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Jornal do Inpa Manaus, Fevereiro/Março 2011 - Ano III - Ed.12 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita 56 anos www.inpa.gov.br A ciência a serviço da esperança Morre menor filhote de peixe-boi já resgatado pelo Inpa Jornalismo e Ciência buscam sincronia A sustentabilidade de Belo Monte Pesquisa científica para o combate à dengue Pesquisa avalia a cadeia da borracha em Lábrea (AM) Município não possui indústria para extração de borracha, somente trabalham com produção extrativista Combatendo o câncer com cogumelos Estudo revela que além de possuir um campo promissor, cogumelos podem auxiliar na cura da doença Boa leitura Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 04 Pág. 03 Pág. 05 Pág. 07 Estudo valoriza produção de brócolis em Presidente Figueiredo Pesquisa revelou crescente viabilidade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas Pág. 08 Foto: Eduardo Gomes Foto:Eduardo Gomes Pesquisas sobre o pau-rosa compõem cartilha Estudos realizados pelo Inpa ajudam no combate ao Aedes Aegypti. Um deles é a aplicação de uma substância para afastar os mosquitos de uma área vulnerável na época de chuva: a construção civil Foto: Ariel Dotto Blind Foto: Edinaldo Lopes

Divulga Ciência - Fevereiro-Março/2011

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Jornal de divulgação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

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Page 1: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Jornal do Inpa

Manaus, Fevereiro/Março 2011 - Ano III - Ed.12 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita

56 anos

www.inpa.gov.br

A ciência a serviço da esperança

Morre menor filhote de peixe-boi já resgatado pelo Inpa

Jornalismo e Ciência buscam sincronia

A sustentabilidade de Belo Monte

Pesquisa científica para o combate à dengue

Pesquisa avalia a

cadeia da borracha em

Lábrea (AM)

Município não possui indústria para extração de borracha, somente trabalham com produção extrativista

Combatendo o câncer com cogumelos

Estudo revela que além de possuir um campo promissor, cogumelos podem auxiliar na cura da doença

Boa leitura

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 04

Pág. 03 Pág. 05

Pág. 07

Estudo valoriza produção de brócolis em Presidente Figueiredo

Pesquisa revelou crescente viabilidade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas Pág. 08

Foto: Eduardo Gomes

Foto:Eduardo Gomes

Pesquisas sobre o pau-rosa compõem cartilha

Estudos realizados pelo Inpa ajudam no combate ao Aedes Aegypti. Um deles é a aplicação de uma substância para afastar os mosquitos de uma área vulnerável na época de chuva: a construção civil

Foto: Ariel Dotto BlindFoto: Edinaldo Lopes

Page 2: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Página 02 - Fevereiro/Março 2011

Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) - Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Wallace Abreu Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Josiane Santos - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 12 - Fevereiro/Março 2011 - ISSN 2175-0866.Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] www.twitter.com/ascom_inpa

www.facebook.com/inpamct

Expediente Fale com a redação

Ministério daCiência e Tecnologia

Tome Ciência

O primeiro Encontro ConsCIÊNCIA,

promovido pela Divisão de Comunica-

ção Social (DCSO) do Instituto Nacio-

nal de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCT), aconteceu no dia 29 de

março, no espaço Thiago de Mello da

Livraria Saraiva Megastore, no Manau-

ara Shopping

Os convidados foram o diretor do

Inpa, Adalberto Val, e os pesquisado-

res Wanderli Tadei e Joselita Santos,

que realizam pesquisas sobre dengue

no Instituto, tema do evento. Além dos

jornalistas Vandré Fonseca, da TV

Amazonas, e Josiane Santos, do Inpa.

A finalidade do encontro, é reunir

jornalistas, estudantes de jornalismo e

pesquisadores para debate sobrer o

jornalismo científico na região.

A construção da hidrelétrica de Belo

Monte (PA) foi tema de palestra

realizada no Instituto Nacional de Pes-

quisas da Amazônia (Inpa/MCT) no dia

25 de fevereiro. O evento aconteceu

em Manaus no auditório do Programa

de Pós-graduação em Biologia de

Água Doce e Pesca Interior (BADPI),

campus ll do Inpa, na Avenida André

Araújo, bairro Aleixo.

