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Estudo do poder calorífico de biomassa
agrícola e florestal carbonizado pelo
processo de pirólise
Projeto n.º 34001
Ibero Massa Florestal, Lda
Outubro 2014
2
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... 4
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7
CONVERSÃO DE BIOMASSA ........................................................................... 8
2.1 Processos de Conversão .............................................................................. 9
2.2 Pirólise ....................................................................................................... 10
CARACTERIZAÇÃO DA BIOMASSA AGRÍCOLA E FLORESTAL ............................ 12
3.1 Biomassa Agrícola ..................................................................................... 12
3.2 Biomassa Florestal ..................................................................................... 14
ENSAIOS ...................................................................................................... 19
4.1 – Método ................................................................................................... 19
4.2 – Descrição das Amostras ......................................................................... 20
4.2.1 – Biomassa Agrícola ........................................................................... 20
4.2.2 - Biomassa Florestal ............................................................................ 22
RESULTADOS ................................................................................................ 27
5.1 – Carbonização de Biomassa Agrícola ....................................................... 27
5.1.1 – Carbonização Vide ........................................................................... 27
3
5.1.2 – Carbonização poda de Kiwi.............................................................. 29
5.2 – Carbonização de Biomassa Florestal ...................................................... 32
5.2.1 – Carbonização de Sobro .................................................................... 32
5.2.2 – Carbonização de Pinho .................................................................... 35
5.2.3 – Carbonização de Eucalipto............................................................... 38
5.2.4 – Carbonização de Acácia ................................................................... 40
5.2.4 – Carbonização de Azinho .................................................................. 43
CONCLUSÃO ................................................................................................ 46
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 49
4
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Caracterização do consumo de energia primária em Portugal no ano de 2012 [1]. .... 8
Figura 2 – Processos de conversão de biomassa. ........................................................................ 10
Figura 3 – Produtos resultantes do processo de Pirólise. ............................................................ 10
Figura 4 – Peso das podas resultantes da poda de videira, oliveira; pereira; macieira;
castanheiro e Kiwi no total considerado. .................................................................................... 13
Figura 5 – Ocupação de Área por espécie Florestal [7]. .............................................................. 14
Figura 6 – Podas de Videira. ........................................................................................................ 20
Figura 7 – Poda de Kiwi. .............................................................................................................. 22
Figura 8 – Imagem amostra de eucalipto. .................................................................................. 23
Figura 9 – Imagem de sobro. ....................................................................................................... 24
Figura 10 – Imagem da amostra de Azinho utilizado nos ensaios. ............................................. 25
Figura 11 – Imagem de amostra de acácia utilizada nos ensaios. .............................................. 26
Figura 12 – Imagem vide carbonizada. ....................................................................................... 27
Figura 13 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de vide. ......................................... 28
Figura 14 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
vide. ............................................................................................................................................. 29
Figura 15 – Imagem poda de kiwi carbonizada. ......................................................................... 30
Figura 16 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de poda de kiwi. ........................... 31
Figura 17 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
poda de kiwi. ............................................................................................................................... 32
Figura 18 – Imagem de sobra carbonizado. ................................................................................ 33
Figura 19 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de sobro. ...................................... 34
Figura 20 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
sobro. ........................................................................................................................................... 35
Figura 21 – Imagem de pinho carbonizado. ................................................................................ 36
Figura 22 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de pinho. ...................................... 36
Figura 23 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
pinho. ........................................................................................................................................... 37
Figura 24 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de eucalipto. ................................. 39
Figura 25 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
eucalipto. ..................................................................................................................................... 40
Figura 26 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de acácia. ..................................... 41
Figura 27 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
acácia. ......................................................................................................................................... 42
Figura 28 – Imagem de azinho carbonizado. .............................................................................. 43
5
Figura 29 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara
de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de azinho. ..................................... 44
Figura 30 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de
azinho. ......................................................................................................................................... 44
6
ÍNDICE DE QUADROS
Tabela 1 – Quantificação de quantidade média produzidas por podas de culturas permanentes
[6]. ............................................................................................................................................... 13
Tabela 2 – Área de espécies florestais, em mil ha [7]. ................................................................. 15
Tabela 3 – Resíduos anuais produzidos por unidade [8]. ............................................................ 16
Tabela 4 – Resíduos florestais anuais produzidos por espécie .................................................... 17
Tabela 5 – Resíduos florestais secos produzidos por zona........................................................... 18
Tabela 6 – Análise Poda de Videira. ............................................................................................ 21
Tabela 7 – Características Eucalipto. ........................................................................................... 23
Tabela 8 – Resultados da análise do carvão de vide. .................................................................. 29
Tabela 9 – Resultados da análise do carvão de poda de Kiwi. .................................................... 32
Tabela 10 – Resultados da análise do carvão de sobro. .............................................................. 35
Tabela 11 – Resultados da análise do carvão de pinho. .............................................................. 38
Tabela 12 – Resultados da análise do carvão de acácia. ............................................................. 42
Tabela 13 – Resultados da análise do carvão de azinho ............................................................. 45
Tabela 14 – Resumo valores obtidos nas várias análises para as várias amostras. .................... 46
7
INTRODUÇÃO
O presente estudo foi elaborado com o objectivo de caracterizar ao nível do
poder calorifico o produto obtido pela carbonização de biomassa agrícola, proveniente
de podas, especificamente de podas: de videira e kiwi; assim como de biomassa
florestal, nomeadamente: eucalipto, pinheiro, sobreiro, azinho e acácia, que
representam 75% da área florestal nacional.
