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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · Conforme Lowenthal (1998) são três as respeitáveis origens de conhecimento sobre o passado: a memória, que é introspectiva e inerente ao

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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A HISTÓRIA ORAL COMO ESTRATÉGIA NO ENSINO DE HISTÓRIA.

Sebastiana Aparecida Tavares 1

RESUMO O presente artigo apresenta as reflexões e propostas presentes no projeto realizado para o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2009, Estado do Paraná, e relata a implementação Pedagógica com a produção de uma Unidade Didática estabelecendo a consideração da história oral como fonte imprescindível e viável para a pesquisa histórica, principalmente no campo da História Local, com a perspectiva da Nova História. Assim, este instrumento pedagógico de ensino tem como foco de estudo a memória do Castelo Eldorado, atividade de pesquisa qualitativa, de campo, envolvendo os alunos num contínuo e incessante trabalho com a participação de pessoas que viveram no auge do desenvolvimento do Castelo Eldorado. Enfatizando a memória como fonte fundamental, o trabalho de pesquisa propiciou oportunidade das pessoas contarem a história que vivenciaram em épocas anteriores, reconstruindo, assim, um passado com vez e voz, e ofereceu aos alunos condições de construir narrativas históricas sobre o objeto de estudo. As atividades de pesquisa foram desenvolvidas com uma turma de Segundo ano de Ensino Médio, no Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande. Visaram à reconstrução da história e memória do Castelo Eldorado, processo no qual os alunos tiveram a oportunidade de observar e vivenciar a história relatada pelas pessoas e as especificidades daquela comunidade e aprenderam, assim, a escrever o texto histórico como agentes da história, construindo as narrativas após a transcrição das entrevistas, depoimentos e relatos. O estudo foi voltado para a pesquisa, reflexão do grupo e a construção do conhecimento partindo do envolvimento dos alunos na produção escrita e a mediação da professora. Palavras-chave: Memória, história oral, Castelo Eldorado, metodologia, aprendizagem.

1 Licenciada em História pela Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Castelo Branco, Pós-graduada em Didática e Metodologia do Ensino pela Universidade Norte do Paraná, Pós-graduada em Educação Especial pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul, Pós-graduada em Metodologia Inovadora Aplicadas à Educação na área específica Gestão do Trabalho Pedagógico pela Faculdade Internacional de Curitiba, Mestre em Educação pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho, Pós-graduada em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá, Pós-Graduanda em EAD e as Tecnologias Educacionais.

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ABSTRACT This article presents the reflections and proposals in the present project conducted for the Educational Development Program - PDE/2009 of Paraná State and it reports the pedagogical implementation with the production of a didactic unit stating the consideration of oral history as an essential and suitable source for historical research, especially in the field of local history, with the perspective of a new history. This pedagogic teaching instrument focuses on the memory of Eldorado Castle, qualitative research activity, involving students in a continuous and relentless work with the participation of people who lived at Eldorado Castle, in its peak of development. Emphasizing memory as a fundamental source, the research work provided an opportunity for people to tell stories that they had experienced in earlier times, thus reconstructing the voice of the past and offered the students condition to construct historical narratives on the study object. The research activities were developed with a second year high school class at the State School Padre Angelo Casagrande and aimed the reconstruction of the history of Eldorado Castle, where the students had the opportunity to observe and experience the stories told by the people and the particularities of that community and, learned to write a historical text as agents of history, constructing narratives after transcription of interviews, statements and reports. The study focused on research, group reflection and construction of knowledge based on the involvement of students in the writing and the mediation of the teacher. Key words: memory, oral history, Eldorado Castle, methodology, learning.

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1.INTRODUÇÃO

O PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional - é um sistema público de Formação

Continuada com a interação entre os educadores da Universidade e professores da Educação

Básica, visando uma formação pedagógica oferecida pela SEED/PR, isto é, a Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, articulada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior, com início no ano de 2007.

Trata-se de uma política educacional de formação continuada de professoras e professores

da rede pública de educação do Estado que, por meio da realização deste estudo, com a duração

de dois anos, oferece a oportunidade para a formação do docente através da busca do

conhecimento que possibilita aprofundar as questões que circundam a escola, entre teorias e

práticas na sala de aula através de intervenção realizada com o projeto e a produção do material

didático.

É fundamental a interação de professores e mestres possibilitando uma oportunidade de

apreensão do conhecimento para ambos. E como resultado temos a produção de recursos

didático-pedagógicos para serem implementados no âmbito da sala de aula. Portanto, é uma

oportunidade para o docente ampliar seus conhecimento, que une a teoria e a prática em ação

dialética, com a experiência de pesquisa, e aumenta a interação entre as especificidades da

Educação Básica com a programação das Universidades como um fio condutor nas áreas de

conhecimento, estimulando a prática da interdisciplinaridade e a socialização do conhecimento

científico.

Sendo assim, o docente deve transformar e repensar a sua prática em sala tendo, então,

momento para a reflexão como também para entender o processo de ensino e aprendizagem e as

dificuldades presentes no contexto pós-industrial, onde os discentes necessitam compreender a

sociedade do conhecimento visando a formação pessoal, profissional e social. programa

oportuniza ao professor da rede pública do Estado do Paraná ser promovido para o nível III da

Carreira, conforme previsto no Plano de Carreira do Magistério Estadual, Lei Complementar nº.

103, de 15 de março de 2004.

Este artigo tem como propósito expor a realização de estudos envolvendo a teoria e a

prática no âmbito do Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande e com a parceria da

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Universidade Estadual de Londrina (UEL) e do ambiente MOODLE. Esta formação continuada

foi muito produtiva devido à mediação da professora doutora Monica Selvatici, a participação de

docentes envolvidos no Grupo de Trabalho em Rede, pessoas da comunidade, professores do

Colégio e dos discentes como participantes ativos, com o intuito especial de construir o

conhecimento. Com efeito, os alunos tiveram uma efetiva participação na implementação do

plano de estudo que proporcionou a reconstrução da história e memória do Castelo Eldorado com

a elaboração de narrativas históricas utilizando a história oral como metodologia de pesquisa-

ensino.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. História oral como fonte para a pesquisa na busca do conhecimento.

O objetivo deste artigo é a reconstrução da História Local, visando o patrimônio histórico

do Castelo Eldorado, de Marilândia do Sul, Estado do Paraná. Para isso nos utilizaremos da

História Oral no desenvolvimento do mesmo, como nossa metodologia de trabalho, e a partir de

então, estaremos promovendo o encontro da oralidade e da escrita, que nos possibilita valorizar a

memória e o conhecimento coletivo.

Sendo assim, é possível a busca por reconstruir a história e a memória ligada ao Castelo

Eldorado. Surge, então, o seguinte problema de pesquisa, proposto para a investigação no

presente estudo: como a história oral, a partir de uma perspectiva mais próxima dos alunos, pode

ser utilizada no ensino de História?

Nos dias de hoje, temos por parte de autores e pesquisadores no campo da História

discussões e reflexões sobre a urgência das análises do conhecimento, que investigam as relações

sociais e a oportunidade de participação do sujeito, onde a oralidade pode proporcionar a

reconstrução da narrativa histórica. Este interesse nas narrativas orais dos sujeitos históricos

coincide com a crescente visibilidade que o indivíduo recebeu desde meados do século XVIII.

(ARFUCH, 2002)

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Atualmente, em grande parte das Universidades, no espaço acadêmico crescem as

produções que utilizam a história oral como método e forma diferenciada de fonte histórica,

assim sendo acolhida com inquietação e entusiasmo. Conforme a visão de historiadores do século

XIX, alguns questionam que a fonte oral, por ser uma fonte que depende da memória, não

expressa a veracidade do documento escrito dos fatos, porém outros historiadores da

modernidade têm a compreensão das fontes orais como oportunidades de reconstruir a história

com a participação das testemunhas que vivenciaram este passado. Sendo assim, podemos contar

com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, como uma nova forma de

entendimento social: a consideração do homem em todos os seus aspectos, como agente de sua

própria história.

Segundo Le Goff (2003), “pela memória temos a propriedade de conservar certas

informações que, por nos remeter a um conjunto de funções psíquicas, permite-nos atualizar

impressões e informações passadas ou que representamos como passadas”. (LE GOFF, 2003, p.

419) A atitude de recordar requer um procedimento narrativo, refere-se à “[...] comunicação a

outrem de uma informação, na ausência do acontecimento ou do objeto que constitui o seu

motivo”. (LE GOFF, 2003, p. 421)

Não são poucas as possibilidades transdisciplinares que a história oral proporciona,

favorecendo a integração de outras áreas do saber que compõem as diretrizes curriculares e

fazendo parte do projeto político-pedagógico da escola. Ademais, a oralidade torna-se

determinante no recurso metodológico de ensino como transmissão de informações das

experiências sociais, excedendo as imperfeições das falhas dos documentos oficiais,

compreendendo o seu processo e o direito de preservar a identidade, enfim desvendando as

entrelinhas da memória coletiva.

Conforme Lowenthal (1998) são três as respeitáveis origens de conhecimento sobre o

passado: a memória, que é introspectiva e inerente ao ser humano; a História que é contingente e

empiricamente verificável; e os fragmentos, que são construções realizadas pelo homem e que se

transformam em relíquias, resíduos, marcas, patrimônio. Na autenticidade, o verdadeiro homem,

sujeito que elabora o procedimento histórico, assim arquiteta as fontes e os documentos que

conduzirão e contribuirão para a concepção da História enquanto conhecimento.

A utilização da história oral como metodologia para registrar a história do Castelo

Eldorado representa uma forma de valorizar a memória e a recordação dos pioneiros como

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testemunhas que vivenciaram a temporalidade desse espaço em épocas anteriores. A memória

reserva resíduos dos tempos pretéritos, por isso os membros de cada geração herdam algo da

história, ainda que fragmentada, mantendo viva a recordação de acontecimentos notáveis.

