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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE GOIÁS COORDENAÇÃO DE TURISMO E HOSPITALIDADE COORDENAÇÃO DE GEOMÁTICA DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE MAMBAÍ-GO E MAPEAMENTO DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO PARA PLANEJAMENTO DO TURISMO SUSTENTÁVEL Anderson Santos Chaves Laíze dos Santos Leite Patrícia Karoline Estevam Lima GOIÂNIA NOVEMBRO/2006

Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Page 1: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE GOIÁS

COORDENAÇÃO DE TURISMO E HOSPITALIDADE

COORDENAÇÃO DE GEOMÁTICA

DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE MAMBAÍ-GO E MAPEAMENTO DA APA

DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO PARA PLANEJAMENTO DO TURISMO

SUSTENTÁVEL

Anderson Santos Chaves

Laíze dos Santos Leite

Patrícia Karoline Estevam Lima

GOIÂNIA

NOVEMBRO/2006

Page 2: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Anderson Santos Chaves

Laíze dos Santos Leite

Patrícia Karoline Estevam Lima

DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE MAMBAÍ-GO E MAPEAMENTO DA APA

DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO PARA PLANEJAMENTO DO TURISMO

SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão apresentado no CEFET-GO, ao Curso Superior de Tecnologia em GestãoTurística, para os alunos Anderson SantosChaves e Laíze dos Santos Leite e ao CursoSuperior de Tecnologia em Geoprocessamento,para a aluna Patrícia Karoline Estevam Lima,como pré-requisito para a conclusão de Curso.Orientadores: Prof.ª M.Sc. Gisélia LimaCarvalho e Prof. M.Sc. Valdeir F. de Paula

GOIÂNIA

NOVEMBRO/2006

Page 3: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Anderson Santos Chaves

Laíze dos Santos Leite

Patrícia Karoline Estevam Lima

DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE MAMBAÍ-GO E MAPEAMENTO DA APA

DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO PARA PLANEJAMENTO DO TURISMO

SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado nos cursos de Tecnologia em Gestão

Turística e Tecnologia em Geoprocessamento do Centro Federal de Educação Tecnológica de

Goiás, para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Turística e Tecnólogo em

Geoprocessamento, respectivamente. Aprovado em 22 de novembro de 2006 pela Banca

Examinadora constituída pelos seguintes professores:

______________________________________________________________

Profa.. M.Sc. Gisélia Lima Carvalho

(Orientadora)

Prof. M.Sc. Valdeir F. de Paula

(Co-orientador)

______________________________________________________________

Profa. M.Sc. Clarinda Aparecida da Silva

(Membro da banca)

______________________________________________________________

Prof. Hostílio Maia de Paula Neto

(Membro da banca)

Page 5: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

“Turismo: bem dosado, pode ser um remédio, mas

administrado em grandes quantidades torna-se um

veneno”.

Krippendorf

Page 6: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Dedicamos este trabalho aos nossos pais,

amigos, companheiros e cônjuge que muito nos

apoiaram para a conclusão deste curso.

Page 7: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

AGRADECIMENTOS

Ao nosso Senhor Jesus pela motivação, orientação, paciência e força tão necessárias

para condução dessa pesquisa;

Aos orientadores deste trabalho pela dedicação, paciência, acompanhamento e

inteligentes correções.

À Divisão Técnica do IBAMA-GO, na pessoa do Sr. José Augusto de Oliveira Motta e

ao Sr. Emílio Manoel Calvo, cuja colaboração foi indispensável para a realização deste

trabalho.

Aos funcionários da Superintendência de Geologia e Mineração - GO (Secretária de

Industria e Comércio) um dos órgãos responsáveis pelo site do SIEG, pelo material fornecido

e atenção dispensada.

À comunidade de Mambaí, pela colaboração e hospitalidade.

Page 8: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa representado toda região do Nordeste Goiano destacando os municípios

integrantes da APA NRV.......................................................................................... 14

Figura 2: Mapa espacializando a APA NRV e municípios integrantes da mesma.................. 17

Figura 3: Carta imagem demonstrando a digitalização de feições naturais (cursos d’água) e

não naturais (mancha urbana)................................................................................... 20

Figura 4: Tela do ARC VIEW 3.2 mostrando o Mapa Turístico com os temas e edição final no

layout deste software................................................................................................. 22

Figura 5: Tela do ARC VIEW 3.2 mostrando o SIG, com os temas (feições), à direita, tabela

de informação do ponto turístico e a foto do local.................................................... 24

Figura 6: Fluxograma representando os passos para execução até conclusão dos produtos... 25

Figura 7: Mapa demonstrando vias de acesso de Goiânia a Mambaí...................................... 35

Figura 8: Mapa com a representação dos grupos geológicos da APA NRV........................... 41

Figura 9: Mapa com a representação dos tipos de solos da APA NRV................................... 45

Figura 10: Mapa com a representação da Bacia Hidrográfica do Rio Corrente...................... 47

Figura 11: Flor de Pequi........................................................................................................... 48

Figura 12: Cactos em afloramento calcário............................................................................. 48

Page 9: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Figura 13: Mapa representando a vegetação preservada no Estado de Goiás.......................... 50

Figura 14: Extração de Carvão Vegetal................................................................................... 51

Figura 15: Mapa representando a área da APA NRV.............................................................. 53

Figura 16: Entrada da Caverna Senhor dos Anéis................................................................... 64

Figura 17: Espeleotema no interior da caverna........................................................................ 64

Figura 18: Coluna na Caverna Senhor dos Anéis.................................................................... 65

Figura 19: Parte do teto da Caverna Senhor dos Anéis............................................................ 65

Figura 20: Entrada tipo quebra-corpo na Caverna Tarimba.................................................... 66

Figura 21: Cachoeira da Recompensa ..................................................................................... 66

Figura 22: Assoreamento do Córrego das Dores ocorrido por avanço de cultivo de

subsistência............................................................................................................ 67

Figura 23: Entrada na Lapa do Penhasco................................................................................. 67

Figura 24: Coluna na Lapa do Córrego das Dores................................................................... 68

Figura 25: Entrada da Lapa do Córrego das Dores.................................................................. 68

Figura 26: Espeleotema na caverna dos Revolucionários........................................................ 69

Figura 27: Corredor na Caverna dos Revolucionários.................................................................................. 69

Page 10: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Figura 28: Caverna Rio Vermelho I......................................................................................... 70

Figura 29: Entrada principal da Cachoeira do Funil................................................................ 71

Figura 30: Entrada principal vista por dentro.......................................................................... 71

Figura 31: Corredeiras no Córrego Chumbada........................................................................ 72

Figura 32: Rio Vermelho......................................................................................................... 73

Figura 33: Cachoeira do Poço Azul......................................................................................... 73

Figura 34: Corredeiras no Córrego Ventura............................................................................ 74

Figura 35: Vista do Córrego Ventura....................................................................................... 74

Figura 36: Zezinho bordando................................................................................................... 79

Figura 37: Toalhas bordadas por Zezinho................................................................................ 79

Figura 38: Bonecas de Pano, crochê e bordados de Maria Eleuza.......................................... 79

Figura 39: Artesanato à base de tocos de madeira produzido em escolas públicas do

município................................................................................................................ 79

Figura 40: Bonecas de bucha vegetal............................................................................................... 80

Figura 41: Quadro feito com espécies vegetais do Cerrado..................................................... 80

Figura 42: Mapa representando três unidades de conservação do Nordeste Goiano............... 89

Page 11: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Grandezas de áreas municipais do Estado de Goiás 36

Tabela 2: Análise das áreas municipais 36

Tabela 3: População Residente e Densidade Demográfica, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do

Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás em 2000 55

Tabela 4: População Residente e Taxa Geométrica de Crescimento Anual, segundo IBGE e

SEPLAN/GO do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás

entre 1991/2000 55

Tabela 5: Esperança de Vida ao Nascer, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município de

Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás entre 1991/ 2000 56

Tabela 6: Número de escolas, Salas de aulas, Número de docentes, Alunos matriculados,

segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste

e Estado de Goiás entre 2003/2004 57

Tabela 7: Taxa de Analfabetismo da população de 10 anos ou mais de idade, segundo IBGE e

SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de

Goiás entre 1991/ 2000 57

Tabela 8: Valor de Rendimento Nominal Médio Mensal das pessoas responsáveis pelo

domicílio/ Flutuação do nível de emprego, segundo IBGE, Ministério do Trabalho

e SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de

Goiás entre 2000/2002 58

Page 12: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

Tabela 9: Pecuária - Efetivos bovino, suíno e aves, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do

Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás em 2001 59

Tabela 10: População atendida de água e esgoto, segundo SANEAGO, IBGE e SEPLAN/GO,

do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás em 2001 60

Tabela 11: Destino do lixo (%), segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município de

Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2000 60

Tabela 12: Consumo de energia, segundo CELG, IBGE e SEPLAN/GO, do Município de

Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás em 2001 60

Tabela 13: Rede Hospitalar e Número de leitos, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município

de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de Goiás em 2005 61

Tabela 14: Taxa de Mortalidade Infantil (%) por mil nascidos vivos, segundo IBGE e

SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de

Goiás entre 1991/ 2000 62

Tabela 15: Arrecadação de ICMS e Variação em (%), segundo Secretaria da Fazenda/GO e

SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e Estado de

Goiás entre 2000/2002 62

Page 13: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

RESUMO

Ramo do conhecimento relativamente novo, o turismo é um fenômeno social e espacial, alémde uma atividade econômica entendida atualmente como uma das mais rentáveis, fatoexplicado pelos bons números em relação à geração de empregos e renda advindos dacirculação de turistas em todo o mundo. Contudo, uma observação mais acurada mostra queesses números escondem dados importantes quanto à interação entre o turista e o localvisitado. A exemplo, temos a variedade de destinos turísticos crescendo unicamente pelademanda de visitantes e cujos administradores locais, exploram a atividade predatoriamente,alheios a qualquer tipo de planejamento. O oposto deste cenário revela que a atividadeturística pensada, planejada antes da exploração, pode gerar grandes benefícios para odesenvolvimento de uma localidade. Tomando isso por base, sentimos a necessidade deenfocar o desenvolvimento do turismo em Goiás, especialmente na região Nordeste Goianoque é tida como a mais carente do Estado. A fim de colaborar com essa problemática, apresente pesquisa, intitulada Diagnóstico do Município de Mambaí-GO e Mapeamento daAPA das Nascentes do Rio Vermelho para Planejamento do Turismo Sustentável buscacontribuir com o desenvolvimento regional dos municípios que compõem essa Área deProteção Ambiental, mas tendo como referência o município de Mambaí, por ser sede daadministração da referida Unidade de Conservação e concentrar as pesquisas do InstitutoBrasileiro de Meio Ambiente –IBAMA, na região. A pertinência da pesquisa se faz nessaregião pela considerável presença de cachoeiras, cânions, formações rochosas e veredas daSerra Geral de Goiás. Em virtude disso, o estudo objetiva elaborar um diagnóstico turístico,mostrando os aspectos gerais de infra-estrutura do município de Mambaí, identificando aspotencialidades turísticas para a elaboração de um futuro plano de turismo regional. Paratanto, avaliamos a visão dos moradores e suas expectativas quanto ao turismo, a partir deroteiros de entrevistas. Além disso, propomos diretrizes para o turismo em Mambaí eelaboramos um Sistema de Informações Geográficas – SIG e um mapa turístico,proporcionando orientação quanto à localização e identificação dos recursos da região que anatureza tem a oferecer. O SIG e mapas encontrados neste trabalho foram produzidos comauxílio do Geoprocessamento, uma importante ferramenta na disponibilização de informaçõesfísico-territoriais, no ordenamento e gestão do território, como na localização de pontosturísticos. Assim, pretendemos, com esta pesquisa, ajudar a compreender melhor a realidadelocal e chamar a atenção para as potencialidades de parte do Nordeste Goiano a partir dealgumas estratégias de ordenamento do território que necessita de um diagnóstico para oplanejamento turístico sustentável. Com isso entendemos contribuir com a proposição dealternativas viáveis ao desenvolvimento econômico e social no município de Mambaí e, porextensão, de sua de sua região.

Palavras-chave: turismo sustentável; planejamento turístico; SIG; Mambaí.

Page 14: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................13

Caminhos da Pesquisa.................................................................................................................18

1 O PLANEJAMENTO TURÍSTICO COMO FERRAMENTA PARA O TURISMO

SUSTENTÁVEL.......................................................................................................................26

2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO............................................................33

2.1 Localização, Acesso e Área.................................................................................................33

2.2 Aspectos Históricos..............................................................................................................37

2.3 Quadro Natural......................................................................................................................38

2.3.1 Clima..................................................................................................................................38

2.3.2 Geologia.............................................................................................................................39

2.3.3 Pedologia............................................................................................................................42

2.3.4 Hidrografia.........................................................................................................................46

2.3.5 Vegetação...........................................................................................................................48

2.4 Aspectos Sócio-econômicos.................................................................................................54

3 INVENTÁRIO TURÍSTICO................................................................................................63

3.1 Atrativos Naturais.................................................................................................................63

3.2 Equipamentos de Apoio ao Turismo.....................................................................................75

3.3 Manifestações e Usos Tradicionais.......................................................................................78

3.4 Serviços Básicos no Núcleo Urbano.....................................................................................81

4 A VISÃO DA POPULAÇÃO LOCAL SOBRE O TURISMO..........................................83

5 DIRETRIZES PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL: PROPOSTAS PARA O

MUNICÍPIO DE MAMBAI E A APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO..........86

6 MAPA TURÍSTICO..............................................................................................................90

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................91

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................93

ANEXOS....................................................................................................................................95

APÊNDICES...........................................................................................................................104

Page 15: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O turismo revela-se como uma das atividades econômicas de grande interesse para a

sociedade na atualidade. Entretanto, não podemos negligenciar a forma como muitas

atividades têm sido desenvolvidas: a qualquer custo, sem um mínimo de planejamento,

gerando graves problemas sociais, econômicos e ambientais.

O estudo intitulado Diagnóstico do Município de Mambaí–GO e Mapeamento da APA

das Nascentes do Rio Vermelho para Planejamento do Turismo Sustentável busca contribuir

com o desenvolvimento regional dos municípios que compõem a Área de Proteção Ambiental

mencionada (APANRV), a partir do enfoque no município de Mambaí, que sedia a

administração desta Unidade de Conservação e concentra as pesquisas do Instituto Brasileiro

de Meio Ambiente–IBAMA-GO, na região.

Localizado no Nordeste Goiano, o município de Mambaí integra esta região com

outros dezenove municípios, limitando-se à leste com a Bahia, à sudoeste com Damianópolis,

à oeste com Buritinópolis e noroeste com Posse, conforme a Figura 1.

É relevante destacarmos que o Nordeste Goiano reúne 14 dos 30 municípios goianos

com maior cobertura vegetal, contando com 74% de área coberta por Cerrado, embora seja

apontado como uma das regiões mais pobres do Estado de Goiás. Todavia, a despeito das

poucas iniciativas governamentais e carente de serviços básicos, a população desta região

aposta no turismo como alternativa para o desenvolvimento. Dados da pesquisa SERPES

publicados na Agenda Goiás –Região Nordeste 2005 e divulgados no jornal O Popular, de 07

de julho de 2005, mostram que 28% dos moradores apostam no ecoturismo como caminho

para o futuro, ao passo que 15% acreditam na indústria e 10% acreditam na agricultura.

Outro aspecto relevante, publicado no caderno Cerrado –A Fraude das Reservas

Legais, do jornal O Popular, de 04 de setembro de 2005, mostra um cenário preocupante

quanto à degradação do cerrado goiano, informando que 52% dos municípios de Goiás têm

hoje menos de 19% de áreas de Cerrado nativo preservado. Segundo a reportagem, os trinta

municípios com menor IDH estão no Norte e Nordeste do Estado, onde ainda há 80% da

cobertura vegetal nativa. O desenvolvimento da atividade turística planejada e sustentável

pode apresentar-se como um caminho para a manutenção do Cerrado existente na região

Nordeste.

Page 16: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

14

Nordeste GoianoLegenda

150 0 150 Km

N

16° 16°

50°

50°

46°

46°

Estado de GoiásEstado de Goiás

BA

HIA

10 0 10Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

#Y

#Y #Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#YCAVALCANTE

POSSE

SÃO DOMINGOS

IACIARA

FLORES DE GOIÁS

NOVA ROMA

SAO JOÃO D'ALIANÇA

MONTE ALEGRE DE GOIÁS

MAMBAÍ

SÍTIO D'ABADIA

ALTO PARAÍSO DE GOIÁS

COLINAS DO SUL

ALVORADA DO NORTE

GUARANI DE GOIÁS

CAMPOS BELOS

TERESINA DE GOIÁS

DIVINOPOLIS DE GOIÁS

SIMOLÂNDIA

DAMIANÓPOLIS

BURITINÓPOLIS

15°00'

14°30'

14°00'

13°30'

13°00'

48°00' 47°30' 47°00' 46°30' 46°00'

15°00'

14°30'

14°00'

13°30'

13°00'

48°00' 47°30' 47°00' 46°30' 46°00'

MAPA DA REGIÃO NORDESTE GOIANODestaque para: MAMBAÍ e MUNICÍPIOS LIMITRÓFES

MAPA DA REGIÃO NORDESTE GOIANODestaque para: MAMBAÍ e MUNICÍPIOS LIMITRÓFES

TOCANTINS

N

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima.

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:

NORDESTE GOIANOBuritinópolisDamianópolisPosseMambaíDemais municípios

#Y Sedes municipais

Legenda

Limites estaduais

Limites municipais

Figura 1: Mapa representado toda região do Nordeste Goiano destacando os

municípios integrantes da APA NRV.

Page 17: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

15

A partir desta avaliação, deparamo-nos com a necessidade de contribuir com o

desenvolvimento do turismo em Goiás, especialmente na região Nordeste do Estado. Por isso,

inicialmente, escolhemos o município de Mambaí, dada sua realidade econômico-social, visto

que observamos que ele possui um dos menores índices de desenvolvimento do Estado e

ainda resguarda a presença de recursos naturais viáveis ao desenvolvimento da atividade

turística, como cavernas e águas subterrâneas da APANRV, cachoeiras, cânions, formações

rochosas e veredas da Serra Geral. Os avanços na pesquisa revelaram a necessidade de

incorporar aos estudos uma análise da APANRV1, já que esta é composta pelo município de

Mambaí –que não pode ser observado a parte desta unidade de conservação –e por seus

municípios limítrofes dentro do Estado de Goiás, conforme a Figura 2.

Partindo do entendimento de que Diagnosticar é: “conhecer detalhadamente a situação

do objeto do planejamento, constituindo a base de onde todo o processo se iniciará”

(MOLINA & RODRIGUES, 2001, p. 94), propomos com este projeto, a elaboração de um

diagnóstico que identifique as potencialidades do município de Mambaí com vistas à

construção de um futuro planejamento integrado e sustentável da atividade turística no local,

considerando-se a variedade de recursos naturais existentes.

E para auxiliar a elaboração desta pesquisa, fizemos uso do Sensoriamento Remoto

com aplicação de técnicas de Geoprocessamento, pois encontramos nestas áreas do

conhecimento, importantes ferramentas na identificação de situações envolvendo o espaço

territorial, na disponibilização de informações físico-territoriais e na reprodução da

configuração do território estudado.

O Geoprocessamento viabilizou a apresentação visual e espacial da área pesquisada,

permitindo a exposição dos dados em um Sistema de Informações Geográficas –SIG, com a

representação destes de forma figurada e temática, expressada em mapas, imagens de satélites

e fotografias que identificam a região.

A estruturação dos capítulos deste trabalho deu-se de modo que o capítulo 1 traz

referências quanto ao histórico do termo desenvolvimento sustentável e do turismo

sustentável, bem como sua relação com o planejamento turístico.

