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29/08/2016
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Eliane M.O. Falcone
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Conversando sobre:Os Esquemas do Terapeuta e a Saúde do Cuidador
Estresse da condição de terapeuta
• Depressão (57%)• Abuso de substâncias (11%)• Burnout (33%)• Ameaças a autoestima em ambiente de saúde multidisciplinar (rivalidades com
colegas)• Levar para casa angústias, tragédias, negligências, abusos, injustiças e crueldades
sofridos pelo cliente• Esgotamento pelo engajamento emocional com os pacientes• Traumatização vicária no tratamento de trauma• Proporção excessiva de pacientes difíceis
Mahoney, 1998; Miller, 2004; Pereira & Jimenez, 2002
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As reações do cliente como fontes de estresse para o terapeuta
• Suicídios ou tentativas de suicídios
• Comportamento agressivo ou hostil
• Depressão, desespero
• Intensa dependência
• Telefonar para a residência do terapeuta
• Comportamento sedutor
• Pagamento irregular
• Faltas e ou atrasos
• Relutância em sair após a sessão
Demandas da TCC
� Ênfase no aqui-e-agora
� Sessões estruturadas e contínuas
� Foco na mudança através do desenvolvimento de habilidades (solução de problemas; reestruturação de pensamentos)
� Papel ativo por parte do terapeuta e do paciente
� Definição de metas
� Adesão às tarefas de auto-ajuda
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Demandas da TCC e resistência do cliente
• Reestruturação de pensamentos automáticos distorcidos• Ativação da crença de ser inadequado, vulnerável ou inepto
• Consequência: Desqualificação da técnica
• Solução de problemas frente a queixas frequentes• Cliente carente de validação
• Consequência: Escalação das queixas
• Adesão às tarefas de autoajuda• Cliente perfeccionista
• Consequência: adiamento ou não realização das tarefas
Eu deveria ter avaliado melhor o problema do paciente (PI)
Esse paciente nunca vai
melhorar (NP)
O paciente ainda está deprimido
por minha causa (As)
Quem ele pensa que é
para me humilhar
assim? (D/V)
Sou um fracasso como terapeuta (Fr)
Condições de trabalho
Ameaças de suicídio, depressão, desespero etc.
Demandas da TCC
Resistência do clienteAtivação dos ESQUEMAS
do terapeuta
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TCC e resistência do paciente - Estudo
N=58 TERAPEUTAS
Os comportamentos resistentes de pacientes difíceis são estressantes para os terapeutas
Terapeutas experientes mostraram-se mais capazes de manejar com os próprios sentimentos negativos, manifestaram pensamentos e comportamentos mais adequados a situação terapêutica e maior percentual de respostas apropriadas
Percentual de respostas muito baixo (10%) na categoria de nível 1 (mais apropriadas na interação com pacientes difíceis)
Terapeutas de orientação cognitivo-comportamental tornam-se mais estressados com pacientes difíceis em função das demandas da terapia versus a resistência desses pacientes
Falcone & Azevedo, 2004
TCC, diretividade e estresse do terapeutaN= 62 psicólogos clínicos: 34 (TCC); 17 (Human.); 11 (Psican.)
• Inventário de Sintomas de Estresse (ISSL – Lipp, 2000) apontou níveis superiores (embora não significativos) de estresse entre os terapeutas TCC.
• Questionário de situações clínicas estressantes (QSCE –Falcone & D’Augustin, 2006) terapeutas TCC > situações estressantes do que os Humanistas (p<0,005) e > do que os Psicanalistas.
• Situações estressantes mais apontadas: aquelas que demandam uma quantidade extra de habilidades interpessoais do terapeuta
Conclusão: A diretividade do terapeuta parece ativar a resistência do cliente e os níveis de estresse do terapeuta, demandando mais habilidades do primeiro na terapia.Falcone & D’Augustin, 2007
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Diretividade versus Não Diretividade em terapia
• Equilíbrio entre os focos na mudança e na resistência do paciente
•Habilidades extras do Terapeuta Cognitivo-Comportamental
Consequências positivas da condição de terapeuta
• Crescimento pessoal significativo
• Terapeutas mais velhos tendem a ser mais ativos nas sessões, menos angustiados pelas experiências emocionais dos clientes e mais habilidosos em confiar em seu conhecimento
• Terapeutas mais experientes tinham mais habilidades relacionais, eram mais autoconscientes, reflexivos, não defensivos, saudáveis e maduros.
• A autoconsciência dos terapeutas sobre as próprias emoções tiveram um impacto positivo sobre a acuidade em identificar as emoções do cliente
Mahoney, 1998; Bennett-Levy & Thwaites, 2007
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Cuidado Pessoal Ativo
• Busca de psicoterapia
• Interação com colegas (supervisão colaborativa)
• Ajustamento da quantidade e da gravidade de casos
• Diversificação das obrigações de trabalho (combinar atendimento, supervisão, ensino e pesquisa )
• Atividades físicas, repouso e lazer
• Exercícios de redução do estresse entre as sessões
• Hobbies, música, arte e jogos
• Ter suporte e ser sustentador nos relacionamentos íntimos
Obrigada [email protected]
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Referências
Bischoff, M.M. & Tracey, T.J.G. (1995). Client resistance as predicted by therapist behavior. A study of sequentialdependence. Journal of Counseling Psychology, 42, 487-495.
Falcone, E.M.O. & Azevedo, V.S.(2006). Um estudo sobre a reação de terapeutas cognitivo- comportamentais frente à resistência de pacientes difíceis. Em E.F.M. Silvares (Org.). Atendimento psicológico em clínicas-escola. Campinas: Alínea.
Falcone, E. M. O.& D’Augustin, J.F. (2007). The influence of the professional context and the theorethical approach onthe occupational stress of brazilian clinical psychologists. World Congress of Behavioural and CognitiveTherapy, Barcelona, 11 a 14 de julho de 2007.
Falcone, E.M.F. (2006). A dor e a delícia de ser um terapeuta: considerações sobre o impacto da psicoterapia na pessoa do profissional de ajuda. Em H.J.Guilhardi & N.C. de Aguirre (Orgs.). Sobre comportamento e cognição. Expondo a variabilidade. Santo André: ESETec Editores.
Jones, D. (1997). Stresses in cognitive-behavioural psychotherapists. In V.P. Varma (Ed.). Stress in psychotherapists. London & New York: Routledge.
Mahoney, M.J. (1998). Processos humanos de mudança: as bases científicas da psicoterapia. Porto Alegre: Artmed.
Miller, L. (2004). Psicoterapeutas traumatizados. In F.M. Dattilio & A. Freeman (Orgs.). Estratégias cognitivo-comportamentais de intervenção em situações de crise. Porto Alegre: Artmed.
Pereira, A.M.B. & Jiménez, B.M. (2002). O Burnout em um grupo de psicólogos brasileiros. In A.M.T.B.Pereira (Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo.