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É TICA PARA TODOS OS SERES E ECOLOGIA PROFUNDA : UM PRELIMINAR DIÁLOGO COM RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA Ethics for all beings and deep ecology: an introductory dialogue with importance to public health Rodrigo Siqueira-Batista 1 , Andréia Patrícia Gomes 2 , Giselle Rôças 3 RESUMO As ameaças advindas da atual crise ambiental têm tornado fundamental o diálogo entre ética e ecologia, especialmente ao se considerar os aspectos atinentes à esfera da saúde pública. Com efeito, se objetiva, no presente manuscrito, apresentar uma isagógica conversação entre os saberes ecologia profunda e a ética para todos os seres — a bioética quântica —, almejando-se a construção de novos referenciais para se pensar as relações homem-natureza no século XXI. PALAVRAS-CHAVE Ecologia profunda, ética para todos os seres, bioética quântica. ABSTRACT The threat of an environmental crisis has become fundamental the dialogue between ethics and ecology, specially to the itself consider aspects to public health. Indeed, objective itself, in the present manuscript, present an introduc- tory conversation between them you will know deep ecology and ethics for all beings — quantum bioethics —, longing for itself the construction of reference news for think the relations man-nature in the century XXI. KEY WORDS Deep ecology, ethics for all beings, quantum bioethics. 1. INTRODUçãO “Uma mesma divindade indivisível atua sobre nós e a Natureza, e se o mundo exterior desaparecesse, qualquer um de nós seria capaz de reconstruí-lo, pois a montanha e o rio, a 1 Doutor em Ciências. Professor Adjunto do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Professor Titular, Curso de Graduação em Medicina, Centro Universitário da Serra dos Órgãos (UNIFESO). End: Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Nutrição e Saúde. Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário - Viçosa – MG Cep: 36570-000 E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Ciências pela FIOCRUZ. Professora Assistente do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV) 3 Doutora em Ciências Biológicas / Ecologia. Professora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, IFRJ. C AD . S AÚDE C OLET ., R I O D E J ANEIRO , 17 (3): 559 - 574, 2009 – 559

Ética para todos os seres e ecologia profunda

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étiCa paRa todoS oS SeReS e eCologia pRofunda: um pReliminaR

diálogo Com RelevânCia paRa a Saúde púBliCa

Ethics for all beings and deep ecology: an introductory dialogue with importance to public health

Rodrigo Siqueira-Batista1, Andréia Patrícia Gomes2, Giselle Rôças3

rESUmo

As ameaças advindas da atual crise ambiental têm tornado fundamental o diálogo entre ética e ecologia, especialmente ao se considerar os aspectos atinentes à esfera da saúde pública. Com efeito, se objetiva, no presente manuscrito, apresentar uma isagógica conversação entre os saberes ecologia profunda e a ética para todos os seres — a bioética quântica —, almejando-se a construção de novos referenciais para se pensar as relações homem-natureza no século XXI.

palavraS-ChavE

Ecologia profunda, ética para todos os seres, bioética quântica.

abStraCt

The threat of an environmental crisis has become fundamental the dialogue between ethics and ecology, specially to the itself consider aspects to public health. Indeed, objective itself, in the present manuscript, present an introduc­tory conversation between them you will know deep ecology and ethics for all beings — quantum bioethics —, longing for itself the construction of reference news for think the relations man-nature in the century XXI.

KEy wordS

Deep ecology, ethics for all beings, quantum bioethics.

1. introdUção

“Uma mesma divindade indivisível atua sobre nós e a Natureza, e se o mundo exterior desaparecesse, qualquer um de nós seria capaz de reconstruí-lo, pois a montanha e o rio, a

1 Doutor em Ciências. Professor Adjunto do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Professor Titular, Curso de Graduação em Medicina, Centro Universitário da Serra dos Órgãos (UNIFESO). End: Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Nutrição e Saúde. Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário - Viçosa – MG Cep: 36570-000 E-mail: [email protected]

2Doutoranda em Ciências pela FIOCRUZ. Professora Assistente do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV)

3 Doutora em Ciências Biológicas / Ecologia. Professora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, IFRJ.

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árvore e a folha, a raiz e a flor, todas as criaturas da Natureza estão previamente criadas em nós mesmos, provém de nossa alma, cuja essência é a eternidade, essência que escapa ao nosso conhecimento, mas que se faz sentir em nós como força amorosa e criadora”.

