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ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO LIÇÃO APRENDIDA Um primeiro passo para implantação de um Centro Cívico em Inhangome WWW.CIDADAOS.ORG.MZ @cidadaosmz @cidadaosmz Cidadãos de Moçambique

ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO LIÇÃO …...istem duas iniciativas similares: uma chama-se “Casa do Direito e do Cidadão”, que tem estado a trabalhar na prestação de ajuda jurídica

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ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO LIÇÃOAPRENDIDAUm primeiro passo para implantação de um

Centro Cívico em Inhangome

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Cidadãos de Moçambique

•Contextualização

A Organização Ci-dadãos de Moçam-bique advoga que comunidades coe-sas, em que os seus integrantes são infor-

mados e formados sobre os seus direitos fundamentais, estão mais aptas para reflectir criticamente sobre os seus problemas e desa-fios, e envolverem-se activamente na busca de soluções para as suas principais preocupações. As organizações que actuam em projectos de de-senvolvimento c o m u n i t á r i o usam-se de várias estraté-gias e metodo-logias para con-seguirem um enga jamento c o m u n i t á r i o s u s t e n t á v e l . Algumas das a b o r d a g e n s que demon-straram ter alguns resultados neste campo são as “casas de ci-dadãos” ou os “centros cívicos”1

1 Na cidade de Quelimane, por exemplo, ex-istem duas iniciativas similares: uma chama-se “Casa do Direito e do Cidadão”, que tem estado a trabalhar na prestação de ajuda jurídica e educação cívica aos cidadãos dos bairros periféricos da Cidade de Queli-mane. Outra Iniciativa chama-se “Casa do Bairro Icíd-ua”, uma iniciativa que visa colher os residentes deste bairro, para discutirem questões sobre o seu futuro assim como para acolher as ONGs, e para organizar debates de sensibilização e eventos culturais. (Estas duas iniciativas foram financiadas pela Embaixada de França)

. É acreditando no poder des-tas abordagens, que a Cidadãos de Moçambique pretende imple-mentar uma ini-ciativa similar no Bairro de In-hangome, arre-dores da cidade de Quelimane, adaptada ao contexto local

da comunidade.

A Cidadãos de Moçambique com-preende que o envolvimento co-munitário é crucial para obter resultados desejados na imple-mentação de qualquer projecto nas comunidades, daí que antes da implantação de um Centro Cívico no bairro de Inhangome, a “Cidadãos” iniciou, há cinco me-

ses, um primeiro contacto com a comunidade através da criação de um grupo informal de jovens que, mais tarde, veio a chamar-se Alibolaba. Esta acção visava criar confiança e amizade no seio da comunidade para que, assim, hou-vesse um maior envolvimento por parte dela. Em princípio, o grupo informal recebeu capacitação em matérias de cidadania, e actual-mente os jovens trabalham como activistas em prol dos Direitos Hu-manos dentro da comunidade.

Durante a sua intervenção no bairro, a “Cidadãos” tem optado pela convivência profunda com os membros da comunidade, sem fazer distinção de cor, filiação partidária, classe social, ou con-vicções religiosas. Em todos os espaços de partilha e discussão dos problemas que dizem respeito à comunidade, a “Cidadãos” tem-

•Resultados Alcançado

se mostrado aberta para ajudar, dentro das suas possibilidades e capacidades, a comunidade a en-contrar caminhos razoavéis para a sua resolução.Neste processo, a honestidade em relação aos interesses da orga-

nização, na comunidade, tem con-tribuído para atrair e estreitar os laços de confiança recíproca en-tre a Associação e a comunidade. Como corolário, muitos morador-es de Inhangome têm mostrado interesse de pertencer, por exem-

• Criado um grupo informal denominado Alibolaba composto por 12 jovens no Bairro de Inhangome. Os integrantes do grupo actuam como activistas defensores dos Direitos

Humanos e no exercício de advocacia para melhoria da vida de sua comunidade;

• MariaEduardo: “Gosto de fazer parte do grupo. Neste grupo aprendi como exercer acções de advocacia. Agora sei para onde devemos encaminhar os problemas do nosso bairro”.

• SundeLuciano, chefe do grupo informal Alibolaba: “Nós não sabíamos o que é advocacia. Mas graças à capacitação que tivemos no grupo conseguimos compreender e intervir na área de Educação. Como grupo, tencionamos intervir em outras áreas que apresentam problemas na nossa comunidade por isso vamos continuar com o grupo. A comunidade conhece o grupo e tem gostado das nossas actividades”.

