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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA MARIANA DE SOUSA GOMES Curso de Bacharelado em Química da UFMG ESTUDO DA PERFORMANCE DE ADITIVOS ANTIOXIDANTES NATURAIS NO ENVELHECIMENTO DO ÓLEO DE MACAÚBA POR ESI/MS E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO BIODIESEL POR HPLC/ELSD/DAD. Belo Horizonte 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

MARIANA DE SOUSA GOMES

Curso de Bacharelado em Química da UFMG

ESTUDO DA PERFORMANCE DE ADITIVOS ANTIOXIDANTES

NATURAIS NO ENVELHECIMENTO DO ÓLEO DE MACAÚBA POR

ESI/MS E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO BIODIESEL

POR HPLC/ELSD/DAD.

Belo Horizonte

2014

MARIANA DE SOUSA GOMES

ESTUDO DA PERFORMANCE DE ADITIVOS ANTIOXIDANTES

NATURAIS NO ENVELHECIMENTO DO ÓLEO DE MACAÚBA POR

ESI/MS E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO BIODIESEL

POR HPLC/ELSD/DAD.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado a Universidade Federal de

Minas Gerais como requisito parcial para

obtenção de título de bacharel em Química

Orientadora: Isabel Cristina Pereira Fortes

Belo Horizonte, MG

2014

Dedico à

minha mãe Mariza,

ao meu pai Geraldo

ao meu irmão Pedro e

ao meu noivo Petrônio.

AGRADECIMENTO

Agradeço à Deus e à minha família: Mariza, Geraldo e Pedro pela fé em mim, pois sem

eles nada disso seria possível.

Ao meu noivo Petrônio pela compreensão, amor e companheirismo.

Aos meus familiares: tias, tios, e primos pelo carinho e ajuda em minhas conquistas.

Aos mestres da UFMG, pela confiança, compreensão, e ensinamentos a mim passados.

Ao Laboratório de Ensaio de Combustíveis - LEC principalmente à Isabel Cristina e Mirra

Angelina pela orientação e amizade. As professoras Vânya Pasa e Camila Corgonzinho

e pela oportunidade e conhecimentos oferecidos. Aos funcionários do LEC em especial

Rosângela pela ajuda em alguns ensaios.

Aos amigos do PRH 46 (Programa de Formação em Recursos Humanos em

Biocombustíveis) e da vida pelo apoio nesta etapa da minha vida profissional, meu

sincero e carinhoso abraço.

Agradecemos o apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis – ANP, da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – e do

Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT por meio do Programa de Formação de

Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT.

Essa vitória é de todos nós!

RESUMO

O biodiesel é constituído por uma mistura de ésteres monoalquílicos, é um combustível

renovável que pode ser obtido por processos tais como o craqueamento, a esterificação

ou pela transesterificação.

No Brasil, as especificações do biodiesel são regulamentadas pela Resolução ANP

n°14, de 11.5.2012. Para garantir a qualidade do biodiesel todos os parâmetros devem

estar dentro da norma a fim de controlar possíveis contaminantes que venham da

queima e garantir a integridade do motor e o desempenho do veículo.

Nesse cenário a Macaúba, pode ser tornar uma matéria-prima promissora para a

fabricação de biodiesel e outras indústrias. Aditivos antioxidantes como o BHT podem

ser adicionados a matéria prima para minimizar o processo de oxidação, esse trabalho

estudou o uso do Piche de alcatrão como um possível aditivo para minimizar o processo

de envelhecimento dos óleos.

Esse trabalho teve também como objetivo propor uma metodologia que possibilite o

monitoramento da qualidade do biodiesel a partir da detecção dos ésteres

monoalquílicos, dos subprodutos e coprodutos do biodiesel por meio de

HPLC/ELSD/DAD em uma única etapa e sem a necessidade de derivatização. Além

de determinar o perfil dos óleos puros por ESI(+)-MS e HPLC/DAD das amostras sem

e com antioxidantes, antes e após o envelhecimento.

Os resultados para a quantificação se mostraram satisfatórios para a quantificação do

biodiesel de óleo de soja e sebo bovino, porem para o óleo de coco os resultados não

foram o esperado.

Para o estudo do envelhecimento dos óleos em Rancimat com e sem BHT e Piche,

observou-se que o piche surge como um antioxidante alternativo para o

condicionamento de óleos vegetais evitando o seu envelhecimento em condições

drásticas e a técnica ESI(+)-MS uma alternativa rápida e eficaz para seu

monitoramento.

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS----------------------------------------------------------------------------- 8

LISTA DE FIGURAS ---------------------------------------------------------------------------- 9

1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------11

1.1Biodiesel --------------------------------------------------------------------------------------- 11

1.2 Parâmetros de qualidade ----------------------------------------------------------------- 14

1.3 Macaúba -------------------------------------------------------------------------------------- 14

1.4.Antioxidantes -------------------------------------------------------------------------------- 15

1.5 Técnicas analíticas utilizadas ------------------------------------------------------------17

1.5.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência( HPLC ) --------------------------------17

1.5.2 Diode Array Detector (DAD) -----------------------------------------------------------18

1.5.3 Evaporative Light Scattering Detector (ELSD) ------------------------------------18

1.5.4 Espectrômetro de massas (MS) -------------------------------------------------------19

1.5.5 Rancimat ------------------------------------------------------------------------------------20

2. OBJETIVO --------------------------------------------------------------------------------------21

3. METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------ 21

3.1 Monitoramento da qualidade do Biodiesel --------------------------------------------21

3.1.1 Otimização da fase móvel --------------------------------------------------------------22

3.1.2 Determinação do tempo de retenção de alguns produtos, coprodutos e

subprodutos do Biodiesel -----------------------------------------------------------------------22

3.1.3 Quantificação por curva analítica -----------------------------------------------------23

3.1.4 Quantificação por fator de correção -------------------------------------------------23

3.1.5 Síntese de Biodiesel --------------------------------------------------------------------24

3.1.6 Quantificação do Biodiesel por fator de correção ---------------------------------26

3.2 Estudo da performance de aditivos antioxidantes naturais no envelhecimento

de óleo de macaúba por HPLC/DAD e HPLC/MS ---------------------------------------26

3.2.1 Preparo das amostras -------------------------------------------------------------------26

3.2.2 Determinação do perfil do óleo por HPLC/DAD ---------------------------------- 29

3.2.3 ESI(+)-MS das amostras de óleo de macaúba antes e após o

envelhecimento -----------------------------------------------------------------------------------29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO -----------------------------------------------------------30

4.1 Monitoramento da qualidade do Biodiesel ----------------------------------------30

4.1.1 Otimização da fase móvel --------------------------------------------------------------30

4.1.2 Determinação do tempo de retenção de alguns produtos, coprodutos e

subprodutos do Biodiesel ---------------------------------------------------------------------- 30

4.1.3 Curva analítica ----------------------------------------------------------------------------31

4.1.4 Quantificação por fator de correção --------------------------------------------------32

4.1.5 Síntese de Biodiesel ---------------------------------------------------------------------33

4.1.6 Quantificação do Biodiesel por fator de correção --------------------------------33

4.2 Estudo da performance de aditivos antioxidantes naturais no envelhecimento

de óleos vegetais por HPLC e ESI/MS -----------------------------------------------------36

4.2.1 Envelhecimento das amostras --------------------------------------------------------36

4.2.2 Determinação do perfil do óleo por HPLC/DAD -----------------------------------37

4.2.3 ESI(+)-MS das amostras de óleo de macaúba antes e após o

envelhecimento -----------------------------------------------------------------------------------39

5. CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------------- 43

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------- 44

7. ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------46

ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP Agência Nacional do Petróleo

ASTM American National Standards Institute

BHA 3-terc-butil-4-hidroxianisol BHT Hidróxido butil tolueno

HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

DGs Diglicerídeos

DOU Diário Oficial da União

ELSD Evaporative Light Scattering Detector

EM Norma Europeia

ESI(+)-MS Eletrospray no modo positivo – Espectrômetro de Massas

GC Cromatografia Gasosa

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MGs Monoglicerídeos

TBHQ Terc- hidróxido butil quinona TGs Triglicerídeos

DAD Diode Array Detector

LISTA DE TABELA

Tabela 01- Composição em ácidos graxos de diversas oleaginosas----------------13

Tabela 2- Preparo da amostra concentrada de óleo de macaúba e antioxidantes

(Piche e BHT) ------------------------------------------------------------------------------------- 27

Tabela 3: Concentração de antioxidantes no óleo de macaúba---------------------- 27

Tabela 4: Apresenta os fatores de correção calculados a partir da equação 1 (item

3.1.4) para os ésteres metílicos utilizados no pool --------------------------------------32

Tabela 5: Massa das cadeias dos ésteres monoalquílicos obtidos através da

balança semi-analítica e obtidas através do fator de correção ----------------------- 33

Tabela 6: Fator de correção para os ésteres monoalquílicos presentes em maior

no biodiesel de óleo de soja, coco e no sebo bovino.-----------------------------------34

Tabela 7: Quantificação dos ésteres monoalquílicos do biodiesel pela método

desenvolvido---------------------------------------------------------------------------------------36

Tabela 8: Perfil graxo do óleo da amêndoa de macaúba-------------------------------37

Tabela 9: Massa e volume dos reagente para a transesterificação das matérias

primas para obtenção do biodiesel-----------------------------------------------------------45

Tabela 10: Fragmentos (m/z) dos picos mais intensos e suas respectivas

abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba sem aditivo antes e após o

envelhecimento-----------------------------------------------------------------------------------46

Tabela 11: Fragmentos (m/z) dos picos mais intensos e suas respectivas

abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba + Piche antes e após o

envelhecimento -----------------------------------------------------------------------------------48

Tabela 12 - Fragmentos (m/z) dos picos mais intensos e suas respectivas

abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba + BHT antes e após o

envelhecimento-----------------------------------------------------------------------------------49

LISTA DE FIGURA

Figura 01 - Reação de obtenção do biodiesel pela reação de transesterificação partindo de um triacilglicerídeo ----------------------------------------------------------------11

Figura 02 - Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel – nacional ---12

Figura 3 - Representação do corte transversal do fruto da macaúba --------------15

Figura 4 - Produção de diferentes oleaginosas por hectares de terra --------------15

Figura 5 - Reação de Hidrólise de óleos e gorduras ------------------------------------16

Figura 6 - Esquema das etapas do processo de oxidação -----------------------------16

Figura 7 - Butilhidroxitolueno (BHT) --------------------------------------------------------- 17

Figura 8 - Estrutura macromolecular simplificada do piche de alcatrão de Eucalyptus sp -------------------------------------------------------------------------------------17

Figura 9 - Componentes básicos de um espectrometro de massas ---------------- 19

Figura 10 - Processo de obtenção das moléculas do analíto carregadas pelo processo de inonização por Eletrospray --------------------------------------------------- 20

