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DE QUANDO O MUNDO NÃO ERA IMUNDO A UM OUTRO MODO DE OLHAR E VER A AMAZÔNIA: um abordagem pela perspectiva dos resíduos sólidos
João Bosco Ladislau de Andrade
Porto Alegre (RS)Julho – 2009
AGENDA
• De quando o mundo não era imundo.
• Um outro modo de olhar e ver a Amazônia.
• Considerações finais.
De quando o mundo não era imundo.
Mundus: fosso no qual eram lançados torrões de terra da antiga pátria para a perpetuação das almas dos antepassados, reverenciadas em culto ininterrupto.
Immundus: tudo que gravitava fora da órbita e da atração do mundus, portanto “profano”, “sacrílego”, impuro, sujo, imundo.
“Mundus Immundus” (Tertuliano, séc. II d.C.)
REVOLUÇÃOFRANCESA
• Elevação dos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade às últimas conseqüências.
• Reviravolta na organização social européia, até então caracterizada por regimes absolutistas que excluíram por completo a grande maioria da população.
• Instituição de um Estado caracterizado por maior participação política da população e pela diminuição das desigualdades sociais, inaugurando assim um Estado que tinha em sua base o “povo” e o direito à cidadania.
REVOLUÇÃOINDUSTRIAL• Emprego de máquinas movidas a vapor
nas unidades fabris, selando a passagem da produção artesanal domiciliar para a produção em grande escala.
• Noções de lucro e de produtividade, fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o enriquecimento e para a acumulação: a mentalidade empresarial capitalista.
• Desenvolvimento das grandes cidades, com um novo cenário dominado por chaminés e por multidões de trabalhadores, marcado também por sério desequilíbrio ambiental.
REVOLUÇÃOTECNOLÓGICA• Automação da indústria, impulsionada
principalmente pelo setor de informática, permitindo, em conseqüência, o aumento e a diversificação da produção.
• Expansão do capitalismo e intensificação do comércio internacional, dando origem à globalização.
• Substituição do trabalho humano por máquinas, levando à demissão em massa de trabalhadores que vivem de subempregos, como camelôs, catadores de lixo etc.
HEDONISMO
UTILITARISMO INDIVIDUALISMO
O homem tem feito com que o lixo tome conta do planeta inteiro. Tanto nos países identificados como desenvolvidos quanto naqueles que vegetam sob a condição de subdesenvolvidos e nos emergentes o lixo não tem representado mais apenas o subproduto rejeitado das funções vitais. Estamos submersos numa cultura de lixo, na qual o crime, o vício, a indigência mental, o obscurantismo, a desinformação, o mau gosto e a corrupção - inclusive de nosso interior - têm se colocado como objetos de desejo das massas e das elites.
LIXO
NA POLÍTICA DO CRIME
ORGANIZADO
DA MÍDIA
LIXO
DA RELIGIÃO
DA CULTURA
DA POLUIÇÃO
3R
PRODUÇÃOLIXO
REUTILIZAÇÃO RECICLAGEM
3R
REVOLUÇÃOTECNOLÓGICA
HOMEM
REVOLUÇÃOINDUSTRIAL
MODERNIDADE
REDUÇÃO
REVOLUÇÃOFRANCESA
Um outro modo de olhar e ver a Amazônia.
MERCADO DE ESCRAVOS COM APARIÇÃO DO BUSTO INVISÍVEL
DE VOLTAIRE.