1 A escolha do município de Mambaí nos pareceu, no inicio, uma escolha simples no que diz respeito à opçãopor uma localidade que tivesse potencial turístico pouco conhecido em Goiás e que necessitasse de olharesvoltados para um turismo mais localizado, que priorizasse a comunidade local, em virtude dos seus baixosíndices socioeconômicos em relação ao Estado. No entanto, o potencial turístico se revelou além de uma escalamunicipal nos convidando a estender esse estudo para uma escala regional, compreendendo ao que o IBAMAdenominou como APA das Nascentes do Rio Vermelho.

Page 18: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

16

O capítulo 2 reúne características gerais do município de Mambaí, por meio da

elaboração de uma investigação que subsidia um diagnóstico da localidade pesquisada,

trazendo uma abordagem da realidade deste município referente à localização e limites,

quadro natural predominante, aspectos históricos e sócio-econômicos, possibilitando

conhecimento profundo dos diversos pontos que formam a totalidade do espaço municipal.

Embora esse trabalho tenha como foco principal o município de Mambaí, essa pesquisa vai

além da escala municipal no que tange a análise de alguns aspectos geográficos e localização

de atrativos turísticos referentes a APANRV, unidade na qual o município de Mambaí está

inserido, conforme mencionado anteriormente.

O capítulo 3 traz o Inventário Turístico de Mambaí, reunindo informações quanto aos

atrativos naturais, identificados com auxílio da comunidade, verificação da presença de

equipamentos de apoio ao turismo, manifestações e usos tradicionais existentes entre os

moradores e serviços básicos no núcleo urbano. Este conjunto de informações permite

compreender os atributos turísticos encontrados no município, bem como verificar a

viabilidade do desenvolvimento do turismo e que modalidade do mesmo poderia ser aplicada.

Por entendermos a importância da participação dos atores locais nas decisões

referentes ao seu território, incluímos no capítulo 4, a visão que a população possui sobre o

turismo. A coleta de material desta seção foi adquirida por meio de questionários e roteiros de

entrevistas aplicados junto aos moradores.

Na aplicação dos questionários, obtivemos sugestões dos moradores quanto ao

desenvolvimento do turismo no local e acrescentando outras propostas, elaboramos um

conjunto de diretrizes para a atividade turística em Mambaí, incluindo a sua região, inseridas

no capítulo 5.

O capítulo 6 traz um instrumento de análise e orientação por meio de visualização

espacializada dos atrativos turísticos encontrados na área de estudo. Este instrumento é o

mapa turístico, elaborado através do Sensoriamento Remoto, que, por meio das ferramentas

do Geoprocessamento, facilitou o acesso aos dados pertencentes ao município de Mambaí e a

APANRV.

Esta pesquisa visa contribuir com a construção de um futuro plano integrado de

turismo sustentável, contemplando o envolvimento entre a comunidade local, a iniciativa

privada e o poder público, na tomada de decisões quanto à conservação de seu patrimônio

natural e cultural e a gestão do seu território, possibilitando a construção de uma prática

turística mais responsável.

Page 19: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

17

15 0 15 Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

Posse

Mambaí

Damianópolis

BuritinópolisA.P.A das Nascentes do Rio Vermelho

Legenda

MunicípiosBuritinópolisDamianópolisMambaíPosse

APA das Nascentesdo Rio Vermelho

MAPA DOS MUNICÍPIOS INTEGRANTES DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHONO ESTADO DE GOIÁS

MAPA DOS MUNICÍPIOS INTEGRANTES DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHONO ESTADO DE GOIÁS

N

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

46°40' 46°30' 46°20' 46°10' 46°00'

46°40' 46°30' 46°20' 46°10' 46°00'

Escala da base cartográfica 1:100.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima.

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:APANRV

Legenda

150 0 150 Km

N

16° 16°

50°

50°

46°

46°

Estado de GoiásEstado de Goiás

Figura 2: Mapa espacializando a APANRV e municípios integrantes da mesma.

Page 20: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

18

Caminhos da Pesquisa

A metodologia deste estudo teve como referencial teórico, as propostas de Cláudia

Freitas Magalhães, presentes na obra Diretrizes para o Turismo Sustentável em Municípios.

2002, acrescidas das sugestões de. Stigliano & César, no Inventário Turístico: primeira etapa

da elaboração do plano de desenvolvimento turístico e Bissoli, na obra Planejamento

Turístico Municipal Com Suporte em Sistemas de Informação.

MAGALHÃES (2002) sugere um método que consiste na realização de três fases bem

definidas e indispensáveis na elaboração de um diagnóstico para municípios que apresentem

potencialidades para o desenvolvimento da atividade turística. Nesse caso, a autora sugere

princípios sustentáveis que orientem uma atividade turística adequadamente planejada. São

elas:

1ª) Conhecimento dos aspectos formadores do espaço do município:

Nesta primeira fase, fizemos o levantamento das características gerais de Mambaí e de

seus possíveis atrativos turísticos, conhecendo seus dados históricos, econômicos, sociais e

ambientais, com vistas a respeitar a organização de seu espaço e determinar sua atratividade,

sua vocação.

Esse processo foi realizado através de coleta de material bibliográfico disponível em

bibliotecas e órgãos públicos e visitas de campo para confirmação e complementação das

informações encontradas.

As visitas de campo aconteceram em dois momentos. O primeiro deles, voltado para o

reconhecimento do município, ocorreu em setembro de 2005, bem no início da pesquisa,

sendo viabilizado e acompanhado por técnicos do IBAMA-GO que atuam em projetos no

município de Mambaí. O segundo, também realizado com a colaboração do IBAMA-GO e do

Grupo Espeleológico Goiano–GREGO, ocorreu em janeiro de 2006, sendo que nesta visita a

coleta de informações sobre o município e a população foi efetivada.

2ª) Organização do espaço em parceria com a população e o poder público para elaboração do

diagnóstico a partir da identificação das características do local para posteriores propostas:

Page 21: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

19

Nesta fase foi elaborado um Inventário Turístico no qual constam registros do

conjunto de atrativos identificados em Mambaí que tem potencial para exploração.

O Inventário é parte do planejamento turístico e tem como principal objetivo,

identificar os atrativos, as estruturas e os serviços básicos e de apoio de turismo de modo a

orientar o planejamento e a proteção dos recursos turísticos locais.

Para elaborá-lo nos aproximamos dos moradores, com conversas informais e

aplicamos questionários que visaram conhecer as expectativas e a percepção comunitária

quanto à atividade turística em Mambaí, efetivando assim, sua participação na elaboração do

diagnóstico final, já que se trata de uma proposta de turismo com base local. (ANEXO A)

Os pontos apontados por alguns moradores como atrativos e o conhecimento prévio que

tínhamos da região, orientou a construção do Inventário, do qual participaram membros da

comunidade local que possuíam vastos conhecimentos sobre os atrativos. As atividades

realizadas basearam-se no preenchimento de fichas que levantaram as especificidades dos

atrativos, das manifestações populares, bem como dos serviços disponíveis, permitindo aos

pesquisadores e aos moradores conhecer e valorizar as riquezas encontradas. (ANEXO B,

FICHAS 1, 2 e 3)

Destacamos, no momento da coleta das informações em campo, o uso do

Geoprocessamento. Cada atrativo pôde ser identificado geograficamente com auxílio do

aparelho GPS Garmim Etrex e suas características individualizadas através do uso de uma

base cartográfica, reproduzindo a configuração territorial do município e da região.

3ª) Elaboração do mapa turístico, Sistema de Informações Geográficas e CD turístico para

permitir a visualização espacial dos atributos turísticos locais:

Esta fase da proposta de MAGALHÃES traz como objetivo principal a elaboração de

um produto que permita visualizar espacialmente os atrativos. Para isso a autora sugere a

criação de roteiros e trilhas distribuídos em um mapa turístico, permitindo a ligação entre

homem e natureza, proporcionando conhecimento do meio ambiente e respeitando os limites

do mesmo.

Entretanto, durante a pesquisa, nos deparamos com fatores que inviabilizavam a

criação destes roteiros e trilhas. O principal deles consiste no fato de que as trilhas de acesso

aos locais –construídas pelos moradores que exploram esses atrativos –têm alto grau de

dificuldade e estão sendo estudadas algumas formas de substituí-las ou facilitá-las.

Page 22: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

20

Existindo então uma forte tendência de mudança na configuração dos acessos

existentes, entendemos que não seria cabível neste momento, aplicar integralmente esta fase

da proposta da autora, considerando ainda o fato de não termos conhecimentos amplos de

todos os potenciais atrativos da região.

Desse modo, adaptamos esta fase, permanecendo a sugestão de MAGALHÃES para o

mapa que permite a melhor visualização do espaço turístico pela comunidade, pelos

planejadores e por possíveis visitantes, através de uma leitura simples, que estimula e

possibilita o estudo e análise do município, facilitando a tomada de futuras decisões.

Acrescentamos ainda, um Sistema de Informações Geográficas –SIG e a criação de um CD

turístico reunindo todas essas informações (APÊNDICE C).

Estes documentos foram construídos a partir da base cartográfica em arquivos

shapefile, fornecida pelo site do Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas

do Estado de Goiás, SIEG - GO, levantamento de informações em campo com uso de GPS

Garmim Etrex e posterior digitalização, edição e interpretação de imagens de satélite

georreferenciada (Figura 3).

Figura 3: Carta imagem demonstrando a digitalização de feições naturais (cursos d’água)e não

naturais (mancha urbana).

Page 23: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

21

Foram utilizadas imagens do satélite CBERS 2 (Agosto/2006), e estas passaram por

três procedimentos: composição RGB das bandas 2,3 e 4, georreferenciamento e recortes,

sendo efetuados no software ENVI 4.0, com os seguintes passos:

Composição RGB das bandas 2,3 e 4, na ordem R= 2, G= 4 e B= 3;

Georreferenciamento: a partir da base cartográfica obtida e observando onde o contorno

do vetor correspondia com a feição na imagem (devido alguns contornos não corresponderem

fielmente em alguns pontos, na edição houve a correção), baseando-se principalmente no

vetor de drenagem e malha viária;

Recorte: O ENVI permite que delimite a área de interesse e salve-a no tamanho desejado e

em formatos tiff, geotiff, jpeg, etc, como também gera máscaras a partir dessas feições, para

delimitar a área de estudo utilizamos a shape, limite da APA NRV, onde geramos uma

máscara.

Após o preparo dessa imagem, com base na mesma, deu-se início ao processo de

digitalização e edição das feições em outro software, onde foi gerado o tema que representa os

atrativos naturais (Pontos turísticos), através de coordenadas coletadas em campo. Dando

prosseguimento, houve uma análise dos dados gráficos da base cartográfica, realizando alguns

reparos, editando-se e corrigindo algumas feições, mais precisamente quanto aos contornos

das mesmas. Resultaram em três tipos representativos de feições, vetores (linhas), polígonos e

pontos, todos com coordenadas associadas, dando a esses dados gráficos, referência espacial.

O software utilizado para processamento destes dados foi o Arc View 3.2.

Para elaborar os três produtos citados foram utilizadas as seguintes extensões do

software citado:

Projection Utility Wizard: gera mudança de sistema de projeção geográfica;

Arc Topology Administrator: ferramenta que faz correção da topologia, edita feições

retirando danglenode e pseudonode (intersecção e ligação de nó);

Geoprocessing: contém ferramentas para, união, corte, cruzamento das shapes na View;

Graticules and measured Grids: insere grade de coordenadas nos mapas;

JPEG (JFIF) Image Support: ferramenta que permite inserir figuras JPEG na vista do Arc

View;

Image Analisys: ferramenta que permite inserir imagens no Arc View (com extensão

.geotif, .tif, .jpg entre outras);

Page 24: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

22

Hotpotato: ferramenta que permite anexar as shapes e gerar links com imagens, texto,

página de internet e vídeo;

X Tools 6/1/01: ferramenta que realiza cálculo de áreas, gera intersecção, união,

atualização e transforma shapes de linhas em polígonos e vice-versa, entre outras.

As extensões citadas contribuíram para o processo de edição e criação das seguintes

shapes em escalas diversificas (com o mínimo de 1:100.000): drenagem, malha viária, limites

municipais, limite da APA, serra, perímetro urbano, relevo, aeroporto e pontos turísticos.

Para produção do mapa turístico também foi utilizado o software ARC VIEW 3.2,

conforme a Figura 4, onde foram inseridas as shapes para localização da área estudada,

passando pelos seguintes passos:

Figura 4: Tela do ARC VIEW 3.2 mostrando o Mapa Turístico com os temas e edição final no

layout deste software.

Page 25: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

23

Conferência do georreferenciamento com dados colhidos pelo aparelho GPS, localizando

os pontos respectivos;

Edição de topologia, conferindo vetores e pontos com sua posição real, formato de sua

representação gráfica, direção e extensão;

Toponímia, que é a alimentação das tabelas das shapes, inserindo e corrigindo números e

textos.

O mapa gerado deste processo passou a possuir então os seguintes itens:

As shapes de uma base cartográfica com escala no intervalo de 1:100.000 à 1:250.000

representando drenagem (cursos d’água), malha viária (vias de acesso), limites municipais,

limites do Estado de Goiás, limite da APANRV, serra, perímetro urbano (mancha urbana)

aeródromo (aeródromo) e pontos turísticos;

Legenda;

Escala gráfica;

Norte geográfico;

Grade de coordenadas na projeção UTM geográfico;

Pictogramas simbolizando os atrativos turísticos;

Datum, folha, fonte, meridiano, projeção, título e zona.

O produto final em que resultou o mapa turístico, foi impresso no papel formato A3.

Passando para a elaboração do SIG, também conhecido como Banco de Dados,

procedemos da seguinte forma. Após o processo de digitalização e edição do mapa turístico,

usamos o mesmo projeto e mantivemos os dados com as shapes já processadas para gerar o

banco de dados.

A diferença essencial entre o mapa turístico e o SIG reside no fato de que o mapa gera

um produto final analógico (impresso) e o SIG gera um produto digital (Figura 5) e traz a

inserção de outros dados, como a shape de relevo, do aeródromo e a imagem de satélite. Para

estes dados seguiram-se os passos:

Adicionamos um arquivo geotiff com a imagem de satélite CBERS2 de resolução 20m por

pixel representando toda a APA;

Adicionamos fotografias retiradas no local (hotpotato);

Page 26: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

24

Hotpotato, extensão que permite anexar nas shapes, links com fotos, texto, página de

internet e vídeo, identificando cada item apontado. Esta extensão foi utilizada para a shape de

ponto turísticos, representando visualmente cada atrativo. Veja abaixo a Figura 5 do SIG no

Arc View:

Figura 5: Tela do ARC VIEW 3.2 mostrando o SIG, com os temas (feições), a direita, tabela de

informação do ponto turístico e a foto do local.

Destacamos a importância do registro das fotografias, essenciais tanto para o Turismo

quanto para o Geoprocessamento, pois retratam a real diversidade de atrativos existentes na

região, produzindo uma visão geral do espaço.

O CD turístico é a junção dos dois itens anteriores com um texto de divulgação da

região e links para navegação (Figura 6). Foi produzido no software FrontPage e dentro deste,

o SIG também poderá ser visualizado pelo software ARC Explorer, da mesma empresa

responsável pelo ARC VIEW. Este software permite somente visualização dos dados, sendo

disponibilizado gratuitamente.

Page 27: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

25

Figura 6: Fluxograma representando os passos para execução até conclusão dos produtos.

Este material poderá ser disponibilizado tanto para futuros visitantes em um Centro de

Atendimento ao Turista, como nas escolas da região, como fonte de pesquisas para os

estudantes, bem como para toda a comunidade local.

Page 28: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

26

1 O PLANEJAMENTO TURÍSTICO COMO FERRAMENTA PARA O TURISMO

SUSTENTÁVEL

A consolidação do capitalismo como sistema econômico e o surgimento da Revolução

Industrial no século XVIII são os processos que melhor explicam a realidade da questão

ambiental na atualidade. Não se podem negar os benefícios oriundos destes processos para o

cotidiano do homem, tão pouco o notável avanço tecnológico ocorrido nas diversas áreas do

conhecimento. Contudo, é necessário atentar também às mazelas cometidas para alimentar o

capitalismo, como a exploração descontrolada dos recursos naturais.

Embora as conseqüências da industrialização já fossem globais, somente na década de

1970, foi possível observar uma significativa preocupação internacional com o meio

ambiente. A realização da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo

(Suécia), em 1972, lançou “as bases para a abordagem dos problemas ambientais numa óptica

global de desenvolvimento, primeiro passo do que viria a constituir-se mais tarde no conceito

de desenvolvimento sustentável” (KIMATURA, 1994, apud DIAS, 2003, p.33).

Segundo MAGALHÃES (2002, p.34) o termo “desenvolvimento sustentável teve

origem no conceito de ecodesenvolvimento e foi usado pela primeira vez por volta de 1973,

para caracterizar uma concepção alternativa de desenvolvimento”. Sendo que o conceito de

Desenvolvimento Sustentável foi definido pelo Relatório Brundtland2 em termos gerais como

um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dosinvestimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudançainstitucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim deatender às necessidades e aspirações humanas (BRUNDTLAND, 1991, apudMAGALHÃES, 2002, p.35)

A expressão desenvolvimento sustentável é polêmica desde sua formação e dá margem

a variadas interpretações, que geralmente focam-se em aspectos isolados da real

sustentabilidade. Tem sido lugar comum nas academias a opinião de que as discussões acerca

deste assunto encontram-se banalizadas ou distorcidas, no entanto, é essencial a compreensão

de que o conceito não se refere somente a uma vertente como a do meio ambiente, por

exemplo, cujo aspecto é comumente associado ao natural. Além do fato do meio ambiente ser

entendido como a fusão do meio natural e do meio antrópico, “sujeito aos empreendimentos

2 MAGALHÃES nos esclarece que o Relatório Brundtland, também conhecido como Nosso Futuro Comum foio resultado de pesquisas realizadas entre 1983 e 1987 sobre a situação das degradações ambiental e econômicado planeta. (2002, p.35)

Page 29: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

27

do homem, condicionado por relações sociais” (SEABRA, 2001, apud CARVALHO, 2004,

p.13 - 14), outros pilares, entre os quais, o natural, o social, o cultural, o político e o

econômico, são o suntentáculo do paradigma da sustentabilidade.

Os debates em torno das questões ambientais influenciaram o turismo, servindo de

ponto de partida para a formação da idéia de “Turismo Sustentável”, definido pela OMT

como

aquele ecologicamente sustentável, de longo prazo, economicamente viável, assimcomo ética e socialmente eqüitativo para as comunidades locais, exigindointegração ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando o frágilbalanço que caracteriza muitas destinações turísticas (OMT, 1995 apud IRVING, etal., 2005, p.03).

Sabemos que este conceito não é observado na prática, o que ocorre é que o turismo,

em suas variadas modalidades, associa-se, na maioria das vezes, à apropriação das destinações

turísticas em favor da satisfação dos clientes-turistas e do lucro dos organizadores da

atividade, em detrimento das comunidades locais. Mas o que vem a ser este fenômeno

chamado Turismo, destacado por muitos como uma das atividades econômicas mais rentáveis

da atualidade?

O Turismo é um ramo do conhecimento relativamente novo, além de ser também um

fenômeno social e espacial e uma atividade econômica. Para CRUZ (2000, p.08) sua

importância é ressaltada pela incontestável capacidade que possui de organizar sociedades

inteiras e condicionar o (re)ordenamento de territórios para sua realização.

No entanto, é possível observar que os números extraordinários proporcionados pelo

desenvolvimento do turismo acabam por mascarar fatos importantes relacionados à interação

entre o turista e o local visitado.

Quanto a isso, destacamos o grande número de centros turísticos que têm surgido e

crescido tão somente pela demanda de visitantes, e cujos administradores locais orientam-se

pela promoção do “milagre econômico do turismo”, explorando a atividade de forma

desordenada e predatória, alheios a qualquer tipo de planejamento. Semelhantemente,

RUSCHMANN (1997, p. 41) afirma que

[...] muitos governos passaram a considerar o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a implantação da atividade semconsiderar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e ao nível dodesenvolvimento da nação.

