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WESGLER JACINTO CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO POLITRAUMATIZADO ORTOPÉDICO NAS UNIDADES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA BATATAIS 2006

Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

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Monografia por WESGLER JACINTO.

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Page 1: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

WESGLER JACINTO

CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO POLITRAUMATIZADO ORTOPÉDICO NAS UNIDADES DE

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

BATATAIS 2006

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WESGLER JACINTO

CONDUTAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO POLITRAUMATIZADO ORTOPÉDICO NAS UNIDADES DE

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Monografia apresentada ao Centro Universitário

Claretiano para a obtenção do título de bacharelado e

licenciatura em Enfermagem sob a orientação da

enfermeira docente Zigmar Borges Nunes.

BATATAIS

2006

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Injusto eu seria se não dedicasse essa conquista a minha família, pois se

eles não sonhassem junto comigo a chegada desse momento, seria

impossível que tudo se tornasse realidade. Portanto mamãe, papai,

minhas irmãs, meu cunhado e meus sobrinhos: essa vitória não é

somente minha e sim de todos nós...

Amo muito vocês...

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Minha eterna gratidão a todos que, de alguma forma, contribuíram, direta ou indiretamente, em todos os aspectos para que eu alcançasse esse triunfo. Primeiramente, a Deus por dar me a oportunidade de viver, me proporcionando o dom e a missão de lutar pela manutenção da vida humana. À minhas madrinhas Nossa Senhora de Aparecida e Santa Rita de Cássia, pelas suas intercessões junto a Deus para que várias graças pudessem ser alcançadas a fim de que essa graduação fosse concluída. À minha heroína mãe Maria Umbelina, que não mediu nenhum esforço para que eu desfrutasse desse momento, sendo ela a principal responsável deste acontecimento tão especial na minha vida. Ao meu pai José Jacinto, pelo seu idealismo e por estar sempre pronto a oferecer seu carinho paterno e suas orações. À minha irmã Drôrreana e meu cunhado Rodrigo, pela tamanha receptividade de me ter como um dos seus filhos no decorrer desse curso. À minha irmã Katielle, pela dedicação durante toda essa luta. Aos meus sobrinhos Kamilla, Maria Gabriela e Samuel, por serem a minha fonte de inspiração nessa caminhada. Aos meus tios José Alves e Nívia, que foram meu verdadeiro suporte, tanto espiritual quanto em outros aspectos, para que esse sonho se realizasse. Ao amigo Daniel Machado (Dany), pela motivação constante e pelo acolhimento quando muito precisei. Ao Sr. Francisco e Dona Irene, pela atenção fraterna em vários momentos. À galera da república “Mukifo” pela força e paciência, em especial ao colega Leandro. Aos colegas de trabalho que foram a minha segunda família nesses quatro anos de luta. Aos colegas de faculdade, pelo companheirismo neste trajeto acadêmico. À minha orientadora Zigmar, pela gentileza de ter atendido o meu pedido de me direcionar na confecção dessa monografia. Por fim, agradeço a muitos que apesar de não serem citados, colaboraram com mais essa vitória... Dessa forma, só me basta reconhecer de coração e, com intensa emoção, dizer:

MUITO OBRIGADO!!!

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RESUMO

A enfermagem é uma ciência humana com campo de conhecimento, fundamentação e

prática de cuidar de seres humanos, que abrange do estado de saúde ao estado de doença, dotada

pela criatividade, sensibilidade, observação aguçada e improvisação, com coordenação assumida

por enfermeiros preenchidos pelos papéis de assistencialista, de líder e de pesquisador. Uma vez

aumentado a demanda e a complexidade dos atendimentos de saúde, deu-se a necessidade de

fracionar esse serviço em diversas áreas, surgindo assim, entre elas, a unidade de urgência e

emergência e, conseqüentemente, o enfermeiro emergencialista. Assim, traçando o perfil

epidemiológico dos pacientes usuários desses serviços em alguns estudos recentes, é notório que

a maioria refere-se aos politraumatizados com o comprometimento principalmente do sistema

musculoesquelético. Dessa forma, isso induz o enfermeiro dessas unidades, mediante situações

muitas vezes críticas, a usufruir conhecimentos técnico-científicos para uma sistematização da

assistência de enfermagem rica, segura e eficaz, objetivando a minimização de seqüelas

incapacitantes e a ausência de complicações que podem levar a vítima à letalidade. Com a

finalidade de contribuir para a educação desses profissionais, esse trabalho foi iniciado em

janeiro de 2005 por meio de uma revisão de literatura de 38 bibliografias dos dez últimos anos

(1996-2006) referente à temática proposta.

Palavras-chave: Enfermagem de Emergência. Unidade de Urgência e Emergência.

Politraumatizado. Ortopedia. Traumatologia.

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ABSTRACT

The nursing is a human science being with knowledge field, recital and practical to take

care of human beings, that it encloses of the state of health to the illness state, endowed for the

creativity, sensitivity, sharpened comment and improvisation, with coordination assumed for

nurses filled for the assistance papers, of leader and researcher (FIGUEIREDO, 2005; LIMA

apud FIGUEIREDO, 2005). An increased the demand and the complexity of the attend of health,

was given to it a necessity of fraction this service in diverse areas, appearing, between them, the

unit of urgency and emergency and, consequently, the nurse emergency. Tracing the

epidemiologist profile of the using patients of these services in some recent studies, he is well-

known that the majority mainly mentions the multiple traumatism to it with the compromise of

the muscle skeletal system. Of this form, this induces the nurse of these units, by means of

situations many critical times, to usufruct technician-scientific knowledge for a systematization

of the assistance of rich nursing, efficient insurance and, objectifying the minimun of incapacity

sequels and the absence of complications that can take the victim to the lethality. With the

purpose to contribute for the education of these professionals, this work was initiated in January

of 2005 by means of a revision of literature of 38 bibliographies of the ten last years (1996-2006)

referring to thematic the proposal.

Keywords: Nursing of Emergency. Unit of Urgency and Emergency. Patients Multiple

Traumatism. Orthopedics. Traumatology.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................10

CAPÍTULO I.................................................................................................................................12

1. O Enfermeiro na Unidade de Urgência e Emergência: Princípios Fundamentais............12

1.1 O enfermeiro emergencialista...................................................................................................12

1.2 As unidades de urgência e emergência.....................................................................................17

1.3 O processo de enfermagem nas unidades de urgência e emergência.......................................21

CAPÍTULO II...............................................................................................................................25

2. O Paciente Politraumatizado: Algumas Considerações........................................................25

2.1 Abordagem inicial do enfermeiro na estabilização do politraumatizado.................................27

2.1.1 Avaliações e intervenções primárias.....................................................................................29

2.1.2 Avaliações e intervenções secundárias.................................................................................30

2.2 Os efeitos sistêmicos do trauma...............................................................................................33

CAPÍTULO III ............................................................................................................................38

3. A Sistematização da Assistência de Enfermagem Frente ao Politraumatizado

Ortopédico nas Unidades de Urgência e Emergência...........................................................38

3.1 Anamnese ortopédica...............................................................................................................39

3.2 Exame físico ortopédico...........................................................................................................41

3.2.1 Inspeção.................................................................................................................................41

3.2.2 Palpação................................................................................................................................43

3.3 Diagnósticos de enfermagem possíveis no politrauma ortopédico..........................................46

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3.4 Planejamentos e implementações relacionados ao politrauma ortopédico...............................49

3.5 Evolução...................................................................................................................................51

DISCUSSÃO ................................................................................................................................53

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................63

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“Nada pode se opor a um homem que deseja continuar vivendo”

Franz kafka

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INTRODUÇÃO

Os cuidados prestados ao paciente, de qualquer patologia, são diretamente atribuídos a

profissionais de enfermagem, seja eles enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem. Como

líder na assistência de enfermagem ao paciente, o enfermeiro deve coordenar a sua equipe

visando cuidados específicos e qualitativos a fim de proporcionar um tratamento eficaz com

ausência de complicações. No atendimento ao politraumatizado ortopédico nas unidades de

urgência e emergência, isso não é diferente, o enfermeiro deve usufruir conhecimentos técnico-

científicos para que o trajeto terapêutico, juntamente com uma conduta ideal a esse paciente

chegue ao resultado esperado. Com isso, é indispensável que uma postura eficiente e atenciosa de

toda a equipe de enfermagem com esse tipo de paciente seja introduzida nas unidades de urgência

e emergência para repelir, ao máximo, desabonos ao tratamento.

Diante disso, foi inspirada a temática desse Trabalho de Conclusão de Curso somado

pela minha prática profissional trabalhando por quatro anos, como auxiliar de enfermagem, numa

unidade de urgência e emergência de um hospital privado de uma cidade do interior do estado de

São Paulo que possui cerca de 80.000 usuários conveniados, donde vivenciei o despreparo dos

profissionais da enfermagem no atendimento ao politraumatizado ortopédico. Além disso, outros

fatores também foram motivadores para o investimento nesse tema como: a falta da disciplina de

ortopedia e traumatologia na grade curricular do curso de graduação em enfermagem; a escassez

de estudos científicos destinados à enfermagem ortopédica; e, principalmente, a minha vocação

pela temática.

Essa monografia foi iniciada em janeiro de 2005 e concluída em novembro de 2006,

com o objetivo primordial de realizar uma revisão de literatura acerca do planejamento da

assistência de enfermagem ao politraumatizado ortopédico nas unidades de urgência e

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emergência, a fim de fornecer, ao enfermeiro e sua equipe, a aquisição de conhecimentos e o

aprimoramento de técnicas e cuidados prestados à esses pacientes, visando a qualificação da

assistência de enfermagem nessa área. Assim, dentro desse contexto ortopédico, o profissional de

enfermagem que apreciar esse trabalho, poderá buscar subsídios na execução de procedimentos e

cuidados direcionados às vitimas portadoras de politraumas ortopédico, bem como capaz de

orientar ao paciente e seus familiares envolvidos no tratamento, dando-lhes o suporte necessário.

O referencial teórico foi elaborado em 23 meses, utilizando a metodologia de revisão

literária de assuntos referente enfermagem, unidade de urgência e emergência, politraumatizado

geral, ortopedia e traumatologia. Para isso, foram selecionadas, analisadas e utilizadas nesse

trabalho o total de 35 bibliografias (16 livros – 46%, 17 artigos científicos – 48%, e 2 textos da

internet – 6 %) delimitadas no período que compreende do ano de 1996 a 2006. Dessas, 32

referências (16 livros, 14 revistas e 2 jornais) foram encontrados por busca manual em várias

fontes como bibliotecas (Centro Universitário Claretiano de Batatais/SP – CEUCLAR,

Universidade de Franca/SP – UNIFRAN, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo – USP, e Hospital Unimed de Franca/SP), empréstimos de

profissionais da saúde e acervo próprio. As outras 3 bibliografias restantes (1 revista eletrônica e

2 textos) foram localizadas através de pesquisa digital na internet em sites científicos como

BIREME, LILACS, SCIELO e sites especializados. Vale ressaltar que, apesar de uma busca

intensiva e detalhada, não foi possível encontrar estudos específicos sobre a atuação do

enfermeiro nos politraumas ortopédicos nas unidades de urgência e emergência, o que muito

dificultou a elaboração dessa monografia.

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CAPÍTULO I

O Enfermeiro na Unidade de Urgência e Emergência: Princípios Fundamentais

1.1 O enfermeiro emergencialista

Há mais de 145 anos, Florence Nightingale contrariou as regras tradicionais de sua

família manifestando interesse de freqüentar hospitais e exercer atividades que, naquela época,

não fosse para “moça direita”, pois, nessa época, a enfermagem estava apenas nascendo e

Nightingale não poderia, nem de longe, imaginar as complexidades dos hospitais e dos serviços

dos dias atuais (WARNER apud FIGUEIREDO, 2005).

Em 1970, a classe da enfermagem já representava o grupo de profissionais do sistema

de atendimento à saúde colaborando para que, em 1986, surgisse a lei 7.498 que regulamenta o

exercício profissional da enfermagem (FIGUEIREDO, 2005; COFEN, 2006).

Lima apud Figueiredo (2005) conceitua que “a enfermagem é uma ciência humana, de

pessoas e experiências, com campo de conhecimento, fundamentação e prática de cuidar de seres

humanos, que abrange do estado de saúde ao estado de doença, mediado por transações pessoais,

profissionais, cientificas, estéticas, éticas e políticas”. Dessa forma, a enfermagem resume-se

como a “arte de cuidar”, no qual os profissionais criam as condições para que o cliente se

recupere.

O executor da arte é um artista. Assim, como artista na assistência à saúde, o enfermeiro

deve se dispor de quatro características: criatividade, sensibilidade, observação aguçada e

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improvisação (ARNHEIN apud FIGUEIREDO, 2005). A criatividade é basicamente formar,

provendo de meios para a própria sobrevivência, encontrando soluções para os problemas que

surgem. A sensibilidade corresponde à percepção das influências emitidas pelo meio pela

utilização de todos os sentidos. Já a observação aguçada refere à capacidade de visão além

daquilo que está sendo mostrado. E a improvisação caminha junto com a criatividade, e se

caracteriza pela capacidade de interpretação e organização imediata através de recursos

disponíveis, sem ônus para o indivíduo.

