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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ELISA DALMORA MÜLLER ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, CITOTÓXICO E MUTAGÊNICO DE EXTRATOS E SUBSTÂNCIAS OBTIDAS DE DIFERENTES ESPÉCIES DE Piper Itajaí, 2011

ELISA DALMORA MÜLLER ANÁLISE DO POTENCIAL …siaibib01.univali.br/pdf/Elisa Dalmora Muller.pdf · ELISA DALMORA MÜLLER Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ELISA DALMORA MÜLLER

ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, CITOTÓXICO E

MUTAGÊNICO DE EXTRATOS E SUBSTÂNCIAS OBTIDAS

DE DIFERENTES ESPÉCIES DE Piper

Itajaí, 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS

SINTÉTICAS BIOATIVAS

ELISA DALMORA MÜLLER

ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, CITOTÓXICO

E MUTAGÊNICO DE EXTRATOS E SUBSTÂNCIAS OBTIDAS

DE DIFERENTES ESPÉCIES DE Piper

Projeto de pesquisa submetido ao Programa de Mestrado Acadêmico em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Alexandre Bella Cruz Co-orientador: Ângela Malheiros

Itajaí, fevereiro de 2011

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ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, CITOTÓXICO

E MUTAGÊNICO DE EXTRATOS E SUBSTÂNCIAS OBTIDAS

DE DIFERENTES ESPÉCIES DE Piper

ELISA DALMORA MÜLLER

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.

_____________________________________________

Tânia Mari Bellé Bresolin, Doutora

Coordenadora do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________

Doutor Alexandre Bella Cruz (Univali)

Presidente

____________________________________

Doutora Angela Malheiros (Univali)

Co-orientador

______________________________________

Doutora Christiane Meyre da Silva Bittencourt (Univali)

Membro

______________________________________

Doutor Obdulio Gomes Miguel (UFPR)

Membro Externo

Itajaí (SC), fevereiro de 2011

4

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por ter me iluminado nos momentos difíceis

e me acompanhado nesta caminhada.

Ao meu orientador professor Dr. Alexandre Bella Cruz e a minha co-

orientadora professora Dra. Angela Malheiros, por serem exemplos, pela amizade e

paciência e principalmente por acreditarem em mim e me guiarem por este caminho

que foi longo e não foi fácil, meus sinceros agradecimentos.

Á professora Dra. Christiane Meyre da Silva Bittencourt, pela participação na

Banca de Qualificação, trazendo contribuições importantes para o crescimento e

concretização do trabalho.

Á professora Dra. Ednéia Casagranda Bueno pela participação na banca de

qualificação com considerações importantes na finalização deste estudo.

Ao professor Dr. Rilton Alves de Freitas pelo auxilio e dedicação nos

ensinamento com os teste in vivo.

À todos os professores do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas

pelos ensinamentos transmitidos nesta jornada.

À minha família, meus pais, minha irma e meu namorado, pelo carinho e

incentivo, por estarem sempre comigo com a palavra certa no momento certo e

principalmente pela paciência, muito necessária em certos momentos.

Aos meus amigos que estavam presentes nos momentos de descontração

principalmente minha colega de mestrado e grande amiga Priscila Martins não

somente pelos momentos de alegria, mas principalmente pelos conselhos e por

estar sempre presente quando precisei.

Por fim agradeço a coordenação do Mestrado de Ciências Farmacêuticas da

UNIVALI por ter proporcionado a realização deste trabalho.

5

ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, CITOTÓXICO

E MUTAGÊNICO DE EXTRATOS E SUBSTÂNCIAS OBTIDAS

DE DIFERENTES ESPÉCIES DE Piper

Elisa Dalmora Müller

Fevereiro/ 2010 Orientador: Alexandre Bella Cruz, Dr. Co-orientadora: Ângela Malheiros, Dr. Area de Concentração: Microbiologia Número de Páginas: 82

As doenças infecciosas são hoje uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Tanto o surgimento de doenças infecciosas emergentes quanto o problema da resistência microbiana

tem impulsionado a pesquisa por novos agentes antimicrobianos. As plantas medicinais vêm sendo

usadas pelas suas propriedades curativas há milhares de anos. A partir dessa utilização estudos

científicos propiciaram o descobrimento de propriedades benéficas e nocivas de cada planta, e a

comprovação científica da ação terapêutica dessas, tem propiciado um aumento no consumo ao

longo do tempo. Dentre as diversas plantas com potencial terapêutico se incluem aquelas da família

Piperaceae. Por esse motivo, o objetivo dessa pesquisa foi analisar a atividade antimicrobiana

através do ensaio de Concentração Inibitória Mínima (CIM), Concentração Bactericida Mínima (CBM)

e Concentração Fungicida Mínima (CFM), o potencial de citotoxicidade e toxicidade aguda através

dos ensaios com Artemia salina e de dose-fixa e mutagenicidade através do ensaio com

Sacharomyces cerevisiae e micronúcleo dos extratos de Piper cernuum, P. amplum, P. aduncum,

Piper 4 e Piper 5 e das substâncias isoladas da P. aduncum, (3-(1’-oxo-3’-metil-2’-butenil)-4-

hidroxibenzoato de metila, (éster metílico do ácido 2,2-dimetil-6-carboxicroman-4-ona), (3-(1’-oxo-3’-

metil-2’-butenil)-4-metoxibenzoato de metila) e (2’,6’-diidroxi-4’-metoxi-dihidrochalcona). No ensaio

bioautográfico tanto os extratos como as substâncias isoladas demonstraram halos de inibição contra

a cepa de S. aureus. Já no ensaio da CIM os extratos que apresentaram os melhores resultados

foram o Piper 4 contra S. epidermides, B. subtilis, S. aureus, S. saprophyticus, e os extratos da Piper

aduncum, e da Piper 5 que foram ativos contra os mesmos micro-organismos citados acima além do

S. pyogens. No teste realizado contra os fungos os melhores resultados ficaram para os extratos da

P. aduncum e Piper 5 que foram ativos contra C. albicans e C. parapsilosis. Com relação a

citotoxicidade frente a Artemia salina todos os extratos e substâncias apresentaram concentrações

menores que 1000 μg/mL sendo assim considerados citotóxicos. Porém no ensaio in vivo de

toxicidade aguda e nos ensaios de mutagenicidade os extratos testados não demonstraram potencial

tóxico ou mutagênico.

Palavras-chave: Atividade antimicrobiana. Piper. Mutagenicidade, Citotoxicidade e Toxicidade aguda.

6

ANALYSIS OF ANTIMICROBIAL, CYTOTOXIC AND MUTAGENIC POTENCIAL OF EXTRACTS AND SUBSTANCES OBTEINED OF

DIFERENT SPECIES OF Piper

Supervisor: Alexandre Bella Cruz, Dr. Co-supervisor: Ângela Malheiros, Dr. Area of Concentration: Microbiology Number of Pages: 82

The infectious diseases are now one of the major causes of death in all over the world. The

appearance of emerging infectious diseases and the problem of microbial resistance has driven the

research for new antimicrobial agents. A thousand of years the medicinal plants has been used by

your properties of healing. From this utilization scientific studies has discovered the beneficial and

harmful properties of each plant, and the scientific proof of the therapeutic action has led to an

increase in their consumption over time. Among the several plants with therapeutic potential are

include the Piperacea family. For this reason the objective of this research was to analyze the

antimicrobial activity through the test of minimal inhibitory concentration (MIC), minimal bactericidal

concentration (MBC) and minimal fungicidal concentration (MFC), the citotoxic and acute toxicity

through the test with Artemia salina and fixed-dose, and mutagenicity through the test with

Sacharomyces cerevisae and micronucleus of the extracts of Piper cernuum, P. amplum, P. aduncum,

Piper 4 and Piper 5, and of the isolated substances of P. aduncum (3-(1’-oxo-3’-methyl-2’-butenyl)-4-

hydroxybenzoate of methyl, (ester methylic of acid 2,2-dimethyl-6-carboxycroman-4-ona), (3-(1’-oxo-

3’-methyl-2’-butenil)-4-metoxybenzoate of methyl) and (2’,6’-dihydroxy-4’-metoxy-dihydrochalcone). In

the bioautographic test, such the extracts as the isolated substances have showed inhibition against

S. aureus. In the MIC test, the extracts that showed the best results was the Piper 4 against S.

epidermides, B. subtilis, S. aureus, S. saprophyticus, and the extracts of P. aduncum and Piper 5 that

has showed activity against the same microorganisms aforesaid and S. pyogens. In the test performed

with de fungi the best results was of the P. aduncum and Piper 5 extracts that showed activity against

C. albicans and C. parapsilosis. In relation to cytotoxicity against Artemia salina, all the extracts and

isolated substances showed lower concentration than 1000 μg/mL, thus considerate cytotoxic. In in

vivo teste of acute toxicity and mutagenicity the extracts that were tested don’t demonstrate toxic

potencial or mutagenic.

Keyword: Antimicrobial activity. Piper. Mutagenicity, Cytotoxicity and Acute toxicity.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piper cernuum (Piperaceae) ....................................................... 26

Figura 2 Piper amplum (Piperaceae).......................................................... 27

Figura 3 Piper adundum (Piperaceae)........................................................ 27

Figura 4 Processo de formação de micronúcleo na divisão celular............ 34

Figura 5 Processo da avaliação da atividade antimicrobiana..................... 41

Figura 6 Esquema da metodologia do ensaio de mutagenicidade com

Sacharomyces cerevisae.............................................................

46

Figura 7 Esquema de obtenção das células para o teste de micronúcleo. 47

Figura 8 Placa de CCD revelada com UV sendo P. cernuum (1), P.

amplum (2), Piper 4 (3), P. aduncum (4), Piper 5 (5)....................

49

Figura 9 Placa bioautográfica revelada com TTC, sendo P. cernuum (1),

P. amplum (2), Piper 4 (3), P. aduncum (4), Piper 5 (5)................

49

Figura 10 Placa de CCD revelada com UV sendo P. aduncum (1),

Taboganto de metila (2), Cromanona (3), Metóxi-Taboganto de

metila (4), Myrigalona G (5)..........................................................

49

Figura 11 Placa bioautográfica revelada com TTC sendo P. aduncum (1),

Taboganto de metila (2), Cromanona (3), Metóxi-Taboganto de

metila (4), Myrigalona G (5)..........................................................

49

Figura 12 Cortes histológicos do fígado dos ratos tratados com P.

aduncum (A), Piper 4 (B), Piper 5 (C) e salina (D), corados com

hematoxilina/eosina e observados em microscópio Olympus em

400x..............................................................................................

62

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atividade biológica de diversas espécies de Piper........................ 24

Tabela 2 Estruturas das substâncias isoladas da P. aduncum..................... 38

Tabela 3 Atividade antimicrobiana dos extratos e substâncias de Piper

frente a três micro-organismos......................................................

52

Tabela 4 Atividade antimicrobiana dos extratos e substâncias das 5

espécies de Piper frente à bactérias Gram – positivas..................

56

Tabela 5 Atividade antifúngica dos extratos e substâncias das 5 espécies

de Piper..........................................................................................

57

Tabela 6 Toxicidade dos extratos e substâncias frente a Artemia salina...... 59

Tabela 7 Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por

deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na

linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae,

após o tratamento com os extratos de P. amplum e P. cernuum...

64

Tabela 8 Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por

deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na

linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae,

após o tratamento com os extratos de P. aduncum e Piper 4........

65

Tabela 9 Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por

deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na

linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae,

após o tratamento com o extrato de Piper 5.................................

66

Tabela 10 Indução de micronúcleo em roedores............................................ 67

9

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC – American Type Culture Collection

ATP – Adenosina Trifosfato

AIDS – Adquired Imunodeficiency Syndrome (Síndrome da Imonodeficiência

Adquirida)

CBM – Concentração Bactericida Mínima

CCD – Cromatografia em Camada Delgada

CDC – Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos

CFM – Concentração Fungicida Mínima

CIM – Concentração Inibitória Mínima

CL50 – Concentração Letal 50%

DL50 – Dose Letal de 50%

DMSO – Dimetilsulfóxido

FDA – Food and Drugs Administration

GHS – Sistema de Classificação Globalmente Harmonizado de Substâncias

Químicas e Misturas

LDL – Low Densinty Lipoprotein

MMS - Metilmetanosulfonato

MN - Micronúcleo

NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standards

OMS – Organização Mundial da Saúde

SC – Meio Minimo Completo

TTC – Cloreto 2,3,5 Trifenil Tetrazólico

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UV – Ultra - Violeta

4 – NQO – Nitroquinoleína-1-Óxido

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................

12

2.OBJETIVO....................................................................................................... 14 2.1 Objetivo geral................................................................................................ 14 2.2 Objetivo Específico.......................................................................................

14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 15 3.1 Doenças Infecciosas..................................................................................... 15 3.2 Plantas Medicinais........................................................................................ 19 3.2.1 Família Piperaceae e o gênero Piper......................................................... 22 3.2.2 Piper cernuum............................................................................................ 25 3.2.3 Piper amplum............................................................................................. 26 3.2.4 Piper aduncum........................................................................................... 27 3.3 Toxicidade..................................................................................................... 29 3.3.1 Citotoxicidade frente a Artemia salina........................................................ 30 3.3.2 Toxicidade aguda....................................................................................... 31 3.3.3 Mutagenicidade sobre Sacharomyces cerevisae....................................... 32 3.3.4 Teste do micronúcleo.................................................................................

34

4 MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 36 4.1 Material Vegetal............................................................................................. 36 4.2 Extratos e Substâncias................................................................................. 36 4.3 Material Microbiológico................................................................................. 38 4.4 Preparo dos inóculos..................................................................................... 39 4.4.1 Bactérias.................................................................................................... 39 4.4.2 Fungos....................................................................................................... 39 4.5 Bioautografia................................................................................................. 40 4.6 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM).............................. 40 4.7 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) e Fungicida Mínima (CFM).....................................................................................................

42

4.8 Ensaio de toxicidade com Artemia salina..................................................... 42 4.9 Ensaio de toxicidade aguda “in vivo”............................................................ 43 4.9.1 Animais....................................................................................................... 43 4.9.2 Ensaio toxicológico dose-fixa..................................................................... 43 4.9.3 Analise histológica...................................................................................... 43 4.9.3.1 Desidratação........................................................................................... 44 4.9.3.2 Clareamento Fixação e Coloração.......................................................... 44 4.10 Ensaio com Saccharomyces cerevisiae...................................................... 44 4.11 Ensaio do micronúcleo “in vivo”................................................................... 46 4.11.1 Obtenção das células............................................................................... 46 4.11.2 Análise das lâminas..................................................................................