Figura 11 - Esquema de funcionamento do Rancimat --------------------------------- 21

Figura 12 - Cromatógrafo Líquida da marca Shimadzu, modelo LC-20AT ------- 22 Figura 13 - Esquema do preparo dos padrões dos ésteres monoalquílicos saturados predominantes na amostra de biodiesel com adição de padrão interno ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 Figura 14 - Esquema do preparo dos padrões saturados e insaturados dos ésteres monoalquílicos predominantes na amostra de biodiesel com adição de padrão interno ---------------------------------------------------------------------------------------------- 23 Figura 15 - Preparo de um pool para testar a quantificação por fator de correção -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 Figura 16 - Etapas da síntese do biodiesel partindo de diferentes matérias primas -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 25 Figura 17 - Fluxograma do preparo das amostras de biodiesel sintetizadas a partir de diferentes matérias primas ---------------------------------------------------------------- 26 Figura 18 - Rancimat modelo 837 ----------------------------------------------------------- 28

Figura 19 - Fluxograma dos antioxidantes utilizados e forma de condicionamento -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 28 Figura 20 - Espectrômetro de massas LCQ-Fleet, Thermo-Scientific ------------- 29 Figura 21 - Cromatograma dos principais padrões de produtos, coprodutos e subprodutos do biodiesel.( detector de UV-Vis, 205nm), coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min. ---------------- 30 Figura 22 - Cromatograma dos principais padrões de produtos, coprodutos e subprodutos do biodiesel (detector de ELSD), coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min. ------------------------------ 31 Figura 23 - Curva de calibração para o C12:0 e C18:0, as curvas obtidas foram preparadas de acordo com a norma ABNT NBR 15764 em uma coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min.----------32

Figura 24 - Cromatogramas mostrando o perfil do biodiesel de diferentes origens em termos de seus esteres metilicos : soja (a), sebo bovino (b) e coco (c), em uma coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min. --------------------------------------------------------------------------------------- 35 Figura 25 - Cromatograma das amostras de óleo de macaúba sem adição de antioxidante, antes do envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta), a coluna utilizada foi uma CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro

de 4,6 mm e com partículas de 5µm.------------------------------------------------------------37

Figura 26 - Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + BHT (1000 ppm), antes do envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta), A coluna utilizada foi uma CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro de 4,6 mm e com

partículas de 5µm.----------------------------------------------------------------------------------------- 38

Figura 27 - Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + BHT (2000 ppm), antes do envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta)-38

Figura 28 - Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + Piche 1000 ppm (a) e óleo de macaúba + Piche 2000 ppm (b), antes do envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta) ------------------------------------------39

Figura 29 - MS(+)-ESI do óleo de macaúba envelhecida(a), sem antioxidantes (b) com antioxidante ---------------------------------------------------------------------------------40 Figura 30 - MS(+)-ESI do óleo de macaúba + piche(x ppm) (a) não envelhecido (2000ppm) (b), envelhecido (2000 ppm) (c) e envelhecido (1000 ppm) -----------41 Figura 31 - MS(+)-ESI do óleo de macaúba + BHT (x ppm):(a) não envelhecido (2000ppm) (b), envelhecido(2000 ppm) (c) envelhecido ( 1000 ppm) ------------- 42

Figura 32 - Reação com aquecimento e agitação para obtenção do biodiesel --45

Figura 33 - Cromatografia em camada delgada após 30 min de reação ---------- 46

11

1. INTRODUÇÂO

1.1 Biodiesel

De acordo com a conjuntura energética internacional em um futuro próximo ocorrerá o

esgotamento das reservas de petróleo. O Brasil, face às suas potencialidades, tem

procurado através de políticas públicas, incentivar o estudo de formas alternativas de

energia. Muitas destas formas são baseadas em produtos e sub-produtos agrícolas,

com destaque para a indústria de álcool para fins combustíveis. Outra alternativa de

origem vegetal é a produção de biodiesel. [1]

O biodiesel é constituído por uma mistura de ésteres monoalquílicos, é um combustível

renovável que pode ser obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a

esterificação ou pela transesterificação, a Figura 1 mostra a reação de obtenção do

biodiesel pela reação de transesterificação. A, mais utilizada, consiste numa reação

química de óleos vegetais ou de gorduras animais com o etanol ou o metanol, e um

catalisador. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem produzir o

biodiesel, tais como mamona, dendê, algodão, girassol, macaúba e soja, dentre outras.

[2].

Geralmente, os combustíveis renováveis são produzidos para reduzir as emissões de

gases de efeito estufa, melhorar a combustão de combustíveis, e ampliar abastecimento

de combustíveis fósseis [3].

Figura 01: Reação de obtenção do biodiesel pela reação de transesterificação partindo de um

triacilglicerídeo.[4]

O uso de óleos vegetais vem crescendo em larga escala sendo utilizados em diversos

setores, como: indústrias alimentícias, produção de cosméticos e fármacos e, inclusive,

na produção de biocombustíveis. [3] Estes são constituídos principalmente de

triacilglicerídeos (cerca de 95%) e de alguns ácidos graxos livres, monoacilglicerídeos

e diacilglicerídeos. Eles apresentam também quantidades variáveis de outros

componentes como triterpenos, fosfolipídeos, esteróis livres e esterificados, tocoferóis,

carotenos, clorofilas, hidrocarbonetos dentre outros. [5]

12

A qualidade e a composição de um óleo são fatores determinantes na síntese de

biodiesel. Devido a sua composição, os óleos vegetais são também sujeitos a

processos de oxidação, similares a oxidação de vários outros compostos orgânicos

insaturados. Assim, a forma como o óleo é armazenado pode favorecer ou não os

processos de hidrólise e de oxidação do mesmo, influenciando assim, no seu tempo de

vida útil. [3]. Estes processos ocasionam a deterioração da matéria prima de produção

do biodiesel. Para que haja uma redução destes processos pode ser adicionado um

agente antioxidante. Portanto, o estudo de estabilidade oxidativa dos óleos vegetais é

de suma importância, afinal de contas, a matéria prima influencia as propriedades do

biodiesel obtido. Geralmente, os ácidos graxos insaturados ou poli-insaturados são mais

susceptíveis à oxidação do que os saturados[6].

Em 2013, a indústria nacional produziu três bilhões de litros de biodiesel, 300 milhões a

mais do que no ano anterior. O percentual de mistura obrigatória do combustível no

diesel é de 5% de acordo com a Resolução nº 6/2009 do Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de outubro de

2009, que aumentou de 4% para 5% o percentual obrigatório de mistura de biodiesel ao

óleo diesel. Com previsão de crescimento para 7% as indústrias vão ter que aumentar

a produção em pelo menos 40%, passando de três bilhões para 4,200 bilhões de litros.

[7]

Atualmente a produção de biodiesel no Brasil é proveniente em grande maioria do óleo

de soja (71,71%), seguido pela gordura bovino (24,17 %) e óleo de algodão (2,03 %),

como mostrada na Figura 2. [8].

Figura 2:Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel – nacional. [8]

Entretanto, a utilização de outras oleaginosas torna-se viável por meio de cooperativas

agrícolas e têm sido incentivada por programas como o Selo Combustível Social, que é

uma identificação concedida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) às

empresas que promovem a geração de emprego e renda para a agricultura familiar [9].

A composição em termos do perfil graxo dos diversos óleos pode variar de acordo com

a origem da oleaginosa. A Tabela 1 presenta essa variação na composição em ácido

graxos [10]. E a presença de certos ácidos graxos em detrimentos a outros irá conferir

ao óleos características como maior ou menor resistência a processos oxidativos.

13

Tabela 1: Composição em ácidos graxos de diversas oleaginosas. [10]

Ácido Graxo

Algodão Amendoim Arroz Amêndoa Babaçu

Canola Cártamo Coco Amêndoa Dendê

Gergelim Girassol Linhaça Polpa Macaúba

Amêndoa Macaúba

Mamona Milho Nabo Forrageiro

Oliva Palma Pinhão-manso

Soja Sebo animal

C6:0 0,4 – 0,6

C8:0 2,6-7,3 5-10 2,7 6,2

C10:0 <0,1 <0,4 1,2-7,6 4,5-8

7 <0,1 <0,4 5,3 <0,3 <0,1

C12:0 40-55 43-51

46,9 43,6 <0,4 O,3

C14:0 0,2-2,0 <0,6 0,4-1,0

11-27 <0,2 16-21

14,1 <0,5 <0,5 8,5 <0,1 0,05 0,5-2 <0,5

C16:0 17-31 6-16 12-18

5,2-11 2,5-6,5

7,3 7,5-10

8,8 7-13,1 3-10 5,1 18,7 5,3 1,1 9-14 5,7-8,3 7,5-20

35-47 14,3-15,5

7-14

24,85

C16:1 0,5-2,0 <0,1 0,2-0,4

<0,6 <0,5 <1,0 0,3 4,0 <0,5 0,3-3,5

<0,6 0-1,3 <0,5

C18:0 0,9-4 1,3-6,5 1-3 1,8-7,4 0,8-3,0

1,9 2-4 1,3 3,5-6 1-10 2,5 2,8 2,4 3,1 0,5-4 2,2-3,6 0,5-5

3,5-6,5

5,1-5,4 1,4-5,5

9,08

C18:1 13-44 35-72 40-50

9-20 53-70 13,6 5-10 18,5 35-52,8 14-35 18,9 53,4 25,5 4,9 24-42

27,9-34,5 55-83

36-47 41,1-44,2

19-30

45,72

C18:1* 89,6

C18:2 33-59 13-45 29-42

1,4-6,6 15-30 77,2 1-2,5

0,7 30,2-50 55-75 18,1 17,7 3,3 1,3 34-62

7,6-19,1 3,5-21

6,5-15

34,9-38,1

44-62

13,84

C18:3 0,1-2,1 <0,3 <1 5-13 <0,1 <0,3 55,1 1,5 <2 4,6-13,2 0,9 <0,5 0-0,2 4-11

0,35

C20:0 <0,7 1-3 0,1-1,2

<0,1 <1,5 <1 0,8-2,2 0,6 <1 <1

C20:1 <0,5 0,5-2,1 <1 0,1-4,3

<0,5 <0,5 <0,5 7,9-11,2 0,4 <1

C20:2 1-5

C22:0 <0,5 <0,3 <0,5 <0,5 <0,5 <1,0 <0,5 0,2 <0,5

C22:1 <0,5 0,5-3,0 <2,0 <0,5 11,9-33,3

C22:2

C24:0 <0,5 <0,2 <0,5 <0,5 ≤0,6 0,2

C24:1 <0,2 <0,5 ≤2,0

14

1.2 Parâmetros de qualidade

No Brasil, as especificações do biodiesel são regulamentadas pela Resolução ANP

n°14, de 11.5.2012.[11]

Para garantir a qualidade do biodiesel todos os parâmetros devem estar dentro da

norma a fim de controlar possíveis contaminantes que venham da queima e garantir a

integridade do motor e o desempenho do veículo. Além de monitoramento de produtos

de degradação durante a estocagem. Alguns dos parâmetros monitorados são: Sódio e

Potássio (máximo 5 mg/Kg), índice de acidez (máximo 0,5 mg KOH/g), glicerina livre

(máximo 0,02 % massa), monoglicerídeo, diglicerídeo, triglicerídeo, Teor de éster

(mínimo 96,5% massa) entre outros.