Herman Hesse

Os atuais contornos da crise ambiental, tem tornado imperiosa a discussão dos diferentes aspectos atinentes às relações entre indivíduos, sociedades e ambiente (Jatoba et al., 2009). De fato, podem ser listados díspares males que acometem o Planeta Terra, os quais grassam rapidamente, podendo-se citar (1) o aquecimento global, (2) o aumento do nível do mar, (3) as mudanças climáticas e (4) o agravamento dos desastres naturais (Siqueira-Batista et al., 2009a). Tais distúrbios provocam, em escalas variáveis, desequilíbrios capazes de atingir diversas regiões, possibilitando a ocorrência de inúmeras condições mórbidas, tais como, incremento do número de casos de enfermidades infecciosas — especialmente emergentes e reemergentes —, escassez e fome, acidentes relacionados ao calor e ao frio excessivos e efeitos deletérios da maior exposição à luz solar, dentre outros, elementos com grande impacto sobre a vida político-econômica e sobre a saúde dos indivíduos e das populações (Freitas, 2003).

A construção e a articulação de debates dirigidos a estes problemas não pode deixar de considerar um dos aspectos centrais das sociedades ocidentais contemporâneas: o fluir de infrenes processos de globalização — econômica, das redes de tecnologia e de informação, do comércio e dos serviços (Martine, 2005) —, os quais se manifestam em variados domínios — por exemplo, o impacto das flutuações de determinadas instituições financeiras em mercados distantes ou a circulação de informações de uma parte a outra do mundo (Friedman, 2005), através de um simples clicar no mouse —, entre os quais aqueles pertinentes à ecologia (Sato et al., 2002) — com reflexos evidentes no âmbito da saúde pública (Castro et al., 2009; Glasses & Gomes, 2002; Beggs & Bambrick, 2006; Siqueira-Batista & Rôças, 2009) — podendo-se mencionar:

(1) gases poluentes emitidos em um país são responsáveis pelas mudanças climáticas globais, com repercussões em todo o planeta — aumento do nível do mar, aumento do volume pluviométrico, ondas de calor e de frio, influência na transmissão de doenças de veiculação hídrica e respiratória (Figura 1) e outros;

(2) desequilíbrios ambientais — extinção ou explosão populacional de espécies em decorrência de ações antrópicas — em uma dada nação podem concorrer para a disseminação de agentes infecciosos — transportados por alimentos, água, ar, terra e vetores —, os quais podem ser prejudiciais à saúde de inúmeras espécies vivas, incluindo Homo sapiens sapiens;

(3) acidificação dos corpos de água em função das chuvas ácidas,

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modificando o pH do ambiente hídrico — tais alterações acarretam a morte de fitoplânctons e demais seres vivos sensíveis a mudanças ambientais, podendo causar distúrbios nas relações de teias alimentares estabelecidas nesses corpos de água; um agravamento desse problema deve-se ao fato dos países não terem como controlar o pH da chuva que cai em seus territórios, uma vez que as massas se ar se movimentam trazendo consigo as substâncias poluentes que alteram o pH da água; assim, aquele que polui não necessariamente sofre dos males decorrentes de tal ação de forma direta.

Elevação da temperatura planetária

Alteração nos regimes das Ondas de frio e de Descongelamento chuvas calor de microrganismos

Enchentes / enfermidades Maior aglomeração / Novas doenças de veiculação hídrica moléstias de ?

transmissão respiratória

Figura 1Exemplo de inter-relações entre ambiente e saúde. Original de R. Siqueira-Batista e G. Rôças (2009)

Todas estas questões, abordáveis cientificamente, têm, igualmente, profundas implicações éticas (Siqueira-Batista et al., 2009b) — perpassando debates sobre a sustentabilidade e as relações homem-natureza, estas últimas matizadas, nos últimos séculos, por um marcante antropocentrismo —, as quais devem constar na agenda dos diferentes níveis de organização social e política (Roças et al., 2007). Com base nestas premissas, o escopo do presente artigo é apresentar reflexões sobre as relações entre ecologia e ética, enfocando, mais propriamente, o diálogo entre a ecologia profunda (Naess & Rothenberg, 1990) e a ética para todos os seres (Siqueira-Batista, 2008), conversação que apresenta singular relevância para a área de saúde pública, tendo em vista as profundas relações entre saúde e ambiente

ECologia profUnda: dE ErnSt haECKEl a arnE naESS

O termo ecologia foi criado por Ernst Haeckel, em 1866 (Haeckel, 1870). Seu significado originário — saber que investiga a inter-relação entre os seres