Entende-se que as lembranças são instrumentos importantes para a reconstrução de fatos

ocorridos na sociedade. Podemos também considerar a memória como um instrumento de poder

político, como apresentou Gondar, “[...] todo poder político almeja controlar a memória,

escolhendo o que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido”. (GONDAR, 2003, p. 32)

A prática de contar histórias está presente desde a pré-história quando o homem ainda não

conhecia a escrita. A fala baseia-se em elemento fundamental para que os relatos orais – fonte de

saberes – ficassem gravados na memória das pessoas propagando, de geração em geração, as

crenças, magias, os valores e a tradição.

A metodologia segue baseada no depoimento oral como peça documental de um

determinado período histórico, valorizando a pesquisa qualitativa e a subjetividade presente nas

respostas coletadas. O método aplicado levará em consideração, sobretudo, o conjunto dos

depoimentos de valor histórico dos pioneiros entrevistados e pessoas que conhecem a história no

período da construção do Castelo Eldorado.

A importância de resgatar a memória está baseada no intuito de lutar em defesa da

identidade cultural de um país, ultrapassando as fronteiras entre a sala de aula e a história da

comunidade local. Ao buscar edificar esta memória histórica, procura-se redescobrir aspectos que

fazem parte da cultura viva engendrada pela comunidade (práticas, valores e ritos), que se

esgarçaram ao longo dos tempos. Este resgate não é impelido por um mero “dever de memória”,

mas por um desejo de abertura e de disponibilidade à transformação.

Todas estas preocupações estão presentes, sempre, no sentido de compreender um pouco

mais os significados subjetivos das experiências vividas e a natureza da memória individual e da

memória coletiva (THOMSON, 1997). Desta maneira, como tão bem resume esse mesmo autor,

“ao usarmos a história oral, como qualquer outro pesquisador que use o método histórico,

estamos tão interessados na natureza e nos processos de afloramento de lembranças quanto no

conteúdo das reminiscências que registramos”. (THOMSON, 1997, p. 54)

O fruto desse trabalho nos remete a uma clara noção de pertencimento ao local, o que

apresenta o começo de uma concepção de cidadania coerente e sensata. Desde já se acrescenta

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que a história e a memória do patrimônio constituído pelo Castelo Eldorado reflete a trajetória da

comunidade pioneira ainda existente na região.

No movimento dos Annales (Nova História), a abordagem histórica passa a redimensionar

conceitos, novos objetos, novos problemas e novos métodos. A partir desse movimento, a

pesquisa histórica passar a realizar estudos intensos e investigações aprofundadas, envolvendo

um universo maior de fontes. Nesse contexto, ganha expressão e relevo a história oral. “[...] mas

se a história onipresente põe em causa o social no seu todo, é sempre a partir deste movimento do

tempo. A História dialética da duração [...] é o estudo do social, de todo o social e, portanto, do

passado e, portanto, também do presente”. (MARTIN, 2000, p.131)

Avaliando a dimensão projetada pela história oral e sua fidedignidade, Thompson afirma

que: “[...] se as fontes orais podem de fato transmitir informações fidedignas, tratá-las

simplesmente como um documento a mais é ignorar o valor extraordinário que possuem como

testemunho subjetivo, falado”. (THOMPSON, 1992, p.29)

Justificamos, portanto, o uso da história oral por ser um método construído a partir da

problematização e da produção das narrativas históricas, que tem como objetivo contemplar a

diversidade de relatos feitos pelos pioneiros do município paranaense de Marilândia do Sul. No

conjunto, são sujeitos que testemunham o seu passado diante das representações da evolução

temporal de seu mundo, por meio da memória das pessoas, abrindo espaços e possibilidades para

a reflexão da história do seu lugar social.

Vê-se brotando de tal prática um sentimento de pertencimento e de identidade nas

pessoas, quando então nasce a certeza de que todos os homens são designados pela sua história de

existência, todos são indivíduos pertencentes a uma mesma história. Ora, isso equivale a

compreender que a história é feita por todos, e que todos – ao mesmo tempo – são filhos da

história, como pontuam as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008, p. 14): “[...] um

sujeito é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também,

um ser singular, que atua no mundo como o compreende e como dele lhe é possível participar”.

Defendemos a utilização da história oral como metodologia no ensino de história e,

também, como meio de valorização do aluno/cidadão enquanto sujeito-agente de sua própria

história.

Finalmente, compreendemos que o século XX trouxe uma grande mudança na

metodologia histórica, amparada especialmente pela Escola dos Annales. Novos temas, novas

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abordagens, novos métodos. No sustentáculo dessas mudanças, tem predominado concepção de

que a interdisciplinaridade e o diálogo autêntico com as demais disciplinas do conhecimento são

essenciais para que a História consiga dar conta dos eventos históricos em sua grandeza pluralista

e transformá-los assim em saberes racionais.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A importância da memória para a prática da história oral na contemporaneidade.

A literatura contemporânea afima que a identidade é um elo com a história passada e com

a memória do grupo, fortalecida através da memória, sendo que é esta última que mantém a

coesão do grupo. O sentimento de pertença dos membros do grupo produz relatos que

transformam a história oral em conhecimento e a legam para as novas gerações.

Desde o início da Idade Contemporânea a memória preserva um aspecto de reciprocidade

para com a história. Com a passagem do tempo, essa memória vai se estabelecer na história. De

acordo com alguns estudos, na passagem do século XIX para o XX, a memória libertou-se da

história e se transformou em matéria da literatura, da filosofia, da psicologia e da sociologia.

Hoje ainda se observa que os historiadores têm produzido poucas atividades de estudo e

investigação na área relacionada à questão da memória. (THOMPSON, 1992, p.123)

Além disso, é sabido que “a evidência oral, transformando os “objetos” de estudo em

“sujeitos”, contribui para uma história que não só é mais rica, mais viva e mais comovente, mas

também mais verdadeira.” (THOMPSON, 1992, p.137) O autor não defende com exclusividade a

metodologia, mas a necessidade de complementar as análises a partir da multiplicidade de

abordagens e metodologias.

Atualmente salienta-se que a memória é o encontro do passado no presente e expressa a

identidade cultural, a formação e a história de uma nação. A memória retrata a estrutura de

corporação de uma coletividade, sociedade, comunidade, cidade ou grupo social. É

imprescindível evidenciar que a memória em discussão é a memória coletiva, pois as pessoas não

podem ser avaliadas isoladamente. O povo não vive sozinho e a memória, ao ser ratificada,

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pertence a um grupo ou classe social. “A memória individual é parte constitutiva e inseparável da

memória coletiva.” (THOMPSON, 1992, p.124)

Como metodologia de pesquisa, a história oral visa conhecer e aprofundar aspectos sobre

determinada realidade como os padrões culturais e estruturais de uma sociedade, assim como

suas práticas rotineiras. Thompson afirma que a história oral é tão velha quanto a própria

História. Heródoto escutou testemunhas de sua época; Michelet recolheu depoimentos de pessoas

que vivenciaram a Revolução Francesa; Oscar Lewis, sobre a Revolução Mexicana; Ronald

Fraser, sobre a Guerra Civil Espanhola.

A partir do registro da memória viva, esse tipo de método permite uma abordagem mais

abrangente e dinâmica dos acontecimentos da história. De acordo com Meihy (2000),

História Oral é um conjunto de procedimentos que se iniciam com a elaboração de um projeto e que continuam com a definição de um grupo de pessoas (ou colônia) a serem entrevistadas, com o planejamento da condução das gravações, com a transcrição para o uso, arquivamento e, sempre que possível, com a publicação dos resultados que devem, em primeiro lugar, voltar ao grupo que gerou as entrevistas. (MEIHY, 2000, p.29)

Esta referência do autor caracteriza o compromisso político da metodologia mencionada.

Os procedimentos científicos são importantes, assim como retornar o resultado da investigação

ou da análise daí resultante ao grupo de entrevistados. Para o historiador Rüsen (2006, p.16) “a

aprendizagem histórica é uma das dimensões e manifestações da consciência histórica. Está

organizada da forma como o saber do passado é vivenciado e analisado de maneira a

proporcionar um entendimento do presente e elaborar um plano para amanhã”.

Tivemos a oportunidade de interagir com uma cursista da rede que também realizou

atividade utilizando a metodologia de história oral para resgatar a história do tropeirismo do

Paraná. Foi muito produtivo para a discussão no fórum. Entendemos que o uso da História Oral é

um instrumento pedagógico relevante de pesquisa.

Ora, ao se lembrar do passado, não se pode lembrar de um fato ou indivíduo isolado, pois

“[...] só temos a capacidade de nos lembrar quando nos colocamos no ponto de vista de um ou

mais grupos e nos situar novamente em uma ou mais correntes de pensamento coletivo”.

(HALBWACHS, 1990, p.36)

É fundamental entender que o conhecimento é coletivo em relação aos relatos e

depoimentos para reescrever a história com o procedimento da história oral. Dentro deste

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contexto, com a finalidade de usar a história oral como estratégia inovadora na metodologia de

pesquisa, trabalha-se com ênfase na história social construída de baixo para cima, valorizando a

história produzida através de conversas com pessoas, relatos orais, que ao evidenciarem suas

lembranças pessoais, compõem também uma concepção clara da dinâmica de atuação e das

diversas fases da vida do grupo social ao qual pertencem.

Nessa linha de entendimento, proporciona-se aos membros da sociedade muitas vezes

excluídos que tenham oportunidade de ser ouvidos e terem registradas as suas próprias

apreensões de valor histórico. De fato, a camada social que mantém a supremacia tem no registro

escrito sua referência primordial, a sua base para propagar a sua história, enquanto não se oferece

à classe não-hegemônica as mesmas oportunidades para aprimorar a habilidade da escrita e narrar

sua história cotidiana.

Investigar um método apropriado à Educação Básica representa sempre um desafio para

os professores, um problema a ser confrontado. Como superá-lo? De início faz sentido perguntar,

afinal, o que vem a ser um método. Esta palavra tem origem no idioma grego, significando o

caminho, ou ainda o esforço para atingir um fim, a investigação percorrida (LALANDE, 1999,

p.136).