No primeiro capítulo serão apresentados os processos existentes de valorização
energética da biomassa florestal e agrícola, descrevendo de forma pormenorizada o
processo de pirólise a ser utilizado no presente estudo.
O segundo capítulo visa elaborar a caracterização da matéria-prima a ser
utilizada, distinguindo entre a biomassa agrícola, resíduos provenientes da poda, e
biomassa florestal. Será ainda elaborada uma pequena análise do potencial disponível
para valorização energética dos produtos identificados.
No terceiro capítulo será definido a metodologia de ensaios a aplicar, assim
como descrição dos equipamentos e do processo. O quarto capítulo visa apresentar os
resultados obtidos pelos ensaios descritos no capítulo três.
As conclusões obtidas pela análise do capítulo quatro, serão apresentadas no
capítulo cinco. O sexto, e último, capítulo apresenta a bibliografia consultada para a
elaboração do presente trabalho.
8
CONVERSÃO DE BIOMASSA
A utilização da biomassa como fonte de energia tem vindo a ser fundamental
para o desenvolvimento da civilização. Nos tempos recentes, as pressões relacionadas
com o ambiente, assim como a sustentabilidade dos recursos fósseis, têm vindo a gerar
um interesse crescente na utilização de energia de fontes renováveis.
A situação energética do Pais é marcada pela sua elevada dependência de
fontes de energia como o petróleo, o gás natural e o carvão. Em 2012 estas três formas
de energia representaram no consumo de energia primária de cerca de 75.87% do
consumo total de energia primária [1].
Figura 1 – Caracterização do consumo de energia primária em Portugal no ano de 2012 [1].
Surge assim um problema de segurança do abastecimento e de independência
energética, estando o país sujeito à volatilidade do preço do petróleo e também do gás
natural e do carvão, embora em menor escala. Esta é uma das mais importantes razões
para que hoje a maioria dos países esteja a apostar nas energias renováveis e na
Carvão 14%
Petróelo 44%
Gás Natural 18%
Sal. Impor. Energia Elecrica
3%
Renováveis 21%
Consumo de Energia Primária 2012 (ktep)
9
eficiência energética.
Existe também a razão ambiental, visto que o elevado consumo de recursos
energéticos de origem fóssil está a conduzir a um aumento artificial do efeito de estufa,
pelo que é imperativo apostar num abastecimento de energia sustentável que não
prejudique o meio ambiente, exigindo a introdução e divulgação de energias
renováveis.
A necessidade de encontrar alternativas viáveis para o consumo de energia
produzida a partir de combustíveis fósseis, bem como a necessidade de independência
energética, leva um interesse crescente na produção de energia através de biomassa.
2.1 Processos de Conversão
A conversão de biomassa em energia pode ser realizada através de diferentes
processos, sendo que os factores que influenciam a escolha do processo são o tipo e
quantidade de biomassa, a utilização final da energia, entre outros. A utilização final da
energia tem tendência a ser o factor determinante na escolha do processo a utilizar [2].
Os processos de conversão de biomassa podem ser divididos em quatro
categorias básicas: Combustão directa; Processos termoquímicos; Processos
bioquímicos e Processos agroquímicos [3].
10
Biomassa
Processo Termoquimico
Combustão Directa
Processo Bioquimico
Processo Agroquimico
Figura 2 – Processos de conversão de biomassa.
2.2 Pirólise
Os processos termoquímicos, onde se inclui o processo de pirólise, permitem
uma séria de formas de valorização da biomassa. A pirólise é definida como a
degradação térmica de material orgânico na ausência de oxigénio.
Pirólise
Produtos Sólidos
Produtos Gasosos
Produtos Liquidos
Figura 3 – Produtos resultantes do processo de Pirólise.
Os produtos formados pelo processo de Pirólise são produzidos em proporções
diferentes, em função dos parâmetros utilizados, como a temperatura final do
processo, a pressão de operação, e as propriedades iniciais da biomassa. O objectivo
do processo de pirólise é o de obter um produto com densidade energética superior ao
da biomassa inicial [4].
11
A carbonização (pirólise) da biomassa com vista à produção de carvão vegetal é
desenvolvida a temperaturas médias de 300ºC, sendo que a biomassa é queimada com
baixo teor de oxigénio o que impede a combustão completa, sendo obtido o carvão
vegetal que possui em média o dobro da densidade energética da biomassa inicial.
12
CARACTERIZAÇÃO DA BIOMASSA AGRÍCOLA E FLORESTAL
3.1 Biomassa Agrícola
Cerca de 34% da superfície total de Portugal é ocupada pela Agricultura, sendo
que esta ocupação é mais expressiva no Alentejo e no Norte, onde corresponde a 41%
e 21% da área ocupada respectivamente.
A agricultura nacional é maioritariamente direccionada para o cultivo de
cereais, nas culturas temporárias, e para o olival e a vinha nas culturas permanentes
[5].
Entende-se como biomassa agrícola, os resíduos provenientes de actividades
agrícolas, sem utilização posterior na própria exploração. Assim, estão incluídas nesta
definição as palhas dos cereais, os caules do girassol e do milho, as partes aéreas das
principais plantas herbáceas e os ramos das podas das árvores.