47

5 RESULTADO E DISCUSSÃO.......................................................................... 48 5.1 Bioautografia................................................................................................. 48 5.2 Atividade Antibacteriana................................................................................ 50 5.3 Atividade Antifúngica..................................................................................... 57

11

5.4 Toxicidade em Artemia salina........................................................................ 58 5.5 Toxicidade aguda.......................................................................................... 60 5.6 Analise histológica......................................................................................... 61 5.7Ensaio de mutagenicidade frente ao Sacharomyces cerevisae..................... 62 5.8Teste do micronúcleo.....................................................................................

67

6 CONCLUSÕES................................................................................................

68

7 REFERÊNCIA .................................................................................................

70

8 ANEXOS.......................................................................................................... 80

12

1 INTRODUÇÃO

A incidência de doenças infecciosas no mundo vem aumentando em um ritmo

acelerado, algumas destas ressurgindo como emergentes. O comércio e a

circulação mundial rápida de pessoas, animais, plantas, mercadorias e micro-

organismos (vírus, bactérias, parasitas, fungos) contribuem para esse aumento em

escala global. Essa facilidade de transferência de infecções de uma região para

outra pode ser exemplificada pela existência da malária aeroportuária, pela

proliferação do Aedes aegypti e a disseminação da febre amarela no Brasil

procedente dos navios que atracavam nos portos brasileiros. Em países

desenvolvidos e em desenvolvimento as doenças infecciosas são responsáveis por

mais de 25% de todas as mortes (GRISOTI, 2010; MIMS et al., 2005).

Outro grave problema frente às infecções é a resistência de patógenos diante

do uso irracional de antimicrobianos. Esse fator, aliado ao aumento da incidência de

infecções, impulsionam a pesquisa por novos agentes com atividade antimicrobiana.

Uma das alternativas na busca de novos agentes antimicrobianos são os produtos

naturais como organismos marinhos, animais e plantas.

As plantas são fontes importantes de substâncias biologicamente ativas,

muitas das quais constituem modelos para síntese de um grande número de

medicamentos. Um dos aspectos que distingue os produtos naturais dos sintéticos é

a diversidade molecular dos produtos naturais que é muito superior àquela derivada

dos processos de síntese, e que apesar dos avanços tecnológicos atuais ainda é

restrita. Esse fato possibilita que os compostos químicos encontrados nas plantas

possam vir a ser fármacos em potencial para as mais diferentes moléstias (NODARI;

GUERRA, 2000).

Várias plantas da flora brasileira são usadas na medicina natural, no

tratamento de doenças tropicais, incluindo infecções bacterianas. Por outro lado,

devido à possibilidade da existência de ação tóxica e ausência de indicação

adequada, as plantas medicinais são muitas vezes usadas de forma incorreta, não

produzindo o efeito desejado (PEREIRA et al., 2004). Ainda hoje faltam trabalhos

científicos que comprovem a eficácia no tratamento das enfermidades e recursos

para o isolamento de compostos ativos das plantas estudadas com vista a

transformá-los em medicamentos (SILVA et al., 2002).

13

Desta forma se faz necessário o desenvolvimento de novos fármacos com

atividade antimicrobiana, por isso o presente projeto de pesquisa propõe avaliar a

atividade antimicrobiana, citotoxicidade, toxidade aguda e mutagenicidade de

diferentes espécies de Piper, uma espécie vegetal brasileira da Família Piperaeae.

14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a atividade antimicrobiana e potencial de toxicidade e

mutagenicidade de extratos e substâncias obtidas de cinco espécies de Piper.

2.2 Objetivos específicos

Direcionar a pesquisa através de ensaios de bioautografia, na localização dos

componentes com potencial antimicrobiano.

Avaliar a atividade antibacteriana e antifúngica de extratos e substâncias obtidas.

Avaliar a toxicicidade dos extratos e substâncias sobre o microcrustáceo Artemia

salina.

Analisar a toxicidade aguda dos extratos através da metodologia de dose fixa em

ratos.

Avaliar a mutagenicidade dos extratos empregando a levedura Sacharomyces

cerevisiae.

Analisar a mutagenicidade dos extratos, em células de medula utilizando ensaio

de micronúcleo.

15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Doenças Infecciosas

A infecção é causada por micro-organismos que liberam toxinas ou invadem

os tecidos do corpo, ela ocorre através de uma complexa interação entre o

patógeno, o hospedeiro e o meio ambiente, sendo causada principalmente por

bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos (HEMAISWARYA; KUTHIVENTI;

DOBLE, 2008; KANG; CROGAN, 2009). A infecção pode ser causada de forma

endógena ou exógena. Aquelas cujo agente atinge o hospedeiro através de um

reservatório ou fonte externa é considerada exógena, enquanto que as causadas por

agentes da microbiota normal do próprio hospedeiro são classificadas como

endógenas (TRABULSI et al., 2005).

As bactérias são organismos unicelulares. Foram identificadas pela primeira

vez após a invenção do microscópio, por Van Leeuwenhoek, por volta de 1670.

Porém a possibilidade destes micro-organismos serem os causadores dos

processos infecciosos ocorreu somente no século XIX através de experimentos de

Luis Pasteur. A pesquisa revelou que algumas linhagens de bactérias eram

importantes para o processo de fermentação e também que as bactérias tinham

ampla distribuição no meio ambiente, bem como Robert Koch entre outros, que

identificaram micro-organismos responsáveis por doenças como a tuberculose, a

cólera e a febre tifóide. Nessa época, as pesquisas eram conduzidas na busca de

agentes químicos que apresentassem atividade antimicrobiana (GUIMARÃES;

MOMESSO; PUPO, 2010).

Existem quatro tipos distintos de micro-organismos infecciosos que são

classificados a seguir (MIMS et al., 2005):

Micro-organismos com mecanismos específicos para fixação e penetração nas

superfícies corporais de hospedeiros saudáveis (a maioria dos vírus e algumas

bactérias).

Micro-organismos introduzidos por artrópodes vetores (malaria, peste, tifo, febre

amarela).

Micro-organismos introduzidos em hospedeiros saudáveis através de mordedura

de animais (Clostridia, vírus da raiva).

16

Micro-organismos capazes de infectar um hospedeiro saudável exclusivamente

quando as defesas de superfície ou sistêmicas encontram-se deficitárias como

ocorre com queimaduras, inserção de corpos estranhos (cânulas e cateteres),

infecção do trato urinário em homens (cálculo, hipertrofia de próstata),

pneumonia bacteriana após dano viral (pós-influenza), ou imunocomprometido

como no caso de fármacos imunossupressores ou doenças como a

Imunodeficiência adquirida (AIDS).

É importante ressaltar que nem todos os micro-organismos causam

enfermidades, e para que a infecção seja estabelecida, é necessário que o agente

causador primeiramente penetre no corpo do hospedeiro. O acesso ao corpo

humano é dificultado pelas suas barreiras naturais, que são a pele, o muco, o

epitélio ciliado e algumas secreções que produzem enzimas. Porém pode ocorrer

destruição destas barreiras proporcionando uma porta de entrada para estes micro-

organismos (MURRAY et al., 2002; LEVINSON; JAWETZ, 2005).

Para que a infecção de fato ocorra é necessário que o patógeno e o

hospedeiro estejam em contato freqüente, e que esse contato resulte na reprodução

do parasita dentro do hospedeiro. Ainda para que essa infecção se torne uma

doença é necessário que o patógeno se multiplique e cause sintomas (PONTIER et

al., 2009).

O aparecimento de uma infecção não depende apenas de fatores intrínsecos,

como idade, estado imunológico, estresse, e alguns fatores genéticos, mas também

de fatores ambientais como temperatura e umidade (PONTIER et al., 2009).

O aumento na exploração dos sistemas naturais, que ocorre principalmente

nas práticas agrícolas, processos de urbanização, e no remanejamento dos recursos

hídricos, faz com que ocorram mudanças na disponibilidade e distribuição geográfica

de hospedeiros, vetores e espécies de parasitas, ocasionando novos sistemas de

patógeno/hospedeiro e novas doenças (PONTIER et al., 2009).

Segundo publicações dos Centros de Controle de Doenças dos Estados

Unidos (CDC), doenças infecciosas emergentes podem ser definidas como

infecções que têm aparecido recentemente em uma população ou que já existiam,

mas têm aumentado rapidamente em incidência e alcance geográfico. Essas

doenças podem ocorrer pelo reconhecimento do caráter não-detectável de uma

infecção que já estava presente na população, pela introdução do agente etiológico

17

em outras espécies ou como uma variante de uma infecção humana já existente.

Outros motivos apontados são: alterações climáticas, conjunto de atividades

humanas que atingem direta ou indiretamente o ambiente, destacando o

crescimento e assentamento populacional e o uso indiscriminado de antibióticos

(GRISOTTI, 2010).

Outra causa do reaparecimento de algumas doenças infecciosas são os

desastres naturais, que através de um sinergismo de fatores favorece a mortalidade

e a morbidade causada por doenças tratáveis. Os principais fatores causadores

dessas doenças em situações como estas são a falta de higiene, machucados que

podem causar tétano, infecções por S. aureus, leptospirose, e infecções causadas

por comida e água contaminada (LIGON, 2006).

Os antibióticos, classificados como substâncias químicas produzidas por

organismos vivos, inibem o crescimento de micro-organismos patogênicos ou não

(FONSECA, 1999). Estas substâncias são empregadas há mais de 3000 anos,

quando ainda eram usados de maneira empírica. Somente a partir do século XVI os

fármacos medicinais passaram a ser obtidos por métodos laboratoriais. Nesta

mesma época foi isolada a primeira substância com ação antimicrobiana, a quinina,

usada sob a forma de pó da casca da Cinchona no tratamento de febres

(TAVARES,1994).

A descoberta da penicilina foi descrita em 1929, porém foi introduzida como

agente terapêutico somente em 1940, com a industrialização da penicilina e em

conseqüência da Segunda Guerra Mundial foi observado um rápido crescimento na

descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos (GUIMARÃES; MOMESSO;

PUPO, 2010).

Através disso houve uma expectativa de erradicação das doenças

infecciosas, com o declínio de algumas doenças como tuberculose, difteria, febre

amarela, varíola, tifo e sífilis, porém não foi atingido êxito total. Durante algum tempo

acreditou-se que a humanidade aumentaria sua expectativa de vida e venceria a

guerra contra os micro-organismo, houve uma época em que as doenças crônico

degenerativas deslocaram as doenças infecciosas do primeiro lugar de mortalidade

mas isso logo mudou principalmente com o aparecimento da AIDS. A separação

entre doenças crônicas e doenças infecciosas também passou a ser questionada

levando em consideração que os micro-organismos (vírus, bactérias e parasitas)

18

poderiam estar na raíz de muitas doenças cardíacas, do Mal de Alzheimer,

esquizofrenia e até mesmo do câncer (GRISOTTI, 2010).

Com a descoberta de varias classes de antibióticos, muitas doenças que

antes devastavam a humanidade foram controladas, mas o seu uso indiscriminado

acabou desenvolvendo patógenos multi-resistentes aos referidos fármacos

(HEMAISWARYA; KUTHIVENTI; DOBLE, 2008). Desde o primeiro relato de

resistência ao Staphylococcus, este vem se tornando um sério problema de saúde

pública, com implicações econômicas, sociais e políticas que ultrapassaram a

barreira de países e etnias. As principais conseqüências da resistência microbiana

são a mortalidade levando em conta que as infecções resistentes são muito mais

fatais, a morbidade pois ocorre um prolongamento da doença aumentando as

chances do organismo resistente ser transmitido e o aumento do custo para o

tratamento pois geralmente são necessários fármacos de elevado custo.

Existem dois tipos de resistência, a natural e a adquirida. Na primeira,

qualquer indivíduo isolado da espécie, apresenta a resistência, isto é, por se tratar

de resistência inata, o perfil de resistência é encontrado em espécies isoladas em

qualquer local do mundo. Já na resistência adquirida, apenas algumas cepas a

apresentam justamente porque desenvolveram ao longo do tempo (TRABULSI et al.,

2005).

A resistência natural ocorre através de genes mutantes espontâneos, e a

adquirida é através da transferência de DNA através de transposons de uma

bactéria para outra. Os principais mecanismos deste tipo resistência são:

modificação no receptor ou sítio alvo da célula, degradação enzimática e

modificação do fármaco e redução da quantidade de fármaco dentro da célula

bacteriana (HEMAISWARYA; KUTHIVENTI; DOBLE, 2008).

Devido ao grande número de casos relacionados à resistência microbiana e

ao fato de uso indiscriminado de antimicrobianos ser um dos principais fatores

relacionados a esta resistência, em 2010 foi instalada uma nova norma da Vigilância

Sanitária descrita na RDC 44/2010, que dispõe sobre o controle de medicamentos à

base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição

médica, isoladas ou em associação, podendo assim medicamentos que contenham

tais substâncias serem vendidos apenas com prescrição médica e receituário de

controle especial (Brasil, 2010).

19

A necessidade urgente por novos agentes antimicrobianos pode ser

justificada por diversas razões: doenças infecciosas são a maior causa de

mortalidade do mundo (WHO, 2008), altas taxas de resistência microbiana,

especialmente em ambientes hospitalares, o número de novos agentes

antimicrobianos aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) diminui a cada

ano, e a necessidade existente de agentes que atuem por mecanismos de ação

diferentes dos fármacos em uso (GUIMARÃES, 2010).

Como fontes para a obtenção de novos agentes antimicrobianos encontram-

se os produtos naturais, destacando-se as plantas superiores com suas riquezas de

moléculas biotivas.

3.2 Plantas Medicinais

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição de planta medicinal

é “todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que

podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos

semi-sintéticos” (BULETIN OF THE WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998).

A diferença entre planta medicinal e fitoterápico esta no fato de que o

fitoterápico elabora a planta para uma formulação específica. Segundo a Secretaria

de Vigilância Sanitária, em sua portaria no. 6 de 31 de janeiro de 1995, fitoterápico é

“todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se

exclusivamente matérias-primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para

fins de diagnóstico, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo

conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, assim como pela

reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final acabado,

embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes

farmacêuticos permitidos na legislação vigente. Não podem estar incluídas

substâncias ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico

quaisquer substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas

misturas” (JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005).

Os metabólitos secundários produzidos pelas plantas constituem uma enorme

fonte de substâncias bioativas. O interesse científico nestes metabólitos aumentou

com a busca por novos agentes terapêuticos de origem vegetal, aliado ao crescente

20

desenvolvimento da resistência dos micro-organismos aos antimicrobianos utilizados

atualmente (MBOSSO et al., 2010).

O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico faz parte da evolução

humana. Há milhares anos elas vem sendo usadas sobre a forma de pós, tinturas,

chás e outras formulações (BALUNA; KINGHORN, 2005).

