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CONVIVENDO E APRENDENDO COM O SURDOCEGO...Convivendo e aprendendo com o surdocego 5 AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente por me permitir estar vivenciando esta experiência. À Professora

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CONVIVENDO E APRENDENDO COM O SURDOCEGO

Organização e texto: Shirley Alves Godoy

ilustração: Andréia Souza

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

SHIRLEY ALVES GODOY

CONVIVENDO E APRENDENDO COM O SURDOCEGO

LONDRINA

AGOSTO DE 2011

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SHIRLEY ALVES GODOY

CONVIVENDO E APRENDENDO COM O SURDOCEGO

Produção didático-pedagógica apresentada

como um dos requisitos propostos pela

Secretaria de Educação do Estado do

Paraná em parceria com a Secretaria de

Tecnologia e Desenvolvimento no

Programa de Desenvolvimento Educacional

2010, para Intervenção Pedagógica na

Escola. Orientadora: Professora Drª Célia

Regina Vitaliano.

LONDRINA

AGOSTO DE 2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRÉ-PROJETO – PROFESSOR PDE – TURMA 2010

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Shirley Alves Godoy

Área PDE: Educação Especial

NRE: Londrina

Professora Orientadora IES: Célia Regina Vitaliano

IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina

Escola de Implementação: Col. Estadual Hugo Simas – Ens. Fund. e Médio

Público objeto da intervenção: Professora guia-intérprete, aluna surdocega, alunos,

professores do estabelecimento de ensino.

2) TEMA DE ESTUDO DA PROFESSORA PDE

Rede de Apoio à Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais

3) PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Unidade didática

4) TÍTULO

Convivendo e aprendendo com o surdocego

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AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente por me permitir estar vivenciando esta experiência.

À Professora Doutora Célia Regina Vitaliano a qual sabiamente tem me

orientado em todas as produções científicas do PDE 2010-2011, contribuindo

significativamente para meu aprimoramento teórico e profissional.

À Andréia Souza, querida amiga que trabalhou proficuamente para que as

ilustrações contidas neste manual tornassem a obra mais acessível.

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DEDICATÓRIA

À querida Bruna, carinhosamente chamada de “Dú” por aqueles que a

amam. A pessoa mais doce, mais pura e boa que me fez olhar com carinho e respeito pela

surdocegueira.

À professora Rozi Terra Fabri pela sua generosidade, paciência e

principalmente pelo seu exemplo de profissional da educação, permitiu que eu a

acompanhasse em seu maravilhoso trabalho.

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Sumário

01 - Apresentação 09

02 - Justificativa 10

03 - Objetivo geral 10

04 - Objetivos específicos 10

05 - Surdocegueira 11

06 - Classificação de Surdocegueira 11

07 - Surdocegueira Congênita 11

08 - Características 11

09 - Surdocegueira adquirida 12

10 - Características 12

11 - Pessoa com surdocegueira 12

12 - Formas de comunicação 13

13 - Pessoas que antes eram surdas 13

14 - Libras 13

15 - Língua de sinais em campo visual reduzido 14

16 - Língua de sinais tátil 15

17 - Alfabeto manual tátil – dactilologia 16

18 - Pessoas que eram cegas 17

19 - Sistema Braille 17

20 - Braille tátil (1) 18

21 - Braille tátil (2) 19

22 - Pessoas que antes eram ouvintes evidentes 20

23 - Tadoma 20

24 -Escrita na palma da mão 21

25 - Pessoas que apresentam resíduo auditivo 22

26 - Língua oral ampliada 22

27 - Língua oral ampliada com aparelho Loops 23

28 - Orientação e mobilidade 24

29 - Para andar 25

30 - Para trocar de lado 26

31 - Em passagem estreita 27

32 - Para subir e descer escadas 28

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33 - Ao usar o elevador 29

34 - Passagem por portas 30

35 - Ao sentar 31

36 - Diante de assentos perfilados 32

37 - Familiarização com ambiente 33

38 - Autoproteger 34

39 - Ao ausentar 35

40 - Ao entrar no carro 36

41 - Ao usar o ônibus 37

42 - Ao usar a escada rolante 38

43 - Utilizar objetos para locomover 39

44 - Situações que devem ser evitadas 40

45 -Atividades da vida autônoma 41

46 -No restaurante 41

47 - Na refeição 42

48 - Vestuários 43

49 - No banheiro ( uso do vaso sanitário) 44

50 - No banheiro ( uso da pia) 45

51 - Reconhecendo pessoas 46

52 - Orientações para lidar com o aluno surdocego 47

53 - Escola –equipamentos 47

54 - Escola inclusão 48

55 - Instrutor Mediador 49

56 - Postura do professor regente 50

57- Materiais adaptados 51

58 - Aspectos importantes de acessibilidade 52

59 - Definição de acessibilidade 52

60 - Piso tátil 52

61 - Considerações finais 53

62 - Referências 53

63 - Glossário 55

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APRESENTAÇÃO

O presente texto tem como objetivos: 1) Elaborar um manual para orientação da

comunidade em geral visando o atendimento de pessoas com surdocegueira, tanto no contexto

escolar, como também em seu cotidiano social. 2) Oferecer informações básicas, práticas e

simples de maneira a contribuir para a inclusão social da pessoa com surdocegueira em seu

meio. 3) Auxiliar a comunidade em geral a estabelecer contato com as pessoas com

surdocegueira, interagir e aprender com elas.

Todos nós somos diferentes, únicos e, nisso, consiste um dos aspectos de beleza da

natureza humana. Em meio aos desequilíbrios causados por diversos fatores e buscando formas

de superá-los, os seres humanos construíram e constroem a história da humanidade.

Dificuldades específicas, soluções diferentes sempre geram a riqueza da diversidade.

De maneira geral, pelo próprio instinto de sempre manter o equilíbrio em qualquer situação, o

ser humano adapta-se rapidamente à zona de conforto, rejeitando os fatores que vierem

ameaçar esta condição.

Portanto, a humanidade deve muito aos indivíduos deficientes que, buscando superar

suas próprias dificuldades e limitações, contribuíram para dinamizar a história, transformando

conceitos, enriquecendo o conhecimento e desenvolvendo o potencial humano de superação,

enfim, sendo seres resilientes, reagindo de forma positiva diante das condições adversas da

vida.

Os indivíduos com surdocegueira bem como aqueles que se propuseram a respeitar e

entender suas necessidades são parte desta história, assim como todos aqueles que nos dias de

hoje têm a oportunidade de usufruir dos conhecimentos pertinentes a esta área.

