujeito com o texto é a da dispersão, no entanto a autoria implica em disciplina, organização, unidade. (p.73) “[...] o discurso não tem como função constituir a representação de uma realidade [...] há na base de todo discurso um projeto totalizante do sujeito, projeto que o converte em autor [...] .(p.73) [...] O que temos, em termos de real do discurso, é a descontinuidade, a dispersão, a incompletude, a falta, o equivoco, a contradição, constitutivas tanto do sujeito como do sentido. De outro lado, a nível das representações, temos a unidade, a completude, a coerência, o claro e distinto [...] .(p.74) Trata-se de considerar a unidade (imaginária) na dispersão (real): de um lado, a dispersão dos textos e do sujeito: de outro, a unidade do discurso e a identidade do autor [...]”.(p.74) “[...] A função-autor, que é uma função discursiva do sujeito, estabelece-se ao lado de outras funções, estas enunciativas, que são o locutor e o enunciador [...].(p.74) “O autor é então considerado como principio de agrupamento do discurso, como unidade e origem de suas significações, como fulcro de sua coerência. (p.75) “[...] a própria unidade do texto é efeito discursivo que deriva do princípio da autoria [...] um texto pode até não ter um autor específico mas, pela função- autor, sempre se imputa uma autoria a ele. . (p.75) “[...] se o locutor se representa como eu no discurso e o enunciador é a perspectiva que esse eu assume, a função discursiva autor é a função que esse eu assume enquanto produtor de linguagem, produtor de texto [...]”. “[...] Se o sujeito é opaco e o discurso não é transparente, no entanto o texto deve ser coerente, não-contraditório e seu autor deve ser visível, colocando-se na origem de seu dizer [...]”.(p.75) “[...] o sujeito ao mesmo tempo em que reconhece uma exterioridade a qual ele deve se referir, ele também se remete a sua interioridade, construindo desse modo sua identidade como autor [...].(p.75) “[...] a análise se faz por etapas que correspondem a tomada em consideração de propriedades do discurso referidas a seu funcionamento [...]”.(p.77) “Na primeira etapa, o analista, no contato com o texto, procura ver nele sua discursividade e incidindo um primeiro lance de análise constrói um objeto discursivo em que já está considerado o esquecimento [...]”.(p.77) “[...] Esta etapa prepara o analista para que ele comece a vislumbrar a configuração das formações discursivas que estão dominando a prática discursiva em questão [...]”.(p.77)

Fichamento - Analise Do Discurso

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Fichamento da obra "Análise do discurso: princípios e procedimentos" de Eni Orlandi

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  • FICHAMENTO

    ORLANDI, Eni Puccinelli. Anlise de discurso: princpios e procedimentos.

    Campinas: Pontes Editores, 2012. p-73-92.

    [...] O sujeito est para o discurso assim como o autor est para o texto. Se a

    relao do sujeito com o texto a da disperso, no entanto a autoria implica

    em disciplina, organizao, unidade. (p.73)

    [...] o discurso no tem como funo constituir a representao de uma

    realidade [...] h na base de todo discurso um projeto totalizante do sujeito,

    projeto que o converte em autor [...].(p.73)

    [...] O que temos, em termos de real do discurso, a descontinuidade, a

    disperso, a incompletude, a falta, o equivoco, a contradio, constitutivas

    tanto do sujeito como do sentido. De outro lado, a nvel das representaes,

    temos a unidade, a completude, a coerncia, o claro e distinto [...].(p.74)

    Trata-se de considerar a unidade (imaginria) na disperso (real): de um lado,

    a disperso dos textos e do sujeito: de outro, a unidade do discurso e a

    identidade do autor [...].(p.74)

    [...] A funo-autor, que uma funo discursiva do sujeito, estabelece-se ao

    lado de outras funes, estas enunciativas, que so o locutor e o enunciador

    [...].(p.74)

    O autor ento considerado como principio de agrupamento do discurso,

    como unidade e origem de suas significaes, como fulcro de sua coerncia.