Através dessa utilização popular foi-se descobrindo as propriedades

benéficas e nocivas de cada planta, que muitas vezes curavam e outras produziam

efeitos colaterais graves ou ate matavam. Essas descobertas aconteciam de forma

empírica muitas vezes baseadas nas observações do efeito causado nos animais ao

ingerirem tais plantas. Um exemplo disto foram as observações religiosas sobre os

efeitos excitantes dos cafeeiros selvagens (Coffea arabica L.) nos herbívoros

domésticos que os tinham ingerido. A partir destas observações elas começaram a

fazer uso desses vegetais para aumentar o tempo de vigília a que eram submetidas

devido às suas piedosas ocupações (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).

No Brasil a utilização das plantas medicinais começou com os escravos

africanos que trouxeram consigo plantas que usavam em rituais religiosos e também

por suas propriedades curativas empiricamente descobertas. No entanto com o

desenvolvimento da indústria na elaboração de novos fármacos houve por parte da

população uma diminuição no uso das plantas medicinais, que foram substituídas

por fármacos sintéticos (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).

Os antibióticos foram, durante um tempo, logo após seu descobrimento,

considerados fármacos milagrosos, porém sua popularidade logo foi perdendo

espaço, levando em consideração que eles passaram a perder sua efetividade pela

resistência microbiana (SALEEM et al., 2010).

Com o passar dos anos além do problema da resistência os consumidores

foram se tornando cada vez mais exigentes e criteriosos em relação à qualidade dos

produtos consumidos procurando cada vez mais produtos de origem natural que

fossem menos agressivos ao organismo, somado a isso e através da comprovação

cientifica da ação terapêutica das plantas medicinais houve novamente um aumento

de seu consumo, justificado também pelo questionamento da população em relação

aos efeitos colaterais causados pelo uso abusivo e irracional dos medicamentos

sintéticos (PACKER; LUZ, 2007).

No Brasil, atualmente, as plantas medicinais são amplamente utilizadas como

remédios caseiros por habitantes rurais e urbanos, o que em parte pode ser

21

explicado pelo alto custo dos medicamentos industrializados (BRANDÃO et al.,

2008). Nas ultimas décadas, a quantidade de informações sobre o uso das plantas

presentes nas florestas tropicais tem aumentando. O Brasil possui uma enorme

biodiversidade e, além disso, uma grande quantidade de informações acumuladas

por pessoas que tem acesso direto a natureza e aos produtos de sua biodiversidade

(CARTAXO; SOUZA; ALBUQUERQUE, 2010).

O mercado mundial movimenta cerca de US$ 22 bilhões por ano. Em 2000 o

setor faturou US$ 6,6 bilhões nos Estados Unidos e US$ 8,5 bilhões na Europa. No

Brasil estima-se que o comércio de fitoterápicos seja da ordem de 5% do mercado

total de medicamentos, avaliado em mais de US$ 400 milhões. Dados obtidos pelo

Departamento de Comércio Exterior indicam que no Brasil em 1998 foram

exportadas oficialmente 2.842 toneladas de plantas medicinais, e que de 1999 para

2000 as vendas de fitoterápicos aumentaram 15% contra 4% dos medicamentos

sintéticos (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).

Metade dos extratos vegetais comercializados na Europa é consumido na

Alemanha (cerca de US$ 3,5 bilhões do total de US$ 7 bilhões) onde foi relatado que

desses extratos 66% são usados para tratar resfriados, 38% para gripe, 25% para

doenças do trato digestivo ou intestinal 25% para dores de cabeça, 25% para insônia

36% para úlcera estomacal 21% nervosismo 15% para bronquite, 15% para doenças

de pele e 15% para fadiga e exaustão (JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005).

O papel das plantas medicinais na busca e descoberta de novos fármacos

aumentou e tem se mostrado relevante, porém somente uma pequena porcentagem

(15%) das 250.000 a 350.000 espécies vegetais estimadas no mundo foi estudada

cientificamente causando ainda maior interesse nessa fonte de novos agentes

terapêuticos (MALHEIROS et al, 2010).

O Brasil é considerado um importante fornecedor de matéria-prima botânica

para o mercado de indústria farmacêutica internacional como exemplo de plantas

nativas brasileiras, que são usados quase exclusivamente por empresas

farmacêuticas internacionais pode-se citar, a Pilocarpina extraída das folhas do

jaborandi (Pilocarpus microphyllus, da família Rutaceae), o α-bisabolol, extraído da

madeira candeia (Eremanthus erythropappus, da familia Asteraceae), e a rutina,

obtida dos frutos da fava-d'anta (Dimorphandra mollis, da família Fabaceae)

(BRANDÃO et al., 2008).

22

Entre as classes de metabólitos secundários presentes nas plantas medicinais

que possuem ação antimicrobiana pode-se citar: os alcalóides, presentes por

exemplo no Allium neopolitanum que apresenta ação antimicrobiana de amplo

espectro, os acetilenos, as cumarinas, presentes comumente na família Rutaceae,

flavonóides e isoflavonoides, que são amplamente distribuídos entre várias espécies

de plantas, os iridóides, que estão distribuídos entre a família das dicotiledôneas, as

lignanas, os macrolídeos, os polipeptídeos que já tem utilização farmacêutica na

preservação, limpeza e desinfecção, as quinonas com a sua propriedade

bactericida, entre outros (SALEEM et al., 2010).

Apesar de todo o progresso da medicina, as doenças infecciosas continuam

sendo um grave problema de saúde pública, atingindo ainda mais países em

desenvolvimento, levando em consideração uma menor disponibilidade de

medicamentos, além da emergência de uma resistência microbiana generalizada,

como descrito anteriormente. Diante deste contexto a pesquisa por novos agentes

antimicrobianos precisa continuar e todas as possibilidades devem ser exploradas

incluindo os produtos naturais que são grandes fontes de agentes terapêuticos

inovadores (COS et al., 2006).

Dentre as diversas plantas com potencial terapêutico se incluem aquelas da

família Piperaceae.

3.2.1 Família Piperaceae e o gênero Piper

A família Piperaceae pertence a ordem das Piperales e esta classificada como

uma das mais antigas angiosperamas existentes. Possui mais de 1000 espécies

distribuídas pelo mundo em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil esta

representada por cinco gêneros, com destaque para a Piper e a Peperômia

(JUNQUEIRA, 2007; USIA, 2005; VANIN et al., 2008).

Esta família caracteriza-se por apresentar espécies arbustivas, eretas ou

escandentes, arvoretas, ou plantas herbáceas epifíticas, terrestres ou suculentas,

com caule nodoso, folhas pecioladas ou raramente sub-sésseis, e estípulas adnatas

ao pecíolo ou ausentes (ALBIERO et al, 2005).

Estudos realizados com espécies de Piper revelam uma variedade de

compostos pertencentes a diversas classes químicas, entre eles estão: alcalóides,

amidas, lignanas, neoglicanas, propenilfenóis, terpenos, esteróides, chalconas,

23

diidrochalconas, flavonas, flavanonas, kavapironas, piperolídeos, cromenos e

derivados de ácidos benzóicos (SENGUPTA; RAO, 1987; JENSEN; HANSEN;

BOLL, 1993; LAGO et al., 2005).

As espécies pertencentes ao gênero Piper são amplamente utilizadas na

medicina popular e entre as atividades biológicas citadas para este gênero e

descritas na Tabela 1 destacam-se: a atividade inseticida do extrato aquoso das

folhas e raízes da Piper aduncum sobre Aetaliun sp (SILVA et al., 2007). O efeito

ansiolítico causado pelas kavalactonas presentes na Kava kava (P. methysticum)

(ERNST, 2007). Atividade antiparasitária da P. longum contra Giardia lamblia (LEE,

2000) e Entamoeba histolytica (GHOSHAL; PRASAD; LAKSHMI, 1996). Efeito

antiespasmódico observado em P. auritum (MÍLIAN; TORRES; RODRÍGUES, 2001).

Estudos realizados com extratos e fracões de P. regnelli apresentaram

atividade antileishmania com ausência de efeitos tóxicos no hospedeiro

(NAKAMURA et al., 2006). O óleo essencial de P. amplum, P. arboreum, P. dilalatum,

P. goessii, P. hispidium, P. hoffmanseffianum, P. nigrum, P. gaudichaudianum, P.

guineense, P. molliconum, P. regnelli e P. cernuum apresentaram forte atividade

moluscicida contra Biomphalaria glabrata (NAVICKIENE et al., 2006).

Além das atividades citadas destaca-se a atividade antifúngica presente em

várias espécies desse gênero. Extrato de folhas de P. malacophyllum contendo

piperolídeos apresentaram atividade antifúngica contra Cladosporium

sphaerospermum e Cladosporium cladospurioides (LAGO et al., 2005). O extrato de

frações das folhas de P. regnelli apresentou atividade contra dermatófitos

(KOROISHI, 2008). Cladosporium cladosporioides e Cladosporium sphaerospermum

foram fortemente inibidos por óleos essenciais de P. aduncum e P. tuberculatum

(NAVICKIENE et al., 2006).

24

Tabela 1: Atividade biológica de diversas espécies de Piper:

Atividade Biológica Espécie de Piper Referência

Atividade inseticida P. aduncum SILVA et al., 2007 Efeito ansiolítico P. methysticum ERNST, 2007

Atividade antiparasitária P. longum LEE, 2000; GHOSHAL; PRASAD; LAKSHMI, 1996

Efeito antiespasmódico P. auritum MÍLIAN; TORRES; RODRÍGUES, 2001

Atividade antileishmania P. regnelli NAKAMURA et al., 2006

Atividade antifúngica P. malacophyllum P. tuberculatum

P. aduncum P. regnelli

LAGO et al., 2005 (KOROISHI, 2008

NAVICKIENE et al., 2006

Atividade antibacteriana P. regnelli P. cernuum P. aduncum

HOLETZ et al.,2002; ZAIDAN, 2005

A atividade antibacteriana é também muito explorada em plantas deste

gênero, estudos demonstraram que o extrato hidroalcóolico de P. regnelli inibe

consideravelmente as bactérias Gram – positivas, Staphylococcus aureus e Bacillus

subtilis, e apresenta uma moderada atividade contra a bactéria Gram–negativa

Pseudomonas aeruginosa (HOLETZ et al., 2002). O extrato de P. sarmentosum e o

óleo essencial de P. cernuum e P. regenelli demonstram potencial antibacteriano

contra a bactéria Gram – positiva S. aureus (ZAIDAN, 2005).

Uma das substâncias isoladas do gênero Piper e utilizadas neste trabalho foi

a 2’,6’-diidroxi-4’-metoxi-dihidrochalcona (1) também chamada de Myrigalona G

(ANDRADE; BLÖDORN, 2010). Esta diidrochalcona apresentou atividade antifúngica

para os fungos C. cladosporoides e C. sphaerospermum, e também apresentou

atividade contra a forma promastigota de Leishmania brasilienses (LAGO et al, 2007;

HERMOSO et al, 2003).

OH O

O

CH3

OH

(1)

25

Duas chalconas, sendo elas, Myrigalona G e a 2',6',4-triidroxi-4'-metoxi-

diidrochalcona, isoladas da P. elongatum apresentaram atividade contra

promastigotas de Leishmania brazileinsis extracelular in vitro sendo mais ativas que

o cetoconazol, usado como controle positivo (HERMOSO et al., 2003).

Outra substância posteriormente isolada foi o ácido 3-(1’-oxo-3’-metil-

2’-betenil)-4-hidroxibenzoico (2) também conhecido como ácido tabogânico. Este

derivado de ácido benzóico foi isolado e descrito pela primeira vez em 1998 da Piper

dilatatum (TERREAUX; GUPTA; HOSTETTMANN, 1998).

O

OH CH3

CH3O

OH

(2)

3.2.2 Piper cernuum

P. cernuum, observada na Figura 1, é um arbusto imponente com folhas

grandes e que pode chegar até 6 metros de altura, ocorre comumente na Amazônia,

Sudeste e Nordeste do Brasil. É uma espécie utilizada na medicina popular, através

da infusão de suas folhas, como analgésico, especialmente para dores no estômago,

contra problemas do fígado, dos rins e circulação (STIPP, 2000; Di STASI et al.,

2002).

Foram isolados das folhas desta espécie derivados de ácidos cinâmicos

identificados como 3,4–dimetoxi–diidrocinamato, ácido 3,4–dimetoxi–diidrocinâmico,

metil 3,5–dimetoxi–4–hidroxi–diidrocinamato e metil 3,5– dimetoxi–4–

hidroxicinamato, além de lignanas cubeninas. No caule e em suspensão de cultura

estão presentes feniletilaminas, tiramina e dopamina como maiores componentes

(DANELLUTE et al., 2005).

Foram identificados como componentes principais do óleo essencial desta

espécie, os constituintes: di-hidro-β-agarofurano (31,2%), elemol (12,2%) e 10-epi-

geudesmol (12,9%) (AGUIAR, 2003).

26

O óleo essencial da P. cernuum foi testado contra S. aureus, P. aeroginosa, C.

albicans através do método de difusão em ágar e apresentou halos significativos de

inibição para S. aureus e C. albicans (CONSTANTIN et al., 2001).

Figura 1: Piper cernuum (Piperaceae)

3.2.3 Piper amplum

São plantas arbustivas de 2-3 metros de altura que possuem folhas com

tamanha amplo como observado na Figura 2. Têm ramos cilíndricos, estriados,

nodosos, glabros, entrenós variando entre 4-9 cm comprimento. As folhas

apresentam-se com pecíolo de 3,0-3,5cm de comprimento com bainha caniculada

(GUIMARÃES; VALENTE, 2001).

É conhecida popularmente como caabepa, jaborandi, murta ou pariparoba.,

No Brasil encontra-se nos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro e Santa Catarina (GUIMARÃES; MONTEIRO, 2006).

O óleo essencial desta espécie tem como constituintes principais: α-pineno

(12,9%); limoneno (3,8%); α-copaeno (4,2%); Ecariofileno (24,4%); valenceno

(16,3%) e α -cadinol (8,5%), sendo todos os principais constituintes pertencentes a

classe dos terpenos (ANGNES, 2005).

Não existem atividades biológicas descritas na literatura sobre este gênero.

27

Figura 2: Piper amplum (Piperraceae)

3.2.4 Piper aduncum

P. aduncum é um arbusto que pode chegar de 3 a 8 metros, é uma planta

nativa da região Amazônica e é chamado popularmente de falso-jaborandi, jaborandi

e erva do jatoti (SILVA et al., 2007). Seu extrato é utilizado na medicina popular para

tratar infecções e dores de estômago (LUSTOSA; OLIVEIRA; ROMEIRO, 2007).

Dentre a família das Piperaceae a P. aduncum demonstrada na Figura 3 é a

que possui maior estudo sobre sua composição química. Dentre seus componentes

principais estão diversos ácidos benzóicos, alcalóides, cromanonas,

dihidrochalconas, flavonóides e derivados do ácido benzóico (LAGO, et al., 2009;

LUSTOSA; OLIVEIRA; ROMEIRO, 2007).

