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Transcrição editada da participação do debatedor no projeto "A Saga da Música de Concerto no Brasil de Hoje e na América Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, através da “Seleção Pública de Debates Presenciais”. Está autorizado o uso desse texto para fins não comerciais, sendo sempre obrigatória a apresentação dos créditos. ANTÔNIO DE PÁDUA GUERRA VICENTE A EVOLUÇÃO DA MÚSICA EM BRASÍLIA É sempre difícil e perigoso tentar rotular algo, principalmente quando se trata de uma manifestação artístico cultural. Música clássica? Música erudita? Música de concerto? Música interesante? Nenhuma dessas denominações satisfaz, porque, realmente é imposible compartimentar a criação artística, principalmente no Brasil e, particularmente em Brasilia, onde há uma interação muito grande entre o que se convencionou chamar de Música de Concerto e Música Popular. Por isso, achamos mais razoável falar sobre Música, simplesmente. É sabido que o eixo Rio/São Paulo detém a hegemonia cultural do Brasil. Embora a cidade do Rio de Janeiro, com a mudança da capital para Basília, tenha entrado num processo de decadência econômica e de costumes com reflexo direto nas entidades culturais, ainda se auto denomina principal centro cultural do país. A cidade de São Paulo, em sendo a capital do Estado mais rico da União, é , de longe, o maior e melhor mercado de trabalho para os profissionais que atuam nos diversos segmentos de cultura. Paralelamente a isso, Brasilia tem sofrido com a imagen destorcida de que aí só ocorrem tramóias políticas. Por ter o mais alto IDH do país, tem, também, recebido a pecha de “Ilha da Fantasia”.

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  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    ANTNIO DE PDUA GUERRA VICENTE

    A EVOLUO DA MSICA EM BRASLIA

    sempre difcil e perigoso tentar rotular algo, principalmente quando se trata de uma manifestao artstico cultural. Msica clssica? Msica erudita? Msica de concerto? Msica interesante? Nenhuma dessas denominaes satisfaz, porque, realmente imposible compartimentar a criao artstica, principalmente no Brasil e, particularmente em Brasilia, onde h uma interao muito grande entre o que se convencionou chamar de Msica de Concerto e Msica Popular. Por isso, achamos mais razovel falar sobre Msica, simplesmente.

    sabido que o eixo Rio/So Paulo detm a hegemonia cultural do Brasil. Embora a cidade do Rio de Janeiro, com a mudana da capital para Baslia, tenha entrado num processo de decadncia econmica e de costumes com reflexo direto nas entidades culturais, ainda se auto denomina principal centro cultural do pas. A cidade de So Paulo, em sendo a capital do Estado mais rico da Unio, , de longe, o maior e melhor mercado de trabalho para os profissionais que atuam nos diversos segmentos de cultura.

    Paralelamente a isso, Brasilia tem sofrido com a imagen destorcida de que a s ocorrem tramias polticas. Por ter o mais alto IDH do pas, tem, tambm, recebido a pecha de Ilha da Fantasia.

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    Na realidade, Brasilia, desde a instalao dos primeiros canteiros de obras para a sua construo, na dcada de 50, tornou-se importante plo de atrao para correntes migratrias provenientes de todo o pas, Sejam elas de funcionrios pblicos, polticos, lobistas, militares, operrios ou mesmo de simples aventureiros procura de novas oportunidades.

    Esse fato, como consequncia, trouxe para a cidade um vasto leque de manifestaes culturais emanadas de todas as regies do Brasil.

    O que queremos mostrar so os ingredientes desse enorme caldeiro cultural em que vivemos, cujo contedo cresceu, evoluiu e se modificou durante esses cuarenta e sete anos de existencia da cidade.

    Minha vinda para Brasilia aconteceu no comeo de 1972. Vim a convite do Prof. Orlando Leite, que aqu chegou como interventor e reestruturador do DEPARTAMENTO DE MSICA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA.

    A atividade musical na cidade era bem pequena e se restringia a algunas apresentaes na ainda inacabada Sala Martins Pena do Teatro Nacional e aos Concertos semanais que logo ativamos no Auditrio do Departamento de Msica da UnB, e que existem at hoje. Viemos para dar aulas de violoncelo e musica de cmara e formar o QUARTETO DE CORDAS DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA.