O teor de éster metílico no biodiesel é um parâmetro previsto pela norma EN 14214 e

na RANP 07/08 com limite mínimo de 96,5 % em massa. Esse teor pode ser monitorado

pela norma EN 14103:2011 com determinação da porcentagem dos ésteres metílicos

dos ácidos graxos e a porcentagem do éster do ácido linolênico presente na amostra

por Cromatografia Gasosa. A massa do éster é obtida através da comparação da área

total dos picos correspondentes com a área do pico do nonadecanoato de metila,

utilizado como referência. A norma brasileira recomenda também o método ABNT NBR

15342, a ser empregado na análise de biodieseis de gordura animal ou de misturas de

matérias primas distintas, das quais faça parte o óleo de mamona. [04]

A presença de monoacilglicerídeo, diacilglicerídeo e triacilglicerídeo em valores

elevados é uma evidências de que o processo de obtenção do biodiesel não foi

eficiente, dessa forma o monitoramento desses componentes também são de extrema

importância para garantir a qualidade do biocombustível. A presença desses

componentes em excesso podem prejudicar a análise de Cromatografia Gasosa

obstruindo as colunas e diminuindo sua vida útil. Para analisar a presença desses

componentes as normas ASTM D6584 e ABNT NBR 15908 utilizam a Cromatografia

Gasosa, porém é necessário fazer um pré-tratamento das amostras – derivatização(

acilação), para torná-la mais volátil.

Pode-se perceber dessa forma que a cromatografia gasosa monitora a presença dos

ésteres de forma eficiente porém a presença de coprodutos que não reagiram por

completo pode diminuir a vida útil das colunas utilizadas para essa análise.

1.3 Macaúba

Nesse cenário a Macaúba, encontrada naturalmente em grande parte do território

brasileiro, pode ser tornar uma matéria-prima promissora para a fabricação de biodiesel

e outras indústrias. No entanto, isso ainda depende de desenvolvimento tecnológico em

várias etapas do sistema produtivo[12]. A Figura 3 mostra o fruto da macaúba, essa é

constituída pela casca, polpa, castanha e pela amêndoa.

15

Figura 3: Representação do corte transversal do fruto da macaúba.[13]

A Figura 4 mostra a produção de óleo da macaúba por hectare plantada em comparação

com outras oleaginosas. A macaúba é juntamente com o palma a maior produtora de

óleo por hectare quando comparadas com: soja, milho algodão entre outras. [14]

Figura 4: Produção de diferentes oleaginosas por hectares de terra. [15][16]

1.4 Antioxidantes

A degradação de um óleo pode ocorrer por diversos fatores tais como: as condições de

armazenamento (presença de luz, altas temperaturas e concentrações de oxigênio),

presença de contaminantes (metais de transição), presença de umidade dentre outros

[17]

O processo de deterioração de um óleo pode ocorrer através de dois processos: por

meio de hidrólise e da oxidação.

A hidrólise consiste na reação entre o óleo/gordura e a água (Figura 5), esse processo

requer algumas condições: altas temperaturas (maiores que 100oC) e longo tempo e

ocorre principalmente devido a condições ruins de estocagem. [17]

16

Figura 5: Reação de Hidrólise de óleos e gorduras [17]

Existem três tipos de oxidação: auto-oxidação, foto-oxidação e oxidação enzimática. A

auto-oxidação consiste numa série de reações em cadeia iniciadas pela presença de

radicais podendo ser dividida em três processos básicos: iniciação, propagação e

terminação (ver Figura 06). A auto-oxidação aumenta quanto maior for o grau de

insaturação dos compostos. [18]

Iniciação R2 2 R •

Propagação R• +O2 ROO•

ROO• + RH ROOH + R•

Terminação R• ROO• Produtos estáveis

Figura 6: Esquema das etapas do processo de oxidação [18]

No processo de oxidação enzimática, o peróxido é formado pela reação dos ácidos

graxos com oxigênio numa reação catalisada pela enzima lipoxigenase. A fotoxidação

é um mecanismo alternativo à formação de radicais livres. Consiste na oxidação dos

compostos insaturados devido a presença de luz e a disponibilidade de oxigênio.

Os antioxidantes são compostos capazes de inibir a oxidação de outras moléculas,

retardando o processo de oxidação, diminuindo a velocidade de reação. Isso ocorre

pois os antioxidantes interrompem as reações em cadeia eliminando os radicais livres

através da sua própria oxidação.

Os antioxidantes também podem ser naturais ou sintéticos. Entre os sintéticos temos o

BHA (3-tercbutil-4-hidroxianisol), BHT (Butil-hidroxi-tolueno) e TBHQ (Terc-hidroxido-

butil-quinona) são os antioxidantes mais utilizados. Entre os antioxidantes naturais mais

usados podemos citar os tocoferóis e ácidos fenólicos.O piche vegetal vem sendo

estudado nos últimos anos como um potencial antioxidante natural. [18]

O BHT, é um composto orgânico lipossolúvel como mostrado na Figura 7. A estrutura

fenólica do composto permite a doação de um próton ao radical livre regenerando a

molécula de acilglicerol e interrompendo o mecanismo de oxidação. O composto se

tornará um radical livre, entretanto ele se estabiliza sem promover ou propagar as

reações de oxidação [19].

17

Figura 7: Butilhidroxitolueno (BHT)[18]

O Piche de Eucalyptus ou piche vegetal é o resíduo sólido da destilação do alcatrão

gerado na pirólise lenta da madeira para produção de carvão vegetal.

O piche de eucalipto, Figura 8, é formado por unidades de cresóis, fenóis e siringóis.

Possui um alto conteúdo de oxigênio devido a presença de hidroxilas, carbonilas e

metoxilas. Assim, esse composto apresenta um grande potencial de ação antioxidante.

[19]

Figura 8: Estrutura macromolecular simplificada do piche de alcatrão de Eucalyptus sp. [19]

1.5 Técnicas analíticas utilizadas.

1.5.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ( HPLC )

A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência é um dos métodos analíticos mais utilizados

para fins qualitativos e quantitativos. A utilização desta técnica vem crescendo e está

18

relacionada à sua adaptabilidade para determinações quantitativas com boa

sensibilidade e a possibilidade de separar espécies não voláteis e termicamente

instáveis.

A HPLC pode ser classificada como de fase normal (HPLC-FN) ou de fase reversa

(HPLC-FR). Sistemas de HPLC-FR consistem de uma fase estacionária de menor

polaridade e uma fase móvel de maior polaridade, enquanto a fase normal tem as

polaridades invertidas. A HPLC-FR apresenta várias vantagens, tais como: uso de fases

móveis menos tóxicas e de menor custo, como metanol e água; fases estacionárias

estáveis de muitos tipos diferentes; rápido equilíbrio da coluna após a mudança da fase

móvel; facilidade de empregar eluição por gradiente; maior rapidez em análises e boa

reprodutibilidade dos tempos de retenção.

Como as fases estacionárias para utilização como fase reversa devem apresentar

carácter apolar e a superfície dos óxidos (SiO2) utilizados como suporte são polares,

faz-se necessário introduzir grupos orgânicos apolares nas suas superfícies. Isto ocorre

através da introdução de monocamadas orgânicas via reação com reagentes

apropriados, produzindo as chamadas fases quimicamente ligadas. Os grupos mais

utilizados neste revestimento são alcanos do tipo C8 e a C18. Outros envolvem o

recobrimento superficial dos óxidos com polímeros orgânicos. [20]

Juntamente a essa técnica de separação são utilizados detectores de forma acoplada,

entre eles os mais comuns são: DAD (arranjo de diodos), índice de refração, ELSD ou

espectrômetros de Massas. Nesse trabalho foram utilizados os detectores DAD, ELSD

e ESI/MS.

1.5.2 Diode Array Detector (DAD)

Baseia-se na absorção da luz na região de UV-Vis pelo analito. Este detector então é

classificado como um detector seletivo pois só detecta os compostos que absorvem

nesta região, de acordo com comprimento de onda escolhido. É um dos detectores

mais utilizado em HPLC ,pois uma grande parte das substâncias orgânicas absorvem

nesta região.

Algumas considerações com relação a esse detector são relevantes como, a fase móvel

utilizada não pode absorver no comprimento de onda selecionado e a pureza da fase

móvel utilizada é extremamente importante (traços de impurezas podem absorver

intensamente no comprimento de onda utilizado. [21]

1.5.3 EVAPORATIVE LIGHT SCATTERING DETECTOR (ELSD )

É considerado um detector universal para compostos não voláteis. Ele é baseado na

habilidade das partículas causarem espalhamento de fótons, quando elas atravessam

um feixe de luz policromática. Suas aplicações englobam a determinação de: lipídios,

ácidos graxos, carboidratos, polímeros, esteroides, aminoácidos, aditivos de plásticos,

produtos farmacêuticos, etc.

O seu princípio de funcionamento consiste no espalhamento de uma luz incidente pelas

partículas do analíto gerando um sinal, que é proporcional à massa presente, e

independe da presença ou ausência de grupos cromóforos, fluoróforos ou eletroativos.

Qualquer analito não volátil pode ser detectado. [21]

19

1.5.4 ESPECTROMETRIA DE MASSAS (MS)

A espectrômetria de massas é uma das técnica instrumentais mais adequada para

identificação de um composto. O diagrama de bloco do equipamento está representada

na Figura 9, constituído de uma fonte de ionização, um analisador e um detector. Os

métodos de ionização mais conhecidos são: ionização por elétrons (EI), ionização

química (CI), bombardeamento por átomos rápidos (FAB), ionização por dessorção a

laser assistida por matriz (MALDI), ionização química a pressão atmosférica (APCI) e

ionização por electrospray (ESI) [22]

Figura 9: Componentes básicos de um espectrometro de massas.[22]

A ionização ESI é conhecido pela habilidade em transferir espécies da solução para a

fase gasosa de forma suave, permitindo inclusive que espécies supramoleculares

fracamente ligadas permaneçam intactas. Essa característica, aliada à alta

sensibilidade, torna a técnica de ESI-MS adequada para interceptar espécies

transientes em reações orgânicas, ou mesmo monitorar a formação de produtos e

detectar o momento que subprodutos estão sendo formados [23]. Na ionização

eletrospray, deve-se escolher se serão analisados os íons negativos ou positivos,

dependendo do analíto existe uma tendência maior de formação de um ou outro.

