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7/21/2019 Dossie Bodoquena Portugues Unesco
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O ALVORECER DA BIODIVERSIDADE
DOSSIÊ DE CANDIDATURA À REDE GLOBAL DE GEOPARQUES NACIONAIS SOB AUSPÍCIO DAORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E CULTURA/UNESCO
Corumbella werneri Cloudina
Estromatólitos
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GEOPARK BODOQUENA-PANTANAL
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL/CPRM - SGB
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL/IPHAN
DOSSIÊ DE CANDIDATURA À REDE GLOBAL DE GEOPARKS NACIONAIS SOB AUSPÍCIODA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E CULTURA/
UNESCO
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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva
Ministro da CulturaJuca Ferreira
Presidente do IPHANLuiz Fernando de Almeida
Superintendente do IPHAN em Mato Grosso do SulMaria Margareth Escobar Ribas Lima
Ministro das Relações ExterioresCelso Amorim
Ministro de Minas e EnergiaMárcio Zimmermann
Diretor- Presidente da CPRM-SGB Agamenon Dantas
Superintendente Regional da CPRM-SGB em SãoPauloJose Carlos Garcia Ferreira
Governor do Estado do Mato Grosso do Sul André Puccinelli
Diretora-Presidente da Fundação de Turismo doMato Grosso do SulNilde Clara de Souza Benites Brun
Chefe Executivo da Fundação de Cultura do MatoGrosso do Sul
Américo Calheiros
Secretário de Meio Ambiente, Cidades, Planejamentoe Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do SulCarlos Alberto Said Negreiros de Menezes
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SIGLAS DE ENTITIDADES CITADAS
BAETUR Associação das Agências de Ecoturismo de Bonito
ABH Associação Bonitense de Hotelaria
ACIB Associação Comercial e Industrial de Bonito
AGTB Associação de Guias de Turismo de Bonito
ANA Agência Nacional de Águas
ATRATUR Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região
COMTURConselho Municipal de Turismo de Bonito
CONAMAConselho Nacional de Meio Ambiente
CPRM/SGBCompanhia de Pesquisa de Recursos Minerais/ ServiçoGeológico do Brasil
CPRM/SGB-SPSuperintendência da CPRM-SGB em São Paulo
DNPMDepartamento Nacional de Produção Mineral
DNPM-23º/MS23º Distrito do DNPM - Mato Grosso do Sul
EMBRAPAEmpresa Brasileira de Produção Agropecuária
FCMSFundação de Cultura do Mato Grosso do Sul
FUNAIFundação Nacional do Índio
FUNDTURFundação de Turismo de Mato Grosso do Sul
IBAMAInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis
IBGE
Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística
ICMBioInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-versidade
IGC-USPInstituto de Geociências da Universidade de São Paulo
IHPACECAVCentro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cav-ernas
CMOComando Militar do Oeste/Exército Brasileiro
IHPInstituto Homem Pantaneiro
IMASULInstituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul
IPHANInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IPHAN/MSSuperintendência Estadual do IPHAN em Mato Grossodo Sul
SEBRAEServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas
SEMACSecretaria de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, doPlanejamento e da Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
do Sul
SIGEPComissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológi-cos
SISNAMASistema Nacional do Meio Ambiente
SOBRAMILSociedade Brasileira de Mineração
UFMSUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul
URCAUniversidade Regional do Cariri, Ceará
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ORGANIZAÇÃO DO DOSSIE
PRODUÇÃO E COORDENAÇÃOIPHAN / MS
TEXTOS:Fábio Guimarães Rolim - IPHAN / MS
Antonio Theodorovicz - CPRM / SGB-SP
FOTOGRAFIAS:
Coleção do IPHAN/MS
Coleção da CPRM/SGB-SP
Coleção do Museu de Arqueologia da UFMS
Studio Votupoca
Fabiano Lucas
Fábio Guimarães Rolim
Gabriela Ferrite
Haroldo Palo Jr.
Marcos Koara
Rafael M. Góes
Ricardo M. Rodrigues
Valdemir Cunha
MAPAS:
CPRM / SGB-SP
EDITORAÇÃO:
Marina das Graças Perin - CPRM / SGB-SP
Guilherme Redigolo Pereira Barreta - CPR/SGB-SP
COLABORAÇÃO TÉCNIC0-CIENTÍFICA
Alexandre Magno Feitosa Sales - Universidade Regional
do Cariri
André Luiz Herzog Cardoso – Universidade do estado do
Ceará
Ângela Maria de Godoy Theodorovicz - Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais - Serviço Geo-lógico do
Brasil / CPRM-SGB
Carlos Fernando de Moura Delphim - Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Carlos Schobbenhaus - Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais - Serviço Geológico do Brasil CPRM-
SGB
Detlef Hans-Gert Walde - Instituto de Geociências da
Universidade de BrasíliaÉleri Rafael Muniz Paulino - Fundação Neotrópica do
Brasil
Gero Hillmer - Universidade de Hamburgo
Gilson Rodolfo Martins - Museu de de Arqueologia / Uni-
versidade Federal do estado do Mato Grosso do Sul
Paulo César Boggiani - Instituto de Geociências da Uni-
versidade de São Paulo
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DOSSIÊ DE CANDIDATURA À REDE GLOBAL DE GEOPARKS NACIONAIS SOB AUSPÍCIO DAORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E CULTURA/UNESCO
ORGANISMOS E ENTIDADES OFICIAIS
Governo do Estado do Mato Grosso do Sul
Fundação de Turismo do Estado do Grosso do Sul / FUNDTUR
Secretaria de Meio Ambiente, Cidades, Planejamento e Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul/SEMAC
Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul/FCMS
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN – Superintendência em MS
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-Serviço Geológico do Brasil/CPRM-SGB
Departamento Nacional de Produção Mineral-23º Distrito/MS
Comando Militar do Oeste/CMO
Prefeitura do Município de Bela Vista
Prefeitura do Município de Bodoquena
Prefeitura do Município de Bonito
Prefeitura do Município de Caracol
Prefeitura do Município de Corumbá
Prefeitura do Município de Guia Lopes da Laguna
Prefeitura do Município de Jardim
Prefeitura do Município de Ladário
Prefeitura do Município de Miranda
Prefeitura do Município de Nioaque
Prefeitura do Município de Porto Murtinho
Outubro 2010
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APRESENTAÇÃO
Trate as pedras como se elas fossem plantas.Trate as ores como se elas fossem animais.Trate os bichos como se eles fossem gente.
Trate as pessoas como se elas fossem anjos.
Ditado tibetano
A todo texto com caráter de prefácio é permissível uma liberdade poética. Não haveria por que ser diferente com estetexto, que apresenta o dossiê de candidatura do Geopark Bodoquena-Pantanal à Rede Global de Geoparks Nacionaissob os auspícios da UNESCO e torna público seu conteúdo a respeito desta importantíssima região de Mato Grosso
do Sul e do Brasil.Pode-se identicar na evolução do Universo três milagres. O primeiro é o surgimento, em meio à indenição do caosprimordial, da matéria: nosso meio físico, o solo e a água, dos quais depende a existência de todos os seres vivos eque constituem o maior patrimônio de nosso planeta Terra. O segundo milagre é a eclosão da vida, que se mantéme é mantida pelo meio físico, pela matéria, dele integralmente dependente. O terceiro milagre é o surgimento do serhumano, criatura animada pela inteligência, pela consciência de si e pelo livre-arbítrio, a interagir - bem ou mal - comos frutos dos outros dois milagres. Aguarda-se um novo e denitivo milagre: o surgimento da Humanidade, categoria coletiva formada por seres dotadosnão apenas de inteligência como também da capacidade de amar e compreender ao próximo, a todos os seres vivose a Terra.O conceito de Patrimônio Cultural envolve de forma indissociável os três primeiros fatores, aqui chamados de mila-gres. A cada um corresponde uma visão, de acordo com a denição dos campos de atuação do conhecimento e da
preservação deste patrimônio (Geologia, Paleontologia, Biologia, Arqueologia, História etc), os quais em conjunto enfo-cam, valorizam e defendem a diversidade geológica, a diversidade biológica e a diversidade cultural. A preservação de um desses valores sem a preservação integrada e conjunta dos outros é insuciente para assegurarque o legado que nos cabe transmitir às gerações sucessivas seja feito em sua inteireza.Hoje o mundo assiste com perplexidade as crescentes mudanças climáticas, que colocam em risco a sobrevivênciada vida no planeta e evidenciam que de pouco vale assegurar a perpetuidade de um dos meios – físico, biológico eantrópico – enquanto os outros permanecerem ameaçados. Até o momento os complexos elementos componentes da serra da Bodoquena e do Pantanal têm se sustentado semconitos extremos, quadro que, entretanto, possui um alto potencial de mudança devido ao crescente incrementoeconômico e social desta região. Assim, as modalidades de uso não-predatórias destes recursos devem ser objetode fomento e proteção conexos às formas de uso e conhecimento que o homem sobre eles detém. Neste sentido, acriação de um Geopark é uma excelente oportunidade de se propiciar novos usos e conhecimentos; de criar horizontespara novas formas de saber e fazer; de gerar alternativas econômicas benécas ao homem, ao meio ambiente e à
cultura de Mato Grosso do Sul.Desta maneira acredita-se ser possível o amadurecimento desta visão integrada de uso e preservação – uma visão,quem sabe, um pouco mais próxima do que chamamos aqui de quarto milagre.
André Puccinelli, Governador do Estado de Mato Grosso do Sul
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INTRODUÇÃO
Geopark é uma marca atribuída pela UNESCO a umaárea onde ocorrem excepcionalidades geológicas quesão protegidas e aproveitadas como elementos indu-tores de educação ambiental e de desenvolvimentosustentável. Um Geopark deve ter limites bem deni-dos; envolver uma área sucientemente grande para
possibilitar o desenvolvimento sustentável; abarcar umdeterminado número de sítios geológicos de especialimportância cientíca, raridade ou beleza e deve terum papel ativo no processo de educação ambiental e,através do geoturismo, no desenvolvimento econômico. Aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos e cul-turais, também são componentes importantes. É, por-tanto, um conceito totalmente diferente dos Parquesdo Sistema Nacional de Unidades de Conservação -SNUC, uma vez que pressupõe o desenvolvimento sus-tentável, não envolve indenizações, não proíbe o uso eocupação, mas tem por objetivo discipliná-los de forma
a preservar o patrimônio geológico e, através do geotu-rismo e ecoturismo, ser um indutor de educação ambi-ental e de desenvolvimento sustentável.Quando a UNESCO reconhece tais características emdeterminada região lhe concede a marca de Geopark,e assim essa região passa a integrar a Rede Globalde Geoparks (Global Geoparks Network-GGN), a qual,num sistema de partilha, colaboração e orientação, bus-ca manter uma plataforma de ações visando à proteçãodo patrimônio geológico e o desenvolvimento susten-tável. A região da Serra da Bodoquena e Pantanal, além debelíssima do ponto vista siográco e envolver impor -
tantes e frágeis ecossistemas de grande interesse turís-tico, no seu substrato rochoso existem particularidadesgeológicas e paleontológicas que precisam ser preser-vadas, uma vez que são registros de fundamental im-portância para o entendimento da evolução da geologiae da vida na Terra, em escala global, além de outrasparticularidades que se encaixam perfeitamente nospressupostos de um Geopark da UNESCO, um con-ceito ainda pouco divulgado e conhecido no Brasil, masque pode vir a ser um importante indutor de desenvolvi-mento sustentável para muitas regiões, como no caso,da região da Chapada do Araripe, no Ceará, onde se
localiza o primeiro Geopark do Brasil e das Américas. A declaração da chancela de Geopark da GGN à regiãodo Araripe foi decisiva para a disseminação no Brasildeste conceito que une preservação, educação e de-senvolvimento. Indiretamente envolvido com os temasda geoconservação e do geoturismo desde a década de1990 - os quais, em certa medida, já se articulavam naserra da Bodoquena devido às atribuições dos órgãosde preservação e às vocações turísticas da área - o Es-tado de Mato Grosso do Sul acolheu a ideia com grandenaturalidade.No caso do estado de Mato Grosso do Sul, o conceitofoi apresentado pelo Instituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional (IPHAN), entidade de preservaçãofederal cuja superintendência cearense participara doprocesso do Geopark Araripe. A transmissão da ideiacomeçou pela região de Bonito-MS e as subsequentesdiscussões técnicas, ainda informais, já indicavam que
a interpretação geológica da área deveria incluir o Pan-tanal, estendendo-se até a região de Corumbá, comsuas grandes jazidas ferromanganesíferas e impor-tantes fósseis do nal do Pré-Cambriano.Isso se deu em meados de 2006, mas na prática, tra-balhos integrando os temas da Preservação, Educaçãoe Desenvolvimento já existiam desde alguns anos. Al-guns momentos importantes podem ser identicados:
- a sistematização do turismo na década de 1990 - basepara o aproveitamento ambientalmente responsávelque hoje caracteriza a região da serra da Bodoquenae o Pantanal;
- o primeiro curso de formação de guias de turismo emBonito, em 1993, projeto coordenado pelo geólogo eprofessor Paulo Boggiani do Instituto de Geociênciasda Universidade de São Paulo Paulo (IGC-USP), comparticipação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas (SEBRAE);
- o Plano de Manejo das Grutas do Lago Azul e deNossa Senhora Aparecida em 2002, o qual recebeu oPrêmio Rodrigo Melo Franco (a mais importante premi-ação em preservação do patrimônio cultural no Brasil)por sua importância para o ordenamento da visitação epara exemplo às demais cavernas brasileiras com po-tencial turístico;
- o Seminário Preservar é Bonito realizado em 2006pelo IPHAN/MS, em Bonito, com a participação detécnicos da Universidade Regional do Cariri (URCA),Ceará, dentre outros;
- o Seminário Paisagens Culturais e Geoparks, realizadopelo IPHAN/MS e pela Prefeitura de Bonito em 2007, queresultou na Carta das Paisagens Culturais e Geoparks,(v. Anexo nº. 01);
- estudos de identicação dos sítios históricos da Reti-rada da Laguna (Guerra do Paraguai, 1864-1870) emesforço conjunto entre IPHAN/MS, Fundação Estadualde Turismo (FUNDTUR) e Comando Militar do Oeste-Exército Brasileiro/CMO.
Em 2008, o IPHAN/MS trouxe ao Estado a consultoria do
geólogo e professor da URCA Alexandre Magno FeitosaSales para organizar relatório quanto à potencialidadeda serra da Bodoquena e Pantanal como Geopark. Esteprocesso integrou diversas entidades, como o IPHAN, oGoverno do Estado, o Instituto de Meio Ambiente de MatoGrosso do Sul (IMASUL), a FUNDTUR, prefeituras daregião e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-Serviço Geológico do Brasil (CPRM-SGB). Trabalhos decampo e reuniões com a participação conjunta de técnicose representantes de cada entidade se prolongaramdurante todo o ano com o objetivo de levantar informaçõese divulgar o conceito de Geopark.Em junho de 2008 ocorreu a 3ª. Conferência Interna-cional sobre Geoparks, em Osnabrück, Alemanha, àqual gestores e técnicos envolvidos com o projeto sul-matogrossense estiveram presentes. Na sequência,em novembro, foi realizada nova viagem de reconheci-mento e vericação dos pontos já levantados na região
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da serra da Bodoquena e Pantanal, na companhia dopaleontólogo e professor da Universidade de HamburgoGero Hillmer, do professor da Universidade de BrasíliaDetlef Walde e de Carlos Schobbenhaus, coordenadordo Projeto Geoparques da CPRM/SGB e, dentre outros.Nesse período o Governo do Estado colocou-se comoarticulador do projeto e em conjunto com o IPHAN/MS realizou o Workshop Geopark e Gestão, em junhode 2009, com o intuito de apresentar ocialmente a
proposta em nível estadual e discutir as possibilidadesde gerenciamento. Foi gerada uma carta de intenções(Recomendações de Campo Grande para a estruturaçãodo Geopark Bodoquena-Pantanal, v. Anexo nº. 02) queconsolidou um Grupo de Trabalho e um cronogramade ações para a denição do Geopark Estadual e oencaminhamento de sua candidatura à Rede Global deGeoparks.O projeto do Geopark Bodoquena-Pantanal foiapresentado no I Encontro Brasileiro de Geoparksrealizado no Crato, Ceará, em dezembro de 2009;naquele mesmo mês foi publicado pelo Governo de
Mato Grosso do Sul o Decreto Estadual nº. 12.897,de 22/12/2009 (v. Anexo nº. 03), que criou o GeoparkEstadual Bodoquena-Pantanal, instituindo sua área,geossítios e Conselho Gestor (entidade responsávelpor, daí em diante, articular as ações necessárias àimplementação do Geopark e o encaminhamento desua candidatura).Mais uma vez o projeto do Geopark Bodoquena-Pantanal foi trazido a público na II Mostra Nacional deDesenvolvimento Regional, promovida pelo Ministérioda Integração Nacional, na cidade de Florianópolis,Santa Catarina, em março de 2010.Como parte do desenvolvimento da área abrangida pelo
Geopark e da articulação de seus programas, o IPHAN/MS e a FUNDTUR vêm promovendo esforços junto aosmunicípios para a implementação de ações. Algumasdelas são a criação de um Roteiro Turístico Geo-Culturalem geossítios selecionados, com a capacitação dosguias de turismo já atuantes na região e a visitação porestudantes e universitários; e a construção de Centro deReferência em Geo-História na cidade de Bonito, a servirde equipamento-chave para a articulação de ações,guarda de acervos geológicos e paleontológicos daregião e unidade de cursos, seminários e capacitações.O presente dossiê é fruto deste processo de
trabalho e articulação institucional. Foi coordenadoe sistematizado pelo IPHAN/MS em parceria coma Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil CPRM/SGB e estrutura-se de acordo com as definições emanadas em abril de2010, no 2º Encontro de Membros da Rede Global deGeoaprques (2 nd Global Geoparks Network Members
Meeting), Langkawi, Malásia.Objeto de grande discussão foi a inclusão de sítios einformações não-geológicos. Neste sentido, a principalquestão referia-se à Retirada da Laguna, episódio domaior conito bélico da história do continente - a Guerraentre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (1864-1870),que marcou profundamente esta região. Outro pontoextenuante foi a denição das dimensões do Geopark,uma vez que os 39.000 km² da poligonal criada em2009 pelo decreto estadual pareciam excessivos emfunção das diretrizes da Rede Global de Geoparques.
Assim sendo, optou-se por reduzir as dimensões da po-ligonal da proposta enviada à UNESCO para cerca de20.000,00 km², área ainda muito grande, porém, justi-cável, pelo fato de que uma grande parte pertenceao Pantanal e os geossítios mais importantes para oentendimento da evolução geológica e de outros va-lores de excepcionalidade paisagística e biodiversi-dade, responsáveis por torná-la reconhecida em todo omundo, e sítios de grande signicado histórico/cultural,
distanciam-se bastante uns dos outros.Crucial para a denição da poligonal foi o fato de queo Geopark deva ter por objetivo nal as pessoas e quetanto mais sucesso terão suas ações quanto mais in-crementarem a compreensão do território e a noção depertencimento. Assim, a poligonal da área do Geoparkcriado pelo decreto estadual foi redesenhada, de modoa abarcar os aspectos essenciais ao entendimento dageologia, mantendo-se dois sítios extremamente sim-bólicos referentes à Guerra com o Paraguai como sí-tios não-geológicos do Geopark, os quais atuam comoreferência cultural associada àquele itinerário cultural;
quanto à poligonal estadual, caracterizou-se como en-torno, não excluindo, assim, as possibilidades integra-das de pesquisas, ações e programas.Resulta que, a m de atender à estrutura sistematiza-da na Malásia e ao mesmo tempo não deixar de ladoos aspectos imprescindíveis para a compreensão daevolução da área, o presente dossiê conta com seçõesdedicadas à Biodiversidade (o patrimônio natural e apaisagem) e à Diversidade Cultural (o patrimônio imate-rial, etnográco, arqueológico, histórico e arquitetônico,a paisagem cultural) e, em especial à geologia, quepossibilitou que esta seja uma região única em váriossentidos, e por isso, também merece cuidados espe-
ciais no processo de uso e ocupação, razão principal desolicitar junto à Unesco a chancela de Geopark, objetivodeste documento, e no qual apresenta-se uma síntesedas características que justicam a iniciativa, e cujo for -mato atende as diretrizes da Unesco.
ÍNDICE
SEÇÃO A - DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO
1. Nome
2. Situação geográca
3. Área, localização geográca e signicado cientícoe cultural
4. Organização responsável e estrutura de gestão
SEÇÃO B – DESCRIÇÃO CIENTÍFICA
1. Denição da Área Geográca
1.a Biodiversidade e Patrimônio Natural
1.b Arqueologia e Etno-História na região do Geopark
2. Descrição Geológica Geral
2.a Geologia Regional
2.b Geologia do Território do Geopark3. Lista, localização e descrição dos Geossítios
4. Detalhes de interesse dos geossítios
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SEÇÃO C - GEOCONSERVAÇÃO
1 . Pressão atual e potencial no território
2 . Proteção do território e estado atual de proteção dos
sítios3. Sítios geológicos e não-geológicos do Geopark Bodoquena-
Pantanal sob proteção no âmbito da legislação brasileira
4. Demais sítios, àreas de referências, reconhecidas e
em reconhecimento no Geopark e em seu entorno.
5. Dados sobre a gestão dos sítios
6. Referências e Patrimônio Cultural no Geopark e en-
torno
SEÇÃO D - ATIVIDADES ECONÔMICAS E PLANO DE
NEGÓCIOS.
1. Análise do potencial para turísmo cientíco
2. Visão geral do turismo ecológico, cientíco, cultural
e de eventos
3. Políticas de desenvolvimento do patrimônio geológico
4. Atividades educacionais e desenvolvimento sustentável5. Interesse para adesão à Rede Global de Geoparks6. Atividades econômicas7. Elementos humanos8. Infraestrutura existente9. Infraestrutura planejada
BIBLIOGRAFIA
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Figura 1
Estado de Mato Grosso do Sul (MS), regiões Oeste eSudeste.
