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FESTAS, TURISMO E IDENTIDADE IGUAÇUANA
Elisa Paes Silva e
Elis Regina Barbosa Angelo1
Nova Iguaçu, localizada na baixada fluminense, possui riquezas culturais que
identificam a cultura popular local. O diversificado meio produtor de símbolos, fornecidos
pelas festas, configuram-se em comemorações ou ajuntamentos de pessoas, demonstrando
criatividade, referências simbólicas e demais traços culturais das raízes migratórias, étnicas,
entre outras. Nesta pesquisa, algumas das festas da cidade foram escolhidas, especialmente
por favorecerem um elo de pertencimento com o passado, com a história e com a
sociabilidade produzidas a partir de suas histórias singulares, formalizando-se como lutas
sociais, religiosidade, e mesmo laços de sociabilidade, além de potenciais atrativos turísticos
culturais da região.
Dessa forma, pode-se dizer que, as festas identificam um povo, revelando
características próprias da dinâmica cultural, evidenciando formas plurais de festejos,
caracterizados enquanto processos que os identificam, seja no meio comunitário e nas
coletividades que formam as diversas “sociedades”. Faz parte de “uma dinâmica de
construção de identidade singular, com processos comunitários reveladores, que pressupõem
estruturas antropológicas transculturais constantes de sua essência” (TEIXEIRA, 2010 p. 5).
O meio cultural em que vivem as comunidades é refletido em seu conhecimento e
experiência. Os simbolismos, os cultos, os rituais e tantas outras categorias que compõem o
universo festivo, estão entrelaçados por muitas facetas que permeiam tanto o universo do
sagrado quanto do profano. Eliade (2010) traça um minucioso debate sobre “as modalidades
do sagrado e a situação do homem num mundo carregado de valores religiosos (...)
independentemente de sua cultura” e, a partir daí, correlaciona as esferas do cotidiano, as
ritualizações, as formas de celebrar e todas as suas vertentes, em especial a religiosidade e sua
fundamentação.
1 Graduanda de Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - [email protected]; Professora
orientadora do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato:
Esse trabalho busca o reconhecimento das construções simbólicas contidas nas festas
iguaçuanas, considerando as identidades e sociabilidades presentes nos sentidos de formação,
com atenção ao seu status de construção popular.
As relações socioculturais vão se estabelecendo enquanto formações criativas nas mais
variadas realidades de sobrevivência da cultura local e ao mergulhar no universo da cultura,
percebe-se uma relação direta com o “imaterial” , formado especialmente pelos valores
atribuídos aos objetos e suas narrativas, seja por meio dos recursos de memória, dos
elementos constitutivos e da configuração ritualística ou dos sentidos para a comunidade e a
sociedade.
No sentido de apreensão dessas festas pelo turismo, há um sentido de colaboração que
se entende como primordial para que sua existência seja fortalecida enquanto patrimônio
imaterial da localidade e da região.
Ao serem transformadas em atrativos turísticos da região, pode-se correlacionar sua
efetiva interação, regulamentação e mesmo ampliação de qualidade de vida, que comporta
também as relações econômicas estabelecidas.
Dentre tantas festas elencadas nesse trabalho encontram-se: Festa da Banana de
Jaceruba, a Festa do Aipim, a Festa de Santo Antonio a Folia de Reis e a Festa Cigana, com
atenção às suas configurações, entendendo o processo de construção enquanto espaços de
transformação social, as formas de se organizarem, como constroem suas identidades e forjam
elementos da cultura imaterial. Dessa forma, optou-se pela descrição feita pelos portadores de
memórias das festas e suas relações com a comunidade que as produziu.
1. Caracterização das Festividades em Nova Iguaçu: Descrições Gerais
1.1 A Festa do Aipim de Tinguá:
A produção de Aipim cultivada no bairro de Tinguá , deu origem a uma das festas
mais conhecidas da Baixada Fluminense a Festa do Aipim de Tinguá.
O Município de Nova Iguaçu, tem uma produção de aipim estimada em cerca de 3.310
toneladas e possui cerca de 271 produtores (EMATER, 2007). O evento surge de uma
necessidade econômica de renda por parte da comunidade local por isso foi escolhido como
mote simbólico, por representar o trabalho dos produtores locais. Parte da produção local é
comercializada na Feira da Roça, uma alternativa que surge por parte dos próprios pequenos
produtores da Baixada Fluminense e recebe incentivo e treinamento por parte da Emater Rio.
A Festa iniciou-se em 2003, de caráter popular, consiste em um evento que
inicialmente reuniu cerca de 3.000 pessoas, que buscavam apreciar não somente a culinária
mas também sua programação diversificada.
1.2 A Festa da Banana de Jaceruba:
Distante da Cidade, cerca de 22 km, bairro pacato de vida simples e tranquila,
Jaceruba (antiga São Pedro – 1883) é um bairro de Nova Iguaçu com aproximadamente 1.800
habitantes, faz parte da Reserva Biológica do Tinguá instituída como APA Municipal e
considerada um dos paraísos ecológicos da Mata Atlântica.
A história da cultura da banana no Estado do Rio de Janeiro mostra que é uma cultura
de importância secundária, sendo cultivada em áreas em declive que não foram ocupadas por
culturas como a cana-de-açúcar, café, laranja. A região é caracteriza-se por pequenas
propriedades que cultivam a banana, favorecidas pelas condições climáticas apropriadas,
características marcantes que podem ser observar à medida que se aproximam das regiões de
serra do Rio de Janeiro.
A cultura da banana em Jareruba é extrativista, com poucos tratos culturais, com
sistema de colheita, seleção e beneficiamento quase não existem e quando há, são muito
deficientes. A cultura apresenta grandes dificuldades em relação à logística interna, sendo o
transporte feito ainda com o auxílio de animais para o transporte da carga.
A Festa da Banana é um evento de caráter popular, realizado pela Associação de
Moradores de Jaceruba (Amoja)e pela Associação de Produtores de Jaceruba (Assoja),
juntamente com o apoio da Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu e seus órgãos
representativos de incentivo e fomento. Institucionalizada pela Prefeitura Municipal de Nova
Iguaçu.
1.3 A Festa dos Ciganos Incorporados:
As Festas dos “ciganos Incorporados” é um misto de traços culturais, um sincretismo
religioso, mergulhado nos traços das religiões afro-brasileira, da cultura cigana e dos credos
católicos. São eventos em que os membros da Tzara Ramirez – tenda onde ocorrem os rituais
de incorporação -, se preparam com vestimentas ciganas, como preparo e apresentação de
grande fartura de alimentos e muita devoção. Os eventos mais importantes, comemorados
pela comunidade são, Festa em honra a Santa Sara Kali, comemorado em 25 de maio e Festa
em honra a Nossa Senhora de Aparecida, comemorada em 12 de outubro.