Acredita-se que a esfera da memória através dos depoimentos orais e biográficos

contribuirá para o campo de análise histórica, ligando temporalidade e resgatando atores sociais

silenciados no mundo atual dos discentes, atribuindo-lhes a consciência dessas ações na

perspectiva local. O vídeo-história aparece nesse contexto com a particularidade da linguagem

documental e com foco na memória, buscando analisar o emprego de vídeos nas entrevistas de

história oral; propondo a reconstrução e a escrita da história; organizando as fontes orais e

visuais.

Usamos a história oral nesse estudo como uma das maneiras de reconstruir partes de uma

história local que não encontramos no livro didático e que os nossos alunos não tiveram a

oportunidades de conhecer, com a convicção de que a história oral relata fatos com o auxilio de

testemunhas do passado. Entendemos que essa metodologia de pesquisa é uma forma importante

para a reconstrução da narrativa histórica sobre o Castelo Eldorado, compreendendo que no

trabalho de pesquisa com a história oral sobressairão os relatos de fatos, isto é, trata-se de uma

maneira de coletar o conhecimento de fatos vividos em um determinado período da história deste

município.

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Temos a convicção de que a história oral proporciona condições de pesquisa no âmbito

local e conduz o professor a compreender o ensino da História e o seu valor, interagindo com a

História Geral. Nesse sentido é possível supor que

[...] a História Local propicia ao pesquisador uma idéia muito mais imediata do passado, permitindo que a memória nacional possa ser encontrada ou re-encontrada, ouvida, lida nas esquinas, nas ruas, nos bairros... Fazer história, e mais, fazer História Local, é estabelecer relações entre a Micro e a Macro-História; é privilegiar o particular, sem desprezar o geral, numa complementação entre ambas. (JUNGBLUT, 2008, p. 44)

O entendimento de História Oral segundo Thompson segue abaixo:

A história oral não é necessariamente um instrumento de mudança; isso depende do espírito com que seja utilizada. Não obstante, a história oral pode certamente ser um meio de transformar tanto o conteúdo quanto a finalidade da história. Pode ser utilizada para alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de investigação; pode derrubar barreiras que existam entre professores e alunos, entre gerações, entre instituições educacionais e o mundo exterior; e na produção da história – seja em livros, museus, rádio ou cinema – pode devolver às pessoas que fizeram e vivenciaram a história um lugar fundamental, mediante suas próprias palavras. (THOMPSON, 2002, p.22)

Os processos da História Oral possuem o alvo de unir o educador, discente e coletividade

como agentes da história na realização do saber histórico. Desse modo, professor e alunos

recebem uma atribuição específica, bem como se proporciona informação à própria sociedade

para estabelecer essa história numa conjuntura abrangente. Thompson (1992) complementa,

Nas escolas, têm sido desenvolvidos projetos sobre a história das famílias dos alunos, que oferecem um meio eficiente de vincular seu próprio ambiente a um passado mais amplo. A história da família possui outros méritos educacionais especiais. Contribui para uma abordagem centrada na criança, pois utiliza como base do projeto o conhecimento que a própria criança tem de sua família e de sua parentela e o acesso que tem a fotografias, velhas cartas e documentos, recortes de jornais e recordações. (THOMPSON, 1992, p.30)

Através da História Oral o aluno passa a perceber que a história não é alguma coisa

imprecisa e informe sem motivação, mas, sim, é realizada por personagens com aspectos,

afeições e desejos. Nesta perspectiva, Thompson garante que “[...] pelo sentimento de descoberta

nas entrevistas, o meio ambiente imediato também adquire uma dimensão histórica viva: uma

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percepção viva do passado, o qual não é apenas conhecido, mas sentido pessoalmente”.

(THOMPSON, 2002, p.30)

Entendemos que a História Oral, conforme Thompson (2002), é uma história formada em

torno de indivíduos que contribuem com seus depoimentos para uma construção mais precisa e

completa da história. Uma sugestão que permite que agentes nasçam não só entre os dirigentes,

mas entre a generalidade das pessoas anônimas, que acabam a ser aceitas como elementos da

história. Assim sendo, a historicidade passa a ser desvendada através da visão dos homens e

mulheres simples.

Assim as atitudes benéficas da História Oral apresentadas por Thompson (1992) são as

presenças de entusiasmo entre docentes e alunos no cotidiano da atividade tornando-os

acompanhantes da ação, disponibilizando instrumentos para uma mudança básica do ângulo

coletivo da reconstrução de narrativas históricas. É de grande importância recordar que

Thompson (1992) observa que as interlocuções fundamentais entre os indivíduos não se realizam

através da escrita, porém oralmente, em convívio direto ou por telefone. (THOMPSON, 1992,

p.164)

Sabendo-se que o conhecimento se dá por princípios da comunicação e da informação, os

alunos do segundo ano do ensino médio, do Colégio Estadual de Marilândia do Sul, aplicarão os

processos da História Oral em uma pesquisa qualitativa com o uso de roteiro de entrevista aberta

e semi-aberta, preparadas conjuntamente com a docente em grupos no âmbito escolar. A

entrevista será com os pioneiros e pessoas que viveram no município na época do apogeu do

Castelo Eldorado, a qual deverá ser transcrita. A seguir, os alunos deverão elaborar narrativas

históricas sobre o local estudado, com a mediação do professor com o objetivo de reconstruir a

memória desse patrimônio histórico, que os jovens contemporâneos não conhecem.

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4. A MEMÓRIA E A RECONSTRUÇÃO COLETIVA DA HISTÓRIA LOCAL

Existe a necessidade de transmitir aos alunos o valor da memória social como patrimônio

da sociedade, reconstruindo a mesma nos setores e classes sociais de forma efetiva, observando

que a memória vem sendo desprezada e que a uma parte do povo tem sido obstaculizado o direito

à memória.

Assim, afirma Le Goff, “[...] a memória é um elemento essencial do que se costuma

chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos

indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia”. (LE GOFF, 2003, p.469)

Salientamos que a memória coletiva continua evidente no duelo das forças sociais pelo

domínio. As preocupações das classes, dos grupos e das pessoas que controlaram e controlam as

comunidades históricas não devem se transformar em ser supremo da memória e do abandono.

Segundo Le Goff (2003, p.422), “[...] os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores

destes mecanismos de manipulação da memória coletiva.”

Com a reconstrução da memória de identidades sociais, dos grupos com suas tradições,

elaboram a sua memória, propiciando constante re-preparação e mudança do saber histórico. Isto

é, a identidade cultural do universo ocorre com a memória individual ou coletiva. É a memória

que processa a ação dos homens viabilizando o elo entre o legado de gerações e o tempo histórico

nesse procedimento de percurso.

Ainda podemos mencionar a colocação de Fernandes (2006), “[...] o direito à memória

como direito de cidadania indica que todos devem ter acesso aos bens materiais e imateriais que

representem o seu passado, a sua tradição, enfim, a sua história.” (FERNANDES, 2006, p.138)

Entendemos que o autor destaca que aceitação à memória pode expressar o acolhimento

da força política executada por vários grupos sociais, como maneira de conservar as suas

identidades e a formação de modelos apropriados. Entretanto a recuperação da memória permite

aos integrantes dos movimentos sociais apropriarem-se de seu direito à cidadania e como meio de

reconstruir sua autoconfiança. É sinalizar que o espaço e suportes da memória, como museus,

monumentos históricos, arquivos, bibliotecas, são meios fundamentais no procedimento de

aprendizagem com o objetivo de promover a compreensão do aluno sobre a importância da

permanência dos bens culturais.

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Se não evitarmos o aniquilamento das áreas da memória, o que permanecerá será a força

econômica das classes dominantes elaborando ou resolvendo ter como emblema da memória as

elites sociais. Isto é, a recordação oficial, a recordação da autoridade, contrariando a concepção

de uma memória diversificada, cidadã, com a possibilidade de conceber uma identidade cultural

para todos os homens que buscam a autonomia e uma efetiva cidadania.

A prática de uma educação com ênfase no valor do patrimônio cultural deve ter como

meta conservar a consciência da memória histórica. Bittencourt (2005), historiadora e

pesquisadora sobre o ensino e aprendizagem de História, afirma que:

O compromisso do setor educacional articula-se a uma educação patrimonial para as atuais e futuras gerações, centrada no pluralismo cultural. Educação que não visa apenas evocar fatos históricos ‘notáveis’, de consagração de determinados valores de setores sociais privilegiados, mas também concorrer para a rememoração e preservação daquilo que tem significado para as diversas comunidades locais, regionais e de caráter nacional. (BITTENCOURT, 2005, p.278)

Também temos que ressaltar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) –

Lei 9394/96 –, que enfatiza a necessidade de se observar as características regionais e locais da

sociedade e da cultura. Assim, a referida lei oferece campo para a inserção do ensino de História

Local e propõe que o ensino de História do Brasil contemple as várias etnias e culturas na

composição da sociedade brasileira.

Em seu livro A Era dos Extremos: o breve século XX, Hobsbawm (2006, p.123) alerta

para a ameaça da perda de referências históricas por parte dos jovens e para a destruição do

passado. Apesar de neoliberalistas e pós-modernistas anunciarem o término da História, é cada

vez mais necessária a busca da afirmação da identidade nacional, a valorização das culturas

regionais e das identidades étnico-culturais que, em meio ao processo de globalização, carecem

encontrar espaço para a defesa de seu direito à diferença e ao passado.

Schmidt e Cainelli afirmam que

O contato com as fontes históricas facilita a familiarização do aluno com formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-o a associar o conceito histórico à análise que o origina e fortalecendo sua capacidade de raciocinar baseado em uma situação dada. (SCHMIDT; CAINELLI, 2006, p. 94)

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Todavia, a atividade realizada com o documento histórico em sala de aula exige que o

educador aumente a sua compreensão e a prática com documento, sem priorizar o documento

escrito. Isto é, apresentando ao discente o entendimento de documentos iconográficos, fontes

orais, testemunhos da história local, além das linguagens contemporâneas, como cinema, artes

plásticas, a música, a fotografia, a televisão e a informática. O educador deve articular a

aprendizagem histórica formando a habilidade dos alunos para se encaminharem na vida e

estabelecerem uma personalidade definida.