    Esse conjunto, integrado por: Mois Mandel 1 violino; Valeska Hadelich, 2 violino: Johan Georg Scheuermann, viola e Guerra

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    Vicente, violoncelo, permaneceu em atividade at 1985. O perodo de existncia do Quarteto de Cordas da Universidade de Braslia coincidiu com o auge do movimento da chamada Msica de Vanguarda e desde a sua criao, tornou-se um verdadeiro especialista na execuo de obras dessa fase. Assim, realizou uma enorme quantidade de concertos pelo Brasil e Exterior, bem como gravaes de msica brasileira de vanguarda para rdios da Alemanha, Austria, Suia, Frana e Portugal, culminando com a gravao de um LP para o selo RBM, em Manheim, Alemanha, com obras de Villa-Lobos, Mrio Ficarelli e Lindembergue Cardoso. Fez primeiras audies de compositores tais como: Lindembergue Cardoso, Almeida Prado, Ernst Widmer, Mrio Ficarelli, Fernando Cerqueira, Jamil Maluf, Camargo Guarnieri, Lus Carlos Vinholes e outros.

    Em 1973, o Quarteto de Cordas da Universidade de Brasilia ganhou o prmio da Associao Paulista de Crticos de Arte Melhor Conjunto de Cmara do ano. Em 1975, apresentou o quarteto de cordas de Marlos Nobre no Festival Outono de Varsvia. Nessa poca estava muito atuante, no Departamento de Msica da UnB, o GeMUnB Grupo de Experimentao Musical da UnB, comandado pelo Prof. Jorge Antunes e que fez uma turn pela Europa em 1975. O prof. Jorge Antunes considerado o precursor da msica eletrnica no Brasil e Presidente da Sociedade Brasileira de Msica Eletroacstica, que tem sede em Braslia.

    Com ele compartilhei uma experincia poltico-musical muito interesante.

    A Sinfonia das Diretas ou Sinfonia das Buzinas

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    apresentada no Comcio pelas Diretas J em 1984 no estacionamento da torre da televiso. A orquestra incluia um conjunto instrumental, um coro, sons eletrnicos e cerca de duzentos automveis tocando buzinas. O resultado foi Msica, altamente revolucionria e subversiva, que apontava para novos caminhos estticos e polticos. Eu, fui o spalla da orquestra de automveis.

    Mais recentemente, em 2005, participamos do Projeto Speculum Brasilis, que promoveu a fuso da msica eletroacstica, desenvolvida por Antunes com a viola caipira, o choro, a cano folclrica, o bumba-meu-boi e a embolada. Para isso, o maestro Jorge Antunes convidou o bandolinista Hamilton de Holanda e o violeiro Roberto Corra. Tambm foram convidados membros do Madrigal de Braslia e o grupo Bumba-meu-boi de Teodoro. Esses espetculos foram apresentados no Centro Cultural Banco do Brasil em Braslia e posteriormente repetidos no CCBB do Rio de Janeiro.

    Dentro do Departamento de Msica da UnB, merece destaque, tambm, o trabalho do Profesor Paulo Affonso de Moura Ferreira, que, acumulando as atividades de Professor de piano, assessor de Msica do Depto Cultural do Ministrio das Relaes Exteriores e Presidente da Sociedade Brasileira de Msica Contempornea, muito contribuiu pela divulgao da Msica do Brasil. Promoveu a confeco de catlogos de obras de compositores brasileiros e organizou, a partir de 1975, uma srie de Encontros Nacionais de Compositores, em Braslia, com o apoio da Fundao Cultural do DF.

    Durante a passagem do maesto Cludio Santero pela chefia do Depto. de Msica, foi criada a Orquestra de Cmara da Universidade de Braslia e gravados e lanados dois LPs de Msica

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    Brasileira. O primeiro, com obras do prprio maestro: Duo para clarinete e piano, Quinteto de sopros, Sonata n3 para violino e piano e o Trio para violino, violoncelo e piano. No segundo, foram gravadas a Sonata n1 de Camargo Guarnieri, para violoncelo e piano; Ritos para harpa solo e Estruturas Divergentes para flauta, obo e piano de Ricardo Tacuchian; Trio para flauta, obo e piano, de Bruno Kiefer e Parbolas para obo, clarinete e fagote de Emilio Terazza.