Figura 3: Piper adundum (Piperaceae)

28

A P. aduncum é muito conhecida popularmente por sua atividade

antimicrobiana sendo significativamente mais ativo para bactérias Gram-positivas,

incluindo Bacilo subtilis, Staphylococcus aureus,, Micrococcus luteus (KOKOSKA et

al., 2005) e contra os fungos Cladosporium cladosporioides e C. sphaerospermum

(LAGO et al., 2009).

No óleo essencial desta espécie ocorre o predomínio do fenilpropanóide

dilapiol, e em menor quantidade apresenta safrol e sarisan. O óleo essencial quando

submetido a ensaios biológicos apresentou toxicidade para Cerotoma tingomarianus,

demonstrando atividade inseticida (FAZOLIN, 2005).

Segundo Moraes e colaboradores (2007) o óleo essencial da Piper aduncun

apresentou boa atividade contra larvas de A. aegypti, seu óleo é conhecido por

conter o composto larvicida dilapiol. O dilapiol (3) (5-alil-6,7-dimethoxi-1,3-

benzodioxol) e seu derivado reduzido o dihidrodilapiol (4) (5-n-propil-6,7- dimetoxi-

1,3-benzodioxol), são utilizados individualmente ou em sinergismo em formulações

inseticidas.

O

O

OCH3

OCH3

CH2

O

O

OCH3

OCH3

CH3

(3) (4)

A P. aduncum possui muitas substâncias isoladas e já identificadas como: 2,2-

dimetil-8-(3'-metil-2'-butenil)-2H-1-cromeno-6-carboxilato de metila (5), 2,2-dimetil-

2H-1-cromeno-6-carboxilato de metila (6), 8-hidroxi-2,2-dimetil-2H-1-cromeno-6-

carboxilato de metila (7), acido 2,2-dimetil-2H-1-cromeno-6-carboxílico (8) e 3-(3 ', 7'-

dimetil-2', 6'-octadienilo)-4-metoxibenzóico (9). A atividade dos compostos isolados

foi também investigada contra cepas mutantes de Saccharomyces cerevisiae,

apresentando atividade (BALDOQUI et al., 1999).

29

O

CH3

CH3

CH2-CH=C(CH3)

O

OCH3

(5)

O

CH3

CH3

O

OCH3

(6)

O

CH3

CH3

O

OCH3

OH (7)

O

CH3

CH3

O

OH

(8)

CH3

CH3 CH3

O OH

OCH3

(9)

3.3 TOXICIDADE

A compreensão dos componentes ativos presentes nas plantas e seus

mecanismos de ação são alguns dos maiores desafios para a química farmacológica

e bioquímica. A seleção de bioensaios para a detecção de efeitos específicos das

substâncias pesquisadas é muito importante, e a toxicidade é um dos ensaios que

avalia a interação e os efeitos deletérios nocivos entre a substância extraída ou

purificada e o organismo (MACIEL; PINTO; VEIGA, 2002).

30

Desta forma a toxicidade pode ser definida como a capacidade que as

substâncias químicas têm, algumas em maior e outras em menor grau, de instalar

um estado patológico após sua introdução ou interação com um organismo (SOUZA,

2008).

As avaliações toxicológicas de novas substâncias e produtos são utilizadas

para determinar o potencial dos mesmos em causar danos à saúde humana. São

realizadas através da análise da toxicidade local ou sistêmica, permitindo classificar,

e rotular apropriadamente as substâncias de acordo com seu potencial de letalidade

ou toxicidade como estabelecido pela legislação (VALADARES, 2006).

A avaliação toxicológica pré-clínica e registro de fitoterápicos são descritos

pelo Guia para Realização de Estudos de Toxicidade Pré-clinica de Fitoterápicos,

presente na resolução no 90 de 16 de março de 2004, citando os testes de toxicidade

aguda, toxicidade de doses repetidas e o teste de genotoxicidade, que deve incluir

uma avaliação in vitro de reversão de mutação em bactérias, e uma avaliação in vivo

do dano de cromossoma de células hematopoiéticas em roedores (BRASIL, 2004).

3.3.1 Toxicidade frente a Artemia salina

Artemia salina L. (Artemidae) é um microcrustáceo invertebrado que vive em

habitat aquático, de ecossistemas de água salgada ou marinha (LEWAN;

ANDERSSON; MORALES-GOMEZ, 1992). O crustáceo pertence a classe

Anostracea, e possui quatro estágios de desenvolvimento (ovo, náuplio, metanáuplio

e adulto), sendo que a Artemia utilizada no ensaio deve encontrar-se no estágio

metanáuplio quando apresenta maior sensibilidade ao tratamento (LOPES et al.,

2002).

O microcrustáceo Artemia salina é um modelo de invertebrado que é muito

utilizado em estudos de toxicidade geral de compostos químicos e produtos naturais,

por ser um ensaio biológico rápido, simples e baixo custo (MEYER et al., 1982;

FAVILLA et al., 2006; FAC; BIEBER; SANT’ANA, 2005).

Os cistos de Artemia salina são facilmente encontrados no comércio, e ainda

possuem a vantagem de permanecerem viáveis por vários anos no estado seco

(MEYER et al., 1982).

31

O ensaio da Artemia salina foi proposto inicialmente por Michael, Thompson e

Abramovitz (1956), e posteriormente desenvolvido por Vanhaecke et al. (1981), bem

como por Sleet e Brendel (1983). O teste baseia-se na capacidade do extrato,

composto ou fração de matar os microcrustáceos cultivados em laboratório

(CARBALLO et al., 2002).

Já foi relatada uma correlação entre a toxicidade geral em Artemia salina, e a

citoxicidade frente a células humanas tumorais (McLAUGHLIN, 1991). Existem

também correlações entre a toxicidade geral frente a Artemia salina com atividades

parasiticidas (SAHPAZ et al., 1994), antifúngica, viruscida, e antimicrobiana (McRAE;

HUDSON; TOWERS, 1988).

Considerando os critérios descritos por Meyer (1982), substâncias ou extratos

que apresentarem concentrações menores que 1000 μg/mL apresentam algum grau

de toxicidade. Porém Dolabela (1997) utiliza intervalo de concentração para graduar

a toxicidade onde um extrato ou substância é considerada altamente tóxica quando

a CL50 for menor que 80 μg/mL, moderadamente tóxica, quando os valores são entre

80 μg/mL e 250 μg/mL e quando os valores forem acima de 250 μg/mL a substância

é considerada com baixa toxicidade ou não tóxica.

3.3.2 Toxicidade aguda

A toxicidade aguda é definida como os efeitos adversos que ocorrem em um

curto período de tempo após a administração de uma dose única ou doses múltiplas

dentro de 24 horas. A dose única é utilizada de modo geral para determinar a

potência da droga em casos de ingestão ou envenenamento acidental. A via mais

indicada de administração é a via oral, porém outras vias podem ser utilizadas de

acordo com a exposição humana (OGA, 2003).

De acordo com a RDC 90/2004, os mamíferos devem ser observados durante

as primeiras 24 horas, nos períodos de 0, 15, 30 e 60 minutos e cada 4 horas

diariamente, sendo que este prazo pode ser aumentado se houver o aparecimento

de sinais de toxicidade como alteração da locomoção, frequência respiratória,

piloereção, diarréia, sialorréia, alteração do tônus muscular, hipnose, convulsões,

hiperexcitabilidade do sistema nervoso central e contorções abdominais. As doses

limites toxicológicas são de 2000 mg/kg, sendo que quando justificado pelo uso do

produto, podem ser utilizadas doses de 5000 mg/kg. Posteriormente, da 24ª hora e

32

até 14 dias após a administração, a variação de peso e o consumo de alimentos

devem ser observados. Ao fim do período de observação todos os animais

sobreviventes devem ser sacrificados e autopsiados. Caso sejam observadas

alterações nas autópsias, estudos histopatológicos dos órgãos acometidos devem

ser realizados (BRASIL, 2004).

O teste de toxicidade aguda tem por objetivo avaliar a relação dose/resposta

que conduz ao calculo da DL50, um parâmetro que representa a probabilidade

estatística de uma dose causar efeito letal em 50% dos animais de uma população.

Os resultados servem também para identificar possíveis órgãos ou sistemas

sensíveis, e determinar se os efeitos são reversíveis (OGA, 2003).

3.3.3 Mutagenicidade sobre Saccharomyces cerevisiae

Certos agentes ambientais a que os organismos vivos estão freqüentemente

expostos podem induzir modificações químicas tanto ao nível celular quanto

molecular. Existem agentes químicos, físicos e biológicos, que podem causar essas

lesões, pois tem a capacidade de afetar os processos vitais como a duplicação e a

transcrição gênica, sendo assim prejudiciais as células. As alterações podem

também causar mutações e aberrações cromossômicas, fenômeno esse que pode

levar a processos cancerosos e morte celular. Esses agentes então, por causarem

lesões no material genético e por serem potenciais causadores de tumores em seres

humanos são normalmente conhecidos como mutagênicos (COSTA; MENK, 2000).

Os ensaios com leveduras tem sido de grande utilidade na determinação de

agentes mutagênicos ambientais e farmacológicos, são ensaios econômicos,

reprodutíveis, simples e rápidos. A levedura possui também uma vantagem sobre os

ensaios bacterianos que é a presença de um sistema endógeno de ativação

metabólica, constituído por um complexo enzimático (citocromo P-450) e

detoxificação sem a necessidade de adição de sistemas endógenos (MARTINS,

2010).

A levedura utilizada no ensaio, o S. cerevisiae é um organismo unicelular que

apresenta ciclo eucariótico típico, notavelmente semelhante às células de mamíferos

no que refere-se às macromoléculas, organelas e proteínas com homologia a

proteínas humanas completo e bem definido. Possui vantagens como genoma

pequeno e crescimento rápido em condições adequadas, tornando-se uma

33

ferramenta importante nas pesquisas sobre mutagênese e reparo do DNA (COSTA;

FERREIRA, 2001; GASPARRI, 2005; MOURA, 2006).

Os experimentos mais comumente utilizados são os de mutações reversas.

Estes se baseiam na restauração ou compensação de um defeito gênico

responsável por um requerimento nutricional (ZIMMERMANN, 1975; GASPARRI,

2005). A restauração se deve a uma reversão exata do defeito original, enquanto

que a compensação pode ser devido a uma mutação secundária dentro do gene

(mutação supressora interna) ou por uma mutação externa, como no caso dos alelos

sem sentido (nonsense – mutação que resulta na alteração de um códon que

determina um aminoácido para um códon de terminação da síntese protéica)

(HAWTHORNE; LEOPOLD, 1974; ATKIN et al., 1993; GASPARRI, 2005).

A reversão de auxotrofia (micro-organismos mutante que tem necessidade de

fatores de crescimento) para prototrofia (micro-organismos que não necessitam de

fatores de crescimento) pode ser causada por uma substituição, inserção ou deleção

de pares de bases, ou ainda uma mutação induzida por supressor do gene mutante

original (HENRIQUES; VALSA; GOMES, 1987; GASPARRI, 2005). Para que seja

identificada a mutação reversa é necessária à utilização de uma linhagem com

alterações genéticas adequadas, como por exemplo, a linhagem haplóide de S.

cerevisiae XV185-14c, isolada por Von Borstel. Esta linhagem permite a detecção de

dois tipos de mutações lócus específico: reversões do alelo ocre lis1-1 (alteração no

códon UAA de término de cadeia) ou do alelo missense his1-7 (códon alterado

codifica um aminoácido diferente), e reversões por deslocamento do quadro de

leitura do DNA (frameshift) verificadas no lócus hom3-10. As células revertentes

podem ser detectadas pela semeadura em placas contendo meio seletivo no qual o

fator de crescimento inicialmente requerido não está presente, ou está em

quantidades muito pequenas, permitindo um background de crescimento (PARRY;

PARRY, 1984; GASPARRI, 2005).

Os resultados dos testes de mutagencicidade representam grande

importância no desenvolvimento de novos fármacos, pois a legislação prevê que

para as indústrias farmacêuticas obterem um novo registro de medicamento, é

obrigatória a apresentação de requisitos de segurança, envolvendo entre outros

ensaios toxicológicos aqueles referentes a mutagenicidade in vitro e in vivo (NUNES,

2008).

34

3.3.4 Teste do micronúcleo

O micronúcleo (MN) é definido como uma pequena massa nuclear delimitada

por membrana e separada por núcleo principal, eles são formados, na telófase

durante a divisão celular (Figura 4), quando nesta fase o envelope celular é

reconstituído ao redor dos cromossomos das células filhas. São constituídos por

fragmentos cromossômicos acêntricos ou cromossomos inteiros que são perdidos

durante a divisão nuclear e por isso foram excluídos do núcleo principal das células

filhas (SALVADORI; RIBEIRO; FENECH, 2003).

Os MN podem ser formados pela interação de agentes químicos, físicos e

biológicos com estruturas não genômicas, que promovem distúrbios na maquinária

mitótica e falha na segregação de cromossomos. A ação dos agentes pode originar

os micronúcleos, um ou vários por células (FENECH, 2000; SOUZA; FONTANELLI,

1998).

Figura 4: Processo de formação de micronúcleo na divisão celular

Os micronúcleos são encontrados em uma grande variedade de células da

medula óssea: mieloblastos, mielócitos, eritrócitos. Contudo, eles são principalmente

observados nos eritrócitos policromáticos. As células policromáticas têm um curso

mais vantajoso para este teste. Poucas horas após as últimas mitoses, os

eritroblastos expelem seus núcleos. Por razões desconhecidas, os micronúcleos

mantêm-se dentro deles, e são fáceis de serem detectados. Durante um período de

24 horas os eritrócitos jovens têm uma coloração diferenciada de outras formas. A

cor desses então chamados “eritrócitos policromáticos” é azulada (LEDEBUR;

SCHMID, 1973). Os eritrócitos jovens (policromáticos) coram em azul-acinzentado

35

basofílico com Giemsa, porque ainda não perderam seus ribossomos, que perduram

aproximadamente 24 horas após a enucleação. Após a dissolução dos ribossomos,

a célula madura (normocromática) cora em laranja-rosa acidófilo (HEDDLE et al.,

1983).

Agentes que quebram cromossomos (clastrogênicos), ou interferem no fuso e

migração das cromossomal (aneugênicos), induzem ao aparecimento de

micronúcleos. Uma elevada frequência de células micronucleadas sugere que um

desses tipos de aberrações ocorreu. Quando a frequência de células

micronucleadas não é elevada, pode-se concluir que os tipos de aberrações acima

descritos não ocorreram nos eritroblastos, em divisão, da medula óssea, sob as

condições de tratamento utilizados no teste (MACGREGOR et al., 1987).

O teste de micronúcleo é um teste amplamente utilizado para o

monitoramento de danos mutagênicos em populações expostas a substâncias

mutagênicas e carcinogênicas. A frequência de MN observada em determinado

momento pode ser considerada uma resposta complexa entre a atividade

mutagênica e a eficiência do mecanismo fisiológico de defesa do organismo do teste

(MERSCH; BEAUVAIS, 1997).