Ao relacionar-se com uma pessoa surdocega, é necessário agir reconhecendo a

deficiência como uma característica pessoal muito importante; desta forma, situações que

possam resultar embaraços serão mais facilmente solucionadas, pois respeito, sinceridade e

delicadeza para com nossos semelhantes nunca falham.

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JUSTIFICATIVA

A organização deste texto surgiu da necessidade de produzir um manual ilustrado,

com as principais noções funcionais acerca das habilidades de orientação e locomoção de uma

aluna surdocega pré-linguística que apresenta cegueira e baixo resíduo auditivo em situação de

inclusão na rede regular de ensino.

Em se tratando de alunos com surdocegueira, quando os sentidos da audição e da visão

se encontram gravemente comprometidos, as dificuldades relacionadas à aprendizagem e à

adaptação ao meio ambiente se multiplicam, principalmente devido à necessidade de

estabelecer comunicação com seus semelhantes, o que exigem outras formas mais adequadas

de enfrentamento.

Nas ilustrações buscou-se o apelo visual e a utilização de uma linguagem simplificada,

possibilitando torná-lo acessível a um maior número de pessoas. Por isso, destina-se este

manual à comunidade em geral e aos profissionais da educação que atuam com alunos

surdocegos, favorecendo o manejo e o atendimento deste público.

OBJETIVO GERAL

- Elaborar um manual para orientação da comunidade em geral visando atendimento

de pessoas com surdocegueira, tanto no contexto escolar, como também em seu cotidiano

social.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Oferecer informações básicas, práticas e simples de maneira a contribuir para a

inclusão social da pessoa com surdocegueira em seu meio.

- Auxiliar a comunidade em geral a estabelecer contato com pessoas com

surdocegueira interagindo e aprendendo com ela.

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Iniciamos este material com explicações a respeito da surdocegueira com base nos

textos do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial,

principalmente os folhetos da “Série Surdocegueira e deficiência Múltipla Sensorial”, ano

2005.

SURDOCEGUEIRA

A definição da Surdocegueira é bastante discutida pelos profissionais da educação,

como também pelos órgãos que definem as políticas de atendimento. Dentre as definições

aceitas pelos especialistas encontra-se que:

É uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais

concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa surdocega a

desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir com

as pessoas e o meio ambiente, proporcionando-lhes o acesso a informações,

uma vida social com qualidade, orientação, mobilidade, educação e trabalho

(GRUPO BRASIL, 2003).

CLASSIFICAÇÃO DE SURDOCEGUEIRA

SURDOCEGUEIRA PRÉ-LINGUÍSTICA OU CONGÊNITA

Surdocegueira pré-linguística ou congênita é aquela que ocorre antes do nascimento

ou é adquirida em tenra idade, antes da aquisição de uma língua, seja ela oral (Língua

Portuguesa) ou visual espacial (Língua Brasileira de Sinais/LIBRAS). A criança surdocega

congênita não adquire uma imagem real do mundo em que vive, não aprende com as pessoas

com quem convive, pois não sabe o que tem. o que passa e nem sequer tem consciência de que

faz parte do mundo. Vive num eterno caos. Sem intervenção, seu mundo se resume ao seu

próprio corpo, nada existe fora de si mesmo, não há razão para explorar e comunicar-se.

CARACTERÍSTICAS

Movimentos estereotipados principalmente das mãos e dedos.

Apresentam balanceio corporal.

Isolamento.

Desinteresse pelas pessoas, objetos e pelo ambiente.

Não percebe pessoas e objetos ao seu redor.

Apresenta comportamento de auto e hetero agressão como defesa tátil.

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Dificuldades de locomoção.

Distúrbios alimentares.

Utiliza os outros sentidos: tato, olfato e paladar (leva objetos aos olhos ou à boca).

Não percebe e nem diferencia sons.

SURDOCEGUEIRA PÓS-LINGUÍSTICA OU ADQUIRIDA

Indivíduos que apresentam uma deficiência sensorial primária (auditiva ou visual) e no

decorrer de sua existência adquirem a outra, após a aquisição de uma língua (Língua

Portuguesa ou Língua de Sinais), como também ocorre à aquisição da surdocegueira sem outros

antecedentes.

CARACTERÍSTICAS

Apresenta dificuldade em participar de conversação ou jogos em grupos.

Dificuldade na locomoção (tropeça, esbarra nos móveis e pessoas).

Não percebe pessoas e objetos ao seu redor.

Tem dificuldade em ver e se movimentar no escuro.

Não percebe pessoas e meios de transportes que se aproximam pelos lados.

Derruba objetos de mesas e não percebe quando caem.

As luzes intensas atrapalham.

PESSOA COM SURDOCEGUEIRA

A criança surdocega não é uma criança surda que não pode ver e nem um cego

que não pode ouvir. Não se trata de simples somatória de surdez e cegueira,

nem é só um problema de comunicação e percepção, ainda que englobe todos

esses fatores e alguns mais (McInnes& Treffy, 1991). Segundo Telford &

Sawrey (1976), quando a visão e audição estão gravemente comprometidas, os

problemas relacionados à aprendizagem dos comportamentos socialmente

aceitos e a adaptação ao meio se multiplicam. (MEC/SEESP, 2006, p.11).

Portanto, é aquela que por ter ausência de percepção de formas ou imagens e de sons

necessita para seu desenvolvimento/aprendizagem de recursos e estratégias que lhe possibilite a

interação com o meio através dos outros sentidos (tato, olfato, paladar, proprioceptivo e

cinestésico), para a apropriação de conceitos e significados do mundo que a cerca, utilizando o

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Sistema Braille como principal meio de leitura e escrita necessitando de várias formas de

comunicação.

Formas de comunicação:

Apresentaremos a seguir alguns exemplos de formas de comunicação utilizadas pelas

pessoas com surdocegueira.

Pessoas que antes eram surdas:

Se a pessoa antes de adquirir a surdocegueira foi surda as formas de comunicação são.

Libras

É uma língua de modalidade viso-espacial, com uma estrutura linguística distinta da

língua portuguesa, é a primeira língua das pessoas surdas. Cada país apresenta a sua língua de

sinais. No Brasil denominamos de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

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Atribui-se às línguas de Sinais o status de língua porque elas são compostas de níveis

lingüísticos: fonológico, morfológico, sintático e semântico.