4.1. História oral como instrumento de ensino e aprendizagem.

Diante deste contexto, podemos compreender a utilidade da história oral como uso de

pesquisa através das fontes orais, um recurso pós-moderno por sua essência e plasticidade,

utilizando as entrevistas e depoimentos. Assim contamos com uma investigação com foco na

memória e lembranças de pessoas viventes sobre o seu passado histórico.

Nesse sentido, afirma Thompson:

A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimulam professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Ajuda os menos privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar dignidade e autoconfiança. Propicia o contato – e, pois, a compreensão – entre classes sociais e entre gerações. E para cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a determinado lugar e a determinada época. Em suma, contribui para formar seres humanos mais completos. Paralelamente, a história oral propõe um desafio aos mitos consagrados da história, ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece os meios para uma transformação radical no sentido social da história. (THOMPSON, 1992, p.44)

Portanto, podemos superar as dificuldades para trabalhar a história social, que se encontra

correlacionada com a Escola dos Annales com seus vários conceitos. Reportar a ação dos

Annales é fundamental como uma característica, efetiva ou alegórica, para a composição de uma

nova história, onde se inclui a história social, como aspecto necessário à historiografia.

16

Em vista deste conjunto de procedimentos, pode-se aventurar uma definição de História Oral como um conjunto de procedimentos que vão desde o planejamento do projeto, a definição da colônia [“um grupo amplo que tenha uma ‘comunidade de destino’], a eleição das redes [subdivisões significativas da “colônia”], o estabelecimento de uma pergunta de corte [um dilema comum, importante e explicativo da experiência coletiva, um recurso básico de unidade dos depoimentos, questão que deve estar presente em todas as entrevistas], a elaboração das entrevistas, a feitura dos textos e a devida guarda, a conferência e a devolução do documento à comunidade que o gerou. No caso de caber análises dependerão do término da fase anterior. (MEIHY, 1996, p. 54)

Diante de tal processo, o conjunto dos trabalhos de entrevistas inclui alunos e professor,

este tendo a postura de mediador na condução da atividade, com presença atuante na pesquisa,

organização do projeto, realização e transcrição das entrevistas, finalizando com uma

interpretação do material produzido para narrativa de textos históricos. Com a intervenção

direcionada se acredita que a história oral seja realmente uma estratégia para o ensino de História,

proporcionando a maneira ideal de uma construção científica de saberes históricos no âmbito da

escola.

Pois, com a “transformação” das narrativas sobre a história contada em documentos

históricos é fundamental entender as experiências e as memórias mencionadas, considerando a

subjetividade na pesquisa. Dessa forma, alguns autores argumentam que:

Nossos primeiros e, um tanto ingênuos, debates metodológicos e nosso entusiasmo pelos depoimentos a cerca "do que realmente aconteceu" amadureceram, dando lugar a um entendimento comum das questões técnicas e humanas fundamentais de nossa profissão e o que é igualmente importante, a uma percepção muito mais apurada de como cada história de vida interliga inextricavelmente evidências tanto objetivas quanto subjetivas, que são diferentes, mas igualmente importantes. (THOMSON; FRISCH; HAMILTON, 2001, p. 69)

Na prática a vivência adquiriu um valor, além de ser uma afirmação do passado, a

reconstrução da história se dá agora através de narrativas anotadas. De fato, os indivíduos podem,

ao falar de suas experiências, narrar uma interpretação do passado e refletir uma vivência, a partir

das ansiedades e angústias do mundo atual. Assim, constatamos que a história oral produz

narrativas sobre o passado e também um diálogo com o objetivo da compreensão das conjunturas

do momento atual.

17

A nova perspectiva de produção de conhecimento nasce da criação de narrativas com

interpretações, resultado do material adquirido de uma conversação, uma ação em conjunto,

através de gravação, filmagem, registros escritos. A narrativa é constituída por condições da fala,

a partir das palavras utilizadas; conforme a posição social, a mediação intersubjetiva determinada

entre as pessoas, personagem que constitui a narrativa. De acordo com Benjamin (1994, p. 198),

“[...] entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais

contadas pelos inúmeros narradores anônimos”.

Sabemos que nas sociedades primitivas, os contadores de histórias eram muito

considerados, pois se declaravam como conhecedores da memória da sociedade. Um bom

exemplo deles são os intérpretes dos jograis no período medieval.

O filósofo e historiador francês Michael Foucault (1961) em sua obra Razão e Loucura, já

contestava o documento como mera transparência da realidade, reflexo do real, ou meio de

acesso direto a acontecimentos e personagens do passado. O trabalho de história oral em construir

o texto em reciprocidade com as mudanças vivenciadas pelos homens é de grande importância

como fonte e metodologia histórica.

Verifica-se que Ferreira (1996) exalta a diferença entre História e Memória, evidenciando

a História como uma área profissional institucional que tem convicções e maneiras de atuação,

germinando um conhecimento elaborado a partir da observação, de vários processos e normas.

Assim, apesar da diferença, não existe divergência ou atrito entre memória e história

(FERREIRA, 1996, p.35). Porém, a memória estipula várias instigações sobre o papel da história,

assim como a história também pode colaborar com a memória: “[...] em regiões de conflitos

étnicos, onde a memória coletiva é muito agressiva e associada a guerras, a história pode produzir

uma reflexão mais crítica e mais comprometida com a objetividade”. (FERREIRA, 1996, p.18)

A partir da leitura destes teóricos percebemos claramente a importância da metodologia

da História Oral, que vem se instituindo como um essencial método de pesquisa científica,

principalmente na área de História, que possibilita o favorecimento de estudos diversificados

sobre as atividades dos homens contemporâneos na busca por reconstruir a sua história. Sendo

assim, Chartier (1996) discute a visão do historiador modernista e reforça esta posição quando

afirma que a proximidade, longe de ser um inconveniente, permite um melhor entendimento da

realidade estudada.

Nesse sentido, ele constata que

18

[...] o historiador do tempo presente é contemporâneo de seu objeto e, portanto, partilha com aqueles cuja história ele narra as mesmas categorias essenciais, as mesmas referências fundamentais. Ele é, pois, o único que pode superar a descontinuidade fundamental que costuma existir entre o aparato intelectual, afetivo e psíquico do historiador e o dos homens e mulheres cuja história ele escreve. Para o historiador do tempo presente, parece infinitamente menor a distância entre a compreensão que ele tem de si mesmo e a dos atores históricos, modestos ou ilustres, cujas maneiras de sentir e de pensar ele reconstrói. (CHARTIER, 1996, p.216)

Portanto, a estratégia de uso da história oral como metodologia está inserida na formação

contemporânea e proporcionando eficácia no ensino de História como forma de auxiliar a

aprendizagem dos alunos e a expansão da consciência abstrata e da organização do conhecimento

elaborado.

5. PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

A área da história oral se caracteriza pela interdisciplinaridade e pela abertura a novas

possibilidades de escrita da história. Assim, consideramos uma oportunidade ideal para a

produção, reconstrução e promoção das execuções das narrativas historiográficas. O presente

trabalho enfatiza as possibilidades transdisciplinares que a metodologia da história oral

proporciona, favorecendo a integração de outras áreas de saberes que compõem as diretrizes

curriculares e que fazem parte do projeto político-pedagógico da escola. Com efeito, a história-

memória do patrimônio Castelo Eldorado reflete a trajetória da comunidade pioneira ainda

existente. Dessa forma, todos são indivíduos da própria história; isso equivale a compreender que

a história é feita por todos.

Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008, p.14), é possível

compreender que: “[...] um sujeito é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que

está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo como o compreende e como

dele lhe é possível participar”.

A oralidade torna-se determinante no recurso metodológico de ensino como transmissão

de informações das experiências sociais, excedendo as imperfeições das falhas dos documentos

19

oficiais, compreendendo o seu processo e o direito de preservar a identidade, desvendando as

entrelinhas da memória coletiva.

Saramago (2006), nesse sentido, escreveu: “do novelo emaranhado da memória, da

escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me parece solto. Devagar o liberto, de medo que se

desfaça entre os dedos.” (SARAMAGO, 2006, p.75)

Acredita-se que a esfera da memória através dos depoimentos orais e biográficos

contribuirá para o campo de análise histórica, ligando temporalidade e resgatando atores sociais

silenciados no mundo atual dos discentes, atribuindo-lhes a consciência dessas ações na

perspectiva local. O vídeo-história aparece nesse contexto com a particularidade da linguagem

documental e com foco na memória, buscando analisar o emprego de vídeos nas entrevistas de

história oral; propondo a reconstrução e a escrita da história; organizando as fontes orais e

visuais.

Contamos ainda com o trabalho interdisciplinar com as disciplinas de língua portuguesa,

artes, geografia, disciplinas do magistério e outras. Percebemos, atualmente, a presença da força

econômica que, apesar de não coibir a força de trabalho de poucos privilegiados, os mantém

subordinados aos princípios determinados pelos sistemas econômico e social. Alicerça a

dominação do capital e o alcance limitado de bens, evidenciando que nas sociedades poucos são

os que possuem o capital. Mesmo assim, são contínuas as transformações básicas para ajustar aos

procedimentos de ensino-aprendizagem a situação real do mundo. Neste sentido, o objetivo deste

artigo está em propor uma metodologia de pesquisa procurando superar as dificuldades de ensino

e encontrar vias favoráveis para resolver tais problemas na contemporaneidade.

Para tanto, é necessário uma prática dinâmica introduzindo a história oral com o propósito

interdisciplinar num enfoque problematizador no trabalho de reconstrução da história local. Ao

mesmo tempo busca-se promover um trabalho coletivo com o fazer criativo, situando os alunos

no seu contexto histórico, os inserido na pesquisa de modo ativo, transformando a forma de

aprendizagem e não apenas reproduzindo o discurso do docente.