    Em 1993, por inicativa da ento Chefe do Departamento, prof Jaci Toffano, foi gravado um CD, intitulado Compositores, que contm obras de compositores profesores do Departamento de Msica da UnB. So eles: Emilio Terraza, Flavio Samtos, Conrado Silva, Srgio Nogueira, Cludio Santoro, Luis Mucillo e Jorge Antunes.

    Estiveram frente da chefia do Departamento vrios profesores bem intencionados e abnegados, mas que se defrontaram com problemas crnicos, tais como pianista correpetidor, afinao e manuteno dos instrumentos, falta de professores para as disciplinas tericas, isolamento trmico e acstico, aquisio de equipamentos, etc. O Departamento de Msica da UnB sempre foi uma espcie de patinho feio da Universidade, o que transforma a funo de chefia do mesmo, em algo tremendamente desgastante e estressante.

    Na dcada de 90, com a chegada de novos professores entitulados, mas com pouca interferncia na vida musical da cidade e do pas, o Departamento passou por um perodo de estagnao.

    Com a chegada da profesora Beatriz Salles chefia, o Departamento de Msica da UnB teve um ressurgimento. Exmia pianista, com vasto crculo de relacionamento no meio musical e

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    competente administradora, ela conseguiu religar o som no Campus. Nesse mister, ela contou e conta com a valiosa colaborao da professora Glsse Collete, nossa companheira violista do Quarteto de Braslia, primeiramente na funo de SubChefia do Departamento e, mais tarde, como Vice Diretora do Instituto de Artes da UnB.

    Em 2002, a profesora Glsse Collet, ltimo baluarte do setor de cordas, criou a Orquestra de Cordas da UnB, ligada disciplina Prtica de Conjunto. Sob seu comando, a Orquestra de Cordas da UnB ensaia e apresenta-se regularmente, em Braslia e em vrias cidades do Brasil.

    Em 2006 a Orquestra de Cordas da UnB fez uma srie de concertos na Europa culminando com a gravao de um CD na Alemanha como obras de autores brasileiros.

    O Departamento mantm ainda, a srie de Concertos Semanais com apresentaes quartas e quintas-feiras, pela manh no auditrio do prprio Departamento.

    Por meio de convnio com a Secretaria de Cultura do DF promove uma interesante srie de concertos na Sala Martins Pena do Teatro Nacional.

    O FIB Festival Internacional de Brasilia, j na sua terceira edio, tem acontecido basicamente no Campus da UnB, e mais uma realizao da profesora Beatriz Salles. Hoje, o Departamento de Msica da UnB, dentro de um processo de sucateamento que vem ocorrendo nas intituies oficiais de ensino superior do pas, encontra-se em crise existencial. Com a aposentadoria dos antigos profesores de instrumento e a no abertura de concursos para preenchimento das vagas deixadas, a Instituio encaminha-se para se transformar num Departamento de tericos. E como Msica

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    depende de som, tememos pela extino da mesma, no mbito do Campus.

    ESCOLA DE MSICA DE BRASLIA

    Em 1964, o maestro Levino Alcntara, organizou um forum composto por profesores da Rede Pblica, que iniciaram uma intensa luta, objetivando a criao de uma Escola que viesse a ser o ncleo do ensino musical profissionalizante em Braslia. A, formou-se o embrio da Escola de Msica de Braslia. Aps vrias mudanas, a Escola de Msica de Braslia ganhou sua sede definitiva, em 11 de maro de 1974.

    Inicialmente, a escola de Msica oferecia o ensino de violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta tansversal, flauta doce, obo, clarinete, trompa, fagote, trompete, trombone e tuba, alm de manter uma orquestra sinfnica constituda de profesores e alunos e o Madrigal de Brasilia.

    Em 1985, assumiu a Direo da Escola, o etnomusiclogo Carlos Galvo. Durante a sua gesto, de 1985 a 1987, implantou o Ncleo de Msica Popular, introduzindo-se o ensino de viola caipira, violo popular, teclados, bateria, baixo eltrico, saxofone e arranjos. Foram, tambm, objeto de sua criao os Ncleos de Percusso, de Informtica Aplicada, de Msica de Cmara, de Msica Contempornea, de Regencia e a disseminao do ensino aplicado s Bandas de Msica.

