45
1 1 INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DIMENSÃO AFETIVA NO ESPAÇO ESCOLA por RUTE XAVIER DE MORAES DA SILVA Orientada por: PROFESSOR Dr. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO Rio de Janeiro, Janeiro de 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

1

1

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A DIMENSÃO AFETIVA

NO ESPAÇO ESCOLA

por

RUTE XAVIER DE MORAES DA SILVA

Orientada por: PROFESSOR Dr. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

Rio de Janeiro,

Janeiro de 2009

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

2

2

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia da Faculdade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre (IAVM), para obtenção de Grau de Pedagogia.

Rio de Janeiro, 2009

A DIMENSÃO AFETIVA NO ESPAÇO ESCOLAR

Por Rute Xavier de Moraes da Silva

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

3

3

DEDICATÓRIA

Dedico este projeto a meus pais Celina e Moysés, em memória, por tudo que me ensinaram e pelo que sou. A meu marido Ivan, pelo companheirismo e incentivo, que contribuíram tanto para que eu chegasse com tranquilidade ao final deste curso e aos meus filhos Larissa e Ivan, pela amizade, amor e existência.

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

4

4

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dotado de força e perseverança, a toda equipe do Instituto A Vez do Mestre, coordenação, tutoria, secretaria e professores, pela atenção dispensada durante esta empreitada e aos meus colegas de turma pela parceria durante o curso.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

5

5

RESUMO

Esta pesquisa teve com finalidade abordar, como os sentimentos e

as emoçoes influenciam nas relações que se estabelecem na escola e quais

seus resultados, buscando analisar a escola como um espaço diversificado,

onde as pessoas aprendem enquanto se relacionam. Seu objetivo é perceber a

importância e a influência das relações interpessoal e intrapessoal, analisando

o afeto como elemento fundamental e o seu favorecimento na formação do ser

relacional. Evidentemente, a afetividade se faz presente na vida das pessoas,

e, no ambiente escolar ela é responsável por torná-lo prazeroso e harmonioso,

determinando os resultados.

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

6

6

METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa foram lidos vários livros e

realizadas várias buscas em sites a partir do tema proposto. As diversas

informações obtidas foram filtradas até se chegar ao objetivo da pesquisa e

comparadas com dados coletados a partir do uso de outras ferramentas. O

principal teórico consultado foi Henri Wallon.

Considerei as observações abstraídas em sala de aula, que vieram

somar, contribuindo para fundamentar as informações lidas; pois vivenciar

como as relações se estabelecem, constitui-se um fator importante para

consolidar os conhecimentos adquiridos quanto ao objeto de estudo durante a

pesquisa.

Inseri uma analogia, que apresenta algumas das características do

homem em suas abordagens emocionais e efetivas.

Realizei uma sondagem a partir do uso de questionários, que foram

distribuídos a algumas professoras da rede municipal de ensino do Rio de

Janeiro, com o objetivo de conhecern como estas processam suas práticas

com a presença e a ausência da afetividade.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

7

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................... 08

CAPÍTULO I – AFETIVIDADE, O QUE É?............................................ 09

1.1. NINO QUER UM AMIGO.............................................................. 11

CAPÍTULO II – O ESPAÇO ESCOLAR, SEUS ATORES E

SUAS RELAÇÕES ............................................................................ 13

2.1. A ESCOLA ................................................................................. 13

2.2. O PAPEL DO PROFESSOR......................................................... 15

2.3. A FAMÍLIA ................................................................................. 18

CAPÍTULO III – A INTELIGÊNCIA E A AFETIVIDADE NA

FORMAÇÃO DO SER........................................................................ 20

3.1. ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL........................................... 25

3.2. ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETO............................... 26

3.3. ESTÁGIO DO PERSONALISMO.................................................. 26

3.4. ESTÁGIO CATEGORIAL............................................................. 27

3.5. ESTÁGIO DA ADOLESCÊNCIA................................................... 27

CAPÍTULO IV – A AFETIVIDADE NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ... 29

CONCLUSÃO...................................................................................... 31

ANEXOS ............................................................................................ 32

BIBLIOGRAFIA.................................................................................... 44

WEBGRAFIA...................................................................................... 45

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

8

8

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo relatar a emoção eo afeto no ânimo

escolar, analisando suas predominâncias na formação do ser. O trabalho foi

dividido em quatro capítulos. No primeiro capítulo conheceremos as definições

atribuídas à palavra afetividade. Percebemos que o equilíbrio emocional e a

afetividade são importantes para a construção da identidade, para a

humanização do ser e para a vida em sociedade. No segundo capítulo

conheceremos a dimensão afetiva no ânimo escolar, analisando a dinâmica

que envolve a criança e os demais atores, assim como a participação da

família neste processo abarcando a postura do professor e seu papel social. No

terceiro capítulo serão focadas as emoções e a afetividade no desenvolvimento

da inteligência, em consonância com as frases de formação da criança

pautadas por Henri Wallon. No quarto capítulo analisaremos o valor da

afetividade e seu delineamento na resolução de conflitos.

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

9

9

CAPÍTULO I

AFETIVIDADE, O QUE É?

O termo afetividade origina-se da palavra afeto. Mas o que é o afeto? O

afeto fica despercebido nas relações humanas, que, por sinal, são humanas

por causa dele. Durante a pesquisa foram encontradas várias palavras-chaves

como afeto, afetividade, emoção, vínculos, sentimentos. Existe uma grande

divergência quanto à conceituação dos fenômenos que as envolvem embora

que eventualmente encontramos a utilização dos termos afeto, emoção e

sentimento, aparentemente como sinônimos. Entretanto, na maioria das vezes

o termo emoção encontra-se relacionado ao componente biológico do

comportamento humano. Refere-se a uma agitação, uma reação de ordem

física. A afetividade tem um significado mais amplo e refere-se às vivências dos

indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente

humanas. Tais fenômenos referem-se às experiências subjetivas, que revelam

a forma como cada sujeito é afetado pelos acontecimentos da vida ou pelo

sentido que os acontecimentos têm para ele. Os fenômenos afetivos

representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza

sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que

definem seu modo de ser no mundo. Sendo assim, o afetivo surge das relações

humanas que evocam das experiências. Embora os fenômenos afetivos sejam

de natureza subjetiva, não é independente da ação do meio sociocultural, pois

se relacionam com os diferentes sujeitos em suas diferentes interações.

Conforme Pereira é também durante as relações que são conferidas ao

conjunto de coisas que compõem a realidade (objetos, lugares, situações etc.),

um sentido afetivo.

