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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM UM MUNDO FINITO Bruno Peregrina Puga Insituto de Economia

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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM UM

MUNDO FINITOBruno Peregrina PugaInsituto de Economia

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SUMÁRIOCrescimento Econômico, distribuição de renda e desenvolvimento: o caminho para a prosperidade TED “Tim Jackson” (22 minutos)

Ecodesenvolvimento, Desenvolvimento sustentável e economia verdeCrise ambiental e mudanças climáticasEconomia e meio ambiente: Economia ambiental e Economia Ecológica “História das Coisas” (20 minutos)

Política Ambiental “A Lei da água” (1h20)

A Economia dos Ecossistemas: é pagando que se preserva?Pagamento por serviços ambientais

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O QUE É DESENVOLVIMENTO?•Sinônimo de crescimento econômico

•Desenvolvimento como mito, ilusão ou manipulação ideológica

•Caminho do meio: nada de mito e muito menos reduzido a crescimento

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CRESCIMENTO = DESENVOLVIMENTO Até os anos 1960: sem esforços para distinguir desenvolvimento de crescimento Nações ricas = nações industrializadas Países pobres = aqueles atrasados no processo de industrialização

Meta dos governos: crescimento do PIB. Remédio para todos os problemas. Desemprego? Mais crescimento. Educação? Crescimento. Inovações? Crescimento, por que não?

Somente nos anos 1990 com o surgimento do IDH (PNUD) Objetivo: encerrar ambiguidade, evitando o uso exclusive de indicadores econômicos como métrica

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DESENVOLVIMENTO COMO MITO Celso Furtado (1974)

“Como negar que essa ideia tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e leva-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de cultura arcaicas, para explciar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do Sistema produtivo?” (Furtado, 1974:75-66)

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MITOS COMO FARÓIS “Mitos têm exercido uma inegável influência sobre a mente dos homens que se empenham em compreender a realidade social. Os cientistas sociais têm sempre buscado apoio em algum postulado enraizado num Sistema de valores que raramente chegam a explicitar. O mito congrega uma série de hipóteses que não pode ser testadas” (Furtado, 1974:15)

Mitos como faróis: iluminam o campo de percepção do cientista social, permitindo-lhe ter uma visão clara de certos problemas.

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TODOS SEREMOS DESENVOLVIDOS? Na literatura econômica o mito do progresso, sendo diretamente correlacionado ao crescimento econômico, consiste na universalização do padrão de consumo material dos países desenvolvidos.

É possível que os padrões de consumo da minoria desenvolvida sejam acessíveis às grandes massas da periferia?

Desenvolvimento = Progresso material? Até os anos 1970: poucos questionamentos quanto a esta afirmativa. American way of life. Nos anos 1990, com o lançamento do IDH, o crescimento passa a ser encarado como não automaticamente correlacionado com benefícios

Crescimento e distribuição de renda Se admitirmos que desenvolvimento não significa aumento da renda per capita, logo o problema é na distribuição?

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CURVA DE KUZNETS Simon Kuznets (1901-1985) – Nobel de Economia 1971 Relação entre crescimento e distribuição. Nos estágios inicias do crescimento econômico, há uma maior concentração. Nas etapas posteriores, há uma tendência a inversão desta concentração

“Primeiro crescer o bolo para que depois seja repartido” (Delfim Neto) Somente foi colocado em xeque 40 anos depois! Desinger & Square (1996): 108 economias, inexistência de um padrão

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Distribuição de renda e riqueza central para justiça e equidade? Não necessariamente

- China 10% mais pobres, 2,2% da renda; 10% mais ricos, 30,9%

India 10% mais pobres, 3,7% da renda; 10% mais ricos, 28, 4%

Pela ótica da distribuição da renda, haveria mais equidade na India - India 50% analfabeta, 62% (mulheres); 63% subnutridos. MI: 68 por 1000 - China: 18% analfabeta, 27% (mulheres), 17% subnutridos. MI 34 por 1000 Papel da renda e da riqueza: fundamental, mas deve ser integrado a um quadro mais amplo.

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DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE Amartya Sen – Prêmio nobel de economia (1998) Necessidade do reconhecimento do papel das diferentes formas de liberdade no combate as opressões Pobreza, tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social, negligencia dos serviços públicos, intolerância de Estados repressivos

Liberdade individual como comprometimento social Liberdade como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento Crescimento econômico como meio, mas não como fim em si.

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DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE “O desenvolvimento não pode ser considerado como um fim em si mesmo. O desenvolvimento tem de estar relacionado sobretudo com a melhora da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos”

“O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de Liberdade que limitam as escolhas e as oportundiades das pessoas de exercer preponderantemente sua condição de agente”

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AFINAL, O QUE É DESENVOLVIMENTO? “o crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento econômico se metamorfoseia em desenvolvimento” (Furtado, 2004:484)

“O desenvolvimento tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazer as suas escolhas” (Veiga, 2005:81)

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TIM JACKSON Livro “Prosperidade sem crescimento”

TED – 20 minutos

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“LIMITS TO GROWTH” E A GÊNESE DA SUSTENTABILIDADE Clube de Roma e “Limits to Growth”(1972) – Meadows (MIT) Ecodesenvolvimento: proposto por Maurice Strong, durante a Conferência de Estocolmo; ampliado pelo economista Ignacy Sachs.

Relatório Brundtland (1987) – “Nosso futuro Comum” Desenvolvimento Sustentável: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” limitação do crescimento populacional; garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas

renováveis; aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente

adaptadas; controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

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ESCOLA AMBIENTAL NEOCLÁSSICA Ramo teórico dominante na quase totalidade das faculdades de economia (mainstream)

Pressupostos teóricos: Substitubilidade perfeita entre Capital (K), Recursos Naturais Função de produção: Y = f(K, L, R) Agentes racionais. Mercado perfeito. Informação plena. Agentes maximizadores de utilidade. A escassez e importância dos bens e serviços são demonstradas perfeitamente através dos preços.