Para poder usufruir sua qualidade de artista, o enfermeiro deve estar completamente

preenchido por uma bagagem de conhecimento e técnicas para imprimir um caráter mais realista

à sua obra, proporcionando um cuidado que produza saúde e controle das doenças, respeitando os

princípios éticos e científicos aprendidos (SILVA apud FIGUEIREDO, 2005). Na busca

incessante da perfeição, parecem esquecer que é a imperfeição quem ensina, uma vez que arte é,

antes de tudo, um incessante experimentar.

O que é possível verificar na enfermagem, bem como nas suas funções e competências,

é que não se pode exercer a profissão sem saber os fundamentos científicos e específicos que

norteiam a prática do cuidado, e nem fazer sem saber o porquê (FIGUEIREDO, 2005). Além

disso, as articulações entre o grupo de enfermagem e outras equipes devem ser evidentes, uma

vez que o sujeito do cuidado é único.

De acordo com Figueiredo (2005), a articulação entre todos os profissionais é

importante e necessária, considerando as diferenças, o saber científico, as atribuições e

hierarquias. Com isso, primeiramente, o enfermeiro deve saber distinguir as suas funções dentro

de sua própria equipe, diferenciando o seu papel em relação ao técnico e auxiliar de enfermagem,

e, posteriormente, diferenciar as suas atribuições de outros profissionais como, por exemplo, o

médico. O enfermeiro, por sua vez, direciona a assistência na qual uma parte de seu trabalho é

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independente e, a outra, depende da colaboração de seu grupo e de outras equipes. Essa

dependência parcial torna importante a articulação, o que propiciará um cuidado de qualidade

devido à interdisciplinaridade, ou seja, a junção de todos os profissionais com conhecimentos e

atribuições distintas favorecem um prognóstico satisfatório pela grande bagagem científica

adquirida pela equipe. Dessa forma, o profissionalismo, encarado de forma ética, passa a ter um

valor extremo dentro do contexto atual da enfermagem, e, qualquer ação do enfermeiro, passa a

ser contextualizada como fundamental no processo de cuidar, pois a não execução de um ato ou

etapa do cuidado, prejudicará aquele que está em primeiro plano, o paciente.

Na interdisciplinaridade, a equipe de enfermagem não atua sozinha. Junto, formando a

equipe multidisciplinar, compartilham os profissionais da área de medicina, farmácia, serviço

social, fisioterapia, psicologia, nutrição, fonoaudiologia, terapia ocupacional e serviço de apoio.

Na sua essência, a equipe de enfermagem presta cuidados diretos e indiretos ao paciente por uma

variedade de métodos organizacionais sob supervisão do enfermeiro envolvido em todo o

processo (FIGUEIREDO, 2005).

Para Smeltzer e Bare (2000), o enfermeiro, em qualquer setor de atuação, tem três

papéis fundamentais: o papel assistencial, que engloba a capacidade de promover ações

procedimentais atendendo as necessidades de cuidados diretos ao paciente; o papel de líder, que

envolve os poderes de decisão, relacionamento, persuasão e facilitação; e o papel de pesquisador,

que tem a função de contribuir para a prática científica da enfermagem. Dessa forma, embora

cada papel tenha a sua responsabilidade própria, eles se relacionam entre si e são encontrados em

todos os campos da enfermagem. Além disso, eles são estruturados para atender os cuidados

imediatos e futuros, assim como as necessidades dos consumidores de cuidados de saúde –

pacientes – que são receptores dos cuidados de enfermagem.

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Atualmente, a enfermagem está se adaptando para atender as mudanças nas expectativas

e necessidades da saúde, adotando medidas para melhorar a distribuição dos serviços de saúde e

diminuir os custos da assistência (SMELTZER; BARE, 2000).

Uma dessas mediadas é a ampliação do papel do enfermeiro, percebido pela abertura de

vários cursos de especialização acadêmica, educação continuada e pela criação do processo de

enfermagem, o que favorecem para o crescimento dessa profissão devido ao fornecimento de

conhecimento em atacado a esses profissionais, tornando-os estrategistas científicos e

colaboradores no sucesso do processo saúde-doença.

Os serviços de enfermagem são tão diversificados que é impossível conseguir prática e

eficiência em todos os aspectos. Como uma parte especializada da enfermagem, o serviço de

emergência não é uma novidade. Há muitos anos, os enfermeiros de emergência entendem que

numa melhoria de seu serviço e o reconhecimento da importância de seu papel são fatores

essenciais para a qualidade do atendimento nos hospitais e nas comunidades (WEHBE;

GALVÃO, 2001). Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje, o grau de conhecimento,

habilidade e capacidade dos enfermeiros de emergência é reconhecido. Os enfermeiros são parte

da equipe que presta serviços à saúde, e têm correspondido ao que deles se espera, conquistando

o seu lugar como hábeis profissionais especializados no atendimento de emergência.

O enfermeiro emergencialista, como a própria nomenclatura diz, é aquele habilitado

para trabalhar no campo de tratamento de urgência e emergência. A organização e as normas

desse departamento determinam sua eficiência, mas um enfermeiro bem treinado deve ser capaz

de proporcionar tratamento de emergência, fazer a avaliação e executar um plano de ação. Diante

disso, o enfermeiro da unidade de urgência e emergência são líderes, professores, conselheiros e

coordenadores ( WEHBE; GALVÃO, 2001). Como coordenadores podem completar com

eficiência os esforços dos administradores, dos médicos, dos auxiliares e dos departamentos

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públicos no atendimento de emergência. Além disso, o enfermeiro emergencialista é uma parte

vital e integrante da equipe, pois se ele for inadequado ou incompetente, a eficácia da equipe

diminui e o paciente sofre sem necessidade.

As funções da enfermagem de emergência são independentes, interdependentes e de

colaboração, e todo enfermeiro deve conhecer as limitações legais de suas atribuições e

conservar-se dentro delas (FIGUEIREDO, 2005). Dessa forma, seu trabalho junto com os

médicos e outros profissionais da unidade de urgência e emergência deve ser amistoso,

respeitando as competências da classe alheia e acreditando que o sucesso do indivíduo depende

da qualidade e dos esforços de todo o grupo. Além disso, para promover a melhora dos serviços

de emergência, o enfermeiro emergencialista terá de conscientizar do seu próprio potencial na

execução do serviço, tomando decisões referente às suas atividades como ativo diretor da equipe.

Devido à contínua escassez de médicos e a localização geográfica defeituosa dos

existentes, as atribuições do enfermeiro do serviço de emergência dependerão do local em que ele

exerce o seu trabalho. As leis que determinam a esfera de suas atividades variam de estado para

estado, e os decretos que regulam a profissão dos enfermeiros registrados estão sendo expandidos

para definir o seu papel mais amplo, o que leva ao aumento das responsabilidades desses

profissionais no serviço de emergência (VIEIRA; FIGUEIREDO; PORTO, 2004; COFEN,

2006). Outro fator colaborativo para essa situação se deve à tendência nacional de tornar

acessível um serviço médico de melhor qualidade e à eficiência de enfermagem nos serviços de

emergência. Como alicerces no tratamento de emergência, os enfermeiros têm conhecimentos e

práticas que os habilita coordenar a Unidade de Urgência e Emergência. Além disso, a expansão

do seu papel, os permite obter a história do paciente, fazer exames físicos e executar tratamentos,

aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para a continuidade

do tratamento e medidas vitais (ALFARO-LEFEVRE, 2005).

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Poucas profissões como a medicina e a enfermagem têm, inerente, o relacionamento de

causa e efeito. Quando aceito, o trabalho de lidar com vidas humanas é uma obrigação

importante, e o enfermeiro deve estar sempre preparado, procurando se instruir constantemente e

praticar, para estar ao nível dessa importância, sobretudo na Unidade de Urgência, onde os

problemas de saúde surgem com mais freqüência e complexidade (WEHBE; GALVÃO, 2001).

Afinal, sem o apoio da enfermagem, esse departamento não pode atender aos seus pacientes

como de direito constitucional.

1.2 As unidades de urgência e emergência

A Organização Mundial da Saúde tem a definição de que o hospital é a representação do

direito inalienável que o homem tem de ter saúde e é o reconhecimento formal por parte da

comunidade de sua responsabilidade em prover meios que o conservem sadio ou que lhe

restaurem a saúde perdida (FIGUEIREDO, 2005).

Quanto à finalidade, o hospital é parte de uma organização médica e social, cuja função

básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva,

sob quaisquer regime de atendimento, inclusive o domiciliar, contribuindo-se também em centro

de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como

encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde

a eles vinculados (BORBA apud FIGUEIREDO, 2005). Essa conceituação mostra a abrangência

das dimensões compreendidas por uma organização hospitalar, cujos serviços são direcionados à

família, à comunidade e ao meio ambiente, sendo parte integrante de um sistema voltado para o

cuidado integral do paciente.

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Quanto à classificação, Bisson e Cavallini (2002) inferem que os hospitais podem ser

classificados sob diferentes aspectos como o regime jurídico, o porte e o tipo de serviços

prestados. Juridicamente, podem ser públicos ou privados. Em relação ao porte, o hospital é

delimitado pelo número de leitos que oferece à população, sendo pequeno quando tem menos de

50 leitos, médio porte quando possui de 50 a 200 leitos e grande quando contêm mais de 200

leitos. Já considerando o tipo de serviço prestado, o hospital é classificado como especializado

quando atende apenas uma especialidade - como, por exemplo, os Hospitais Ortopédicos, que

atendem somente pacientes portadores de patologias do sistema locomotor - e, geral quando

atende mais de uma clínica.

Com a evolução dos serviços de saúde e do surgimento de uma assistência fracionada, o

hospital e as unidades de saúde foram se dividindo em setores específicos para as especialidades

adjacentes, sendo que numa dessas divisões surgiu a Unidade de Urgência e Emergência.

Nos hospitais, as Unidades de Urgência e Emergência é uma das localidades mais

importantes e que exigem um atendimento de alta complexidade devido às situações críticas que

lá ocorrem freqüentemente. Sabbadini e Gonçalves (s. d.) revelam que a “ [...] crescente demanda

por serviços nessa área nos últimos anos é causada por fatores como o crescimento demográfico,

o aumento da violência urbana e a formação de pólos de tráfego que elevam a ocorrência de

acidentes”.

Assim, Richardson (2003) define a Unidade de Urgência Emergência como um setor

multidisciplinar composto por diversas classes de profissionais da saúde com perícia para tratar

pacientes em um estado grave.

Além dessa equipe de saúde especializada, as Unidades de Urgência e Emergência deve

dispor de uma organização física que atenda todas as necessidades de seus usuários

(SABBADINI; GOLÇALVES, s. d.).

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Dessa forma, sua localização deve ser num local de melhor acesso do hospital,

possibilitando ao cliente externo e interno a fácil identificação no caso de uma situação de caráter

urgente ou emergente. Além disso, de acordo com Potter e Perry (1999), Smeltzer e Bare (2000),

Wehbe e Galvão (2001), Figueiredo (2005) e Sabbadini e Gonçalves (s. d.), no interior das

Unidades de Urgência e Emergência, devem conter repartições que atendam de forma organizada

o paciente, como:

• a recepção, onde é feita a ficha de atendimento;

• a sala de espera, local que os usuários aguardam pelo atendimento;

• sala de pré-consulta ou triagem, composta pelo enfermeiro ou por um profissional de

enfermagem devidamente treinado por ele, para realização da consulta de enfermagem e

verificação das prioridades de cada paciente da sala de espera;

• consultórios médicos, locais de consulta médica;

• sala de emergência, local de atendimento a pacientes em situações críticas e que correm

risco eminente de vida;

• sala de observação, ambiente onde o paciente repousa e recebe medicações e cuidados

pela equipe de enfermagem;

• posto de enfermagem, sala para preparo de medicações e registros de enfermagem;

• sala de traumas, local onde são atendidos os pacientes com tramas ortopédicos,

ferimentos, queimaduras, dentre outros;

• sala de gesso, lugar utilizado para confeccionar o aparelho gessado;

• sala de curativos, uma sala para realização de curativos contaminados e outra para não

contaminados;

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• sala de isolamento, nesta são acomodados os pacientes imunodeprimidos ou portadores

de doenças infecto-contagiosas;

• salas ginecológicas, destinadas para realização de consultas e exames ginecológicos;

• sala de parto, local reservado para efetuar partos de emergência;

• sala de pequena cirurgia, departamento para proceder pequenas cirurgias – por exemplo,

retirada de corpo estranho, pequenas amputações de extremidades distais;

• sala de procedimentos especiais, utilizadas para lavagem intestinal, toque retal, banhos,

etc.;

• sala de coleta, onde são coletados materiais para exames laboratoriais;

• salas de diagnósticos por imagem, localidades de realizações de exames radiológicos,

tomografias computadorizadas e ressonância magnética;

• sala de utilidades, lugar para armazenamentos de materiais de apoio ao paciente e à

equipe – por exemplo, papagaios, cadeira de rodas, macas, lençóis, entre outros;

• expurgo, local onde são depositados e processados os materiais contaminados, sujos ou

usado;

• sanitários, alguns para uso exclusivo dos pacientes e outros para uso da equipe de

profissionais;

• copa, local reservado para refeições e lanches;

• sala de reuniões, espaço para treinamentos, mini-cursos, educação continuada e reuniões

da equipe de profissionais;

• sala do enfermeiro, destinada para o enfermeiro(a) responsável pela unidade de

emergência desenvolver sua funções assistencial, administrativa e de pesquisa.