O que diferencia as línguas de Sinais das demais é a sua modalidade visual-espacial.

A pessoa com surdocegueira que antes era surda e apresenta baixa visão ou campo

visual restrito necessita de algumas adaptações mais específicas.

A seguir exemplificaremos essas formas de comunicação.

Língua de Sinais em Campo Visual Reduzido

Este sistema de comunicação não-alfabético possibilita que a pessoa surdocega com

perda de visão periférica advinda principalmente da Síndrome de Usher interaja com os demais

por meio de sinais. Sendo, no entanto, necessária uma adaptação ao campo visual do

surdocego.

A comunicação ocorre utilizando-se um quadrante (região compreendida entre a

cabeça até a altura do quadril), restringindo o campo visual-espacial perceptível pelo surdocego

na realização da recepção do sinal.

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Língua de sinais tátil

A língua de sinais tradicionalmente usada pelas pessoas surdas, ao ser utilizada pelas

pessoas surdocegas, é adaptada ao tato. Essa adaptação consiste na realização dos sinais em

uma ou ambas as mãos da pessoa surdocega, segundo opção dela. Geralmente, a posição,

orientação e configuração das mãos para realização dos sinais permanecem as mesmas,

mudando apenas o espaço de sinalização e a forma de recepção.

O objetivo da utilização dos sinais adaptados é o de viabilizar a compreensão de toda

informação pela pessoa surdocega.

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Alfabeto manual tátil- dactilologia

Este sistema de comunicação alfabético utilizado pelas pessoas surdas é adaptado para

as pessoas com surdocegueira.

Consiste em realizar o alfabeto manual (dactilologia) na palma da mão da pessoa com

surdocegueira. A realização das letras sobre a palma da mão da pessoa surdocega para que ela

perceba através do tato o sinal e o seu significado correspondente, estabelecendo assim a

comunicação com as demais pessoas.

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Pessoas que antes eram cegas:

Se a pessoa antes de adquirir a surdocegueira foi cega as formas de comunicação são.

Sistema Braille

Sistema Braille consiste em um sistema de leitura e escrita tátil que consta de seis

pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. Os seis pontos formam a “cela

Braille”. Para facilitar a sua identificação os pontos são numerados de cima para baixo, coluna

da esquerda, os pontos são 1,2 e 3 e de cima para baixo coluna da direita os pontos são 4,5 e

6.

A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de sessenta e quatro

combinações ou símbolos Braille, sendo vinte e seis utilizadas para as letras do alfabeto, dez

para os sinais de pontuação de uso internacional e os vinte e seis sinais restantes são destinados

para as necessidades de cada língua, podendo ser as letras acentuadas e os sinais de abreviatura.

Há o sinal de número que acompanha as dez primeiras letras do alfabeto e a cela

vazia que indica o espaço.

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A pessoa com surdocegueira que antes era cega e adquiriu a surdez necessita de

algumas adaptações do Sistema Braille.

Existem duas adaptações do Sistema Braille utilizadas pelas pessoas com

surdocegueira, a seguir exemplificaremos essas formas de comunicação,

Braille tátil (1)

É um sistema de comunicação alfabético. Consiste em utilizar o Sistema Braille, usado

pelas pessoas cegas para a leitura e escrita, adaptando-o nos dedos indicador e médio de uma

das mãos da pessoa surdocega.

A pessoa com surdocegueira levanta os dois dedos supracitados e abaixa os outros de

uma de suas mãos formando com os dedos uma cela Braille e as falanges representam o espaço

destinado a marcação dos pontos, por sua vez o guia-intérprete através de toques nas falanges

vai transmitindo a mensagem para a pessoa surdocega como se estivesse escrevendo em

Braille.

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Desta forma a pessoa surdocega poderá se comunicar com as pessoas que dominam o

Sistema Braille marcando nos dedos cada letra que compõe uma palavra. Por exemplo: a letra

“a”representada pelo ponto número 1, é realizado a marcação deste ponto na primeira falange

do dedo indicador, a letra “b” representada pelos pontos 1 e 2 a marcação se dará na primeira e

na segunda falange do dedo indicador e assim por diante.

Braille tátil (2)

A segunda maneira consiste em utilizar o Sistema Braille, adaptando-o nos dedos

indicador, anular e médio de ambas as mãos da pessoa surdocega, posicionando os dedos na

mesma posição da teclas da máquina de datilografia Braille, no qual o dedo indicador esquerdo

corresponde ao ponto um, o dedo médio o ponto dois, o dedo anular o ponto três e o mesmo

com a outra mão, para o dedo indicador o ponto quatro, o dedo médio, o ponto cinco e o anular

o ponto seis.

O guia-intérprete1 através de toques nos dedos vai transmitindo a mensagem para a

pessoa surdocega como se estivesse acionando as teclas da máquina de datilografia Braille e

assim escrevendo a informação.

1 O guia-intérprete é o profissional que possui conhecimento e domínio das diversas formas de

comunicação utilizadas pelas pessoas com surdocegueira adquirida.

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Pessoas que antes eram ouvintes e videntes:

Se a pessoa antes de adquirir a surdocegueira foi ouvinte e vidente, foi alfabetizada e

conhece o som dos fonemas e o desenho dos grafemas, existem algumas formas de

comunicação como.

Tadoma

É um dos recursos utilizados por pessoas surdocegas pós-linguísticas, que adquiriram

a surdocegueira após terem sido alfabetizadas, e seus guias-intérpretes para se comunicar. Ao

recorrer ao Tadoma, à pessoa surdocega coloca sua mão no rosto do locutor de tal forma que o

polegar toque suavemente o lábio inferior e os outros dedos pressionando levemente a

bochecha, a mandíbula e as cordas vocais. Este procedimento possibilita o acesso da pessoa

surdocega à produção da fala interpretando a emissão dos sons através do movimento dos

lábios e da vibração das cordas vocais de seus interlocutores.

O método Tadoma foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1926,

quando Sophia Alcorn conseguiu comunicar-se com os surdocegos Tad e Oma, nomes que

deram origem à palavra Tadoma.

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Escrita na palma da mão

Este sistema alfabético consiste em escrever com letras maiúsculas (em caixa alta) na

palma da mão da pessoa com surdocegueira que foi alfabetizada, utilizando o dedo indicador

do interlocutor como ferramenta de escrita.

Pode-se fazer uso também de traços, setas para indicar a direção. Com relação ao

número além da escrita podem-se utilizar leves pancadas para indicar quantidades.