Espectros de massas obtidos nos modos positivos e negativos são representados pelas

siglas ESI(+)-MS e ESI(-)-MS.[24]

A Figura 10 representa o processo de desolvatação e decomposição seguido pela

formação das partículas carregadas positivamente. Após a formação das moléculas

carregadas, essas são direcionadas para o analizador de massas de acordo com a sua

relação m/z (massa/carga) e o sinal convertidos pelo detector.

20

Figura 10: Processo de obtenção das moléculas do analíto carregadas pelo processo de

inonização por Eletrospray.[25]

Os tipos de analisadores mais utilizados são: quadrupolo (Q), aprisionamento de íons

(ion trap), tempo de vôo (TOF – Time of Flight), setor eletrostático (E) e setor magnético

(B), ressonância ciclotrônica de íons (ICR – Ion Cyclotron Resonance) e configurações

híbridas como o setor eletrostático e magnético (BE), quadrupolo-quadrupolo (Qq),

quadrupolo -TOF (QTof), quadrupolo - íon trap (Qtrap) e alguns outros.

Os analisadores do tipo íon trap os íons não descrevem uma trajetória através do

ambiente quadrupolar, e sim são aprisionados dentro dele. Existe um campo elétrico no

interior do íon trap que mantém os íons em uma órbita estável em seu interior. Um

potencial RF (rádio frequência) é aplicado e os íons são então desestabilizados e

expelidos para fora do analisador, de acordo com seus valores de m/z.[23]

O detector tem a função de detectar e amplificar o sinal da corrente de íons que vem do

analisador e transferir o sinal para o sistema de processamento de dados.

O ESI-MS tornou-se uma das técnicas analíticas mais poderosas e amplamente

utilizadas. Dentre as suas vantagens incluem alta sensibilidade e seletividade, facilidade

de uso e consumo reduzido de amostra. [23, 26]

1.5.5 RANCIMAT

O Rancimat é utilizado a fim de determinar a estabilidade oxidativa por meio do aumento

da condutividade elétrica da solução analisada. Seu funcionamento consiste na

passagem de ar através do óleo, esse é mantido a temperatura entre 100 a 140 º C.

Esse ar é então borbulhado em água deionizada arrastando os ácidos carboxílicos

voláteis produzidos na oxidação, que aumenta a condutividade da água. Esse aumento

é monitorado por uma célula condutimétrica e registrada [27]. A Figura 11 representa

um esquema de funcionamento do Rancimant.

21

Figura 11: Esquema de funcionamento do Rancimat.[27]

2 OBJETIVOS

Esse trabalho teve como objetivo propor uma metodologia que possibilite o

monitoramento da qualidade do biodiesel a partir da detecção dos ésteres

monoalquílicos, dos subprodutos e coprodutos do biodiesel por meio de

HPLC/ELSD/DAD em uma única etapa e sem a necessidade de derivatização.

Determinar o perfil dos óleos puros por ESI/ MS. Adicionar antioxidantes aos óleos e

submetê-los a processos oxidativos (racimat). Verificar o perfil dos produtos obtidos por

HPLC.

Verificar quais as diferenças no perfil e identificar quais os produtos estão sendo

formados e a sua contribuição para o aumento da estabilidade destes óleos.

3 METODOLOGIA

3.1 Monitoramento da qualidade do Biodiesel

Os trabalhos iniciais para quantificação do ésteres monoalquílicos foram realizados

através da Cromatografo Líquida de Alta Eficiência (HPLC) da marca Shimadzu, modelo

LC-20AT com amostrador automático, como mostrado na Figura 12. Este equipamento

22

possui um sistema de gradiente quaternário, com detector UV-Vis(DAD) SPD 20A e com

detector ELSD LTII. A coluna utilizada foi uma Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com

partículas de 2,6 µm. O fluxo utilizado foi de 0,3 mL/min. E os volumes injetados foram

de 6 µL. O detector DAD foi monitorado no comprimento de 205 nm. O ELSD foi

ajustado a uma pressão de 2,75 bar, temperatura de 60º e ganho de 7.

Figura 12: Cromatógrafo Líquida da marca Shimadzu, modelo LC-20AT

3.1.1 Otimização da fase móvel

Para desenvolver o trabalho foi necessário a realização da parte de otimização dos

parâmetros cromatográficos, dentre eles , a escolha das fases móveis para se obter

uma melhor separação dos padrões de ésteres e produtos de degradação e para avaliar

a eficiência de separação dos componentes. A fase móvel e o gradiente que resultou

em uma melhor separação consistiu em um gradiente de concentração com

metanol:água(95:5) - linha A e Isopropanol:Hexano(5:4) - linha B ambos acidificado com

ácido fórmico em quantidades de 50 e 25 µL respectivamente para cada 100 mL de fase

móvel.

3.1.2 Determinação do tempo de retenção de alguns produtos,

coprodutos e subprodutos do Biodiesel.

Foram preparados amostras individuais e na forma de pool em concentrações de

aproximadamente 10 mg/mL dos padrões: ácido dodecanóico, ácido linoléico,

dodecanoáto de metila, monooleína, ácido palmítico, ácido oléico, ácido esteárico,

linoleato de metila, oleato de metila, ácido erucic, estearato de metila, óleo de soja,

ester do ácido erucic, 1,3 dioleína, e trioleato de gliceríla e glicerina em uma balança

analítica modelo Shimadzu AY220. As amostras foram injetadas e avaliou- se a

ocorrência ou não de coeluições entre os padrões.

23

3.1.3 Quantificação por curva analítica

A primeira tentativa de quantificação foi através de uma curva analítica utilizando o

Dodecanoato de metila (C12:0) e o Estearato de Metila (18:0) como padrão externo.

Foram preparadas soluções padrões nas concentrações de 40%, 60%, 90% e 99%

m/m conforme descrito na norma ABNT/NOS-34 Projeto ABNT NBR 15764/2012 na

fase móvel B. E as amostras foram injetas no cromatógrafo em um volume de 6 µL.

3.1.4 Quantificação por fator de correção.

Para avaliar a diferença da resposta analítica dos diferentes ésteres monoalquílicos

e para propor uma alternativa para quantificação. Realizou-se várias injeções de

padrões de ésteres, o preparo das amostras seguiu o planejamento esquematizado

apresentado na Figura 13.

Figura 13: Esquema do preparo dos padrões dos ésteres monoalquílicos saturados

predominantes na amostra de biodiesel com adição de padrão interno.

No 1° modelo foram injetas concentrações iguais de 5mg/mL para todos os padrões

inclusive para o nonadecanoato de metila que foi utilizado como padrão interno.

Enquanto que no 2° Modelo a concentração do padrão interno foi de 15mg/mL e a

concentração dos ésteres de 5 mg/mL, conforme apresentado na Figura 13.

Figura 14: Esquema do preparo dos padrões saturados e insaturados dos ésteres

monoalquílicos predominantes na amostra de biodiesel com adição de padrão interno.

1° Modelo – Pool de padrões na conc de 5mg/mL de ésteres saturados (C12:0,

C16:0, C18:0, C19:0)

2° Modelo – Pool de padrões na conc de 5mg/mL de ésteres saturados(C12:0,

C16:0, C18:0,) e 15 mg/mL para o C19:0

Preparado em duplicata em tolueno e cada replicata foi lida 3 x.

Padrões pool (C12:0, C18:0, C18:1, C19:0 e C22:1)

Padrões preparados individualmente (C12:0, C16:0,

C18:0, C18:1, C19:0 e C22:1)

Concentrações de 5, 10 e 15 mg/mL

em tolueno. Leitura em triplicata

Concentrações de 5, 10 e 15 mg/mL em tolueno

24

Formam preparados também combinações de padrões saturados e insaturados dos

ésteres em diferentes concentrações (5, 10 e 15 mg/mL) na forma de pool e

individualmente, conforme a Figura 14 acima.

Para todas as análises anotou-se as massas do padrão interno (C19:0) e dos padrões

externos e área correspondente. As amostras foram diluídas em tolueno. Com base

nos valores encontrados utilizou-se a seguinte fórmula para obtenção dos fatores de

correção:

Equação 1

Onde;

FC = fator de correção

API = área do padrão interno – nonadecanoato de metila

MPx = massa do padrão externo

APX = área do padrão externo

MPI = massa do padrão interno

Para avaliar se quantificação através dos fatores de correção eram satisfatórios,

preparou-se um outro pool como esquematizado na Figura 15.

Figura 15: Preparo de um pool para testar a quantificação por fator de correção.

Foi preparado amostras dos padrões dos ésteres segundo o modelo para

quantificação da norma EN BS EN 14103:2011. Foram pesadas aproximadamente

100 mg dos padrões C12:0, C18:0, C18:1, C18:2, C18:3 e C19:0 em uma balança

analítica Shimadzu A220 e adicionou-se 1mL de tolueno e em seguida a amostra foi

agitada em vortex. .

Foram anotas as massas pesadas e as áreas correspondentes para determinação

do fator de resposta.

3.1.5 Síntese de Biodiesel.

Foi realizadas a síntese do Biodiesel a partir do óleo de soja, óleo de coco e sebo

bovino pelo processo de transesterificação alcalina homogênea utilizando-se

temperatura de refluxo, agitação constante, razão molar álcool: óleo de 6:1 e 1% m/m

de catalisador metóxido de sódio (CH3ONa) em relação ao óleo, descontando o

número de mols de ácidos graxos livres (AGL) presente na matéria-prima, conforme

FC = (Api

x Mpx

)/ (Mpi

x Apx

)

Pool (C12:0, C18:0, C19:0, C18:1 e C22:1) Preparada em Triplicata nas

concentrações de 5, 10 e 15mg/mL

25

Equação 2. O volume de álcool adicionado foi calculado com base na massa molar

média do óleo.

Equação 2 mCH3ONa = {(P x móleo) + [(móleo x % AGL/100) x 282,46] x 54,02} x

100/30

onde:

mCH3ONa é a massa de catalisador a ser adicionada;

P: corresponde ao percentual em massa de catalisador almejado para a

reação, no caso 0,01 g (1%);

móleo é a massa em gramas do óleo de partida;

% AGL é percentual de ácidos graxos livres presentes na matéria-prima;

282,46 é a massa molar do ácido oléico, já que para fins de cálculos considera-

se todo o AGL da amostra como ácido oleico;

54,02 é a massa molar do catalisador metóxido de sódio;

100/30 é o fator de conversão para medida da massa partindo de uma solução

30% de metóxido de sódio. [28]

As fases formadas como produto da transesterificação foram separadas e biodiesel

foi lavada com água destilada até a neutralização. A fase rica em biodiesel foi

submetida à secagem com sulfato de sódio anidro. A Figura 16 resume as etapas de

obtenção do biodiesel.

Figura 16: Etapas da síntese do biodiesel partindo de diferentes matérias primas.[28]

O progresso da reação de obtenção do biodiesel foi acompanhado por cromatografia

em camada delgada (CCD) utilizando placa de sílica da marca Schleicher & Schüll

como fase estacionária, uma mistura éter sulfúrico: éter de petróleo na proporção

volumétrica 9:1 como fase móvel e iodo como revelador.