As Festas Ciganas, sem proteção legal, acontecem na Travessa Minas Gerais nº. 14 -
Santa Eugênia - Nova Iguaçu, onde está localizada a Tzara Ramirez. As comemorações a
Nossa Senhora de Aparecida e Santa Sara Kali, recebem um público visitante por volta de
1.500 pessoas e é feita através de cultos de adoração, onde os “Ciganos Incorporados”
louvam, cantam e dançam em homenagens às Santas e divindades. O maior ápice de
acontecimentos destes eventos se dá pela participação dos membros no ritual de purificação
pelo fogo, a Salamandra, onde as divindades ciganas incorporam nos membros da Tzara e
começam a cantar, dançar e a louvar. A indumentária cigana está presente em todos os
momentos lembrando ou remetendo as características dos povos ciganos pelo mundo.
1.4 Folia de Reis:
O bairro Caonze em Nova Iguaçu, promove o encontro dos demais grupos de folias
existentes na Baixada. Esta festa reúne os moradores do bairro, visitantes de toda a Baixada
Fluminense e pessoas de outros estados atraídas pela cultura da Folia de Reis.
No bairro Caonze, a Folia de Reis normalmente ocorre no 2º sábado do mês de janeiro,
com um público estimado em mais de 800 visitantes.
A iniciativa da execução da festa de Folia de Reis parte de um cidadão que atende pelo
nome de Edson Sigolo. Esta iniciativa encontra apoio na comunidade, nos comércios locais e
paulatinamente, ganha projeção e desperta a curiosidade de pessoas de outros municípios, que
prestigiam e apreciam o evento.
A Folia de Reis normalmente consiste num encontro de demais folias existentes da
Baixada Fluminense e é manifestação mais conhecida no município de Nova Iguaçu.
1.5 Santo Antonio de Jacutinga:
A Festa de Santo Antônio foi realizada pela primeira vez em 1863 quando o município
de Nova Iguaçu era ainda conhecido como Maxambomba. Esta festa realiza-se no centro de
Nova anualmente a partir dos três primeiros dias que antecedem o dia do Santo. São
celebradas missas duas vezes por dia, sendo encerradas somente no dia do padroeiro da
Cidade, treze de junho.
A iniciativa de promover a festa de Santo Antonio de Jacutinga sempre foi da Igreja
Católica, porém, com o passar do tempo, o poder público apropriou-se de parte da festa, a fim
de popularizar os festejos do padroeiro.
A festa de Santo Antonio de Jacutinga, enquanto parte integrante da história do
Município de Nova Iguaçu, foi institucionalizada e protegida pela Lei Municipal (5.995/1998)
que prevê em sua constituição a proteção total da celebração da festividade e o padroeiro do
município. Doces, salgados, bebidas em geral, artesanato, artigos religiosos do santo como
pulseiras, escapulários, velas e flores são comercializados dentro do pátio da Igreja Matriz de
Santo Antonio de Jacutinga.
Com todos os componentes que as constituem, as festas, longe de serem modelos
estagnados, possui simbologias únicas que as fazem tornarem-se aglomerações de pessoas por
mero divertimento, mas, antes é um fenômeno que pode ser considerado traço de identidades
e de culturas, considerando seus sentidos, tanto nas instâncias sagradas quanto nas profanas.
2. As relações entre as festas e a cidade: Sociabilidade e interação
Sobre as representações que as festas fundamentam se pode dizer que, a criatividade, a
religiosidade e a afetividade fazem parte de significativas, incluindo a imagem direcionada
aos gostos, às formas e mesmo aos sentidos no espaço/tempo.
É a imagem de uma vida que deve ser diferente daquilo que ela é. A festa religiosa
parece representar, por tanto um espaço imaginário diferente, onde o homem se
liberte do constrangimento das hierarquias econômicas e sociais, propondo seus
ideais ou fantasiando sobre o futuro. Os mistérios e dramas litúrgicos são aspectos
dessa imensa tentativa de impor ao mundo (desde o período feudal, pelo menos, e
nas sociedades ocidentais) uma igualdade mítica que contradiz a realidade
cotidiana: utopia viva, a festa supõe uma imagem do homem diferente daquela que
lhe impõe o sistema social. (AMARAL, 1998, p. 50).
Todas as vivências do cotidiano, inclusive dos contextos de organização festiva,
incluindo os encontros, as práticas e as formas de fazer, acontecem dentro de um espaço e de
um tempo específico. Estes são constituídos por um longo processo e derivam de uma
formação contínua, “são também fatores determinantes da constituição e do desenvolvimento
das aglomerações sociais. A esta evolução estão ligadas a produção de cultura e de civilização
e a constituição do meio ambiente” (FERNANDES, 1992, p. 1).
Os lugares em que se constrói a história individual ou coletiva, além de fortalecerem
os laços com a comunidade, incluem os atores sociais que fazem todo o processo de
configuração, ritualização e efetivação de cada festividade. A vivência em sociedade é
permeada de encontros e desencontros, de conversas leves ou ásperas, de sorrisos ou
gargalhadas, de reuniões com discussões calorosas (ou não), de comer em exagero, de beber
além da conta, de sair da rotina, ou seja, da vida em sociedade.
O conjunto de relações estabelecido em determinada sociedade, é o que dá sentido em
várias instâncias da vida, quer no trabalho diário, quer em momentos festivos. A vivência é,
“considerada como um sistema de ideias, hábitos, valores e costumes, que caracterizam
sociedades e constitui o seu patrimônio social, a cultura também é uma forma hegemônica de
poder e representa simploriamente o que se concebe por cultura na modernidade.” (ANGELO;
FOGAÇA, 2015, p. 2).
As festas enquanto manifestações da cultura fornecem elementos fundamentais de
sociabilidade e de tensões sociais, no modo de ser e como ser, na convivência com seu grupo,
as interações e conflitos em geral, ou seja, formatam a vida em sociedade. As interações
geradas no desenrolar dos festejos, demonstram a estética existencial e as bases de cada festa
em particular. Mostram ainda, as formas organizacionais, as lógicas, as lutas da comunidade
ou simplesmente a exaltação da alegria ou dá fé, quer individual quer coletivamente. Olhar
cada espaço de criação dos eventos, fornece elementos do mundo simbólico dos significados e
de (re)significações de cada celebração/festa/acontecimento.
A festa é sem dúvida em todas as culturas a manifestação de uma vida
diferente, de uma vida presenteada. Assim, as pessoas na celebração de suas próprias
festas reanimam suas próprias identidades. A festa instaura momentos de novas
temporalidades, extra-ordinários. Ela se opõe ao ritmo regular, rotineiro da vida.
(LUCENA, 2008, p. 1).
Considerando ainda que,
Todo o sistema de relações se inscreve num espaço em que se associam
estreitamente o lugar, o social e o cultural (...), o espaço social é entendido, nesta
perspectiva como um <<campo de forças>> onde os agentes sociais se definem
pelas suas posições relativas. O mundo torna-se um espaço de relações construído de
acordo com os posicionamentos mútuos (FERNANDES, 1992, p.2).
