Upload
buidiep
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Escola Superior São Francisco de Assis - ESFA
Thiago Gonçalves-Souza
“Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa,
Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e
do tamanho da área”.
Orientadora: M.Sc. Glória Matallana Tobón (UFRJ)
Santa Teresa - ES 2005
Thiago Gonçalves-Souza
“Estudo da diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa,
Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e
do tamanho da área”. Monografia apresentada à disciplina Estágio
Supervisionado II, da Escola Superior São Francisco de Assis, como parte das exigências do Curso de Ciências Biológicas, para obtenção do título de Bacharel, aprovada no dia 29/11/2005 pelos professores Drº Leonardo Vanderlei Lutz e M.Sc. Gustavo Schiffler.
Orientador: M.Sc. Glória Matallana Tobón (Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ)
Santa Teresa – ES 2005
8
Gonçalves-Souza, Thiago. Estudo da Diversidade de Aranhas (Arachnida, Araneae) de Santa Teresa, Região Centro-Serrana do Espírito Santo: check-list, avaliação dos efeitos de borda e do tamanho da área. Monografia de Graduação, 38p.
Orientadora: M.Sc. Glória Matallana Tobón (UFRJ)
Mata Atlântica, Diversidade, Aranhas e Fragmentação Florestal.
9
Tango (Dead Fish)
Foi difícil entender, impossível de acreditar, uma vida devotada
embasada em sobreviver. Mais que qualquer ideal, sobressai o teu
amor, não há ruas, partidos e regras para te deter. Mais que uma
instituição, feita para deformar, liberdade e emoção me permitiram
sonhar. Tu és a vida real, e sempre esteve de pé, nunca reclamou da
batalha que é criar. Sociedade e discriminação, cabeça erguida a
enfrentar, nenhum patriarcado ou família te fizeram calar. Não há nada
a provar, eu já posso entender, o que pode ser mais rebelde depois de
você?
Forte, viva e a sorrir sua vitória deve insultar a todos que preferem te
ver a chorar. Acredite aprendi demais, seu silêncio constrangedor.
Liberdade é muito mais que palavras a dizer. Gostaria de agradecer,
espero um dia retribuir, coração do meu céu, por favor, seja feliz!
Agora vem a tua vez! Usufrua do teu amor, sua prole sobreviveu, só
resta agradecer...
10
Dedico esta monografia aos meus pais, Eudis Bahia Souza e Rosita Helena Gonçalves Souza, por permitirem a minha
caminhada "aranhóloga". Amo Vocês.
Agradecimentos
As minhas amigas aranhas por trocarem a vida pelos resultados obtidos pelo
meu trabalho monográfico! Ao meu Orientador do primeiro semestre Profº Dr.
Marcelo Passamani (parabéns pela transferência para UFLA). A minha
orientadora e grande amiga Glória Matallana Tobón (com todo respeito Périclão).
A Dr. Antônio Domingos Brescovit (Instituto Butantan; Araneidae, Anyphaenidae,
Theridiidae) pela confiança em nossa parceria e pela identificação das aranhas e a
toda a galera do Lab de Artrópodes: Éwerton Machado (cara, valeu pelas
correções à monografia; Pholcidae), Éder Álvares (Lycosidae), Igor Cizauskas
(medonho), Rafael Indicatti, Gustavo Ruiz (Salticidae), Japa, Cidão, Cristina
Rheims (Sparassidae, Hersiliidae), David Candiani, Cláudio, Dani (Ctenidae) e
Priscila. A Alessandro Giupponi "Sucrilhos" (UFRJ/Museu Nacional) pela ajuda
em campo, pelas dicas e pelos papos aracnólogos regados a uma boa cerveja no
Bar do Leo. A Milena Milleri (milky)...Por tudo, e pela coevolução. A Adalberto
Santos (Unicamp), Felipe Rego (UNB), Fátima Dias (UESC), Hílton Japiassú
(Instituto Butantan), Kátia Benati (Universidade Católica de Salvador), Rejan
Guedes-Bruni (Jardim Botânico), André Nogueira "Francês" (Instituto de Biologia
- USP), Camilo Cuellar (Pontificia Universidad Javeriana), Florencia Fernández
Campón (University of Tennessee), Jiquan Chen (University of Toledo), Adriano
Kury (Museu Nacional), Éwerton Machado (Butantan), Glauco Machado
(UNICAMP), Marcelo Tabarelli (UFPE) pelas dicas e artigos cedidos que foram
muito importantes para a realização do meu trabalho. Agradeço muito aos meus
ajudantes de campo: Bruno Batistti (pijama), Eduardo Obermüller (duzin), Luiz
Clemente (labirinti), Rogério Rodrigues (kiwi), Thiago Bernabé (diabete,
caraaaaaaalho véi) e Thiago Stoco (doug). Em especial a Kiwi, Diabete e Duzin
pela grande dedicação e esforços AMONETÁRIOS que permitiram que eu
terminasse este trabalho. Ao Museu de Biologia Profº Mello Leitão, por autorizar
o trabalho na Estação Biológica Santa Lúcia e pelo empréstimo do golzinho, em
especial Rose e Helena pela atenção prestada. Ao IBAMA, na pessoa de Jacques
Passamani, por conceder a licença de coleta de aranhas. Aos meus irmãos, Rafaela
Souza (lela) e Octaciano Neto (tata) por agüentarem meus papos de aranha. E
também a David (seu porra). A todas as pessoas da minha família que
contribuíram de alguma forma, comprando rifas ou tomando uma gelada nos
domingos da vida na casa da vô tácio. Aos meus amigos: André (índio), Isabel
11
"Não vale a pena viver quando não se tem um bom amigo." (Demócrito).
Ribeiro (gesebel), Martim Thiago (martim), Péricles Silva "djow" (valeu périclão),
Thiago (morcego) por ajudas aleatórias e satisfatórias. Aos professores:
Rosenberg Martins, Leonardo Lutz, Walter Có, Selma Hebling. As dicas feitas pela
banca (Walter Có, Leo Lutz, e Gustavo Schiffler). A "alta cúpula" da ESFA: Moacyr
Amorim, Ricardo Martinelli AND Cláudio. Ao pessoal do laboratório da ESFA que
contribuiram, e muito, com minhas triagens: Rogérin (Kiwi), Marcela (valeu
marcelinha), Léia, Baiano e Bruna. Aos amigos do copo (ou não): Zé pequeno
(carinhosamente chamado de cabeludo mentiroso), tyrix, zé maria, farjado, rock,
cocô, chatuba, bola de fogo, jesus "o nazareno", janelinha, jotalhão, tiaguin
careca, Thiego (thieeeeego), liliu, will, skiter, marcelão e danda, Lucas (carla
perez), Íria Karla, Ju Rodrigues, Ju Tessarolo, Dani nóia, Amanda e toda galera da
sala, Ro Nanuq, Paty, Luciano Vieira, Pedro peheca, macarrão, beto barriga e
bárbara, estevim, cirilo, rose e ludovic. Vilácio, takito, peixe, diego, bocão e toda a
família Quintão que sempre me tratou como se fizesse parte dela, em especial tia e
tio biliu. Aos bons e velhos amigos de Mucuri/BA, ainda que distantes, que são
aqueles que sem dúvida estão mais perto de mim...tenho muita saudades de vocês.
Ao seu Molina e Dona Lourdes pela ajuda na Estação Biológica Santa Lúcia. Aos
laboratórios Santa Teresa e Padrão pelas doações de material para triagem. Ao
Lenus Bar por permitir algumas "pinduras" de vez em quando. Ao sinucão do Bar
Elite. Ao Journal of Arachnology pelos artigos free. Ao Google Earth pelas
imagens de satélite. Eu te esqueci? esqueci não, lembrei agora!!!
"As pessoas não sabem o que é sentir o orvalho no pé descalço, admirar de perto a maravilhosa estrutura de uma
espiga de milho ou o trabalho incrível de uma aranha tecendo sua teia."
José Lutzenberger (ambientalista)
Agora que você já derrotou Mais um inimigo Seu ideal venceu!