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vivos em um dado espaço geográfico (sua casa, do grego, óikos = morada; lógos = discurso; ou seja, estudo sobre a casa) — está intimamente relacionada às questões ambientais. Em 1870, Haeckel (Haeckel, 1870) refinou a definição do termo por ele proposto, conferindo uma amplitude maior, ao considerar a ecologia como um

“[...] corpo de conhecimentos referente à economia da natureza, a qual compreende o estudo de todas as inter-relações complexas denominadas por Darwin como as condições de luta pela existência”. (Haeckel, 1870)

As condições mencionadas por Darwin para a sobrevivência das espécies estão relacionadas tanto aos aspectos bióticos (relações com outros seres vivos) quanto aos abióticos (relações com os elementos físico-químicos do ambiente) (Darwin, 1859). Os seres vivos se adaptavam continuamente às condições do seu habitat, permitindo o surgimento de novas espécies através de um processo constante de evolução. Tais noções darwinianas podem ser percebidas nos diferentes referenciais teóricos da ecologia, entre os quais o conceito proposto por Haeckel, o qual ganhou força no meio acadêmico. Outras definições foram propostas ao longo dos anos, sem grandes modificações, o que se pode perceber em uma das conceituações mais atuais, como a formulada por Ricklefs (2003), na qual se estabelece, como área de interesse da ecologia, o estudo das relações entre o ambiente natural e os seres vivos, considerando os aspectos físicos, químicos e biológicos nesse processo de entendimento e de inter-relações, tal qual o explicitado no seguinte excerto:

“Um sistema ecológico pode ser um organismo, uma população, um conjunto de populações vivendo juntos (freqüentemente chamado de comunidade), um ecossistema ou a biosfera inteira da Terra. Cada sistema ecológico menor é um subconjunto de um próximo maior, e assim os diferentes tipos de sistemas ecológicos formam uma hierarquia de tamanho. (...) Um ecossistema representa a conexão de muitas comunidades através de seu uso de recursos de energia e nutrientes e a biosfera compreende todos os ecossistemas da Terra”. (Ricklefs, 2003)

A partir das diferentes caracterizações da ecologia e do seu papel, torna-se perceptível sua grande potencialidade para o entendimento das ações do homem sobre o meio ambiente. Tal compreensão é hoje imprescindível para as tomadas de decisão políticas e econômicas — na medida em que se torna fundamental para o manejo dos ecossistemas —, buscando minimizar os impactos ambientais, as catástrofes naturais e os problemas de saúde pública que podem ser acarretados pelo exercício de relações espúrias com o ambiente. Ademais, o paradigma ecológico tem sido aplicado em diversas áreas do saber, ganhando status de importante referencial teórico para se pensar o mundo

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contemporâneo — em termos éticos, políticos, epistemológicos, econômicos e de saúde pública —, como demarcado por L. Boff, E. P. Odum e G. W. Barret:

“[a ecologia de] um discurso regional como subcapítulo da biologia, passou a ser atualmente um discurso universal, quiçá o de maior força mobilizadora do futuro milênio”.(Boff, 2005)

“[...] a ecologia agora é vista não só como uma ciência biológica, mas também como uma ciência humana. O futuro da nossa espécie depende do quanto entendemos essa extensão e a empregamos no gerenciamento sensato de nossos recursos naturais. [...] É também verdade que a busca pela saúde pública é, em grande parte, a aplicação da ecologia”. (Odum & Barret, 2007)

Com efeito, os referenciais ecológicos têm sido empregados para discutir díspares aspectos relacionados à vida na Terra, no âmbito de uma concepção de integração dos seres vivos. Neste movimento, tem se desenvolvido, desde a década de 1970, uma nova concepção da disciplina, a Ecologia Profunda, proposta, em 1973, pelo filósofo norueguês Arne Naess (Naess & Rothenberg, 1990) — incluído na tradição de pensamento ecológico-filosófico de Henry Thoreau e de Aldo Leopold —, como alternativa ao modelo hegemônico de pensar o homem como centro da natureza (Quadro 1) (Goldim, 2005).

Quadro 1Comparação entre a visão de mundo hegemônica e a ecologia profunda.