As formas de festejar, comemorar, brincar, orar, rezar, cultuar, comer, participar,
pensar, dançar, identificam o indivíduo e seu grupo, e seu espaço comunitário, onde acontece
no dia a dia, dificuldades e diversas lutas por melhores condições de vida.
Notadamente, nas festas do aipim e da banana, que acontecem em lugares distantes do
centro da cidade, onde o transporte, o saneamento básico, a mobilidade e até a educação são
carentes de ações e políticas públicas mais concretas, há um evidente acordo entre os grupos
que as representam em fomentar seu crescimento que trará melhorias ao local. Sobre estes,
alguns apontamentos relatam o cenário carente:
Então o que aconteceu, quando a gente fez a primeira festa da banana,
começou alguns jornalistas amigos, dá um certo tipo de cobertura. Então o que que
aconteceu, veio muito jornalista fazer entrevista, o povo indignado, logo os levou
pro colégio, entendeu, pra mostrar a situação do colégio, entendeu, nós tínhamos um
colégio com a estrutura boa, grande, e não funcionava. Devido a imprensa bater em
cima, aquela revolta do povo e a gente falando, a diretora falou que as mães tinham
tirado as crianças pra estudar lá fora por motivo de não acreditavam no colégio.
Nisso trocou-se a diretoria através da festa da banana, porque foi quando os
jornalistas bateram em cima, sobre o abandono que estava... melhorou, melhorou
depois que municipalizou. Mas só quando aconteceu porque, porque a festa da
banana aconteceu, veio-se os jornalistas, e foi acontecendo, aconteceu o que, o DER
assumiu a nossa estrada, porque hoje se você for daqui pra vila de cava tu tem
estrada antes não. (Dona Isis Felix, Jaceruba, 2013).
Já na festa do aipim percebe-se como a comunidade sentia necessidade de ter uma
alternativa econômica:
Bem, a primeira festa que aconteceu, os próprios moradores fizeram as
barraquinhas de tábua. Fizeram de tábua tá, até porque, foi uma coisa mesmo criada
pelos próprios moradores e não tinha apoio, criarum pra ter melhoria de dinheiro e
pra ter gente comprando no comércio local. É pelos moradores. Na época foi criada
para gerar renda para os moradores do Tinguá. Olha, a primeira festa como ela foi
muito bem divulgada, nós já tivemos ali mais de 1000 pessoas, que foi um espanto
né, pra todos que fizeram a festa. Aumentou o fluxo de pessoas no bairro não só no
período da festa, mas também a frequência de visitantes em Tinguá aumentou muito.
Só é preciso que os moradores, quem tem o seu comércio entenda, que não pode
fazer muito barulho que atrapalha os turista, já tentamos trabalhar isso, cada um quer
fazer um barulho maior. Os moradores não reclamam não da festa, quem reclama é
os visitantes que reclama da estrutura do acesso. É muito difícil das pessoas
chegarem e sair fica difícil, chegar chega bem, mas sair e pior ainda. (Dona
Raimunda de Landa, Moquetá, 2013).
Dentro dessas falas, percebe-se a mudança do cenário local, especialmente como estes
eventos mudaram a realidade e vida das pessoas, além de uni-los para o sucesso da criação
das festas e das vidas comuns do dia a dia.
Jaceruba teve significativa melhoria na infraestrutura, percebendo-se mudanças
positivas nos transportes, na educação, na economia e renda local. Foram os problemas
estruturais que os levou a agir em comunidade, “a responsabilidade pessoal é, em
consequência, diluída na responsabilidade do grupo, situado num dado espaço (...) A
comunidade assume assim, de forma natural, uma verdadeira dimensão espacial fundada na
consciência de uma continuidade” (FERNANDES, 1992, p. 4 - 5).
As práticas sociais estão em constantes mutações, quer seja por diversão, crendices ou
modos de passar o tempo, “a compreensão dos diversos significados das festas faz com que
sua concepção não se restrinja apenas às suas formas manifestas, como nas abordagens
folcloristas’ (LEONEL, 2001, p. 8). Trata-se, pois, de entender suas razões e seus motivos:
No município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, as
comemorações se identificam com a cultura popular e alimentar, reproduzindo não
somente um discurso de disputas, como também de formações da identidade coletiva
e do patrimônio cultural da região. As festas do milho, da banana e do aipim,
concentradas em bairros periféricos, pertencem às histórias de luta pela terra e o
direito sobre ela, pelo trabalho e também pela aceitação nas diversas áreas
periféricas, ligadas ou não à religião e, ao mesmo tempo, já cristalizadas pelo povo
como partícipe do seu calendário de eventos municipal. (ANGELO; FOGAÇA,
2015, p. 3).
Sob a perspectiva do convívio social, da (re)significação e da identidade, estão as
festas de caráter religioso, Festa de Santo Antonio, Festa do Milho, Encontro de Folia de Reis
e a Festa Cigana.
Essas festividades demonstram em sua configuração, evidências de caráter
comunitário, em termos de trabalho, organização, objetivos, concordâncias e sentidos comuns,
“como um processo cultural vivenciado no seio da sociedade, através de um conjunto de
práticas diversas e dispersas (PASSOS, 2002, apud LEONEL, 2011, p. 8).
Explicitando essas colocações, na Festa de Santo Antonio, a socialização está nos
preparativos que antecedem o evento. Padre Marcus relata sobre a dinâmica de organização
da festa:
A gente já desde o início da preparação da festa, todo ano isso acontece, a
gente faz um diálogo com o município né, nós temos um espaço interno, um
pequeno pátio na frente vocês conhecem e temos um espaço um pouco maior, mas
não é tão grande, ao lado e de fato é isso mesmo, as barracas que estão ao lado
nesse espaço que é o chamado espaço comunitário e as barracas de artigos
religiosos que ficam na frente aqui no pátio em frente da igreja são da nossa
paróquia, todos os paroquianos ajudam na organização e na logistica de comida, de
venda de montagem e ficam o tempo necessário ajudando. Agora desde o início há o
diálogo com a prefeitura, porque precisa se fechar a rua porque o espaço não é tão
grande. Alugam se as barracas, agora isso já não pertence a nossa Diocese de Nova
Iguaçu, é da prefeitura essa organização e também uma ajuda financeira vai pra
nossa Diocese por ser a festa, assim, da Diocese a prefeitura também tem uma festa
do padroeiro da cidade. Cede-nos também essa possibilidade de oferecer aquilo que
é arrecadado do lado de fora pro trabalho de conjunto de toda a nossa igreja como
Diocese de Nova Iguaçu, agora a nossa dentro, assim, é envolvimento maior e
organização maior aqui como catedral de Nova Iguaçu é do nosso espaço aqui
lateral, o espaço maior e também da frente da nossa igreja , mais tudo é feito, assim,
com comunhão com a prefeitura, porque se é muita gente tem que ter uma estrutura
boa, segurança num é, tem que ter uma estrutura pra acolher as pessoas bem, tem
que ter banheiros químicos, tem que ter um som né... e tem que ter um espaço
reservado pra que as pessoas possam né, agradecer as graças recebidas na igreja e
participar aqui fora no pátio nas barracas... então se fecha daqui até a praça da
liberdade como vocês sabem pra que haja uma... um lugar acolhedor, seguro
também pra todos aqueles que aqui chegam. (Padre Marcus Barbosa, 2013)
A religiosidade é constantemente percebida nos devotos de Santo Antonio, sendo
intensificada quando participam dos preparativos que antecedem os dias de festas. Nota-se
uma preocupação com os fiéis e com a população que frequenta os festejos, tentando
organizarem-se da melhor forma possível para o sucesso da festa em todos os seus momentos.