O palestra foi proferida pelo pesqui-

sador do Instituto Philip Fearnside.

Para ele, há várias questões que preci-

sam ser consideradas. “Existe a infor-

mação que Belo Monte será construída

pela necessidade da geração de ener-

gia, mas não é. A construção tem haver

com a indústria do alumínio onde a

energia elétrica é o seu principal insu-

mo”, disse.

A sustentabilidade de Belo Monte

O menor filhote do Projeto Peixe-boi

da Amazônia já resgatado pela Associ-

ação Amigos do Peixe Boi, (Ampa), não

resistiu a uma forte pneumonia, detec-

tada por um exame de raio-x, realizado

no dia 4 de março. Após o exame, o

animal teve uma parada cardíaca. O

médico veterinário do Instituto Nacio-

nal de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCT), Anselmo d’Affonsesa,

tentou reanimá-lo, mas o animal não

resistiu.

O filhote fêmea de peixe-boi foi res-

gatado no dia 1, na Comunidade da

Eva no município de Silves, interior do

Amazonas. Em 2010, por meio de

incentivos do Programa Petrobras

Ambiental, a Ampa e o LMA/Inpa res-

gataram 13 animais, número recorde

na história do Projeto Peixe-boi.

Morre menor filhote de peixe-boi já resgatado pelo Inpa

Jornalismo e Ciência buscam sincronia

Boa leitura | Pau -Rosa

Séfora Antela Ilustração

A cartilha tem como público alvo as comunidades que têm interesse em fazer do pau-

rosa uma alternativa na geração de renda.

O pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) é uma das espécies de árvores da Amazônia

mais visadas em caráter internacional pela sua utilização na indústria de cosméticos,

principalmente na perfumaria fina. Por isso, possui uma grande demanda por parte das

comunidades rurais, para usar o óleo extraído de seus galhos e folhas e produzir sabo-

netes, óleos perfumados, através de cooperativas. A publicação é da Editora do Institu-

to Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) com lançamento em breve.

A cartilha foi composta por quatro autores: Keuris Kelly Souza da Silva, mestranda

em Ciências de Florestas Tropicais (CFT/Inpa), Elisabete Brocki, pró-reitora de gradu-

ação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Gil Vieira, pesquisador da Coor-

denação de Pesquisa em Silvicultura Tropical (CPST/Inpa). O pesquisador responsá-

vel e também autor da cartilha é Paulo de Tarso Barbosa Sampaio também do

CPST/Inpa.

Foto: Tabajara Moreno

Page 3: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

que é o nosso objetivo”, conclui.

Foram realizadas ainda palestras

sobre “Cogumelos funcionais e sua

importância na saúde humana”, pela

palestrante Arailde Fontes Urben da

Embrapa/Cenargem (DF) e sobre o

“Índice de qualidade para o cultivo de

cogumelos”, por Diego Cunha Zied, da

Universidade Estadual Paulista

(Unesp), seguida por uma

discussão sobre os temas.

Uma coletânia de resultados

Durante o encerramento do evento,

foi apresentado aos participantes um

livro, que recebeu o mesmo título que o

workshop: “Bioconversão de resíduos

lignocelulolíticos da Amazônia para o

cultivo de cogumelos comestíveis”,

lançado pela Editora do Inpa.

O livro é abrangente e conta com

uma grande variedade de trabalhos

Fevereiro/Março 2011 - Página 03Saúde - Divulga Ciência

Combatendo o câncer com cogumelos

Pesquisa revela que os cogumelos podem auxiliar na cura da doença

Aline CardosoDa Equipe do Divulga Ciência

O segundo dia do workshop “Biocon-

versão de resíduos lignocelulolíticos da

Amazônia para o cultivo de cogumelos

comestíveis” realizado no Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCT) trouxe palestra sobre as

propriedades medicinais dos cogume-

los.

A convidada Sascha Habu, do

laboratório de Bioprocessos da

Universidade Federal Tecnológica do

Paraná (UTPR). Ela expôs resultados

de seu trabalho, desenvolvido ao longo

de quatro anos, sobre as funcionalida-

des terapêuticas dos cogumelos com a

palestra “Atividade antioxidante e

antitumoral de macromicetos”.