Segundo o dicionário Aurélio a palavra afeto vem do latim affectu

(afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade. A afetividade é a

dinâmica mais profunda que o ser humano pode participar. É a mistura de

sentimentos. A afetividade é um conjunto de manifestações psíquicas. Ela se

apresenta no clima de acolhimento, empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão,

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

10

10

ternura e de compreensão para consigo mesmo, para com os outros e para

com o objeto de conhecimento. A afetividade promove à interação, a troca, a

busca, os resultados. É facilitadora da comunicação. Por isso é necessário

aprender a cuidar adequadamente de todas as emoções para que se tenha

uma vida emocional plena e equilibrada. No mundo atual, os valores e as

regras sustentam o equilíbrio do individuo na sociedade.

A afetividade forma o ser humano propenso a ser tocado pelo mundo por

meio de sensações que podem ser agradáveis ou não. Quando o homem se

emociona, está interiorizando os seus sentimentos, a sua afetividade.

Os vínculos afetivos têm o poder de revelar os diferentes aspectos da

nossa personalidade. É assim que nascem à simpatia e a antipatia. Algumas

pessoas provocam em nós sentimentos elevados, por isso simpatizamos com

elas. Mas a primeira impressão nem sempre é a que fica. Depende do olhar.

Os sentimentos são expressos não só pela linguagem, mas também pela

mímica e pelas ações.

Devemos estabelecer relações cordiais, de acolhimento, nos

mostrando abertas, afetivas, tolerantes e flexíveis. Isto é condição fundamental

a intenção humana. A afetividade pode promover a união, e é importante na

formação do ser, enquanto pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de

conviver no mundo.

É muito importante estarmos em contato com os outros, tocar, abraçar,

olhar fraternamente, sentir que pertencemos à espécie humana.

A afetividade possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa,

pois é por meio dela que o ser humano demonstra seus desejos e vontades.

Através da afetividade são revelados os traços de caráter e personalidade.

Não se trata apenas de um componente importante na forma de educar e

viver, não se resume em emoções momentâneas e nem em valores que

experimentamos quando estamos sensíveis, não é somente dores e

infelicidades ou prazeres que proporcionamos aos outros, trata-se de tudo que

movemos em nossa mente, em sentimentos e emoções complexos na

interação com a vida.

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

11

11

1.1. Nino quer um amigo

“Nino, por que você está sempre tão sério e cabisbaixo? Nino vivia

triste. Ele se sentia sozinho. Ninguém queria ser amigo dele. Pobre Nino.

Um dia, na praia, ele ficou esperançoso de encontrar um amigo.

_Ah, um menino. Quem sabe...

E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou

um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele.

Outro dia na escola, ele tentou puxar conversa com uma colega de

turma. Olhou para a menina, que era toda sardenta, uma graça. Esboçou um

sorriso e tentou puxar um sorriso e tentou puxar assunto. Mas estava tão

acostumado a ficar calado e sério que as palavras demoraram a sair da sua

boca, a menina bonitinha desistiu de esperar que ele dissesse alguma coisa,

virou-se de costas e foi brincar com uma amiga. Tadinho do Nino.

Nem os animais pareciam querer ser seus amigos. Uma tarde Nino

viu um menino com um cão passeando na praça. Ficou co vontade de agradar

o cachorro, mas ficou com medo de que ele mordesse. Fez um agrado bem

tímido. O cão nem aí para ele. Que pena, Nino.

Até que um dia, ele tinha desistido de procurar. Pensando em por

que, quanto mais tentava encontrar um amigo, mais sozinho se sentia... Ficou

distraído pensando e adormeceu.

Quando acordou, olhou-se no espelho. Enquanto escovava os

dentes, percebeu que fazia muitas caretas. Achou engraçado. Enxaguou a

boca e continuou brincando com o espelho, piscadela aqui, piscadela ali.

Começou ali uma verdadeira folia. Era um jogo de recolhimento entre Nino e

sua imagem ao espelho. E não é que Nino era bem engraçadinho? Ele mesmo

nunca tinha reparado nisso antes. Que cara legal era Nino. Que garoto

charmoso, bem-humorado! Nino ficou encantado com seu espelho. Fez-se ali

uma grande amizade.

E depois dessa amizade surgiram muitas outras. Nino hoje é um

cara cheio de grandes amigos. Incluindo ele mesmo... Valeu, Nino”.

(Canton, 2006)

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

12

12

Esse texto publicado na revista Nova Escola (ver anexol) faz uma

analogia à necessidade que o homem tem de afeto. De uma reciprocidade

afetiva. De conhecer a si e ao outro. Temos necessidade de carinho. O afeto é

tão importante quanto o alimento para o nosso desenvolvimento. Qualquer

forma de contato é fator de equilíbrio, nos faz sentir vivo. Para as crianças,

assim como para nós adultos é muito difícil aguentar a indiferença. Estarmos

sozinhos. Esta situação leva a sensação de rejeição . Porém, no caso do Nino,

ele não sabia como interagir com o próximo, como comunicar-se, como trocar

afetos. Ele precisou primeiramente se conhecer.

Freqüentemente por características de personalidade ou estilo de vida, as

pessoas não têm a atenção da qual precisam. Ficar sem atenção angustia,

deprime. Essa depressão leva muitas vezes a pessoa, a ter comportamentos

inadequados. Ela necessita ter atenção, nem que para isso produza o que não

faz parte do seu jeito de ser. Na troca de afetos, compartilhamos nossas

experiências, além de vivenciarmos nossas emoções. Esta troca contribui para

o crescimento pessoal e o equilíbrio emocional.

Segundo Shinyashiki (1988), a miséria afetiva é tao ruim quanto a

miséria material, pois tira do ser humano a sua condição de homem

participante de sua espécie, porque o conduz a solidão. Portanto é necessário

que façamos uma busca dentro de nós. Precisamos nos conhecer, nos sentir,

nos admirar. Pois sempre irá existir, além de nós, pessoas que nos aceitem e

gostem de nós do jeito que somos, outras podem não gostar pelas mais

variadas razôes.

A humanidade, em toda a sua história, sempre estabeleceu relações de

diferentes formas, dependendo do contexto. Essas relações se constituem pela

ação humana na vida social e podem ser transformadas pelos indivíduos que

as integram.

Cada um pode trilhar seu caminho, buscando sua forma de ser feliz,

respeitando, é claro, o próximo para manter o equilíbrio, tão importante ao

convívio da espécie humana.