Microrregiões geográcas abrangidas: Bodoquena; BaixoPantanal; Aquidauana.Municípios abrangidos - áreas parciais de 11 municípios(Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Corumbá, GuiaLopes da Laguna, Jardim, Ladário, Miranda, Nioaque e
Porto Murtinho)
SEÇÃO A - DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO
1. NOME
Geopark Bodoquena-Pantanal
2. LOCALIZAÇÃO
Brasil, Região Centro-Oeste.
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Figura 3
Figura 2 - Limite e lo-calização geográcado Geopark Estaduale da àrea proposta àUNESCO.
3. ÁREA, LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA ESIGNIFICADO CIENTÍFICO E CULTURAL
Área: 20.000 km²
Delimitação: delimitação do polígono
O Geopark Bodoquena-Pantanal delimita-se por uma
poligonal irregular disposta num sentido aproximado
sudeste-noroeste, abrangendo a serra da Bodoquena
e entorno imediato, bem como áreas do Pantanal do
Jacadigo-Nabileque e da região de Corumbá.
Os municípios abrangidos possuem uma população de
cerca de 265.000 habitantes.
Entorno: Geopark Estadual Bodoquena-Pantanal (39.000
km²; Decreto nº. 12.897, de 22/12/2009).
Signicado cientíco
• Paleontologia
• Evolução Tectônica
• Mineração e Mineralogia
• Espeleologia
• Estratigraa
• Geomorfologia
• Geologia Glacial
• Hidrogeologia
• Sedimentologia
Demais signicados: Sítios Históricos e Arqueológicos;
Antropologia, Etnograa e Etnologia; Fauna e Flora
preservadas; Biodiversidade associada à Paisagem
Natural e Cultural; Turismo Histórico, Cultural e Ecológico
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Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 8
Figura 9
Figura10
Figura 7 Figura 11
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4. ORGANIZAÇÃO RESPONSÁVEL E ESTRUTU-RA DE GESTÃO
A entidade com a atribuição de gerir e estruturar o Geopark
Bodoquena-Pantanal é a mesma responsável pelo Geopark
Estadual de mesmo nome e cuja área lhe serve de entorno - o
Conselho Gestor do Geopark Bodoquena-Pantanal, instituí-
do pelo Decreto nº. 12.897, de 22/12/2009. Sua atribuição de
articular seus programas e projetos com demais parceirosprivados e públicos nas esferas nacional, regional e local ede representar o Geopark. O Conselho Gestor é compostopor 20 entidades, sendo 13 Prefeituras e sete órgãos feder-
ais e estaduais. É vinculado um Comitê Técnico-Executivocom a função de garantir agilidade aos empreendimentos naárea, planejando, implementando e monitorando as açõesdo Geopark. Compõe-se pela presidência, vice-presidênciae três secretários do Conselho Gestor do Geopark Estad-ual, apoiados por um núcleo administrativo e nanceiro daFundação de Turismo de Mato Grosso do Sul. O desenvolvi-mento e a implementação de projetos pelo Comitê Técnico-Executivo é secundado, de acordo com a linha de ação e
a temática enfocada, por um Grupo Cientíco de colabo-radores de diversas áreas, como Geologia, Paleontologia,História e Arqueologia, Planejamento e Patrimônio Culturale Natural.
CONSELHO GESTOR DO GEOPARK ESTADUAL BODOQUENA-PANTANAL
Endereço : Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul/FUNDTUR, Avenida Afonso Pena, 7000 Portal Guarani,Parque Nações Indígenas
Campo Grande /MS Telefones: (+55 67) 3318 7617, 3318 7630
COMITE TÉCNICO-EXECUTIVO
Nome Instituição Cargo/FunçãoNilde Clara de Souza Benites Brun
Fundação de Turismo de MatoGrosso do Sul/FUNDTUR
Diretor Presidente
Maria Margareth Escobar Ribas LimaInstituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional/IPHAN em MatoGrosso do Sul
Superintendente
Flávia Neri de Moura Instituto do Meio Ambiente de MatoGrosso do Sul/IMASUL
Analista Ambiental
Geancalo Lima MerigueFundação de Turismo de Mato
Grosso do Sul/FUNDTUR Turismólogo
Fábio Guimarães RolimInstituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional/IPHAN em Mato
Grosso do Sul
Arquiteto e Urbanista
CONSELHO GESTOR DO GEOPARK ESTADUAL BODOQUENA-PANTANAL(DECRETO Nº. 12.897 – 22/12/2009)
MEMBROS CONDIÇÃO ATUAL
Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul/FUNDTUR Presidência e Secretaria
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN-MS Vice Presidência e Secretaria
Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul/IMASUL Secretaria
Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul/FCMS MembroCompanhia de Pesquisa de Recursos Minerais-Serviço Geológico do Brasil/
CPRM-SGBMembro
Departamento Nacional de Produção Mineral-23º Distrito/MS MembroComando Militar do Oeste/CMO Membro
Prefeitura do Município de Anastácio Membro
Prefeitura do Município de Aquidauana Membro
Prefeitura do Municipio de Bela Vista Membro
Prefeitura do Município de Bodoquena Membro
Prefeitura do Município de Bonito Membro
Prefeitura do Município de Caracol Membro
Prefeitura do Município de Corumbá Membro
Prefeitura do Município de Guia Lopes da Laguna Membro
Prefeitura do Município de Jardim MembroPrefeitura do Município de Ladário Membro
Prefeitura do Município de Miranda Membro
Prefeitura do Município de Nioaque Membro
Prefeitura do Município de Porto Murtinho Membro
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CONSELHO GESTOR DO GEOPARK
GRUPO CIENTÍFICOInstituição Representantes Área
Instituto de Geociências – Universidadede São Paulo
Paulo César Boggiani Geologia e Paleontologia
Universidade Regional do Cariri Alexandre Magno Feitosa Sales Geologia e Paleontologia
Universidade Federal de Mato Grossodo Sul
Edna Maria Facincani Geograa e Geologia
Museu de Arqueologia da UniversidadeFederal de Mato Grosso do Sul Gilson Rodolfo Martins História e Arqueologia
Universidade de Brasília Detlef Hans-Gert Walde Geologia e Paleontologia
Companhia de Pesquisa de RecursosMinerais-Serviço Geológico do Brasil
Antonio Theodorovicz Geologia
Universidade Estadual do Ceará André Luiz Herzog Cardoso Químico
Universidade Estadual de Mato Grossodo Sul
Afrânio Soriano José Soares Planejamento e Gestão Ambiental
Universidade Federal de Mato Grossodo Sul
Beatriz dos Santos Landa História e Arqueologia
Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional
Carlos Fernando de Moura Delphim Paisagem Cultural
Fundação de Turismo de Mato Grossodo Sul
Geancarlo Lima Merigue Turismo
Instituto do Meio Ambiente de MatoGrosso do Sul
Flávia Neri de Moura Turismo
SEÇÃO B – DESCRIÇÃO CIENTÍFICA
1. DEFINIÇÃO DA ÁREA GEOGRÁFICA
Como sua denominação já indica, duas regiões correla-cionadas e de características próprias denem geomorfo-logicamente o Geopark Bodoquena-Pantanal: o planalto,ou serra, da Bodoquena; e a planície pantaneira. A serra da Bodoquena distingue-se por seu alinhamento
sul-norte, de aproximadamente 200 km de extensão e 50km de largura; dene-se a leste pela depressão do rio Mi-randa, que a separa do planalto de Maracaju, e a oestepelas feições cársticas de relevo que beiram o Pantanal.O relevo cárstico é o elemento marcante da serra da
Bodoquena (Figura 12). Seu substrato de rochas carbo-náticas é responsável pela ocorrência de inúmeras caver-nas, dolinas, ressurgências e sumidouros, dentre outrasfeições, além de promover uma extrema limpidez dos cur-sos d’água que nela têm suas nascentes.
Nas áreas menos elevadas predominam formações desavanas e nas de maior elevação, cerrados e ores-tas deciduais e semideciduais. Parte expressiva de suacobertura orestal se manteve conservada em razão das
diculdades oferecidas pelo meio ao cultivo sistemático eem larga escala. Dada a importância desta área orestadapara a manutenção das condições hidrológicas e bióticasda serra, foi criado em 2000 o Parque Nacional da Serrada Bodoquena, com 76.481 hectares - até o momento, a
Figura 12 - Vista de parte da serra da Bodoquena (Estúdio Votupoca)
COMITÊ TÉCNICO-EXECUTIVO GRUPO CIENTÍFICO
NÚCLEO ADMINISTRATIVO-FINANCEIRODA FUNDAÇÃO DE TURISMO DE MS
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Estado são o Taquari, o Negro, o Aquidauana, o Miranda,o Apa, o Nabileque e o Aquidaban (estes dois últimos ver-tendo da borda oeste da serra da Bodoquena). Na serrada Bodoquena, os principais rios são o Sucuri, o do Peixe,o Formoso; o Formosinho, que possui duas ressurgên-cias; o Perdido, assim batizado pelo imaginário popularpor percorrer trecho subterrâneo antes de lançar-se naplanície; e o Salobra, que percorre cânion no Parque Na-cional e cujo nome deriva do gosto salobro de suas águas
carbonatadas.O clima da região da Bodoquena e Pantanal (Figura 13)é marcado por verões chuvosos e invernos secos, coma média termométrica variando de 23° a 26º; contudo,trata-se de região de grandes amplitudes térmicas, po-dendo facilmente ser vericadas no Pantanal tempe-raturas próximas a 0º C até superiores a 40 º C, nummesmo ano.
Figure 13 - Variação Mesoclimática
1a - BIODIVERSIDADE E PATRIMÔNIO NATURAL
Em toda a bacia hidrográca do Alto Paraguai (em que seinsere o Geopark) a combinação entre o solo e o clima fa-voreceu o desenvolvimento de vários tipos de vegetação,como oresta estacional e cerrado, além de um mosaicode ambientes na planície pantaneira e bosques chaquen-hos. Devido a esta grande diversidade de tosionomias,localizadas numa zona de transição entre a Mata Atlântica,Cerrado, Pantanal e Chaco, a região possui uma enormevariedade de espécies de fauna e ora (Figuras 14 a18).Diferentes estudos descrevem 656 espécies de aves, 95espécies de mamíferos, 40 espécies de anfíbios anuros,162 espécies de répteis, 264 espécies de peixes e 3.400espécies de plantas.
A serra da Bodoquena situa-se em área de prioridadeextremamente alta no Mapa das Áreas Prioritárias paraa Conservação, Utilização Sustentável e Repartição deBenefícios da Biodiversidade Brasileira (Ministério doMeio Ambiente, 2002 e 2007) e é também zona núcleodas Reservas da Biosfera do Pantanal e da Mata Atlân-tica, atuando como importante elo entre os biomas Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal. Estudos realizados noProjeto de Ecodesenvolvimento do Entorno do ParqueNacional da Serra da Bodoquena identicaram 51 espé-cies de mamíferos, 245 de aves, 25 de anfíbios e 20 derépteis. Estudos mais recentes ampliaram este conheci-
mento para 38 espécies de anfíbios, 25 de répteis, 353espécies de aves, 61 espécies de mamíferos terrestres,27 espécies de morcegos e cerca de 1500 espécies deplantas terrestres e aquáticas.Na planície pantaneira pode ser encontrada uma alta diver-sidade de ambientes, incluindo os terrestres (cordilheirase capões), semi-aquáticos (campos inundáveis, orestasinundáveis, baías, lagoas e corixos intermitentes) e aquáti-cos (baías e lagoas perenes, meandros abandonados e ca-nais de conexão). Abriga números impressionantes de es-pécies de plantas (mais de 1.700 identicadas), de peixes(mais de 400), de mamíferos (80 espécies), de borboletas(mais de 1.100) e de aves (463 espécies). Por apresentarvariações climáticas do sub-úmido ao semi-árido, podemser encontradas inclusive espécies orísticas da Caatinga – típico bioma do interior do Nordeste brasileiro, a regiãomais seca do país.
única unidade de conservação federal em Mato Grossodo Sul (e o último remanescente no interior do Brasil daoresta estacional Mata Atlântica, bioma típico da zonacosteira do país).O Pantanal, a maior superfície sazonalmente inundáveldo planeta, congura-se, juntamente com o Chaco, comogrande depressão a separar, no centro do continente sul-americano, o Planalto Brasileiro dos altiplanos andinos.3/4 do Pantanal estão localizados no Estado de Mato
Grosso do Sul, espraiando-se ainda pelo vizinho seten-trional Mato Grosso e por porções menores na Bolívia eParaguai. A rigor, Pantanal é uma terminologia genérica a reunir dis-tintas categorias de áreas úmidas (de 12 a 14, a dependerda metodologia empregada), cada qual com diferenciadasdinâmicas hidrológicas, biológicas e paisagísticas. A regiãomantém-se em seu processo de rebaixamento, dado o con-tínuo soerguimento dos Andes; devido à sua condição deplanície aluvionar, seus uxos hidrológicos mais depositamque escavam, determinando um milenar e gradativo pro-cesso de salinização do solo. Se tal característica torna o
Pantanal impróprio à agricultura, por outro lado conforma umambiente de grande atração à biodiversidade, notadamenteà criação de animais – denotando o perl histórico da ocu-pação econômica da planície pela pecuária e a origem dosingular modo de vida pantaneiro.Na região compreendida pelo Geopark situam-se as prin-cipais feições a se destacarem dos relevos contínuos epouco acidentados de Mato Grosso do Sul. Uma delas é aprópria serra da Bodoquena, que se eleva em suaves ram-pas a partir da planície do rio Miranda e, a oeste, venceem escarpas abruptas os cerca de 400 metros de desnívelentre suas cotas máximas e o Pantanal do Nabileque, si-tuado numa cota média de 100 metros de altitude; outra é
o Maciço do Urucum (Figura 13), na região de Corumbá,que em plena planície pantaneira eleva-se notavelmentea mais de 1.000 metros de altitude, carregando em seuinterior umas das maiores jazidas de manganês e minériode ferro do mundo (razão de ser de seu nome, termo indí-gena referente à tonalidade avermelhada).Tanto a Bodoquena como o Pantanal se inserem na baciahidrográca do rio Paraguai. Os principais rios da bacia no
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A fauna do Pantanal é extremamente dependente das regiõesadjacentes, pois seus deslocamentos são fortemente inuen-ciados pelas oscilações climático-hidrológicas (períodos desecas e de cheias). Tais uxos são anuais e proporcionam aformação de ambientes que garantem a alta biodiversidade emantêm os processos ecológicos de toda a região.O Pantanal foi declarado Patrimônio da Humanidade pelaUNESCO (na categoria Patrimônio Natural) e PatrimônioNacional pela Constituição Brasileira; abriga sítios de re-
levante importância internacional pela Convenção Ramsar
de Áreas Úmidas e contempla, ainda, áreas da Reservada Biosfera declaradas pela UNESCO em 2000.Nas imediações do Geopark existem também o ParqueEstadual do Rio Negro (abrangendo áreas municipais de Aquidauana e Corumbá), o Parque Municipal de Pirapu-tangas (Aquidauana), os Monumentos Naturais da Grutado Lago Azul e do Rio Formoso (Bonito), três Áreas dePreservação Ambiental (APA) e dezesseis Reservas Par-ticulares de Patrimônio Natural (RPPN). É, portanto, um
ecossistema especial em vários sentidos.
Figura 14
Figura 16
Figura 15
Figura 17
Figura 18
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1b. ARQUEOLOGIA NA REGIÃO DO GEOPARK
Dos 417 sítios arqueológicos no território do GeoparkBodoquena-Pantanal até o momento inscritos no CadastroNacional dos Sítios Arqueológicos, 333 localizam-se nomunicípio de Corumbá. Esta informação, no entanto,é reveladora apenas da quantidade de pesquisas jáempreendidas em cada região e não da real existênciade sítios arqueológicos, tampouco da comprovação da
ocupação humana pretérita no Estado. Todo o Mato Grossodo Sul possui até o presente momento 617 sítios cadastrados.Sabe-se que a ocupação humana do Pantanal ocorreu commigrações oriundas das regiões adjacentes do Planaltode Maracaju, do Chaco, do sul amazônico, do PlanaltoChiquitano e do Cerrado Brasileiro (não sendo descabidaa hipótese de movimentos migratórios com origem andina),num contexto de acesso uvial pelos rios Paraguai, Guaporé,Jauru, Sepotuba, Cuiabá, Vermelho, Taquari, Aquidauana,Miranda e Apa. Até agora, a datação mais antiga no Pantanal remonta a8.200 anos, num sítio arqueológico com sepultamentos de
caçadores/coletores/pescadores pré-indígenas, na áreaurbana de Ladário (a datação mais antiga do Estado foiregistrada em sua região nordeste com o sítio Alto Sucuriú 4,de 11.250-11.050 anos).É provável, contudo, que no Pantanal existam sítios maisantigos que o de Ladário, podendo ultrapassar 10.000 anose avançar no Pleistoceno. Fato estimulante para tanto éo resultado de pesquisas em andamento no município deJangada, no oeste mato-grossense, por pesquisadoresfranco-brasileiros do Museu Nacional de História Naturalda França e do Museu de Arqueologia e Etnologia daUniversidade de São Paulo/MAE-USP. Estes estudosapresentaram datações arqueológicas superiores a 20.000
anos.Segundo os resultados, entre a datação de 8.200 anos emLadário e outras na mesma região há um período de 3.800a 4.000 anos ausente de qualquer evidência de ocupaçãohumana - intervalo cronológico entre 6.000-4.000 anosatrás conhecido pelas ciências ambientais como optimum climático, caracterizado por elevadas temperaturas e intensapluviosidade. Após o optimum climático a temperatura progressivamenteteria regredido e, por volta de 3.000 anos atrás, estabilizadono patamar atual – demonstrável pelo aumento de sítiosarqueológicos registrados de 4.000 anos para cá. Tais sítios
indicariam os primeiros grupos pré-cerâmicos: bandosde caçadores/coletores/pescadores que tinham na pescasua atividade principal e cujos vestígios são encontradosregularmente em “aterros” ou capões-de-mato por todo oPantanal.Essa estabilização ambiental posteriormente veio a deniruma relação homem/meio-ambiente tipicamente pantaneira – manifestada por sítios de 2.200 anos com evidências degrupos ceramistas e de uma signicativa ruptura culturalque já sugere o manejo horticultor de algumas espéciesdo Pantanal, um princípio de sedentarização e o início doprocesso formativo das etnias indígenas conhecidas tanto pelaarqueologia como pela etnograa. Os sítios arqueológicoscomponentes do Geopark (Lajedo e Salesianos) inserem-senesta caracterização.Capítulo à parte da Arqueologia e da Etno-História naregião do Pantanal e da serra da Bodoquena é a evoluçãohistórica da etnia Kadiwéu (Figura19), que hoje vive na Terra
Indígena Kadiwéu, município de Porto Murtinho, pantanal doNabileque.Dentre as várias etnias da família Guaicuru (não-liadaa nenhum dos quatro grupos lingüísticos predominantesno Brasil: Tupi, Macro-Jê, Karib e Aruak), os Kadiwéuenquadram-se no sub-grupo dos Eyiguayegi-Mbayá, cujoproto-habitat localizava-se no Chaco Central, tendo comolimite meridional o médio rio Pilcomayo ao sul.
Uma impactante pressão demográca e territorial se fezacontecer a partir do século XVI com a fundação de As-sunção (1537). O avanço sistemático dos colonizadores eas concomitantes ondas migratórias Guarani em direçãoaos Andes, durante o século XVI, afetaram a segurançaambiental de muitas etnias da face nordestina do Chaco,provocando sucessivos deslocamentos e limitando seusespaços de reprodução cultural. Os Eyiguayegi-Mbayá mi-graram para o norte, mantendo-se próximos às margensocidentais do rio Paraguai.No início do século XVII, as pressões do espaço circuns-crito impunham aos Mbayá a busca de novas perspectivasterritoriais; o horizonte setentrional, densamente povoadopelos Xaraiés (habitantes da atual região dos lagos Gaíba,Mandioré e Uberaba) impedia-os de avançarem naqueladireção. Um fator conjuntural da história da colonizaçãoibérica no Prata, entretanto, abriu uma válvula de escape
Figura 19 - Índia Kadiwéu fotografada por Guido Boggiani(Viaggi d'un artista nell' America Meriodionale: I Caduvei(Mbayá o Guaycurú), 1895).
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migratória: o fracasso das tentativas castelhanas de colo-nização de parte do atual território sul-mato-grossense,com as reduções jesuíticas dos Itatins. Epítome dessadesarticulação foi a destruição, em cerca de 1630, domodesto núcleo urbano de Santiago de Xerez (hoje em Aquidauana), empreendida pelo português paulista Ra-poso Tavares. Atualmente, encontra-se em escavaçãopelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal (IPHAN) e é foco de grande interesse paraguaio (em
2001, Assunção e Aquidauana foram declaradas “cidades-irmãs”). Aquele período marcou a mudança do habitat dosEyiguayegi-Mbayá da margem ocidental para a orientaldo rio Paraguai; a partir daí, o contato cultural Mbayá-colono europeu, mesmo que conituoso, deixou notóriasconseqüências: a aquisição dos cavalos abandonadospor jesuítas e castelhanos de Xerez logo transformou ohábito pedestre desse grupo em eqüestre, com a fácil erápida mobilidade (útil na caça e indispensável na guerra),a imbatível superioridade sobre as sociedades vizinhas ea quase equidade com o europeu.