26

3.1.6 Quantificação do Biodiesel por fator de correção.

O preparo das amostras de B100 - Constituído de sebo bovino A e B, óleo de soja

A e B e óleo de coco A e B, seguiu o modelo para quantificação da norma Europeia

BS EN 14103:2011.

Pesou-se aproximadamente 100 mg das amostras de B100 e 100 mg de C19:0 e

adicionou-se 10 mL de tolueno e em seguida as amostras foram agitadas em vortex.

Adicionou-se sulfato de sódio para eliminar a presença de resíduo de água e agitou-

se novamente. As amostras foram filtradas separadamente com o auxílio de seringas

e filtros de 0,21 µm de teflon para vials de 2 ml previamente rotulados.

Foram anotadas as massas pesadas e as áreas correspondentes para determinação

do fator de resposta. O número de replicatas segui o fluxograma (Figura 17) abaixo

e as amostras foram analisadas em um cromatógrafo Líquida da marca Shimadzu,

modelo LC-20AT e lidas 2 vezes cada.

Figura 17: Fluxograma do preparo das amostras de biodiesel sintetizadas a partir de

diferentes matérias primas.

3.2 Estudo da performance de aditivos antioxidantes naturais no

envelhecimento de óleos vegetais por HPLC e HPLC/MS.

3.2.1 Preparo das amostras

Inicialmente, determinou-se a densidade do óleo da Amêndoa da Macaúba através de

um densímetro para em seguida preparar as amostras em um volume de 30 mL do óleo

com diferentes antioxidantes em uma concentração de aproximadamente 2000 ppm e

1000 ppm.

Realizou-se a determinação do índice acidez da amostra pela ASTM 664 no início para

confirmar a baixa acidez do óleo da amêndoa da macaúba. Os antioxidantes utilizados

foram: BHT e piche de alcatrão.

Biodiesel

Óleo de Soja

Replicata 1

Replicata 2

Óleo de Coco

Replicata 1

Replicata 2

Sebo Bovino

Replicata 1

Replicata 2

27

Foram preparadas amostras de óleo de macaúba adicionando os antioxidantes

inicialmente a uma concentração de aproximadamente 2500 ppm, as quais foram

diluídas, posteriormente, para 1000 ppm. A Tabela 2 mostra os valores obtidos e a

concentração dos antioxidantes na amostra de óleo.

Tabela 2: Preparo da amostra concentrada de óleo de macaúba e antioxidantes (Piche e

BHT).

MASSAS OBTIDAS Piche BHT

Massa do frasco (g) 50,6895 50,6891

Massa do frasco+ antioxidante (g) 50,7724 50,7721

Massa do frasco+ antioxidante + Acetato deEtila (g) 51,9974 51,5940

Massa do frasco+ antioxidante + Acetato deEtila +

óleo (g)

84,1403 83,8880

Massa da antioxidante (g) 0,0829 0,0830

Massa da solução final (g) 33,4508 33,1989

Concentração real (ppm) (g) 2478,3 2500,1

Diluição das amostras para 1000 ppm:

Óleo + Piche

C.V = Ci.Vi

2478,3 ppm x V (mL)= 1000 ppm x 60mL

V (mL)= 24,21 mL

Adicionou-se 24 ml (valor arredondado) do óleo concentrado e completou-se o

volume para 60 ml.

Óleo + BHT

O mesmo cálculo foi utilizado para obter o volume necessário para diluir a 1000

ppm o óleo + BHT. Volume da amostra concentrada: 23,9 mL ( o valor foi

arredondado para 24mL).

Os valores das concentrações das amostras de óleo de macaúba com o

antioxidantes encontram-se resumidos na Tabela 3 a seguir.

Tabela 3: Concentração de antioxidantes no óleo de macaúba

Amostra Concentração real

(ppm)

Óleo + BHT 1000,0

Óleo + Piche 991,2

28

Para o envelhecimento das amostras foi utilizado o Rancimat, modelo 837 da

Metrohn com software 837 Biodiesel Rancimat Control, como mostrado na Figura 18.

As amostras foram submetidas ao envelhecimento por 4 dias ( 96 horas), e em

seguida foram obtidos os espectros de massas e os cromatogramas por DAD das

amostras antes e após o envelhecimento .

Figura 18: Rancimat modelo 837.

O esquema abaixo (Figura 19) mostra de forma resumida como ocorreu o preparo das

amostras.

Figura 19: Fluxograma dos antioxidantes utilizados e forma de condicionamento.

Com o auxílio de uma pipeta automática de volume fixo 50 microlitros pipetou-se uma

porção dessas amostras para béqueres previamente rotulados , com uma pipeta

automática de volume variável pipetou-se 950 microlitros de solução 5:4 de isopropanol

- Hexano para cada béquer contendo as amostras separadamente. As amostras foram

filtradas separadamente com o auxílio de seringas e filtros de 0,21 micrometros de teflon

para vials de 2 ml devidamente rotulados.

Óleo de Macaúba

Óleo + BHT

1000 ppm

Rancimat

Gelade

Óleo+ BHT

2000 ppm

Rancimat

Gelade

Óleo + Piche 1000 ppm

Rancimat

Geladeira

Óleo + Piche 2000 ppm

Rancimat

Geladeira

Sem Aditivo

Rancimat

Geladeira

29

3.2.2 Determinação do perfil cromatográfico do óleo por HPLC/UV- Vís.

Avaliou-se as alteração do perfil através do HPLC para verificar se os conservantes

foram ou não eficientes. Para isso foi utilizado um sistema de gradiente com metanol

(fase A) e uma mistura de Isopropanol e Hexano 5:4 (fase B). Utilizou-se um

Cromatografo Líquida de Alta Eficiência (HPLC) da marca Shimadzu, modelo LC-20AT

com amostrador automático e detector UV-Vis(DAD) SPD 20A. A coluna utilizada foi

uma CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro de 4,6 mm e com partículas de

5µm. Empregou-se um gradiente de eluição de 100% de A + 50% de B em 15 minutos.

Posteriormente, o percentual de B foi aumentado para 100% em 20 minutos. E realizou-

se uma eluição isocrática com 100% de B por 3 minutos. O fluxo utilizado foi de 1,

mL/min. E os volumes injetados foram de 6 µL, o comprimento de onda monitorado foi

o de 205 nm, e temperatura da coluna 40º C

Preparo da fase móvel:

Com o auxílio de uma proveta mediu-se 1000mL de Isopropanol e 800 mL de hexano.

Essa mistura foi filtrada em um filtro Millipole em teflon Modificado 0,45 Micrometros.

Essa solução foi armazena em um frasco previamente rotulado.

3.2.3 ESI(+)-MS das amostras de óleo de macaúba antes e após o

envelhecimento.

As amostras não envelhecidas e envelhecidas, com e sem antioxidantes foram diluídas

a 1 ppm a partir das amostras concentradas de 1000 ppm e 2000 ppm e adicionou-se

100 µL de NH4OH (hidróxido de amônia). Para a análise foi utilizado um espectrômetro

de massas com ionização electrospray e analisador íon trap (LCQ-Fleet, Thermo-

Scientific) como ilustrado na Figura 20. O fluxo de amostra foi de 10 µL/min, a tensão

do cone de 4,0 KV, a tensão do capilar de 28 V e temperatura de 275 ºC.

Figura 20: Espectrômetro de massas LCQ-Fleet, Thermo-Scientific.

30

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Monitoramento da qualidade do Biodiesel

4.1.1 Otimização da fase móvel

A seguinte programação foi utilizada: 0 a 10 min (100% da fase A) de 10 a 15min

(50% de fase A e 50% de fase B), de 15 a 25 min 100% de fase B por onde

permaneceu até aos 27 min, 27 a 28 min (50% de fase A e 50% de fase B) e de 28

a 30 min 100 % de fase A por onde permaneceu até aos 47 mim para condicionar

novamente a coluna.

4.1.2 Determinação do tempo de retenção de alguns produtos, coprodutos

e subprodutos do Biodiesel.

As Figuras 21 e 22 apresentam os cromatogamas obtidos para as amostras

analisadas que correspondem aos sinais observados para os detectores UV-Vis

(comprimento de onda) e ELSD, respectivamente.

Figura 21: Cromatograma dos principais padrões de produtos, coprodutos e subprodutos

do biodiesel.( detector de DAD, 205nm), coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm

com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min.

31

Figura 22: Cromatograma dos principais padrões de produtos, coprodutos e subprodutos

do biodiesel (detector de ELSD) coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6 mm com

partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min.

A partir da análise dos cromatogramas, pode-se notar a ocorrência de coeluições

no detector DAD e no ELSD. O primeiro caso ocorre entre o dodecanoato de

metila, o ácido linoléico e a monoleína (pico 2 do DAD) e o segundo caso ocorre

entre o ácido esteárico e o linoleato de metila (pico 5 no DAD). Entretanto a

coeluição observada não inviabiliza o emprego da metodologia para análises

quantitativas de biodiesel uma vez que se verificou que o dodecanoato de metila

e o linoleato de metila não são detectados no detector ELSD nas concentrações

avaliadas, enquanto que a monooleína é detectada. Dessa forma caso haja a

presença de subprodutos da matéria prima que não foi esterificado como a

monooleína (um MGs) conseguimos monitorar pelo ELSD. Da mesma forma a

segunda coeluição, ácido esteárico e linoleato de metila, o segundo não é

detectado pelo ELSD e dessa forma podemos prever a presença ou não do ácido

esteárico que é detectado em ambos.

4.1.3 Curva analítica.

Foram construídas duas curvas analíticas, de acordo com a norma ABNT NBR

15764. Uma a partir do dodecanoato de metila e outra a partir do estearato de metila.

Estes dois padrões foram utilizados como padrões internos para as amostras de

biodiesel com predominância de cadeias carbônicas menores do que C14 e para

aquelas, com predominância de cadeias C18, respectivamente. As curvas obtidas

estão apresentadas na Figura 23.

32

Figura 23: Curva de calibração para o C12:0 e C18:0, as curvas obtidas foram preparadas

de acordo com a norma ABNT NBR 15764 em uma coluna Kinetex® (ODS) 150 mmx 4,6

mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min.

Os valores obtidos para a quantificação do biodiesel utilizando as curvas analíticas

de C:12 e C:18 não foram satisfatórios. A resposta analítica encontrada para as

cadeias saturadas e insaturadas no detector DAD foram muito diferentes o que

impossibilitou a utilização de uma única curva analítica para representar todas os

ésteres monoalquílicos presente no biodiesel. Essa diferença surge devido a

presença ou não de uma ou mais insaturações e da diferença no tamanho das

cadeias. Quando há um maior número de insaturações há um maior resposta

analítica no DAD.