    Nessa poca foram estruturadas as atividades de Musicalizao Infantil e Musicografia Braille.

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    Sob a direo do violinista e profesor Luiz Alberto Tibana, que ocorreu entre 96 e 97, a Escola de Msica criou o Ncleo de Msica Antiga e fomentou projetos de extenso comunitria. Em 1998, reassumiu a direo da escola de Msica de Braslia o prof. Carlos Galvo, implantando o Ncleo de Tecnologa em Msica, responsvel pela oferta de tecnologia informatizada, aplicada Msica, composio musical e arranjos, atravs de softwares, tcnicas de gravao e sonorizao de espetculos.

    A procura pelos cursos da Escola to grande que a seleo dos candidatos feita por sorteio.

    A Escola de Msica de Braslia organiza, tambm, os Cursos Internacionais de Vero de Braslia. Esse Festival, que congrega profesores e alunos do mundo todo, um dos mais importantes do pas e j vai para a sua 30 edio. Outra instituio muito atuante na cidade o

    CLUBE DO CHORO

    fundado em 1978, por um grupo de instrumentistas, oriundos principalmente do Rio de Janeiro, que se reunia nos fins de semana para cultivar o Choro. A primeira sede funcionou num vestirio do recm-inaugurado Centro de Convenes. Aps um incio promissor, realizando reunies todas as semanas, num ambiente de confraternizao, entrou em decadncia por falta de estrutura. No incio dos anos 90 esteve na iminncia de fechar. Com a posse de uma nova diretoria, foi regularizada a situao burocrtica do prdio, que foi reformado e reaberto aps uma luta de quase trs anos. Foi institudo, tambm, um sistema que homenageia, anualmente,

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    grandes nomes da Msica Brasileira. Nos ltimos nove anos forma homenageados: Pixinguinha,

    Jacob do Bandollim, Chiquinha Gonzaga, Waldyr Azevedo, Ernesto Nazareth, Ary Barroso, Garoto, Villa-Lobos e Radams Gnatalli.

    Hoje, sob a firme atuao do seu diretor, Reco do Bandolim, o Clube do Choro de Braslia promove um dos mais importantes projetos de msica instrumental do pas.

    O Clube do Choro de Braslia tem sido fator importante na interao entre as denominadas msica de concerto e msica popular. Dentre os grupos e msicos que atuam no Clube do Choro e que tm livre trnsito nas duas vertentes, podemos citar: Quarteto de Braslia, Quinteto Villa-Lobos, Turbio Santos, Marco Pereira, Antonio Carlos Carrasqueira, Odette Dias, Maria Teresa Madeira, Paulo Moura, Paulo Srgio Santos, entre outros. Agregada ao Clube do Choro de Braslia, funciona a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, que cuida da formao, preservao e renovao dos chores. Dentro dessa nova gerao de instrumentistas podemos destacar a atuao de Hamilton de Holanda, que tem assombrado a todos com sua genialidade.

    Na rea de MSICA DE CMARA sao vrios os conjuntos a serem citados

    QUARTETO DE BRASLIA

    Em 1986, foi criado o Quarteto de Braslia. Seus componentes eram Moiss Mandel, 1 violino; Ludmila Vinecka, 2 violino; Glsse Collet, viola e Guerra Vicente, violoncelo.

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    J em 1987 o conjunto realizou sua primeira turn internacional com concertos na Alemanha e na Frana, em homenagem ao centenrio de nascimento de Villa-Lobos.

    Nesse mesmo ano, o Quarteto foi comisionado pelo Conselho Internacional de Msica da UNESCO, atravs do seu ento presidente, o maestro Marlos Nobre, para apresentar em primeira audio no Brasil, em presena do autor, o Quarteto de Cordas Ainsi la Nuit de Henri Dutilleux. O concerto foi no Palcio do Itamaraty, em Brasilia, durante a solenidade de entrega oficial do Prmio UNESCO de Msica, conferido quele compositor.

    Em 1992, com a sada de Moiss Mandel, passou a integrar o quarteto, o violinista Cludio Cohen.

    Essa formao se mantm at hoje, quando o quarteto completa 21 anos de atividade ininterrupta. O Quarteto de Brasilia hoje, um dos mais importantes conjuntos de cmara do pas. Sua discografia soma 9 CDs, alguns dos quais, totalmente dedicados Msica Brasileira.