• MitoJúlio, secretário do grupo Alibolaba: “Desde que o grupo foi criado, em Fevereiro de 2018, aprendemos muita coisa. Particularmente, gostei dos artigos ligados aos Direitos humanos, Constituição da República e elaboração de documentos de posição. Agora sei onde e como reclamar pelos nossos direitos. Meu desejo é que o grupo continue”.

• SaudinoVinte, delegado da equipa de futebol: “O grupo de activistas resgatou-nos porque antes andávamos a beber e a lutar como inimigos. Estávamos dispersos mas hoje estamos juntos e unidos graças à ajuda da facilitadora e do grupo Alibolaba. Estamos felizes porque já fazemos parte do campeonato recreativo da Cidade de Quelimane e nosso clube de futebol está activo e os jovens têm-se envolvido e cooperado”.

• MirandaCarlos, tesoureiro do grupo: “ Estou muito feliz por fazer parte do grupo. Temos aprendido muita coisa e penso que o grupo está a andar bem porque todo bairro nos conhece e gosta do grupo”.

plo, ao grupo informal Alibolaba2 , apoiado pela “Cidadãos”.

2 Este termo tem origem na língua E-chwabo, que literalmente, em português significa “Os trabalhadores”

A l g u n s Te s t e m u n h o s d o s m e m b r o s d o g r u p o

• Dado um contributo na melhoria da assiduidade e pontualidade dos professores da Escola Primária e Completa de Inhangome.

• Reunificados os jovens de Inhangome, através da revitalização da equipa masculina de futebol.

Depois de diversas capacitações recebidas pelo grupo, estes começaram a sua intervenção elegendo o problema de falta por parte dos professores da

Escola Primária Completa de Inhangome (EPC-Inhangome). Para a resolução do problema da educação, o grupo aproximou-se da Direcção da EPC de Inhangome para apresentar, formalmente, a sua reclamação em relação à faltas frequente de professores que, por sua vez, ocasiona à não ocorrência de aulas prejudicando, em último, os alunos.

Reagindo a reclamação ora apresentada, o Director-adjunto da Escola, Gito Uapezo reconheceu o problema das faltas frequentes dos professores e disse que tem estado a apresentar o caso à Direcção de Educação da Cidade de Quelimane, mas que ainda não logrou sucesso. No entanto, garantiu que vai continuar a pressionar as autoridade da direcção da cidade para que o problema seja ultrapassado. Após a conversa com o Director-adjunto, o grupo constatou que o problema de faltas tendia a aumentar, e com o agravante das faltas serem coletivas.

Deste modo, o grupo decidiu organizar um frente-a-frente entre os pais e encarregados de educação e a Direcção da escola da comunidade para debaterem sobre os desafios da escola. O evento que decorreu na Escola Primária Completa de Inhangome, contou com aproximadamente 30 participantes, com destaque para o Régulo do bairro, Inácio Casimir, Secretário da célula B, Francisco Paulino, Director da Escola primária, João Ernesto, Director-adjunto Gito Uapezo e alguns professores. O debate havido neste encontro permitiu a que a comunidade, as lideranças e as autoridades desenhassem estratégia de resolver o problema. Segundo membros da comunidade, as faltas dos professores reduziram.

de forma significativa depois deste encontro pelo que apontaram ainda estarem comprometidos na monitoria geral do funcionamento da Escola.

Segundo Sunde Luciano, chefe do grupo informal Alibolaba, “Conseguimos reunir a direcção da EPC de Inhangome e a comunidade para discutir o problema e hoje o assunto está ultrapassado. Os professores já chegam cedo na EPC e não faltam.”

• O facto de a comunidade ser humilde e ter limitado acesso à informação, não significa que ela seja ignorante. Por essa razão é bom que se fale sempre a verdade em relação aos objectivos/intenções de desenvolver actividades no meio delas;

• O diálogo é um dos meios mais eficazes para a resolução de problemas na comunidade;

• Evitar ou não fazer promessas que sabemos que não iremos cumprir, pois os membros da comunidade são atentos e uma promessa não cumprida pode resultar na falta de confiança e de cooperação;

• É preciso tratar os moradores da comunidade com cortesia e respeito sem fazer distinção ou acepção de pessoas. A comunidade deve perceber que o objectivo e desejo do nosso trabalho é de ser amigo de todos, independentemente da cor, raça, filiações partidárias e etc;

• Pequenos gestos podem ter efeitos multiplicadores nas comunidades;

• É importante envolver as comunidades em todas as fases das actividades que se pretende realizar no contexto de um projecto, porque elas tem maior domínio do terreno.

LIÇÕES APRENDIDAS

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