4.1.4 Quantificação por fator de correção.

Para a avaliar se os fatores de correção calculados estavam realmente funcionando

foram preparados algumas amostras contendo uma mistura destes ésteres

metílicos(pool). Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 4.

A Tabela 4: Apresenta os fatores de correção calculados a partir da equação 1 (item 3.1.4)

para os ésteres metílicos utilizados no pool.

Fator de resposta médio relativo ao Nonadecanoato de Metila (C19:0)

Ésteres metílicos Fator de correção

Lauriato de Metila - C12:0 0,6927

Palmitato de Metila - C16:0 0,9951

Estearato de Metila - C18:0 0,8871

Oleato de Metila - C18:1 0,1227

Ester do ác. Erúcico - C22:1 -1** 0,1136

** obtido com 4 replicatas

33

Tabela 5: Massa das cadeias dos ésteres monoalquílicos obtidos através da balança semi-

analítica e obtidas através do fator de correção.

Ésteres

metilicos Massa com FC (g) Massa pesada (g)

Erro %

C12:0 -1 0,0041 0,0046 10,9

C12:0 -2 0,0094 0,0094 0

C12:0 -3 0,0142 0,0156 9,0

C18:0 -1 0,0045 0,0048 6,2

C18:0 -2 0,0099 0,0099 0

C18:0 -3 0,0126 0,0148 14,9

C18:1 – 1* 0,0071 0,0068 -4,4

C18:1 – 2* 0,0103 0,0115 10,4

C18:1 – 3* 0,0117 0,0149 21,5

C22:1 -1** 0,0038 0,0035 -8,6

C22:1 -2** 0,0089 0,0092 3,3

C22:1 -3** 0,0107 0,0143 25,2

*Fator de correção calculado com 6 replicatas.

** Fator de correção calculado com 4 replicatas e o éster foi sintetizado no laboratório

e sua pureza estimada por HPLC/DAD.

Os fatores de correção obtidos com poucas replicatas como o C18:1 e o C22:1 não

apresentaram resultados tão satisfatórios para as amostras de concentração de 15

mg/mL, sendo necessário maior número de replicatas para conseguir melhores

resultados por outro lado as cadeias C12:0 e C18:0 apresentaram resultados muito

próximos das massas pesadas porém para concentrações acima de 10 mg/mL

observou-se resultados não tão próximos, sendo observado um erro de 9 e 14% para

C12:0 e C18:0.

4.1.5 Síntese de Biodiesel.

O tempo de síntese do biodiesel para as amostras de óleo de soja, óleo de coco e sebo

bovino foi de 1 hora em aquecimento com agitação constante. A conversão foi

acompanhada com cromatografia em camada delgada a fim de garantir o término da

reação. As massas utilizadas de matéria prima do catalizador e o volume de álcool

metílico encontram-se no Anexo A juntamente com mais informações a respeito da

síntese.

4.1.6 Quantificação do teor de ésteres do biodiesel por HPLC utilizando

fator de correção.

A composição majoritária do biodiesel pode ser estimada através do perfil graxo das

amostras, e pode ser confirmada através da metodologia desenvolvida. A figura 24

apresenta os cromatogramas obtidos do biodiesel sintetizado a partir de diferentes

34

matérias primas. A tabela 6 representa os fatores de correção utilizados para a

quantificação dos ésteres monoalquílicos.

Tabela 6: Fator de correção para os ésteres monoalquílicos presentes em maior

proporção no biodiesel de óleo de soja, coco e no sebo bovino.

a)

b)

Fator de resposta médio relativo ao Nonadecanoato de Metila (C19:0)

Ésteres metílicos Fator de correção

Laureato de Metila - C12:0 0,7824

Palmitato de Metila - C16:0 1,2604

Estearato de Metila - C18:0 0,9422

Oleato de Metila - C18:1 0,0946

Linoleato de Metila – C18:2 0,0219

Linolenato de Metila – C18:3 0,0154

35

c)

Figura 24: Cromatogramas mostrando o perfil do biodiesel de diferentes origens em termos

de seus esteres metilicos : soja (a), sebo bovino (b) e coco (c), em uma coluna Kinetex®

(ODS) 150 mmx 4,6 mm com partículas de 2,6 µm, fluxo de 0,3 mL/min.

As áreas dos picos referentes aos ésteres métilicos C12:0, C16:0, C18:3, C18:2, C18:1,

C18:0 (laureato de metila, palmitato de metila, linolenato de metila, linoleato de metila,

oleato de metila e estearato de metila – padrão externo, respectivamente) e do padrão

interno C19:0 (nonadecanoato de metila, assinaladas pela Figura 23) foram calculadas

e suas massas obtidos pela equação 3.

Equação 3

A massa de cada éster monoalquílico foi somada e o teor em % (m/m) pode ser obtido

através da relação:

Equação 4

Onde,

X% = Teor de ésteres monoalquílicos presente no biodiesel

M soma dos ésteres = soma das massas individuais dos ésteres monoalquílicos obtidos pelo

fator de correção

MB100 = massa do biodiesel pesada

O valor do teor dos ésteres monoalquílicos obtidos pelo método desenvolvido para as

amostras de biodiesel encontram-se na Tabela 6. Os valores obtidos foram reportados

com o desvio padrão e com um intervalo de confiança de 95% .

Mpx

= (Mpi

x Apx

x FC) / Api

X % = (M soma dos ésteres*100)/Mb100 pesado

36

Tabela 7: Quantificação dos ésteres monoalquílicos do biodiesel pela método desenvolvido.

Os valores encontrados para o biodiesel de óleo de soja e óleo de coco pela metodologia

desenvolvida foram satisfatórios, uma vez que se observou um boa conversão do

biodiesel confirmada pela cromatografia em camada delgada. Esse fato pode ser

justificado pela metodologia desenvolvida ser eficiente para matérias primas ricas nas

cadeias em que se obteve o fator de correção: C12:0, C16:0, C18:3, C18:2, C18:1,

C18:0. O perfil graxo dessas amostras encontra-se na Tabela 1, e confirma a

composição desses ésteres majoritariamente nos óleos além dos cromatogramas

obtidos na Figura 24. No entanto a quantificação para o biodiesel de origem de sebo

bovino não apresentou bons resultados. Essa resultados pode ser justificado pelo pico

observado entre os picos do C18:3 e C18:2, esse pico pode estar associado a presença

de cadeias de ésteres do tipo C17:0. Cadeias ímpares são característicos de óleos de

origem animal não sendo observado em oleaginosas.

4.2 Estudo da performance de aditivos antioxidantes naturais no

envelhecimento de óleos vegetais por HPLC e ESI/MS.

4.2.1 Envelhecimento das amostras

O ensaio em rancimat determina a estabilidade oxidativa dos óleos, segundo as

especificações da ANP, o período de indução mínimo para dos óleos deve ser de 6

horas (EN 14112, 2003), ou seja, o óleo deve resistir a oxidação por esse período. O

uso de antioxidantes nas amostras de óleo tem como objetivo aumentar a

estabilidade a oxidação e dessa forma minimizar a degradação dos TGs a ácidos

graxos e minimizar etapas de neutralização da matéria prima para obtenção de

biodiesel. Foi realizada a caracterização inicial da amostra do óleo da amêndoa de

macaúba através do seu perfil graxo por cromatografia gasosa (Tabela 7). As

condições de análise e o preparo da amostra encontra-se no anexo E.

B100 - óleo de

origem Amostras Teor (%)

Média com o desvio

padrão (%)

IC 95%

Óleo de soja

AR1L1 100,4195

99 ± 2

99 ± 5

AR1L2 97,4468

BR2L1 101,3731

BR2L2 100,0980

Sebo Bovino

AR1L1 71,0987

76 ± 6 76 ± 18 AR1L2 75,5966

BR2L1 84,5524

BR2L2 74,7571

Óleo de coco

AR1L1 96,7510

96,8 ± 0,9 97 ± 3 AR1L2 98,0500

BR2L1 96,2758

BR2L2 96,1555

37

Tabela 8: Perfil graxo do óleo da amêndoa de macaúba.

Cadeia

Resultado

%

C12:0 1,71

C16:0 14,65

C18:0 2.13

C18:1 65,92

C18:2 6,13

C18:3 0,24

Total 90,78

As amostras foram envelhecidas por 96 horas, garantido a oxidação das amostras

ou dos antioxidantes para avaliação da eficiência.

4.2.2 Determinação do perfil dos óleos por HPLC/DAD.

A Figura 25 apresenta os cromatogramas obtidos das amostras de óleo da Amêndoa

da macaúba com e sem os antioxidantes, antes e após o envelhecimento em Rancimat.

Foi possível observar que após o envelhecimento houve uma redução bastante

significativa da presença dos TGs presentes que foram degradados dando origem a

MGs e ácidos graxos.

Figura 25: Cromatograma das amostras de óleo de macaúba sem adição de antioxidante, antes

do envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta). A coluna utilizada foi

uma CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro de 4,6 mm e com partículas de 5µm.

0 5 10 15 20 25

-50000

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

Óleo sem aditivo E

Óleo sem aditivo NE

Inte

nsid

ade (

mV

)

Tempo de retenção (min)

Ác graxos e MGs

DGs

TGs

38

A Figura 26 mostra que para a amostra de óleo da amêndoa de macaúba + BHT a 1000

ppm, a presença de um agente antioxidante nesta concentração não impediu a

degradação do óleo.

Figura 26: Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + BHT (1000 ppm), antes do

envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta), a coluna utilizada foi uma

CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro de 4,6 mm e com partículas de 5µm.

A Figura 27 mostra que a presença do agente antioxidante BHT em concentrações mais

elevadas (2000 ppm) foi eficiente para impedir a degradação do óleo.

Figura 27: Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + BHT (2000 ppm), antes do

envelhecimento (linha vermelha) e após envelhecimento (linha preta), a coluna utilizada foi uma

CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm, diâmetro de 4,6 mm e com partículas de 5µm.

0 5 10 15 20 25

-50000

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

Óleo + BHT 1000 ppm E

Óleo + BHT 1000 ppm NEIn

tensid

ade (

mV

)

Tempo de retenção (min)

0 5 10 15 20 25

-100000

0

100000

200000

300000

400000

500000 Óleo + BHT 2000 ppm E

Óleo + BHT 2000 ppm NE

Inte

nsid

ade (

mV

)

Tempo de reteção (min)

39

A Figura 28 (a e b) apresenta os cromatogramas da amostra de óleo da amêndoa de

macaúba + Piche a 1000 ppm e a 2000 ppm, repectivamente. Podemos observar que

para ambas as concentrações deste antioxidantes houve um impedimento da

degradação do óleo.

(a) (b)

Figura 28: Cromatograma das amostras de óleo de macaúba + Piche 1000 ppm (a) e óleo de

macaúba + Piche 2000 ppm (b), antes do envelhecimento (linha vermelha) e após

envelhecimento (linha preta), a coluna utilizada foi uma CLC-ODS(M) de comprimento 25 cm,

diâmetro de 4,6 mm e com partículas de 5µm.