As podas são uma operação necessária para a manutenção das próprias
culturas. Em Portugal são produzidas aproximadamente 7 milhões de toneladas de
biomassa residual agrícola de culturas permanentes [6], passiveis de serem utilizadas
para produção de energia. Na tabela 1 apresentamos a quantificação média de
biomassa residual agrícola no que se refere apenas aos ramos das podas das árvores.
13
Tabela 1 – Quantificação de quantidade média produzidas por podas de culturas permanentes [6].
Culturas Podas Produzidas
(ton)
Ameixoeira 19 568
Amendoeira 11 806
Castanheiro 21 646
Cerejeiro 9 199
Figueira 7 145
Kiwi 12 240
Citrinos 271 496
Macieira 243 262
Nogueira 4 103
Pereira 140 162
Pessegueiro 52 856
Frutos secos 37 976
Olival 201 505
Vinha 153 020
Total 1 185 984
No presente trabalho apenas serão consideradas as podas resultantes das
seguintes culturas: videira e Kiwi, apresentadas na figura 4 no total de podas
produzidas.
Figura 4 – Peso das podas resultantes da poda de videira, oliveira; pereira; macieira; castanheiro e Kiwi
no total considerado.
Podas Produzidas (%)
Videira
Oliveira
Pereira
Macieira
Castanheiro
Kiwi
Outras
14
3.2 Biomassa Florestal
Floresta portuguesa cobre cerca de 38% do território [7]. Esse valor demonstra
claramente o potencial de biomassa florestal em Portugal. Contudo a área florestal tem
sofrido reduções ao longo dos anos, devido aos inúmeros incêndios. A limpeza das
matas é um factor de prevenção contra incêndios e o produto obtido possui
características de elevado interesse energético.
O pinheiro bravo, o sobreiro, o eucalipto e a azinheira são as quatro principais
espécies, ocupando cerca de 83% da área de floresta portuguesa com base em dados
de 2006 (Figura 19).
Figura 5 – Ocupação de Área por espécie Florestal [7].
Na última década têm sido apresentadas diversas estimativas para o potencial
de biomassa existente no país, valores que nem sempre são convenientemente
identificados de acordo com a sua representatividade face ao universo da biomassa
29%
2% 9%
13% 4%
1%
20%
21%
1% Pinheiro Bravo
Pinheiro Manso
Outras Resinosas
Azinheira
Carvalho
Castanheiro
Eucalipto
Sobreiro
Outras Folhosas
15
florestal.
Na tabela que se segue encontra-se, descriminada, a área ocupada por espécie
florestal por região.
Tabela 2 – Área de espécies florestais, em mil ha [7].
Pinheiro Eucalipto Sobreiro Azinheira Outras
folhosas
Outras
resinosas Total
Norte 246 143 21 20 152 21 604
Centro 571 227 28 32 86 4 948
Lisboa e Vale do
Tejo 110 143 140 3 19 1 416
Alentejo 112 131 484 398 11 0,3 1136
Algarve 15 29 40 9 6 0 98
Total 1054 672 713 462 274 27 3202
A biomassa florestal é classificada como a fracção biodegradável dos produtos e
dos desperdícios de actividade florestal, incluindo operações de condução: desbaste e
desrama; ou da exploração dos povoamentos florestais: ramos, bicadas, cepos, folhas,
raízes e cascas (Tabela 26).
16
Tabela 3 – Resíduos anuais produzidos por unidade [8].
Espécies Flores-
tais
Resíduos Anuais
verdeskg arvore secoskg arvore
Pinheiro 1,4 0,6
Eucalipto 2,3 1,1
Azinheira 3,3 1,4
Sobreiro 3,3 1,4
A estimativa de resíduos florestais anuais é calculada com base nos valores de
densidade florestal para os diferentes povoamentos [7], de acordo com os valores da
Tabela 3, e a área ocupada por cada espécie (Tabela 2).
17
Tabela 4 – Resíduos florestais anuais produzidos por espécie
Espécies Flores-
tais
Densidade Base
espécie ha Resíduos verdes Resíduos Secos
ton ano ton ano
Pinheiro 412 607.947 260.549
Eucaliptos 545 843.606 403.464
Azinheira 41 62.509 26.519
Sobreiro 83 195.291 82.851
A produção estimada de resíduos florestais é de 1.709 milhões de toneladas de
resíduos verdes por ano, ou seja 773 milhões de toneladas de resíduos secos por ano.
Os resultados obtidos mostram que a produção de resíduos deve-se essencialmente á
exploração do pinheiro e de eucalipto, sendo de salientar a zona centro como aquela
que apresenta um maior potencial (Tabela 5).
18
Tabela 5 – Resíduos florestais secos produzidos por zona.
Zona Resíduos secos
ton
Norte 150.128
Centro 282.328
Lisboa e Vale do Tejo 129.361
Alentejo 185.307
Algarve 26.258
Total 773.382
19
ENSAIOS
4.1 – Método
O processo utilizado nos resultados apresentados no presente trabalho foi o de
pirolise lenta. A conversão térmica com ruptura das ligações de carbono (pirólise lenta)
é um processo de oxidação-redução no qual parte do produto inicial é transformado
em carbono, a temperaturas entre os 450 e 500 °C. Neste processo os resíduos ligno-
celulósicos sofrem alterações físicas e químicas irreversíveis dando origem à obtenção
final de biocarvão. Podemos dizer, duma forma geral, que o processo de pirólise lenta
passa por etapas diferentes com a libertação de CO, CO2 e vapor de água e líquidos tais
como o alcatrão e o ácido acético.