Page 30: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

28

Esta autora acrescenta, entretanto, que são crescentes as preocupações governamentais

com os impactos ambientais provocados pelo turismo desordenado, e isto têm provocado um

redirecionamento dos investimentos para a implantação de um turismo qualitativo que vise à

manutenção da atratividade das destinações turísticas (1997, p.42).

Compreendemos assim, que o turismo pode trazer resultados positivos ou negativos,

de acordo com a presença ou não de uma atividade adequadamente planejada. Sendo assim, o

desenvolvimento da atividade turística com base na sustentabilidade, tem como suporte

indispensável o Planejamento.

RAMOS (1996 apud BISSOLI, 2000, p.25), considera o Planejamento como ferramenta

necessária para orientar o crescimento de determinada atividade, sendo seu principal objetivo

a coleta e tratamento da informação sobre o futuro, de modo a constituir um processo de troca

de informações e coordenação de atividades interdependentes.

O planejamento é vantajoso porque é um processo constante, dinâmico e mutável, que

permite a revisão e a correção da direção a qualquer tempo, devendo ser considerado quanto

ao tempo, espaço e ambiente de interesse, conforme elucida (Op. cit.). O documento que

materializa o planejamento é conhecido como Plano e compõe-se de várias etapas, e entre elas

a mais relevante para o estudo em questão é o Diagnóstico, conceituado como sendo a

investigação de uma perspectiva histórica do que constitui uma primeira etapa indispensávelna formulação de um plano, apontando para a detecção dos primeiros obstáculos a umcrescimento mais acelerado de uma política de desenvolvimento planejado que se proponhaa diminuí-los ou eliminá-los. Consiste em precisar a natureza e magnitude dos problemasque afetam a atividade examinada (2000, p.28 - 29).

O diagnóstico conterá, então, o conjunto de informações necessárias ao conhecimento

do espaço do município e do espaço turístico.

Compreendemos que a complexidade do turismo está em sua capacidade de envolver

diversos setores da economia, sendo assim, a ausência de um planejamento pode provocar

impactos irreversíveis, sobretudo na população local e no meio ambiente.

BISSOLI (2000, p.33 - 34) nos mostra que os benefícios de se planejar para o turismo

são muitos, dentre eles destacamos a definição de objetivos para o desenvolvimento da

atividade e como alcançá-los; as formas de desenvolver os recursos naturais e culturais; o

fornecimento de uma base racional para a tomada de decisão para os setores público e privado

e a otimização e equilíbrio dos benefícios econômicos, ambientais e sociais da atividade, com

Page 31: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

29

distribuição justa desses benefícios para a sociedade, minimizando problemas no setor

Finalmente, a autora define o Planejamento Turístico como sendo:

um processo que analisa a atividade turística de um determinado espaço geográfico,diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de atuação mediante oestabelecimento de metas, objetivos, estratégias e diretrizes com as quais se pretendeimpulsionar, coordenar e integrar o turismo ao conjunto macro-econômico em que estáinserido (2000, p.34).

Relembramos que esta pesquisa se limitou à etapa do diagnóstico do planejamento,

consistindo em uma investigação sobre a realidade do município e sua potencialidade turística

e na elaboração do Inventário Turístico, que trouxe o registro do conjunto de atrativos locais.

Nesta fase nos beneficiamos das contribuições do Sensoriamento Remoto e

Geoprocessamento, ferramentas fundamentais para o Planejamento Turístico. Eles foram

utilizados para análise e orientação, de modo a permitir a visualização espacializada dos

atrativos turísticos encontrados na área de estudo.

O Sensoriamento Remoto é um processo de captura de informações sem ter contato

direto com o meio ou objeto em estudo. Essa captura pode ser realizada através de imagens

coletadas por sensores conectados a algum objeto móvel, satélites, avião ou mesmo na

superfície. Por meio de estação total e GPS podem ser levantadas informações em campo

como complemento.

Embora ainda de maneira incipiente, podemos considerar que existe uma relação

imprescindível entre o Turismo e o Geoprocessamento. O último oferece ferramentas que

favorecem muito o planejamento e ordenamento de territórios turísticos, permitindo o

desenvolvimento, processamento e cruzamento de elementos e dados dos espaços analisados.

Considerado um campo de estudo novo, o Geoprocessamento pode ser entendido

como o conjunto de tecnologias voltadas à coleta e tratamento de informações relacionadas ao

espaço para um objetivo específico. Na prática, ele consiste no processamento informatizado

de dados georreferenciados, utilizando programas de computador que permitem o uso de

informações cartográficas - mapas e plantas - e informações a que se possa associar

coordenadas desses mapas ou plantas.

As atividades envolvendo o geoprocessamento são executadas por sistemas

específicos mais comumente chamados de Sistemas de Informação Geográfica - SIG. Eles são

compostos por computadores, softwares e procedimentos projetados para suportar a captura,

Page 32: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

30

gerenciamento, manipulação, análise e saída de dados espaciais referenciados

geograficamente para resolver questões complexas em planejamento e gerenciamento.

Os dados dos SIGs, graças ao grande desenvolvimento tecnológico, estão sendo cada

vez mais fáceis de serem encontrados, coletados e manipulados pelas ferramentas que

apresentam uma amplitude de técnicas de aplicação. Com o uso de metodologia adequada,

estes softwares proporcionam transformar dados analógicos em digitais, de modo que os SIGs

passam a ser amplamente utilizados em gestão ambiental, planejamento urbano, saúde

pública, marketing, agronegócios, engenharia, demografia e outras áreas, incluindo o

Turismo.

De acordo com SILVA & ZAIDAN (2004, p.190), SIGs podem ser usados para:

Organizar informação espacial;

Sistematizar informação de maneiras diferentes;

Averiguar certas localizações de acordo com critérios preestabelecidos;

Combinar múltiplos planos de informação;

Realizar análises espaciais que necessitem associar diferentes tipos de dados.

O desenvolvimento da atividade turística depende de informações sobre a região, e

disponibilizá-las de maneira simples e rápida é essencial. O município que possibilitar aos

interessados conhecer o mapa da cidade com as principais atrações (hotéis, restaurantes,

atrações, comércio etc.) estará alavancando o desenvolvimento do turismo em seu espaço.

Entendemos que o turismo pode ser apoiado pelo geoprocessamento das seguintes

maneiras:

Indicando rotas de acesso a pontos turísticos;

Mapeando equipamentos de apoio ao turismo (bares, restaurantes, hotéis, transporte, etc.);

Mapeando a malha viária principal e dos principais pontos de interesse;

Incluindo um registro de informações geográficas e estatísticas, em portal do município na

Internet;

Subsidiando a criação de uma página na Internet com todos os dados acima, separados por

temas.

Quanto a estes aspectos, relembramos que os procedimentos metodológicos desta

pesquisa prevêem a elaboração de produtos similares aos três últimos itens citados acima, a

saber:

Criação de mapas referentes aos aspectos geográficos gerais do município de Mambaí;

Page 33: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

31

Criação do mapa turístico com registros dos atrativos identificados no inventário;

Criação do SIG turístico;

Criação de um Cd reunindo as principais informações do município de Mambaí e da APA

NRV, geradas durante a pesquisa.

O SIG turístico de Mambaí foi produzido no software ARC VIEW 3.2 e pode ser

explicado como sendo um sistema computacional gerado neste programa, que a partir da

informação capturada, armazenada e examinada, combina dados espaciais recolhidos da área

de estudo e aplica a estes, estruturas digitais, de forma que possam se representar em tabelas,

gráficos e vetores, todos os componentes integrantes da superfície local.

Partindo para um outro tipo de avaliação referente ao Inventário Turístico, verificamos

as aspirações da população quanto ao desenvolvimento da atividade turística, para conhecer o

nível de conscientização desses moradores quanto ao seu papel na ordenação do território

local e seu conhecimento sobre os benefícios e malefícios proporcionados pelo turismo.

Neste último aspecto, destacamos que fomentar a participação da comunidade no

processo de tomada de decisões em relação ao turismo ou a qualquer outra atividade é

indispensável. Este entendimento intensifica-se à medida que compreendemos que a

articulação dos moradores pode levá-los a assumir a responsabilidade sobre o

desenvolvimento do turismo em sua área de inserção, considerando-se que “a informação

originada no âmbito dos atores locais é a que melhor expressa a dinâmica local”, conforme

elucida IRVING (2002, p.95 - 98).

Neste estudo, os moradores que conheciam bem os atrativos naturais de Mambaí e de

seu entorno, participaram do levantamento do potencial turístico ajudando na identificação

dos principais atrativos, ao passo que moradores com menos conhecimento sobre esses

atrativos contribuíram apontando os principais problemas do município e sugeriram soluções

e ações para a melhoria das condições de vida ofertadas em Mambaí.

CORIOLANO (2003, p.25) esclarece que

[...] É nesse contexto que surge a idéia de desenvolvimento local, onde o turismo sepõe como um dos mecanismos ou incentivo de viabilização desse processo. Sendoo turismo uma atividade de efeito multiplicador, oferece condições para odesenvolvimento de pequenas empresas (além das grandes), podendo beneficiar osmais pobres [...]

O desenrolar desta pesquisa nos levou a compreender que o município de Mambaí

enquadra-se em um perfil de local detentor de uma potencialidade enorme para o

Page 34: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

32

desenvolvimento da atividade turística, sendo que esta pode apresentar-se como uma ótima

alternativa para solução dos problemas econômicos e sociais da cidade e de seus municípios

limítrofes, se planejada adequadamente e por meio da participação de todos os atores sociais

envolvidos na dinâmica municipal.

Esperamos que os mecanismos propostos e elaborados a seguir, contribuam para o

processo de desenvolvimento do turismo sustentável no município de Mambaí.

Page 35: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

33

2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO

O levantamento das características gerais do município de Mambaí consistiu

basicamente na coleta de material bibliográfico junto a órgãos oficiais e pesquisa em campo.

As informações encontradas permitem um conhecimento geral sobre os dados históricos,

econômicos, sociais e ambientais do município em questão. Foi realizado com base nos

pressupostos metodológicos de MAGALHÃES (2002) e STIGLIANO & CÉSAR (2005).

2.1 Localização, Acesso e Área

Mambaí situa-se a nordeste da capital do Estado, Goiânia, distando aproximadamente

509 km desta e a 301 km a nordeste da capital do país, Brasília, dois grandes emissores de

turistas do Centro-Oeste brasileiro, sendo ligada às duas capitais pelo BR–020. Sua sede está

balizada pelas coordenadas geográficas 14º 29’ 16” E e 46º 06’ 47” W.

O acesso a Mambaí dá-se pelas BR-060, BR-020, GO-108 e GO-236, conforme a

Figura 7.

Segundo informações do Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte –

DNIT, a BR-060, do perímetro urbano de Goiânia até Anápolis, as condições de viagem são

boas com trecho duplicado, sinalizações horizontal normal e vertical regular, necessitando de

atenção ao transitar sob chuva, por ocorrências de poças d’água.

No trecho de Anápolis a Brasília, sugere-se atenção redobrada na passagem das Sete

Curvas entre a divisa do DF/GO e o km 5,0. Existem obras de duplicação em andamento e

desvios nos Km 10, 12, 18, 50, 57, 79 e 89. As sinalizações horizontal e vertical estão

normais.

A BR-020, no acesso do DF, passando por Formosa, Bezerra, Juscelino Kubitschek,

até Santa Rosa, encontra-se nas seguintes condições:

Km 0 - Km 12: pista em bom estado de conversação, ocorrência de buracos isolados e

sinalização inexistente;

Km 12 - Km 31: pista em estado regular de conservação, ocorrência de buracos isolados

em toda a extensão e sinalização inexistente;

Km 31 - km 62: pista em bom estado de conversação, ocorrência de buracos isolados e

sinalização inexistente. Recomenda-se atenção no Km 52;

Km 62 - 72: pista em bom estado de conversação e sinalizações normais.

Page 36: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

34

No acesso entre Santa Rosa e Alvorada do Norte, entre os Km 72 e 180, há pista e

acostamento em estado regular de conservação, com ocorrência de buracos isolados entre o

Km 170 e Km 175 e sinalizações horizontal e vertical regulares.

No acesso correspondente a Alvorada do Norte e Simolândia, a pista está em estado

ruim e o acostamento em bom estado de conservação, com presença de buracos ao longo do

segmento e sinalizações horizontal e vertical regulares.

Segundo informações da Agência Goiana de Transportes de Obras Públicas –

AGETOP, entre Damianópolis e Mambaí, nas GO-108/236, a pista está em boas condições,

com faixas e placas de sinalização em bom estado de conservação, laterais roçadas e

elementos de drenagem limpos e pintados.

Quanto ao transporte rodoviário, há apenas uma empresa operando parte do trecho

citado anteriormente, é a empresa Santo Antonio Transporte e Turismo LTDA. Os veículos

são ônibus convencionais com sanitário e partem de Brasília, com saídas às 18h, de segunda a

domingo, durante o ano todo.

Page 37: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

35

19° 19°

18° 18°

17° 17°

16° 16°

15° 15°

14° 14°

13° 13°

53°

53°

52°

52°

51°

51°

50°

50°

49°

49°

48°

48°

47°

47°

46°

46°

Legenda

Municípios

GoiâniaMambaí

Brasília

Rodovias

BR 060

Vias municipais

GO 108GO 236

BR 020

MAPA DO ESTADO DE GOIÁS COM VIAS DE ACESSO GOIÂNIA - MAMBAÍMAPA DO ESTADO DE GOIÁS COM VIAS DE ACESSO GOIÂNIA - MAMBAÍ

N

100 0 100Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

Brasília

Goiânia

Mambaí BA

HIA

MINASMATO GROSSO DO SUL

TOCANTINS

GE

RA

IS

MATO

GROSSO

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:

Limites Estaduais

Figura 7: Mapa demonstrando vias de acesso de Goiânia a Mambaí.

Page 38: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

36

Com dimensão territorial de aproximadamente 860 km2, podemos classificar o

município de Mambaí como sendo de área médio-pequena, conforme a tabela a seguir.

Tabela 1: Grandezas de áreas municipais do Estado de Goiás.

Município Área em km2

De pequena área Menos de 691

Área médio-pequena De 692 a 1381

Área média (aritmética) 1382

Área médio-grande De 1382 a 2764

De grande extensão Mais de 27764

Fonte: SEPLAN/GO, com subsidio metodológico de Stigliano & César (2005).

Vejamos a comparação com outras dimensões territoriais de municípios turísticos do

Estado.

Tabela 2: Análise de áreas municipais.

Município Área em km2 Análise

Três Ranchos 282 Pequena

Mambaí 860 Médio-pequena

Caldas Novas 1589 Média-grande

Pirinópolis 2.227 Média-grande

Alto Paraíso 2.593 Média-Grande

São Domingos 3.295 De grande-extensão

Jataí 7.174 De grande-extensão

Fonte: SEPLAN/GO, com subsidio metodológico de Stigliano & César (2005).

Segundo STIGLIANO & CÉSAR (2005), a avaliação da extensão territorial acima é

importante para determinar que tipo de turismo é mais recomendado para uma localidade. Os

autores esclarecem que

um município de grande extensão poderá ter potencial para o turismo rural ouecoturismo, porém para isso, deve-se avaliar itens como por exemplo, qual é a árearural e a distância de grandes centros, dessa forma, quando se levanta a área deve-sedispor dos dados da área rural. Em um município de pequena área, é interessanteavaliar os aspectos econômicos existentes, porque a diversificação ou a inserção deoutra atividade econômica é bastante difícil (p. 16).

O INCRA informa que a área rural de Mambaí corresponde a 15.527 ha, possuindo

poucas propriedades rurais, em um total de 89. Dessas, trinta e seis por cento (36%) tem entre

Page 39: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

37

20 e 50 ha e somente quatro por cento (4%) apresentam característica de empresa (relação

patronal). Pouco mais de vinte e dois por cento delas (22,5%), tem mais de 100 ha. Segundo o

Sistema Nacional de Cadastro Rural do INCRA, nesse município, predomina a agricultura

familiar em virtude do número de propriedades de 70 módulos agrários3. (ANEXO C)

Entendemos que estes são dados que favorecem o desenvolvimento da atividade

turística no meio rural, visto que o Ministério do Turismo em suas Diretrizes para o

Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil define as características mais gerais para tal

com sendo a “produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e

certo modo de vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura

comunitária, a identificação com os ciclos da natureza” (2004, p.07). Portanto, o

desenvolvimento do turismo no meio rural é conciliatório com o tipo de módulo agrário

existente no município.

2.2 Aspectos Históricos

Segundo informações de documento territorial da Coleção Digital disponível na

página do IBGE na Internet, o povoamento de Mambaí iniciou-se na segunda metade do

século XIX, nas margens do córrego Riachão, por imigrantes vindos do vizinho Estado da

Bahia, com o objetivo de extrair a borracha da mangabeira, abundante na região. Os primeiros

habitantes foram: Eduardo Moreira dos Santos, Gustavo Olímpio, Ioiô Mendes, Joaquim

Maroto, que além da extração da borracha, no período inicial, dedicaram-se à formação de

lavouras e pastagens.

3 Módulo Agrário ou Rural é a quantidade de terra necessária para um trabalhador e sua família, de quatropessoas, poder se sustentar. Assim, o módulo agrário ou rural é variável de acordo com fatores naturais e sócio-econômicos. Onde as condições de produção requerem pouco espaço o módulo é menor que nas outras áreas,onde se necessita de um espaço mais amplo. Partindo do módulo rural, o Estatuto da Terra define outros tipos deimóveis rurais:

Minifúndio: quando a extensão da propriedade é inferior a um módulo rural.

Latifúndio por dimensão: qualquer propriedade rural que seja mais de 600 vezes maior que o módulo rural daregião, não importando se é ou não bem utilizada.

Latifúndio por exploração: uma propriedade entre 1 e 600 vezes o módulo rural, mas que não sejaadequadamente aproveitada para a produção.

Empresa Rural: que tem entre 1 e 600 vezes o tamanho do módulo rural mas é bem aproveitadaeconomicamente.

Page 40: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

38

O povoado nascente recebeu o nome de “Riachão”, derivado do córrego que banhava a

localidade. A partir edificação de uma capela em louvor à padroeira Nossa Senhora da

Conceição e o movimento de tropeiros com destino à Bahia, gradativamente, intensificaram-

se as atividades comerciais e a pecuária, sua principal fonte de renda, elevando-se o povoado

à condição de distrito pela Lei Municipal n.º 3, de 29/11/1906, no município de Posse.

Com o Decreto-Lei Estadual n.º 8.305, de 31/12/1943, o Distrito de Riachão passou a

denominar-se Mambaí, figurando ainda no município de Posse. Somente em 14/11/1958, é

que houve o desmembramento e elevação da condição de distrito para a categoria de

município pela Lei Estadual n.º 2.121.

Conforme documento municipal, Mambaí conta atualmente com sete povoados:

Vermelho, Bonina, Barú, Machado, Jambreiro, Vila Nova, Dores e Buritis.

2.3 Quadro Natural

A verificação do Quadro Natural é uma etapa fundamental na construção do

diagnóstico turístico de um município para fins de Planejamento. Conhecê-lo é essencial, pois

permite determinar a atratividade dos locais turísticos e compreender os fatores que os

diferenciam. As informações registradas aqui são destacadas por MAGALHÃES (2002) e

STIGLIANO & CÉSAR (2005) como importantes para a coleta e foram levantadas junto a

órgãos como IBAMA - GO e Superintendência de Geologia e Mineração do Estado de Goiás -

SGM.