Os experimentos foram feitos

utilizando quatro espécies de cogume-

los: cogumelo-do-sol (Agaricus

brasiliensis), cogumelo da lagarta

(Cordyceps sinensis), cogumelo

vermelho (Ganoderma lucidum) e

maitake (Grifola frondosa).

De acordo com Habu, é

importante desenvolver estudos

nessa área, pois “incentivará

futuras pesquisas de alunos e até

mesmo de outros profissionais na

busca pela descoberta de novas

substâncias naturais”, disse.

O estudo no ramo da saúde tem

grandes possibi l idades de

avanços visto que a medicina

atualmente não tem a preocupa-

ção apenas com o tratamento,

mas com a prevenção de doenças e o

câncer é uma das patologias que vem

crescendo mundialmente a cada ano.

“Esse campo é muito promissor com

os estudos dos cogumelos, ainda há

bastante a ser feito. Se a eficácia dos

biocompostos, alcançados com a

pesquisa, for comprovada, existirá a

real possibilidade de surgir medica-

mentos de fácil acesso à sociedade,

sobre o tema. “Inicialmente ele foi

concebido como se fossem anais do

workshop, mas ele é mais do que isso.

O livro tem todas as 14 apresentações

do evento, e conta também com

resumos de todos os trabalhos resul-

tantes do projeto CT-Amazônia,

resumos de teses, dissertações,

monografias, trabalhos científicos e

técnicas de cultivo, que estão anexo.

Essa obra é um resumo de toda a

produção científica realizada pelo

projeto”, comenta o pesquisa-

dor da Coordenação de

Pesquisas em Produtos

Florestais (CPPF), Basílio

Vianez.

A edição do livro foi financia-

da pelo projeto e pelo Instituto

Nac iona l de C iênc ia e

Tecnologia (INCT) Madeiras da

Amazônia, coordenado pelo

pesquisador do Inpa, Niro

Higuchi, e foi disponibilizado, primeira-

mente, aos participantes e palestrantes

do workshop. Os trabalhos foram

organizados pelas pesquisadoras do

Inpa e coordenadoras do evento, Maria

de Jesus C. Varejão e Ceci Sales

Campos, com o objetivo de divulgar as

pesquisas realizadas com cogumelos.

‘‘ ‘‘O evento reuniu pesquisadores, estudantes e interessados no cultivo de cogumes comestíveis

Clarissa BacellarDa Equipe do Divulga Ciência

É importante desenvolver estudos nesta área, pois

incetivará futuras pesquisas pela descoberta

de novas subtâncias

Foto: Eduardo Gomes

Page 4: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Página 04 - Fevereiro/Março 2011

Resíduos de bananeiras são favoráveis ao cultivo de cogumelos na região norte

O Grupo de Estudos Estratégicos Ama-

zônicos (GEEA) do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) se

reuniu na manhã dessa quarta-feira (16)

com representantes de universidades,

instituições de pesquisa e cientistas para

debater questões de interesse estratégico

relacionadas à Amazônia.

A reunião é realizada desde 2001 e tem

alcançado resultados satisfatórios em

debates e ações no que diz respeito às

problemáticas enfrentadas pela nossa

região. De acordo com Geraldo Mendes,

secretário-executivo do GEEA, “a ciência

é uma atividade social com fins sociais,

entende-se que a socialização das infor-

mações deve ser encarada como uma

prioridade. Com ciência, a esperança se

torna completa”, disse.

O poeta amazonense Thiago de Mello

foi o convidado da reunião. Durante sua

palestra, o poeta traçou uma relação entre

ciência e a esperança, de forma poética e

crítica ao modelo atual do ‘fazer’ ciência.

“O avanço prodigioso da ciência não

pode estar a serviço do capitalismo e das

bolsas de valores do mundo. Esse avanço

deve ser norteado pelas virtudes e neces-

sidades dos valores humanos”, afirmou.

Educação

O diretor do Inpa, Adalberto Val, ressal-

tou, durante a palestra, a importância da

educação para que a disseminação do

conhecimento científico ocorra de modo

satisfatório e seja eficiente. Para isso, é

preciso que haja investimentos nessa área

e espaço na sociedade e na mídia para

esse tipo de proposta.

