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Estudo de viabilidade do uso de Ferramentas Web 2.0 e Web Gis aplicadas no planejamento e na gestão de cidades
Cristiane Aparecida Lana Rafael Leite de Paula
Anderson Donizete Meira Maria Vanderléa de Queiroz
Resumo: A alocação de recursos e a priorização de atividades é um grande desafio na administração pública. Ao analisar a história mundial e especificamente o histórico da criação do Brasil, observa-se que desde a colonização os governantes não percebem a real necessidade da sociedade sob sua gestão. Assim, considerando a importância de dados para embasar a priorização das atividades públicas e a utilização dos recursos para o desenvolvimento regional, este trabalho efetuou um levantamento conceitual sobre as ferramentas Web 2.0, Web
GIS e Gazetteer, analisando contribuição potencial da união destas ferramentas e aplicação a processos de planejamento e gestão de cidades. O modelo a ser implementado coletará informações postadas pela população na rede social da Agência de Desenvolvimento de Viçosa (ADEVI) e espacializá-las, neste sentido desenvolveu-se um protótipo funcional, o VITIX. Espera-se que este trabalho facilite o acesso da população local, autoridades e investidores aos registros de eventos, percepções e idéias geradas pelos usuários da rede social da ADEVI, desencadeando um processo de construção coletiva do conhecimento e desenvolvimento local Palavras-Chaves: Web 2.0, Web Gis e Gestão pública
1. Introdução
Nas atividades econômicas há a dificuldade dos administradores públicos e privados
em alocar recursos disponíveis aos seus empreendimentos e percebe-se também, a
necessidade de utilização de informação e ainda da discussão crítica dos problemas que
afetam os diversos grupos sociais e sua organização (LANA, 2008). Muitas dessas
dificuldades estão ligadas a falta de informação e ao acúmulo de dados nas organizações.
Para Stezer (2004), dado é uma representação simbólica quantificada ou qualificável.
Na visão Beellinger (1996) citado por Ponchirolli (2005, p.73), “dados são apenas pontos
inúteis, sem sentido no espaço e no tempo, sem referência a outro espaço ou tempo; um
evento, carta ou palavra fora do contexto”. Davenport (1998) também citado por Ponchirolli
define dado como uma “forma de observação sobre o estado do mundo. É fácil capturar,
comunicar e armazenar”. Porém, ao serem trabalhados e disponibilizados estes podem
proporcionar oportunidades para a obtenção de informação. (PINHEIRO, [199-?].)
“A palavra informação tem sua origem no latim, do verbo informare, que significa dar
forma ou aparência, colocar em forma, criar, mas também representar, construir uma idéia
ou uma noção” (ZEMAN, 1970) citado por (MACHADO, 2003: p.15).
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Stezer (2004) considera informação como mensagens inicialmente recebidas em forma
de dados onde esta somente torna informação se o receptor conseguir compreender seu
conteúdo e a ele associar um significado.
Machado (2003: p.15), ainda ressalta que “na linguagem comum, o conceito de
informação está sempre ligado ao significado e é usado como sinônimo de mensagem, notícia,
fatos e idéias que são adquiridos e passados adiante como conhecimento”.
Drongelen et al (1996, p.214) citado por Ponchirolli (2005, p.75), entende
conhecimento “como a informação internalizada por meio da pesquisa, estudo ou experiência
que tem valor para a organização”. No entendimento de Devenport (1998) também citado por
Ponchirolli, “conhecimento é uma informação valiosa da mente combinada com experiência
contexto, interpretação e reflexão”. Ao analisar os conceitos supracitados verifica-se que os
dados muitas vezes acumulados se bem trabalhados e utilizados no lugar certo, podem
proporcionar não só a organização do espaço físico mais o desenvolvimento deste e do seu
entorno, uma vez que as informações quando geradas servem de base para o processo de
tomada de decisão de gestores e investidores internos e externos.
Pereira (2008), diz que o principal desafio da gestão pública, no mundo contemporâneo, é promover o desenvolvimento econômico e social sustentável, num ambiente de rápidas e profundas mudanças. Este desafio impõe às administrações públicas a necessidade de repensar a questão da governança e seu modelo de gestão, ao mesmo tempo em que exige mecanismos inovadores de relacionamento com a sociedade.
Ele ainda ressalta que a sociedade é quem deve definir o papel do Estado que ela
deseja, pois só assim será possível delinear a forma de atuar da gestão pública, o seu modelo,
práticas e valores.