O poder público se faz presente por se tratar do padroeiro do município e por levar
inúmeras pessoas, entre católicos ou não, a participarem de formas diferentes do evento, quer
seja dentro dos limites da igreja – espaço sagrado-, quer fora dela, - espaço profano, on de se
comemora com a comensalidade e os votos de felicitação ao padroeiro da cidade. Dentro dos
moldes católicos, a preparação da festa envolve muitas pessoas na logística, na preparação dos
alimentos, inclusive dos famosos “pezinhos do Santo” – doces que homenageiam o Santo
Antonio-, ou nas barracas que comercializam produtos diversos ou vendem alimentos aos
visitantes. Nas reuniões do pré e pós evento, estão as marcas intrínsecas do ser social que age,
cria, recria e molda os sentidos ao seu redor. Nas barracas de venda, os sorrisos e as
lembranças dos eventos passados também se apresentam como meios de comemorar e
construir as imagens que os identificam, além de dar significados aos acontecimentos.
No encontro de Folia de Reis, é bem evidente o envolvimento dos personagens que
fazem a festa acontecer. À frente de sua organização, está o Sr. Edson, que no intuito de
resgatar um evento de grande importância, percebeu que podia fazer algo que não deixasse a
tradição sucumbir com o passar dos anos:
Os reiseros se foram, aí ficou os neto, as suas esposas, sabe, e daí se eu não
fizesse essa festa, jamais, não mais eles veriam mais Folia de Reis. Então, por ser
uma coisa tão religiosa que... e o quanto é bom hoje em dia a questão de estar
falando de Deus mediante a tanta violência, tanta coisa ruim, quando se agrupam e
venham a se reunir pra falar de Deus é uma coisa muito bacana e é uma coisa que
faz muito bem, ainda mais no instante que estamos de tanta violência. Daí eu fiz
(pausa) ta entendendo? Eu disse: não, todo ano eu vou fazer, nem que seja duas, três
folia de reis. Eu vou fazer o encontro cultural de Folia de Reis. Aí eu tô no oitavo
encontro cultural de folia de reis. As pessoas, elas gritam, elas aplaudem, sabe, elas
dançam junto com a folia de reis, que bacana isso, que bom isso, é uma periferia, né,
por um morro desse aqui, muito legal, a criançada tá de frente, vai lá no encontro
dela, quando ela começa a bater daqui que vai subindo em direção ao presépio, elas
descem, sobem juntinho com a folia de reis, sabe, aquele monte de gente... Lindo,
lindo, lindo ver o bailado dos palhaços e todo o resto! (Edson Sigolo, Caonze, 2013).
Ao analisar as falas de Sr. Edson, nota-se não só a felicidade recompensadora de ter
iniciado o Encontro das Folias de Reis, mas na satisfação proporcionada pela manutenção da
tradição na cidade. É uma tentativa de resgate da tradição de organizar a folia de reis, que o
impulsiona e o motiva a cada ano continuar (re)inventando o encontro de Folias.
Visivelmente, “a tradição é uma versão intencionalmente seletiva de um passado modelador,
[que] faz com que determinados temas sejam cultuados e rememorados nas novas gerações.”
(LUCENA, 2008, p. 98).
Esse encontro pode ser entendido como manutenção temporal das folias dos bairros e
o que representam às comunidades, à cidade e aos devotos da ritualização:
As folias representavam comemorações do período natalino com doações e
presentes a partir de cantorias e danças realizadas nas casas; posteriormente trazidas
pelos jesuítas, para o Brasil, como elemento catequizador dos gentios. A folia como
parte da festa conforme Arantes (1998), não pode ser cristalizada, pois é dinâmica,
sendo impossível evitar as mudanças subjetivas que ocorrem conforme o momento
histórico em que são produzidas. São as mudanças que asseguram a continuidade,
bem como a sobrevivência das tradições e dos costumes, portanto da festa, da folia,
da religiosidade e cultura popular. (D’ABADIA; BATISTA p.3).
Já a festa Cigana, traz em seu bojo, um universo surpreendentemente carregado de
subjetivismo sincrético, quer seja nos ritos, na adoração ou na organização do trabalho na
Tenda. Composta de mais de 60 membros a tenda Tzara, constitui-se um local de encontro e
(re)encontro com o sagrado, com os ritos, com as orações, com as pessoas com os objetos de
devoção, além das terapias alternativas (cromoterapia, cristais, heike, a chama violeta e
massoterapia). Muitos visitantes vão à tenda em busca de curas, incluindo as terapias,
ofertadas aos domingos pela manhã, como forma de dialogar com não adeptos, além de
ampliar seus conceitos que incluem ajuda ao próximo.
(...) num universo em construção e reconhecimento, acontece dentro de um
espaço denominado Tenda Tzara Ramirez, sendo um lugar que aparentemente
remete ao universo da cultura cigana conhecida mundialmente. Seus primeiros
aspectos de diferenciação começam a ser evidenciados no momento em que se
reconhece seu universo de construção, o que se dá ao simples fato de que esta
comunidade que se identifica como ciganos nasce dentro do segmento religioso
Afro-brasileiro, a umbanda. Os membros da Tenda Tzara denominam-se “ciganos
incorporados”, ou seja, são adeptos da umbanda e criaram o espaço para os
encontros do grupo. (SILVA; ANGELO, 2013. p. 9).
Sobre o espaço comum vivido, formado e ampliado está a forma de concepção do
fundador:
O cigano Juan Ramirez que fundou a Tenda Tzara em 1992, na Bairro
Chacrinha, mais com aumento dos adeptos, houve necessidade de um local mais
confortável e maior. Aí veio pra cá, no bairro de Santa Eugênhia, a direção é do
Médium Barô Marcelo conhecido como Anrez. Mas é sua irmã Arimar que cuida da
rsponsabilidade de tudo, porque o Marcelo, tem outros compromissos da umbanda.