2.3.1 Clima

Segundo um Plano de Gestão Ambiental, elaborado pela empresa Rio Corrente S/A

(2005) o clima da região onde Mambaí está localizada caracteriza-se pela existência de um

período de deficiência hídrica de 5 meses (de maio a setembro) e um período de excedente

hídrico também de 5 meses (de novembro a março). Dados das três estações pluviométricas

localizadas na região mostram que a soma da precipitação no período de outubro a março

(acima de 100mm) representa 89,2% do total anual, sendo que o mês de dezembro se

individualiza com uma precipitação mensal superior a 200mm.

Page 41: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

39

O clima é classificado como Tropical semi-úmido, condicionado pela existência de um

ambiente climático marcado por grande insolação quase o ano todo, com temperatura média

anual de 21ºC e precipitação variando de 1250 a 1750 mm anuais.

2.3.2 Geologia

Dados do documento Hidrogeologia do Estado de Goiás, elaborado este ano pela

SGM-GO, nos informam que a geologia do município Mambaí e dos municípios que compõe

a APA NRV, pode ser dividida em três grupos geológicos, a saber: Grupo Bambuí; Grupo

Areado e Grupo Urucuia (2006, p.36). Seguem-se abaixo as principais características desses

grupos, conforme o documento citado (Figura 8):

Grupo Bambuí: apresenta um arranjo estratigráfico que pode ser reconhecido

regionalmente ao longo de toda a borda oeste do Cráton do São Francisco. Nesta região a

coluna estratigráfica deste é composta, da base para o topo, pelas formações: Jequitaí, Sete

Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias. Esta

sucessão sedimentar foi depositada sobre uma plataforma estável epicontinental, sendo

possível estabelecer uma evolução em três grandes megaciclos sedimentares transgressivos

(Dardenne, 1979 e 1981). A formação Lagoa do Jacaré é predominante na área da APA NRV,

sendo parte do segundo megaciclo (argilocarbonatado) e caracteriza-se por ser composta por

siltitos e margas onde são intercaladas lentes e ou camadas de calcários pretos fétidos, ricos

em matéria orgânica, com a presença freqüente de níveis oolíticos e psolíticos. Localmente

observa-se nesta unidade a presença de pequenas lentes de dolomitos estromatolíticos rosados

(Referência, 2006, p. 29 - 30)

Grupo Areado (Eocretáceo): é constituído pelas formações Abaeté, Quiricó e Três Barras

(Barbosa, 1965 e Barbosa et al., 1970). A Formação Abaeté foi depositada por sistemas de

leques aluviais (na porção sul da Sub-Bacia Abaeté) e por sistemas de rios entrelaçados (nas

demais áreas da bacia), compondo um conjunto de conglomerados matriz ou clasto-

suportados, além de arenitos. A Formação Quiricó registra uma sedimentação lacustre,

localmente caracterizada por lagos estratificados (na porção sul da Bacia Abaeté), com

arenitos, siltitos, folhelhos e calcários subordinados. A Formação Três Barras representa

depósitos de ambientes fluviais, fluviodeltáicos e eólicos, dominados por arenitos amarelos e

Page 42: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

40

rosados heterogêneos. Estes sedimentos ocorrem de forma descontínua ao longo do sopé da

Serra Geral de Goiás em paleodepressões.

Grupo Urucuia (Neocretáceo): é dividido nas formações Posse e Serra das Araras

(Campos & Dardenne, 1999). Esta unidade é amplamente dominada por arenitos de origem

eólica, além de arenitos, conglomerados e pelitos fluviais. Não há registros fósseis associados

ao Grupo Urucuia, e seu posicionamento cronoestratigráfico foi baseado na interdigitação

deste conjunto com as rochas piroclásticas e epiclásticas do Grupo Mata da Corda, as quais

foram datadas por métodos radiogênicos em 60 Ma (Campos, 1996; Hasui & Almeida, 1970).

Page 43: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

41

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

46°20' 46°10' 46°00'

Grupo AreadoGrupo BambuíGrupo Urucuia

Grupos geológicos

APA das Nascentes do Rio VermelhoLegenda

Divisa municipal

MAPA DE GEOLOGIA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHOMAPA DE GEOLOGIA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

10 0 10Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

N

46°20' 46°10' 46°00'

Grupo Urucuia

Grupo Bambuí

Grupo Areado

Damianópolis

Mambaí

Posse

Buritinópolis

APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Escala da base cartográfica 1:500.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica: LegendaAPANRV

Estado de GoiásEstado de Goiás

150 0 150 Km

16° 16°

50°

50°

46°

46°N

Figura 8: Mapa com a representação dos grupos geológicos da APA NRV.

Page 44: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

42

A oferta de recursos minerais na região é diversificada, variando desde a exploração

de empresas de mineração até a ação garimpeira. A região encontra-se individualizada por

ocorrências de gemas e minerais de pegmatito, a exemplo do diamante e da fluorita, e pelas

rochas ou minerais industriais, como o calcário.

2.3.3 Pedologia

Conforme o documento Hidrogeologia do Estado de Goiás, produzido pela SGM-GO,

os solos são um importante elemento ambiental. Compõem o substrato que controlaa maior parte dos ecossistemas terrestres, influenciando na agricultura, geotecnia,hidrogeologia, cartografia geológica, geologia ambiental, entre outros. Porapresentar relação direta com a geologia, geomorfologia e vegetação, os solos sãoconsiderados como eficientes estratificadores da paisagem (2006, p.79).

Na região da APA existem cinco tipos de solos: Argissolo, Cambissolo, Gleissolo,

Latossolo Vermelho-Amarelo, Neossolo Quartzarênico e Litólico, conforme a Figura 9. Veja

a seguir uma caracterização das classes e tipos de solos que ocorrem na área:

Argissolos: Os solos desta classe têm como característica marcante o aumento de

argila do horizonte superficial para o subsuperficial, além do caráter textural, geralmente

acompanhado de boa diferenciação de cores e outros aspectos físicos. A profundidade desses

solos geralmente varia de pouco profundos a profundos. São solos que apresentam grande

variação quanto à profundidade, além de possuírem grande variabilidade em relação às

demais características. Muitas vezes são pedregosos, cascalhentos ou mesmo rochosos. Este

solo não permite o bom desenvolvimento da atividade agrícola.

Latossolos vermelho-amarelo: são solos muito intemperizados, profundos e de boa

drenagem, com perfil homogêneo. Esta classe de solo é bastante similar ao latossolo

vermelho, contudo o teor em hematita é inferior, resultando em uma coloração mais clara no

horizonte B. Nessa classe de solo a maior parte do ferro ocorre na forma hidratada com óxidos

hidratados e hidróxidos. Dentre as feições diagnósticas podem ser citadas: ampla

homogeneidade entre os horizontes, fraca estruturação, grande espessura do perfil (maior que

Page 45: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

43

5m), pequena variação na quantidade de argila entre os horizontes, além de ocorrerem em

relevo plano à suave ondulado. É considerado um solo bom para agricultura.

Neossolos Litólico e Neossolo Quartzarênico.

Litólico: são solos minerais pouco espessos com pequena expressão de processos

pedogenéticos e seqüência de horizontes A-R e, portanto, apresentam evidente rochosidade e

pedregosidade. O horizonte A ou O hístico possui menos de 40 cm de espessura, e está em

contato direto com a rocha sã ou intemperizada, o horizonte C, material com 90% ou mais de

sua massa constituída por fragmentos de rocha (EMBRAPA, 1999).

Quartzarênico: Nesta classe estão compreendidos solos minerais, em geral profundos, com

seqüência de horizontes do tipo A-C, sem contato lítico dentro de 50 cm de profundidade. Os

Neossolos Quartzarênicos apresentam textura arenosa, composição granulométrica nas classes

texturais areia ou areia franca (micácea) e em toda a extensão do perfil são constituídos

essencialmente por quartzo (maior que 95%), com ausência de minerais primários alteráveis

(EMBRAPA, 1999). São solos bastante susceptíveis à erosão, sobretudo quando sujeitos a

fluxo de água concentrado, que pode provocar a instalação de extensas voçorocas, muito

permeáveis, excessivamente drenados e geralmente sem estrutura desenvolvida. Apresentam

também baixos valores de soma e saturação por bases, além de, na maioria das vezes, ser

elevada a saturação por alumínio. É comum observar-se um ligeiro aumento de argila em

profundidade, por vezes denotando caráter intermediário com latossolos.

(HIDROGEOLOGIA DO ESTADO DE GOIÁS, 2006, p. 86 - 88).

Gleissolos: São solos com deficiência de drenagem, geralmente ricos em matéria

orgânica, e comumente presentes próximos a nascentes ou ao longo dos cursos das drenagens

e por isso ocorrem em forte associação com neossolos flúvicos. São solos constituídos por

material mineral com horizonte glei imediatamente abaixo do horizonte A ou horizonte hístico

com menos de 40 cm de espessura, ou horizonte glei começando dentro de 50 cm da

superfície do solo (EMBRAPA, 1999). Além dos horizontes superficiais ricos em matéria

orgânica, os horizontes glei são cinza claro, bege ou esbranquiçados e em geral muito

argilosos (HIDROGEOLOGIA DO ESTADO DE GOIÁS, 2006, p. 89).

Cambissolos: Apresentam seqüência de horizontes do tipo A ou hístico5, Bi, C, com

moderada diferenciação entre eles (EMBRAPA 1999). Compreendem solos minerais, com

horizonte A ou hístico de espessura menor que 40 cm e horizonte B incipiente subjacente ao

Page 46: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

44

horizonte A de qualquer tipo, excluído o chernozêmico (quando a argila do horizonte Bi for

de atividade alta). São solos pouco evoluídos, geralmente pedregosos e, devido à

heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, suas

características são bastante variáveis, mas em geral caracterizam-se por serem bem drenados,

pouco profundos ou rasos, com teores de silte elevados, e constituídos por mais de 4% de

minerais primários e mais de 5% de fragmentos de rocha semi-intemperizada. Devido a seu

desenvolvimento ainda incipiente, as características destes solos estão em consonância com o

material de origem. Devido à declividade e pedregosidade dos terrenos, estes solos são pouco

utilizados para a agricultura mecanizada, e em sua grande maioria representam áreas com

vegetação preservada ou utilizada para pecuária extensiva e agricultura de subsistência

(HIDROGEOLOGIA DO ESTADO DE GOIÁS, 2006, p. 85).

Page 47: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

45

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

46°20' 46°10' 46°00'

46°20' 46°10' 46°00'

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

MAPA DO SOLO DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHOMAPA DO SOLO DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Argissolo

NeossoloQuartzarênico

NeossoloLitólico

Cambissolo

Gleissolo

LatossoloVermelho - Amarelo

Damianópolis

Buritinópolis

Mambaí

Posse

10 0 10Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

Solos

CambissoloGleissoloLatossolo Vermelho AmareloNeossolo LitólicoNeossolo Quartzarênico

Argissolo

APA das Nascentes do Rio VermelhoLegenda

Divisa municipal

N

APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:Legenda

APANRV

Estado de GoiásEstado de Goiás

150 0 150 Km

16° 16°

50°

50°

46°

46°N

Figura 9: Mapa com a representação dos tipos de solos da APA NRV.

Page 48: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

46

2.3.4 Hidrografia

A hidrografia é o maior atrativo da região da APA NRV e pode ser melhor definida de

acordo com a metodologia de codificação Ottobacias (1989), que divide e subdivide diversas

vezes, o Estado de Goiás. Esta codificação gera bacias e regiões hidrográficas que vão do

primeiro ao quinto nível, sendo que, para esta APA, o primeiro é a bacia hidrográfica do Rio

Tocantins, o segundo, bacia hidrográfica do Rio Tocantins a montante da foz do Rio

Araguaia, o terceiro, bacia hidrográfica do Rio Paranã e o quarto nível, bacia hidrográfica do

Rio Corrente. Este último nível ainda se subdivide em bacia hidrográfica do Rio dos Buritis,

bacia hidrográfica do Rio Vermelho, região hidrográfica do Rio Corrente foz do Rio dos

Buritis/Rio Vermelho e região hidrográfica do Rio Corrente a montante da foz do Rio

Vermelho.

O quarto nível se identifica com a corrente pesquisa, pois na etapa posterior as

subdivisões superam as limitações da APA NRV e neste, sua área é totalmente integrada,

conforme a Figura 10. O principal rio do quarto nível é o Rio Corrente, cujos formadores

nascem na Serra Geral de Goiás - divisor de águas com a bacia do Tocantins - em altitudes

compreendidas entre 800 a 900m e apresentam um extenso trecho encachoeirado,

praticamente sobre a mesma faixa, para em seguida, se desenvolver em regime de planície

com fracas declividades médias, até desembocar no Rio Paranã. Nesta bacia o rio Corrente

possui como afluentes dois rios: o Rio dos Buritis e o Rio Vermelho. Os demais são ribeirões,

córregos e outros mananciais.

O Rio Vermelho, o Rio dos Buritis o Córrego Bezerra e o Córrego Piracanjuba, entre

outros, aproveitaram falhas e fraturas subjacentes e alargaram-se por dissolução, formando

canyons, pontes cársticas, sumidouros e ressurgências, ravinadas com formas de topo

aguçado, densidade de drenagem forte e declives de 20 a 45% , conforme MOREIRA (1995

apud ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL E AGROECOLÓGICO DO ESTADO DE

GOIÁS: REGIÃO NORDESTE, 1995).

Esta bacia aos poucos esta sofrendo pela ação antrópica, devido ser uma região onde

predomina o neossolo quartzarênico, solo fraco para agricultura, a população aos poucos vem

utilizando a prática da agricultura de subsistência em suas margens, retirando em parte suas

matas ciliares, causando assoreando de forma gradativa em alguns cursos d’água.

Page 49: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

47

Legenda

Bacia hidrográfica do Rio CorrenteAPA das Nascentes do Rio Vermelho

Rio CorrenteRio dos BuritisRio Vermelho

Córr. Bezerra

Projeção Universal Transversa de Mercator

25 0 25 Km

N

15°00'

14°30'

47°00' 46°30' 46°00'

15°00'

14°30'

47°00' 46°30' 46°00'

Bacia Hidrográfica do Rio Corrente

APANRV

Rio Corrente

Rio dos Buritis

Rio Vermelho

Cór

r .B

eze r

ra

MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CORRENTE E PRINCIPAISCURSOS D'ÁGUA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CORRENTE E PRINCIPAISCURSOS D'ÁGUA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica: APANRVB. H. do Rio Corrente

Legenda

Estado de GoiásEstado de Goiás

150 0 150 Km

16° 16°

50°

50°

46°

46°

Figura 10: Mapa com a representação da Bacia Hidrográfica do Rio Corrente.

Page 50: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

48

2.3.5 Vegetação

O Estado de Goiás possui considerável área de Cerrado devastado, entretanto, na

região Nordeste Goiano, onde está localizada a APA NRV, encontramos uma vegetação

conservada, conforme a Figura 13. Segundo dados do Plano de Gestão Ambiental realizado

pela empresa Rio Corrente S/A (2005), a cobertura vegetal natural na região nordeste do

estado de Goiás, em especial na bacia do rio Corrente, apresenta diversos tipos

fitofisionômicos que compõem o bioma Cerrado, incluindo características florísticas que

anunciam o contato com a Caatinga.. No contexto regional, a cobertura vegetal natural está

distribuída em três compartimentos: superior, intermediário e inferior.

O compartimento superior é representado por formas predominantemente planas à

suave onduladas com altitudes que variam ente 900 a 1000 onde são dominantes latossolos e

às vezes neossolos. Nestes, predominam as formações savânicas e campestres com ocorrência

esporádica de Matas de Galeria e Veredas ao longo das drenagens permanentes.

O compartimento intermediário, com altitudes que variam entre 700 e 750m é

representado por formas de relevo dissecado, rede de drenagem adensada e vales encaixados

com formação de canhão em pontos específicos. Neste gradiente serrano vegetava a Mata

Seca Decídua, sustentada por solos rasos (neossolos) de baixa fertilidade.

Figura 11: Flor de Pequi. Figura 12: Cactos em afloramento calcário.Autoria: Patrícia Estevam Autoria: Patrícia Estevam

O compartimento inferior é representado por formas planas a onduladas,

predominantes a partir do médio e baixo rio Corrente. Neste ocorrem formações florestais dos

tipos Mata Seca Decídua e, de forma subordinada, maciços de Mata Seca Semidecídua sobre

solos de maior fertilidade e maior disponibilidade hídrica, onde também se observa a

Page 51: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

49

ocorrência de formas savânicas sobre solos profundos de textura arenosa. De forma

subordinada, em escala de maior detalhe observa-se ainda a ocorrência de ecótones ou área de

transição entre os tipos fitofisionômicos da região.

Page 52: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

50

100 0 100Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

Vegetação preservadaNordeste Goiano

APA das Nascentesdo Rio Vermelho

Legenda

N

19° 19°

18° 18°

17° 17°

16° 16°

15° 15°

14° 14°

13° 13°

53°

53°

52°

52°

51°

51°

50°

50°

49°

49°

48°

48°

47°

47°

46°

46°

Nordeste GoianoAPANRV

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:

MAPA DE VEGETAÇÃO PRESERVADA NO ESTADO DE GOIÁS( Destaque para Nordeste Goiano e APA das Nascentes do Rio Vermelho )

MAPA DE VEGETAÇÃO PRESERVADA NO ESTADO DE GOIÁS( Destaque para Nordeste Goiano e APA das Nascentes do Rio Vermelho )

Figura 13: Mapa representando a vegetação preservada no Estado de Goiás.

Page 53: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

51

Ao considerarmos a cobertura vegetal natural, nota-se que as categorias de

características savânicas são as que apresentam maior cobertura contínua e nível de

conservação, em especial sobre o compartimento superior. Tal conservação favorece o

desenvolvimento do turismo ecológico.

Entretanto, a despeito do patrimônio natural ainda bem conservado, a exploração de

carvão vegetal4 é um fator preocupante na região. Conforme CARVALHO,

em 1993, segundo a SEPLAN-GO (1996:2003), o Nordeste Goiano era responsávelpor 15% da produção do estado, sendo que em 2002, ela, sozinha, concentrou 63,50%de toda a extração de Goiás (apenas os municípios de São Domingos, Sítio D´Abadia,Iaciara, Flores de Goiás, Nova Roma e Posse se encarregaram de mais de 56% dototal do carvão vegetal produzido), deixando as demais regiões com a cota de apenas36,50%. Esse dado revela-nos que há uma reorientação do desmatamento acentuadono estado que vem avançando, na última década, para o Nordeste Goiano. Algo quedeve significar também uma reorientação das políticas para a estruturação do seuterritório, avaliando, com urgência, essa prática de devastação que se encaminha paraa última faixa de cerrado goiano (2004, p.06 -07).

Utilizando ARRAIS, a autora chama atenção para o seguinte fato: “se fossemos

comparar a renda média dessa atividade com outras ligadas à agricultura familiar ou mesmo

ao turismo ecológico, não encontraríamos uma explicação que justifique sua extração”. (2004

apud CARVALHO, 2004. p. 07). O gráfico abaixo nos mostra isso melhor

Figura 14: Extração de Carvão Vegetal.

Fonte: Anuário Estatístico de Goiás: SEPLAN-GO, 1996 e 2003. (Retirado de CARVALHO, 2004. p. 07)

4 Dados da tabela 1 (ANEXO 4) intensificam a expressividade do extrativismo vegetal em Mambaí e noNordeste Goiano.

Page 54: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

52

Quanto a Unidades de Conservação e Áreas de Preservação Permanente, além do

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e do Parque Estadual de Terra Ronca, a região

abriga a Área de Proteção Ambiental das Nascentes do Rio Vermelho (APA NRV), objeto

deste trabalho, juntamente com o município de Mambaí.

Gerenciada pelo IBAMA-GO, esta área foi criada em setembro de 2001 com os

objetivos de proteger os atributos naturais, a diversidade biológica, os recursos hídricos e o

patrimônio espeleológico. Segundo o IBAMA–GO, a APA NRV (Figura 15) tem como meta

assegurar o caráter sustentável da ação antrópica na região, com particular ênfase na melhoria

do entorno; implantar processo de planejamento e gerenciamento com a participação de todos

os órgãos públicos, organizações não-governamentais e, principalmente, comunidades locais.