Claro que ao preço de Milhares de vidas
Por seu sistema, seu racismo, sua cor!
Por quanto tempo mais?
Senhor, seu troco!
Dead Fish
Musica para George W. Bush
12
SUMÁRIO
Resumo 8 Abstract 9 Introdução 10 Métodos 12 Coletas 13 Seleção de quadrantes 13 Coleta diurna 15 Coleta noturna 15 Análise dos dados 16 Identificação e armazenamento dos espécimes 17 Resultados 17 Discussão 19 Famílias mais abundantes 19 Relação entre tamanho da área e Índice de Diversidade de Shannon 21 Diferenças entre a amostragem diurna e noturna 21 Influência dos efeitos de borda 23 Conclusões 26 Referências 27 Anexos 33
8
Resumo Este trabalho apresenta um inventário da araneofauna coletada em três
remanescentes de Mata Atlântica (Estação Biológica Santa Lúcia/EBSL, 440 ha;
Museu de Biologia Prof. Mello Leitão/MBML, 4,3 ha e Nova Valsugana/NVAL, 2
ha) no município de Santa Teresa, Região Centro-Serrana do Estado do Espírito
Santo, e aspectos de sua diversidade. As coletas foram realizadas entre os meses
de abril e agosto de 2005, utilizando dois métodos de coletas (i.e. batedores de
vegetação e coleta manual noturna). Foram distribuídos 8 quadrantes na EBSL, 3
no MBML e 3 em NVAL, com 40m2 cada. Este trabalho tem como objetivo a
elaboração de uma lista de espécies para a região de Santa Teresa, bem como
analisar como a comunidade responde aos efeitos de borda e ao tamanho da
área. Foram coletados um total de 2610 indivíduos, sendo 469 adultos (19,96%) e
2141 jovens (82,03%). Apenas os indivíduos adultos puderam ser separados em
morfo-espécies, resultando em 196 espécies distribuídas em 30 famílias. As
famílias que apresentaram o maior número de espécies foram Theridiidae (38),
Araneidae (31), Salticidae (25), Pholcidae (12), Tetragnathidae (11), Corinnidae
(8), Ctenidae (8) e Thomisidae (8), respectivamente. Grande parte (i.e. 40%) das
famílias encontradas foi representada por apenas uma espécie. O índice de
Shannon foi maior para a EBSL (H’= 4,3747) seguido do MBML (H’= 3,9436) e de
NVAL (H’= 3,6496), mostrando uma relação significativa entre tamanho da área e
diversidade (r= 0,96, p<0,05). Na EBSL foi encontrado um número maior de
espécies (50 spp.) no interior do remanescente (H=1753, p<0,05) do que na borda
(39 espécies). A coleta manual noturna rendeu um número maior (H=75,98,
p<0,0001) de espécies (123 spp.) do que o batedor de vegetação (80 spp.).
Concluí-se que a diversidade de aranhas tem uma forte relação com o tamanho da
área, com os efeitos de borda e com os métodos de coletas.
Palavras-chave: Mata Atlântica, Aranhas, Diversidade e Fragmentação.
9
Abstract This survey synthesized an inventory of the spider community composition and
diversity aspects in three remnants of Atlantic Rainforest (Santa Lucia Biological
Station EBSL, 440 ha; Museum of Biology Prof. Mello Leitão/MBML, 4.3 ha and
Nova Valsugana/NVAL, 2 ha) in Santa Teresa mountain region, Espírito Santo
State, Southeastern Brazil. The study was conducted from April to August 2005.
Spiders were collected using both, the night hand collection method and the sweep
net day method. Eight plots (40m2 each), were sampled at EBSL, 3 at MBML and
another 3 at NVAL. I found a total of 2610 individuals, 469 adults (19,96%) and
2141 young (82,03%), with 196 species in 30 families, capable of identification.
Families with highest number of species were Theridiidae (38), Araneidae (31),
Salticidae (25), Pholcidae (12), Tetragnathidae (11), Corinnidae (8), Ctenidae (8)
and Thomisidae (8). A large proportion of the families (40%) were represented by
one species. EBSL showed the highest Shannon diversity index (H’= 4.37)
followed by MBML (H’= 3.94) and by NVAL (H’= 3.64). There is a positive
correlation between fragment size and diversity (r=0,96, p<0.05). In EBSL, higher
number of species were found in the interior of the remnants (50) when compared
to the edge (39), with this difference being statistically significant (H=1753,
p<0.05). The night hand collection method was significantly different against the
sweep net day method (H=75.98, p<0.0001) with 123 and 80 species respectively.
In conclusion the spider diversity has a strong relationship with sample size and
edge effects, as well as the sampling methods.
Key Words: Atlantic Rainforest, Spiders, Diversity and Fragmentation.
10
Introdução Nas últimas décadas, evolucionistas e conservacionistas voltaram seus
olhos para as florestas tropicais, por duas razões principais: primeiro, embora
estes biomas cubram apenas 7% da superfície terrestre, eles contêm mais da
metade das espécies da biota mundial. Segundo, as florestas estão sendo
destruídas tão rapidamente que elas provavelmente desaparecerão dentro do
próximo século, levando com elas centenas de milhares de espécie à extinção
(Wilson, 1998). O acelerado processo de fragmentação da Mata Atlântica tornou
esta região uma das áreas de mais alta prioridade para conservação biológica
(hotspots) em todo mundo, pelo alto grau de endemismo de sua fauna e flora, alta
riqueza de espécies e taxa de fragmentação elevada (Myers et al., 2000). A maior
parte dos fragmentos florestais experimentou algum tipo de perturbação antrópica
(p.ex. retirada de lenha, exploração ilegal de madeira, caça, extrativismo vegetal e
invasão por espécies exóticas) e as poucas exceções são áreas de difícil acesso e
de topografia acidentada. Estes remanescentes de Mata Atlântica representam
hoje menos de 7% de sua extensão original, situação que é agravada por estarem
localizados em uma área que abriga cerca de 70% da população brasileira
(Tabarelli et al., 2005).
A fragmentação implica em quatro principais efeitos: (1) redução da
quantidade de habitats, (2) aumento no número de manchas de hábitat, (3)
diminuição do tamanho das manchas de habitats e (4) aumento do isolamento das
manchas (Fahrig, 2003). Porém, a maioria dos estudos realizados com
fragmentação utilizou apenas uma destas variáveis (i.e. redução da quantidade de
hábitats ou redução do tamanho das manchas), e apenas alguns utilizaram duas
ou três variáveis, mas nunca as quatro juntas (ver revisão em Fahrig, 2003). Além
destes fatores, existem ainda os efeitos de borda que resultam em alterações
microambientais (i.e. níveis de luz, temperatura, umidade e vento), introdução ou
aumento da densidade de espécies generalistas e desaparecimento de espécies
especialistas (Murcia 1995; Begon et al., 1996; Primack & Rodrigues, 2001;
Laurance et al., 2002).
11
Atualmente, a ordem Araneae é a sétima categoria taxonômica em
diversidade animal do planeta com 110 famílias, 3607 gêneros e 38998 espécies
descritas (Platnick, 2005). Estão distribuídas em todo o mundo, onde são
encontradas em uma gama de ambientes ecológicos. Praticamente todas as
aranhas são carnívoras, com diferentes estratégias para a captura de presas:
algumas constroem teias para a captura de suas presas, enquanto outras caçam
ativamente suas vítimas, sendo a maioria de suas presas constituídas por insetos
(Foelix, 1982). Encontram-se no topo da cadeia trófica dos invertebrados
terrestres, por este motivo são consideradas as mais importantes para a
estabilidade do ecossistema (Coyle, 1981).
Aranhas são ótimos indicadores de alterações do hábitat, por serem
animais extremamente comuns na maioria dos ecossistemas terrestres, por
dependerem da fisionomia da paisagem para a construção de suas teias e, no
caso dos indivíduos errantes, para o forrageamento (Uetz, 1991; New, 1999).
