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CRUZANDO HISTÓRIAS-TRAJETÓRIAS NA CONSTITUIÇÃO DO
SISTEMA-MUNDO: NARRATIVAS HEGEMÔNICAS E CONTRA
HEGEMÔNICAS ENTRE “BRANCOS” E INDÍGENAS
Juliana Grasiéli Bueno Mota Doutoranda em Geografia FCT-UNESP/Presidente Prudente
Email: [email protected]
Encontros de histórias-trajetórias
O sistema-mundo é uma elaboração teórica de Imannuel Wallerstein, inaugural
no encontro das histórias-trajetórias entre distintas racionalidades após 1492, momento
em que a Europa se coloca como centro do mundo, criando sua periferia colonial, no
caso, com o “descobrimento” da América. De forma geral, é a data do início do
processo de globalização, fazendo-se por “uma história e uma geografia
verdadeiramente mundiais, cada vez mais se impondo às histórias regionais ou, pelo
menos, as condicionando” (PORTO-GONÇALVES, 2006, p.24).
Os europeus e os não europeus nunca mais foram os mesmos após essa data e o
mundo, consequentemente, se tornou muito maior do que imaginavam. A Europa foi se
descobrindo e se reconfigurando pelo encontro e/ou desencontro de outros espaços e
outras gentes. Criando assim, seu “ocidente”, seu “oriente”, os “bárbaros”, os
“irracionais”, ao mesmo tempo em que criava e afirmava a sua cultura, racionalidade,
civilidade...
Para os indígenas, um fato é marcante, o encontro com o “branco”, karaí na
língua guarani, é um marco transicional em seus modos de vida, na perspectiva de que o
sistema-mundo começou a se fazer e se desfazer sobre os “olhares” do “ocidente”, tendo
como centralidade o pensamento eurocêntrico por meio de um conjunto de ideias
dominantes, com a hegemonia de um modelo civilizatório em todas as suas dimensões:
econômica, política, cultural, natural, científico ao povos não europeus, tendo em vista
que ser europeu passou a significar o único e verdadeiro modelo de ser Homem-
Humanidade e, nessa perspectiva, os outros são inferiores e/ou não tão humanos quanto
eles.
Entretanto, outras histórias-trajetórias que foram subalternizadas e não
hegemônicas se cruzaram e tem feito um esforço significativo e importante para
narrarem o ponto de vista dos não europeus, são narrativas contra hegemônicas, a
história dos “vencidos” (tendo em vista que para não europeus não havia história). É na
diversidade de histórias-trajetórias até agora, como diz Doreen Massey (2008) que é
possível discutirmos o sentido da constituição do sistema-mundo, marcada por uma
diversidade de relações e conflitos que envolvem uma multiplicidade de formas de ser e
fazer-se gente.
A partir do pensamento de Gramsci, o intelectual palestino Edward W. Said
(2007, p.34) entende a hegemonia como um consenso, que em uma sociedade
democrática “[...] certas formas culturais predominam sobre outras, assim como certas
ideias são mais influentes que outras; a forma dessa liderança cultural é o que Gramsci
identificou como hegemonia”.
Se hegemonicamente a racionalidade europeia é liderança cultural na
constituição do sistema mundo, isso não significa que não exista movimentos de
resistência de oposição, movimentos contra hegemônicos que marcam outras
possibilidades de viver, como é o caso dos povos Guarani e Kaiowa, no estado de Mato
Grosso do Sul, que tem travado uma luta pelo direito à demarcação de seus territórios
tradicionais1, denominados na língua guarani de tekoha, perante o Estado brasileiro.