A APA abriga um dos mais expressivos patrimônios cársticos e muitos rios subterrâneos,

formados de diversas cavernas, fato que configura elevado potencial para a prática de

ecoturismo nesta área.

Page 55: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

53

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

14°40'

14°30'

14°20'

14°10'

46°20' 46°10' 46°00'

APA das Nascentes do Rio VermelhoLegenda

Divisa municipal

APANRVLegenda

150 0 150 Km

N

16° 16°

50°

50°

46°

46°

Estado de GoiásEstado de Goiás

10 0 10Km

Projeção Universal Transversa de Mercator

N

46°20' 46°10' 46°00'

Damianópolis

Mambaí

Posse

Buritinópolis

APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Escala da base cartográfica 1:250.000,Datum horizontal SAD-69, Fuso: 23 S,Meridiano Central 45° W, Folha SD23YB.

Patrícia Karoline Estevam Lima.

Fonte: SIG-GO_SIEG / 2006

Produção e edição cartográfica:

MAPA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO NO ESTADO DE GOIÁSCOM DIVISAS MUNICIPAIS

MAPA DA APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO NO ESTADO DE GOIÁSCOM DIVISAS MUNICIPAIS

Alvorada do Norte

Sim

o lândi aB

uritinópolis

Posse

BA

HIA

Figura 15: Mapa representando a área da APA NRV.

Page 56: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

54

2.4 Aspectos Sócio-econômicos

O levantamento das informações sócio-econômicas de Mambaí baseou-se em dados

oficiais de órgãos estaduais e federais, bem como em observações diretas e informações

colhidas durante as visitas de campo. A principal fonte de dados foi a Secretaria de

Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás - SEPLAN. A maioria dos dados

utilizados foi encontrada em várias publicações desse órgão, em especial nas elaboradas pela

Superintendência de Estatística Pesquisa e Informação - SEPIN.

Também foram encontradas informações relevantes no site da Agência Goiana dos

Municípios - AGM, bem como de outros órgãos do Governo Estadual como a Empresa de

Saneamento de Goiás - SANEAGO e a Companhia Energética de Goiás - CELG, além

informações do Governo Federal através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE.

Com base no conjunto de informações adquiridas junto a estes órgãos, foram

elaboradas tabelas para cada item pesquisado. Algumas dessas tabelas encontram-se

relacionadas no APÊNDICE A deste trabalho.

A tabela 4 mostra a composição da população residente por sexo e situação domiciliar

e a densidade demográfica nas quatro esferas: Estado de Goiás, Nordeste Goiano, Mambaí e

percentual Região/Estado. Os dados do último Censo mostram uma maior presença do

elemento feminino no Estado e predominância masculina no Nordeste Goiano e Mambaí. Esta

situação fica mais evidente quando se calcula a chamada razão de sexo (ou coeficiente de

masculinidade), que é o número de homens para cada 100 mulheres. Em 2000, o Estado de

Goiás havia 99,27 homens para cada 100 mulheres, mostrando um leve predomínio feminino.

No Nordeste Goiano essa razão era de 107,21 e em Mambaí o predomínio masculino era

maior, com 110,07 homens para cada 100 mulheres. A razão entre Região/Estado ficou em

108 homens para cada 100 mulheres, demonstrando assim, a predominância masculina.

A tabela 4 mostra ainda a pouca expressividade em termos absolutos da população

residente e densidade demográfica. As populações do Nordeste Goiano e Mambaí estão muito

rarefeitas espacialmente, como mostram os dados relativos à densidade demográfica. Em

2000, no Estado de Goiás como um todo a taxa era de 15,32 habitantes/Km2. O Nordeste

Goiano, tinha 3,89 habitantes/ Km2, Mambaí possuía 5,85 habitantes/ Km2 e a relação entre

Região/Estado estava em 25,39 habitantes/Km2.

Page 57: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

55

Tabela 3: População Residente e Densidade Demográfica, segundo o IBGE e SEPLAN/GO, doMunicípio de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2000

População residente–sexo e situação domicílio - 2000 Densidade Demográfica

Especificação Total Homens Mulheres RazãoH/M

Urbana Rural ÁreaKm2

Hab.Km2

Estado 5.003.228 2.492.438 2.510.790 99,27 4.396.645 606.583 340.086,698 15,32Nordeste Goiano 147.986 76.569 71.417 107,21 91.093 56.893 38.726,364 3,89

Mambaí 4.838 2.535 2.303 110,07 3.017 1.821 859,555 5,85%

Região/Estado2,96 3,07 2,84 108,00 2,07 9,38 11,39 25,39

Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Os índices de crescimento demográfico do Estado, Nordeste, Mambaí e a relação

Região/Estado, no período intercensitário 1991/2000, estão expostos na tabela 5. Os dados

mostram que a população do Estado aumentou entre 1996/2000. Observamos também, que

houve um crescimento razoável no Nordeste Goiano e um aumento muito tímido em Mambaí,

no mesmo período. Em relação aos dados entre 1991/2000, houve uma queda na taxa de

crescimento anual em todas as esferas. Na média, o Estado apresentou uma taxa de

crescimento anual razoável (2,46% ao ano), ao passo que no Nordeste Goiano, essa mesma

taxa foi de (0,99% ao ano), e Mambaí apresentou uma taxa de (-4,02% ao ano), sendo que a

relação da Região/Estado apresentou uma taxa de (40,24% ao ano).

Os dados acima de redução da população podem estar associados ao Índice de

desenvolvimento humano (IDH) dos municípios da região5.

Tabela 4: População Residente e Taxa Geométrica de Crescimento Anual, segundo o IBGE eSEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre1991/2000

População residente (habitantes) Taxa Geométrica de crescimento anual (%)Especificação

1991 1996 2000 1991/1996

1996/2000 1991/2000

Estado 4.018.903 4.514.967 5.003.228 2,36 2,60 2,46Nordeste Goiano 135.378 140.029 147.986 0,68 1,39 0,99Mambaí 6.999 4.520 4.838 -8,37 1,71 -4,02% Região/Estado 3,37 3,10 2,96 28,81 53,46 40,24

Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

5 Segundo os censos de 1991 e 2000 do IBGE, os vinte municípios do Nordeste Goiano reduziram sua populaçãoem virtude do índice de pobreza, seguindo a contramão do Estado.

Page 58: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

56

O Índice de desenvolvimento humano (IDH) em Goiás, a partir dos indicadores de

longevidade, educação e renda foram positivos nos anos de 1991 e 2000, ficando na 8ª

posição no ranking, com uma classificação considerada média, segunda classificação do

IBGE. No Nordeste Goiano podemos observar, assim como no Estado, houve um aumento de

longevidade, educação e renda, e em Mambaí os índices foram positivos em longevidade,

educação e renda, mas ainda é considerado um município de classificação média (Tabela 2-

APÊNDICE A).

A esperança de vida ao nascer é dada pelo número médio de anos que as pessoas

viveriam a partir do nascimento. Baseados em dados dos Censos de 1991 a 2000, a esperança

de vida de 2000 foi estimada multiplicando os valores de 1991 pela taxa de incremento na

esperança de vida ao nascer entre 1991 e 2000 para o Estado conforme estimativas do IBGE.

A tabela 6 mostra os dados de esperança de vida ao nascer do Estado, Nordeste Goiano,

Mambaí. Segundo os dados, a esperança média de vida para o Estado era de 65,10 anos em

1991 passando em 2000 para 69,68 anos. No Nordeste Goiano era de 60,71 anos em 1991

passando em 2000 para 66,12 anos e em Mambaí que era de 62,08 anos de esperança de vida

passou para 65,65 anos. Mostrando assim, que tanto o Nordeste Goiano quanto Mambaí

apresentaram uma esperança de vida abaixo da média do Estado.6

Tabela 5: Esperança de Vida ao Nascer, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município deMambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre 1991/ 2000

Esperança de vida ao nascer–1991/2000Especificação

1991 2000Estado 65,10 69,68Nordeste Goiano 60,71 66,12Mambaí 62,08 65,65% Região/Estado 93,26 89,15

Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Os dados das tabelas 7 e 8 referem-se à situação do sistema de ensino do Estado,

Nordeste Goiano e Mambaí, entre 1991 e 2004. A tabela 6 mostra um acréscimo no número

de escolas e salas de aulas e um decréscimo no número de salas de aulas docentes e alunos

6 Segundo dados dos censos de 1991 e 2000 do IBGE, os vinte municípios do Nordeste Goiano aumentaram aesperança de vida ao nascer em cerca de 8,9% em 9 anos. Este crescimento deve-se a melhoria nas condições desaúde, saneamento, esgoto, moradia, coleta de lixo, emprego, dentre outros. Mas, apesar desse aumento, aRegião Nordeste ficou abaixo em cerca de 7% em relação ao Estado, uma situação desconfortável. Osgovernantes responsáveis pelo Nordeste Goiano devem priorizar recursos destinados às áreas citadas acima paraque possam elevar os níveis de qualidade de vida das populações residentes.

Page 59: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

57

matriculados no Estado. No Nordeste Goiano houve acréscimo no número de salas de aulas e

docentes e um decréscimo no número de escolas e alunos matriculados no mesmo período.

Em Mambaí, ocorreu um acréscimo no número de salas de aula e alunos matriculados e um

decréscimo no número de escolas e docentes.

No último período intercensitário, a proporção de pessoas analfabetizadas diminuiu

significativamente entre a população das três esferas, passando de 33,12% para 15,91% no

Estado; de 30,91% para 15,26% na região do Nordeste Goiano; de 33,86% para 17,11% em

Mambaí no período de 1991 a 2000. Segundo o IBGE, uma pessoa é considerada alfabetizada

quando cursou no mínimo quatro séries completas do ensino básico. Consequentemente, o

IBGE calcula as taxas alfabetização tendo como referência o universo formado pela

população com 10 anos ou mais, partindo do pressuposto conservador, mas realista, de que a

maioria dos brasileiros começa a ser alfabetizada a partir dos sete anos. Apesar dessa

considerável diminuição na taxa de analfabetismo nas três esferas acima citadas, em uma

década, esse índice ainda representa um dos mais altos do mundo7.

Tabela 6: Número de escolas, Salas de aulas, Número de docentes, Alunos matriculados, segundoIBGE e SEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiásentre 2003/2004

Ano de 2003 Ano de 2004EspecificaçãoEscolas Salas Docentes Matrículas Escolas Salas Docentes Matrículas

Estado 4.528 33.748 81.557 1.663.556 4.762 34.130 72.060 1.637.406Nordeste Goiano 560 1.247 2.713 58.134 374 1.292 2.794 57.984Mambaí 11 26 61 1.868 07 32 77 1.905% Região/Estado 12,36 3,69 3,33 3,49 7,85 3,79 3,88 3,54Fonte: IBGE–SEPLAN (Adaptado)

Tabela 7: Taxa de Analfabetismo da população de 10 anos ou mais de idade, segundo IBGE eSEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre1991/ 2000

Taxa de analfabetismo da população de 10 anos ou mais de idade (%) 1991/2000Especificação 1991 2000

Estado 33,12 15,91Nordeste Goiano 30,91 15,26Mambaí 33,86 17,11% Região/Estado - -Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

7 Em 2005, o IBGE revela que essa taxa para Goiás foi de 10,73% e no Brasil ainda é de 13%, sendo maior doque em país como a China e México, conforme a reportagem publicada no caderno Cidades–Pior Educação doMundo, do jornal Diário da Manhã, veiculada em 09 de outubro de 2006.

Page 60: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

58

Segundo dados do IBGE, o valor de rendimento nominal médio mensal das pessoas de

10 anos ou mais de idade, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, em 2000,

foi de R$ 856,00 para o Centro-Oeste. A tabela 9 apresenta os dados de rendimento nominal

médio mensal das pessoas com 10 anos ou mais de idade, com rendimento, no Estado,

Nordeste Goiano e Mambaí e a flutuação de empregos nos anos de 2001/2002. Podemos

observar que tanto o Estado, Nordeste Goiano e Mambaí estão abaixo do rendimento acima

estipulado pelo IBGE8.

Tabela 8: Valor de Rendimento Nominal Médio Mensal das pessoas responsáveis pelo domicílio/Flutuação do nível de emprego, segundo IBGE, Ministério do Trabalho e SEPLAN/GO, doMunicípio de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre 2000/ 2002

Flutuação de empregos

Admitidos DesligadosEspecificaçãoValor de

rendimentonominal

Médio mensal(R$) - 2000

2001 2002 2001 2002

Estado 688,80 292.087 298.605 270.706 279.342Nordeste Goiano 381,14 2.875 1.621 3.421 3.143Mambaí 322,61 02 13 02 09% Região/Estado 55,34 0,98 0,54 1,26 1,13Fonte: IBGE - Ministério do Trabalho - SEPLAN/GOSalário Mínimo em 2000–R$ 151,00

Na tabela 3 (APÊNDICE A) estão listadas as principais culturas do município, com

área plantada de cada uma. Os dados mostram que a produção agrícola é modesta e pouco

diversificada. O arroz e o milho são duas culturas com maior área cultivada e produção,

representando a ponta de lança da agricultura comercial que começa a expandir-se em

território goiano. Essa agricultura, caracterizada pelo uso intensivo de tecnologia e capital,

encontrou no município terras baratas cujos solos, embora de baixa fertilidade, apresentam

condições favoráveis ao manejo mecanizado. Mandioca, feijão e cana-de-açúcar - produtos

típicos de subsistência - são cultivados em pequenas áreas de terra fértil e servem, sobretudo,

para o consumo das famílias dos produtores, sendo os excedentes comercializados nos

mercados locais. Neste aspecto, o desenvolvimento do turismo pode representar mais uma

alternativa à renda do município, visto que esta atividade pode conviver perfeitamente com a

agricultura, especialmente porque “é preciso evitar, a qualquer preço, a monocultura turística,

8 Segundo dados dos censos de 1991 e 2000 do IBGE, tanto o Estado quanto a região do Nordeste Goiano,diminuíram os números em relação ao analfabetismo, em cerca de 50%. Isso se deve ao fato da melhoria daqualidade do ensino, aumento do número de escolas, professores e a distribuição de merendas para os alunos doensino fundamental.

Page 61: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

59

que não apenas é nefasta como qualquer monocultura, mas igualmente perigosa”

(Krippendorf, 2001, p.146).

Quanto à Pecuária, o setor primário ainda ocupa um lugar de relevância na economia

municipal. Entre as atividades primárias, a bovinocultura é a atividade de maior tradição entre

os moradores e o que mais profundamente marcou a paisagem rural do município. É também

a que mais reúne características naturais da região e poderá voltar a ser um dos pilares do

desenvolvimento local, caso sejam adotadas práticas técnica e ambientalmente corretas e

capazes de torná-la sustentável.

Os dados da tabela 10, relativos à pecuária, mostram que esta atividade, embora

relevante para a economia local, tem uma escala de produção bastante modesta e pouco

representativa no contexto estadual. O rebanho bovino, em relação ao Estado é o segundo

maior com 19.132.372 cabeças, ficando atrás somente da avicultura com 27.139.230 cabeças

e a suinocultura com 1.231.251 exemplares. Já no Nordeste Goiano o efetivo bovino fica em

primeira escala com 818.081 cabeças, seguidos da avicultura com 311.800 cabeças e a

suinocultura com 29.520 cabeças. Já em Mambaí podemos observar que há uma mudança na

posição da tabela, ficando em primeira escala o efetivo bovino com 6.411 cabeças, seguidos

da avicultura com 6.500 e a suinocultura com 500 cabeças.

Tabela 9: Pecuária - Efetivos bovino, suíno e aves (cabeças), segundo IBGE e SEPLAN/GO, doMunicípio de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2001

Efetivos bovino, suíno e aves (cabeças) - 2001EspecificaçãoBovino Suíno Aves

Estado 19.132.372 1.231.251 27.139.230Nordeste Goiano 818.081 29.520 311.800Mambaí 6.411 500 6.500% Região/Estado 4,28 2,40 1,15Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Tratando-se do saneamento, conforme a tabela 11, a população atendida com

saneamento básico no Estado, era de 84% , no Nordeste Goiano era de 91% e Mambaí com

um índice de 85% da população era atendida. O saneamento básico está sob responsabilidade

da Empresa de Saneamento de Goiás (SANEAGO).

Os serviços de coleta de esgoto atendiam 34% em relação ao Estado, 19% no Nordeste

Goiano e 74,89% em Mambaí. Índices a serem melhorados pela administração pública.

Page 62: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

60

Tabela 10: População atendida de água e esgoto (%), segundo SANEAGO, IBGE eSEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2001

População atendida de água e esgoto % - 2001EspecificaçãoÁgua Esgoto

Estado 84 34Nordeste Goiano 91 0,19Mambaí 85 74,89% Região/Estado 1,08 0,55

Fonte: SANEAGO–IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Segundo os dados da tabela 12, em 2000, o serviço de coleta de lixo atendia 84,14%

da população do Estado, 50,22% no Nordeste Goiano e 36,64% em Mambaí. Já em relação a

outros destinos do lixo, o Estado tem um taxa de 18,86%, Nordeste Goiano 49,78% e Mambaí

63,36%, índices altos, o que agrava a proliferação de doenças e os danos ao meio ambiente.

Em Mambaí, segundo informações dos moradores, o lixo e outros resíduos são simplesmente

descarregados numa área a céu aberto (lixão) sem qualquer manejo ou tratamento, apesar de

haver legislação proibindo tal prática.

Tabela 11: Destino do lixo (%), segundo IBGE e SEPLAN, do Município de Mambaí/GO, daregião Nordeste e do Estado de Goiás em 2000

Destino do Lixo (%) - 2000EspecificaçãoColetado Outros Destinos

Estado 81,14 18,86Nordeste Goiano 50,22 49,78Mambaí 36,64 63,36% Região/Estado 0,62 2,64Fonte: IBGE - SEPLAN/GO (Adaptado)

Na tabela 13 temos o consumo total de energia elétrica em Mwh no ano de 2001. O

consumo do Estado era de 3,61Mwh, Nordeste Goiano 1,99 Mwh e Mambaí com um índice

de 1,25 Mwh de consumo. Mambaí localiza-se na área de concessão da CELG –Companhia

Energética de Goiás, esta linha de transmissão tem como finalidade melhorar o suprimento de

energia, não somente para Mambaí, mas para todo Nordeste Goiano.

Tabela 12: Consumo de energia em (Mwh), segundo CELG, IBGE e SEPLAN/GO, do Municípiode Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2001

Consumo médio de energia elétrica–Mwh - 2001Especificação Consumo Mwh

Estado 3,61Nordeste Goiano 1,99Mambaí 1,25% Região/Estado 0,55Fonte: CELG–IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Page 63: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

61

Em 2005, de acordo com a tabela 14, em Goiás, a rede hospitalar era constituída de

478 hospitais, sendo 18.881 leitos. No Nordeste Goiano existe uma rede hospitalar com 19

hospitais com 381 leitos. Mambaí possui 01 hospital público, com apenas 16 leitos

disponíveis. Trata-se de uma estrutura deficiente, fato explicado pela escassez de recursos

destinados à saúde, dentro dos magros orçamentos municipais. Os casos com maior

complexidade são encaminhados ao sistema de saúde do Distrito Federal.