Alguns estudos já demonstraram que a diversidade de estruturas presentes na
vegetação tem um efeito positivo sobre a diversidade de espécies, no que se
refere às aranhas de teia (Balfour & Rypstra, 1998; Halaj et al. 1998; Santos,
1999; Ysnel & Canard, 2000; Rego, 2003). À medida que a estrutura da vegetação
se torna mais diversificada, a heterogeneidade de hábitats e a capacidade do
ambiente em suportar mais espécies de aranhas é maior. Além disso, à medida
que a disponibilidade de refúgios aumenta, os pontos para fixação de teias e a
variedade do tamanho de presas é maior, o que favorece a diversidade de
aranhas (Rego, 2003).
Este trabalho tem como objetivo fazer um inventário das aranhas de Santa
Teresa e avaliar como responde a diversidade de aranhas sob a influência do
tamanho da área e dos efeitos de borda. Além disso, este trabalho teve como foco
responder a duas perguntas: (1) quanto maior a área maior o Índice de Shannon?
(2) O centro dos remanescentes estudados possui maior riqueza de espécies de
aranhas? Este estudo é muito importante para o conhecimento da araneofauna
capixaba, sabendo que no estado do Espírito Santo poucos trabalhos foram
realizados com diversidade de aranhas, alguns desenvolvidos por Mello-Leitão na
12
década de 30 (Éwerton Machado, com. pess.) e um realizado em Linhares por
Santos (1999). Mesmo para o Brasil ainda se conhece muito pouco sobre
araneofauna e estima-se que cerca de 60 a 70% das aranhas depositadas em
coleções brasileiras sejam espécies novas (Brescovit, 1999). Métodos
Este estudo foi conduzido em três remanescentes de Mata Atlântica na
região Centro-Serrana do estado do Espírito Santo, município de Santa Teresa
(19°57'S, 40°31'W). O primeiro remanescente (NVAL - 19°54’09”S e 40°39’31”W)
é uma área de Mata Atlântica de 2 ha pertencente à família Dossi, localizada em
Nova Valsugana, a 12 km do centro de Santa Teresa. A região tem como matriz
um pasto com criação extensiva de gado bovino. O segundo remanescente
(MBML - 19°56’10”S e 40°36’06”W) é uma área de Mata Atlântica de 4,3 ha,
localizada no setor 3 do parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, no centro
de Santa Teresa, sendo a matriz predominante plantação de eucalipto. A última é
a Estação Biológica Santa Lúcia (ESBL - 19°57’10”S e 40°31’30”W) de
propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sociedade Amigos do
Museu Nacional, IPHAN/Museu de Biologia Prof. Mello Leitão e terras devolutas
do estado do Espírito Santo. Possui cerca de 440 ha com variação de altitude
entre 600 e 900m. Sua vegetação predominante é de Floresta Ombrófila Densa
Montana (Mendes & Padovan, 2000). A região está localizada na formação
geomorfológica do complexo cristalino sob o domínio da borda montanhosa do
planalto, com áreas de encostas íngrimes sub-retilíneas, pequenas várzeas
retilíneas e afloramento rochosos (Tabacow, 1992). A maioria dos remanescentes
florestais desta região está restrita a pequenos fragmentos, isolados uns dos
outros por vastas áreas de pastagens de plantações ou de eucaliptos, sujeitos a
uma série de fatores perturbadores “externos”, como queimadas, efeitos de borda,
e caça ilegal (Chiarello, 1999)
A mata nativa de Santa Teresa começou a ser destruída a partir de 1875
com a colonização de descendentes italianos, restando hoje cerca de 40% da área
13
com vegetação nativa, distribuídas em áreas protegidas, fragmentos particulares e
capoeiras (Gonçalves, 1997 apud Passamani, 2003). A temperatura anual média é
de 20°C e a precipitação anual média é de 1.868 mm, sendo novembro o mês
mais chuvoso e junho o único mês do ano com precipitação abaixo de 60 mm.
Predominam no local, solos rasos, distróficos e com acidez elevada, altos teores
de alumínio trocável e baixa saturação por bases (Thomaz & Monteiro, 1997).
Coletas
As aranhas foram coletadas na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), no
Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e em Nova Valsugana (NVAL), em
14 quadrantes, 8 na EBSL, 3 no MBML e 3 em NVAL. Em cada área foram
distribuídos 5 quadrantes de 40 m2 (10 metros de comprimento x 4 metros de
largura) com distâncias da borda de 0, 25, 50, 100 e 150m. Porém no MBML e
NVAL as duas últimas distâncias de borda foram excluídas devido ao tamanho
pequeno do fragmento, ultrapassando o centro (Rego, 2003; Marcelo Passamani,
com. pess.; ver figuras 1, 2 e 3).
Seleção de quadrantes
Na EBSL os quadrantes foram identificados com a letras A,B,C,D e E (com
mais três replicações onde foram realizadas coletas aleatórias) totalizando 8
quadrantes e distribuídos em distâncias de 5 a 150 metros. Em NVAL os
quadrantes receberam a codificação com as letras K, L e M, enquanto no MBML
as letras escolhidas foram N, O e P. Após ter codificado todos os quadrantes
sorteou-se uma letra para cada dupla, que realizava os dois métodos de coleta
usados. As coletas ocorreram mensalmente, entre os meses de abril e agosto de
2005. Para cada área, três quadrantes foram sorteados aleatoriamente. Em cada
quadrante foram realizadas coletas diurnas e noturnas com diferentes métodos de
captura (i.e. batedor de vegetação e coleta manual) para possibilitar uma
amostragem mais representativa da comunidade de aranhas (Coddington et al.,
1991), permitindo a captura de aranhas que exploram diferentes microhábitats e
com diferentes horários de atividade (Santos, 1999). Estas coletas foram sempre
realizadas por uma mesma dupla de coletores (i.e. Thiago Souza e Eduardo
Obermüller; Rogério Rodrigues e Tiago Bernabé).
QK QM QL
Borda (Pasto)
5m
25m
50m
Figura 1 – Representação esquemática da distribuição dos três quadrantes em Nova Valsugana.
QN QP QO
Borda (Eucalipto)
5m
25m
50m
Figura 2 – Representação esquemática da distribuição dos três quadrantes Museu de Biologia Prof. Mello Leitão.
14
Borda (Eucalipto)
QA QB QC QD QE
5m
25m
50m
100m
150m
Figura 3 – Representação esquemática dos cinco quadrantes da Área Controle e suas respectivas distâncias de borda.
Coleta Diurna
Batedores de vegetação: consistem em uma armação em cruz com tubos de PVC
que sustenta um tecido branco de 1 m2 (Rego, 2003). Com auxílio de um bastão,
dois coletores deram vinte batidas em cada planta (no máximo 20 plantas por
quadrante) de até 3 metros de altura, para que as aranhas caíssem da vegetação
sobre o tecido, onde são capturadas e fixadas em um tubo falcon (50ml) contendo
solução de álcool etílico a 75%. Cada quadrante com 20 plantas amostradas foi
considerado como uma amostra, daqui pra frente chamado de amostra diurna.
Coleta Noturna
Na coleta noturna foi investido mais tempo na coleta manual, pois de
acordo com Santos (1999) alocar mais tempo para métodos que rendem maior
número de espécies pode trazer um maior rendimento total para o inventário,
sendo muito importante quando se considera a escassez de tempo e dinheiro
disponíveis para coleta. Desta maneira, a coleta manual noturna foi utilizada por
ser mais eficiente que outros métodos (i.e. armadilhas de queda e batedor de
15
16
vegetação; Coddington et al., 1991). As coletas foram realizadas entre 21h00m
e 22h30m. Com auxílio de uma lanterna de cabeça uma dupla de coletores
percorreu toda extensão do quadrante a procura de aranhas na vegetação (até 2
metros de altura) e no solo, inclusive embaixo de troncos, pedras, serrapilheira,
etc.,durante 1 hora e 30 minutos, fixando-as em tubo falcon (50 ml) contendo
álcool etílico 75%. Cada quadrante foi considerado como uma amostra, daqui pra
frente chamada de amostra noturna. Desta maneira, este trabalho teve um esforço
amostral de 28 amostras (14 diurnas e 14 noturnas).