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

13

13

CAPÍTULO II

O ESPAÇO ESCOLAR, SEUS ATORES

E SUAS RELAÇÕES

2.1. A escola

Ninguém chega à escola sem antes ter sido tocado em suas

dimensões afetivas. Por este motivo é que a escola é como um corpo vivo, o

organismo dinâmico onde as pessoas se relacionam de tudo quanto é jeito. E

nela existem relações entre as crianças, entre os adultos e, entre as crianças e

os adultos. E também existe a relação destas pessoas com o espaço e o

tempo. E neste espaço, temos diversos atores, onde alguns agem diretamente

na formação da criança, que é o professor; e outros que agem indiretamente,

mas influenciam no comportamento da criança que são o porteiro, funcionários

de limpeza, merendeiras, agente administrativo, entre outros.

A escola é um espaço diferente da casa da criança e nela ela encontra

um mundo novo, onde precisa se sentir bem e aprender neste espaço. A

criança chega à escola com suas idéias, suas expectativas, seu

comportamento. Aos poucos, ela percebe como funciona este espaço e precisa

se adequar a ele. Este espaço não é só dela. Nele convivem várias pessoas.

Encontra-se a diversidade, pois na escola cada um atua de maneira diferente e

é uma pessoa única, com seus costumes, suas crenças, seus valores, seus

anseios (TV Escola/Escola em discussão, 2008).

As escolas se preocupam principalmente com o conhecimento

intelectual e é possível constatar que tão importante quanto ás ideias, é o

equilíbrio emocional, o desenvolvimento de atitudes positivas, aprender a

colaborar, a viver em sociedade, em grupo, a gostar de si mesmo e dos

demais. O eixo para um ambiente escolar prazeroso é o desenvolvimento da

auto-estima, através da motivação ea afetividade. Todos aprendem mais e

melhor se fizer num clima de confiança, incentivo, apoio, de auto-

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

14

14

conhecimento. Esse bem-estar que a escola transmite pode ser reproduzido

pela criança em outros ambientes (Moran, 2007).

É um espaço onde se podem traduzir para os alunos as regras gerais

de convívio humano. A bagagem cultural acumulada ao longo das gerações

entra neste processo.

Ela apresenta-se como um contexto social diferente do contexto

familiar. O meio dos valores pode ser diverso. A criança pode ter acesso aos

valores da família, aos valores de outra comunidade, aos valores da escola etc.

É comum explicarmos que na escola os problemas de comportamento

e de aprendizagem apresentados, referem-se a uma história de vida da

criança, advindas das relações com a família. Muitos professores associam os

problemas apresentados à ausência de educação, à negligência familiar. É

fundamental perceber que a criança pode produzir comportamentos

diferenciados nos diferentes contextos que ele atua mesmo sendo evidente que

o contexto familiar interfere fortemente no comportamento da criança. Mas esta

se articula influenciada por suas emoções nos contextos aos quais se insere.

O potencial da escola é rico. Nela pode-se aproveitar as possibilidades

de, dentro deste contexto, enriquecer a personalidade da criança, durante a

resolução de conflitos. A escola pode dar conta de uma educação que

corresponda à demanda social, de uma sociedade que se quer mais

democrática e justa, a partir de relações mais equilibradas. Para isso, é

fundamental a afetividade.

Promover a afetividade no ambiente escolar é se preocupar com os alunos,

são reconhecê-los como sujeitos autônomos, indivíduos singulares, com

experiências de vida diferentes, com direitos de ter preferências e desejos próprios.

Quando o professor acredita que considerar o aluno pode estimulá-lo,

terá a afetividade como ferramenta, permitindo que a nossa possibilite

momentos de prazer, auto-estima, de valor, sendo uma troca recíproca, que

mova a ação pedagógica e que se constitui em referencial, fundamentando o

amor próprio e a solidificação de aprendizagem. A falta de estímulos e de afeto

pode retroceder o amadurecimento intelectual.

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

15

15

O desenvolvimento emocional tem reflexos diretos no aproveitamento

escolar à medida que os alunos se tornam mais sociáveis, responsáveis e

automotivados. Portanto, conclui-se que a afetividade relacionada à prática do

professor tem sido de grande valia no contexto educacional.

A escola deve reorganizar, para que seja um lugar onde se trabalhe os

conflitos vividos no cotidiano e ao lidar com o conflito fazer com que este seja

construtivo e não destrutivo na formação do aluno. O que vai determinar que o

conflito seja construtivo é a maneira como ele é resolvido neste espaço.

O conflito tratado construtivamente, pode trazer resultados positivos,

como a melhora do desempenho, do convívio e da resolução de problemas.

Uma escola de qualidade transforma os conflitos do cotidiano em instrumentos

valiosos na construção de um espaço de reflexão, permitindo aos alunos um

amplo e variado conhecimento, para que sejam capazes conscientemente de

resolver conflitos pessoais e sociais. Nesta perspectiva pode-se considerar que

sentimentos, emoções e valores devem ser encarados como objetos de

conhecimento. Sendo assim, as escolas deveriam entender mais de seres

humanos e de amor do que conteúdo e técnicas educativas. Porém, o

professor não recebe uma formação profissional com ênfase no emocional e no

afetivo, tendendo a ver por muitas vezes, no exercício de sua profissão mais os

erros alheios do que os acertos.

2.2. O papel do professor

Há a necessidade de se refletir cada vez mais acerca da importância do

papel do professor na construção do conhecimento pelo aluno, pois suas ações

determinam os sentimentos expressos por ele diante da aprendizagem. Os

professores precisam reconhecer que são atores do meio em que seus alunos

se encontram e devem estar atentos a este privilégio, ao que está transmitindo

e de que forma isto ocorre (TV Escola/Escola em discussão, 2008).

As relações estabelecidas no processo ensino-aprendizagem podem

transformar o desenvolvimento do aluno. É impossível falar de aprendizagem

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

16

16

sem falar do processo de ensino, ao qual o aluno se apropria do conhecimento

em interação com os outros atores. Neste processo a atuação do professor é

fundamental. A forma como o professor medeia essa relação aluno/ objeto/

conhecimento gera diferentes tipos de sensações e percepções na relação do

aluno com tal objeto. Por exemplo, a matéria pode se tornar simples ou

complicada de acordo com o papel do professor. Sabemos que a convivência

pacífica, de relações harmoniosas, resulta num convívio agradável e em

participações mais livres e democráticas. Sob este aspecto é que devemos

acreditar na emergência da superação das relações verticais entre os atores

envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Entenda-se por convivência

pacífica não aquela onde haja comodismo a aceitação por uma das partes, mas

a que os envolvidos colocam em jogo a comunicação argumentativa, porém

respeitosa, livre e que apresente pluralidade de idéias. Quando a relação é

vertical, somente um dos pólos, em geral o professor, é que detém o poder

decisório de todos os sentidos, dificultando o relacionamento entre os sujeitos.