Tabela 13: Rede Hospitalar e Número de leitos, segundo IBGE e SEPLAN/GO, do Município deMambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás em 2005

Rede hospitalar e número de leitos - 2005Especificação

Nº Rede Hospitalar Nº LeitosEstado 478 18.881Nordeste Goiano 19 381Mambaí 01 16% Região/Estado 0,40 0,20Fonte: IBGE - SEPLAN/GO (Adaptado)

A Taxa de Mortalidade Infantil (número de óbitos de crianças com menos de 01 ano

por nascidos vivos) é considerada um dos mais importantes indicadores de saúde de uma

população. Uma queda na taxa de mortalidade infantil indica sempre uma melhora nas

condições de saúde e, de forma mais geral, da qualidade de vida da população. Os dados da

tabela 15 mostram o inverso, ou seja, um aumento significativo da taxa de mortalidade, entre

1991 e 2000. Este índice no Estado passou de 65,10 para 69,68. O Nordeste Goiano passou de

60,71 para 66,12, em Mambaí a taxa de mortalidade infantil subiu de 62,08 para 65,65 em

2000, o que significa crescimento em todas as escalas. Esse dado é o oposto do quem

ocorrendo no Brasil e no mundo. O que equivale dizer que nessa região está tendo poucas

políticas voltadas para a saúde9

9 Esses dados podem ser relacionados aos da Tabela 14. Os 16 leitos do município de Mambaí significam poucaassistência médico-hospitalar para a população.

Page 64: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

62

Tabela 14: Taxa de Mortalidade Infantil (‰) por mil nascidos vivos, segundo IBGE eSEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre1991/ 2000

Taxa de Mortalidade Infantil (‰)por mil nascidos vivos–1991/2000Especificação

1991 2000Estado 65,10 69,68Nordeste Goiano 60,71 66,12Mambaí 62,08 65,65% Região/Estado 0,93 0,94Fonte: IBGE–SEPLAN/GO (Adaptado)

Os dados da tabela 16, relativos à arrecadação de Imposto de Circulação de

Mercadorias e Serviços –ICMS, mostram que houve um aumento significativo entre os anos

de 2000 a 2002, passando de 2.198.012.251,53 em 2000 para 3.020.446.812,71 no Estado, de

6.039.104,77 para 7.297.825,09 no Nordeste Goiano, de 94.463,24 para 249.990,20 em

Mambaí no mesmo período. Podemos notar que no Nordeste Goiano e em Mambaí, a

principal fonte de arrecadação é a cobrança de ICMS para pagamento da folha salarial.

Tabela 15: Arrecadação de ICMS e Variação em (%), segundo Secretaria da Fazenda/GO eSEPLAN/GO, do Município de Mambaí/GO, da região Nordeste e do Estado de Goiás entre2000/2002

Arrecadação ICMSICMS–R$ Variação (%)Especificação

2000 2001 2002 2000/2001 2001/2002

Estado 2.198.012.251,53 2.615.325.571,17 3.020.446.812,71 18,99 15,49

Nordeste Goiano 6.039.104,77 7.297.825,09 13.576.940,18 20,84 86,04Mambaí 94.463,24 156.818,35 249.990,20 66,01 59,41

% Região/Estado 0,27 0,28 0,45 1,09 5,55

Fonte: Secretaria da Fazenda–GO–SEPLAN/GO (Adaptado)

Ante o exposto sobre todos estes aspectos do município de Mambaí, concordamos

com MOESCH, quando afirma que é evidente a capacidade do turismo de gerar impactos

positivos nos índices sócio-econômicos. Esta autora destaca que essa capacidade é

mundialmente conhecida, pois o turismo revigora áreas adormecidas ou mortas para o bem

estar social e dinamização da economia (1998, p. 87).

Page 65: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

63

3 INVENTÁRIO TURISTICO DE MAMBAÍ

O levantamento dos dados do Inventário Turístico teve como escala de análise

principal, o município de Mambaí. No desenrolar da pesquisa em campo, sentimos a

necessidade de incorporar a este inventário, elementos de outras escalas que extrapolam os

limites do município, visto que, não há possibilidade de neglicenciar os aspectos regionais

quando falamos em Turismo.

Nas leituras sobre turismo de base local, geralmente há recomendação para não

desconsiderar a escala da região do entorno do município. Tanto que, IRVING, destaca que “o

planejamento turístico é indissociável da perspectiva de desenvolvimento regional” (2002,

p.70).

No caso em questão, a escolha dos atrativos de outros municípios limitou-se aqueles

que estão localizados dentro da área de abrangência da APA NRV, conforme o Mapa 8.

Assim, hora ou outra, aparecem atrativos que estão fora do município de Mambaí, mas que,

em nosso entendimento, não invalida a escolha de um município como referencial de análise.

3.1 Atrativos Naturais

Tendo em mente os passos metodológicos orientados por MAGALHÃES (2002),

fomos acompanhados aos potenciais atrativos locais, por alguns jovens da comunidade que

possuíam vastos conhecimentos sobre a região e pudemos reconhecer vários pontos. Nestes,

coletamos as coordenadas geográficas, observando os tipos de atividade que poderiam ser

realizadas e avaliamos o estado de conservação de cada um deles.

Os acessos a cada local foram criados pelos próprios jovens que os exploram e são

considerados provisórios em alguns casos, visto que são estudadas formas de facilitar e

agilizar o acesso.

Não há nenhum tipo de atividade turística sendo desenvolvida em nenhum deles,

portanto não há equipamentos ou serviços disponíveis. Contudo, encontramos junto aos

moradores, muitas idéias do que poderia ser criado para elevar o grau de atratividade de cada

ponto e viabilizar o desenvolvimento do turismo.

Seguem os principais atrativos naturais encontrados.

Page 66: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

64

1) Vale Senhor dos Anéis

Localizado próximo a Agrovila Mambaí, temos o vale conhecido como Senhor dos

Anéis. Segundo moradores o vale recebeu este nome por lembrar muito um cenário visto no

filme “O Senhor dos Anéis”. Este vale situa-se ao longo do Rio Vermelho.

Para chegar a este atrativo saímos da sede do município e seguimos à esquerda no

trevo, após 1km de asfalto, percorremos em estrada de chão até o Sítio do Beija-Flor, onde

inicia-se uma trilha caminhando. Da cidade até à Agrovila Mambaí, fizemos

aproximadamente 7 km de carro e o restante do percurso a pé.

Na trilha o grau de dificuldade é médio e ainda assim cansativo, contudo está sendo

criada pelos moradores, uma trilha mais fácil.

A acessibilidade a este atrativo pode ser feita durante todo o ano.

O Vale possui aproximadamente 90 metros de altura, tornando possível a prática de

tirolesa e rapel, permitindo também atividades de espeleoturismo, devido a presença da

Caverna10 do Boi e do Senhor dos Anéis, esta com grande ornamentação. O entorno dessas

cavernas possui vegetação nativa preservada. Outra atividade possível seria a travessia do

Vale por meio de uma ponte pencil a ser construída, com aproximadamente 170 metros de

extensão.

O Vale do Senhor dos Anéis tem grande beleza cênica, com cerrado preservado, há

presença de paredões e formações cársticas, o que confere a este atrativo um alto grau de

potencialidade turística, necessitando apenas de infra-estrutura.

Figura 16. Entrada da Caverna Senhor dos Anéis Figura 17. Espeleotema no interior da cavernaAutoria: Emílio Calvo Autoria: Emílio Calvo

10 Caverna (do latim cavus, buraco), gruna ou gruta (do latim vulgar grupta, corruptela de crypta) é todacavidade natural rochosa com dimensões que permitam acesso a seres humanos. Em alguns casos essascavidades também podem ser chamadas de tocas, lapas ou abismos.

Page 67: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

65

Figura 18. Coluna na Caverna Senhor dos Anéis Figura 19. Parte do teto da Caverna Senhor dos AnéisAutoria: Emílio Calvo Autoria: Emílio Calvo

2) Gruna da Tarimba

A Gruna da Tarimba localiza-se em Mambaí, mais precisamente nos fundos da

fazenda que lhe empresta o nome, em meio a uma área de cultivo de milho e cana de açúcar.

Ela possui o status de maior caverna de região de Mambaí e adjacências, com

aproximadamente 8 km de extensão.

O acesso a esta caverna dá-se partindo da sede do município e seguindo 13 km de

asfalto e 1,5 km de estrada de chão. Do local onde serão deixados os carros até a entrada

principal da caverna, são 10 minutos de caminhada.

Conforme informações do Grupo Espeleológico Goiano –GREGO, a Gruna da

Tarimba tem dimensões de pequenas proporções que dificultam o acesso ao interior da

caverna, conforme estudos realizados pelo Grupo Espeleológico Goiano –GREGO. A única

boca que permite uma passagem relativamente tranqüila é a entrada principal. Todas as outras

sete entradas estão distribuídas próximas uma das outras, em media 20 m.

As entradas da Gruna da Tarimba possuem uma vegetação relativamente conservada,

porém o avanço de atividades principalmente agropecuárias, vem se alastrando na região.

Em vários pontos das galerias e salões da Gruna da Tarimba existe grande riqueza, em

quantidade e diversidade de espeleotemas. De uma forma bem distribuída, esta caverna,

apresenta caprichosamente, trechos com ornamentações específicas, só encontradas nestes

respectivos pontos. Trata-se de uma caverna singular entre todas as outras, por sua

extensão, número de salões e entradas, por seus desníveis e cursos d’água. Em uma das

Page 68: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

66

saídas, encontra-se um paredão de aproximadamente 17 m de altura, formando uma queda

d’água conhecida como Cachoeira da Recompensa. Neste ponto é possível à pratica de rapel e

banho, em uma água transparente e temperatura agradável, formando um belo cenário para o

visitante.

É desaconselhável a execução de trabalhos exploratórios em estações chuvosas, visto

que nesta época, os cinco pequenos cursos d’água desta caverna recebem grande volume de

água pluvial, elevando seus níveis rapidamente e resultando em risco tanto para a visitação

técnica quanto para turística.

Figura 20: Entrada tipo quebra-corpo na Caverna Tarimba Figura 21: Cachoeira da RecompensaAutoria: Anderson Santos Autoria: Anderson Santos

3) Lapa do Penhasco

A Lapa do Penhasco está localizada no município de Buritinópolis, inserida na área

das fazendas Barro Preto e Olho d’ água. Esta caverna possui duas entradas conhecidas, uma

no Córrego das Dores1 e outra, na ressurgência do mesmo córrego, próximo do Rio Vermelho.

A vegetação no entorno é formada por mata calcária ainda preservada, entretanto, há

vestígios do avanço de cultivo de subsistência, em área determinada por lei como sendo

preservação permanente.

A Lapa do Penhasco é trabalhada em toda sua extensão pelo Córrego das Dores,apresentando grande quantidade e variação de espeleotemas, segundo informações doGREGO.

1 A Diretoria de Serviços Geográficos do Exército–DSG, informa que este córrego tem o nome de Serragem.

Page 69: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

67

A caverna na sua entrada apresenta um pequeno lago, onde os visitantes passam com a

água na altura do peito, e varias quedas d’água que fluem entre blocos abatidos que

proporcionam uma paisagem interessante nos primeiros metros da caverna.

Seu caminhamento não é tão difícil, e durante o percurso é possível perceber vários

atrativos, como uma pequena cachoeira, praias de areias brancas e finas e um segundo lago

com interessantes espeleotemas.

Estudos do GREGO esclarecem que por ocasião da elaboração do plano de manejo

espeleológico, que regulamentará a abertura da Lapa do Penhasco ao turismo, alguns sítios

desta cavidade deverão ser classificados com áreas intangíveis, ora visando à proteção de

ornamentações, ora a proteção de uma espécie de peixe trogófilo ali encontrado, ou ainda

determinadas situações visando à manutenção da própria integridade física dos turistas.

Figura 22: Assoreamento do Córrego das Dores ocorrido por Figura 23: Entrada na Lapa do Penhascoavanço de cultivo de subsistência Autoria: Anderson SantosAutoria: Patrícia Estevam

4) Lapa do Córrego das Dores

Segundo dados do GREGO, a Lapa do Córrego das Dores localiza-se na região da

Fazenda Olhos D’água, no município de Buritinópolis e comporta duas entradas de grandes

proporções, sendo a primeira onde o curso d’água adentra a caverna apresenta dimensões de

30 m de altura por 25 m de largura. A segunda entrada apresenta dimensões e padrões muito

similares à primeira boca.

Apesar da presença de uma mata-galeria preservada, seu entorno possui cultivos de

cana-de-açúcar, milho e hortaliças.

Sua cavidade apresenta um conjunto de belos espeleotemas de dimensões variadas em

suas paredes e teto.

Page 70: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

68

A Lapa do Córrego das Dores proporciona um passeio tranqüilo e sem riscos pela

facilidade de acesso as suas entradas e principalmente pela caminhada ao seu interior, fazendo

desta caverna ima ótima opção para o aproveitamento turístico.

Figura 24: Coluna na Lapa do Córrego das Dores Figura 25: Entrada da Lapa do Córrego das DoresAutoria: Anderson Santos Autoria: Anderson Santos

5) Caverna dos Revolucionários

Conforme dados do GREGO, a Caverna dos Revolucionários localiza-se no município

de Posse, inserida em área da fazenda São Borges, ao fundo de uma grota, num grande coletor

de águas pluviais drenado até o Córrego São Pedro.

Esta caverna possui nove entradas conhecidas, porém pelo fácil acesso, apenas a

Entrada I é utilizada, tratando-se de uma pequena boca de 7m de largura por 1,7 m de altura

que encontra-se encaixada na base de uma pequena elevação ao centro da grota.

Seu entorno é tomado por uma mata calcária em razoável estado de preservação,

entretanto, é possível observação do avanço antropológico de sua vegetação que está sendo

substituída por pastagens.

Em alguns locais da cavidade, a variação e a quantidade de espeleotemas chega a ser

impressionante, encontramos estalactites, estalagmites e colunas de vários tamanhos.

Foram encontrados vestígios paleontológicos (ossos fósseis) em alguns pontos dessa

caverna. Diz-se entre os moradores que ela foi usada como refúgio de revolucionários na

região e estima-se que esses relatos refiram-se à passagem da “Coluna Prestes” nas

imediações. Alguns salões da caverna abrigam restos de fogueiras, inscrições e potes, dentre

Page 71: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

69

outros. Trata-se de uma caverna com o maior potencial para estudos paleontológicos dentro

da área de estudos da APA do Rio Vermelho12.

A Revolucionários é uma caverna seca. Em épocas de chuva é comum encontrar água

corrente, frutos de infiltrações, sendo que no final do período chuvoso formam-se poços

d’água por longo período de tempo.

A Caverna dos Revolucionários possui características incomuns, se comparada às

demais áreas da APA NRV, graças a uma série de fatores como: arranjo de suas galerias,

quantidade e beleza de seus espeleotemas, informações históricas e vestígios paleontológicos.

O acesso a qualquer uma das entradas é fácil, apresentando piso geral plano, o que

possibilita um passeio seguro por suas galerias e salões bem ornamentados.

Devido ao seu posicionamento estratégico, ao final da caverna, a entrada VII está

sendo utilizada como saída.

Trata-se de uma caverna com bom potencial para adaptação à visitação turística.

Figura 26: Espeleotema na Caverna dos Revolucionários Figura 27: Corredor na Caverna dos RevolucionáriosAutoria: Emílio Calvo Autoria: Emílio Calvo

6) Caverna do Rio Vermelho I

Segundo cadastro realizado pelo GREGO, a Caverna do Rio Vermelho I está

localizada entre os municípios de Mambaí e Damianópolis, inserida em área da fazenda

Bonina e caracteriza-se principalmente pela drenagem do Rio Vermelho e Rio das Pedras,

intercalando trechos de cânions profundos.

12 Esse fato nos leva a atribuir a esta caverna o status de atrativo histórico-cultural também.

Page 72: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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A Caverna do Rio Vermelho I possui apenas uma entrada, localizada ao fundo de um

grande vale com paredes que chegam a medir 40 m de altura, por onde adentra o Rio

Vermelho. Trata-se de uma abertura de 8m de largura por 5m de altura. Esta entrada localiza-

se na base do paredão ao fundo do vale. Na boca da caverna e seu entorno observa-se à

presença de vegetação de mata ciliar bem preservada.

A Caverna Rio Vermelho I não possui espeleotemas e é cortada e trabalhada em toda

sua extensão pelo rio que lhe empresta o nome. Trata-se de curso d’água com volume

considerável principalmente no período chuvoso.

Sua entrada, somada à beleza do local - um belo vale –e a existência em suas

imediações de bons locais para banho de rio, formam um conjunto de atrativos turísticos que

não pode ser ignorado.

Entretanto, a Caverna do Rio Vermelho apresenta alguns fatores de risco que devem

ser observados, tais como grande volume de correnteza das águas em seu interior, tornando o

passeio dentro da mesma muito cansativo, principalmente no seu retorno, existindo ainda o

risco de pessoas serem arrastadas para o final da galeria, onde o teto abaixa abruptamente,

impedindo por completo a passagem.

Figura 28: Caverna Rio Vermelho IAutoria: Emílio Calvo

Page 73: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

71

7) Lapa da Cachoeira do Funil

Dados do GREGO nos informam que a Lapa do Funil encontra-se em Mambaí,

inserida em área da fazenda Funil. Possui duas entradas, sendo que a principal é drenada pelo

Córrego Ventura. Por outro lado, partindo da segunda entrada, o córrego segue encaixado em

grande cânion, com paredões de aproximadamente de 40 m de altura.

A entrada principal da Lapa do Funil impressiona pela sua imponência e beleza. Com

suas paredes abruptas, sua entrada drena todo o volume de água do Córrego Ventura, caindo

em seu interior numa queda livre de 18 m de altura. O caminhamento nesta caverna é feito por

cima de pequenos blocos desmoronados.

O acesso à caverna se dá através de um percurso de cerca de 30 minutos de vegetação

bastante antropizada. Chegando-se à boca principal, temos uma vegetação ciliar bem

conservada.

Já dentro da boca II, no cânion, temos intercalação de mata calcária e mata ciliar em

bom estado de conservação, formando um ambiente propício a pratica de trecking.

A Lapa do Funil apresenta ornamentações - de pequeno porte - apenas na galeria

formada após a boca II. No período chuvoso, devido ao fato de estar sujeita a sifonamento,

esta galeria da caverna deveria ser interditada à visitação.

Sua cavidade é trabalhada em toda sua extensão pelas águas do Córrego Ventura, que

por ocasião do período chuvoso, atinge um volume considerável de água.

A Lapa do Funil possui um dos conjuntos de maior beleza da região. A presença dos

bandos de andorinhões (Streptoprocne zonaris) , que nidificam detrás da cachoeira e seu belo

vale formado ao final da mesma, formam um roteiro turístico como poucos. Seu percurso não

apresenta altos riscos, favorecendo a visitação pública.

Figura 29: Entrada principal da Cachoeira Funil Figura 30: Entrada principal vista por dentroAutoria: Anderson Santos Autoria: Emílio Calvo

Page 74: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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8) Córrego Chumbada

Figura 31: Corredeiras no Córrego ChumbadaAutoria: Anderson Santos

O Córrego Chumbada está localizado na divisa do município de Damianópolis. Para

chegar a este córrego, o acesso é feito saindo da sede e seguindo à esquerda do trevo, depois

de 1km de asfalto, percorremos em estrada de chão até o Sítio do Beija-Flor, onde iniciamos

uma trilha caminhando.

Da sede municipal à Agrovila Mambaí, temos aproximadamente 7 km de carro e o

restante do percurso a pé, sendo que o grau de dificuldade é leve e acessibilidade a este

atrativo ocorre durante todo o ano. Podem ocorrer atividades de banho, descanso e apreciação

da paisagem.

O Córrego Chumbada possui várias corredeiras, com formações de pequenos poços e

a temperatura da água é bastante agradável, seu entorno possui vegetação preservada.

Classifica-se a potencialidade turística deste atrativo como de grau médio.

9) Rio Vermelho

O curso do Rio Vermelho passa pelas divisas dos municípios de Buritinópolis,

Damianópolis e Mambaí. O acesso e transporte até este local é semelhante ao acesso ao

Córrego Chumbada, sendo que o grau de dificuldade leve e a acessibilidade durante todo o

ano.