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Segundo Wilkins apud Sabbadini e Gonçalves (s.d.), juntamente com a equipe de

profissionais de saúde e as instalações físicas, a equipe administrativa vem somar os fatores que a

Unidade de Urgência e Emergência necessita para o seu funcionamento. Nessa parte burocrática,

a equipe administrativa é responsável pela operação cotidiana da unidade, da manutenção dos

registros e de execução de procedimentos da rotina administrativa.

1.3 O processo de enfermagem nas unidades de urgência e emergência

Smetzer e Bare (2000) relatam que, atualmente, o processo de enfermagem é

considerado a essência da enfermagem e tem sido a principal ferramenta do enfermeiro para

prestação qualitativa de cuidados direitos e indiretos ao paciente. Na sua definição, dizem que se

trata de um sistema deliberado para a identificação e evolução dos problemas de saúde no sentido

de facilitar as condutas do enfermeiro para que seja suprida a necessidade do paciente. Além

disso, o processo de enfermagem dinamiza as ações, sistematizando-as e relacionando-as,

visando a assistência ao ser humano. Suas principais etapas incluem: o histórico de enfermagem,

o diagnóstico de enfermagem, o planejamento das ações de enfermagem, a implementação das

ações de enfermagem e a evolução de enfermagem.

No histórico de enfermagem, Alfaro-Lefevre (2005) explica que o enfermeiro deve

utilizar um roteiro sistematizado para o levantamento de dados do ser humano para tornar

possível a identificação de seus problemas. O primeiro passo é a identificação pessoal do paciente

(nome, idade, raça, sexo, estado civil, e outros) e é feito, pelo enfermeiro ou recepcionista, logo

que o paciente entrar na Unidade de Urgência e Emergência. Nos casos em que o paciente estiver

em estado crítico, a coleta de informações do paciente pode ser deixada em segundo plano ou

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fornecida pelo seu acompanhante enquanto a equipe presta o atendimento de emergência. Logo

após, o enfermeiro realizará a Anamnese, coletando sistematicamente os dados referentes à saúde

do paciente para chegar a uma determinação das necessidades prioritárias atuais ou potenciais e

do estado geral da vítima. No primeiro momento, uma entrevista planejada e um exame físico

inspecionado devem ser utilizados com o intuito de obter informações sobre quaisquer problemas

de saúde do paciente, incluindo a História Pregressa da Doença Atual, a Queixa Principal, os

Antecedentes Pessoais, os Antecedentes Familiares, dentre outros. Na abordagem, um roteiro

pode facilitar a seqüência da entrevista, contribuindo para o ganho de tempo e a coleta completa

das informações. Para isso, o enfermeiro deverá conquistar a confiança mútua do entrevistado.

Nessa ocasião, um ambiente agradável e a flexibilidade do entrevistador favorecerão o bom

relacionamento com o paciente e seus familiares.

No processo de enfermagem, mais precisamente numa Unidade de Urgência e

Emergência, o histórico de enfermagem serve como base para a identificação dos diagnósticos de

enfermagem.

Para Smeltzer e Bare (2000), logo depois de completar a história sobre a saúde, o

enfermeiro organiza, analisa, sintetiza e sumariza os dados coletados, e determina os

diagnósticos. Com isso, os diagnósticos de enfermagem tem promovido o desenvolvimento da

autonomia e da credibilidade na enfermagem, e tem ajudado a delinear a pratica do cuidado ao

paciente. Apesar disso, até os dias de hoje, a enfermagem não possui uma taxonomia de

diagnósticos classificada que seja consenso de todos os enfermeiros, mas a North American

Diagnosis Association (NANDA) tem assumido a responsabilidade formal na organização de

diagnósticos aceitáveis. Dessa forma, esses diagnósticos correspondem aos problemas atuais ou

potenciais do paciente, possíveis na resolução pelas ações independentes da enfermagem,

Page 23: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

23

devendo incluir as etiologias e as características de modo a fornecer um meio adicional para esse

diagnóstico.

Uma vez identificados os diagnósticos de enfermagem, o enfermeiro emergencialista

deve desenvolver o planejamento - ou plano de cuidados - de enfermagem, nos quais estão os

subcomponentes envolvidos como: prioridades, metas, prescrições de enfermagem, resultados

esperados e registros (SMELTZER; BARE, 2000).

O levantamento das prioridades é um esforço conjunto entre o enfermeiro, o paciente e,

se necessário, a família, desconsiderando os problemas de urgência e focalizando nas situações

emergentes que causam risco eminente de vida, como descrita na Hierarquia das Necessidades de

Maslow, sendo focada primeiramente nas necessidades fisiológicas, seguidas pelas necessidades

de segurança, afetividade, auto-estima e auto-realização, respectivamente. Depois disso, as metas

possuem papel importante, devendo ser traçadas pelo enfermeiro emergencialista, visando a

obtenção de um resultado satisfatório para a saúde do paciente. Em seguida, as prescrições de

enfermagem são elaboradas com bases nas metas estabelecidas, visando o cuidado integral ao

paciente. O planejamento é composto também pela especificação dos resultados esperados, onde

são afirmados os termos relativos à condição de saúde satisfatória que o paciente deverá chegar,

ao tempo no qual deverá ser usado para implementação das ações de enfermagem. Por fim,

surgem os registros no qual o enfermeiro emergencialista descreverá, se possível, formalmente

seu plano de cuidados à vítima. Por outro lado, em certas situações de estrema emergência, o

enfermeiro deverá deixar a formalidade de lado e partir para um planejamento rápido e

mecanizado pelas necessidades do paciente, às vezes, sem registro temporariamente.

Na opinião de Alfaro-Lefevre (2005), a fase de implementação do processo de

enfermagem segue a formalização do seu plano de cuidados. A execução do planejamento

proposto é de responsabilidade do enfermeiro da unidade de urgência e emergência, mas inclui

Page 24: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

24

toda a equipe de enfermagem bem como pacientes e seus familiares. Na implementação, são

praticadas as ações prescritas pelo enfermeiro emergencialista, direcionadas à resolução das

necessidades do paciente levantadas nos diagnósticos de enfermagem. Além disso, nessa etapa,

cabe ao enfermeiro avaliar continuamente o paciente e suas respostas ao cuidado prestado,

devendo ser feitas alterações no plano de cuidado caso não haja eficácia ou a condição de saúde

do paciente alterar. Essa etapa é concluída quando as prescrições de enfermagem formal ou

informal forem implementadas e as respostas a elas registradas de modo conciso, preciso e

objetivo pelo enfermeiro emergencialista.

De acordo com Smeltzer e Bare (2000) e Alfaro-lefevre (2005), a última etapa do

processo de enfermagem é a evolução de enfermagem, e consiste na determinação das respostas

do paciente às intervenções de enfermagem e extensão das metas alcançadas. Dessa forma, para a

determinação da evolução, o enfermeiro emergencialista deve considerar todas as etapas

anteriores do processo de enfermagem, focando na persistência ou não dos diagnósticos

inicialmente traçados e no alcance ou não das metas previstas.

Page 25: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

25

CAPITULO II

O Paciente Politraumatizado: Algumas Considerações

O politrauma é uma síndrome decorrente de lesões múltiplas, com reações sistêmicas

seqüenciais que podem levar à falha ou a disfunção de órgãos ou sistemas vitais não diretamente

lesados pelo trauma (CAMARGO et al, 2004).

Epidemiologicamente, o trauma representa, atualmente, a terceira causa de morte

mundial (PAVELQUEIRES, 1997). Segundo as estatísticas, em um dia médio, 170.000 homens,

mulheres e crianças sofrem traumatismos, e aproximadamente 400 morrem com resultado de suas

lesões. Lesão acidental é o maior assassino de pessoas entre as idades de 1 a 44 (BROWNER et

al., 2000). Esses dados estão diretamente ligado à explosão demográfica juntamente com os altos

índices de violência, os avanços tecnológicos e a imprudência dos dias atuais.

Para Tashiro e Murayama (2001), “a vítima do trauma é considerada parcialmente

grave, pois seu estado poderá se deteriorar rapidamente atingindo várias partes do organismo e

colocando o indivíduo em risco de vida”. Dessa forma a gravidade da lesão são determinadas

pelos traumas que podem ser menores, quando atinge um único sistema, ou maiores, quando as

lesões são graves e atinge múltiplos sistemas. Obviamente, os traumas menores podem ser

tratados na própria unidade de Urgência e Emergência devido ao risco inexistente do paciente ir a

óbito, enquanto o paciente com traumas maiores necessitam de atendimento complexo e imediato

a fim de evitar complicações e óbito.

O avanço tecnológico traz com ele os acidentes de trânsito, tornando-os muitos

freqüentes em nosso meio, o que eleva o índice das lesões traumáticas podendo levar o indivíduo

Page 26: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

26

à inatividade. Apesar dos grandes esforços das equipes responsáveis pelo atendimento ao

politraumatizado, as taxas de morbidade e mortalidade ainda são assustadoras. Um dos exemplos

é apontado no estudo feito por Sgarbi, Silva Jr e Neto (2006), no qual relatam que “[...] pacientes

vítimas de traumatismos cranianos ou do tórax, com fraturas da bacia ou com associação de

traumas ortopédicos graves, representam uma população com alta incidência de óbito”.

Nos politraumatismos, Pavelqueires (1997) e Oliveira, Parolin e Teixeira Jr (2004)

referem que a mortalidade é classificada em três níveis subseqüentes: imediata, precoce e tardia.

No índice de imediata, as mortes são relativas às que acontecem logo após o acidente devido a

lesões cerebrais graves, traumatismos cervicais e lesões em grandes vasos ou coração. A taxa de

mortalidade precoce refere às mortes ocorridas dentro de duas horas após o trauma, causadas por

traumatismos cranioencefálico, torácico, abdominal e hemorragia; nesse tempo, os pacientes

ainda apresentam grandes chances de recuperação quando atendidos adequadamente. E as

estatísticas de mortalidade tardia relacionam à ocorrência de septicemia e falência múltiplas dos

órgãos, podendo também estar ligada ao traumatismo cranioencefálico.

Apesar dos índices de mortalidade ainda ser elevado, os números da mortalidade

imediata tem regredido nos últimos anos. Isso decorrente de uma melhoria na qualidade e rapidez

do atendimento pré-hospitalar e à evolução dos protocolos que sistematizam o atendimento

inicial ao paciente politraumatizado. Atualmente, pacientes em condições de extrema gravidade

podem ser recuperados no local do acidente, para depois, então, ser encaminhados aos centros

especializados para tratamento (SGARBI; SILVA JR; NETO, 2006).

A criação de Equipes de Traumas que responde imediatamente à solicitação para

reanimação e estabilização da vítima é importante na estrutura de atendimento ao trauma. Além

disso, outro componente importante dessa estrutura é a realização de uma triagem pra essa

vítima, classificando os pacientes de acordo com a gravidade e os recursos disponíveis

Page 27: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

27

(PAVELQUEIRES, 1997). As decisões de triagem devem ser baseadas em protocolos

previamente estabelecidos, aplicados por pessoal médico e equipes de resgate treinadas.

O atendimento ao paciente portador de politraumas tem como principal objetivo a

diminuição e, se possível, a abolição de seqüelas do trauma evitando assim as complicações que

levam ao óbito. Para isso, todos os profissionais – enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem, médicos, fisioterapeutas, recepcionistas, psicólogos, biomédicos, farmacêuticos,

dentre outros - deverão estar motivados e envolvidos no atendimento, bem como atualizado

cientificamente para que seus conhecimentos favoreçam o resultado final do tratamento. Além

disso, é característica do trauma ir além do contexto hospitalar, pois engloba a participação de

equipes na cena do acidente, passando pela fase hospitalar, até a existência de programas de

reabilitação para as vítimas (TASHIRO; MURAYAMA, 2001).