36

4 MATERIAL E MÉTODO

4.1 Material Vegetal

As partes aéreas (caules e folhas) das espécies abaixo relacionadas foram

coletadas no município de Blumenau, rua Belo Horizonte, bairro Glória, no Estado de

Santa Catarina, no período de julho de 2008. A exsicata das espécies coletadas

encontram-se depositadas em Herbários conforme abaixo ou estão ainda em fase de

identificação botânica.

A Piper aduncum foi classificada pela Prof. Cynthia Hering-Rinnert

(Universidade de Joinville - UNIVILLE). Uma amostra da espécie foi depositada no

Herbário da UNIVILLE com o código HJOI 9768.

A Piper cernuum Vell. var. cernuum foi classificada pelo Prof. Oscar Benigno

Iza (Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI). Uma amostra da espécie foi

depositada no Herbário da UNIVALI com o código Nicolau 613.

A Piper amplum Kunth foi classificada pelo Prof. Oscar B. Isa (Universidade

do Vale do Itajaí - UNIVALI). Uma amostra da espécie foi depositada no Herbário da

Univali com o código LR 719.

As espécies de Piper denominadas Piper 4 e Piper 5 estão em fase de

identificação.

4.2 Extratos e Substâncias

As partes aéreas das espécies das P. amplum, P. cernuum e Piper 4 e 5 foram

secas, pulverizadas e extraídas por maceração exaustiva com etanol a temperatura

ambiente, por 7 dias. Para cada 1 grama de planta utilizou-se 10 mL de solvente. Os

extratos obtidos foram concentrados a pressão reduzida em evaporador rotatório à

temperatura máxima de 50 0C para a eliminação do solvente.

As partes aéreas da P. aduncum foram secas, pulverizadas e extraídas por

maceração exaustiva com etanol, a temperatura ambiente, por 7 dias. O extrato

obtido foi concentrado a pressão reduzida em evaporador rotatório à temperatura

máxima de 50 0C. O extrato etanólico foi submetido a cromatografia em coluna de

sílica gel, com hexano, acetato de etila e metanol com aumento gradativo da

polaridade pela mistura dos referidos eluentes. Foram coletadas frações, que foram

37

monitoradas por Cromatografia de Camada Delgada (CCD) e reunidas conforme

semelhança do perfil cromatográfico apresentado.

Foram isoladas cinco substâncias denominadas de acordo com a sequência de

eluição como segue: Na fase móvel de hexano-acetato de etila 96:4 isolou-se a

substância denominada C1 40-48 (3-(1’-oxo-3’-metil-2’-butenil)-4-hidroxibenzoato de

metila, também conhecido como taboganato de metila, já na fase móvel de hexano-

acetato de etila 85:15 foi isolado a substância C1 105-108 (éster metílico do ácido

2,2-dimetil-6-carboxicroman-4-ona), na fase móvel de hexano-acetato de etila 75:25

foram isoladas as substâncias C1 117-125 (3-(1’-oxo-3’-metil-2’-butenil)-4-

metoxibenzoato de metila) e C1 136-140 (2’,6’-diidroxi-4’-metoxi-dihidrochalcona).

Os procedimentos foram executados pelos alunos do Curso de Farmácia da

UNIVALI, Fernanda Sobreiro de Andrade e Vinícius Borges Blödorn, na monografia

de conclusão de Curso, sob a orientação da Prof. Ângela Malheiros. As estruturas

das substâncias isoladas podem ser visualizadas na Tabela 2.

Neste trabalho foram utilizadas as seguintes denominações para facilitar o

entendimento:

C1 40-48 (3-(1’-oxo-3’-metil-2’-butenil)-4-hidroxibenzoato de metila): Taboganato de

Metila.

C1 105-108 (éster metílico do ácido 2,2-dimetil-6-carboxicroman-4-ona): Cromanona

C1 117-125 (3-(1’-oxo-3’-metil-2’-butenil)-4-metoxibenzoato de metila): Metóxi-

Taboganato de metila

C1 136-140 (2’,6’-diidroxi-4’-metoxi-dihidrochalcona): Myrigalona G

38

Tabela 2: Estruturas das substâncias isoladas da P. aduncum

Substância Estrutura

Taboganato de Metila

Cromanona

Metóxi-Taboganato de metila

Myrigalona G

4.3 Material Microbiológico

Os micro–organismos utilizados como cepas padrões para a realização dos

ensaios de atividade antimicrobiana foram as bactérias: Bacillus subtilis (ATCC

2385), Escherichia coli (ATCC 11775), Staphylococcus aureus (ATCC 6538P),

Staphylococcus saprophyticus (ATCC 35552), Streptococcus pyogenes (ATCC

19615), Staphylococcus epidermides (ATCC 12228), Enterobacter aerogenes (ATCC

13048), Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883), Proteus mirabilis (25933), e os fungos

OH

CH3O OH

O

O O

OH

O

O

O O

O

O O

O

O

39

leveduriformes: Candida albicans (ATCC10231), C. krusei (ATCC 6258), C.

parapsilosis (ATCC 22019), Saccharomyces cerevisiae (ATCC 9763).

As bactérias mantidas em ágar nutriente e os fungos (leveduras) em ágar

Sabouraud dextrosado, conservadas sob refrigeração (4 ºC) no Laboratório de

Pesquisa em Microbiologia do Curso de Farmácia da UNIVALI, sendo repicadas em

intervalos de 15 a 30 dias para manter as colônias viáveis.

4.4 Preparo dos inóculos

4.4.1 Bactérias

Cada bactéria foi transferida do meio de manutenção para o meio ágar

Mueller-Hinton e incubada a 37 ºC por 18-24 horas, para a ativação da respectiva

cultura.

Para o preparo do inóculo foi selecionado de 4 a 5 colônias da bactéria

ativada em ágar Mueller – Hinton, foram transferidas para tubo de ensaio com 5 mL

de solução de NaCl 0,86% estéril, seguido de homogeneização em agitador de tubos

por 15 segundos. A densidade do inóculo foi ajustada por espectrofotometria a 520

nm, por comparação com a escala de McFarland (CLSI, 2009).

O inóculo final foi obtido pela diluição da suspensão das respectivas culturas

bacterianas, obtendo-se concentração de aproximadamente 1,5 x 106 células/mL

para o método de diluição em ágar. Foi inoculado em cada frasco (meio) uma alça

calibrada de 1 μL (1-5 x 105 células) (CLSI, 2009).

4.4.2 Fungos

Cada levedura foi cultivada em ágar Sabouraud dextrosado, pelo menos duas

vezes, para assegurar a viabilidade das culturas jovens de 24 e 48 horas a 37 ºC.

Para o preparo do inóculo foram selecionadas 5 colônias de leveduras, com

aproximadamente 1mm diâmetro, as quais foram suspensas em 5 mL de NaCl

0,85% estéril e homogeneizadas em agitador de tubos por 15 segundos. A

densidade do inóculo foi ajustada por espectrofotometria a 520 nm para a obtenção

de transmitância equivalente a 95%, obtendo-se uma concentração final entre 1,5 x

40

106 células/mL. Foi inoculado em cada frasco (meio) uma alça calibrada de 1 μL (1-5

x 105 células), como descrito por Espinel-Ingroff e Pfaller (1995).

4.5 Bioautografia

Para o direcionamento das pesquisas na localização dos componentes com

potencial antimicrobiano da planta em estudo foi realizado o ensaio de bioautografia.

As amostras testes (extratos e substâncias isoladas) foram dissolvidas em

solvente apropriado e aplicadas em placas de cromatografia em camada delgada

(CCD) (Sílica Gel 60) e em seguida, as placas foram submetidas a eluição em

diferentes solventes para a escolha daquele com a melhor resolução. Após a eluição

e eliminação dos resíduos de solventes foi distribuída uma fina camada de meio de

cultura contendo inóculos de micro-organismo susceptível (106 células/mL) sobre as

placas de CCD e em seguida, estas foram incubadas a 37 ºC por 18 a 24 horas.

Para facilitar a leitura dos resultados, após o período de incubação, foi

borrifado nas placas uma solução aquosa de cloreto 2,3,5 trifenil tetrazólico (TTC)

(20 mg/mL) e estas novamente incubadas a 37 ºC por mais 4 horas.

O critério empregado para a interpretação dos resultados de bioautografia foi

o aparecimento de zonas claras em torno dos compostos isolados na CCD,

indicando a respectiva atividade antimicrobiana (RAHALISON et al., 1994).

4.6 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

O método consiste em preparar diluições sucessivas da amostra a ser testada

(extrato, fração ou composto), em meios de cultura sólidos ou líquidos, semear a

bactéria ou fungo em estudo, e após incubação, verificar a menor concentração da

amostra que inibiu o crescimento do microorganismo utilizado no ensaio.

Os valores da CIM foram determinados através da diluição dos componentes

obtidos das diferentes espécies de Piper em ágar empregando a metodologia

descrita por CLSI (2009) com modificações. Os extratos e substâncias isoladas

foram dissolvidos em solução de dimetisulfóxido (DMSO) e água destilada (4:6),

foram adicionados em séries de 10 frascos com capacidade para 5 mL em diferentes

concentrações (1 a 10 μg/mL, 10 a 100 μg/mL ou de 100 a 1000 μg/mL). Em

seguida, a cada frasco foi adicionado 1mL de meio agar Mueller-Hinton para as

41

bactérias e 1mL de ágar Sabouraud dextrosado para as leveduras e fungos

filamentosos, seguido de imediata homogeneização da mistura. Após a solidificação

dos respectivos meios de cultura, os micro-organismos, previamente ativados, foram

inoculados nas séries correspondentes, sendo então incubados a 37 ºC por 18 a 24

horas para as bactérias, 37 ºC por 24 a 48 horas para os fungos leveduriformes e a

temperatura ambiente (25 ºC) por 5 a 15 dias para os fungos filamentosos (Figura 5).

Após esse período de incubação, foram realizadas leituras da CIM através da

verificação visual do crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados foi

considerada CIM a inibição total do crescimento microbiano.

Durante os testes foram utilizados controles, como os meios de cultura e

solvente utilizado na solubilização do extrato e substâncias, a fim de verificar seu

efeito sobre o micro-organismo. A concentração final de DMSO nos ensaios não

excedeu 2%. A leitura dos resultados foi considerada válida somente quando houve

crescimento microbiano nos controles. Os ensaios foram repetidos três vezes.

Figura 5: Processo de avaliação da atividade antimicrobiana

4.7 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) e Fungicida

Mínima (CFM)

Para determinar a concentração bactericida mínima ou fungicida mínima

foram selecionadas as culturas que apresentaram inibição do desenvolvimento

bacteriano ou fúngico no ensaio de CIM, sendo realizadas suas respectivas

42

subculturas em meio ágar Mueller – Hinton para as bactérias e ágar Sabourand

dextrosado para os fungos leveduriformes, incubadas a 37 ºC por 18 a 24 horas para

as bactérias e 24 a 48 horas para os fungos leveduriformes. Após a incubação as

culturas foram inspecionadas para a verificação visual do crescimento microbiano.

Para a interpretação dos resultados foi considerado que a inibição no ensaio

de CIM e crescimento de micro – organismo na subcultura (CBM ou CFM) significa

ação bacteriostática ou fungicida e a ausência do crescimento na subcultura significa

ação bactericida ou fungicida (BARON; FINEGOLD, 1990).

4.8 Ensaio de citotoxicidade com Artemia salina

O ensaio de citotoxicidade do extrato e substâncias das diferentes espécies

de Piper foi realizado conforme o método descrito por Meyer et al. (1982) utilizando

o microcrustácio Artemia salina Leach.

Os componentes das diferentes espécies de Piper foram dissolvidos em

solução de DMSO e água marinha sintética (solução de cloreto de sódio 3,8%).

Ovos de Artemia salina, adquiridos comercialmente, foram colocados em um

becker contendo água marinha sintética com pH entre 8 e 9, e incubados em banho-

maria entre 20 e 25 ºC, por 48 horas para eclodirem. Após este período, em

microplacas (2000 μL) foram preparadas diferentes concentrações do extrato,

frações e substâncias, que variam de 2 a 1000 μg/mL e a cada uma delas foram

adicionadas entre 6 e 12 larvas do microcrustácio, seguido de nova incubação em

banho-maria (20 a 25 ºC) por 24 horas.

Após este período, o número de microcrustáceos vivos e mortos em cada

diluição (concentração) foi contado, com auxílio de um microscópio binocular E Lentz

Wetzlar (10x). O ensaio foi realizado em triplicata. Como controle negativo foi

utilizado 2000 μL de água marinha. Foram acrescentados controles como o solvente

utilizado para a dissolução das amostras.

A leitura dos resultados foi validada somente quando no controle negativo

houve a sobrevivência de todos os indivíduos.

Para o calculo final de CL50 e seu respectivo intervalo de confiança de 95%

utilizou-se o método de Próbitos de análise. Os extratos e substâncias isoladas

foram considerados citotóxicos quando o nível de toxicidade frente a Artemia salina

foi menor que 1000 μg/mL.

43

4.9 Ensaio de toxicidade aguda in vivo

4.9.1 Animais

Este ensaio foi realizado no Laboratório de Farmacologia in vitro com

orientação do Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas. Foram utilizados ratos Wistar adultos

(de 2 a 3 meses de idade), fêmeas (peso médio no início do experimento: 250 g)

obtidos no Biotério Central da Universidade do Vale do Itajaí. Os animais foram

mantidos em gaiolas, com livre acesso à água e comida, numa sala com

temperatura controlada, em torno de 24 ºC, e ciclo claro/escuro natural (12 horas de

claridade a partir das 5:30 h). Todos os experimentos foram aprovados pelo Comitê

de Ética numero 002/10 em Pesquisa com Animais da UNIVALI.

4.9.2 Ensaio toxicológico dose - fixa

O extratos de Piper, foram administrados, por via oral, a um grupo de 3

animais (3 fêmeas) em jejum por 12 horas, na dose de 2000 mg/kg, num volume de

2,6 mL/kg. O grupo controle (1 fêmea) recebeu o mesmo volume de salina. Após a

administração, durante as primeiras 12 horas, nos períodos de 15, 30 e 60 minutos e

a cada 4 horas foram observados sinais tóxicos de caráter geral, sendo avaliados os

seguintes parâmetros: atividade geral, frêmito vocal, irritabilidade, resposta ao toque,

aperto da cauda, contorção, trem posterior, tônus corporal, força de agarrar, ataxia,

tremores convulsões, estimulações, cauda em Straub, hipnose, anestesia,

lacrimação, ptoses, micção, defecação, piloereção, respiração, cianose. Os animais

foram observados uma vez ao dia ate o 14º dia. No ultimo dia os animais foram

pesados para observar a variação de peso, foi contabilizado o número de mortes e

todos os animais sobreviventes foram eutanasiados e autopsiados, sendo

observadas as características macroscópicas dos pulmões, rins, intestinos, fígado,

gônadas e coração.