Análise dos dados Os dados de diversidade foram calculados usando o Índice de Diversidade
de Shannon (H’) (Stiling, 1996):
H’= - ∑ pi.lnpi
Onde pi é a proporção de indivíduos encontrados da espécie X de uma
amostra e lnpi é o Logaritmo neperiano de pi. O índice de equitatibilidade
(H´/H´max, onde H´max= Ln S, e S= total de espécies) mede o quão igualmente
estão representadas as espécies dentro da amostra (Coyle, 1981). O Índice de
Shannon assume que os indivíduos são coletados aleatoriamente e que todas as
espécies estão representadas na amostra (Dias, 2004).
Com a finalidade de testar a relação da área com o índice de diversidade de
Shannon, foi realizada uma análise de correlação de Spearman (Lehner, 1979).
Igualmente o teste de Kruskall-Wallis ANOVA (H) (usado para dados não-
paramétricos; Lehner, 1979) foi usado para determinar se a diferença na
diversidade entre os três lugares amostrados, a diferença entre os métodos de
coleta e diferença entre riqueza de espécies da borda e do interior são
significativas. Todas as analises estatísticas foram realizadas usando o programa
Statistica versão 6.0 StatSoft (2003).
A coleta aleatória foi realizada nas três áreas e teve uma duração de duas
horas em cada. O método de coleta utilizado foi coleta manual noturna e os dados
foram apenas incluídos na lista das espécies de Santa Teresa e não tiveram
nenhum valor para os cálculos estatísticos.
17
Identificação e armazenamento dos espécimes coletados Após as coletas, todos os indivíduos foram fixados em álcool etílico 75% e
identificados inicialmente em nível de família com a chave de identificação
proposta por Brescovit & Rheims (dados não publicados) e Brescovit et al. (2002).
Depois os espécimes foram enviados a especialistas para a separação em
espécies (somente os adultos foram identificados). Os espécimes foram
depositados no Laboratório de Artrópodes Peçonhentos, Instituto Butantan (São
Paulo-SP) e na coleção Zoológica do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (Santa
Teresa – ES).
Resultados
Foram coletados 2610 indivíduos, 469 adultos (17,96%) e 2141 jovens
(82,03%). Foram encontradas 196 espécies distribuídas em 30 famílias (Anexo,
Tabela 3). As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram
Theridiidae (38), Araneidae (31), Salticidae (25), Pholcidae (12) e Tetragnathidae
(11). Grande parte das famílias encontradas apresentou apenas uma espécie (i.e.
Amaurobiidae, Anapidae, Dictynidae, Deinopidae, Hersiliidae, Ochyrocerathidae,
Pisauridae, Scytodidae, Selenopidae, Sicariidae, Synotaxidae e Zodariidae).
Algumas apresentaram somente duas espécies (i.e. Hahniidae e Miturgidae)
(Tabela 3).
As espécies mais abundantes foram Episinus sp.01 (22 espécimes),
Chrysometa sp.01 (20 espécimes), Thwaitesia affinis e Dipoena fumicata com 12
espécimes cada. Grande parte das espécies encontradas estava representada por
apenas um (106 spp.) ou dois indivíduos (32 spp.).
A EBSL foi a área que apresentou maior índice de diversidade (H´ =
4,3747), seguida do MBML (H´ = 3,9436) e NVAL (H´ = 3,6496) (Tabela 1)
existindo diferença significativa entre as três áreas (H=517.42, p< 0,00001). Além
disso, um maior número de espécies exclusivas foi encontrado na EBSL (i.e.
62,85%), enquanto que no MBML e NVAL as espécies exclusivas representaram
43,33% e 37,77%, respectivamente (Tabela 1). Existe uma correlação positiva
entre o tamanho da área amostrada e o Índice de Shannon (Spearman correl=
0,96, p<0.05) respondendo a pergunta sobre a relação entre o tamanho da área e
diversidade de aranhas.
Famílias Espécies Espécies exclusivas (%) H' E AbundânciaEBSL 22 105 66 (62.85) 4,4 0,93 260MBML 16 60 26 (43.33) 3,9 0,96 108NVAL 11 45 17 (37.77) 3,6 0,96 81
Tabela 1 - N ° de Famílias, espécies, espécies exclusivas e abundância total na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e Nova Valsugana (NVAL).
A amostragem noturna apresentou uma maior abundância e um maior
número de espécies (286 espécimes e 123 spp., respectivamente), além de um
maior número de espécies exclusivas (78 espécies, Tabela 2). Na amostragem
diurna, obteve-se 196 indivíduos distribuídos em 80 espécies e 35 espécies
exclusivas, o que mostrou uma diferença significativamente diferente entre a
amostra noturna e diurna (H=75,98, p<0.0001, Tabela 2). Das famílias que
ocorreram nas duas amostras, apenas Salticidae e Pholcidae foram mais comuns
na amostra diurna (Figura 4).
Na EBSL, o interior da mata apresentou uma riqueza de 50 espécies
enquanto que na borda o número de espécies foi 39 sendo significativamente
diferentes (H=1753, p<0.05). As coletas comparando a riqueza de espécies no
interior da mata (150 metros) e na borda (5 metros) tiveram uma grande variação
entre as famílias. As mais ricas no interior da mata foram: Anapidae, Araneidae,
Ctenidae, Deinopidae, Linyphiidae, Miturgidae, Ochyrocerathidae, Oonopidae,
Sparassidae, Synotaxidae, Theridiosomatidae, Thomisidae e Uloboridae. Na borda
houve maior riqueza das famílias: Hahniidae, Mimetidae, Pholcidae, Salticidae e
Theridiidae. Enquanto as famílias Anyphaenidae, Corinnidae e Tetragnathidae não
apresentaram diferenças entre o número de espécies no interior e na borda
(Figura 5).
18
Discussão Famílias mais abundantes
Em diversos trabalhos as famílias Theridiidae, Araneidae e Salticidae têm
sido citadas como as mais ricas e abundantes (Fowler & Venticinque, 1993; Silva
& Coddington, 1996; Santos, 1999; Rego, 2003 incluindo Pisauridae; Scharff et al.,
2003; Rico et al., 2003) mesmo utilizando métodos de coleta diferentes como
batedores de vegetação, armadilhas de queda, redes de folhiço e coletas ativas
noturnas e diurnas.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Núm
ero
de E
spéc
ies
Anap
idae
Anyp
haen
idae
Aran
eida
e
Cor
inni
dae
Cte
nida
e
Dei
nopi
dae
Hah
niid
ae
Liny
phiid
ae
Mim
etid
ae
Mitu
rgid
ae
Och
yroc
erat
hida
e
Oon
opid
ae
Phol
cida
e
Saltic
idae
Spar
assi
dae
Syno
taxi
dae
Tetra
gnat
hida
e
Ther
idiid
ae
Ther
idio
som
atid
ae
Thom
isid
ae
Ulo
borid
ae
Fam ílias
Borda (5m)
Interior (150m)
Figura 4 – Diferenças no número de espécies de cada família entre o interior e a borda da mata. Dados referentes às amostras presentes apenas na Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL).
19
Total Total
Batedor de Vegetação 14 80 196 35
Manual Noturna 14 123 286 78
Tabela 2 - Diferenças nos valores de riqueza, abundância e espécies exclusivas entre os dois métodos de coleta utilizados.
Espécies exclusivasRiqueza AbundânciaMétodo de
Coleta N° de amostras
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Núm
ero
de e
spéc
ies
Amau
robi
idae
Anap
idae
Anyp
haen
idae
Aran
eida
e
Cor
inni
dae
Cte
nida
e
Dei
nopi
dae
Hah
niid
ae
Liny
phiid
ae
Mim
etid
ae
Mitu
rgid
ae
Och
yroc
erat
hida
e
Oon
opid
ae
Phol
cida
e
Pis
aurid
ae
Sal
ticid
ae
Sica
riida
e
Spar
assi
dae
Syn
otax
idae
Tetra
gnat
hida
e
Ther
idiid
ae
Ther
idio
som
atid
ae
Thom
isid
ae
Ulo
borid
ae
Famílias
Amostra diurnaAmostra noturna
Figura 5 – Diferenças entre o número de espécies de cada família entre as amostras diurna e noturna.