2.1 Abordagem inicial do enfermeiro na estabilização do politraumatizado

O atendimento ao politraumatizado deve ser realizado em unidades de urgência e

emergência preparadas sob o ponto de vista de materiais, instalações e banco de sangue, como

descrito no capítulo 1. Acima de tudo, Pavelqueires (1997) menciona que a equipe deve ser

composta por profissionais adequadamente treinados com o objetivo de dar atendimento inicial

visando a estabilização do padrão ventilatório, hemodinâmico e neurológico. Para isso, a

coordenação sistematizada, a harmonia de raciocínios precisos, os objetivos comuns e o bom

senso são imprescindíveis para que a equipe desenvolva atendimentos de qualidade sem agredir

desnecessariamente o politraumatizado.

Page 28: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

28

Na assistência ao politraumas, os profissionais devem usufruir conhecimentos que o

permite visar situações que representam risco imediato de vida a vitima. Desse modo, vários

sistemas são desenvolvidos em uma tentativa de triar os pacientes portadores de traumas como a

pré-elaboração de protocolos destinados a anamnese do politraumatizado. Esses métodos pré-

determinados direcionam o enfermeiro e sua equipe na avaliação da gravidade das lesões,

orientando-os para as prioridades de condutas baseadas nas necessidades de cada

politraumatizado (BROWNER et al., 2000).

Nesse estabelecimento de prioridades, o enfermeiro deve utilizar os critérios seqüenciais

de abordagem das vias aéreas, atenção à coluna cervical, verificação dos sinais sugestivos de

comprometimento da respiração e ventilação, circulação e controle de hemorragias, avaliação do

estado neurológico, exposição completa do paciente, avaliação secundária, decisão do cuidado

definitivo e atenção à família do politraumatizado (PAVELQUEIRES, 1997).

Na abordagem inicial ao politraumatizado, o atendimento deve ser prestado

imediatamente na própria maca que o paciente está, verificando o quadro geral do paciente.

Browner et al (2000) diz que “[...] em uma resposta de emergência, a ressuscitação continuada

deve seguir os princípios de um exame e primário, secundário e terciário”. Segundo o protocolo

da unidade de emergência do Ministério da Saúde (2002), o exame e os procedimentos primário

abrange a regra do ABCDE, relacionada à avaliação das vias aéreas, respiração, circulação,

incapacidade e exposição. Já o exame e os procedimentos secundário envolve uma avaliação da

cabeça aos pés das lesões do paciente e implementação das intervenções apropriadas. O exame

terciário envolve a reavaliação seriada do estado do paciente durante sua evolução hospitalar.

Page 29: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

29

2.1.1 Avaliações e intervenções primária

O primeiro objetivo no levantamento primário é estabelecer uma via aérea estável e

desobstruída (regra A). Ao abordar as vias aéreas, o enfermeiro deverá utilizar as manobras de

levantamento da mandíbula (Jaw Trust), retirada de corpos estranhos (Heilimch), inserção de

uma cânula orotraqueal (Guedel) e suplementação de oxigênio via ambu com máscara, para

fornecer um conduto de oxigênio para a correção da hipoxemia alveolar (PAVELQUEIRES,

1997; BROWNER et al., 2000; SMELTZER; BARE, 2000). Nesse momento, uma atenção à

coluna cervical deve ser dada, como a utilização de colar cervical e a ausência de movimentos

excessivos com o pescoço, para não comprometer ou levar a vítima a uma lesão medular.

Após esse processo, Browner et al. (2000) argumenta que a manutenção da ventilação e

a perfusão adequada constituem as prioridades seguintes (regra B), devendo o enfermeiro, se

necessário, preparar todos o materiais necessários – cânulas, fio guia, laringoscópio e outros -

para que seja promovido a entubação endotraqueal pelo médico emergencialista nos

politraumatizados não responsivos. Nos casos onde o traumatismo facial impede a entubação

orotraqueal, a cricotireoidotomia pode ser efetuada. Na manutenção da ventilação, a

hiperoxigenação é essencial para estabilização da vítima, podendo ser feita pela conexão da

cânula endotraqueal no ventilador mecânico ou ambu (SMELTZER; BARE, 2000).

Em seguida, vem a manutenção da circulação (regra C), que tem sua importância

destacada pela funcionalidade na reversão da hipovolemia para estabilizar as funções

hemodinâmicas dos pacientes politraumatizados (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR, 2004).

Dessa forma, o enfermeiro emergencialista tem a atribuição de: promover punção venosa (veia

mediana do cotovelo, veia jugular externas ou veias femorais) com cateter periférico de grosso

calibre (nº 14 ou 16); administrar soluções para reposição da volemia corporal e medicamentos,

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30

de acordo com prescrição médica; coletar sangue para exames laboratoriais; notificar Banco de

Sangue; controlar sangramento por compressão da ferida; realizar monitorização cardíaca e dos

sinais vitais; se necessário, inserir sonda vesical de demora para balanço hídrico; e, notificar

alterações das condições do politraumatizado ao médico (PAVELQUEIRES, 1997).

A avaliação neurológica (regra D), segundo Browner et al. (2000), é realizada logo após

o controle hemodinâmico. Nesse momento, o exame neurológico deve ser preciso e enfocar o

estado de alerta da vítima, as repostas a estimulações verbais, as respostas a estimulações

dolorosas e o estado de consciência. Dessa forma, a escala de coma de Glasgow deverá ser

utilizada pelo enfermeiro para direcioná-lo a uma informação mais precisa e universal do estado

neurológico do politraumatizado.

Completando o exame e a condutas da primeira fase da assistência ao politraumatizado,

segue a exposição completa do paciente, no qual ele é despido pelo enfermeiro para que sejam

pesquisados sinais como escoriações, hematomas, ferimentos, sangramentos, afundamentos e

outros (PAVELQUEIRES, 1997). Uma vez que o exame seja completado, o paciente deve ser

coberto com um cobertor para protegê-lo de hipotermia (SMELTZER; BARE, 2000).

2.1.2 Avaliações e intervenções secundárias

O enfermeiro emergencialista começa o exame secundário e suas intervenções quando

tenham sido garantidas a via aérea, a respiração e a circulação, e envolve uma avaliação da

cabeça aos pés, combinada com os diagnósticos definitivos e tratamento das lesões (BROWNER

et al., 2000).

Page 31: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

31

Os exames complementares como a radiografia, a tomografia computadorizada e outros,

serão realizados nessa fase após a solicitação do médico emergencialista. É nessa etapa também

que, se houver necessidade, o médico emergencialista discute o caso com o médico especialista, e

o enfermeiro emergencialista entra em contato com o enfermeiro da unidade para onde

possivelmente será transferido o paciente.

Pavelqueires (1997) refere que “[esta avaliação] compreende a realização de um exame

físico geral, iniciando pela observação detalhada da cabeça e identificação de lesões cortantes ou

perfurantes, hematomas e crepitações”. Os olhos devem ser avaliados quanto à abertura, diâmetro

e reatividade pupilar, hemorragias, edema e hematoma palpebral (EPSTEIN et al., 1998).

Acessórios como lentes de contato, piercing e brincos deverão ser retirados.

Em seguida, procede-se exame maxilo-facial pesquisando: edemas, hematomas e

crepitações em ossos da face (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR, 2004). Pacientes com

trauma maxilo-facial podem apresentar lesões na coluna cervical, e o pescoço deve ser protegido

e imobilizado até a confirmação diagnóstica pelos raios-X da coluna cervical.

Um pouco mais inferior, os ossos claviculares, os arcos costais e o esterno devem ser

palpados pesquisando crepitações e dor. Além disso, sinais na caixa torácica como abaulamentos,

afundamentos, escoriações, lesões ocultas ou mais profundas, podem ser indicativos de traumas

nesse segmento. Além disso, através da ausculta pode se identificar alterações, dentre eles:

abafamento das bulhas cardíacas associadas à distensão da veia jugular e diminuição da pressão

do pulso pode significar tamponamento cardíaco; murmúrios vesiculares ausentes com desvio da

traquéia para o lado contra lateral ao trauma podem indicar pneumotórax hipertensivo; e

hemotórax com ausculta em base do tórax posterior (PAVELQUEIRES, 1997; HEBERT;

XAVIER, 1998).

Page 32: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

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De acordo com Browner et al. (2000), a avaliação abdominal é de suma importância,

uma vez que as lesões abdominais são potencialmente perigosas, e requerem condutas agressivas.

Pacientes com lesões neurológicas, diminuição da memória devido ao próprio trauma, drogas ou

álcool, trauma raqui-medular e fraturas de bacia, podem comprometer o exame abdominal e, se

necessário, deverão ser submetidos a laparotomia pelo médico cirurgião.

É lembrado por Pavelqueires (1997) que “o enfermeiro também deverá verificar a

necessidade de sondagem gástrica e vesical [...]”. Em relação aos traumas uretrais, sinais como

edema, equimose e hematoma de períneo são evidentes e, a sondagem vesical de demora, é

contra indicada nesses casos.

Hebert e Xavier (1998) informam que, para a identificação de fraturas, as palpações de

membros e da coluna devem ser realizadas. Os detalhes dessa avaliação serão descritos no

capítulo a seguir.

Por fim, Pavelqueires (1997) ressalta que o politraumatizado deve ser avaliado e

reavaliado continuamente, pelo enfermeiro e pelo médico na unidade de urgência e emergência,

na possibilidade de se fazer novos achados que não foram detectados na avaliação inicial ou

secundária, ou ainda identificar problemas que podem surgir ao longo do período de observação.

Para planejar o tratamento agudo do politraumatizado, os efeitos do trauma sobre a

fisiologia do paciente devem ser apreciados (BROWNER et al., 2000). A compreensão do

impacto da “ferida traumática” na fisiologia do hospedeiro permite à equipe otimizar o

tratamento das feridas e prever problemas que o paciente pode manifestar sistematicamente por

causa do traumatismo tecidual. O enfermeiro da unidade de urgência e emergência deve possuir

um conhecimento funcional dos efeitos sistêmicos do trauma a fim de planejar com segurança a

recuperação do paciente, evitando complicações posteriores.

Page 33: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

33

2.2 Os efeitos sistêmicos do trauma

A compreensão dos efeitos sistêmicos do trauma é de fundamental importância no

trajeto do atendimento ao politraumatizado. O enfermeiro pode modular muitas respostas que

estão acontecendo. O pronto reconhecimento das ações iniciais do choque e o pronto tratamento

podem alterar os mecanismos da descompensação e os efeitos adversos da reação inflamatória

(BROWNER et al., 2000). A lesão sofrida pelo paciente pode ser vistas, em uma analogia

coletiva, como uma ferida. A resposta metabólica sistêmica a este mecanismo lesivo é temporal e

representada inicialmente pela fase de refluxo, que é denominada por instabilidade

cardiovascular, alterações no volume sanguíneo circulante, comprometimento do transporte de

oxigênio e atividade autonômica aumentada. O choque hipovolêmico - caracterizado pela

progressão usualmente ordenada de palidez, extremidades frias, oligúria, taquicardia, hipotensão

e, finalmente, sinais cerebrais cardíacos - é um exemplo típico desta fase e exige uma

ressuscitação de emergência, bem como um fornecimento de oxigênio rápido devendo, se

necessário, promover a entubação endotraqueal.

Depois da ressuscitação eficaz e do restabelecimento do transporte de oxigênio,

Browner et al. (2000) conta que “[...] ocorre um grupo secundário de respostas, a fase do fluxo”.

Alterações circulatórias hiperdinâmica, febre, intolerância à glicose e atrofia muscular são

respostas deste período. Nessa fase a “ferida” cria uma intensa carga metabólica ao paciente e,

conseqüentemente, há um aumento no consumo de energia. Esse hipermetabolismo aumenta a

temperatura corporal central, alterando a regulação térmica nesses pacientes de tal modo que eles

não são capazes de tolerar ambientes frios e necessitam de temperatura ambiente alta. Além

disso, o sistema nervoso central também desempenha um papel importante na regulação das

Page 34: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

34

respostas das fases de fluxo hipermetabólica* pois, quando intacto, ele proporciona a expressão

completa de todos os sinais após a lesão traumática.

Em relação a ventilação, Browner et al. (2000) continua interpretando que o paciente

politraumatizado freqüentemente apresenta comprometimento das vias aéreas, podendo se

instalar de forma aguda, insidiosa, progressiva ou periódica, independente do mecanismo do

trauma. Assim, são comuns as causas de morte por problemas respiratórios, mas que podem ser

evitáveis, tais como: multiplicidade de traumatismos que mascaram os sinais respiratórios; falha

na manobra a ser adotada na abordagem das vias aéreas; inexperiência do profissional que atende

ao politraumatizado; e falta de recursos adequados para o atendimento (PAVELQUEIRES,

1997). Além disso, os traumatismos cranioencefálico, facial, cervical e torácico podem

comprometer as vias aéreas do politraumatizados, e, a avaliação revela que a vítima é incapaz de

falar, respirar ou tossir (SMELTZER; BARE, 2000).