Até ns do século XVII manifestou-se a transculturaçãodos eqüestres Eyiguayegi-Mbayá: o Aquinaga, homemcaçador-guerreiro, deu lugar ao Uneleigua, homem guer-reiro-eqüestre, senhor de vassalos e escravos, homem daclasse de “capitães e soldados”, com o predomínio da so-ciedade sócio-guerreira sobre a comunidade econômica.Na primeira metade do século XVIII, os Mbayá alcançar-am o máximo do seu poder incursionista, de sua capaci-dade sócio-cultural e de sua resistência biológica e in-tensicaram seu interesse por metais para ferramentas e
adornos. Neste século, o comportamento guerreiro voltou-se para a província lusitana do Mato Grosso, inicialmentepara a rota uvial das monções cuiabanas (região em quese aliaram aos canoeiros Payaguá); posteriormente paraas estruturas forticadas portuguesas nos rios Paraguai,Miranda e Iguatemi. Após a destruição do primeiro Forte Coimbra pelos Mbayá-Guaicurus (Figura 20), ocorre uma inversão do movimentoexpansionista da etnia, devido em grande parte à ação
diplomática lusitana (com quem o grupo rma um acordode paz em 1791), ao avanço de outras etnias chaquenhassobre o território Mbayá e à organização de linha defen-siva paraguaia ao longo do rio Apa, ao sul.Inicia-se então um período de reuxo territorial inexorável,marcado pela guerra de 1864-1870 (entre Brasil, Para-guai, Argentina e Uruguai), quando lutaram ao lado dosbrasileiros; e, após o conito, pelas conseqüências darearticulação territorial, política, econômica e demográcada província brasileira de Mato Grosso.Os últimos remanescentes das diversas etnias Eyiguaye-gi-Mbayá - os Kadiwéu - seguem, já nas primeiras déca-
das do século XX, pelo vale do Nabileque e do Naitaca,sempre em direção leste, entrincheirando-se atrás dos a-lagadiços e morros isolados das fraldas noroeste da serrada Bodoquena. Estabelecem-se na área onde hoje se en-contram, em reserva criada em 1898 como compensaçãopor seus esforços na guerra; na década de 1930 foramvisitados por Claude Lèvy-Strauss, que em seu TristesTrópicos dedicou um capítulo sobre a elaborada arte grá-ca e o sistema de vassalagem dos remanescentes dosancestrais Guaicurus.
Figura 20 - Guaicurus - Alexandre Rodrigues Ferreira (Viagem Filosóca pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro,Mato Grosso e Cuiabá 1783-1792)
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2. DESCRIÇÃO GEOLÓGICA GERAL
2a. GEOLOGIA REGIONAL
A área do Geopark Bodoquena/Pantanal situa-se numaregião onde ocorrem rochas associadas a seis importantescompartimentos tectono-estruturais da América do Sul(Figura 21):a) O Cráton Amazônico - está representado na região
pela província estrutural Rio Apa, a qual envolve rochaspolideformadas paleoproterozoicas, estabilizadas emtempos pré-brasilianos;b) A Província Tocantins (Almeida, 1977) - um segmen-to da Faixa Paraguai, importante cinturão curvilíneo demais de 1.500Km de extensão, situado a SSE do Cráton Amazônico, e cuja materialização admite-se como resul-tante de um completo Ciclo de Wilson, consolidado comocinturão de dobramentos durante os estágios nais daOrogenia Brasiliana/Pan Africana, entre 550 e 500 milhõesde anos. Regionalmente a Faixa Paraguai exibe diferen-ciações que, de oeste para leste, permite o reconhecimento
de três contextos tectono-deposicionais; a zona cratônica,onde os estratos encontram-se subohorizontalizados; azona pericratônica, caracterizada pelos dobramentos ho-lomórcos de grande amplitude; e a zona bacinal profunda,metamórca, complexamente deformada, com dobramen-
tos com vergência para a área cratônica a oeste. As zonascratônicas e pericratônicas são sustentadas por depósitossedimentares glácio-marinhos e turbiditos, típicos de am-biente rifte e de bacias de ante-país, enquanto que a zonabacinal envolve sequências de margem passiva, com de-posição de turbiditos distais.c) O Aulacógeno Chiquito-Tucavaca (Litherland et alii.
1986) - é interpretado como sendo um rifte abortado (Alva-renga & Trompette, 1993;1998), implantado entre 545-480
milhões de anos sobre o Cráton Amazônico. Admite-se suaorigem como relacionada à fase inicial de fragmentação doSupercontinente Rodínia; d) A Bacia Sedimentar do Paraná - uma ampla e profundadepressão intracratônica, do tipo sinéclise, desenvolvidaentre o Paleozóico e o Mesozoico sobre o SupercontinenteGondwana e preenchida por rochas sedimentares associa-das aos mais diversos ambientes deposicionais, tais comocontinental, glacial, marinho, dentre outros;e) Bacia Serra Geral - um embaciamento tectônico doJurássico/Cretáceo superimposto à Bacia do Paraná, porconsequência de reativações tectônicas decorrentes da ab-
ertura do Oceano Atlântico;f ) Bacia do Pantanal - uma ampla planície alagável quater-nária de mais de 150 mil km2, ainda em subsidência e cujaorigem vincula-se a reativações tectônicas decorrentes daOrogenia Andina.
Figura 21 - Contexto geotectônico regional
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2b. GEOLOGIA DO TERRITÓRIO DO GEOPARK
Como reexo da Orogenia Andina, a conguraçãomorfoestrutural da região onde se localiza o Geopark secaracteriza por ser uma estruturação em blocos altos ebaixos, em que a Bacia do Pantanal ainda se encontraem subsidência. É portanto uma condição propícia a queaorem na região rochas representativas de quase todo ocontexto geotectônico regional destacado na gura 21. Por
isso, é uma área chave para o entendimento da evoluçãotectono-estratigráca e paleoambiental do continenteSul-Americano, em especial no que concerne à evoluçãoda Faixa Paraguai, que ocorreu num dos períodos maisenigmáticos da história geológica da Terra, a transição doNeoproterozoico para o Cambriano, quando apareceram ese extinguiram os primeiros metazoários da fauna Ediacara,cujo registro fóssil se faz presente na área e é uma dasprincipais justicativas desta proposta. Há de se destacartambém que este desenho morfotectônico relacionado àOrogenia Andina, em grande parte incidente sobre rochascalcárias, gerou condições morfológicas especiais ao
desenvolvimento de uma paisagem cárstica única, que,em conjunto e contrastando com o Pantanal, fazem desta
região do Estado do Mato Grosso do Sul uma das maisbelas do Brasil, e, no caso da área do proposto Geopark,um laboratório geológico importante, uma vez que numaregião não muito grande aoram uma diversidade de rochasdas mais variadas idades e associadas aos mais diferentesambientes tectônicos (Figuras 22 e 23), a exemplo:
a - Cráton Amazônico - faz-se representar pela ProvínciaRio Apa, que se constitui no embasamento da Faixa
Paraguai. Suas rochas polideformadas mostram evidênciasde que foram geradas entre 2,2 e 1,75 bilhões de anos emum ambiente orogenético acrecionário, portanto, certamentesão remanescentes de supercontinentes mais antigosque o Rodínia, o qual teria se consolidado como massacontinental única por volta de 1,1 bilhões de anos. LacerdaFilho, et al. (2004), através de estudos litogeoquímicos egeocronológicos, dividiram a Província Rio Apa na área doGeopark em três unidades: Grupo Alto Tererê, ComplexoRio Apa e Suíte Amoguijá.
a.1 - Grupo Alto Tererê – está representado na área pela
sua unidade metavulcanossedimentar complexamentedeformada, constituída por micaxistos granadíferos,muscovita-quartzo xis-tos, biotita-quartzo xistos,quartzitos e, subordinada-mente, sillimanita-cianita-estaurolita xistos, com in-tercalações irregulares deanfibolitos. Por incluir sedi-mentos químico-pelíticosdo tipo BIF e rochas meta-vulcânicas básicas em es-truturas almofadadas ( pil-
low lavas), com quimismoe padrão de Elementos deTerras Raras compatíveiscom derrames de fundooceânico do tipo MORB, éinterpretada por LacerdaFilho, et al. (2004), comosendo remanescentes deuma crosta oceânica gera-da entre 2,2 e 1, 95 bilhõesde anos.a.2 - Complexo Rio Apa - en-
globa granitos, granodioritose tonalitos, em geral, inten-samente deformados, comassinaturas geoquímicas,segundo Lacerda Filho, et
al. (2004), sub-alcalinas ecálcio-alcalinas de arcosvulcânicos sincolisionais,gerados entre 1,95 e 1,87bilhões de anos. Também,em menor escala, ocorremmigmatitos orto- e parade-rivados, neste último caso,contendo restos bem preser-vados de rochas metabási-cas, as quais também podemser remanescentes de crostaoceânica (Figura 24);
Figura 22 - Mapa geológico simplicado, adaptado do Mapa Geológico do Estado deMato Grosso do Sul, escala 1: 1.000.000 - CPRM - SGB, 2006
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Figure 23- Coluna Estratigráca, adaptada do Mapa Geológico do Estado de Mato Grosso do Sul, escala 1:1.000.000 - CPRM - SGB, 2006
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a.3 - Suíte Amoguijá - uma parte dessa unidade écomposta de rochas graníticas plutônicas e outra porrochas vulcânicas extrusivas. Ambas com característi-cas estruturais pós-colisionais e quimismo compatívelcom o de ambiente de arcos magmáticos continentais.Esta suíte está representada na área pelo Granito Alu-miador, composto de biotita granitos, monzogranitoscom autólitos de tonalito, micromonzogranitos, grano-dioritos, magnetita-biotita sienogranitos e granófiros.
Datações destas rochas indicam que teriam se forma-do entre 1,87 e 1,75 bilhões de anos. As diferenciações litológicas encontradas são indica-tivas de que o segmento crustal do Cráton Amazônicona região onde se localiza o Geopark seria resultantede um processo orogenético acrecionário, que teria re-unido, em tempos pré-Rodínia, rochas ou unidades dasmais diferentes idades e origem tectônica.
Figura 24 - Migmatito evidenciando paleossoma de rochaMetabásica, cortado por veios de quartzo.
Figura 25 – Esquema geológico-tectônico da Faixa Paraguai na área do Geopark – adaptado de Boggiani, 1997
b) Província Tocantins /Faixa Paraguai - a históriadas unidades associadas à faixa Paraguai na área doGeopark, de acordo com diversos autores, inicia-se apartir de uma tectônica extensional implantada sobre
o Supercontinente Rodínia, quando da implantaçãodo Aulacógeno Chiquitos-Tucavaca (Litherland el al .1986), que teria acontecido por volta de 600 milhõesde anos, momento em que, segundo Boggiani (1990),duas bacias teriam se formado: a bacia Jacadigo ea bacia Corumbá (Figura 25), sendo que esta últimateria evoluído para um ciclo completo de Wilson, que,
ao final da Orogenia Brasiliana, consolidou-se comocinturão de dobramentos da Faixa Paraguai.Das sequências mais antigas para as mais novas,os diferentes momentos dessa tectônica extensional/compressional encontram-se representados na áreado Geopark pelas seguintes unidades:
b.1 Unidade Rio Bacuri - é composta por uma unidadesedimentar e outra vulcânica. Aflora na área a uni-
dade sedimentar, a qual envolve uma complexa asso-ciação de carbonato-muscovita-quartzo xistos, xistosgrafitosos, quartzitos ferríferos e raros filitos hematíti-cos, complexamente dobrados e metamorfizados embaixo grau. Portanto, é uma unidade representante dazona bacinal profunda metamórfica da Faixa Paraguaie, pelo fato de incluir rochas metavulcânicas máficascom assinatura toleítica do tipo MORB, é interpretadapor Lacerda Filho et al. (2004), como remanescentesde crosta oceânica da Faixa Paraguai.
b.2 Grupo Cuiabá – é composto por uma diversidade
de metassedimentos intensamente deformados (Figura26) e metamorzados no fácies xisto verde, represen-tados, principalmente por filitos e metassiltitos, se-cundariamente mármores calcíticos e dolomíticos,com intercalações subordinadas de metaconglomera-dos polimíticos, quartzítos e metarritmitos. É uma uni-dade sobre a qual ainda há controvérsias no que serefere à sua posição estratigráfica, porém a tendênciaé interpretá-la como sendo a unidade mais antiga daFaixa Paraguai. Suas litologias exibem característi-cas de margem passiva, com sedimentação de am-biente que transiciona de plataforma rasa para mar
Figura 26 - Metacalcário calcítico do Grupo Cuiabá,complexamente dobrado.
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profundo. A car-acterística dedestaque é ointenso hi-drotermalismo,manifestado naforma de altac o n c e n t r a ç ã ode veios de
quartzo (Figura27) os quais,especia lmenteno estado viz-inho de Mato
Grosso, na região de Cuiabá, são mineralizados emouro. Na área do Geopark, ouro proveniente da desa-gregação destes veios já foi explorado na FazendaSofia.
b.3 Formação Puga – composta de arenitos, siltitos,folhelhos, diamictitos e paraconglomerados com matriz
argilo-síltico-arenosa incipientemente carbonática e àbase de clastos de calcário e de outras rochas (Figura28), alguns estriados, é interpretada como sendouma deposição glácio-marinha. Segundo Boggiani &Coimbra, (2006) a Formação Puga teria se depositadodurante a Glaciação Varanger (625 e 580 milhões deanos) numa estrutura de graben, formada quando dafragmentação do supercontinente Rodínia, e quandoeste continente posicionava-se no hemisfério sul. Talinterpretação levou a Comissão Brasileira de SítiosGeológicos e Paleobiológicos (SIGEP) a inscreveralguns aoramentos da Formação Puga comosítios importantes para o entendimento da história
paleoclimática e paleocontinental do Neoproterozoico(em especial no que tange à suposição de que, nesteperíodo, teria ocorrido deposição de carbonatos emambiente glacial - questão ainda não resolvida entre osgeocientistas). Neste sentido, a Formação Puga despertagrande interesse, uma vez que a comprovação de capacarbonática sobre seus diamictitos será um suporteà suposição de que a sedimentação carbonática não
Figura 28 - Arenitos da Formação Puga, com clasto isola-do de quartzíto, interpretado como desprendido de blocosde gelos utuantes
Figura 27 - Xisto do Grupo Cuiabá,penetrados por alta densidade deveios de quartzo.
ocorre apenas em clima quente e, fundamentalmente,um argumento a favor da Hipótese da Terra Bola de Neve(Hoffman & Shraga, 2002), atualmente em discussão nomeio cientíco, a qual postula que o planeta teria estadototal ou quase totalmente congelado em duas ocasiões:
há 700 e 600 milhões de anos.
b.4 Grupo Jacadigo – interpretado também como rela-cionado a um ambiente de rifte, é composto por duas for-mações (Godoi et al., 1999) em contato gradacional entresi: a Formação Urucum (basal) e a Formação Santa Cruz,as quais sustentam, na região de Corumbá, um belo rel-evo tabular escarpado, conhecido como Morraria do Uru-cum, onde ocorrem as altitudes mais elevadas do Estadode Mato Grosso do Sul, alcançando cotas superiores a1.100 metros, que, em conjunto e contrastando com aplanície pantaneira, formam uma paisagem de grandebeleza cênica (Figuras 29 e 30).
b.4.1 Formação Urucum - consiste num espesso pacotecomposto principalmente de conglomerados petromíticos,
por vezes com cimento calcítico, arcóseos conglomeráti-cos, arenitos arcoseanos e grauvacas, com baixo graude seleção, intercalados irregularmente de subordinadaslentes de calcário. Na sua transição para a FormaçãoSanta Cruz, a matriz calcítica dos conglomerados passa aser ferruginosa e/ou manganesífera. Tais características le-vam a interpretá-la como sendo uma deposição rápida numambiente continental, possivelmente de leques aluviais,mas sob inuência de eventuais e breves transgressõesmarinhas. Como característica de destaque, salienta-seque a existência de blocos de calcário entre seus sedimen-tos (Urban & Stribrny 2006) leva à suposição de que sua
sedimentação ocorreu sob inuência glacial.b.4.2 Formação Santa Cruz - por conter as importantes jazidas ferromanganesíferas da morraria do Urucum (Figura31) é a unidade mais importante e mais estudada do estadode Mato Grosso do Sul. Com uma espessura estimadade 350 metros é constituída por arcóseos ferruginosos emanganesíferos, arenitos arcoseanos, conglomerados eformações ferríferas bandadas. Tal associação, aliada àpresença de dropstones (Figura 34), levam a interpretá-la como sendo uma deposição siliciclástica-química, soba forma de turbiditos e uxos gravitacionais, associadaa um ambiente periglacial-marinho plataformal, com
presença, pelo menos esporádica, de gelos utuantes(Haralyi & Walde, 1986). Dentre as formações ferríferas,destaca-se a existência de espesso pacote de jaspilitopuro e namente laminado (Figura 35), caracterizadopor uma alternância rítmica de nas camadas dehematita e sílica (BIF). Ressalta-se ainda a presença deníveis subordinados de minério de manganês, formadoprincipalmente por criptomelana, namente laminado ousob a forma de nódulos mergulhados em matriz caulínicaarenosa. Quanto à origem desses depósitos é umaquestão sobre a qual ainda não existe consenso. Porém, atendência é interpretá-los como resultantes de circulações
hidrotermais convectivas relacionadas à intumescênciabasáltica da fase precursora do rifteamento do Rodínia, daqual se originou a Bacia Corumbá, dentre outras. Assimsendo, as mineralizações resultariam da precipitação doferro, manganês e sílica a partir de atividade hidrotermalde natureza sedimentar exalativa.
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Figuras 29 e 30 - Morraria do Urucum
Figura 31 - Mina de ferro MCR S / A - Morraria do Urucum
A existência de supostos depósitos glaciogênicos neoproterozoicos também no Grupo Jacadigo, é mais uma dasevidências que vêm a corroborar com a hipótese da Terra Bola de Neve.
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Figura 32 - Morraria do Urucum Figura 33 - Morraria Urucum
Figura 34 - Jaspelito da Formação Santa Cruz, com matacãode granito ‘pingado” (dropstones) Photo: Detlef Walde
Figure 35 - Detalhe do minério de ferro namente lami-nado, jaspelito da Morraria do Urucum
b.5 Grupo Corumbá - abrange uma diversidade de rochaspouco deformadas, sem indícios de metamorsmo e,por isso, interpretadas como coberturas plataformais daOrogênese Brasiliana. Dessa forma, faz parte da zonapericratônica da Faixa Paraguai. Além de ser a unidadede maior expressividade na área do Geopark, merecedestaque especial por englobar unidades que contêmimportantíssimos registros fósseis bem preservados da
biota Ediacara, além de diversas outras particularidadesimportantes para o entendimento da reconstrução daevolução tectônica e paleoambiental da Faixa Paraguai.Tal como no Grupo Jacadigo, a sedimentação do GrupoCorumbá teria também se desenvolvido em uma bacia dotipo rifte, formada quando da fragmentação do Supercon-tinente Rodínia (Boggiani, 1998), com a diferença de quea bacia Corumbá seria conectada a um oceano, que, porsua vez, se conectava com o Oceano Adamastor (Hartnadyet al. 1985) do sudoeste Africano. Esta interconexão é in-terpretada, em parte, pela presença do fóssil esqueletalCloudina, recentemente encontrado também no Paraguai
(Boggiani & Gaucher, 2004) em exposições do Grupo Ita-pucumi, as quais teriam tido evolução sedimentar semel-hante à das unidades presentes no leste da Groenlândia,Spitsbergen (Svalbard-Noruega), noroeste da Escócia,Irlanda e Península Ibérica, igualmente resultantes dedeposição de extensão crustal e marcante evento trans-
gressivo posterior à Glaciação Marinoana. Nesse contextooceânico, em ambiente de margem passiva (Figura 36),depositou-se na Bacia Corumbá uma sucessão de sedi-mentos de aproximadamente 700 metros de espessura,que, da base para o topo do pacote, são separados emtrês formações: Cerradinho, Bocaina e Tamengo.
b.5.1 Formação Cerradinho - é constituída por conglome-
rados na base, seguidos na porção intermediária e su-perior por uma alternância de diversos tipos de arenitos,siltitos, folhelhos, margas, calcários e dolomitos. É inter-pretada por Boggiani (1998), como a sedimentação sinriftde leques aluviais sob inuência de um ambiente aquo-so, decorrente de transgressão marinha, provavelmenteconcomitante à glaciação Varanger e precursora de umasedimentação plataformal carbonática de margem pas-siva (Figura 15), representada pelas formações Bocainae Tamengo.
b.5 2. Formação Bocaina - envolve uma diversidade de
rochas, principalmente carbonáticas, representadas pormármore dolomítico; dolomito estromatolítico e oolítico;rochas fosfáticas; brecha carbonática; calcário calcítico edolomito silicoso com níveis de silexito. É admitida comosendo uma deposição de planície de maré, sob inuênciade intensa circulação oceânica, que resultou em correntes
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Figura 36 - Esquema dos principais fácies sedimentares da plataforma carbonática da Bacia Corumbá (Cuadro Justos, 2000)
marinhas ascendentes (upwelling , Figura 36) e eventosfosfogenéticos - particularidade importante, uma vezque essa pode ter sido a fonte de nutrientes necessáriosao desenvolvimento da abundante fauna metazoáriafossilizada encontrada nos calcários da Formação
Tamengo, na região de Corumbá.Outro aspecto de destaque da Formação Bocaina é o pre-domínio de dolomitos. Segundo Young (1995), uma dasparticularidades das sucessões carbonáticas neoprotero-zoicas, que em nível global geralmente sobrepõem-se adepósitos glaciogênicos. É uma característica que vemao encontro da hipótese de que a sedimentação do GrupoCorumbá, pelo menos em parte, foi glaciogênica, tanto naglaciação Sturtiana, quanto na Varangeriana. Além disso,a unidade é portadora de camadas contendo estromatóli-tos em bonitas formas laminadas e também rochas fos-fáticas, o que desperta grande interesse cientíco para in-terpretação paleoambiental desta formação, além de queas rochas fosfáticas estão sendo avaliadas quanto ao seupossível aproveitamento como recurso mineral.É de se destacar ainda que a supersaturação emcarbonato de cálcio e a ausência de siliciclásticos nasrochas calcárias dessa formação são responsáveis pelaextrema limpidez dos cursos d’água que brotam na serra da
Bodoquena (Figuras 39 e 40). Essa limpidez que permiteque os raios solares atinjam o leito dos rios, possibilitandoo desenvolvimento de uma espetacular e abundante oraaquática (algas), que além de curiosa e bela, é fonte dealimentos à fauna e, numa ação combinada com as águas
carbonatadas, permite que se formem magnícas tufascalcárias. Como resultado formam-se aquários naturais ecenários de impressionante beleza (Figuras 37 a 40), queatraem turistas do mundo todo. Essas rochas sustentamgrande parte da serra da Bodoquena com conguraçãomorfológica de relevo bastante acidentado, em parte, soba forma de planalto escarpado (Figuras 41 e 42). Constitui-se numa feição propicia a que o complexo sistema de águassubterrâneas dos terrenos calcários esteja ainda hoje aampliar muitas das espetaculares e grandes cavidades queexistem na região, a exemplo do Abismo Anhumas (Figura47). Esse fato, aliado às características composicionaisdas rochas, fazem da serra da Bodoquena uma das maismagnícas feições cársticas do Brasil, tanto pela belezacênica (Figuras 44 e 45), quanto pelo seu sistema hídricosupercial de águas incrivelmente cristalinas e revestidopor tufas calcárias, as quais aparecem edicando belase curiosas corredeiras, cachoeiras, piscinas e esculturasnaturais (Figuras 42 e 43).