Nas cidades brasileiras, principalmente as pequenas cidades que ficam distantes dos
grandes centros, costumam ter uma maior dificuldade na elaboração de informação e na
definição do papel do gestor. Muitas delas possuem diversidades de dados; porém, a falta de
aparato físico e humano adequado pode impossibilitar a transformação destes em informações
e, posteriormente, em conhecimento a ser disseminado a população.
A colaboração, realidade hoje conhecida pelas organizações privadas e vista por todos
os usuários da web enquanto plataforma, Web 2.0, vem mostrando que é possível por meios
colaborativos e cooperativos potencializar os resultados de transformação de dados em
informação e de transferência de conhecimento melhorando o processo de tomada de decisão
em geral.
3
Uma forma de otimizar esse processo é a utilização de sistemas colaborativos, onde
cada membro da população tenha a possibilidade de contribuir com dados reais que, depois de
postados em um ambiente adequado, sejam capturados e lapidados transformando-os em
informações úteis para diversos segmentos públicos e privados. Essas informações podem
nortear os gestores na definição de prioridades e na alocação de vários recursos em detrimento
das necessidades reais explicitadas pelos cidadãos. Alguns exemplos podem ser mencionados,
como ocorrências criminais, problemas com infraestrutura urbana, eventos sociais, educação,
saúde, pontos turísticos, entre outros que depois de registrados, permitam a consulta
espacializada, agilizando o processo de tomada de decisões.
Vivemos em uma sociedade em que há desigualdades no acúmulo e uso do conhecimento, devido à dificuldade de acesso a informação. Mas nota-se mudanças se compararmos com o comportamento de gerações passadas. Hoje é possível agregar agilidade e interação em um ambiente de comunicação, onde a distância não é problema. Com o avanço da cultura da virtualidade, juntamente com o avanço das novas ferramentas Web 2.0, pode ser possível ver, ter e fazer o que se tem vontade, por meio de conceitos, tecnologias e ferramentas de Web 2.0, e com isso um ambiente em que o indivíduo se atualiza sobre tudo que acontece no mundo, bastando uma conexão com o mundo virtual através de ferramentas como Fórum, Blogs, MSN, WEBCAN, etc. (LANA, 2008: p. 1-2).
Para Castells (1999: p. 486), “a globalização nos oferece instantaneidade temporal sem
precedentes aos acontecimentos sociais e expressões culturais1, proporcionando o
acompanhamento em tempo real de todos os minutos do colapso do Estado soviético em
agosto de 1991, com tradução simultânea dos debates políticos russos. A simultaneidade
introduz uma nova era de comunicação “em que o “fazer” história pode ser diretamente
testemunhado, desde que seja considerado suficientemente interessante pelos controladores da
informação”
Em Viçosa, um sistema dessa natureza pode contribuir na organização e no
planejamento e gestão do espaço urbano, identificando os problemas e as potencialidades em
diversos setores ou locais, como bairros, secretarias, institutos e outros.
Em sintonia com a proposta de desenvolvimento do Núcleo de Inteligência Coletiva
[NIC], cujo objetivo, é utilizar instrumentos de inteligência coletiva2 para prover o
desenvolvimento local e regional, aproximando pessoas, debatendo idéias, elaborando
projetos e gerindo ações coletivas, este estudo buscou analisar as possibilidades de integração
entre as chamadas ferramentas Web 2.0 [responsáveis pelos processos colaborativos] e os
1 WARK, 1994; CAMPO VIDAL, 1996 citado em Castells, 1999 2 É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Sua base e objetivo são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas (LEVY, 1998)
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sistemas Web GIS [responsáveis pela visualização espacializada dos eventos registrados],
possibilitando a visualização de um panorama real de eventos locais o que facilitará a
definição de prioridades, logo que será visível em mapas a concentração das necessidades, e
posteriormente melhorando e agilizando o processo de tomada de decisão.
1.1. Objetivo
Efetuar um levantamento conceitual sobre Web 2.0 e suas ferramentas, Web GIS e o
Gazetteer [em especial o Locus] para serem aplicados ao Núcleo de Inteligência Coletiva da
Agência de Desenvolvimento de Viçosa [NIC – ADEVI], buscando analisar a contribuição
potencial da união destas ferramentas dentro do contexto de planejamento e gestão de cidades.