20
21
A família Araneidae é tipicamente construtora de teias orbiculares e são
comumente encontradas em uma gama de microhábitats desde a vegetação
rasteira até a copa das árvores (Silva & Coddington, 1996). A família Salticidae,
classificada como aranha cursorial, também pode ser encontrada em diversos
microhábitats, principalmente durante o dia (Silva & Coddington, 1996),
comumente encontradas forrageando na vegetação e no folhiço (Rego, 2003). Já
Theridiidae é uma família que tem uma grande variação de nichos, incluindo
desde caçadoras solitárias, coloniais e cleptoparasitas de aranhas construtoras de
teias, também ocupando vários microhábitats. Desta maneira, como este estudo
abrange métodos de coleta que alcançam tanto arbustos (i.e. Batedor de
Vegetação) como o chão (i.e. Coleta Manual Noturna) é de se esperar que tenha
encontrado uma maior abundância e riqueza destas três famílias.
Um número muito grande de espécies com um único indivíduo (54,08% das
espécies coletadas) foi encontrado neste trabalho. Silva & Coddington (1996)
explicam que o número de espécies singletons está diretamente ligado ao tempo
de amostragem. Na amostragem de Santos (1999) o número de espécies
singletons foi de 33,79% Logo, o alto número de singletons neste trabalho pode
estar relacionado ao curto tempo e baixo esforço amostral. Além disso, o número
de jovens foi maior (82,03% do total) em relação aos trabalhos de Coddington et
al. (1996) com 75,5% de jovens, Santos (1999) com 66% de jovens, Rego (2003)
com 72% de jovens, Rodrigues (2005) com 70,1% de jovens e Álvares et al.
(2004) com 78,6% de jovens.
Relação entre tamanho da área e Índice de Diversidade de Shannon
Neste trabalho, houve uma forte influência do tamanho da área sobre a
abundância e diversidade de Shannon (Tabela 1). Os poucos trabalhos já
publicados relacionando o tamanho da área e a distribuição de aranhas, tiveram
resultados diferentes dos encontrados neste estudo. Por exemplo, Miyashita et al.
(1998), no Japão, encontrou uma relação positiva entre área e riqueza de aranhas
orbitelas (construtoras de teia orbicular), ou seja, quanto maior a área de mata
22
maior a riqueza em espécies. Rego (2003) também encontrou relação positiva
para as Famílias Ctenidae, Pisauridae e Salticidae. Já Bolger et al. (2000)
encontraram um efeito negativo entre a área e a riqueza. Além disso, Nogueira
(2004) não encontrou diferenças significativas entre a distribuição de aranhas
orbitelas e área. Rego (2003) também observou este padrão para as famílias
Araneidae, Corinnidae, Pholcidae, Theridiidae, Thomisidae e Uloboridae.
O número de espécies exclusivas (Tabela 1) também foi maior na Estação
Biológica Santa Lúcia (EBSL), o que pode estar relacionado a variações na
complexidade estrutural do ambiente (Santos, 1999) ou à diminuição do efeito de
borda (Didham, 1997b), pois Nova Valsugana possui criação extensiva de gado
bovino e freqüentemente estes animais entravam na área florestada para se
alimentar, diminuindo a quantidade de serrapilheira do fragmento (observação
pessoal) o que altera a composição estrutural, com influência nos tipos de
substratos e, conseqüentemente, na diversidade de aranhas. Enquanto que no
Museu de Biologia Prof. Mello Leitão uma estrada cortava o fragmento, o que
pode contribuir para aumentar os efeitos de borda (observação pessoal).
As famílias Anapidae, Ctenidae, Deinopidae, Hahniidae, Miturgidae,
Ochyroceratidae, Pisauridae, e Synotaxidae só foram coletadas na EBSL, o que
pode ter sido influenciado pelo esforço amostral (Rego, 2003) ou por
requerimentos microambientais específicos como: microhábitats sombreados
(Santos, 1999), vegetação mais densa para servir de refúgios contra predadores
(Santos, 1999), temperatura, umidade (Coyle, 1981) e intensidade luminosa
(Foelix, 1982).
Diferenças entre a amostragem diurna e noturna
Resultados de Coddington et al. (1991), Silva & Coddington (1996), Green
(1999), Santos (1999) e Scharff et al. (2003) apresentam resultados semelhantes
aos deste estudo, pois todos eles encontraram maior abundância e riqueza de
espécies na amostra noturna (Figura 5). Além disso, também verificaram que o
método visual rende maior número de espécies do que batedor de vegetação
23
(Santos, 1999). Das famílias encontradas, apenas Amaurobiidae, Deinopidae,
Pholcidae, Salticidae e Synotaxidae foram mais comuns na amostra diurna.
O maior número de espécies da família Salticidae na amostra diurna era esperado
por elas serem mais ativas durante o dia (Silva & Coddington, 1996) e pelo fato de
serem caçadoras visualmente orientadas e de necessitarem de locais bem
iluminados para forragear (Rego, 2003). Apesar das espécies de Deinopidae e
Synotaxidae serem noturnas (Silva & Coddington, 1996; Agnarsson, 2003), neste
trabalho, elas foram coletados apenas na amostra diurna, fato que ocorre por
estes animais ficarem abrigados durante o dia na vegetação e caírem após as
batidas provenientes do método de coleta utilizado (i.e. batedor de vegetação). As
aranhas da família Pholcidae normalmente tecem suas teias irregulares em
arbustos (Silva & Coddington, 1996) ou em raízes-escora (Santos, 1999). Deste
modo, como as plantas com raízes-escora só foram acessíveis na amostra
noturna e pela ausência destas raízes nos dois menores fragmentos (observação
pessoal), pode-se explicar o maior número de espécies encontradas na amostra
diurna. Influência dos efeitos de borda
Duas das famílias mais abundantes neste trabalho (Salticidae e Theridiidae)
foram mais comuns na borda da mata (Figura VII). O fato da família Salticidae ter
sido mais comum na borda pode estar relacionado com a explicação dada por
Rego (2003) que estas aranhas possuem uma grande acuidade visual e preferem
locais mais iluminados. Já Theridiidae é uma família que inclui espécies com
nichos muito variados (i.e. coloniais, caçadoras solitárias e cleptoparasitas de
outras aranhas de teia; Silva & Coddington, 1996) o que possivelmente permitiu
que elas conquistassem nichos com menor diversidade em termos de
microhábitats.
Estudos que relacionaram efeitos de borda sobre aranhas tiveram
resultados bem diferentes, o que pode estar relacionado com a metodologia
empregada ou a esforços amostrais diferentes. Cortés & Fágua (2003)
24
encontraram um crescimento no número de espécies da borda para o interior
(efeito de borda positivo). Campón (2002) encontrou um parâmetro descrito na
literatura como ecótone borda-interior (veja detalhes em Murcia, 1995 e Didham,
1997b), ou seja, nas distâncias intermediárias há um número de espécies maior
do que no interior e na borda. Horvárth e seus colaboradores (2002) encontraram
um padrão decrescente do número de espécies em coletas da borda ao interior
(efeito de borda negativo).
Na EBSL, o padrão de crescimento do número de espécies foi atípico. Da
borda (5 m) até 50 metros para dentro do remanescente o número de espécies
diminui, a partir dos 50 metros há uma rápida ascensão no número de espécies
até o interior da mata (150m) (Figura 6). A abundância também segue um padrão
semelhante, com uma diminuição gradativa até os 50 metros e um rápido aumento
em direção ao interior (Figura 6). Os resultados deste trabalho respondem à
pergunta (2) que diz que o interior do remanescente possui maior riqueza de
espécies.
0
10
20
30
40
50
60
5m 25m 50m 100m 150m
Nº de espéciesAbundância total
Figura 6 - Relação entre distância de borda abundância absoluta e riqueza. Foram incluídas apenas famílias com pelo menos uma espécie em todas as 5 distâncias de borda.