4.9.3 Análise histológica

Os ensaios histológicos foram realizados no Laboratório de Pesquisas e

Técnicas Histológicas do Curso de Odontologia da UNIVALI, orientados pelo Prof.

44

Dr. David Rivero Tamis. Os ratos foram sacrificados em câmara de CO2,

posteriormente foi realizada uma laparotomia. Os tecidos aparentemente alterados

foram retirados, lavados em salina, cortados (2-4 mm) e fixados em formaldeído 10%

por 24 horas.

4.9.3.1 Desidratação

A desidratação foi realizada de modo progressivo em ciclos, sendo iniciada

com álcool etílico 70% por 4 horas, álcool etílico 80% por mais 4 horas e para

finalizar 3 ciclos de 4 horas com álcool etílico 100%.

4.9.3.2 Clareamento, Fixação e Coloração

As peças foram embebidas em xilol durante 1 hora, após esse processo foi

realizada a fixação que consiste em três banhos com parafina, de 1 hora cada, em

estufa a 60 ºC. Sendo assim realizada a inclusão das peças em blocos de parafina e

feitos os cortes de aproximadamente 7 µm de espessura, posteriormente foram

fixados em lâminas histológicas e coradas com hematoxilina/eosina para posterior

observação em microscópio óptico Olympus, 400x.

4.10 Ensaio com Saccharomyces cerevisiae

Para o ensaio de mutagenicidade utilizou-se Saccharomyces cerevisiae a

linhagem haplóide XV-185-14c. O crescimento das células foi feito em meio líquido

completo (YEL) contendo 1% de extrato de levedura, 2% de bactopeptona e 2% de

glicose. Para determinação do número de células viáveis, ou seja, unidades

formadoras de colônias, foram feitas semeaduras em meio YEPD (Extrato de

Levedura, Peptona e Dextrose) solidificado com 2% de bacto-ágar, marca Vetec

(AUSUBEL; BRENT; KINGSTON, 1989).

Para todos os tratamentos, as células foram ressuspendidas e diluídas em

PBS (tampão salina fosfato-Na2HPO4 10 mM, KH2PO4 1,76 mM, KCl 2,7 mM e NaCl

137 mM; pH 7,4). Neste teste foi empregado o Meio Sintético suplementado (SC-

45

histidina, SC-lisina e SC-homoserina), nos quais os aminoácidos foram omitidos,

conforme descrito por Ausubel e colaboradores (1989).

Em frasco de Erlenmeyer contendo 20 mL de YEL foi inoculada uma colônia

isolada dessa linhagem e colocada para crescer em shaker (incubadora com

agitação orbital – LABLINE), à 180 rpm e 30oC, durante 24 horas, para atingir a fase

estacionária. As culturas assim mantidas atingiam uma concentração de 1 a 2 x108

células/mL. Duas diluições foram feitas e as células foram então contadas em

câmara de Neubauer no microscópio óptico. Posteriormente, 5 mL desta suspensão

foi passada para um tubo Falcon de 10 mL e centrifugada por 5 minutos a 5000 rpm.

Após esta centrifugação, desprezou-se o sobrenadante e adicionou-se uma

quantidade de PBS calculada para atingir a concentração de 1x 109 células/mL.

Da suspensão final, utilizou-se 100 μL para cada tratamento (25; 62,25; 125;

250 e 500 μg/mL) dos extratos. As células foram tratadas por 1hora à 30 oC, sob

agitação à 800 rpm. Determinou-se a sobrevivência através de semeadura em meio

mínimo completo (SC). Para cada tubo de tratamento foram feitas cinco diluições, a

concentração do tubo de onde foram retirados os volumes para a semeadura

equivalente a 1 x 103 células/mL, as placas foram colocadas em estufa na ausência

de luz a 30 oC por 5 dias. Para detecção de mutação induzida (revertentes das

marcas auxotróficas his1-7 lis1-1 hom3-10) as células foram semeadas em meio

mínimo seletivo na concentração de 1 x 108 células/mL nas mesmas condições de

incubação (Figura 6). Como controle positivo foi utilizado o composto

nitroquinoleína-1-óxido (4-NQO 5 µM) (Sigma). O teste foi feito em duplicata.

46

Figura 6: Esquema da metodologia do ensaio de mutagenicidade com Sacharomyces cerevisae

Fonte: GASPARRI, 2005

4.11 ENSAIO DO MICRONÚCLEO IN VIVO

4.11.1 Obtenção das células de medula

Este ensaio foi realizado no Laboratório de Farmacologia in vitro com

orientação do Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas. As células foram obtidas da medula

dos ratos, que foram sacrificados por deslocamento cervical e após sofreram

vivisseção pra retira do fêmur mantendo as epífises preservadas. Após a extração,

as epífises foram removidas e o canal medular foi lavado três vezes com 1 mL de

soro fetal bovino gelado, coletando o material em tubo Epperdorf (Figura 7). O

material coletado foi submetido a centrifugação a 1000g durante 10 minutos para

formação do precipitado. O sobrenadante foi descartado e o precipitado foi re-

suspendido em 500 µL de soro fetal bovino. Após foi colocado o corante azul de

tripan a 4%. Desta suspensão foram realizados os esfregaços das células

(MAVOURNIN; BLAKEY; CIMINO, 1990). As lâminas foram fixadas utilizando 15 a

47

20 gotas de metanol PA por 2 minutos, escorrer o metanol e sem deixado secar, a

lâmina foi coberta com solução de Giemsa (5 mL), agindo por 10 minutos, lavada

com água 3 vezes e deixada secar na posição vertical (MAVOURNIN; BLAKEY;

CIMINO, 1990).

Extração das epífeses Lavado do canal medular

Figura 7: Esquema de obtenção das células para o teste de micronúcleo

4.11.2 Análise da lâmina de células de medula

Foram avaliados 1000 eventos por lâmina aonde foram observados, o número de

eritrócitos monocromáticos e policromáticos, a proporção entre estes, avaliação de

eritrócitos contendo micronúcleo, células mononucleares e células totais com

micronúcleo (MAVOURNIN; BLAKEY; CIMINO, 1990).

Os resultados foram analisados utilizando o teste de Dunnet e a quantidade

de micronúcleo elevada confirma mutagenicidade.

48

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Bioautografia

A bioautografia é um método utilizado para a localização de substâncias com

ação antimicrobiana em um cromatograma (CCD) tanto em uma mistura complexa

quanto em uma fração semi-purificada. Essa técnica permite o biodirecionamento da

pesquisa para o isolamento de substâncias ativas. O critério utilizado neste trabalho

para a interpretação dos resultados foi o aparecimento de zonas claras em torno dos

extratos ou compostos na CCD, indicando a respectiva atividade antimicrobiana

(RAHALISON et al., 1994).

Para a bioautografia, foram testados os extratos das 5 espécies de Piper e as

substâncias isoladas da P. aduncum, contra a bactéria S. aureus. Foi realizada

previamente uma triagem onde foi constatado que o S. aureus era sensível aos

extratos.

Para a resolução das placas cromatográficas, foram testados diversos

sistemas de solventes e entre aquele que demonstrou melhor resolução para a

realização do ensaio foi o Hexano:Acetato de Etila (70:30).

Na Figura 8 pode ser observada uma placa cromatográfica dos 5 extratos de

Piper com os pontos correspondentes aos extratos de P. cernuum (1), P. amplum (2),

Piper 4 (3), P. aduncum (4) e Piper 5 (5), revelada com luz Ultra Violeta (UV). Nesta

primeira placa pode-se perceber que o perfil cromatográfico dos extratos de P.

aduncum e Piper 5 é muito parecido, apresentando as mesmas substâncias com

diferença apenas em suas concentrações. Estas duas espécies são muito

semelhantes quanto a aspectos físicos, a principal diferença esta nas folhas, as da

P. aduncum são lisas enquanto que as da Piper 5 tem pêlos, provavelmente a Piper

5 deve ser uma subespécie da P. aduncum.

A Figura 9 mostra a mesma placa revelada para bioautografia, onde se pode

perceber inibição do crescimento de S. aureus, correspondente aos extratos de P.

cernuum no Rf= 0,30 e 0,74, P. amplum no Rf= 0,09, Piper 4 no Rf= 0,34, 0,41 e

0,45, P. aduncum no Rf= 0,14 e 0,53 e Piper 5 no Rf= 0,13 e 0,56 revelando que

estes extratos possuem substâncias em sua composição com atividade

antibacteriana.

49

Fig. 8: Placa de CCD revelada com UV sendo P.

cernuum (1), P. amplum (2), Piper 4 (3), P.

aduncum (4), Piper 5 (5).

Fig. 9: Placa bioautográfica revelada com

TTC, sendo P. cernuum (1), P. amplum (2),

Piper 4 (3), P. aduncum (4), Piper 5 (5).

Fig. 10: Placa de CCD revelada com UV sendo

P. aduncum (1), Taboganto de metila (2),

Cromanona (3), Metóxi-Taboganto de metila (4),

Myrigalona G (5).

Fig. 11: Placa bioautográfica revelada com

TTC sendo P. aduncum (1), Taboganto de

metila (2), Cromanona (3), Metóxi-Taboganto

de metila (4), Myrigalona G (5).

1 2 3 4

1

5

1

1 2 3 4

1

5

1

1 2 3 4

1

5

1 5

1 4

1

3 2 1

Rf- 0,74

Rf- 0,30

Rf- 0,09

Rf- 0,45 Rf- 0,41 Rf- 0,34

Rf- 0,53

Rf- 0,14

Rf- 0,56

Rf- 0.13

Rf- 0,68 Rf- 0,62

Rf- 0,41 Rf- 0,32

Rf- 0,62

Rf- 0,48 Rf- 0,40

Rf- 0,38

50

Devido à verificação da atividade antibacteriana da P. aduncum, foi realizada

a bioautografia utilizando seu extrato bruto e suas substâncias isoladas,

demonstrados na Figura 10 onde pode-se observar os pontos correspondentes a P.

aduncum (1), Taboganato de metila (2), Cromanona (3), Metóxi-taboganato de metia

(4) e Myrigalona G (5), revelados com UV, é possível perceber que as substâncias

possuem algumas impurezas porém em pequena concentração.

Na Figura 11 pode-se observar que houve formação de halo de inibição no

extrato bruto de P. aduncum nos Rfs= 0,32, 0,41, 0,62 e 0,68, todas as substâncias

testadas também apresentaram halos de inibição nos Rfs de 0,62 para o Taboganato

de metila, 0,48 para a Cromanona, 0,40 para o Metóxi-Taboganto de metila e 0,38

para Myrigalona G, tendo em vista que todos os extratos e substâncias

demonstraram atividade todos foram utilizados no experimento de atividade

antimicrobiana.

5.2 Atividade Antibacteriana

A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e concentração

bactericida mínima (CBM) dos extratos e substâncias isoladas das diferentes

espécies de Piper foi realizada através do método de diluição em ágar, como

descrito no 4.6 e 4.7.

Este método foi utilizado porque os extratos vegetais possuem componentes

com características polares e apolares, bem como, permite obter informações sobre

a concentração microbicida mínima através de subculturas da determinação da CIM

(BELLA CRUZ et al., 2009).

Para a realização do ensaio de determinação da CIM foram utilizados os

cinco extratos brutos de diferentes espécies de Piper e as quatro substâncias

isoladas da P. aduncum. Para a classificação da atividade podem ser utilizados

diversos critérios, dependendo do objetivo que se tem para o produto em análise.

Levando em consideração o objetivo do emprego clínico dos extratos e substâncias

isoladas, foram seguidos os critérios descritos por Tegos e colaboradores (2002) e

Holetz e colaboradores (2002), que classificam a atividade antimicrobiana como

ótima se a CIM for < 10 μg/mL, boa entre 10 e 100 μg/mL, moderada entre 100 e

500 μg/mL, fraca quando a CIM for entre 500 e 1000 μg/mL e inativo se for > 1000

μg/mL.

51

Inicialmente foi realizada uma triagem para verificar a possível ação

antimicrobiana dos extratos e substâncias contra um representante de bactérias

Gram-positivas (Staphylococcus aureus), bactéria Gram-negativa (Escherichia coli) e

de fungo leveduriforme (Candida albicans), até a concentração máxima de 1000

µg/mL.

Os resultados mostraram que entre os cinco extratos testados, o extrato da P.

cernuum e P. amplum não foram capazes de inibir os micro-organismos até a

concentração máxima testada (1000 µg/mL). O extrato de Piper 4 também não foi

ativo para E. coli e C. albicans porém apresentou atividade moderada para a

bactéria Gram-positiva com valor de CIM equivalente a 250 µg/mL. Com relação a P.

aduncum e a Piper 5 ambas não apresentaram atividade contra a bactéria Gram-

negativa (Escherichia coli), porém, sua atividade foi considerada boa contra

Staphylococcus aureus com valores de CIM de 31,25 e 125 µg/mL, respectivamente,

bem como foi verificada a atividade moderada contra o fungo leveduriforme

(Candida albicans), com CIM de 125 e 250 µg/mL, respectivamente (Tabela 3).

As substâncias isoladas da P. aduncum: Taboganato de metila, Cromanona,

Metóxi-taboganato de metila e Myrigalona G, também foram testados contra os

mesmos micro-organismos, porém não apresentaram atividade contra os mesmos,

apesar de seu extrato bruto ter apresentando um dos melhores resultados e das

substâncias terem se mostrado ativas na bioutografia. Três possibilidades podem ser

avaliadas: a primeira, devido a concentração, que no caso da bioautografia não pode

ser quantificada, provavelmente ultrapassando 1000 μg/mL. A outra explicação seria

a possibilidade de ter ocorrido um efeito de associação entre as substâncias

presentes no extrato (efeito somatório ou sinérgico), e consequentemente quando

isolados os mesmos apresentaram CIM superior ao limite máximo testado, e por fim

existe ainda a possibilidade de a substância mais ativa não ter sido isolada..

52

Tabela 3: Atividade antimicrobiana dos extratos e substâncias de Piper frente a três micro-organismos.

Componente Concentração inibitória mínima (µg/mL)

S. aureus E. coli C. albicans

P. cernuum >1000 >1000 >1000

P. amplum 1000 >1000 >1000

P. aduncum 31,25 >1000 125

Piper 4 250 >1000 >1000

Piper 5 125 >1000 250

Taboganto de Metila >1000 >1000 >1000

Cromanona >1000 > 1000 >1000

Metóxi-taboganato

de Metila

>1000 >1000 >1000

Myrigalona G >1000 >1000 >1000

Legenda: Staphylococcus aureus (S. aureus), Escherichia coli (E. coli), Candida albicans

(C. albicans).

