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PROPOSTA DE PLANEJAMENTO DA MELHORIA CONTÍNUA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA-SP Jose Roberto Soares Ribeiro (Unimep ) [email protected] Jose Carlos de Toledo (UFSCar ) [email protected] O objetivo deste artigo é propor um processo de melhoria contínua (MC) no âmbito do Estágio Curricular Supervisionado em Administração, um setor específico do Curso de Administração da Universidade Metodista de Piracicaba. Trata-se de um esstudo exploratório teórico-prático. Os dados foram obtidos através de pesquisa bibliográfica, consulta documental e pesquisa participante. As propostas formuladas foram: Conseguiu-se atingir este objetivo. Foram elaboradas propostas de início do processo: trabalhar a formação de habilidades e a compreensão da MC via realização de mini-cursos e seminários visando treinamento adequado; incluir a temática em semanas de estudos e na reformulação da atividade em andamento; realizar benchmarketing, trabalhando a cultura da MC; adotar “caixa de sugestões”; considerar o aluno no processo de obtenção de propostas; padronização de procedimentos atuais, envolvendo melhores práticas; elaborar documento de vinculação da MC com orientadores institucionais (estratégia) visando a melhoria da qualidade como diferencial; envolver a liderança e iniciar o processo nos órgãos colegiados; envolvimento de orientadores e alunos; definir objetivos e métricas;; adotar, confeccionar e divulgar gráficos padrão, disseminar a idéia de problemas em primeiro lugar; propor mini eventos kaizen em reuniões específicas. Para continuidade sugere-se implantar e avaliar o resultado das propostas colocadas. Assim, considerou-se atingidos os objetivos propostos. Palavras-chaves: Kaizen. Melhoria. Qualidade. Graduação. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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  • PROPOSTA DE PLANEJAMENTO DA

    MELHORIA CONTNUA NO ESTGIO

    SUPERVISIONADO CURRICULAR DO

    CURSO DE ADMINISTRAO DA

    UNIVERSIDADE METODISTA DE

    PIRACICABA-SP

    Jose Roberto Soares Ribeiro (Unimep )

    [email protected]

    Jose Carlos de Toledo (UFSCar )

    [email protected]

    O objetivo deste artigo propor um processo de melhoria contnua

    (MC) no mbito do Estgio Curricular Supervisionado em

    Administrao, um setor especfico do Curso de Administrao da

    Universidade Metodista de Piracicaba. Trata-se de um esstudo

    exploratrio terico-prtico. Os dados foram obtidos atravs de

    pesquisa bibliogrfica, consulta documental e pesquisa participante.

    As propostas formuladas foram: Conseguiu-se atingir este objetivo.

    Foram elaboradas propostas de incio do processo: trabalhar a

    formao de habilidades e a compreenso da MC via realizao de

    mini-cursos e seminrios visando treinamento adequado; incluir a

    temtica em semanas de estudos e na reformulao da atividade em

    andamento; realizar benchmarketing, trabalhando a cultura da MC;

    adotar caixa de sugestes; considerar o aluno no processo de obteno de propostas; padronizao de procedimentos atuais,

    envolvendo melhores prticas; elaborar documento de vinculao da

    MC com orientadores institucionais (estratgia) visando a melhoria da

    qualidade como diferencial; envolver a liderana e iniciar o processo

    nos rgos colegiados; envolvimento de orientadores e alunos; definir

    objetivos e mtricas;; adotar, confeccionar e divulgar grficos padro,

    disseminar a idia de problemas em primeiro lugar; propor mini

    eventos kaizen em reunies especficas. Para continuidade sugere-se

    implantar e avaliar o resultado das propostas colocadas. Assim,

    considerou-se atingidos os objetivos propostos.

    Palavras-chaves: Kaizen. Melhoria. Qualidade. Graduao.