Ao agrupar os dados brutos do número de espécies na borda e no interior
dos remanescentes, encontra-se, então, quatro respostas do grupo Araneae aos
efeitos de borda: (1) maior número de espécies no interior (Cortés & Fágua, 2003;
dados deste trabalho), (2) maior número de espécies na borda (Horvarth et al.,
2002), (3) maior número de espécies em distâncias intermediárias (Campón,
2002) e (4) sem diferenças significativas entre borda e interior (Gunnarson, 1988;
Rego, 2003), permitindo inferir que há uma ausência de padrão relacionando
efeito de borda em aranhas (Éwerton Machado, com. pess.).
25
26
Conclusões Estes resultados sugerem que (1) a diversidade de microhábitats ocupados
por Araneidae, Salticidae e Theridiidae foi um dos motivos de estas serem as
famílias mais diversas. (2) A forte relação entre o tamanho da área e a
diversidade pode estar relacionada com a variação da complexidade estrutural
dos ambientes. A estrutura da vegetação permite uma maior área para a
fixação de teias e aumenta a quantidade de hábitats sombreados. (3) A coleta
manual noturna rende um número muito superior de espécies em relação aos
batedores de vegetação. (4) O tempo de amostragem e coletas em pelo menos
duas estações do ano pode diminuir substancialmente o número de jovens e
de espécies singletons. (5) A presença de algumas famílias somente na EBSL
pode estar relacionada com requerimentos microambientais específicos como:
microhábitats sombreados, vegetação mais densa para servir de refúgios
contra predadores, temperatura, umidade e intensidade luminosa. (6) O baixo
número de espécies em NVAL pode ter sido influenciado pela criação de gado
bovino, que provavelmente diminuiu a quantidade de serrapilheira e de árvores
menores. (7) O interior da mata é um ambiente que tem maiores diversidade
de microhábitats que permitiram encontrar um maior número de espécies de
aranhas. (8) Estudos com efeitos de borda deveriam ser realizados em escalas
mais finas como guildas e nichos, pois comparar dados ecológicos de famílias
tão diversas como Theridiidae podem induzir a conclusões incompletas.
27
Referências
AGNARSSON I (2003) The Phylogenetic Placement and Circumscription of the Genus Synotaxus (Araneae, Synotaxidae), a new Species From Guyana and Notes on Theridioid Phylogeny Invertebrate Systematics. 17: 719-734.
ÁLVARES ESS, MACHADO EO, AZEVEDO, CS & DE-MARIA M (2004)
Composition of the Spider Assemblage in a Urban Forest Reserve in Southeastern Brazil and Evolution of a Two Sampling Method Protocols of Species Richness Estimates Revista Ibérica de Aracnologia. Vol 10: 185-194.
BALFOUR RA & RYPSTRA AL (1998) The Influence of Habitat Structure on Spider Density in a No-Till Soybean Agroecossystem The Journal of
Arachnology. 26: 221-226.
BEGON M, HARPER JL & TOWNSEND CR (1996) Ecology: individuals, populations and communities Blackwell Science ltd. Editorial Officers, Third
Edition. Oxford.
BOLGER DT, SUAREZ AV, CROOKS KR, MORRISON SA & CASE TJ (2000)
Arthropods in Urban Habitats Fragments in Southern California: area, age and edge effects Ecol. Applic. 10 (4): 1230-1248.
BRESCOVIT AD (1999) Reino Metazoa: Araneae In: Invertebrados terrestres:
Biodiversidade do Estado de São Paulo. Brandão C & Cancedo E (eds). FAPESP,
São Paulo.
_____________AD, BONALDO, AB, BERTANI, R & RHEIMS, CA (2002) Araneae In: Amazoniam Arachnida and Myriapoda, ADIS, J (Ed).
CAMPÓN FF (2002) Efecto de Borde em Grêmios de Arañas INPA/Smithsonian/OTS. 163-166.
28
CHIARELLO AG (1999) Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in South-eastern Brazil Biological Conservation 89: 71-
82.
CODDINGTON JA, GRISWOLD CE, DÁVILA CS, PEÑARANDA E & LARCHER S
(1991). Designing and testing sampling protocols to estimate biodiversity in tropical ecosystems In: The Unity of Evolutionary Biology, Vol. I, E. Dudley (ed).
Proceedings of the fourth International Congress of Systematics and Evolutionary
Biology. Disocorides Press: Portland Oregon.
__________________, YOUNG LH & COYLE FA (1996) Estimating Spider Species Richness in a Appalachian Cove Hardwood Forest The Journal of
Arachnology Vol. 24: 111-128.
CÓRTES CC & FÁGUA GG (2003) Diversidad de Arañas de Estrato Rasante em Transectos Borde-Interior de um Bosque Del Piedemonte Cordillerano (Medina, Cundinamarca) Colombia Revista Colombiana de Entomología. 29 (2):
113-120.
COYLE FA (1981) Effects of Cleacutting on the Spiders Community of a Southern Appalachian Forest Journal of Arachnology. 9: 285-298.
DIAS SC (2004) Planejando Estudos de Diversidade e Riqueza: uma abordagem para estudantes de graduação Acta Scientiarium. Biological
Science. 26 (4): 373-379.
DIDHAM RK (1997b) The Influence of Edge Effects and Forest Fragmentation on Leaf Litter Invertebrates in Central Amazonia In: Tropical Forest Remnants:
ecology, management, and conservation of fragmented communities. Edited by:
William F. Laurance & Richard O. Bierregaard, Jr. Chicago & London.
FAHRIG L (2003) Effects of Habitat Fragmentation on Biodiversity Annu Rev
Ecol Evol Syst. 34: 487-515.
29
FOELIX RF (1982) Biology of Spiders Harvard College.
FOWLER HG, SILVA CA & VENTICINQUE EM (1993) Size, Taxonomic and Biomass Distributions of Flying Insects in Central Amazônia: forests edge vs. understory Rev Biol Trop 41 : 755-760.
GONÇALVES MR (1997) Plano de Manejo: Reserva Biológica Augusto Ruschi In:
PASSAMANI M (2003) O Efeito da Fragmentação da Mata Atlântica Serrana Sobre a Comunidade de Pequenos Mamíferos de Santa Teresa, Espírito Santo. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
GREEN J (1999) Sampling Method and Time Determines Composition of Spider Collections The Journal of Arachnology. 27: 176-182.
GUNNARSON B (1988) Spruce-living Spiders and Forest Decline: the importance of needle-loss Biol Cons 43: 309-319.
HALAJ J, ROSS DW & MOLDENKE AR (1998) Habitat Structure and Prey Availability as Predictors of the Abundance and Community Organization of Spiders in Western Oregon Forest Canopies The Journal of Arachnology. 26:
203-220.
HORVÁTH R, MAGURA T, PÉTER G & TÓTHMÉRÉSZ B (2002) Edge Effects on Weevils and Spiders Web Ecology 3: 43-47.
LAURANCE WF, LOVEJOY TE, VASCONCELOS HL, BRUNA EM, DIDHAM RK,
STOUFFER PC, GASCON C, BIERREGAARD RO, LAURANCE SG & SAMPAIO
E (2002) Ecosystem Decay of Amazonian Forest Fragments: a 22-Year Investigation Conservation Biology. 16 (3): 605-618.
LEHNER P N (1979) Handbook of Ethological Methods New York, Garland STPm.
30
MARTINS M & LISE A (1997) As Aranhas In: Pedro L & Lisboa B (org) Caxiuanã.
Belém, Mus. Par. Emilio Goeldi.
MENDES SL & PADOVAN MP (2000) A Estação Biológica Santa Lúcia, Santa Teresa, Espírito Santo Bol Mus Biol Mello Leitão 11/12: 7-34.
MIYASHITA T, SHINKAI, A & CHIDA T (1998) The Effects of Forest Fragmentation on Web Spider Communities in Urban Areas Biological
Conservation 86: 357-364.
MURCIA C (1995) Edge Effects in Fragmented Forest: implications for conservation TREE. 10: 58-62.