Visão de mundo hegemônica Ecologia profunda

Domínio da Natureza Harmonia com a Natureza

Ambiente natural como recurso para os seres humanos

Toda a Natureza tem valor intrínseco

Seres humanos são superiores aos demais seres vivos

Igualdade entre as diferentes espécies

Crescimento econômico e material como base para o crescimento humano

Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização

Crença em amplas reservas de recursos Planeta tem recursos limitados

Progresso e soluções baseados em alta tecnologia

Tecnologia apropriada e ciência não dominante

Consumismo Fazendo com o necessário e reciclando

Comunidade nacional centralizada Biorregiões e reconhecimento de

tradições das minorias

Fonte: GOLDIM JR. Ecologia profunda. Consultado em http://www.ufrgs.br/bioetica/ecoprof.htm, setembro de 2005.

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Deste modo, para Capra:

“A percepção ecológica profunda reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos)”. (Capra, 2001)

Sob esse novo olhar, surge a perspectiva para um seminal diálogo entre ecologia e ética, o qual pode ser constituído tendo em alta conta as máximas da ecologia profunda, especialmente que (1) toda a Natureza tem valor intrínseco e que (2) há igualdade entre as diferentes espécies (Rôças et al., 2007). Tais são as confluências que permitem a aproximação com a ética para todos os seres (Siqueira-Batista, 2008) — também denominada bioética quântica (Siqueira-Batista, 2006a) em homenagem ao pensamento de D. Bohm (Bohm, 1992) — como comentado a seguir.

ECologia E ÉtiCa para todoS oS SErES: intErSEçõES

A bioética, em suas origens, traz um discurso com marcante preocupação ecológica, o que aponta para uma intrínseca interseção entre as duas disciplinas. De fato, ao ser proposta pelo oncologista Van Rensslaer Potter, em 1970, a bioética foi caracterizada como uma nova ética científica capaz de dar respostas aos problemas advindos das relações homem/natureza — entendendo-se que o primeiro comportava-se como um verdadeiro câncer para o planeta Terra —, cujos objetivos principais seriam garantir a perpetuação da espécie humana e de sua qualidade de vida (Potter, 1970). Neste sentido, utiliza a metáfora da ponte, delimitando a nova disciplina como uma ponte entre ciência biológica e filosofia (Potter, 1970; 1971) ou, em termos prigoginianos, como a “nova aliança” — diálogo entre as ciências da natureza e as humanidades (Stengers & Prigogine, 1979).

Ainda que, nestas décadas de desenvolvimento teórico, a disciplina tenha adquirido diferentes conotações — como, por exemplo, ética aplicada às ações pertinentes ao saber-fazer biomédico — nos últimos anos, sua vocação ecológica vem sendo recuperada — algo perceptível em recentes trabalhos (Schramm, 1997; Potter, 2000; Boff, 2002; Carrick, 2005; Yudin, 2005) — dirigindo-se às questões do planeta Terra em sua totalidade, o que pode ser entendido, conceitualmente, como um processo de legítima recomposição das dimensões ethos — bioética — e oikos — ecologia.

Uma das propostas para o realinhamento ethos / oikos é a ética para todos

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os seres (Siqueira-Batista, 2006a; 2007; 2008) —, a qual mantém vínculos teóricos com diferentes correntes de pensamento contemporâneas, cabendo destaque aos trabalhos de L. Boff (2002; 2005), D. Bohm (1992), F. Capra (2001); J. Derrida (2001) e F. R. Schramm (2001; 2005). A proposta teórica da ética para todos os seres é herdeira, em última análise, do pensamento de Albert Schweitzer (1936) — Ética da reverência pela vida — e de Aldo Leopold (1989) – a Ética da Terra:

“Uma ética que nos obrigue somente a preocupar-nos com os homens e a sociedade não pode ter esta significação. Somente aquela que é universal e nos obriga a cuidar de todos os seres nos põe de verdade em contato com o Universo e a vontade nele manifestada”.(Schweitzer, 1936)

“A ética da terra simplesmente amplia as fronteiras da comunidade para incluir o solo, a água, as plantas e os animais, ou coletivamente: a Terra. Isto parece simples: nós já não cantamos nosso amor e nossa obrigação para com a terra da liberdade e lar dos corajosos? Sim, mas quem e o que propriamente amamos? Certamente não o solo, o qual nós mandamos desordenadamente rio abaixo. Certamente não as águas, que assumimos que não tem função exceto para fazer funcionar turbinas, flutuar barcaças e limpar os esgotos. Certamente não as plantas, as quais exterminamos, comunidades inteiras, num piscar de olhos. Certamente não os animais, dos quais já extirpamos muitas da mais bonitas e maiores espécies. A ética da terra não pode, é claro, prevenir a alteração, o manejo e o uso destes ‘recursos’, mas afirma os seus direitos de continuarem existindo e, pelo menos em reservas, de permanecerem em seu estado natural”.(Leopold, 1989)