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    1. Introduo

    O objetivo propor um processo de melhoria contnua (MC) no mbito do Estgio Curricular

    Supervisionado em Administrao (ESA), atividade de um curso de Administrao. Nesta

    introduo, tem-se contextualizao, objetivo, metodologia e justificativa. Esta se relaciona ao

    atual momento do Curso, onde a qualidade seu diferencial em relao ao avano dos

    concorrentes e a melhoria contnua pode alavancar a manuteno de tal diferenciao. Trata-

    se de um estudo exploratrio terico-prtico. Com a implantao do mesmo, haver a

    possibilidade de, a partir do ESA, difundir a proposta para todo o Curso em um segundo

    momento. O tpico 2 traz a teoria envolvida no tema. Logo aps, no tpico 3 tem-se a

    apresentao do ESA e da proposta elaborada de MC no seu mbito, seguida das

    consideraes finais e referncias.

    Os dados tericos foram obtidos atravs de pesquisa bibliogrfica e os dados da prtica

    atravs de pesquisa participante e consulta documental.

    2. Melhoria contnua - MC

    Melhoria contnua MC - um processo planejado, organizado e sistemtico de mudana

    contnua e incremental, baseada no Ciclo de Deming, para obter, a baixos custo e

    investimento, redues de custos e/ou aumento da produtividade, qualidade e flexibilidade.

    Caracteriza-se pela obteno de melhorias incrementais ou graduais, e deve ser organizada

    para atingir de forma transversal o maior contingente de funcionrios, atravs de atividades

    voluntrias fazendo parte das funes do dia-a-dia da empresa. Deve-se ter um processo

    sustentvel contando com indicador de desempenho especfico. Resulta em benefcio

    formalizar os avanos importantes em toda a organizao como novas rotinas de trabalho.

    Exige investimento inicial para ensinar a participao do pessoal da organizao.(SABATER,

    GARCIA, MARIN, 2011).

    Com a viso de competitividade de que a estratgia no s produzir, mas produzir melhor

    cria-se uma vantagem competitiva perptua. Para isso, o processo de melhoria fundamental

    e tambm o processo do processo de melhoria, um trabalho triplo: produzir, produzir melhor e

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    ensinar a todos. Adiciona-se um nvel - melhorar o processo que melhora todos os outros

    processos. (FISHMAN, 2007)

    Em um processo produtivo h processos tcnicos, administrativos e de gesto aplicam-se

    aos outros internamente e em conjunto - tudo deve ser gerenciado. Existe uma quarta

    categoria no valorizada: processos de melhoria ou processos de raciocnio, que envolvem

    melhorar algo, pois demanda conhecer e refletir sobre um fenmeno, suas causas e agir. Esta

    ao no tcnica, administrativa ou de gesto, mas envolve mtodos de raciocnio

    cientficos. O principal est na forma como as pessoas raciocinam diariamente, est mais na

    mente. (FISHMAN, 2007)

    Fishman (2007) trata desse processo de raciocnio aplicado em todos os processos tambm

    um processo, mas no visvel ou perceptvel, como ocorre com os outros processos, onde

    podem ser visualizados procedimentos, documentos etc. Para os processos de raciocnio at

    difcil falar deles, pois esto principalmente na mente das pessoas.

    Outra atividade planejar um prximo problema. Ao terminar um projeto de melhoria, tem-se

    que planejar outro projeto - continuar melhorando o que acabou de ser melhorado ou colocar

    um novo problema.(Shiba, Graham, Walden, 1997) No fim no existe fim. (FISCHMAN,

    2007)

    2.1 Fases e evoluo da MC

    H trs tipos de melhoria no processo de evoluo da MC: controle do processo - todo

    processo tem determinados resultados e a MC no se preocupa s em manter o processo sob

    controle; melhoria reativa - no fornece soluo imediata, mas busca melhoria mais

    estruturada; melhoria pr-ativa, na qual o processo de obter melhoria mais elaborado e

    antecipado.(SHIBA, GRAHAM, WALDEN, 1997)

    A implementao e a sustentabilidade da MC no pode ser conseguida de uma s vez. H

    modelos de evoluo com diferentes fases de desenvolvimento, particularmente o modelo de