2. Revisão de Literatura
2.1 Web 2.0 e suas ferramentas
Segundo Giardelli (2007) citado por Lana (2008: p.33), a Web 2.0 é somente um fruto
do qual nós somos a árvore. “Nela trabalha-se com colaboração, conteúdo e com a
comunidade. É um grupo de pessoas empenhadas a inovar, ultrapassando barreiras, limites; é
como um grande festival, onde o que importa é o espetáculo final ao agrado de todos”.
Passamos da era da informação para a era da participação. Para O’Reilly (2005), a
Web 2.0 é usada como plataforma utilizando as diversas ferramentas para desenvolver
aplicativos que aproveitem ao máximo não somente os recursos tecnológicos disponíveis,
mais a facilidade de interação desta com o usuário.
As ferramentas Web 2.0 permitem o compartilhamento de informações, sensações,
percepções, fotos, vídeos, entre outros. Todos estes elementos são repletos de dados que
podem ser capturados e transformados em registros reais e ricos para embasar o processo de
gerência.
Para Lemos (2004, p.19), ao viver em uma cidade é possível perceber e vivenciar a sua
transformação diária. As novas tecnologias de comunicação e informação estão
reconfigurando os espaços urbanos bem como as práticas sociais desses mesmos espaços.
As cidades [...] são artefatos que se desenvolve ou que deveriam se desenvolver
sempre em relação às redes técnicas e sociais. Atualmente, dentro desta perspectiva, tem-se à
disposição uma nova rede técnica [o ciberespaço]3 e uma nova rede social [as diversas formas
3 Ver: pt.wikipedia.org/wiki/Ciberespaço
5
de sociabilidade on-line], configurando as cibercidades4 contemporâneas.( LEMOS, 2004,
p.20).
Lemos, ainda ressalta que as mudanças ocorridas nas cidades vão de acordo com as
mudanças técnicas e sociais. Vários exemplos podem ser dados dessa nova cidade como o uso
dos celulares, home banking, pages, palms, votação eletrônica, telecentros, shopping e
impostos de rendas on-line, diversas redes de satélites, fibra óptica, telefonia fixa e o governo
eletrônico.
A cidadania passa por este sentimento de conexão generalizada e isto é o que
caracteriza as cidades contemporâneas pela nova dinâmica instaurada pela redes telemáticas.
O ciberespaço faz de todos os cidadãos emissores de informação e os coloca em pleno
nomadismo high tech. Participar, ser cidadão, atualmente é estar conectado, é ser presente e
participativo. (LEMOS, 2004 p.20). Na visão de Levy (1998), deveria ser permitido aos
cidadãos interagir em uma paisagem móvel de significações. Acontecimentos, decisões, ações
e pessoas estariam situadas nos “mapas” dinâmicos de um contexto comum tornando-o um
espaço das interações entre conhecimentos e conhecedores de coletivos inteligentes.
Antes da Web 2.0 “o paradigma do processo da comunicação em tempos de teoria da
informação era compreendido como um fluxo linear, de mão única”, onde o ambiente
informacional se dava de um para muitos (SHANNON e WEAVER, 1962) como citado por
(PRIMO 1998; 2000, p.2).
Com o desenvolvimento da teoria da comunicação, esse entendimento passou para um modelo de ênfase na interação. Se o primeiro paradigma se fundamenta na transmissão linear e consecutiva de informações e na superioridade do emissor, o segundo valoriza a dinamicidade do processo, onde todos os participantes são atuantes na relação. (SHANNON e WEAVER, 1962) como citado por (PRIMO 1998; 2000, p. 2).
A Web 2.0 carrega consigo diversos conceitos, tecnologias e ferramentas como
Mashup, RSS Feeds, Wiki, Blog, dentre outros. O acoplamento dos conceitos, tecnologias e
ferramentas dentro dessa plataforma, proporcionam o processo de interação, de socialização
da informação, permite o processo de participação e formação de redes; ambiente de muitos
para muitos, capaz de criar, modificar e revolucionar o conhecimento e o aprendizado.
A seguir, serão apresentados e detalhados alguns conceitos, tecnologias e ferramentas
associadas à Web 2.0 e utilizadas nas redes sociais.