A tenda funciona com encontros quinzenais para atendimento ao público, reunião e
adoração a Nossa Senhora de Aparecida e Santa Sara Kali. Os encontros são a cada
quinze dias e tem serviços gratuitos a comunidade pelos ciganos incorporados
evoluídos, a partir das 10h da manhã. Os ciganos chegam cedo nesse dia, para
limpar e preparar tudo no local, vão cantando, vão nos mantras e limpando o local
de tudo. Quem tem que fazer compras para as cerimônias, vai fazer, quem tem que
fazer bolos, vai fazer, quem limpa vai limpar. Os homens vão ficar auxiliando e
deles é encarregado a fogueira. (Tenda Tzara Ramirez, 2012).
Seja o sagrado, um universo específico e misterioso, para cada um que lida com sua fé
ou devoção, pode-se apreender enquanto sentido, um universo repleto de acontecimentos que
tem o intuito de aglomerar, conduzir e mesmo direcionar pessoas, mas ao mesmo tempo,
respeitando seus princípios e formas de pensar, no qual “a coerência de um habito cultural
somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence.” (LARAIA, 1986, p. 87).
A festa é o lugar privilegiado da reunião das diferenças, não importa se a
festa é profana ou religiosa, espaço de figurações sociais. Assim, o festejo funciona
como mecanismo de neutralização dos conflitos e diferenças, cria uma convivência
ilusória de que a sociedade é igualitária e solidária. (LUCENA, 2008, p. 3).
Logo, “é preciso considerar que a religiosidade popular não é mero artefato histórico-
cultural, mas expressão de sociabilidade, pois se trata de um reflexo da ação das pessoas e
encontra-se circunscrita no cotidiano, nas faltas e conflitos das realidades de um povo.”
(LEONEL, 2011, p. 9).
As festividades do iguaçuano, entre o sagrado e o profano, vão enriquecendo a
população com traços culturais significativos, identidades, símbolos e representações que,
acabam modelando as manifestações populares. Todos os acontecimentos de uma maneira
geral ficam conhecidos e reconhecidos pelos lugares ou por seus objetos representativos. As
festas ou celebrações, rituais de fé, penitências ou adoração, ocorrem em determinados locais,
e estes se tornam marcas culturais do seu povo.
3. As Festas e suas relações com a potencialização do turismo local
As festas têm todo um universo simbólico de construções, englobando as relações
sociais e o modo como procuram representá-la para o outro, ao homenagear, honrar, cultuar,
preservar e formar o seu modus operandi, que inclui hábitos, valores e costumes.
As práticas sociais iguaçuanas, suas formas de fazer, sua arquitetura, suas simbologias,
e sentidos, estão imbuídos de sociabilidade experienciada e vivida, pois, “a construção do
pertencimento coletivo ou grupal passa pela percepção de sua formação.” (ANGELO;
FOGAÇA, 2015, p.4).
Esse sentido de cada festa se dá por meio das relações populares incumbias de
perpetuar ou garantir a existência das mesmas. A festa não é apenas um mero espetáculo, é ,
antes de tudo, o espaço construído pela comunidade, como forma de se fazer ver, se fazer
sentir e ser. Sua existência pode ser pensada como forma de devoção, demonstração de forças
e lutas ou valorização do sagrado ou do profano, mas é esse diferencial que torna-se atrativo.
Independente de suas origens, as festas são verdadeiras encenações a céu
aberto que têm como cenário as ruas e praças públicas das cidades. As festas
possuem características únicas, por estarem associadas à civilidade, por reviverem
lutas, batalhas e conquistas, homenagearem heróis, personalidades e mitos. Podem
estar associadas à religiosidade como acontece com as festas litúrgicas ou em louvor
aos santos, principalmente em louvor aos santos padroeiros de cada localidade;
podem estar ligadas aos ciclos do calendário para comemorar os momentos
importantes da vida cotidiana, como no caso das festas de colheitas ou festas da
culinária; podem ser festas folclóricas que recriam algo que ficou na memória
coletiva; podem ser festas étnicas por expressarem a tradição cultural das
comunidades de imigrantes, sobretudo europeias ou podem, ainda, ser festas do
peão, tão difundidas no interior do país. (...) não existe sociedade humana sem festa.
A festa é um “espelho no qual o ser humano se reflete, buscando, respostas para sua
condição de precariedade frente à vida” (CAPONERO; LEITE, 2010, p. 3).
Qualquer que seja a festa, ela carrega em si o Patrimônio Cultural do local, pois é feita
pelo patrimônio humano, com seus símbolos, significados e sentimentos da comunidade que
justifica ou não sua existência. “Como momentos importantes para o exercício da
sociabilidade no contexto urbano, as festas e procissões religiosas ativam a memória dos
moradores da cidade, bem como reforçam as tradições culturais, o sentimento de identidade e
pertencimento coletivo.” (ARAGÃO; DE MACEDO, 2013, p. 3).
Em Nova Iguaçu, evidencia-se nas festas, a memória e as representações sociais na
construção dos sentidos das manifestações da cultura imaterial e do cenário cotidiano vivido e
carregado de histórias. Tal qual, a exemplo:
O bairro de Tinguá guarda em seu patrimônio material fragmentos da história
iguaçuana, traços significativos das memórias econômicas da região e da
religiosidade de seu povo, como a Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu
(1699), a Estrada Real do Comércio (1811), o Porto do Iguaçu (1830), a Fazenda
São Bernardino (1875) e a Estação Ferroviária de Tinguá (1876). Além da própria
Rebio do Tinguá (reserva biológica), de fauna e flora abundante e de valor
imensurável para a região em termos ambientais e culturais. A articulação do
patrimônio material com o imaterial se forma por meio de elos com cultivo da terra
e o modo de vida de seu povo, pois Tinguá representa sobremaneira a cidade de
Nova Iguaçu, seus tempos históricos organizados pela olaria, o café, a laranja e o
que sobrou desses períodos, seja nas ruínas atualmente relegadas à fazenda São
Bernardino e seu entorno e à configuração geográfica dos Patrimônios, seja na vida
cotidiana de seu povo e suas adversidades. (ANGELO; FOGAÇA, 2015).
As festas podem ser encaradas ainda, como fenômenos culturais permeados por
dimensões políticas, econômicas e sociais, estruturais e históricas. Dentro desse contexto, está
o Patrimônio Imaterial que pode ser visualizado na natureza e na cultura de um povo, por
meio de suas manifestações culturais, percebidos na música, na dança, na alimentação, nos
seus costumes e práticas cotidianas. Essa perspectiva é subjetivada no papel da memória e da
tradição numa forma de construção de identidades e também da legitimação desta.
As várias percepções acerca do universo festivo atraem pessoas de vários lugares, o
que possibilita vislumbrar a atividade turística para o local. Os aspectos que dão valor ao
diferencial são promotores de turismo cultural e também do lazer tanto da comunidade quanto
aos turistas e visitantes que procuram conhecer melhor esse universo simbólico. Pelas
diferenças buscam-se as diversas identidades alocadas em crenças e valores, diferenciados por
meio da cultura material e imaterial (ANGELO, 2012).