    Bessant et al (2001) ... um dos mais referenciados (SABATER, GARCIA, MARIN, 2011):

    a) Nvel 1 (Pr-MC): H algum interesse, mas a implementao muito simples e escassa;

    b) Nvel 2 (MC estruturada): H um compromisso formal para construir um sistema que pode

    avanar a MC em toda a empresa;

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    c) Nvel 3 (MC orientada por metas): H um procedimento para entrelaar atividades de MC

    com a estratgia empresarial mais ampla e global;

    d) Nvel 4 (MC proativa): Um esforo feito para delegar autonomia e poder ao pessoal,

    atravs de equipes, para selecionar e gerenciar seus prprios projetos de melhoria;

    e) Nvel 5 (capacidade total de MC): H nveis elevados de experimentao por parte de todos

    os colaboradores de uma organizao.

    Progride-se atravs dos nveis de acordo com aquisio de habilidades especficas

    manifestam-se via padres de comportamento caractersticos: compreenso de MC,

    recebendo o hbito de MC, focando a MC, abrindo caminho, alinhando MC,

    compartilhamento de resoluo de problemas, contnua melhoria da melhoria

    contnua, e organizao de aprendizagem. (Bessant et al, apud SABATER, GARCIA,

    MARIN, 2011)

    Relacionando as etapas de implementao e manuteno com o Nvel 3 de MC, os elementos-

    chave so: sistemas de sugestes, recompensa e reconhecimento das mesmas, recursos

    (tempo dedicado MC), captura de conhecimento e de gesto, implementao de cima

    para baixo da estratgia, objetivos mesmo para os nveis mais baixos, e necessidade de

    medidas. (Bessant e Francis, 199, apud SABATER, GARCIA, MARIN, 2011)

    2.2 Facilitadores e inibidores

    Facilitadores so fatores presentes ou ausentes que podem oferecer um efeito catalisador,

    promovendo o desenvolvimento da MC. As barreiras impedem ou dissipam a MC em uma

    empresa. Selecionaram-se os seguintes (Sabater, Garcia, Marin, 2011): envolvimento da

    gerncia e Estratgia; definir objetivos e necessidade de mtricas; liderana de gesto

    (supervisores e gerentes de nvel mdio) e gerentes lean em tempo integral; envolvimento

    dos trabalhadores; recursos; esclarecimento e criao de novas estruturas; mtodos

    para expanso da MC; seleo de projetos; aspectos culturais; formao e habilidades.

    Sabater, Garcia, Marin (2011) buscaram elementos principais que dificultam ou aceleram a

    implementao e evoluo da MC em cada uma de suas etapas e identificaram processos

    bsicos acionados para resolver problemas de implementao. Na 1 fase (pr-MC), deve-se

    esclarecer hierarquias e funes, para obter estrutura clara e evitar conflitos devido

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    diferenas entre o organograma oficial e o real, e deve-se contar na MC com quem

    influencia. A participao dos trabalhadores limitada a seguir as ordens de um gerente

    mdio ou consultor, embora estejam familiarizados e entendam os facilitadores sendo

    introduzidos. Deve-se colocar medidas visveis das melhorias com grficos-padro, para que

    se veja a evoluo de forma estratificada e breve. Deve-se dar formao para todos os

    trabalhadores e no s para as pessoas que levam a MC, alm de fornecer treinamento

    adequado. O obstculo mais crtico a falta de estratgia, onde se foca no crescimento mais

    do que em melhorias, tendo como prioridade apagar incndios. Tambm h pontos comuns a

    todos os nveis de MC: suporte de gesto; importncia dos recursos humanos e

    econmicos (tempo dos trabalhadores e dinheiro); incorporao gradual de facilitadores;

    novos inputs regenerativos para atividades em perodo de declnio; deixar amadurecer

    comportamentos alcanados antes de ir para prxima fase; evitar falhas em projetos de

    grupos de melhoria e no progredir prematuramente para fase sucessiva, evitando o fracasso.