MYERS N, MITTERMEIER RA, MITTERMEIER CG, FONSECA GAB & KENT J
(2000) Biodiversity Hotspots for Conservation Priorities Nature. 403: 853-858.
NEW TR (1999) Untangling The Web: spiders and the challenges of invertebrate conservation Journal of Insect Conservation 3: 251-256.
NOGUEIRA AA (2004) Efeitos do Tamanho e Qualidade da Mancha Florestal Sobre a Guilda de Aranhas Orbitelas em uma Área de Mata Atlântica no Estado de São Paulo (Arachnida – Araneae) Dissertação de Mestrado,
Universidade de São Paulo.
PLATNICK NI (2005) The World Spider Catalogue Version 5.5 The American
Museum of Natural History
http://research.amnh.org/entomology/spiders/catalog/COUNTS.html. July, 27.
PRIMACK RB & RODRIGUES E (2001) Biologia da Conservação Londrina – PR.
31
REGO FNAA (2003) Efeitos da Fragmentação Sobre a Comunidade de Aranhas do Sub-bosque de uma Floresta de Terra-firme, na Amazônia Central Dissertação de Mestrado, Manaus - INPA/UFAM.
RICO A, BELTRÁN JP, ÁLVARES A & FLÓREZ ED (2003) Contribución al Conocimiento de la Diversidad de Arañas (Araneae) en el Parque Nacional Natural Isla Gorgona, Pacífico Colombiano IV Encontro Aracnólogos Cone Sul.
Oral (p. 160).
RODRÍGUES ENL (2005) Araneofauna de Serrapilheira de Duas Áreas de uma Mata de Restinga no Município de Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brasil Biotemas, 18 (1): 73-92.
SANTOS AJ (1999) Diversidade e Composição em Espécies de Aranhas da Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce (Linhares – ES) Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Dissertação de Mestrado.
SCHARFF N, CODDINGTON JA, GRISWOLD CE, HORMIGA G & BJORN PP
(2003) When to Quit? Estimating Spider Species Richness in a Northern European Decidous Forest The Journal of Arachnology. Vol (31): 246 – 273.
SILVA D & CODDINGTON JA (1996) Spiders of Pakitza (Madre de Dios, Peru): Species Richness and Nores on Community Stucture In: Wilson DE &
Sandoval A (eds.) The Biodiversity of Southestern Perú. Smithsonian Institution.
STILING PD (1996) Ecology: theories and applications Prentice Hall, Second
Edition.
TABACOW JW (1992) Proposta de Zoneamento Ambiental para o Município de Santa Teresa Monografia de Especialização. Universidade Federal do Espírito
Santo, Vitória.
32
TABARELLI M, PINTO LP, SILVA JMC, HIROTA MM & BEDÊ LC (2005) Desafios e Oportunidades para a Conservação da Biodiversidade na Mata Atlântica Brasileira Megadiversidade 1(1): 132-138.
THOMAZ LD & MONTEIRO R (1997) Composição Florística da Mata Atlântica de Encosta da Estação Biológica de Santa Lúcia, Município de Santa Teresa – Espírito Santo Bol Mus Biol Mello Leitão (N.Sér.) 7: 3-48.
UETZ GW (1991) Habitat Structure and Spider Foraging In: BELL SS, MCCOY,
ED & MUSHINSKY HR (Eds.). Habitat Structure: the physical arrangement of
objects in space. Chapman and Hall, London, England.
WILSON EO (1988) A Situação Atual da Diversidade Biológica In: WILSON
EO (Ed) Biodiversidade. Editora Nova Fronteira. 2ª impressão.
YSNEL F & CANARD A (2000) Spider Biodiversity in Connection With the Vegetation Structure and the Foliage Orientation of Hedges The Journal of
Arachnology. 28: 107-114.
Anexos
33
EBSL MBML Nval Aleatória TotalAmaurobiidae 1 0 1 0 0 1
Amaurobiidae sp.02 0 1 0 0 0
Anapidae 1 1 0 0 0 1Anapisona sp.01 1 0 0 0 1
Anyphaenidae 5 9 2 1 1 13Osoriella sp.01 8 0 0 0 8Aysha sp.01 0 0 1 0 1Iguarima censorea Keyserling, 1891 0 2 0 0 2Tasata sp.01 0 0 0 1Wulfila sp.01 1 0 0 0 1
Araneidae 31 21 21 12 6 60Alpaida aff. lanei Levi, 1988 2 0 0 0 2Alpaida truncata Keyserling, 1865 0 0 0 1 1Alpaida sp.01 1 1 0 0 2Araneus sp.01 0 0 1 0 1Argiope argentata Fabricius, 1775 0 0 0 1 1Cyclosa fililineata Hingston, 1932 1 3 0 0 4Cyclosa tapetifaciens Hingston, 1932 1 0 1 0 2Dubiepeira sp.01 0 0 1 0 1Eustala sp.01 2 0 2 0 4Eustala sp.02 2 0 0 0 2Gasteracantha cancriformis Linnaeus, 1758 0 0 0 1 1Kaira sp.01 0 0 1 0 1Larinia sp.01 1 0 0 0 1Mangora sp.01 3 1 4 0 8Mangora sp.02 1 0 0 0 1Mangora sp.03 1 0 0 0 1Mangora sp.04 0 1 0 0 1Mangora sp.05 0 1 0 0 1Mangora sp.06 1 0 0 0 1Metazygia enabla Levi, 1995 0 6 0 0 6Metazygia sp.01 0 0 0 1 1Micrathena cicuta Gonzaga & Santos, 2004 1 0 0 0 1Micrathena crassispina Koch, 1836 0 1 0 0 1Micrathena reimoseri Mello-Leitão, 1935 2 4 0 0 6Micrathena plana Koch, 1836 0 0 0 1 1Micrathena sp. 01 0 0 0 1 1Parawixia audax Blackwall, 1863 1 0 0 0 1Pronous tuberculifer Keyserling, 1881 0 2 0 0 2Testudinaria unipunctata Simon, 1893 0 0 2 0 2Testudinaria sp.01 1 0 0 0 1Wagneriana gavensis Camargo, 1950 0 1 0 0 1
Corinnidae 8 10 5 0 1 16Castianeira sp.01 3 2 0 0 5
Tabela III - Lista das famílias e espécies encontradas Estação Biológica Santa Lúcia (EBSL), Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) e Nova Valsugana (NVAL).