4.2.3 ESI (+)-MS das amostras de óleo de macaúba antes e após o envelhecimento.

As amostras de óleo de macaúba sem antioxidantes antes e após o envelhecimento

foram analisadas por espectrometria de massas utilizando como a ionização por ESI

positivo((+) ESI). A Figura 29 apresenta os espectros obtidos para estas amostras. E

possível observar uma maior formação de moléculas carregadas positivamente entre

os intervalos de m/z 500 a 800, região característica de formação de DGs.

Porém, de acordo com os cromatogramas das amostras por HPLC/DAD, podemos

observar que grande parte dos compostos formados após a oxidação é de MGs e de

ácidos graxos livres.

(a) (b)

Figura 29: MS(+)-ESI do óleo de macaúba envelhecida(a), sem antioxidante antes do

envelhecimento (b) sem antioxidante após o envelhecimento.

0 5 10 15 20 25

-50000

0

50000

100000

150000

200000

250000

Óleo + Piche 2000 ppm E

Óleo + Piche 2000 ppm NE

Inte

nsid

ade (

mV

)Tempo de retenção (min)

0 5 10 15 20 25

-50000

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

Óleo + Piche 1000 ppm E

Óleo + Piche 1000 ppm NE

Inte

nsid

ade (

mV

)

Tempo de retenção (min)

semaditivoE #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 2.85E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rela

tive A

bundance

656.16

628.07

670.06

684.16

698.12

754.02

572.09

782.09

798.10535.701243.42516.00 981.61 1130.66

331.03 1327.79221.09 1425.21 1571.91 1696.13109.30

semaditivoNE #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 8.14E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative A

bundance

656.09

600.07

684.16

738.09

820.18572.05 902.22

1270.98544.04 1186.90 1352.68281.10 354.89 981.50221.03 1465.01 1573.40 1710.18 1790.02

DGs DGs

TGs MGs

MGs

TGs

40

A Figura 30 apresenta os MS(+) ESI para as amostras de óleo de macaúba

adicionados piche, como antioxidante, para amostras não envelhecidas e envelhecidas.

De acordo com esta figura verifica-se uma região de MGs e ácidos graxos livres (m/z

150 - 450) outra de DGs (m/z 450 - 650) e TGs (m/z 650- 900) e os picos referentes a

presença do piche (m/z 1150 - 1450), com perdas de massas sucessivas de m/z de 28.

Observa-se que não houve diferença significativa nas regiões de MG, DG e TGs. Antes

do envelhecimento havia picos de alta intensidade relativa na região de m/z 1200 a

1400, porém após o envelhecimento essa região deixou de existir. Tal região pode ser

característica dos compostos presentes no piche de alcatrão que sofreu o processo de

oxidação em detrimento aos componentes do óleo de macaúba. Os cromatogramas

obtidos por HPLC/DAD, confirmam a não decomposição das moléculas de MGs, DGs e

TGs existentes anteriormente.

(a)

(b)

Opiche2000NE #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 6.23E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative A

bundance

656.08

600.08

684.17

738.10

1270.90820.321298.891214.97572.03

902.261354.96

1158.68550.52 1463.09962.74353.24 1574.07 1711.32261.18 1792.08109.20 1962.00

Opiche2000E #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 9.37E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rela

tive A

bundance

656.08

600.04

684.14

738.15

820.21

902.25572.03

535.85 1242.98 1326.80242.23 354.91 981.60 1130.56 1436.94 1548.09 1655.18149.11 1767.76

Região Piche

Desapareceu após o envelhecimento

41

(c)

Figura 30: MS(+)-ESI do óleo de macaúba + piche(x ppm) (a)não envelhecido(2000 ppm) (b),

envelhecido (2000 ppm) (c) e envelhecido(1000 ppm) .

A Figura 31 apresenta os espectro de MS(+) ESI para as amostras adicionadas de BHT

como antioxidante. Observa-se que somente para a concentração maior de antioxidante

(2000ppm) é que este é eficiente não apresentando modificações significativas quando

a amostra é envelhecida. Já para a concentração menor 1000ppm, os espectros

apresentam mudanças significativas com uma maior formação de moléculas carregadas

positivamente na região de m/z entre 500 a 800 (DGs) semelhantemente a amostra

envelhecida sem aditivo. Pode-se inferir dessa forma que em concentrações menores

de 2000 ppm de antioxidante o óleo de macaúba está sujeito ao processo de

degradação. Os cromatogramas obtidos por HPLC/DAD, confirmam a decomposição

das moléculas de TGs existentes anteriormente.

(a)

Opiche1000E #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 1.33E6T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative A

bundance

656.07

600.04

684.17

738.16

820.25572.03902.25

544.04 1242.92 1326.89358.97 935.00 1158.52 1436.69 1544.58305.23 1709.40188.16 1790.62

OBHT2000NE #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 7.98E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative A

bundance

656.10

628.09

684.17

738.19

902.22820.29572.05

1242.99535.76 1326.97280.99 354.90 1129.61980.79 1436.89221.07 439.24 1546.07 1710.77 1791.53 1947.60

Desapareceu após o envelhecimento

42

(b)

(c)

Figura 31: MS(+)-ESI do óleo de macaúba + BHT ( x ppm):(a) não envelhecido(2000ppm) (b),

envelhecido(2000 ppm) (c) envelhecido ( 1000 ppm) .

Em anexo tem-se as tabela B, C e D com as moléculas carregadas positivamente (m/z)

que foram identificadas e suas respectivas abundancias para todos os espectros de

massas relacionados acima.

OBHT2000E #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 3.14E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rela

tive A

bundance

656.08

628.14

684.15

738.17

820.07550.541243.00

902.43 1326.931186.82522.54 1408.84353.21 1130.79 1544.80284.26 1629.27963.82 1767.07178.87 1871.17

OBHT1000E #1 RT: 0.00 AV: 1 NL: 3.61E5T: ITMS + c ESI Full ms [50.00-2000.00]

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Rela

tive A

bundance

656.16600.05

698.09

754.18

572.07

768.14

543.99 868.14934.25 1242.96439.18383.11 1158.74 1352.34242.29 1494.01 1676.20 1958.11105.06 1866.57

43

5 CONCLUSÕES

Nesse trabalho, estudou-se o desenvolvimento de uma metodologia em HPLC/DAD

alternativa a norma BS EN 14103:2011 para quantificação dos ésteres monoalquílicos

presentes no biodiesel. A norma existente que consiste na quantificação por

Cromatografia gasosa utilizando colunas capilares apresenta resultados confiáveis,

porem está frequentemente atrelada a ocorrências de perda da eficiência e diminuição

da vida útil da coluna devido a subcompostos que podem estar presentes no biodiesel

como TGs, DGs e MGs, que são compostos não voláteis e que precisam ser

derivatizados antes da análise. Dessa forma o método desenvolvido é de grande

interesse, pois amostras de biodiesel que não apresentaram uma boa conversão podem

ser analisadas sem a preocupação de danificar a coluna e o equipamento. E quando

utilizando os dectores ELSD/DAD de forma hinfenada é possível monitora a presença

dos TGs, DGs e MGs, além da glicerina presente,sendo os primeiro monitorados sem a

necessidade de tratamentos prévios como derivatização.

O estudo do envelhecimento de óleos em rancimat utilizando antioxidantes é de extrema

importâncias para as indústrias, em especial para as indústrias produtoras de biodiesel.

O óleo de macaúba devido a sua grande produção de óleo por hectare, excedendo

outras oleaginosas vastamente utilizadas como óleo de soja e de algodão, surge como

uma alternativa de matéria prima para produção do biodiesel. O estudo da oxidação

dessa matéria prima é importante pois valores elevados de índice de acidez prejudicam

o processo de obtenção do biodiesel na reação de transesterificação, podendo formar

subcompostos como sabão. Dessa forma o Piche de alcatrão se mostrou como uma

eficiente alternativa natural ao uso de outros antioxidantes sintéticos com BHT para

evitar a degradação dos TGs a ácidos graxos e a formação de demais subcompostos

como MGs e DGs. A espectroscopia de massas se revelou-se uma técnica eficiente e

rápida para avaliar a ocorrência ou não do envelhecimento desse óleos.

44

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS

[1] Estudo das características físico-química dos óleos da amêndoa e polpa da macaúba. Amaral. F.P. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU. 2007.

[2] http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/biodiesel/perguntas.html. Acessadoem 09/04/2014

[3]Scrimgeour, C., Chemistry of Fatty Acids, in Bailey’s Industrial Oil and Fat products. 2005, John Wiley& Sons, 2005.

[4] Lôbo. I.P; Ferreira. S.L.C. Biodiesel: Parâmetros de qualidade e métodos analíticos. Departamento de Química Analítica. Universidade Federalda Bahia. Bahia. Química Nova, Vol. 32, No.6, 1596-1608, 2009

[5] V. N. C. Branco, A.G. Torres. Capacidade antioxidante total de óleos vegetais comestíveis: determinantes químicos e sua relação com a qualidade dos óleos. Rev. Nutr. Campinas, 24(1): 173 – 187, jan./fev., 2011.

[6] G. Karavalakis, D. Hilari, L. Givalou, D. Karonis, S. Stournas. Storage stability and ageing effect of biodiesel blends treated with different antioxidants. Energy, 36 (2011), p. 367 – 374.

[7] http://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/ogr/video-setor-biodiesel-estuda-formas-diversificar-materias-primas-310314.htm.Acessado em: 27/04/2014

[8]http://www.anp.gov.br/?pg=70331&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=139

7078883653.Boletim de Março. Acessado em 20/04/2014.

[9]http://www.iee.usp.br/destaques/Yolanda%20%209788415774013%20IEE%20USP.pdf. Acessado em 20/04/2014.

[10] VALLE, P. W. P. A. Produção de biodiesel via transesterificação do óleo de nabo forrageiro. 2009. 206 f. Tese (Doutorado em Ciências – Química) – Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2009.

[11] http://www.anp.gov.br/?id=472. Legislação – Biodiesel. Acessado em 20/04/2014.

[12] http://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/macauba/embrapa-melhorar-colheita-extracao-macauba-110313.htm. Acessado em 19/04/2014.

[13] http://goo.gl/YNfLhu . Acessado em 20/04/2014.

[14] SUAREZ, P. A. Z.; SANTOS, A. L. F.; Rodrigues, J. P.; ALVES, M. B. Biocombustíveis a partir de óleos e gorduras: Desafios tecnológicos para viabilizá-los. Química. Nova, v. 32, n. 3, p. 768-775, 2009.

[15]Tickell, J. From the fryer to the fuel tank: The Complete Guide to Using Vegetable Oil as an Alternative Fuel. 3ª edição. Tickell Energy Consulting: Louisiana, 2003. 162 p.