Figura 37 - Rio Sucuri. Geossítio 23 Figura 38 - Rio da Prata. Geossítio 21
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Figura 39 - Rio Formoso
Figura 42 - Cachoeira Boca da Onça. Geossítio 20
Figura 45 - Bodoquena da Bodoquena. Figura 46 - Gruta do lago Azul (Geositio 26)
Figura 44 - Serra da Bodoquena
Figura 40 - Rio Formoso
Figura 41- Serra da Bodoquena
Figura 43 - Detalhe da Cachoeira Boca da Onça (Geosi-tio 20)
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Figura 47- Abismo Anhumas
Figura 49 - Corumbella werneri - Foto: Detlef Walde,Geossítio 44
A descoberta da Corumbella werneri - fóssil de umaforma de vida ainda muito primitiva e esqueleto muitoincipiente, é de fundamental importância ao entendimentodo desenvolvimento do esqueleto pelos organismos e, emespecial, ao estabelecimento de correlações geológicas epaleoambientais do Neoproterozóico em nível global, uma vezque se trata do fóssil multicelular mais antigo até o momentoencontrado na América do Sul.Todas as unidades retrodescritas foram diferentementedeformadas com o fechamento da bacia sedimentaroceânica, relacionada ao evento Brasiliano-pan-africano, quepor volta de 540 milhões de anos, formou o SupercontinenteGondwana e materializou a Faixa Paraguai como um cinturãode dobramentos. Encerra-se assim a história geológicaproterozoica da região, e uma área que era mar tranformou-se em montanhas, as quais serviram de fonte de sedimentosde um novo ciclo geológico, representado na região pelos
sedimentos fanerozoicos não deformados da Bacia doParaná e pelas rochas vulcânicas e sedimentares da BaciaSerra Geral, as quais, por sua vez, foram e ainda são fontesdos sedimentos do atual ciclo de erosão, que se depositarame ainda estão se depositando na bacia do Pantanal e nasplanícies que margeam os cursos d´água, conhecidas comovárzeas.
b.6 Bacia do Paraná - Formada em decorrênciade reativações de falhas relacionadas às ultimasmanifestações tectônicas brasilianas, essa importanteunidade tectônica do tipo sinéclise se faz presente
na região sustentando o belo conjunto de relevostabulares escarpados da Serra do Maracaju, situada nasproximidades do limite leste do Geopark.Durante sua evolução, iniciada no Devoniano e terminadano Triássico, ou seja, entre mais ou menos 400 e 65milhões de anos, a Bacia do Paraná passou pelos maisdiferentes ambientes climáticos/deposicionais, tais comocontinental, glacial, marinho e desértico.Na área do Geopark aoram somente sedimentos permo-carboníferos da Formação Aquidauana, constituída porum nível inferior dominantemente arenoso, originado apartir de uma sedimentação de sistemas aluvial e uvialentrelaçados, com retrabalhamento eólico localizado; umnível intermediário, com predomínio de pelitos, interpretadocomo de fase interglacial; e por um nível superior, compostode arenitos progradacionais, alternados com ritmitos,lamitos, folhelhos, siltitos e calcários. Alguns geocientistasinterpretam que a deposição desta formação foi controlada
b.5.3 Formação Tamengo - é constituída por um nívelbasal formado de quartzo-arenitos e brechas sedimentaresintraformacionais de matriz micrítica dolomitizada, envolvendoclastos de calcário, dolomito, silexito e fosforito; e por um nívelsuperior, constituído principalmente por uma sequência rítmicade calcários calcíticos, intercalados com nas camadas defolhelhos carbonosos. É interpretada como uma deposiçãotípica de margem passiva, sob condições pelágicas eperiplataformais. Como particularidade de destaque, salienta-se a existência das camadas fossilíferas da região de Corumbá,as quais contêm singulares registros fósseis da biota Ediacara,
representada pela presença dos fósseis Cloudina (Figura 48)e Corumbella werneri (Figura 49) - “a bela de Corumbá”, assimdenominada por Walde et al. (1982), em homenagem à cidadeem que foi encontrada. A recente descoberta de Cloudina noGrupo Itapucumi no Paraguai (Boggiani & Gaucher 2004) ea sedimentação correlata entre o Grupo Corumbá e o Grupo Arroyo de Soldado no Uruguai (Gaucher, 1999; 2000) e coma bacia Pouso Alegre, no estado de São Paulo (Teixeira,2000), também portadora de Cloudina, leva à suposição deque havia uma interconexão entre águas dessas bacias,formando um oceano com sedimentação semelhante a dasunidades do leste da Groenlândia, do noroeste da Escócia,
Irlanda e Península Ibérica, resultante de marcante eventotransgressivo posterior à Glaciação Marinoana.
Figura 48 - Cloudina
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por oscilações glácio-climáticas ainda inuenciadas pelaglaciação global Neoproterozoica.Como aspecto de destaque, salienta-se o fato de que naárea do Geopark os arenitos da Formação Aquidauanadepositaram-se sobre calcários da FormaçãoBocaina, situação que possibilitou que se formassenos arenitos um dos mais interessantes atrativosturísticos do Geopark: o Buraco das Araras (Figuras 50e 51, Geossítio 17), uma pseudo-dolina de quase 180
metros de diâmetro e mais de 70 metros de paredõesescarpados. Trata-se de um geossítio importante, tantopelo interesse que desperta nos turistas de saberemcomo se formou o imenso “buraco”, como também pelamarcante presença de araras, as quais fazem seusninhos nas camadas de arenitos friáveis expostos nosparedões escarpados (Figura 51).
Figura 50 - Buraco das Araras - Jardim. Geossítio 18
Figura 51 - Buraco das Araras - Jardim. Geossítio 18
b.7 Bacia Serra Geral - está representada na áreapelos arenitos jurássicos da Formação Botucatu epelas rochas vulcânicas cretáceas da Formação SerraGeral, unidades até recentemente descritas comoassociadas à Bacia do Paraná. Atualmente, algunsautores, como Pedreira et al 2003, as interpretam comopertencentes à Bacia Serra Geral, um embaciamentotectônico superimposto à Bacia do Paraná e originadoem consequência dos processos tectônicos iniciais
que levaram à abertura do Oceano Atlântico.Está representada na área pelas fomações Botucatu eSerra Geral.
b.7.1 Formação Botucatu - é composta por um espessopacote de arenitos de origem eólica, essencialmentequartzosos, apresentando granulometria bem selecionadae alto grau de arredondamento e esfericidade, o que lhesconfere excelentes características hidrodinâmicas – é
a principal e a mais importante unidade hidrogeológicado Aquífero Guarani, um dos maiores e melhoresreservatórios de água doce do mundo. As característicasgranulométricas e as estraticações cruzadas de grandeporte são interpretados como depósitos de dunas,associados a um sistema desértico que teria existidoentre Jurássico superior e o Cretáceo inferior. Alémdas suas excelentes características hidrodinâmicas,outra particularidade de destaque é fato de que existempegadas de dinossauros impressas nos arenitos (Figura53, Geossítio 18) - um registro que despertagrande curiosidade aos turistas e que podevir a ser, além do interesse turístico, didático ecientíco, um geossítio importante de educaçãoambiental, no que se refere aos cuidados que sedeve ter com as águas superciais e subterrâneas.
b.7.2 Formação Serra Geral - A origem dessa unidaderelaciona-se à intumescência da fase de pré-rifteamentodo Supercontinente Gondwana, processo tectônico queculminou com a separação dos continentes africano esul-americano, quando ocorreu o maior evento vulcânico
ssural da história geológica da Terra, no início doCretáceo (137 140 e 126,8 120 milhões de anos). Umimenso volume de magma basáltico tholeítico, andesítico,riodacítico e riolítico, muito quente e uido, esparramou-se sob a forma de sucessivos derrames (Figura 52) quecobriram, com mais de 1.500 metros de espessura delava, grandes extensões meridionais do território sul-americano. Essa lava cobriu os arenitos da FormaçãoBotucatu (Figura 54), gerando para o Aqüífero Guaraniuma conguração especial que o faz único em váriossentidos. Além disso, é do magmatismo basáltico
Figura 52 - Aoramento de rochas vulcânicas nas pro-ximidade de Campo Grande, exibindo dois derrames dis-titos: a parte inferior é básica, basaltos; a superior, inter-mediária, dacitos.
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Figura 53 - Pegadas de Dinossauros impressas nos are-nitos da Formação Botucatu - Proximidades de Nioaque.Geossítio 17.
Figura 56 - Uma barreira no Rio Formoso, formada portufas calcárias - Bonito
Figura 55 - Uma das belas cachoeiras do Parque das Ca-choeiras, com as paredes revestidas com tufas calcárias- Bonito - Geossítio 19.
b.8 Formação Xaraiés – essa unidade, denidapor Almeida (1945), é interpretada como de idadepleistocênica, ou seja, começou a se formar por voltade 1,8 milhões de anos atrás. Tem sua origem vinculadaa intemperismo químico e deposição uvial decorrentede eventuais chuvas torrenciais, incidentes sobre osterrenos calcários do Grupo Corumbá, que ocorriamnuma época em que a região passou por um clima semi-árido. É composta por um nível basal de calcrete, do tipopedogenético/freático, formado em clima árido e semi-árido, ao qual sobrepõem-se tufas calcárias micríticas,do tipo lohermal, formadas e ainda se formando noatual clima úmido, e cuja maior incidência se dá ao longodos cursos d´água que drenam a Serra da Bodoquena.Nos estudos executados recentemente por Sallum
que se origina a famosa “terra roxa” uma das maioresextensões de uma das melhores terras do mundo, e quese faz também presente no estado de Mato Grosso doSul, através da terra argilosa vermelha, intensamenteaproveitada pela agricultura. Assim sendo, aoramentosdessa unidade no Geopark, são geossítios de interessedidático, turístico, hidrogeológico, pedológico e ambiental.
Filho et. al. (2009), essas tufas serranas mais atuaissão desvinculadas da Formação Xaraiés, atribuindo-se a elas a denominação de Formação Bodoquena. Adeposição de tufas neste ambiente serrano é favorecidapela predominância de águas autogênicas, que aocircularem pelos calcários supersaturados em carbonatos,os dissolvem e se enriquecem neste elemento, que, emparte, acaba precipitando-se novamente e se incrustrandopor onde as águas passam, em decorrência de uma ação
combinada com a abundante ora aquática desenvolvidanos cristalinos cursos d´águas da região. Constituem-sena maior concentração desse tipo de depósito na Américado Sul. Aparecem praticamente ao longo de todos oscursos d´água da região serrana, formando as maisbelas e curiosas barreiras, piscinas, cachoeiras (Figuras55 e 56) e esculturas naturais, sendo uns dos principaisatrativos do polo turístico de Bonito. Além disso, as tufastambém são fossilíferas. Contêm vegetais fósseis (Figura57) e grande quantidade de conchas de gastrópodes deágua doce (Figura 58). Portanto, são importantes parao entendimento da história geológica e ambiental do
Quaternário da região. Também merece destaque o fatode que, calcretes da Formação Xaraiés, são bastanteexplotados como corretivo de solo e saibro, este utilizadono revestimento das estradas não-pavimentadas da região.
Figura 54 - Aoramento de arenito da Formação Botu-catu - material avermelhado da porção basal do talude, re-
coberto por basaltos alterados - material de cor cinza - BR267, próximo a Jardim.
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Figura 61 - Pantanal
Figura 62 - Pantanal
Figura 59 - Pantanal
Figura 58 - Calcários da Formação Xaraiés, contendoconchas de gastrópodes, Geossítio 24
b.9 Formação Pantanal - foi descrita por Almeida (1959)como sendo uma das maiores planícies quaternárias denível de base interiores do globo. Sob inuência da Oro-genia Andina, encontra-se em subsidência e por isso,desde o m do Pleistoceno, está em contínuo processode transformação, estando a sua pilha sedimentar emprocesso de edicação, sob condições deposicionais u-viais e/ou úvio lacustres.Como característica de destaque, salienta-se que setrata de um magníco ambiente geológico, com um com-plexo sistema hídrico e uma somatória de outras particu-
laridades que os tornam único em termos de diversidadede ora, fauna e beleza paisagística (Figuras 59 a 63).Sem dúvidas, é um dos ecossistemas mais importantes éfrágeis do planeta, e um dos maiores atrativos turísticosdo Brasil.
Figura 57 - Calcários da Formação Charaiés contendofolhas fósseis.
Figura 63 - Pantanal
Figura 60 - Pantanal
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3. RELAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS GEOSSÍTIOS
Figura 66 - Pantanal
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Geossítio N0 5: Mina dos BelgasLocalização: Área de mineração da Companhia Vale do RioDoce (CVRD); município de Corumbá;Coordenadas: 57029’49 “W - 19005 ‘53 ‘S. A primeira lavra foi implantada pelos belgas da Compag-nie de l’Urucum entre 1906 e 1916 no distrito ferro-manganesífero deUrucum. A mina estádesativada e é aberta
à visitação monitoradapela CVRD. Essa an-tiga mina oferece ummirante sobre miner-ação de ferro em ativi-dade.
Geossítio N0 6: Formação Cerradinho Localização: Estrada MS-382 (Olegário Maciel), limitesdos municípios de Porto Murtinho e Bonito;Coordenadas: 56052’37 “W - 21003‘07``S.Essa formação é um testemunho de sedimentação de
planície de maré litorânea, com retrabalhamento distalde leques aluviais; importante porque representa umamudança paleogeográca da fase rift do SupercontinenteRodínia para a fase de abertura oceânica.
Geossítio N0 7: Paleomar TamengoLocalização: Estrada MS-382 (Olegário Maciel), município deBonito;Coordenadas: 57049’37“W - 21002 ‘24‘’S. Aoramentos decalcários e brechascarbonáticas intra-formacionais da For-mação Tamengo,representativos desedimentação deambiente periplata-formal, evidenciadopela contribuiçãode sedimentos ter-rígenos continentaisdepositados por águas rápidas.
Geossítio N0 8: Estromatólito de Porto Morrinho Localização: localidade de Porto Morrinho, margem esquer-
da do rio Paraguai, ao lado da ponte rodoviária da BR-262;Coordenadas: 57025’52 “W - 19030 ‘23 ‘S. Aoramentos de calcário dolomítico da Formação Bocainacom estruturas estromatolíticas colunares, marcas de car-ga e de ondas, recobrindo blocos de arenito, indicando re-baixamento eus-tástico. Sobre esses blocos ocorre camadade folhelho, sobre o qual há um conjunto de estromatólitoscolunares, que representaria uma subida do nível estático epossível situação de inundação máxima.
Geossítio N0 9: Estromatólito e Mirante Morraria do SulLocalização: Distrito de Morraria do Sul, topo da bordaoeste da serra da Bodoquena, município de Bodoquena,Coordenadas: 56053’43“W - 20032‘34‘’S. Aoramentos de calcários da Formação Bocaina evidencian-do estromatólitos pseudocolunares e estruturas tubulares empadrão “caixa de ovo”, depositados sobre o embasamentoPaleoproterozoico, representado por xistos e quartzitos do
Geossítio N0 1 Baía das Garças
Localização: Estrada MS-382 (Olegário Maciel), municípiode Porto Murtinho;Coordenadas: 56052’37 “W - 21003 ‘07 ‘S.Contato entre gnaisses paleoproterozoicos do Com-plexo Rio Apa e arenitos neoproterozoicos da For-mação Cerradinho, unidade basal do Grupo Co-rumbá. Os gnaisses são prováveis testemunhos doSupercontinente Rodínia, sobre o qual teriam se for-
mado as bacias Jacadigo e Corumbá. Por localizar-se próximo a Bonito (50 km) e em razão da belezapai-sagística e da existência da magnífica Cachoeirado Aquidaban, revestida de tufas calcárias, é um lo-cal já bastante procurado por turistas. Além disso, éum ponto etno-cultural importante - Aldeia São João.
Geossítio N0 2: Morraria do PugaLocalização: Duas exposições na zona rural do municípiode Corumbá, Fazenda Santa Branca, margem direita dorio Paraguai, 6 Km a jusante do porto hidro-ferroviário dePorto Esperança;
Coordenadas: (1) 57
0
31’40“ W - 19
0
37‘20” S e (2) 57
0
31’00“W - 19037‘00” S.Neste geossítio a Formação Puga foi definida e in-terpretada como de origem glacial. Ocorre subjacenteàs rochas carbonáticas do Grupo Corumbá. Está re-presentada por diamictitos arenosos, com seixos dequartzito, alguns estriados, e abundantes clastos derocha carbonática. Trata-se de uma típica associaçãoentre depósitos glaciogênicos e rochas carbonáticas.É um sítio aprovado pela Comissão Brasileira de Sí-tios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP) (Boggiani,2002)
Geossítio N0 3: Anticlinal Anhumas Localização: Município de Bonito, aoramentos na EstradaMS-382 (Olegário Maciel);Coordenadas: 56036’00W - 21008’60“S.Diamictitos neoproterozoicos da Formação Puga, com evi-dências de deposição glacial, ocorrendo no núcleo de umaanticlinal.
Geossítio N0 4: Mina Urucum-ValeLocalização: Área de mineração da Companhia Vale do RioDoce;Coordenadas: 57030’23 “W - 19010 ‘47 ‘S.
Localizada no Maciço do Urucum – um planalto escarpadocom cotas que alcançam mais de 1.000 metros, destacadoem meio à planície do Pantanal, formando uma paisagemde grande beleza cênica. Quase toda a porção superior domaciço é sustenta-da por formaçõesferríferas banda-das (BIF), perten-centes ao MembroBanda Alta da For-mação Santa Cruzdo Grupo Jaca-
digo, cuja origemadmite-se comode sedimentaçãoquímica glácio-marinha neoprote-rozoica.
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Grupo Alto Ter-erê, prováveisremanescentesde crostaoceânica. Desteponto tem-seuma vista privile-giada do Panta-nal do Nabileque
e do Campo dosÍndios, região daTerra Indígena Kadiwéu.
Geossítio N0 10: Pedreira Saladeiro/Porto SobramilLocalização: Cidade de Corumbá;Coordenadas: 57037’11“W-18059‘57“S.Calcários e folhel-hos da FormaçãoTamengo com fós-seis de Cloudina eCorumbella werneri,
a “Bela de Corumbá”. Esta última foi as-sim denominada porWalde (1982), emhomenagem à ci-dade em que foi en-contrada. Trata-se do metazoário mais antigo da Américado Sul e, possivelmente, do primeiro predador na passagemdo Neoproterozoico para o Cambriano a ocupar uma largadistribuição geográca durante o Ediacariano, entre 630-542 milhões de anos. É um geossítio de importância pale-ontológica mundial.
Geossítio N0 11: Gruta do Lago AzulLocalização: Município de Bonito, a 20 Km da área urbana;Coordenadas: 56035’21“W - 21008 ‘40 ‘S.Desenvolvida em calcários da Formação Bocaina é destaquena bio-espeleologia e na paleontologia nacional, com ocorrên-cia de fauna troglóbia e fósseis da Megafauna Pleistocênica (jáforam identicadosfósseis de preguiça-gigante no fundo dolago). É o um dosatrativos ecoturísti-cos mais procurados
do Brasil, devido aosseus espeleotemase seu lago subterrâ-neo de vibrante corazul, quando atin-gido pelos raios solares. É tombada como Patrimônio Naturalpelo IPHAN e protegida em nível estadual (Unidade de Con-servação Estadual “Monumento Natural Gruta do Lago Azul”).É um sítio aprovado pela Comissão Brasileira de Sítios Ge-ológicos e Paleobiológicos (SIGEP) (Boggiani et al., 2009).
Geossítio N0 12: Gruta Nossa Senhora AparecidaLocalização: Município de Bonito, a 15 Km da área urbana;Coordenadas: 56034’27“W - 21005 ‘26 ‘S. Trata-se de umacavidade seca com 200 metros de extensão. Assim comoa Gruta do Lago Azul, ocorre na área de preservação es-tadual Monumento Natural Gruta do Lago Azul. Também étombada como Patrimônio Natural pelo IPHAN.
Geossítio N0 13: Gruta São MiguelLocalização: Município de Bonito, a 12 Km da área urbana;Coordenadas: 56034’52 “W- 21006 ‘25 “S.Formada em calcários da Formação Bocaina, trata-se deuma gruta seca, de 180 metros de extensão. É bastanteornamentada por grande variedade de espeleotemas decuriosas formas, inclusive com “ninhos” e corais de cal-cário. Localiza-se em área particular e tem boa infra-es-trutura receptiva com intensa visitação turística.
Geossítio N0 14: Abismo Anhumas Localização: Município de Bonito, a 23 Km da área urbana;Coordenadas: 56036’00 “W - 21008’60”S. Associada à Formação Bocaina, é uma espetacular cavidadeque em superfície inicia-se com uma estreita fenda de paredesescarpadas com 72 metrosde altura e termina numimenso salão com lagosubterrâneo de águascristalinas e que chega a80 metros de profundidade.
Tais características e aexistência de belíssimoscones calcáriosmergulhados em águacristalina tornam Anhumasum dos sítios mundialmentemais importantes paratal espeleotema. Dispõede estrutura receptiva eos visitantes acessama cavidade por rapel,mediante rigoroso sistema de treinamento; recebe um númeromáximo de 18 pessoas por dia.