Escreva só na área da mão, uma letra por vez, não tente juntar as letras. Um sinal que

poderá ser utilizado para escrever um número após uma palavra pode ser um ponto, isto é, faça

um ponto com o indicador na base da palma da mão, isso indicará a pessoa surdocega que dali

em diante vira um número.

Outra maneira é utilizar um dedo da pessoa surdocega como lápis para o registro da

mensagem na palma de sua mão para que ela perceba por meio do tato o registro de cada letra.

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Pessoas que apresentam resíduo auditivo:

Se a pessoa com surdocegueira possui resíduo auditivo funcional, pode-se utilizar as

seguintes formas de comunicação .

Língua oral ampliada

A língua oral amplificada ou fala ampliada consiste na recepção da mensagem expressa

pelo interlocutor por meio da língua oral, mediante o uso, por parte da pessoa com

surdocegueira, de aparelho de amplificação sonora (AASI) / aparelho auditivo.

No caso do uso do AASI, é fundamental que a guia - intérprete ou instrutora mediadora

se coloque a uma distância adequada, de acordo com a perda auditiva da pessoa surdocega, e do

lado em que apresente melhores condições de percepção do som (resíduo auditivo).

Assim o professor de apoio (Instrutor Mediador/Guia-Intérprete) faz a fala ampliada

como recurso de comunicação da aluna no âmbito escolar, principalmente na sala de aula,

transmitindo os conteúdos referentes à disciplina abordada em tempo real.

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Língua oral ampliada com aparelho Loops

A língua oral amplificada ou fala ampliada ocorre também quando a pessoa surdocega faz

uso de aparelho de amplificação sonora com fones e microfone (Loops), neste caso o guia-

intérprete se posiciona bem próximo do melhor ouvido da pessoa surdocega e repete a

mensagem expressa pelo interlocutor por meio da língua oral no microfone do aparelho.

Em sala de aula o Loops pode ser utilizado pelo guia-intérprete ou instrutor mediador

para fazer a leitura dos livros, principalmente quando há textos muito longos.

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Orientação e mobilidade

Agora passaremos a apresentar orientações específicas referentes à orientação e

mobilidade, conhecimento fundamental para o desenvolvimento da autonomia da pessoa com

surdocegueira e, consequentemente sua independência e inclusão no ambiente escolar e social.

A orientação e mobilidade está presente em nosso cotidiano desde quando nascemos,

nossos primeiros movimentos em relação ao ambiente, nossa mãe nos carregando no colo. Os

diferentes lugares em nossa casa e a associação que fazendo através dos sentidos.

Assim, entendemos que aos poucos associamos o que escutamos e o que vemos, junto

com os outros sentidos como o olfato (cheiro gostoso das comidas, perfume dos ambientes da

casa), tato (o toque das pessoas, a consistência das coisas), cinestesia (percepção do nosso

movimento), vestibular (nosso equilíbrio) e propriocepção (perceber a posição das várias partes

do corpo, sem precisar olhar para ele) e ir formando as próprias referências de cada ambiente.

De acordo com o MEC o conceito de orientação e mobilidade consiste em:

podemos dizer que a expressão orientação e mobilidade significa mover-se de

forma orientada, com sentido, direção e utilizando-se de várias referências

como pontos cardeais, lojas comerciais, guia para consulta de mapas,

informações com pessoas, leitura de informações de placas com símbolos ou

escrita para chegarmos ao local desejado (Seesp-Mec Fasciculo VII.P.7).

Sendo assim, a orientação e mobilidade se aplica:

a toda e qualquer pessoa que necessita chegar a algum local e que, para isso,

dispõe de todas essas referências para cumprir sua rota. Orientação e

mobilidade fazem parte da nossa rotina. Quando estamos dentro de nossa casa

e nos deslocamos de um ambiente para outro, estamos nos movendo de forma

orientada, pois conhecemos o ambiente e sabemos as direções que devemos

seguir para chegar até lá e também porque temos nossa consciência corporal e

de como devemos nos mover para cumprir nossa meta. Se estivermos em

nosso bairro, em nossa cidade, e conhecemos várias rotas para chegar a

determinados lugares, nós as utilizamos quando necessitamos. Só vamos nos

sentir "desorientados e imobilizados" quando temos que nos deslocar a um

lugar e não conhecemos o caminho para chegar a ele. Nesse caso, teremos que

usar todas as indicações e referências acima citadas para nos orientar e

seguirmos o caminho certo ( Seesp-Mec Fasciculo VII.P.7)

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Para Andar

Ao auxiliar uma pessoa surdocega a andar, se ela aceitar deixe-a que segure pelo

cotovelo, mão ou ombro dependendo de sua altura. O guia-intérprete deverá deixar o braço

sempre abaixado, principalmente em caso de pessoa surdocega com resíduo auditivo, dessa

maneira ela procurará inclinar o seu corpo para melhor ouvi-lo, com esta postura o corpo da

pessoa surdocega não irá roçar o braço do guia.

Deve manter-se próximo dela para que ela perceba sua presença e interprete os

movimentos do seu corpo, garantindo que saiba desviar de obstáculos ou de outras pessoas em

seu caminho. Enquanto andar com ela, é conveniente dizer-lhe onde se encontram e o que

acontece em seu redor. Se enxergar algo que pareça interessante e que ela possa tocar, não

deixe de lhe mostrar.

É importante ser objetivo, mencionar as direções para ela - direita, esquerda, para

frente, para trás, para cima e para baixo. Utilizar sinais simples para avisar da presença de

obstáculos.

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Para trocar de lado

Sendo necessário trocar de lado, o guia vidente - pessoa que conduz e mostra o

caminho - deverá avisar a pessoa surdocega da necessidade da mudança de lado e esperar que

se posicione um passo atrás e com a mão livre segure o braço do guia. Posteriormente solta a

primeira mão, só então, tateando as costas do guia a pessoa com surdocegueira deverá

encontrar o braço livre do outro lado, então fará a troca de posição retomando a posição básica

no sentido inverso.

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Em passagem estreita

Diante de uma passagem estreita, onde só é possível passar uma pessoa de cada vez, a

guia-intérprete deverá colocar seu braço para trás dobrando-o nas costas, sinalizando para que a

pessoa surdocega possa perceber a mudança e assim segui-la, posicionando atrás de seu corpo

como se fosse uma fila.

Ultrapassado o obstáculo, a guia-intérprete volta seu braço à posição anterior

informando a pessoa surdocega para que volte e reassuma a posição anterior de andar ao seu

lado.