    (p.75)

    [...] a prpria unidade do texto efeito discursivo que deriva do princpio da

    autoria [...] um texto pode at no ter um autor especfico mas, pela funo-

    autor, sempre se imputa uma autoria a ele.. (p.75)

    [...] se o locutor se representa como eu no discurso e o enunciador a

    perspectiva que esse eu assume, a funo discursiva autor a funo que

    esse eu assume enquanto produtor de linguagem, produtor de texto [...].

    [...] Se o sujeito opaco e o discurso no transparente, no entanto o texto

    deve ser coerente, no-contraditrio e seu autor deve ser visvel, colocando-se

    na origem de seu dizer [...].(p.75)

    [...] o sujeito ao mesmo tempo em que reconhece uma exterioridade a qual

    ele deve se referir, ele tambm se remete a sua interioridade, construindo

    desse modo sua identidade como autor [...].(p.75)

    [...] a anlise se faz por etapas que correspondem a tomada em considerao

    de propriedades do discurso referidas a seu funcionamento [...].(p.77)

    Na primeira etapa, o analista, no contato com o texto, procura ver nele sua

    discursividade e incidindo um primeiro lance de anlise constri um objeto

    discursivo em que j est considerado o esquecimento [...].(p.77)

    [...] Esta etapa prepara o analista para que ele comece a vislumbrar a

    configurao das formaes discursivas que esto dominando a prtica

    discursiva em questo [...].(p.77)

  • Na segunda etapa, a partir do objeto discursivo, o analista vai incidir uma

    anlise que procura relacionar as formaes discursivas distintas com a

    formao ideolgica que rege essas relaes [...] cabe ao analista observar o

    que chamamos efeitos metafricos. (p.78)

    [...] O efeito metafrico o fenmeno semntico produzido por uma

    substituio contextual [...].(p.78)

    O processo de produo de sentidos est necessariamente sujeito ao deslize,

    havendo sempre um outro possvel que o constitui [...].(p.79)

    [...] Falamos a mesma lngua, mas falamos diferente. Dizemos as mesmas

    palavras, mas elas podem significar diferente [...](p.79)

    O no-dizer tem sido objeto de reflexo de alguns linguistas [...] O posto (o

    dito) traz consigo esse pressuposto (no dito mas presente). Mas, o motivo por

    exemplo, fica como subentendido [...].(p.82)

    [...] h outra forma de se trabalhar o no-dito na anlise de discurso. Trata-se

    do silncio [...](p.83)

    [...] E a maneira de analisar o no-dito, em cada uma delas, difere e d como

    resultado concluses diferentes [...].(p.83)

    So muitos os critrios pelos quais se constituem tipologias na anlise do

    discurso. Uma das mais comuns a que reflete as distines institucionais e

    suas normas [...].(p.84)

    O que interessa primordialmente ao analista so as propriedades internas ao

    processo discursivo: condies, remisso a firmaes discursivas, modo de

    funcionamento [...].(p.85)

    Discurso autoritrio: aquele em que a polissemia contida [..] discurso

    polmico: aquele em que a polissemia controlada [...] discurso ldico: aquele

    em que a polissemia est aberta [...](p.86)

    [...] h relaes de mltiplas e diferentes naturezas entre diferentes discursos

    e isso tambm objeto de anlise [...](p.87)

    Ao olhar os textos, o analista defronta-se com a necessidade de reconhecer,

    em sua materialidade discursiva, os indcios dos processos de significao [...]

    para praticar a anlise de discurso ele precisa ter em conta algumas distines

    tericas e metodolgicas. (p.90)

    Enunciao, pragmtica, argumentao, discurso [...] o que eles tm em

    comum que os fatos de linguagem por eles tratados referem a linguagem ao

    seu exterior [...] no entanto, h diferenas bastante ntidas entre eles. A

    maneira como concebem o sujeito [...] e o modo como definem o exterior

    [...].(p.91)