    2.3 Problemas em primeiro lugar

    Problemas vm em primeiro lugar e no h motivo para satisfao com os processos atuais. A

    empresa no apenas um local de trabalho, mas um modo diferente de pensar sobre o

    trabalho. Tradicionalmente procura-se a bala de prata - melhoria radical - e quando se

    consegue, deve-se desfrutar. (FISHMAN, 2007)

    Precisa-se admitir a existncia de um problema, para poder resolv-lo. (Fishman, 2007). O

    normal esconder. Nas reunies as pessoas falam de tudo, menos dos problemas, com a

    postura de empurr-los para debaixo do tapete.

    Faz parte ... da cultura de negcios norte-americana no admitir, nem mesmo discutir,

    problemas em situaes como reunies. Na viso da Toyota, deve-se falar sobre problemas

    para que se possa trabalhar em conjunto em sua resoluo. Mesmo em projetos que tiveram

    sucesso pergunta-se o que no deu certo que pode ser melhorado. (FISHER, 2007)

    H reunies de grupos de trabalho dirias, um programa de sugestes escritas e

    equipes de resoluo de problemas de longo prazo. Mas tudo isso baseado

    em duas duras realidades: 1) no podemos parar cada poucos minutos e trocar

    o processo; 2) A melhoria contnua no questo de carter, de cultura

    nacional ou de fora de vontade, mas por si s um tipo de linha de montagem.

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    A regra que melhorar alguma coisa comea aps o entendimento do padro entender como fazemos agora. No o painel ... a maneira como voc produz o painel. Uma vez que voc v quo entremeada no trabalho esta a melhoria do trabalho, cada melhoria em particular parece menos importante. Melhorar o trabalho faz parte do trabalho ... pessoas da Toyota vem o mundo

    com culos especiais de 4 dimenses; o resto de ns esta preso em 2-D.

    (FISHER, 2007)

    2.4 Orientaes para aes de melhoria

    A melhoria deve fazer parte do trabalho do funcionrio, no necessita de grandes recursos, e

    gera resultados - tem um valor econmico. sistemtica e no se obtm de qualquer forma.

    H uma lgica de raciocnio usando mtodo cientifico diante do problema, no mnimo para

    separar o efeito da causa. (SHIBA, GRAHAM, WALDEN, 1997) (FISHER, 2007)

    Em uma equao integral de dx igual a x o que transforma as pequenas melhorias em

    algo palpvel a continuidade, a qual tem o papel da integral que leva ao resultado.

    Como a MC pequena e incremental, feita no dia a dia. Depende da empresa, processo ou

    tecnologia - no se consegue fazer melhoria de uma hora para outra. Para um resultado

    significativo, precisa-se de um processo constante. (SHIBA, GRAHAM, WALDEN, 1997)

    So muitas as oportunidades de melhoria que uma organizao pode ter. Deve-se considerar a

    prioridade, definida pela gesto da melhoria. Normalmente, h mais necessidades de

    melhorias do que capacidade para consegui-las - dependem de tempo, competncia e

    capacitao. Que direo seguir? Qual a intensidade da melhoria? Dependendo desta,

    precisar de outras iniciativas como intervenes mais radicais no objeto de melhoria. A

    intensidade liga-se necessidade. Nos bancos, no se conseguia melhorar mais a eficincia

    (reduo de tempo) nos processos dos caixas. Precisou-se de uma mudana radical

    implantar nova tecnologia - caixa eletrnico - no surge pronta, tem que passar por

    processos de melhoria. (SABATER, GARCIA, MARIN, 2011).

    E a direo da melhoria precisa ser administrada. Se uma parte da organizao for para a

    direita e outra para a esquerda, a resultante ser nula. (SABATER, GARCIA, MARIN, 2011).

    O foco da melhoria pode mudar no decorrer do tempo. Um desempenho superior pode ser um

    tempo menor de processamento ou uma melhoria da satisfao do cliente. Em um

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    determinado momento, um desses fatores pode ser o mais importante. Por exemplo, ao

    precisar reduzir o custo para ser mais competitivo, o foco estar em reduzir custo.