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Para subir ou descer escadas

O guia-intérprete diante do primeiro degrau faz uma breve parada alinhando seu

corpo, ao mesmo tempo indica a pessoa surdocega que ação deverá ser realizada – subir ou

descer – através de um gesto corporal previamente estabelecido com ela, podendo ser um leve

movimento de braço indicando para cima ou para baixo. Para subir ou descer escadas a pessoa

surdocega deverá permanecer um degrau atrás do guia. Desta forma ela terá condições

favoráveis de interpretação de pistas cinestésicas do corpo do guia quando sobe ou desce os

degraus.

Nos patamares uma breve parada é suficiente para que a pessoa surdocega perceba o

descanso e no último degrau indique que os degraus acabaram sinalizando que acabou. A

utilização do corrimão é muito importante para que a pessoa surdocega tenha segurança, a

preferência de uso é dela, coloque uma de suas mãos no corrimão e a outra deve estar no

cotovelo do guia, ande lentamente, levante ou abaixe seu braço reforçando desta forma à

direção dos degraus.

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Ao usar o elevador

A guia-intérprete sinaliza ao surdocego sobre a necessidade de utilizar o elevador. Com

auxílio da guia-intérprete a pessoa com surdocegueira rastreia a área e com a sua mão sobre a

dela busca o botão para chamar o elevador, encontrando-o a guia-intérperte retira

delicadamente a mão e orienta para que aperte o botão. Ambos se posicionam na entrada – a

guia-intérperte sempre na frente – esperam o elevador chegar. Certificando-se que a porta

abriu, estando o elevador e a porta no mesmo nível, entram com segurança.

Dentro utiliza-se o painel contendo os números dos andares – escritos inclusive no

Sistema Braille – orienta-se a pessoa surdocega a apertar o número do andar que deseja ir. Ao

chegar ao destino desejado espera-se o elevador parar e abrir a porta, certificando que o nível

da porta e do elevador ser o mesmo, a guia-intérperte sai e auxilia o surdocego a sair logo atrás

com segurança.

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Passagem por portas

Necessitando passar por uma porta, ao se aproximar dela o guia-intérprete dá uma

pista verbal ou cinestésica para que a pessoa com surdocegueira possa assumir a postura de

passagem estreita, posicionando imediatamente atrás dele.

Por sua vez, o guia-intérprete puxa ou empurra a porta abrindo-a favorecendo a sua

passagem e da pessoa surdocega que elevará seu braço livre e com a palma da mão para frente

buscará tocar na porta localizando o trinco.

Ambos transpassam a porta em posição de passagem estreita, o guia-intérprete faz

uma breve pausa para que a pessoa surdocega possa encontrar o trinco e posteriormente fechar

a porta atrás de si. Finalizando a ação ambos retornam a posição inicial de andar um ao lado do

outro e continuam o caminho.

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Ao sentar

Inicialmente deve-se perguntar se a pessoa surdocega deseja sentar. Havendo resposta

afirmativa, indica-se um assento para que ela possa sentar, conduzindo-a próximo a um móvel,

verbalizando a posição e características do mesmo.

A guia-intérprete então coloca sua mão no encosto da cadeira ou poltrona e conduz a

mão da pessoa surdocega em cima da sua. Quando percebe que ela sente-se segura, retira

vagarosamente sua mão para que a mão da pessoa surdocega toque no encosto da cadeira.

Ela fará com as mãos uma breve pesquisa do móvel e após o reconhecimento da

forma do assento, de suas características e das condições de uso poderá sentar-se sem

problema. No momento de levantar, o guia estabelece um contato ou a pessoa surdocega

solicita sinalizando ou dando uma pista verbal.

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Diante de assentos perfilados

Em um auditório, teatro ou outro lugar onde os assentos estão perfilados, isto é em

fila, a guia-intérprete conduz sua acompanhante surdocega, informando através de pistas oral

ou cinestésica a posição e o início dos assentos. Por ser uma passagem estreita, ela orienta a

pessoa surdocega alinhando-a a andar na lateral ao seu lado. A guia-intérprete sempre na frente.

Uma vez encontrado o assento livre, indica-se a pessoa com surdocegueira para que

ela possa fazer o reconhecimento do local e sentar-se.

Para sair é usada a mesma técnica com o guia-interprete na frente.

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Familiarização com o Ambiente

A guia-intérprete deverá apenas conduzir a pessoa surdocega pelo recinto,

confirmando as informações, ajudando a identificar os ambientes pelo nome e localização (Ex.

a porta do banheiro está à sua frente). Evite as mudanças constantes de móveis e quando o

fizer comunique à pessoa surdocega para que esta faça outro reconhecimento do local.

É importante que o surdocego tenha contato com uma grande variedade de objetos,

pois ajuda no conhecimento das formas. Não impeça que ele faça as coisas sozinho, sua

limitação já o impede de participar de muitas situações. A familiarização ajuda a desenvolver

habilidades, como a coordenação motora, propiciando à pessoa uma busca positiva pela

independência. Não deixe nada no caminho por onde uma pessoa surdocega costuma andar.

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Autoproteger

Sem o guia-intérprete, a pessoa surdocega coloca o seu braço à frente de seu corpo, na

altura da cintura, com cautela e a certa distância do corpo antecipa as pontas dos pés enquanto

caminha.

Desta forma ela estará protegida e poderá deslocar-se com cautela detectando mesas,

móveis e objetos que possam atingir a linha média de seu corpo como os órgãos genitais e a

cintura.

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Ao ausentar-se

Informe o surdocego sempre que você sair do ambiente em que vocês se encontram,

mesmo que seja por um curto espaço de tempo. Assegure-se que ele ficará confortável e em

segurança. Se não estiver com sua bengala, vai precisar de algo para se apoiar durante a sua

ausência. Coloque a mão dele no objeto que lhe servirá de apoio.

Nunca o deixe sozinho num ambiente que não lhe seja familiar, se você necessitar

afastar, comunique-o, com isso você evitará a desagradável situação de deixá-lo falando

sozinho.

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Ao entrar no carro

Quando for sair de carro com uma pessoa surdocega, primeiro abra a porta, coloque

sua mão na porta aberta e conduza a mão da pessoa surdocega em cima da sua, faça-a tocar a

porta aberta com a mão, tateando-a de cima para baixo, pois assim ela pode ter uma noção do

tamanho da porta para não bater a cabeça. Avise-a se houver banco dianteiro, para ter

preferência do uso.