No entanto, numa relação horizontal, o convívio acontece de maneira sincera e

afetiva, de troca, de encontro verdadeiro, em que regras não são impostas, mas

sim, baseadas na compreensão, no diálogo, na tolerância, em que ora o

professor é educador, ora também é educando e em que o aluno, além de

aprender, também pode ensinar (Revista Educativa, 2008).

“Encontrar prazer no ensinar e no aprender, torna a relação do aluno

com o objetivo do conhecimento menos dolorosa possível. Portanto compete

ao professor canalizar a afetividade para produzir conhecimento. O professor é

mobilizador da aprendizagem em sua relação com o educando. Deve

considerá-lo como pessoa, com suas características próprias, ele não se limita

à instrução, mas se dirige a pessoa inteira.” Almeida

O professor exerce grande influência em seus alunos, é preciso se dar

conta que isto é parte da aprendizagem e a partir de sua postura, os alunos

podem aprender todos os códigos de ética.

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

17

17

Há professores que desconsideram a influência da afetividade tentando

trabalhar somente a intelectualidade. Têm a ideia de pessoa fragmentada, de que

o processo ensino-aprendizagem está desprendido da dimensão afetiva.

Para que a construção ocorra é preciso que o professor tenha uma

compreençao mais abrangente do aluno e de seu contexto, para que possa

contribuir para um atendimento mais preciso de situação de sua clientela, em

sua heterogeneidade e complexidade. A partir de seus sentimentos, ele pode

motivar a aprendizagem em seus alunos ou bloqueá-la. Os alunos devem ser

seduzidos para a aprendizagem. Eles têm que sentir prazer, a disciplina em

conjunto com o espaço, deve trazer alegria. Estudar pode ser mais divertido

que brincar. A aula pode ser um encanto.

A atuação do professor deixa marcas nos alunos, marcas que colaboram

ou não para que estes sigam confiantes. Podemos concluir então que as

interações e as relações de ensino podem transformar o desenvolvimento do

aluno, na medida em que as experiências vividas em sala de aula determinam

a natureza afetiva da relação do aluno com o objeto de conhecimento. A

qualidade da mediação desenvolvida pelo professor pode gerar diferentes tipos

de sentimentos na relação do aluno com o objeto do conhecimento. Uma

mesma postura pode afetar cada um de modo diferente. Em alguns pode ser

geradora de desânimo, de um sentimento de incompetência e colaboram para

que esses alunos abandonem os estudos. Em outros, é desencadeadora de

uma ação que objetiva mostrar que também é capaz de aprender, que

consegue se superar. É importante que o aluno tenha autoconfiança e

autoestima.

A emoção e a afetividade são componentes do cotidiano e devem ser

prioritariamente considerados na relação entre aluno e professor, pois são

propulsoras dos resultados, enquanto que o conteúdo curricular e o fator

tempo, devem ser flexíveis e coerentes. A preocupação e a responsabilidade

do professor devem estar voltadas a perceber a criança e suas ressonâncias

afetivas, para não ignorá-la como sujeito principal de aprendizagem. Partindo

desse pressuposto, devemos possibilitar que se desenvolva o hábito de olhar

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

18

18

para si e para os outros. Assim podemos direcionar as singularidades, as

condições afetivas e os possíveis reflexos de tais fatores na aprendizagem.

Se a relação afetiva em sala de aula não se estabelece, se os

movimentos são bruscos e os passos fora do ritmo, é ilusório acreditar que o

sucesso de educar será completo, porque a afetividade é fundamental.

2.3. A família

O desenvolvimento da criança inicia na família e se amplia no momento

em que a criança inicia a sua vida escolar levando consigo os sonhos e o

encanto que se manifestará na socialização e interação com o novo ambiente

do qual ela fará parte, lhe proporcionando novas aprendizagens.

É com a família que a criança experimenta o seu primeiro espaço de

convívio. E na relação com a família ela pode se tornar-se mais humanas e

viver o jogo da afetividade de maneira adequada. Para que ela absorva dentro

de sua família boas relações de convívio, é preciso que tenham neste âmbito,

referencias positivas que contribuam no desenvolvimento de uma

personalidade equilibrada. Em conjunto, escola e família constroem a

identidade da criança. A família e a escola socializam, estruturam o ser

relacional. É tarefa da escola assumir em parceria com a família a função de

proporcionar aos alunos oportunidades de se evoluírem como seres humanos.

Para a formação da criança, são instituições complementares. A escola deve

proporcionar, então, a inserção da família na escola, para que juntas atuem.

A educação advinda da família é considerada para a sociedade,

obrigatória. Isto significa que deve ser irremediavelmente aplicada. Por isto,

vemos uma autoridade na execução deste dever. Mas quem tem este dever? A

família, a escola ou a sociedade? Devemos perceber que o dever está no

amor, nas relações em que se encontra o afeto, mas o afeto construtivo da

personalidade. Quando se ama, é que se disciplina e se apresenta os limites,

importantes para a consciência do ser e não em momentos de raiva,

instintamente, quando agimos peles nossas emoções e não pelas

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

19

19

necessidades dos nossos alunos ou filhos. O afeto pode promover a educação,

fundamentada em experiências em que uns partilham o amor com os outros.

No entanto, na sociedade atual, é comum vermos os pais preocuparem-

se mais em compreender do que educar os filhos. Por sua vez, a escola fica

com a responsabilidade de fazer a parte que lhe é acrescentada. Os filhos,

hoje, têm acesso a cursos, a novas tecnologias e a outras facilidades do

mundo moderno, porém, há um empobrecimento quanto à qualidade da

educação afetiva recebida pela família. Por este motivo, é importante que na

escola os filhos tenham condições de aprenderem conceitos sobre a família,

cidadania, ética e valores humanos, para que as circunstâncias da vida não os

surpreendam imprevisivelmente. Desenvolver aptidões emocionais que os

capacitarão para lidar fracassos, falhas, decepções e com o próprio sucesso

(Cunha, 2008).

A escola pode possibilitar vivências afetivas que a criança tem ou

gostaria de ter em família. A família também pode extender as vivências que a

criança experimenta na escola. Família e escola devem proporcionar à criança,

a construção de sua identidade a partir de experiências que sejam

compartilhadas de educação e afeto. Estas iniciativas visam o desenvolvimento

da automania e o equilíbrio social.