Assim para nós, educar é conduzir a um lugar do saber e a aquisição de valores em nossas

vidas como fim de um processo de operações mentais que começa pela leitura intrínseca e com a

pesquisa em ação (NOSELLA, 2008, p.18). Avaliando que esta é a definição de educação que

impera na pós-modernidade, entendemos a educação como formação do ser humano na

construção de valores, crenças, mentalidades, costumes e práticas. Nesta perspectiva, podemos

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mencionar como recurso de ensino a metodologia história oral para a aprendizagem de História, e

temos como recurso favorável o uso das tecnologias (gravador, filmadora, TV pen-drive,

multimídia, máquina fotográfica, recursos audiovisuais, internet, laboratório de informática).

Essas são ferramentas com as quais temos o intuito de estimular o trabalho de pesquisa e

valorizar as capacidades cognitivas individuais, valores pessoais e as habilidades para facilitar a

atividade em equipe. Talvez seja necessária uma postura coletiva na construção da investigação

do objeto de estudo que os alunos saibam analisar, com apreciações construtivas, as informações

para a elaboração do saber. No entanto, é necessário instruir o “[...] conhecimento como um todo

complexo” (MORIN, 2000, p.15), criando a partir de complexas interações do sujeito com outros

sujeitos e com o meio, e considerando as especialidades de cada aluno.

Assim, contamos com as novas tecnologias e a história oral a serem incorporadas ao saber

do professor, transformando a ação tradicional em um trabalho de constante ação de pesquisa

voltado para o desenvolvimento social. Portanto, nos tempos atuais, necessitamos formar pessoas

com novas competências, capazes de gerenciar informações e trabalhar em grupo e utilizar a

tecnologia em situações oportunas de aprendizagem, conhecendo e vivenciando-a na busca da

pesquisa com o intuito de ser um profissional eficiente no mundo do trabalho.

6. CONTEXTUALIZAÇÃO

6.1. Das transcrições, depoimentos e entrevistas ao discurso escrito.

A história oral nos proporciona compreender a oralidade como importante recurso de

transmissão de informações através das experiências e memória das pessoas que viveram no

espaço social pertencente ao Castelo Eldorado. Assim sendo, com a prática da História oral

vamos vencer as omissões dos espaços vazios dos documentos oficiais. Para Portelli (1997, p.26)

“o aprofundamento teórico e metodológico, passa a penetrar no íntimo da história oral de forma

mais envolvente e subjetiva”.

O grande desafio é manter na transcrição das entrevistas e depoimentos orais a fidelidade

e a forma legível dos relatos dos depoentes. Todo o trabalho articula o uso das fontes orais, uma

viagem no tempo que remete à afirmativa de Seixas (2000, p.123) sobre o tempo e a memória e

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“[...] sobre o caráter de descontinuidade que a singulariza e sobre a função aí escrita de

atualização das experiências outrora vividas”.

A memória é dialética com movimento no tempo e espaço, com lembranças que

despertam outras lembranças. Ainda, citamos Halbwachs (1990, p.32), para quem “[...] a

memória é resultado do movimento do sujeito no ato da memorização, como também é ação dos

diversos grupos sociais em suas histórias, o passado e presente”. Thompson (1992), no seu estudo

sobre mudanças nos significados e vigor de costumes e tradições populares no processo de

constituição dos sujeitos sociais, reconhece a impossibilidade de uma pura volta ao passado e de

aproveitar algumas indicações do futuro. (THOMPSON, 1992, p.158)

Com a participação da comunidade pioneira trazendo o conhecimento presente e passado

relativo ao Castelo Eldorado, pretende-se reconstruir uma narrativa histórica sobre este local.

Estamos cientes do trabalho significativo com a interação dos alunos e da comunidade, utilizando

como instrumento metodológico a história oral, proporcionando a oportunidade e a habilidade de

ouvir a história contada, com o objetivo de reconstruir uma narrativa histórica da região que não

encontramos escrita nos manuais didáticos.

Compreende-se que o conhecimento histórico é produzido com base no método da

problematização de distintas fontes documentais e textos historiográficos, a partir dos quais o

pesquisador produz a narrativa historiográfica. Dessa forma se tornam possíveis as comparações

entre passado e presente, com referência a uma diversidade de períodos, culturas e contextos

sócio-históricos. Entende-se que a História é tanto um estudo da continuidade como da mudança

e da simultaneidade. Um acontecimento histórico pode responder a uma multiplicidade de

fatores.

Nesse sentido, é necessário identificar os sujeitos que viveram no passado e perceber que

as suas opiniões, atitudes, culturas e perspectivas temporais são diferentes das nossas. Explicitar

o respeito à diversidade étnico-racial, religiosa, social e econômica, a partir do conhecimento dos

processos históricos. Compreender a História como experiência social de sujeitos que constroem

e participam do processo histórico. (SCHMIDT; CAINELLI apud PLUCKAROSE, 1996, p.125)

Apesar de estarmos vivenciando o século XXI, não podemos esquecer as grandes

evoluções marcadas pela raça humana no século passado, as apreciáveis transformações que

ficaram na expectativa do término do milênio. Hobsbawm (1995, p.29), ao analisar o século XX,

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aponta que nos seus últimos cinquenta anos a humanidade viu emergir em seu convívio mais

inovações do que em todo o resto da sua história.

Para nós que estamos voltados a analisar a relevância da história local, percebemos que

ela conduz o professor para uma atual compreensão, uma concepção diversa para o ensino da

História. É necessário compreender o seu valor, onde ela agiu e seu elo com a história geral. A

História local está voltada ao seu verdadeiro sentido. Sendo assim, nos fundamentamos em

Jungblut (2008), com a citação a seguir:

[...] a História Local propicia ao pesquisador uma idéia muito mais imediata do passado, permitindo que a memória nacional possa ser encontrada ou re-encontrada, ouvida, lida nas esquinas, nas ruas, nos bairros... Fazer história, e mais fazer História Local é estabelecer relações entre a Micro e a Macro-História; é privilegiar o particular, sem desprezar o geral, numa complementação entre ambas. (JUNGBLUT, 2008, p.44)

A História local faz parte da micro-história, que nos permite analisar um local, um bairro,

uma cidade, um parque de diversão, etc. Autores formalmente classificados como protagonistas

da micro-história – Carlo Ginzburg, Giovanni Levi e tantos outros –, no papel de críticos dessas

proposições, tornaram-se interlocutores privilegiados e esclarecedores dos sintomas

historiográficos associados à problematização do micro como locus fundador de uma narrativa

histórica.

A partir desta concepção o autor argumenta “[...] que a História Local deve enfatizar a

existência de uma multiplicidade de tempos históricos que convivem concomitantemente na

realidade de um mesmo país – ou de uma região” (JUNGBLUT, 2008, p.42). É nesse processo

que se aproximam a vivência de indivíduos do grupo com particularidades e comunidades

anônimas, empregador e operários, alto escalão da sociedade, classe média, pobres e todos,

analisados por um ângulo diverso daquele da história tradicional.

O personagem que escreve a história objetiva e narrativa busca novas concepções, muitas

vezes mudando a sua linha de pensamento para praticar uma história subjetiva e crítica, que vem

questionar o que a história tradicional. Isto fica claro na citação a seguir:

É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem

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intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. (FREIRE apud MENDES, 2008, p.238)

Nesse contexto, a História Local enobrece a história nacional com acontecimentos

menores, que passam a ser inquietação dos historiadores formando uma rede com as muitas

histórias locais e construindo uma história geral mais completa e abrangente. De acordo com o

historiador Sprícigo:

A busca pela compreensão de tais acontecimentos torna-se possível quando se faz um grande exercício de análise e reflexão, se juntam as peças de um grande quebra-cabeça, se tenta construir uma imagem mais próxima daquela que esteve presente num dado momento e espaço, sem a pretensão de querer uma história única e mais verdadeira que as demais apresentadas. (SPRÍCIGO, 2007, p. 36)

O surgimento desta nova corrente historiográfica proporciona condições que ajudam a

uma melhor compreensão dos fatos ocorridos, no ambiente local e nacional. Recompor a história

de um local é uma atividade árdua, estimula uma soma de poder no imaginário individual e

coletivo dos participantes. A história não existe apenas nos livros, ela é real e viva. O objetivo do

nosso artigo é convidar as pessoas que conhecem a história do Castelo Eldorado, que viveram no

tempo de sua construção e relatar esses fatos para que o aluno de um tempo diferente tenha

oportunidade de conhecer a sua história local. Nesse sentido, afirma Bittencourt:

A história local tem sido elaborada por historiadores de diferentes tipos. Políticos ou intelectuais de diversas proveniências têm-se dedicado a escrever histórias locais com objetivos distintos e tais autores geralmente são criadores de memórias mais do que efetivamente de história. A memória é, sem dúvida, aspecto relevante na configuração de uma história local tanto para historiadores como para o ensino. (BITTENCOURT, 2001, p.68)

A argumentação da autora chama atenção para a importância da história local na

concepção de vários estudiosos ou escritores sociais que buscam elaborar uma história com

diferentes entusiasmos. Autores que produzem e reproduzem memórias designando as

capacidades históricas da vida e das historicidades de cidades, bairros, vilas e antigos espaços que

contêm história, afetos e lembranças dos indivíduos que nesse lugar experimentaram muitos

conhecimentos na caminhada de suas vivências.

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Diante do que já apresentamos, propomos o trabalho com a História Local

reportando a história do patrimônio do Castelo Eldorado e enfocando a coleta de dados como:

localização específica, data da construção e reformas; nome de pessoas e empresas envolvidas na

construção; razão da construção; função do edifício; descrição dos aspectos relativos ao exterior e

ao interior da construção; estilo arquitetônico; vitrais, inscrições e ornamentos; relação do

edifício como a história local, nacional e internacional.

Nesse contexto articulam-se os procedimentos metodológicos, tempo e espaço, e os

conteúdos estruturantes: relação de trabalho e relações culturais, também envolvendo pesquisa de

campo, investigação baseada em entrevistas com pessoas. No final dos trabalhos, visa-se preparar

um relatório, um painel e uma apresentação oral na semana cultural, em uma sala de memória

montada pelos próprios alunos.

6.2. Narrativas a partir de uma entrevista.

6.2.1. O Castelo Eldorado

O senhor Aníbal Kuss Soares, brasileiro, com 72 anos de idade, nos relata em uma

entrevista sobre a história que vivenciou no povoado de Eldorado na década de 1950. O depoente

nos afirma que o senhor Henrique Starke (construtor do Castelo) morava em Campo do Tenente,

próximo à cidade da Lapa, Paraná, onde possuía uma grande empresa de beneficiamento de

madeira, e que naquela região a madeira estava ficando escassa. Desta forma, o senhor Henrique

resolve migrar para a região que é atualmente Marilândia do Sul, adquirindo mais ou menos

5.000 alqueires de mata nativa para ser explorada, propriedade que nomeou Eldorado, devido à

riqueza das matas e a beleza da natureza, com a perspectiva de serrar a madeira, transferiu sua

propriedade industrial (serrarias) para esta região.

Com a vinda da família Starke para Eldorado, a notícia espalhou-se em Campo do

Tenente, mencionando as oportunidades de mão-de-obra para execução do trabalho no corte da

madeira e nas serrarias. Deste modo, na esperança de conseguir trabalho, a família do senhor

Aníbal Kuss Soares mudou-se para o Eldorado, ele nos conta que:

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comecei a trabaia (sic) na serraria no serviço de cortar a madeira, serviço duro, pesado, lidar com as torras de madeiras era muito difícil, porque ela era muito grossa... o trabaio (sic) do corte da madeira era feito com o traçador, machado ferramentas simples, sem nenhuma tecnologia. Para o transporte da madeira usamos caminhão pequeno e carro de boi, carroças com mulas... E a catraca era usada para realizar a carga de madeira. (SOARES, 2010)

Diz o senhor Aníbal que a madeira extraída era de várias espécies como: peroba, imbuia,

pinheiro (araucária), óleo pardo, cedro, canjerana, palmito e outras. A vegetação foi explorada

sem nenhuma preocupação com o reflorestamento, e levou a uma degradação da madeira da

região. Explica o senhor Aníbal que, para explorar a mata nativa, formou-se ao redor da região de

Eldorado um grande povoado, famílias como Kreger Phat, Soares e outras, que possuíam

experiências no trabalho do corte da madeira e no serviço das serrarias.

O depoente nos informa que o povoado era constituído por três serrarias, consideradas das

maiores dimensões na América Latina, duas fábricas que produziam caixa para embalar produtos

industrializados, eletrodomésticos, bebidas. Ainda nos conta que a madeira beneficiada, isto é,

depois de pronta para a venda, era transportada para São Paulo, Rio de Janeiro e também vendida

para a construção de Brasília. No povoado habitavam aproximadamente 1,3 mil pessoas, havia

hotel, restaurante, cinema, clube, igreja, escola, vários estabelecimentos comerciais, mas o

símbolo da riqueza e beleza era o Castelo.

O senhor Aníbal nos conta que a construção do Castelo durou aproximadamente dez anos,

devido à dificuldade de obter matérias de construção, pois eram importados de outros países da

Europa, haja vista que neste período acontecia a Segunda Guerra Mundial. Ele nos relata que o

Castelo foi construído sobre uma grande laje de pedra e que as perfurações através de brocas

eram realizadas manualmente ocasionando, assim, demora na edificação dessa gigantesca obra.

O Senhor Henrique Starke construiu o Castelo para sua moradia, pois era apaixonado por

castelos medievais, no Campo Tenente sua residência era um Castelo construído por seus pais. O

entrevistado lembra com muita tristeza de toda riqueza que existia na região de Eldorado, as

matas nativas, do povoado, do desenvolvimento comercial, onde criaram uma moeda própria, o

Boró. Com o desmatamento veio a decadência e o fim do povoado. Os moradores migraram e

levaram suas casas e foi o fim do povoado e o senhor Henrique vendeu o Castelo e mudou-se

para Londrina. Atualmente a atividade turística no Castelo se encontra praticamente desativada, e

o seu proprietário está muito doente, sem condições de movimentar as atividades que venham a

promover o Castelo como um dos pontos turísticos do Paraná.

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7. PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO CASTELO ELDORADO.

ATIVIDADES PROCEDIMENTOS PARTICIPAÇÃO PARTICIPANTE DO ESTUDO

1. História e Memória

Interpretação da tela do Artista Plástico Dali, tela de 1931, Persistência da Memória. Filme. “Memória e História” (Direção Paulo Baroukh. São Paulo: Fundação para o desenvolvimento da Educação, 1992. 19 min.).

Alunos do 2º ano Ensino Médio, Professora, comunidade escolar do Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande.

Alunos, Professora Regente, colaboradores da comunidade.

1. História oral, análise de um depoimento.

Entrevista realizada pela professora regente e discentes, filmagem, fotografia e narração escrita.

Dois grupos compostos por 10 alunos: entrevista, filmagem, fotografia e narração escrita.

Professora regente, morador do Patrimônio Eldorado década de 1930.

2. Investigação sobre o trabalho realizado nas serrarias em Eldorado. Laboratório de Informática.

História oral, a investigação foi realizada através das entrevistas e depoimentos das pessoas entrevistadas.

Grupo de 5 alunos, professora regente e o entrevistado.

Ex-morador do patrimônio Eldorado.

4. Interdisciplinaridade Leitura e interpretação do poema de Cecília Meireles, 1984.

Todos os alunos com a mediação das professoras regente e de língua portuguesa.

Comunidade escolar: Professora da Língua Portuguesa.

5. História Oral. Trabalho em grupo para a execução da pesquisa de campo qualitativa.

Leitura e interpretação do fragmento do texto Leitura e interpretação do fragmento de texto

O grupo de alunos envolvido no estudo e a ainda professora regente.

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presente no livro de SCHIMIDT, Maria Auxiliadora e CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

6. Estudo de fragmento de texto. Leitura e interpretação do fragmento do texto de THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. Entrevista.

Leitura e interpretação do fragmento do texto de THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral.

Toda classe de estudante envolvido na implementação do estudo.

7. Interagir com a tecnologia: assistir ao filme Narradores de Javé. (Direção Eliane Café. Distribuição: Vídeo Filmes, 2003, 100 min.).

O filme retrata a história de uma cidadezinha Javé, com temor da construção de uma usina hidrelétrica. A sociedade resolve escrever a história a partir da memória de seu povo, com o objetivo de defender a estabilidade do seu arraial.

Todos os alunos com a mediação da professora regente.

8. Com o conhecimento adquirido com a história oral sobre o Castelo Eldorado, e a pesquisa no laboratório de informática, resolva questões.

Pesquise sobre os castelos medievais e produza um texto narrativo.

Todos os alunos no âmbito da sala de aula e uso do laboratório de informática.

Técnico do laboratório de informática.

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9. Agora vamos analisar o nosso objeto de estudo, observe as fotos do Castelo Eldorado e descreva-o através da produção de texto narrativo.

Visita e produção de texto iconográfico.

Todos os alunos envolvidos na pesquisa qualitativa, desenvolvendo a atividade de transcrição do material colhido pela pesquisa oral.

Professores de História e de Língua Portuguesa com a correção e análise dos textos.

10. História em quadrinhos.

Trabalho interdisciplinar com as disciplinas: Arte, técnica da história em quadrinhos, língua portuguesa, emprego dos balões que indicam a fala, inglês tradução.

Todos os alunos e a professora regente.

Professora de Língua Portuguesa, Arte e Língua Inglesa.

11. Final das atividades:

Selecionar todas as fotos para montar o álbum e as gravações em CDs dos depoimentos e entrevistas para serem organizados em arquivos. As transcrições e a produção da narrativa final e todos os recursos elaborados com a pesquisa estarão na biblioteca do Colégio Estadual Padre Ângelo Casagrande para possíveis consultas.

Educandos e professora regente.

A comunidade escolar: professor de História, equipe técnica e professores da Língua Portuguesa.

12. Confraternização. É o momento de retornarmos ao nosso objeto de estudo, o Castelo Eldorado, e vivermos um momento de confraternização.

Alunos, professores, equipe técnica.

Inspetora do colégio.

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13. Visitas Como parte deste momento de confraternização incluir-se-á uma visita direcionada dos alunos ao Museu Histórico de Curitiba, um espaço rico em informações históricas, que certamente trarão enriquecimento à formação cultural dos estudantes.

Alunos envolvidos no estudo e professora regente

Professores, colaboração do professor doutorando da Universidade Federal do Paraná, Leandro Hecko como guia histórico.

14. Reconstrução da narrativa sobre a historiografia do Castelo Eldorado.

Após a transcrição das entrevistas, depoimentos, gravações, filmagens e fotos, professor e alunos elaboraram o texto sobre a história do Castelo Eldorado.

Alunos envolvidos no trabalho de pesquisa e ainda a professora regente.

Professoras da Língua Portuguesa, Magistério e Arte.

8. MODELO DO QUESTIONÁRIO

Nome:.............................................................Série:..................................................................... Com o objetivo de averiguar a qualidade e o desempenho do conhecimento obtido com a pesquisa qualitativa com o uso da historia oral, solicitamos aos alunos envolvidos no estudo que respondam as questões que abaixo anunciam:

1) Você conheceu o Castelo Eldorado através: a) da família b) da escola c) de amigos d) do estudo de pesquisa.