Depois de acomodada verifique se está tudo correto, coloque o cinto de segurança, só

então, feche a porta do carro tendo cautela para não lhe prender os dedos. Com a falta da visão

este cuidado é muito importante.

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Ao usar o ônibus

Na utilização do coletivo público a pessoa surdocega deverá estar acompanhada do

guia, a pessoa ou profissional que a acompanha deverá informar sobre os degraus do coletivo

em primeiro lugar, posteriormente deverá dar o braço para que a surdocega possa segurar em

seu cotovelo, deverá colocar a outra mão na alça externa vertical do veículo, estando prontas, a

guia sobe o primeiro degrau do ônibus faz uma pausa para que a pessoa surdocega possa

acompanhá-la, posteriormente ambas continuam até entrar no coletivo.

Uma vez dentro do ônibus, procure o assento reservado à pessoa com deficiência,

estando este espaço ocupado por pessoa nessas condições, solicite gentilmente a cedência de

um lugar ocupado por algum usuário do coletivo, posteriormente avise a pessoa surdocega da

sua preferência ao assento.

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Ao usar a escada rolante

A guia-intérprete informa à surdocega a necessidade de utilizar a escada rolante,

deslocando-se em direção ao início da escada.

A guia-intérprete coloca sua mão no corrimão da escada rolante e conduz a mão da

pessoa surdocega em cima da sua. Sentindo a velocidade dos degraus e estando a pessoa

surdocega segura e tranqüila, a guia-intérprete retira delicadamente sua mão para que a mão da

pessoa surdocega toque no corrimão percebendo melhor a sua velocidade. A guia-intérprete se

posiciona próximo ao primeiro degrau sinalizando para a pessoa surdocega o momento em que

ambos irão subir o degrau.

A guia-intérprete dá o sinal e sobe no primeiro degrau, auxiliando para que a pessoa

surdocega logo em seguida faça o mesmo, antes do término da escada rolante, a guia-intérprete

sinaliza avisando a pessoa surdocega que ambos deverão saltar, devendo então retirar a mão do

corrimão. Para descer o procedimento a ser realizado é o mesmo.

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Utilizar objetos para locomover

Quando a criança é surdocega, podem ser usados vários objetos além dos

convencionais (guias, bengalas, tecnologias), na forma de brinquedos que são usados na frente

do corpo. Exemplos: banquinhos, raquetes, bengalinhas de plástico, bastão com patinho,

carrinhos de empurrar e outros.

Já com o jovem e adulto podem ser usados carrinhos de supermercado, vassoura, etc.

para vivências de locomoção.

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Situações que devem ser evitadas

Portas entreabertas, gavetas mal fechadas, objetos espalhados no chão, pisos molhados

e escorregadios constituem uma fonte de perigo, pois poderá ocasionar um acidente e machucar

a pessoa surdocega. Mantenha as portas totalmente abertas ou fechadas e retire do caminho por

onde transita uma pessoa surdocega todo objeto que possa estar fora do lugar, assim ela poderá

utilizar sua bengala tateando o percurso livre de obstáculos.

Para as sugestões de orientação e mobilidade da pessoa com surdocegueira, nos

baseamos no material do Ministério de Educação Especial/MEC. “Caminhando Juntos:

Manual das Habilidades Básicas de Orientações e Mobilidade” de 2004 destinado ao público

da área visual, porém realizamos algumas adaptações que foram necessárias para melhor

compreensão da aluna que foi o modelo de nosso estudo.

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Atividades da vida autônoma

As atividades de vida autônoma referem-se a um conjunto de atividades que visam o

desenvolvimento pessoal e social no cotidiano do individuo, tendo em vista a independência, a

autonomia e a convivência social do surdocego.

West (1989, p.121) observa:

As habilidades da vida diária são tão importantes para os alunos surdocegos

em sua preparação para o futuro e para seu desenvolvimento intelectual e sua

interação social e participação em sua comunidade. A habilidade para realizar

atividades de vida diária tão independente favorecendo a sua auto-estima e os

seus sentimentos que são importantes para seu desenvolvimento psicológico.

Segundo Frederico ( 2006 ,p55)

Estas observações também são aplicadas para os indivíduos com múltiplas

deficiências. Os programas de atividades de vida autônoma e social devem ser

desenvolvidos por meio de um conhecimento técnico cientifico, de tempo,

compreensão, imaginação, senso comum, flexibilidade, tolerância, coerência,

conhecimento sobre personalidade, conhecimento das dificuldades e das

necessidades do surdocego, além de levar em conta as expectativas e os

interesses do indivíduo.

São muito importantes as atividades da vida autônoma e social, elas têm o objetivo de

proporcionar, ao indivíduo, condições para que, dentro de suas potencialidades, possa formar

hábitos de auto-suficiência que lhe permitam participar ativamente do meio em que vive.

Frederico ( 2006 ,p55) salienta que:

O programa de atividades de vida autônoma deve ser iniciado o mais cedo

possível, com intervenção apropriada e orientação à família, quando muitas

alterações podem ser compensadas ou superadas. As atividades de vida

autônoma e social devem ser desenvolvidas a partir do nível de experiência

perceptiva , dos significados e do nível conceitual do individuo.

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No restaurante

Em um restaurante, se você for o garçom, solicite auxílio do guia- intérprete para

abordar a pessoa surdocega. Se não tiver o cardápio adaptado para o Sistema Braille, informe-o

oralmente se ela tiver resíduo auditivo, tendo o cuidado de falar numa tonalidade mais alta de

maneira clara e pausada. Pergunte o que deseja beber ou comer normalmente, pondo a mão em

seu ombro para que esta saiba que está sendo consultada.

Mencione a disposição do prato e dos talheres na mesa para que esta possa se

localizar.

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Na refeição

A pessoa surdocega quando bem orientada é independente nas refeições. Ela necessita

que você descreva os alimentos servidos e faça o prato para ela. Pergunte o que deseja comer e

avise a disposição dos alimentos, seu prato é imaginado como se fosse um relógio (12h, 3h, 6h

e 9h). Evite enchê-lo, isso complica a localização dos alimentos. Corte a carne em pedaços

pequenos e legumes.

Com relação aos líquidos, não encha muito o copo ou xícara, e deixe ao alcance de sua

mão.