O ponto de partida da ética para todos os seres — afim aos excertos apontados, nos quais se pontua a obrigação de “cuidar de todos os seres” e a ampliação das “fronteiras da comunidade” — é o reconhecimento de que há uma igualdade essencial (Siqueira-Batista, 2006a) entre todos os seres, a qual foi formulada, inicialmente (Siqueira-Batista, 2006b), apenas em relação aos viventes, reconhecendo-se que os mesmos estão submetidos ao nascer e ao morrer. Entretanto, ao se repensar tal perspectiva, não se pôde deixar de ponderar sobre inquietantes questões:

(1) Todos os seres vivos são realmente mortais? O que dizer, por exemplo, das bactérias, as quais se dividem ininterruptamente em células filhas geneticamente idênticas? Não seria esta uma forma de “imortalidade”?

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(2) Quão nítidas são as fronteiras entre os seres vivos e os não vivos, especialmente ao se levar em consideração seres como vírus e príons? (Hu et al., 2007)

(3) Todos os seres não têm a mesma arkhé (origem e fundamento)?

Ao se considerar seriamente esta proposta, pode ser (re)dimensionar a idéia de igualdade essencial intrínseca aos seres vivos, em termos de uma compreensão ainda mais radical da realidade, acenando-se para a qüididade de todos os seres, vivos e não-vivos (Siqueira-Batista, 2010; no prelo). Esta essência necessária — qüididade refere-se à expressão aristotélica τοτιηνειναι (Aristóteles, 1969; Abbagnano, 2003) ou seja, o que faz com que uma coisa seja aquilo que é — diz respeito ao que existe, ao que é, tendo sido descrita a partir de diferentes pontos de vista:

(1) Religiosas – a Natureza Búdica e a concepção de Tao; (2) Filosóficas – a Physis grega, o Deus spinozista ou a Vontade schopenhauriana; e (3) Científicas – a realidade quântica.

É possível abranger, então, todos os seres — capazes de vir-a-ser e de deixar-de-ser (Siqueira-Batista, 2010; no prelo) —, os quais passam a ser pensados como totalidade:

“[é] enganoso e sem dúvida errado supor, por exemplo, que cada ser humano é uma realidade independente que interage com outros seres humanos e com a natureza. Em vez disso, todos esses são projeções de uma totalidade única. [...] Deixar de levar isso em consideração deve, inevitavelmente, levar aquele que o deixa a uma confusão séria e persistente em tudo o que faz”.

(Bohm, 1992)

O trecho de Bohm apresenta a idéia de pertencimento, de tudo o que existe, a uma totalidade única, a qual é concebida, não apenas como mero somatório de seres, mas, especialmente, em termos das relações que se estabelecem entre si, em uma compreensão de que os mesmos são interdependentes, aspecto amplamente reconhecido pela física contemporânea:

“Nenhum processo físico é isolado. Um evento, toda ocorrência, possui um vínculo íntimo com a sua vizinhança. Esta simples e aparentemente trivial afirmação constitui a base de um programa de descrição racional do mundo e que tem constituído um procedimento tradicional em física. [...] Para um certo rigor extremado de solidariedade, o fato de que movimento minha mão neste momento deveria influenciar processos que ocorrem em longínquos sistemas de estrelas para além de nosso sistema solar”.

[Novello, 2005]

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O entendimento, racional, de que todos os seres podem ser reunidos em termos de totalidade e interdependência torna necessária a revisão dos referenciais éticos usuais, os quais dizem respeito, via de regra, apenas à vida humana – quando muito, aos demais animais... –, em resposta ao inequívoco reconhecimento do valor de tudo o que existe, o qual se torna manifesto, em termos éticos, na acolhida incondicional, pressuposto da compaixão laica, cuja argumentação pode ser assim apresentada:

“(1) Todos os seres estão inscritos no espaço e no tempo, subservientes, então, aos ditames do vir-a-ser e do deixar-de-ser; (2) Esta característica torna-os compartes de uma igualdade essencial, estabelecida em termos de totalidade e interdependência; (3) O reconhecimento de (1) e (2) impõe que se aceite a quididade de todos os seres; (4) a atitude diante de um igual, no plano, imanente, da existência, somente pode ser de incondicional acolhida, uma vez que a aceitação de (2) e (3) torna inconsistente que o eu se veja como completamente independente (e apartado) do outro; (5) amparar todos os seres – havendo distinção, mas não separação, entre aquele que “recebe” e aquele que é “recebido” – é acolher a igualdade radical imanente à condição de existente; (6) acolher/proteger o outro, em tal circunstância, só pode ser obtido sem julgamento, ou seja, a partir da recepção inconteste de sua situação-no-mundo; (7) o acolhimento/proteção assim expresso é um genuíno ato de compaixão”.