Especificando, o processo de pirólise lenta pode ser dividido em quatro etapas:
Abaixo de 200o de temperatura: é a etapa da secagem da madeira
dando-se a evaporação e eliminação de água entre 110-200o C.
De 200o a 280o C: é a etapa das reações endotérmicas. Quando a
temperatura atinge cerca de 260o, a madeira passa a ser quimicamente
degradada e os materiais voláteis (ácido acético, metanol, água, CO2 e
outros) começam a ser evaporizados.
De 280 a 500oC: é a etapa das reações exotérmicas. Nesta fase, parte da
biomassa é carbonizada e ocorre a libertação dos gases combustíveis
(CO, CH4 e outros) bem como a maioria do alcatrão solúvel e do ácido
pirolenhoso.
20
Acima de 500oC: ocorre a libertação de pequenas quantidades de
voláteis em especial H2, considerado aqui o fim da pirólise lenta e o
início do arrefecimento do reator.
Convém ressalvar que durante este processo de pirólise lenta estas etapas
podem ocorrer em simultâneo. As características do reator onde é feita a pirólise lenta
permite queimarem no seu forno todos os gases combustíveis e materiais voláteis.
Deste modo, o calor libertado na queima dos gases da pirólise assegura a auto-
sustentabilidade do processo que se desenrola até o material atingir os 500°C
garantindo, deste modo que apenas existe biocarvão na câmara de pirólise.
4.2 – Descrição das Amostras
4.2.1 – Biomassa Agrícola
A biomassa agrícola em estudo no presente trabalho são as podas de videira e
podas de kiwi.
Figura 6 – Podas de Videira.
21
As podas de videira utilizadas, recolhidas na zona do Douro (imagem 6),
apresentaram uma densidade de 160 kg/m3, e um PCI de 17.794 KJ/kg (tabela 6).
Tabela 6 – Análise Poda de Videira.
Produto Densidade
(kg/m3)
PCI (KJ/Kg)
Poda de Videira 150.128 17.794
As podas de kiwi foram recolhidas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. As
podas no kiwi são realizadas uma vez por ano, entre os meses de Dezembro e
Fevereiro. O objectivo da poda é obter uma boa frutificação, permitindo o arejamento
a polinização e a luminosidade da copa.
22
Figura 7 – Poda de Kiwi.
4.2.2 - Biomassa Florestal
A biomassa florestal em estudo no presente trabalho são as podas de eucalipto,
pinheiro, sobreiro, azinho e acácia.
O eucalipto, Eucalyptus globulus, é uma angiospérmica dicotiledónea, também
identificada como folhosa. Pertence à ordem das Mirtale, família das Mirtáceas, género
Eucalyptus, sendo a espécie Eucalyptus globulus a mais comum e economicamente
importante em Portugal. Existem em todo o mundo cerca de 600 espécies diferentes
de eucalipto. Esta que predomina em Portugal é originária da Tasmânia e Austrália.
23
Na figura que se segue pode observar-se a imagem da amostra considerada.
Figura 8 – Imagem amostra de eucalipto.
Das análises efectuadas à amostra, e resumidas na tabela que se segue,
destacam-se o PCI de 20.226 KJ/kg.
Tabela 7 – Características Eucalipto.
Tipo Humidade verde (%)
Diâmetro médio (mm)
Densida-de
(kg/m3) PCI (kJ/kg)
Análise Elementar (%) Holocelulose (%)
Lignina (%)
Cinzas (%)
H C O N S
Eucalipto 54% 200 858 516 20 226 7,50 47,00 42,00 1,97 0,13 60 30 0,5
24
O pinheiro, pertencente à família Pinophyta, tradicionalmente incluída no
grupo das gimnospérmicas, é uma árvore de elevado porte, podendo atingir os 30 –
40m de altura. O tronco apresenta uma casca espessa, profundamente fissurada. As
folhas são agulhas, emparelhadas, de cor verde-escura, com 10-25 cm, rígidas e
grossas.
O sobreiro, uma das árvores florestais mais abundantes em Portugal, é
caracterizado pelo elevado desenvolvimento que pode atingir o tronco e ramos
(imagem 9). O sobro apresenta uma densidade de 800 kg/m3.
Figura 9 – Imagem de sobro.
25
As azinheiras, Quercus ilex, medem até 10 metros de altura. São incluídas na
família das fagáceas. As suas folhas são ligeiramente espinhosas. Na figura que se
segue pode-se observar uma imagem da amostra considerada. O azinho apresenta
uma densidade de 800 kg/m3, e um PCI de 14 mil KJ/kg.
Figura 10 – Imagem da amostra de Azinho utilizado nos ensaios.
26
A Acácia, uma das espécies infestantes mais agressivas actualmente
identificadas, sendo original das florestas tropicais do Sudeste da Austrália e da
Tasmânia, actualmente existe em quase toda a Europa. A acácia apresenta um PCI
médio de aproximadamente 18.930 KJ/kg. Na figura que se segue pode observar-se
uma imagem da amostra considerada.