4 Ver: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/cibercidades/oquee.htm
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Os mashups deriva da prática do Hip-Hop de mixar trechos de músicas, podendo ser
utilizados para serviços inteiramente novos e inovadores, utilizando o conceito da união de
diversas ferramentas em uma única ferramenta e um único banco de dados, capaz de prover
informações para diversos setores como educação, gestão e planejamento público e privado,
entre outros. É a união de toda a sociedade, auxiliando o processo de tomada de decisão
(LANA, 2008).
A tecnologia RSS, abreviação de Really Simple Sydication5 [distribuição realmente
simples], é uma maneira simplificada de distribuir os conteúdos da internet. Segundo Fugita
(2006), “RSS é uma forma de facilitar o acesso a uma grande quantidade de informação”. O
interessado em obter uma notícia ou as novidades, deve incluir o link do “feed” do “site” de
interesse em um programa leitor de RSS.
Outra ferramenta largamente utilizada é o Wiki, que segundo Santellano (2007),
significa construir conhecimento, de maneira coletiva e colaborativa, em um ambiente
acessível através da rede mundial de computadores, utilizando um conjunto de ferramentas e
mecanismos que possibilitam a inclusão rápida e de forma imediata desses conhecimentos ao
ambiente.
E, por fim, os blogs, que são as ferramentas Web 2.0 que mais se destacaram entre os
usuários da web pela sua facilidade de uso e pela velocidade com que as informações nele
contidas são atualizadas. Além do mais, os blogs possuem a capacidade de capturar a
inteligência global em uma espécie de filtro, o que James Surowecki, (2004) citado por
O’Reilly (2005) chama de “a sabedoria das massas”.
No Brasil, existem mais de 20 milhões de internautas, estima-se que algo em torno de
25% vasculhem blogs todo dia em busca de informação ou entretenimento, (AMORIM e
VIEIRA, 2006, p. 99).
2.2 WebGis
Diante da necessidade explicita de informação para se ter um processo de tomada de
decisão e uma gestão de recursos mais eficiente e eficaz, o uso da ferramenta WebGis vem se
tornando importante, visto que, por meio dela é possível facilitar a leitura dos dados e
informações coletadas nos mais diversos ambientes. Depois que os dados e as informações
5 A sigla RSS [Distribuição realmente Simples], também pode ser encontrada como RDF [Site Summary] e como RSS [Rich Site Summary]
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são coletados, estes passam a compor um bando de dados que serve de base para a elaboração
de mapas permitindo a visualização espacial de forma simplificada e detalhada.
Santana, Freitas, Moura e Davis Junior (2007, p.5487), falam da necessidade de
despertar o poder público e os cidadãos a possuírem um olhar mais atento de como os
recursos do município estão sendo utilizados, dessa forma a ferramenta WebGis, facilitará a
visão dos gestores das necessidades emergenciais do município, como áreas de conflitos do
uso do solo, ambiente de riscos ocupados de forma irregular, problemas de infraestrutura,
saúde, educação, entre outras. Com a utilização da WebGis as informações que deveriam estar
sob o poder público passa a ser informação de todos, cidadãos, empresários, investidores e
gestores das mais diversas áreas podem lançar mão de sua utilização.
A ênfase no WebGis, justifica-se devido ao tipo de usuário, que muitas vezes não tem
muita intimidade com o computador, e à percepção de que existe uma grande dificuldade de
compreensão e interpretação dos dados por partes dos diversos órgãos envolvidos na gestão
pública, que na maioria das vezes dispõe de dados e não de informação. (SANTANA, et al,
2007, p.5487- 5488),
Para Câmara Neto(1995), citado por Hara (1997), os Geographic Information System
[GIS, também conhecidos como Sistemas de Informação Geográficos [SIG]], “são sistemas
de informações baseados em computadores que permitem capturar, modelar, manipular,
recuperar, consultar, analisar e apresentar dados geograficamente referenciados”.
Segundo Wang, Zhang e Yang (2007, p.233, tradução nossa), “Gis tem sido uma
ferramenta essencial para as empresas, organizações e governos para fazer a gestão e tomada
decisões”. Nessa mesma perspectiva Danna, Bolzón, Rojas, Rosseto e Tedesco (2007, p.2224,
tradução nossa), dizem que o SIG é uma ferramenta formidável para a gestão municipal, uma
vez que com elas é possível criar modelos digitais de mapeamentos do território e suas
informações associadas a sua utilização. Por meio dele é possível compreender a realidade
dos recursos que é dado [o território], tomar decisões baseadas em informações plausíveis e
mais próxima da realidade. Fazendo com que qualquer área da gestão pública, como qualquer
sociedade, possa compartilhar das mesmas informações.