(Siqueira-Batista, 2010; no prelo)

A atitude diante do igual implica o amparo irrestrito, uma vez que a compreensão desta igualdade radical torna inconsistente que o eu se veja como completamente independente (e apartado) do outro, como pontuado na citação anterior de D. Bohm. Tal é o conceito de compaixão laica em sua nova enunciação: amparo que se estabelece entre os seres, consistindo em uma acolhida à igualdade constitutiva de suas condições, sem julgamento (Siqueira-Batista, 2010; no prelo).

Desde esta perspectiva, reconhece-se que os conceitos de compaixão laica, qüididade/totalidade e interdependência representam o núcleo teórico da ética para todos os seres – ou bioética quântica – (Figura 2), proposta que longe de embasar o discurso (bio) ético na física contemporânea, utiliza a metáfora da “natureza” do micromundo para inclusão de todos os partícipes (passíveis de ser pensáveis) no debate moral:

“[a bioética quântica] não trata, obviamente, de fundamentar o discurso bioético na física contemporânea, mas, outrossim, de utilizá-la como imagem capaz de apontar

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para a qüididade de todos os seres, manancial para a emergência da genuína compaixão laica, cujo melhor símbolo é a complacência segundo a qual todas as águas são recebidas, de modo incontendível, pela silenciosa imensidão do oceano”

(Siqueira-Batista, 2006)

Ética para todos os seres

Compaixão

Totalidade Interdependência

Figura 2 Ética para todos os seres, a qual inclui as idéias de totalidade, interdependência e compaixão laica. Original de R. Siqueira-Batista (2009).

Com base nestas considerações, as interseções entre a ética para todos os seres e a ecologia profunda se estabelecem de modo bastante evidente, tal qual o apresentado no Quadro 2.

Este preliminar diálogo entre os saberes convida a conjeturar, eticamente, novas relações entre os partícipes da grande comunidade chamada Terra, colocando-se em xeque o antropocentrismo — quiçá em prol de um ecocentrismo —, por entender que há genuínas igualdade e interdependência entre todos os seres, o que confere a natureza um lídimo valor intrínseco, e não apenas instrumental.

ConSidEraçõES finaiS

As aproximações entre a Ética (para todos os seres) e a Ecologia (profunda) presentemente discutidas representam uma preliminar confluência teórica entre os saberes, consistindo-se em um exercício conceitual de natureza marcadamente interdisciplinar. O diálogo ora esboçado tem evidentes interseções com o campo da saúde pública — conforme brevemente pontuado —, tendo em vista o determinante papel do meio ambiente nos processos

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Quadro 2Interseções entre a ética para todos os seres e a ecologia profunda.

Ecologia profunda Ética para todos os seres

Harmonia com a Natureza Interdependência

Toda a Natureza tem valor intrínseco Totalidade / Qüididade e Compaixão laica

Igualdade entre as diferentes espécies Totalidade / Qüididade

Planeta tem recursos limitados Interdependência e Compaixão laica

Tecnologia apropriada e ciência não dominante

Interdependência

Fazendo com o necessário e reciclando Interdependência e

Compaixão laica

Biorregiões e reconhecimento de tradições das minorias

Interdependência e Compaixão laica

saúde-doença de diferentes seres vivos, entre os quais se inclui a espécie humana.

Espera-se que os apontamentos construídos possam corroborar para o atual movimento de tomada de consciência da precariedade das (atuais) relações homem/natureza — especialmente ao se reconhecer a inépcia desta falaciosa dicotomia —, chamando os diferentes atores para repensar sua responsabilidade com o ambiente — no qual todos estão interdependentemente inscritos —, permitindo que a Terra permaneça como “morada” para todos os seres.

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Recebido em: 01/11/2008 Reapresentado em: 23/10/2009

Aprovado em: 07/12/2009.

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