Podem ocorrer atividades relacionadas a banho, descanso, apreciação da paisagem,

bóia-cross e rafting.

Page 75: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

73

O Rio Vermelho possui uma forte correnteza que permite a prática do bóia-cross e do

rafting. A água apresenta um aspecto turvo e a temperatura é fria, sendo o entorno do rio de

cerrado preservado. Classifica-se a potencialidade turística deste atrativo como de grau médio

Figura 32: Rio VermelhoAutoria: Emílio Calvo

10) Poço Azul

Figura 33: Cachoeira do Poço AzulAutoria: Anderson Santos

Page 76: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Também localizado no município de Damianópolis, o acesso a este atrativo é feito

saindo da sede do município e seguindo 18 km em direção ao povoado de Vila Nova. A partir

das proximidades do povoado de Vila Nova, segue-se aproximadamente 2h de caminhada em

mata fechada.

O grau de dificuldade é muito alto e a acessibilidade pode ocorrer durante o ano todo.

Podem ser realizadas atividades como banho, descanso e apreciação da paisagem.

O Poço Azul é formado pelo Córrego Barreiro e possui uma queda d’água de

aproximadamente 13 metros de altura. A temperatura da água é bastante agradável, seu

entorno possui vegetação preservada. Classifica-se a potencialidade turística deste atrativo

como de grau médio a alto.

10) Córrego Ventura

O Córrego Ventura localiza-se em Mambaí e o acesso é feito saindo da sede e

percorrendo 5 km de carro em direção ao povoado de Vila nova. Em seqüência seguimos a

primeira entrada à esquerda e a partir daí percorremos uma trilha de aproximadamente 15

minutos.

O grau de dificuldade é leve e a acessibilidade também é possível durante todo o ano.

Poder seu utilizado em fins turísticos para banho, descanso, apreciação da paisagem,

bóia-cross e rafting.

O Córrego Ventura possui várias corredeiras, com formações de pequenos poços e a

temperatura da água é bastante agradável, seu entorno possui vegetação preservada. Um

pouco mais a frente no curso do córrego esta a cachoeira do Funil. Classifica-se a

potencialidade turística deste atrativo como de grau médio.

Figura 34: Corredeiras no Córrego Ventura Figura 35: Vista do Córrego VenturaAutoria : Anderson Santos Autoria :Anderson Santos

Page 77: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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3.2 Equipamentos de Apoio ao Turismo

Como já citado anteriormente, este estudo reconhece o município de Mambaí como

sede um trabalho que deve ser analisado regionalmente seguindo um roteiro ecológico. A

aplicação prática desta análise encontra-se no fato de Mambaí constituir-se em um ponto de

articulação entre seus potenciais atrativos e os atrativos dos municípios limítrofes, podendo

resultar em futuro roteiro de pontos turísticos na região, conforme a Figura 8. Desse modo,

entendemos que a presença ou ausência de equipamentos e serviços turísticos em Mambaí

também deve ser observada.

Partindo desse princípio, identificamos aqueles serviços ou equipamentos que mais se

aproximavam dos considerados turísticos, visto que não encontramos nenhum que houvesse

sido criado para atender ao turismo inicialmente. Antes foram criados voltando-se para os

próprios moradores ou para atender trabalhadores das carvoarias, vindos do Estado da Bahia,

no caso dos hotéis e dormitórios, o que significa que suas estruturas são de caráter muito

simples.

Sendo assim, estes equipamentos e serviços, que estão localizados no núcleo urbano,

apresentam padrões de qualidade, limpeza e preço aceitáveis para os objetivos aos quais se

propõe, mas não possuem condições suficientes para atender uma demanda turística,

considerando-se que não foram criados para este fim, como já citamos.

Acreditamos que para o desenvolvimento da atividade turística, seria necessário que

esses equipamentos e serviços tomassem um caráter pautado em planos de negócios

detalhados para cada empreendimento, além da oferta de outros serviços mais diversificados

em cada segmento.

A construção de equipamentos e serviços que atendam a população local de modo

satisfatório é essencial para que estruturas capazes de receber turistas se consolidem, com

condições adequadas de conservação, higiene, infra-estrutura e conforto. Seguem tais

equipamentos e serviços.

Hotéis e Dormitórios

Hotel Mambaí

Endereço: Rua 07 de Setembro

Telefone: (62) 3484-1212

Especialização ou serviço: Hospedagem

Page 78: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Horário de funcionamento: 24 hs

Capacidade: 32 hóspedes

Dormitório do Antônio

Endereço: Rua 31 de Março–22 - Centro

Especialização ou serviço: Hospedagem

Horário de funcionamento: 07:00 às 23:00 hs

Capacidade: 16 hóspedes

Dormitório da Nair

Endereço: Rua o3 de Maio - Centro

Especialização ou serviço: Hospedagem

Horário de funcionamento 24 hs

Capacidade: 17 hóspedes

Hotel Bahia

Endereço: Av. Castelo Branco - Centro

Especialização ou serviço: Hospedagem

Horário de funcionamento: 24 hs

Capacidade: 40 hóspedes

Restaurantes e Lanchonetes

Restaurante Modelo

Endereço: Av. Castelo Branco–Centro

Telefone: (62) 3484-1316

Especialização ou serviço: Self service e pizzas

Horário de funcionamento: 07:00 às 23:00 hs

Capacidade: 160 pessoas

Lanchonete e Pizzaria Grafitt

Endereço: Av. Castelo Branco - Centro

Especialização ou serviço: Lanches e pizzas

Horário de funcionamento: 07:00 às 23:00 hs

Page 79: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Capacidade: 40 pessoas

Lanchonete do Levi

Endereço: Av. Castelo Branco - Centro

Especialização ou serviço: Salgados, pizzas e sucos.

Horário de funcionamento: 07:00 às 20:00 hs

Capacidade: 10 pessoas

Sorveterias

Sorveteria Tropical

Endereço: Av.José Moreira dos Santos–Centro

Telefone: (62) 3484-1128

Especialização ou serviço: Sorvetes

Horário de funcionamento: 07:30 às 23:00 hs

Capacidade: 20 pessoas

Sorvete Italiano

Endereço: Av. Castelo Branco - Centro

Especialização ou serviço: Sorvetes

Horário de funcionamento: 07:00 às 20:00 hs

Capacidade: 15 pessoas

Boates

Sunset Dance Club

Endereço: Av. Castelo Branco - Centro

Especialização ou serviço: Danceteria

Horário de funcionamento: Sexta-feira, sábado e domingo a partir das 20 horas

Capacidade: 80 pessoas

Entretenimento

Ginásio de Esportes Riachão

Endereço: Praça de Esportes

Especialização ou serviço: Quadra poliesportiva

Page 80: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Horário de funcionamento: Segunda-feira a sábado a partir das 19 horas

Capacidade: 150 pessoas

Cyber Locadora

Endereço: Av. Castelo Branco–Centro (62) 3484-1509

Especialização ou serviço: Aluguel de dvd’s e internet

Horário de funcionamento: A partir das 8:00 horas

Capacidade: 10 pessoas

Alanews

Endereço: Rua Central - Centro

Especialização ou serviço: Jogos e internet

Horário de funcionamento: 09:00 às 00:00 horas

Capacidade: 20 pessoas

3.3 Manifestações e Usos Tradicionais

Artesanato

Como é relativamente comum em municípios do interior, foram encontrados entre os

moradores, criativos amantes dos artigos artesanais. Seguem-se listados abaixo os principais:

Zezinho

Endereço: Rua Costa e Silva

Especialização ou serviço: bordados em ponto de cruz de toalhas de mesa.

Page 81: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Figura 36: Zezinho bordando Figura 37: Toalhas bordadas por ZezinhoFonte: Programa Nordeste Novo Autoria :Anderson Santos

Maria Eleuza

Endereço: Av. Castelo Branco

Especialização ou serviço: Bordados em ponto cruz, pintura, crochê, peças em tocos de

madeira, doces de frutos do Cerrado.

Figura 38: Bonecas de Pano, crochê e bordados de Maria Eleuza Figura 39: Artesanato à base de tocos de madeiraAutoria: Anderson Santos produzido em escolas públicas do município.

Autoria: Anderson Santos

Dorinha

Endereço: Av. Castelo Branco

Especialização ou serviço: peças em tocos de madeira e bonecas em palha de milho e bucha

vegetal.

Page 82: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Figura 40: Bonecas de bucha vegetal Figura 41: Quadro feito com espécies vegetais do Cerrado

Autoria :Anderson Santos Autoria :Anderson Santos

Iolanda

Endereço: Rua Costa e Silva

Especialização ou serviço: Pintura em aquarela, bordado, crochê, peças em tocos de madeira,

ornamentação de festas.

Observamos que, embora os produtos artesanais apresentados aqui, sejam de boa

qualidade, eles são pouco comercializados. Os responsáveis por esses produtos informaram

que as peças não são valorizadas dentro da própria comunidade. Entretanto, acreditamos que

este problema poderia ser resolvido com a realização de oficinas de conscientização dos

moradores quanto à importância e valor do artesanato produzido em Mambaí para o turismo,

contribuindo com a formação de uma identidade local.

Festas

Segundo relatos dos moradores, havia em Mambaí uma tradição de festas religiosas há

alguns anos atrás. Contudo as últimas administrações municipais se descuidaram desta

questão, fazendo com que a tradição ficasse esquecida. Atualmente, há somente um evento,

que vem alcançando reconhecido espaço tanto junto aos moradores de Mambaí, quanto aos

municípios vizinhos. Veja abaixo que evento é este.

Festa do Pequi

Idealizador: Jeová José de Sousa

Telefone: (61) 9639-4603

Page 83: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Data da festa: mês de Janeiro

Média de público: 3.000 pessoas

Objetivos da festa: valorizar o Cerrado brasileiro; criar uma tradição no município;

conscientizar a população quanto à preservação do Cerrado; contribuir para o turismo local e

ser uma opção de lazer para a população.

Descrição: Exposição de comidas típicas, shows musicais, premiação da Rainha do Pequi e

palestras informativas sobre preservação do Cerrado.

3.4 Serviços Básicos no Núcleo Urbano

Taxistas:

Delmiro Francisco Dourado

Horário: 07 às 24h

Ponto: Av. Brasil Central

Manoel dos Reis Oliveira

Horário: 24 hs

Ponto: Rodoviária

Moto Taxista:

Vanderley Rodrigues de Araújo

Horário: 07 às 20h

Ponto: Av. Brasil central

Posto do Correio

Endereço: Rua Brasil Central

Horário de Funcionamento: 8 às 17h

Telefone: (62) 3484 - 1103

Hospital

Endereço: Rua Costa e Silva

Horário de Funcionamento: 24hs

Page 84: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Leitos: 16

Telefone: (62) 3484 - 1201

Posto de Saúde

Endereço: Rua 31 de Março

Horário de Funcionamento: 24h

Telefone: (62) 3484 - 1565

Farmácias:

Posto de Medicamento Mambaí

Endereço: Rua Costa e Silva

Horário de Funcionamento: 8 às 20h

Telefone: (62) 3484 - 1213

Plantão: 3484–1181

Posto de Medicamento Silveira

Endereço: Rua Brasil Central

Horário de Funcionamento: 8 às 19h

Telefone: (62) 3484 - 1232

Plantão: 3484 - 1230

Oficinas Mecânicas

Oficina Mambaí

Endereço: Trevo da Cidade

Horário de Funcionamento: 7 às 20h

Telefone: (62) 3484–1271/ 3484 - 1271

JS Injeções Eletrônica

Endereço: Rua Castelo Branco

Horário de Funcionamento: 7 às 20h

Telefone: (62) 3484–1443/ 3484 - 1443

Page 85: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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4 A VISÃO DA POPULAÇÃO LOCAL SOBRE O TURISMO

O roteiro de entrevista com a população local é um instrumento de medida e coleta de

dados. O modelo utilizado (ANEXO A) foi aplicado para conhecer as expectativas, atitudes e

percepção da comunidade quanto à atividade turística em Mambaí, com vistas à sua

participação no processo de planejamento e tem como referencial a proposta metodológica de

MAGALHÃES (2002).

Para o desenvolvimento do estudo, foram considerados indivíduos com idade superior

a quinze anos, sendo fixado um total de 130 sujeitos, quantidade considerada suficiente para

alcançar os objetivos propostos13.

Da aplicação destes questionários foram gerados gráficos e tabelas presentes no

APÊNDICE B deste trabalho, eles permitiram uma melhor visualização e compreensão dos

resultados encontrados.

No perfil da população entrevistada predominam mulheres (53%), sendo que os jovens

correspondem a mais da metade dos questionários aplicados. Mais de 60% dos entrevistados

levaram os estudos até o Ensino Médio. Quanto à profissão dos entrevistados, o comércio é o

setor que mais emprega pessoas no município, responsável por quarenta e três por cento

(43%) das respostas, entre funcionários atendentes e proprietários de estabelecimentos.

Quando questionada sobre a potencialidade turística do município, verificamos que os

moradores realmente acreditam nesta possibilidade e gostariam que o potencial turístico de

Mambaí fosse explorado. As cavernas, cachoeiras e rios são os recursos naturais apontados

pelos moradores como de maior atratividade, fato que pôde ser confirmado na elaboração do

Inventário Turístico.

Quando perguntada sobre o estado de conservação dos potenciais atrativos turísticos

de Mambaí, a população local entrevistada admitiu que poderiam estar melhores. Entretanto,

verificando que este resultado não era compatível com a conservação dos atrativos

identificados nesta pesquisa, observamos que nesta questão, os moradores referiam-se a

pontos de lazer massificados, como rios ou cachoeiras utilizados para banho e localizados

13 A amostragem sugerida pela autora para a quantidade da população de Mambaí é de 357 questionários. Noentanto, não foi utilizado esse número, visto que a pesquisa, em dado momento, caminhou para a repetição detodos os elementos investigados. Desse modo, consideramos que a quantidade utilizada se aproximou darealidade pesquisa.

Page 86: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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próximos do núcleo urbano, com atratividade bem abaixo daqueles que foram considerados

neste estudo.

No intuito de verificar se a comunidade se incomodaria com a presença de turistas,

perguntamos aos entrevistados se eles se importariam em dividir os atrativos conhecidos com

visitantes, ao que oitenta e cinco por cento (85%) responderam que não se incomodariam, a

não ser que esses atrativos fossem de alguma forma destruídos ou depredados.

Perguntamos aos moradores se eles acreditavam que os atrativos turísticos de Mambaí

e seu entorno, poderiam ser ligados de modo a constituírem-se em um roteiro de visitas, ao

que oitenta e oito por cento (88%) dos entrevistados responderam que seria perfeitamente

possível.

Quanto à possibilidade de exploração econômica do turismo pelos moradores, mais de

setenta por cento (70%) informou que utilizariam a atividade turística para obter ganhos

financeiros, caso possuíssem um atrativo turístico em propriedade particular. Contudo,

observamos entre os entrevistados que responderam negativamente a esta questão, pouca

clareza em relação ao assunto. Alguns deles informaram acreditar ser direito de qualquer

visitante ter acesso aos atrativos locais gratuitamente, ainda que presentes em propriedade

privada.

Destacamos que os moradores mais jovens são os mais informados quanto aos

recursos naturais de Mambaí, isso pode ser explicado por meio do trabalho do Sr. Emílio

Manoel Calvo, que tem atuado preparando alguns estudantes para serem futuros condutores

de visitantes aos atrativos da região e foram estes que nos auxiliaram no acesso aos atrativos.

Entendemos que essas iniciativas são extremamente válidas, já que esses jovens têm amplo

conhecimento da região e muita clareza sobre a importância da atividade turística no

município.

A produção de artesanato é bastante difundida entre a população. O bordado em ponto

cruz e o crochê foram os mais apontados pelos entrevistados quando questionados sobre a

existência de produtos artesanais em Mambaí. Destacamos o trabalho realizado nas escolas,

referente à produção de peças que usam galhos secos do Cerrado como matéria prima, uma

iniciativa educativa, criativa e muito admirada entre os próprios moradores.

A população foi questionada quanto ao conhecimento dos efeitos positivos e negativos

da atividade turística e as respostas encontradas nos causaram grande surpresa, visto que

encontramos um considerável grau de informação quanto a esta questão. O desenvolvimento

do município, o aumento da arrecadação financeira, a circulação de dinheiro e a geração de

Page 87: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

85

empregos, foram as respostas mais apontadas como efeitos positivos advindos do turismo.

Entre os aspectos negativos registraram-se o aumento da violência, do consumo de drogas e a

depredação dos recursos naturais. Isso revela uma preparação para a atividade turística no que

diz respeito à autonomia e maturidade da população quanto às decisões que podem influenciar

seu cotidiano.

Pedimos aos entrevistados que apontassem problemas e oferecessem sugestões para

que a atividade turística pudesse ser desenvolvida no município. Entre as queixas dos

moradores, predominaram a precariedade da infra-estrutura básica ofertada no município, o

descuido da administração local com a limpeza urbana e a falta de opções de lazer. Como

condição para que Mambaí possa realmente receber visitantes, a comunidade destaca a

necessidade de criação de uma estrutura hoteleira e gastronômica que ofereça um mínimo de

conforto para os turistas.

Diante das observações resultantes da aplicação destes questionários, entendemos que

a condição básica para as iniciativas empreendidas no município de Mambaí, seja na área de

turismo ou em outra, é a participação da comunidade, já que o erro fundamental dos

programas de desenvolvimento em distintos países do 3º Mundo coloca-se, conforme Petersen

(1999 apud IRVING, 2002, p.73), no fato de que

a intervenção está baseada no meio e não no ator social, em propostas reducionistase imediatistas. Segundo este autor, não admitir o ator social como agente ativo detodo o processo de desenvolvimento (do diagnóstico, passando pela identificaçãode propostas de intervenção, seu teste, avaliação e monitoramento permante) temsido o equívoco gerador da maioria das frustrações dos projetos em implementaçãono país.

Se atentarmos para a forma como a atividade turística vem sendo praticada em muitos

locais, perceberemos que a realidade descrita por Petersen tem sido comum dentro do turismo.

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86

5 DIRETRIZES PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL: PROPOSTAS PARA O

MUNICÍPIO DE MAMBAÍ E APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO

Considerando os resultados encontrados nesta pesquisa a partir dos aspectos

geográficos, dados sócio-econômicos, de infra-estrutura local e do Inventário dos recursos

naturais, histórico-culturais e manifestações e usos tradicionais do município de Mambaí, nos

propomos a refletir sobre sugestões a serem apresentadas à comunidade para nortear futuras

ações de base local, no sentido de viabilizar a visitação turística dos atrativos mapeados.

As diretrizes que se seguem levam em consideração as sugestões apontadas pela

comunidade sobre o que fazer para desenvolver o turismo em Mambaí, bem como nosso

conhecimento sobre o setor e as indicações sobre o turismo de base local e sustentável. Assim,

acrescentamos a estas sugestões dos moradores, outras recomendações que acreditamos ser

importante.

Entendemos também que há alguns condicionantes para que o desenvolvimento do

turismo sustentável seja alcançado, de modo que algumas das recomendações abaixo não

estão ligadas ao turismo diretamente, mas são fundamentais. Seguem-se as diretrizes:

Aprimorar a infra-estrutura local, visto que isto é necessário para que a prática turística

seja desenvolvida. Observamos com a coleta de dados que o município de Mambaí possui

deficiências nas áreas da saúde, saneamento básico, coleta de lixo, educação, rodovias,

energia elétrica urbana e rede hoteleira. Somente com investimento de ordem pública e

privada, este município poderá se desenvolver economicamente e se destacar em âmbito

regional com um dos municípios da região Nordeste com grande potencial de atrativos

naturais e belezas cênicas.