    Como recompensa pelo seu trabalho, conseguiu amealhar os prmios: Em 1993 VII Prmio Sharp de Msica melhor CD de msica erudita Em 1995 Prmio OK de Cultura Conjunto de mayor destaque em Brasilia Em 2001 Comenda da Orden do Mrito Cultural do Distrito Federal Em 2004 Prmio Carlos Gomes melhor grupo de cmara Em 2006 Prmio Brasil de Excel~encia da Academia de Letras e

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    Msica do Brasil.

    TRIO DE BRASLIA

    O Trio de Braslia integrado por Ludmila Vinecka, violinista: Guerra Vicente, violoncelista e Elza Kazuko Gushiken, pianista, foi criado em 1978 em funo de um Festival Schubert, que teve lugar na Escola de Msica de Braslia. Desde ento o Conjunto vem se apresentando regularmente em diversas salas do pas.Como resultado desses longos anos de atividades, gravou dois CDs.O primeiro, lanado em 2001, tem obras de Osvaldo Lacerda, Enrique Oswald e Marlos Nobre. O segundo, de 2004, apresenta os trios de Smetana e Guerra-Peixe.

    TRIO BARROCO DE BRASLIA

    Composto por Ludmila Vinecka, violinista; Guerra Vicente, violoncelista e a travista Ana Ceclia Tavares, esse conjunto tambm conhecido como Escravos do Cravo. Em vista da dificuldade de locomoo do cravo, tem se apresentado mais no mbito do DF. Gravou um belo CD Trio Barroco de Braslia, com obras do repertrio do perodo barroco internacional.

    QUARTETO ARTESANAL

    Composto por Sydney Maia, flautista; Pach Galina, violoncelo; Luiz Tibana, violo e Bosco Oliveira, violo, esse grupo faz uma interesante pesquisa de recriao sonora atravs de uma esttica

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    absolutamente original. Como resultado de vrios anos de trabalho, o Conjunto gravou o CD Artesanal, com obras de Marco Pereira, Bosco Oliveira, Sydney Maia e Radams Gnatalli.

    QUARTETO CAPITAL

    integrtado pelos violinistas Daniel Rego e Igor Macarini, o violista Daniel Marques e o violoncelista Augusto Guerra Vicente. So todos membros da Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Claudio Santoro.

    QUARTETO CLUDIO SANTORO Criado em 2006, composto pelas violinistas Lilian Raiol e

    Regiane Cruzeiro, a violista Marie de Novion e a violoncelista Norma Parrot. A exemplo do Quarteto Capital, elas tambm so integrantes da Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Cludio Santero.

    O MOVIMENTO CORAL EM BRASLIA Teve incio na dcada de 1960 com Reginaldo de Carvalho,

    que organizou pela primeira vez um Coral, que tinha sua base no CEMEB (Centro de Ensino Elefante Branco). No ano de 1962, o Maestro Levino de Alcntara organizou um Concerto Coral Sinfnico, quando foi interpretado o Rquiem do Padre Jos Mauricio Nunes Garcia, utilizando-se de um Coral de Taguatinga. Na orquestra atuaram alunos e vrios profissionais trazidos de Belo Horizonte. Ao ouvir o concerto, o prof. Esa de Carvalho que, desde 1961, era o Diretor da Rdio Educadora de

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    Braslia, entrou em contato com o Maestro Levino de Alcntara, com o intuito de criar um Coral profissional na cidade. Como consequncia, nasceu, no incio de 1963, o Madrigal da Rdio Educadora.

    Nos anos 70, tivemos o movimento do Coral do SESI, que sob a direo do Maestro Nelson Mathias, deu um grande apoio a meninos carentes da comunidade de Taguatinga.

    As Igrejas Evanglicas de Brasilia so as que tm o maior movimento coral da cidade. Destaca-se, a, o Coral da Igreja Prebisteriana Independente Central do Brasil, cujo titular o Maestro Emlio de Cesar.

    A Universidade de Brasilia criou o Coral da UnB, com o Maestro David Junker, quando ele ainda era um jovem estudante. Posteriormente esse coral teve como regente os maestros Nelson Mathias, Emlio de Csar, Glicina Mendes, Marconi Arajo, entre outros. O Coral da UnB foi, por duas vezes, vencedor do Concurso de Coros, organizado pelo Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.