Os traumatismos na cabeça podem contribuir para a deficiência ventilatória no

politraumatizado, sendo esses traumas geralmente são provocados por quedas e acidentes

automobilístico (SGARBI; SILVA JR; NETO, 2006). Além do mais, os traumatismos

cranioencefálico fechado é contribuinte importante para a morbidade e mortalidade associada

com o paciente politraumatizado (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA JR, 2004). Assim, a lesão

cerebral pode ser classificada em termos de lesão primária (contusão, lesões cerebrais destrutivas

e fraturas) e de lesão secundária (hipóxia cerebral). A lesão primária é devida ao dano mecânico

que ocorre no momento do insulto como resultado do contato entre o cérebro e o interior do

crânio ou um corpo estranho. Já a lesão secundária resulta de hipóxia cerebral, pressão

aumentada intracerebral, e fluxo sanguíneo cerebral diminuído, culminando em ainda mais dano

neuronal hipóxico.

Page 35: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

35

O enfermeiro que atende ao politraumatizado deve ser previamente capacitado e estar

atento para os sinais clínicos de suspeita de lesão de coluna, pois a mobilização ou imobilização

inadequada pode converter uma fratura sem comprometimento neurológico em uma fratura com

comprometimento neurológico e alterar o prognóstico (S.O.S. CUIDADOS EMERGENCIAS,

2002). Por outro lado, traumatismos vertebrais podem não estar acompanhado de lesões

medulares, porém os cuidados são essenciais. Sinais como respiração diafragmática, dificuldade

na extensão do antebraço, expressão facial devido estímulos de dor acima da clavícula e ausência

de dor em estimulação abaixo da mesma, flacidez do esfíncter anal e vesicular, hipotensão com

bradicardia especialmente sem hipovolemia, priapismo, diminuição da força motora, choque

neurogênico dentre outros (PAVELQUEIRES, 1997).

Outros efeitos sistêmicos do trauma e que é muito comum, ocorre no traumatismo

torácico. As lesões torácicas estão entre as quatro principais causas de óbitos em

politraumatizados e, normalmente, elas desencadeiam um processo de hipóxia tecidual, que é

devida à hipovolemia, à hipoventilação pulmonar e contusão pulmonar (PAVELQUEIRES,

1997). Dessa forma, o pneumotórax de hipertensivo (ar no espaço pleural), o pneumotórax aberto

(ar na cavidade torácica), o tórax instável (fraturas de costelas), o hemotórax maciço (sangue

dentro do tórax) e o tamponamento pericárdico (sangue no espaço pericárdico), exigem

intervenções terapêuticas imediatas a fim de preservar a vida do paciente (BROWNER et al.,

2000). Para isso, uma das principais medidas no atendimento inicial, é a oxigenoterapia para

manter uma pressão de oxigênio ideal.

A rapidez na avaliação e nos procedimentos, também devem ser aplicadas nos traumas

do abdômen. A falta de precocidade no diagnóstico do trauma abdominal leva, inevitavelmente, a

maioria dos pacientes à morte (S.O.S. CUIDADOS EMERGENCIAIS, 2002). Isso porque,

segundo Pavelqueires (1997) “a cavidade abdominal é um potencial reservatório em casos de

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36

perda sanguínea, e, os sinais e sintomas da lesão abdominal são, freqüentemente, sutis e

mascarados por outros traumatismos [...]”. Geralmente, as lesões que envolvem o rim, o fígado, o

baço ou vasos sanguíneos, podem levar a substancial perda de sangue para dentro da cavidade

peritoneal e são manifestados clinicamente por dor à mobilidade, hiperestesia de rebote e ponto

máximo de dor, defesa muscular e diminuição ou ausência de peristaltismos (BROWNER et al.,

2000).

Com todo esses efeitos que acometem sistematicamente o politraumatizado, existe um

outro mecanismo que os profissionais de enfermagem se deparam, na maioria dos casos, dentro

das unidades de urgência e emergência, o choque hipovolêmico. Sua definição é tida como a

perda súbita e intensa de sangue circulante, uma vez que, a quantidade de sangue no indivíduo

adulto é cerca de 7% do seu peso ideal e, em criança é de 8 a 9% (PAVELQUEIRES, 1997). Na

perda abrupta de sangue, há uma perfusão inadequada de órgãos e tecidos, causando, em última

análise, distúrbios metabólicos celulares (SMELTZER; BARE, 2000). Com isso, é ativado o

mecanismo compensatório de vasoconstrição periférica (devido à perda sanguínea) e de formação

de ácido lático (anaeróbico) com o intuito de tentar preservar a irrigação dos órgãos vitais como

cérebro rim e coração (PALVELQUEIRES, 1997). Medidas de enfermagem como desobstrução

das vias aéreas, restabelecimentos da função respiratórios e do padrão hemodinâmico são

importantes no processo de recuperação do paciente “chocado”. Sinais e sintomas como pele

hipocorada ou descorada, hipotensão arterial, taquicardia, sudorese, pulso fino, sede, oligúria,

hiperpnéia, alteração sensorial e déficit neurológico progressivo, são evidentes no paciente em

estado de choque por hipovolemia (PAVELQUEIRES, 1997; SMELTZER; BARE, 2000). Sendo

assim, o quanto antes os profissionais agirem, melhor será a evolução do quadro da vitima, e, por

outro lado, se o atendimento tardar, o paciente poderá sofrer seqüelas irreparáveis podendo levá-

lo à óbito.

Page 37: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

37

Em relação ao sistema locomotor, Pavelqueires (1997) infere que os traumatismos

musculoesqueléticos raramente representam risco eminente de vida, devendo ser avaliados em

segundo caso, exceto nos casos onde as lesões se associam outros sistemas como, por exemplo, o

vascular. Nesse caso, uma ruptura de artéria ilíaca provocada pelos fragmentos ósseos de uma

fratura de bacia levará o individuo a uma hemorragia interna, que desencadeará um choque

hipovolêmico e, posteriormente poderá levar o individuo à morte. Assim, como proposto nesse

trabalho, os politraumatizados com lesões no sistema locomotor serão abordados, especialmente,

no capítulo seguinte.

Deve se ressaltar também, que há situações que exigem dos enfermeiros um manejo

mais específico e cuidadoso nos atendimentos de politraumatizados, como é o caso dos

traumatismos em gestantes, crianças, queimados, dentre outros (PAVELQUEIRES, 1997). Na

gestante, a equipe deve ter claro que atende dois pacientes simultaneamente, e que o prognóstico

do feto depende da gravidade das lesões maternas. Em traumas infantis, a criança pode deteriorar

rapidamente o seu estado geral e desenvolver complicações sérias, exigindo assim uma

habilidade maior do enfermeiro e sua equipe. Já em relação ao paciente queimado, a conduta

inicial deve contemplar a permeabilidade das vias aéreas, ventilação, estabilização hemodinâmica

e prevenção de complicações da queimadura, observando sinais e sintomas de intoxicação

inalatória.

Entretanto, o enfermeiro que participa do atendimento inicial ao politraumatizado

ortopédico deve conhecer também os princípios fisiopatológicos das complicações clínicas

possíveis em unidades de urgência e emergência, uma vez que, um efeito sistêmico pode afetar o

aparelho locomotor, assim como, um dano ocorrido particularmente no sistema

musculoesquelético também interferirá no funcionamento de outros sistemas.

Page 38: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

38

CAPÍTULO III

A Sistematização da Assistência de Enfermagem Frente ao Politraumatizado Ortopédico

nas Unidades de Urgência e Emergência.

Os princípios básicos da Semiologia Ortopédica são similares a qualquer outro ramo e

compreendem os estudos de todas as informações colhidas junto ao paciente e os conhecimentos

que o examinador aplica para fazer um determinado diagnóstico (CAMARGO et al, 2004).

O tratamento de urgência e emergência exige uma sistematização da assistência de

enfermagem precisa, pois a realização da entrevista (identificação e anamnese) e do exame físico

de enfermagem, representam uma atividade fundamental e indispensável no que se refere à

ampliação das funções do enfermeiro emergencialista (TASHIRO; MURAYAMA, 2001). Para

isso, deverá haver uma boa interação entre o enfermeiro e o paciente para que o máximo de

informação possível possa ser colhida durante esse processo.

Assim como foi descrito no capítulo I, uma história bem feita e uma boa observação é

de grande valia e importância, pois é com base nela que o enfermeiro, muitas vezes, pode chegar

ao diagnóstico e elaborar suas ações. Em ortopedia, isso não é diferente. Mas para isso, Wehbe e

Galvão (2001) diz que “o enfermeiro que atua nesta unidade necessita ter conhecimento

científico, prático e técnico, a fim de que possa tomar decisões concretas, transmitindo segurança

a toda equipe e principalmente diminuindo os risco que ameaçam a vida do paciente”.

Dessa forma, após as avaliações e intervenções primárias – identificação, anamnese

geral, exame físico geral, diagnósticos gerais, planejamentos e implementações gerais – citadas

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39

no capítulo III, inicia-se a sistematização da assistência de enfermagem das alterações

musculoesqueléticas do paciente politraumatizado nas unidades de urgência e emergência.

3.1 Anamnese ortopédica

No histórico de enfermagem do paciente com distúrbios musculoesqueléticos, Smeltzer

e Bare (2000) expõe que o enfermeiro preocupa em assistir a vítima a fim de obter informações

que colaborem na garantia de sua homeostase sistêmica, acompanhando sua capacidade de

desenvolver suas atividades de vida diária e controlando suas modalidades de tratamento para

prevenir problemas relacionados com a imobilidade.

A observação clínica precoce permite ao enfermeiro emergencialista uma visão ampla

do estado de saúde do paciente portador de trauma ortopédico, ajudado por uma história

objetivando os antecedentes, o mecanismo de produção de uma lesão, o tempo de evolução e as

lesões associadas (TASHIRO; MURAYAMA, 2001; REIS; ISHIDA; LAREDO FILHO, 2002).

Isso é possível através de uma inspeção rápida do sistema locomotor, na própria maca do

paciente, logo na sua admissão dentro da unidade de urgência e emergência, onde o enfermeiro

emergencialista observa alterações grosseiras como deformidades, lesões e limitação funcional

pela dor.

Pavelqueires (1997), direciona o enfermeiro emergencialista na anamnese do

politraumatizado ortopédico, relatando, primeiramente, que a obtenção de informações

relacionadas ao paciente, deve ser coletada de acompanhantes, testemunhas do acidente, pessoal

do resgate e do próprio paciente quando possível, e que esses dados devem ser registrados na

ficha de atendimento da vítima na unidade de urgência e emergência. Em seguida, sugere

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40

algumas perguntas a serem feitas, para cada tipo de acidente, pelo enfermeiro como: nos

acidentes automobilístico, pergunta-se se a vítima é motorista ou passageiro, se localizava no

banco de trás ou da frente, se usava cinto de segurança, se foi lançado para fora do veículo e se o

pára-brisa estava quebrado; nos acidentes motociclísticos, questiona se o motoqueiro foi lançado

a distância e se ele usava capacete; nos atropelamentos, qual o tipo de veículo atropelador e se foi

projetado a distância; nos acidentes com quedas, de que altura e em qual posição caiu; nos

acidentes de trabalho, pergunta que tipo de máquina causou a lesão e quais as características do

local. Além disso, questões relacionadas à circunstância do acidente também devem ser aplicadas

como o tempo de ocorrência do acidente e o grau de exposição da vítima a contaminação. Quanto

ao paciente, outras indagações de suma importância devem ser colocadas, dentre elas se houve a

ingestão de álcool ou drogas, se tem problemas emocionais, que possui lesões anteriores no

segmento acometido atualmente, em qual posição a vítima foi encontrada, se teve presença de

sangramento, se há presença de exposição óssea, se tem alguma deformidade, se consegue

movimentar passiva ou ativamente das extremidades, se deambulou após acidente, que houve

perda de nível de consciência momentânea e que está com amnésia dos fatos. Em relação ao

resgate, o enfermeiro emergencialista deve coletar, das equipes do atendimento pré-hospitalar,

informações primordiais quanto às mudanças das funções dos membros, perfusões distais, sinais

vitais, principais localizações e queixas de dor do paciente, aplicação de talas de curativos,

aspectos das feridas traumáticas, algumas suspeitas patológicas e o tempo decorrido entre o

acidente, o atendimento e a remoção.

Para Camargo et al (2004):

A anamnese deve ser bem dirigida, estimulando os retraídos e limitando os prolixos, evitando sugestionar o paciente a responder de forma distorcida. Ela poderá ser mais ou

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41

menos rica em informações que auxiliarão para firma-se uma suspeita uma suspeita diagnóstica, a qual será reforçada por meio do exame físico.

O uso de protocolos para uma investigação dirigida também é uma boa maneira de

coletar dados e monitorar os problemas específicos ou aspectos do cuidado (ALFARO-

LEFEVRE, 2002), uma vez que, facilita a obtenção de informações de forma mais rápida e

segura na anamnese ortopédica.