“A educação é fundamental para sociali-

zar a informação científica, sem isso não

há como transferir a informação que é

produzida dentro dos laboratórios e fazê-

la ser compreendida pelas massas. Essa é

a esperança do futuro”, disse.

A ciência a serviço da esperança

“A procura pelo conhecimento não acaba nunca” (Thiago de Mello)

Aline CardosoDa equipe do Divulga Ciência

A palestra “Avaliação da produ-

ção e das características bromatoló-

gicas de Pleutorus ostreatus

cultivado em resíduos de bananei-

ra”, ministrada por Cristiane Suely

Melo de Carvalho, teve o intuito de

revelar à comunidade que resíduos

processados de bananeira (folhas,

caule, pseudocaule e outros) foram

bastante proveitosos e que se

mostraram favoráveis para o cultivo

de cogumelos na região.

A palestra deu continuidade ao

w o r k s h o p d e c o g u m e l o s

comestíveis sediado no auditório da

Biblioteca do Instituto Nacional de

P e s q u i s a s d a A m a z ô n i a

(Inpa/MCT).

Segundo a pesquisadora, “os

cogumelos são macrofungos muito

apreciados na culinária, devido

várias características, como o sabor

agradável e alto valor nutricional,

podendo ser utilizado como comple-

mento na alimentação”, inclusive

dos manauaras. Os maiores

produtores são China e Estados

Unidos. Já no Brasil, não existem

dados concretos sobre a produção.

“Esse é um fungo que não exige

muito dos substratos e que se

adaptabem a variação de temperatu-

ra e umidade“, explica.

Carvalho é aluna de doutorado em

Biotecnologia da Universidade

Federal do Amazonas (Ufam) e

apresentou os resultados de um

experimento realizado com os fungos,

parte de sua dissertação em 2010.

Foram realizadas também mais

quatro palestras, ministradas por:

Rogério Eiji Hanada (Inpa); Lorena

V i e i r a B e n t o l i l a d e A g u i a r

(Inpa/Ufam); André Luiz Borborema

da Cunha (Inpa/Ufam) e Bazilio

Frasco Vianez (Inpa).

O ciclo de palestras, realizado pela

Coordenação de Pesquisas em

Produtos Florestais (CPPF/Inpa),

continuou no dia 25 de fevereiro,

dando prosseguimento às apresenta-

ções de pesquisadores e estudantes

do Inpa e de outras instituições de

pesquisas envolvidas no desenvolvi-

mento de cultivo de cogumelos

comestíveis.

Experimento revela que o uso de resíduos de bananeira são úteis na produção de cogumelos.

|Clarissa BacellarDa equipe do Divulga Ciência

Pesquisadora destacou o alto valor nutricional dos cogumelos que podem ser usados como complemento na alimentação

Foto: Eduardo Gomes

Pesquisa - Divulga Ciência

Page 5: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Fevereiro/Março 2011 - Página 05Economia - Divulga Ciência

Com o intuito de colaborar no

desenvolvimento da olericultura

(área da horticultura que abrange a

exploração de hortaliças) da Amazô-

nia, a Coordenação de Pesquisas em

Ciências Agronômicas (CPCA) do

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT) tem desenvol-

vido pesquisas adequadas às diver-

sas áreas do conhecimento agronô-

mico.

O engenheiro agrônomo Ariel Dotto

Blind, orientado por pesquisadores

do Inpa, realizou uma pesquisa sobre

a viabilidade socioeconômica e ambi-

ental da produção de brócolis para o

Amazonas. Blind é estudante de mes-

trado do Programa de Pós-

Graduação em Agricultura no Trópi-

co Úmido (PPG-ATU) do Inpa.

Os resultados da pesquisa

mostram que a produtividade

de plantios de brócolis (do

grupo ramoso) em função de

diferentes manejos é anima-

dora, e, portanto, está sendo

recomendado e usado por

agricultores familiares, no

município de Presidente Figuei-

redo, interior do Amazonas.

“A partir dos dados analisados, os

produtores familiares rurais se inte-

ressaram pelo plantio de brócolis em

função do cultivo ser simples e devido

o alto preço alcançado pela hortaliça

em Manaus. Hoje, existe a Cooperati-

va Agroindustrial Boa Esperança

(formada em abril de 2010) de produ-

tores de brócolis no ramal Boa Espe-

rança (Km 120 da BR 174), com pro-

dutividade cerca de 200 Kg semana-

is”, afirma o engenheiro.