    Na Universidade de Brasilia foi criado, tambm, o Coral Sinfnico Comunitrio de Braslia, que, anualmente, realiza dois concertos com a Orquestra Sinfnica da cidade.

    Outras Universidades locais tambm mantm os seus corais. So elas: o Uni-CEUB, a UPIS e a Universidade Catlica de Brasilia.

    A cidade tem hoje, trs corais independentes, que esto realizando um bom trabalho nesta rea. So eles: o Coral Cantus Firmus, regido pela Maestrina Isabella Sekeff, com vrios CDs gravados, o Coro Laugi e o Coral Braslia. O Coral Braslia dirigido pelos seus prprios integrantes, que convidam os regentes para atividaes especficas. Tem como objetivo a realizao de turismo

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    cultural, participando de festivais e Concursos, no Brasil e no Exterior. Ganhou o primeiro lugar no Concurso da FUNARTE, e tem vrios outros prmios e Concursos na Argentina e na Grcia. Atualmente tem como regente o Maestro Emlio de Csar.

    Em 1999, foi organizado o I Festival Internacional de Coros de Brasilia.

    Como consequncia foi criada a Associao Brasileira de Regentes de Coros, com sede em Braslia. Desde ento, a Associao j realizou trs Convenes Nacionais e editou quatro nmeros da revista Canto Coral, com o intuito de orientar e dar subsdios aos regentes de coros de todo o Brasil.

    Brasilia j deveria ter o seu Coral Sinfnico, ligado ao Teatro Nacional.

    Nos segmentos gravao e editorao, destacamos a atuao do

    ESTDIO GLB Criada em 1999, essa empresa mantm um dos estdios de

    gravao que mais se dedica, no pas, ao registro sonoro da msica brasileira. Assim, o Estdio GLB, que j gravou e produziu 25 CDs, mantm uma srie dedicada Msica Brasileira, que est, atualmente, no seu oitavo volume.

    Nessa srie foram gravadas obras de Villa-Lobos, Cludio Santoro, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Henrique Oswald, Jos Guerra Vicente, Osvaldo Lacerda, Marlos Nobre, Emilio Terraza, Ernani Aguiar, Wilson Fonseca, Homero Dornellas, Carlos Gomes, Roberto de Arajo Lima, Alberto

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    Nepomuceno, Francisca Aquino e Ricardo Vasconcellos. Gravaram no Estdio GLB, artistas de renome, tais como Turbio Santos, Antonio Carlos Carrasqueira e Luiz Carlos de Moura Castro.

    Ao lado dessa srie o Estdio GLB desenvolveu alguns trabalhos interessantes, dentro do ambiente de interao entre as diversas culturas que aportaram ao Planalto Central, com o advento Braslia.

    Um deles foi com o compositor e violonista paraibano Jairo Mozart. Nesse trabalho as composies, em ritmo de maracatu, repente, aboio, guarnia, xote, bossa nova, caboclinho, entre outros, ganharam uma roupagem erudita, com a agregao de violino e violoncelo em arranjos de minha autoria. Como resultado final, foi elaborado o CD Canto Cerrado, gravado e produzido pelo Estdio GLB.

    Outra pesquisa contou com o violista e repentista pernambucano Oliveira de Panelas e resultou no CD O Auto de Lampio no Alm.

    Dentro da filosofia de resgate da produo musical brasileira, o Estdio GLB financiou e produziu o livro Jos Guerra Vicente, o compositor e sua obra, que contm o catlogo de obras completo e uma autobiografa manuscrita pelo prprio compositor. O livro contm, ainda, um CD encartado, com a gravao de alguns trabalhos do autor.

    A ORQUESTRA SINFNICA DO TEATRO NACIONAL

    Foi fundada em 6 de maro de 1979, pelo maestro Cludio Santoro, que, foi tambm o seu primeiro regente. Mais tarde, o

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    Teatro passaria a ter o nome desse grande msico. Mas, vamos contar a trajetria da Orquestra Sinfnica do

    Teatro Nacional Cludio Santoro, atravs de alguns trechos do livro escrito pela Clinaura Macedo, Histrias de uma Orquestra em Cordel, publicado em 2006. Afinal, quantas Orquestras Sinfnicas tm a sua histria escrita em forma de literatura de cordel?