As festividades e suas mais diversas formas de fazê-las permeiam a vivência em
sociedade, cada um com sua forma específica de adorar, homenagear seus ídolos, dançar,
cantar, criar e recriar simbolismos com os quais tecem seu universo cultural e deste modo a
cultura acaba por ser também uma forma de inventar as tradições e assim se tornando um
elemento potencial para a apropriação turística.
O Turismo pode ser entendido como apropriador de formas, símbolos e espetáculos,
mas também transformador do ambiente físico, econômico e sociocultural. É uma atividade
que pode “gerar problemas sociais, degradar o meio físico ambiente, o meio cultural,
aumentar índices de criminalidade, prostituição e gerar conflitos na comunidade anfitriã”
(IGNARRA, 2003, p. 80-81), mas também é beneficiadora do espaço, território.
Pensar no turismo como benéfico para a população iguaçuana, é buscar entender que
ele é um fenômeno que pode transformar social, cultural e economicamente a cidade,
especialmente relevando seus contextos variados da realidade social (BENI, 2007).
Pensar Nova Iguaçu enquanto potencial atrativo turístico é remeter-se a todos os bens
de natureza material e imaterial que esta possui, e também enquanto possibilidade ao
desenvolvimento do turismo cultural, partindo da apropriação dos bens variados que a cidade
possui em especial ao imaterial como forma de ser e estar no espaços.
O Turismo Cultural se propõem a apropriação do universo simbólico construído
histórico e culturalmente pelo homem. Assim,
O turismo cultural pode ser entendido como a vinda de pessoas de fora da
comunidade receptora motivadas completamente ou em parte por interesses na
oferta histórica, artística, científica ou no estilo de vida, tradições da comunidade,
religião, grupo ou instituição. Dessa definição percebe-se que todo o conjunto de
bens tangíveis ou intangíveis pode compor o que se chama de turismo cultural.
(ANGELO, 2012, p. 9).
Em nova Iguaçu, neste sentido, percebe-se que as festas, uma vez garantidas no
cenário cultural, movimentam pessoas de seu entorno e de cidades vizinhas. A tradicional
Festa do Aipim e nomeadamente a pouco tempo, Festival Gastronômico de Tinguá,
movimentou em sua edição em 2013, aproximadamente 150 mil pessoas para apreciação do
evento:
‘Agora, sim, Nova Iguaçu ganhou um espaço que vai fazer da cidade
referência de megaeventos na região da Baixada Fluminense. O trânsito fluiu
normalmente, a segurança deu tranquilidade a todos, e a organização foi excelente.
A soma de tudo isto contribuiu para o sucesso de público. Não tivemos qualquer
problema para receber as multidões, que participaram ativamente da festança
durante cinco dias. Foi um evento fantástico. O povo da região de Tinguá está de
parabéns. Vamos cuidar das próximas festas e trazer melhorias urbanas e ambientais
a toda região para que em 2014 os dez anos da Festa do Aipim vire uma apoteose’,
exultou Bornier (JORNAL NOTÍCIAS DE NOVA IGUAÇU, 2014 apud ANGELO;
FOGAÇA, 2015. p. 5).
Percebe-se que, de seu nascimento em 2003 para a edição em 2013, a festa
transformou-se num evento que movimenta a cidade, pois, ao movimentar grande número de
visitantes vai sendo dinamicizada como mega evento, e isso requer cada vez mais atenção ao
planejamento da atividade.
Tanto a festa do Aipim quanto da Banana vem crescendo em número de visitação a
cada ano, aos poucos, as melhorias da estrada e das condições de vida de seus moradores. A
exemplo das edições, o evento que se consolida enquanto formação identitária local, de
referência ao bairro de Jaceruba vai sendo delineada a cada momento:
Antes Jaceruba era conhecida por ser um bairro distante da Cidade e pela
lama pra chegar aqui, e agora quando alguém me pergunta onde eu moro, eu digo,
Jaceruba. E aí, logo eles dizem: ‘é lá que acontece a festança da abanana né? Dizem
que tem tanta coisa gostosa de comer lá!’. (Dona Isis Felix, 2013.)
Pairando sob a cultura imaterial e o deslocamento de pessoas, num meio produzido
pelos indivíduos e em suas formas de demonstração de fé, penitências, credos e o respeito ao
sagrado de modo em geral, está o Turismo Cultural Religioso, configurando-se como um
aporte ao desenvolvimento local.
Caracteriza-se ser uma segmentação turística, como forma de auxiliar o setor,
objetivando o planejamento, a gestão e o mercado. De acordo com o Ministério do Turismo
(Brasil, 2008), o turismo religioso enquadra-se como um segmento de turismo cultural, visto
que ir a locais, santuários e igrejas representativas para qualquer religião, além dos aspectos
dogmáticos, é uma forma de conhecimento cultural.
Nesse sentido, podem ser as festas, trabalhadas a partir do rico universo religioso e
seus muitos sentidos. De acordo com (ARAGÃO; DE MACEDO, 2011), a
multifuncionalidade que envolve o sagrado, promove diversos sentidos em uma mesma
cultura, pois além de possibilitar a interação de pessoas de diferentes lugares, através de
romarias, peregrinações e os diversificados meios devocionais, é contudo um agente cultural
de transformação e identidade, que revela em si as facetas particulares em suas práticas e nas
diferentes formas de fazê-las.
As festas religiosas iguaçuanas, possuem certas características marcantes de
movimento de pessoas em nome do sagrado. A festa de Santo Antonio traz para suas práticas
devocionais sagrado-profanas, pessoas de todo o entorno:
A festa realizada aqui, aqui dentro da catedral, no espaço aqui ao lado, uma
festa que envolve a participação da comunidade e também das pessoas que chegam
de fora, muitos ainda não percebem que acontece uma festa aqui dentro, mais o
motivo dessa festa aqui dentro é a confraternização tanto da comunidade quanto das
pessoas que chegam e nessa confraternização nós prestamos a nossa devoção ao
santo; a festa lá fora eu é uma festa também que que também ela envolve muitas
pessoas, mas que eu acho que é organizada pela prefeitura de Nova Iguaçu e a gente
não diz , assim, não tem nada a ver, tem sim porque todas são feitas durante os
festejos do santo então são de grande importância , mas a festa realizada dentro da
catedral envolve a comunidade, a catedral e as pessoas que vem de fora que nos
visitam e que vem prestigiar também o santo que são muitas pessoas, o nosso espaço
realmente fica bem cheio e bem movimentado. (Tenda Tzara Ramirez, 2013).
Compreender os aspectos do comportamento, as necessidades e singularidades da
cultura em suas manifestações tanto de grandes ou de pequenas dimensões na sociedade local,
requerem um olhar mais minucioso e detalhista no conhecer o diferente e seus vários sentidos.
Não são simples acontecimentos, mas construções de universos distintos em constante
movimento.