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Vestuários

Muitas vezes, a pessoa surdocega e o seu guia-intérprete não percebem que seus

sapatos estão desalinhados, trocados, o zíper da calça aberto, roupas com rasgos ou até com

manchas principalmente após comer. Avise o guia-intérprete quanto a qualquer incorreção em

seu vestuário. Ele encontrará a melhor maneira de lhe informá-la. Evitando que esses incidentes

provoquem comentários sobre a pessoa surdocega.

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No banheiro (uso do vaso sanitário)

Necessitando a pessoa surdocega de fazer uso do banheiro, a guia-intérprete deverá

orientá-la a utilizar o banheiro adaptado encontrado principalmente em ambientes públicos, as

barras na parede serão de grande auxílio para a localização do vaso sanitário, o suporte do

papel higiênico e o cesto de lixo.

Primeiramente a guia-intérprete deverá auxiliar a pessoa surdocega fazer o

reconhecimento do local, estando à pessoa surdocega segura do ambiente, a guia-intérprete se

retira e espera do lado de fora encostando a porta atrás de si.

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No banheiro (uso da pia)

Após a utilização do vaso sanitário, a guia-intérprete orienta a pessoa surdocega fazer

uso da pia para efetuar a higiene das mãos, indicando a cuba da pia, a torneira e o sabonete.

Terminando a ação de lavar as mãos, a guia-interprete encaminha a pessoa surdocega

até o suporte de toalha, auxiliando a pessoa surdocega a fazer uso dela e enxugar as mãos. Ao

terminar, ambas se retiram do banheiro.

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Reconhecer pessoas

Ao encontrar de uma pessoa surdocega conhecida acompanhada de seu guia-intérprete,

solicite que o guia mencione sua presença, aproxime-se e identifique-se pelo seu nome se ela

tiver resíduo auditivo ou, faça um contato físico: toque ligeiramente seu braço ou seu ombro,

caso você tenha estabelecido com ela o seu sinal, utilize-o.

Para que ela perceba que você esta dirigindo a ela, sem charadas, de maneira

respeitosa, pois lembrar-se de todas as pessoas que conhece é difícil sem o auxílio da visão.

Avise-a, também, quando necessitar ausentar.

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Orientações para lidar com o aluno surdocego

A seguir apresentaremos algumas orientações destinadas aos profissionais da

Educação para lidar com o aluno surdocego na escola e na sala de aula.

Escola - equipamentos

A escola deve ser equipada com máquinas de datilografia Braille e livros transcritos

para o Sistema Braille, sorobans, materiais adaptados em relevo, laptop e outros equipamentos

necessários para a apropriação do conhecimento. Caso não tenha os equipamentos adequados,

fazer solicitação aos órgãos públicos como as Secretaria Estadual ou Municipal de Educação ou

a Assistência Social do Município.

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Escola – inclusão

Faça divulgações em sua escola sobre as melhores maneiras de ajudar uma aluna

surdocega. Oportunize situações à colega surdocega para que ela possa conhecer todos de sua

turma, participando das mesmas atividades que você e para não ficar isolada dos demais.

Seja você um agente de inclusão sendo amigo(a) de uma pessoa surdocega, certamente

você terá muito que aprender com ela.

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Instrutor-mediador

O aluno surdocego necessitará de apoio pedagógico na sala de aula. Dar explicações

verbais sobre o conteúdo abordado e ler para ele tudo o que for escrito na lousa faz parte da

função do professor instrutor-mediador.

Instrutor-mediador:

Um profissional que não pode substituir o professor e nem ser substituído por

outros profissionais, pois ele tem conhecimento de um sistema alternativo de

comunicação e formas individuais de comunicação com o aluno que abrangem

a recepção e a expressão oferece informações conceituais e adicionais sobre o

que ocorre ao redor do aluno para sua total compreensão. Sua função é de

estar sempre com o aluno em todos os lugares que ele freqüenta e se

necessário preparar e adaptar materiais para que ele possa entender e participar

das atividades, principalmente as escolares (MAIA, 2008, p. 42).

O aluno surdocego não é tão rápido para escrever, podendo ter dificuldades em

acompanhar a turma; ajude-o com o conteúdo ditando os textos.

No caso de trabalhos ou pesquisas em livros impressos, o aluno surdocego pode

trabalhar em grupo, com alunos de visão normal. Ele necessita das seguintes adaptações:

Posicionar o aluno em frente ao professor de forma que ele possa ouvi-lo

melhor.

Dispor o mobiliário da sala de aula para ajudar no seu deslocamento, evitando

acidentes e facilitando sua locomoção.

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Postura do professor regente

Na sala de aula a aluna com surdocegueira deve sentar-se em frente à lousa. Sempre

que a professora estiver que explicar um conteúdo de uma disciplina para a turma deverá se

posicionar diante da aluna surdocega, em alguns momentos de explicação individual às vezes é

necessário abaixar para ficar mais próximo da aluna. Utilizar voz pausada, clara em um tom

mais alto.

Em situação de visita, em que o visitante deseje passar uma informação, solicitar que a

pessoa se posicione em frente da aluna surdocega e utilize uma fala clara em uma tonalidade

mais alta e pausada.

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Materiais adaptados

Em sala de aula a aluna surdocega deverá ter a sua disposição materiais adaptados em

alto relevo, com texturas diferenciadas. Reglete e punção disponíveis, pranchas e presilhas que

evitam que o papel deslize da carteira, lupa, Loop, laptop, Display Braille e outros

equipamentos de informática, material esportivo adaptado como bola de guizo e jogos de

tabuleiros, material didático de ampliado ou transcrito para o Sistema Braille, livro falado, e

outros.

O professor não é obrigado a exigir registros escritos, a manifestação oral é

reconhecida como conhecimento.

O professor deve estimular o desenvolvimento de uma consciência visual, para que o

aluno saiba interpretar formas de objetos através de uma imagem mental, estabelecendo a

relação entre o tridimensional e o simbólico.

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Aspectos importantes de acessibilidade

A seguir apresentaremos alguns aspectos importantes de acessibilidade para pessoas

surdocegas.

Definição de acessibilidade

Segundo o Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004,

acessibilidade está relacionada em fornecer condição para utilização, com

segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e

equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos

dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa

portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. No mesmo documento,

barreiras são definidas como qualquer entrave ou obstáculo que limite ou

impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a

possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.

Piso tátil

O piso tátil é de uso exclusivo da pessoa cega e da pessoa surdocega acompanhada de

seu guia-intérprete. Não permita que outras pessoas façam mal uso dele. Necessitando de

auxílio para que esse direito seja respeitado, procure as autoridades responsáveis - guarda de

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trânsito, guarda municipal ou o Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas Deficientes - e

faça a sua reclamação.