Produção

O município se destaca por possuir

um grande potencial de produtividade

em função da altitude, do micro clima

da região, da ventilação constante

(importante para a produção de hortali-

ças), e da temperatura média anual

caracterizada em 26°C.

O potencial produtivo de hor-

taliças nessa região, também

tem sido alvo de discussões entre pes-

quisadores de diversas instituições.

“Partiu de uma iniciativa, uma tentativa

de produzir brócolis, porque não tem

segredo nenhum, é o mesmo sistema

de cultivo da couve. É possível ter

sucesso na implantação dessas cultu-

ras (plantios), que não são convencio-

nais na região, mas que têm viabilida-

de, pois não é necessário desmatar,

uma vez que se pode utilizar a mesma

área realizando rotação”, explica.

Segundo Blind, os orientadores e

pesquisadores do Inpa, especialistas

em olericultura, Hiroshi Noda e Danilo

Fernandes, o brócolis já faz parte da

dieta dos amazonenses e contribui na

geração de emprego e renda para pro-

dutores da região.

Blind afirma ainda que a produção

em Presidente Figueiredo tem sido

destinada a importantes consumidores

de Manaus, que manifestam preferên-

cia pelo consumo de hortaliças regio-

nais. “Não deixamos a desejar em qua-

lidade perante outras regiões produto-

ras brasileiras e nem para o que é

importado”, assegura.

O Brócolis

Em sua composição química são

encontrados boro, ácido fólico, com

destaque para seu elevado teor de

cálcio, que auxilia na formação de

ossos e dentes. Possui ainda outros

compostos ativos, onde podem ser

encontradas propriedades anticancerí-

genas, antioxidantes, antibacterianos,

antifúngicos e os carotenóides (que

apresentam atividades de pró-vitamina

A). Pesquisadores japoneses compro-

varam que os brotos de brócolis com-

batem a Helicobacter pylori, uma bac-

téria comum no estômago, conhecida

por causar úlceras, gastrite e câncer

gástrico.

| Clarissa BacellarDa equipe do Divulga Ciência

Produção de brócolis no município de Presidente Figueiredo valorizada após estudoPesquisa foi realizada por estudante orientado por pesquisadores do Inpa e revelou crescente viabili-dade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas

Foto: Ariel Dotto Blind

‘‘‘‘Não deixamos a desejar em qualidade perante

outras regiões produtoras brasileiras

Produção de brócolis em Presidente Figueiredo revela grande potencial de produtividade em função da altitude

Page 6: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Página 06 - Fevereiro/Março 2011 Pesquisa - Divulga Ciência

Pesquisa avalia e caracteriza a cadeia produtiva da borracha em Lábrea (AM)... ser impermeável foi a qualidade que primeiro chamou a atenção do mundo. Usar sapatos, capas de chuva, luvas

cirúrgicas, sutiãs e espartilhos, cintas e elásticos de múltiplos usos era fashion ter pelo menos uma parte do corpo

impermeável a chuvas e bactérias e moldar o corpo a estética do momento..(Poema de autoria de Aldísio Filgueiras)

Conforme o poema, a produção de

borracha no Amazonas trouxe uma

época de auge para o estado, um

momento de crescimento econômico e

social que ficou na história.

A pesquisa desenvolvida no Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCT) por Edinaldo Lopes de

Oliveira, estudante de mestrado do

Programa de Pós-Graduação em Agri-

cultura de Trópico Úmido (PPG-ATU),

que analisou e caracterizou todos os

elos pertencentes à cadeia produtiva

da borracha no município de Lábrea,

interior do Amazonas. O trabalho foi

orientado pela pesquisadora do Institu-

to Sônia Sena Alfaia.

O Governo do Estado por meio da

Secretária de Estado de Produção

Rural (Sepror) pretende reativar

alguns seringais com a finalidade

de fornecer látex para a indústria.

O estudo identificou que a

cadeia produtiva de borracha em

Lábrea é composta por seringuei-

ros, fornecedores de insumos,

comerciantes, regatões, agentes

governamentais (assisitência

técnica) e associações de serin-

gueiros. No município, não existe

indústria para extração de borra-

cha, somente trabalham com

produção extrativista.