Narrativas hegemônicas e contra hegemônicas serão discutidas a partir desse
movimento de reivindicação de garantias de direitos Guarani e Kaiowa. Para isso serão
analisamos o fotojornalismo como fonte de análise geográfica para o estudo das
representações dos povos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul, por meio dos
jornais locais Diário MS e O Progresso. Analisamos as matérias de ambos os jornais 1 Nosso entendimento de tradição não é tradicional. Apesar de parecer um jogo de palavras, entendemos que a cultura, assim como a tradição só pode ser pensada e analisada em seu devir espaço-temporal. Eric Hobsbawn e Terence Ranger (1997, p. 10) trazem uma contribuição importante sobre o conceito de tradição tem “[...] a dupla função de motor e volante. Não impede as inovações e pode mudar até certo ponto, embora evidentemente seja tolhido pela exigência de que deve parecer compatível ou idêntico ao precedente. Sua função é dar a qualquer mudança desejada (ou resistência à inovação) a sanção do precedente, continuidade histórica e direitos naturais conforme o expresso na história. [...]”.
através das visitas ao CDR/UFGD (Centro de Documentação Regional/Universidade
Federal da Grande Dourados) durante o ano de 2012 até junho de 20132. A primeira
etapa se deu pelo debruçamento sobre estes jornais, o momento de coletar informações.
Na segunda etapa, analisar as fontes, fazer o mapeamento do que é discursado sobre os
indígenas bem como analisar o modo como estes povos são representados pelos meios
de comunicação local.
Dito isso, avaliamos que as publicações dos jornais Diário MS e O Progresso
são fontes importantes, nos permitem ampliar o campo de análise no tocante a
influência destes meios de comunicação no contexto de legitimação dos discursos e da
violência contra os povos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul. E, também, as
redes sociais têm sido um território virtual3 contra hegemônico de resistência. A internet
tem abrido espaços a outros sujeitos sociais invisibilizados nos jornais convencionais e
que tem utilizado os blogs, youtube, facebook, como meios de comunicação de
resistência, espaços de denúncia sobre a precariedade em que vivem e manifestação
contra a ordem hegemônica.
Além das mídias convencionais e da internet, também utilizaremos narrativas
que foram construídas por meio da observação participante e entrevistas, durante o
período de 2009 a 2012. A partir de narrativas Guarani e Kaiowa sobre a precariedade
em que vivem e, sobretudo, como diz a liderança Kaiowa Floriza durante uma
entrevista, falando sobre o processo de esbulho de seu tekoha, diz que “temos que falar
a nossa versão da história”.
Narrativas hegemônicas
O uso de fontes iconográficas no fotojornalismo se dá pelo entendimento de
que todo discurso é um conjunto de representações simbólicas, é um tipo de linguagem
que tem uma intencionalidade, informar-comunicar o leitor. O discurso jornalístico deve
2 Analisamos matérias que foram publicadas durante os anos de 2009, 2010 e 2011. Esta coleta de fontes ocorreu durante o mestrado. 3 Este termo foi expresso pelo historiador Carlos Barros Gonçalves. Aproveitamos este momento para agradecer os diálogos e suas considerações sobre a situação guarani e kaiowa em Mato Grosso do Sul.
ser considerado como um mediador do entendimento da realidade e, sobretudo, nele se
materializa os tensionamentos-conflitos vividos pela sociedade em um período
histórico. Trazer a imprensa jornalística por meio dos jornais Diário MS e O Progresso
é entender que ali se encontram uma importante fonte para a compreensão das disputas
pelo território no estado de Mato Grosso do Sul, principalmente sobre a ótica da classe
dominante. Assim,
A escolha de um jornal como objeto de estudo justifica-se por entender-se a imprensa fundamentalmente como instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida social; nega-se pois, aqui, aquelas perspectivas que a tomam como mero “veículo de informações”, transmissor imparcial e neutro dos acontecimentos, nível isolado da realidade político-social na qual se insere (CAPELATO, PRADO apud VIUDES, 2009, p. 29).