As substâncias isoladas da P. aduncum: Taboganato de metila, Cromanona,

Metóxi-taboganato de metila e Myrigalona G, também foram testados contra os

mesmos micro-organismos, porém não apresentaram atividade contra os mesmos,

apesar de seu extrato bruto ter apresentando um dos melhores resultados e das

substâncias terem se mostrado ativas na bioutografia. Três possibilidades podem ser

avaliadas: a primeira, devido a concentração, que no caso da bioautografia não pode

ser quantificada, provavelmente ultrapassando 1000 μg/mL. A outra explicação seria

a possibilidade de ter ocorrido um efeito de associação entre as substâncias

presentes no extrato (efeito somatório ou sinérgico), e consequentemente quando

isolados os mesmos apresentaram CIM superior ao limite máximo testado, e por fim

existe ainda a possibildade de a substância mais ativa não ter sido isolada..

Após a realização da triagem, como descrito acima, os extratos foram

testados frente a outras bactérias Gram– negativas (Enterobacter aerogenes,

Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis), para confirmar a ausência de atividade

para este tipo de bactéria. Os resultados confirmaram a suspeita, todos

apresentaram CIM >1000 µg/mL.

53

A ausência da atividade contra as bactérias Gram-negativas seja dos extratos

ou substâncias pode ser explicada pela diferença de estrutura e organização entre o

envelope celular das bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. No caso das

bactérias Gram-positivas esse envelope é relativamente simples composto de uma

membrana citoplasmática e parede celular composta inteiramente por

peptideoglicano. Esta camada de peptideoglicano é composta por redes com vários

poros, os quais permitem com que moléculas estranhas entrem na célula sem

nenhuma dificuldade (KOLER; PECHERE; PLESIAT, 1999; BROOKS; BUTEL;

MORSE, 2005).

O envelope celular das bactérias Gram-negativas trata-se de uma estrutura

mais complexa que a outra classe de bactéria, constituído de múltiplas camadas,

uma membrana citoplasmática, a parede celular que é composta por uma fina

camada de peptideoglicanos e envolvida por uma membrana externa seguida de

uma camada de lipopolissacarídeo (LPS), constituída por lipoproteínas e

fosfolipídeos, além disso as bactérias Gram-negativas ainda possuem o espaço

periplasmático (entre a membrana externa e o citoplasma), que pode conter enzimas

capazes de inativar alguns compostos com ação antimicrobiana (BROOKS; BUTEL;

MORSE, 2005).

Como foi observado na triagem que os extratos e substâncias apresentaram

atividade contra S. aureus, posteriormente foram testados contra outras bactérias

Gram-positivas (S. pyogenes, S. epidermides, B. subtilis, S. saprophyticus) os dados

estão apresentados na Tabela 4. Com relação a P. cernuum, assim como aconteceu

na triagem, não foi verificada atividade contra as bactérias testadas.

O extrato da P. amplum apresentou atividade somente frente a cepa do B.

subtilis, já os extratos da P. aduncum, Piper 4 e Piper 5 apresentaram os melhores

resultados, sendo ativos para todas bactérias testadas com exceção da Piper 4 para

S. pyogenes. Considerando que os melhores resultados foram da P. aduncum para

S. aureus e B. subtilis com valor de CIM de 31,25 µg/mL e 62,5 µg/mL

respectivamente, a Piper 5 também apresentou CIM de 62,5 µg/mL para B. subtilis,

isso mostra a semelhança fitoquímica entre elas, porém a concentração deve ser

diferente pois para outras bactérias testadas a CIM teve diferença de valores. As

substâncias isoladas novamente não apresentaram atividade.

O S. aureus é um dos patógenos hospitalares mais importantes e mais

disseminados, representando a terceira causa mais comum de infecções

54

sanguíneas; se houver disseminação de S. aureus, o quadro infeccioso pode evoluir

para endocardite, osteomielite, hematogênica aguda, meningite ou infecções

pulmonares (BROOKS; BUTEL; MORSE, 2005).

Outro resultado importante foram os resultados de CIM do extrato da Piper 4 e

da P. aduncum contra a cepa de S. epidermides, os valores de CIM foram de 250 e

125 µg/mL, respectivamente, um resultado interessante tendo em vista que o S.

epidermides é um membro da flora normal da pele humana, vias respiratórias e trato

gastrointestinal, porém pode causar infecções em próteses ortopédicas ou

cardiovasculares, e também causar doenças em pacientes imunodeprimidos., além

disso o S. epidermides é mais frequentemente resistente a antimicrobianos que o S.

aureus (BROOKS; BUTEL; MORSE, 2005).

Apesar do Bacillus subtilis não ser uma bactéria patogênica este micro-

organismo geralmente é utilizado para testes de substâncias ativas devido a sua

morfologia servindo de modelo para outros bacilos (KALEMBA; KUNICKA, 2003).

O extrato de P. aduncum foi o que apresentou os melhores resultados de

atividade antimicrobiana contra as bactérias testadas, essa espécie vegetal é

conhecida por apresentar em sua composição diversas classes de compostos que

são conhecidas por apresentarem atividade antimicrobiana, dentre elas podemos

destacar os alcalóides, cumarinas flavonóides, terpenos e os ácidos benzóicos,

porém as substâncias isoladas por Andrade e Blödorn (2010) e testadas neste

trabalho não são as principais responsáveis pela atividade apresentada. (SALEEM et

al., 2010, PARK et al., 2001).

Estudos realizados por Kokoska e colaboradores (2005) e Lago e

colaboradores (2009), também descrevem a atividade da P. aduncum para B. subtilis

e S. aureus, além da bactéria Micrococcus luteus.

Constatin e colaboradores (2001) e Zaidan e colaboradores (2005) relatam

que o óleo essencial da P. cernuum possui atividade frente a S. aureus e C. albicans,

o que não ocorreu no presente estudo provavelmente devido à concentração, tendo

em vista que foi testado o extrato bruto. No mesmo estudo o óleo foi testado contra

uma cepa de bactéria Gram-negativa (P. aeroginosa) e não houve atividade.

Existem diversos estudos de atividade antibacteriana realizados com

espécies da família Piperaceae. Pessini et al. (2003), testou o extrato de P. regnellii e

suas frações, frente duas bactérias Gram-negativas (E. coli, P. aeruginosa) e duas

Gram-positivas. Como no presente estudo, não foi observado atividade frente as

55

bactérias Gram-negativas e as frações demonstraram boa atividade frente as cepas

Gram-positivas S. aureus e B. subtilis.

Campos et al. (2005) testou P. solmsianum, revelando que seu extrato bruto

possui ótima atividade contra as bactérias Gram-positivas (Bacillus cereus,

Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Streptococcus agalactiae) e

também não foi verificada atividade contra as bactérias Gram-negativas.

Após a determinação da concentração inibitória mínima foi realizado o ensaio

da concentração bactericida mínima (CBM), que é a mínima concentração de uma

determinada substância necessária para a inviabilização dos micro-organismos e

não apenas a inibição do seu crescimento. A ação bactericida difere da

bacteriostática por ser irreversível, isto é, o micro-organismo inviabilizado não pode

mais se reproduzir, mesmo após a remoção do contato com o agente.

Para o ensaio da concentração bactericida mínima foram utilizados apenas os

extratos com atividade antibacteriana. Os extratos que apresentaram atividade

bactericida foram o da P. aduncum e da Piper 5 com CBM de 62,5 µg/mL contra o B.

subtilis, e o extrato da Piper 4 com CBM de 500 µg/mL contra o S. aureus (Tabela 4).

Uma substância com ação bactericida pode ser muito proveitosa no caso de

pacientes imunodeprimidos, levando em consideração que o paciente muitas vezes

não possui imunidade suficiente para atuar contra os micro-organismos patogênicos

que não seriam totalmente eliminados por antimicrobianos bacteriostáticos. Se a

substância no caso for específica para o micro-organismo patogênico, isso pode

tornar o tratamento ainda mais eficaz e preservar células saudáveis do hospedeiro

que poderiam ser atingidas durante o tratamento.

56

Tabela 4: Atividade antimicrobiana dos extratos e substâncias das 5 espécies de Piper frente à bactérias Gram - positivas

CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MINÍMA (CIM e CBM) Bactérias gram-positivas

S. pyogens S. epidermides B. subtilis S. Aureus S. saprophyticus CIM CBM CIM CBM CIM CBM CIM CBM CIM CBM

P. cernuum >1000 - >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

P. amplum >1000 - >1000 - 250 > 1000 1000 - >1000 -

P. aduncum 250 >1000 125 >1000 62,5 62,5 31,25 >1000 125 >1000

Piper 4 >1000 - 250 >1000 62,5 > 1000 250 500 500 >1000

Piper 5 500 >1000 500 >1000 62,5 62,5 125 1000 125 >1000

Taboganto de

metila

>1000 - >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Cromanona >1000 - 1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Metóxi-taboganto

de metila

>1000 - >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Myrigalona G >1000 - >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Legenda: Streptococcus pyogens (S. pyogens), Staphylococcus epidermides (S. epidemides), Bacilo subtilis (B. subtilis), Staphylococcus aureus (S. aureus), Staphylococcus saprophyticus (S. saprophyticus)

57

5.3 Atividade Antifúngica

Para avaliação da atividade antifúngica, empregou-se o método de diluição

em ágar e foram utilizados os fungos leveduriformes (C. albicans, C. krusei, C.

parapsilosis e S. cerevisae). Valores de CIM menores que 1000 μg/mL foram

considerados inativos.

Confirmando o resultado da triagem (Tabela 3) pode-se observar que os

extratos da P. cernum, P. amplum e Piper 4 não foram ativos contra nenhum dos

fungos testados. As substâncias isoladas da P. aduncum também não apresentaram

atividade.

Conforme pode ser observado na Tabela 5, dentre as 4 espécies de fungos

leveduriformes testados o extrato da P. aduncum apresentou os melhores

resultados, com CIM de 125 µg/mL para todos os fungos com exceção da C. krusei.

Ácidos benzóicos/cromenos com atividade antifúngica já foram identificados na

espécie de P. aduncum (KATO et al., 2004).

Tabela 5: Atividade antifúngica dos extratos e substâncias das 5 espécies de Piper

Componente Concentração Inibitória e fungicida mínima (CIM e CFM)

C. albicans C. krusei C. parapsilosis S. cerevisiae CIM CFM CIM CFM CIM CFM CIM CFM

P. cernuum >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

P. amplum >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

P. aduncum 125 125 >1000 - 125 >1000 125 >1000

Piper 4 >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Piper 5 250 500 >1000 - 250 >1000 >1000 -

Taboganto de

metila

>1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Cromanona >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Metóxi-

taboganto de

metila

>1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Myrigalona G >1000 - >1000 - >1000 - >1000 -

Legenda: Candida albicans (C. albicans), Candida Krusei (C. krusei), Candida parapsilosis

(C. parapsilosis), Sacharomyces cerevisiae (S. cerevisiae)

58

O extrato de Piper 5 demonstrou resultados significativos contra as cepas de

C. albicans e C. parapsilosis com resultados de CIM de 250 µg/mL frente as duas

leveduras.

O extrato da P. aduncum e da Piper 5 apresentaram também ótimos resultado

na atividade fungicida com resultado de CFM de 125 µg/mL e 500 µg/mL,

respectivamente frente à cepa de C. albicans.

Os resultados vão de encontro aos reportados por Schmit e RiffeI (2010), que

testaram os extratos de P. aduncum, P. amplum e P. cernuum e obtiveram CIM de

125 µg/mL frente a C. albicans para P. aduncum enquanto os outros dois extratos

não apresentaram atividade frente aos fungos testados.

De acordo com Navickiene e colaboradores (2006) e Lago e colaboradores

(2009) óleo essencial da P. aduncum possui atividade frente aos fungos

Cladosporium cladosporioides e C. sphaerospermum.

As infecções fúngicas invasivas permanecem como importante causa de

morbidade e mortalidade, em especial na população de pacientes gravemente

enfermos e os imunocomprometidos, tais como: pacientes com câncer,

politraumatizados, em uso de quimioterapia para tumores sólidos ou hematológicos,

Aids, entre outros. Estes pacientes estão sob risco especial de desenvolver

infecções oportunistas por leveduras em especial as do gênero Candida sp

(MORETTI, 2007).

As leveduras do gênero Candida têm sido consideradas entre os principais

agentes causadores de infecção sistêmica de origem hospitalar e representam o

principal fungo causador de infecção de corrente sanguínea. Apresentam uma taxa

de mortalidade geral em torno de 50% a 60%, com aumento do tempo de internação

para mais de 30 dias. Muitos estudos têm apontado as leveduras do gênero Candida

como sendo o quarto ou quinto micro-organismo mais frequentemente isolado em

hemoculturas (MORETTI, 2007).

5.4 Toxicidade em Artemia salina

O potencial de toxicidade dos extratos e compostos das espécies de Piper foi

determinado através do ensaio com Artemia salina, um ensaio que pode ser utilizado

para um monitoramento simples e rápido, avaliando a letalidade do extrato ou

substância em um organismo animal (LHULLIER; HORTA; FALKENBERG, 2006).

59

Considerando os critérios descritos por Meyer (1982), concentrações menores

que 1000 μg/mL apresentam algum grau de toxicidade, sendo assim todos os

extratos e substâncias testados podem ser considerados tóxicos. Porém Dolabela

(1997) utiliza intervalo de concentração para graduar a toxicidade onde um extrato

ou substância é considerada altamente tóxica quando a CL50 for menor que 80

μg/mL, moderadamente tóxica, quando os valores são entre 80 μg/mL e 250 μg/mL e

quando os valores forem acima de 250 μg/mL a substância é considerada com baixa

toxicidade ou não tóxica.

Os resultados da toxicidade dos extratos das cinco espécies de Piper e

substâncias isoladas da P. aduncum frente a Artemia salina são mostrados na

Tabela 6.

Tabela 6: Toxicidade dos extratos e substâncias frente a Artemia salina

Componente CL50 (μg/mL) Limite de Confiança

P. cernuum 166,3 131,2 – 201,4

P. amplum 81,9 54,9 – 108,9

P. aduncum 48,2 37,2 – 72,4

Piper 4 52,1 38,9 – 65,3

Piper 5 56,4 42,3 – 70,5

Taboganato de

metila

210, 5 164,2 – 256,9

Cromanona 127,7 87,3 – 168,1

Metóxi-taboganto

de metila

45,7 42,4 – 77,8

Myrigalona G 611,3 408,7 – 814,0

A concentração letal média (CL50) variou entre 45,7 e 611,3 μg/mL.

Considerando o critério empregado por Dolabela (1997) apenas a Myrigalona G foi

considerada de baixa toxicidade, enquanto todos os outros extratos e substâncias

estão classificados com moderadamente tóxicos ou altamente tóxicos.

Dentre os extratos, o da P. aduncum, Piper 4 e Piper 5 foram considerados

altamente tóxicos com resultados de 48,2, 52,1 e 56,4 μg/mL respectivamente.