Figura 11 – Imagem de amostra de acácia utilizada nos ensaios.
27
RESULTADOS
5.1 – Carbonização de Biomassa Agrícola
5.1.1 – Carbonização Vide
Para o ensaio de carbonização das podas resultantes das videiras (vides) foi
utilizado um peso de matéria inicial de 8.750 kg. A produção de carvão obtida foi de
2.65 kg, correspondendo a uma conversão de 30% (figura 12).
Figura 12 – Imagem vide carbonizada.
O processo de carbonização, nas suas etapas, demorou aproximadamente sete
horas, tendo sido iniciado às 13:13 horas e terminou às 19.15 horas. A fase I e a fase II
tiveram uma duração de três horas, e a fase III de uma hora.
28
Figura 13 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de vide.
O primeiro registo de temperatura na câmara de combustão, às 13:52 horas, 39
minutos após o início do processo, foi de 303 °C. O valor máximo de temperatura foi de
921 °C tendo-se registado às 17:15 h, uma hora após o início da Fase II (figura 13), e
tendo-se mantido constante na leitura das 18:15 e 18:45 horas.
A temperatura na exaustão atingiu um máximo de 634 °C às 17:45 horas (Fase
II) sendo que no registo de início da fase II (16:00 horas) registava 365 °C. No início da
fase III a temperatura de exaustão registou um valor de 566 °C.
O primeiro registo de temperatura na câmara de pirolise indicou 52 °C (13:52
horas). A temperatura máxima foi de 677 °C registada no início da fase III (19:15 horas).
A temperatura dos gases de pirólise atingiu os 481 °C no registo das 18:15
horas. O registo inicial de temperatura foi de 35 °C ás 13:52 horas, e no fim da fase III
registava 445 °C.
0
200
400
600
800
1000
13:52 14:20 16:00 16:15 16:45 17:15 18:15 18:45 19:15
Temperaturas do Processo
Câmara de Combustão Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
29
Figura 14 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de vide.
O registo de pressões na câmara de pirólise foi iniciado, como todos os outros
registos, às 13:52 horas. O primeiro registo indica uma pressão de 3.77 mbar. O pico de
pressão atingida foi de 32 mbar às 17:15 horas.
As análises efectuadas ao carvão produzido indicam um teor de carbono de
85%. Em relação às cinzas o teor é de 7.78% e de voláteis 7.14%. O teor de humidade é
6.10% (tabela 8).
Tabela 8 – Resultados da análise do carvão de vide.
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Videira 6.10 85 7.78 7.14
5.1.2 – Carbonização poda de Kiwi
0
5
10
15
20
25
30
35
13:52 14:20 16:00 16:15 16:45 17:15 18:15 18:45 19:15
Pressão
30
A amostra considera de kiwi foi de 21.4 kg. O processo teve uma duração de 9
horas e 11 minutos e a produção de carvão foi de 2 kg, obtendo-se um rácio de
conversão de 9% (figura 15).
Figura 15 – Imagem poda de kiwi carbonizada.
O início do processo foi às 09:00 horas tendo terminado às 16 horas. No gráfico
que se segue pode observar-se as temperaturas registadas na câmara de combustão,
exaustão, câmara de pirólise e gases de pirólise.
O primeiro registo de temperatura na câmara de combustão, realizado às 09:10
horas, indica uma temperatura de 342 °C. O registo indica um crescimento contínuo de
temperatura até às 12:30 horas, onde se observa uma temperatura de 182 °C. Esta
quebra de temperatura deve-se ao facto de a pressão (figura 18) ter atingido valores de
segurança e por isso houve a necessidade de interromper o processo. O pico máximo
31
de temperatura na câmara de combustão foi de 812 °C registado às 14:02 horas.
Figura 16 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de poda de kiwi.
As temperaturas de exaustão atingiram o pico às 13:35 horas com uma
temperatura de 624 °C. No fim do processo o valor de temperatura era de 456 °C.
Na câmara de pirólise o pico de temperatura foi de 685 °C, às 14:50 horas,
coincidente com o pico de temperatura na câmara de combustão. Os gases de pirólise
atingiram como valor máximo 406 °C, no momento em que ocorreu a quebra de
temperatura na câmara de combustão.
A pressão na câmara de pirólise atingiu o pico de 34.45 mbar, obrigando, como
já descrito anteriormente, à quebra de temperatura na câmara de combustão e reinício
do processo. A pressão mínima foi de 0.8 mbar às 09:10 horas (inicio do processo). No
fim do processo, às 16:00 horas, a pressão registada foi de 10 mbar.
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09:00 09:30 10:22 11:00 11:25 12:02 12:30 13:35 14:02 14:25 14:50 15:15 16:00
Temperaturas do processo
Camâra de Combustão Exaustão Camâra de Pirólise
Gases de Pirólise Camâra de Combustão Exaustão
Camâra de Pirólise Gases de Pirólise
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Figura 17 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de poda de kiwi.
A análise do carvão produzido indicou um teor de humidade de 7.48%. O teor
de carbono é de 86%, de cinzas é de 8.37% e de voláteis é de 6.09% (tabela 9)
Tabela 9 – Resultados da análise do carvão de poda de Kiwi.