Debruçar-se sobre essas fontes é perceber que as representações dos indígenas
ali contidas não são produções neutras e imparciais, os meios de comunicação
disseminam as ideias e interesses da classe dominante a fim de continuarem a manter
seu status quo. Exatamente por isso, vale a pena recorrer a Karl Marx e Friedrich
Engels (1932, p.78) ao afirmarem que em diferentes momentos da história “As ideias da
classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes”.
As matérias publicadas pelos jornais Diário MS e O Progresso não fogem
desta afirmação, nos ajudam a entender os discursos que se colocam contra a
demarcação de terras indígenas (Tis) e, simultaneamente, contra os indígenas que, por
um lado, envolvem os Guarani e Kaiowa e, por outro, os “brancos”, sejam eles:
camponeses sem terra, camponeses com terra e fazendeiros proprietários do
agronegócio, principalmente. Cada um com sua especificidade no tocante a sua relação
com a terra-território. É importante considerar, também, a tendência desses jornais em
reafirmar o mito fundador, fazendo menção a Marilena Chauí (2001, p. 06), ao dizer que
“Um mito fundador é aquele que não cessa de encontrar novos meios para exprimir-se,
novas linguagens, novos valores e ideias, de tal modo que, quanto mais parece ser
outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo (grifo da autora) ”, e transcorre a
construção e exaltação da identidade sul-mato-grossense. Necessariamente, quando as
narrativas sobre os indígenas percorrem um determinado tipo, como: “os índios são
assim, vivem assim, são essencialmente violentos...”4.
Até o presente momento da pesquisa podemos dizer que os jornais Diário MS e
O Progresso reproduzem estigmas sobre os índios, representando-os, principalmente,
como preguiçosos (latente o discurso do não trabalho), violentos, atrasados, sujos e
invasores. E, em oposição, tem-se uma disseminação de matérias que representam o
agronegócio nas bases do pensamento colonial, alicerçados pelas ideias da
produtividade, do progresso e do desenvolvimento. Referente a este discurso, o direito
de propriedade da terra é um de seus principais lemas. Ainda, as representações sobre o
agronegócio, principalmente nas fotografias é corriqueira nas capas destes jornais como
modelo de sociedade, pautado no produtivo, belo e organizado, garantido por aqueles
que desbravaram o sertão e visam garantir o direito sobre a propriedade privada da terra.
Elencamos que não há nenhuma edição produzida nas edições desses jornais,
no período analisado, que não retrate os benefícios do agronegócio para a sociedade. E
mesmo em momentos de crises desse modelo de produção, principalmente na perda de
safras, crises financeiras do setor e frente a demarcação de TIs, tenta-se reproduzir uma
ideia de que tal situação provoca ou poderá provocar um tipo de caos social para os sul-
mato-grossenses. Exemplo dessa situação é o pronunciamento do fazendeiro e deputado
estadual pelo Mato Grosso do Sul, José Teixeira5 “A produção rural de Mato Grosso do
Sul vem sendo gravemente afetada pelas portarias da FUNAI, que trazem insegurança
àqueles que querem investir no setor. Isso prejudica toda a nossa população”.
É valido dizer, no tocante as matérias analisadas até junho de 2013, em ambos
os jornais, há somente uma única matéria que representa o indígena como um sujeito
que deve ser respeitado por suas culturas e tradições, o modo índio de ser e viver
apropriado pelos não indígenas, alusiva na edição do dia 19 de abril, Dia do Índio.
Aqui, possível de conjecturar nas figuras abaixo, está a materialização de um tipo de
paisagem, que é também um tipo de HOMEM produzido pelo sistema colonial, a classe
4 Entrevista feita com uma comerciante na cidade de Dourados. Concedida à autora deste trabalho em junho de 2011. 5 Jornal Diário MS, no dia 15 de abril de 2009.
ideal que aparece e aparenta a idealização de um tipo de sociedade, de uma forma de
produzir território.
Fotojornalismo como narrativa hegemônica 1
Fonte: Jornal Agroin, 12 de out. 2009.
Fotojornalismo como narrativa hegemônica 2
Fonte: O Progresso, 30 de abr. 2008.
Nessa padronização que tende a estereótipos entre o que é cultura e o que é não
é, as “áreas dos colonos”, representado nos jornais como o produtivo, a cultura, modelo
de produção, enquanto a terra dos índios é tomada por mato, é o desorganizado, a
representação da barbárie ao atrelar ao indígena um estado selvagem. Nessa conjuntura,
a imagem indígena é acoplada como causadora do conflito e da violência. É o povo
desordeiro - o indígena -, em contraposição ao povo ordeiro - o não indígena -,
principalmente, o colono sulista proprietário de terra, que é o “tipo nacional”, pacífico e
ordeiro” ideal6, segundo Marilena Chauí (2001, p. 34).
Em suma, podemos afirmar que a maioria das matérias buscam,
corriqueiramente, representar o indígena no contexto de disputa com o agronegócio
frente as suas demandas reivindicatórias pela demarcação de TIs e, também, visam
6 O discurso do colonizador é emblemático no contexto do processo de colonização do que é hoje Mato Grosso do Sul. Há um conjunto de colonos na historiografia regional que participaram do desbravamento do sertão, tais como: paranaenses, catarinenses, mineiros, nordestinos... Mas o colono Gaúcho e em condição social de fazendeiro desponta na representação do sujeito que ocupou estes “espaços vazios”, formou as fazendas e trouxe o progresso e desenvolvimento para este estado.
enaltecer a situação de violência nas reservas e a precariedade de vida dos indígenas que
vivem em terras indígenas demarcadas pelo estado brasileiro, a partir da constituinte de
1988. Vislumbram ainda legitimar um discurso de que demarcar tekoha não garante
melhores condições de vida aos indígenas.
Narrativas contra hegemônicas
A liderança Kaiowa Alzira diz o seguinte: “Cada gente tem o jeito dele de
contar as histórias”. Essa narrativa se contrapõe às narrativas hegemônicas, são outras
vozes e que na maioria das vezes foram e são impedidas de falar. Trazer para o debate
essas narrativas é considerar a multiplicidade de espacialidades, territórios,
territorialidades, temporalidades se fazendo e conflitando entre si no espaço-tempo, a
partir de Doreen Massey (2008). Do mesmo modo tem sido as narrativas contra
hegemônicas produzidas pelo movimento Guarani e Kaiowa a partir das redes sociais,
como é o caso do facebook. Diz um jovem kaiowa “Estamos em todo lugar... até
Facebook índio tem”.
As demandas reivindicatórias por tekoha tem se disseminado nas redes sociais,
como é o caso do facebook, youtube e blogs, que se tornaram territórios virtuais
privilegiados para analisarmos as estratégias de luta Guarani e Kaiowa por seus tekoha,
no caso do facebook por meio do login aty guasu. Essa situação nos permite enxergar a
inter-relação passado e presente nas estratégias de luta destes povos por seus territórios
e, vislumbra-se a utilização destas tecnologias em correlação aos elementos tradicionais
da organização socioterritorial Guarani e Kaiowa, como é o exemplo da aty guasu.
A compreensão do movimento Guarani e Kaiowa por meio das redes sociais se
dá em um momento em que se recriam novas formas de disseminar a luta e,
consequentemente, amparada pela/na necessidade em ampliar redes de apoio. Há uma
completude da luta indígena na escala local com suas demandas de apoio e suas
resistências cotidianas, para uma disseminação da luta em escala nacional e
internacional.
Facebook e as narrativas contra hegemônicas 1
Youtube as narrativas contra hegemônicas 2
O uso de tecnologias está inserido nas narrativas Guarani e Kaiowa como um
meio importante de resistência e podemos visualizar nas narrativas abaixo:
O índio virou virtual, está virtualizado (risos)... Acho que esta é a grande mudança da luta indígena hoje [...]. Nós estamos nas redes sociais, conectados com o mundo, com pessoas diferentes, porque agora a moda é ser conectado, já viu a propaganda da vivo? Isso é realidade, verdade mesmo, está na televisão... [...]. Mas a luta de verdade mesmo, o enfrentamento com o pistoleiro, a briga com fazendeiro, isto que todo mundo fala que é violento e é mesmo, é no peito a peito. Está na precariedade da condição da vida do índio7.
[...] a gente nunca esteve em todos os lugares como agora. Antigamente não era assim, e os antigos contam isso, mandava matar e ninguém sabia... hoje os pistoleiros mata e todo mundo fica sabendo e a mídia corre aqui para falar com a gente [...]. É igual a história do suicídio, todo mundo falou que a gente ia se matar no coletivo (risos)8.
Podemos considerar o universo virtual como um território excepcional da luta
por direitos e um meio importante para a disseminação de luta frente a precariedade em
que vivem. Exemplo disso é o apoio ao movimento Guarani e Kaiowa nas redes sociais,
7 Entrevista concedida à autora deste trabalho em setembro de 2012. 8 Entrevista concedida à autora deste trabalho em setembro de 2012.
como é o caso do facebook, após as ocorrências de violência em Mato Grosso do Sul,
no segundo semestre do ano de 20129. Assim, de longe da realidade vivida por esses
povos em Mato Grosso do Sul, “o mundo tem a oportunidade de conhecer a vida do
índio”, como considera uma liderança Guarani, e, nesta conjuntura, os karaí tem a
oportunidade de acompanhar cotidianamente a situação de precariedade vivida por estes
povos e a importância de demarcação de seus tekoha.
Considerações e ponderações
Os meios de comunicação convencional, tais quais como os jornais Diário MS
e O Progresso tem sido um espaço privilegiado da elite sul-matogrossense para
disseminar preconceitos e estigmas contra os povos indígenas. Também, utilizado para
fomentar um estado de caos e opressão aos povos Guarani e Kaiowa em sua luta por
tekoha. Desse modo é notório que as redes sociais por meio do facebook e youtube tem
sido apropriado pelos povos indígenas e se constituído enquanto território virtual de
contestação as narrativas hegemônicas.
É importante considerar que as redes sociais têm sido igualmente apropriadas
por seus contrários, expressão recorrente entre os Guarani e Kaiowa, os ruralistas. Esta
situação tem ocorrida no estado de Mato Grosso do Sul por meio da organização da
Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL). Exemplo
disso é a campanha “Semana da Dependência: respeito por quem alimenta o país”,
9 Esta manifestação se deu a partir de uma carta escrita pela comunidade de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS, ao relatarem a situação de precariedade e violência cotidiana nos “acampamentos” de retomadas. Em um momento da carta salientaram que: “Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas”. A partir disso foi feito uma leitura em que os indígenas iriam cometer suicídio coletivo, o que acarretou em um conjunto de manifestações virtuais e não virtuais (por meio de passeatas, debates em universidade, entre outras atividades) em apoio ao guarani e kaiowa. Para maiores informações ver: <www.brasildefato.com.br/node/10981>. Matéria do dia 23 de out, 2012.
disseminada, também, via facebook, entre os dias 20 de agosto a 20 de setembro de
2013.
Estamos diante de uma batalha virtual das informações e, concomitantemente,
a necessidade dos movimentos sociais demarcarem territórios virtuais, que diferente da
elite sul-mato-grossense, na maioria das vezes é a única possibilidade via meios de
comunicação de contestação da ordem vigente. E, neste contexto, podemos dizer que as
redes sociais tornam-se um território virtual, um meio de manifestação político-
ideológica e pode ser instrumento formidável de repudio as mazelas sociais e apoio aos
Guarani e Kaiowa, como é notório no facebook, login aty guasu.
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