Estamos vendo uma mudança no comportamento da sociedade, trazida

pela velocidade do mundo moderno, apresentando, uma fragmentação do

homem movido por valores externos, que expressam as características deste

tempo. Estamos cada vez mais longe de nós mesmos, de nossa família, de

nossa fraternização. A carência de afetividade pode ser percebida no

tecnológico quando preferimos somente a ele abstendo-nos por muitas vezes

do humano. As crianças são em suma “nativos digitais” e nós que temos a

responsabilidade de educá-los, mesmo tendo vindo de uma outra geração,

somos os “imigrantes digitais”. Portanto existe o velho e o novo modelo de

educação e aprendizagem e isto é refletido na família e na escola. Porém não

devemos substituir o calor humano, precisamos manter a consciência de que

precisamos essencialmente de carinho, de atenção, de afeto.

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

20

20

CAPÍTULO III

A INTELIGÊNCIA E A AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO DO SER

Wallon propõe o estudo contextualizado das condutas infantis. Isso quer

dizer que para compreender a criança e seu comportamento, é necessário

levar em conta aspectos de seu contexto social, familiar, cultural. Será a

relação entre as possibilidades da criança em cada fase e as condições

oferecidas pelo seu meio que cunharão o desenvolvimento (Dantas, 1992). É

por levar em conta essa dimensão integradora, que não fragmenta os

diferentes elementos envolvidos na evolução humana, que consideramos a

teoria do desenvolvimento de Wallon como a “psicogênese da pessoa

completa”. Vale ressaltar que tais fases sofrem rupturas, retrocessos e são

relativas ao contexto de cada indivíduo. Ele compreende o desenvolvimento

psíquico da criança como descontínuo e marcado por contradições e conflitos,

resultado da maturação orgânica e das condições ambientais. Os aspectos dos

diferentes momentos do desenvolvimento não são propriamente “superados”

por outros, mas podem reaparecer em outra fase da vida, ganhando novos

sentidos de acordo com as diferentes condições do sujeito. Leva-se em conta a

influência do ambiente social. Esse meio em que a criança vive não é estático e

homogêneo, ele também transforma-se junto com a criança.

Wallon trabalha com o conceito de campos funcionais nos qual a

atividade infantil se distribuiria. Para Wallon a afetividade, o movimento e a

inteligência são indissociáveis, sendo fundamental observar o gesto, a mímica,

o olhar, a expressão facial, pois são constitutivos da atividade emocional

(Galvão, 2007). Na tentativa de olhar a criança integralmente, ele delineia

quatro campos funcionais.

O movimento: A motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela

qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira como é

representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por

limitar fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

21

21

pessoa. Tem duas dimensões. Uma mais expressiva que é o movimento que

não significa deslocamento, mas a expressão que está na base das emoções.

Tem uma função comunicativa, estando este movimento usualmente associado

a outros indivíduos. Exemplos: falar, gesticular, sorrir etc. E a outra dimensão é

a instrumental, é o movimento de ação direta sobre o meio físico, o meio

concreto. São ações executadas para alcançar um objetivo imediato e, em si,

não diretamente relacionado com o outro indivíduo. Seria como, por exemplo,

as ações andar, mastigar, pegar objetos etc.

Wallon dá especial ênfase ao movimento como campo funcional porque

acredita que o movimento tem grande importância na atividade de estruturação

do pensamento no período anterior à aquisição da linguagem (Galvão, 2007).

As emoções: São as primeiras manifestações afetivas que compõem,

que estão presentes e se constituem na criança. Na medida em que o

movimento proporciona experiências à criança, ele vai respondendo através

das emoções. A emoção é fundamental na interação da criança. A emoção

apresenta-se e é fundamental na interação com o meio.

A inteligência: As emoções são as bases para a inteligência. À medida

que a criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o

raciocínio simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos. Wallon

destaca a inteligência discursiva. A inteligência que se expressa e que se

constitui por meio da linguagem. Ao mesmo tempo em que a habilidade

linguística surge, é potencializada a capacidade de abstração.

A pessoa: Esse campo articula-se com os demais. A pessoa cumpre um

papel integrador importante, mas não absoluto. A construção do eu depende

essencialmente do outro. Esse campo funcional é responsável pelo

desenvolvimento ao qual a pessoa constrói a noção de sujeito, diferente do

outro e consciente de si.

A relação entre esses quatro elementos nem sempre é de harmonia. A

perspectiva de Wallon olha a criança não só em sua fase de preparação e não

como um ser inacabado. Ele leva em conta a história da criança, que é única.

Ele não anula a dimensão temporal que a envolve e prioriza a sua bagagem

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

22

22

como ponto de partida. Devem-se levar em conta suas transformações e além

de só justificar práticas e conteúdos, articular o que ela, a criança, virá a ser.

Wallon considera importante estudar as emoções dentro do contexto

escolar já que estas estão inseridas num campo maior que é a afetividade. As

manifestações afetivas que são expressas, são visíveis para o outro e para o

próprio sujeito, têm variáveis intensas que podem vir acompanhadas de

modificações no funcionamento do corpo.

Para Wallon podemos compreender os sentidos das emoções no

desenvolvimento humano. Olhando pra um ser recém-nascido, podemos observar

que ele não pode agir diretamente sobre o meio físico, porém apresenta a sua

expressividade. O seu choro é uma manifestação emocional e consegue

mobilizar as pessoas. Ele contagia, provoca emoções alheias. Suas

manifestações expressivas têm a função de interação, em seu meio.

As emoções são então, primeiro recurso de interação entre as pessoas e

seu meio social, sendo assim fundamental. Durante a interação, temos acesso

a linguagem, que é um recurso importante na estruturação do pensamento, de

construção de si. Mesmo quando a linguagem se consolida, a emoção é

manifestação, porque ele desempenha um extremo contágio entre as pessoas.

Na perspectiva de Wallon, há a ideia de que a inteligência nasce das

emoções. A inteligência se constitui e se constrói, em cada indivíduo. Por meio

de momentos de fusão emocional, a criança tem acesso à linguagem própria

do seu meio. O acesso à linguagem em momento basicamente emocional,

torna a afetividade mais importante do que o conteúdo semântico da linguagem

(Galvão, 2007). É a partir da apropriação da linguagem que vai se constituindo

a inteligência. Inteligência e emoção estão ligadas, mesmo que haja relações

de conflito. A pessoa está envolvida nesta concepção. E é a pessoa, a unidade

singular, com suas características próprias, que articula a afetividade e a

inteligência.

Wallon estuda como se constrói na criança a consciência de si, sendo

unidade tão subjetiva. Primeiramente ela está inserida num contexto de fusão

emocional, não se percebe diferente do outro. A consciência de si constrói-se

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

23

23

gradualmente por meio de processos. A socialização pode ser grande, porém o

percurso do desenvolvimento é progressivamente individual. Através deste

percurso ela conhece a si e ao outro ao qual vai se diferenciando, construindo

sua identidade.