Geossítio N0 15: Grutas do MimosoLocalização: Estrada MS-178 Bonito-Bodoquena;Coordenadas: 56033’30“W - 20054‘06”S.Espetacular cavidade contendo um lago de profundidadeaproximada de 250 metros. Tal como o Abismo Anhumas,também é portadora de cones calcários de grandes dimen-sões, alguns com até sete metros de altura - particularidadeque torna este geossítio também de especial interesse es-peleológico
Geossítio N0 16: Lagoa Misteriosa
Localização: Município de Jardim;Coordenadas: 56027’08“W - 21027‘29 “S.Imensa dolina associada aos calcários dolomíticos daFormação Bocaina, recobertos por arenitos da Formação Aquidauana. A lagoa tem 400 metros de diâmetro e 75metros de profundidade, com vertentes inclinadas que dãoacesso a uma caverna subaquática. A 8 metros de profun-didade abrem-se dois poços, com cerca e 10 me-tros dediâmetro e mais de 240 metros de profundidade. É umaReserva Particu-lar do PatrimônioNatural/RPPN de-nominada RecantoEcológico Rio daPrata, uma fazendafazenda com ótimainfraestrutura re-ceptiva.
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Paredão de rochas calcárias da Formação Bodoquena,com cerca de 90 metros de altura, de onde despenca umaqueda d´água a se juntar ao cânion do rio Salobra, em meioà vegetação preservada. Área de grande beleza paisagís-tica. Tufas calcárias revestem o paredão e formam interes-santes esculturas naturais, como a pareidolia (aparência)de uma face de onça – razão do nome da cachoeira. Éuma propriedade particular, dotada de ótima estrutura re-ceptiva e de prática de rapel e trilhas ecológicas.
Geossítio N0 21: Nascentes do rio SucuriLocalização: Município de Bonito, RPPN Fazenda SãoGeraldo, a 20 Km da área urbana;Coordenadas: 56034’00“W - 21015‘00“S.Série de espetaculares nascentes e rio de águas extrema-
mente cristalinas, pisco-sas e com desenvolvi-mento de tufas calcárias eexuberante e diversicadaora aquática. Atrativocom infra-estrutura recep-
tiva a atender os turistasem busca da espetacularbeleza da área e práticasde mergulho nas límpidas
águas.
Geossítio N0 22:
Monumento Natu-ral do Rio Formoso(Ilha do Padre)
Localização: Mu-nicípio de Bonito, a 12Km da área urbana;
Coordena-das: 56023’17“W -21007‘11”S.Tufas calcárias contendo impressões de fo lhas fósseisbem preservadas de importância científica pelas pos-sibilidades de estudos de variações paleoclimáticas; Ao longo do rio existem diversas belas cachoeiras,barragens e piscinas naturais de águas cristalinas,piscosas e de grande beleza cênica. Unidade de Con-servação Estadual da categoria Monumento Natural,com boa infra-estrutura receptiva.
Geossítio N0
23: Recanto Ecológico do Rio da Prata Localização: Município de Jardim, Fazenda Cabeceira doPrataCoordenadas: 56025’60“W - 21027‘00“S.Trata-se de uma RPPN onde nasce o rio Olho d’Água. Alter-nam-se trilhas interpretativas pela mata ciliar e utuação naságuas cristalinas, piscosas e formações de tufas calcárias doRio da Prata. Complexo Turístico eleito por dois anos con-secutivos (2008 e 2009) como o melhor destino ecoturísticodo Brasil. Situa-se na fazenda também a Lagoa Misteriosa(Geossítio 16).
Geossítio N0 24: Lentes Calcárias do Rio Miranda/Es-trada Parque Pantanal SulLocalização: Município de CorumbáCoordenadas: 57002’12“W - 19034‘53“S.Calcários coquinóides quaternários da Formação Xaraiés,contendo abundantes fósseis de moluscos atuais (Pomá-
Geossítio N0 17: Buraco das ArarasLocalização: Município de Jardim, Fazenda Costa Rica, a28 Km da área urbana;Coordenadas: 56023’60“W - 21028‘60“S.Com profundidade de 125 metros e 180 de diâmetro é amaior dolina a céu aberto do Geopark e uma das maiores
do Brasil. É formada so-bre arenitos carbonífer-os da Formação Aqui-
dauana, os quais, nestaregião, depositaram-sesobre calcários neopro-terozoicos do GrupoCorumbá - o que pos-sibilitou sua formação. Além da curiosidade es-peleológica, é um impor-tante ecossistema, uma
vez que nas camadas de arenito expostas nas escarpasas araras fazem seus ninhos. É uma Reserva Particulardo Patrimônio Natural/RPPN e um dos atrativos turísticos
mais conhecidos e visitados de Mato Grosso do Sul, comótima estrutura receptiva.
Geossítio N0 18: Icnofósseis/Formação Botucatu Localização: Município de Nioaque, Fazenda Minuano,margem direita do rio Nioaque;Coordenadas: 56023’60“W - 21028‘60“S.Pegadas de dinos-sauros impressas emarenitos eólicos jurás-sicos da FormaçãoBotucatu, unidade hi-drogeológica mais im-portante do AqüíferoGuarani e associadaà Bacia Serra Geral.Geossítio importantedo ponto de vista paleontológico e hidrogeológico, por serum local onde aoram arenitos de um dos maiores e mel-hores reservatórios de água doce do mundo.
Geossítio N0 19: Tufas calcárias do Parque das Cachoeiras Localização: Município de Bonito a 17 Km da área urbana;Coordenadas: 56023’60“W - 21028‘60”S.
Tufas calcárias ao longo
do rio Mimoso, formandouma série de belas cach-oeiras e piscinas naturais,popularmente chamadas“cachoeiras de pedra”,com intensa visitaçãoturística.
Geossítio N0 20: Tufas calcárias da Cachoeira Bocada Onça e Cânion do rioSalobraLocalização: Município de
Bodoquena, a 35 Km daárea urbana; acesso pelaestrada MS 178 Bonito-Bodoquena;Coordenadas: 56042’22“W - 20046‘01”S.
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ceas). Geossítio importante para interpretações paleoclimáti-cas e para a desmisticação de que o Pantanal teria sidomar (crença popular que remonta à toponímia espanhola doséculo XVI que considerava o Pantanal – “mar de Xaraés”).Situa-se na Estrada-Parque, via não-pavimentada que cruzaos pantanais do Miranda e Rio Negro por 120 Km, eixo deintensa visitação turística em busca da observação de ani-mais e do contato com a natureza. Por se situar próximoà estrada encontra-se ameaçado. Recentemente, foi quase
que soterrado, em razão de um aterro feito para implantar um
acesso ao pátio de obras de uma empresa que executava omelhoramento da ponte sobre o Rio Miranda.
Geossítio N0 25: Crosta laterítica com inscrições rup-estres, Fazenda Figueirinha (Sítio arqueológico MS CP
01 “do Lajedo”)Localização: Município de Corumbá, Fazenda Figueirinha,27 Km da área urbana, ao lado da BR 262;Coordenadas: 57038’47”W - 19014‘09“S.
Crosta laterítica sobreconglomerados ferrugi-nosos petromíticos daFormação Urucum, cominscrições em baixo rel-evo de círculos concên-
tricos, circunferências,espirais, linhas sinuosase tridáctilos, estendidospor centenas de metros.Destaca-se na pais-
agem togeográca a presença de elementos vegetais típicosda Caatinga (bioma característico do semi-árido brasileiro, naRegião Nordeste do país) e da região fronteiriça. Pesquisasarqueológicas apontam a presença de grupos de caçadores-coletores pré-cerâmicos, há cerca de 2.000 - 3.000 anos.
Geossítio N0 26: Crosta laterítica com inscrições rup-
estres, Fazenda Salesianos Localização: Município de Corumbá, a 20 Km da área ur-bana, ao lado da Estrada Parque;Coordenadas: 57033’32“W - 19009’57“S.Sítio arqueológico MS CP 03 (“Mirante da Arqueologia”) -Como o sítio anterior, trata-se de uma crosta laterítica so-bre conglomerado ferruginoso petromítico com inscriçõesem baixo relevo, porém situado do lado oposto do morroSanta Cruz.
Geossítio N0 27: Emba-samento cristalino/Bordaoeste da serra da Bodo-quenaLocalização: Estrada MS382 Olegário Maciel;Coordenadas: 56053’01“W- 21004‘04“S.
Aoramento de rochas paleoproterozoicas do Emba-samento Cristalino pertencentes ao Complexo Rio Apa;região de beleza cênica com belo visual da borda oesteda serra da Bodoquena.
Geossítio N0 28: Tufas calcárias da Cachoeira doAquidaban Localização: Municípiode Porto Murtinho
Coordenadas: 56054’1“ - 21004’05”S.Espetacular formaçãode tufas calcárias qua-ternárias sobre rochascarbonáticas neopro-terozoicas do GrupoCorumbá, revestindo aparede de uma cachoeira de 120 metros de altura, locali-zada na borda escarpada oeste da serra da Bodoquena.Do topo da cachoeira avista-se grande parte do belo Pan-tanal do Nabileque e do Campo dos Índios (Terra Indígena
Kadiwéu). A base da cachoeira é sustentada por gnaissesdo Complexo Rio Apa. Corresponde ao sítio SIGEP 34descrito por Boggiani et al. (2002) e aprovado pela Co-missão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos(SIGEP).
Geossítio N0 29: Morro do Azeite Localização: Município de Corumbá, rodovia BR-262, a 5Km da localidade de Buraco das PiranhasCoordenadas: 57000’13“W - 19041‘16“S
Morro do Azeite, situado àmargem esquerda do rioMiranda, constituído por
rochas carbonáticas daFormação Bocaina, Em-basamento Carbonáticodo Grupo Corumbá, Neo-proterozoico. Seu nomederiva de ali ter abrigadotradicional produção deóleo de peixe para a uti-
lização de lamparinas. Esta informação, apoiada na interpre-tação geo-cientíca, ajuda a desmisticar a crença sobre a ex-istência de petróleo no Pantanal - segundo a qual o nome domorro teria relação com a presença de óleo na água.
Geossítio N0 30: Mirante da Fazenda Esperança, Vistada Morraria do Urucum
Localização: BR 262, município de CorumbáCoordenadas: 56034’18 “W - 19020‘38”S.Poucos quilômetros após o cruzamento da BR-262 como rio Paraguai, sentido Campo Grande/Corumbá, tem-se magníca vista de perfís idênticos de morros compo-nentes do Maciço Urucum - Tromba dos Macacos e SantaCruz, congurando uma interessante situação, que dá
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a ilusão de uma bonita imagem duplicada, o que serviude inspiração para símbolo do proposto Geopark. O topotabular é sustentado pela Formação Santa Cruz e as en-costas por depósitos de tálus, formados por blocos deminério de ferro.
Geossítio N0 31: Mina de Ferro e Manganês Morraria Uru-cum-Santa CruzLocalização: Município de Corumbá, 70 Km da área urbana;
Coordenadas: 57034’49 “W/19012 ‘55“S.Formação Ferrífera Bandada (BIF), destacando-se o ferrotipo hematita e itabirito (terceira maior reserva do Brasil) emanganês tipo pirolusita. Sedimentação clasto-química neo-proterozoica de ambiente glácio-marinho - Membro Banda Alta da Formação Santa Cruz, Grupo Jacadigo. Formaçõesferríferas bandadas (BIF) de idade neoproterozoica têm sidodescritas geralmente associadas a depósitos glaciogênicos,que da mesma forma como no Grupo Jacadigo do Maciço deUrucum têm sido descritas no Grupo Rapitan, no noroestecanadense; no Grupo Umberatana, no cinturão Adelaide doSul da Austrália; no Supergrupo Damara na Namíbia; no
Supergrupo Hufq em Oman. Têm sido utilizadas como evi-dências a favor da Hipótese da “Terra Bola de Neve” (Snow-ball Earth) (Kirschivink, 1992; Klein & Beukes, 1993; Hoffmanet al., 1998).
Geossítio N0 32: Rochas Fosfáticas da Fazenda Res-saca e PrimaveraLocalização: Município de Bonito, Fazenda Ressaca e Pri-mavera;Coordenadas: 56035’43 “W - 20050‘16“S. Aoramentos de rochasfosfáticas em camadascentimétricas de micro-
fosforito maciço, com es-truturas micros-cópicasglobulares, interpretadascomo microfósseis e fós-seis esqueletais de Ti-
tanitheca coimbrae.
Geossítio N0 33: Parque Marina Gatass Localização: Cidade de Corumbá,Coordenadas: 57041’17”W - 19000’45”S.Parque público municipal em cujo pavimento podemser observadas lâminas
de rochas calcárias fos-silíferas da região, comimpressões do fóssil índiceCloudina. No local tambémaoram rochas neopro-terozoicas intensamentedeformadas do Grupo Co-rumbá (Figura 84).
Geossítio N0 34: Buraco das AbelhasLocalização: Município de Jardim, Fazenda Figueira, 80km da área urbana;Coordenadas: 56043’40“W - 21029 ‘26“S.Ressurgência de um rio subterrâneo e a maior cavernaconhecida até o momento em Mato Grosso do Sul.
Geossítio N0 35: Gruta do Urubu ReiLocalização: Município de Bodoquena;
Coordenadas: 56051’08“W - 20029‘39“S.Gruta com 473 metros de desenvolvimento em calcárioestraticado do Grupo Corumbá com mergulho sub-hori-zontal, sobreposto por metapelitos (folhelhos vermelhos).
Geossítio N0 36: Tufas calcárias do Balneário Munici-pal Presidente CorrêaLocalização: Município de Bodoquena;Coordenadas: 56039’08“W - 20037 ‘49“S.
Balneário público do município de Bodoquena, banhadopelas águas do córrego Betione, com tufas calcárias. Geossítio N0 37: Tufas calcárias e cachoeiras da Es-tância MimosaLocalização: Município de Bonito, Estrada MS-178, 24 kmda área urbana;Coordenadas: 56030’00“W - 20058‘00“S.Fazenda de 400 hectares que mantém a criação de gado,conciliando-a com o turismo rural e o ecoturismo, na bus-ca por aplicação de conceitos de sustentabilidade. Trilhaatravés da mata ciliar do rio Mimoso conduz a uma se-
qüência de oito belas cachoeiras formadas sobre tufascalcárias.
Geossítio N0 38: Estância LiLocalização: Município de Bonito, Estrada MS-178, 20 km daárea urbana;Coordenadas: 56031’51“W - 20058‘10“S.
Aoramento evidencian-do a fase de fechamen-to da Bacia Corumbá eformação da cadeia demontanhas atualmente
representada pela Faixade Dobramentos Para-guai (Grupo Corumbá,Formação Tamengo,Neoproterozoico, falhasde empurrão da Faixa
de Dobramentos Paraguai). Interessantes estruturas de de-formação tectônica associada a falhamentos de empurrão,ocorrido quando as rochas se encontravam ainda no esta-do plástico; o calcário encontra-se todo estirado e deforma-do, com marcante orientação norte-sul, coincidentes com aorientação alongada da serra da Bodoquena.
Geossítio N0 39: Mineração HoriiLocalização: Município de Bodoquena, Estrada MS 178;Coordenadas: 56041’13“W - 20035’52”S.
Paredão de calcárioTamengo ao longo daestrada onde tambémexistem lavras decalcário, como asda Mineração Horii.Visão privilegiada dapaisagem e da evoluçãoda geomorfologia daregião.
Geossítio N0 40: Tufas calcárias da Serra da Bodoquena Localização: Município de Bonito, Estrada MS-382, 10 kmda área urbana;
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vida no planeta. Por ser umuma forma de vida muitoprimitiva, com um tipo de es-queleto ainda muito precário,é importante para com-preender como começarama se desenvolver os esquele-tos dos organismos. Além daimportância paleontológica
e estratigráca, o geossítiositua-se numa região muitobonita, porém, bastantedegradada ambientalmentepela ocupação urbana de-sordenada, com muito lixoespalhado por todos os ladose moradias muito precárias, sem a mínima infraestrutura. Háde se destacar ainda que no local existe uma bela e históricanascente d´água, em recuperação quando foi fotografada, e setrata de uma área de risco de queda de blocos de rochas e demovimentos de massa, risco ampliado pela forma com que foi
urbanizada. A adequação deste geossítio para a visitação seriaum bom exemplo para mostrar como as iniciativas de um Ge-opark podem contribuir para melhorar a qualidade ambiental ede vida de um local, hoje bastante degradado.
Geossítio N0 45: Escadinha da XVLocalização: cidade de Corumbá;Coordenadas: 57039’19“W - 18059’52“S.Excelente exposição de calcretes da Formação Xaraiés esitio de valor arquitetônicoe cultural, tombado pelo IP-HAN, situado junto ao portode Corumbá, onde existe
belos casarios antigos e deonde pode-se ter uma belavista do Pantanal e do RioParaguai.
Coordenadas: 56037’11“W - 21001‘25”S.Depósitos de tufas típicas de ambiente uvial, contendomuitas impressões de folhas fósseis.
Geossítio N0 41: Nascentes e grutas Ceita Corê Localização: Município de Bonito, Fazenda Ceita-Corê;Coordenadas: 56035’35“W - 20050‘28“S.Calcários neoproterozoicosda Formação Cerradinho,
do Grupo Corumbá e tu-fas calcárias. Atrativo turís-tico consolidado, com trilhaspela mata ciliar da nascentedo rio Chapeninha, beloslagos, cachoeiras, piscinasnaturais e pequenas grutas.
Geossítio N0 42: Buraco do Japonês/dos Fósseis Localização: Município de Jardim, Fazenda Guará;Coordenadas: 56039’36“W - 21035‘39”S.Cavidade subaquática em calcário oolítico com existência
de fósseis de preguiças gigantes, mastodontes e tigres-de-dente-de-sabre e mais 16 espécies de mamíferospleistocênicos (um mastodonte foi transladado para oMuseu Histórico Nacional, Rio de Janeiro/RJ). Tais fósseis,associados aos das cavernas do rio Formoso, de NossaSenhora Aparecida e Lago Azul, indicam que a vegetaçãodurante o Holoceno e o Pleistoceno era do tipo savana.
Geossítio N0 43: Gruta e Nascente do Rio Formoso
Localização: Município de Bonito, Fazenda Formoso;Coordenadas: 56038’12 “W - 21015‘25“S.Nascente do rio Formoso em gruta com desenvolvimentode 565 metros e com ocorrências de fósseis da megafauna
pleistocênica, tendo sido já encontradas e descritas 4espécies de mamíferos.
Geossítio N0 44: Corumbella/Parque Ecológico das
CacimbasLocalização: Bairro Cacimba da Saúde, Corumbá;Coordenadas: 57040’02“W - 18059’57“S.Escarpa de mais ou menos 10 metros de altura no limite com
a planície do Rio Paraguai (Pantanal). A escarpa é susten-tada por calcários da Formação Tamengo, Grupo Corumbá,apresentando um nível com ocorrência do fóssil Corumbellawerneri, assim denominada por Walde et al. (1982), em hom-enagem à cidade de Corumbá. Com mais de 580 milhões deanos é o megafóssil (metazoário) mais antigo até o momentoencontrado na América do Sul.É importantíssimo para inves-tigar importante intervalo daevolução da vida no planeta,durante o Período Ediacariano(635 a 542 milhões de anos)no nal do Neoproterozóico,quando deu-se a explosão da
SÍTIOS DE INTERESSE CULTURAL
Sítio N0 01: Nhandepá (Roteiro histórico da Retiradada Laguna)Localização: Cidade de Bela Vista, cruzamento das ruasFrancisco Rocha e Barão do Triunfo,Coordenadas: 56031’16“W - 22065’40“S.
Sítio de interesse histórico referente ao episódio da Retira-da da Laguna, Guerra do Paraguai (1864-1870). Nhandepáé o nome pelo qual cou conhecido o campo de batalhaentre paraguaios e brasileiros ocorrido em 11/05/1867, noinício da Retirada da Laguna. Logo após a batalha os para-guaios erigiram um monumento em honra aos seus mortos(fato que legou o termo guarani “ñandepá” - nós acabamos,nós chegamos ao m), refeito pelos brasileiros anos de-pois em pedra-canga limonítica, estando até hoje no lo-cal e servindo comoreferência à Guerrado Paraguai. Toda aárea é um importantesítio arqueológicopara a identicaçãode vestígios mate-riais relativos àqueleevento histórico.
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Sítio N0 02: Cemitério dos Heróis (Roteiro histórico da Retirada da Laguna)Localização: Cidade de JardimCoordenadas: 6008’59“W - 21026’50“S.Sítio de interesse histórico referente à Retirada da Laguna, Guerra do Paraguai(1864-1870). Durante a Retirada (janeiro a maio de 1867), três de seus líderes mor-reram do cólera; durante os trabalhos da comissão brasileira de demarcação de lim-ites, em 1872, o local foi sinalizado por placa de mármore, até hoje existente numdos túmulos. Na década de 1920 os restos mortais do coronel Camisão, o tenente-coronel Juvêncio e o Guia Lopes foram transladados para monumento constituído
especialmente para este m, no Forte da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. A despeitodisso, o Exército e a população local seguiu referenciando este local como um impor-tante sítio da Retirada e hoje se encontra em processo de tombamento pelo IPHAN.
4. TABELA SUMARIZADA DE GEOSSÍTIOS
Os geossitios acima referidos, sumarizados na tabela a seguir, são registros importantes para estudos relacionadosaos mais diversos temas da geodiversidade, cujo signicado em termos de valor cientíco; importância em nível inter -nacional, nacional, local; uso temático; situação de proteção; vulnerabilidade; e outros temas de interesse.