Devido à similaridade fitoquímica entre os extratos da P. aduncum e Piper 5 pode-se

dizer que as substâncias responsáveis pelo potencial tóxico provavelmente estão

60

presentes em maior concentração no extrato de P. aducum, uma vez que esta

apresentou maior grau de toxicidade.

Uma das substâncias isoladas que pode estar contribuindo para alta

toxicidade apresentada pela P. aduncum é o Metóxi-Taboganto de metila. Ainda em

relação a esta substância não foram encontrados registros na literatura, ou seja,

trata-se de uma substância inédita.

O ensaio com Artemia salina tem a capacidade de identificar atividade

anticancêr, porém é limitado em relação a capacidade de distinguir entre o potencial

forte, moderado ou fraco dos compostos. Entretanto o teste pode ser utilizado como

uma rápida triagem para detecção de potentes citotoxinas, porém para ensaios mais

específicos de atividade anticancerígena existe a necessidade de um ensaio contra

células cancerígenas humanas (COLEGATE; MOLYNEUX, 2008).

Dados experimentais mostram que existe uma importante correlação entre a

CL50 para Artemia salina e a Dose Efetiva média (DE50) obtida para linhagem de

células tumorais (MCLAUGHLIN, 1991). Portanto pode-se supor que os extratos da

P. aducum, Piper 4, Piper 5, e a substância Metóxi-taboganato de metila podem ser

bons protótipos para uma futura avaliação de suas propriedade antitumorais.

5.5 Toxicidade aguda

Levando em consideração o alto grau de citotoxicidade observado no teste da

Artemia salina in vitro foi realizado um teste in vivo de toxicidade aguda, com dose

única de 2000mg/kg em ratos. Os extratos utilizados foram o da P. aduncum, Piper 4

e Piper 5. Foram utilizados 5 animais em cada grupo de extrato e no grupo controle

salina.

Nas primeiras 4 horas pós-administração e nos 14 dias seguintes não foram

observados sinais físicos de toxicidade pelo teste hipocrático como irritabilidade,

resposta ao toque, contorção, alterações no trem posterior ou tônus corporal,

tremores, convulsões, Straub, hipnose, sinais de anestesia, aumento ou diminuição

de defecação ou micção, piloereção ou cianose.

No grupo da P. aduncum, os animais tiveram um aumento médio de 21,4%,

no grupo da Piper 4 o aumento médio de peso foi de 21,15% e os animais tratados

com a Piper 5 tiveram aumento médio de 23%. Esse aumento de peso também foi

61

observado no grupo tratado com salina que teve em média 19,5% de aumento de

peso, sendo assim considerado normal.

De acordo com a classificação da categoria GHS (Sistema de Classificação

Globalmente Harmonizado de Substâncias Químicas e Misturas), descrito na OECD/

OCDE 420 de 17 de dezembro de 2001, os extratos estão classificados na classe D

ou E que indica baixa toxicidade oral, pois na maior dose utilizada não houve morte

nos animais.

5.6 Análise histológica

Após a observação dos sinais físicos nos durante os 14 dias seguintes ao

tratamento, os animais foram sacrificados em câmara de CO2 e foi realizada uma

laparotomia, sendo observadas durante a necropsia possíveis alterações

morfológicas macroscópicas nos fígados dos animais, que foram então retirados

para a análise histológica.

O fígado sem alterações é composto por cordões de hepatócitos dispostos

radialmente nos lóbulos hepáticos; entre os cordões estão os capilares sinusóides,

cada lóbulo contém uma veia central e em cada canto deste se encontramos

espaços porta que são compostos por ramos da veia porta, artéria hepática e do

ducto biliar (DOMINGUES; TOLEDO; MORAES, 2009).

Com a análise microscópica das lâminas observada na Figura 12 ficou

evidenciado que não houve diferença entre as estruturas dos fígados dos ratos

tratados com os extratos em relação a salina, as estruturas morfológicas se

mantiveram preservadas indicando que não houve sinais tóxicos.

62

Figura 12: Cortes histológicos do fígado dos ratos tratados com P. aduncum (A), Piper 4 (B), Piper 5

(C) e salina (D), corados com hematoxilina/eosina e observados em microscópio Olympus em 400x.

5.7 Ensaio de mutagenicidade frente ao Saccharomyces cerevisiae

O teste frente a linhagem XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae foi

utilizado com o objetivo de avaliar a mutagenicidade (dano genético) dos extratos

dos cinco extratos de Piper.

Nas Tabelas 7, 8 e 9 pode-se observar que os cinco extratos testados não

apresentaram potencial mutagênico na concentração máxima de 500 μg/mL (p >

0,05) sobre a linhagem testada (XV 185-14c) mostrando que não há diferença

estatística entre as médias dos extratos e as do controle negativo.

Os testes de mutagênese tem sido utilizados como testes de triagem para

prever o potencial carcinogênico de substâncias, entretanto eles apenas avaliam as

substâncias que produzem câncer por mecanismos mutagênicos, isto é que

interagem diretamente com o material genético (OGA, 2003), sendo assim o

resultado negativo de mutagênese dos extratos frente ao S. cerevisae pode ser

63

considerado um indicativo de que estes extratos não possuem ação carcinogênica

porém outros testes visando a produção de câncer por mecanismos não

mutagênicos devem ser realizados para que este resultado seja comprovado.

64

Tabela 7 : Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae, após o tratamento com os extratos de P. amplum e P. cernuum .

Componente Tratamento (µg/mL)

Sobrevivência (%)

Revertentes his 1/108

sobreviventes a

Revertentes lys 1/108

sobreviventes b

Revertentes met 1/108

sobreviventes a

4 NQO 1 305,38% 179,0 ± 12,72c** 158,5 ± 72.83c** 106,0 ± 16,97c**

DMSO 0 100% 0,5 ± 0,7 0,5 ± 0,7 0,5 ± 0,7 25 86,82% 1,5 ± 0,7 2,0 ± 2,82 0,5 ± 0,7 62.5 55,68% 0,5 ± 0,7 1,0 ± 1,41 0,0 ± 0,0 P. amplum 125 34,13% 0,5 ± 0,7 2,5 ± 2,12 0,5 ± 0,7 250 14,9% 0,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 0,5 ± 0,7 500 10,17% 0,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 25 98,2% 1,5 ± 2,12 0,5 ± 0,7 1,0 ± 0,0 62.5 74,8% 0,5 ± 0,7 3,5 ± 4,94 0,5 ± 0,7 P. cernuum 125 59,3% 0,0 ± 0,0 1,0 ± 1,41 0,5 ± 0,7 250 27,5% 0,0 ± 0,0 1,0 ± 1,41 1,0 ± 1,41 500 4,2% 0,5 ± 0,7 1,0 ± 1,41 0,0 ± 0,0

Legendas: Nitroquinoleína-1-óxido (4 NQO 5µM – Controle positivo); Dimetilsulfóxido (DMSO – Controle negativo); a Revertentes lócus específicos;

b

Revertentes de lócus não – específico; c Significância e Desvio Padrão de dois experimentos independentes; Dados significativos em relação ao grupo

controle negativo (DMSO) *p<0.05; **p<0.01; ***p<0.001 no teste ANOVA (Dunnett´s Multiple Comparison Teste’).

65

Tabela 8 Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae, após o tratamento com os extratos de P. aduncum e Piper 4.

Componente Tratamento (µg/mL)

Sobrevivência (%)

Revertentes his 1/108

sobreviventes a

Revertentes lys 1/108

sobreviventes b

Revertentes met 1/108

sobreviventes a

4 NQO 1 177,5% 167,5 ± 31,81c** 144,5 ± 7,7c** 174,0 ± 1,41c**

DMSO 0 100% 5,5 ± 2,12 3,5 ± 0,7 1,0 ± 1,41 25 117,26% 4,5 ± 0,7 1,5 ± 0,7 0,5 ± 0,0 62.5 87,14% 3,0 ± 0,0 1,0 ± 1,41 1,0 ± 1,41 P. aduncum 125 73,09% 2,0 ± 0,0 1,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 250 42,2% 1,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 500 29,3% 0,0 ± 0,0 1,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 25 86,82% 3,0 ± 1,41 3,5 ± 2,12 0,5 ± 0,7 62.5 55,68% 2,0 ± 1,41 5,0 ± 1,41 0,5 ± 0,7 Piper 4 125 34,13% 0,5 ± 0,7 2,5 ±2,12 0,0 ± 0,0 250 14,9% 0,5 ± 0,7 0,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 500 10,17% 0,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0

Legendas: Nitroquinoleína-1-óxido (4 NQO 5µM – Controle positivo); Dimetilsulfóxido (DMSO – Controle negativo); a Revertentes lócus específicos;

b

Revertentes de lócus não – específico; c Significância e Desvio Padrão de dois experimentos independentes; Dados significativos em relação ao grupo

controle negativo (DMSO) *p<0.05; **p<0.01; ***p<0.001 no teste ANOVA (Dunnett´s Multiple Comparison Teste’).

66

Tabela 9: Indução de mutação pontual (his 1-7 e lis 1-1) e mutação por deslocamento do quadro de leitura ou frameshift (hom 3-10) na linhagem haplóide XV 185-14c de Saccharomyces cerevisiae, após o tratamento com o extrato de Piper 5.

Componente Tratamento (µg/Ml)

Sobrevivência (%)

Revertentes his 1/108

sobreviventes a

Revertentes lys 1/108

sobreviventes b

Revertentes met 1/108

sobreviventes a

4 NQO 1 369,5% 195,0 ± 7,07c** 182,0 ± 16.97c** 162,0 ± 16,97c**

DMSO 0 100% 3,0 ± 4,24 0,5 ± 0,7 1,0 ± 1,41 25 93,47% 5,0 ± 1,41 0,5 ± 0,7 1,5 ± 0,7 62.5 74,63% 3,5 ± 2,12 0,0 ± 0,0 1,0 ± 0,0 Piper 5 125 51,44% 3,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 250 40,5% 1,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 500 25,36% 0,5 ± 0,7 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0

Legendas: Nitroquinoleína-1-óxido (4 NQO 5µM – Controle positivo); Dimetilsulfóxido (DMSO – Controle negativo); a Revertentes lócus específicos;

b

Revertentes de lócus não – específico; c Significância e Desvio Padrão de dois experimentos independentes; Dados significativos em relação ao grupo

controle negativo (DMSO) *p<0.05; **p<0.01; ***p<0.001 no teste ANOVA (Dunnett´s Multiple Comparison Teste’).

67

5.8 Teste do Micronúcleo

Como citado anteriormente e previsto na RDC 90/2004 o teste de

genotoxicidade, deve incluir uma avaliação in vitro de reversão de mutação em

bactérias, e uma avaliação in vivo do dano de cromossoma de células

hematopoiéticas em roedores.

O teste dos micronúcleo foi realizado utilizando salina como controle negativo,

Metilmetanosulfonato (MMS) como controle positivo e os extratos da P. cernuum, P.

amplum, P. aduncum e Piper 5, os resultados estão demonstrados na Tabela 10.

A aplicação do Teste de Dunnet permitiu comparar as médias dos tratamentos

dos diferentes extratos com o tratamento feito com salina. Os resultados revelaram

que p<0,05 indicando que não houve significância na formação de micronúcleos.

Tabela 10: Indução de micronúcleo em roedores

Componente Erit. poli. (%) Frequência MN %

P. cernuum 47,2 ± 7,7 1,33 ± 0,57 (p< 0,05)

P. amplum 48,3 ± 6,6 1,66 ± 2,08 (p< 0,05)

P. aduncum 46 ± 7,6 2 ± 2 (p< 0,05)

Piper 5 42 ± 5,6 0,33 ± 0,57 (p< 0,05)

Salina 48,8 ± 3,2 0,33 ± 0,57 (p< 0,05)

MMS 30 10.02 ± 2.6 (p> 0,05)

Legenda: Erit. poli. (Eritrócitos policromáticos); Frequência MN ( Freqüência de Micronúcleo).

Levando em consideração os resultados obtidos nos teste realizados,

poderiam ser feitos mais estudos fitoquímicos com o extrato de P. aduncum, visando

à extração e identificação de outras substâncias, que possam ser responsáveis pela

atividade antimicrobiana presente no extrato bruto, poderiam ser feitos também teste

de sinergismo com as substâncias utilizadas neste trabalho.

Tendo em vista a alta citotoxicidade relatada nos extratos de P. aduncum, Piper

4 e 5, poderiam ser realizados testes utilizando estes extratos e substâncias em

ensaios contra células cancerígenas humanas.

68

6 CONCLUSÕES

No ensaio bioautográfico realizado contra S. aureus foram encontradas zonas de

inibição em compostos da P. amplum, P. cernuum, P. aduncum, Piper 4 e Piper 5,

bem como foram encontrados halos de inibição nas substâncias isoladas da P.

aduncum testadas (Taboganto de Metila, Cromanona, Metóxi-Taboganato de

metila e Myrigalona G), indicando que eles possuem atividade antibacteriana.

Os extratos da P. amplum, P. aduncum, Piper 4 e Piper 5, apresentaram atividade

significativa contra bactérias Gram-positivas , sendo os extratos de P. aduncum e

Piper 5 os que apresentaram os melhores resultados com concentração inibitória

mínima de 250, 500 µg/mL, respectivamente contra S. pyogens, 125 e 500 µg/mL

para S. epidermides, 62,5 µg/mL contra B. subtilis, 31,25 e 125 µg/mL contra S.

aureus e 125 µg/mL frente ao S. saprophyticus e concentração bactericida

mínima de 62,5 µg/mL para B. subtilis.

Os extratos de Piper não foram ativos contra as bactérias Gram-negativas

testadas.

O extrato de P. aduncum apresentou atividade significativa contra os fungos

leveduriformes Candida albicans e C. parapsilosis com CIM de 125 µg/mL, e o

extrato de Piper 5 apresentou CIM de 250 µg/mL para os mesmos fungos. Os

mesmos extratos apresentaram concentração fungicida mínima equivalente a

125 e 500 µg/mL, respectivamente, contra C.albicans.

Todos os extratos e substâncias testadas foram considerados citotóxicos frente a

Artemia salina com concentrações inferiores a 1000 µg/mL.

No teste de toxicidade aguda de dose fixa em ratos não foram observados sinais

físicos de toxicidade nem alterações histológicas nos fígados retirados dos

animais tratados com os extratos utilizados (P. aduncum, Piper 4 e 5).

69

No teste de mutagênicidade pode-se observar que nenhum dos extratos testados

foi capaz de induzir a mutagenicidade na linhagem XV 185-14c de

Saccharomyces cerevisiae até a dose máxima testada (500 µg/mL).

O ensaio do micronúcleo demonstrou que os extratos testados (P. cernuum, P.

amplum, P. aduncum e Piper 4), não foram capazes de induzir mutagenicidade

até a dose máxima testada

70

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8 ANEXOS