Na relação podemos identificar um duplo movimento durante a

incorporação do outro, na constituição de si. São os movimentos de imitação e

expulsão do outro. Na conduta de imitação presente na criança em várias fases

da vida, ela imita as pessoas que são significativas, ampliando suas próprias

fronteiras. A conduta de expulsão é o movimento contrário, adverso.

Apresenta-se quando a criança se opõe as opiniões e atitudes do outro e as

nega, consolidado a diferenciação, também presente em várias fases da vida

da criança, com mais intensidade na adolescência.

Muitas vezes o professor diante das opiniões dos alunos, sente-se

desrespeitado e em situações de oposição entre as crianças sente-se

incomodado. Por trás das oposições. Há uma multiplicidade de variáveis que

as concebem. Nestes momentos, temos que ter um olhar imparcial, sendo

interessante usar a oposição como recurso de constituição da pessoa, isto é,

do ser relacional.

Para Wallon, inteligência e afetividade integram-se. A afetividade

depende das constituições advindas do plano da inteligência e a evolução da

inteligência depende das construções afetivas, mesmo que em alguns

momentos predomine uma ou outro. Para ele, com o desenvolvimento,

intelectual, o conhecimento de si e do outro se torna cada vez mais elaborado,

conduzindo à dimensão afetiva, à sensibilidade social.

Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também

suas emoções para dentro da sala de aula. As emoções têm papel importante

no desenvolvimento da pessoa. Em geral, as emoções, são manifestações que

expressam um universo importante, mas pouco estimulado na escola (Revista

Nova escola/Grandes Pensadores, 2008).

As emoções dependem da organização dos espaços para se

manifestarem. A escola não pode imobilizar a criança, limitando-a, bloqueando

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

24

24

seus pensamentos, suas emoções, tão necessários para o desenvolvimento da

pessoa.

Diferentemente dos métodos tradicionais, que priorizam a inteligência e

o desempenho, a proposta walloniana insere a importância de um

desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. A pessoa

deve ser considerada em sua amplitude. Elementos como afetividade, emoção

e espaço físico se encontram no mesmo plano.

A escola deve se restringir a trabalhar conteúdos, mas ajudar a

criança descobrir-se, descobrir o outro, se desenvolver como pessoa que deve

estar em constante sintonia com o seu meio. É através da mediação que o

objeto de conhecimento ganha significado e sentido. São as experiências

vivenciadas com outras pessoas que irão dar aos objetos, um sentido afetivo

no processo de aprendizagem. A relação que caracteriza o ensinar e o

aprender transcorre a partir de vínculos entre as pessoas. Então é a partir da

relação com o outro e através do vinculo afetivo, que a criança tem acesso ao

mundo simbólico, conquistando avanços no âmbito cognitivo.

Segundo Abreu, “Wallon faz oposição a qualquer espécie de reducionismo

orgânico ou social, entendendo que a compreensão do ser humano deve ter

presente que ele é organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica supõe a

intervenção da cultura para se atualizar. Ele é datado, sujeito do seu tempo,

constituído por uma estrutura biológica que é ressignificada pelo social. Wallon

compartilha co Vygotsky a mesma matriz epistemológica, o materialismo histórico

e dialético, sendo que, para Wallon, a emoção é o principal mediador, enquanto

que em Vygotsky, o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel. Wallon rompe

com uma noção de desenvolvimento linear e estática, demonstrando que o ser

humano se desenvolve no conflito, sua construção é progressiva e se sucede por

estágios assistemáticos e descontínuos. Os estágios de desenvolvimento

importantes para a formação do ser humano não são demarcados pela idade

cronológica, e sim por regressões, conflitos e contradições. Em cada estágio, há o

predomínio de uma determinada atividade que corresponde aos recursos que a

criança dispõe, no momento, para interagir com o ambiente. O conflito ocorre

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

25

25

entre a atividade predominante de um estágio e a atividade predominante do

estágio seguinte. A sucessão de estágios se dá pela substituição de uma função

por outra, extinguindo algumas e conduzindo/orientando outras as novas formas

de relação. A mudança de cada estágio representa uma evolução mental

qualitativa por caracterizar um tipo diferenciado de comportamento. Além de

conferir ao ser humano novas formas de pensamento, de interação social e de

emoções que irão direcionar-se, ora para a construção do próprio sujeito, ora para

a construção da realidade exterior”.

Wallon é bem flexível na análise dos estágios. Não acredita que eles

formem uma sequencia linear e fixa. Para Wallon, o estágio posterior amplia e

reforma os anteriores. Os estágios se sucedem de maneira que momentos

predominantemente afetivos sejam sucedidos por momentos

predominantemente cognitivos. O predomínio de um aspecto sobre o outro

chama-se “predominância funcional”. Deste modo, afetividade e cognição não

são estanques e se revezam na dominância dos estágios.

3.1. Estágio Impulsivo-emocional

Ao nascer, a criança se manifesta através da impulsividade motriz.

Mesmo já possuindo autonomia respiratória, ela depende do adulto para a

satisfação das suas necessidades básicas como nutrição, higiene e postura. A

satisfação dessas necessidades não ocorre de forma imediata, havendo

desconforto causado pela privação, que se traduzem em cargas musculares,

crises motoras, representadas por movimentos descoordenados, sem

orientação pura impulsividade motora. A simbiose fisiológica dá lugar à

simbiose emocional a partir da significação que o social dá ao ato motor da

criança, que se expressa no sorriso e nos sinais de contentamento.

Do nascimento até aproximadamente o primeiro ano de vida, a criança

passa por uma fase denominada estágio impulsivo-emocional. É um estágio

predominantemente afetivo, onde as emoções são o principal instrumento de

interação com o meio. A predominância da afetividade orienta as primeiras

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

26

26

reações do bebê com as pessoas, às quais intermedeiam sua relação com o

mundo físico. A relação com o ambiente desenvolve na criança, sentimentos

intraceptivos e fatores afetivos. O movimento, como campo funcional, ainda

não está desenvolvido, a criança não possui perícia motora. Os movimentos

são desorientados.

3.2. Estágio Sensório-motor e projetivo

Dos três meses de idade até aproximadamente o terceiro ano de vida, a

criança passa pelo estágio sensório-motor e projetivo. É uma fase onde a

inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos.

A inteligência, nesse período, é tradicionalmente participada pela inteligência

prática, obtida pela interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência

discursiva, adquirida pela imitação e apropriação da linguagem. Os

pensamentos, nesse estágio, muito comumente se protejam em atos motores.

A aquisição da marcha e da apreensão dá à criança maior autonomia na

manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também nesse estágio,

ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo

projetivo refere-se ao fato do pensamento precisar dos gestos para se

exteriorizar.

