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Corpo editorial: Editora e redatora chefe - Fernanda Bulhões Arte e capa -Fernanda Bulhões, Bruno Camilo Diagramação - Bruno Camilo
Colaboradores: Bruno Camilo
Fernanda Bulhões
Luana Targino
Pedro Danilo
Paulo Henrique
Rosa Régis
REALIZAÇÃO:
Contato ou sugestões: http://www.jornaldoadoidecente.wordpress.com Blog://pibid-filosofia-ufrn.blogspot.com Email: [email protected]
Facebook: Pibid filosofia UFRN
Jornal do Adoidecente
O jornal do adolescente doido, porém decente!
3ª edição/Julho de 2012
Tema: Natureza e Cultura
Quem sou eu? Um produto da natureza (divina?)?
Ou da cultura (humana)?
Nós, animais racionais, somos naturalmente artificiais!!!
Você já parou para pensar que nós, da espécie
humana, por um lado, somos Natureza, por outro, Cultura? Pois é, temos, como as moedas, dois lados inseparáveis!
Por um lado, temos nossas determinações e limitações genéticas, biológicas, fisiológicas, que não podemos modificar. Por exemplo, precisamos de ar para respirar e precisamos respirar para viver. Assim como os peixes nasceram com guelras, nós nascemos com pulmões, por isso nosso lugar natural é a superfície da terra, enquanto o deles são as águas dos rios ou do mar. Por outro lado, temos uma inteligência altamente criativa e engenhosa capaz de produzir linguagem, conhecimento, cultura, sociedade. Diferente de todos os outros seres vivos, criamos artifícios que nos propiciam, além da sobrevivência, uma existência que se diferencia de todo o reino animal, vegetal e mineral.
Usando a cabeça para planejar e mãos para realizar, conseguimos transformar a realidade e a natureza à nossa volta, e, além disso, transformamos também a nossa própria natureza. Através de aviões e foguetes, navios e submarinos, conseguimos viver nos mares e nos ares. Eis aqui a nossa diferença específica: nós somos artistas por natureza, isto é, nascemos com a capacidade de criar artifícios. Por isso, podemos dizer que somos naturalmente artificiais!!! É... Somos, ao mesmo tempo, um lado e o outro. Se fôssemos moedas, de que tipo nós seríamos? De ouro, de prata, bronze, ferro, lata, plástico, borracha ou outro material digital-cibernético???
Fernanda Bulhões
Natureza e Humanidade
A Natureza é a mãe de todas as coisas: dos
animais, dos homens, das estrelas, dos
planetas, das partículas atômicas, das
forças naturais, enfim, de tudo o que existe.
De fato, tudo o que existe está dentro da
Natureza – a própria existência de algo
supõe um lugar e esse lugar é a Natureza.
Ela é senhora e nós criaturas que
dependem de seus recursos (ao menos no
começo) para conseguirmos existir e
reproduzir, mas será que tudo o que existe
pertence à Natureza? Será que existe
alguma coisa que não depende da Natureza
para existir?
Se um homem andar por uma floresta vai encontrar diversas coisas que
independem dos homens para existir como árvores, terra, animais, rios e etc.
Mas será que esse homem, enquanto estiver andando pela floresta, pode
encontrar um controle remoto de TV ou um computador? Se esse homem
encontrar tais objetos significa que anteriormente outro homem (ou outra
criatura inteligente) passou por lá, porque tais objetos não dependem da
natureza para existir, mas da vontade e inteligência dos
homens.
Nesse sentido, podemos falar da Natureza e da natureza
dos homens. Todos nós somos filhos da Natureza, o que
também nos torna parte dela. Mas se existem coisas na
Natureza que não dependem dela, exclusivamente, para
existir, como no caso das criações humanas, então
podemos dizer que os homens também têm certa
natureza, que é própria do homem e que o
diferencia dos outros animais e criaturas.