AbundânciaRiquezaEspécie
Cont. tabela III
EBSL MBML Nval Aleatória TotalCorinnidae
Corinna sp.01 1 0 0 0 1Corinna sp.03 1 1 0 0 2Corinna sp.04 0 1 0 0 1Ianduba sp.01 2 0 0 0 2Myrmecium sp.01 1 1 0 0 2Trachelas sp.01 0 0 0 1 1
Ctenidae 8 14 0 0 4 18Ctenus ornatus Keyserling, 1876 6 0 0 0 6Ctenus taeniatus Keyserling, 1891 0 0 0 1Ctenus sp. nov. 01 4 0 0 0 4Ctenus sp. nov. 02 1 0 0 0 1Enoploctenus sp.01 2 0 0 0 2Isoctenus sp.01 1 0 0 0 0Nothroctenus sp.02 0 0 0 1 1Phoneutria nigriventer Keyserling, 1891 0 0 0 2 2
Dictynidae 1 0 0 0 1 1Dictyna sp.01 0 0 0 1 1
Deinopidae 1 2 0 0 0 2Deinopidae sp.01 2 0 0 0 2
Hahniidae 2 1 0 0 1 2Hahniidae sp.01 1 0 0 0 1Hahniidae sp.02 0 0 0 1 1
Hersiliidae 1 0 0 0 5 5Hersiliidae sp.01 0 0 0 5 5
Lycosidae 4 0 0 0 4 4Lycosa gr.nordenskjoldi Tullgren, 1905 0 0 0 1 1Lycosidae sp.1 0 0 0 1 1Lycosidae sp.02 0 0 0 1 1Porrimosa lagotis Holmberg, 1876 0 0 0 1 1
Linyphiidae 6 5 2 1 0 8Brattia sp.01 3 0 0 0 3Dubiaranea sp.01 0 1 0 0 1Dubiaranea sp.02 0 1 0 0 1Dubiaranea sp.03 1 0 0 0 1Linyphiidae sp.03 1 0 0 0 1Linyphiidae sp.04 0 0 1 0 1
Espécie Riqueza Abundância
34
Cont. tabela III
EBSL MBML Nval Aleatória TotalMimetidae 4 9 2 6 0 17
Ero sp.01 2 0 0 0 2Ero sp.02 4 1 4 0 9Ero sp.03 3 1 1 0 5Gelanor sp.01 0 0 1 0 1
Miturgidae 2 1 0 0 1 2Radulphius sp.01 1 0 0 0 1Teminius insularis Lucas, 1857 0 0 0 1 1
Ochyrocerathidae 1 1 0 0 0 1Ochyrocera sp.01 1 0 0 0 1
Oonopidae 6 11 2 3 0 16Oonopidae sp.01 1 1 1 0 3Oonopidae sp.02 5 1 1 0 7Oonopidae sp.03 0 0 1 0 1Orchestina sp.01 1 0 0 0 1Orchestina sp.02 3 0 0 0 3Orchestina sp.03 1 0 0 0 1
Pholcidae 12 15 11 13 0 39Mesabolivar sp.01 1 3 1 0 4Mesabolivar sp.02 0 3 0 0 3Mesabolivar sp.03 0 1 3 0 4Metagonia sp.01 4 0 1 0 5Metagonia sp.02 1 0 4 0 5Pholcidae sp.02 1 0 0 0 1Pholcidae sp.04 0 0 3 0 3Pholcidae sp.05 0 0 1 0 1Tupigea sp.01 6 4 0 0 10Tupigea sp.02 1 0 0 0 1Tupigea sp.03 1 0 0 0 1
Pisauridae 1 3 0 0 0 3Pisaurina brasiliensis Mello-Leitão, 1940 3 0 0 0 3
Salticidae 25 37 10 12 4 63Arnoliseus sp.01 2 0 0 0 2Asaphobelis sp.01 2 0 1 0 3Bellota sp.01 0 0 0 1 1Bryantelle sp.01 0 0 0 1 1Chira sp.01 0 0 0 1 1Coryphasia sp.01 9 0 0 0 9Coryphasia sp.02 2 0 0 0 2Coryphasia sp.03 0 0 1 0 1Cotinusa sp.01 2 0 3 0 5Dendryphantinae sp.02 0 2 0 0 2
Espécie Riqueza Abundância
35
Cont. tabela III
EBSL MBML Nval Aleatória TotalSalticidae
Erica sp.01 5 1 2 0 8Euophrynae sp.01 2 0 0 0 2Euophrynae sp.02 1 0 0 0 1Euophrynae sp.03 2 0 0 0 2Euophrynae sp.04 1 0 0 0 1Gastromicans levispina Cambridge, 1901 0 0 0 1 0Gastromicans sp.01 0 0 1 0 1Lyssomanes sp.01 0 1 0 0 1Noegus sp. 01 2 1 3 0 6Parafluda sp.01 2 0 0 0 2Salticidae sp.01 1 0 0 0 1Siloca aff. campeastrata Simon, 1902 1 0 0 0 1Tariona sp.01 1 3 1 0 5Uspachus sp.01 1 0 0 0 1Vinnius sp.01 1 2 0 0 3
Scytodidae 1 0 0 0 1 1Scytodes sp.01 0 0 0 1 1
Selenopidae 1 0 0 0 1 1Selenops sp.01 0 0 0 1 1
Sicariidae 1 0 2 0 0 2Loxosceles gaucho Gertsch, 1967 0 2 0 0 2
Sparassidae 4 4 1 2 0 7Olios albus Mello-Leitão, 1918 1 0 1 0 2Sparassidae sp.01 0 0 1 0 1Sparassidae sp.03 2 1 0 0 3Sparianthinae sp.02 1 0 0 0 1
Synotaxidae 1 2 0 0 0 2Synotaxus sp.01 2 0 0 0 2
Tetragnathidae 11 32 9 2 2 45Azilia histrio Simon, 1895 0 0 0 1 1Azilia sp.01 2 1 0 0 3Chrysometa boraceia Levi, 1986 2 1 0 0 3Chrysometa sp.01 15 3 2 0 20Chrysometa sp.02 6 0 0 0 6Chrysometa sp.04 0 1 0 0 1Chrysometa sp.05 1 0 0 0 1Leucauge sp.01 4 2 0 0 6Leucauge sp.02 2 0 0 0 2Leucauge sp.04 0 1 0 0 1Tetragnatha sp.01 0 0 0 1 1
Espécie Riqueza Abundância
36
Cont. tabela III
EBSL MBML Nval Aleatória TotalTheridiidae 38 62 35 26 6 129
Achaearanea hirta Taczanowski, 1873 0 0 0 1 1Argyrodes sp.01 1 4 3 0 8Argyrodes sp.02 0 0 2 0 2Argyrodes sp.03 0 1 0 0 1Audifia sp.01 1 0 0 0 1Chrysso sp.01 2 2 0 0 4Chrysso sp.02 0 1 0 0 1Dipoena alta Keyserling, 1886 0 0 0 1 1Dipoena pumicata Keyserling, 1886 6 4 2 0 12Dipoena sp.01 2 4 2 0 8Dipoena sp.02 5 3 0 0 8Dipoena sp.03 1 1 0 0 2Dipoena sp.04 0 3 0 0 3Dipoena sp.05 1 1 1 0 3Dipoena sp.06 2 1 2 0 5Dipoena sp.07 1 0 0 0 1Dipoena sp.08 1 0 0 0 1Emertonella sp.01 0 0 1 0 1Episinus sp.01 14 4 4 0 22Episinus sp.02 2 0 0 0 2Episinus sp.03 1 0 3 0 4Episinus sp.04 1 0 0 0 1Guaraniella sp.01 2 0 0 0 2Keijia mneon Bösenberg & Strand, 1906 0 1 0 0 1Latrodectus geometricus Koch, 1841 0 0 0 1 1Nesticoides rufipes Lucas, 1846 0 0 0 1 1Spintharus gracilis Keyserling, 1886 7 0 0 0 7Steatoda sp.01 1 0 0 0 1Theridion calcynatum Holmberg, 1876 0 0 0 1 1Theridion sp.01 2 0 0 0 2Theridion sp.02 1 0 2 0 3Theridion sp.03 0 1 0 0 1Theridion sp.04 0 0 1 0 1Theridion sp.05 0 1 0 0 1Theridion sp.06 1 0 0 0 1Thimoites sp.01 0 0 0 1 1Thwaitesia affinis Cambridge, 1882 6 3 3 0 12Tidarren fordum Keyserling, 1884 1 0 0 0 1
Theridiosomatidae 7 24 2 0 0 26Chthonos sp.01 2 0 0 0 2Chthonus sp.02 1 0 0 0 1Chthonus sp.03 1 0 0 0 1Naatlo sp.01 5 0 0 0 5Naatlo sp.02 10 0 0 0 10Ogulnius sp.01 5 0 0 0 5Ogulnius sp.02 0 2 0 0 2
Espécie Riqueza Abundância
37
Cont. tabela III
EBSL MBML Nval Aleatória TotalThomisidae 8 8 3 2 1 14
Acenthoscelus sp.01 0 1 0 0 1Deltoclita sp.01 0 1 0 0 1Onoculus sp.03 0 0 1 0 1Titidius sp.01 0 0 0 1 1Tmarus sp.01 4 1 1 0 6Tmarus sp.02 2 0 0 0 2Tmarus sp.03 1 0 0 0 1Tmarus sp.04 1 0 0 0 1
Uloboridae 3 6 1 0 0 7Miagrammopes sp.01 4 1 0 0 5Uloborus sp.01 1 0 0 0 1Zosis sp.01 1 0 0 0 1
Zodariidae 1 0 0 0 1 1Tenedos sp.01 0 0 0 1 1
Espécie Riqueza Abundância
38