“Primeiro avaliamos a cadeia que

identificou esses elos, como estão

funcionando e as formas que eles inte-

ragem; e no segundo momento nós

fizemos um levantamento da produ-

ção”, explica Oliveira.

Na avaliação e característica da

produção, foram entrevistados 50

seringueiros, um fornecedor de insu-

mos – que fornece material para extra-

ção da borracha, um técnico, duas

associações de seringueiros e três

comerciantes.

Resultados

A pesquisa iniciou em 2008 avalian-

do a produção de um ano de fabricação

(ano de corte da seringueira, normal-

mente, de maio a dezembro) de um

seringal. Nesse seringal, o pesquisa-

dor escolheu três colocações (área

que cada seringueiro utiliza fazendo

corte das árvores), e dentro de cada

colocação duas estradas e em cada

estrada dez plantas.

‘‘Podemos perceber que as plantas

são produtivas e que necessitam de

| Josiane SantosDa equipe do Divulga Ciência

um estudo melhor para desenvol-

vermos métodos para aumentar a

produção, essas plantas têm um

potencial produtivo muito grande

e estamos propondo um estudo

genético dessas plantas’’, conclu-

iu Oliveira.

A pesquisa concluiu que a cade-

ia produtiva da borracha no muni-

cípio de Lábrea é incompleta por

não existir o elo da indústria,

ausência de políticas públicas

exclusivas para a extração de borra-

cha, falta de kit seringa (400 tigelas,

duas facas de seringa, um balde e uma

lanterna) aos produtores, somadas à

ausência de assistência técnica exten-

são rural na atividade de extração do

látex são alguns dos entraves identifi-

cados no estudo. Outro ponto

considerado como entrave importante

encontrado para ativação da produção

de borracha é a ausência de documen-

to fundiário da terra.

O governo do Estado pretende reativar alguns seringais com o

objetivo de fornecer látex para indústria

Foto: Edinaldo Lopes

‘‘ ‘‘ Primeiro avaliamos a cadeia que identificou

esses elos, como estão funcionando e a forma

que eles interagem

Page 7: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

‘‘ ‘‘Já fizemos o teste em um

edifício e houve uma redução no número de

mosquitos

Fevereiro/Março 2011 - Página 07Saúde - Divulga Ciência

Pesquisa científica para o combate à dengue

Estudos realizados pelo Inpa ajudam no combate ao Aedes Aegypti. Um deles é a aplicação de uma substância para afastar os mosquitos de uma área vulnerável na época de chuva: a construção civil

Os casos de Dengue no

Amazonas estão preocupando a

população e as autoridades. Já

foram registrados mais de 4 mil

casos em todo o Estado.

Ÿ A situação piora no período

chuvoso onde se formam mais

criadouros do mosquito, e é no canteiro

de obras que o inseto encontra um

ambiente mais favorável. Para evitar a

proliferação do Aedes Aegypti, o

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT) está realizando

um estudo nesses locais.

O pesquisador do Inpa, Wanderli

Tadei, explica que nas construções de

edifícios é necessário fazer o teste de

infiltração no futuro banheiro dos

apartamentos e para isso é despejada

certa quantidade de água. A área deve

ficar alagada por sete dias e é aí que

mora o perigo. “O primeiro morador

desses prédios é o mosquito transmis-

sor da dengue. Nessa fase os edifícios

acumulam água e sete dias é tempo

mais do que suficiente para o

desenvolvimento da larva”. Afirma.

Nova substância

Para resolver o problema, uma

substância (que está em processo de

patente) foi criada nos laboratórios do

Instituto. A técnica consiste em

adicionar a sustância à água usada na

obra o que, segundo Tadei, substitui o

uso de inseticidas, não permite a

proliferação do Aedes Aegypti e ainda

protege os trabalhadores da constru-

ção civil. “Nós desenvolvemos o

sistema onde água pode ser usada

normalmente para o teste de infiltra-

ção. A substância tem eficácia de 12

dias, já foi testada em laboratório e

estamos vendo sua viabilidade. Já

fizemos o teste em um edifício e houve

uma redução no número de mosqui-

tos”, enfatizou.

Além disso, há estudos do Instituto

que envolvem a análise de

resistência do mosquito a

inseticidas e a produção de novas

fórmulas de repelentes.