3.2 Exame físico ortopédico

De acordo com Tashiro e Murayama (2001), no “exame físico do sistema

musculoesquelético, empregam-se: inspeção, palpação óssea, palpação dos tecidos moles por

segmentos, grau de mobilidade [...] e exame de força motora e sensibilidade”. Para isso o

enfermeiro tem que dominar os conhecimentos sobre a semiotécnica para realizar o exame de

forma sistematizada, sempre comparando os lados bilateralmente a cada achado

(PAVELQUEIRES, 1997; EPSTEIN et al. (1998); SMELTZER; BARE, 2000; TASHIRO;

MURAYAMA, 2001; CARMARGO et al, 2004).

3.2.1 Inspeção

A inspeção é a primeira técnica a ser usada pelo enfermeiro emergencialista no exame

físico direcionado ao politraumatizado ortopédico, sendo considerada, por Tashiro e Murayama

(2001), fundamental na avaliação e no planejamento da assistência de enfermagem já que

revelam informações importantes quanto a capacidade de locomoção e de autocuidado, além da

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42

existência de desconforto, presenças de movimentos involuntários, assimetria dos membros e de

outros segmentos corporais.

Inicia-se pelo exame estático, no qual o enfermeiro examina anatomicamente a

superfície, comparando a simetria bilateral sempre cefalocaudal, com o paciente despido em

exposição mínima e explicando a ele o procedimento (CAMARGO et al, 2004). No

politraumatizado ortopédico, o paciente deve ser inspecionado na posição supina logo na sua

chegada à unidade de urgência e emergência, procurando avaliar posições viciosas dos segmentos

corporais, bem como os ossos e os músculos - alterações da massa muscular pelo trauma,

tendões e outros sistemas que compõem o aparelho locomotor. Um dos exemplos, acontecem

quando uma fratura do colo femoral leva a uma rotação lateral do membro inferior lesado. Além

disso, Tashiro e Murayama (2001) continuam ressaltando que:

As características de cada membro devem ser examinadas quanto à postura adotada, bem a presença de intumescência localizada ou difusa, abaulamentos, edemas, função do membro (uniformidade, simetria e ritmo dos movimentos); também quanto às lesões (úlceras de decúbito, queimaduras, bolhas, bolhas, cicatrizes, hematomas [ferimentos]); à coloração da pele (manchas hipercrômicas e café com leite, equimoses, cianose, palidez); à sustentação e marcha; às deformidades de membros inferiores (valgo ou varo); as deformidades da coluna vertebral (cifose, lordose, escoliose, dorso curvo); aos movimentos involuntários (oscilações rítmicas, tremores e mioclonias, contrações espontâneas).

Nessa colocação do autor, pode se observar que o enfermeiro, com sua qualidade

técnico-científica, pode colaborar e muito na detecção de alterações fisiológicas que ao serem

ignoradas podem levar o indivíduo a complicações sérias.

Na inspeção das articulações, Tashiro e Murayama (2001) abrange que o enfermeiro

deve se restringir a observar o volume articular ou edema (derrames, espessamentos do líquido

sinovial) e deformidades (luxações ou subluxações).

Page 43: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

43

Já na inspeção dinâmica, Camargo et al (2004) e Hebet e Xavier (1998) dizem que é

observada “a movimentação dos segmentos corporais, limitações ou alguma assimetria e a

existência de coordenação”. Dessa forma, o enfermeiro emergencialista começa avaliando a força

motora dos membros do paciente, solicitando que este eleve ativamente braços e pernas contra a

resistência imposta examinador – o próprio enfermeiro – e, posteriormente, analisando os

movimentos articulares, atentando para a presença de rigidez ou dor à rotação, inclinação, flexão,

extensão, abdução ou adução, dentre outros. Tashiro e Murayma (2001) completa que, na

articulação do cotovelo, o enfermeiro emergencialista deve examinar com o antebraço em

extensão, flexão e depois fazendo a pronosupinação, observando sinais dolorosos e

intumescência. No ombro, verificar assimetria e o contorno, pois sua anormalidade pode indicar,

mais comumente, fraturas e deslocamento. Em relação à articulação do quadril, é feita a rotação

interna e externa com o joelho semiflexionado para avaliação de fraturas ou luxações. Quanto à

articulação do joelho, a simetria, a forma e volume, juntamente com o movimento de flexão e

extensão é um exame direcionado para levantar qualquer suspeita patológica nesse segmento

(BARROS FILHO; LECH, 2001). Integrando a inspeção articular, é feito também o exame no

tornozelo, devendo o enfermeiro da unidade de urgência e emergência realizar os movimentos de

dorsiflexão e flexão plantar para notar possíveis achados patológicos, se existentes. Além dessas

articulações, vale lembrar que outras também merecem atenção, como o punho e as

interfalangianas.

3.2.2 Palpação

A palpação, a segunda fase do exame físico ortopédico, fornecerá ao enfermeiro

emergencialista tanto formações subjetivas, isto é, aquelas que o paciente se refere, quanto as

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objetivas detectadas por ele, como por exemplo, as crepitações nos casos de fraturas (BARROS

FILHO; LECH, 2001; TASHIRO; MURAYAMA, 2001;CAMARGO et al, 2004).

Camargo et al (2004) e Epstein et al. (1998) inferem que, ao executar a palpação no

politrauma ortopédico, o enfermeiro deverá observar dados referentes à presença de simetria de

pulsos arteriais periféricos (quando ausente pode ser indicativo de ruptura arterial por trauma ou

fratura), perfusão sanguínea distal (sua diminuição por ser sinal de isquemia por compressão ou

ruptura arterial), temperatura e umidade da pele (quando fria também indica isquemia tecidual),

tônus muscular (contratura por exercício físico), aumentos de volumes (derrame articular,

hematomas pós-fraturas ou lesão ligamentar, e outros), ossos palpáveis (observando sua forma,

tamanho e continuidade), movimentações anormais de segmentos corporais (limitação funcional

como nas luxações), crepitações (vibrações no atrito entre ossos fraturados, por exemplo), dentre

outras alterações. Barros Filho e Lech (2001) orientam que as sensações de dor, desconforto e

falta de sensibilidade demonstrada pelo paciente durante a palpação, também deverá ser

considerada pelo enfermeiro emergencialista, uma vez que contribui para o enriquecimento do

exame físico ortopédico.

No politraumatizado ortopédico, as interpretações de Pavelqueires (1997), Hebert e

Xavier (1998), Smeltzer e Bare (2000), Tashiro e Murayama (2001), Camargo et al (2004),

Oliveira, Parolin, Teixeira Jr (2004) podem direcionar as etapas do enfermeiro emergencialista na

palpação das principais estruturas do aparelho locomotor, sendo elas:

• coluna cervical: deve ser realizada na posição supina, retirando o colar cervical e pedindo

para que o paciente não mova ativamente o pescoço, avaliando a presença de edemas

(indicativo de fraturas e luxações) e a limitação funcional quanto à flexão, extensão e a

rotação lateral (diminuída e dolorosa nas fraturas e luxações);

Page 45: Conduta Do Enf No Paciente Politraumatizado Ortopedico

45

• coluna torácica e lombar: ainda com o paciente na posição supina, o enfermeiro pede

para que ele eleve cuidadosamente os membros inferiores e superiores em extensão (a

ausência desses movimentos ou a sua diminuição podem indicar lesões na medula

espinhal) e, logo após, o paciente deve ser virado em bloco, com o colar cervical, para a

posição lateral a fim de expor toda a coluna para palpar seus segmentos (vértebras e

espaços intervertebrais) observando alguma anormalidade subjetiva e objetiva como

nódulos, edemas, crepitações, dor e hipersensibilidade;

• ombro e cintura escapular: o paciente é recolocado em posição supina para o enfermeiro

palpar segmentos como clavícula, acrômio, tuberosidade umeral, músculos deltóide e

trapézio, escápula e pulso axilar, e exercer nele os movimentos de abdução, adução,

rotação, extensão observando a amplitude dos movimentos (a dificuldade de

movimentação pode estar relacionado à comprometimento de suas estruturas, como mais

comumente, nas luxações);

• membros superiores: palpar todos os segmentos como braço (úmero, pulso braquial e

tecidos adjacentes), antebraço (rádio, ulna, pulso radial, pulso ulnar e tecidos adjacentes),

mão (ossos do carpo, metacarpiano, falanges e tecidos adjacentes) e avaliar os

movimentos articulares do cotovelo (pronosupinação, flexão e extensão), do punho

(flexão, extensão, (desvio ulnar e desvio radial) e dos digitais (flexão, extensão, adução e

abdução) que podem ser essenciais para achados patológicos (como, por exemplo, ruptura

de tendões);

• quadril e cintura pélvica: a palpação deve abranger a crista ilíaca (a dor se relaciona a

fratura ou luxação da bacia), o trocanter maior (dolorosa na fratura de fêmur, sendo mais

comum nos idosos), o púbis (na luxação da bacia, o ligamento pubiano é lesado), o pulso

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46

femoral (fratura de bacia pode levar a ruptura de artéria ilíaca), nervo ciático (a elevação

dolorosa dos membros inferiores pode estar relacionada ao “pinçamento” do nervo ciático

na coluna lombar), exercendo movimentos articulares como a rotação externa e interna

(na fratura de fêmur, a rotação externa é evidente e involuntária), adução e abdução,

flexão e extensão;

• membros inferiores: devem ser palpados todos os ossos (fêmur, tíbia, fíbula, ossos do

tarso, metatarsianos e falanges) e seus tecidos adjacentes (músculos, tendões, ligamentos

e bolsas sinoviais), atentando para as movimentações articulares do joelho (estabilidade

fêmuro-tibial, flexão, extensão e rotação), do tornozelo (flexão plantar, dorsiflexão,

inversão e eversão) e presença de massas volumosas dolorosas como na flutuação patelar

(indicativo de derrame subpatelar pós-trauma) e no edema maleolar (relacionados à lesões

ligamentares ou fraturas, muito comum nas entorses do tornozelos).

3.3 Diagnósticos de enfermagem possíveis no politrauma ortopédico

Alfaro-Lefevre (2005) conceitua o diagnóstico de Enfermagem como “um julgamento

clínico sobre a resposta de um indivíduo, uma família ou uma comunidade a problemas reais de

saúde reais ou potenciais e a processos de vida”. No caso do politraumatizado ortopédico, esses

diagnósticos são essenciais para uma seleção de intervenções de enfermagem precoce a fim de

alcançar resultados pelo quais o enfermeiro emergencialista é responsável, os cuidados (NANDA,

2004).

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47

Com base nos dados coletados na anamnese e no exame físico ortopédico, Smeltzer e

Bare (2000) inferem que os principais diagnósticos de enfermagem para o paciente com

disfunção do sistema musculoesquelético podem incluir:

ansiedade relacionada com as alterações da imagem corporal; déficit de conhecimento

sobre o esquema de tratamento;

dor relacionada com distúrbio musculoesqueléticos;

perfusão periférica alterada relacionada com as respostas fisiológicas ao trauma, edema

ou pressão aumentada no espaço fechado (isto é, compartimento do músculo, curativo

compressivo ou imobilizadores);

mobilidade física comprometida relacionada com comprometimento musculoesquelético;

e potencial para alteração da perfusão tecidual periférica relacionada com as respostas

fisiológicas ao trauma ou compressão dos aparelhos imobilizadores.

Analisando a publicação de NANDA (2004), outros diagnósticos podem estar

relacionados ao politraumatizado ortopédico, dentre eles:

risco de baixa auto-estima corporal relacionado à distúrbio na imagem corporal e

prejuízo funcional musculoesquelético;

capacidade de transferência prejudicada caracterizada por capacidade prejudicada de

transferir-se de uma superfície para a outra relacionada a distúrbios musculoesqueléticos;

risco de síndrome do desuso relacionado a dor intensa, imobilização mecânica e

imobilização prescrita;

risco para disfunção neurovascular periférica relacionada a trauma, fraturas, compressão

mecânica (atadura) e imobilização;

distúrbio na imagem corporal caracterizado por mudança real na estrutura ou função, não

olhar para uma parte do corpo, perda de parte do corpo, trauma em parte não-funcionante,

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48

recusa em verificar mudança real, preocupação com mudança ou perda, medo de rejeição

ou da reação dos outros, relacionado ao trauma ou lesão;

risco de sentimento de impotência relacionado a lesão aguda e imagem corporal baixa ou

instável;

risco de infecção relacionado a trauma, exposição ambiental a patógenos aumentada e

defesas primárias inadequadas (pele rompida e tecido traumatizado);

integridade da pele prejudicada caracterizada por invasão de estruturas do corpo,

destruição de camadas da pele, relacionada a imobilização física;

risco de integridade da pele prejudicada relacionada a imobilização física; integridade

tissular prejudicada caracterizada por tecido lesado ou destruído, relacionado a

mobilidade física prejudicada;

risco de lesão relacionado a modo de transporte, pele lesada e mobilidade alterada;

mobilidade física prejudicada caracterizada por capacidade limitada para desempenhar

atividades motoras, amplitude limitada de movimentos e lentidão dos movimentos,

relacionado a restrições dos movimentos prescritas, desconforto e dor, prejuízos

musculoesqueléticos e perda da integridade das estruturas ósseas;

síndrome pós-trauma caracterizada por evitação, repressão, tristeza, medo e lembrança

repetidas dos fatos, relacionadas a eventos fora do alcance da experiência humana

habitual e acidentes graves;

termorregulação ineficaz caracterizada por pele fria e tremor, relacionado a trauma.