Outros exemplos de inadequações de acessibilidade:

Objetos fixados na parede em posição baixa podem acarretar acidentes.

Carros ou motos estacionados em calçadas obstruindo o caminho onde a pessoa

surdocega poderá passar.

Evitar portões abertos, principalmente àqueles que abrem para fora obstruindo a

calçada por onde transitam pedestres.

Evitar utilizar a vaga do deficiente em estacionamentos público ou em frente as

escolas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Avaliamos que este material didático não contempla todas as necessidades que a

pessoa surdocega pode apresentar. No entanto, visamos contribuir com as orientações básicas

para profissionais do contexto escolar, social e familiar.

Consideramos que estas orientações poderão facilitar o convívio das pessoas com

surdocegueira e favorecer seu desenvolvimento e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL Ministério de Educação Especial. Projeto Escola Viva; Garantindo o acesso e a

permanência de todos os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais -

Brasília: MEC, SEESP, 2000.

______ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação Infantil Saberes e

Práticas da Inclusão: dificuldade de comunicação e sinalização: surdocegueira/múltipla

deficiência sensorial 4ª Ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

______Ministério de Educação Especial. Caminhando Juntos: Manual das Habilidades

Básicas de Orientações e Mobilidade – Brasília: MEC, SEESP, 2004.

______Ministério de Educação Especial. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão

Escolar Orientação e Mobilidade, Adequação Postural e Acessibilidade Espacial

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FREDERICO, C. E. O domínio de atividades da vida autônoma e social referentes à

alimentação de crianças surdocegas com fissura lábio palatal. Dissertação de Mestrado.

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Curso de Pós Graduação de Distúrbios do

Desenvolvimento. São Paulo, 2006.

GRUPO BRASIL. Surdocegueira. Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e Múltiplo Deficiente

Sensorial. Folheto Informativo. São Paulo, 2003. 28

MAIA. S. R. A Educação do Surdocego – Diretrizes Básicas para pessoas não especializadas.

Dissertação de Mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie. Curso de Pós Graduação de

Distúrbios do Desenvolvimento. São Paulo, 2004.

______...et all. Estratégias de ensino para favorecer a aprendizagem de pessoas com

Surdocegueira e Deficiência Múltipla Sensorial: um guia para instrutores mediadores. São

Paulo: Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e o Múltiplo Deficiente Sensorial/Canadian

International Development Agency-CiDA, 2008.

______Projeto Pontes e Travessias: Formação de Guia-Intérprete. Centro de Recursos nas

áreas da Surdocegueira e Deficiência Múltipla Sensorial – Programa da Ahimsa -Associação

Educacional para a Múltipla Deficiência. Projeto assistido pelo Programa Hilton Perkins da

Escola Perkins para cegos, Watertown, Mass.U.S.A. O Programa Hilton Perkins é

subvencionado por uma doação da Fundação Conrad N. Hilton, de Reno, Nevada- U.S.A.

Projeto Ahimsa/Hilton Perkins, 2009.

SERPA. X. Manual para pais e professores “Ensino a criança surdocega”. Sense

Internacional Latinoamérica. 2002. Tradução Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao

Múltiplo Deficiente Sensorial, 2003.

SIERRA,M.A.B. AVD, AVAS, AVA, Atividades Cotidianas: Com a Palavra Vigotski e Heller. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2303:8.pdf?PHPSESSID-

2010012008183564. Acessado em 24/07/2011.

WEST, L. Functional Curriculum for transition. A Resource Guide. University of Missouri.

Columbia. 1989.

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GLOSSÁRIO

Alfabeto Braille: Apresentação gráfica dos 64 símbolos do Sistema Braille, distribuídos em

7 linhas ou séries, organizados pela ordem dos pontos:1, 2 e 3 à direita e 4, 5 e 6 à esquerda.

Ava: Atividade da vida autonoma

Cela Braille: Espaço retangular onde se produz um símbolo Braille. A cela é composta por 6

pontos, dispostos em duas colunas de 3 pontos.

Grafia Braille: Representação específica de acordo com uma área de conhecimento. Grafia

Matemática; Grafia Musical; Grafia de uma determinada língua, entre outros.

Guia-intérprete: É o profissional que possui conhecimento e domínio das diversas formas de

comunicação utilizadas pelas pessoas com surdocegueira adquirida. Sua função basicamente

consiste em realizar a transmissão da mensagem contextualizando-a e guiar o surdocego pós-

línguistico ou adquirido.

Instrutor Mediador: É o profissional que fornece intervenção para uma pessoa surdocega e

deficiente múltipla sensorial. Ele faz a mediação entre a pessoa que é surdocega e o seu

ambiente para capacitá-la a se comunicar com o mesmo efetivamente e receber informações

não distorcidas do mundo a seu redor

Libras: reconhecida pela Lei 10.436/2002, é entendida como a forma de comunicação e

expressão em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical

própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de

comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Máquina de escrever Braille: é um equipamento mecânico ou elétrico com um grupo de três

teclas paralelas de cada lado para representar a cela Braille, uma barra de espaço no centro

e um dispositivo para ajustar a folha de papel.

Orientação e mobilidade: significa mover-se de forma orientada, com sentido, direção e

utilizando-se de várias referências como pontos cardeais, lojas comerciais, guia para consulta

de mapas, informações com pessoas, leitura de informações de placas com símbolos ou escrita

para chegarmos ao local desejado.

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Punção: é uma haste de madeira ou de plástico com ponta de metal, em diversos formatos,

usado para a perfuração dos pontos nas celas Braille.

Recursos didáticos: São todos os recursos físicos, utilizados, com maior ou menor freqüência,

em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, constituindo-se num meio para

mediar, incentivar ou possibilitar o processo ensino e aprendizagem.

Reglete: é uma régua de plástico ou de metal, constituída por um conjunto de celas vazadas,

dispostas horizontalmente em linhas paralelas, ajustada a uma base retangular compacta.

Sistema Braille: Consiste num sistema de leitura e escrita alto relevo, com base em 64

combinações resultantes da combinação de seis pontos, dispostos em duas colunas de 3 pontos.

É também denominado de Código Braille.

Soroban: Instrumento utilizado para trabalhar cálculos e operações matemáticas. Espécie de

ábaco que contém cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as contas

fixas.