3.3. Estágio do Personalismo

Ao estágio sensório-motor e projetivo sucede um momento com

predominância afetiva sobre o indivíduo, o estágio do personalismo. Este

estágio, que se estende aproximadamente dos três aos seis anos de idade, é

um período crucial para a formação da personalidade do indivíduo e da

autoconsciência. Uma consequência do caráter auto-afirmativo deste estágio é

a crise negativa. A criança opõe-se sistematicamente ao adulto. Por outro lado,

também se verifica uma fase de imitação motora e social. Mediante as

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

27

27

interações sociais, desenvolve-se a construção da consciência de si. Seu ponto

de vista diante do mundo se torna único e exclusivo, e suas crises de oposição

confrontam-se com as pessoas do meio próximo a fim de imperar sua vontade.

Ao conseguir tal objetivo sente-se exaltada. Nem sempre é vencedora, e isso

lhe causa ressentimentos e diminuição da auto-estima. Os sentimentos de

ciúme, a posse extensiva aos objetos e as cenas para chamar a atenção dos

que estão ao seu redor são características essenciais para se distinguir dos

outros.

3.4. Estágio Categorial

O estágio do personalismo é sucedido por um período de acentuada

predominância da inteligência sobre as emoções. Neste estágio, usualmente

chamado estágio categorial, a criança começa a desenvolver capacidades de

memória e atenção voluntárias. Os progressos intelectuais dirigem o interesse

da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior.

Este estágio geralmente manifesta-se entre os seis e os onze anos de idade. É

neste estágio que se formam as categorias mentais: conceitos abstratos que

abarcam vários conceitos concretos sem se prender a nenhum deles. No

estágio categorial, o poder de abstração da mente da criança é

consideravelmente amplificado. É neste estágio que o raciocínio simbólico se

consolida como ferramenta cognitiva.

3.5. Estágio da Adolescência

Mais ou menos a partir dos onze, doze anos, a criança começa a passar

pelas transformações físicas da adolescência. Este é um estágio

caracterizadamente afetivo, onde o indivíduo passa por uma série de conflitos

internos e externos. Os grandes marcos desse estágio são a busca de auto-

afirmação e o desenvolvimento da sexualidade.

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

28

28

Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados

devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões

pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.

Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência.

Para Wallon o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um

novo estágio. O individuo, ante algo em relação ao qual tem imperícia, sofre

manisfestações afetivas que levarão a um processo de adaptação. O resultado

será a aquisição de perícia pelo individuo. O processo dialético jamais se encerra.

Cada um desses estágios traz novas conquistas realizadas pela etapa

anterior, construindo-se reciprocamente num processo de integração e

diferenciação. O fato de haver o predomínio do aspecto afetivo em determinada

fase, como por exemplo, na impulsiva-emocional, não quer dizer que aspectos

afetivos não estarão presentes na próxima etapa. Enfim, ao longo do

desenvolvimento ocorrem sucessivas diferenciações entre os campos

funcionais entre os quais se distribui a atividade infantil e interior de cada um.

Este conceito de diferenciação é chave na psicogenética de Henri Wallon e

orientará o processo de formação da personalidade de forma mais ampla.

Foi apresentado o desenvolvimento do ser humano na concepção de

Wallon sem fazer menção direta a sua relação com a aprendizagem, contudo

tal relação é constante, já que aprendizagem ocorre na interação. Sua teoria

aponta a escola como um meio promotor do desenvolvimento. A sala de aula

deve ser um ambiente de cooperação, um espaço heterogêneo e de troca,

onde os alunos que dominam uma dada função promovam o desenvolvimento

desta função em seus colegas. Ao professor cabe promover a colaboração

entre os alunos, socializando e construindo conceitos. As ideias devem ser

constantemente reformuladas no confronto com a realidade, considerando as

contradições sociais. A educação deve ajudar a criar condições para que os

alunos sejam transformadores da sociedade e de si mesmos.

É importante que o professor conheça os estágios do desenvolvimento

cognitivo, para que seu fazer pedagógico seja estimulador e adequado à

maturidade de seus alunos.

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

29

29

CAPÍTULO IV

A AFETIVIDADE NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Os conflitos são inevitáveis e indicam que algo se encontra errado e que

medidas para saná-los são necessárias. Muitas vezes, é visto como algo

desnecessário, que viola as normas sociais e que deve ser evitado (Arantes).

Sua existência indica quando os membros de um grupo estão envolvidos em

alguma intensidade que provoca tensão. Tensão é o estado em que se é

levado além de um limite normal de emoção.

Administrar um conflito, não significa eliminá-lo, mas tratar dele de forma

inteligente, tornando ele um catalisador do crescimento pessoal pois através do

conflito podemos desenvolver conhecimentos e habilidades para manter o

equilíbrio nas relações humanas.

Numa situação conflitante, são as partes envolvidas que devem tomar

em suas mãos a resolução do problema, trazendo para si a responsabilidade

de serem elas a obter uma solução, tendo ou não terceiros como mediadores.

Nesse caso, o mediador tem apenas papel de facilitador. Quando se dá a

possibilidades às partes de serem ela a determinar a forma como o conflito

será solucionado, as decisões não serão determinadas pelo paradigma da

culpa e sim da responsabilidade, fazendo uso do resgate de registro que

provém de conhecimentos e desenvolvem a inteligência. Emoção e razão

fazem parte deste processo.

Durante a resolução de conflitos, o entendimento pode ser provocado de

modo a fortalecer os relacionamentos. Um mesmo conflito pode trazer

tratamentos diferentes e antagônicos, dependendo do estado emocional em

que os sujeitos inseridos o enfrentam.

As relações e os conflitos do cotidiano, com a presença de emoções,

exigem de nós conhecimentos e um processo de aprendizagem para que

possamos enfrentá-los adequadamente. Isto completa a ideia que para

resolvermos um conflito não basta extingui-lo, devemos saber a melhor forma

de resolvê-lo.

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

30

30

O conflito pode tornar um ambiente improdutivo e tende a distorcer o

comportamento e o relacionamento entre as pessoas. Em situações de conflito,

os valores individuais tendem a ser substituídos pelos fatos. Portanto, resolver

um conflito reduz o desgaste emocional.

Observando alguns conflitos, pude acompanhar a postura dos

envolvidos ou dos elementos mediadores como apaziguar, barganhar através

de acordos, autoritarismo, diálogo. Foi percebido que a melhor solução vem

através do diálogo, tendo as partes à responsabilidade de se mostrarem

abertas e honestas a respeito dos fatos, opinando e apresentando sensatez e o

sentimento de respeito ao outro. Todas as partes devem concordar em

controlar o processo, para se chegar a um consenso, sem imposição final. O

comportamento humano é grande fonte de conflitos. A resolução de conflitos é

aplicada com a finalidade de promover um bom ambiente e no interesse de se

manter bons relacionamentos. Portanto lidar com a afetividade se faz

necessário e a compreensão entre as pessoas se constitui um elo fundamental.