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Poda Kiwi 7.48 86 8.37 6.09
5.2 – Carbonização de Biomassa Florestal
5.2.1 – Carbonização de Sobro
A amostra de sobro considerada tinha um peso de 29.5 kg. O processo teve
uma duração de 7 horas e 30 minutos. A produção de carvão foi de 7.25 kg,
correspondendo a uma conversão de 24.5%.
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09:00 09:30 10:22 11:00 11:25 12:02 12:30 13:35 14:02 14:25 14:50 15:15 16:00
Pressão
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Figura 18 – Imagem de sobra carbonizado.
O inicio do processo foi às 07:52 horas e o fim do mesmo às 14:54 horas. No
gráfico que se segue pode observar-se o registo de temperaturas na câmara de
combustão, exaustão, câmara de pirólise e gases de pirólise (figura 19).
O pico máximo de temperatura na câmara de combustão foi de 895 °C,
registado às 11:50 horas. No fim do processo, registo efectuado às 14:54 horas, a
temperatura registada foi de 599 °C.
34
Figura 19 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de sobro.
As temperaturas na exaustão atingem um máximo de 523 °C, às 12:53 horas. No
início do processo a temperatura foi de 257 °C, e no fim do processo de 442 °C.
Na câmara de pirólise a temperatura máxima foi de 630 °C, registado às 14:28
horas, fim da fase II. A temperatura no fim do processo era de 596 °C e no início do
processo de 103 °C. Os gases de pirólise atingiram o valor máximo de 490 °C às 13:16
horas (meio de fase II), e no fim do processo o valor era de 394 °C.
O pico de pressão na câmara de pirólise foi de 25.8 mbar registado às 11:50
horas. A pressão mínima registada foi de 0 mbar, no início de processo, e no fim do
processo a pressão registada foi de 0.51 mbar (figura 20).
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07:52 08:44 09:40 11:50 12:53 13:16 13:45 14:28 14:54
Temperaturas de Processo
Câmara de Combustão Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
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Figura 20 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de sobro.
Nas análises efectuadas ao carvão de sobro produzido obteve-se como teor de
humidade o valor de 3.85%. Ao nível de cinzas o resultado foi de 6.67%, de voláteis
7.63% e de carbono 86% (tabela 10).
Tabela 10 – Resultados da análise do carvão de sobro.
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Sobro 3.85 86 6.67 7.63
5.2.2 – Carbonização de Pinho
Para o ensaio de carbonização de pinho foi utilizada uma amostra com 31.4 kg.
A massa de carvão produzida foi de 5 kg, correspondente a um factor de conversão de
16%. O processo teve uma duração de 10 horas e trinta minutos, com inicio às 04:40
horas e fim a 12:03 horas.
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07:52 08:44 09:40 11:50 12:53 13:16 13:45 14:28 14:54
Pressão
36
Figura 21 – Imagem de pinho carbonizado.
No gráfico que se segue (figura 22) pode observar-se os valores de temperatura
registados durante o processo na câmara de combustão, exaustão, câmara de pirólise e
gases de pirólise.
Figura 22 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de pinho.
Na câmara de combustão a temperatura máxima registada foi de 874 °C às
08:00 horas (decorrer da fase II). No primeiro registo, efectuado às 04:40 horas a
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Temperaturas do processo
Série1 Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
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temperatura era de 405 °C e no fim do processo, às 12:03 horas era de 616 °C.
Na exaustão a temperatura máxima registada foi de 534 °C e a mínima de 226
°C no início do processo. No término do processo a temperatura de exaustão era de
454 °C.
A câmara de pirólise atingiu a temperatura de 728 °C às 13:32 horas,
correspondente ao fim da fase II. No fim do processo a temperatura era de 680 °C. Os
gases de pirólise registavam na primeira leitura uma temperatura de 45 °C, sendo o
máximo registado de 635 °C às 10:32 horas, mesma hora que o pico de temperatura
registado na câmara de pirólise.
Figura 23 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de pinho.
O processo registou várias oscilações em relação à pressão na câmara de
pirólise. O primeiro pico, registado às 07:00 horas foi de 45 mbar. Após este pico nota-
se uma quebra continua na pressão até aos 3.5 mbar no fim do processo.
As análises efectuadas ao carvão produzido demonstraram um teor de
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04:40 05:00 05:25 05:50 06:20 06:47 07:00 07:35 07:48 08:00 08:25 09:09 09:32 10:00 10:32 11:35 12:03
Pressão
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humidade de 7.53%. As cinzas apresentam um teor de 1.28%, os voláteis de 4.70% e o
carbono apresenta um teor de 94% (tabela 11).
Tabela 11 – Resultados da análise do carvão de pinho.
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Pinho 7.53 94 1.28 4.70
5.2.3 – Carbonização de Eucalipto
A amostra de eucalipto tinha um peso de 835 kg. A produção de carvão foi de
183 kg, registando um valor de conversão de 22%.
O processo de carbonização teve uma duração de 10 horas e 26 minutos tendo
início às 21:26 horas e fim às 06:00 horas.
No gráfico que se segue tem descrito as temperaturas obtidas no decorrer do
processo na câmara de combustão, exaustão, câmara de pirólise e gases de pirólise.
39
Figura 24 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de eucalipto.