Com base nesses diagnósticos, o enfermeiro emergencialista direcionará o seu

planejamento e a implementação das atividades necessárias para o atendimento imediato ao

paciente politraumatizado ortopédico.

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49

4.4 Planejamentos e implementações direcionados ao politraumatizado ortopédico

Smeltzer e Bare (2000) dizem que “as principais metas do paciente com disfunção

musculoesquelética podem incluir ansiedade reduzida, compreensão do protocolo de tratamento,

alívio da dor, manutenção da perfusão tecidual adequada e mobilidade física restabelecida”.

Outras metas relacionadas aos diagnósticos de enfermagem elaborados por NANDA (2004),

podem ser aplicadas tais como ausência de infecções, auto-estima corporal presente,

termorregulação eficaz, imagem corporal positiva, alívio ou ausência de dor, dentre outros.

As prescrições de enfermagem também estão relacionadas aos diagnósticos sendo

estabelecida uma série intervenções para cada um deles a fim de atingir as metas precocemente

proposta pelo enfermeiro emergencialista (ALFARO-LEFEVRE, 2005). O que ocorre é que nem

sempre é possível registrar essas prescrições nos atendimentos das unidades de urgência e

emergência, uma vez que essa etapa exige uma elaboração rápida devido a gravidade dos traumas

pré-existentes. Dessa forma, na maioria das vezes, o enfermeiro emergencialista deve adotar um

modelo informal de prescrever as ações de enfermagem necessárias para o atendimento dessa

vítima, a verbalização (WEHBE; GALVÃO, 2001).

Para os diagnósticos mencionados anteriormente, Smeltzer e Bare (2000) estabelecem

algumas prescrições de enfermagem que são importantíssimas na assistência do politraumatizado

ortopédico como:

ajudar o paciente a reduzir sua ansiedade auxiliando-o no enfrentamento dos problemas

associados com a disfunção musculoesquelética;

controlar edemas e aliviar a dor com aplicação de bolsa de gelo por 30 minutos no local

do trauma e colocação do segmento lesado em posição confortável, elevando a área

afetada ao nível do coração;

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50

monitorar freqüentemente o pulso periférico e a perfusão tecidual do segmento lesado a

fim diagnosticar precocemente a síndrome compartimentar (isquemia periférica) e evitar,

posteriormente, a necrose dessa estrutura;

aplicar os cuidados de enfermagem ao paciente imobilizado como estimulação de

movimentos de segmentos não-imobilizados (por exemplo, o paciente com gesso na perna

pode ser estimulado a movimentar os artelhos), elevar extremidades de segmento

imobilizado para facilitar o retorno venoso e diminuir o edema, orientar o paciente a não

coçar a pele do local imobilizado, observar odores e pontos de pressão do aparelho

imobilizador, observar tipo de dor e relacioná-las a imobilização ou lesão e comunicar ao

médico qualquer anormalidade;

realização de exercícios isométricos de hora em hora quando o paciente está acordado

para evitar a síndrome do desuso;

tratar as lacerações e abrasões cutâneas antes de aplicar os imobilizadores usando técnica

de curativo estéril para diminuir os risco de infecções; observar a pressão de

imobilizadores na região de proeminência óssea (maléolos, processo estilóide da ulna,

epicôndilo lateral do úmero, dentre outros), comunicando ao médico ortopedista qualquer

desconforto; monitorar sinais vitais e atentar para dados de pressão arterial em fraturas

graves (a hipotensão associada a fratura de bacia pode indicar ruptura de artéria ilíaca e

hemorragia interna);

interromper hemorragias em ferimentos com curativo estéril compressivo; e manusear o

mínimo possível o paciente politraumatizado ortopédico a fim de evitar complicações.

A implementação dessas e outras possíveis prescrições de enfermagem, devem ser

executadas na assistência imediata ao paciente politraumatizado ortopédico, rapidamente, na

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própria maca da unidade de urgência e emergência, a fim de evitar complicações das lesões pré-

existentes, bem como a instalação de novas lesões que, posteriormente, pode levar ao

aparecimento de seqüelas incapacitantes à vitima (S.O.S. CUIDADOS EMERGENCIAIS, 2002).

4.5 Evolução

Essa etapa da sistematização da assistência de enfermagem no paciente portador de

politrauma ortopédico dentro das unidades de urgência e emergência deve acontecer tão logo a

equipe de enfermagem já tenha implementado as primeiras prescrições elaboradas pelo

enfermeiro emergencialista (ALFARO-LEFEVRE, 2005). Dessa forma, Smeltzer e Bare (2000)

levam ao entendimento que essa evolução é baseada nos resultados esperados relacionados às

primeiras implementações da equipe de enfermagem, às metas pré-estabelecidas anteriormente e

aos diagnósticos de enfermagem dirigidos à vítima.

Assim, ainda segundo Smeltzer e Bare (2000), a evolução de enfermagem desses

pacientes refere aos resultados esperados de: exibição de ansiedade mínima, na qual o paciente

parece relaxado, confiante com suas habilidades, com capacidade de enfrentamento eficaz e

participativo no plano de tratamento; sensação dolorosa diminuída, nessa o paciente relata o

alívio da dor e melhor conforto; manutenção de perfusão tecidual adequada, com controle de

edemas, demonstração de pulso periférico, enchimento capilar eficaz e relato de sensibilidade

normal; demonstração da melhora mobilidade física, o politraumatizado já evolui para uma auto-

transferência com independência ou com um mínimo de ajuda e participa das atividades de vida

diária; participação ativa do esquema terapêutico, a vítima eleva extremidade afetada, exercita

de acordo com instrução, relata qualquer problema surgido, se auto-posiciona e participa das

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atividades de auto-cuidado; demonstração ausência de complicações sistêmica, o paciente não

apresenta risco de choque hipovolêmico e choque séptico; e exibição de adaptação com aparelho

imobilizador, o portador de trauma ortopédico apresenta mobilidade articular preservada abaixo

do segmento imobilizado, coloração e temperatura da pele preservada, ausência de edemas e

atividade neuromuscular normal e não relata desconforto com o aparelho imobilizador.

Nesse último estágio da sistematização, Alfaro-Lefevre (2005) interpreta que o

enfermeiro emergencialista deve estar atento quanto à satisfação dos resultados esperados, uma

vez que, não atingir a meta proposta, faz-se necessária novas prescrições e implementações para

que o objetivo final seja alcançado. Dessa forma, após a eficácia da sistematização da assistência

de enfermagem no politraumatizado ortopédico dentro das unidades de urgência e emergência, o

enfermeiro emergencialista finaliza sua ação preocupando-se com a passagem de todas as

informações referente a vitima acidentada aos setores para onde a mesma será transferida ou para

os familiares que darão continuidade aos cuidados ao paciente em seu domicílio.

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DISCUSSÃO

Considerando a realidade atual, a multiplicação da violência e da quantidade de veículos

automotores e a explosão demográfica, vêm aumentando progressivamente as patologias

traumáticas nas unidades de urgência e emergência. Braga Jr et al. (2005), admite que “o trauma

atingiu o primeiro lugar como etiologia na população de 0 a 39 anos”. Completando as

estatísticas, o Ministério da Saúde (2004) revela que, no ano de 2001, 120.819 mortes estavam

relacionadas diretamente ao trauma, sendo que 80% desses pacientes foram atendidos em hospital

de emergência. Mais precisamente relacionadas aos traumas ortopédicos, as lesões do sistema

musculoesquelético, freqüentemente, se apresentam de forma dramática e ocorrem em até 85%

dos pacientes vítimas de traumas fechados e, apesar de raramente causarem risco eminente de

vida, torna-se essencial a realização de intervenções para prevenção de lesões que podem pôr em

perigo o segmento afetado (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS apud BRAGA JR, 2005).

Os autores Reis, Ishida e Laredo Filho (2002) dizem em seu trabalho que “no interior do país,

80% dos casos ortopédicos são de fraturas”.

Dessa forma, o estudo realizado por Lino Jr et al. (2005) oferece uma noção dos tipos de

traumas ortopédico que acometem os público infanto-juvenil, sendo que: os tipos de lesão foram

contusão em 46% dos casos, fraturas em 30% e entorses em 14%; o segmento do corpo mais

lesado foram as extremidades distais dos membros superiores e inferiores (54%); das condutas

adotadas, 97% correspondem a medicação e/ou imobilização, 2,7% foram submetidos a cirurgia

eletiva e 0,3% a cirurgia de emergência; e o destinos foram a alta em 58% dos casos, enquanto

38% foram encaminhados para o segmento ambulatorial e 3% foram internados.

Já no estudo feito por Braga Jr et al (2005) a faixa etária abrangida é mais ampla (dos 2

ao 84 anos) e demonstra os seguintes resultados quanto ao trauma ortopédico: quanto ao tipo de

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lesão observou que metade dos atendimentos de trauma musculoesquelético estava relacionada a

fraturas (48%), em seguida a entorse (25%), as contusões (17%) e as luxações (5%); quanto aos

diagnósticos médicos específicos, a entorse de tornozelo foi a patologia mais freqüente, vindo

logo após a fratura de rádio distal (7%), a contusão do pé (6%), a luxação do cotovelo (5%), a

fratura dos ossos do antebraço (5%) e a fratura exposta (5%).

Tomando como base a análise esses dois estudos, verifica que eles estão de acordo com

os estudos de Carvalho Jr et al. (2000), Dellatore et al. (2001) e Grecco et al. (2002) em relação a

epidemiologia dos trauma ortopédicos. A interpretação desses dados permite o enfermeiro

emergencialista idealizar o perfil dos politraumatizados ortopédicos atendidos nas unidades de

urgência e emergência, bem como direcionar a sua atuação nesse campo (BRAGA JR et al.,

2005).

Porém, somente o conhecimento sobre esses números não é suficiente, pois o

enfermeiro emergencialista que atende o politraumatizado ortopédico nas unidades de urgência e

emergência, deve saber associar as lesões ortopédicas com as possíveis complicações sistêmicas.

A presença de trauma de grande energia pode levar ao acometimento grave do sistema

musculoesquelético atingindo outros órgãos e tecidos adjacentes, colocando em risco a vida do

paciente em alguns casos . Frame apud Braga Jr et al. (2005) explica que o prognóstico desses

pacientes está diretamente relacionado à qualidade de assistência prestada, à velocidade com que

se presta tal assistência e à relação profissional-paciente estabelecida.

Reis, Ishida e Laredo Filho (2002) também reforçam a idéia que, em alguns casos, as

lesões ortopédicas podem comprometer outros sistemas, gerando riscos de vida ou seqüelas

incapacitantes a vítima, como por exemplo, na fratura de coluna onde a instabilidade ocasionada

pela falta de imobilização adequada pode levar à uma lesão de medula espinhal e,

conseqüentemente, a seqüelas neurológicas gravíssima e irreversíveis como a tetraplegia ou a

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paraplegia. Outro comprometimento específico pode ocorrer nas fraturas e luxações de membros

superiores e inferiores, no qual o estado neurovascular próximas a essas lesões devem sempre ser

avaliados pelo enfermeiro, uma vez que o desvio anatômico dos ossos podem levar à lesões de

artérias e de nervos periféricos, causando isquemia distal (tendo como conseqüência o choque

hipovolêmico e a necrose tecidual) e falta de sensibilidade, respectivamente. Uma atenção

especial devem ser dada a fratura de bacia, a fratura de fêmur, a fratura supracondiliana de

úmero, a luxação de cotovelo e a fratura ou luxação de punho (TASHIRO; MURAYAMA, 2001).

Nos ferimentos corto-contuso, lacerante e perfurante, o enfermeiro emergencialista deve

preocupar com o grau da lesão e com a quantidade e tipos de tecidos lesados, como as artérias

(que pode levar a hipovolemia e isquemia distal), as terminações nervosas (que provoca a

ausência de sensibilidade), os tendões (quando lesados pode prejudicar a funcionalidade motora

do segmento a que pertence), dentre outros (OLIVEIRA; PAROLIN; TEIXEIRA, 2004).