Foi realizado um questionário dirigido a 10 professores que lecionam em

escolas públicas no ensino fundamental. O questionário teve como objetivo

saber como a afetividade é vista por estes professores e em que situações ela

se constitui um recurso no auxílio da resolução de conflitos.

Os professores veem a escola como um espaço importante para a

formação e a transmissão de valores. Um espaço que reúne muitas e diversas

pessoas. Reconhecem que a afetividade é fundamental para manter a

harmonia do ambiente e que sua ausência, torna as relações “frias” e

“debilitadas”. Para eles são diversas as variáveis que influenciam na presença

e na ausência da afetividade. Relatam que muitos professores, assim como os

alunos, também carecem de afeto. Sendo assim, nesses casos, necessário o

professor se sentir desejado e amado para poder transmitir ao próximo àquilo

que ele tem para oferecer.

Muitos professores percebem a partir das histórias de vida dos alunos, nos

reflexos de seu cotidiano e nas relações que se estabelecem no ambiente escolar,

que os seres humanos necessitam de atenção e carinho e que lhes falta amor.

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

31

31

CONCLUSÃO

Foi exposta aqui a concepção de alguns estudiosos sobre a afetividade

e a constituição do ser, sendo enfatizada a sua importância em um dos

cenários onde se apresenta a interação e a formação humana: a escola. Em

todos os âmbitos, a espécie humana pode por muitas vezes atravessar

acontecimentos em que só o calor humano entre as pessoas pode vir a

incentivar, motivar, confrontar, acalentar, como por exemplo, em situações que

mobilizam diversas pessoas, que sofrem e até se emocionam juntas às outras,

que se ajudam. O homem recebe e transmite afeto, isto é fato. Porém para que

isso o ocorra precisa aprender a lidar com suas emoções, a trabalhar a sua

afetividade e a escola oferece esta possibilidade. Às vezes as pessoas se

afastam das outras pela dificuldade em lidar com determinadas situações.

Diante do exposto, quando aprendemos a lidar com nossas emoções temos

melhores condições de galgamos o nosso crescimento pessoal. É isto, a

afetividade promove o desenvolvimento. É inevitável reconhecer que quando

ampliamos as oportunidades de nos relacionar com os outros, mais

aprendemos, mais abrimos o nosso leque de conhecimentos com as trocas de

experiência que a vida nos traz, seja recebendo ensinamentos ou ensinando. É

comum vermos as pessoas aprenderem tanto umas com as outras enquanto se

desejam, se amam.

O professor pode fazer a diferença na vida do aluno. A escola pode

contribuir significadamente na formação da criança, porque nela se oferece um

ambiente rico em informações e oportunidades, pela multiplicidade de pessoas

que a constitui com suas diferentes histórias. Neste ambiente pode ser oferecido

um modelo escolar que proporcione a expressão da criança, respeitando-a em

sua singularidade, considerando-a. E é nele, em consonância com outros

cenários em que se atua, que também podemos ser conduzidos a nos olhar

mais e a olhar o outro afetivamente. É um espaço que pode transformar, incluir,

constituir valores. É um espaço de convívio, de amor. Amor que ensina, amor

que troca. Amor que nos faz reconhecer nossa própria existência.

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

32

32

ANEXO 1

Texto apresentado na página 4.

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

33

33

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

34

34

ANEXO 2

Professora lotada em direção de escola pública municipal (primeiro segmento).

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

35

35

ANEXO 3

Professora de Educação Física lotada em escola pública municipal (primeiro

segmento).

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

36

36

ANEXO 4

Professora lotada em Coordenação Pedagógica de escola pública municipal

(primeiro segmento).

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

37

37

ANEXO 5

Professora lotada em escola de ensino privado (primeiro segmento).

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

38

38

ANEXO 6

Professora lotada em escola de ensino privado (primeiro segmento).

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

39

39

ANEXO 7

Professora de Artes (segundo segmento) e de Educação Fundamental básica

(primeiro segmento) lotada em escola de ensino público municipal.

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

40

40

ANEXO 8

Professora lotada em escola pública municipal (primeiro segmento).

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

41

41

ANEXO 9

Professora lotada em escola pública municipal (primeiro segmento).

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

42

42

ANEXO 10

Professora lotada em escola pública municipal (primeiro segmento).

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

43

43

ANEXO 11

Professora lotada em escola pública municipal (primeiro segmento).

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

44

44

BIBLIOGRAFIA

Almeida, Laurinda Ramalho de. Mahoney, Abigail Alvarenga. Afetividade e

Aprendizagem: contribuições de Henri Wallon – Edições Loyola – 2007.

Canton, Kátia. Nino quer um amigo. Revista Nova Escola. Era uma vez –

volume 4 – Editora Abril, 2006.

Cunha, Eugênio. Afeto e Aprendizagem – Relação de amorosidade e saber na

prática pedagógica – Wak Editora, 2008.

Galvão, Izabel. Coleção Grandes Educadores? Henri Wallon – Editora Edic,

2007.

Laurenti, Andréa. Educativa, a revista do professor – Editora Minuano Cultural,

Ano I, nº 12, 2008.

Moran, José Manuel. A educação que desejamos: Novos desafios e como

chegar lá. A afetividade e a auto-estima na relação pedagógica. Editora

Papirus, 2007.

Revista Nova Escola – Grandes Pensadores. Compilação dos volumes 1 e 2 p-

Editora Abril, 2008.

Shinyashik, Roberto. A carícia essencial – Uma psicologia do afeto – Editora

Gente, 1985.

TV Escola – DVD Escola / Volume 2 – Escola em discussão. Ministério da

Educação, 2007.

Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E tentou chegar perto dele, Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco. E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. Outro dia

45

45

WEBGRAFIA

Abreu, Alberto. Psicologia da Infância de Wallon, 2008.

www.albertoabreu.word.preess.com/2006/07/18/psicologia-da-infancia-de-

wallon/

Arantes, Valeria Amorim. Afetividade e cognição: rompendo a dicotomia na

educação, 2008. www.hottopos.com/videtur23/valeria.htm

Dantas, Heloisa. Galvão, Izabel. A abordagem de Henri Wallon, 2008.

www.centrorefeducacional.com.br

Saltini, Claudio. A relação da afetividade com a inteligência, 2008.

www.eduquenet.net/afetividade.htm