A temperatura máxima na câmara de combustão foi de 822 °C, registada às
00:17 horas, no decorrer da fase II. No fim do processo, às 06:00 horas, a temperatura
era de 359 °C. A exaustão atinge a temperatura máxima às 01:00 horas com uma
leitura de 489 °C.
Na câmara de pirólise a temperatura máxima atingida foi de 626 °C registada na
leitura efectuada às 02:40 horas. No primeiro registo, 21:26 horas, a temperatura era
de 223 °C e a temperatura de final de processo foi de 06:30 horas.
Os gases de pirólise apresentam uma temperatura máxima de 521 °C, com
registo às 00:42 horas. No fim do processo a temperatura era de 323 °C.
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21:26 22:15 22:30 23:26 00:17 00:42 01:00 02:13 02:40 03:15 03:37 04:17 04:36 05:16 06:00
Temperaturas do processo
Câmara de Combustão Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
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Figura 25 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de eucalipto.
A pressão máxima na câmara de pirólise foi de 40 mbar registada às 22:30
horas. Até às 00:17 horas a pressão baixou para 706 mbar, tendo-se mantido entre os 6
e os 10 mbar até ao fim do processo.
5.2.4 – Carbonização de Acácia
A amostra de acácia utilizada para o ensaio tinha uma massa de 836 kg. O
processo de carbonização teve uma duração de três horas, com inicio às 12:43 horas e
fim às 17:30 horas. A massa de carvão produzida foi de 170 kg, resultando num valor
de conversão de 20%.
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21:26 22:15 22:30 23:26 00:17 00:42 01:00 02:13 02:40 03:15 03:37 04:17 04:36 05:16 06:00
Pressão
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Figura 26 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de acácia.
O pico de temperatura registado na câmara de combustão foi de 875 °C,
registado às 16:20 horas. No primeiro registo, efectuado às 12:43 horas, a temperatura
na câmara de combustão era de 564 °C. No fim do processo a temperatura era de 542
°C.
Na exaustão a temperatura no início do processo era de 288 °C, registando um
aumento contínuo até às 16:20 horas, atingindo uma leitura de 568 °C. No fim do
processo a temperatura era de 496 °C.
Na câmara de pirólise a temperatura máxima foi de 665 °C, registada às 16:45
horas, tendo posteriormente reduzido até aos 654 °C no fim do processo. Os gases de
pirólise registam o pico de temperatura ao mesmo tempo que a câmara de pirólise,
tendo sido a leitura de 538 °C.
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12:43 13:10 13:42 14:10 14:50 15:10 15:50 16:20 16:45 17:30
Temperaturas do processo
Câmara de Combustão Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
42
Figura 27 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de acácia.
As pressões registadas na câmara de pirólise (figura 27) registam um aumento
de pressão desde o inicio do processo, com uma leitura de 0.11 mbar, até às 15:10
horas atingindo a pressão de 27.70 mbar. Após esse registo a pressão tende a diminuir
terminando o processo com uma leitura de 5 mbar.
Tabela 12 – Resultados da análise do carvão de acácia.
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Acácia 1.75 98 0.8 1.28
As análises realizadas na amostra revelam um teor de humidade de 1.75%. O
teor de cinzas é de 0.8%, de voláteis apresenta um teor de 1.28% e o teor de carbono é
de 98%.
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12:43 13:10 13:42 14:10 14:50 15:10 15:50 16:20 16:45 17:30
Pressão
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5.2.4 – Carbonização de Azinho
Para os ensaios de carbonização de azinho foi utilizada uma amostra com 673
kg. O processo de carbonização demorou 08:30 horas. A massa de carvão produzida foi
de 176 kg, correspondendo a uma conversão de 26% (figura 28)
Figura 28 – Imagem de azinho carbonizado.
Na figura 26 pode observar-se o registo de temperaturas do processo na
câmara de combustão, exaustão, câmara de pirólise e gases de pirólise.
Na câmara de combustão a temperatura máxima foi de 860 °C, registada às
01:10 horas. No fim do processo a temperatura foi de 449 °C. A exaustão atinge o pico
de 537 °C pelas 02:0 10 horas, e termina o processo com uma leitura de 376 °C.
44
Figura 29 – Registo de temperaturas obtidas na Câmara de Combustão, na Exaustão, Câmara de Pirólise e Gases da Pirólise no processo de carbonização de azinho.
A câmara de pirólise registou uma temperatura máxima de 717 °C no registo
efectuado às 02:32 horas. A leitura de fim de processo indica um valor de 567 °C. Os
gases de pirólise atingem o pico de temperatura na mesma hora que a câmara de
pirólise e têm uma leitura de 556 °C. A leitura de início de processo indica 77 °C, e a de
fim do processo de 357 °C.
Figura 30 – Registo de pressões obtidas Câmara de Pirólise no processo de carbonização de azinho.
A leitura de pressões na câmara de pirólise indica uma subida constante da
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lo d
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ixo
Temperatura
Câmara de Combustão Exaustão Cam. Pir. Gases Pir.
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Pressão
45
pressão. A primeira leitura indica uma pressão de 0.17 mbar, atingindo o pico às 01:10
horas com uma pressão de 42.85 mbar. No fim do processo a pressão registada foi de
0.23 mbar.