Tabela 1 Signicado das abreviaturas utilizadas na lista sumarizada de geossítios
TEMA CATEGORIA ABREVIATURAS
Valor cientíco Geomorfologia Geom
Sedimentologia Sed
Tectônica Tect
Estratigraa Estr
Paleontologia Paleo
Paleogeograa Plg
Ecolologia Ecol
Espeleologia Esp
Hidrologia/ Hidrogeologia Hidr
Mineralogia Minr Importância International Int
Nacional Nac
Regional Reg
Local Loc
Uso Educacional Edu
Turístico Tur
Cientíco Cie
Econômico Econ
Situação de Proteção
Aprovado pela Comissão Brasileira de Sítios
Geológicos e Paleontológicos SIGEP
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico NacionalIPHAN
Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN
Unidade de Conservação Ambiental UC
Não protegido NP
Vulnerabilidade Alta Va
Média Vm
Baixa Vb
Outros interesses Mirante (Paisagístico) Mir
História da Geologia Histg
Arqueologia Arq
História da mineração Histm
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DESCRIÇÃO RESUMIDA DOS GEOSSÍTIOS VALOR CIENTÍFICO CATEGORIA
1 – Baia das Garças Tect – Estr Loc – Cie – NP – Vb
2 – Morraria do Puga Sed – Tect - Estr – Plg Int – Cien - SIGEP – Vb
3 – Anticlinal Anhumas Sed – Tect - Estr – Plg Int – Cien – NP
4 – Mina Urucum-Vale Geom – Estr - Min - Plg Int – Tur – Cien – Econ – NP
5 – Mina dos Belgas Sed - Min - Plg Nac -Tur – Cien – Econ – NP – Histm –Mir
6 – Formação Cerradinho Sed – Estr - Plg Reg – Cien – NP – Vb
7 – Paleomar do Tamengo Sed – Paleo - Plg Loc – Cien – NP– Vb
8 – Estromatólito de Porto Morrinho Sed – Estr - Plg Loc – Cien – NP – Vb9 – Estromatólito/Mirante Morraria do Sul Geom - Sed - Paleo – Plg Loc – Cien – Tur – NP – Va – Psgt – Mir
10 – Pedreira Saladeiro / Porto Sobramil Sed – Estr – Paleo – Plg Int – Cien – SIGEP – Va
11 – Gruta do Lago Azul Esp – Paleo – Plg - Ecol Nac – Edu – Tur – SIGEP – IPHAN – UC
12 – Gruta Nossa Senhora Aparecida Esp – Paleo – Plg - Ecol Nac – Edu – Tur – IPHAN – UC
13 – Gruta São Miguel Esp – Paleo – Plg - Ecol Loc – Edu – Tur – NP – Va
14 – Abismo Anhumas Esp – Paleo – Plg - Ecol - Hidr Nac – Tur – NP – Va
15 – Gruta Mimoso Esp – Paleo – Plg - Ecol Loc – Tur – Cien – NP – Va
16 – Lagoa Misteriosa Esp – Paleo – Plg - Ecol - Hidr Nac – Tur – NP – Va
17 – Buraco das Araras Ecol - Esp Nac – Edu – Tur – RPPN – Vb
18 – Icnofósseis/Formação Botucatu Sed – Estr – Paleo – Plg - Hidr Loc – Edu –Tur – Cien – NP – Va
19 – Tufas calcárias/Parque das Cachoeiras Sed – Paleo - Plg Nac – Tur – Cien – NP – Vm – Psgt
20 – Tufas calcárias/Cachoeira Boca da Onça Sed – Paleo - Plg Nac – Tur – Cien – NP – Vm – Psgt – Mir 21 – Nascentes do Rio Sucuri Ecol - HIdr Nac – Tur – Cien – RPPN – Vm – Psgt
22 – Monumento Natural do Rio Formoso Ilha do
PadrePaleo – Plg – Ecol - Hidr Nac – Tur – Cien – UC – Vm – Psgt
23 – Recanto ecológico Rio da Prata HIdr - Ecol Reg – Tur – RPPN – Vm – Psgt
24 – Lentes de calcários do Rio Miranda Paleo – Plg - Ecol Reg - Tur – NP – Vm – Psgt
25 – Crosta laterítica com inscrições rupestres/ Fa-
zenda FigueirinhaPlg Loc – Edu – Tur – NP – Va – Arq
26 – Crosta laterítica com inscrições rupestres/Fa-
zenda SalesianosPlg Loc – Edu – Tur – NP –Va – Arq
27 – Embasamento Cristalino / borda oeste a Serra da
BodoquenaTect - Estr Loc – Cien – NP – Vb – Psgt – Mir
28 – Tufas calcárias/Cachoeira Aquidaban Paleo – Plg - Ecol Nac – Tur – Cien – SIGEP – Vm – Psgt
29 – Morro do Azeite Geom Loc – Edu – Tur – NP – Vb – Histg
30 – Mirante da Morraria do Urucum Geom Loc – Tur – NP – Vb – Psgt – Mir
31 – Mina de ferro e manganês Sed - Estr – Plg - Min Int – Econ – NP – Vm – Psgt
32 – Fosforito Fazenda Ressaca/Primavera Sed – Estr – Paleo – Plg - Min Nac – Cien – Econ – NP – Vm
33 – Parque Marina Gatass Paleo - Plg Int – Cien – NP – Va – SIGEP
34 - Buraco das Abelhas Esp - Hidr Loc - Tur – NP – Vm
35 – Gruta Urubu Rei Esp - Hidr Loc - Tur – NP – Vm
36 – Tufas Calcárias do Balneário Presidente Corrêa Paleo – Plg - Hidr Nac – Tur – NP – Vm
37 – Tufas Calcárias/Cachoeiras Estância Mimoso Paleo – Plg - Ecol Nac – Tur – NP – Vm
38 – Estância Li Tect – Estr Reg - Cien – NP – Vb
39 – Mineração Horii Min Loc – Tur – NP – Vb – Psgt40 – Tufas calcárias/Serra da Bodoquena Paleo – Plg Nac – Plg – NP – Vm
41 – Nascentes e Grutas Ceita Core Paleo – Plg Nac – Tur – NP – Vm – Psgt
42 – Buraco do Japonês /dos fósseis Esp - Paleo Nac – Tur – Cien – NP - Vm
43 – Gruta e nascente do Rio Formoso Esp - Paleo Nac – Tur - Cien – NP – Vb
44 – Parque das Cacimbas Sed – Estr – Paleo – Plg– Ecol Int – Cien – NP – Va
45 – Escadinha da XV Paleo – Plg – Ecol Nat – Tur – IPHAN – Vm
Sintetizando os dados da Tabela 3, conclui-se queocorrem na área geossítios:
De valor científico: geomorfológico 4; sedimentológi-co 12; tectônico 5; estratigráfico 13; paleontológico21; paleogeográfico 31; ecológico 12; espeleológico11; hidrológico/hidrogeológico 7; Mineralógico 5.
de importância: internacional 8; nacional 17; regional4; local 15.
Uso: educacional 9; turístico 30; científico 21;econômico 4.
Situação de proteção: Aprovados pela Comissão Bra-sileira de Sítios Geológicos e Paleontológicos 3; Tom-
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bados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional 2; Reserva Particular do Patromônio Natural3; Unidades de Conservação 3; não protegidos 31.
outros interesses: paisagístico 12; história da geolo-gia 1; arqueologia 2; história da mineração 1.
As particularidades retromencionadas permitem con-
cluir que na área existem geossítios dos mais diver-sos interesses, destacando-se, em especial, registrosimportantes para subsidiar estudos científicos, princi-palmente para a interpretação da evolução tectono-ambiental da Faixa Paraguai no âmbito das mudançasglobais do final do Neoproterozoico, quando teria ocor-rido fragmentação do Supercontinente Rodínia e pos-terior formação do Supercontinente Gondwana; para adiscussão sobre glaciações globais pré-cambrianas esobre a Hipótese da Terra Bola de Neve e, em espe-cial, para o entendimento de como essas glaciaçõesinfluenciaram na transição da evolução da vida entre
as formas microbianas mais primitivas, marcadas pelapresença de estromatólitos, para formas mais evoluí-das, representadas pelos fósseis Cloudina e Corum-
bella werneri, r egistros que se constituem na principalrazão da proposição para a criação de um Geoparkna região e justificam seu slogan “O Alvorecer da Bio-diversidade”, conforme sugestão do geólogo PauloCésar Boggiani.Igualmente, a região abrange dois importantes efrágeis ecossistemas de lato interesse para o turismoecológico: o Pantanal Sul Matogrossense e os terrenos
cársticos, ambientes de rara beleza e de extrema fra-gilidade frente a qualquer forma de uso e ocupaçãoque não seja de cunho preservacionista. Neste sen-tido, a criação de um Geopark, além de ser uma ini-ciativa de preservação do rico patrimônio geológico epaleontológico, vem a ser também uma importante fer-ramenta de adequação de eventuais formas de uso eocupação ambientalmente incorretas.
2. PROTEÇÃO DO TERRITÓRIO E ESTADO ATUALDE PROTEÇÃO DOS SÍTIOS
Quanto ao Meio Ambiente
A política ambiental brasileira é regida pela PolíticaNacional do Meio Ambiente, criada pela Lei Federalnº. 6.938 (1981) e regulamentada pelo Decreto nº.99.274 (1990), com base nos incisos VI e VII do Art. 23e no Art. 225 da Constituição. Define o meio ambientecomo patrimônio público a ser protegido e utilizado demodo racional e estabelece a constituição do SistemaNacional do Meio Ambiente/SISNAMA, que congregadiversos órgãos públicos das esferas federal, estaduale municipal, incluindo o Distrito Federal, como oMinistério do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro deMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/IBAMA e o Conselho Nacional de Meio Ambiente/CONAMA.Um fundamental componente das atribuições eferramentas do SISNAMA é o Sistema Nacional deUnidades de Conservação (conhecido como SNUC,
No segundo caso, é notável a pressão recenteexercida pelo mercado do etanol - para cuja produçãosão necessários amplos hectares de solo para plantiode cana-de-açúcar e, conseqüentemente, de áreasde desmatamento. Nas cabeceiras dos cursos d’águaque vertem para o pantanal outra frente de pressãoé exercida pela soja; ali, o desmatamento do cerradoaliado ao manejo agrícola inadequado resulta na
erosão e no carreamento de sedimentos para ospantanais – potencialmente grave devido aos riscosde contaminação do sistema hídrico pantaneiro porfertilizantes e agrotóxicos, dentre outros elementos.Outro insumo extremamente demandado pelomercado global vem sendo o minério de ferro, cujaárea de produção por excelência localiza-se ao redorde Corumbá, nas jazidas do maciço do Urucum. Namineração de não-metálicos na serra da Bodoquena aprática de explosões pode afetar o equilíbrio geológicoe o relevo cárstico, resultando em desmoronamentosde cavernas, soterramento de sumidouros, perda
irrecuperável de material paleontológico e referencialpaisagístico, além de afetar a disponibilidade de águanecessária à manutenção biótica.Em relação ao Patrimônio Arqueológico no Pantanal,as áreas outrora procuradas pelo homem pré-históricocomo refúgio topográfico num contexto de inundaçõessazonais são basicamente as mesmas atualmentebuscadas pelos fazendeiros para instalarem suassedes, retiros e currais. Neste sentido, o avanço dafronteira agropastoril no Pantanal pode se configurarem ameaça aos sítios arqueológicos, como também à
biodiversidade.Igualmente podem representar ameaça a sítiosarqueológicos (além de afetar a dinâmica dabiodiversidade fluvial) os efeitos dos imensos comboiosfluviais que navegam pelo rio Paraguai – por exemplo,desbarrancamento das margens e contaminação daágua nos casos de naufrágio.
SEÇÃO C - GEOCONSERVAÇÃO
1. PRESSÃO ATUAL E POTENCIAL NO TERRITÓRIO
As potenciais ameaças à Biodiversidade, à Paisagem eao Patrimônio Cultural na região do Geopark se devemem grande parte à exploração turística mal conduzidae ao manejo inadequado nas frentes de dinamizaçãoda produtividade pastoril, agrícola e de mineração.No primeiro caso, podem ser citadas as conseqüênciasnegativas ao modo de vida tradicional e autóctonepotencialmente trazidas pela mineração (abandonode profissões e práticas vernaculares e alteraçõesno quadro social regional, devido às migrações detrabalho e emprego) e pelo turismo mal implementado(mercantilização e espetacularização de modos devida, paisagens, produtos artesanais e processosprodutivos eminentemente locais, desinformaçãopermanente e enfraquecimento de laços identitários ede pertencimento).
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criado pela Lei Federal nº. 9985, de 2000). O SNUCdefine diversas categorias de proteção e manejo deuso direto e indireto dos recursos naturais, divididasem: Unidades de Proteção Integral (Estação Ecológica,Reserva Biológica, Parque Nacional, MonumentoNatural e Refúgio da Vida Silvestre) e de Unidades deUso Sustentado (Área de Proteção Ambiental; Áreade Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional;Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva deDesenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular doPatrimônio Natural). Dentre as categorias de proteçãocriadas pelo SNUC, a área do Geopark e seu entornopossuem três:- Parque Nacional da Serra da Bodoquena, coma função de preservação de um ecossistema deimportância ecológica e paisagística, realização depesquisas científicas e atividades de educação einterpretação ambiental e de contato com a naturezapor meio do turismo ecológico.- Monumento Natural da Gruta do Lago Azul, com
o objetivo da preservação da rara e singular belezacênica.- Reserva Particular de Patrimônio Natural/RPPN- áreas privadas com o objetivo de conservar adiversidade biológica, em caráter perpétuo. Na áreado Geopark existem até o momento três RPPN e mais16 em seu entorno.Muito relevante no que concerne ao território doGeopark, especialmente na serra da Bodoquena, éa legislação espeleológica brasileira, fundamentadana Constituição, que em seu artigo 20 define queas cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos são bens da União.Seu uso racional é definido pelo Programa Nacionalde Proteção ao Patrimônio Espeleológico (instituídopela Resolução CONAMA nº. 005, de 1987) e éresponsabilidade do Centro Nacional de Estudo,Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV, vinculadoao Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade).Cumpre ressaltar também o Plano Nacional deRecursos Hídricos/PNRH. Estabelecido pela Leinº. 9.433 (1997, conhecida como “Lei das Águas”),
é resultado, no Brasil, das Metas do Milênio e da Agenda da Cúpula de Johanesburgo (Rio+10) quantoà gestão integrada de recursos hídricos pelos paísessignatários. Vigente desde 2006, tem como base aDivisão Hidrográfica Nacional em inter faces com ÁreasEspeciais de Planejamento (AEP) de peculiaridadesdiversas (como o Aqüífero Guarani, o Pantanal, osNúcleos Desertificados, o Sistema Elétrico Interligadoe áreas de transposições entre bacias, dentre outros).
Quanto ao Patrimônio Cultural A identi ficação, o reconhecimento e a proteção do
patrimônio cultural brasileiro são de responsabilidadedo Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional/IPHAN, vinculado ao Ministério da Cultura.Seus principais marcos jurídicos são o Decreto-Lei nº.25, de 1937, ainda vigente (que define o patrimônio
histórico e artístico nacional e organiza sua forma deproteção por meio do instituto jurídico do Tombamento);o Decreto nº. 3.551, de 2000, que criou o PlanoNacional do Patrimônio Imaterial e o instituto jurídicodo Registro (advindo de notável ampliação conceituale jurídica da noção de patrimônio a partir de 1988com a nova Constituição Federal); e a chancela daPaisagem Cultural Brasileira (Portaria IPHAN nº. 127),nova modalidade de preservação criada em 2009.O IPHAN é também responsável pela proteção dopatrimônio arqueológico. Dentre os textos legais a elereferentes encontram-se a Lei Federal nº. 3.924, de 1961(conhecida como a Lei da Arqueologia) e as PortariasIPHAN nº. 007, de 1988 (regula as autorizações parapesquisas e escavações em sítios arqueológicos)e nº. 230, de 2002 (vincula a obtenção de licençasambientais à realização de estudos preventivos em Arqueologia). Ainda de acordo com a Consti tuição, opatrimônio paleontológico é considerado patrimôniocultural (artigo 216, inciso V), sobre o qual atualmente
segue em votação no Congresso Nacional projeto delei de regulamentação.
Quanto às terras indígenas
A Consti tuição Federal garante o reconhecimento daorganização social dos índios, seus costumes, línguas,crenças e tradições, bem como seu direito às terraspor eles habitadas e utilizadas para suas atividadesprodutivas e imprescindíveis para a sua reproduçãofísica e cultural. As terras indígenas são patrimônio daUnião, sendo, portanto, inalienáveis e indisponíveis eimprescritíveis os direitos sobre elas.
É o poder público federal que executa as ações dereconhecimento e demarcação de terras indígenas, pormeio da Fundação Nacional do Índio/FUNAI (vinculadaao Ministério da Justiça), definido por etapas deidentificação por laudo antropológico, aprovaçãopela FUNAI, contestações, delimitação cartográfica,demarcação física, homologação pelo presidente daRepública e registro da área nos cartórios locais comopropriedade da União.
Demais interfaces jurídicas concernentes à área do
Geopark A Constituição define faixa de 150 km de largura aolongo das fronteiras terrestres como de fundamentalimportância para a defesa do território nacional, nasquais são propostos pelo Conselho de Defesa Nacionalos critérios de utilização e preservação e de exploraçãode recursos naturais de qualquer tipo. Por fim, emrelação simultânea às questões indígena, mineira ede fronteira (portanto, especialmente relevante aoterritório do Geopark), é definido pela Constitu ição quea pesquisa e lavra de recursos minerais obedecerá acondições específicas quando ocorrerem na faixa de
fronteira e em terras indígenas.
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3. Sítios geológicos (geossítios) e sítios não-geológicos do Geopark Bodoquena-Pantanal sob proteção no
âmbito da legislação brasileira
SÍTIO/
REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃO PROTEÇÃO/
RECONHECIMENTO ABRANÊNCIA ÁREA OBTENÇÃO
Parque Nacional
da Serra da Bodo-
quena
Municipios de Bo-
doquena, Bonito,
Porto Murtinho eJardim
Unidade de Conservação
(categoria Parque, modali-
dade Proteção Integral)
Federal 76 481 hectares 21/09/2000
Grutas do
Lago Azul e
Nossa Senhora
Aparecida
Município de
Bonito
Cavidade subterrânea –
bem da União (Constituição
Federal, artigo 20, inciso X);
Tombamento pelo IPHAN
no Livro Arqueológico,
Etnográfco e Paisagístico,
Inscrição nº. 074; Monu-
mento Natural (Unidade de
Conservação) Estadual.
Federal e
Estadual275 hectares
01/11/1978 (Pro-
cesso nº. 979-T-
78); Decreto Es-
tadual nº. 10.394
11/07/2001
Cemitério dos
Heróis
Município de
Jardim
Em processo de tom-
bamento pelo IPHANFederal 0.8646 hectares -----
Monumento
Natural do Rio
Formoso (grutas
e nascentes do
Formoso)
Município de
Bonito
Unidade de Conservação;
Cavidade subterrânea –
bem da União (Constituição
Federal, artigo 20, inciso X)
Estadual e
Federal 18 hectares.Decreto Estadual
nº. 11.453
RPPN São Ger-
aldo (Nascentes
do Sucuri)
Município de
Bonito
Reserva Particular do
Patrimônio NaturalEstadual 642 hectare
03/12/2001
(CECA/MS nº.
03/1998)
RPPN Cabeceira
do Prata (Recanto
Ecológico do rio
da Prata)
Município de
Jardim
Reserva Particular do
Patrimônio NaturalEstadual 302 hectares
03/12/2001
(CECA/MS nº.
01/1999
RPPN Buraco das
Araras
Município de
Jardim
Reserva Particular do
Patrimônio Natural; Cavi-
dade subterrânea – bem da
União (Constituição Fed-
eral, artigo 20, inciso X)
Estadual e
Federal29 hectares
Decreto No. 31
11/04/2007; 1988
Sítio arqueológico
MSCP 01 (do
Lajedo, Fazenda
Figueirinha
Município de Co-
rumbá
Lei Federal nº. 3.924/1961;
Bem da União e Patrimônio
Cultural (Constituição Fed-
eral, artigos 215 e 216)
Federal -----
-----1988
Sítio arqueológico
MSCP 03 (Mirante
da Arqueologia,
Fazenda Sale-
sianos)
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4 - Demais sítios, áreas e referências protegidos, reconhecidos e em reconhecimento no Geopark e em seu
entorno
SITIO / REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃOPROTEÇÃO /
RECONHECIMENTOABRANGÊN-
CIAÀREA OBTENÇÃO
Área de Con-servação Estados de Mato
Grosso e Mato
Grosso do Sull
UNESCO World Heritage List crite-ria VII, IX and X
Internacional 187 818 hectares 2000
PantanalPatrimônio Nacional denido pelaConstituição Federal, artigo 225,
inciso VI, § 4Federal 187 818 hectares 1988
Parque Nacional daSerra da Bodo-
quena
Municípios deBodoquena,Bonito, PortoMurtinho e
Jardim
Área Núcleo da Reserva da Bios-fera da Mata Atlântica
Internacional ----- 1999
RPPN Fazenda RioNegro
Município de Aquidauana,
Mato Grosso doSul
Sítio Ramsar, estabelecido pelaConvenção de Ramsar das Áreas
ÚmidasInternacional 7000 hectares 22/05/2009
Conjunto Histórico, Arquitetônico ePaisagístico de
Corumbá
Municípío deCorumbá
Tombamento pelo IPHAN nos Liv-ros do Tombo Histórico (Inscrição
nº. 535), Arqueológico, Etnográcoe Paisagístico (Inscrição nº. 109) ede Belas Artes (Inscrição nº. 603)
Federal 18.765 hectares(Processo nº.
1182-T-85
Modo de fazerviola de cocho (e
complexo musical/coreográco docururu e siriri)
Pantanal MatoGrossense - e
sulMatogrossense
Registrado pelo IPHAN Federal Patrimônio imaterial
14/01/2005(Proc. nº.