Há muito tempo que a Natureza deixou de
ser a grande senhora e mãe, passando a ser
recurso para que o homem possa modifica-la
e atingir seus interesses. Em certo sentido o
homem também se torna senhor. A natureza
humana consegue até modificar a própria
Natureza que antes era senhora. A natureza
dos homens, em uma época primitiva, se
adaptava a Natureza para que ele
conseguisse comandar a Natureza mãe. Qual
é a natureza dos homens? Se fizéssemos essa
pergunta na época em que o homem vivia
nas cavernas responderiam que é da
natureza dos homens depender dos frutos
que a senhora Natureza cria. Mas, se
fizermos essa pergunta hoje diríamos que a natureza dos homens é diferente da
sua natureza de antes, porque agora o homem adapta a Natureza as vontades
humanas, e se a Natureza não realizar suas vontades, então ele a modifica. Desde
que o homem passou a viver em sociedade, e
avançar no conhecimento tecnológico, ele já
não precisa mais depender da Natureza,
porque a própria natureza dos homens se
modificou; agora nós somos os senhores. Há
muito que a Natureza mãe deixou de ser a
grande senhora, porque com a interferência
do homem, ela agora não determina o poder
dos próprios homens. (Fonte de imagens: sófilosofia)
Bruno Camilo
Você sabia que o primeiro filósofo grego – Tales de Mileto (630 - 545 a. C) – ficou também conhecido como o primeiro físico por ter sido
pioneiro nos estudos sobre o universo em sua totalidade? Pois é. Ele foi o primeiro pensador a apresentar uma teoria não-religiosa sobre a origem do Universo. Em
vez de deuses, ele achava que todas as coisas da natureza tinham seu princípio (arché) na água. Depois de Tales veio Anaximandro de Mileto (610 — 547 a.C.), que foi o primeiro a conceber o Cosmo num espaço organizado geometricamente. Em sua cosmologia o planeta terra (em forma de cilindro) está no centro e em torno deste estão as órbitas dos planetas.
Anaximandro foi também o primeiro a desenhar um mapa da terra dividida em continentes e oceanos. Pois é, este filósofo, além destas grandes inovações, introduziu na Grécia o uso do relógio solar (gnômon) e foi, é claro, o segundo filósofo grego.
Outros dois grandes filósofos que também se destacaram com suas teorias físicas foram Demócrito (460 - 370 a. C) e Leucipo. Eles foram os primeiros a postular a existência de átomos. Isso mesmo! Para eles, todas as coisas que existem na Natureza são compostas por átomos (que significa não-divisível) e vazio.
Você sabia que depois de vários séculos, os cientistas modernos voltaram a desenvolver pesquisas com base nestes antigos filósofos? Incrível, não é?
Você sabia que depois dos pré-socráticos,
os filósofos chamados por Aristóteles (384-322
a.C) de físicos, vieram os sofistas e a questão
central da filosofia deixou de ser a Natureza
(physis) para ser o Homem e as suas Leis
(nómos). Em vez de físicos, os sofistas eram
pensadores da pólis, isto é, da cidade. Nesse
sentido, podemos dizer que os sofistas foram os
primeiros filósofos da Cultura.
Você sabia que hoje em dia a palavra “sofista” traz um sentido negativo que na época em que estes viveram não existia? Ao contrário, a palavra “sofista” significava sábio, pois vem de “sofia” que significa sabedoria. Pois é, os sofistas surgiram (sec. V e IV a. C.) quando a oratória (eloquência ao falar em público) e a retórica (arte de falar bem) eram essenciais na vida pública, pois aí vigorava a “democracia grega”, um sistema político no qual os cidadãos se reuniam em assembléias para debater, votar e decidir sobre as leis que regiam a cidade
(pólis). Por isso, num ambiente em que o domínio da palavra era fundamental, o sofista (com seu grande poder de persuasão através de seus belos e bem construídos discursos) era reconhecido e valorizado como um sábio que tinham muito que ensinar.
Aliás, você sabia que os sofistas inventaram a profissão de professor? Pois é. Eles foram os primeiros a ganhar dinheiro ensinando suas maravilhosas técnicas discursivas aos jovens que queriam entrar na vida pública. Os sofistas ganharam fama e dinheiro ensinando a arte de usar bem as palavras. Você não acha que os políticos atuais devem muito a eles???
Pedro Danilo
Fernanda Bulhões
O grande sofista Protágoras
Protágoras nasceu por volta de 481 a.C. em Abdera e ficou conhecido como o mais importante sofista de toda Grécia. Percorreu várias cidades gregas inclusive Atenas onde alcançou grande reconhecimento. Morreu provavelmente num naufrágio em 411 a.C a caminho da Sicília.