Tabela 13 – Resultados da análise do carvão de azinho
Amostra
Teor de Humidade
(%)
Carbono
(%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
Azinho 4.11 84 6.22 10.07
Das análises efectuadas no carvão de azinho produzido obteve-se um teor de
humidade de 4.11%. O teor de cinzas é de 6.22% e o de voláteis de 10.07%. O
resultado para o teor de carbono é de 84%.
46
CONCLUSÃO
Os ensaios realizados permitiram a caracterização ao nível do teor de
humidade, de carbono, cinzas e voláteis, do carvão produzido usando como matéria o
resultante da poda de videira, de Kiwi, sobro, pinho, acácia e azinho.
Os resultados resumidos encontram-se apresentados na tabela 14.
Tabela 14 – Resumo valores obtidos nas várias análises para as várias amostras.
Amostra Teor de Humidade (%)
Carbono (%)
Cinzas (%)
Voláteis (%)
PCI (kcal/kg)
PCS (kcal/kg)
Videira 6.10 85 7.78 7.14 6 848 6 885
Poda Kiwi 7.48 86 8.37 6.09 6 921 6 966
Sobro 3.85 86 6.67 7.63 6 943 6 966
Pinho 7.53 94 1.28 4.70 7 569 7 614
Acácia 1.75 98 0.8 1.28 7 928 7 938
Azinho 4.11 84 6.22 10.07 6 779 6 804
Numa primeira análise podemos realçar que os resultados obtidos para o
carvão de vide e de poda de kiwi, ambos resíduos agrícolas, apresentam valores
próximos. O teor de humidade em ambos apresenta uma diferença de apenas 1.38%.
Ao nível do carbono a diferença é de apenas um ponto percentual, e o mesmo se passa
com o teor de cinzas e de voláteis.
Nas restantes amostras, biomassa florestal, podemos observar uma coerência
nos valores obtidos, para o teor de humidade, com excepção da amostra de pinho.
Para a acácia, o sobro e o azinho o teor de humidade é inferior a 5%, no entanto para o
pinho toma valores de 7%.
Ao nível do teor de carbono o melhor resultado é o de carvão de acácia, com
47
um teor de 98%, seguido, com uma pequena diferença, pela amostra de pinho com um
valor de 94%. Quer na amostra de carvão de azinho quer de sobro o teor de carbono é
inferior a 90%, registando respectivamente 84 e 86%.
No teor de cinzas as amostras de carvão de azinho e sobro apresentam também
os piores resultados, com 6.67 e 6.22% respectivamente, sendo que a amostra com
melhor resultado é a Acácia com 0.8%. O carvão de pinho apresenta 1.28% de cinzas.
Ao nível dos voláteis o pior resultado é o de carvão de azinho com 10.07%,
seguindo pelo sobro com 7.63%.
O carvão de acácia e de pinho apresentam valores positivos de 1.28 e 4.7%.
O poder calorifico pode ser calculado, numa base teórica, através da análise
elementar do composto. Para combustíveis sólidos a fórmula aplicada é [9]:
𝑃𝐶𝑆 = 8100 ∗ 𝐶 + 34400 (1 ∗𝑂
8) + 2500 ∗ 𝑆
𝑃𝐶𝐼 = 8100 ∗ 𝐶 + 34400 (1 ∗𝑂
8) + 2500 ∗ 𝑆 − 600𝑊
Onde:
𝐶 = 𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 (𝑘𝑔 𝐶
𝑘𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙)
𝑂 = 𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 (𝑘𝑔 𝑂
𝑘𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙)
𝑆 = 𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 (𝑘𝑔 𝑆
𝑘𝑔 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙)
48
𝑊 = 9𝐻 + ℎ𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Conhecendo apenas o teor de carbono e humidade das amostras produzidas,
foi assim calculado o PCS e PCI para cada uma das amostras (tabela 14). Como se pode
observar a amostra com maior teor de carbono, carvão de acácia, é também a que
apresenta um maior poder calorifico inferior e superior.
Da análise geral pode concluir-se que o carvão de acácia é que apresenta
melhores resultados, em todos os níveis.
49
BIBLIOGRAFIA
[1] – DGEG; ENERGIA EM PORTUGAL - Principais Números; 2014
[2] - Gavrilescu M., Chisti Y., (2005), Biotechnology- a sustainable alternative
for chemical industry, Biotechnology Advances, 23, 471-499
[3] - McKendry P., (2001), Energy production from biomass (part 1): overview of
biomass, Bioresource Technology, 83, 37–46
[4] – Demirbas A., (2000c), Biomass resources for energy and chemical
industry, Energy Edu Sci Technol, 5, 21-45.
[5] – INETI - Avaliação do potencial de biomassa da região do Algarve.
Relatório final. Maio 2006.
[6] - INE (2009). Recenseamento Geral da Agricultura, 2008. Portugal.
Principais Resultados. Instituto Nacional de Estatística, Lisboa
[7] - Inventário Florestal Nacional, 2006.
[8] – Mateus T.; 2006; O potencial energético da floresta portuguesa: analise do
potencial energético disponível para as centrais termoeléctricas a biomassa
florestal lançadas a concurso; FEUP – Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.
[9] – D. M. Mason and K. Gandhi; FORMULAS FOR CALCULATING THE
HEATING VALUE OF COAL AND COAL CHAR: DEVELOPMENT, TESTS AND
USES; Institute of Gas Technology; 3424 S. State St.Chicago, Illinois 60616