O/S/T, 1940.Salvador Dalí
163 POVOS INDÍGENAS (204 MIL PESSOAS – 60% DA POPULAÇÃO
INDÍGENA BRASILEIRA)
ÁREAS EXTENSAS, DE POPULAÇÃO ESPARSA E COM PREDOMINÂNCIA DE CIDADES DE PEQUENO E MÉDIO
PORTE SEPARADAS POR ENORMES DISTÂNCIAS ENTRE SI
GRANDES CENTROS URBANOS COM UM MODO DE VIDA DISTINTAMENTE TROPICAL
ANTROPOLOGIA
CULTURA
GEOGRAFIA
ETNOLOGIA
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL RELACIONADA AO LIXO E À SUA DISPOSIÇÃO FINAL INADEQUADA
Características populacionais de produção de resíduos sólidos e da população atendida pela limpeza pública em municípios da Amazônia brasileira
População Produção de Populaçãototal resíduos sólidos atendida
(habitante) (tonelada/dia) (%)Manaus (AM) 1.600.000 2.400,00 70,00Tefé (AM) 76.000 40,00 NDBoa Vista (RR) 153.936 110,70 NDParintins (AM) 90.150 22,50 90,00Macapá (AP) 256.033 57,00 74,00Santana (AP) 81.949 15,00 91,00Carauari (AM) 19.106 5,00 NDItacoatiara (AM) 72.105 28,40 80,00Manacapuru (AM) 73.695 14,29 90,00Coari (AM) 67.069 17,77 NDMaués (AM) 40.036 18,00 77,60Fonte: ANDRADE, 1996-2006. (Adaptada).ND - Não Determinado.
Município
Tem lixão noseu município?
NÃO MEXA!
Alguém sabe?
Você mexeunele?
Vai estourar nasua mão?
Finja que não viu...
Esconda ...
Você pode culparoutra pessoa?
... Então não há
problema!
Seu idiota!
Então vocêé um pobre
infeliz ...
SIMNÃO
SIM
SIM SIM
NÃO NÃO NÃO
NÃO
SIM
LIXÃO
DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO NOS MUNICÍPIOS DA AMAZÔNIA
DIAGNÓSTICODA
SITUAÇÃO ATUAL
PROPOSTA PARAATERRO
CONTROLADO /REMEDIAÇÃO
DE LIXÃO
PROPOSTA PARALIMPEZAURBANA
PROJETO DEATERRO
SANITÁRIOLOCACIONAL
ESTUDO DEIMPACTO
AMBIENTAL / EIA
OPERAÇÃO DOATERRO
SANITÁRIOLOCACIONAL
MONITORAMENTODO ATERROSANITÁRIO
LOCACIONAL
IDENTIFICAÇÃODE ÁREA PARA
ATERROSANITÁRIOLOCACIONAL
EXECUÇÃO DOPROJETO DE
ATERRO SANITÁRIOLOCACIONAL
PROPOSTA DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA AMAZÔNIA
• CRESCIMENTO ECONÔMICO.
• EQÜIDADE SOCIAL.
• EQUILÍBRIO ECOLÓGICO.
MANACAPURU COARI ITACOATIARA PARINTINS
Papel 3,70 1,41 4,17 3,36
Papelão 4,67 10,51 7,50 2,68
Plástico Duro 2,73 3,43 2,08 2,01
Plástico Filme 7,40 10,10 6,67 6,71
Vidro 0,88 2,42 0,58 1,34
Isopor NE NE 0,25 0,34
Metal 1,85 1,52 2,08 3,36
Matéria Orgânica 53,74 66,67 52,50 20,13
Tecido e Couro 0,44 0,50 1,67 4,03
Madeira 0,97 2,93 4,17 NE
Pedra NE NE 5,83 NE
Borracha 16,21 NE NE NE
Tijo Cerâmico e Gesso 0,97 NE NE NE
Outros 6,43 0,51 12,50 56,04NE - Não Encontrado.
PERCENTUAL (%) POR CIDADEMATERIAL
Composição gravimétrica dos resíduos sólidos das cidades de Manacapuru, Coari, Itacoatiara e Parintins - Estado do Amazonas (Brasil)
GANHOS ECONÔMICOS
• PRODUÇÃO DE LIXO DOMICILIAR EM MANAUS: 1.400 t/dia.
• MATÉRIA ORGÂNICA NO LIXO DOMICILIAR: 58,69% (821,66 t).
• FRAÇÃO COMPOSTÁVEL (ADUBO ORGÂNICO) DO LIXO DOMICILIAR: 80% (657,33 t).