    Deve-se ter um padro base para a melhoria e entendimento do padro (Fishman, 2007).

    Como se busca uma mudana de estado conveniente ter um padro de referncia, que pode

    ser histrico. No mnimo, uma referencia de desempenho baseada no que de melhor j se

    conseguiu no passado - forma mais conservadora. Pode ser um valor absoluto ou terico,

    possvel de se obter capacidade nominal de mquina ou zero defeito. Pode ser conseguido

    via benchmarketing processo para atingir um padro ou referncia identificado junto a

    concorrentes, que estes esto conseguindo: identificar, trazer para a empresa, adaptar e

    implantar.

    A empresa pode ter um programa de melhoria sistematizar atividades ou criar elementos de

    suportes estruturais para a melhoria e pode ter um gerente ou diretor para coordenar aes de

    melhoria espalhadas pela empresa, no escritrio, no cho de fbrica. Pode ser conveniente um

    programa que sistematize as aes de melhoria, e dar uma infra-estrutura que as sustente,

    alm de ter algum que pense nos indicadores de desempenho. Estas atividades no so

    comumente da organizao, so atividades do processo de MC, que daro suporte ao mesmo.

    (SHIBA, GRAHAM, WALDEN, 1997)

    Quanto s habilidades da organizao, trata-se de ter um modo de organizar ou abordagem

    que privilegie a melhoria. Quem responsvel pela gesto da melhoria? Podem-se criar meios

    facilitadores, habilidades comportamentais e ter um gestor de melhoria. (SHIBA, GRAHAM,

    WALDEN, 1997)

    Quanto aos meios facilitadores, se referem s coisas mais objetivas. Precisa-se de um

    facilitador que ensine as pessoas, e depois as deixe quando aprenderem. Tambm precisa j

    ter formulrios prontos etc., tudo que facilite o processo de MC. O que importa a

    compreenso das pessoas. (SABATER, GARCIA, MARIN, 2011).

    Outra coisa saber o que melhorar. Precisam ser desenvolvidas certas competncias nas

    pessoas, certa forma de raciocnio para entender o que melhorar e conhecer o processo de

    anlise da realidade. Se no vo mexer em coisas que podem piorar e no melhorar. Precisa

    melhorar, mas precisa-se saber o que melhorar e o que d ou no para fazer, precisa ter um

    conhecimento profundo se no pode piorar. (SABATER, GARCIA, MARIN, 2011).

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    Outro elemento so habilidades relacionadas com o perfil da pessoa para a melhoria - viso

    positiva, boa vontade e comprometimento. A melhoria depende das pessoas - e seu crebro -

    com determinadas caractersticas e habilidades. As mquinas e os processos no melhoram

    por si mesmos. Saber raciocinar depende da competncia das pessoas, derivada de sua

    formao e de seu conhecimento. Relaciona-se com a capacidade de resolver problemas

    por meio de pequenos passos (alta freqncia e ciclo curto de mudana) e capacidade de

    disciplina, dedicao, foco e esforo. Estas caractersticas no so da mquina ou do

    procedimento e sim das pessoas. No topo esta a capacidade de resoluo de problemas. O

    raciocnio especfico e ser sistemtico no so da natureza das pessoas, estando mais presente

    em uns do que em outros. Esse esforo e dedicao podem ser criados, trabalhados, e evoluir

    ao longo do tempo. Mas precisa ter-se estruturas para chegar a isso. (SABATER,

    GARCIA, MARIN, 2011)

    As habilidades comportamentais de pessoas e lideres relacionam-se com o auto-

    conhecimento e desenvolvimento pessoal que devem ser trabalhados. Grande parte das

    pessoas trabalha nas organizaes e no sabe o que ela , e isso dificulta o seu desempenho.