0.01090/2004-03)
Tufas Calcárias daSerra da Bodo-
quenaSerra da Bodo-quena
Sítios inscrito no SIGEP (Comis-são Brasileira de Sítios Geológicos
e Paleobiológicos)
Federal ----- Sítio 34
Morraria do Puga)Municipality of
CorumbáFederal ----- Sítio 37
Gruta do Lago AzulMunicípio de
BonitoFederal ----- Sítio 107
Morraria do Uru-cum
Município deCorumbá
Sítios aprovados pela SIGEP(Comissão Brasileira de SítiosGeológicos e Paleobiológicos
Federal ----- Aprovado para
tombamento
Pedreira SaladeiroMunicípio de
LadárioFederal -----
Aprovado paratombamento
Pedreira LaginhaMunicípio de
Corumbá
Sítios aprovados pela SIGEP (Comis-são Brasileira de Sítios Geológicos e
PaleobiológicosFederal -----
Aprovado paratombamento
Baías do PantanalBolívia e Municí-pio de Corumbá
Sítios aprovados pela SIGEP (Comis-são Brasileira de Sítios Geológicos e
PaleobiológicosFederal -----
Aprovado paratombamento
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Ponte ferroviária“Eurico Gaspar
Dutra”, sobre o rioParaguai
Município deCorumbá
Em processo de tombamentopelo IPHAN
Federal2009 metros de
extensão-----
Forte JunqueiraMunicípio de
CorumbáFederal
1763 metros quad-rados
Forticação NavalMunicípio de
LadárioFederal 14.46 hectares
Geopark Bodoque-na-Pantanal
13Municípios Decreto estadual no. 12 897 Estadual 39 700 km ² 22/12/2009
Complexo fer-roviário da
Noroeste do Brasile sítios históricos(de Três Lagoas a
Corumbá)
Municípios de Aquidauana,Miranda e Co-
rumbá
Tombamento Estadual – Lei nº.1.735 de 26/03/1997
Estadual -------26/03/1997 to26/03/1997
Casa de CulturaLuiz Albuquerque
(ILA)
Municipality ofCorumbá
Tombamento Estadual
Estadual 1904 m² 08/08/2002
Usina AssucareiraSanto Antonio
Município deMiranda
Estadual 866 m² ----
Festa e Banho deSão João
Município deCorumbá
Estadual(patrimônio imate-
rial)2010
Parque Estadualdo Pantanal do Rio
Negro
Municípios de Aquidauana e
CorumbáUnidade de Conservação Estadual 78302.9 Hectares
Decreto Es-tadual no. 9941
05/06/2000
Gruta de SãoMiguel
Município deBonito
Cavidades subterrâneas – bem da
União (Constituição Federal, artigo20, inciso X)
Federal ----- 1988
Abismo Anhumas Abyss
Município deBonito
Federal ----- 1988
Grutas do MimosoMunicípio de
BonitoFederal ----- 1988
Lagoa MisteriosaMunicípio de
BonitoFederal ----- 1988
Pegadas de Dinos-sauro
Município deNioaque
Patrimônio Cultural (ConstituiçãoFederal, artigos 215 e 216)
Federal ----- 1988
Estromatólito dePorto Morrinho
Município deCorumbá
Bem da União e Patrimônio Cul-tural (Constituição Federal, artigos
215 e 216)Federal ----- 1988
Buraco das Abel-
has
Município de
Jardim
Cavidades subterrâneas – bem daUnião (Constituição Federal, artigo
20, inciso X)
Federal ----- 1988
Gruta do Urubu ReiMunicípio deBodoquena
Federal ----- 1988
Nascentes e grutasCeita Corê
Municipality ofBonito
Federal ----- 1988
Buraco do Japonêsou dos fósseis
Município deJardim
Cavidade subterrânea – bem daUnião (Constituição Federal, artigo
20, inciso X) Patrimônio Cultural(Constituição Federal, artigos 215
e 216)
Federal ----- 1988
Terra IndígenaKadiwéu
Municípios de fPorto Murtinho
e CorumbáTerra Indígena (TI) Federal 538,536 hectares 24/04/1984
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Terra IndígenaTaunay/Ipegue
Município de Aquidauana
Terras Indígenas (TI)
Federal 33 900 hectares 14/08/2004
Terra IndígenaLimão Verde
Município de Aquidauana
Federal 5377 hectares 10/02/2003
Terra IndígenaLalima
Municipio deMiranda
Federal 3,000 hectares 24/05/1996
Terra IndígenaCachoeirinha
Municipio deMiranda
Federal 36,288 hectares 20/04/2007
Terra IndígenaPilad Rebuá
Municipio deMiranda
Federal 208 hectares 30/10/1991
I Reserva IndígenaNossa Senhora de
Fátima
Municipio deMiranda
Reserva Indígena (RI) Federal 100 acres s / publicação
Terra Indígena Aldeinha
Município de Anastásio
Terra Indígena (TI)
Federal 4 hectares 17/08/1984
Terra IndígenaNioaque
Município deNioaque
Federal 3029 hectares 30/10/1991
Cerca de 400 sítiosarqueológicos
Municípiosde Corumbá,Ladário, Mi-randa, Porto
Murtinho Aqui-dauana e Bela
Vista
Lei Federal nº. 3.924/1961;Bem da União e Patrimônio Cul-
tural (Constituição Federal, artigos215 e 216)
Federal ----- 1988
5 DADOS SOBRE A GESTÃO DOS SÍTIOSEm relação à gestão os sítios geológicos e não-geológicos do Geopark Bodoquena-Pantanal podemser divididos em três grupos:Atrativos turísticos
Localizados tanto em áreas públicas como particulares,são locais franqueados à visitação turística, a maioriadotada de acessos, receptivos, estacionamentos,lanchonetes e, nos casos da região capitaneadapor Bonito, integração com o sistema de voucherúnico (portanto, com o trabalho de guias de turismoprofissionais). Encontram-se em fases distintas dosprocedimentos de licenciamento ambiental e algunsdeles, por este motivo, vêm operando com maioresrestrições de público ou voltados para pesquisasacadêmicas (como Buraco do Japonês ou dosFósseis, Buraco das Abelhas e Gruta do Urubu Rei).São os seguintes geossítios e sítios:
- Gruta de São Miguel- Nascentes do Sucuri (RPPN São Geraldo)- Recanto Ecológico do rio da Prata (RPPN- Cabeceira do Prata)- RPPN Buraco das Araras
- Gruta do Lago Azul- Abismo Anhumas- Grutas do Mimoso- Lagoa Misteriosa- Parque das Cachoeiras- Cachoeira Boca da Onça e Cânion do Salobra
- Monumento Natural do Rio Formoso (Ilha do Padre)- Cachoeiras do Aquidaban- Parque Marina Gatass- Buraco das Abelhas- Gruta do Urubu Rei- Balneário Municipal Presidente Corrêa- Estância Mimosa- Nascentes e grutas Ceita Corê- Buraco do Japonês ou dos Fósseis- Gruta e Nascente do Rio Formoso- Nhandepá (Roteiro histórico da Retirada da Laguna)- Cemitério dos Heróis (Roteiro histórico da Retiradada Laguna
Sítios reconhecidos como atrativos, mas de
visitação moderada ou reduzidaEnquadram-se neste grupo os sítios que sãoreconhecidamente sítios turísticos ou com potencialturístico, mas que detém visitação esporádica enão-estruturada (como os sítios arqueológicosnas fazendas Figueirinha e Salesianos), pouca ounenhuma visitação devido à ausência de estrutura(como as pegadas de dinossauros em Nioaque),ausência de licenciamento (a Gruta de Nossa Senhora Aparecida) ou restrições à visitação por motivos de
uso compartilhado com outras funções (como a Minados Belgas e a Mina Urucum-Vale, que recebemvisitação restrita quando autorizadas pela companhiade mineração concessionária). Também se inseremaqui áreas como a Morraria do Sul, que recebevisitação turística devido à beleza da região, mas
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6. REFERÊNCIAS E PATRIMÔNIO CULTURALNO GEOPARK E ENTORNO
A condição de transição geográfica e cultural expres-sa por seu território é a característica determinantedo Estado de Mato Grosso do Sul - desmembrado em1977 do antigo Mato Grosso, com quem compartilhasua origem e evolução histórica.Tal característica resulta de um processo de ocu-pação territorial que reúne elementos organicamentemesclados e independentes de limites geográficos(tenuamente discerníveis numa área marcadamentede transição durante mais de três séculos).Contextos-chave desta evolução podem ser sintetica-
mente organizados conforme a seguir, assim comomanifestações e testemunhos a eles relacionados:
- o passado arqueológico de zona de transição entreo Chaco e o Planalto Central Brasileiro, num contex-
to de levas migratórias provenientes de um e outrolado;
- os acessos europeus a partir da década de 1530pelo sistema fluvial Paraná-Paraguai, na busca porum caminho alternativo à prata andina - num contextoem que, vigendo Tordesilhas (1494), toda a área cen-tro-ocidental brasileira pertenceria à Espanha;
- a implantação, nas primeiras décadas do séculoXVII, de diversos núcleos e reduções jesuíticas pe-los castelhanos na região dos Itatins (entre a serrada Maracaju e o rio Paraguai e entre os rios Taquarie o Apa), dos quais o mais conhecido é Santiago deXerez (1590-1632), município de Aquidauana;
- a completa destruição e desarticulação do sis-tema jesuítico castelhano dos Itatins pelos portu-gueses mamelucos de São Paulo, conhecidos como“bandeirantes”, em razzias de saque, assassinatosde jesuítas e apresamento de índios guaranis;
- a ocupação da margem oriental do rio Paraguai porgrupos étnicos chaquenhos (mbayá-guaicurus e guaná,dentre outros) após a desarticulação dos Itatins;
- o período de demarcação de limites entre Portugale Espanha, no contexto da mineração do ouro no in-terior do continente (as minas de Cuiabá, descober-tas entre 1718 e 1723), quando o instituto jurídico douti possidetis leva Portugal a implantar uma série deestruturas fortificadas de defesa e incremento popu-lacional;
- a Guerra da Tríplice Aliança (ou do Paraguai, 1864-1870), quando jovens países platinos (Brasil, Argen-tina, Uruguai e Paraguai), herdeiros das indefiniçõesfronteiriças coloniais e num instável quadro regionalgeopolítico, entram no conflito que resulta em seusmapas definitivos;
- após o fim da Guerra, a intensa articulação econômi-ca entre o interior do continente (a província de MatoGrosso) e as principais cidades platinas (Asunción,Concepción, Corrientes, Buenos Aires e Montevidéu),exemplificada pela grande casa importadora e expor-
tadora portuária de Corumbá e pela pujança econômi-ca da erva mate em Porto Murtinho;
- a pluralidade étnica e cultural do mundo fronteiriçoe suas manifestações, como a música, a dança, aculinária e a erva-mate, num meio social em que semescla fortemente o elemento cultural paraguaio;
- a construção da Estrada de Ferro Noroeste doBrasil, cujo traçado inicialmente projetado (ainda nasegunda metade do século XIX), deveria ligar a capi-tal da província (Cuiabá), à capital do Império (Rio
de Janeiro), passando pelo Triângulo Mineiro, mas,sob a influência da geopolítica brasileira no contextosul-americano, foi atingir as fronteiras boliviana (porCorumbá) e paraguaia (por Ponta Porã) via CampoGrande e Bauru/SP.
não necessariamente relativo ao estromató lito listadocomo geossítio. Assim, são os seguintes sítios:
- Sítio arqueológico MS CP 03 (“Mirante da Arqueologia”, Fazenda Salesianos)- Sítio arqueológico MS CP 01 (“do Lajedo”, FazendaFigueirinha)- Gruta Nossa Senhora Aparecida- Mirante e estromatólito de Morraria do Sul
- Mina dos Belgas-Mina Urucum-Vale
- Sítios sem visitação e sem status atual de
atrativos turí sticos
São os geossít ios que não possuem nenhumavisi tação, tampouco são atualmente identi f icáveispara f ins turíst icos – são af loramentos deimportância didática ou científ ica e que sevinculam mais a um turismo específ ico que deveser continuamente trabalhado, no âmbito dasações do Geopark, para que transcenda estaespecif ic idade e garanta maior aceitação juntoao públ ico como um local merecedor de visi tação.São os seguintes geossít ios:
- Baía das Garças- Morraria do Puga- Anticlinal Anhumas- Formação Cerradinho- Paleomar do Tamengo- Estromatólitos de Porto Morrinho- Pedreira Saladeiro/Porto Sobramil- Lentes Calcárias do Rio Miranda – Estrada ParquePantanal Sul
- Borda Oeste da Serra da Bodoquena- Morro do Azeite- Fazenda Esperança - Vista dos morros do MaciçoUrucum- Morraria Urucum-Santa Cruz- Fazenda Ressaca e Primavera- Estância Li- Mineração Horii- Tufas calcárias
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Figura 68 -Eurico GasparDutra concretebridge openedin 1947, on theParaguay river
Figura 67 - O sistema uvial Prata-Paraná-Paraguai foi a via de acesso porexcelência das primeiras entradas européias ao interior do continente sul-americano ainda no século XVI. Motivação fundamental foi a busca por uma rotaalternativa à prata andina e as míticas regiões do “Rei Branco”, do Eldorado eoutras geograas fantásticas. Num período em que, vigorando o meridiano deTordesilhas (1494), todas estas regiões pertenceriam à Espanha, o resultadoforam as grandes expedições de navegadores como Juán Diaz de Solis, AlvarNunez Cabeza de Vaca, Domingos Martinez de Irala e Ulrich Schmidl, dentreoutros, e a criação de núcleos como Assunção, Puerto de los Reyes (na regiãodas lagoas Gaíba, Mandioré e Uberaba – o “mar de Xaraés”), Santa Cruz de La
Sierra, Buenos Aires, Corrientes e Santiago de Xerez – no atual Mato Grossodo Sul.
SEÇÃO D - ATIVIDADES ECONÔMICAS EPLANO DE NEGÓCIOS
1. ANÁLISE DO POTENCIAL PARA TURISMOCIENTÍFICO
Em um país de dimensões continentais, com territóriosinteiros pouco conhecidos ou só ocupados muito
recentemente, a denição de áreaspara reconhecimento de valoresnaturais e culturais deve ser muitomais ampla e abrangente do quese pode supor. A dimensão da áreadenida para o Geopark Bodoquena-Pantanal não considera apenas osbens já identicados e inventariados,mas avalia também o grande
potencial para o desenvolvimentodo turismo geológico, paleontológicoe arqueológico, apoiados nariqueza da biodiversidade, naexcepcionalidade paisagística e naexpressividade das manifestaçõeslocais do patrimônio cultural materiale imaterial.Essa apropriação já se manifestana região da serra da Bodoquena,notadamente nos municípios deBonito, Bodoquena e Jardim onde
as feições de relevo cárstico foramconvenientemente apropriadas peloturismo ecológico e de aventuradesde a década de 1990. Grandeparte dos atrativos turísticosoperantes (cerca de 80, de acordocom a Fundação Estadual deTurismo, em cerca de 130 passeios)foi identicada como geossítiospara a estruturação do GeoparkBodoquena-Pantanal. A informaçãogeológica e paleontológica desteslocais já é, em parte, transmitida
pelos guias de turismo.No entanto, o potencial parao desenvolvimento do turismogeológico e paleontológico é muito
maior. Levantamento realizado em 2008 pelo CentroNacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas(CECAV), do Instituto Chico Mendes de Conservaçãoda Biodiversidade (ICMBio), indicou até o momento aexistência de mais de 151 cavernas em todo o Estadode Mato Grosso do Sul; 140 se localizam na serra daBodoquena e 3 no município de Corumbá. Na poligonal doGeopark submetido à UNESCO são ao todo 141 cavernas.
Tais cavernas ocorrem em morros residuais com salões deabatimento de grandes dimensões e presença de lagoassubmersas. É característica da região a profundidade dacoluna d’água em tais cavidades subaquáticas. Algunsexemplos são a Gruta do Lago Azul (já medidos 90 metrosde profundidade), o Abismo Anhumas (que ultrapassa60 metros) e a Lagoa Misteriosa (atingidos 220 metros),dentre outros, fazendo com que a serra da Bodoquenaseja classicada como uma das melhores regiões domundo para a prática do espeleomergulho. Associada a esta condição, subsiste a importânciapaleontológica, representada pela presença de fósseis da
Megafauna Pleistocênica em diversas cavidades, comoa Gruta do Lago Azul (a Expedição Franco-BrasileiraBonito/1992 identicou fósseis dos gêneros Eremotheriume Smilodon); Ressurgência do Formosinho (equipe doMuseu Nacional da Universidade Federal do Rio de
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Janeiro/UFRJidenticou em 2002 fósseis do gêneroHaplomastodon); Gruta das Fadas (equipe da UFMSidenticou fósseis dos gêneros Mylodontidae, Ursidae eProboscidae entre 2007 e 2008); dentre outros.Tal conjunto fossilífero, ainda pouco conhecido e até agoraestudado de maneira assistemática, constitui rico potencialde pesquisas futuras. A coleta de material fossilífero sobas normas jurídicas nacionais e a organização de acervosem equipamentos culturais-cientícos localizados na
região, articulados à produção de réplicas e trabalhos deeducação com guias, turistas e a comunidade, garantemfrancas condições para a região vir a se tornar umareferência regional, nacional e mundial.Na região de Corumbá situam-se os aoramentos
Neoproterozoicos com fósseis Corumbella e Cloudina(520-530 m.a), de grande importância cientíca por suarelação com a fase nal da sedimentação dos carbonatosantes da transição do pré-Cambriano para o Fanerozoico.Também nesta região encontram-se outros sítios derelevância geológica, como conglomerados da FormaçãoPuga (que podem estar relacionados à Teoria da TerraBola de Neve); aoramentos correlatos às últimastransformações climáticas denidoras do Pantanal comohoje conhecemos; e o Maciço do Urucum, com grandesreservas de manganês e minério de ferro.Todo este conjunto, aqui sumariamente descrito, podevir a ser ampliado com a continuidade de pesquisas eidenticação de aoramentos relevantes e operar comoelemento de distinção da área mediante novas alternativaspara o turismo geológico e cientíco. À Geodiversidade corresponde ainda o potencial daBiodiversidade e Diversidade Cultural. Reforça o quadro
Figura 69 - Museu de História do Pantanal/MUHPAN emCorumbá (Estúdio Votupoca)
Figura 70 - MUHPAN em Corumbá (Studio Votupoca)
2. VISÃO GERAL DO TURISMO ECOLÓGICO,CIENTÍFICO, CULTURAL E DE EVENTOS
No Geopark Bodoquena-Pantanal localizam-se as duasprincipais regiões turísticas do Estado: Pantanal e Bonito-serra da Bodoquena, com seus respectivos fóruns deturismo compostos por iniciativa privada, poder público esociedade civil, responsáveis pela gestão descentralizadado turismo e pelo desenvolvimento desta cadeia produtivaem sinergia com os municípios. Os núcleos dessa cadeiaturística são as cidades de Bonito e Corumbá - dois dos 65destinos indutores do turismo no Brasil, segundo o Ministériodo Turismo, cada qual sintetizando amplos setores de suasmicrorregiões ao incorporar diversos atrativos turísticos
localizados em municípios vizinhos ou próximos.Em grande medida, tal condição se deve ao fato denestas regiões se encontrarem as paisagens naturais eculturais mais preservadas de todo Mato Grosso do Sul,característica determinante durante a ampliação do turismointerno no Brasil na década de 1990, conforme a tabela. A região de Bonito destaca-se pelo Turismo Ecológicoe de Aventura, com foco na Biodiversidade e o lazerligado aos recursos hídricos; a informação geológica epaleontológica vem sendo trabalhada pelos atrativose guias desde 1993, quando se promoveu o primeiroCurso de Formação de Guia de Turismo, patrocinadopelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas/SEBRAE-MS e pela Prefeitura de Bonito, sobcoordenação da Universidade Federal de Mato Grosso doSul/UFMS.O cunho cientíco da capacitação garantiu que ainformação geológica fosse incorporada ao trabalho dosguias. Hoje, o sucesso da empreitada pode ser constatadopelo caso da Gruta do Lago Azul – praticamente umcartão-postal do Estado, com cerca de 60.000 visitantespor ano e reconhecida nacionalmente como o melhormodelo de visitação pública. A exploração ecoturísticaassocia-se à informação cientíca, transmitida pelos guiascom explanações sobre Patrimônio Natural, evolução
geológica e processos cársticos-geológicos e tafonômicosrepresentados pelos fósseis ali presentes.O relevo cárstico, a paisagem, a topograa e a ora efauna da região da Bodoquena tornam-na um dos maisimportantes contextos de turismo aquático no interior doBrasil, com práticas de snorkeling, balneários, rapel emcachoeiras, rafting e canyoning .Uma particularidade da estrutura de funcionamentodo Turismo na Bodoquena é a existência desde 1996do voucher único para a realização dos passeios e aobrigatoriedade, desde 1995, de acompanhamento deguia de turismo. Para cada sítio visitado é determinada acapacidade de carga e o número máximo de visitantes aodia, variando de 500, nos balneários, a 16, em ambientesmais frágeis ou vulneráveis como o Abismo Anhumas.De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo deBonito, o número de visitantes anual nos atrativos gira emtorno de 220.000, com picos nos meses de janeiro, julho
favorável ao turismo cientíco e cultural a presença deequipamentos como o Museu de História do Pantanal/MUHPAN em Corumbá; Centros de Convenções emCorumbá e Bonito; campus da UFMS nestas duas cidadese o Convention Visitor&Bureau em Bonito.
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e dezembro, época das férias escolares e universitáriasbrasileiras. A criação do Conselho Municipal de Turismo de Bonito/COMTUR em 1995 foi elemento determinante no processode consolidação e prossionalização do turismo. Hoje, éo fórum a envolver diretamente a iniciativa privada como poder público municipal (Prefeitura e secretarias),Estadual (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grossodo Sul/IMASUL) e Federal (Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional/IPHAN e o Instituto ChicoMendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio).Data também daquele período a criação da maioria dasentidades representativas do trade turístico regional,como a Associação das Agências de Ecoturismo deBonito/ABAETUR, Associação Bonitense de Hotelaria/ ABH, Associação de Guias de Turismo/AGTB, AssociaçãoComercial e Industrial de Bonito/ACIB, Associação dos
PRINCIPAIS PÓLOS E FLUXOS TURÍSTICOS EM MATOGROSSO DO SUL de 1995-2000
Localidade 1995 1996 1997 1998 2000
Bonito (Gruta do Lago Azul) 29811 38800 51717 64400 81600
Corumbá (Pantanal) 156394 203000 243900 243900 380600
Ponta Porã 144000 172800 207300 229000 301600
Demais localidades 77000 92400 110800 137000 168300
TOTAL 407205 507000 613717 674300 932100
Tabela: Crescimento do uxo de turistas em Mato Grosso do Sul nos anos 1990, quando começa a se estruturar acadeia turística no Estado; observa-se a prevalência de Corumbá e Bonito (esta, representada por apenas um atrativo,a Gruta do Lago Azul).
Atrativos Turísticos de Bonito e Região/ATRATUR, dentreoutras que compõem o COMTUR.Corumbá por sua vez vem ampliando o Turismo Cultural ede Eventos em relação ao já consolidado Turismo de Pesca(responsável por torná-la a cidade brasileira com maiordestaque neste cenário). A apropriação do patrimôniogeológico e paleontológico mescla-se em grande parte àdo patrimônio natural, da paisagem e da biodiversidade. Aeste respeito, cite-se o turismo rural, exercido em grandenúmero de pousadas e hotéis-fazendas que associam àpesca outros atrativos, como observação da vida silvestre,participação no manejo tradicional do gado e vivênciados hábitos e costumes gastronômicos pantaneiros.É comum que esses hotéis-fazendas possuam seuspróprios veículos adaptados para observação de animais,transitando por estradas rurais alagadas em grande partedo ano.