Caracterizando-se, como resgate cultural, encontramos no Encontro de folia de Reis,
elementos de grande importância cultural para o desenvolvimento da atividade turística, e
para o turismo religioso. O evento em si, se constrói único enquanto insistente em permanecer
fazendo parte da cultura iguaçuana. Apesar das mudanças ao longo do tempo, quer pela não
valorização de seus descendentes, quer pela ausência de políticas públicas de cultura,
consolida-se a cada edição como representação de fé, devoção e manutenção das tradições
sagrado-profanas, além de atrativo a visitantes em geral.
Aqui a folia... Sempre Viva do Oriente, de Caxias, como ela vem ao bairro do
Caonze, ela acaba trazendo algumas pessoas também junto a ela. Aí tem a folia,...
tem a folia de Austin, sabe, tem a folia de Morro Agudo, tem a folia de Vassouras,
sabe, e assim a gente acaba aqui recebendo pessoas de todos, vários municípios do
estado do Rio de Janeiro e até mesmo pessoas (pausa)... como é que eu posso falar
aqui? Turistas de outros países... no evento passado um holandês que tava aqui. Foi
tão engraçado, da Holanda ele... não entendia nada (risos). Aí ele... aí tinha um
intérprete do lado, até falou “posso filmar?”, aí eu falei: “fica a vontade”, tudo ficha
limpa. Aqui é uma periferia mas é um lugarzinho de pessoas de muita cultura, assim,
fica muito a vontade. Ele saiu daqui muito feliz. É uma coisa muito bacana que
enriquece muito o bairro do Caonze. Quando eles (os Turistas) viram um grupo de
quarenta, cinquenta foliões, com seus instrumento, com, com dez, quinze pessoas
mascarada, com suas tira, com suas farda, eles falou: “puxa vida, o que que é isso?”
Sabe, a princípio quando o cara olha a imagem, parece um carnaval. Né? Um
carnaval, entende? Isso atraiu a curiosidade, né, do gringo. (Sr. Edson Sigolo,
Caonze, 2013).
De caráter sincrético, a Festa Cigana, também traz pessoas para suas comemorações.
Não são meros expectadores, são partícipes do contexto existencial, que fazem o acontecer da
festa:
Para as tendas quinzenais vem mais a população da cidade de Nova Iguaçu e
agora nas festas maiores, de Sara Kali e de Nossa Senhora Aparecida, vem pessoas
de todo o Rio de Janeiro e até de São Paulo. Aqui essa Tenda é referência de
encontro dessas pessoas que incorporam ciganos, sempre mesmo fora das grandes
festas. Porque tem cigano que incorpora em outros lugares e aí vem, vem pra aqui
para conhecer e se ajuntar aqui. Nas festas maiores, vem ônibus da região dos lagos,
vem de são Paulo, vem mais do Rio de Janeiro. Vem e fica uns três dias, fica na casa
de uns e de outros, fica alojado com o pessoal da tenda mesmo, até as festas
acontecerem e eles irem embora no outro dia. (Dona Raimunda, Santa Eugênia,
2013).
Notadamente, esta festa cigana, vem aos poucos aumentando não só seus adeptos, os
ciganos, mas outros indivíduos, à medida que vão sendo incorporados, também vão definindo
os sentidos religiosos. Percebe-se que, a população local, independente do credo, também se
faz presente nos eventos da tenda. Os rituais, as danças, os gritos de saudação, as barracas de
venda de produtos e souvenirs, trazem elementos novos para o visitante e para os adeptos que
chegam e se extasiam com o que vêem.
Por meio da constatação da diversidade festiva no seio iguaçuano, pode-se pensar que
a religiosidade é uma marca constante da cultura local. A cultura enquanto objeto, não é
estático, é feito de gentes que vivem e produzem significados e símbolos dentro da construção
do cotidiano.
Dessa forma, o Turismo cultural religioso, além de promover o encontro do visitante
com os atrativos, quer seja, culturar, penitenciar ou simplesmente divertir-se, promove a
correlação ao conhecimento cultural.
O enfoque na cultura local, impõem símbolos e mudanças nas formas de sociabilidade
e no que é considerado moderno e desenvolvido, contrapondo-se ao valores e padrões
tradicionais/conservadores. “Nesse contexto, os padrões e valores da cultura urbana tornam-se
mais atrativos aos olhos das gerações mais novas: a dinâmica da sociedade de consumo trata a
cultura, as suas expressões e as manifestações regionais e locais como se fossem objetos e
coisas descartáveis. (MORIGI, 2012, p. 8).
Nesse sentido, pensa-se na festa não apenas como um ritual passado, onde
são imprescindíveis não só a contextualização histórica e os principais aspectos
culturais da cidade, mas também o seu entrelaçamento com a história
contemporânea, com a cultura massificadora da modernidade globalizada e com o
turismo de massa que atraem milhares de pessoas interessadas na riqueza religiosa,
cultural ou histórica do país, ou apenas interessadas em divertimento. (CAPONERO,
2010, p. 3).
Nova Iguaçu, além do rico universo de patrimônio imaterial, também concentra um
vasto patrimônio material, herança dos tempos áureos do passado, são “heranças dos
momentos históricos pelos quais se influenciou e pelas diversas formas de representações
culturais que orientam, influenciam, caracterizam ou determinam os desdobramentos e
eventuais transformações que vivenciou. (ANGELO; FOGAÇA, 2015. p. 8).
No tocante a seu Patrimônio Material, a cidade guarda adormecida seus bens móveis
reconhecidamente tombados pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Casa da Fazenda São Bernardino) e pelo INEPAC – Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural/RJ (Conjunto Urbano da Extinta Vila de Iguaçu (atualmente chamada
Iguaçu Velha), Igreja de Santo Antônio de Jacutinga - atual Igreja da Prata, Capela da
Fazenda da Posse, Capela Nossa Senhora de Guadalupe (Igreja Velha), Instituto de Educação
Rangel Pestana, Lar de Joaquina e Galpão, Antiga Estação Ferroviária de Jaceruba, Antiga
Estação Ferroviária de Tinguá, Antiga Estação de Vila de Cava, Antiga Estação Ferroviária
de Rio d’Ouro, Igreja Nossa Senhora da Conceição de Marapicu, Serra do Mar e Mata
Atlântica e Reservatório de Rio D`Ouro).
De certa forma, percebe-se certo descaso e ausência de políticas culturais para com
tais bens que compõem o patrimônio material da cidade, culminando no atual estado de
deterioração de alguns e outros desaparecendo lentamente pela ação do tempo ou de vândalos.
Mesmo não sendo propósito pensar no descaso dos bens matérias histórico e culturais,
as questões de pertencimento, ação e preservação vão sendo formas de pensar sobre a história
da cidade enquanto elemento potencializador do turismo cultural.