Espera-se que a utilização da WebGis, facilite a gestão do município de Viçosa,
atendendo as necessidades dos gestores, investidores, entre outros, com informações, e a
população com seus benefícios, visto que ambos terão a seu favor uma gama de informação,
mostrando suas necessidades imediatas.
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2.3 Gazetteer
No processo de comunicação, é muito utilizado algum tipo de referência e esta possui
uma localização geográfica. A grande maioria dessas referências espaciais é feita pelos nomes
dos locais e, em raras exceções, por sua coordenada geográfica.
Segundo Souza (2005), uma coleção de nome [referências] acompanhada de sua
localização geográfica é denominada de gazetteer, ferramenta que será de fundamental
importância no desenvolvimento desta análise e do protótipo, uma vez que por meio dele será
feita a inserção de dados e informações para geração de espacialização.
“Definido como um dicionário geográfico de nomes e lugares, acompanhado de suas respectivas localizações e posicionamento geográfico um sistema de gazetteer procura responder de modo eficaz consultas e questionamentos de localizações resgatando em suas bases de dados os geopontos – coordenadas geoespaciais. Permite funcionalidades para a importação e exportação de informações sobre localidades georeferenciadas, georeferenciamento de novas localidades, e compartilhamento de dados entre instituições [...] portanto considerado útil para o manejo de informações geográficas no ambiente Web. ”FARIAS, SANTOS e GELLER (2009, p.159),
Eles ainda ressaltam, que “sua utilização resulta em buscas com alta precisão
validando pontos geográficos para um melhor tratamento e análise espacial que servirá para
estudos minuciosos” da “saúde” do município de viçosa em todos os ambientes referenciados.
Para Hill (2000) citado por Souza (2005), “Três elementos são considerados essenciais
para um gazetteer: o nome do lugar, sua localização e o tipo que identifica a categoria do
lugar. Sendo que o nome pode admitir valores alternativos, como nomes não oficiais, antigos
ou em outras línguas.”
“Com estes três atributos básicos é possível processar ao menos dois tipos de consultas
fundamentais: “onde fica esse lugar?”[ex.:onde fica Viçosa?] e “o que há nesse lugar?” [ex.:
que faculdades existem em Viçosa? ]”
Como forma de exemplificar o gazetteer, pode-se falar do atlas geográfico muito
conhecido e familiar, onde existe uma lista de nomes de lugares acompanhados da sua
localização, o que difere este dos que será utilizado é sua forma de disponibilização que será
via web. Na construção do protótipo, o gazetteer selecionado foi o Locus, um modelo
estudado e elaborado por Souza na Universidade Federal de Minas Gerais no ano de 2005.
Para Souza (2005), este gazetter prevê que várias relações possam existir entre dois
lugares, deixando clara a possibilidade de diferentes tipos de consultas quando a aplicação for
executada.
9
3. Metodologia
O estudo foi realizado na cidade de Viçosa, especificamente, na Agência de
Desenvolvimento de Viçosa [ADEVI]. Iniciou-se com a realização de uma revisão de
literatura, abordando aspectos conceituais relacionados às ferramentas web 2.0, ferramentas
Web Gis, bem como a identificação e a analise do gazetteer [Locus] para a modelagem do
protótipo e da contribuição deste dentro do contexto de planejamento e gestão de cidades.
Posteriormente, levantaram-se e analisaram-se os requisitos necessários para a criação
do VITIX, a ser modelado, implementado e testado junto a rede social da ADEVI.
4. Resultados e Discussões
4.1 Seleção do WebGis
Com intuito de verificar a ferramenta que melhor atendia as necessidades deste
trabalho e da ADEVI, foram consideradas algumas características básicas, como ser uma
ferramenta gratuita capaz de gerar mapas de qualidade, ter facilidade de uso e popularidade.
Das alternativas analisadas, os APIs 6do Yahoo7 e do AOL8 são ferramentas gratuitas;
contudo, os mapas gerados não atendiam as necessidades exigidas, apresentam grande
dificuldade de uso e pouca popularidade. O outro API analisado foi o da Google9, que atendeu
as necessidades básicas; outro fator relevante foi à disponibilidade de mapas mais recentes da
cidade de Viçosa, MG, o que fez com este fosse o API escolhido.