Em relação as imobilizações ortopédicas, seja elas por aparelho gessado, metálico,

sintético ou por malha de algodão, Smeltzer e Bare (2000) infere que o enfermeiro

emergencialista deve ter conhecimento desses equipamentos a fim auxiliar o médico na sua

instalação e orientar o paciente sobre os cuidados de manutenção e esclarecimento de possíveis

complicações com o seu uso. Uma das complicações mais evidentes no uso de imobilizadores

ortopédicos é a Síndrome de Compartimento, que consiste no aumento da pressão no

compartimento de uma extremidade possivelmente conduzindo a dano muscular irreversível e a

isquemia tecidual, sinalizadas pela dor intensa e insensibilidade (S.O.S. CUIDADOS

EMERGENCIAIS, 2002). Os principais cuidados de enfermagem direcionados ás imobilizações

ortopédicas nas unidades de urgência e emergência requer: orientação ao paciente sobre a

necessidade de imobilização e seus cuidados; avaliação dos pulsos distais, da temperatura da

pele, da função sensorial e motora antes e depois da aplicação da tala; verificação de outras lesões

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no membro a ser imobilizado; certificação que função imobilizadora do aparelho ortopédico foi

atingida; elevação do membro afetado após imobilização; e aviso ao médico diante de

desconforto ou complicações (S.O.S. CUIDADOS EMERGENCIAIS, 2002).

Embalado por essa assistência que envolve vários cuidados assistenciais, o enfermeiro

também deve orientar a equipe de atendimento a manipular o mínimo possível o paciente

fraturado, uma vez que o rompimento da estrutura de ossos longos e largos pode levar a

Síndrome da Embolia Gordurosa que é provocada pela migração de êmbolos compostos de

partículas gordurosas para o interior dos vasos sanguíneos, resultando em insuficiência

respiratória aguda, seguido de coma e morte (TASHIRO; MURAYAMA, 2001).

Outro enfoque dos mais importante na atuação do enfermeiro emergencialista, deve ser

em relação a sensação de dor do paciente. Isso é notado por Calil e Pimenta (2005) que ressaltam

que “a adequada avaliação, controle e alívio da dor, além do aspecto humanitário, deve constituir

parte vital de assistência imediata ao acidentado e a todos os pacientes com dor”.

Essas condutas e tantas outras devem ser adotadas pelo enfermeiro na unidade de

urgência e emergência frente ao politraumatizado ortopédico, estando esse profissional sempre

preenchido por conhecimento científico, técnico e prático, afim de que possa tomar decisões

rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos

que ameaçam a integridade e a vida do paciente.

O enfermeiro emergencialista como coordenador do atendimento ao politraumatizado e

responsável pelo funcionamento adequado das unidades de urgência e emergência, deve ser

dotado de extenso conhecimento dos aspectos que envolvem os cuidados do paciente com o

trauma. Isto está relacionado a importância da qualidade de atendimento dessas unidades descrito

por Andrade, Caetano e Soares (2000) , no qual eles inferem que “ o serviço de emergência é um

complexo cenário, onde devem estar conjugados profissionais suficientemente preparados para

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oferecerem atendimento imediato e de elevado padrão à clientela que dele necessita”, dentre eles,

o portador do politrauma ortopédico.

Quanto ás atividades assistencial, administrativa e de pesquisa exercida pelo enfermeiro

da unidade de urgência e emergência (conforme descrita no capítulo I), todas têm um papel

fundamental, uma vez que a função assistencial é o foco prioritário desse profissional. O que

acontece, em muitas ocasiões, é que o enfermeiro sofre uma sobrecarga das atividades

administrativa, a qual o limita a “[...] a solucionar problemas de outros profissionais e à atender

as expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano secundário os objetivos de seu próprio

serviço” (TREVISAN apud WEHBE; GALVÃO, 2001). Observando um exemplo clássico

atualmente, cita-se a ocupação do enfermeiro emergencialista na elaboração de estatística e

documentação burocrática, ao invés de estar na sala de emergência coordenando um atendimento

e prestando assistência direta ao paciente portador de traumatismo múltiplo.

Diante dessa problematização, Peixoto et al. (1996) reforça a idéia de que:

Quando o enfermeiro assume sua função primordial de coordenação da assistência de enfermagem, implementando-a por meio de esquema de planejamento, está garantido o desenvolvimento de suas atividades básicas (administrativa, assistência e de ensino) e promovendo, conseqüentemente, a melhor organização do trabalho em equipe, que passa a direcionar seus esforços em busca de um objetivo comum que é o de prestar atendimento de qualidade, atendendo às reais necessidades apresentada pelo paciente sob seus cuidados.

Para o sucesso do atendimento ao politraumatizado nas unidades de urgência, é

absolutamente necessário que o enfermeiro desta unidade esteja ciente de todos os aspectos que

envolvem a assistência, inclusive os de origem jurídica, pois uma fratura grave tratada de modo

negligente e imprudente pelos profissionais de saúde pode levar a complicações posteriores à

vítima e, como conseqüência, a um possível processo penal. Vieira, Figueiredo e Porto (2004)

esclarecem essa importância dizendo que:

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Exige-se do enfermeiro que atua nos atendimentos de urgência e emergência pertinência comportamental, conhecimentos da ciência e da tecnologia, bem como das leis vigentes desse país [...]. Não basta ser eficiente, cabe-lhes a incumbência de manter-se atualizado nos assuntos que rege a profissão, afastando-se de qualquer resquício de negligência, imperícia e imprudência, sob pena de ficar vulnerável a pesadas penalidades em virtude da desobediência/inobservância da responsabilidade profissional.

Outro fator bastante observado estatisticamente e que deve ser ressaltado, está

relacionado a ambulatorialização das unidades de urgência e emergência, na qual vários

indivíduos procuram os serviços de urgência e emergência em condições que não justifiquem o

atendimento. Domiciano e Fonseca (2005) em seu recente estudo relata que “[...] o cliente que

busca o atendimento no Pronto Socorro para situação sem risco ou sofrimento imediato, gera uma

demanda que pode superar os 85% dos atendimentos de um serviço de emergência”. Isso leva a

perda da identidade dessas unidades e colabora para ineficiência do atendimento, uma vez que as

superlotações majoritariamente com pacientes que podem ser atendidos em ambulatórios,

ocupam os profissionais que ocasionalmente deveriam estar promovendo uma assistência de

qualidade às vítimas portadoras de politraumas ortopédicos.

Com isso, essa distorcia de função das unidades de urgência e emergência associadas ás

condições de trabalho insalubres e inseguras como o cumprimento de tarefas prioritariamente

burocráticas, a falta de profissionais qualificados na equipe de enfermagem, o ambiente físico

impróprio e as características complexas dos serviços de emergência, levam o enfermeiro

emergencialista à situações de estresse emocional o que contribui para a diminuição da qualidade

de assistência desse profissional e de sua equipe como um todo (BATISTA; BIANCHI, 2006).

Desse modo, Galvão, Trevisan e Sawada (1998) revela que o primeiro passo para o

enfermeiro efetivamente exercer uma liderança eficaz, consiste na busca de estratégia que

possibilitem este profissional conhecer a si mesmo e para a eficácia do processo de liderar o

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enfermeiro necessita conhecer as necessidades e expectativas pessoais e profissionais dos

membros da equipe de enfermagem. Wehbe e Galvão apud Wehbe e Galvão (2001) contribuem

para esse raciocínio com uma pesquisa ressaltando o trabalho em equipe, dizendo que os

enfermeiros emergencialistas devem adotar com o pessoal auxiliar e técnico de enfermagem

estilos de liderança de participação, de compartilhamento e delegação.

O que acontece, na avaliação de Wehbe e Galvão (2001), é que a capacitação dos

profissionais que atuam em unidades de urgência e emergência tem sido restrita e recente, pois

vem se tornando relevantes apenas a partir de 1980. Além disso, ainda não se encontra na

literatura muitos estudos direcionados para essa área, mais especificamente do trauma ortopédico,

o que torna necessário uma investigação mais ampla sobre o assunto (BRAGA JR et al, 2005;

LINO JR et al., 2005).

Entretanto, todas essas informações devem ser levadas em consideração pelo enfermeiro

emergencialista que atende propriamente a vítima portadora de politraumas ortopédicos, para que

esse profissional tenha uma capacitação geral do processo de assistência, bem como da unidade

em que atua. Além disso, a constante atualização desses profissionais, principalmente no que se

refere ao sistema musculoesquelético, torna-se necessário, pois os enfermeiros “[...] desenvolvem

com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações

inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos” (WEHBE; GALVÃO, 2001).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao ser admitido na unidade de urgência e emergência, nem sempre em condições

favoráveis, o politraumatizado sempre se depara com uma equipe de profissionais de saúde com o

intuito de prestar o atendimento para o restabelecimento de suas funções vitais a fim de afastar os

riscos que colocam em questão a sua vida. Mas, por outro lado, o que a vítima não sabe, é do

potencial científico que essa equipe possui, pois a mera presença desses profissionais não garante

o sucesso na assistência se eles não usufruírem de conhecimentos previamente adquiridos em sua

formação acadêmica ou especialização.

Por isso, a imperícia muitas vezes é praticada, pois os profissionais assumem

responsabilidades que não estão ao alcance de sua sabedoria, atitude que interfere negativamente

na evolução do estado de saúde do paciente, levando-o ao comprometimento de sua integridade

física-psíquica-biológica e, em alguns casos, ao óbito.

A enfermagem é parte integrante e fundamental dessa equipe e o enfermeiro

emergencialista é o principal gestor de cuidados imediatos e qualitativos à vítima

politraumatizada. Ele tem a função primordial de organizar e coordenar toda assistência de

enfermagem ao paciente que necessita do serviço de urgência e emergência, bem como

disponibilizar todos os recursos materiais e humanos necessários para um atendimento favorável,

trazendo segurança e informação a equipe de enfermagem. Além disso, sua responsabilidade não

se limita aos conhecimentos adquiridos anteriormente, mas na constante atualização de assuntos

de interesse da sua área de atuação, bem como no compartilhamento e envolvimento de seus

conhecimentos com a equipe de profissionais da unidade de urgência e emergência.

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Nos dias de hoje, a superprodução, a inovação tecnológica, a explosão populacional e os

transporte de alta velocidade combinados ou não com a imprudência pessoal, o alcoolismo e as

drogas são os fatores que mais contribuem para os elevados índices de acidentes que levam ao

acometimento dos sistemas orgânicos de indivíduos que são admitidos nas unidades de urgência e

emergência. Desses sistemas, o musculoesquelético é o que sofre, estatisticamente, a maior

quantidade de agressões resultantes em patologias ortopédicas que, muitas vezes, levam a

seqüelas incapacitantes quando esta não complica outros sistemas causando problemas mais

sérios na saúde do politraumatizado.

É fundamental que o enfermeiro emergencialista tenha uma bagagem científica rica em

anatomia, fisiologia e nomenclatura básica do sistema locomotor, além de possuir informações

relacionadas às principais patologias ortopédicas e suas associações de lesões com os outros

sistemas, para que a equipe de enfermagem colabore com o sucesso do prognóstico do paciente,

direcionadas à uma recuperação mais rápida e com o mínimo de sofrimento.

Com a expansão dos números e das complexidades das patologias ortopédicas, é

urgente que todas as áreas de saúde criem cursos que promovam a especialização de seus

profissionais, gerando investimento nas áreas de pesquisas para a atualização sistematizada. Ao

realizar busca de materiais científicos nessa área, me deparei com a escassez de artigos

publicados pela enfermagem, o que me faz questionar se não há envolvimento no progresso e na

busca de informações referentes aos cuidados ortopédicos de caráter urgente e emergente, ou se

esse é um caminho promissor e que merece atenção dos enfermeiros que gostam de atuar na área

de urgência e emergência.

Portanto, o que há ressaltar principalmente nesse trabalho é que, no paciente

politraumatizado, os traumas musculoesqueléticos são majoritariamente de caráter urgente,

devendo o enfermeiro emergencialista e sua equipe priorizar os traumas emergentes em outros

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sistemas que podem levar o indivíduo à letalidade. Além disso, os conhecimentos técnico-

científicos adquirido por esse profissional, irá direcionar o trabalho da equipe de enfermagem

numa assistência rápida e eficaz dentro das unidades de urgência e emergência, a fim de

preservar a integridade física e, conseqüentemente, a vida do indivíduo lesado.

Assim, uma vez concluído esse meu primeiro trabalho científico, digo que essa

experiência aliada a minha prática profissional muito pôde enriquecer meus conhecimentos que,

futuramente, tenho a pretensão de usufruir como enfermeiro assistencialista e pesquisador. Isso

porque, novos interesses em estudos científicos foram surgindo à medida que essa temática ia

sendo trabalhada, ocasionada principalmente pela escassez de literatura específica para a

enfermagem ortopédica. Enfim, espero que essa monografia contribua para que vários

profissionais da enfermagem somem conhecimentos que possam direcionar a sua assistência

frente ao politraumatizado ortopédico, sobretudo nas unidades de urgência e emergência aonde

atuam.

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