O patrimônio cultural iguaçuano é formado pelos bens históricos de natureza material
e imaterial que vem reforçar a possibilidade de um desenvolvimento turístico histórico
cultural e religioso também para a cidade.
Tanto as festas que identificam a cultura alimentar, quanto as relacionadas à
religiosidade popular, possuem um elo com a formação do lugar e reconhecimento
do povo, trazendo com isso uma forma de expressão para as lutas coletivas, para o
fortalecimento político e para o benefício econômico da região. No município de
Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, as comemorações se identificam com
a cultura popular e alimentar, reproduzindo não somente um discurso de lutas, como
também de formações da identidade coletiva e do patrimônio cultural da região.
(ANGELO; FOGAÇA, p. 3).
Nesse sentido, percebe-se a forte identidade do povo iguaçuano através de suas festas,
seus bens materiais e suas formas de fazer. As várias percepções acerca do patrimônio
imaterial, o e do deslocamento de pessoas que se dispõem a ir e vir, consciente ou
inconscientemente, faz a atividade turística, ser vislumbrada. A característica intrínseca do
lugar o diferencia dos demais, e com, isso, cria a possibilidade de apropriação pelo turismo.
Considerações acerca da relação entre festa, identidade e turismo
Como legado histórico, heranças, tradições, construções do cotidiano de dificuldades e
lutas, invenções ou (re)invenções, estão estruturadas as Festas iguaçuanas. Com seus ricos
detalhes, sua imponência em tamanho ou ainda suas singularidades construtivas, elas vão
delineando e formatando espaços de sociabilidade local.
Ao analisar as festividades enquanto objetos identificadores das comunidades e meio
construtivo que consolidam referência a um determinado lugar ou grupo, também se partiu da
premissa de que corroboram para a transformação social da cidade.
Sobre esse aspecto, os variados momentos festivos, ao transforma-se em atos
celebrativos, apresentam-se como universos culturais constituídos a partir de singularidades,
especificidades e conceitos próprios construídos socialmente.
É notável o esforço e os meios que cada um dos atores sociais tem e usam para
construírem suas festas, de forma que esta os represente e sirva de referência identificadora.
Da festa da banana e do aipim pode-se apreender sua conceitualização a partir das
dificuldades que os indivíduos das localidades viviam. Ao escolherem um símbolo festivo que
os representasse em suas lutas e suas conquistas, esses elementos firmaram a celebração do
alimento e o viés gastronômico como atratividade.
A festa do milho, motivação pela fé, além de buscar adeptos ao segmento que os
motiva a cada edição, também uma forma de lazer, sociabilidade e comensalidade na região,
carente de atividades culturais e de recreação.
A festa do Divino é a herança e a tradição que sustenta e motiva sua organização ano a
ano. Pois, ao manter a fé, condiciona a participação dos adeptos da divindade ao ato de
acolher de Dona Antonia, que participante da comunidade, enseja a melhoria das condições de
vida da mesma pelo agradecimento diário e união na respectiva oferenda de ações rituais.
A festa cigana, se consolida cada vez mais, pois, condensa seu universo sincrético e
específico, festejando Santa Sara Kali e Nossa Senhora Aparecida sempre acompanhados
pelo calor da Salamandra, buscando purificação e união a seu povo.
A tradicional festa de Santo Antonio de Jacutinga, padroeiro da cidade é um marco
grandioso de referência histórica da Cidade de Nova Iguaçu e, em larga medida fomenta a
circulação de milhares de visitantes durante a semana dos festejos, questão essa que corrobora
com a religiosidade e o fomento ao turismo cultural.
Como resgate cultural das tradições, promessa da prefeitura de Nova Iguaçu, o
Encontro de Folia de Reis do Caonze, insiste em manter as tradições e, a cada nova edição,
compromete-se a não deixar-se extinguir através das gerações futuras.
Independentemente de qual seja a classificação festiva ou a sua tipologia, a
inquestionável forma de apreensão das realidades se dá na dinâmica cultural, apreendida por
meio das transformações temporais e espaciais.
Quer sagrada, quer profana, a festa reúne pessoas com objetivos diferentes, uns para a
devoção, agradecimentos e penitências, outros por mero divertimento. A festa tem seus
muitos significados que identificam ou separam grupos e pessoas. Pensar como elas vieram a
existir é trazer à tona as memórias de tempos passados, dos portadores de memórias e do
poder de (re)construção contínua.
Através desses discursos de rememorar é que foram se construído as características
primordiais de cada festividade. As memórias que relatam fatos, são as mesmas que contam
as lembranças que fornecem elementos que, talvez não retrate o ato fielmente, sendo elas
transformadas numa forma de manipulação no meio do grupo, também são passíveis de
direcionamentos.
De encontro a preservação, esse universo cultural possibilita a potencialização da
atividade turística.
Evidencia-se através de alguns depoimentos, a necessidade de melhorias que
fomentem a valorização desse espaço simbólico das festas enquanto potenciais atrativos
culturais da região. Através da apropriação de forma planejada dos recursos culturais podem-
se vislumbrar mais melhorias a comunidade iguaçuana, através a inserção dos moradores
locais nos serviços que são promovidos por meio do desenvolvimento do turismo.
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Depoentes:
Isis Felix do Rêgo, 52 anos, moradora do Bairro de Jaceruba desde que nasceu,
membro da comissão de organização da Festa da Banana de Jaceruba, desde a 1ª
Edição em Dezembro de 2007. Entrevista concedida em: 17/10/2012.
Raimunda Oliveira de Landa, 74 anos, nasceu em Minas Gerais, reside atualmente no
município de Nilópolis, foi membro da comissão de organização da 1ª Festa do Aipim
e convidada a fazer parte da Organização da 1ª da Banana de Jaceruba, edição de
2007. Entrevista concedida em 15/10/2012.
Edson Sigolo, 45 anos, nasceu em Mesquita, é a personalidade que encabeça os
encontros de Folia de Reis no Bairro K-11, em Nova Iguaçu. Entrevista concedida em
10/01/2013.
Padre Marcus Barbosa Guimarães, 51 anos, nasceu em Mesquita, é pároco da Igreja de
Santo Antonio de Jacutinga em Nova Iguaçu e um dos principais coordenadores dos
festejos em homenagem ao santo. Entrevista realizada em 06/06/2013.
Tenda Tzara Ramirez. Informações concedidas por D. Raimunda e Arimar. Entrevista
concedida em 17/09/2012. Arimar Ramirez, 45 anos, nasceu em Nova Iguaçu,
secretária da Tenda Tzara, situada na Trav. Minas Gerais nº. 14 - Santa Eugênia -
Nova Iguaçu - R.J. Entrevista concedida no dia 17/09/2012. Médium Marcelo de
Onira, 42 anos, foi iniciado na umbanda em 03 de Dezembro de 1978 e recebeu a
entidade Juan Ramirez em 01/01/1989. Entrevista dada por D. Raimunda e Arimar
Ramirez concedida em 17/09/2012