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2) Você conhece pessoas que viveram na década de 1930, no auge do Patrimônio Eldorado? a) sim b) não c) vou pesquisar na comunidade d) meu parente. 3) A utilidade da pesquisa qualitativa com o uso da historia oral foi importante por quê? a) Preparou os alunos para buscar o conhecimento. b) A história oral como ferramenta de pesquisa de campo para reconstrução da história local. c) As entrevistas como instrumento para a reconstrução da história do Castelo. d) Participação das pessoas para conhecermos a história do Castelo Eldorado. e) Participação, entrevistas, gravações e registros de fatos, o conhecimento foi significativo. 4) Qual a importância de conhecer a historia do Castelo Eldorado para a comunidade escolar? a) Faz parte da história do município. b) Os alunos desconheciam esta história. c) O Castelo não chama atenção da juventude atual. d) É um Castelo que está localizado no município, porém só estudamos os Castelos medievais. 5) Qual a visão da população em relação ao Castelo Eldorado. a) não tem conhecimento. b) Não freqüenta o local. c) Trata com indiferença. d) não sabem o valor histórico da memória desse patrimônio. 6) A história oral para a construção da historiografia e memória do Castelo Eldorado. a) O contato com as pessoas que sabem e relatam a história do Castelo Eldorado. b) As entrevistas, as transcrições, depoimentos e gravações. c) Buscar o conhecimento com o apoio das pessoas, como agente da história. d) A mediação das professoras através da pesquisa de campo qualitativa com o uso da história oral. 7) As ferramentas tecnológicas utilizadas durante a pesquisa-ação contribuíram para o desenvolvimento do trabalho? Por quê? a) Facilitaram o registro dos depoimentos, entrevistas. b) Não ajudaram em nada. c) Foram fundamentais para os registros das entrevistas. d) Possibilitaram as gravações, registros fotográficos, filmagem auxiliando as transcrições dos relatos, das entrevistas. 8) Quais foram os sentimentos dos colaboradores com seus depoimentos e entrevistas? a) Ficaram felizes em contar a história que fez parte de sua vida. b) Fazem parte da construção da história do Castelo Eldorado.

31

c) Fazem questão de relatar e mencionar com detalhes como era a comunidade Eldorado e a construção do Castelo. d) Sentem-se orgulhosos em fazer parte dessa pesquisa. 9) A metodologia utilizada pela professora – a história oral – ofereceu condições de realizar o trabalho com segurança? Por quê? a) Favoreceu a busca do conhecimento. b) A história oral proporcionou interação entre alunos e professora. c) A história oral possibilitou a participação dos alunos no campo de estudo como agentes da aprendizagem. d) Não auxiliou em nada. 10) Situação que mais desagradou no decorrer da ação de pesquisa? E a que mais lhe agradou? Comente. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 11) Participação dos alunos com os seguintes recursos na construção de uma história sobre o Castelo Eldorado.

a) Coletas de dados. b) Transcrições das informações. c) Análise de imagem. e) Produção de texto.

9. O PROCEDIMENTO

O questionário foi entregue aos discentes durante um tempo disponível na aula de História

para que todos tivessem oportunidade de participar da pesquisa. No desenvolvimento da pesquisa

percebem-se o domínio do assunto descrito e sensações de tranquilidade dos alunos ao referir ao

estudo de pesquisa, nota-se que os educandos, ao responderem os questionamentos,

demonstraram segurança e conhecimento sobre a implementação da Unidade Didática elaborada

pela professora regente e habilidade no uso da tecnologia, que foi uma grande aliada desse

trabalho de pesquisa.

Por essa razão, o questionário tem por base a história oral como estratégia de ensino

oportunizando a reconstrução da oralidade para a escrita através das transcrições e elaborações de

narrativas históricas. A oportunidade criada não é apenas a do domínio básico do conhecimento,

32

mas também aquela de disponibilizar mais uma ferramenta aliada ao trabalho docente, e poder

conta com pessoas da comunidade que conhecem a história local e têm satisfação de partilhar

esse conhecimento para a juventude estudantil.

10. ANÁLISES CORRESPONDENTES À PESQUISA

10.1 GENERALIDADE

Constatamos que 6% dos alunos tiveram oportunidade de conheceram o Castelo por meio

da família e 94% afirmam ter conhecido o Castelo através do estudo de pesquisa realizado com a

mediação da professora. Em relação ao conhecimento do Castelo Eldorado a pesquisa afima que

100% dos alunos entrevistados não conheciam e também não reconheciam a sua importância para

história local do Município. No entanto, 100% dos alunos se envolveram com a história,

obtiveram contato visual com o local, informações coletadas através de depoimentos, entrevistas

e relatos por meio da pesquisa.

Relatamos, ainda, que 48% dos alunos consideram que a história oral foi importante para

reconstruir a história local através das transcrições das entrevistas, depoimentos, relatos

oferecidos por pessoas da comunidade que se dispuseram a contribuir com a pesquisa. Verifica-

se, ainda, que 34% dos alunos consideraram a entrevista como instrumento fundamental na

operação da pesquisa, 6% mencionam a facilidade de armazenar informações a partir de relatos

dos pioneiros, 6% julgam de grande importância a utilização de entrevistas, gravações e registros

de fatos como contribuição para o conhecimento desse objeto de estudo e 6% apontam a coleta de

dados como meio de acrescentar informações para a pesquisa.

Em relação à importância de conhecer a história do Castelo Eldorado, 6% dos alunos

reconhecem que o Castelo faz parte da história do Município, 80% desconhecem a sua origem e o

valor social da época de 1930, 11% afirma que devemos conhecê-lo porque estudamos os

castelos medievais e 3% declara que o Castelo não faz parte da formação cultural da juventude.

Assim sendo, 8% dos alunos relatam que a população não tem conhecimento da história e da

propria existência do Castelo Eldorado, 6% declaram que o local não é frequentado por falta de

motivação de eventos que despertem interesse da comunidade, 6% reconhecem que, por falta de

33

divulgação, o local é tratado com indiferença, e 80% concluíram que isto traz como consequência

o desconhecimento da História e da memória do Castelo Eldorado.

No entanto, 14% dos alunos participantes definem que uma das fontes primordiais para a

pesquisa foi o contato com pessoas que vivenciaram o auge e a decadência do patrimônio

Eldorado, 14% justificam que as fontes que favoreceram a pequisa foram as entrevistas,

transcrições, depoimentos, gravações, filmagens e fotos, 6% recorreram à oralidade como fonte

de pesquisa e 66% reconhecem a importância do papel mediador da professora regente para a

realização do trabalho. Informamos que 8% dos alunos confirmaram que a tecnologia foi útil para

o registro da pesquisa, 3% declararam que ela em nada contribuiu, 23% reconheceram a

necessidade da tecnologia para armazenar informações e 66% a praticidade como meio para a

conclusão da pesquisa.

A pesquisa informou que 49% das pessoas colaboraram com os seus conhecimentos sobre

o Castelo. 14% foram de grande importância para coleta de dados para elaboração da

historiografia escrita pelos alunos, 8% aprimoraram a pesquisa fornecendo informações

detalhadas de fatos da época e 29% demonstraram-se orgulhosos com a oportunidade de se

tornarem membros da construção de uma narrativa escrita sobre o Castelo. Além disso, 31% dos

participantes da pesquisa afirmam que a metodologia da História Oral utilizada foi de grande

valia na coleta de informações para a conclusão do estudo, 40% atribuíram a interação entre os

colobadores, alunos e professora como consequencia do método utilizado que proporcionou

interesse ao grupo e condições para a reconstrução da história do Castelo Eldorado, 29%

reconhecem que a história descoberta através da oralidade trouxe conhecimento efetivo por

estimular à curiosidade em resgastar a memória local.

No entanto, o estudo feito em grupo traz como consequências situações a serem superadas

no percurso da atividade, principalmente, quando os conflitos têm como base a falta de estrutura

financeira, obrigando a comunidade escolar a superar diversas barreiras para a conclusão do

trabalho. De tais contratempos, 43% dos alunos reconheceram que as divergências de opiniões

foram fatores predominantes para amadurecer a organização das tarefas delegadas e, no aspecto

negativo, elas provocaram a falta de compromisso de alguns componentes do grupo; 28,5%

mencionam que a realização da meta a ser alcançada foi abalada em razão da falta de estrutura

financeira e 28,5% concordam com o fato de que a falta de verbas dificultou o desenvolvimento

do trabalho. Esses problemas só foram superados pelo esforço em comum de todos. É importante

34

colocar que essas estratégias de estudo foram o alicerce para a elaboração da narrativa histórica

proposta nessa pesquisa utilizando a história oral como fonte de trabalho.

Acreditamos que o estudo foi válido por proporcionar aprendizagem a partir de um

método interativo, permitindo a criação de um material didático para a rede Estadual. E, como

gratificação pelo esforço de todos, os integrantes foram agraciados com uma confraternização e

uma viagem visando o conhecimento cultural com a colaboração do Professor Doutorando

Leandro Hecko que recepcionou e orientou o passeio turístico na Capital do Estado, Curitiba,

onde os alunos puderam identificar o valor da memória através do passeio nos Museus

Paranaense e Oscar Niemeyer.

10.2. DIVULGAÇÃO DA CONCLUSÃO

Como se afirmou, utilizou-se o questionário semi-aberto em que as questões têm o alvo de

definir a qualidade e o desempenho do conhecimento obtido pelos alunos com a prática da

pesquisa qualitativa utilizando a história oral e como foco de estudo o monumento Castelo

Eldorado localizado no Município de Marilândia do Sul.

Registra-se, ainda, que o questionário demonstra a prática pedagógica do professor e os

recursos tecnológicos presentes no desenvolvimento do trabalho de pesquisa.

O questionário foi entregue aos alunos durante um tempo disponível na aula de História

para que todos tivessem oportunidade de participar da pesquisa. No desenvolvimento da pesquisa

percebem-se uma grande facilidade e domínio por parte dos alunos em responder todas as

questões solicitadas.

35

10.2.1 Conhecimento do Castelo Eldorado através da família e de estudos de pesquisas:

FAMÍLIA6%

ESTUDO DE

PESQUISA94%

O gráfico acima constata que 6% dos alunos conheceram o Castelo por meio da família e

94% afirma ter conhecido o Castelo através do estudo de pesquisa realizado com a mediação da

professora.

10.2.2 Você conhece pessoas que viveram no auge do desenvolvimento do Eldorado?

Não conheço, vou pesquisar

1100%

36

O gráfico acima representa que 100% dos alunos entrevistados não conheciam o objeto de

estudo Castelo Eldorado e também a sua importância para história local do Município. No

entanto, 100% dos alunos interagiram com a história, contato visual do local, informações

coletadas através de depoimentos, entrevistas e relatos por meio da pesquisa.

10.2.3 A implementação do material “unidade didática” foi fundamental para a

aprendizagem.

Ficou claro o estudo com a história oral

17 48%

A entrevista foi um instrumento fundamental

12 34%

Fonte de pesquisa

02 6%

Entrevistas, gravações e registros

02 6%

Informações 02 6%

A tabela acima demonstra que 48% dos alunos consideram que a história oral foi

importante para reconstruir a história local através das transcrições das entrevistas, depoimentos,

relatos oferecidos por pessoas da comunidade que se dispôs a contribuir com o estudo de

pesquisa.

Verifica-se ainda, que 34% dos alunos consideraram a entrevista como instrumento

fundamental na operação da pesquisa, 6% mencionam a facilidade de obter informações através

de relatos dos pioneiros, 6% julgam de grande importância a utilização de entrevistas, gravações

e registros de fatos como contribuição para o conhecimento desse objeto de estudo e 6% apontam

a coleta de dados como meio de acrescentar informações para a pesquisa.

37

10.2.4. A importância da história do Castelo Eldorado para a comunidade escolar:

Faz parte da história do Município.

02 6%

Os alunos desconheciam está história.

28 80%

É um Castelo que está localizado no Município, porém, estudamos os Castelos Medievais.

04 11%

O Castelo não chama atenção da juventude atual.

01 3%

Em relação à importância de se conhecer a história do Castelo Eldorado, 6% dos alunos

reconhecem que o Castelo faz parte da história do Município, 80% desconhecem a sua origem e o

valor social da época de 1930, 11% afirma que devemos conhecê-lo porque estudamos os

castelos medievais e 3% declara que o Castelo não faz parte da formação cultural da juventude.

10.2.5 O interesse da população local pela História do Castelo Eldorado na visão dos alunos

que fizeram parte da pesquisa:

Não tem conhecimento

03 8%

Não frequenta o local

02 6%

Trata com indiferença

02 6%

História e Memória sem

reconhecimento

28 80%

A tabela mostra que 8% dos alunos relatam que a população não tem conhecimento da

história e da propria existência do Castelo Eldorado, 6% declaram que o local não é frequentado

por falta de eventos que despertem o interesse da comunidade, 6% reconhecem que, por falta de

divulgação, o local é tratado com indiferença, e 80% concluíram que esta realidade traz como

consequência o desconhecimento da História e da memória do Castelo Eldorado.

38

10.2.6. Fontes de pesquisa:

Pessoas.14%

Entrevistas e

transcrições.

14%

História oral. 66%

Mediação da

professora regente.

6%

O gráfico acima demonstra que 14% dos alunos participantes definem que uma das fontes

primordiais para a pesquisa foi o contato com pessoas que vivenciaram o auge e a decadência do

patrimônio Eldorado, 14% justificam que as fontes que favoreceram a pequisa foram as

entrevistas, transcrições, depoimentos, gravações, filmagens e fotos, 66% recorreram à oralidade

como fonte de pesquisa e 66% reconhecem a importância do papel mediador da professora

regente para a realização do trabalho.

10.2.7. Ferramentas tecnológicas:

Facilitaram o registro dos depoimentos, entrevistas e

relatos.

03 8%

Não ajudaram em nada. 01 3% Foram fundamentais para

arquivar fontes para a pesquisa.

08 23%

Possibilitaram gravações, registros fotográficos,

filmagens.

23 66%

39

A tabela acima informa que 8% dos alunos confirmaram que a tecnologia foi útil para o

registro da pesquisa, 3% declararam que em nada atribuiu 23% reconheceram a necessidade da

tecnologia para armazenar informações e 66% a praticidade como meio para a conclusão da

pesquisa.

10.2.8 Colaboradores da pesquisa.

.Satisfação49%

Informaçã

. o14%

.Detalhes8%

-Orgulham.se29%

O gráfico demonstra que a pesquisa proporcionou a 49% dos colaboradores o

contentamento em expor os seus conhecimentos do tempo em que o Castelo era fonte de renda

através da extração da madeira, 14% foram de grande importância para a coleta de dados para a

elaboração da narrativa histórica escrita pelos alunos, 8% aprimoraram a pesquisa fornecendo

informações detalhadas de fatos da época e 29% demonstraram-se orgulhosos com a

oportunidade de se tornarem membros da construção do texto escrito sobre o Castelo.

40

10.2.9 Metodologia utilizada.

Busca de informaçõ

.es31%

Objetivo história

.oral40%

Agente deaprendiza

.gem29%

O gráfico demonstra que 31% dos participantes da pesquisa afirmam que a

metodologia da História Oral utilizada foi de grande valia na coleta de informações para a

conclusão do estudo, 40% atribuiu a interação entre os colaboradores, alunos e professora

como consequencia do método utilizado que proporcionou interesse ao grupo e condições para

reconstrução da história do Castelo Eldorado, 29% reconhecem que a história descoberta

através da oralidade trouxe conhecimento efetivo por estimular a curiosidade em resgastar a

memória do local.

10.2.10 Momentos agradáveis proporcionados pela pesquisa:

Conhecer a história do Castelo Eldorado.

35 100%

Visitas a Museus e passeios nos locais históricos da Cidade de Curitiba/PR.

35 100%

Montagem de CD e álbuns fotográficos.

35 100%

Confraternização com a comunidade escolar.

35 100%

41

A tabela acima traduz que todos os alunos apreciaram a confraternização e viagem à

Capital do Estado, Curitiba, visando o conhecimento cultural com a colaboração do Professor

Doutorando Leandro Hecko que recepcionou e orientou o passeio turístico.

10.2.11 Percursos desagradáveis durante o trabalho de pesquisa:

.Conflitos42%

Falta de.estrutura

29%

Precarieda de de

.verbas29%

O Gráfico acima demonstra que todo estudo feito em grupo traz como conseqüências

situações a serem superadas no percurso da atividade, principalmente, quando os conflitos têm

como base a falta de estrutura financeira, obrigando a comunidade escolar a superar diversas

barreiras para a conclusão do trabalho. De tais contratempos, 43% dos alunos reconheceram que

as divergências de opiniões foram fator predominante para amadurecer a organização das tarefas

delegadas e, no aspecto negativo, elas provocaram a falta de compromisso de alguns

componentes do grupo; 28,5% mencionam que a realização da meta a ser alcançada foi abalada

em razão da falta de estrutura financeira e 28,5% concordam com o fato de que a falta de verbas

dificultou o desenvolvimento do trabalho. Esses problemas só foram superados pelo esforço em

comum de todos.

42

10.2.12 Montagem da historiografia.

Coletas de dados. 35 100% Transcrições das

informações. 35 100%

Análise iconográfica de imagens.

35 100%

Produção de texto. 35 100% A tabela acima demonstra a importância dessas estratégias de estudos para a elaboração

da narrativa histórica proposta nessa pesquisa utilizando a história oral como fonte de trabalho.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo e a implementação do material didático produzido permitiram obter algumas

conclusões sobre as transformações que afluíram na forma dos discentes e professora regente se

correlacionar com o conhecimento histórico, e com a metodologia de trabalho com fontes orais,

resultando numa ênfase à produção de narrativas históricas pelos próprios alunos. Concluímos

que, do ponto de vista metodológico, o estudo levou em consideração a necessidade de

participação de educadores e discentes como sujeitos capazes de atuar e produzir conhecimento.

Assim, através da pesquisa comprovamos a eficiência da história oral como referência no

processo de ensino e aprendizagem por meio de pesquisa de campo qualitativa e a

contextualização do conhecimento com a participação das pessoas depoentes, por meio de um

conjunto de atividades voltado ao esclarecimento da metodologia história oral utilizando coletas

de informações, entrevistas, depoimentos, filmes, fotos, discussão e comparação dos depoimentos

colhidos, buscando articular seu conhecimento. Portanto, tornou-se possível construir

coletivamente e recriar a história do Castelo Eldorado, o que resultou em uma descoberta efetiva

por parte dos discentes, educadores e comunidade, de que sua história é importante e de que

também são sujeitos da História.

43

Nesse processo de produção de narrativas, os alunos puderam confrontar o que

aprenderam na sala de aula com suas próprias estruturas de compreensão histórica, analisando os

depoimentos, as entrevistas e os materiais gravados durante a execução do trabalho com os

depoentes. Esperamos, com efeito, que este estudo venha motivar os educadores a oferecer

oportunidades de utilizar a história oral como fonte de pesquisa para a aprendizagem

colaborativa; e vencer, desta forma, a resistência ao utilizar as novas estratégias de aprendizagem

e, assim, contribuir para a melhoria da qualidade de ensino.

Concluímos, sobretudo, que o material didático intitulado “Unidade Didática a história

oral como estratégia de metodologia para o ensino de História” é útil como alicerce para a

reconstrução da história local introduzida no âmbito do espaço brasileiro, estadual e regional,

além de gerar chances de estudar a temática levantada. Portanto, o material didático não é um

projeto encerrado e pleno, deve ser discutido como um dos passos da investigação histórica

sobre a memória e a história do Castelo Eldorado e a história oral como prioridade de recurso

pedagógico.

As mudanças de percursos exigidas durante a sua implementação devem ser encaradas

como vias específicas ao procedimento de elaboração do conhecimento que enobrecem o fazer

pedagógico do educador e propiciam bons resultados na construção do ensino-aprendizagem.

Considerando o acima exposto, propomos através desse trabalho de pesquisa apresentar

ao corpo docente, equipe pedagógica e gestores o resultado do trabalho e sensibilizá-los para o

material didático escrito pela professora regente, as narrativas produzidas pelos alunos e

professora, e a inserção do estudo do Castelo Eldorado no Projeto Político da Escola, como

conteúdo, privilegiando a história local.

44

REFERÊNCIAS

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47

ANEXO

REGISTROS FOTOGRÁFICOS DO CASTELO ELDORADO

Fonte: Arquivo pessoal

48

Fonte: Arquivo pessoal

Fonte: Arquivo pessoal