Para ele não havia um critério absoluto para classificar e distinguir o que poderia ser considerado verdadeiro e falso. A frase lapidar que sintetiza seu pensamento expressa bem isso: “o homem é a medida de todas as coisas, das que são por aquilo que são e das que não são por aquilo que não são”. Podemos entender com esta frase que, aos olhos de Protágoras, o homem, cada um em particular, é que dá sentido e valor à realidade. Isto é, as coisas são - ou não são - conforme o significado que cada um dá – ou não dá – a elas. Por exemplo, várias pessoas estão num lugar em que passa um forte vento. Este vento é frio ou quente? Depende de cada um, diria Protágoras. Se alguém estiver com febre, o vento será considerado muito frio, para outro, se tiver chegado de uma corrida, o vento lhe parecerá quente. Ou seja, a
medida do calor e do frio não está no vento. Está, sim, no homem que o sente.
Protágoras também ensinava a “tornar forte um argumento fraco”, demonstrando as técnicas necessárias para sustentar e levar à vitória uma determinada tese que, em determinadas circunstâncias, poderia ser considerada mais fraca na discussão, independente da questão tratada. Para ele não havia valores morais absolutos, existia algo que é conveniente, que é mais oportuno. A habilidade de prevalecer um ponto de vista
sobre outro oposto era uma competência muito requisitada pelos jovens da época, pois havia o desejo de fazer carreira nas assembleias e na vida pública.
Protágoras preocupou-se, portanto, com questões relacionadas à natureza humana e à retórica, diferenciando-se, assim, dos pré-socráticos, ocupados em desvendar os enigmas do universo.
Luana Targino
Paulo Henrique
Heráclito e Lulu Santos concordam: “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”
É interessante pensar
que um dos maiores filósofos gregos – que
viveu no século VI a. C – e um famoso músico carioca da atualidade
comungam da mesma idéia sobre o que é a
realidade: é movimento, é mudança, usando o termo filosófico, é puro devir.
Enquanto Heráclito, contemplando a natureza
(physis), dizia “não se pode entrar duas vezes no mesmo
rio, pois as águas são sempre outras”, Lulu, meditando sobre a vida, diz:
“a vida vem em ondas como
o mar num indo e vindo infinito”.
Realmente se prestarmos atenção em
nós mesmos, por exemplo, perceberemos que a cada instante nos transformamos. Nossas células, nossas sensações,
emoções e pensamentos estão em constante mutação. Como todos os
seres vivos, nós somos movimento. Por isso, a imagem das águas do rio tal como a imagem das ondas do mar são ótimas para ilustrar o vir-a-ser que
caracteriza a natureza e também a nossa existência.
“Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas como o mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo Agora Há tanta vida lá fora, aqui dentro Sempre como uma onda no mar Como uma onda no mar Como uma onda no mar” (Lulu Santos e Nelson Motta)
Como diz a música: não adianta fugir
nem mentir pra si mesmo, pois tudo passa, tudo sempre passará. Já que
somos incapazes de parar o eterno devir de todas as coisas e de nós mesmos, talvez, o melhor que temos
a fazer é, como diz Zeca Pagodinho, deixar a vida nos levar e agradecer
por tudo que Deus e/ou a Natureza nos dá.
Fernanda Bulhões
Filosofia e cordel
A NATUREZA E A CULTURA UNIDAS PELO SABER
O homem cria a cultura Com tudo que acumulou Das experiências tidas Que, na mente, armazenou.
E os outros animais Que só agem por instinto, Não lembram do que passou. Isto é verdade, não minto.
As experiências tidas Que ficam acumuladas São de grande utilidade Se são bem utilizadas. Sendo um ser racional E capaz de avaliar, O homem, logicamente, Julga seu próprio pensar. Projetando o seu futuro, Baseado no passado, Aonde causa e efeito Importam no resultado. Para “viajar” no tempo
Eu preciso da linguagem, É ela que faz que eu possa Enviar minha mensagem.
A palavra me faz poder Mostrar tudo à minha volta
E o que há dentro de mim. O que está preso, ela solta. O homem por criar símbolos Para se comunicar, É um animal diferente Dos que não sabem criar. O homem é um ser histórico Pois constrói a própria história, Diferente dos demais Animais, pois tem memória.
É criador de valores Onde o certo e o errado Conceitua e determina, Como algo idealizado. Os animais se misturam Com a própria natureza Vivendo no meio dela, O presente, com pureza.
O homem, o ser humano, Pelo trabalho transforma A natureza, criando O Saber de alguma forma. Nas ciências e nas artes, Religiões, coisa e tal, Acumula-se a cultura De uma forma magistral. E sendo a Filosofia Uma parte deste arsenal, Vem oferecer as bases
Pra cultura ocidental. Rosa Regis