    Piauiense, de Valena do Piau, Clinaura Macdo violinista formada pela Universidade de Brasilia e membro fundador da Orquestra do Teatro Nacional Cludio Santoro.

    Sobre a fundao ela escreve:

    E tudo assim cume Lhe digo cum preciso E quando a orquestra atac Menino, deu a impresso Que apois int as iscultura Ganharo ouvido e viso.

    Em 1982, assumiu o Maestro Emlio de Csar, que permaneceu frente da orquestra at 1984

    Minino preste ateno Cum Emilio e sua gesto Cumeamo a apresent O que inda era novidade Trouxemo a pera cidade

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    Num se pode contest

    Em 1985, voltou o maestro Cludio Santoro

    E Santoro retorn Cum toda a disposio E nesse tempo marc Uma era de expresso

    Em 27 de maro de 1989, faleceu o maestro Cludio Santoro, vtima de um ataque cardaco, em pleno ensaio da Orquestra do Teatro.

    O maestro interrompeu Para faz uma orao Mas minino, sucedeu Que nem deu a explicao Ouviu a voz do Sinh Que de cima lhe cham Olh para cima e assunt Sem faz contestao.

    Em 1992, aps uma rpida passagem do Maestro Jlio Medalha, como titular, a Orquestra entrou numa interesante experincia de auto-gesto. Aps a auto-gesto, que durou poucos anos, assumiu a Maestrina Elena Herrera.

    Em 1999, com a volta de Slvio Barbato, que havia sido assistente de Claudio Santoro, Clinaura retorna:

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    Comparando sinfonia Aqui nossa travessia Tem um tema a retom Nesta reexposio Silvio na condio De Maestro Titul. Sob a direo do Maestro Silvio Barbato, a Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Cludio Santoro gravou dois lbuns de CDs. O primeiro foi consequncia da encomenda que o Ministrio da Cultura fez, em 1999, aos compositores Edino Krieger, Egberto Gismonti, Almeida Prado, Ronaldo Miranda e Jorge Antunes para escreverem Sinfonias alusivas aos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Assim, em 2000 a Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob a direo do maestro Silvio Barbato teve a incumbncia de gravar os cinco trabalhos apresentados: Terra Brasilis de Edino Krieger; Ore-Jaytat de Almeida Prado; Sinfonia 2000 de Ronaldo Miranda; Mestio & Caboclo de Egberto Gismonti e Sinfonia em 5 movimentos de Jorge Antunes. Trata-se sem dvida., de um belo servio prestado Cultura Brasileira. O segundo, aparecido em 2001, Clssicos do Samba, em funo do prmio Ordem do Mrito Cultural, que naquele ano foi uma homenagem do Ministerio da Cultura Cultura Negra.

    Os intrpretes so: Dona Ivone Lara, Eliane Faria, Martinho da Vila e Jamelo. O resultado surpreendentemente bom, com destaque especial para a faixa As Rosas no Falam, com um arranjo espetacular do Chiquinho de Moraes, e emocionante interpretao de Jamelo. Sem dvida, um dos mais belos

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    momentos da Msica Brasileira. Em setembo de 2000, a Orquestra fez uma viagem Europa, com concertos em Portugal e na Itlia. Ainda na gesto de Silvio Barbato, que durou at 2006, foram efetuados dois concursos pblicos para preenchimento de vagas e a Orquestra, hoje, conta com 84 instrumentistas.

    No comeo de 2007, assumiu como regente titular, o maestro Ira Levin. Excelente msico e bom regente, alm de grande pianista, est fazendo um bom trabalho frente do conjunto orquestral e a melhoria na qualidade das suas execues tem sido claramente constatada.

    Em julho deste ano a Orquestra tocou no Festival de Inverno de Campos do Jordo, ocasio em que recebeu muitos elogios da crtica especializada.

    Com salrios dignos e um bom regente titular sua frente, a Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Cludio Santoro atravessa um bom momento da sua existncia.

    , seguramente, uma das melhores do pas. A OSTNCS tem contra si, o fato de tocar na Sala Villa-Lobos,

    que, tem a pior acstica do mundo, conforme declarou o grande maestro Zubin Mehta, quando aqui esteve com a Filarmnica de Israel.