4.2 Inserção dos pontos
Depois de escolhido o Web Gis a ser utilizado na construção do protótipo passou-se à
construção da ferramenta de inserção de pontos georeferenciados e à customização do API
escolhido. A função projetada devia, após um post em um dos blogs rede social, capturar o
endereço descrito junto ao post e inserir um ponto no mapa.
As primeiras tentativas de inserir pontos no Google maps, para entendimento de como
funcionava o sistema, não foram muito bem sucedidas. O processo clássico de inserção de
pontos no Google maps é muito burocrático e lento, exigindo uma confirmação por parte de
quem esta inserindo o ponto e uma validação por parte da Google.
6 Application Programming Interface ou Interface de Programa de Aplicação 7 Disponível em http://local.yahoo.com 8 Disponível em http://localsearch.aol.com 9 Disponível em http://local.google.com.br
10
Depois deste teste, com o objetivo de inserir um ponto no Google maps e acompanhar
todo o processo, os resultados mostraram a necessidade de buscar formas alternativas de
processamento dos pontos. A idéia de usar o banco de dados da própria Google foi
completamente descartada, pois, operacionalmente, seria muito dispendioso criar uma equipe
dedicada para confirmar e validar cada ponto inserido no mapa através dos posts nos blogs.
Neste contexto, partiu-se para a criação de um banco de dados próprio para armazenar
as informações necessárias para inserção dos pontos nos mapas e restringir o uso do API do
Google maps como “pano de fundo” para esses pontos.
4.3 Obtenção das coordenadas
Para a inserção de um ponto em um mapa são necessárias coordenadas geográficas. A
princípio acreditava-se que não haveria problemas com sua obtenção uma vez que o gazetteer
Lócus seria usado. Com a análise e o estudo do Locus, verificou-se que o processo se
restringe a passar o endereço em formato texto, obtendo-se como retorno as coordenadas
geográficas relacionadas ao endereço descritivo; porém, a obtenção das coordenadas não se
restringiria à entrada do endereço descritivo, do tipo “Rua A”, mas poderia ser utilizado
também o telefone, o CEP ou algum ponto de referência próximo ao local desejado.
No entanto, a customização do Locus para as necessidades deste estudo, tornou-se
totalmente inviável, pois o tempo demandado para a realização deste processo seria muito
elevado.
Uma saída prática, viável e que acabou por ser utilizada, foi uma função do Google
maps que possibilita, através do endereço, obter as coordenadas geográficas, isto é, um
gazetteer interno do sistema da Google.
4.4 Implementação do VITIX 4.4.1 Seleção da linguagem e ferramentas
O VITIX foi desenvolvido utilizando a linguagem de programação PHP [Personal
Home Page Tools, criado por Rasmus Lerdof em 1994]. Sua escolha se deu com o intuito de
minimizar problemas de integração com a rede social, principal sistema com o qual o VITIX
interage.
Além do PHP foi utilizado o JavaScript [linguagem de scripts criada pela Netscape em
1995] uma vez que todo o API ["Application Programming Interface"] do google maps é
desenvolvido utilizando-se esta tecnologia.
11
Com a inviabilidade do uso do Locus, o banco de dados utilizado por ele também se
tornou inviável, pois despenderia um enorme esforço para sua adaptação às necessidades do
sistema. Neste contexto, o critério para a escolha do banco de dados foi o mesmo utilizado
para a escolha da linguagem, facilitar a integração junto à rede social. Logo, a escolha foi
utilizar o Sistema Gerenciador de Banco de Dados, [SGBD], MySQL [criado por David
Axmark, Allan Larsson e Michael "Monty" Widenius], que atendeu perfeitamente aos
requisitos do sistema.
4.4.2 Processo de registro do post
Ao fazer um registro de um post em um blog, o usuário possui uma lista de categorias
em que seu post pode ser inserido. Além disso, é permitida a escolha de uma ou várias
categorias simultaneamente, que serão utilizadas posteriormente para distinguir os pontos no
mapa. As categorias escolhidas, a princípio, foram postos de saúde/ Programa de Saúde da
Família, escolas e lanchonetes.
No momento em que o usuário salvar o post, o endereço digitado é enviado ao API do
Google maps que verifica em sua base de dados sua existência. Caso exista o API retorna as
coordenadas referentes aquele endereço que são salvas no banco de dados do VITIX.