    Deve-se desenvolver o perfil das pessoas, e h certas categorias de habilidades que fazem

    parte da estrutura da MC, para poder dar todo o suporte necessrio. (SABATER, GARCIA,

    MARIN, 2011)

    Sobre o processo de MC ser voluntrio, lgico que se for melhor deixar que as pessoas

    naturalmente faam e deve-se evoluir para isso. Mas o processo de MC deve ser gerenciado.

    Pois, como todo processo, a melhoria pode ser planejada e controlada, alm de poder ser

    melhorado o prprio processo de melhoria. (SHIBA, GRAHAM, WALDEN, 1997)

    2.5 Eventos KAIZEN

    Muitas empresas falam de MC, mas o que apresentam so determinados processos somente de

    melhoria.

    No evento kaizen concentra-se em um intervalo de tempo (dias, semanas) um esforo

    dedicado obteno de melhorias. Farris et al (2009) abordam os eventos kaizen que

    proliferam nas organizaes, quais seriam fatores crticos de sucesso (FCS), para auxiliar na

    gesto - variveis de controle importantes para o resultado destes eventos.

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    Quanto aos resultados dos eventos kaizen, Farris et al (2009) os separam em duas categorias:

    a) Resultado tcnico aumentar a produtividade reduzir custos ou tempo de ciclo

    melhorar a qualidade (satisfao do cliente ou melhora na conformidade); b) Outros

    resultados.

    Os grupos de melhoria no so usados para melhorar a capacitao das pessoas, sua

    motivao em realizar o trabalho, conhecimento que tem do mesmo; o foco no no

    resultado, mas nas pessoas sarem do evento compreendendo mais o que MC com mais

    habilidades para atuar no processo em que trabalham. (FARRIS ET AL, 2009)

    Os FCS podem estar em dois momentos dos eventos kaizen: fatores de processo e

    antecedentes. Os primeiros so inerentes ao interior do evento kaizen podem ser controlados

    para melhorar os resultados: orientao para ao, comprometimento efetivo com a mudana,

    processos internos, ferramentas da qualidade e ferramentas apropriadas. Os segundos so de

    entrada, associados ao evento, mas ocorrem antes. (Farris et al, 2009) Exemplos seriam

    decises sobre perodo de realizao, concepo do evento, como ser conduzido, grau de

    autonomia da equipe, o que poder mudar, quanto poder gastar etc.

    Identificaram-se seis variveis antecedentes: clareza do objetivo; grau de dificuldade do

    objetivo; autonomia da equipe; experincia da equipe; experincia do lder da equipe e

    heterogeneidade da equipe. Tambm h variveis antecedentes que influem nestas seis

    variveis, que fazem parte das caractersticas da organizao e da rea de trabalho: suporte da

    administrao, processos de planejamento mais geral e rotina da rea de trabalho. (FARRIS

    ET AL, 2009)

    3. ESTUDO DE CASO - ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

    ADMINISTRAO ESA

    A proposta do Estgio Curricular Supervisionado em Administrao (ESA) iniciou em

    meados dos anos 1990 visando uma prtica profissional possvel, tendo buscado seguir a

    ento Lei do Estgio. (REGULAMENTO..., 1998)

    Esta proposta foi aplicada desde ento, e o autor participou, desde 1993, de todas as

    discusses, reunies, reformulaes, como orientador e tambm coordenador desta atividade,

    e pode verificar o que deu ou no certo.

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    Constitui-se de trs disciplinas nas quais atividades profissionalizantes e tcnicas devem

    conviver com um trabalho de iniciao cientfica. Aplicam-se conhecimentos em situaes

    reais organizacionais, respondendo a perspectivas da profisso do Administrador. Campos

    especficos de atuao so delimitados para os alunos captarem e usarem dados de uma

    determinada realidade, uma organizao especfica com problemticas contextualizadas de

    um ponto de vista prtico. (REGULAMENTO..., 1998)

    Essa atividade deve ocorrer dentro de parmetros institucionais, tais como Projeto Pedaggico

    do Curso e Regulamento do ESA, com balizadores: formao discente diferenciada quanto

    qualidade, atender exigncias do MEC e das diretrizes curriculares para os Cursos de

    Administrao. (REGULAMENTO..., 1998)

    A monografia foi eleita para articular conhecimentos tericos e instrumentais da realidade

    organizacional, sendo o produto final para direcionar, sistematizar e documentar a relao

    com a realidade organizacional. (REGULAMENTO..., 1998)

    As atividades envolvem pesquisa bibliogrfica, sistematizao de relatrios, participao em

    seminrios e discusses com o orientador e trabalho de campo para coleta de dados. Os

    objetivos envolvem para uma temtica escolhida, elaborar diagnstico, avaliar resultados de

    implantao, formular propostas de melhoria ou propor a implantao de planos ou sistemas.

    Ao final, o aluno apresenta seu trabalho para uma banca de examinadores.

    (REGULAMENTO..., 1998)

    Tem o ESA uma caracterstica de consultoria diante de uma problemtica de uma

    organizao especfica, em temticas de uma das quatro reas profissionalizantes de

    Administrao da Produo, Financeira, de Marketing ou Gesto de Pessoas - para a qual o

    aluno dever elaborar seu8um trabalho com esta finalidade.

    3.1 Atividades administrativas no mbito do ESA

    O ESA um setor de um curso de graduao e faz parte de uma faculdade junto com outros

    cursos. Esta faculdade e outras fazem parte de uma Universidade; estando submetidos tais

    instncias a rgos colegiados respectivos (conselhos de Curso, da Faculdade e outros

    superiores). Assim, h restries adoo de medidas no mbito do ESA.

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    Para apoiar o trabalho no ESA envolve duas centenas de alunos em trs disciplinas por

    semestre - exige-se grande carga de trabalho administrativo, procedimentos padronizados a

    serem seguidos, levando a repetio das tarefas semestrais: processos de matrcula, montagem

    de turmas, atribuio de docentes, elaborao de agendas, controle de documentos, arquivo

    fsico de projetos e relatrios finais, defino de horrios das turmas, processos de matrcula,

    conduo e concluso de processos - organizao de bancas, confeco de certificados e atas,

    recebimento de trabalhos, arquivos fsico e digital. Tambm atividades de socializao da

    produo, apresentao em banca, publicidade de resultados, elaborao de catlogos de

    trabalhos. Por outro lado, na parte pedaggica, devem ser seguidos diversos orientadores

    institucionais - Projeto Pedaggico e Regulamento.

    3.2 Propostas de melhoria contnua para o ESA

    A seguir propostas visando iniciar um processo de melhoria contnua no ESA:

    a) A proposta mais importante e a primeira a ser desenvolvida a padronizao de

    procedimentos atuais, envolvendo as melhores prticas;

    b) Considerando o ESA no nvel 1, de pr-MC, onde h algum interesse, mas a

    implementao muito simples e escassa, uma habilidade a ser adquirida pelos seus

    membros seria a compreenso da MC (Sabater, Garcia, Marin, 2011). Para iniciar a

    aquisio dessa habilidade, pode-se realizar seminrios e mini-cursos sobre MC e

    abordagem enxuta, dirigidos aos orientadores;

    c) Incluir essa temtica na discusso de reformulao do Regulamento do ESA,

    realizando benchmarketing com outros modelos de estgio curricular de outras

    instituies;

    d) Propor a abordagem do tema na Semana do Administrador que ocorre no 2 semestre

    de cada ano, para trabalhar a cultura da MC;

    e) Adotar um sistema de caixas de sugestes - aberto a professores e alunos em locais

    adequados e divulgar sua finalidade;

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    Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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    O ESA uma microoperao de operaes maiores, de prestao de servios - o

    consumidor participa do processo - diferente da manufatura - produo antecede o

    consumo. Mas o aluno no seria consumidor ou cliente pois o processo de ensino no

    deveria ser trabalhado como uma relao de mercado de compra e venda, pois contempla

    especificidades. Mesmo assim, pelo fato de participar da fase de execuo da operao, os

    alunos deveriam ser ouvidos quanto suas indicaes de oportunidadades de melhoria.

    Quanto a facilitadores e inibidores da MC para o ESA, propem-se:

    a) Estratgia - elaborar documento para discusso, vinculando a MC com orientadores

    institucionais - a melhoria da qualidade deve ser um diferencial a ser oferecido pelos cursos;

    b) Liderana - exercida no mbito do ESA pelo prprio autor. Iniciar o processo no Conselho

    do Curso onde o autor membro;

    c) Envolvimento dos trabalhadores - propostas sero dirigidas a orientadores e orientandos;

    d) Formao e habilidades proposta de mini-cursos e seminrios para orientadores,

    segundo a diretriz de formao para todos os trabalhadores, visando um treinamento

    adequado;

    d) Definir objetivos e necessidade de mtricas - deficincia a ser trabalhada. Quais so as

    metas a serem atingidas? H muita coisa implcita, como confeccionar e entregar a tempo atas

    documentos necessrios para realizao de bancas de apresentao. Este seria o objetivo, e a

    mtrica seria verificar em que medida foi atendido (percentagem de documentos entregues a

    tempo).

    e) Medidas visveis e grficos padro - elabor-los e divulgar da forma mais visvel

    possvel, para acesso de orientadores e alunos;

    f) A MC relaciona-se com a abordagem enxuta - Disseminar nos rgos colegiados a idia de

    problemas em primeiro lugar;

    g) Propor mini eventos kaizen, no mbito do ESA e rgos colegiados, via reunies

    especficas para identificar processos a serem melhorados.

    4. Consideraes finais

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    O objetivo foi propor um processo de melhoria contnua (MC) no mbito Estgio Curricular

    Supervisionado em Administrao (ESA), um setor especfico de um Curso de

    Administrao.

    Conseguiu-se atingir este objetivo. Foram elaboradas propostas de incio do processo:

    aquisio de compreenso da MC via realizao de seminrios e mini-cursos sobre MC e

    abordagem enxuta; incluir estas temticas na discusso em 2013 na Semana do

    Administrador e na reformulao do Regulamento do ESA, usando benchmarketing,

    trabalhando a cultura da MC; adotar caixa de sugestes; considerar o aluno no processo de

    obteno de propostas; padronizao de procedimentos atuais, envolvendo melhores

    prticas; elaborar documento de vinculao da MC com orientadores institucionais

    (estratgia) visando a melhoria da qualidade como diferencial; envolver a liderana e

    iniciar o processo nos rgos colegiados; envolvimento de orientadores e alunos; definir

    objetivos e mtricas; trabalhar a formao de habilidades com mini-cursos e seminrios

    visando treinamento adequado; adotar, confeccionar e divulgar grficos padro, disseminar

    a idia de problemas em primeiro lugar; propor mini eventos kaizen em reunies

    especficas.

    Para continuidade sugere-se implantar e avaliar o resultado das propostas colocadas.

    REFERNCIAS

    FARRIS, Jennifer A. et al. Critical success factors for human resource out comes in Kaizen events: An

    empirical study. In: International Journal Production Economics, n. 117, 2009, p. 4265.

    FISHMAN, Charles. No satisfaction. In: HSM Management. n.62, mai-jun 2007, p. 46-52.

    REGULAMENTO DO ESTGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAO. Piracicaba: Instituio

    estudada, 1998. 42p.

    SABATER, Jlio J. Garcia; GARCIA, Juan A. Marin; MARIN, M. Rosrio Perello. Is Implementation of

    Continuous Improvement Possible? An Evolutionary Model of Enablers and Inhibitors. In: Human Factors

    and Ergonomics in Manufacturing & Service Industries 00 (0) 114 (2011). 2011 Wiley Periodicals, Inc.

    SHIBA, S.; GRAHAM, A.; WALDEN, D. TQM: quatro revolues na gesto da qualidade. Porto Alegre: Artes

    Mdicas, 1997.

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