    No seria muito complicado melhorar o tratamento acstico da Sala. A retirada do excesso de carpete, a construo de uma concha acstica para o palco e a colocao de placas refletoras ja trariam um bom resultado. Dizem que o arquiteto Oscar Niemeyer no permite que se mexa na Sala. Pura hipocrisia, pois na cidade muita

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    coisa j foi deturpada, em funo de interesses econmicos. Alis o Teatro Nacional est a merecer uma reforma em todas

    as suas Salas. inadmissvel e vergonhoso o estado lastimvel de abandono em que se encontram as suas instalaes.

    ORQUESTRA FILARMNICA DE BRASLIA

    Atualmente, tem como regente titular o jovem Maestro Cludio Cohen. Cheio de energia e idealismo, Cludio Cohen, que, alm de ser membro do Quarteto de Braslia tambem spalla da Orquestra Sinfnica do Teatro Nacional Claudio Santoro, vem liderando um movimento por novas polticas culturais para o DF. Em consequncia disso, algunas iniciativas vm sendo tomadas pelo poder pblico.Em documento datado de 26 de setembro de 2007, o Conselho de Cultura do DF encaminhou ao Senhor Secretrio de Cultura do DF, as novas Normas de apresentao e seleo de projetos que concorrero obteno de incentivos provenientes dos recursos do Fundo da Arte e da Cultura.

    O FAC, como conhecido, representa uma ajuda importante para os artistas da cidade, principalmente para os jovens que esto comeando e ainda no tm os recursos suficientes para bancar produes onerosas. No que toca a rea de msica, o texto ainda est um pouco confuso e necessita ser melhorado.

    Outro debate que est em aberto, refere-se Lei de Incentivo Fiscal Cultural do DF. Para tratar do assunto foi realizada uma mesa redonda, coordenada pela profesora Beatriz Salles, no dia 14 de novembro deste ano, no Instituto de Artes da UnB. Muito bom que isso acontea, pois no presente momento o maior incentivo, na

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    realidade, tem sido para a pirataria.

    Antes de concluir, no poderamos deixar de citar uma experincia tpicamente brasiliense sem precedentes, creio, no Brasil.

    Trata-se do AOUGUE CULTURAL T-BONE, que promove, sob a coordenao do seu proprietrio, o comerciante Luiz Amorim, as Noites Culturais.

    Nesses eventos, que ocorrem trs vezes por ano, na 312 Norte, a rua do aougue fica fechada circulao de carros e ali se apresentam os mais variados grupos de msica, bem como artistas de teatro, pintores, poetas e representantes de qualquer outro segmento cultural, numa total interao entre eles e o pblico participante, que chega a trs mil pessoas.

    Devemos registrar, ainda, a loja de msica MUSIMED, comandada pelo Profesor Emrito Bohumil Med. Talvez a melhor do pas.

    Como vimos, Braslia tem um grande potencial musical. A enorme procura pelos cursos da Escola de Msica de Braslia, atesta isso.

    Para que esse manacial possa ser melhor aproveitado, reivindicamos a volta do ensino obrigatrio de Msica nas escolas de primeiro Grau. Para isso precisaremos contar com profesores bem treinados e capacitados, como, alis deve ocorrer em todos os segmentos do ensino bsico. Toda essa efervescncia do nosso Caldeiro Cultural nos influencia e nos leva a reflexes. O resultado dever ser, dentro de alguns anos, uma nova esttica musical mais

  • Transcrio editada da participao do debatedor no projeto "A Saga da Msica de Concerto no Brasil de Hoje e na Amrica Latina", patrocinado pelo Programa Cultura e Pensamento em 2007, atravs da Seleo Pblica de Debates Presenciais. Est autorizado o uso desse texto para fins no comerciais, sendo sempre obrigatria a apresentao dos crditos.

    livre e abrangente, com menos preconceitos e modismos.

    Para o bem da chamada Msica de Concerto, esperamos que os novos compositores aproveitem melhor a evoluo tecnolgica e abram suas cabeas: sejam mais criativos e deixem de copiar os modelos europeus.

    Caso contrrio, o fim est prximo. preciso perceber, tambm, que a vanguarda envelheceu

    muito rpido. A vanguarda, hoje, velha guarda.

    velha e v.

    E se v, guarda!