• VALOR DE VENDA ESTIMADO (ADUBO ORGÂNICO): 5,0 kg POR R$ 1,00 (R$ 0,20/kg).
• RECEITA DESPERDIÇADA PELO MUNICÍPIO: R$ 131.466,00/dia (R$ 48.000.000,00/ano).
GANHOS SOCIAIS
• GERAÇÃO DE EMPREGO (686 PESSOAS) E RENDA.
• CONTRIBUIÇÃO PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA ALIMENTAR, MEDIANTE A ADUBAÇÃO DO SOLO.
• ELEVAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E DE CIDADANIA DO MUNÍCIPE.
GANHOS AMBIENTAIS
• PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS.
• AUMENTO DA VIDA ÚTIL DO ATERRO MUNICIPAL.
• Critérios Técnicos (CT) – minimização de resíduos na fonte geradora; legislação; acesso; capacidade; topo-hidro-geologia;
• Critérios Econômicos (CE) – distância de transporte; custo do terreno; infra-estrutura;
• Critérios Sociais (CS) – organização popular; participação comunitária; vizinhança; saúde e segurança pública; modificação nos padrões socioculturais;
• Critérios Ambientais (CA) – remediação de lixão; poluição; terra para cobertura.
DISCRIMINAÇÃO PESO A1 A2 A3 ... An
Poluição 1,5Terra para cobertura 0,7Desmatamento 0,8Distância de transporte 0,8Custo do terreno 0,4Infra- estrutura 0,3Vizinhança 0,6Saúde e segurança pública 1,5Modificação nos padrões socioculturais 0,9Acesso 0,8Capacidade 0,7Topo- hidro- geologia 1,0
Observação: An significa que o número de áreas avaliadas é variável.
ÁREAITEM
AMBIENTAL
CRITÉRIO
1
CLASSIFICAÇÃO
ECONÔMICO
SOCIAL
TÉCNICO
2
3
4
TOTAL
Avaliação ponderada por área e classificação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Na Amazônia os serviços relacionados aos resíduos sólidos não contemplam uma preocupação efetiva com o meio ambiente, nem motivam a sociedade a se posicionar. Pelo contrário, no âmbito dos resíduos sólidos, excluem-na de quaisquer participações ativas.
• De modo geral, nos municípios da Amazônia as prefeituras não têm desenvolvido políticas inovadoras, e a escala de comprometimento do setor empresarial ainda é muito restrita, o que tem representado a manutenção do status quo gerencial e operacional.
• Atualmente, nos municípios da Amazônia, quando muito, tem prevalecido uma preocupação voltada apenas para a realização da coleta do lixo, não se estabelecendo quaisquer iniciativas que tenham como foco uma mudança de comportamento na relação que o cidadão tem com os resíduos que produz.
Dêem-lhe todas as satisfações econômicas de maneira que
não faça mais nada senão dormir, devorar pastéis e
esforçar-se por prolongar a história universal; cumulem-no
de todos os bens da terra e mergulhem-no em felicidade até
à raiz dos cabelos: à superfície de tal felicidade como à tona
de água virão rebentar bolhas pequeninas.
Dostoievsky, No Meu Subterrâneo
Na Amazônia, qualquer abordagem realista de seus problemas só é possível se a análise dos mesmos incluir o que é chamado de “sistema homem”. Isto coloca como imperativo à sustentabilidade na região, inclusive para o enfrentamento das questões referentes aos resíduos sólidos, a ação de homens que, além de tudo, entendam-na e amem-na, tanto quanto a seu povo, profundamente. Homens, porém, distantes da vaidade e próximos, portanto, da reafirmação e da beleza da vida.
JOÃO BOSCO LADISLAU DE ANDRADE
FONE: 0XX (92) 3232-6633
FAX: 0XX (92) 3234-0856
CELULAR: 0XX (92) 9128-3316
e-mail: [email protected]
AV. CARVALHO LEAL, 893 – CACHOEIRINHA
69065-000 MANAUS – AMAZONAS