Não há limites biofísicos para a expansão da economia Não há risco de perdas irreversíveis, mudanças de limiares e rupturas Conceito de sustentabilidade implícito: Preservação do valor do capital total para as gerações futuras.

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EXTERNALIDADES Problemas ambientais geralmente são caracterizados pelos economistas como Externalidades Negativas.

“Alteração do nível de bem estar de um agente econômico pela ação de outro sem o concomitante direito ou dever de ser compensado ou compensar”

Exemplo: poluição

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DIFERENTES TIPOS DE BENS Sob esta ótica, os problemas ambientais são resultantes de falhas de mercado e do caráter dos bens e serviços relacionados.

O mercado falha na precificação de bens públicos. Exclusividade: pessoas podem ser impedidas de usar o bem. Leis reconhecem e regulamentam o direito de propriedade

Rivalidade: o uso do bem por uma pessoa diminui a disponibilidade para outras Bens privados: São excluíveis e rivais Bens públicos: Não são excluíveis nem rivais Recursos comuns: São rivais mas não excluíveis Monopólios naturais: são excluíveis mas não rivais.

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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES Qual o modo mais eficiente de internalizar estas externalidades negativas? Segundo os economistas tradicionais: através do mercado.

A) Negociação Coaseana: se a origem do problema se deve pelo caráter publico destes bens e sérvios, o estabelecimento de direitos de prorieadde criaria automativamente um mercado entre os agentes.

B) Taxação pigouviana: Se não há como estabelecer estes direitos de propriedade, a forma mais indicada é a taxação, através do Estado, de bens e serviços ambientais públicos. Custos marginais da poluição Criaçao de “trade off” entre os custos marginais de contorle (da poluição/dano) e os custos marginais da poluição.

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“POLUIÇÃO ÓTIMA”Poluição ótima: resultante da análise custo-benefício pelo agente sobre a quantidade de recursos alocados entre pagar os custos de controle ou os custos de poluir

Cabe a Valoração Econômica a resolução deste problema de externalidade negativa.

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CURVA DE KUZNETS AMBIENTAL

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ECONOMIA ECOLÓGICA Surge nos anos 1980, influenciada pelo pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen, Howard Odum, Paul Erlich, Kenneth Boulding, entre outros.

Pressupostos básicos: A economia é um subsistema da biosfera Capital (K) e Recursos Naturais (R) são complementares, com possíveis substituições relativas

Há riscos de perdas irreversíveis e rupturas dos limiares ecológicos Há limites ambientais absolutos à expansão do sistema econômico O conceito de sustentabilidade é essencial para a EE.

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LIMITE ABSOLUTO

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OBJETIVOS DA EE ESCALA: Definição de uma Escala Sustentável das atividades humanas na biosfera

EQUIDADE: Distribuição justa dos recursos naturais e direitos de propriedade ALOCAÇÃO: Alocação eficiente dos recursos pelo mercado Sustentabilidade: Manter o ESTOQUE de capital constante Capital Humano Social Produtivo Natural

Renovável Não renovável

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CAPITAL NATURAL E FUNÇÕES ECOSSISTÊMICAS Funções dos ecossistemas REGULAÇÃO: ligados às funções reguladoras dos ecossistemas, tais como a manutenção da qualidade do ar, a regulação climática global e microclimática, o controle de pragas, controle de erosão, processos de purificação de água, tratamento de resíduos, regulação biológica, polinização, etc

SUPORTE: suporte são aqueles necessários à produção de outros serviços ecossistêmicos, tais como produção de oxigênio atmosférico, formação de solo, ciclagem de nutrientes e agua

PROVISÃO: estão relacionados aos produtos obtidos diretamente dos ecossistemas, tais como madeiras, alimentos, fibras e outras fontes para combustíveis, recursos genéticos, produtos medicinais, farmacêuticos, bioquímicos e a água

CULTURAIS: igados a valores e conhecimentos relacionados aos serviços ecossistêmicos.

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CONTRIBUIÇÃO AO PIB Em um artigo na Revista Nature, Costanza et al (1997) calculam o valor que os serviços ecossistêmicos prestam a humanidade

Estimativa do valor anual dos serviços ecossistêmicos US$ 33 TRILHÕES / ANO

Produto nacional bruto total: US$ 18 TRILHÕES / ANO

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Economia Ecológica Economia Ambiental NeoclássicaEscala ótima Alocação ótima e externalidadesPrioridade à sustentabilidade Prioridade à eficiênciaSatisfação de necessidades básicas e distribuição equitativa

Bem-estar ótimo ou eficiência de Pareto

Desenvolvimento sustentável (global e Norte/Sul) Crescimento sustentável em modelos abstratos

Pessimismo com relação ao crescimento e existência de escolhas difíceis

Otimismo com relação ao crescimento e existência de opções “win-win”

Coevolução imprevisível Otimização determinística do bem-estar intertemporal

Foco no longo prazo Foco no curto e médio prazosCompleta, integrativa e descritiva Parcial, monodisciplinar e analíticaConcreta e especifica Abstrata e geralIndicadores biofísicos Indicadores monetáriosAnalise sistêmica Custos externos e valoração econômicaAvaliação multidimensional Análise custo-benefícioModelos integrados com relações de causa-efeito Modelos aplicados de equilíbrio geral com custos

externosRacionalidade restrita dos indivíduos e incerteza Maximização de utilidade e lucro

Comunidades locais Mercado global e indivíduos isoladosÉtica Ambiental Utilitarismo e funcionalismo