Tornar o núcleo urbano visualmente mais interessante;

Mobilizar administradores para maior vontade política no intuito de inserir o turismo na

pauta das prioridades do município;

Criar o Conselho de Turismo que poderá trabalhar paralelamente à Secretaria de Meio

Ambiente;

Criar projetos de conscientização em turismo sustentável junto às crianças e jovens por

meio da inclusão de temas como turismo, meio ambiente e cidadania no ensino formal das

escolas;

Page 89: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

87

Criar campanhas de conscientização e mobilização comunitária quanto a temas do turismo

sustentável e patrimônio cultural e ambiental;

Promover cursos de capacitação e profissionalização em turismo para os moradores,

envolvendo os jovens, sobretudo, para que tenham oportunidades na própria região;

Criar um calendário de eventos que envolvam a comunidade e que tenha identidade com

ela;

Criar projetos de valorização da cultura e artesanato local, promovendo e divulgando

eventos culturais e produtos locais;

Motivar a iniciativa privada a investir em projetos e empreendimentos turísticos, captando

investidores, inicialmente, no próprio município, para só depois buscar recursos externos,

Criar alternativas de acomodação para visitantes (pousadas, pensões, aluguel de quartos,

acomodação em casas de família, camping, etc);

Buscar investimentos para sinalização turística de Mambaí;

Buscar investimentos para promover esportes de aventura nos atrativos, estimulando o

envolvimento dos jovens da comunidade com os condutores de guias existentes;

Buscar investimentos para execução dos planos de manejo das cavernas com potencial

para visitação turística;

Elaborar roteiros oficiais de visitação envolvendo as cavernas e dando ênfase à proteção

do meio ambiente e à formação geográfica diferenciada da região APA;

Buscar uma integração de Mambaí junto aos pólos turísticos mais próximos e conhecidos

na região, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros14 e o Parque Estadual de Terra

Ronca, no sentido de ampliar um roteiro ecológico no Nordeste Goiano, conforme Figura 42;

Criar cartões postais e mecanismos de promoção dos atrativos turísticos locais;

Buscar apoio da AGETUR para criar um Centro de Apoio ao Turista–CAT.

14 O Dec. 86.173 de 02/07/1981 estabeleceu que a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeirosequivaleria a 60.000 ha, atingindo seus limites atuais de 65.514 ha, pelo Decreto 99.279. Quando o parque setornou Sitio do Patrimônio Natural da Humanidade, título concebido pela UNESCO em 2001, sua área foiampliada para 235.000 ha. Todavia, esta última delimitação foi anulada em 2003 pelo Supremo TribunalFederal, devido à falhas legais. Para a nova delimitação, o IBAMA leva em consideração todas as leis vigentesno Sistema Nacional de Unidades de Conservação–SNUC, ressaltando que o mapeamento dos limites das UCsé um processo que está em andamento, podendo ocorrer alterações nos arquivos digitais sem prévia comunicaçãoaos usuários dos mesmos. Os limites utilizados no mapa sugerindo roteiro turístico mostrado neste trabalhocorrespondem aos dados disponibilizados pelo IBAMA até a data de apresentação pública do mesmo.

Page 90: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

88

Ressaltamos que essas propostas são sugestões de quem está fora do município, e

portanto, faz-se necessário que sejam levadas ao conhecimento dos moradores, que precisam

ter pleno controle da gestão do seu território, voltado ou não para o turismo.

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90

6 MAPA TURÍSTICO

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91

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que o Turismo nem sempre é viável ou desejável em todas as localidades.

Contudo, se bem planejado ele apresenta-se como uma ótima ferramenta para o

desenvolvimento socioespacial de comunidades que ficaram isoladas ou distanciadas das

preocupações governamentais, como é o caso do município de Mambaí e de sua região, a Apa

das Nascentes do Rio Vermelho - APA NRV.

Por meio do Inventário Turístico, ficou evidente que esse município, e como é sabido,

quase todo o Nordeste Goiano, possui uma vasta riqueza natural, que se encontra preservada,

embora ameaçada pelo extrativismo vegetal e o desmatamento do Cerrado para avanço de

pastagens e lavouras mas, sobretudo para alimentar as siderurgia do Estado de Minas Gerais.

O desenvolvimento do Turismo Sustentável se mostra como uma alternativa contra a

devastação que vem ocorrendo no Cerrado Goiano. Ele pode ser tão rentável quanto as

atividades de agricultura e pecuária, além ser possível uma boa convivência entre essas

atividades.

No entanto, para que o Turismo se torne uma realidade no município de Mambaí e sua

região, se faz necessário um maior engajamento dos administradores locais no sentido de

alavancar a atividade por meio de estratégias de planejamento e participação comunitária.

Enquanto essa vontade política não ocorrer efetivamente e o Turismo não for colocado

na pauta das prioridades a serem atendidas na região, qualquer iniciativa, por melhor que se

apresente, será isolada e não contribuirá com benefícios contínuos para o município.

A articulação entre administradores locais, iniciativa privada, comunidade e órgãos

oficiais como IBAMA, instituições de ensino e secretarias de Turismo, é fundamental para

construção de um plano de turismo que integre todos os atores locais.

Os resultados desta pesquisa contribuem para que novas propostas sejam postas, visto

que as considerações registradas neste estudo não constituem um fim em si mesmas. Antes de

tudo, elas representam um ponta-pé inicial para desenvolvimento de novas alternativas de

desenvolvimento turístico.

Este estudo pretendeu ajudar a compreender melhor a dinâmica local e chamar a

atenção para um pouco mais das potencialidades do Nordeste Goiano, utilizando algumas

estratégias de ordenação do território através de mapeamento com técnicas de

Geoprocessamento aliado ao planejamento turístico sustentável, alternativas viáveis ao

Page 95: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

92

desenvolvimento econômico e social no município de Mambaí. Desse modo, esperamos estar

contribuindo com o engrandecimento do conhecimento do turismo em nosso Estado.

Page 96: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

93

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 97: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

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Page 98: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

95

ANEXOS

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ANEXO A

ROTEIRO DE ENTREVISTA DIRIGIDO AOS MORADORES DO MUNICÍPIO DEMAMBAÍ

OBJETIVO:VERIFICAR SUAS EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO AO TURISMO E ORIENTAR AELABORAÇÃO DO INVENTÁRIO

1) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

2) Idade: ( ) 15 a 20 ( ) 40 a 50( ) 21 a 25 ( ) 50 a 60( ) 26 a 30 ( ) mais de 60( ) 31 a 39

3) Escolaridade: ( ) 1º grau( ) 2º grau( ) 3º grau

4) Profissão:_______________________________

5) Quais os locais que você considera bonitos em seu município?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6) Esses locais apresentam-se:

( ) Bem conservados (Recursos Naturais - sem poluição, lixo ou desmatamento da vegetaçãodo entorno. Recursos Históricos–externa e internamente bem conservados)( ) Poderiam estar mais bem conservados (apresentam algumas características descritas noitem anterior)( ) Mal conservados (presença de lixo, erosão, poluição, desmatamento)

7) Você se importaria de dividir esses locais com visitantes? ( ) Sim ( ) Não

8) Você se importaria se esses locais fossem destruídos? ( ) Sim ( ) Não

09) Você acha que esses locais poderiam constituir um roteiro turístico? ( ) Sim ( ) Não

10) Se um desses locais estivesse em propriedade sua, você o exploraria economicamente?( ) Sim ( ) Não

Page 100: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

97

11) Há no seu município algum evento ou festa importante? Qual?___________________________________________________________________________

12) Você se importaria que pessoas de fora participassem desse evento?( ) Sim ( ) Não

13) Existe produção de artesanato no seu município?Qual?______________________________________________________________________

14) Você conhece os efeitos positivos e negativos da atividade turística? Quais?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15) Em sua opinião seu município possui potencial para atrair turistas? ( ) Sim ( ) Não

16) Você gostaria que o turismo fosse explorado em seu município? ( ) Sim ( ) Não

17) Tem alguma sugestão a fazer para o desenvolvimento da atividade turística em seumunicípio?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO B

FICHA 1 - IDENTIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

Classificação: Tipo e subtipo: Denominação:

Proprietário: Localização (endereço e telefone):

Observações (se necessários, outros elementos, tais como pontos fortes e fracos):

Fonte:

FICHA 2 - IDENTIFICAÇÃO DE ATRATIVO NATURAL E HISTÓRICO-CULTURAL

Classificação: Categoria: Tipo: Subtipo:

Denominação: Localização: Localidade maispróxima:

Acesso:

Transporte até olocal:

Acessibilidade aoatrativo (melhorépoca):

Distância da sede: Equipamentos e serviçosno local do atrativo:

Atividades quepodem ocorrer:

Qual é a sua avaliação quanto à qualidadedo atrativo? (pontos fortes e fracos)

Fonte:

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FICHA 3 - IDENTIFICAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO E USOS TRADICIONAIS

Classificação: Categoria: Tipo e subtipo:

Denominação: Localização: Acesso:

Data (da comemoração, caso seja festa ou evento): Fonte:

Descrição (da festividade, da gastronomia típica ou do artesanato):

Observações (pontos fortes e fracos):

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ANEXO C

TABELA 1 - NÚMERO SÓCIO-ECONÔMICO DE ESTABELECIMENTOS PORESTRATOS DE ÁREA

CATEGORIAS FAMILIARES POR TIPO DE RENDA E PATRONAL DOMUNICÍPIO DE MAMBAÍ/ GO 1995/1996

TotalMenos de 5 Ha Entre 5 e 20 Ha

Entre 20 e 50

Ha

Entre 50 e 100

HaMais de 100 Ha

Categorias

Número Número % Número % Número % Número % Número %

TOTAL 89 2 2,2 15 16,9 32 36,0 20 22,5 20 22,5

Total

Familiar79 2 2,5 15 19,0 32 40,5 19 24,1 11 13,9

Maiores

rendas4 0 0,0 0 0,0 1 25,0 0 0,0 3 75,0

Renda média 20 0 0,0 1 5,0 12 60,0 5 25,0 2 10,0

Renda baixa 23 0 0,0 4 17,4 10 43,5 6 26,1 3 13,0

Quase sem

renda32 2 6,3 10 31,3 9 28,1 8 25,0 3 9,4

Patronal 9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 11,1 8 88,9

Instituições

Religiosas- - - - - - - - - - -

Entidades

Públicas1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 100,0

Não

Identificado- - - - - - - - - - -

Fonte: Censo Agropecuário 1995/96, IBGE.

Elaboração: Convênio INCRA/FAO.

Fonte: www.incra.gov.br

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ANEXO D

Organização Política

O município de Mambaí possui leis de proteção do meio ambiente que asseguram a

conservação e recuperação dos patrimônios geológico, paleontológico, arqueológico, cultural,

histórico, turístico e paisagístico.

Mambaí faz parte da APA (Área de Proteção Ambiental) das Nascentes do Rio

Vermelho, que foi criada pelo decreto sem número de 27 de setembro de 2001, e tem como

objetivo, proteger atributos naturais, a diversidade biológica, recursos hídricos e o patrimônio

espeleológico. Sua meta é assegurar o caráter sustentável da ação do homem na região e

melhorar as condições de sobrevivência e qualidade de vida da comunidade local.

A APA abriga um dos mais expressivos patrimônios cavernícolas, formados de

diversas cavernas e rios subterrâneos possuindo um potencial turístico imenso para a prática

do ecoturismo (turismo ecológico), pois existe uma vasta área de atrações naturais de rara

beleza, com possibilidades para pesquisas básicas destinadas a instituições de ensino, pela

razão de seu alto grau de conservação.

Segue abaixo os artigos que demonstram a preocupação com os aspectos relacionados

ao turismo e ao meio ambiente, presentes na Lei de criação de proteção das Mananciais e Lei

de criação da APA das Nascentes do Rio Vermelho.

Lei Nº 012/05 de 21 de outubro de 2005

(Lei de criação de proteção dos Mananciais)

Capítulo II

DA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77 - Para assegurar a efetividade do direito de todos, ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, o Município participará das ações públicas que visem o

cumprimento das regras dos artigos 127 a 132 da Constituição do estado, e, especialmente:

I –criará unidade de conservação, destinadas a proteger nascentes de

mananciais que sirvam ao abastecimento público, tenham parte do seu leito em áreas

Page 105: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

102

legalmente protegidas por unidades de conservação de qualquer nível ou constituam

ecossistemas sensíveis;

II –conservará e recuperará o patrimônio geológico, paleontológico

arqueológico, espeolológico, cultural, histórico, turístico e paisagístico;

Lei da criação da APA das Nascentes do Rio Vermelho

DECRETO DE 27 DE SETEMBRO DE 2001.

Dispõe sobre a criação da Área de Proteção Ambiental das Nascentes do Rio Vermelho, no

Estado de Goiás, e dá outras providências.

Art. 1o Fica criada a Área de Proteção Ambiental -APA- das

Nascentes do Rio Vermelho, localizada nos Municípios de Buritinópolis, Damianópolis,

Mambaí e Posse, no Estado de Goiás, envolvendo os rios interiores e os sítios espeleológicos,

com o objetivo de:

I - ordenar a ocupação das áreas de influência do patrimônio

espeleológico local;

II - fiscalizar a prática de atividades esportivas, culturais e científicas,

e de turismo ecológico, bem como as atividades econômicas compatíveis com a

conservação ambiental;

III - dar ênfase às atividades de controle e monitoramento ambiental,

de modo a permitir, acompanhar e disciplinar, ao longo do tempo, as interferências no meio

ambiente;

IV - fomentar a educação ambiental, a pesquisa científica e a

conservação dos valores culturais, históricos e arqueológicos;

V - proteger os atributos naturais, a diversidade biológica, os recursos

hídricos e o patrimônio espeleológico, assegurando o caráter sustentável da ação antrópica na

região, com particular ênfase na melhoria das condições de sobrevivência e qualidade de vida

das comunidades da APA das Nascentes do Rio Vermelho e entorno;

Page 106: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

103

VI - implantar processo de planejamento e gerenciamento com a

participação de todos os órgãos e entidades envolvidas: órgãos públicos, prefeituras

municipais, organizações não-governamentais e, principalmente, as comunidades locais.

Page 107: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

104

APÊNDICES

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APÊNDICE A

ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

Tabela 1 Extração Vegetal no Município de Mambaí-GO - 1990/2002

Unidades de Medida: T –Tonelada M³- Metro cúbico A –Amêndoa

Extração Vegetal –Quantidade Produzida

Categoria 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Carvão ( t) 698 3.100 3.300 1.758 1.449 2.500 0 2.200 1.600 1.123 1.000 1.740 1.017Lenha (m3 t) 3.200 3.400 3.500 2.000 1.800 2.000 1.114 2.000 2.000 2.000 3.000 6.600 6.600Madeira em Tora (m3 t) 200 200 210 100 100 100 100 100 80 50 50 40 20Pequi (A-T) 450 420 410 400 400 370 124 236 118 89 126 63 61Fonte: AGM/GO (Adaptado)

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Tabela 2. Índice de Desenvolvimento Humano –IDH-M, do Estado de Goias, da região Nordeste Goiano e do município de

Mambaí, 1991/2000

1991 2000Categoria

Longevidade Educação RendaIDH-M Ranking

Longevidade Educação RendaIDH-M Ranking

Estado 0,668 0,765 0,667 0,700 8º 0,745 0,866 0,717 0,776 8ºNordeste Goiano 0,591 0,613 0,520 0,574 9º 0,677 0,751 0,564 0,664 10ºMambaí 0,618 0,575 0,470 0,554 232º 0,678 0,728 0,535 0,647 234º% Região/Estado 88,47 80,13 77,96 82,00 - 90,75 86,72 78,66 85,57 -Fonte: IBGE –SEPLAN/GO (Adaptado)

Classificação segundo IDH:

Elevado: (0,800 e superior)

Médio: (0,500 –0,799)

Baixo: (abaixo de 0,500)

Tabela 3: Lavoura temporária por área plantada do Município de Mambaí-GO –1990/2002

Unidades de Medida: C –Casca G –Grãos T - Tonelada

Lavouras Temporárias –Área PlantadaCategoria 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002Arroz (C-T) 1.100 700 600 700 1.000 750 72 400 400 300 440 300 400Cana de açúcar (T) 150 150 150 120 50 70 - 110 110 110 105 105 60Feijão (G-T) 183 550 410 270 350 - 32 75 50 19 23 75 15Mandioca (T) 160 70 150 110 50 50 47 50 50 50 80 120 140Milho (G-T) 1.000 650 800 600 700 400 74 450 380 350 350 220 250Fonte: AGM/GO (Adaptado)

Page 110: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

107

APÊNDICE B

A VISÃO DA POPULAÇÃO LOCAL SOBRE O TURISMO

Gráfico 1. Sexo

53%

47% Feminino

Masculino

Gráfico 3. Escolaridade

33%

61%

1%5%Até 1º Grau

Até 2º Grau

Até 3º Grau

Sem estudo

Gráfico 2. Idade

35%

20%9%15%

11%5% 5%

15 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50 anos

50 a 60 anos

Mais de 60 anos

Page 111: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

108

Gráfico 5. Estado de Conservação dosAtrativos

13%

17%

57%

13%

Bem conservados

Mal conservados

Poderiam estarmelhor

Não responderam

Gráfico 6. Você se importaria em dividiresses locais com visitantes?

9%

85%

6%Sim

Não

Não responderam

Gráfico 4. Profissão

8% 5%

19%

29%

3%

3%

4%

6%

14%2% 7%

Dona de Casa

Desempregado

Estudante

Atendente

Agente Social

Fazend./Agricult.

Professor

Func.Público

Comerciante

Aposentado

Prestador de Serviço

Page 112: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

109

Gráfico 7. Você se importaria se esses locaisfossem destruídos ?

83%

11% 6%Sim

Não

Não responderam

Gráfico 8. Você acha que esses locaispoderiam constituir um roteiro turístico?

88%

5% 7%Sim

Não

Não responderam

Gráfico 9.Se um desses atrativos estivesse empropriedade sua, você o exploraria

economicamente?

73%

21%6%

Sim

Não

Não responderam

Page 113: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

110

Gráfico 10.Você se importaria que turistasparticipassem desses eventos?

8%

85%

7%Sim

Não

Não responderam

Gráfico 11. Em sua opinião seu municípiopossui potencial para atrair turistas?

2%

92%

6%Não

Sim

Não responderam

Gráfico 12. Você gostaria que o turismo fosseexplorado em seu município?

2%

92%

6%Sim

Não

Não responderam

Page 114: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

111

Tabela 1. Quais os locais que você considera bonitos em seu município?

Cachoeiras 94

Cavernas 84

Rios 40

Paisagem, Veredas, Trilhas e Cânions 24

Clubes 05

Desconhece 12

Tabela 2. Existe produção de artesanato no seu município? Qual?

Bordado 58

Crochê 32

Bonecos de palha ou biscuit 32

Pequenos móveis em madeira 26

Objetos de tocos e sementes do Cerrado 25

Pintura em tecido 23

Tapete 05

Desconhece 32

Tabela 3. Você conhece os efeitos positivos e negativos da atividade turística? Quais?

Positivos

Desenvolvimento do município 77

Aumento da arrecadação financeira 49

Aumento da oferta de empregos 44

Divulgação do município 25

Resgate da cultura do município 10

Desconhece 13

Negativos

Violência e uso de drogas 57

Degradação e poluição do meio ambiente 33

Aumento dos índices de doenças 09

Page 115: Diagnóstico do município de Mambaí-GO e mapeamento da APA

112

Rejeição aos turistas 03

Fluxo descontrolado de turistas 03

Desconhece 45

Tabela 4. Tem alguma sugestão a fazer para o desenvolvimento da atividade turística em

seu município?

Criar infra-estrutura hoteleira adequada 70

Melhorar a infra-estrutura básica 60

Apoio dos administradores locais 42

Criar opções de lazer 42

Aumentar a oferta de restaurantes e lanchonetes 35

Melhorar a estrutura do hospital e Posto de Saúde 04

Criar agências bancárias 11

Melhorar a limpeza urbana 14

Preparar guias de turismo locais 13

Educar os moradores para o Turismo 8

Criar um CAT 8