Conscientização

O pesquisador alerta a popula-

ção sobre os cuidados para evitar

a dengue. Medidas como tampar

caixas d’água, manter o quintal

limpo, verificar se as calhas não estão

acumulando água assim como os

vasos de plantas, ajudam no combate

à doença.

De acordo com Tadei, em caso de

sintomas como febre, dor de cabeça e

dores pelo corpo, por exemplo, a

pessoa deve procurar o serviço médico

imediatamente. “O diagnóstico da

doença é importante para o paciente e

para o serviço público, pois é a partir

disso que será feita a ação de comba-

te. Existem quatro tipos de dengue e o

mais grave é a hemorrágica que pode

levar a óbito. O paciente com suspeita

de dengue não pode ficar em casa”,

enfatizou.

| Daniel JordanoDa Equipe do Divulga Ciência

Foto: Eduardo Gomes

Pesquisas em laboratório garatem ações eficazes contra a dengue

Page 8: Divulga Ciência -  Fevereiro-Março/2011

Página 08 - Fevereiro/Março 2011

IV Oficina sobre gestão e manejo de pesca em terras indígenas

Evento realizado de 24 a 27 de março no Município de São Paulo de Olivença, interior do Amazonas

A IV Oficina sobre Gestão e Manejo

da Pesca nas Terras Indígenas Éware I

e Éware II organizada pelo Laboratório

de Manejo de Fauna (LMF) do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

Desenvolvimento Regional do Estado

do Amazonas para o Zona Franca

Verde (Proderam) e Instituto de

Desenvolvimento Agropecuário do

Estado do Amazonas (IDAM) iniciou as

atividade com a realização de uma

reunião entre as lideranças da

Associação dos Caciques Indígenas

do Alto Solimões (ACISPO) e da

equipe técnica com a finalidade de

definir funções durante a realização do

evento.

A oficina realizou reuniões com

caciques, comunitários e lideranças

para apresentar os objetivos do projeto

e discutir as regras em uso, propor

novas regras para o manejo pesqueiro

e socializar informações sobre a pesca

na região, com o objetivo de promover

a integração de esforços para a gestão

e manejo da pesca nas terras indíge-

nas.

O evento teve como coordenador

Associação dos Caciques Indígenas do

Alto Solimões (ACISPO), no âmbito do

antigo Programa de Pesquisas em

P o l í t i c a s P ú b l i c a s e m Á r e a s

Estratégicas no Amazonas (PPOPE) da

Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado do Amazonas (Fapeam).

O projeto é patrocinado pelo

Programa de Desenvolvimento Regional

do Amazonas para o Zona Franca Verde

(PRODERAM) e é conduzido pela

equipe técnico-científica do Laboratório

de Manejo de Fauna(LMF/Inpa), que tem

o pesquisador George Henrique Rebelo

como líder.

geral técnico-científico o pesquisador

do Inpa, Jackson Pantoja Lima; como

colaborador, na coordenação de

grupos de trabalho, João Batista dos

Santos (LMF/Inpa) e contou ainda com

o palestrante Miguel Arantes, que fez

palestra sobre a “Importância do

Conselho no Manejo Pesqueiro Local

da Resex Auati-Paraná, região de

Fonte Boa”.

No dia 27 de março, foi realizado o

encerramento, uma plenária final com

constituição do conselho, definição de

agenda de traballho e encaminhamen-

tos, em português e Tikuna, com o

intérprete

Sobre as edições anteriores

A I Oficina sobre Gestão e Manejo da

Pesca nas Terras Indígenas Éware I e II

foi realizada entre 16 e 19 de março de

2009, em São Paulo de Olivença,

organizada em colaboração entre o

Laboratório de Manejo de Fauna do

Inpa, a antiga Fundação Estadual dos

Povos Ind ígenas (FEPI ) e a

Rafael Adércio Costódio,

técnico da Secretaria de Estado para

Povos Indígenas (SEIND).

Educação e Sociedade - Divulga Ciência

O evento mobilizou caciques comunitários e lideranças para discutir regras no manejo pesqueiro

Clarissa BacellarDa Equipe do Divulga Ciência

Foto: Acervo LMF

Foto: Acervo LMF