Outra opção seria utilizar esta função somente na hora em que o usuário fosse utilizar
o VITIX, não utilizando o banco de dados para armazenar as coordenadas que poderiam ser
obtidas a qualquer momento. Porém, por questões de otimização de desempenho, optou-se
por armazenar as coordenadas dos endereços no banco de dados na medida em que são feitos
os posts nos blogs da rede social.
4.4.3 Carga de dados para testes
A primeira carga de dados para testes foi feita utilizando informações obtidas de
fontes secundárias [Telelista, 102 da oi e catálogos telefônicos impressos].
Apesar de termos um arquivo no que já constavam as coordenadas geográficas de
vários pontos da cidade, optou-se por fazer a inserção dos dados manualmente, como se
fossemos um usuário normal, salvando um post. Este procedimento foi executado pois
existiram dificuldades para definir o sistema de coordenadas inicial, que viabilizasse a
apresentação correta dos pontos nos mapas.
4.4.4 Exibição dos pontos no mapa
12
Uma vez que os dados estão salvos no banco de dados, para exibir os pontos no mapa,
foi utilizado um comando Sql [Structured Query Language, também conhecida como
Linguagem de Consulta Estruturada] que retorna todos os registros salvos até o momento.
Esses registros são passados para um arquivo PHP, com JavaScript embutido, que coloca no
mapa os pontos com cores diferentes para cada categoria.
Após a página do VITIX ser carregada, o usuário tem a possibilidade de filtrar os
pontos por categorias, possibilitando assim uma análise mais refinada das informações.
A Figura 2 mostra uma visão da pagina com os testes realizados.
Figura 2: Integração do blog da rede social com o VITIX. ADEVI.
5. Conclusões
Tendo em vista a dificuldade que os gestores e benfeitores das grandes e pequenas
cidades possuem em conseguir o que, onde e como devem ser feitas as obras, incentivos ou
ações sociais, um trabalho desta natureza pode ajudar a otimizar os processos de tomada de
decisão.
O VITIX viabiliza a união entre ferramentas web 2.0 e ferramentas WebGis, fazendo
jus ao conceito “mashup”, que disponibiliza referências geográficas contendo as idéias e
percepções das pessoas sobre o ambiente em que elas estão inseridas.
No desenvolvimento deste trabalho foram encontrados alguns obstáculos como falta
de conhecimento avançado da língua inglesa, já que toda a documentação da ferramenta do
API do google maps está em inglês.
13
Além disso, a falta de domínio do PHP e do JavaScript colaboraram para que a
análise demorasse um pouco mais do que o previsto para a sua finalização.
Apesar de todos os contratempos, o objetivo deste estudo foi alcançado pelo
desenvolvimento de uma aplicação [protótipo] que pudesse interagir com a rede social, sendo,
capaz de integrar ferramentas Web 2.0 e Web Gis para a partir desse estudo gerar uma
ferramenta para ser aplicada no planejamento e gestão de cidades. Contribuindo de forma
eficiente e eficaz para construção do conhecimento e uma gestão púbica mais eficiente, uma
cidade em uma cidade sustentável e participativa.
6. Referências AMORIM, Ricardo; VIEIRA, Eduardo. Blogs: os novos campeões de audiência. Revista Época, n°. 428, p. 98-99, 2006.
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10 Artigo Dado, Informação, Conhecimento e Competência publicado no número zero (11/1999) da revista eletrônica sobre Ciência da Informação Datagrama Zero. Trata-se de tradução do artigo correspondente em inglês mas com várias extensões. Nova versão, atualizada e bem ampliada, publicada como capítulo do livro Setzer, V.W. Os Meios Eletrônicos e a Educação: uma Visão Alternativa. São Paulo: Editora Escrituras, Coleção Ensaios Transversais, Vol. 10, 2a. ed. 2002. Entrevista Como mapear competências, publicada pela revista "Programação" da SUCESU em 2/01. Artigo resumido publicado no jornal Folha Educação 27, 10-11/2004.
15
http://books.google.com.br/books?id=AwYMtYXoLNAC&printsec=frontcover&source=gbs_slider_thumb#v=onepage&q&f=true >. Acesso em 06 abril 2010.
Anexo:
1. Código em JavaScript que obtém as coordenadas geográficas do Gazetteer (Locus).11
2. APIs do Yahoo12
11 ADEVI 12 Disponível em http://local.yahoo.com
16
3. API do AOL13
4. API do Google14
13 Disponível em http://localsearch.aol.com 14 Disponível em http://local.google.com.br