[16] http://www.acrotech.com.br/?cat=5. Acessado em 21/04/2014

[17] Pereira, V. S. C. Estudo da Estabilidade de óleos vegetais do cerrado (macaúba e pequi) via envelhecimento acelerado como matéria prima para produção de biocombustíveis. Trabalho de conclusão de curso. Departamento de química – Instituto de Ciências Exatas – Universidade Federal de Minas Gerias. Belo Horizonte, 2013.

45

[18] RAMALHO, V.C; Jorge, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Quim. Nova, Vol. 29, No. 4, 755-760, 2006.

[19] PIMENTA, A.S; Vital, B.R. Alcatrão ou creosoto de eucalipto na produção de adesivos fenólicos para colagem de madeira. Quim. Nova, Vol. 20, No. 4, 365-371, 1997. [20] Tonhi, E; Collins, K. E; Isabel; C. S. F; Jardim e Carol H. Collins. Fases Estacionárias para Cromatografia Líquida de alta eficiência em fase reversa (CLAE-FR) baseadas em superfícies de óxidos inorgânicos funcionalizados. Instituto de Química. Universidade Estadual de Campinas. SP. Química. Nova, Vol. 25. No. 4. 616-623, 2002. [21] http://www.crq4.org.br/sms/files/file/conceitos_hplc_2010.pdf. Acessado em 25 de

Abril de 2014.

[22] Schalley C. A., Int. J. Mass Spectrom., 2000, 194, 11.

[23] Loo, J. A. Int. J. Mass Spectrom. 2000, 200, 175-186.

[24] Alves. J. O. Espectrometria de massas com ionização eletrospray (ESI-MS) e métodos quimiométricos: caracterização de azeites de oliva (extra virgem e puro) e outro óleos vegetais e quantificação de óleos adulterantes em azeite de oliva extra virgem. Dissertação de Mestrado. Departamento de Química. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte 2010.

[25] http://goo.gl/QXIZ21 Acessado em 11/05/2014.

[26] Heck, A. J. R.; Van den Heuvel, R. H. H. Mass Spectrom. Rev. 2004, 23, 368-389.

[27] MELO, M. A. M. F. Avaliação das propriedades de óleos vegetais visando a produção de biodiesel. 2010. 114f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal da Paraíba; Programa de Pós-Graduação em química, João Pessoa.

[28] Silva. L. N. Dissertação: Síntese e caracterização de biodiesel a partir dos óleos da macaúba para usos especiais incluindo blendas com querosene de aviação. Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas. Universidade Federal de Minas Gerias. Belo Horizonte 2013.

[29] INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz.

Métodos químicos e físico para análises de alimentos. 3. ed., V. 1, São Paulo, 1985.

533p.

[30] GUO H., HU, C., QIAN, J. DeterminationofUnderivatizedLong Chain

FattyAcidsUsing HPLC withan Evaporative Light-Scattering Detector.J AmOilChemSoc

89:183–187). 2011.

[31] W. W. Christie, GasChromatographyandLipids, Pergamon Press. 1989.

46

7 ANEXOS

Anexo A

As quantidades de reagentes utilizadas para a síntese do biodiesel encontram-se na

Tabela 9 abaixo.

Tabela 9: Massa e volume dos reagente para a transesterificação das matérias

primas para obtenção do biodiesel.

Reagente Massa ou volume utilizado

Óleos de soja 100 g

Metanol 27,9 mL

Metóxido (catalisador) 3,33 g

Óleos de coco 50 g

Metanol 15,4 mL

Metóxido (catalisador) 1,67 g

Sebo bovino 50 g

Metanol 11,2 mL

Metóxido (catalisador) 1,67 g

A montagem para as reações está ilustrado na Figura 32 abaixo:

Figura 32: Aparato utilizado para a realização da síntese do biodiesel.

Após 30 min de reação foi coleta uma alíquota da reação para realizar a

Cromatografia em camada delgada, o resultado encontra-se na Figura 33 para óleo

de soja. A síntese do biodiesel de óleo de coco e sebo bovino apresentou o mesmo

perfil.

47

Figura 33: Cromatografia em camada delgada após 30 min de reação.

A fim de garantir que toda a amostra de óleo foi transesterificação, deixou-se a reação

por mais 30 min, totalizando 1 hora de reação.

As fases foram separadas, o biodiesel foi lavada a fim de neutralizar o excesso

reagente utilizado. Em seguida a amostra foi centrifugada e adicionou-se o sulfato de

sódio anidro para retirar alguma presença de água. Para a síntese do biodiesel a

partir do óleo de soja e do óleo de coco, a lavagem da fase orgânica foi com água

destilada na temperatura ambiente, porém, para a lavagem do biodiesel a partir do

sebo bovino foi necessária a utilização de água morna para auxiliar na separação de

fases.

48

ANEXO B

Tabela 10: Moléculas carregadas positivamente que foram observadas em maior

proporção(m/z) e suas respectivas abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba

sem aditivo antes e após o envelhecimento.

Óleo sem aditivo NE Óleo sem aditivo E

m/z Abundância relativa m/z Abundância relativa

572.05 20.93 572.09 28.90

600.07 75.25 600.07 88.26

601.11 26.68 601.13 34.80

628.08 70.02 614.12 50.82

629.14 27.28 628.07 89.99

656.09 100.00 629.12 34.79

657.12 37.74 642.05 60.22

682.17 24.27 644.05 26.45

683.33 21.71 656.16 100.00

684.16 54.82 657.14 42.92

685.16 27.94 670.06 75.73

710.08 15.55 671.11 35.64

712.15 22.90 672.12 26.93

738.09 45.20 684.16 67.86

739.17 21.34 685.14 37.29

740.15 17.79 698.12 55.64

766.19 13.41 699.13 26.27

820.18 23.88 712.18 33.92

902.22 19.57 726.14 29.15

903.24 11.56 754.02 39.45

49

ANEXO C

Tabela 11: Moléculas carregadas positivamente que foram observadas em maior

proporção (m/z) e suas respectivas abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba

+ Piche antes e após o envelhecimento.

Óleo + Piche 2000 NE Óleo + Piche 2000 E Óleo + Piche 1000 E

m/z Abundância relativa m/z Abundância relativa m/z Abundância relativa

572.03 16.24 572.03 17.35 572.03 16.30

600.08 77.18 600.04 69.86 600.04 69.88

601.10 27.51 601.07 26.12 601.08 27.01

628.10 72.90 628.08 68.28 628.08 66.08

629.14 27.51 629.12 25.84 629.11 24.03

656.08 100.00 656.08 100.00 656.07 100.00

657.14 40.86 657.14 40.75 657.12 36.82

682.20 23.68 682.08 27.60 682.08 25.61

684.17 52.03 683.29 16.01 683.31 15.51

685.14 25.50 684.14 58.33 684.17 49.86

712.18 23.72 685.12 26.81 685.12 21.44

738.10 42.19 710.08 16.70 710.08 15.07

739.18 20.62 712.12 25.22 712.16 21.27

820.32 20.89 738.15 38.91 738.16 36.33

1214.97 16.48 739.18 21.43 739.15 18.42

1242.97 20.56 740.13 15.57 740.14 15.14

1243.93 17.67 766.19 14.89 766.16 12.50

1270.90 21.76 820.21 27.38 820.25 16.51

1271.94 16.00 821.17 15.60 821.17 12.27

1298.89 16.64 902.25 21.91 902.25 13.64

50

ANEXO D

Tabela12: Moléculas carregadas positivamente que foram observadas em maior

proporção (m/z) e suas respectivas abundancias para o óleo da amêndoa de macaúba

+ BHT antes e após o envelhecimento.

Óleo + BHT 2000 NE Óleo + BHT 2000 E Óleo + BHT 1000 E

m/z Abundância relativa m/z Abundância

relativa m/z Abundância relativa

572,04 21,52 572,05 17,46 572.07 31.77

600,07 74,99 600,06 71,9 600.05 97.90

601,11 26,29 601,09 26,02 601.13 37.72

628,09 71,97 628,1 72,03 614.08 36.29

629,13 26,66 629,12 28,8 628.09 87.79

656,11 100 656,09 100 629.14 32.30

657,13 39,56 657,13 39,48 642.16 32.21

682,15 24,53 682,11 25,45 656.16 100.00

683,37 20,42 683,31 16,9 657.15 46.82

684,16 59,51 684,15 51,05 670.12 53.08

685,2 33,67 685,13 24,51 671.18 23.26

710,13 16,56 710,14 13,29 683.59 24.13

712,17 25,19 712,17 21,76 684.22 48.51

738,16 44,58 738,12 37,8 685.12 30.13

739,18 21,55 739,15 20,08 698.09 53.40

740,15 17,09 740,13 15,19 700.09 23.25

766,19 15,88 766,17 11,94 712.12 35.93

820,23 25,69 820,21 19,66 726.10 32.85

821,23 17 902,26 15,18 754.18 41.37

902,25 23,44 1242,93 12,78 755.12 23.40

51

ANEXO E

Determinação do perfil graxo por cromatografia gasosa

Os métodos de cromatografia em fase gasosa são utilizados para conhecimento da

composição dos ácidos graxos de óleos e gorduras. [29]

Hidrólise de lipídeos

Dissolveu-se, em tubo criogênico de capacidade de 2ml, aproximadamente 10 mg do

óleo em 100 ml de uma solução de etanol (95%)/ hidróxido de potássio 1mol/l (5%). A

amostra foi agitada em vortex por 10 s. Posteriormente foi aquecida por 60 minutos à

temperatura de 90°C em banho termostático [30]. Após resfriamento, adicionou-se 400

ml de ácido clorídrico a 20%, uma ponta de espátula de NaCl e 600 ml de acetato de

etila. Após agitação em vórtex por 10 s e repouso por 5 min, uma alíquota de 300 ml da

camada orgânica foi retirada, colocada em tubo criogênico de capacidade de 2 ml e

seco por evaporação, obtendo-se assim os ácidos graxos livres. [31]

Metilação dos ácidos graxos

Os ácidos graxos livres foram metiladas com 100 ml BF3 / metanol (14%) e

aquecidas durante 10 minutos em banho de água a 80°C. Foram em seguida diluídos

com 400 ml de metanol e analisados por Cromatografia Gasosa.

Parâmetros de análise

As análises foram realizadas em um Cromatógrafo GC-2010 Shimadzu equipado

com detector por ionização de chamas. Utilizou-se uma coluna DB-Was 30 mm X 0,25

mm e filmthickness de 0,25 mm. O gradiente de temperatura empregado foi: 50°C, 2min,

4°C/min até 220°C, 20 min. As temperaturas do injetor e detector foram 250°C e 260°C

respectivamente. O hélio foi empregado como gás de arraste com velocidade linear de

30 cm/s. O volume de injeção foi de 1ml e o split1/50. A identificação dos picos foi feita

por comparação com padrões de ácidos graxos metilados SUPELCO37.