Figura 71 - Mapa dos atrativos turísticos de Bonito - Fonte: COMTUR Bonito. Disponível em <http://www.bonito-ms.com.br/site/bonito-mapa_atrativos.asp> Acesso em 30 mar.2006.
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Figura 72 - Site do VII Festival América do Sul de Corum-bá, realizado pela Prefeitura daquela cidade e pelo Go-verno do Estado (http://www.festivalamericadosul.com.br
3. POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DOPATRIMÔNIO GEOLÓGICO
O Geopark Bodoquena-Pantanal foi instituído peloDecreto nº. 12.897, de 22/12/2009, que criou também
seu Conselho Gestor., entidade responsável pelaelaboração do Plano de Desenvolvimento Territorialdo Geopark (PDTG). Este instrumento é o mesmopara a área candidata ao reconhecimento internac-ional sob os auspícios da UNESCO.
4. ATIVIDADES EDUCACIONAIS E DESENVOLVIMEN-TO SUSTENTÁVEL
Está sendo implementado em parceria entre oIPHAN, a Fundação de Turismo e os municípios deCorumbá, Bonito e Jardim um primeiro roteiro doGeopark com a seleção de 15 sítios (Porto Sobramil,Parque Marina Gatass, Sítio Arqueológico do Lagedo,Lentes calcárias do rio Miranda, Morraria do Sul,Gruta do Lago Azul, sete pontos na MS 178, Buracodas Araras e Cemitérios dos Heróis da Retirada daLaguna). Por meio de sessões teóricas e práticas comconsultores e colaboradores das áreas de Geologia,Paleontologia, Arqueologia e Patrimônio Cultural seráexecutada capacitação de guias de turismo atuantesna região, os quais conduzirão grupos de alunosda rede municipal de ensino e de universitários aosgeossítios selecionados
5. INTERESSE PARA ADESÃO À REDE GLOBAL DEGEOPARKS NACIONAIS
Em 2006 a idéia de um Geopark em áreas da serrada Bodoquena e do Pantanal engendrou forteentusiasmo em todos os níveis do poder público(nacional, regional e local) e nas comunidades locais.Em grande medida isto se deveu ao histórico bemsucedido da articulação iniciada na década de 1990entre governos, organizações não-governamentais esetor privado o qual foi responsável por tornar essa
região do Brasil exemplar quanto ao ecoturismo e àpreservação e por definir sua vocação no equilíbrioentre o desenvolvimento local, o empoderamento dascomunidades e a conservação dos recursos físicos,biológicos e culturais.
Vêm ocorrendo ações pontuais de informação geológica. A Escadinha da XV, tombada pelo IPHAN, foi construídana década de 1920 para unir a parte alta da cidade à ruaportuária. Encaixa-se em fenda escavada na encostacalcária e recebeu obras de recuperação e iluminaçãoem 2002, com a instalação de placas interpretativassobre a formação geológica do Pantanal e da constituiçãogeológica do platô sobre o qual se assenta a cidade. A partir dos anos 2000 ocorre em Corumbá uma
dinamização do turismo cultural e de eventos, cujosprincipais motes são sua condição histórica de fronteiriça.O casario tombado pelo IPHAN vem recebendo desde2004 expressivos recursos para requalicação urbana.Parte deste processo e de grande potencial para oGeoturismo é o Museu de História do Pantanal/MUHPAN,implantado em 2007.Cite-se também o Festival América do Sul, promovidoanualmente desde 2004 pela Prefeitura de Corumbá e peloGoverno do Estado e que atrai participantes de Bolívia,Peru, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia, Equador eVenezuela, dentre outros.
Relativo ao universo de pesquisa acadêmica ocorre oGeoPantanal – simpósio anual sobre geotecnologiasaplicadas ao conhecimento e gestão do território. Épromovido pelo campus da UFMS na cidade, pelo InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais/INPE e pela EmpresaBrasileira de Produção Agropecuária/EMBRAPA e dentreseus temas estão análise da paisagem, avaliação deimpactos ambientais, conservação e sustentabilidade,educação ambiental, turismo, cartograa e banco de dadosgeográcos, dentre outros concernentes ao conceito deGeopark.
O Plano de Desenvolvimento Territorial do Geoparké um pacto de políticas governamentais nos trêsníveis – federal, estadual e municipal - que acolhee estimula a participação e as iniciativas de desen-volvimento da sociedade civil local e regional. Tema função de promover o planejamento, a implemen-tação, a autogestão e a gestão compartilhada de umprocesso de desenvolvimento sustentável em terri-tórios urbanos e rurais com vistas ao fortalecimento
e a dinamização da economia, a inclusão social e apreservação do Patrimônio. O território é consideradocomo a unidade que melhor dimensiona os laços deproximidade entre pessoas, grupos sociais e institu-ições passíveis de serem mobilizadas e convertidasem um trunfo determinante para iniciativas voltadaspara o desenvolvimento.Os objetivos e as respectivas ações buscam conec-tar o passado ao presente, com vistas ao futuro,procurando criar condições para a população auferirvantagens materiais e não materiais do convívio e doreconhecimento de excepcionais valores da cultura
e da natureza nacional, por meio do patrimônio ge-ológico e paleontológico. Cada um destes pontos foidividido em diversas ações específicas de naturezaexecutiva, com o estabelecimento de objetivos, es-pecificações, metodologias, prazos estimados e pos-sibilidades de parcerias.
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Figura 75 - Mergulho em cavernasFigura 74 - Rappelling, Abismo Anhumas
6. ATIVIDADE ECONÔMICA
O Geopark Bodoquena-Pantanal abrange trêsmicrorregiões geográcas de Mato Grosso do Sul:Bodoquena (todos os municípios), Aquidauana (apenasMiranda) e Baixo Pantanal (todos os municípios). Seusprincipais indicadores econômicos podem ser assimsintetizados:
MUNICÍPIOS DO GEOPARK– MICRORREGIÕES ESTADUAISMICRORREGIÃO BODOQUENA MICRORREGIÃO BAIXO MICRORREGIÃO AQUIDAUANA
MUNICÍPIOS Caracol, Bela Vista, Guia Lopes da Lagu-na, Jardim, Nioaque, Bonito e Bodoquena
Porto Murtinho, Corumbá eLadário
Miranda, Aquidauana*, Anastá-cio* e Dois Irmãos do Buriti*
AREA 22,611.755 km² 83,038.297 km² 27,730.94 km²
POPULAÇÃO 105,573 inhabitants / km² 133,799 habitantes / km² 104,043 habitantes/ km²
PIB R$ 962,332,000.00 R$ 1,157,456,211.00 R$ 585,124,761.00
PIB PER CAPITA R$ 6,691.42 R$ 8,963.02 R$ 5,718.75
IDH MÉDIO 0.75 0.764 0.735
DENSIDADE 4.67 hab / km ² 1.61 hab / km ² 3.75 hab / km ²
MESORREGIÃO Sudoeste de MS Pantanais sul-matogrossenses Pantanais sul-matogrossenses
• MESORREGIÃO Sudoeste de MS Pantanais sul-matogrossenses Pantanais sul-matogrossenses* Municípios não incluídos no Geopark UNESCO
Em 2009 a criação de um Geopark pelo Governo Estadualrepresentou a culminância dos trabalhos iniciados trêsanos antes e que só pôde acontecer devido àquelecontexto prévio. Inicia-se agora um novo processo deelaboração, execução e monitoramento de projetose programas relativos à conservação do patrimôniogeológico e paleontológico, integrados à biodiversidadee ao patrimônio cultural em seu sentido mais amplo.
Figura 73 - Boia Cross, Rio Sucuri
O reconhecimento mundial deste esforço, mediante achancela da UNESCO, representaria um fundamentalaliado neste processo e na ampliação e detalhamento doconhecimento dos valores referentes à geodiversidade, àbiodiversidade e à diversidade cultural de forma integrada,encorajando e fomentando a utilização sustentável de taisrecursos
Assim como o território estadual do qual fazem parte, es-tas regiões possuem sua economia fortemente pautadano setor primário - Agricultura e Pecuária, notadamente. A Indústria e a Prestação de Serviços em grande medidarelacionam-se a este setor, mediante atividades comobeneciamento de insumos diversos, frigorícos, comer -cialização e distribuição, serviços agro-veterinários etc.Para alguns municípios, além da agropecuária, comparece
como elemento de destaque a mineração, como Corumbá e
Ladário (que detém jazidas de ferro e manganês) e Bodoque-
na, Bonito e Jardim (com a mineração de não-metálicos - cal-cário calcítico e dolomítico, mármore e areia, basicamente).
Na Prestação de Serviços, o Turismo comparece comoatividade de grande relevância na região, devido fun-damentalmente à paisagem natural de grande belezacênica e ainda relativamente preservada. É na serrada Bodoquena e no Pantanal que se concentra a maiorparte da estrutura turística de todo o Estado; dados da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente, de Planejamen-to de Ciência e de Tecnologia (SEMAC/MS) mostramque 40% dos atrativos turísticos praticados em MatoGrosso do Sul são naturais ou ecológicos - seguidosde atrativos folclóricos (28%), histórico-culturais (16%),
eventos (10%) e realizações técnicas e cientícas (6%).Em relação à composição do Produto Interno Bruto(PIB), os municípios do Geopark apresentam homo-geneamente o setor de serviços em primeiro lugar,seguido por Indústria e Agropecuária (com algumavariação na segunda posição). Quanto ao recolhimen-
to de tributos, é o setor de serviços que mais rendeaos erários municipais – o comércio gura comoa principal fonte de arrecadação, representandoem torno de 70% para a região (cando a pecuáriaem torno de 9% e a agricultura em torno de 6%).
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7. ELEMENTOS HUMANOS
A diversidade é a tônica do perl demográco deMato Grosso do Sul, amalgamado num arco temporalrelativamente curto. A região sul do antigo Mato Grosso,originalmente habitada por distintas e numerosas etniasindígenas, recebeu insignicantes contingentes deeuropeus entre os séculos XVI e XVIII e só consolidoua ocupação não-índia após o m da Guerra do Paraguai(1864-1870). Daquele período em diante, grande númerode migrantes e imigrantes passou a chegar à região,inicialmente pelo sistema uvial Paraná-Paraguai (atravésdo porto comercial de Corumbá) e, após 1914, pelaEstrada de Ferro Noroeste do Brasil (que passava pela
futura capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande).Por terra vieram as migrações internas de brasileiros- mineiros (Minas Gerais), gaúchos (Rio Grande doSul) e paulistas (São Paulo), principalmente. Pela viauvial chegaram imigrantes sírio-libaneses, italianos,alemães, espanhóis e portugueses, dentre outros; pelaferrovia vieram também japoneses, armênios, francesese mais brasileiros. Com a Primeira Guerra Mundialoutros europeus vieram tanto pelas estradas boiadeirascomo pela ferrovia, como alguns tchecos, poloneses,russos, búlgaros e romenos. Por terra e por rio, desdeantes e depois da Guerra, um expressivo contingente deparaguaios (em sua maioria de ascendência guarani).
Após a década de 1940, novas políticas federaisdeterminaram a auência de mais brasileiros,especialmente paranaenses (Paraná) e mais gaúchos. Assim, as migrações e imigrações foram fundamentais,a ponto de, entre os anos 1940 e 2000, a população terquase decuplicado não pelas taxas de natalidade, maspela chegada de gente nova (de acordo com o InstitutoBrasileiro de Geograa e Estatística/IBGE, em 2000 a taxade fecundidade no estado foi a décima menor do Brasil e,em 2005, 30,2% da população residente não era naturalde Mato Grosso do Sul). A população indígena nativa sofreu com o extermínio
histórico a que foi submetida, mas apesar disso, hoje éa segunda em número do Brasil – segundo o IBGE, em2008 eram 53.900 pessoas. As principais etnias sãoKinikinawa, Kadiwéu, Guató, Ofaié, Guarany-Kaiwá eGuarani-Nhandeva, Terena e Xiquitanos, dentre outras,espalhadas por dezenas de Terras Indígenas
8. INFRAESTRUTURA EXISTENTE
Na região operam as seguintes estruturas e entidadescuja atribuição se relaciona ao Geopark:Museu de História do Pantanal (MUHPAN), CorumbáImportante equipamento cultural aberto em 2007 naantiga casa exportadora/importadora Wanderley & Baís(testemunha do período áureo do comércio portuário deCorumbá e componente do conjunto arquitetônico tombadopelo IPHAN). Em seus 1.500 m² e três pavimentos,alternam-se seções sobre a ocupação humana noPantanal, desde o passado arqueológico aos dias de hoje,passando pelas etnias indígenas, a colonização espanholae portuguesa, as missões jesuíticas, a Guerra do Paraguaie a retomada após o conito, dentre outros aspectos,como a Biodiversidade e a riqueza hídrica. O Museu éum espaço de memória dos cidadãos de Corumbá e doPantanal, uma vez que parte de seu acervo se constitui dedoações particulares; é também espaço de socialização,com programação xa de exposições temporárias, ocinase cine-clube – como a “Sessão Corumbella” em referênciaao fóssil pré-Cambriano em homenagem à cidade.Campi da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS em Corumbá e BonitoEm Corumbá situa-se um dos campi da UFMS, com cursosde História, Geograa, Psicologia, Direito, Administraçãoe Sistemas de Informação, dentre outros. É importante
vetor de mobilização prossional, econômica e culturaldireta ou indiretamente ligados à vida acadêmica.Dois eventos anuais dignos de nota são o Semináriode Estudos Fronteiriços (promovido pelo curso deHistória e pelo mestrado em Estudos Fronteiriços) e oGeoPantanal, simpósio de geotecnologia em parceriacom a Embrapa Pantanal. A UFMS possui também a Base de Estudos do Pantanal/BEP, no Passo do Lontra, margem esquerda do rioMiranda, com o objetivo de apoiar projetos de graduação,pós-graduação e extensão. Sua sede de 1.200 m²possui alojamentos para 35 pessoas, salas de aula,
ambulatório para atendimento médico e odontológico;realiza análises clínicas e mantém a Escola RuralMultiseriada para crianças da região.Embrapa Pantanal, Corumbá A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa é vinculada ao Ministério da Agricultura,
MUNICÍPIOS DO GEOPARK – MICRORREGIÕES ESTADUAIS (Fonte: IBGE, 2009)
MUNICÍPIOS SERVIÇOS INDÚSTRIA AGRICULTURA
93 878 11 352 46 570
Bodoquena 40 489 24 200 18 492
Bonito 85 643 10 304 44 283
Caracol 22 540 2429 24 066
Corumbá 1250478 179 395 181 551
Guia Lopes da Laguna 46 303 25 624 14 859
Jardim 120 930 16 415 19 742
Ladário 61 006 11 115 2926
Miranda 100 530 15 607 42 232
Nioaque 58 889 9840 36 584
Porto Murtinho 12,396,930 3,178,558 2,846,972
Brasil 1197774001 539 315 998 105 163 000
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Pecuária e Abastecimento e realiza pesquisas para odesenvolvimento e inovação da sustentabilidade daagricultura, com acordos de cooperação técnica commais de 46 países envolvendo parceria e a transferênciade tecnologia. Estrutura-se em todo o território nacionalpor meio de unidades de Pesquisa de Produtos,Pesquisa de Temas Básicos e Pesquisa Agroorestalou Agropecuária - dentre as quais, a Unidade Pantanal,localizada desde 1975 em Corumbá.
Moinho Cultural Sul-Americano, Corumbá A organização não-governamental Instituto HomemPantaneiro mantém e gerencia a escola de artes MoinhoCultural Sul-Americano, em Corumbá. A escola atendecrianças e adolescentes carentes, tanto do lado brasileirocomo boliviano da fronteira, além de respectivasfamílias com a oferta de cursos de dança, música, cortee costura, informática e gastronomia (com enfoque naculinária regional), além de acompanhamento escolar,atendimento médico e odontológico.Estação Natureza Pantanal - Fundação Boticário,Corumbá
Museu e centro cultural localizado no centro histórico deCorumbá, em sobrado eclético tombado pelo IPHAN. Émantido pela Fundação Boticário, organização sem nslucrativos, e apresenta mostras e exposições sobre aora, fauna, a paisagem e a cultura do Pantanal.Festival América do Sul, CorumbáPromovido anualmente pela Prefeitura de Corumbáe pelo Governo do Estado desde 2004, o Festivaldura uma semana e inspira-se na característicade fronteira manifesta por Corumbá, expressa porsua localização geográca e por seu perl culturalmiscigenado. Shows musicais de conhecidos nomesnacionais alternam-se com mostras de artesanato e
artes plásticas, apresentações de artistas circenses ede rua, dança, teatro, cinema, gastronomia e semináriossobre a questão das fronteiras e das identidades sul-americanas. O Festival atrai visitantes a participantessul-matogrossenses e de outros Estados, além deBolívia, Peru, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia,Equador e Venezuela.
Pantanal Express - O Trem turístico “Pantanal Express”busca retomar a mítica exercida pela antiga Estrada deFerro Noroeste do Brasil, que devido ao trecho entreMiranda e Corumbá tornou-se popularmente conhecidacomo “trem do Pantanal” e referência constante em
músicas, pinturas e no imaginário viajante. O tremturístico compartilha a via férrea com o transporte decargas (minério, principalmente) e foi inaugurado emmaio de 2008, fazendo a linha Campo Grande - Miranda;o objetivo é atingir Corumbá em 2011 e fazer jus aonome pelo qual cou conhecido.Casa do Massa Barro, Corumbá - é uma cooperativa deaproximadamente 30 artesãos que mantém desde 1982este local para o ensino, a produção e a socialização deesculturas e artigos de cerâmica, tendo como principaltemática a fauna e a ora pantaneira. Localiza-se nobairro Cervejaria, próximo à Cacimba da Saúde, área
humilde de Corumbá, na margem do rio Paraguai elocal de ocorrência de fósseis de Corumbella werneri,ensejando projetos educativos e de desenvolvimento.Instituto Luiz de Albuquerque, Corumbá - antiga escolapública de Corumbá cuja construção foi concluída em1922. Hoje abriga a Biblioteca Estadual Dr. Gabriel
Vandoni de Barros (com um acervo estimado de trintamil volumes), com foco na história de Corumbá edo Pantanal; e o Museu do Pantanal (com animaisempalhados, peças e utensílios de etnias indígenas doantigo mato Grosso. Acontecem também exposiçõesde artes plásticas, artesanato de couro e barro, peçasarqueológicas, dentre outros objetos.Centro de Convenções de Corumbá (Centro deConvenções do Pantanal - Miguel Gómez)
Localiza-se no Porto Geral de Corumbá, às margens dorio Paraguai em área de 4.400 m2 de antigo armazémda administração portuária. Possui dois auditórios de75 lugares cada, um auditório com 700 lugares e palcode 152 m², cinco salas de reuniões, cafeteria, choperia,restaurante e estacionamentos para 240 veículos.Centro de Convenções de Bonito - localizado noprincipal acesso rodoviário à cidade, com 4.050 m²,possui auditórios de diversas dimensões (1.872, 2.244e 3.244 assentos, todos com cabines de traduçãosimultânea, camarins, sanitários, sala de imprensa esala VIP), salas multi-uso, restaurante de 800 m² e dois
pavimentos, recepção e estacionamento com 10.000 m²de área.Fundação Neotrópica, Bonito - a Fundação Neotrópicado Brasil é uma organização não-governamental semns lucrativos associada à Rede Nacional Pró-Unidadesde Conservação. Tem sede desde 1993 em Bonito edesenvolve projetos de conservação e recuperaçãode matas ciliares e áreas degradadas, capacitação de jovens de baixa renda para atividades de preservação econservação de habitats silvestres e de modicação dosmodelos tradicionais de ocupação e manejo agrícola noentorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena.Um de seus projetos mais conhecidos é o “Corredor de
Biodiversidade Miranda-Serra da Bodoquena”. Participatambém do Comitê da Bacia Hidrográca do Rio Mirandae da Plataforma de Diálogo entre segundo e terceirosetores do Pólo Minero-Industrial de Corumbá.Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresas/SEBRAE-MS - é uma instituição técnicapresente em todo o Brasil para o desenvolvimento daatividade empresarial de pequeno porte. Dentre suasações em Mato Grosso do Sul aponta-se a inclusão demicro e pequenas empresas nas cadeias produtivasemergentes: sucroalcooleiro, mínero-siderúrgico,orestas, papel e celulose; a consolidação de Arranjos
Produtivos Locais; apoio à articulação econômicainternacional das empresas nas áreas de fronteira;trabalhos com a cadeia produtiva do turismo e indústriacriativa como atividade sustentável nos biomas Pantanale Cerrado.
9. INFRAESTRUTURA PLANEJADA
O Plano de Desenvolvimento Territorial do Geopark Bo-doquena-Pantanal prevê:Centro de Referência em Geo-HistóriaO Centro de Referência em Geo-História, em Bonito, será
um equipamento cultural com o papel de concentrar ativ-idades museológicas e educativas em articulação comprefeituras, universidades, instituições de meio ambientee patrimônio cultural, além de ONGs e associações. Ofoco de seu projeto museográco é a evolução da Terrae da vida, com seção para a formação do Pantanal e da
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serra da Bodoquena e reserva técnica para acervo fos-silífero e geológico (antiga demanda da região). Seu pro- jeto prevê área de 3.000 m² com auditório, reserva técnica,percurso expositivo e borboletário com espécies orísticasnativas, além dos setores administrativos e cafeteria/lojasde souvenires.Receptivo às grutas e Escritório do Geopark Bodoquena-PantanalO escritório central do Geopark será em Bonito, em edi -
cação destinada também a atuar como receptivo às grutasde Nossa Senhora Aparecida, Lago Azul, São Miguel e Abismo Anhumas, todos próximos. O projeto faz parte doPlano de Manejo das grutas do Lago Azul e Nossa Sen-hora Aparecida e tem recursos do Programa de Desen-volvimento do Turismo, do Ministério do Turismo.
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